Livreiro desaparecido disse que fez contrabando de “livros proíbidos”

Um dos cinco livreiros de Hong Kong desaparecidos durante meses, que reapareceu há uma semana na antiga colónia britânica, admitiu que fez contrabando de “livros proibidos” (críticos em relação a membros do Partido Comunista) no interior da China.
Segundo o South China Morning Post (SCMP), que escreve com base em informações do diário Sing Tao Daily – também publicado em Hong Kong, mas com uma linha editorial próxima a Pequim –, o livreiro Cheung Chi-ping reconheceu o contrabando de livros proibidos no interior da China, mas que podem ser vendidos em Hong Kong.
Cheung admitiu a sua participação nesta actividade, mas disse que não era mais do que um “cúmplice” e que não tinha um papel importante no negócio.
Também disse que não sofreu coacção ou tortura durante o período em que esteve detido no interior da China e que não foi obrigado a fazer nada contra a sua vontade.
No entanto, não forneceu detalhes sobre a forma como entrou na China ou foi detido pelas autoridades chinesas, já que as autoridades de Hong Kong não têm registo da sua saída do território.

Mistério continua

Este é um mistério que envolve outros quatro livreiros ligados à mesma editora de Hong Kong que publicava livros críticos do regime chinês.
O seu desaparecimento, no final do ano passado, durou meses, tendo levantado suspeitas de que tivesse sido sequestrado pelas autoridades chinesas.
O livreiro voltou a Hong Kong no dia 6 de Março (embora tenha regressado à China de forma quase imediata), dois dias depois do regresso a Hong Kong do seu chefe na editora, Lui Por, e retirou a queixa pelo seu desaparecimento.
Segundo escreve o SCMP, o jornalista do Sing Tao Daily “esbarrou por acaso” com o livreiro, que entrevistou, e que lhe disse que “vivia livremente” na cidade de Dongguan, no sul da China, depois de ter sido libertado pelas autoridades chinesas.

18 Mar 2016

Hong Kong | Conselho Legislativo pede inquérito a distúrbios

O Conselho Legislativo de Hong Kong aprovou uma moção para estabelecer uma comissão para investigar as causas dos distúrbios do mês passado, mas o trabalho não deve começar até ao fim deste ano legislativo, em Julho.
A moção, aprovada na quarta-feira e proposta por Alvin Yeung Ngok-kiu, do Partido Cívico, e Cyd Ho Sal-Ian, do Partido Trabalhista, foi apoiada por 24 deputados democratas.
Yeung criticou o chefe do Executivo por classificar os distúrbios como “motins” antes de uma investigação cuidada.
A expressão, repetida pela ala pró-Pequim, levou a que “conclusões não verificadas crescessem na sociedade”, disse.
O deputado lamentou também que o Governo só estivesse preocupado em deter e condenar os envolvidos, recusando-se a estabelecer uma comissão para investigar as causas.
“Muitos cidadãos participaram nos confrontos com a polícia”, apontou o deputado do Partido Cívico, considerando que “tal mostra que o problema não pode ser imputado a um pequeno grupo”.
“Pode ter sido causado por um forte descontentamento com o Governo, que não pode ser solucionado com a detenção de umas dezenas de participantes”, frisou.

Assunto para novo parlamento

Os incidentes na zona de Kowloon, no primeiro dia do Ano Novo Lunar, causaram 130 feridos, vários detidos e, até à data, 50 acusados.
Anteriormente, o Governo de Hong Kong rejeitou os pedidos para uma investigação independente, considerando que as investigações criminais são suficientes.
Em declarações aos jornalistas, Ho admitiu que é “muito improvável” que a comissão comece a trabalhar antes de o Conselho Legislativo de Hong Kong terminar esta sessão legislativa, já que há outras duas comissões à frente.
“Mas acreditamos que o campo pró-democracia tem responsabilidade de colocar a necessidade de uma investigação nos registos da reunião. Também esperamos (…) que os deputados da próxima sessão legislativa levem este registo e necessidade em consideração”, disse.

18 Mar 2016

Vhils, artista urbano: “O graffiti é um cancro visual”

É um dos mais internacionais artistas urbanos de Portugal e, desde há uns meses para cá, tem andado ocupado na produção de uma exposição encomendada pela Fundação de Arte Contemporânea de Hong Kong. Alexandre Farto – ou Vhils – é conhecido, entre outras coisas, por criar imagens com explosivos. A sua grande intenção é questionar o status quo. Vai intervir em Kowloon e Hong Kong, onde apresenta agora a exposição “Debris”

Em meados dos anos 90 entrevistei uma das primeiras crews portuguesas de graffiti que me dizia que a melhor forma de pintar sem ter problemas com a polícia era fazê-lo de dia. Que mudou entretanto?
De certa forma ainda se pode pintar durante o dia, e há quem o faça, tudo depende do local e da ousadia de quem o faz. No entanto, é certo que a forma como o graffiti é visto, seja em Portugal ou noutros cantos do mundo, mudou muito desde então. Enquanto na altura era ainda uma prática meio desconhecida, que tinha tido pouco impacto junto da sociedade, a popularização do fenómeno e a saturação visual do espaço público que daí resultou veio aumentar a hostilidade com que é hoje encarado. Por um lado, é natural que assim o seja, pois é uma prática polémica e transgressora por natureza que joga com a reapropriação do espaço visual da cidade sem olhar a terceiros. Por outro, está na origem de uma nova vaga de criação artística que tem transformado o mundo.

Em que medida sente que o seu trabalho é uma acção de intervenção?

A reflexão que tenho desenvolvido com o meu trabalho visa questionar sobretudo os pontos negativos presentes no modelo de desenvolvimento vigente, o modo como as transformações das últimas décadas têm afectado a identidade, quer das pessoas e comunidades, quer dos espaços que estas habitam. Este novo paradigma global tem trazido benefícios – temos estreitado o contacto e a interacção entre os povos do mundo. Mas, ao mesmo tempo, tem imposto uma crescente uniformização que tem erodido aquilo que nos distinguia e nos tornava únicos. Tem sido igualmente responsável por uma profunda descaracterização dos espaços que habitamos, das nossas cidades. Esta homogeneização tem afectado culturas diferentes de forma semelhante, afectando a identidade de todas. Interessa-me explorar esta fricção, este choque entre o global e o local, ao mesmo tempo que me interessa contactar com culturas de várias latitudes de modo a entender o processo e ajudar a divulgar algumas das suas consequências para com estas pessoas e comunidades.

Agora é conhecido como um dos grandes artistas desta área. Mas teve alguma fase em que pintava às escondidas? Se sim, quer contar algum episódio ou descrever essa fase?
Sim, pintei graffiti ilegal às escondidas durante anos. Vivia obcecado com a pintura de comboios, faltava à escola, saía de casa à noite às escondidas, deixava de almoçar para guardar dinheiro para comprar tinta. Passava literalmente horas a estudar os movimentos de entrada e saída de comboios nos locais onde eram guardados. Apontava tudo num caderno, era um trabalho sério e rigoroso que me permitia controlar o tráfego, os pontos de fuga, os locais onde se podia pintar sem problemas evitando os seguranças, pessoal ferroviário ou a polícia. Quando comecei a transitar para um tipo de trabalho mais figurativo com base no stencil e fui deixando o graffiti mais vandalístico de parte, continuei a pintar na rua às escondidas, mas era uma coisa muito mais suave. Mesmo quando já expunha em galerias e era convidado para eventos institucionais, continuava a pintar às escondidas. Mas hoje em dia tenho outra vida e poucas oportunidades para o fazer.

Que é que a sua arte traz de novo ao mundo?
Não sei se traz algo de novo ao mundo, mas gosto de pensar que poderá contribuir de uma forma ou outra para uma reflexão sobre alguns aspectos inerentes às sociedades urbanas contemporâneas e ao modelo de desenvolvimento globalizante que lhes dá forma. De uma forma geral, o trabalho procura reflectir sobre questões de identidade, sobre o modo como indivíduos e comunidades são hoje afectados pelas forças e estímulos presentes num meio que, à escala global, impõe padrões e condutas cada vez mais uniformes. Gosto de levantar questões, de chamar a atenção para determinados assuntos que considero importantes, mas não tenho a pretensão de oferecer respostas e soluções.

Se não fosse artista era o quê?

Não sei.

Veio para Hong Kong recentemente. Porquê essa decisão?

A decisão veio na sequência de um convite para trabalhar com a Fundação de Arte Contemporânea de Hong Kong (HOCA), numa exposição individual que irá abrir no próximo dia 21 de Março (no Cais 4). Há algum tempo que tinha uma inclinação para assentar aqui durante alguns meses e desenvolver trabalho e esta exposição veio justificar esta deslocação.

Hong Kong não é uma cidade pródiga em manifestações de intervenção urbana ao nível pictórico. Praticamente nem são vistos tags. Como tem sido a sua relação com a cidade, com os artistas, com as autoridades?
Tem sido muito boa com todos, mas o trabalho que tenho desenvolvido tem sido com base na sua maioria por comissões em contextos institucionais. Apesar de ter pouca presença de arte no espaço público, é uma cidade muito interessante em vários outros aspectos. Tem marcado muito a minha percepção do espaço urbano e o meu trabalho.

Porquê a escolha da RAEHK e não de Macau?
Pelo motivo que apontei acima. Tudo partiu do convite da HOCA para expor individualmente em Hong Kong. Teria todo o gosto em fazer o mesmo em Macau.

Tem planos para fazer algum tipo de intervenção por cá?
Planos e vontade tenho, tenho andado a sondar várias hipóteses mas ainda não se concretizaram. Gostava muito de o conseguir, vamos ver.

Quais são os seus projectos actuais e futuros? Tem algum grande objectivo por concretizar?
Objectivos tenho imensos. Alguns tenho conseguido concretizar, mas uma vez resolvidos dão lugar a outros por resolver. É isso que me faz andar em frente e querer fazer mais e melhor. Neste momento estou muito ocupado com a produção para esta exposição que abre dia 21 no Cais 4 em Hong Kong Central. Tem por título “Debris” e é a maior e talvez mais ambiciosa que já realizei. Apesar de ter vários outros projectos em diferentes fases de desenvolvimento, de momento toda a energia e recursos estão concentrados neste.

