Mário Centeno eleito presidente do Eurogrupo

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ário Centeno foi eleito presidente do Eurogrupo, esta segunda-feira, em Bruxelas. O ministro das Finanças português foi eleito à segunda volta porque à primeira não conseguiu alcançar os 10 votos necessários (em 19 possíveis). A segunda volta da eleição para presidente do Eurogrupo disputou-se entre Mário Centeno e o luxemburguês Pierre Gramegna, após o eslovaco Peter Kazimir também ter abdicado, tal como a candidata da Letónia.

Horas antes da eleição, o Presidente da República português já dava por adquirida a vitória de Centeno. Para Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal vai ter “uma voz mais forte” nas instituições europeias, mas também “um preço de exigência acrescida” em termos financeiros. “Quando olham agora para Portugal olham para o país que tem o presidente do Eurogrupo. Não é exactamente a mesma coisa. Era um patinho feio, para muitos, muito feio, há dois anos, e agora, de repente, é um cisne resplandecente. Isso faz toda a diferença”. “Agora, tudo tem um preço na vida. E o preço é o seguinte: é que não se brinca em serviço. A execução de 2018 e o Orçamento para 2019 têm de corresponder àquilo que é a exigência de alguém que dá o exemplo no Eurogrupo”, acrescentou.

Consensos e críticas

Consensos, consensos, consensos. É esta a receita do sucessor de Jeroen Dijsselbloem para o seu mandato à frente do órgão informal que reúne os ministros das Finanças dos países do euro. Quando apresentou a sua candidatura, o ministro português das Finanças assumiu como seu principal desafio “alcançar os consensos indispensáveis para reforçar o euro”.

Numa conferência de imprensa na semana passada, Centeno prometeu também dar um “contributo construtivo, crítico às vezes para encontrar caminhos alternativos”, dando como exemplo o sucesso das políticas alternativas nos resultados económicos portugueses como trampolim para este projecto europeu.

Centeno, que foi esta segunda-feira eleito à segunda volta, garantiu que Portugal vai ter uma voz activa e nas decisões, afirmando Portugal no contexto europeu. “Vivemos num tempo de decisões importantes na zona euro. Portugal deve participar de forma activa neste processo, oferecendo o seu contributo”, disse.

Mais transparência e mais reformas

O reforço da transparência e a reforma da zona euro são os principais desafios que o novo presidente do Eurogrupo enfrenta.

“Desde a crise financeira, há uma pressão popular para aumentar a visibilidade do Eurogrupo em termos de maior transparência e de responsabilização” das decisões tomadas, afirmou ao “Público” Robin Huguenot-Noël, do “think tank” Centro de Política Europeia, em Bruxelas.

Também o comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, criticou, num texto citado pelo “Público”, as decisões tomadas pelo Eurogrupo, “à porta fechada, muitas vezes depois de discussões muito limitadas, sem regras formais”.

Mário Centeno nunca escondeu as suas divergências em relação às políticas europeias e à União Económica e Monetária, que ainda recentemente acusava de estar a criar divergência e não convergência. Apoiante de reformas mais profundas, defende, por exemplo, a necessidade de mecanismos comuns de estabilização macroeconómica e a conclusão da união bancária.

Começar pelo topo

Mário José Gomes de Freitas Centeno ocupou o seu primeiro cargo político há apenas dois anos. A 26 de Novembro de 2015, assumia o cargo de ministro das Finanças, entrando assim na vida política pela porta grande. Para trás ficava toda uma carreira técnica no Banco de Portugal, onde entrou no ano 2000 como economista, chegando, quatro ano depois, ao cargo de director-adjunto do Departamento de Estudos Económicos.

O deslize de Dijsselbloem: “Sou presidente até dia 12 de Janeiro e Centeno a 13”

Nasceu em Olhão, a 9 de Dezembro de 1966. É licenciado em Economia e mestre em Matemática Aplicada pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, e mestre e doutorado em Economia pela Harvard Business School da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

A par da sua carreira no Banco de Portugal, foi também presidente do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento das Estatísticas Macroeconómicas, no Conselho Superior de Estatística e professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa. Integrou ainda o Comité de Política Económica da União Europeia. Chega agora à presidência do Eurogrupo.

