Greenpeace denuncia danos em floresta Património da Humanidade

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]organização de defesa do ambiente Greenpeace denunciou ontem os danos causados por três projectos de exploração mineira numa floresta considerada Património da Humanidade, na província de Yunnan, no sudoeste da China.
A Greenpeace referiu que os três projectos estão a explorar recursos na região dos “Três rios paralelos de Yunnan”, considerada Património da Humanidade pela UNESCO, por se tratar de um dos sítios do mundo com mais biodiversidade.
Em comunicado, os ecologistas asseguram que a localização daquelas minas, no município de Shangri-La, no nordeste de Yunnan e próximo do Tibete, se trata de uma “violação directa” à regulação da UNESCO e dos compromissos assumidos pelas autoridades locais.
A Greenpeace advertiu ainda que, no total, 24 projectos mineiros estão a danificar zonas de Yunnan catalogadas como florestas intactas – largas extensões com pouca presença humana e onde vive uma grande variedade de espécies.
“Sendo o país com o segundo maior número de sítios considerados como Património da Humanidade pela UNESCO, e com mais ainda pendentes, a China deve assegurar ao mundo que pode proteger de forma efectiva áreas de importância global”, afirmou o responsável da Greenpeace sobre oceanos e florestas da China, Rashid Kang.
Só Itália tem mais locais classificados como Património da Humanidade.
Segundo um estudo da Greenpeace, realizado através de visitas ao terreno e com recurso a imagens de satélite, 490.000 hectares de floresta intacta desapareceram na China, entre 2000 e 2013, a metade na região de Yunnan.
As explorações mineiras foram responsáveis por metade da desflorestação.
 

28 Jul 2016

EUA dizem não querer provocar um confronto no Mar do Sul

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ontem que os EUA não querem criar um “confronto” no Mar do Sul da China e pediu moderação a Pequim e a Manila nas disputas territoriais na região.
“Instamos as partes a actuarem com moderação e a trabalharem para reduzir tensões”, disse Kerry em Manila, num conferência de imprensa com o seu homólogo filipino, o ministro dos Negócios Estrangeiros Perfecto Yasay.
Kerry elogiou a actuação do Governo das Filipinas após a divulgação, a 12 de Julho, da sentença do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, que deu razão a Manila numa disputa territorial no Mar do Sul da China com Pequim.
“A forma responsável e ponderada como as Filipinas responderam (…) foi muito importante”, disse o chefe da diplomacia dos EUA, que visitou ontem o país asiático onde se encontrou com o novo Presidente filipino, Rodrigo Duterte.
A China disse não aceitar a sentença do tribunal internacional, que considerou “ilegal”. Foram as Filipinas que recorreram àquela instância, tendo aplaudido a sentença.
“A decisão em si é vinculativa, mas nós não estamos a tentar criar um confronto. Estamos a tentar criar uma solução que tenha em conta os direitos estabelecidos na lei”, disse Kerry.
Washington “mantém uma postura firme em relação à protecção de direitos, liberdades e uso ilegal de espaços aéreos e marítimos definidos pela lei internacional”, acrescentou.
Na terça-feira, Estados Unidos da América, Japão e Austrália instaram a China a aceitar a sentença do TPA.
Os chefes da diplomacia dos três países (John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop) divulgaram um comunicado conjunto em que expressam “forte apoio ao estado de Direito” e instam a China e as Filipinas “a respeitar” a sentença daquele tribunal, “que é final e vincula legalmente” os dois países.
Os três defenderam a liberdade de trânsito aéreo e marítimo no Mar do Sul da China e criticaram a construção de “postos fronteiriços” e de uso militar na região.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e os seus homólogos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) acordaram um comunicado conjunto na segunda-feira em que se comprometem a resolver as disputadas no Mar do Sul da China de forma pacífica e “amistosa” e a assinar o mais depressa possível um “código de conduta” para evitar conflitos.
Numa conferência de imprensa, Wang Yi reiterou a recusa da China em aceitar a sentença do tribunal internacional e assegurou que os ministros da ASEAN lhe disseram que a organização não tomará partido nesta disputa entre Pequim e Manila, apesar de as Filipinas serem um dos membros fundadores da organização.
A ASEAN foi fundada em 1967 e integra a Birmânia, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.
 

28 Jul 2016

Índia | Aprovado trabalho infantil em negócios familiares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]parlamento indiano aprovou uma emenda à lei de 1986 que regula o trabalho infantil, que foi muito criticada por políticos e organizações não-governamentais por fomentar o trabalho entre as crianças nos negócios familiares.
A nova “Lei do Trabalho Infantil (proibição e regulamentação)” foi aprovada na tarde de terça-feira na câmara Baixa (Lok Sabha) depois de uma sessão de quase seis horas com um debate aceso por parte dos deputados que se opõem à emenda.
A lei original proibia aos menores de 14 anos trabalhar em 83 tipos de profissões consideradas perigosas, depois desta emenda nenhuma criança nessa faixa etária poderá trabalhar, a não ser em negócios familiares, mas sem restringir as áreas, o que causou polémica.
“Se aprovarmos esta lei seremos cúmplices de fomentar o trabalho infantil na Índia”, assegurou durante o debate o deputado Dushyant Singh Chautala, do partido regional Indian National Lok Dal (INLD).
Entretanto, a intervenção mais impressionante foi a de Varun Gandhi, deputado pelo partido governamental Bharatiya Janata (BJP) – impulsionador da emenda -, filho da ministra do Desenvolvimento da Criança e da Mulher, Maneka Gandhi.
“Não se trata de aprender novas capacidades, fazem contra a sua vontade e é um tipo de escravidão”, disse o deputado, neto da ex-primeira-ministra indiana Indira Gandhi, em relação ao trabalho infantil em empresas familiares.
Várias organizações não-governamentais de apoio à infância como a internacional Save the Children ou a indiana Bachpan Bachao Andolan (BBA, Movimento para Salvar a Infância), do prémio Nobel da Paz Kailash Satyarthi, que também expressou o seu repúdio à nova lei.
A Save the Children opõe-se a essa emenda porque, segundo a ONG, o objectivo final deveria ser “a proibição absoluta do trabalho infantil” e a BBA qualificou a aprovação de terça-feira “uma oportunidade perdida para milhões de crianças”.
Com cerca de 50 milhões de crianças trabalhadores, a Índia é o país no mundo com maior incidência de trabalho infantil, cifra que foi reduzida em 10 milhões nos últimos anos, segundo a BBA.
O Governo indiano, por seu lado, assegurou que essa queda foi maior, ao passar de doze milhões de menores explorados que o país registava em 2004 para cinco milhões na actualidade.

