Manuel Wiborg | Encenador, actor: “O teatro serve para fazer as pessoas pensar”

O actor e encenador português Manuel Wiborg esteve em cena ontem no Teatro D. Pedro V com “O jantar com o André”, peça que tem sofrido algumas peripécias e que aborda em si o pensar o próprio teatro e os seus actores

Como é que começou nos palcos?
Foi por acaso. Sou o oitavo de dez irmãos e os meus pais sempre cultivaram em nós o gosto pelas artes. Assistia às coisas que iam aparecendo novas em Lisboa desde a Pina Bausch ao François Truffaut. Os meus irmãos mais velhos pintavam, tocavam ou faziam artesanato , todos tínhamos um gosto pelas artes mas não no sentido profissional. Aos 17 anos no liceu também fiz a minha banda de rock com que estive cinco anos e demos vários concertos. Não éramos profissionais apesar de ganharmos já algum dinheiro com a música. Era também o vocalista e muito tímido. Dávamos os concertos mas achava que não fazia a performance que se deve fazer. Em 1988 surgem em Portugal os primeiros cursos de teatro apoiados pelos fundo social europeu. Frequentei um destes cursos, de dois meses, no Teatro Espaço, para me desinibir enquanto performer e cantor e é aí que me apaixono pelo teatro. Faço esse curso e aquilo começa a fazer mais sentido para mim.

Trocou a música pelo teatro?
Ser actor começou a fazer mais sentido do que ser cantor . Depois saltei para outro curso, entro para o conservatório, faço o primeiro ano e começo a receber convites para trabalhar o que fez com que o segundo ano tivesse três inscrições sem nunca o ter terminado. Comecei a trabalhar muito, tanto na televisão como no cinema. Comecei nas telenovelas na NBP, estive no nascimento dos Artistas Unidos, fiz parte do teatro da Malaposta e crio a minha própria companhia – Actores e Produtores Associados – em 97. Aos 40 anos fechei a companhia e agora sou freelancer. Desde 2008, a crise económica é grande e os subsídios são poucos mas lá vou fazendo as minhas peças.

As dificuldades de dar início a uma vida de artista são muito conhecidas, mas parece que no seu caso não se aplicam…
Na vida de um artista há sempre sorte. Ser bom ou mau nestas coisas é uma coisa relativa, porque depende da opinião de quem financia e do público. Essa é a fragilidade de um artista porque não se sabe se vão gostar do nosso trabalho ou se vai ser comprado. Mas a sorte cria-se, como diz o ditado “a sorte favorece os audazes” é preciso ser audaz também. Sempre fui uma pessoa muito disciplinada no trabalho, sempre trabalhei muito exactamente porque sei que é uma profissão de grande risco. Gosto muito dela e gosto de fazer as coisas à minha maneira e por isso senti a necessidade de criar a minha própria companhia para poder escolher com quem queria trabalhar. Acho que também sou um privilegiado.

Que conselho deixaria a esta gente nova que se está a ver “aflita”?
A única coisa que posso dizer é que não fiquem em casa à espera que os chamem para trabalhar. Esse é o grande problema dos actores: ficarem à espera que os chamem. Eu comecei como actor e tive a curiosidade de também fazer um curso de produção para aprender um bocadinho sobre isso e fiz o meu próprio projecto. Umas vezes batemos em portas e levamos negas, outras nem por isso. O conselho é esse, não podemos ficar á espera. Temos que perceber o que queremos fazer no teatro porque há muito teatro diferente. Temos que nos conhecer neste meio e perceber o que é o nosso gosto. Isso não é evidente nem surge de repente, vai-se aprendendo e refinando e temos que lutar por isso. wiborg1.sofiamota

Como é que apareceu esta peça que traz a Macau?
O interesse nasceu em 2002 quando ainda tinha a companhia. Achei na altura uma peça muito interessante mas não a produzi logo porque achava que não seria o momento mais pertinente para a fazer. Em 2013 quando o teatro começou a ser menos convencional e começaram a aparecer muitas coisas também ligadas à performance é também quando começa a aparecer um debate mais ligado ao próprio teatro. Ao observar esse fenómeno que acontecia em Portugal, e julgo, em todo o mundo, é que esta peça começou a fazer sentido.
A peça é um jantar entre dois artistas. Um, é um encenador de grande sucesso mas que chega a um determinado momento da vida e começa a colocar-se questões existenciais por achar que o que faz já não faz sentido. Abandona o teatro e vai em busca do desconhecido à procura de um sentido da vida e do teatro. O outro é um tipo que não tem dinheiro, um dramaturgo que não consegue vender as peças que faz e que também é actor para poder ganhar a vida. São dois artistas e actores muito diferentes mas que são amigos porque os dois pensam o teatro e colocam-no em causa. Numa altura em que se fazia isso em Portugal, fez-me sentido fazer a peça.

Era previsto “O meu jantar com o André” ser com o Diogo Dória…
Esta peça é uma grande história. Estreei-a em Novembro de 2013 no Teatro Taborda e inicialmente foi feita com o actor António Filipe. Entretanto, em 2015, tivemos um apoio à internacionalização mas o António adoeceu com um cancro quando já tínhamos agendado ir, em Abril, aos Estados Unidos e vir cá em Junho. Queira manter o António, adiei as apresentações internacionais para ver se ele recuperava e a podia fazer. A DGArtes dá-me um adiamento de seis meses, mas não foi o suficiente para poder tê-lo de volta. Solicito novo adiamento de mais seis meses e chamo o Diogo Dória para fazer a substituição. O texto é muito grande e muito complexo e demora muito tempo a decorar. Nos Estados Unidos fizemos uma leitura encenada mas prevíamos que aqui já apresentássemos o espectáculo acabado. O Diogo teve dificuldades em decorar o texto, acho que foi por isso, e de um momento para outro penso que por estar muito nervoso e inseguro , a uma semana de virmos para Macau, diz-me que não quer vir. Fiquei completamente em choque porque tenho os compromissos com uma série de instituições mas não podia fazer nada em relação ao Diogo. Liguei para Macau a saber se era possível fazer um espectáculo ainda não acabado. Disse à Ana Paula Cleto que dadas as características do espectáculo não se perderia muito em fazer uma leitura encenada em vez de uma peça acabada. Desde que a história se ouça bem as pessoas ficariam presas à peça e entrariam bem dentro da cabeça dos personagens. A Ana Paula achou que sim e pronto. Chamei o João Vaz e cá estamos. Perguntei também ao João se conseguiria decorar o texto em um mês e dez dias para que o levemos completo ao Porto , onde não pode ser uma leitura encenada. Ele disse que sim e já está também a trabalhar nisso .

Não tem receio de que desta forma desiluda o público que aqui o veio ver?
Depende das expectativas do público. Mas não sei bem responder a isso. Julgo que não, desde que a leitura seja muito bem feita e se entenda bem. Penso que as pessoas não se sentirão muito defraudadas se ouvirem esta peça e se entrarem dentro da cabeça dos personagens. Mas claro que quando dizemos que é uma leitura encenada e não um espectáculo as pessoas ficam a pensar que é menos. Mas não quer dizer que seja porque esta peça vive muito da audição do texto.

Conseguem contracenar tratando-se de uma leitura?

Sim. Quer dizer ele não poderá olhar muito para os meus olhos porque tem que olhar para o texto e isso perde-se mas estamo-nos a ouvir e a contracena passa muito por aí. E o ouvir é fundamental. Isso é a principal contracena.

Como escolhe as peças que faz?
Gosto de fazer peças sobretudo por duas razões. Uma é o que é que elas me dizem a mim, ou seja, muitas peças que encenei e em que era protagonista eram escolhidas porque gostava daquele papel. Outra das razões é conforme o que se passa no mundo, na sociedade e na arte, achar que determinado texto faz sentido ser levado naquele momento a cena.

