Olímpicos | Bronze para Portugal e americanos voltam a vencer na piscina

O dia nove foi marcado pela medalha de bronze de Telma Monteiro, na categoria de 57 kg do Judo ao bater a romena Corina Caprioriu. Um momento emotivo para todos os portugueses e em especial para a atleta do Benfica, “já chorei muito. É uma grande emoção viver este momento, ter a oportunidade de fazer história pelo país, conquistar a primeira medalha do judo feminino”

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á tinha conquistado cinco medalhas em mundiais e 11 em europeus, conseguiu agora levar para casa a que faltava e dar ao desporto nacional a sua 24ª medalha olímpica. A atleta já tinha no seu currículo um 12.º lugar em Atenas 2004 e um nono em Pequim 2008, ainda na categoria de -52 kg, e um 17.º em Londres 2012. Telma Monteiro não escondia o entusiasmo “ uma emoção muito grande. Subir ao pódio nos Jogos Olímpicos é, sem dúvida, o momento mais emocionante da minha carreira, uma consagração”. Já de medalha ao peito, acrescentou “se conseguir continuar ao mais alto nível, o meu objectivo é estar em Tóquio. Nos próximos quatro anos, quero continuar a ganhar medalhas, somar à minha lista, nunca é demais.”
Portugal passou a contar com quatro medalhas de ouro, oito de prata e 12 de bronze, duas das quais no judo, com Telma Monteiro a juntar-se a Nuno Delgado, terceiro em -81kg em Sydney2000.Portugal finalmente estreou-se no quadro, ocupando o 34.º posto igualado com outros cinco países.

Brasil dourado

Apesar das esperanças do Brasil estarem muito centradas na equipa de futebol, foi com Rafaela Silva que quebraram o jejum. A adversária de Telma Monteiro arrecadou a medalha mais desejada, levando assim o ouro para o país anfitrião. A judoca nascida numa favela do Rio de Janeiro alcançou o lugar mais alto do pódio depois de ter ultrapassado os mais diversos obstáculos. (ver texto em baixo).

Piscina sem surpresas

Ao contrário do dia anterior, não houve grandes novidades na natação, nem queda de recordes. O principal foco recaiu sobre a atleta húngara, Katinga Husszo, que venceu a final dos 100 metros costas, depois de já ter conquistado o primeiro lugar no sábado, nos 400 metros estilos. A “Dama de ferro”, como é conhecida, venceu a prova com o tempo de 58,45 segundos, superando a norte-americana Kathleen Baker, medalha de prata e a canadiana Kylie Masse, medalha de bronze. Ainda na piscina os Estados Unidos voltaram a dominar, desta vez através de Ryan Murphy nos 100 metros costas masculinos e de Lilly Kings nos 100 metros bruços femininos ao vencer com o tempo de 1.04,93 minutos. A medalha de prata foi para a russa Yulia Efimova, repescada à última hora para os Jogos na sequência do escândalo de doping que teve como protagonista a Rússia, enquanto a de bronze foi para outra norte-americana, Katie Meili.
A quebrar a hegemonia americana a China recebeu a medalha de ouro nos 200 metros livres. O quarto título do dia foi assim direitinho para o atleta Sun Yang.

China salta em grande

Se nas provas de natação os Estados Unidos estiveram a liderar, nos saltos para a água foi a China a consagrar-se potência inquestionável. A dupla Chen Aisen e Lin Yue sagrou-se campeã na prova sincronizada a 10 metros. Anteriormente, Wu Minxia, de 30 anos, tornou-se na primeira atleta a ganhar o ouro olímpico em cinco Jogos consecutivos, na prova de saltos sincronizados a três metros.
Feito o resumo das provas o balanço dita o seguinte resultado: os Estados Unidos mantiveram o primeiro lugar, com as mesmas cinco medalhas de ouro da China, mas com mais medalhas de prata, sete contra três, e de bronze, sete contra cinco.

Portugueses em acção

Marcos Freitas, o único português ainda em prova no quadro de singulares de ténis de mesa, disputa a próxima prova com o japonês Jun Mizutani, quarto cabeça de série. Pode ser o acesso às meias-finais. Gastão Elias vai ter como adversário o norte-americano Steve Johnson, na prova de ténis, singulares masculinos. O canoísta José Carvalho participa nas meias-finais de C1 slalom, na tentativa de conseguir um lugar na final. Na vela estão três atletas lusos; Gustavo Lima segue em 14.ª na classe Laser, o porta-estandarte João Rodrigues é 18.º em RS:X, e finalmente Sara Carmo é 34.ª em Laser Radial. Esperemos bons ventos.

Da favela ao pódio

A história da actual campeã de Judo, Rafaela Silva é feita de sangue, suor e algumas lágrimas. Nascida na favela Cidade de Deus, começou a praticar judo aos cinco anos, numa academia de rua. Actualmente com 24, tem já no currículo medalhas importantes; Jogos Pan- americanos, 2011, prata, em 2015 conquistou o bronze no Pan de Toronto e foi vice campeã no mundial de Paris em 2011. As lágrimas vêm nos jogos de Londres. A atleta foi acusada de ter aplicado um golpe ilegal, sendo desclassificada na segunda ronda. Momentos que marcaram a atleta. No final da prova que lhe deu o primeiro lugar no pódio, falou aos jornalistas: “depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para a minha família, para o meu país. E agora sou campeã olímpica”.

Marcelo elogia judoca portuguesa

Marcelo Rebelo de Sousa que se encontra numa visita de seis dias ao Recife, Brasil, congratulou Telma Monteiro, dirigindo-lhe algumas palavras de agradecimento. “Em meu nome pessoal e em nome de todos os portugueses, muitos parabéns pela conquista da medalha de bronze! A tua conquista enche-nos a todos de orgulho!”, escreveu, em mensagem dirigida à judoca benfiquista, acrescentando o seu desejo de que esta medalha “seja a primeira de muitas e uma fonte de inspiração e motivação para os compatriotas em competição!”.

10 Ago 2016

Comércio com PLP caiu 13,34%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 13,34% entre Janeiro e Junho, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados.
Segundo estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 41,69 mil milhões de dólares nos primeiros seis meses do ano.
Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 28,75 mil milhões de dólares – mais 0,63% – e vendeu produtos no valor de 12,93 mil milhões de dólares – menos 33,78% que nos primeiros seis meses de 2015.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 30,93 mil milhões de dólares, valor que traduz uma queda de 9,65% em termos anuais homólogos.
As exportações da China para o Brasil atingiram 9,48 mil milhões de dólares, menos 36,43%, enquanto as importações chinesas totalizaram 21,45 mil milhões de dólares, uma subida de 11,02%.
Com Angola, o segundo parceiro comercial da China no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 31,29%, para 7,16 mil milhões de dólares.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 729,8 milhões de dólares – menos 66,01% face aos primeiros seis meses de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 6,43 mil milhões de dólares, menos 22,29%.
Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 2,63 mil milhões de dólares– mais 22,55% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 1,97 mil milhões de dólares – mais 39,31% – e comprou produtos avaliados em 658 milhões de dólares, menos 9,96%.
Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares (90,60 mil milhões de euros ao câmbio da altura), a primeira queda desde 2009.
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), que reúne a nível ministerial de três em três anos.
A próxima conferência ministerial – a quinta desde 2003 – realizar-se-á este ano, em Outubro.
 