28 Jul 2016

Angela Leong pede manutenção do campo desportivo da Yat Yuen

Angela Leong, deputada e responsável da Yat Yuen, pediu ontem que o espaço do Canídromo se mantenha enquanto instalação para uso desportivo. Em comunicado de imprensa, Leong justifica que o pedido é para “corresponder às necessidades da Zona Norte”.
O Governo já referiu que vai ter em conta as sugestões e opiniões do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) e da população sobre o que fazer ao local, depois de terem sido dados dois anos à empresa para sair do espaço. Contudo, na opinião da Angela Leong, o Governo precisa de ter em conta sobretudo a necessidade dos moradores e dada a carência de espaços desportivos, a responsável apela mesmo à manutenção da pista de corridas de galgos, argumentando que este espaço “sempre foi emprestado às escolas e outras organizações para a realização de competições”.
“Não se pode deixar que Macau perca este precioso espaço desportivo exterior por causa de mudança de função por parte da Yat Yuen”, remata.
Por outro lado, Angela Leong solicita ao Executivo o contacto com entidades relacionadas com a actividade do Canídromo no sentido de recolocação de empregados e cães. A deputada argumenta que, considerando a particularidade deste tipo de empregos, a maioria dos funcionários da Yat Yuen terá dificuldade em mudar de profissão. Angela Leong sugere que o Governo considere oferecer cursos de formação aos funcionários, de modo a que estes possam ver aumentada a sua competitividade profissional. Outra sugestão é a da criação de um subsídio durante o período de formação para que estes possam “manter os seus encargos familiares e financeiros”.

27 Jul 2016

Associação política fala de 15 terrenos que já deviam ter sido retirados e pede acusação de responsáveis

É mais uma acusação feita pela Associação Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário de Macau, que conta com dois deputados: há terrenos que deveriam ter sido retirados e não foram e os responsáveis devem ser trazidos à justiça

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]grupo Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário de Macau entregou ontem uma carta a solicitar ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que investigue mais casos de terrenos que, defende, não foram retirados de acordo com a lei. O grupo político pede também a acusação de elementos das Obras Públicas.
Segundo a Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário, há 15 terrenos que atingiram o limite legal de 25 anos, mas os seus processos de “retirada não aconteceram conforme a lei”. Na carta de acusação enviada a André Cheong, Comissário do CCAC, o grupo fala em terrenos que ocupam 70.054 metros quadrados. Doze deles situam-se em Seac Pai Van e os restantes três na Estrada de Nossa Senhora de Ká Ho, na ZAPE e na Estrada Marginal da Ilha Verde. O prazo de concessão por arrendamento terá terminado entre 2013 e 2015.
Entretanto, segundo as informações dadas pelo Governo, apenas dois de entre os 15 terrenos “têm em curso o procedimento da declaração de caducidade”, o que faz o colectivo concluir que “o processo para a sua retirada ainda não começou”.

Acordos suspeitos

O grupo diz mesmo suspeitar que foram alguns “negócios/acordos que não podem ser revelados” que adiaram os processos. “Além disso, os factos já mostram que os processos relativos não foram executados no prazo conforme a lei. O Governo fala sempre da execução da acção governativa de acordo com a lei, mas quando tem a ver com a questão de terrenos que envolve enormes lucros, não é nada exigente no cumprimento da lei”, acusam.
O grupo, composto pelos deputados Ng Kuok Cheong, Au Kam San, Lei Man Chao e Cloee Chao, ex-membro de uma associação ligada ao jogo, já tinha pedido ao Ministério Público (MP) e ao CCAC que investigasse acções “ilegais” da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em relação aos lotes públicos e privados que se encontram vazios nos Lagos Nam Van. Ontem, o colectivo volta a pedir a acusação do ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, Jaime Carion, ex-director da DSSOPT, e Li Canfeng, actual, “de cometer o crime de prevaricação ou corrupção passiva para acto ilícito”.
Esta é a terceira acusação e pedido de investigação feita pela Associação.

*Por Angela Ka

27 Jul 2016

Contestada proibição de entrada nos casinos a trabalhadores

A revisão da Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo dos Casinos, que poderá fazer com que os trabalhadores do Jogo possam vir a ser proibidos de entrar em casinos, está a deixar alguns deputados divididos. Ella Lei está a favor da decisão do Governo, mas considera que a imposição de uma multa já seria um efeito suficientemente dissuasor. Zheng Anting, por sua vez, acha que a proibição de entrada e a multa são exigentes demais. O deputado diz que a proibição de apostar bastaria.
Ella Lei diz que já ouviu sugestões dos trabalhadores e, do feedback que teve, a deputada afirma que estes funcionários não querem ser “rotulados” e pretendem “um tratamento igual” a todos os outros trabalhadores. Os croupiers, por sua vez, afirma que a opinião geral é de que a proibição, a acontecer, deve estender-se a todos os empregados dos casinos e não só à sua classe, como também pondera o Executivo.
Já o deputado Zheng Anting considera que não se deve privar os empregados do Jogo de participar noutros divertimentos dos casinos, além das salas de jogo. Os casinos têm ainda outras áreas de lazer como espectáculos, bares e restaurantes que não podem ficar proibidos aos seus funcionários, frisa. Zheng Anting sugere que se instaure uma lista negra com os clientes indesejados de forma a que estes não possam ter entrada nas operadoras.

27 Jul 2016

Chuvas fazem quase 300 mortos e desaparecidos na China

Chuvas torrenciais que atingiram a China na semana passada provocaram quase 300 mortos e desaparecidos e desalojaram centenas de milhares de habitantes, segundo anunciou a agência noticiosa chinesa Xinhua. Na manhã de segunda-feira, mais de meio milhão de habitantes das províncias mais atingidas – Henan e Hebei – estavam desalojados e 125.000 pessoas precisavam de assistência básica, salientou a Xinhua, citando o Ministério dos Assuntos Civis. Segundo as mesmas informações, o mau tempo provocou a morte de 164 pessoas e fez 125 desaparecidos. Cinco funcionários foram suspensos por abandono do dever durante uma enchente devastadora, na semana passada, perto da cidade de Xingtai, em Hebei. O incidente que matou pelo menos 25 pessoas e fez 13 desaparecidos, provocou revolta popular, com a população a acusar as autoridades de terem falhado nos avisos sobre o desastre e de tentar encobrir as causas. No início do mês, chuvas fortes causaram estragos no centro e sul da China, inundando várias cidades e causando mais de 200 mortos.