Como surgiu a ideia de utilizar explosivos na sua arte? E, já agora, quantas paredes foram abaixo até descobrir a carga certa?
Em termos materiais, o uso de explosivos pode ser visto como uma progressão natural da técnica de esculpir paredes e outras superfícies. Em 2010 andava à procura de um processo que fosse ainda mais destrutivo que me permitisse desenvolver uma reflexão sobre o modo como a crise económica que eclodiu em 2008 conseguiu fazer implodir aquilo que tínhamos como seguro nas sociedades prósperas (e sobretudo na Europa), dos valores éticos e sociais às instituições que nos regulam, trazendo à superfície todos os antagonismos e conflitos que pensávamos estarem enterrados há décadas. O conceito surgiu-me como resposta intuitiva a esta ideia de implosão, expressando o facto de que em alturas de crise económica e social basta uma pequena fagulha para trazer à superfície todas as camadas que pensávamos estarem soterradas sob o verniz da civilização. O processo de desenvolvimento da técnica foi interessante, mas muito exigente. Tinha uma ideia que queria pôr em prática, mas nem sabia se seria possível. Pedi ajuda a uma equipa de especialistas em pirotecnia, que também não tinha ideia se iria resultar porque ninguém tinha pensado em usar cargas explosivas desta forma. Para desenvolver o primeiro projecto em 2010 levámos cerca de oito meses para afinar o processo e chegar às cargas certas. No final conseguimos, mas foi o resultado de muitas tentativas e muitos erros. Não deitámos nenhuma parede abaixo, mas danificamos algumas…

Como descreve a estética do vandalismo? Como é que o vandalismo pode ser estético se não for fruto de uma propositada manipulação artística? Ou será apenas uma forma bombástica de descrever um processo, uma expressão de marketing?
Sim, tem tudo a ver com manipulação intencional, mas não é uma expressão de marketing vazio. O conceito de vandalismo estético devo-o ao graffiti. Vem da ideia de que o graffiti é essencialmente uma prática destrutiva, vandalística, sem qualidades ou intenções estéticas. Eu gosto de subverter esta ideia ao trazer para um meio mais institucional muitas das técnicas e processos destrutivos que são empregues no graffiti para marcar e desfigurar superfícies no meio urbano. Uso-os para criar com uma intenção fundamentalmente estética e artística. Ao recorrer a este conceito e prática de criação através da destruição procuro subverter quer o conceito de vandalismo, quer o conceito daquilo que é artisticamente válido. O processo é muito importante no meu trabalho, mais até do que o resultado final, é aí que se concentram as ideias e os conceitos que exploro. Podemos talvez ver este uso de processos destrutivos como uma espécie de manifesto de princípios.

Bansky. Que ideia tem dele como artista? Será que é mesmo apenas uma pessoa?

A sua obra, atitude e os conceitos que explora tiveram um grande impacto em mim quando comecei a explorar a técnica do stencil, por volta de 2003/2004. É um artista inteligente e criativo, que tanto sabe explorar o espaço público como manipular a opinião pública e os media e se tem mantido fiel aos seus princípios. Continuo a admirá-lo pelo que fez e ainda faz. Já trabalhei em alguns projectos com ele, alguns dos quais tiveram um impacto enorme. O contacto é sempre feito através da equipa que trabalha com ele. Há de facto uma pessoa por trás do trabalho, mas este é desenvolvido em equipa, uma vez que ele não dá a cara.

Em que medida é que o secretismo de Bansky e do das velhas crews de graffiti faz sentido nos dias de hoje?
Continua a fazer todo o sentido se as intervenções que se fazem são ilegais. Nesse sentido é natural que se queira preservar o anonimato.

Tags. Que ideia tem sobre eles?
O graffiti é essencialmente um cancro visual gerado por aquilo que o meio urbano oferece, tanto em termos materiais como imateriais. Pode ser visto como algo belo ou hediondo, mas é um fenómeno gerado pelo meio onde existe. Neste sentido pode ser visto como reflexo, ou até uma síntese, daquilo que existe de melhor e de pior nas sociedades urbanas contemporâneas. Analisado de forma neutra, um tag bem executado pode ser visto como um belo e interessante exercício de expressão caligráfica, mas para a maioria das pessoas é algo nefasto que exprime uma ideia de descontrolo. Para mim, quando bem executado, pode valer mais do que um graffiti elaborado, mas é uma apreciação individual. Também entendo o constrangimento que provocam.

Os três melhores murais/pinturas urbanas para si e porquê?

É cada vez mais difícil fazer uma escolha destas, pois hoje em dia há muitos artistas a produzir trabalhos excelentes em todos os cantos do mundo. Não querendo ser demasiado parcial prefiro realçar o excelente trabalho que vários artistas têm feito em Lisboa com o programa de arte pública da Galeria Underdogs.

Um artista urbano que mereça destaque e porquê?
O português AkaCorleone (Pedro Campiche), porque nos últimos anos tem vindo a demonstrar um amadurecimento notável no desenvolvimento do seu trabalho, tanto em peças de galeria como peças murais que pinta no espaço público. Tem desenvolvido uma linguagem visual própria, coerente e facilmente identificável, e tem ganho presença no estrangeiro. É um nome a seguir. No mesmo lote, e pelos mesmos motivos, podia ainda destacar o português Miguel Januário (±MaisMenos±).

Música. Que relação tem com a sua arte e com a sua vida?
Com a arte em si a ligação não é directa, mas quando trabalho estou sempre a ouvir música, é uma companhia constante e importante. Além disso é a melhor forma de bloquear o ruído do martelo perfurador.

Será que a cultura de pintura urbana passou de contra-cultura a uma coisa comportada, quiçá posh e mainstream? Se assim é que espaço fica para a contra-cultura?
É uma questão interessante, mas difícil de responder porque o desenvolvimento do fenómeno tem sido multiforme. A sua crescente popularização e aceitação têm feito com que parte tenha sido absorvida pela cultura dominante, mas há ainda uma outra parte que se mantém selvagem e indomada. O que vemos na galeria, no museu ou a ser aproveitado pelo mercado e pelas marcas é arte produzida por artistas ligados a esse meio das intervenções ilegais no espaço público, mas já deixou de ser arte selvagem de rua. Esta continua a viver na rua e para a rua e tudo indica que continua de boa saúde. Se há pureza tem de ser encontrada aí, naquilo que é feito de forma gratuita e é efémero por natureza.

18 Mar 2016

Holi Festival vai transformar a areia de Hac Sá num arco-íris

No próximo dia 20 de Março, das 14h00h às 17h00 a praia da Hac Sá vai transformar-se num misto de cor, devido a mais uma comemoração do Holi Festival. Apesar da sua origem indiana, dadas as características históricas, culturais, sociais e performativas que o integram, o Holi tem vindo a ser realizado cada vez em mais regiões pelo mundo fora e Macau não é excepção.
Foi Victor Kumar, indiano radicado em Macau, quem arregaçou as mangas para por Hac Sá a festejar uma das mais importantes celebrações indianas. De origens difusas, existem duas versões relativas à génese deste que é um dos cinco principais festivais indianos: alguns acreditam que a origem do Holi é Krishna, que enquanto pequeno e travesso se divertia em atirar água colorida às leiteiras que passavam, a outra abordagem, e talvez a mais divulgada e unânime, é referente à comemoração da vitória do bem sobre o mal personificada na morte de Holika na fogueira.
Reza a lenda que, em tempos, o Hiranyakashipu, rei-demónio dominado pelo egoísmo e sede de veneração, seria por todos bajulado à excepção do seu filho Prahlad, que se manteve devoto de Vishnu. De modo a aniquilar Prahlad, a irmã do rei, Holika, pensando que era imune ao fogo, desafiou o sobrinho para entrarem os dois numa fogueira – contudo, parece que quem morreu carbonizada foi a tia e Prahlab terá saído imune das chamas. Esta victória sobre Holika terá também dado nome ao festival.
Estão em ambas as versões implícitas duas das principais características do Holi: por um lado a fogueira – que ainda hoje abre as festividades e cujas cinzas, se crê, são portadoras de boa sorte – e, por outro, as cores que alegram e são mote de toda a celebração enquanto portadoras de virtudes e agoiros de bom futuro.

Juntos pelo bem maior

O Holi é actualmente, e acima de tudo, um festejar colectivo do bem, da chegada da Primavera e das colheitas que se avizinham, através da cor e da demonstração de amor universal. Curiosamente este é um dos raros momentos em que, na Índia, as pessoas se juntam para além das castas, origens, credos e preconceitos, fazendo do mesmo um grande espaço de encontro.
Segundo a organização, este ano, o número de inscrições já superou as participações do ano passado. Victor Kumar afirma ainda, sob o mote, “acrescenta cor à tua vida”, que o “Holi Festival Macau” para além da recriação dos rituais que estão na sua origem, vai ter ainda muita dança, uma performance especial com características Bollywoodescas coreografadas pelo próprio e uma panóplia de actividades e jogos, em que os vencedores terão direito a prémios. E como nada disto se faz de barriga vazia, a acompanhar as festividades estão comes e bebes adequados à festa.
Não esquecer o dresscode – tudo de branco (top e calça), para que se possa colorir com mais facilidade e participar activamente, “bem como receber as respectivas bênção”.
A entrada está sujeita a registo prévio através do telefone 6393 2002 e custa 150 patacas. A organização admite ainda a possibilidade de alteração de data caso as condições meteorológicas não possibilitem a sua execução.

18 Mar 2016

Gonçalo Ferreira, colorista: “Trabalhar com Johnny To seria um sonho”

Antes de vir para Macau, Gonçalo trabalhou durante sete anos na Tóbis. Saiu por causa da privatização. Corrigiu a cor de filmes de vários realizadores como Manoel de Oliveira, Pedro Costa, Edgar Pêra ou João Botelho e, por cá, além de continuar na área, é também formador em workshops e dá um módulo na Universidade de São José.
Veio para Macau porque “o processo de privatização da Tóbis foi doloroso”. Uma situação que não entendeu pois, diz, “apesar de ser um processo difícil nós tínhamos trabalho. Eu estava a fazer 16 horas por dia…”, recorda. Mas não recebia a horas, a mulher estava na mesma empresa e, com filhos para criar, criou-se o cenário perfeito para a mudança. “Já cá tinha estado duas vezes e tinha gostado imenso. Depois tinha os filmes de Hong Kong no meu imaginário, cresci a vê-los, o Johnny To… e queria fazer um bocadinho parte disto”. Não pensava que conseguir manter-se como colorista por aqui, mas hoje, cinco anos volvidos, aos 39 anos de idade, Gonçalo confessa nunca ter pensado fazer tanta correcção de cor apesar de, lamenta, “a maioria ser publicidade e não cinema”. Isso fica a dever-se, na sua opinião, “filmar-se mais em Macau, apareceram as novas câmaras digitais que são muito complexas a nível de cor, e eu já tinha alguma experiência com elas..”, explica. Trabalho suficiente para já ter justificado o investimento numa estação de trabalho. Gosta de viver em Macau, não pensa ficar por cá, mas também não tem planos para se ir embora: “Sentimos saudades de Portugal; da família, dos amigos, do mar…” Tem 3 filhos, um de 12, outro de nove e uma menina de seis, a única sem memória de Portugal. A indecisão tem a ver com o facto de já ter sentido “mais esperança na vida em Macau”, porque, explica, “não é um sitio barato para viver”. O lado positivo são os amigos que tem feito e os vários destinos que se espraiam à volta como as Filipinas, o Japão, Taiwan ou a Tailândia que, de outra forma, seriam de difícil acesso.