10 Ago 2016

Alimentação | Restaurante paquistanês ajuda desfavorecidos

“Pakistan Curry” é o nome de uma loja de refeições de venda para fora, na Areia Preta, que oferece comida grátis a quem não tem dinheiro. Propriedade de um paquistanês de origem muçulmana, mais do que boa vontade, a ideia é cumprir com os preceitos da religião

[dropcap style’circle’]F[/dropcap]aisal tem 25 anos e nasceu no Paquistão. Imigrou há dois anos para Macau, na tentativa de procurar uma vida melhor. Aqui trabalhou como segurança no Clube D2, mas há dois meses e meio decidiu concretizar o sonho de abrir um espaço seu. Assim nasceu a casa de venda de refeições para fora “Pakistan Curry”, na Avenida 1º de Maio, na zona da Areia Preta.
Até aqui, a sua história seria igual à de tantos outros imigrantes. Mas a de Faisal é maior. E é não acaba aqui, porque, na sua pequena cozinha, o paquistanês prepara pratos grátis para quem não tem dinheiro para os comprar.
À porta do estabelecimento tem escrito em Inglês “If anyone no have money for food can eat free here”. Sem dinheiro, quem tem fome pode matá-la no Pakistan Curry, mas apesar da boa vontade, até ao momento, apenas apareceu uma pessoa. Faisal não percebe a razão.
“Vejo muitas pessoas aqui na zona que dormem na rua. Na sua maioria são indianos e filipinos que vêm trabalhar na construção civil, mas que nem sempre têm trabalho”, indica ao HM.
Por ter pena desta gente, decidiu fazer aquilo que o seu coração e a sua religião, o islamismo, mandam. “Ninguém sai do seu país se tiver trabalho. Por isso, é duro não ter dinheiro. Na minha religião as pessoas devem ajudar quem tem menos.” E foi isso que fez.

Balanço positivo

Faisal nasceu na cidade de Lahore, no Paquistão, e trabalhava na pequena empresa do pai, ligada à indústria do calçado. “Mas as coisas não estavam a correr bem e como tinha um primo aqui em Macau, decidi arriscar”, conta ao HM.
Até agora as coisas têm corrido bem. Em dois anos, trabalhou, juntou dinheiro e abriu o seu próprio negócio. Casou com uma chinesa muçulmana e os dois trabalham juntos. “Ela faz a comida chinesa e eu a paquistanesa.”
O menu é variado. “Temos mais de 20 pratos e ainda quero expandir”, frisa. Shoarma e Kebab são o ponto forte. Mas também há rolinhos de galinha com vegetais e hambúrguer de frango. Os preços variam entre as 20 e as 40 patacas. Para além da possibilidade de oferecer refeições gratuitas, está disposto ainda a aceitar que lhe paguem menos. “Se uma pessoa tiver de pagar 40 patacas mas só tiver 20, não tem mal. Pode levar a comida na mesma.”
Entre as 11h00 e a 1h00 Faisal está na loja. “É o meu trabalho”, argumenta, quando questionado sobre as muitas horas que aqui passa.
Apostado em continuar a desbravar caminho, tem o sonho de abrir um restaurante “grande onde tenha muitos empregados para que possa ajudar cada vez mais pessoas pobres”.

10 Ago 2016

IC abre bolsas para Design de Moda

O Instituto Cultural (IC) lança novamente o Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda, cujas candidaturas estão abertas e terminam a 26 de Agosto, exactamente às 17h00. Este programa atribui oito bolsas, num valor que pode ir até às 60 mil patacas. Existe desde 2013 e tem por objectivo promover, apoiar e desenvolver o design de moda e a criatividade locais, bem como incentivar os designers a elaborarem planos de marketing que lhes permita dar o salto além fronteiras. Segundo nota de imprensa, uma das razões do concurso é que os designers se envolvam em actividades comerciais e exposições de moda no território e no estrangeiro, contribuindo para o aumento do prestígio e da competitividade deste sector.

9 Ago 2016

Dia aberto nas zonas ecológicas do Cotai

O dia aberto ao público das Zonas Ecológicas do Cotai realiza-se durante os dias 13 a 27, pelas 10h00 e pelas 15h00. Este encontro mensal conta com número máximo de cem vagas. Para participar no evento é necessário fazer a inscrição a partir de hoje, através da linha verde da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) – 28762626 – ou da página do organismo. Não existe prazo para as inscrições, uma vez que estas terminam assim que as vagas forem preenchidas. O passeio tem a duração de duas horas e convida os participantes a visitarem duas zonas ecológicas, uma delas de acesso reservado. O grupo será sempre acompanhado por guias que vão dando explicações sobre a natureza envolvente.

9 Ago 2016

Djokovic afastado e recordes na natação. Phelps com 23ª medalha

Segunda feira dia 8 não faltaram emoções no parque olímpico. A maior delas vem do ténis, com o sérvio Novak Djovic afastado da competição. O halterofilista chinês ganhou a medalha de ouro e o Kosovo arrecada a sua primeira medalha olímpica. Ginasta portuguesa alcança melhor resultado de sempre em ginástica artística

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omo em todas as edições dos Jogos Olímpicos há surpresas boas e surpresas más. Pegando na última, temos a queda do líder do “ranking” mundial de ténis, o sérvio Novak Djokovic, afastado da competição por Del Potro, numa reedição do encontro de há quatro anos, onde o este já tinha manifestado superioridade. O argentino defrontou então o tenista português João Sousa, na noite de ontem, (hora de Macau) depois de também ele, ter seguido em frente na prova, não se sabendo o resultado até o fecho desta edição.
As irmãs Williams, detentoras do título de pares femininos foram também eliminadas pela dupla Lucie Safarova e Barbora Strycova, da República Checa.
Os detentores dos títulos individuais, o britânico Andy Murray, vencedor do sérvio Viktor Troicki, e Serena Williams, que afastou a australiana Daria Gavrilova, não se deixaram bater e continuam na corrida a nova medalha de ouro
A selecção do Brasil continua também a desiludir não indo além de um empate a zero, quer frente à África do Sul, quer frente ao Iraque, adiando para a terceira jornada o apuramento para os quartos de final.