27 Jul 2016

Pequim pressionado a reconhecer sentença de tribunal de Haia

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stados Unidos da América, Japão e Austrália instaram ontem a China a aceitar a sentença do Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, que deu razão às Filipinas numa disputa territorial no Mar do Sul da China.
Os chefes da diplomacia dos três países (John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop) divulgaram um comunicado conjunto em que expressam “forte apoio ao estado de Direito” e instam a China e as Filipinas “a respeitar” a sentença daquele tribunal, “que é final e vincula legalmente” os dois países.
Kerry, Kishida e Bishop participaram ontem nas reuniões multilaterais da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na capital do Laos, e reuniram-se na segunda-feira.
Os três defendem a liberdade de trânsito aéreo e marítimo no Mar do Sul da China e criticam a construção de “postos fronteiriços” e de uso militar na região.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e os seus homólogos da ASEAN acordaram um comunicado conjunto na segunda-feira em que se comprometem a resolver as disputadas no Mar do Sul da China de forma pacífica e “amistosa” e a assinar o mais depressa possível um “código de conduta” para evitar conflitos.
Numa conferência de imprensa, Wang Yi reiterou a recusa da China em aceitar a sentença do tribunal internacional e assegurou que os ministros da ASEAN lhe disseram que a organização não tomará partido nesta disputa entre Pequim e Manila, apesar de as Filipinas serem um dos membros fundadores da organização.
John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop condenaram, por outro lado, o teste nuclear de os ensaios de mísseis da Coreia do Norte nos últimos meses e instaram o regime de Pyongyang a acatar as resoluções das Nações Unidas sobre a proliferação de armas.
Além disso, apelaram à Coreia do Norte para respeitar os direitos humanos.
A ASEAN foi fundada em 1967 e integra a Birmânia, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.

27 Jul 2016

O feitiço do artista 这个意大利人

* por Julie O’Yang

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á alguns meses atrás a leiloeira Sotheby vendeu pela quantia astronómica de 137,4 biliões de HK dólares um dos 18 quadros assinados pelo pintor Lang Shining.
Giuseppe Castiglione, um missionário católico chegou à China, à corte do Imperador Kangxi, em 1715. Como o Imperador Kangxi não via com bons olhos a Igreja Católica, o monge apresentou-se como pintor e, nessa qualidade, instalou-se oficialmente na corte Kangxi. A tarefa mais importante que lhe foi atribuída consistia no registo pictórico de todas as actividades da corte, desde a guerra, eventos históricos e figuras a cavalo, a cenários paisagísticos, jardins e festivais. No desempenho destas funções, o monge italiano influenciou e alterou para sempre a estética chinesa.
O Imperador Kangxi não só não gostava das cores usadas na pintura europeia, como não se sentia francamente à vontade com o conceito de perspectiva. Kangxi detestava os “claros-escuros” dos quadros a óleo, manifestando uma forte preferência por rostos pintados de frente, que exibissem toda uma claridade radiante e “positiva”. Para cair nas boas graças do Imperador, Castiglione aprendeu a dominar as técnicas de pintura chinesa, que, como se sabe, são extraordinariamente exigentes. Aprendeu a pintar em seda, uma técnica que não permite emendas. Assim que o pincel toca na seda, já está, é permanente, não pode ser modificado, melhorado ou retocado. Estas limitações devem-no ter feito sentir como uma dançarina de circo acorrentada. Contudo, acabaram por obrigá-lo a desenvolver um estilo único que desafiou todas as regras conhecidas até aí. Por exemplo, o italiano pintou paisagens com sombras, introduzindo a noção de profundidade na percepção que os chineses tinham do mundo. A uma dada altura, Castiglione sugeriu ao Imperador que fosse criada uma escola de pintura, mas o pedido foi rejeitado. Depois da morte do Imperador Kangxi, o seu filho, o Imperador Yongzheng, subiu ao trono do dragão. Ao contrário do pai, o Imperador Yongzheng sentia-se fascinado pela arte europeia. Foi neste período que Castiglione deu largas à introdução da perspectiva nas pinturas palacianas. Incentivou Yongzheng a pintar com ele; Castiglione pintaria as figuras centrais e o Imperador ocupava-se das paisagens de fundo, dando assim o seu contributo à ambiência geral. A isto chamava-se “hebihua”, ou seja, pintar um quadro a dois. Castiglione fez imensos hebihua com o Imperdor Qianlong, durante o seu reinado e, à época, tornou-se moda nas famílias aristocráticas estes ensembles de homenagem à pintura ocidental.
Através do seu trabalho, Castiglione ensinou aos pintores chineses a importância da expressão, da precisão das formas, das texturas e do olhar que capta a personalidade do retratado. A sua pintura poderia não estar ao nível das melhores da Europa, mas ele teve certamente um papel determinante na forma como os chineses passaram a observar o mundo. Castiglione participou na concepção de Yuanmingyuan, o antigo Palácio de Verão, que deveria ser uma simbiose das arquitecturas oriental e ocidental. A partir de 1840, e nos 60 anos que se seguiram, Yuangmingyuan foi pilhado e incendiado por diversas vezes na sequência dos conflitos com a Aliança das Oito Nações e com o Japão.