Cinema, sempre

Sempre quis trabalhar em cinema e, especialmente, em pós produção. Via-se como editor mas o advento dos processos digitais abriu a nova profissão de colorista. Antes, explica Gonçalo, “era um processo físico, de revelação de película, onde era apenas possível definir se o filme seria mais claro ou mais escuro, mais quente ou mais frio”. Estavam estas novas ferramentas a surgir quando entrou nos laboratórios da Tóbis. Respondeu a um concurso onde apareceram 100 mas só entravam três, e conseguiu ser escolhido. Foi trabalhar num grande projecto de restauro da RTP e depois, “tive sorte”, confessa, “estava tudo a começar e acabei por ser formado pelos tipos da Da Vinci”.

Cor que conta histórias

“A correcção de cor é um complemento do guião, um suporte da história, a segunda parte do trabalho do director de fotografia, é o trabalho das sensações, do apuro da mensagem que o filme pretende passar”, elucida Gonçalo. Dando exemplos, refere-se aos “clichés do cinema de hoje onde as cenas quentes são geralmente amarelas, as frias mais azuladas, as de noite são esverdeadas ou azuladas…” Aí quisemos saber porque se convencionou que a noite seria azul e Gonçalo revela: “foi a técnica que os americanos desenvolveram nos westerns, a “American Night”. Filmavam de dia e depois tornavam tudo azul e mais escuro para parecer noite. Há mesmo imensos filmes desses, que se tornaram numa piada, em que se vê os actores a andarem à noite com sombras por todo lado”.

Costa e To

Pedro Costa é o cineasta preferido de Gonçalo. “Fiz a correcção de todos os seus filmes até ao momento”, diz orgulhoso, um trabalho que considera “dar-lhe um prazer especial porque as sessões com o Pedro Costa são muito diferentes, e porque gosto dos filmes dele”. Uma diferença que, para Gonçalo, acontece “porque ele abandonou a ideia de grandes equipas e prefere trabalhar apenas com grupos mais reduzidos, para aproximar mais a equipa, ele, a câmara e o actor. Um processo quase promíscuo, que depois também se reflecte na cor. Para além disso, com Pedro Costa percebi que o cinema pode ser muita coisa.”
Mas há algo que pode mesmo adiar significativamente uma eventual partida de Macau: Johnny To, o icónico realizador de Hong Kong, de quem Gonçalo se considera grande fã, e a oportunidade até pode estar próxima. Foi a propósito do filme de outro realizador, mas “o curioso é que tudo aconteceu à conta de Pedro Costa”, explica Gonçalo, pois o produtor do To é fã do realizador português e quis conhecer o Gonçalo: “um dia apareceu-me lá no estúdio para me conhecer e foi engraçado porque ele só me fazia perguntas sobre o Pedro Costa e eu só lhe fazia perguntas sobre o Johnny To” (risos). Para já, irá trabalhar num filme do mesmo produtor mas de outro realizador. Mas a pergunta ‘gostarias de trabalhar com o Johnny?’ já lhe foi colocada.

18 Mar 2016

Procurador do MP ao lado do TUI sobre Ho Chio Meng

O procurador do Ministério Público (MP), Ip Son Sang, coloca-se do lado da decisão do Tribunal de Última Instância no que diz respeito à recusa em aceitar o pedido de habeas corpus de Ho Chio Meng. De acordo com a rádio, o procurador falou pela primeira vez sobre o caso do seu antecessor, assegurando que “as investigações continuam com diligências de inquérito”.
Pedindo que seja respeitado o “princípio de inocência presumida”, Ip Son Sang defende que, tal como disse o TUI, Ho Chio Meng não estava ao abrigo do estatuto de magistrado, porque coordenava a Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal. Ou seja, não desempenhava as funções de procurador-adjunto, apesar de constar como tal em documentos oficiais.
 “O senhor Ho Chio Meng foi nomeado director daquela Comissão. Temos de respeitar a decisão do TUI”, disse Ip Son Sang, esta tarde, à margem da tomada de posse de Kan Cheng Ha como juiz presidente do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância.
A rádio diz ainda que Ip Son Sang foi questionado sobre as razões de o antigo procurador do MP não ter sido suspenso das funções que desempenhava, assim que começou a investigação e sobre se essa foi uma intenção para que fosse apanhado em flagrante delito. 
“Não posso dizer que foi uma estratégia de investigação”, afirmou, escudando-se depois no facto de não poder fazer muitos comentários.
Ho Chio Meng é suspeito de ter favorecido empresas, algumas de familiares, na adjudicação de obras e serviços durante dez dos 15 anos em que foi procurador do MP. Está actualmente em prisão preventiva.

17 Mar 2016

Ernesto Dabó, músico, escritor e activista: “Qualquer indivíduo é um produto cultural”

Podia ser o Mohamed Dabó, mas para que pudesse ir à escola teve que mudar de nome. Hoje é Ernesto Dabó, convidado do Roteiro Literário, o músico, escritor, jurista, activista cultural e político que deu a conhecer ao Hoje Macau a vida que fez com que faça o que faz

[dropcap]A[/dropcap]s histórias têm um início… a cultura na sua vida, como aconteceu?
Começou em casa. Os meus pais motivaram-me desde muito cedo para o estudo e então começamos todos em casa a relacionarmo-nos com os livros, com outras esferas da cultura e aí por diante. No meu caso particular, desde muito cedo senti que tinha um gosto especial por estas áreas e em determinado momento já estava a fazer música e depois a escrever e assim por diante.

Uma educação motivada para o conhecimento numa família Muçulmana que o pôs a estudar na Missão Católica. Como é que isto aconteceu?

Nasci em Bolama, e o meu pai era um indivíduo que tinha a sua visão da vida, tinhas os seus conceitos e o regime colonial não oferecia muitas escolhas, nomeadamente as estruturas escolares. As mais abertas eram as chamadas missões católicas que davam instrução primária. Mas para ser matriculado nessas escolas, para ser aluno tínhamos que praticar a religião cristã: estudar a catequese, ir às missas e inclusivamente o meu nome Ernesto é uma imposição colonial. Naquele tempo, para ser matriculado tínhamos que ter um nome cristão. O que também aconteceu no meu caso. Quando me fui matricular mostrámos o meu nome e disseram que não era possível, quando chegámos a casa o meu pai pegou no nome Ernesto e disse “o importante é que ele vá para a escola”. Houve ainda a particularidade do meu pai nunca ter pressionado ninguém para a sua fé. Admitiu que nós praticássemos a religião que entendêssemos. E o meu caso foi esse, conheci a religião cristã, evolui na mesma até que cheguei a uma altura em que disse “agora não pratico nada”. Agora penso que há qualquer coisa que gere este universo e respeito muito isso, mas o essencial é praticar tudo aquilo que é a recomendação positiva de qualquer religião. Faço questão de fazer da vida um acto de partilha. Enquanto conseguir isso estou seguro que estou bem .

Também é conhecido pela sua actividade politicamente interventiva, e em plena época colonial, dirigida à independência. Quando a determinada altura foi para Portugal, já tinha esta consciência? Como é que esta problemática ganhou forma?
Quando fui para Portugal ainda não tinha esta consciência, era ainda muito novo, com 13 ou 14 anos. Ela nasce também com a minha família. Na altura estava em Portugal com um irmão meu e ele já percebia o que se estava a passar no país. O meu pai também mais uma vez, foi alguém que estava ligado em Bolama, a essa corrente de pessoas que já estavam a perceber que a libertação nacional era um projecto que tinha que ir para a frente. Associando estas questões comecei a observar o que se passava, a aprender e a ler, e como gostava muito de ler fui aprofundando as coisas. Depois também tive a sorte de ter bons amigos, com quem cresci e que alguns, da classe média portuguesa, eram também gente com uma cultura muito diferente e que me deram muitas dicas no sentido de perceber o que se passava. E depois também era fácil entender que eu era diferente. Sou negro, estou numa sociedade portuguesa, branca, que na altura, por sinal, não era assim tão culta e desenvolvida e juntando o meu carácter e a minha curiosidade em saber o que se estava a passar e porque fui forjando a minha consciência política até ter percebido, “ah, afinal é isto e não tem nada de mal, afinal a prova está aqui e agora compreendemos que afinal estávamos todos no mesmo barco”. Era o fascismo a fazer estragos em Portugal e era o colonialismo a fazer estragos na Guiné e eram combatentes pela democracia em Portugal e combatentes lá também. Gostei imenso de ter vivido este período.

Ainda antes do 25 de Abril, e já com essa consciência política, ingressou no exército, na Armada Portuguesa. Como foi para si estar na “trincheira do inimigo”?
Sim, foi das coisas mais giras que me aconteceram na vida. Fui recrutado, porque na altura era mesmo assim, mas ( vou-lhe revelar aqui algo que nunca revelei) eu já tinha relações com as estruturas que funcionavam da luta pela libertação. E quando entro para a Marinha, vou, e acontece uma coisa milagrosa – ainda há dias tivemos um almoço em Lisboa para celebrar os 45 anos desse encontro – um capelão da unidade resolveu criar um conjunto musical e como vinha com alguma experiência da Escola Agrícola onde tinha estado, convidaram-me para participar no projecto e participei. Aquilo ganha dimensão e o capelão propôs aos comandos da altura da Marinha para que esse conjunto, chamado “Os Náuticos”, começasse a animar no Ultramar, que fizesse uma digressão . Estava no conjunto como vocalista do grupo e lá no fundo disse “ isto vem mesmo a calhar, vou dar tudo por isto e vou fazer uma tropa de música e assim ninguém me põe a fazer guerra contra mim mesmo. E isso foi no fundo o que fiz, mas essa passagem pela vida militar foi ainda uma escola de vida muito importante para mim.