Tempos superados

Comecemos pela natação. O britânico Adam Peaty a sagrar-se campeão olímpico dos 100 metros bruços e a voltar a baixar o recorde do mundo, que já tinha batido na primeira eliminatória, estabelecendo-o agora em 57,13 segundos.
Michael Phelps volta a surpreender conquistando a 19ª medalha de ouro ao integrar a estafeta 4×100 metros livres. No total o norte americano já arrecadou 23 medalhas olímpicas. JogosOlimpicos_(lusa) filipMartins
A sua compatriota Katie Ledecky esteve em grande destaque nos 400 metros livres, sagrando-se campeã olímpica com a marca de 3.56,46 minutos, numa jornada em que caiu também o recorde do mundo dos 100 metros mariposa, com Sarah Sjostrom a conquistar a primeira medalha de ouro feminina para a Suécia na natação.
Também o Kosovo recebeu a sua primeira medalha olímpica. A campeã de judo de etnia albanesa é dominadora absoluta no escalão de 52 kg, desde há quatro anos. Campeã em 2013 e 2014 só deixou escapar o ano passado, ao falhar o mundial devido a uma lesão. Para que não restassem dúvidas, ontem bateu nas meias-finais a japonesa Misato Nakamura, a campeã do ano passado. Na final de ontem, ganhou por ‘yuko’ à italiana Odette Giuffrida, ficando as medalhas de bronze para Nakamura e para a russa Natalia Kuziutina.
A equipa da Itália foi bafejada pela sorte e juntou às medalhas de ouro e prata do judo, a medalha de ouro no florete masculino em esgrima e a medalha de bronze de Elisa Longo Borghini na prova de fundo de ciclismo de estrada. A campeã é a holandesa Anna Van Der Breggen e a vice-campeã a sueca Emma Johanson.
Wu Minxia, saltadora chinesa fica na história da competição ao sagrar-se pela quinta vez campeã, agora de parceria com Shi Tingmao, no trampolim de três metros, sincronizado.
A equipa sul-coreana feminina de tiro com arco, estende para oito a série de sucessos olímpicos.
Já campeã nas equipas masculinas a Coreia do Sul é dominadora absoluta desde que a modalidade regressou ao programa olímpico, em 1988.

Pesos de ouro

O halterofilista chinês Long Qingquan conquistou ontem a medalha de ouro da categoria de 56 kg e ao mesmo tempo obteve um recorde do mundo de 207 kg no total olímpico. Long, de 25 anos, bateu por quatro quilos o norte-coreano Om Yun-Chol, detentor do título. A medalha de bronze foi para o tailandês Sinphet Kruaithon, que levantou um total de 289 kg.

A melhor de sempre

A portuguesa Filipa Martins mostrou-se satisfeita com a sua prova depois de ser 37.ª na qualificação do ‘all around’ da ginástica artística dos Jogos Rio 2016 . A melhor pontuação foi alcançada na trave, com 13.833, seguindo-se os 13.660 nas paralelas assimétricas, os 13.433 no solo e os 13.336 no cavalo. A atleta portuense obteve a melhor participação de sempre de uma ginasta portuguesa numa prova de ginástica artística. Mas ainda assim foi insuficiente para chegar à final do concurso completo.

Secretário na abertura

Alexis Tam, assistiu, no dia 6 de Agosto, à abertura dos Jogos Olímpicos. Acompanhado de uma delegação do Comité Olímpico de Macau, participou num jantar de confraternização entre presidentes olímpicos de vários países como Portugal, Timor –Leste e, Cabo-Verde e Moçambique. Entre outros.
Macau preside à organização das Associações dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP)desde 2009. A ACOLOP tem nos Jogos Olímpicos 700 atletas.
Durante a estadia o Secretário aproveitou para visitar a aldeia olímpica e as instalações desportivas adaptadas especialmente para albergarem os Jogos Olímpicos e Para-olímpicos.

9 Ago 2016

China | Milhares em protesto contra projecto nuclear franco-chinês

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ilhares de pessoas protestaram numa cidade do leste da China contra um projecto de construção de uma fábrica franco-chinesa de tratamento de resíduos nucleares, indicaram moradores à AFP.
Os residentes denunciaram uma repressão violenta por parte da polícia, que entretanto negou a acusação.
Os habitantes de Lianyungang, uma localidade situada 480 km a norte de Xangai, protestaram no fim de semana em frente de edifícios públicos.
“Eram vários milhares”, informou à AFP o funcionário de um hotel que pediu o anonimato.
Os manifestantes são contrários à proposta de construir no distrito uma fábrica de resíduos nucleares, temendo eventuais efeitos nocivos.
Outro habitante, Xu, descreveu “confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes”.
As redes sociais chinesas divulgaram fotos de uma grande multidão reunida na praça pública e cercada por centenas de policias.
As autoridades policiais locais negaram esta segunda-feira, através da internet, um “rumor” que apontava a morte de um dos manifestantes pela violência policial.
A francesa Areva assinou há um ano com o gigante nuclear chinês CNNC um protocolo de acordo no âmbito de um projecto de desenvolvimento de uma fábrica de tratamento e reciclagem de combustíveis usados na China, embora não tenha divulgado a sua localização.
Os moradores de Lianyungang, localidade portuária da província de Jiangsu, temem que a sua cidade seja a escolhida para sediar esta fábrica de tratamento, já que o grupo CNNC constrói actualmente uma nova central nuclear não muito longe dali.

9 Ago 2016

Sociedade de Jogos de Macau com quebra de 38,7% nos lucros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, anunciou ontem uma queda de 38,7% dos seus lucros no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015.
Num comunicado ontem divulgado, a SJM refere que no primeiro semestre teve lucros de 1.097 milhões de dólares de Hong Kong.
As receitas dos casinos da SJM caíram 20,7% entre Janeiro e Junho, para 20.884 milhões de dólares de Hong Kong, revelou a empresa.
O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) situou-se nos 1.634 milhões de dólares de Hong Kong, menos 27,8% do que no ano passado).
O grupo diz que as receitas do jogo VIP (grandes apostadores) caíram 28,5% e que as do jogo de massas desceram 11,5% nos primeiros seis meses do ano.
Citado no comunicado, o director executivo da SJM, Ambrose So, disse que “apesar de as condições desafiadoras persistirem” no mercado do jogo em Macau, “a SJM mantém a confiança no mesmo e o seu compromisso para com o futuro de Macau”.
A empresa tem prevista a abertura do Grand Lisboa Palace, um novo ‘resort’ com casino, na ‘strip’ de Macau, para 2017.
“Continuamos a fazer bons progressos na construção do nosso Grand Lisboa Palace, e por volta do fim do ano esperamos concluir a renovação do complexo Jai Alai, assim como renovações importantes no ‘lobby’ e quartos de hotel no Grand Lisboa”, disse Ambrose So.
As receitas brutas dos casinos de Macau caíram 4,5% em Julho, comparando com o mesmo mês de 2015, para os 17.774 mil milhões de patacas, segundo dados oficiais conhecidos ontem.
Em termos acumulados, nos sete primeiros meses do ano, as receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, diminuíram 10,5% em relação ao mesmo período de 2015 (variação homóloga).
Este foi o 26.º mês de quedas homólogas consecutivas nas receitas dos casinos de Macau, que são a fonte de mais de 80 por cento das receitas públicas da região e o pilar da economia local.