27 Jul 2016

Hong Kong | Jornalistas condenados por publicações proibidas

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ois jornalistas de Hong Kong ligados a revistas sobre política foram condenados a prisão na China, sob a acusação de gerirem um negócio ilegal, a mesma aplicada a cinco livreiros da cidade que estiveram desaparecidos durante meses.
Os dois jornalistas, ambos detidos em 2014, são o editor Wang Jianmin, 62 anos, condenado a cinco anos e três meses de prisão, e o director Guo Zhongxiao, 40 anos, condenado a dois anos e três meses. Ambos se declaram culpados num tribunal em Shenzhen no ano passado, escreve ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O advogado de Guo Zhongxiao disse que o seu cliente será libertado no próximo mês, após cumprir a pena.
Wang e Guo têm bilhetes de identidade de Hong Kong, mas viviam em Shenzhen quando foram presos.
A acusação disse que a sua empresa de ambos, a National Affairs Limited, registada em Hong Kong, ganhou sete milhões de dólares de Hong Kong com a publicação de duas revistas – a New-Way Monthly e a Multiple Face – e que as receitas provenientes dos leitores chineses ascendiam a 66.000 yuan da receita total.
A defesa alegou que as publicações eram impressas em Hong Kong e as cópias enviadas apenas para oito pessoas na China, todos amigos do editor.
A mulher de Wang, Xu Zhongyuan, que ajudou a enviar cópias das revistas por correio, e um ‘freelance’ que colaborava com a revista, Liu Haitao, declararam-se culpados de operarem um negócio ilegal perante o mesmo tribunal.
Xu foi sentenciada a um ano de prisão, suspensa por dois anos, e Liu condenado a dois anos de cadeia, suspensa por três anos.
O advogado de Xu disse ontem que os quatro afirmaram que “iriam aceitar o veredicto do tribunal e que não iriam recorrer”.
A presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, Sham Yee-lan, considerou a sentença um ataque à liberdade de expressão, publicação e imprensa em Hong Kong porque as duas revistas eram impressas na cidade.
“As penas de prisão são muito pesadas. As publicações eram, de facto, impressas em Hong Kong por empresas registadas aqui”, afirmou. “Parece que o Governo chinês intensificou a repressão contra estas publicações”, disse.
Sham disse ainda que o Governo de Hong Kong tem a responsabilidade de oferecer apoios aos dois jornalistas, cidadãos de Hong Kong.

27 Jul 2016

Trabalhadores do Palácio Imperial à deriva

O subdirector da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Chan Un Tong, fez ontem saber, à margem da apresentação da Feira de Emprego 2016, que até agora foram 11 os casos de trabalhadores do Hotel Palácio Imperial que vieram solicitar apoio do organismo para encontrar um novo trabalho. Estes trabalhadores fazem todos parte do grupo de 20 que trabalhava no estabelecimento, fechado pela Direcção dos Serviços de Turismo, a tempo inteiro.
Chan Un Tong adianta ainda que “estão a ser feitos os esforços possíveis” para reintegração destas pessoas no mercado de trabalho, apesar de não existir até ontem nenhum acto de despedimento por parte da gerência do Hotel, recentemente fechado por um período provisório de seis meses.
Já Angela Leong, número um da Sociedade de Jogos de Macau, que opera o casino dentro do espaço, fez saber em comunicado de imprensa que a decisão de encerramento do Hotel “não teve em conta o futuro dos empregados e suscitou nos mesmo surpresa e receios”. Foram pessoas que se viram sem emprego “da noite para o dia”, refere, dizendo ainda que a decisão “trouxe uma imagem negativa para Macau”.

27 Jul 2016

Croupier e apostador sócios em fraude

Um croupier local é suspeito de se associar a um apostador para cometer fraudes com fichas de casinos. Segundo o jornal Ou Mun, um dos suspeitos já admitiu ter cometido a ilegalidade três vezes e o casino lesado está ainda a calcular o prejuízo. O caso está em investigação na Polícia judiciária. O croupier detido tem 28 anos e o outro suspeito é um desempregado, com 64 anos. Estão ambos entregues ao Ministério Público sob a acusação de peculato e assumem-se como culpados, justificando que perderam mais do que esperavam no jogo e por isso juntaram-se para recuperar dinheiro. Terão trocado fichas no valor de mil dólares de Hong Kong por fichas no valor de 50 mil, o que levantou suspeitas e levou a que a Polícia fosse chamada. Admitiram ainda que já tinham usado a mesma estratégia em Março e Junho tendo angariado um total de 58 mil.

27 Jul 2016

Fachada do Hotel Estoril vai ser preservada

“Não há dúvidas de ‘sim’ ou ‘não’ acerca da manutenção da fachada do Hotel Estoril, a fechada vai ser reservada definitivamente, bem como a sua pedra inaugural.” É o que afirma Guilherme Ung Vai Meng, em declarações prestadas num telefonema que o presidente do Instituto Cultural (IC) fez para o programa Fórum Macau da Rádio Macau.
A questão prende-se é onde se vai preservar a fachada: se no mesmo lugar, se noutro sítio. O organismo diz ter uma atitude aberta e vai esperar pela decisão do arquitecto que for escolhido para o projecto. O IC adiantou ainda que o seu trabalho principal neste momento é o de elaborar o plano de reparação e manutenção da fachada.
Face ao desafio da reparação, o IC diz que já tem organizada uma equipa técnica com experiências idênticas noutros locais de referência e que está a trabalhar com o Laboratório de Engenharia Civil de Macau para seja encontrada a melhor resolução. O presidente não exclui a possibilidade de convidar especialistas estrangeiros para dar apoio ao projecto.
As declarações surgem depois de, na segunda-feira, no Conselho do Planeamento Urbanístico, a Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes ter dito que o hotel ia ser totalmente demolido.

27 Jul 2016

Ex-deputado explica por que retirada dos terrenos “viola Lei Básica”