Em que sentido?
No sentido, por exemplo, humano! Estamos num período de guerra e as amizades que ganhei nesse período ainda hoje são as maiores amizades que tenho. Depois do ponto de vista da minha consciencialização, essa digressão em que estivemos na Guiné, Cabo Verde, Angola e Moçambique, foi aí que, finalmente, conclui esse processo “de tomada de consciência”. No contacto com a realidade. Estava fora da Guiné deste garoto e foi um choque brutal, extramamente interessante. Os meus amigos e os meus colegas da tropa que conhecia bem e que tínhamos confidências, também estavam contra a guerra mas não podiam fazer nada. E chego à Guiné e a guerra está a fazer mal às pessoas que não a querem . Foi um drama humano que não sei explicar. Vivi isto de forma dramática, fechava-me no quarto a pensar “mas, caramba, pessoas amigas aqui, ninguém tem nada contra mim enquanto pessoa e depois vês pessoas que o que têm para fazer é matar”. É das coisas mais absurdas que eu já vi na vida e que me marcou profundamente.
Um outro aspecto é que a vida militar permitiu-me amadurecer como homem. Saber que eu devo contar comigo em primeiro lugar. Não tem pai, nem mãe nem irmão, é a tropa. Mas no fundo posso dizer que não me arrependo de nada nessa trajectória porque me valorizou muito. Aliás, em toda a minha vida tenho tido dificuldades e problemas , mas graças a esta escola de vida também tenho sabido saber sair e saber entrar. E tive a sorte de não confundir nada. De separar as águas, por isso é que mantenho as amizades que tenho, que são fraternas.

Em 74 regressa à Guiné, e paralelamente inaugura o mercado musical Guineense com os Djorson e o disco “folclore da Guiné….
Antes de regressar, ainda em Lisboa, com uns amigos em Lisboa criámos esse grupo, ainda na tropa. E gosto de criar, não consigo estar sem criar, e naquela altura disse “temos que ter um disco, Angola tem, Moçambique também, todos têm, nós também vamos ter que ter um disco. Então peguei no projecto, ensaiámos, gravámos e fui ter com o meu mais velho Rui Mingas que já tinha uma carteira de relações, era uma figura respeitada e tinha vários contactos. Ele disse que ia ver o que podia fazer, ligou ao Victor Mamede que foi o produtor do nosso disco e gravámos um single com duas canções e foi o primeiro disco da discografia da Guiné.

Cobiana Djazz, mais que um agrupamento musical, um projecto multifacetado…
Iniciou-se como um agrupamento musical, mas para mim extravasou essa condição, aliás até estou a preparar um ensaio acerca disso que se chamará “ O movimento Cobiana Djazz”. Desencadeou uma série de consequências na nossa vida cultural, quebrou uma série de tabus, o primeiro é que não se cantava em crioulo coisas modernas, uns até diziam que o crioulo não era uma boa língua para cantar e nós começámos a cantar em criolo o que motivou com este projecto a criação de poemas em crioulo e letras para músicas . Os espaços nobres de dança em Bissau alargaram para as periferias, e mais, começou a ser um instrumento de divulgação de várias ideias e influenciou várias coisas da vida da sociedade guineense e pela primeira vez uma cultura urbana estava a ganhar espaço. Passado pouco tempo as canções da Guiné Bissau já estavam a circular pelo mundo fora, transformando-se em mais um veículo da luta que estava a decorrer. Estravazou os limites de uma simples orquestra e tornou-se um movimento cultural.

Da sua relação entre as experiências que foi tendo e o que faz…

Qualquer individuo é um produto cultural, por isso se quiser fazer arte, se quiser produzir cultura, não há outra reserva, a reserva que tem é aquele que temos em nós.

O seu último trabalho escrito “PAIGC: Da Maioria Qualificada à Crise Qualificada” é um um livro político de um homem da política e das artes que (re)olha para o seu país. Como é que o vê, bem como à cultura e à sua importância, nos dias que correm?
As nossas crises têm como fundo a alienação, uma crise cultural. No dia em que a nossa elite política começar a reflectir na cultura nacional e com a realidade nacional, tenho a impressão que vai ser mais humilde e mais responsável. Porque às vezes estão com cargos políticos mas a reflectir como se fossem administradores coloniais, e isso choca.

“Podem tirar o homem da favela mas não podem tirar a favela do homem”, é isto que sente, mas no que respeita a esse pensamento colonial?
É isso! O elemento de dominação mais importante é cultural, faz a pessoa negar-se a si mesma e subjugar-se ao outro, e segui-lo sem saber que tem o seu próprio caminho. E a luta de libertação é um facto de cultura porque rompe com isto e porque permite seguir por ti e para ti.

17 Mar 2016

Rugby | Associação celebra 20 anos com campeonato na TIS

Os 20 anos de prática de rugby em Macau vão ser celebrados no próximo dia 19 de Março, no sábado, no campo desportivo da Escola Internacional de Macau (TIS, na sigla inglesa). O evento, organizado pela Associação de Rugby de Macau e pelo Clube de Rugby “Os Morcegos”, quer comemorar não só a presença da modalidade na RAEM, como a promoção do desporto como modalidade Olímpica.
As festividades têm início às 11h30, com o Festival de Mini-Rugby, em que “Os Morcegos” trazem à região perto de 400 praticantes da modalidade, com idades compreendidas entre os cinco e os dez anos. No total serão 31 equipas – o dobro do ano passado – de oito clubes, em 66 jogos.
Às 15h30, o Clube de Rugby – com a equipa “Macau Rugby” – dá as boas-vindas à equipa senior de Hong Kong, os Valley Rugby FC, que vêm “fortemente motivados depois de uma época de bons resultados nos diferentes campeonatos de Hong Kong”. Será o seu primeiro jogo de 15, aqui na RAEM, e é esperada uma competição “à altura” dos seus intervenientes e do evento que integram.
O Presidente do Clube de Rugby “Os Morcegos”, Simon Carrington, refere: “Estamos felizes por acolher todas estas equipas de Hong Kong. Inclusivamente não conseguimos aceitar todos os pedidos de participação neste evento. Apesar da nossa pequena dimensão em relação a estes clubes de Hong Kong, o rugby continua em crescimento em Macau ao mesmo tempo que os pais vão descobrindo os benefícios deste desporto nas crianças. Ensinamos o espírito de equipa, desportivismo, respeito, fitness e prazer de jogar – valores que nós julgamos muito importantes para as suas vidas e para o desporto”.
A entrada para o evento é livre.

17 Mar 2016

Cinema | DST leva produtores locais à Filmart e apresenta Festival Internacional

Vem aí o maior festival de cinema, tudo indica, já organizado em Macau e, aproveitando a maré, o Governo levou pela primeira vez uma dúzia de produtores locais ao Hong Kong Filmart. Uma plataforma entre o Ocidente e a Ásia Oriental, o festival e levar os produtores locais a mercados de alto impacto, com Busan e Cannes no horizonte, é do que fala a DST

O já anunciado Festival Internacional de Cinema de Macau teve esta segunda-feira, pela primeira vez, um contacto entre os principais responsáveis executivos e a imprensa. No cocktail organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), num hotel contíguo ao Hong Kong Filmart, estiveram presentes o director do Festival, Marco Mueller, a própria directora da DST, Helena de Senna Fernandes, Johnny To, conhecido realizador de Hong Kong e padrinho do evento, e produtores locais, entre vários outros convidados do sector de Macau e Hong Kong.
Depois de uma visita ao pavilhão de Macau, onde estiveram, até hoje, os doze produtores locais, Helena de Senna Fernandes falou aos jornalistas explicando que a “HK Filmart é um evento estabelecido, com 20 anos”. Por isso, e por ser de fácil acesso, recaiu nesta feira a primeira aposta do Governo neste tipo de iniciativas.
Senna Fernandes adiantou ainda que a aposta “enquadra-se na estratégia do Governo de impulsionar as indústrias criativas”, adicionando ainda que a ideia da DST é “estimular o contacto entre os produtores locais e as companhias de fora de Macau”.
Questionada se essa não seria uma actividade mais apropriada para o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau, ou outra entidade dos Serviços de Economia, a directora da DST foi dizendo que “esta é uma acção conjunta entre a DST e o Instituto Cultural (IC)” e admite que, no futuro, possam existir mais parceiros governamentais no projecto.
Será, então, o cinema encarado como um elemento de turismo para Macau? A esta questão, Helena de Senna Fernandes começou por dizer que “não”, emendando rapidamente para um “não só”, explicando: “o cinema de Macau é sempre visto como uma indústria criativa e como é estratégia Governo apoiar o sector, e o Turismo é o Governo, estamos a dar o nosso contributo”.
O pavilhão de Macau foi decorado sob um tema baseado em fotografia, numa linha gráfica reminiscente de tempos passados e algo acanhado para as 12 empresas, o que levou mesmo a organização a retirar um dos objectos da decoração – um cilindro na forma de um rolo de película para Reflex, onde se exibiam os filmes dos produtores. Algo que não feriu a visualização dessas películas, uma vez que existia outro ecrã e, assim, foi dado mais espaço.

Distribuição e Comissão de Cinema

Os produtores locais presentes na Filmart estavam, de uma forma geral, agradados com a iniciativa e pretendem a continuação deste tipo de apoio governamental. Todavia, alguns sugerem aperfeiçoamentos e falam de outro tipo de necessidades.
Para Denise Lau, da Novart, que já no ano anterior tinha apresentado na Filmart um directório de produtores locais e locações (em colaboração com a Associação CUT e o apoio do IC), há falta de “apoios ao nível da distribuição, pois as empresas locais mesmo que produzam uma série, ou outro produto de televisão, não têm forma de escoar”. Campbell McLean, da Aomen.tv, que aproveitou a feira para introduzir um documentário sobre George Chinnery, estava satisfeito com a oportunidade de “estar presente em tão importante feira sem custos de instalação”, como explicou ao HM. O responsável considera ainda que, “no futuro, este tipo de eventos precisa de mais preparação para nos apresentarmos condignamente” – os produtores tiveram cerca de um mês para se prepararem.
“Deveria existir um esquema de financiamento para deslocações a este tipo de eventos para que os produtores escolham os mercados mais indicados para os seus produtos”, ressalvou.
Em termos do papel do Governo, Campbell entende que “Macau deveria ter a sua própria Comissão de Cinema”, que define como “uma entidade focada no financiamento de produções locais e na prestação de serviços de locações e programas de incentivo para equipas estrangeiras filmarem em Macau”. Um facto que o produtor aponta como crucial para o desenvolvimento das capacidades locais.
O mercado local, para McLean, “está mais maduro do que há dez anos” quando se começou. “Há mais pessoas com habilitações, mas precisa-se de mais oportunidades para financiamento”. Uma solução seria a produção local pelo que Campbell refere que, neste âmbito, “a TDM está a perder uma grande oportunidade”.