Fazer teatro televisão ou cinema, tudo a mesma coisa?
É exactamente como se eu tivesse três filhos. Gosto dos três e tenho que trocar a fralda aos três, porque esse é o mercado de trabalho de um actor. Mas há sempre um que se gosta mais que o outro, mesmo que isso não seja politicamente correcto. De facto, gosto mais do teatro porque tem a grande diferença de ser ao vivo, não há cortes. Aqui está-se em directo com o espectador. Sente-se a vibração do público e isso dá uma outra maneira de estar e mexe connosco a nível de energia. O actor muda em função desse feedback. Essa relação energética, abstracta enublada que não sei definir é realmente uma coisa completamente diferente.

Para escolher as personagens e as peças que faz, qual o critério?
Porque gosto e porque me identifico. Nas personagens cativa-me o que são e o que dizem. Identifico-me com o que aquele personagem representa. Esse é o meu critério. Outro é porque acho que o que a sociedade está a viver tem a ver com aquele texto. O teatro serve para isso. Para fazer as pessoas pensar.

Como assim…
A arte no seu sentido mais essencial tem a haver com generosidade. A arte muda o mundo, muda as pessoas e serve para isso. Os artistas além de um ego forte têm que não se sentir confortáveis no mundo em que vivem, têm que inventar um novo mundo. Sinto isso, que vivo mais harmoniosamente no mundo da arte do que no real. Há também a necessidade de comunicar alguma coisa que sentimos no nosso íntimo e que não podemos fazer na vida real. Há quem diga que representamos na vida real porque estamos dentro de convenções e não podemos andar na rua a dizer tudo o que pensamos. O que o palco tem de fantástico é que ali posso ser absolutamente verdadeiro. Posso fazer e dizer o que me der na cabeça porque é um espaço sagrado e estou defendido. Ninguém me pode atacar por isso. Até posso fumar!

Primeira vez em Macau…
Em Macau e na China. O mais oriente que estive foi em Moçambique e ainda não tive oportunidade de conhecer Macau. Mas estou a gostar porque gosto muito de outras culturas. Aqui ainda estou a descobrir o que é isto e a tentar usufruir um bocadinho disso. Ainda não sei se as culturas diferentes que aqui vivem coabitam em harmonia ou não, mas deve haver quem viva e quem não viva.

Também tem ADN de outras culturas…
Sim e desde pequenino que sinto isso. Aliás acho que o meu gosto pela miscigenação e por outras culturas tem muito a haver com isso. O meu bisavô era norueguês e apaixonou-se por uma portuguesa. Não o conheci mas conheci a filha, a minha avó. Mas sempre senti que tenho aqui uma coisa diferente do português comum. Sou um português e sinto-me como tal mas acho que tenho uma costela de uma coisa que é nórdica.

Em que sentido?
Digamos que os nórdicos pensam mais à protestante e os portugueses à católico. O protestante é mais responsável pelos seus próprios actos e o católico tem sempre o perdão de Deus. Tenho um bocadinho dos dois.

20 Jun 2016

Inquérito | Mais de 60% das famílias ricas chinesas querem emigrar

São ricos e sonham emigrar para Portugal, Estados Unidos ou Canadá. As restrições à fuga de capitais contornam-se muitas vezes recorrendo ao mundo offshore

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma pesquisa recente do Banco da China revelou que 60% dos chineses com uma fortuna superior a 1,3 milhões de euros (quase 12 milhões de patacas) estão no processo de emigrar ou a considerar fazê-lo. Estados Unidos da América e Canadá são os destinos de eleição, mas desde o início da crise na zona euro vários países europeus criaram programas destinados a atrair esta imigração “dourada”. Portugal não é excepção. Os cidadãos chineses compõem 87% dos estrangeiros que investem no âmbito da Autorização de Residência para Investimento (ARI) – os chamados vistos ‘Gold’ – instituída em 2012.
“Querem levar os filhos para fora daqui”, explicou à Lusa o advogado português Tiago Mateus, que presta em Pequim serviços de consultoria para investidores chineses. “Acima de tudo, procuram países sem poluição e com mais liberdades”, disse. No caso de Portugal, são ainda atraídos pela “hospitalidade dos portugueses”, o “livre acesso ao Espaço Schengen” e a “segurança”.
O abrandamento económico, a actual volatilidade no mercado financeiro e a campanha anti-corrupção actualmente em curso no país estimularam ainda mais o desejo de adquirir activos além-fronteiras. “Sentem-se agora mais seguros com o dinheiro na Europa”, disse Mateus.
No último ano e meio, o país asiático registou uma fuga de capitais privados recorde, estimada pela agência de ‘rating’ Fitch em um bilião de dólares. Pequim limita a quantia que pode ser transferida além-fronteiras, anualmente, por pessoa, a 50.000 dólares, mas existem formas (legais ou não) de contornar as restrições.
Segundo vários empresários ouvidos pela Lusa, pedir a familiares ou amigos para transferirem parte do dinheiro será a via mais utilizada. Um outro esquema recorre ao sistema financeiro Hong Kong, mais aberto e desregulado do que o da China continental. Através da subfacturação de bens exportados a partir do território ou da subvalorização das importações, é possível obter dinheiro extra em moedas estrangeiras junto dos bancos chineses. O capital é depois depositado em contas “offshore” registadas localmente, e a partir daí movimentado para qualquer parte do mundo.
Junto segue, mais tarde, a família, na procura por uma qualidade de vida que, na China, nem o dinheiro pode comprar.

Problemas de Terceiro Mundo

Na China, o êxodo de famílias abastadas para o ocidente é um fenómeno em crescimento, expondo as contradições de um país onde, apesar do sucesso económico ímpar, persistem problemas ‘terceiro-mundistas’ e um Estado autoritário. Durante as últimas três décadas, a economia chinesa avançou, em média, quase 10% ao ano, tornando-se a segunda maior do mundo.
No entanto, a corrupção, níveis de poluição, e escândalos de saúde pública terão aumentado ainda mais. As principais cidades do país, repletas de arranha-céus e equipadas com modernas infra-estruturas, são regularmente cobertas por um espesso manto de poluição. Fragilidades internas, como a recente descoberta de uma rede de venda ilegal de vacinas, parecem também obscurecer a rápida ascensão internacional do país.
Em 2008, ano em que Pequim acolheu uma memorável edição dos Jogos Olímpicos, por exemplo, a adulteração de leite infantil com melanina por 22 marcas locais resultou na morte de seis bebés e em 300 mil intoxicações. Perante estes paradoxos, a estagnação económica que afecta o ocidente parecerá um mal menor para as classes abastadas do país.

20 Jun 2016

Hong Kong | Milhares saíram à rua e pedem clarificações

A população de Hong Kong saiu à rua na sexta-feira e no sábado em protesto pelo desaparecimento de cinco livreiros. Acusações ao Governo de CY Leung estiveram em destaque

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ong Kong viveu no sábado o segundo dia de protestos sobre o caso dos cinco livreiros desaparecidos no final do ano passado e que mais tarde reapareceram sob custódia das autoridades chinesas. Os deputados pró-democratas de Hong Kong acusaram o Governo de ser uma marioneta de Pequim e instaram as autoridades locais a responder às preocupações dos cidadãos da antiga colónia britânica, numa altura em que aumentam os receios quanto à alegada interferência de Pequim nos assuntos internos da cidade.
“Pensávamos que o Governo de Hong Kong podia proteger as pessoas de Hong Kong. Não pode”, disse o deputado pró-democracia Frederick Fung, citado pela agência Lusa. “Exijo que o Governo explique claramente o que fez para ajudar Lam ou os outros funcionários da livraria Causeway Bay nos últimos oito meses. Se eles não o fizerem, não são o nosso Governo”, acrescentou.
Na sexta-feira, o Secretário das Finanças de Hong Kong, John Tsang, que entretanto assumiu funções de chefe do executivo interino, escusou-se a dar uma resposta directa sobre a forma como o Governo vai proteger os direitos e a liberdade do livreiro Lam Wing-kee, segundo a imprensa local.
Membros do Partido Democrata escreveram uma carta aberta ao Presidente chinês, Xi Jinping, na qual afirmam que as autoridades do interior da China “violaram gravemente” o sistema semi-autónomo de Hong Kong e o princípio “Um país, dois sistemas”.
O caso dos livreiros desaparecidos voltou novamente à luz do dia esta semana, depois de Lam Wing-Kee – um dos cinco ‘desaparecidos’ – ter regressado a Hong Kong e de ter feito revelações surpreendentes sobre os oito meses em que esteve detido no interior da China. Os cinco livreiros trabalhavam na mesma editora de Hong Kong, conhecida por publicar livros sobre a vida privada de líderes chineses e intrigas políticas na cúpula do poder, os quais são proibidos no interior da China. Os cinco desapareceram entre Outubro e Dezembro do ano passado – três dos quais quando se encontravam no interior da China, e outros dois quando estavam em Hong Kong e na Tailândia.