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ng Choi Kun, ex-deputado e presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário, mandou uma carta ao Jornal do Cidadão onde faz questão de explicar por que razão a retirada dos terrenos permitida pela nova Lei de Terras viola a Lei Básica.
Na carta, o ex-deputado cita a explicação de Yang Jinghui, que trabalhou no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês e na Comissão de Redacção da Lei Básica da RAEM e RAHK, sobre a razão da existência da cláusula do artigo 145º da mini-constituição da RAEM, que prevê que “os contratos firmados pelo Governo anterior de Macau, cujos prazos de validade se prolonguem para além de 19 de Dezembro de 1999, continuam válidos, exceptuando os publicamente declarados por representação com autoridade conferida pelo Governo Popular Central (…), que necessitam de uma nova apreciação por parte do Governo da Região Administrativa Especial de Macau”.
Yang Jinghui explicou que, em Março de 1991, como a China não reconhece sete lotes de um terreno na zona dos NAPE aprovados pela então Administração portuguesa, os investidores preocupavam-se com o facto dos seus direitos não poderem ser garantidos depois de 1999, pelo que exigiram ao Governo que fizesse um acordo com a China, dando origem a tal cláusula.
Para Ung Choi Kun isto explica que esta cláusula demonstra que “o direito dos contratos de terreno cujo período de concessão passa 12 de Dezembro de 1999 deve ser garantido pela Lei Básica”.
A nova Lei de Terras tem andado envolta em polémica, depois de ter sido aprovada em 2013, e são muitas as vozes que pedem a revisão da lei por não concordarem que os concessionários fiquem sem os lotes caso não os aproveitem em determinado período de tempo. Isto para as concessões onde as responsabilidades não podem ser imputadas ao concessionário.
No documento, Ung Choi Kun diz que há uma “clara violação da Lei Básica”, porque a retirada dos terrenos está a ser feita com base no que o ex-deputado diz ser um documento interno às Obras Públicas e com peso inferior à lei. “[A retirada de terrenos] não está em conformidade com qualquer diploma. Só com a vontade [das Obras Públicas]. Quando se vê que a Lei Básica não é interpretada de forma geral ou acontecem actos que violam a lei, não devemos apontá-los para garantir [que a lei é respeitada]?” questiona, alertando o Governo para analisar esta situação.
 
*por Angela Ka

26 Jul 2016

Pequim acusa Coreia do Sul de “abalar” confiança mútua

A China culpou a Coreia do Sul por prejudicar a “confiança mútua”, ao concordar com a instalação do sistema antimísseis norte-americano na península coreana, apesar da oposição de Pequim, noticiou ontem a agência Yonhap.
Seul e Washington anunciaram no início deste mês a decisão de instalar o sistema THAAD, após os mais recentes testes nucleares e com mísseis balísticos, levados a cabo pela Coreia do Norte.
O plano para instalar aquele poderoso sistema, que lança projécteis capazes de destruir os mísseis inimigos, levou a duras críticas de Pequim e Moscovo, que consideram que este fortalecerá a capacidade militar dos EUA na região.
“O recente comportamento da Coreia do Sul prejudicou as fundações da nossa confiança mútua”, afirmou o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros à imprensa, após um encontro com o seu congénere sul-coreano, à margem de um fórum regional em Vientiane, no Laos.
“Quero saber que tipo de acções práticas a Coreia do Sul irá tomar para proteger o nosso sólido relacionamento”, afirmou Wang, citado pela Yonhap.
A China é o principal mercado das exportações sul-coreanas e um parceiro chave nos esforços de Seul para conter o programa nuclear da Coreia do Norte.
Durante o encontro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Yun Byung-Se, reconheceu os desafios nas relações bilaterais, mas realçou que a instalação do THAAD tem finalidades apenas defensivas e que não constitui um perigo para a segurança da China, segundo a Yonhap.

26 Jul 2016

General do Exército chinês condenado a prisão perpétua

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]general aposentado Guo Boxiong, vice-presidente do organismo máximo militar da China entre 2003 e 2013, foi ontem condenado a prisão perpétua por ter aceitado subornos, anunciaram os tribunais militares, através da agência oficial Xinhua.
Guo, vice-presidente durante uma década da Comissão Militar Central, foi o responsável do posto mais alto do Exército a ser condenado na China, tendo sido privado dos seus direitos políticos para a vida e despojado do título de general, segundo a sentença, na qual foi igualmente ordenada a apreensão dos seus bens.
O alegado dinheiro e bens obtidos ilegalmente por Guo, de 74 anos, foram confiscados e devolvidos aos cofres públicos, refere a sentença do julgamento, celebrado à porta fechada e em segredo, como acontece com frequência na China em muitos processos a figuras políticas influentes acusadas de fraude.
No processo, a Procuradoria militar acusou Guo de “abusar da sua posição para ajudar na promoção de terceiros, aceitando quantidades extremamente grandes de dinheiro”.
“Guo aceitou os subornos “pessoalmente e através da sua família”, acrescentou a acusação, numa informação tornada pública em Abril, mês em que a imprensa de Hong Kong cifrava em 12,3 milhões de dólares o dinheiro obtido ilicitamente pelo ex-general, a troco de promoções de oficiais militares.
Outro vice-presidente da Comissão Militar Central na época em que Guo era um dos responsáveis, Xu Caihou, também foi investigado por corrupção e ficou detido à espera de julgamento mais de um ano, tendo falecido de cancro no ano passado, antes de ir a julgamento.
 

26 Jul 2016

Jogo |  Revisão à lei vai mesmo proibir funcionários de entrar em casinos

O vício do jogo está a afectar trabalhadores dos casinos, especialmente croupiers, e Paulo Chan quer evitar que isso aconteça. A Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo e será entregue à AL em 2017. Só não se sabe ainda se todos vão ser impedidos de entrar

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá confirmado: a revisão à Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo. A afirmação é do director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que diz a proposta de lei vai ser entregue na Assembleia Legislativa antes das eleições de 2017.
O Governo já tinha demonstrado querer restringir a entrada dos trabalhadores do Jogo nos casinos fora da sua jornada laboral. Agora, a questão confirma-se, ficando contundo por decidir se a proibição se estende a todos os empregados ou apenas aos croupiers, como admitiu Paulo Martins Chan à margem do programa de rádio Fórum Macau.
A DICJ está neste momento a recolher opiniões junto das operadoras de Jogo, associações e trabalhadores do sector, mas Paulo Chan frisa que está “é um dos trabalhos mais urgentes” do organismo que dirige.
“Ainda estamos no processo da revisão e não foram revelados os conteúdos a rever. Mas, com a análise de vários relatórios, notámos que os croupiers são um grupo de alto risco perante o vício do jogo”, explicou.

Com segurança

Paulo Martins Chan já tinha assegurado que iria  aperfeiçoar a lei que condiciona a entrada, trabalho e jogo nos casinos assim que assumiu o cargo. Agora, assegura que a lei revista vai ser entregue à AL antes das eleições em meados de 2017.
Choi Kam Fu, Presidente da Associação de Empregados das Empresas de Jogo Macau, mostrou preocupações com a decisão e disse esperar “que não afecte o emprego dos trabalhadores”. O responsável diz ainda que se deve proibir a entrada de todos os trabalhadores e não apenas dos croupiers, a fim de construir uma malha de segurança para todos os empregados.
Além da revisão desta lei, Paulo Chan adiantou ainda que o organismo também está a rever a lei que regula os promotores do Jogo e as máquinas de jogo electrónicas. “É necessário, para conseguirmos acompanhar. A nossa equipa legal já passou de duas para cinco pessoas”, frisou, sem adiantar detalhes sobre o que vai mudar nestes diplomas.