9 Ago 2016

Alemães na gestão de resíduos sólidos

A Fichtener GMBH&Co.KG, uma empresa alemã, vai prestar serviços de consultadoria para a gestão de resíduos sólidos a Macau. O anúncio foi ontem feito num despacho do Chefe do Executivo, Chui Sai On. A concessão custa aos cofres do Governo 14,7 milhões de patacas, a ser pagos até 2018. A empresa de consultadoria existe desde 1992, tendo escritórios em Taiwan e Singapura, além do Vietname.

9 Ago 2016

Exportações da China a crescer, importações caem 5,7%

As exportações da China, a segunda economia mundial, aumentaram 2,9% em Julho, em comparação com o mesmo mês de 2015, mas as importações diminuíram 5,7%, segundo dados oficiais divulgados ontem. O superavit comercial chinês aumentou assim 34%, em relação a Julho de 2015, situando-se no equivalente a 51.500 milhões de dólares norte-americanos.
No conjunto do primeiro semestre do ano, as exportações chinesas tinham diminuído 2,1% e as importações 4,7%. O volume total do comércio com a União Europeia, o maior parceiro comercial da China, cresceu 1,8% entre Janeiro e Julho.
Já o valor das trocas comerciais com os Estados Unidos caiu 4,8% no mesmo período.

9 Ago 2016

Ministra japonesa acusada de negar atrocidades em Nanjing

O Ministério da Defesa Nacional da China denunciou na sexta-feira as tentativas da nova ministra da Defesa japonesa, Tomomi Inada, de negar qualquer “competição de matança” em Nanjing durante a Segunda Guerra Mundial.
As observações de Tomomi Inada são ultrajantes, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês numa declaração.
Inada disse na quinta-feira que duvidava se qualquer competição de homicídio aconteceu durante o Massacre de Nanjing.
A negação pública da ministra japonesa ao facto pretende encobrir as atrocidades do Japão e perturbar a ordem pós-guerra, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês.
Não haverá nenhum futuro se o Japão negar a história, disse.
O exército japonês ocupou Nanjing, então capital da China, no final de 1937, e durante mais de 40 dias, cerca de 300 mil chineses foram mortos.
Durante a época dois oficiais japoneses, Toshiaki Mukai e Tsuyoshi Noda, estabelecer uma competição para matar 100 chineses usando uma espada. Mukai decapitou 106, e Noda, 105.
Os dois oficiais foram condenados por atrocidades e executados em Janeiro de 1948.

9 Ago 2016

Quatro funcionários do Governo Central detidos por corrupção

Quatro funcionários do governo estão a ser investigados por aceitar subornos, informou ontem a Suprema Procuradoria Popular (SPP) da China. Meng Fanyou, ex-vice-inspector do comité do Partido Comunista da China (PCC) em Chifeng, Região Autónoma da Mongólia Interior, Liu Jinghai, ex-inspector do gabinete geral do Comité Regional do PCC na Região Autónoma da Mongólia Interior, Lu Wufu, ex-vice-presidente da câmara de Changde, na Província de Hunan e Pi Lin, ex-gerente-geral do Grupo da Imprensa do Diário de Hunan são os mais recentes “tigres” a cair nas malhas da justiça. Meng e Liu foram também acusados de corrupção, o que normalmente significa a posse e o uso ilegais de fundos e bens públicos sem intenção de reembolso. Pi foi acusado de desviar fundos públicos, uma acusação inferior. Todos os quatro foram presos, disseram as autoridades.

9 Ago 2016

Sound & Image Challenge | Recebidas mais do dobro das candidaturas face a 2015

Está aí mais uma edição do Sound & Image Challenge, que este ano promete mais filmes de todo o mundo do que no ano passado. Para Dezembro estão preparadas as visualizações das películas, mas a competição “Volume” ainda está aberta

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Sound & Image Challenge (SIC), da Creative Macau, recebeu o dobro das candidaturas para a categoria de curtas-metragens, face ao ano passado. Organizado pela Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), a competição conseguiu este ano 1659 filmes provenientes de todo o mundo, que serão exibidos entre os dias 6 e 11 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V e na Cinemateca Paixão.
O SIC, que agora se transformou num festival internacional, abrange curtas-metragens e videoclips musicais e está aberto a todo o mundo. Este ano, de acordo com um comunicado da Creative Macau, Espanha, Estados Unidos, França, Brasil Inglaterra, Índia Alemanha, Canadá, Taiwan, Argentina, Rússia, Portugal, China e Austrália foram os países participantes, sem esquecer Hong Kong e Macau, onde o número de participações foi superior.
Nesta que é a 16ª edição do festival, durante seis dias serão exibidos todos os filmes, em dois espaços cedidos à organização pelo Instituto Cultural: o Teatro Dom Pedro V e a Cinemateca Paixão. As entradas são gratuitas.
Júri começa a ronda
Cabe agora ao júri avaliar todo o material em duas competições distintas: a competição Shorts”, que premeia todas as curta-metragens nas categorias de Ficção, Documentário, Animação e Publicidade, e a competição “Volume”, que premeia um videoclip que incorpore integralmente uma composição de uma banda de Macau.
Os jurados da competição “Shorts” são todos profissionais locais e internacionais com relação ao cinema e ao audiovisual, sendo composto por seis profissionais locais que fazem a pré-selecção. Daqui vai resultar uma lista de filmes finalistas que será posteriormente avaliada pelo Grande Júri.
O Grande Júri é composto por Sam Ho, curador, crítico de cinema e professor em Hong Kong e Estados Unidos da América, João Francisco Pinto, director de Programas dos Canais Portugueses da Televisão de Macau (TDM), e finalmente o fundador e director do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, Mário Dorminski.
Já o quadro de jurados da pré-selecção do “Volume”, que viu o prazo de candidaturas prolongado (ver caixa) é composto por Vincent Cheang, músico fundador e líder da banda L.A.V.Y e da Live Music Association. Vincent Hoi, realizador independente, estabeleceu a sua companhia especializada na produção de vídeos comerciais educacionais, para televisão e para a Administração e Miguel Khan, outro dos nomes que compõem este júri, é director de multimédia numa operadora local e colabora com artistas e jovens em várias áreas criativas, para vídeos publicitários e para espectáculos ao vivo.
O Grande Júri é composto por Lok Kong, director substituto de Programas Chineses da Teledifusão de Macau, e o músico e compositor de música clássica e electrónica, jornalista e empreendedor local Ray Granlund.
O festival permite ainda a interacção do público na votação das curtas-metragens preferidas da competição “Shorts”, a decorrer no dia 8 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V. A escolha determinará o prémio Público, no universo dos filmes nomeados nas quatro categorias de Ficção, Documentário, Animação e Publicidade.
São ainda quatro os prémios que serão atribuídos além dos grandes vencedores: Melhor do Evento, que pretende distinguir o filme que se destaque em qualidade, o Macau Cultural Identity, onde visa premiar filmes que dêem destaque à cultura local, e Melhor Entrada Local, filmes submetidos por concorrentes que possuem bilhete de identidade de Macau ou que possuem o título de identificação de trabalhador não-residente.