Cerca de seis mil

Lam Wing-kee, que na quinta-feira revelou pormenores da sua detenção numa conferência de imprensa em Hong Kong (ver texto secundário) liderou a marcha participada por vários deputados pró-democratas, entre a zona comercial de Causeway Bay e o Gabinete de Ligação da China.
A organização da manifestação estimou em 6.000 o número de participantes, enquanto a polícia indicou um máximo de 1.800 pessoas no período de maior adesão ao protesto. Manifestantes acusaram Pequim de violar o princípio ‘Um país, dois sistemas” por alegada aplicação da legislação da China em Hong Kong e actividade de agentes de segurança chineses na antiga colónia britânica.
“A livraria está localizada em Hong Kong, um sítio onde a Liberdade de expressão e de publicação é protegida. E o país (a China) está a usar a violência para destruir isso, porque quer reprimir a liberdade dos residentes de Hong Kong gradualmente. Não deixem isso acabar aqui”, disse Lam Wing-kee no sábado, durante a manifestação, segundo o jornal South China Morning Post.

Confissão de livreiro terá sido preparada pelas autoridades chinesas

Lam Wing-Kee, de 61 anos, alega que foi detido depois de passar a fronteira e Hong Kong para a cidade chinesa de Shenzhen, à qual se deslocava para visitar a namorada. O livreiro diz que lhe foi comunicado que ele tinha cometido o crime de distribuição e envio de livros proibidos para a China. Depois de voltar esta semana a Hong Kong, Lam Wing-Kee deu na quinta-feira uma conferência de imprensa, revelando pormenores dos oito meses em que permaneceu detido sem acesso a advogado ou ao contacto com a família.
Afirmou ainda que a sua confissão de crimes, transmitida na televisão estatal, foi orquestrada pelas autoridades chinesas. Lam Wing-Kee disse que tinha sido autorizado a regressar a Hong Kong na terça-feira sob a condição de dois dias mais tarde atravessar novamente a fronteira para a China, com o disco rígido do computador com a lista de clientes da livraria. O livreiro diz que desobedeceu às ordens de Pequim, preferindo não entregar os registos dos clientes e falar abertamente do seu caso.

Palavras ditas

Pequim rejeitou as acusações de Lam, argumentando que o livreiro violou a legislação da China e que por isso tem o direito de prosseguir com o caso. Por sua vez, Lee Bo, o único livreiro que desapareceu a partir de Hong Kong, sem que haja registo de que atravessou a fronteira, mantém o que já tinha dito anteriormente à imprensa sobre o seu caso, afirmando que está simplesmente a ajudar a investigação das autoridades chinesas.
Novamente em Hong Kong, Lee Bo refutou as declarações de Lam, negando que tenha sido levado para o interior da China contra a sua vontade. O caso de Lee Bo gerou especial polémica por receios de que tivesse sido sequestrado por agentes chineses no território de Hong Kong, o que constituiria uma violação da declaração conjunta assinada com Pequim para a transferência da soberania, que protege o modo de vida de Hong Kong até 2047.

20 Jun 2016

ANM | Scott Chiang constituído suspeito de desobediência

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação Novo Macau (ANM) foi na manhã de ontem prestar declarações após ter sido convocado pela Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em causa está a alegação de que Scott Chiang não acatou ordens das autoridades em relação ao percurso da manifestação do passado dia 15 de Maio, num protesto em que era pedida a demissão do Chefe do Executivo devido à recente doação de cerca de 100 milhões de patacas da Fundação Macau à Universidade de Jinan, na China.
A PSP terá apresentado uma queixa-crime ao Ministério Público relativamente a incidentes durante a manifestação do passado 15 de Maio, em que argumenta que terá havido desobediência por parte dos activistas que organizaram o protesto. Foi aberto um inquérito que envolve o presidente da ANM e membros da mesma, todos por suspeita de crime de desobediência pública. Scott Chiang confirma ao HM ser considerado suspeito após o interrogatório e reafirma as declarações anteriores em que “estamos perante uma intimidação” visto não ter existido qualquer desrespeito à lei.
Para já o activista diz “não posso adiantar mais informações” sendo que “há que esperar para ver a continuidade do processo”.
 
 
 

17 Jun 2016

Função Pública | Recrutamento centralizado já a partir de Julho

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já a partir do dia 14 de Julho que entra em vigor o novo sistema de recrutamento centralizado na Função Pública. Segundo um comunicado ontem emitido pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), o novo modelo terá em consideração “a vontade do candidato e as necessidades dos serviços públicos interessados no recrutamento”. Os SAFP vão assumir “um papel predominante e orientado para o serviço interessado”, sendo que este novo modelo “tem em consideração os aspectos comuns às diversas carreiras e diferentes exigências”.
O novo modelo será posto em prática através de duas etapas. As competências integradas do candidato serão avaliadas em primeiro lugar pelos SAFP, tendo uma duração de três anos. Segue-se uma segunda avaliação das suas competências profissionais e funcionais por parte dos serviços públicos, aplicáveis às 14 carreiras gerais e 20 carreiras especiais na Função Pública. Os SAFP prevêem, já este ano, realizar “a avaliação das competências integradas para os grupos de pessoal técnico superior, técnico de apoio e operário”.

17 Jun 2016

Infiltrações | Pedida revisão da lei para simplificar casos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting defendeu que o Governo deve rever a actual legislação para facilitar os casos de infiltrações em edifícios. Segundo o jornal Ou Mun, as ideias foram defendidas no âmbito de um encontro realizado entre a Associação dos Conterrâneos de Kong Mun e a Associação para Diagnóstico de Edifícios de Macau. Zheng Anting lembrou que, desde a criação do Centro do Tratamento da Infiltração dos Prédios que vários casos foram resolvidos de forma eficaz, mas que há ainda proprietários que não permitem a entrada dos funcionários, o que não possibilita a resolução dos casos. A actual lei não permite que estes trabalhadores entrem nestes imóveis ou edifícios sem uma autorização. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) já referiu que está a rever o Código do Processo Penal em relação a esta matéria, mas não foi adiantado nenhum calendário para a conclusão desta iniciativa.

17 Jun 2016

Gás tóxico na Zona Norte incomoda moradores

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma máquina de mistura e queima de betume está a incomodar os moradores da Avenida General Castelo Branco, na Zona Norte. Apontam os residentes que a máquina em causa produz um gás irritante e liberta um fumo branco que se espalha entre ruas e residências.
Um responsável da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) pede ao Governo que retire a máquina e que a lei defina a proibição da instalação dos locais industriais perto de zonas residências.
Gou Yeung, responsável do Centro Lok Chon dos Kaigonf, da área, afirmou, em declarações ao Jornal Ou Mun, que as pessoas que ali trabalham, não ousam abrir as janelas. O responsável entende que a intenção inicial do Governo passava pela instalação da máquina num local longe das residências, mas com o tempo foram construídas escolas, creches e mais casas. Gou Yeung acredita que com a conclusão da habitação pública na Ilha Verde vai provocar um grande movimento dos residentes para esta zona, por isso é essencial que o Governo retire de lá a máquina. “O Governo precisa de tomar conta disto, a queima de betume causa poluição do ar e ameaça a saúde dos cidadãos,” frisou. 
Este não é o primeiro aviso ao Governo. Há dois anos o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garantiu que ia procurar um lugar melhor, mas até agora nada fez. “A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só emitiu uma orientação sobre a questão da emissão da gás produzida pela máquina de queima de betume, mas não se definiu a distância necessária para a área de residência,” referiu, adiantando que “espera que o Governo possa legislar para reforçar a fiscalização, assegurando que sítios industriais possam ficar afastados das áreas de residência”.