Palco intercontinental para a sétima arte
Marco Mueller confiante com Macau como hub de cinema

A grande curiosidade da conferência de imprensa que teve lugar esta semana em Hong Kong, onde estiveram uma dúzia de realizadores locais, residia no primeiro contacto com Marco Mueller, o futuro director do Festival de Cinema de Macau.
Futuro, porque tudo ainda está em processo de organização como esclareceu a directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, no discurso de abertura.
“Não tenho muito para dizer sobre o festival porque ainda estamos a montar a estrutura”, revelou, adiantando que Mueller “foi o escolhido para gerir o festival”, o que também vem confirmar a presença forte do Turismo na organização do evento apesar de, oficialmente, ser uma iniciativa de uma associação local, a Macau Films & Television Productions and Culture.
Marco Mueller começou o seu discurso demonstrando confiança “na visão de transformar Macau num hub mundial para a produção de filmes”, ressalvando a importância que a Ásia Oriental tem dado a este sector. O futuro director do Festival de Macau considera ainda o evento como “um ponto focal para dar mais visibilidade aos filmes da Ásia Oriental e do resto do mundo”, numa acção que também visa “incrementar a distribuição e o intercâmbio entre cineastas e produtores”.
A escolha das datas não é feita ao acaso (29 e 30 de Outubro) pois surge, explica Mueller, “no período dos grandes lançamentos”, pelo que o responsável espera ver Macau transformada numa plataforma. “Há necessidade de um hub destes”, diz.
Uma combinação entre competição e galas com especial ênfase para o género asiático que o experiente director de festivais espera venha a ser “uma porta para o mercado Chinês”.
Johnny To, apresentado como o primeiro embaixador do evento, foi, disse Mueller, o grande responsável pela sua visão de Macau por há muitos anos ter feito as apresentações. Num discurso muito breve, To apelou aos cineastas para apoiarem e trabalharem juntos. A madrinha do festival será, também de Hong Kong, a realizadora Ann Hui.

Macau ou Macao?

Corria o cocktail quando um dos empregados de mesa se acerca da nossa reportagem. Pergunta-nos: “este evento não é de Macau?” Respondemos que sim. Homem um pouco para lá da meia-idade, figura típica de Hong Kong, pelos traços, ou pelo jeito, ou pelo sotaque, continuava confuso: “mas Macau não é escrito com ‘U’?”, reinquiria. Explicámos que era a versão inglesa do termo, mas o senhor não ficou mais esclarecido. Continuámos argumentando que, talvez, porque o Turismo fala normalmente para estrangeiros, terá resolvido adoptar essa versão. Riu-se, encolheu os ombros e lá foi abanando a cabeça para mais uma ronda por entre os convivas.

17 Mar 2016

Li Keqiang diz que Hong Kong continuará a ter “alto grau de autonomia”

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou ontem que Hong Kong continuará a gozar de um alto grau de autonomia, num momento em que a opinião pública da região crítica as intervenções do Governo central em assuntos internos do território.
“O alto grau de autonomia não se alterou nem se alterará”, assegurou Li, na única conferência de imprensa que realiza todos os anos.
A afirmação do responsável chinês surge num período de deterioração nas relações entre Hong Kong e Pequim, devido à designada ‘revolução dos guarda-chuvas’.
Em 2014, aquele movimento levou milhares de pessoas para a rua em protesto por uma democracia plena no território e contra a intervenção do Governo central no processo de escolha dos líderes locais.
Em Fevereiro passado, uma operação policial contra a venda ambulante ilegal de comida nas ruas de Hong Kong acabou em confrontos violentos, com 90 pessoas feridas e 54 detidos.
Questionado sobre esse incidente, Li limitou-se a manifestar a sua confiança no executivo de Hong Kong e nos habitantes da região especial administrativa chinesa para enfrentar futuras dificuldades.
“Acreditamos que o Governo de Hong Kong tem a capacidade e o povo de Hong Kong a sensatez para gerir adequadamente os complexos assuntos (que ocorram) em Hong Kong”, afirmou, no encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês. “O futuro (do território) será brilhante”, frisou.

Uma China

Quanto a Taiwan, que Pequim considera uma província sua e não uma entidade política soberana, Li assinalou que o Governo central insiste na implementação de medidas para aumentar a cooperação económica e comercial entre ambos os lados.
Após anos de aproximação de Pequim, os eleitores do território elegeram no ano passado Tsai Ing-Wen, que se afirma a favor da identidade e soberania da ilha em relação a Pequim. “Enquanto ambas as partes reconheçam que existe apenas uma China, poderemos tratar de qualquer assunto”, vincou Li.

17 Mar 2016

Pequim “não vacilará” na protecção da soberania territorial

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou ontem que a China “não vacilará na determinação em defender a sua soberania e integridade territorial”, numa altura de crescente tensão em torno de disputas no Mar do Sul da China.
Pequim insiste que tem direitos históricos sobre a quase totalidade daquela área do Pacífico, onde disputa territórios reclamados também pelas Filipinas, Malásia, Taiwan, Vietname e Brunei.
E assegura que a instalação de unidades e equipamento militares nas ilhas que controla na região é uma resposta “à intrusão” norte-americana.
Em conferência de imprensa, Li Keqiang instou os países vizinhos e os EUA a esforçarem-se para “manter a estabilidade regional e a harmonia” na região e considerou “natural” que haja diferenças.
“Enquanto nos tratarmos com sinceridade e procurarmos soluções para as diferenças através de canais diplomáticos, a estabilidade regional será mantida”, afirmou.
No início do mês, a porta-voz da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês, Fu Ying, acusou os EUA de militarizar o Mar do Sul da China.
“A maioria das embarcações e aviões militares que atravessam aquele território são dos Estados Unidos da América”, afirmou a antiga vice-ministra dos Negócios Estrangeiros.
Pequim está também preocupada com a possibilidade de Washington instalar o sistema antimísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) na vizinha Coreia do Sul.
“O desenvolvimento é a nossa máxima prioridade, a China necessita de estabilidade nos países vizinhos e um ambiente pacífico para o seu desenvolvimento interno”, defendeu Li, perante centenas de jornalistas, no encerramento da sessão anual da ANP.

Algumas melhoras

Li vê ainda “sinais de melhoria” nas relações entre a China e o Japão, com quem mantém renovadas tensões em torno da soberania das ilhas Diaoyu, mas ressalvou que estas “ainda são frágeis e não estão plenamente estabilizadas”.
No entanto, o primeiro-ministro apostou no fortalecer das relações com Tóquio e a Coreia do Sul.
Em Novembro passado, os três países realizaram, em Seul, a primeira cimeira conjunta desde 2012, que se deverá repetir este ano na capital do Japão.
“Acredito que os três países podem ter uma forte cooperação no sector de manufactura avançada para desenvolver produtos de alta qualidade”, apontou.
O chefe do Governo defendeu ainda as relações com a Rússia, afirmando que os países “não cederão às pressões de terceiras partes, ou às alterações de circunstância na esfera internacional”. “A China mantém uma postura de não-alinhamento”, frisou.

17 Mar 2016

China | Plano quinquenal para crescimento anual de 6,5%

A Assembleia Nacional Popular (ANP) da China aprovou ontem o XIII plano quinquenal do país (2016-2020), que prevê um crescimento anual da economia de pelo menos 6,5%.
O plano quinquenal da China até 2020 é o primeiro desde a chegada do Presidente Xi Jinping ao poder e prevê que em 2020 o Produto Interno Bruto chinês (PIB) seja o dobro do de 2010.
Após quase duas semanas, o plenário da ANP, o órgão legislativo chinês, terminou ontem a sua reunião anual, dando luz verde ao documento.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, afirmou, numa conferência de imprensa no final da votação, que vê “mais esperanças do que dificuldades” na economia da China e descartou a possibilidade de o país vir a sofrer uma “aterragem forçada”.
Li disse estar confiante em que a segunda economia mundial cumpra os objectivos estabelecidos para este ano e defendeu que a China está numa “boa posição” para evitar riscos financeiros.
Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos e aquém dos 7% que tinha estimado.
No mesmo período, o sector dos serviços representou pela primeira vez mais de metade do PIB, à frente da indústria e agricultura.
As perspectivas para este ano indicam um crescimento entre 6,5 e 7% do PIB, que a inflação se mantenha em torno dos 3% e a criação de 10 milhões de postos de trabalho urbanos (depois de em 2015 terem sido gerados 13,12 milhões).

Outras metas

O documento prevê que a população chinesa chegue aos 1.420 milhões de pessoas em 2020 (actualmente ronda os 1.280 milhões), que 60% vivam em áreas urbanas (hoje são 50%), que não haja ninguém abaixo do limiar da pobreza e que a esperança média de vida aumente em um ano.
Segundo o documento aprovado pela ANP, Pequim vai criar um fundo de 100 mil milhões de yuan para subsídios e compensações para trabalhadores que percam o emprego no âmbito do processo de reestruturação industrial.
O XIII plano quinquenal pretende modernizar a indústria da China e responder à excessiva capacidade de produção industrial em certos sectores.
Por outro lado, a China vai aumentar o tecto máximo do seu défice público para 3% do PIB, para dinamizar o crescimento económico.
O documento prevê que as linhas ferroviárias de alta velocidade tenham 30 mil quilómetros em 2020, face aos 19 mil actuais, e que unam 80% das grandes cidades do país.
Segundo o XII Plano Quinquenal, a China vai investir 800 mil milhões de yuan na sua rede ferroviária e 1,65 mil milhões de yaun nas estradas.
A China tem a maior rede de comboios de alta velocidade do mundo, seis vezes superior à de Espanha, a segunda mais extensa.

17 Mar 2016

Hong Kong |”Balada de um batráquio” no festival de cinema

O filme de Leonor Teles “Balada de um batráquio” compete este mês na secção de curtas-metragens do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, depois de em Fevereiro ter sido premiado em Berlim.
O filme expõe comportamentos xenófobos em relação a membros da etnia cigana em Portugal, abordando a prática de colocar sapos de cerâmica em lojas, cafés e restaurantes para afastar os ciganos, que têm várias superstições ligadas ao animal.
A curta-metragem venceu a 20 de Fevereiro o Urso de Ouro da competição de curtas-metragens do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Segundo Leonor Teles, que tem raízes ciganas por parte do pai, o filme “não apresenta só uma problemática mas tenta, de certa forma, combatê-la”, uma vez que a própria realizadora sentiu a “urgência” de destruir vários desses sapos em frente à câmara.
O filme de Leonor Teles volta a uma competição internacional já este mês, no festival de cinema de Hong Kong, que arranca na segunda-feira e que integra na programação outros nomes portugueses.
Do programa geral do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong deste ano fazem parte “Visita ou memórias e confissões”, de Manoel de Oliveira, a trilogia “As Mil e uma noites”, de Miguel Gomes, e “Cartas da Guerra”, de Ivo Ferreira, que integrou a competição oficial do Festival de Berlim deste ano.
Integram ainda o cartaz de Hong Kong os documentários “Os Olhos de André”, premiado no festival de cinema Indie Lisboa, do realizador António Borges Correia, e “Eldorado XXI”, uma co-produção luso-francesa, realizada por Salomé Lamas.
Todos eles terão duas exibições em Hong Kong dentro da programação do festival, que dura 15 dias.
O cartaz junta mais de 240 filmes de um universo de 66 países e territórios, num alinhamento que a organização do festival define como sendo “o mais eclético de sempre”, contando com 63 estreias mundiais, internacionais e/ou asiáticas.
Fundado em 1976, o HKIFF (na sigla em inglês) é o mais antigo festival de cinema da Ásia e um dos mais reputados.