Prolongado prazo para o “Volume”

Segundo a entidade organizadora, as candidaturas para a competição “Volume” ainda podem ser entregues, uma vez que o prazo foi alargado até 31 de Agosto. Esta competição pretende a criação de videoclips para músicas de bandas locais, que estão disponíveis no site da organização.

8 Ago 2016

Amamentação | Governo promete 68 salas até fim do ano

Os Serviços de Saúde anunciaram a abertura de 68 salas de amamentação, bem como nova legislação para estender a medida a todos os serviços públicos. A notícia foi avançada durante a cerimónia de entrega de louvores para a promoção de aleitamento materno, no sábado passado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té ao final de 2016, o Governo pretende criar 68 salas de amamentação em 15 serviços da tutela do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O anúncio foi feito pelo director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, durante a entrega de louvores a entidades envolvidas na promoção de aleitamento materno. O responsável fez saber também que será criada legislação no sentido de regulamentar a criação de salas obrigatórias em todos os serviços e entidades públicas, como aliás tinha já sido referido no hemiciclo.
Com estas medidas, os SS esperam inspirar o sector privado e incentivar as instituições não-governamentais a fazer o mesmo. As medidas vão “no sentido de se criar um ambiente mais favorável para as mães que amamentam”, referiu Lei Chin Ion, citado num comunicado. A título de exemplo, o director dos SS referiu ainda que “todos os Centros de Saúde já possuem uma sala de amamentação (…) e que muitas entidades cívicas já implementaram medidas para apoiar as trabalhadoras e residentes que amamentam, disponibilizando espaços ou tendo criado salas de amamentação”.
Segundo informações dos SS, em 2015 nasceram em Macau 5700 bebés entre os quais 5100 (cerca de 88%) foram amamentados por leite materno e mais de 630 (cerca de 11%) foram amamentados exclusivamente com leite materno durante quatro ou mais meses. Para o Governo, estes números evidenciam que as políticas desenvolvidas no sentido da promoção do aleitamento materno estão a obter resultados positivos, uma vez que, em 2013, as mães que amamentavam situavam-se nos 55%.
Ainda assim, o Governo diz ser necessário desenvolver mais actividades de forma a apoiar e dar atenção às mães trabalhadoras que ainda possam sentir dificuldades para conseguir amamentar os seus filhos.
Durante a cerimónia para a entrega de louvores, que contou com a parceria da Associação de Amamentação de Macau e de diversas mães, a presidente da Associação afirmou que “a promoção activa dos SS no apoio ao aleitamento materno tem permitido um aumento constante da taxa de amamentação”. A responsável acredita, por isso, que a “divulgação das directrizes dos equipamentos e de gestão da sala de amamentação irá permitir que mais serviços públicos possam melhorar as actuais salas de amamentação, incentivando que mais empresas privadas possam seguir o exemplo”.

8 Ago 2016

Melco quer mesas VIP no Studio City mesmo com aumento das receitas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown quer ter mesas para grandes apostadores no casino que abriu no ano passado e que inicialmente tinha decidido dedicar a 100% ao mercado de massas. O presidente-executivo da empresa, Lawrence Ho, disse que a expectativa é conseguir autorização do Governo para 30 mesas de jogo VIP no Studio City, que “melhorarão” os resultados do resort.
“Ter alguma presença [de jogo] VIP irá provavelmente ajudar o resto da oferta não jogo” e posicionar melhor o Studio City, acrescentou Lawrence Ho, citado pelo site especializado em jogo GGRAsia, numa conferência com analistas na quinta-feira à noite, a propósito da apresentação dos resultados da Melco Crown no segundo trimestre deste ano.
A empresa espera que o Governo tome uma decisão ainda este mês ou no início de Setembro e pretende dar a exploração de dois terços dessas mesas VIP a junkets. A 6 de Julho a agência Bloomberg havia já anunciado que o Studio City planeava abrir salas de grandes apostadores, mexendo na estratégia inicial que fez do complexo o primeiro sem espaços de jogo VIP em Macau.
A operadora anunciou a semana passada que aumentou as receitas líquidas em 17% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2015, devido, em parte, ao novo resort. As receitas líquidas do grupo entre Abril e Junho ascenderam a mil milhões de dólares norte-americanos e o aumento deve-se, “em primeiro lugar” ao Studio City e ao aumento das receitas do City of Dreams Manila – nas Filipinas -, segundo um comunicado da Melco Crown.
“O Studio City (…) está ainda em fase de crescimento e a posicionar-se para maiores aumentos de receitas e lucros no futuro”, considerou Lawrence Ho.
De portas abertas desde 27 de Outubro de 2015, o Studio City nasceu totalmente focado no mercado de massas e, sobretudo, na classe média chinesa. A abertura de salas VIP tem como objectivo ajudar a compensar a diminuição de quase 83% nos lucros líquidos que a Melco Crown sofreu no ano passado, segundo as fontes da Bloomberg.

8 Ago 2016

Pequim, 30 de Novembro de 1977

*por António Graça Abreu

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omecei a estudar chinês. Tem de ser. Não posso continuar a ser um glorioso analfabeto em terras da China, um miserando português que não sabe, nem conhece um caractere do tamanho de um autocarro e não consegue alinhar três palavras seguidas em chinês.
No meu trabalho, traduzir (do inglês ou francês!), corrigir traduções e dar aulas de português não necessito muito do chinês. Tenho por perto o pessoal chinês que rapidamente serve de intérprete e resolve os problemas de tradução. Mas se me lanço sozinho por dentro de Pequim, como é? Se avanço solitário, como sei que irei gostar, por dentro da China, como me desenrasco?
E depois para entender as mentes chinesas é necessário saber como eles falam e como pensam, associando tudo aos caracteres, à escrita.