Apoiado, mas…

A nível interno, a escolha de Mário Centeno merece o aplauso de todos os partidos, mas com reservas. À direita, causa embaraço porque permite sustentar que é possível políticas alternativas. À esquerda, provoca desconforto nos partidos que apoiam o Governo, mas não apoiam a união monetária.

Assunção Cristas, a líder do CDS, apressou-se a dizer que quando um português está num lugar relevante de decisão numa instituição internacional é um aspecto positivo, mas que não considera que “o ministro das Finanças em Portugal tenha desenvolvido, ou esteja a desenvolver um trabalho efectivamente relevante do ponto de vista da transparência, do ponto de vista da forma como actua, daquilo que diz aos portugueses”. Por isso, Cristas mantém todas as críticas a Mário Centeno.

Da parte do PSD, o presidente do partido e os seus principais dirigentes têm preferido o silêncio, mas os dois candidatos à sucessão de Pedro Passos Coelho revelaram-se satisfeitos. “Parece-me bem para Portugal. Sempre que um português se candidata a um cargo de relevo nas instâncias internacionais, isso deve ser motivo de satisfação. Neste caso há uma preocupação conexa que é o modo como irá funcionar o Ministério das Finanças”, afirmou Pedro Santana Lopes.

Embora considera que o cargo de líder do Eurogrupo não é absolutamente determinante, Rui Rio reconhece que “pode ter alguma influência sobre aquilo que podem ser as políticas europeias.”

Para o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, a escolha de Centeno para a presidência do Eurogrupo não vai determinar as políticas da União Europeia nem significa melhorias para o país, como, disse, demonstraram experiências anteriores.

Já para Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, “ter ou não ter um responsável português à frente de uma instituição europeia não significa nada em concreto para Portugal. Não é condição de melhoria para o país, até porque o problema não é quem preside ao Eurogrupo, mas sim o Eurogrupo”.

Finalmente, o Presidente da República avisa que Centeno não se pode “esquecer que começou por ser ministro das Finanças português e que só chega lá por se ministro das Finanças português. Não caiu do céu”. Por isso, considera fundamental que o ministro não perca o pé dentro de fronteiras com a eventual nova tarefa, até porque ainda faltam dois anos para 2019.

5 Dez 2017

Presidente chinês reúne-se com Hun Sen

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping encontrou-se com o presidente do Partido do Povo Cambojano e primeiro-ministro do Camboja Samdech Techo Hun Sen. Xi chamou Hun Sen de velho e bom amigo, e amigo verdadeiro do PCC e do povo chinês.

Os laços China-Camboja estão actualmente no melhor período na história, disse Xi, citando a confiança política melhorada, cooperação e intercâmbios culturais expandidos. O ano 2018 marca o 60º aniversário de laços diplomáticos China-Camboja. Xi solicitou que ambos os lados tomem a oportunidade para avançar relações. O PCC e o governo chinês sempre tratam dos laços China-Camboja com uma visão estratégica e perspectiva de longo prazo, notou Xi, que expressou apoio aos esforços do Camboja para manter o desenvolvimento e a estabilidade, acrescentando que a China espera impulsionar a cooperação com o Camboja em defesa, aplicação da lei e segurança. assim como outras áreas.

O presidente chinês pediu por coordenação bilateral mais forte em mecanismos multilaterais como as Nações Unidas, Cooperação no Leste Asiático e a Cooperação Lancang-Mekong.

Por seu lado, Hun Sen congratulou-se pela reeleição de Xi como o secretário-geral do Comité Central do PCC e elogiou o diálogo entre o PCC e os partidos políticos mundiais. Chamando a China um amigo fidedigno e íntimo do Camboja, ele disse que o Camboja está satisfeito com o crescimento dos laços bilaterais e espera promover ainda mais a relação.