17 Mar 2016

Hotel Estoril | Demolição à vista

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]decisão está tomada. O edifício do antigo Hotel Estoril não será submetido ao processo para classificação. A decisão foi tornada pública por Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), depois da reunião de ontem do Conselho do Património Cultural. Numa votação secreta, 13 dos 15 membros do grupo mostraram estar contra a classificação devido há falta de valor arquitectónico que o edifício apresenta.
Em declarações à Rádio Macau, o arquitecto Carlos Marreiros não afastou a hipótese de demolição. “A demolição poderá ser uma realidade, mas isso já é outra história. Ao não se iniciar o processo [de classificação], acabou aqui. Portanto, fica em aberto à equipa projectista desenvolver o projecto, segundo o programa funcional que o Governo lhe irá propor (…) Agora o Governo pode e deve consultar a população em relação ao programa a encaixar lá dentro”, disse ao meio de comunicação.
Tomada a decisão, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, questionado pela Rádio Macau, diz que o próximo passo passa pela aposta na qualidade arquitectónica para a zona. “É preciso dar vida e uso aquela zona. E tem que se pensar num projecto mais abrangente, que inclua Tap Seac e São Lázaro que também está meio às moscas. A zona do Tap Seac é uma zona charneira e de comunicação entre as duas zonas do Património Mundial de Macau”, afirmou.

16 Mar 2016

HK | Eléctrico já circula com pinturas do português Vhils

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m eléctrico intervencionado pelo português Alexandre Farto, que assina como Vhils, começou esta semana a circular nas ruas de Hong Kong, no âmbito da primeira exposição individual do artista na região vizinha. A exposição “Derbis” é inaugurada apenas no dia 21, no Cais 4, mas já é possível apreciar-se a arte de Vhils a circular em Hong Kong, onde o artista português também realizou intervenções em paredes e onde está há a convite da HOCA – Hong Kong Contemporary Art.

Em “Derbis”, que levou “meses de preparação”, Vhils apresenta uma “multidisciplinaridade de trabalhos”, de acordo com informação disponível no site oficial do artista.

Com esta exposição, pretende-se “encorajar os visitantes a explorarem a cidade e reflectirem na natureza do ambiente urbano pela lente do artista”.

Nos trabalhos apresentados, Vhils desconstrói imagens com recurso a várias técnicas, como perfuração, colagens de cartazes, caixas de néon e escultura.

FOTO: José Pando Lucas
FOTO: José Pando Lucas

Alexandre Farto, de 29 anos, captou a atenção a escavar muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já o levou a vários cantos do mundo.

A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Em Julho de 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.

Esse ano ficaria também marcado, na carreira do artista português, pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”.

No ano passado, o trabalho de Vhils chegou ao espaço. Em Setembro, uma obra do artista esteve na Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

Foi a primeira vez que um artista português colaborou com a Estação Espacial Internacional, com uma instalação artística que esteve colocada na cúpula da EEI e que retrata o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen.

Apesar de trabalhar e expor em todo o mundo, e até fora dele, Alexandre Farto não se esquece de Portugal. Em 2015, criou, entre outros, o rosto de Amália Rodrigues, em calçada portuguesa, em Alfama, Lisboa.

16 Mar 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 4. O homem sem rosto

* José Drummond

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]u tens dois olhos enormes. Duas consonantes que acompanham as vogais das lágrimas. As minhas mãos são, neste momento, as de um pianista. Um pó de morcego com voo inquieto. O teu coração faz tic-tac, tic-tac, tic-tac. Mas não é por amor. Não é por amor. O teu coração faz tic-tac porque as flores murcham. E o coração murcha. Porque os quartos são obscuros. Porque o coração é obscuro. Porque os fantasmas não são esperança. Porque o coração é um fantasma. Porque o amor não é esperança. Não é mais esperança.
Tu tens dois olhos enormes e o teu coração faz tic-tac porque as minhas mãos procuram um piano. Em crescendo lamento tanto digo amor como digo morte. Tanto digo choro como digo que as flores murcham. Tanto digo que o teu pescoço é um piano como é um caminho que se destrói. Um caminho que se destrói porque te tornaste numa mulher de vertigem. Tornaste-te numa vertigem. Eu era indiferente. Fui indiferente. Fechei os olhos. Não quis saber. Mas não agora. Mas não aqui. Aqui… Aqui e agora as minhas mãos tocam piano. O som da tua voz inaudível, com o seu encanto próprio, roda misteriosamente pelo lamento crescente dos teus olhos. Consonantes esticadas que olham as vogais. Os teus olhos já foram vogais soltas e rebeldes. Agora são consonantes que acompanham a melodia que imponho no teu pescoço. Esse pescoço que tem teclas desenhadas. Os teus olhos apagam-se. Será a porta do inferno que oiço na melodia que imponho? Será a cor do mal? Será o teu rosto uma pluma ao vento? Uma pluma que se desintegra com o crescendo do martelar no piano a que eu obrigo.
Foi assim. Disto não sabe a viúva. Esta velha que parece saber tanto sobre nós. Antes disto a última coisa que me lembro é de estar ao balcão de um bar. Não me consigo mexer e não faço ideia sobre o que irá ela fazer-me? Recordo-me dos teus olhos. Essas consonantes naquela tarde. Que consigo eu saber só de olhar para ela? Sinto a cabeça dormente. Retornar depois de vinte anos para isto. Retornei por ti. Ela não sabe que os teus olhos apagaram-se porque eram consonantes. Porque não eram mais vogais. Ela não sabe que depois de os teus olhos se apagarem foram os meus que se tornaram em consonantes. Que possibilidade haveria de me reconhecerem? Assim pensava eu. A plástica deu-me vários rostos. Mas agora sei que não.
E que poderia eu fazer? Deixar-te ir sem fazer nada? Deixar-te fugir com ele? Poderia te ter dito algo. Poderia te ter dito antes de fazer aquilo que fiz qual a razão. Poderia te ter dito apenas uma palavra. Poderia. Apenas uma palavra. Desejo. Vingança. Ciúmes. Os teus olhos a apagarem-se. Os teus olhos enormes a apagarem-se todos os dias e todas as noites. Duas consonantes a apagarem-se. A transferirem-se dos teus olhos para os meus. Com vogais em cada lágrima. Já me resignei. Tive que o fazer. Mas se, por acaso, me tivesses dito, cara-a-cara, honestamente, que tudo não tinha passado de um devaneio. Se, por acaso, me tivesses dito que gostarias de deixar tudo no passado. E havia tantas coisas que eu te poderia ter dito. Mas nada. Nem uma palavra. Nada. Não me disseste nada. Nem uma palavra. Nada. As consonantes nos teus olhos e as vogais das tuas lágrimas não foram mais que sons. Ainda me lembro de me estares a apertar o braço naquela tarde de primavera enquanto as minhas mãos tocavam piano no teu pescoço. Os teus olhos aflitos. Ainda me lembro de me teres dito que querias ser minha amiga. Mas, na verdade, simplesmente não podia fazê-lo. Aquela tarde…
Talvez seja melhor não desejar que alguma coisa fosse diferente. Aconteceu aquilo que tinha que acontecer. Se estivesses viva e se tivéssemos ficado juntos talvez continuasses desapontada. Talvez te tivesses transformado numa aborrecida trabalhadora de escritório com aparência cansada. Talvez te tivesses tornado numa mãe frustrada a gritar com os filhos. Talvez nem sequer tivéssemos algo em comum para falar. Esta é a possibilidade mais real. E eu, por outro lado, perderia algo precioso que guardei todos estes anos. A imagem dos teus olhos enormes em lamento. Duas consonantes que estenderam a ideia de que o amor é para sempre. Até que a morte nos separe. Se houvesse outra possibilidade teria que ser para sempre. Mas não, eu tinha certeza de que não seria assim. Intrépidos movimentos perdidos num desvario de temperamento. Uma determinação que o tempo poderia ter desgastado. Aquela viagem foi para me dizeres que era o fim. Lembro-me daquela palavra. Amantes. Uma palavra que não sei o que significa mais. Ambos insanamente apaixonados.
Talvez isto seja agora apenas a minha imaginação. Talvez esta viúva seja um fantasma. Talvez seja um sonho mau. Aquela pintura com aquela árvore de ameixa. Reconheço-a. Uma pintura com pigmentos minerais, fortemente sobrepostos, com a árvore um pouco abaixo e à esquerda do centro da imagem. O estranho espaço luminoso dessa porção sobreposta. Essa pintura estava no nosso quarto. Como aparece ela aqui nesta sala? Sabes que sempre a detestei. Esta pintura quase sem ramos, nem tronco. Deixa-me olhar apenas para aquela última flor de ameixa. Uma flor com duas pétalas vermelhas e duas pétalas brancas. Cada uma das pétalas vermelhas foi pintada numa estranha combinação de tons claros e escuros de vermelho.
“Notícia de Última Hora! A polícia prendeu um homem de 23 anos suspeito de estar ligado aos assassinatos das mulheres. O suspeito estava num bar a causar desordem quando terá confessado ser o responsável. A polícia foi chamada ao local e o homem foi levado para interrogações.”

16 Mar 2016

Thiago Pethit – “1992”

“1992”

Se você quiser me encontrar
Na noite mais escura
Eu estarei na rua
Como um rebelde noir
Com minha calça gasta
Enquanto o sol se afasta

Eu sei que assim como eu
Você faz do escuro seu lugar seguro
Venha como você quiser
E seja como é, um anti-herói qualquer

I still smell beer and leather
Running under your sweater
C’mon c’mon
como quiser
C’mon c’mon como você é

Venha se esconder por aqui
E só sair com a lua correndo no rua
I’ve got lust for youth
C’mon c’mon
como quiser
C’mon c’mon como você é
C’mon c’mon c’mon c’mon come on

Thiago Pethit

16 Mar 2016

Cristina Branco, fadista : “O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa”

Esteve em Macau para um concerto onde mostrou o Fado bem português, ao lado de Mário Laginha. Convidada do Rota das Letras, Cristina Branco fala do percurso marcante da literatura na sua vida, de ser mulher e do sentimento único de ser fadista

De estudante de Comunicação Social à música e, mais concretamente, ao Fado. Como é que este caminho aconteceu?