Pequim, 1 de Dezembro de 1977

Sempre a aprender. Hoje conferência no Hotel sobre as mudanças na actual economia chinesa pelo camarada prof. Su Duxing, da Universidade de Qinghua.
Começou por destacar alguns dos crimes do “bando dos quatro”. Ao avançarem demasiado depressa na destruição da propriedade dos meios de produção, os “quatro” sabotaram a construção da economia socialista.
Em 1956 quase todas as empresas eram mistas, com capital estatal e capital privado. Sob o socialismo, durante dez anos, os capitalistas obtiveram 5% do lucro das empresas. Diz o camarada Su Duxing que o capitalismo de Estado, segundo Engels, é a via obrigatória da transição para a propriedade de todo o povo, Os erros dos “quatro” não serão apenas equívocos de conjuntura, o Partido Comunista também enveredou por becos sem saída, não se deviam ter expropriado violentamente as pequenas unidades de produção rurais que passaram de cooperativas de tipo inferior para cooperativas de tipo superior. Em 1958 começaram as comunas populares, unidades básicas de contabilidade e produção, com equipas, brigadas e comunas. O nível de produtividade não era elevado, tínhamos uma colectivização socialista de permeio com um direito burguês.
E o professor Su Duxing explica:
Durante a construção do socialismo continuam a existir contradições entre os homens, mas houve quem tivesse confundido tudo, falado apenas da luta de classes, as luta entre o proletariado e a burguesia, semeando ilusões entre as massas. Ora subsistem dois tipos de contradições, as existentes no seio do povo e as contradições entre nós e o inimigo. Era necessário distribuir os artigos de consumo de acordo com o trabalho de cada um. Quem trabalha mais, ganha mais e quem não trabalha não come. Era necessário fazer com que a economia ascendesse à situação, como disse Marx, de a “cada um segundo o seu trabalho, a cada um segundo as suas necessidades.” Era necessário diminuir as desigualdades, sem deixar de reconhecer a existência de uma mentalidade burguesa num estado aparentemente sem burguesia. O igualitarismo, quando se nega a realidade, favorece os preguiçosos, os que sentem aversão pelo trabalho. No socialismo, todos trabalham para todos mas a igualdade absoluta não é deste mundo.
O “bando dos quatro” confundia a distribuição de a “cada um segundo o seu trabalho” com a exploração capitalista e esquecia que a burguesia continuava a existir no seio do Partido, no seio do exército. Os “quatro” chegaram a afirmar que as mulheres, ao parir, davam o exemplo máximo do desenvolvimento das forças produtivas. Defendiam que o povo chinês devia ser “pobre mas socialista” e não “rico, mas capitalista”. Ora, sem lucros nas empresas socialistas é impossível avançar com o socialismo, o “bando dos quatro” confundia lucros socialistas com lucros capitalistas. Fomentavam a ignorância do povo, para assim “estarem mais próximos da verdade.”
O camarada Su Duxing concluiu a sua explanação com uma bonita tirada eivada de poesia:
O “bando dos quatro” eram uma árvore seca, com a chuva da Primavera tudo voltou à vida.

Pequim, 5 de Dezembro de 1977

Os chineses com quem trabalhamos levam-nos frequentemente numa espécie de visitas de estudo aos mais diversos lugares de Pequim e arredores. São fábricas, comunas populares, templos, lugares turísticos, até quartéis.
Hoje calhou em sorte ir ver a tropa chinesa, fui cirandar pelo campo militar de Fangshun, divisão 196 do exército chinês, nos subúrbios norte de Pequim, junto às montanhas, não muito longe da Grande Muralha da China. 8816P14T1-D
Na minha vida recente, apanhado pela roda da História, levei com três anos e sete meses (de Outubro de 1970 a Abril de 1974) de serviço militar no exército português, levei com quase dois anos de inserção numa guerra sem tréguas em que participei, no norte, centro e sul da Guiné. Os conflitos bélicos infelizmente não me são estranhos.
Foi agora o tempo de voltar aos fuzis, ao cheiro a pólvora, de conhecer uma grande unidade militar made in China.
Eis-me chegado ao que me dizem ser um destacamento armado do povo que passou de pequeno e débil a grande e poderoso, com raízes na guerrilha anti-japonesa, depois na luta anti-Chiang Kai-shek, antes da “libertação” comunista, em 1949. Esta unidade militar participou também na Guerra da Coreia e dizem-me que aniquilou 38.000 soldados inimigos, a maioria militares norte-americanos. Falam-me do exército como sendo uma grande escola e também um destacamento de combate, trabalho e produção. Devem aprender com os camponeses e com os operários, dedicarem-se à agricultura e ter pequenas fábricas. Devem estreitar as relações entre o exército e o povo, estar ao lado do povo, servir o povo. Devem privilegiar a igualdade entre oficiais e soldados, devem colocar-se sob a direcção dos comités do Partido, devem respeitar a disciplina e seguir as justas advertências do Presidente Mao Zedong. Hoje a educação política gira em volta da crítica ao “bando dos quatro” que consideravam que dedicar-se à produção equivalia a fomentar “rabos de capitalismo.”
Levaram-me a dar uma volta pela unidade militar, a conhecer os alojamentos dos oficiais e dos soldados, tudo limpo, instalações espartanas mas funcionais.
No fim da visita fomos para uma espécie de carreira de tiro assistir às habilidades das tropas, disparando excelentemente as Kalashnikovs e outras armas que não identifiquei.
Fiquei a saber que o serviço militar não é obrigatório, mas todos os anos cerca de 5 ou 6 milhões de chineses, sobretudo oriundos do campo, oferecem-se como voluntários para as forças armadas, durante um período de quatro anos. Só 1 ou 2 milhões são aceites. A experiência na tropa garantir-lhes-á um futuro emprego, dar-lhes-á importância nas terras onde nasceram e promoção a quadros do Partido.

Pequim, 9 de Dezembro de 1977

Hoje foi dia inteiro de visita ao Complexo Petroquímico de Pequim situado no distrito de Daxing, uns cinquenta quilómetros a sul da capital.
Impressionante a obra que se estende por vastos espaços numa planície encostada a uma cadeia de montanhas.
Como de costume, logo após a chegada, conduzem-nos para uma sala de recepção onde vamos ouvir o extenso relatório do camarada, espécie de relações-públicas da grande empresa. Desdobra-se em esclarecimentos e comentários. Eu fui anotando:
O complexo é recente, foi inaugurado em 1968 e é composto por aquilo a que chamam “várias fábricas”, uma refinaria de petróleo de nome Oriente Vermelho (o petróleo vem de Daqing, na Manchúria, por um pipe-line), mais instalações para produção de borracha sintética e amoníaco, outra de derivados de petróleo que resultam nos mais diversos plásticos, outra fábrica que dá origem a sabões, detergentes e parafina, e ainda uma fábrica de adubos. Falam-nos de cinco unidades auxiliares onde se produz cimento, cal hidráulica, oficina de reparação de maquinaria e aparelhagens, um centro de inovação e experimentação científica. Contam ainda com um hospital com 450 camas e há doze escolas com 15.000 alunos.
Em volta do Complexo Petroquímico construíram uma cidade onde vivem 120.000 almas, 10.000 das quais são crianças. 40.000 pessoas trabalham directa ou in- directamente no Complexo, 37% são mulheres, num total de 16.000 famílias. Têm uma estação para o tratamento das águas poluídas que depois servem para irrigar os campos. Mas a cidade operária foi construída demasiadamente em cima do Complexo Petroquímico, apenas uma ou outra rua a separa das fábricas e já sentem problemas de poluição entre as pessoas. O Complexo desenvolveu-se com muita rapidez, eles não foram capazes de gerir o ritmo das sucessivas alterações e mudanças. 8816P14T1-A
Os blocos de apartamentos são propriedade do Estado, o aluguer de cada m 2 custa sete fen por mês, cada lâmpada custa 10 fen, por cada fogão pagam-se 50 fen mensais. Os salários médios correspondem a 55 yuans (5.500 fen), sendo o mais baixo de 39 yuans e o mais elevado de 108 yuans.
Falam-me na sabotagem levada a cabo pela linha esquerdista do “bando dos quatro”. Os operários veteranos, os menos radicais, foram acusados de seguir a via capitalista de, ao importarem tecnologia japonesa, mostrarem seguidismo e servilismo diante do estrangeiro. Dizem-me que querem aprender com o que há de bom no estrangeiro para fazer crescer a Petroquímica. Acaso algum país vive fechado dentro das suas quatro fronteiras? Dizem-me que hoje têm três engenheiros norte-americanos a trabalhar com eles.
Mas quantos problemas de natureza política e económica assolaram já este enorme Complexo Petroquímico?
Almoço com a classe operária, ou melhor, numa pequena sala anexa ao grande refeitório. Arroz, uns legumes, pedacinhos de carne de porco e ovos mexidos com couve. A visita prolonga-se pelo resto do dia, fábricas, canos por todo o lado, tubagens e chaminés queimando gás como aquela nossa chaminé de Cabo Ruivo, em Lisboa.
Do que mais gostei foi de um dos infantários dos filhos dos trabalhadores do Complexo, com crianças admiráveis, capazes de fazer piruetas na lua.