17 Jun 2016

Notários privados | Advogados contra propostas do Governo

O Governo quer, mas os advogados não concordam. A 2ª Comissão Permanente recebeu uma carta dos profissionais que apresenta uma postura contra as limitações ao concurso para notários. Kwan Tsui Hang quer mais explicações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o todo são 23, os advogados que assinaram uma carta, entregue à 2ª Comissão Permanente, presidida por Kwan Tsui Hang, que mostra uma posição contra as condições propostas para as alterações ao Estatuto dos Notários Privados.
Em causa está a alteração avançada pelo Governo de colocar uma barreira na candidatura ao cargo de notário a todos os advogados que tenham sido condenados com pena disciplinar acima da censura.
Há advogados que estão contra a alteração por entenderem que foram multados com frequência pela Associação dos Advogados. Kwan Tsui Hang explica, em declarações à Rádio Macau, que “quando se trata de uma pena de advertência ou de censura, as pessoas podem candidatar-se ao curso de formação de notários privados. Mas acima de censura, se for multa, já não podem. Segundo esta carta, há muitos casos de multa a advogados. Por isso, quando se impõe esse requisito, não é tão adequado”.
Os dados oficiais, avançados pelo Governo, dizem que em dez anos, entre 2006 e 2016, houve 17 casos de sanções disciplinares, envolvendo dez advogados, um deles, estagiário.

Mais esclarecimentos

Em reacção, a Comissão pediu mais informações, pedindo ao Governo para revelar a razão das sanções disciplinares, percebendo se foram justas ou não. “Sabemos que o exercício de funções de notário privado requer o cumprimento de certas regras de deontologia. Há advogados que nunca foram penalizados e outros que foram. Temos de ver porquê”, explicou Kwan Tsui Hang.
Actualmente existem 57 notários, sendo que o último concurso de formação de notários privados foi aberto há 13 anos. Tal como confirmou Kwan Tsui Hang no início desta semana, o Governo não sabe quantas vagas irá abrir, nem quando acontecerá o concurso. Além da ausência de sanções disciplinares graves, a proposta do Governo limita o exercício da profissão aos advogados com mais de cinco anos de experiência.

 

17 Jun 2016

Hong Kong | Sequestrador de herdeira milionária condenado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m membro de um grupo que sequestrou uma herdeira de um milionário em Hong Kong foi ontem condenado a 12 anos de prisão.
Queenie Rosita Law, de 29 anos, neta do falecido magnata dos têxteis Law Ting-pong, que fundou a cadeia de vestuário Bossini, foi levada de sua casa, na antiga colónia britânica, em Abril do ano passado.
A mulher foi mantida numa gruta numa montanha e os familiares pagaram um resgate de 28 milhões de dólares de Hong Kong para que fosse libertada.
Zheng Xingwang, de 30 anos, foi o único suspeito levado a tribunal em Hong Kong. Declarou-se culpado da acusação de levar/deter uma pessoa à força, com a intenção de procurar obter um resgate.
Outros oito homens foram levados à justiça no interior da China, onde também se declararam culpados, estando a aguardar o veredicto.
“O sequestro é um crime perverso e abominável”, afirmou o juiz Kevin Zervos, aquando da leitura da sentença.
Zheng Xingwang, que é natural do interior da China, facultou apoio logístico e material para o resgate, segundo foi dito em tribunal.
Queenie Rosita Law e o namorado estavam a dormir em casa quando um grupo de seis homens invadiu a propriedade, amarrou-os e colocou-lhes fita adesiva na boca, segundo a descrição ouvida em tribunal.
Apesar de os sequestros serem raros em Hong Kong foram registados vários casos envolvendo altas figuras, incluindo o filho do magnata Li Ka-shing, em 1996, que foi libertado depois de o seu pai ter alegadamente pagado um resgate de mil milhões de dólares de Hong Kong.

17 Jun 2016

Mulher e filho de ex-ministro condenados por corrupção

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] mulher e o filho do ex-chefe da Segurança da China Zhou Yongkang, condenado no ano passado à prisão perpétua por corrupção, foram punidos com nove e 18 anos na cadeia, respectivamente, pelo mesmo crime.
Zhou Bin, filho do mais alto líder chinês condenado por corrupção desde a fundação da China comunista, foi declarado culpado de aceitar subornos e realizar operações empresariais ilegais, segundo a agência oficial Xinhua, que cita um tribunal de Hubei.
Terá ainda de pagar uma multa fixada em 350,2 milhões de yuan.
A esposa de Zhou, Jia Ziaoye, de 46 anos, foi também multada em um milhão de yuan, por aceitar subornos, segundo o jornal oficial Global Times.
Zhou Yongkang, que entre 2002 e 2007 foi responsável pelo poderoso Ministério da Segurança Pública, incluindo polícia, tribunais e polícia secreta, foi condenado no ano passado.
No início deste ano, Li Dongsheng, um antigo vice-ministro da Segurança e aliado de Zhou, foi punido com 15 anos de prisão por aceitar subornos.
Li foi apresentador da televisão estatal CCTV durante muitos anos, tendo assumido directamente uma posição importante no ministério, apesar de não ter experiência em questões de segurança.
Também a esposa de Zhou Yongkang trabalhou para a CCTV.

17 Jun 2016

Dívida da China é mais do dobro do PIB

A semana passada o FMI tinha alertado para o perigo da dívida chinesa. Esta semana é um próprio economista do Governo que veio a público confirmar os receios. O sector estatal é o que mais contribui para o caos. A culpa é do facilitismo dado ao crédito para promover crescimento

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] montante total de empréstimos na China atingiu mais do dobro do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015, afirmou ontem um economista do governo, considerando que o crédito disponibilizado pelo Estado ao sector corporativo pode revelar-se “fatal”.
A dívida da China tem explodido à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico.
Enquanto o estímulo é visto como positivo para melhorar os números de crescimento a curto prazo, muitos analistas apontam para a insustentabilidade deste modelo.
No final do ano passado, o endividamento do “gigante” asiático atingiu os 168,48 biliões de yuan, o equivalente a 249% do PIB, segundo Li Yang, investigador da Academia de Ciências Sociais da China.
Fontes ocidentais estimam um valor superior.
Em meados de 2014, a consultora McKinsey Group afirmou que, no conjunto, o endividamento da China atingiu os 28 biliões de dólares.

O buraco das estatais

Segundo Li, o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais.
“Muitas das companhias em questão são empresas estatais que contraíram grandes empréstimos em bancos públicos, podendo implicar riscos sistémicos para a economia”, acrescentou.
“O mais grave na [dívida] corporativa não financeira da China é que, se houver problemas com esta, o sistema financeiro chinês sentirá problemas imediatamente”, realçou Li.
O problema afectará também os cofres do Estado, porque os bancos chineses estão “estreitamente vinculados ao governo”.
“É uma questão fatal para a China. Devido a esta ligação, é provavelmente mais urgente para a China do que para outros países resolver a questão da dívida”, afirmou.

FMI já tinha avisado

17 Jun 2016

FRC | Um mês de filmes na Casa Garden

O III Ciclo de Cinema dedicado aos assuntos da lei avança para mais um mês em que o advogado é estrela. São seis os filmes que fazem parte do cartaz que vai encher o ecrã da casa Garden de 21 de Junho a 21 de Julho

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a sétima arte tudo é possível. Da fantasia ao espelho da realidade, o grande ecrã a todos acolhe. O exercício de determinadas profissões não é excepção e a Fundação Rui Cunha, não alheia ao facto, pôs mãos à obra em mais um ciclo de cinema. Quem assume a rédea é o CRED-DM – Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau que numa parceria com a Fundação Oriente (FO) apresenta um mês de mão cheia de filmes em que a realidade do exercício legal está em destaque.
Nesta edição, a programação ficou a cabo de Francisco Gaivão. Ao HM o advogado diz que escolheu essencialmente filmes de que gosta e que são “mais centrados na perspectiva do advogado dentro da teia do filme”. Por outro lado também é “limitado aos que conheço melhor e que são os americanos, entre clássicos e contemporâneos”. As películas escolhidas para preencher este mês tocam questões delicadas e éticas que segundo Francisco Gaivão são aspectos fundamentais “principalmente quando se trata de advocacia criminal” sendo que da selecção constam produções que se passam essencialmente em casos de julgamento em que “algumas são situações reais”. É também no exercício da advocacia criminal que o profissional se vê mais envolvido em questões e dilemas éticos em que “tem mesmo que por de lado as suas convicções pessoais para que possa cumprir a sua função legal”.