O Camboja espera aprender de experiência de governança da China, acrescentou Hun Sen.

5 Dez 2017

Crown Resorts | Operadora processada por accionistas

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]entenas de accionistas da australiana Crown Resorts interpuseram, ontem, uma acção judicial contra a operadora de jogo, que acusam de não ter prestado informação suficiente sobre os riscos inerentes às actividades na China. Dezasseis funcionários da operadora, incluindo três cidadãos australianos, foram condenados à prisão na China, em Junho passado, por promoverem jogos de azar no país.

Os funcionários foram acusados de atrair jogadores chineses ricos para jogar além-fronteiras. Entre os três australianos sentenciados está Jason O’Connor, vice-presidente executivo da Crown. O caso acfetou as receitas do grupo.

Segundo o escritório de advogados Maurice Blackburn, centenas de accionistas foram afectados por uma queda de 14 por cento nas acções, ocorrida em Outubro de 2016, quando foi anunciada a decisão do tribunal chinês.

O caso suscitou acrescida preocupação pelo investimento significativo da Crown nas instalações em Barangaroo, Sydney, apresentado como um casino de luxo. O operador de casinos “correu riscos” na China, “num contexto conhecido, em que Pequim tem combatido actividades ilícitas relacionadas com o jogo”, disse o escritório de advocacia. “Os accionistas deviam ter sido informados sobre os riscos assumidos pela Crown na China e a ameaça inerente ao seu investimento”, acrescentou.

A publicidade a jogos de fortuna e azar na China continental é proibida e os agentes não podem organizar grupos com mais de dez cidadãos chineses para apostar além-fronteiras. Em Maio passado, a Crown Resorts vendeu toda a participação na Melco Resorts, que detém casinos em Macau.

5 Dez 2017

Poluição do ar em Pequim desce no inverno

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] poluição do ar diminuiu notavelmente em Pequim, especialmente durante os meses de Inverno, e a cidade pode cumprir sua meta de controle de smog do ano, disse no sábado o ministro da Protecção Ambiental da China, Li Ganjie. Durante um fórum sobre meio ambiente realizado em Huizhou, da Província de Guangdong, Li disse que os níveis de PM2,5 de Pequim caíram cerca de 27% anualmente entre Março e Novembro deste ano. O PM2,5 mede a densidade de partículas finas e prejudiciais no ar e é frequentemente usado para examinar a severidade do smog.

Li disse que os níveis de PM2,5 caíram 40% em Outubro e Novembro. O inverno é conhecido como o período com pior smog em Pequim porque no inverno os ventos desaceleram e moradores ligam fornos a carvão para aquecimento.

O governo tomou uma série de medidas para combater a poluição do ar: encerramento de fábricas, limitação de carros e substituição de carvão por energia limpa.

Li disse que a China viu uma melhoria sem precedentes no meio ambiente nos últimos cinco anos. Nos primeiros onze meses, 338 cidades chinesas viram uma redução combinada de 20,4% em PM10 em comparação com o nível em 2013. O nível de PM2,5 nas principais áreas metropolitanas: Pequim-Tianjin-Hebei, Delta do Rio Yangtzé e Delta do Rio das Pérolas caíram 38,2%, 31,7% e 25,6%, respectivamente, segundo Li.

Pequim, que chama muito mais atenção que outras cidades em controlo da poluição, estabeleceu uma meta para reduzir a média anual de PM2,5 para menos de 60 microgramas por metros cúbicos em 2017.

Li disse que o governo está confiante que a meta possa ser cumprida. “Tirámos importantes lições”, disse. “Apesar dos desafios, intensificamos os esforços para combater e para ganhar a guerra contra poluição, para que o céu seja azul de novo.”

5 Dez 2017

China e Canadá iniciam negociações para Acordo de Comércio Livre

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e o Canadá podem iniciar negociações para um acordo de livre comércio durante a visita do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau à China, embora haja ainda muito a fazer antes das duas partes atingirem consensos, segundo declarações de especialistas ao Global Times. Trudeau chegou à China para a sua segunda visita ao país, que durará até quinta-feira.