8 Ago 2016

Pequim disposto a alcançar “entendimento” com o Vaticano

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m responsável pela igreja católica em Hong Kong disse que a China está disposta a alcançar um “entendimento” com o Vaticano, em torno das divergências sobre a nomeação de bispos.
A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas e a única igreja católica autorizada pelo Governo chinês, a Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), é independente do Vaticano.
Oficialmente, existem cerca de 24 milhões de católicos na China, país mais populoso do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes.
A Santa Sé não tem relações diplomáticas com Pequim desde 1951, dois anos após a fundação da República Popular.
O bispo de Hong Kong, o cardeal John Tong, afirmou que estão a ser feitos progressos e defendeu o diálogo com a China.
“A igreja católica tem alcançado, gradualmente, a consideração do Governo chinês, que está agora disposto a chegar a entendimento com a Santa Sé na questão da escolha dos bispos para a igreja católica na China e a procurar um plano aceitável para ambas as partes”, afirmou Tang, numa carta pastoral publicada na quinta-feira, no ‘site’ oficial da diocese de Hong Kong.
Tong reconheceu que existem algumas reservas, mas que o Papa Francisco não aceitaria qualquer acordo susceptível de “ferir” a igreja.
Governada pelo Partido Comunista Chinês (PCC), cuja base teórica marxista promove o ateísmo e “métodos científicos”, a China mantém uma igreja católica “oficial”, controlada pela ACPC, que é na prática um organismo do Governo.
No entanto, existem na China igrejas clandestinas leais ao Vaticano.
A ACPC é responsável por escolher os bispos, enquanto o Vaticano insiste que esse é o seu direito.
Tong não detalhou se um acordo entre a China e o Vaticano estará perto, nem como funcionaria o novo mecanismo.
Tentativas anteriores de restabelecer relações falharam, perante a insistência de Pequim em que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan, que a China considera uma província separatista, e prometa não interferir nos assuntos religiosos do país.
Em Maio, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, afirmou que as relações entre a China e a igreja católica estão “numa fase positiva”.
Em Fevereiro, o papa enalteceu a China numa entrevista ao sinólogo italiano Francesco Sisci, num gesto visto como uma tentativa de aproximação ao país asiático.
“O mundo espera pela vossa sabedoria”, assinalou então o Papa, dirigindo-se ao povo e ao Presidente chinês, Xi Jinping.
 

8 Ago 2016

Hong Kong | Manifestação pela independência reúne mil pessoas

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma manifestação pela independência, a primeira com este objectivo, reuniu sexta-feira cerca de 1.000 pessoas em Hong Kong na presença de candidatos proibidos de concorrem às legislativas de Setembro por defenderem uma ruptura com a China, referiu a France-Presse.
As autoridades de Hong Kong consideram que as posições pró-independência são contrárias às leis em vigor nesta antiga colónia britânica, uma região administrativa especial chinesa e onde os sectores oposicionistas dizem detectar um reforço da autoridade de Pequim.
Cerca de 1.000 manifestantes de todas as idades reuniram-se na noite de sexta-feira num parque perto da sede do governo, alguns exibindo cartazes com a frase “Independência de Hong Kong”, referiu a agência noticiosa francesa.
Edward Leung, um dos cinco candidatos proibidos de participar nas eleições e líder do partido Hong Kong Indigenous, foi aplaudido pelos presentes durante o seu discurso.
“A soberania de Hong Kong não pertence a Xi Jinping [o Presidente chinês], não pertence às autoridades e não pertence ao governo de Hong Kong. Pertence ao povo de Hong Kong”, assinalou.
Segundo Satomi Cheng, uma manifestante de 49 anos, numerosos habitantes da cidade estão descontentes com a crescente influência da China.
“Dia após dia, os nossos direitos (…) são-nos retirados pelo governo de Hong Kong e o Governo chinês”, disse em declarações à France-Presse.
A ideia da independência é considerada ilegal pelas autoridades de Pequim e Hong Kong, e permanecia um tabu até à recente emergência de novos partidos que apelam a uma ruptura.
Estas formações foram criadas por iniciativa de jovens desiludidos com a “revolta dos guarda-chuvas”, uma mobilização pela democracia que agitou Hong Kong em 2014 mas fracassou na tentativa de obter concessões políticas da China.
A proibição dos candidatos favoráveis à independência provocou fortes protestos entre os seus apoiantes, mas Jasper Tang, presidente cessante da assembleia da cidade, defendeu em diversas ocasiões a legalidade da medida.
Desde 1997, que marcou o final do domínio britânico, que Hong Kong beneficia de um regime de “ampla autonomia” e teoricamente usufrui até 2047 de liberdades que não são aplicáveis no restante território da China.
 

8 Ago 2016

Novo Banco conclui venda do BESI à Haitong de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]banco liderado por José Maria Ricciardi acaba de sair da órbita do Novo Banco, depois de todas as autorizações terem sido concedidas, a última das quais do regulador brasileiro, país onde o BESI tem uma subsidiária.
O BESI passará agora definitivamente para o universo do grupo chinês Haitong. A possibilidade de o BESI mudar a sede para Londres tem sido referenciada nos bastidores do mercado financeiro, mas não foi confirmado pelo banco português. 
“A venda à sociedade Haitong International Holdings Limited, sociedade constituída em Hong Kong, subsidiária integralmente detida pela Haitong Securities Co (uma sociedade cujas acções se encontram admitidas à negociação na Shanghai Stock Exchange e na Stock Exchange of Hong Kong Limited), da totalidade do capital social do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), pelo preço de 379 milhões de euros, na sequência da verificação de todas as condições necessárias para a concretização da operação”, diz o BESI em comunicado.
Não há ainda notícias sobre a futura designação do banco, embora seja expectável que o BESI abandone a referência ao nome da família Espírito Santo que remonta aos anteriores accionistas, antes da Medida de Resolução aplicada ao BES.
O BESI vai focar-se no papel de banco estratégico nas relações entre a Ásia e o Ocidente, tal como já foi noticiado pelo Económico anteriormente.
O business plan que está a ser desenhado no BESI prevê que daqui a três anos o capital atinja os 1,5 mil milhões de euros, o que poderá ocorrer através de várias operações (não estão excluídas aquisições).
José Maria Ricciardi revelou recentemente aos jornalistas em Londres que “o BESI vai ser um banco estratégico para o EMEA [Europa, Médio Oriente e África] e as Américas. “Será um banco que vai ter ainda mais capacidade para atrair investimento e criação de emprego para Portugal”.