À conversa

Cada sessão é seguida de dois dedos de conversa entre o público onde “se fala um bocadinho sobre o filme e se discute algumas das coisas mais interessantes do que se esteva a assistir”.
O mote escolhido para o ciclo foi inspirado na frase de Voltaire ” Eu queria ser advogado, é o mais belo estado do mundo” tendo em conta que o programador partilha da mesma opinião corroborando com “uma das mais nobres profissões de toda e qualquer sociedade.”
As sessões têm lugar às 19h30, antecedido de um cocktail a partir das 19h00 e contam com entrada livre.

21 de Junho

A Few Good Men, 1992, de Rob Reiner. Após um soldado morrer acidentalmente numa base militar, depois de ter sido atacado por dois colegas da corporação, surge a forte suspeita de ter existido um “alerta vermelho”, uma espécie de punição extra-oficial na qual um oficial ordena a subordinados seus que castiguem um soldado que não tenha se comportado correctamente. Quando o caso chega aos tribunais, um jovem advogado (Tom Cruise) resolve não fazer nenhum tipo de acordo e tentar descobrir a verdade.

           

28 de Junho – Philadelphia, 1993, de Ron Nyswaner

Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que é portador de HIV, Andrew é despedido. Decide assim contratar os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico. Durante o julgamento, é este advogado que é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos.

           

5 de Julho – Erin Brockovich, 2000, de Steven Soderbergh

Erin (Julia Roberts) é a mãe de três filhos que trabalha num pequeno escritório de advocacia. Quando descobre que a água de uma cidade no deserto está a ser contaminada e a espalhar doenças entre os seus habitantes, começa a investigar a situação. Com astúcia consegue convencer os habitantes da cidade a cooperarem com ela, fazendo com que tenha em mãos um processo de 333 milhões de dólares.

           

12 de Julho – A Time to kill, 1996, de Joel Schumacher

Em Canton, no Mississipi, dois brancos espancam e estupram uma menina negra de dez anos. São presos mas quando são levados ao tribunal para o devido julgamento, o pai da menina (Samuel L. Jackson) decide fazer justiça com as próprias mãos e mata os dois criminosas em frente a diversas testemunhas e fere seriamente um polícia. É este pai que vai a tribunal por assassinato numa sociedade ainda dividida do sul dos Estados Unidos.

            

19 de Julho – Reversal of Fortune, 1990, de Barbet Schroeder

Em Dezembro de 1979, Sunny von Bülow (Glen Close), herdeira de 14 milhões de dólares, entra em coma irreversível. O seu marido, Claus von Bülow (Jeremy Irons), é acusado de ser o responsável por ter utilizados doses altas de insulina e contrata o professor de Direito Alan Dershowitz (Ron Silver) para provar a sua inocência. Baseado em factos reais, o filme recupera um dos julgamentos mais famosos da década de 1980.

            

21 de Julho – My cousin Vinny, 1992, de Jonathan Lynn

Quando Bill Gambini (Ralph Macchio) e um amigo são acusados de assassinato decidem chamar Vincent La Guardia Gambino (Joe Pesci), um primo de Bill que é advogado, para os defender. Quando Vinny chega sabe-se que acabou de se licenciar e que nunca passou por nenhum processo.
           

17 Jun 2016

Workshop aberto de pintura

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cha que tem jeito para a pintura? Gostava de participar na produção colectiva de um quadro? Então é assim: amanhã, sábado, pelas 15H, o artista plástico Alexandre Baptista, que esta semana estreou a sua exposição “Desenhar é Dar o Coração” no albergue da Santa Casa da Misericórdia, vai coordenar no mesmo local um workshop para a produção de um quadro numa tela com 3Mx1.5M. A pintura será efectuada com tintas acrílicas para a coisa não ficar tão difícil. Para já, sabe-se que participarão na obra Carlos Marreiros, Pakeong Sequeira, Wilson Lam, Erik Fok, Jason U, Alexandre Marreiros e, provavelmente, você que acabou de ler esta notícia. A sessão dura até às 19 horas.

17 Jun 2016

Benfica de Macau no sorteio da AFC Cup

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]ricampeão da Liga Elite, o Benfica vai representar a RAEM pela segunda vez consecutiva na AFC Cup. O sorteio para o Playoff de qualificação acontece hoje numa cerimónia a ter lugar na sede da Confederação Asiática de Futebol, em Kuala Lumpur, na Malásia. O Playoff decorrerá de 21 e 27 de Agosto e vai ser disputada em três grupos de três equipas, sendo os anfitriões o Dordoi (Quirguistão), o FC Tertons (Butão) e o Erchim (Mongólia). Nesta edição da AFC CUP participam ainda os clubes campeões do Nepal, Bangladesh, Taiwan, Cambodja e Guam. O Benfica de Macau estará representado no sorteio pelo seu dirigente Duarte Alves que, em declarações à imprensa, disse que “será um passo importante não só para elevarmos o nível do futebol local como também para encará-lo de um modo mais sério”. De acordo ainda com o mesmo dirigente, a oportunidade será ainda aproveitada para “dar a conhecer aos dirigentes da AFC a realidade do futebol da RAEM, e a vontade que os nossos clubes têm de elevar o nível do desporto e as suas condições desde a formação ao nível sénior”.

17 Jun 2016

Arraial | Venha mais um balão com o S. João

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] festa já conta com 10 anos de existência e S. Lázaro recebe mais uma vez o arraial de S. João a 25 e 26 de Junho para comemorar não só o dia do santo que já foi padroeiro de Macau como ainda para fazer referência histórica à mesma data que celebrava a derrota da frota Holandesa que no Séc XVII tentou a sua sorte em invadir a actual RAEM.
Apesar do feriado já ser coisa doutros tempos o arraial de S. João está mais vivo que nunca, disseram ontem Amélia António e Miguel Senna Fernandes em conferência de imprensa.
Este ano a festa vai contar com 35 tendas , sensivelmente mais dez do que no ano passado e é alargada a outras ruas do bairro de S. Lázaro. O palco da igreja, muito cobiçado pela organização é ainda incerto e aguarda-se autorização da diocese.
Miguel de Senna Fernandes diz que “era muito bom, a festa pode ganhar outra dimensão se conseguirmos esse espaço pretendido”
Na música, a festa conta com João Melo a par de uma lista de convidados em que a exigência, nesta edição, foi a conformidade da música com a ambiente de arraial.
Apesar dos cada vez mais adeptos do arraial, Miguel de Senna Fernandes adianta que “um dos sonhos ainda não está realizado” referindo-se ao gosto que sentiria de ver maior adesão da comunidade chinesa. Salienta, no entanto, a conquista evidente que a festa tem tido junto da comunidade. Relembra que “Há dez anos atrás quisemos revitalizar esta tradição, havia muita resistência nessa altura. Julgo que dez anos depois deu para as pessoas entenderem e pusemos esta festa no calendário de festas de Macau”.
Este ano a novidade vai ainda para a estreia do pedido por parte da Direcção dos Serviços de Tráfego que pede à organização uma compensação pelos parquímetros das áreas da festa que estarão sem utilização.
A festa tem lugar sábado e domingo das duas da tarde às onze da noite.