Foi tudo muito rápido. De facto, era estudante de Comunicação Social e em determinado momento comecei a interessar-me pelo Fado. Pela música já era muito interessada, já ouvia imenso Zeca Afonso, Chico Buarque, os brasileiros… muito jazz, muito blues. Gostava muito de cantar, mas para mim, claro. Estava tudo lá, apesar de nunca ter imaginado ser cantora na minha vida. A determinada altura surge um convite para ir ouvir uma noite de fados, fui porque na altura estava a descobrir, não o Fado, mas a voz da Amália Rodrigues, porque o meu avô me tinha dado um disco [dela] pelo qual me apaixonei. E fui pela curiosidade de ouvir o som das guitarras ao vivo. Alguém perguntou se podia cantar. Eu cantei e fiquei completamente rendida àquela magia. De facto, sempre que o fado acontece e há aquela empatia com o público, há qualquer coisa ali. Ainda no outro dia, alguém em França me disse isso: há um misticismo que se passa naquela relação dos instrumentos com a voz, da voz com o público, há uma empatia muito grande. Há coisas que não se explicam e foi assim que comecei. Na verdade, todo o meu trabalho de fim de curso foi sempre à volta da música, com o ritmo, com a interpretação…

Está aqui no âmbito do Rota das Letras, mas também na sua carreira a literatura está muito presente.
Sempre gostei muito de literatura, gosto muito de literatura portuguesa, gosto muito escrever e acima de tudo gosto da Língua Portuguesa. Tenho a certeza de que de cada vez que se pega num poema em Língua Portuguesa, um poema de um autor que seja menos conhecido, só pelo facto de ser cantado passa para um público muito mais vasto. Pessoas que se calhar não conhecem determinado autor passam a conhecer, pelo simples facto de alguém o cantar. Porque a música é mais imediata, porque há pessoas que não lêem mas ouvem música. Há uma série de condicionantes para que isso aconteça, portanto a literatura entra por aí e por um gosto especial. Na minha casa sempre houve muitos livros, portanto também faz parte da minha educação.

cristina branco Criou personagens para o álbum “Alegria”. Como é que surgiu esta ideia, normalmente também tão associada à literatura?
A intenção não era que fosse um disco exclusivamente virado para a literatura mas no fundo são todos um bocadinho, porque vou sempre pedir [letras] a autores. Os meus discos têm uma vertente muito literária porque eu peço-as a muitos escritores portugueses. No caso do “Alegria” foi talvez mais específico, porque é uma leitura feita por mim antes dos autores. Construi as personagens, fui eu que lhes fiz o BI, disse o que é que elas faziam, como é que se chamavam, de onde vinham e para onde iam, quais eram os sonhos e as angústias e depois dei cada uma aos seus autores e pedi-lhes que escrevessem um poema à volta daquela pessoa. No fundo era criar quase um livro sonoro.

A sua carreira é recheada de colaborações. Como é que funciona este processo?
É por empatia acho. E isso acontece quando se gosta muito de determinado autor. As coisas têm que acontecer de forma espontânea e, no caso do Mário [Laginha], uma vez que vamos estar com ele, também foi assim. Trabalhamos na mesma companhia, com a mesma gente, e as coisas acabaram por acontecer naturalmente. A primeira vez que o Mário colaborou comigo foi com “Margarida” que o Camané também gravou e cantou. Na verdade o tema foi feito para o Camané, mas fui eu a primeira pessoa que o gravou. Perguntei se o Mário gostava de fazer uma música para mim e ele disse ‘olha porque é que não tentas o ‘Margarida’?’ Por acaso, não tenho certeza se foi assim que começou, mas depois fomos fazendo mais coisas. O Mário entra nos meus discos com várias composições. Acontece sempre por acaso, não é uma coisa premeditada. Não acredito na premeditação.


O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa?
O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa porque é Português.
Só se canta em Português porque é uma língua que surge naquele país e é a música certa para se cantar naquela língua. Ao cantarmos noutra língua estaremos a descaracterizar aquilo que é o Fado e, se é suposto termos algo que é nosso, o Fado será certamente uma dessas coisas. Não é que não haja uma tentativa de apropriação, antes pelo contrário, até acho que é um privilégio ver que pessoas de outras culturas cantam o Fado. Mas tenho a certeza que essas pessoas vão cantar o Fado na Língua Portuguesa e não nas suas. Porque isso não seria Fado. Não que também não cante noutras línguas, ou o faça com a guitarra portuguesa, mas interpretar uma música noutra língua com guitarra portuguesa é uma música noutra língua interpretada com guitarra portuguesa. Fado, Fado é em Português.
A Cristina tem uma carreira internacional. Como é que acha que os ouvintes que não entendem a Língua Portuguesa percepcionam o fado?

As pessoas não percebem Português e acontecem várias coisas nesse processo. Existem pessoas que desconhecem a Língua Portuguesa e de repente se apaixonam e querem saber mais só porque ouviram Fado, outras já conhecem a língua e descobrem o Fado pelo gosto que têm pela língua. Existem várias formas de chegar a uma convergência, que é o Fado.

Cantar no Oriente é muito diferente do Ocidente?

Cantar não, porque estamos a fazer o que sabemos fazer. Mas é diferente. Aqui há uma delicadeza qualquer que não se explica, é tudo muito diferente. Repare neste facto: temos que enviar rigorosamente o nosso repertório para que seja traduzido ao mínimo detalhe, o que impossibilita que possamos fazer alterações ao programa. Isso condiciona tudo, muda tudo. E depois a forma como as pessoas ouvem e o respeito imenso por aquilo que estamos a fazer. Ao deixar cair a última nota, às vezes não sabem muito bem como é que é, onde reagir, como é que fazemos. Batemos palmas agora, ou batemos palmas depois? Nota-se uma certa tensão que é positiva. Acho que há um carinho especial neste género de público quando ouve a nossa música.

Vem aí um novo álbum, “Menina”. Qual a expectativa?

Acho que é grande. Acho que o último disco é sempre o mais maduro, pelo menos do meu ponto de vista. Não consigo fazer um disco sem que tenha algo para dizer. Nunca aparece um disco que seja só uma imposição editorial. É mesmo porque tem que ser e, normalmente, são discos que marcam períodos importantes da minha vida. A minha história. O “Menina” é um disco que fala de mulheres. O disco fala de uma mulher que ao chegar a determinada idade, e de ter passado por vários estágios na sua vida, consegue concluir que está de bem com o que aconteceu. “Menina” é também “meninas”, “menina” é várias mulheres também em Português, é a “menina” solteira, é a “menina” prostituta. Na verdade, chamamos a tudo “menina”.

Este disco pode ser um auto-retrato, portanto.

Acho que é uma homenagem à condição feminina, sendo eu profundamente feminista.

Feminista, mulher, mãe, cantora. Como é a gestão desta vida de mulher?

É muita coisa. O meu marido costuma dizer que eu consigo abrir e fechar janelas com muita facilidade. A verdade é que quando entro em casa, entro em modo mãe, só e exclusivamente mãe. Não só por mim, mas também por imposição dos meus filhos. Não há cantora, não há artista. Tenho que ser exclusivamente aquilo que eles querem e gosto de o ser. Não gosto de misturar as tintas, mas na verdade, umas coisas entram nas outras necessariamente. A minha atitude enquanto cantora muda a partir do momento em que sou mãe. As coisas acabam por se misturar, é inevitável.

Neste estar em Macau, sente alguma identificação?
Há sempre qualquer coisa, porque a partir do momento em que vamos andando pela rua e há palavras que surgem em Português, há qualquer coisa que desperta de repente e pensamos: como é que é possível? A dada altura da história de um país, termos entrado em meia dúzia de cascas de noz e chegado a sítios tão longe… isso impressiona nesse sentido. Depois acho que somos sobejamente diferentes para percebermos que estamos a fazer com que haja uma afirmação da Língua Portuguesa e da cultura portuguesa num território que já se afastou de nós. E afastou-se tanto que a língua já só reside apenas em monumentos. O que acho que talvez seja menos correcto é que a língua não seja mais falada, não se ouça mais pela rua, ou que não existam mais referências à Língua Portuguesa. Passou também a ser um monumento.

15 Mar 2016

UM | Conferência sobre tecnologia com Rui Martins

Rui Martins orienta, na próxima quarta-feira, uma conferência sobre a evolução do Laboratório de Referência do Estado de Sinais Análogos e Mistos VLSI da Universidade de Macau (UM). Na conferência, o professor irá abordar a história do laboratório desde a sua criação há 20 anos, até aos dias de hoje, onde se assume como um dos principais laboratórios da especialidade na China. Em discussão, também a sua afirmação no mundo competitivo da electrónica de ponta.
Os Laboratórios de Referência do Estado são uma iniciativa do Governo Chinês que surgiu durante o período da política de abertura do início dos anos 80. Estabelecidos em 1984, estes laboratórios têm como premissa permitirem aos cientistas e académicos mais reputados do país conduzirem investigações nas mais diversas áreas para apoiarem o desenvolvimento tecnológico e económico do pais. 
Rui Martins é vice-reitor da UM e ganhou reconhecimento internacional por via das suas conquistas ao longo dos anos na área da microelectrónica, tendo chegado à instituição em 1992. Recentemente, foi eleito por unanimidade como Membro Correspondente da Academia Portuguesa de Ciências.
A conferência acontece amanhã, pelas 17h00 no Edifício de Investigação da UM. As entradas serão gratuitas mas requerem inscrição prévia no site da instituição.

15 Mar 2016

Portugal | Casa de Macau celebra 50 anos e pede testemunhos

A Casa de Macau em Portugal festeja 50 anos e, para comemorar a efeméride, vai lançar um livro que relata os principais acontecimentos desde a sua fundação em 1966. Por isso, se souber de histórias que se enquadrem neste percurso de meio centenário da Casa, ou se tiver fotografias é convidado a enviar-lhes o seu testemunho. Para efeito, pode mandar um texto até 500 palavras e ainda juntar fotos ou outros documentos que entender relevantes para a história da CMP.

15 Mar 2016

Capacidade financeira de Macau “é estável”

Uma nota da agência de notação Fitch Rattings indica que “a capacidade financeira de RAEM é estável, o estado das receitas e despesas é positivo, o enquadramento da política é estável e o PIB per capita é comparativamente elevado”. Assim, Macau continua com a notação de crédito de AA-, com “perspectivas de estabilidade no futuro”. Contudo, a agência Moody’s Investors Service colocou Macau no grau de Aa2, na lista de observação associada à “downgrade review”, ontem, sendo que em três meses irá tomar uma decisão final.
Num comunicado à imprensa, a Autoridade Monetária de Macau (AMM) indicou que actualmente “as finanças públicas e a situação financeira de Macau são muito estáveis”. Estável está também o mercado de emprego, continuando a taxa de desemprego a situar-se em níveis inferiores a 2,0%. “Relativamente ao sector bancário, em 2015, os lucros após impostos e a dimensão dos activos foram marcados por recorde histórico, com aumentos de 16,3% e 14,2%, correspondendo respectivamente ao valor de 12,8 mil milhões de patacas e 134,08 mil milhões de patacas”, descreveu ainda o organismo.