* por Angela Ka com Joana Freitas

26 Jul 2016

China encerra vários portais de notícias

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China fechou vários portais de notícias “online”, acusados pelas autoridades de noticiarem e publicarem, de forma independente, artigos sobre temas considerados sensíveis, informou ontem a imprensa estatal.
Os principais órgãos “online” em língua chinesa, incluindo o Sina, Sohu, Netease e iFeng, encerraram alguns sites com informação de carácter político e social, e contas nas redes sociais, após Pequim ter “criticado duramente” a “grande quantidade de acções destes órgãos que violam as leis e regulamentos”, informou o jornal Beijing News.
Estes jornais “publicaram uma grande quantidade de notícias reunidas e editadas por eles próprios”, causando “um impacto particularmente mau”, afirmou, citando fonte não identificada do departamento.
Estes portais vão ser também multados, acrescentou a mesma fonte, sem revelar mais detalhes.

Condicionados

Os jornalistas dos órgãos “online” chineses geridos por grupos privados podem apenas cobrir eventos desportivos e da área do entretenimento, enquanto nos temas mais sensíveis estão autorizados apenas a difundir peças produzidas por órgãos estatais, como a agência oficial Xinhua.
Alguns destes jornais, contudo, formaram as suas próprias equipas de jornalistas de investigação ou fontes de informação, recorrendo muitas vezes a vídeos e registos independentes.
O Partido Comunista Chinês (PCC), que não tolera oposição ao seu poder, exerce um restrito controlo sobre os órgãos de comunicação, enquanto um poderoso aparelho de censura apaga comentários difundidos “online”.
Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão bloqueados no país.
Desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, a pressão repressiva aumentou.
Em Fevereiro passado, Xi apelou à imprensa chinesa para se focar em “notícias positivas” e “exprimir a vontade do Partido e proteger a sua unidade e autoridade”.
Só no segundo trimestre de 2016, o Governo encerrou ou revogou a licença de 1.475 “sites” e encerrou mais de 12.000 contas em redes sociais, numa onda de repressão sobre a “informação online ilegal”, revelou na semana passada a Administração para o Ciberespaço da China.

26 Jul 2016

Doenças mentais intrigam mas “não aumentaram”

Au Chi Keung, vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS), assegurou ontem ao Ou Mun que o número de casos de pessoas que têm efectivamente uma doença mental não aumentou. O que subiu, refere, foram os pedidos de informação sobre doenças mentais. O vice-presidente do IAS respondia assim às notícias de que Macau tem cada vez mais pessoas com problemas psicológicos, mas essas devem-se, diz, ao facto de ser “cada vez mais frequente encontrarmos pessoas que se comportam de forma estranha na rua”. Casos que o responsável atribui ao crescimento do stress e densidade populacional. Au Chi Keong acredita que, à medida que mudamos a maneira de viver, não será surpreendente associações do sector “descobrirem mais casos deste tipo”.

26 Jul 2016

Pin-To | Livraria e loja de música fecha com festival no domingo

A Pin-to vê agora as portas fecharem. Mas nem só de lágrimas é o adeus e do desaparecimento sai o primeiro e último festival de música no espaço do Senado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]espaço Pin-To, loja que se dedicou durante uma década à venda de livros e música, tem o ‘canto do cisne’ anunciado para o próximo dia 31 de Julho. Um casa dedicada à cultura que fecha portas, mas não sem antes realizar um sonho: o primeiro e último Festival de Música da Pin-To vai acontecer. Com nomes estrangeiros e locais, o fim-de-semana vai ter sons para todos os gostos.
Sexta-feira as vozes fazem-se ouvir a partir das 19h30. No palco estará Qing Yuan e Forget The G, que trazem como convidado especial Hugo Loi. Sábado a agenda começa às 14h30 e os interessados poderão assistir aos concertos de François Girouard & Rita, half cat, Cheng Wenzheng, Ringo & John Vu e os Jazzers!. Domingo fecha a programação e o espaço, passando por lá a partir das 15h00 Sonia Ka Ian Lao, Achun, Small Flower, KIRSTEN, Faslane, Aki e um encore de François Girouard.
A Livraria Pin-To abriu portas em 2003 e três anos depois dava origem à Música Pin-to.

Laboratório de minorias

A abertura do espaço terá sido na sua génese, uma experiência. Para os proprietários tratava-se um “laboratório” em que desejavam saber se a sua selecção musical teria eco ou ressonância em Macau, tendo em conta a pequena dimensão do mercado musical local. “Acreditamos que a beleza de música é sentida por todos quando abrem o coração”, afirmam os proprietários no Facebook. E foi assim que começaram a “apresentar as músicas não tão populares”, assumindo esta postura como mote do que se fazia na Pin-to.
Através da exposição de CDs, realização de seminários e produção de concertos, foi objectivo do pequeno espaço comercial divulgar as músicas que vinham de fora e ali serem apreciadas. O trabalho era procurar álbuns de destaque vindos de todo o mundo ao mesmo tempo em que estabelecia elos de cooperação com etiquetas independentes.
Da canção de intervenção, com passagem pela música electrónica experimental, o “ruído” e o rock, a Pin-To conferia um espaço para cada uma destas áreas. Ainda que algumas pessoas pudessem pensar que são estilos musicais feitos para minorias, para eles “mostrar a minoria” é uma mais valia, afirma a apresentação.
Ultimamente as prateleiras estão cada vez mais vazias, mas as oportunidades de encontro com “novos e velhos amigos” têm aumentado e é neste registo que se realiza o Festival de Música.