 
 
 
 

17 Jun 2016

Novo Macau | Scott Chiang chamado a prestar declarações na PSP

O presidente da Associação Novo Macau, Scott Chiang, foi convocado para prestar declarações na Polícia de Segurança Pública, alegadamente devido às manifestações promovidas a 15 de Maio que exigiam a demissão do Chefe do Executivo, na sequência da polémica da doação da FM à Universidade de Jinan

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]cott Chiang foi ontem chamado para prestar declarações às autoridades. O activista pró-democracia afirma ao HM desconhecer os motivos da polícia para a sua convocatória.
Segundo a Rádio Macau, um porta voz do corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) avançou que o presidente da Novo Macau é acusado de não cumprir a lei que regula as manifestações com a agravação de desobediência à polícia.
O processo estará relacionado com as manifestações de 15 de Maio contra o Chefe do Executivo, organizadas pela Associação a que o activista pela democracia preside, sendo que a PSP continua com as averiguações depois do Ministério Público ter avançado com um processo contra Scott Chiang. O activista revelou ao HM que foram vários os membros da Associação Novo Macau (ANM) convocados pelas autoridades sendo que as mesmas não terão adiantado detalhes. No entanto, Scott Chiang já suspeitava que estaria a ser preparada uma acusação contra si adiantando que “vários membros da ANM foram chamados pela PSP para falar acerca de um caso em determinada data que coincide com a manifestação de 15 de Maio” .
Para o líder da Associação o que está a acontecer é que se “está a fabricar um caso contra aqueles que saíram à rua contra a doação” referindo-se ao recente financiamento por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan de 100 milhões de patacas.
Os números facultados pela Novo Macau revelam que a manifestação agora em causa juntou mais de 3000 pessoas que pediram a demissão de Chui Sai On. Scott Chiang considera ainda evidente que o acto da PSP em convocar membros da Associação visa perseguir quem se opõe a esta doação bem como manifesta uma forma de repressão política de intimidação. “É desanimador ver que a administração não deu qualquer resposta à nossa exigência de reformas e de recuperação da doação, muito menos sobre a demissão” adianta, enquanto que “por outro lado estão a tentar criar um caso contra os denunciantes” afirma o visado.
Scott Chiang considera ainda que “a resposta natural da administração não é focar-se no problema mas perseguir aqueles que o denunciam”. As declarações foram agendadas para esta manhã e só depois das mesmas é que se saberá ao certo a acusação de que é alvo.

Dos recursos públicos

As declarações de Scott Chiang coincidiram com a conferência de imprensa convocada pela Novo Macau para o anúncio de uma consulta pública sobre reformas na Fundação Macau (FM).
Segundo a Rádio Macau, o objectivo é que a atribuição de subsídios seja mais transparente.
“ A estagnação da economia torna o uso apropriado de recursos públicos uma prioridade”, defende o colectivo que lançou ontem e até 30 de Julho uma consulta pública. A intenção é receber sugestões acerca de reformas ao mesmo tempo que pede propostas quanto ao método de votação. O presidente da Novo Macau fala em interesse público: “não deve haver um monopólio de opinião e por isso levamos esta matéria à sociedade em geral” considerando que “o processo de deliberação é tanto ou mais importante que a decisão pública final”. A referida consulta é ainda para perceber se vale a pena “tentar manter os requisitos e a restrições do referendo de 2014 ou se o tornamos mais aberto ao público para que mais pessoas possam participar”, acrescenta.
Em causa está o saber se deverá haver o mesmo grau de integridade utilizado no referendo de 2014 sobre as eleições para o Chefe do Executivo na altura em que se pedia o número dos bilhetes de identidade dos eleitores. A mostra de identidade esteve na origem da constituição como arguidos de alguns membros da organização da votação por violação da lei de protecção de dados.
“Cabe ao público decidir se desta vez as regras poderão ser diferentes bem como diferentes também devem ser as regras da atribuição de subsídios da Fundação Macau” sendo que “as propostas para receber subsídios deviam ser publicas para que a população decida se é, ou não, justo que determinada organização receba, ou não, dinheiro”, remata o activista. Para além da atribuição de dinheiros públicos, Scott Chiang considera ainda que é importante acompanhar a sua aplicação e os relatórios de actividades, sendo que os mesmos devem ser tornados igualmente públicos.

16 Jun 2016

Ponderada abertura de mais cartórios notariais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) emitiu um comunicado onde afirma que “irá ponderar a criação de mais cartórios notariais”, tendo em conta a “distribuição populacional das diferentes zonas de Macau e a necessidade dos serviços”. A DSAJ explica ainda que a mudança do 1º Cartório Notarial, actualmente a funcionar no rés-do-chão do edifício da Santa Casa da Misericórdia (SCM), se deve não só a uma melhor gestão dos recursos financeiros, como ao facto da zona norte não possuir ainda um cartório notarial, sendo uma zona com “uma densidade populacional bastante elevada”. O Governo paga uma renda de 1,2 milhões de patacas à SCM, cujo contrato termina em Dezembro deste ano. António José de Freitas, provedor da SCM, já se mostrou descontente com esta decisão.

16 Jun 2016

Saúde | Mais dadores de sangue em 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Centro de Transfusões de Sangue registou mais dadores o ano passado face a 2014. Segundo um comunicado oficial dos Serviços de Saúde (SS), o número de dadores actual é de 2,44% do número de dadores aptos para dar sangue, o que representa um aumento de 0,2% de dadores. Em 2015 foram registados mais de 12.700 cidadãos como dadores, sendo que o centro recebeu mais de 13 mil unidades de sangue.
O Centro de Transfusões pretende arrancar com uma série de iniciativas de promoção à doação de sangue junto dos estudantes universitários e dos “novos imigrantes”. Para isso a viatura de doação de sangue passará a estar estacionada “em diversos pólos universitários e de ensino superior, que manifestaram a sua total disponibilidade para colaborar nestas iniciativas”. A partir de Julho, locais “onde existe uma maior concentração de novos imigrantes” vão também receber a carrinha, que tem estado estacionada a título experimental na zona da Praia Grande, junto ao complexo comercial New Yahoan. Neste local a carrinha vai continuar a estar estacionada em todas as terças-feiras da primeira semana de cada mês, entre as 13h00 e as 18h00. À mesma hora e no mesmo período estará estacionada em frente do Centro de Saúde de Fai Chi Kei. Já no Jardim da Cidade de Flores, na Taipa, a viatura de recolha de sangue estará parada todas as terças-feiras da segunda e quarta semana do mês, no mesmo horário.

16 Jun 2016

Ilha da Montanha | Pais criticam localização de nova creche

Uma boa notícia que parece não agradar todos. Pais acreditam que a nova creche, na Ilha da Montanha, beneficiará apenas quem por lá trabalha. Obras das mães desvaloriza e acredita ser o local indicado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns residentes de Macau não apoiam a criação de uma nova creche na Universidade de Macau, na Ilha da Montanha. A notícia foi avançada no início desta semana, pelo Governo, que indicou ser a Obra das Mães a explorar o espaço que poderá acolher até 200 crianças.
Em reacções, alguns pais, em declarações à MASTV, defenderam que este novo espaço vai beneficiar apenas os trabalhadores da Universidade de Macau e pessoas que ali morem. É que, frisam, a distância é grande e com o trânsito que se faz sentir em Macau não permite um acesso fácil e rápido à Ilha da Montanha.
“O sítio é muito longe, não será com certeza uma opção para nós. Acho que muitos pais que vivem deste lado vão concordar que aquele não vai ser um bom sítio. É muito mais conveniente novos espaços aqui em que temos só de caminhar, nem sequer precisamos de usar transportes”, explicou um dos encarregados de educação ao canal televisivo.
Os progenitores acreditam ainda que esta creche nasce para facilitar as acessibilidades e serviços da própria Ilha da Montanha, e os funcionários da Universidade de Macau.

Do outro lado

Van Iat Kio, presidente da Obra das Mães, mostra-se contra essa teoria, admitindo as vantagens. “Claro que a creche vem facilitar a vida dos funcionários, professores e estudantes, mas é muito perto da Taipa, pode facilitar também os residentes de lá”, apontou, indicando que existem “vários estacionamentos” e que os problemas de trânsito não se fazem notar naquela zona. “Não é somente um serviço para quem mora na Ilha da Montanha”, remata.