14 Mar 2016

Futebol | CPK, 0 – Benfica, 2

Para o Benfica, qualquer que fosse o resultado resultava no primeiro lugar. Já o CPK precisava de pontos para colar-se à liderança. Calhou ao Benfica ganhar mas também fez mais por isso. Mas não muito mais. Um jogo aborrecido quase sem remates à baliza. Os que foram deram golo

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi um jogo de meio campo, com várias picardias e com ambos os guarda-redes praticamente como espectadores. A melhor notícia foi o relvado: muito melhor do que ambas as equipas estavam habituadas, agora que o campeonato se mudou para o Estádio de Macau. Pesado devido à chuva, e nda ter aprentemente no campo. redes como espectadores.lo. om grande qualidade que sep osicionam por seu lado ia gritando té certo, mas com relva algo que há muito não se vê para as bandas do MUST.
Quatro minutos e meio passados, e saía o primeiro canto da partida para o Benfica mas sem consequências dignas de nota. Os encarnados começaram mais agressivos, com um futebol mais apoiado, mais posse bola mas sem efeitos práticos pois o CPK estava claramente disposto a fazer-lhes a vida difícil sempre bem posicionado no campo. Oportunidades dignas de nota, zero… para ambos os lados. 
Sensivelmente a partir dos 20 minutos de jogo a bola esteve praticamente sempre no meio campo defensivo do CPK mas, apesar disso, o Benfica não conseguia incomodar Domingos Chan, o histórico guarda-redes do CPK. 
Aos 29 minutos, uma falta feia de Lo Chin Fong sobre Iuri que se tentava escapulir pelo corredor direito terá sido dos momentos mais emocionantes do período. Domingos Chan apenas fez a primeira defesa à meia hora de jogo em resposta a um remate frouxo de Niki, na pequena área, depois de uma jogada de certo envolvimento do ataque do Benfica com vários remates a embater na defesa do CPK.
O primeiro remate do CPK deu-se por volta dos 38 minutos e por intermédio de Lo Chin Fong após uma desatenção da equipa do Benfica que permitiu o contra-ataque da equipa vestida de negro. O remate viria a sair ao lado.

Cuco acorda o estádio ao minuto 96
O Benfica começou logo por tentar mudar as coisas ao intervalo com a entrada de Alison Brito para o lugar de Iuri mas continuava tudo igual à primeira parte até que, ao minuto 53, o Benfica finalmente inaugurou o marcador, numa daquelas jogadas onde pouco o faria esperar. Um bom primeiro remate, precisamente de Alison, Domingos fez uma defesa incompleta com a bola a ressaltar para Niki que conseguiu coloc2, 0 – Benfica,o dirieto rra do golo num belo es. algum tempo atlo que ns parecia ndor do Benfica, por seu lado ia gritando tá-la por debaixo do guarda-redes que ficou muito mal na fotografia ao denotar alguma passividade no lance. 
O golo teve o mérito de dar alguma genica à equipa do CPK mas o guarda-redes do Benfica continuava a ser um espectador. O treinador do Benfica, por seu lado, ia gritando à equipa para insistir na pressão, dizendo aos seus jogadores para não deixarem o CPK  sair a jogar. O jogo continuava embrulhado ao meio campo e, nas bancadas, ouvia-se quem pedisse aos jogadores que rematassem à baliza mas os apelos caiam em saco roto. O CPK raramente passava do meio do meio campo do Benfica e as águias de Macau, apesar de normalmente instaladas no meio campo adversário, continuavam a não chegar à baliza.
De parte a parte, muitos jogadores iam caindo por terra e o jogo era interrompido com frequência. Numa dessas vezes até a equipa da Cruz Vermelha demorou em aparecer, talvez anestesiada pelo que não se passava no relvado ficando o jogo parado durante algum tempo até que a maca finalmente surgiu para assistir Niki que acabaria por ser substituído por lesão. As interrupções obrigaram o árbitro a dar seis minutos de tempo extra, numa fase em que já se registavam muitas picardias entre os jogadores. Mesmo no final do jogo, e quando já nada o fazia esperar, depois de muitas discussões, o Benfica viria a marcar o segundo golo na sequência de um pontapé de canto do lado direito. Cuco, o número 10 do Benfica, aproveitou bem a sobra da bola para a entrada da área e rematou forte, de primeira, sem hipóteses para Domingos Chan, apesar daquela ainda ter aparentemente deflectido num jogador do CPK. E o estádio acordou. E o jogo acabou.

Paulo Conde, treinador do CPK – “O Benfica ainda não pode cantar vitória”

O treinador do CPK confessou que “era um jogo contra os campeões de Macau” e por isso não foi fácil para eles. Todavia, garantiu que “não viemos para este jogo para defender.” Em relação à sua equipa, atenta que “é bastante jovem” mas garante que ainda tem uma palavra a dizer na segunda volta. Em relação ao jogo considera que “o Benfica tem uma equipa excelente mas não pensem que podem cantar vitória”. De qualquer forma, acha que “a vitória do Benfica é justa, pois eles têm uma equipa bem forte, com um bom banco”.

Henrique Nunes, Treinador do Benfica – “Estas vitórias sabem melhor”

O treinador encarnado estava visivelmente feliz após o encontro pois, como adiantou, “estas vitórias contra o Ka I e o CPK, porque são adversários directos sabem melhor”. Em relação ao jogo, Henrique Nunes acha que foram a melhor equipa em campo e a que procurou mais o golo. “Fomos uns vencedores justos”, disse, explicando ainda que “não foi fácil porque são equipas que trabalham tão bem como nós, com jogadores de grande qualidade e que se posicionam bem no campo”.

14 Mar 2016

China |Empresas estrangeiras proibidas de publicar na Internet

Uma normativa que entrou ontem em vigor na China proíbe as empresas estrangeiras de publicarem conteúdo na Internet chinesa, em mais um esforço de Pequim para controlar aquele que ainda é considerado o espaço mais livre do país.
O novo documento, designado “regulamento para a gestão dos serviços publicitários online”, obriga ainda as empresas chinesas com capitais estrangeiros a obterem a aprovação das autoridades antes de difundir conteúdos no espaço cibernético chinês.
A medida, abrangerá sobretudo as “indústrias criativas” de jogos, animação, banda desenhada e gravações de áudio ou vídeo, mas também livros, jornais e revistas, segundo o jornal oficial Global Times.
A regulamentação anterior, que data de 2002, permitia às empresas estrangeiras difundir conteúdo “criativo” directamente no espaço cibernético.
As alterações tinham sido já anunciadas, no ano passado, pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), o organismo ministerial chinês encarregue do planeamento económico, e o próprio Ministério do Comércio.

Valores socialistas

Os conteúdos online deverão, a partir de agora, “promover valores socialistas essenciais” e “transmitir princípios morais que sirvam para melhorar o país e promover o desenvolvimento económico”, detalha o Global Times.
“A proibição do investimento estrangeiro em serviços de publicação ‘online’ destina-se a proteger a segurança ideológica e cultural da nação”, disse àquele jornal Wang Sixin, professor na Universidade de Comunicação da China.
“Ajudará também a prevenir que a nossa cultura seja influenciada por culturas estrangeiras”, acrescentou.
Na quarta-feira, as contas oficiais do jornal do South China Morning Post nas principais redes sociais chinesas – Sina Weibo, Tencent Weibo e Wechat – foram encerradas.

Solo nacional

A população online da China atingiu os 688 milhões de pessoas em 2015, mas Pequim esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”.
Aquele mecanismo censura sítios como o Facebook, Youtube e Google. Nos últimos anos, foi aperfeiçoado, bloqueando selectivamente páginas com termos “sensíveis” em vez de uma censura integral do site.
Desde que Xi subiu ao poder, em 2012, uma lei de segurança nacional que visa “a protecção da soberania do espaço cibernético” foi aprovada, enquanto as autoridades têm vindo a reforçar a monitorização da rede.
Em Fevereiro passado, ao discursar na Conferência Mundial sobre a Internet em Wuzhen (leste da China), o Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que cada país deve controlar a sua própria Internet, uma vez que “liberdade e ordem” devem andar de mãos dadas na rede.

11 Mar 2016

China | Inflação cresce 2,3% em Fevereiro

O Índice de Preços no Consumidor da China (IPC), um dos principais indicadores da inflação, subiu para 2,3% em Fevereiro, face ao mesmo mês do ano passado, segundo anunciou o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país.
Trata-se do maior aumento em quase dois anos e supera a projecção de 1,8%, avançada pela agência financeira Bloomberg.
O preço dos alimentos disparou durante o período do Ano Novo Lunar, com os preços da carne de porco e dos vegetais a subirem 25,4% e 30,6%, respectivamente.
No mesmo período, o Índice de Preços ao Produtor caiu 4,9%, em termos homólogos, uma ligeira recuperação face à queda de 5,3% registada em Janeiro.
A subida nos preços dos alimentos é ainda justificada pelas sucessivas vagas de frio que atingiram grande parte da China em Fevereiro, assume o analista do GNE, Yu Qiumei, em comunicado.
“Tempestades de vento, queda da temperatura, chuva e nevões, em meados de Fevereiro, afectaram a produção e transporte de vegetais frescos”, justificou Yu, detalhando que os preços dos vegetais avançaram 29,9% face a Janeiro, a maior subida desde Março de 2008.
A escassez de pessoal em alguns sectores, durante aquele período, contribuiu também para o aumento dos preços, explicou Yu.
Os preços no sector dos transportes e nos locais turísticos registaram também uma subida acentuada, reflectindo o aumento da procura durante o Ano Novo Chinês.

Sinal mais

É o 48.º mês consecutivo em que o principal indicador da inflação no sector grossista regista uma queda, reflectindo o impacto do excesso de produção que afecta grande parte do sector secundário chinês.
Uma inflação moderada pode beneficiar o consumo, estimulando os consumidores a comprarem na expectativa que os preços subirão, enquanto uma queda encoraja os clientes e empresas a adiarem as encomendas.
O aumento da inflação constitui, por isso, um sinal positivo para a economia chinesa, que cresceu no ano passado ao ritmo mais lento do último quarto de século (6,9%).
Pequim está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando um maior ênfase no consumo, em detrimento do investimento em grande obras públicas ou exportações.

11 Mar 2016