* por Angela Ka e Sofia Mota

26 Jul 2016

Criado mecanismo de informações sobre central nuclear

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo anunciou a criação de um mecanismo de troca permanente de informação com Guangdong para acompanhar o funcionamento da central nuclear de Taishan, que começará a operar em 2017. O anúncio foi feito na Assembleia Legislativa pelo coordenador do Gabinete de Segurança, Choi Lai Hang, que reiterou perante os deputados que a região está preparada para responder a eventuais acidentes em centrais nucleares chinesas, incluindo na de Taishan, localizada a menos de 70 quilómetros de Macau.
Tal como já havia dito publicamente o Secretário da Segurança, Choi Lai Hang garantiu que Macau tem um plano de contingência para uma situação como esta, que foi actualizado em 2011 e que está de novo em fase de “aperfeiçoamento”, dada a aproximação da entrada em funcionamento da central de Taishan.
A este propósito, revelou que Macau e Guangdong já pediram autorização ao Governo Central para criar um mecanismo de troca de informação permanente entre as duas regiões para acompanhar o funcionamento da nova central.

Em princípio tudo bem

Choi Lai Hang reiterou que o plano de contingência segue “os critérios” internacionais, ao abrigo dos quais, mesmo em caso de acidente de nível 7 (o máximo), não são necessárias, “em princípio, medidas gerais de protecção”, incluindo a evacuação, num raio de 20 quilómetros, sublinhando que todas as centrais chinesas estão localizadas a maior distância.
No entanto, num raio de cem quilómetros serão necessárias “medidas de controlo”, relacionadas com a avaliação de riscos, previsão da evolução da situação, medição de níveis de radioactividade ou fiscalização da entrada de pessoas e mercadorias na cidade, incluindo alimentos. Neste âmbito, explicou que 17 departamentos públicos em Macau têm instruções para adoptar medidas de controlo, ao abrigo do plano de contingência.
Choi Lai Hang acrescentou que Macau dispõe também dos equipamentos necessários para medir níveis de radioactividade, depois de no mês passado o Secretário da Segurança ter admitido que alguns estavam desactualizados, mas ter já dado instruções para a compra de outros de substituição.
O coordenador do Gabinete de Segurança sublinhou que a China tem neste momento 13 centrais nucleares e 30 reactores em funcionamento e mais de 20 anos “de experiência” nesta área.”Podemos ter confiança”, afirmou.
A questão foi levada ao plenário através de uma interpelação ao Governo do deputado pró-democrata Au Kam San, que pediu garantias sobre a segurança da cidade em caso de acidente nuclear, questionando, como outros deputados, o critério que limita a um raio de 20 quilómetros a zona de maior perigo.
Os deputados apontaram casos de acidentes nucleares envolvendo explosões em que, por exemplo, os ventos levaram mais longe as substâncias radioactivas. Por outro lado, pediram ao Governo para fazer mais campanhas de informação pública sobre este tema.
 

25 Jul 2016

‘Brexit’ | China não pode salvar mundo de abrandamento

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]economia mundial não pode depender apenas da China para o salvar de um abrandamento provocado pelo ‘Brexit’, afirmou sexta-feira o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, nas vésperas do país acolher um encontro entre os ministros das Finanças do G20.
Representantes dos governos e chefes dos bancos centrais das 20 maiores economias do mundo reuniram-se este fim de semana no sudoeste da China, com o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) como um dos principais assuntos na agenda.
Segunda maior economia do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global desde a crise financeira de 2008, graças a um massivo pacote de estímulos lançado por Pequim.
Investidores de todo o mundo mostram-se, contudo, apreensivos face ao abrandamento da economia chinesa, enquanto o resultado do referendo no Reino Unido intensificou os riscos e instabilidade.
“É impossível carregar o fardo de todo mundo nos nossos ombros”, afirmou Li Keqiang, após um encontro, em Pequim, com responsáveis de seis organizações económicas internacionais, incluindo o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI previu esta semana que a incerteza criada pela saída do Reino Unido da UE irá resultar no abrandamento da economia mundial no próximo ano.
Numa actualização das suas previsões, realizada em Abril, o FMI reviu a previsão de crescimento da economia global para este e o próximo ano em menos 0,1 por cento, para 3,1% e 3,5%, respectivamente.
“O falhanço em definir claramente a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia irá adicionar incerteza e diminuir a confiança”, afirmou o FMI num relatório enviado, na quinta-feira, aos ministros das Finanças do G20.
“E, se não for bem gerida, a transição da China poderá aumentar a volatilidade na trajectória base da economia mundial”, acrescentou.
Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos.

25 Jul 2016

China | Mais de 126 mortos devido a chuvas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de mortos por causa das chuvas da última semana na China subiu para 126 e cerca de 250 mil pessoas estão isoladas na província de Hubei devido às inundações, segundo os dados oficiais mais recentes.
As chuvas no centro e norte da China afectaram mais de 680 mil pessoas em Hubei, onde dez localidades ficaram inundadas e 250 mil habitantes da cidade de Tianmen continuam isolados, revelam as mesmas informações.
Uma equipa de 500 militares e mil civis foi enviada para Tianmen para tentar resgatar e dar assistência às pessoas isoladas.
Na província de Hebei, que rodeia Pequim, o número de mortos confirmados ascende a 114, havendo outras 111 pessoas desaparecidas. Há mais 12 mortos e seis desaparecidos na província de Henan.
A resposta das autoridades chinesas a esta situação causou protestos em vários pontos do país por ter sido considerada tardia e insuficiente, segundo relatam as agências de notícias internacionais.
Numa conferência de imprensa no sábado, as autoridades de Xingtai, localizada 400 quilómetros a sul de Pequim e onde chegou a haver confrontos entre os habitantes e forças de segurança, pediram desculpa pela “resposta desadequada” ao temporal, destacando que estas chuvas foram “as piores” registadas na região desde finais da década de 1990.
Meios de comunicação social oficiais somaram-se às críticas ao Governo local, com o Global Times a publicar um editorial em que considera que o desastre que se vive no norte da China é “uma combinação de catástrofe natural e erro humano”, reprovando a atitude das autoridades locais.
O jornal lembra o que aconteceu há quatro anos em Pequim, quando as chuvas causaram dezenas de mortos e o Governo local, como agora, foi muito criticado pela falta de previsão.
Todos os anos, durante a época das chuvas na China, que começa em Maio, surgem críticas sobre a falta de transparência das autoridades, que se opõem a divulgar avisos.