Outras vozes

Para a responsável da Creche D. Ana Sofia Monjardino dos Kaifon, este não será um espaço de sucesso. “Não é fácil ir buscar as crianças, por isso os pais não vão optar por esta creche”, apontou.
Apesar de muitas creches terem aumentado as suas vagas para crianças ainda há necessidade de mais. A responsável acredita que com a construção de habitação pública, o Governo deve aproveitar para abrir mais creches. Ideia também já defendida pelo próprio Executivo, pela boca de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
A taxa de natalidade, em Macau, está cada vez mais alta. Para resolver a falta de vagas nas creches, o Instituo de Acção Social (IAS), pretende aumentar o número para 10 mil, sendo que actualmente existem 20 mil crianças com idade para entrar na creche, mas só 8400 serão seleccionadas através de sorteio. O IAS revelou que até ao próximo ano, cinco novas creches vão abrir portas.

Angela Ka
16 Jun 2016

Único museu do país dedicado à Revolução Cultural silenciado

Em 2005, Pen Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, ao saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterrados na zona, construiu o museu. Ao reformar-se entregou a gestão ao governo. Agora foi tapado por cartazes de propaganda comunista e, no local, polícias à paisana disfarçados de turistas, impedem a imprensa de fotografar e filmar e interrogam os jornalistas que se aproximam

[dropcap style=’circle’]S[/droopcap]ituado numa montanha nos arredores da cidade de Shantou está o único museu da China que presta homenagem às vítimas da Revolução Cultural (1966-1976), um local que neste ano, quando o início do movimento completa 50 anos, foi silenciado e passou a correr perigo.
Não é tarefa simples chegar ao museu. Os guias de viagens poucas informações dão e não há placas indicativas ao longo da estrada que leva ao Tashan Park, um parque natural de espessa vegetação onde está o memorial. Para passar despercebido, o museu tem aspecto de templo tradicional, embora nem muros ou lápides mostrem imagens budistas, mas sim os nomes de mais de 300 pessoas acusadas de serem “contra-revolucionários” durante os anos 60 e 70.
Logo na está uma estátua e um retrato, respectivamente, de Yu Xiqu, um prestigiado juiz local que sofreu, como outros aí mencionados, graves abusos por parte dos guardas vermelhos.
A 16 de Maio deste ano foi comemorado, com quase total silêncio da imprensa oficial e das instituições, o 50º aniversário do início daquele período turbulento e, desde então, todo o museu foi tapado por cartazes de propaganda comunista.
Na entrada, sobre o cartaz que indica que ali fica o museu é possível ler outro que diz “Acto de promoção dos valores nucleares do socialismo”. Alusões ao “Sonho Chinês”, o mantra ideológico do actual presidente Xi Jinping, repetem-se nas paredes forradas de cartazes, decoradas com foices e martelos e imagens da porta da Praça da Paz Celestial.
Não é fácil observar outros detalhes, já que polícias à paisana, que se fazem passar por turistas, tentam impedir a imprensa de fotografar e filmar o lugar, e interrogam os jornalistas que se aproximam.

Existir é milagre

O museu foi construído em 2005 e é quase um milagre continuar de pé mais de dez anos depois, tendo em conta que, embora o governo chinês reconheça oficialmente, após a morte de Mao Tsé-tung, que a Revolução Cultural foi um erro, evite relembrá-lo publicamente e, menos ainda, citar as vítimas concretas. Neste caso, foi um líder comunista local que decidiu criar o museu. Peng Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, construiu o espaço e foi o que, possivelmente, salvou a estrutura de ser demolida.
Contou Peng que decidiu criar um lugar para homenagear um assunto tão delicado na China, após ficar a saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterradas na Montanha Pagoda.
Nos primeiros anos de funcionamento, o museu chegou a atrair uma certa atenção dos média, e até recebeu doações milionárias para a sua manutenção. Todavia, em 2014, pouco antes de se aposentar, Peng cedeu a gestão ao governo, o que fez com que este caísse no esquecimento e que, nas últimas semanas, viesse a ser presa da censura.

É melhor esquecer

Shantou, um dos principais portos do sul da China, está a mais de dois mil quilómetros de Pequim, o epicentro da Revolução Cultural, mas a distância não a livrou, como ao resto do país, dos excessos da época, na qual milhões de pessoas foram indiscriminadamente perseguidas. Embora a Revolução Cultural seja tema de livros e filmes na China – o facto de que quase toda a população do país naquela época tenha sofrido dificulta a censura total – o Museu de Shantou é o único dedicado integralmente a este período.
Existe pelo menos outro museu no país que menciona o período de terror dos guardas vermelhos, o de Jianchuan (centro do país), mas não está dedicado de forma exclusiva a esta matéria, e dá uma imagem neutra ao facto histórico, sem mencionar as vítimas.
Apesar do silêncio no aniversário de 16 de Maio, o jornal oficial do Partido Comunista, “Diário do Povo”, que possui uma versão online em português, publicou no dia seguinte um editorial admitindo que a Revolução Cultural foi “um caos interno que trouxe enormes catástrofes” e aventurou-se mesmo a dizer que nunca se repetirá.

16 Jun 2016

Navio militar chinês entrou em águas territoriais japonesas

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m navio militar chinês entrou ontem em águas territoriais do Japão, no sudoeste do país, uma semana depois da aproximação de uma fragata da China às ilhas Diaoyu, disputadas pelos dois países.
O navio entrou em águas territoriais japonesas pelas 03:30 de ontem perto da ilha de Kuchinoerabu, localizada a cerca de 70 quilómetros de Kyushu (sudoeste do Japão), disseram fontes do Ministério da Defesa de Tóquio à rádio e televisão pública japonesa NHK.
O navio militar chinês, que foi detectado por aviões P-3 das Forças de Autodefesa (exército) do Japão, estava a navegar em direcção sudeste e deixou as águas japonesas pelas 05.00, de acordo com as mesmas fontes.
Um porta-voz do Executivo japonês confirmou este incidente incomum, sublinhando que Tóquio solicitou uma explicação a Pequim, depois de na semana passada ter apresentado um protesto formal pela aproximação de um navio da marinha chinesa a águas japonesas junto às ilhas Diaoyu administradas de facto por Tóquio.
Navios da guarda costeira chinesa navegaram no passado com frequência pela zona, mas esta foi a primeira vez que uma incursão envolveu um barco militar.

A adensar desde 2012

O Ministério da Defesa japonês também informou na semana passada que foi detectada a presença de três navios militares russos numa área contígua às Diaoyu precisamente no momento em que o barco chinês navegava na zona.
A disputa territorial entre a China e o Japão em torno das Diaoyu tem décadas, mas agravou-se em Setembro de 2012, depois de Tóquio ter anunciado a compra de três dos cinco ilhotes do pequeno arquipélago, de apenas sete quilómetros quadrados, administrado, de facto, pelo Governo japonês.
O arquipélago desabitado, mas potencialmente rico em recursos minerais, fica no Mar da China Oriental, a cerca de 120 milhas náuticas de Taiwan, que também reclama a sua soberania, e a 200 milhas náuticas de Okinawa, no extremo sul do Japão.