8 Ago 2016

Anunciada aliança antiterrorista

A China anunciou sexta-feira a criação de uma “aliança de segurança” com o Afeganistão, Paquistão e Tajiquistão, visando impulsionar “o combate à ameaça do terrorismo”, que Pequim associa aos movimentos separatistas no noroeste do país.
O acordo foi celebrado entre Fang Fenghui, membro da Comissão Militar Central – órgão chefiado pelo Presidente chinês, Xi Jinping – e representantes dos referidos países, em Urumqi, capital da região autónoma de Xinjiang.
Com uma área quase 18 vezes maior que Portugal e com cerca de 23 milhões de habitantes, Xinjiang é uma das regiões da China mais vulneráveis ao separatismo.
Nos últimos anos, conflitos entre os Han, a principal etnia da China, e os uigures, maior etnia do Xinjiang, de religião muçulmana e cultura turcófona, causaram centenas de mortos naquela região.
Pequim atribui a violência ao Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, uma organização que reclama a independência do Xinjiang.
Segundo a agência oficial Xinhua, os quatro países admitiram que o extremismo constitui uma “séria ameaça” à estabilidade regional.
As partes concordaram estabelecer um “mecanismo conjunto”, para partilhar informações entre os serviços de inteligência e formar equipas de segurança, detalhou a agência.

8 Ago 2016

China e EUA avaliam “respostas adequadas” à Coreia do Norte

Os chefes da diplomacia da China e dos Estados Unidos tiveram uma conversa telefónica sobre os recentes mísseis lançados pela Coreia do Norte e as “respostas adequadas” a dar a Pyonguang, revelou sábado o Governo norte-americano.
“O secretário [de Estado John] Kerry e o ministro [dos Negócios Estrangeiros Wang] Yi falaram sobre respostas adequadas às recentes provocações da Coreia do Norte”, segundo um comunicado do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA).
Kerry e Wang ponderaram a “completa implementação” das sanções contra a Coreia do Norte aprovadas em Março, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, refere a mesma nota.
Essas sanções incluem restrições às exportações norte-coreanas de algumas matérias-primas, a proibição de venda de combustível para aviões e foguetões à Coreia do Norte e a transferência para o país de equipamentos que possam ter utilização militar e um embargo total de armas ligeiras.
A Coreia do Norte fez na quarta-feira um duplo teste de mísseis balísticos de médio alcance. Um deles explodiu pouco depois de ser lançado e o outro caiu em águas da zona económica exclusiva do Japão.
 

8 Ago 2016

IFT com nova exposição de artista local

O café do Instituto de Formação turística (IFT) nos lagos Nam Van vai receber uma nova exposição de um artista local. Depois da arte de Fortes Pakeong Sequeira – “To feel earlier” –chega a vez de Cai Guo Jie. Com a mostra “Lauding the City”, o artista vai permitir aos clientes do IFT a observação de vários desenhos sobre edifícios de Macau. Durante esta exposição, o público tem oportunidade de poder desfrutar de uma refeição ao mesmo tempo que aprecia “a beleza arquitectónica dos edifícios a que já está a costumado a ver na rua, mas agora de um prisma diferente”. O Anim’Arte Nam Van foi inaugurado no mês passado, contando com o café do IFT, que combina elementos de arte e gastronomia. O espaço vai ter uma série exposições de artistas locais, sendo Cai Guo Jie o segundo contemplado.

8 Ago 2016

Autoramas – “Quando a polícia chegar”

“Quando a polícia chegar”

Odeio segunda
Não gosto de terça
Melhoro na quarta
Sorrio na quinta
Gargalho na sexta
E subo na mesa

Ali começo a dançar
E só vou parar
Quando a polícia chegar

Acabou a cerveja
Alguém foi comprar
Aumente o volume
Ainda tem gelo
E o uísque barato
Saiu de controle

E não tem como voltar
Só vamos parar
Quando a polícia chegar

E começo a dançar
E só vou parar
Quando a polícia chegar

Acabou a cerveja
Alguém foi comprar
Aumente o volume
Ainda tem gelo
e o uísque barato
Saiu de controle

E não tem como voltar
Só vamos parar
Quando a polícia chegar

Quando a polícia chegar
Quando a polícia chegar
Quando a polícia chegar
Quando a polícia chegar

Autoramas

8 Ago 2016

China | Outro activista condenado a sete anos de prisão

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m conhecido advogado e activista chinês foi ontem condenado a sete anos de prisão, por “subversão do poder do Estado”, como parte de uma campanha do Governo chinês contra advogados dos Direitos Humanos.
Zhou Shifeng era o editor do escritório de advogados Fengrui, que prestava serviços a vítimas de abusos sexuais, membros de grupos religiosos proibidos na China e dissidentes.
É o terceiro de quatro julgamentos que estão marcados para esta semana, na sequência da “campanha 709” – assim designado por ter ocorrido a 9 de Julho do ano passado – e que resultou na detenção de 200 pessoas.
Na terça-feira, o activista Zhai Yanmin foi sentenciado a três anos de pena suspensa, acusado de subversão, por acções como envergar cartazes e gritar palavras de ordem.
Na quarta-feira, Hu Shigen, um outro activista, foi condenado a sete anos e meio de prisão pelo mesmo crime.
Zhou assumiu-se culpado, perante um tribunal de Tianjin, no norte da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.
O julgamento decorreu sob forte vigilância policial, com vários polícias fardados ou vestidos à civil nas imediações do tribunal, segundo descreveu a agência France Presse.
As autoridades cortaram os acessos ao tribunal, até cerca de 300 metros de distância, e os jornalistas foram forçados a deixar o local.
Pequim insiste que os julgamentos em Tianjin são abertos, afirmando que mais de 40 políticos, professores de Direito, advogados e “cidadãos de todos os estratos sociais” estão presentes na sala do tribunal.
No entanto, os familiares dos detidos, particularmente as esposas, queixaram-se publicamente de terem sido constantemente vigiadas e de lhes ter sido negado o acesso ao caso.
Citado pela imprensa oficial, o tribunal argumentou que Zhou pediu, por duas vezes, que os seus familiares não comparecessem no tribunal, publicando uma fotografia de uma carta alegadamente escrita e assinada por este, à mão, e com a sua impressão digital.
“Tendo em consideração que os meus familiares são todos camponeses, que carecem de educação, a sua presença em tribunal não seria benéfica, nem para mim, nem para eles”, lê-se naquela nota.
Cerca de 12 advogados e activistas detidos na operação “campanha 709” permanecem sob custódia da polícia.
Durante a actual liderança do atual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

5 Ago 2016