25 Jul 2016

Diário secreto de Pequim

* por António Graça Abreu

Pequim, 25 de Outubro de 1977

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]as Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras, secção portuguesa, o camarada Fu Ligang trabalha na mesma sala que eu, na mesa mais pequena, à minha direita. É uma espécie de meu secretário. O Fu estudou português em Macau, numa leva de 60 ou 70 jovens chineses que em 1965 a República Popular enviou quase secretamente para Macau, a fim de estudarem a língua de Camões.
O Fu Ligang aprendeu bem português. Teve um professor que nunca esqueceu com o nome de Júlio Dinis. Responsável e trabalhador — creio que é membro do Partido Comunista Chinês –, hoje de manhã perguntou-me:
“Então camarada António, está a gostar de viver em Pequim, está satisfeito com a China que veio encontrar”?
Assumindo os meus antecedentes meio comunistas, na versão meio maoista, ainda com meia convicção política, respondi-lhe mais ou menos nos seguintes meios termos:
“Sim, vim encontrar um país a crescer, um povo simpático e tenho boas condições de vida e de trabalho aqui em Pequim. Depois, estou a dar o meu pequeno contributo para ajudar a construir o socialismo, para a criação do homem novo, para a construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor”.
O Fu Ligang ouviu o meu discurso impassível, um levíssimo sorriso a aflorar nos lábios e, passados uns longos segundos, olhou-me pelo canto do olho e disse-me, em excelente português:
“O camarada é ingénuo.”
E não houve mais conversa. Durante o resto da manhã debruçámo-nos sobre os textos a traduzir e a corrigir.
O Fu deve ter razão. Nestes meus quatro anos de Pequim, vou tentar entender e digerir a minha ingenuidade.

Pequim, 29 de Outubro de 1977

Tenho uma aí, uma espécie de ama ou empregada de crianças para, durante o dia tomar conta do meu filho mais pequeno, o Gonçalo, com apenas treze meses. É uma senhora já de meia idade, vive aqui ao lado do hotel e com a nossa concordância, gosta de levar o menino estrangeiro para sua casa, um pequeno andar aqui perto, pobre mas com um mínimo de conforto. Aí tratam o meu rapazinho com todas as mordomias de um príncipe e o Gonçalo adora estar no meio daquela família chinesa e ser o centro da atenção de todos, incluindo os vizinhos.
Logo no primeiro dia quando a aí se apresentou ao serviço, perguntou-me o nome do menino. Disse-lhe que se chamava Gonçalo, mas ela podia chamar-lhe simplesmente Gon, era mais fácil. A aí repetiu Gou狗, Gou, com alguma surpresa e muita estranheza. Gou狗 em chinês significa cão. Como era possível estes “diabos estrangeiros” chamarem cão a um filho seu?

Pequim, 30 de Outubro de 1977

Vem aí o frio, dizem-me que em Pequim, em Janeiro e Fevereiro as temperaturas oscilam entre os 0 e os 20 graus abaixo de zero. A Sibéria não está longe do norte da China.
Tenho andado a comprar agasalhos, vou precisar de me aquecer. Mas os chineses são um bocado exagerados no que ao frio diz respeito. De há um mês para cá usam ceroulas, homens e mulheres. Ficam cómicos, com as ceroulas vermelhas, cor-de-rosa ou verdes mais compridas do que as calças cinzentas ou azuis, a saírem por fora das pernas, a verem-se a léguas. Dizem-me que precisam de andar assim confortáveis para que depois, quando o verdadeiro frio chegar, não serem apanhados desprevenidos e ficarem sujeitos a uma qualquer gripe ou pneumonia.

Pequim, 1 de Novembro de 1977

Todas as semanas temos aqui no edifício número 1 do Hotel, numa espécie de salão nobre — ex-libris pomposo deste espaço no nosso imenso conglomerado habitacional –, umas conferências sobre a actualidade chinesa destinada a esta gente de desvairadas nacionalidades que habita o Hotel da Amizade.
As conferências são em chinês mas contamos com tradução simultânea feita pelos tradutores encartados do Bureau de Especialistas Estrangeiros, a entidade que zela e toma conta de nós no lugar onde vivemos. Sossegadamente sentados na sala, colocamos os auriculares nos ouvidos, escolhemos a língua, o inglês, o francês, o espanhol e vá de tentar entender o que cada mestre em política actual tem para nos contar. Só assiste quem quer mas há sempre aí duas dezenas e meia de estrangeiros e mais uns tantos quadros chineses a ouvir os discursos de gente graúda ligada ao Partido.
Vêm-nos falar do tomo V das Obras Escolhidas de Mao Zedong, em análises naturalmente muito politizadas, com suma reverência ao pensamento do grande timoneiro. Vou ficando a saber que Mao, em 1950, ao escrever sobre o “movimento de resistência à agressão norte-americana e ajuda à Coreia”, — quando seguiram para a guerra nas terras coreanas cerca de um milhão de soldados chineses, incluindo o filho mais velho de Mao, o general Mao Anying (1923-1950) que lá morreria num bombardeamento aéreo norte-americano –, fico a saber que a China pretendia sobretudo defender-se a si própria dado que, segundo Mao, os yankees tinham como objectivo entrar na China e aniquilar o regime comunista.
O camarada palestrante vai-nos contando a História recente, fala no internacionalismo proletário, refere a força da resistência do povo coreano, com o presidente Mao a dirigir pessoalmente a guerra do lado chinês, uma guerra justa, com fé na vitória. É verdade que o inimigo tinha mais canhões, mas faltava-lhe a moral e o camarada conferencista quase cita o velho Sun Zi (554 a.C.-496 a.C), o mestre da Arte da Guerra, ao dizer:

Ponto Um – Saber se temos forças suficientes para combater.
Ponto dois – Saber se temos forças suficientes para uma possível retirada.
Ponto três – Saber se nos podemos reabastecer.
Ponto quatro – Saber se podemos resistir a uma guerra prolongada.

E vai citando Mao Zedong:
“Ao adquirir-se experiência militar, eleva-se a consciência política. Devemos combater quando for necessário e negociar quando o inimigo der sinais de fraqueza. Somos a favor da paz mas não tememos a guerra, conquista-se a paz através da guerra.
Na retaguarda é necessário coordenar a luta, as fábricas também são campos de batalha, as máquinas equivalem a fuzis e canhões.” (continua)

25 Jul 2016