16 Jun 2016

Que estamos nós a fazer, tão longe de casa? | Ela

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] pôr do sol perdeu o seu brilho púrpura e tornou-se, de um azul escuro. Um azul frio. Um azul que se obscurece. Que surge de dentro de um cinza pálido e que se deixa desaparecer sem cor. Um pôr do sol que nunca mais foi primaveril. Desde que te foste embora que este pôr do sol existe, assim, sem vida, e, por isso, não existe mais primavera, e, por isso, só existe inverno. O sol aparece, mas aparece sempre desaparecendo. E desaparece, e desaparece. Como uma ilusão qualquer de um ilusionista sem talento. Aparece mas não o vemos. Sabemos que ele lá está e quando estamos quase a acreditar desaparece. Desaparece, sem nos darmos conta, em tons de azul escuro. Uma ilusão de maus fígados, destinada a maltratar a esperança. O sol que se foi onde não havia laranja. Não havia mais laranja. Nem amarelo. Nem havia mais qualquer cor de rosa na névoa fina. O sol frio, e como o sol tu, tu que desapareceste. E eu que começo a sentir frio. E eu que desço para o jardim e permaneço à volta de mim, à volta de nós. E eu que volto a esta janela, a esta cama, a estes amontoados de roupa por lavar onde consigo ainda sentir o teu cheiro. E eu que desapareço, assim, como o sol, como uma ilusão sem talento de um ilusionista de rua. Aqui onde desapareço é o lugar onde me vou encontrar. Aqui onde desapareço é o lugar por onde me vou embora. E vou conseguir. Vou conseguir atravessar aquela ponte faça sol ou chuva.
E o porteiro irá dizer aos novos inquilinos que eu era uma mulher jovem. E irá confundir-me com a vizinha do 10º andar que tem o mesmo corte de cabelo. E irá dizer que me chamo “Sushi” porque não confia em japoneses. Porque ela, embora não seja japonesa, tem uma tatuagem de um “koi Fish” nas costas em estilo japonês. E ele imediatamente a colocou nessa gaveta. Não confiar nos japoneses é vulgar na China. Dores históricas e políticas que pouco têm a ver com as pessoas dos dias de hoje mas que mantêm a sua influência nas relações dos dois países. Não confia neles porque o pai teve que fugir de Cantão durante a invasão e nunca mais viu a mulher que deixou para trás. Repetia vezes sem conta que quando o pai voltou para a buscar ela tinha desaparecido. Uma vez chorou em modo de confissão culpabilizando-se que ela tinha desaparecido por causa dele. Porque quando ele chegou a Macau uma semana depois do pai, ainda bebé de meses, no meio de um transporte de galinhas, ela teria ficado para trás por não haver lugar para ela. E que quando o pai conseguiu voltar a Cantão nunca mais a encontrou. E que, como se isso não bastasse, o pai foi morto quando ele tinha 6 anos por causa de um erro cometido num serviço, no qual, o ‘patrão’ o deixou ser emboscado pela seita adversária. Ninguém nunca saberá a verdade do que aconteceu à mãe daquele septuagenário. E muito pouca gente saberá realmente o que aconteceu ao pai. Disse ainda nessa vez que o pai foi-lhe entregue numa urna na qual sentiu o cheiro a sangue nas cinzas. Irá confundir-me com ela de todas as vezes e no final irá sempre lembrar-se da vez que viemos de férias da Europa e eu lhe ofereci um pacote de queijadas de Sintra. Irá lembrar-se disso porque as memórias, boas ou más, nunca desaparecem.

Sempre pensei nela como a heroína de um romance policial. Uma rapariga solteira capaz de atrair jovens empresários e que após uma sucessão de más decisões se vê acusada do assassinato de um político. Não sei se porque sempre que olho para ela nunca traço um retrato realista e me deixo inebriar por entre imagens e sentimentos ficcionais ou se porque por vezes penso em como seria bom poder ter uma aparência perfeita e afinal ser mesmo como ela. Ser mesmo como ela por eu querer ser a heroína de um romance. Ter realmente importância. E não este lento desaparecer nesta ténue insipidez do tédio. Neste pôr de sol que perdeu o seu brilho. Outras vezes penso nela daqui a vinte anos. Penso nela casada e feliz e sem mágoas. E sem lágrimas derramadas em paixões juvenis. E sem lágrimas derramadas em amores perfeitos. Ter esperança é o que me tem ajudado a passar por momentos difíceis. Mas essa desaparece como desaparece o sol. O sol que aparece desaparecendo.

Ela é assustadoramente bonita. Ao pé dela eu sou assustadoramente vulgar. Quis sempre acreditar que essas diferenças escapassem ao porteiro por causa da sua idade. Que com a idade dele não se consiga apreciar os cânones de beleza dos dias de hoje. Lembro-me de quando a vi pela primeira vez. Os meus olhos fixos e ela indiferente. Como se estivesse habituada a ter pessoas a olhar para ela com os olhos fixos. A pergunta “Quem é ela?” repetiu-se na minha cabeça em eco infinito, com ressonância intensa, percorrendo de um lado ao outro todos os compartimentos da memória numa tentativa louca de encontrar uma resposta. Ela fez o seu melhor para parecer indiferente mas a sua intuição feminina deve lhe ter dito que eu já estava à mais de 10 minutos de olhos abertos na sua direcção. A empregada do café surpreendeu-me ao perguntar-me se desejava alguma coisa mais. Nesse momento, em que o feitiço foi quebrado por momentos, os papéis inverteram-se e quando voltei a olhar para ela dei com os seus olhos como setas a fazer uma avaliação de mim de alto a baixo.

José Drummond
16 Jun 2016

Direitos humanos | Pequim diz ter feito “progressos extraordinários”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China alcançou “progressos extraordinários” na implementação do seu segundo plano para os direitos humanos, incluindo avanços na liberdade religiosa e protecção social em regiões afectadas por “extremistas religiosos e separatistas”, considerou ontem Governo chinês.
Quase todos os trabalhadores religiosos na China são abrangidos pelo sistema de segurança social, com 96,5% a beneficiar de seguro de saúde e 89,6% a descontar para o sistema de pensões, aponta um relatório difundido pelo Departamento de Informação do Conselho de Estado chinês sobre a evolução dos direitos humanos no país entre 2012 e 2015.
“A liberdade de crença religiosa está completamente garantida e os direitos e interesses das minorias étnicas foram efectivamente protegidas na China”, proclama o documento.
Ao contrário dos governos e opinião pública dos países mais ricos, que enfatizam a importância da liberdade e direitos políticos individuais, Pequim defende “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”.
O mesmo relatório detalha que, entre 2011 e 2015, o Estado chinês gastou 200 milhões de yuan na renovação e ampliação de instalações religiosas no Tibete, uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo.

Pobreza e conflitos

Em Xinjiang, região do noroeste da China palco de frequentes conflitos étnicos entre chineses da minoria étnica muçulmana Uigur e a maioria Han, 70% dos gastos públicos foram destinados às áreas da educação, emprego, segurança social e ambiente, destaca.
O documento revela ainda que, nos últimos três anos, o número de habitantes das zonas rurais que viviam abaixo da linha de pobreza – menos de 2.300 yuan por ano – diminuiu 43,1 milhões, para 55,8 milhões, o que corresponde a 4% da população.
A questão dos direitos humanos continua a ser uma fonte de tensão entre a China e os governos dos países mais desenvolvidos, sobretudo na Europa e América do Norte.
Segundo um relatório recente da organização de defesa dos direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD), o número de presos políticos no país quase triplicou desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013.

16 Jun 2016

Maioria apoia fim de aves de capoeira vivas

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]erca de 57% dos inquiridos mostra-se a favor da substituição do abastecimento de aves de capoeira vivas por aves de capoeira refrigeradas. Este é um dos resultados do relatório da consulta pública sobre o assunto ontem divulgado, sendo que 42% estão “expressamente contra” o fim das aves vivas nos mercados. Segundo um comunicado, 26% dos inquiridos considera que a medida deve ser implementada nos próximos dois anos, enquanto que 33% se mostrou indiferente quanto à altura de implementação.
“Considerando outras condições adicionais, como a saúde pública a longo prazo, a percentagem dos cidadãos que estão contra esta medida desce de 42% para 39%”, aponta o comunicado. Cerca de 80% dos entrevistados mostrou-se indiferente quanto ao tipo de carne utilizada nos restaurantes, porque “os cidadãos já se habituaram a consumir aves refrigeradas ou congeladas nos estabelecimentos de comidas”.
O inquérito foi realizado com o apoio do Instituto Politécnico de Macau (IPM), tendo sido inquiridos 1026 pessoas e 187 responsáveis por restaurantes. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) promete “continuar a manter a comunicação com o sector para conhecer as suas dificuldades e necessidades, no sentido de tomar as medidas mais adequadas quando dos trabalhos preparatórios da implementação da referida medida”.

16 Jun 2016