A imprensa estrangeira considerou a visita como uma boa oportunidade para os dois países iniciarem negociações em torno do livre comércio. O portal de notícias cbcnews, avançou no sábado que se avizinha um período “frutífero” para dar início a negociações formais entre ambos os países.

De acordo com Bai Ming, pesquisador na Academia Chinesa de Cooperação Internacional Comercial e Económica, a promoção das negociações do Acordo de Livre Comércio beneficiará ambas as partes. “A China depende de várias importações do Canadá, tais como madeira, frutos do mar e minerais. Por outro lado, o Canadá precisa também do mercado e do capital chinês”, disse Bai.

O comércio entre a China e o Canadá aumentou 14,2% anualmente para 42,4 bilhões de dólares nos primeiros 10 meses deste ano, segundo dados alfandegários publicados no dia 8 de Novembro. Actualmente, a China é o segundo maior parceiro comercial do Canadá.

Bai indicou ainda que o Canadá se distanciou dos EUA devido à retirada da administração de Trump da Parceria Transpacífico no início deste ano e da sua posição intransigente no Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Tal situação, refere, motivará o Canadá a estabelecer laços mais estreitos com a China.

Além do comércio, a visita de Trudeau deverá também estar na base de um conjunto de acordos comerciais entre empresas canadenses e chinesas nas áreas da tecnologia limpa e do turismo, de acordo com a imprensa estrangeira.

No entanto, Bai afirmou que a China não deve ser tão optimista sobre os resultados das negociações do Acordo do Livre Comércio durante a visita de Trudeau. “Os dois países estão agora a estudar a viabilidade do Acordo de Livre Comércio, mas há uma grande distância até à implementação real”, disse Bai, acrescentando que deverão haver rodadas de negociações antes do estabelecimento da cooperação.

Reportagens da imprensa estrangeira indicam também que o governo canadiano tem ainda algumas ressalvas sobre a assinatura de um acordo de livre comércio com a China.

O Wall Street Journal citou um porta-voz do ministro do Comércio, dizendo que “estão a estudar a complexidade do desafio, a escala das oportunidades de criação de empregos e as realidades apresentadas por esse mercado único [China]”.

5 Dez 2017

Ideólogo-chave do regime defende regras equilibradas para a Internet

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Huning, considerado o arquitecto da ideologia oficial do regime chinês nas últimas duas décadas, apelou este fim-de-semana a regras “mais equilibradas” para o ciberespaço, numa rara intervenção pública. Wang, 62 anos, um dos principais assessores políticos para três presidentes da China – Jiang Zemin, Hu Jintao e Xi Jinping -, é visto como um estrategista-chave do regime e teólogo defensor do carácter autocrático da liderança chinesa, mas raramente faz discursos em público.

No domingo, durante a Conferência Mundial sobre Internet, que decorre na cidade de Wuzhen, costa leste da China, Wang apelou a “regras mais equilibradas” para o ciberespaço. “A China está contente por trabalhar com a comunidade internacional para definir regras internacionais mais equilibradas e que melhor reflectem os interesses de todas as partes”, afirmou.

Wang Huning apelou ainda por “ordem e segurança” na Internet, sublinhando o direito de cada país de controlar o seu ciberespaço, perante executivos de multinacionais como a Apple e Google.

A censura imposta por Pequim no ciberespaço resulta no bloqueio de vários portais estrangeiros e alguns serviços de “gigantes” do setor, como o Facebook, Google ou Twitter.

A aparição de Wang surge um mês após a sua ascensão ao Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder na China, apesar de nunca ter sido governador de província ou tido a tutela de um ministério.

Antigo professor de Direito na Universidade de Fudan, em Xangai, o trabalho de Wang Huning começou a ganhar notoriedade nos anos 1980, ao defender que a China precisa de um Estado forte e autoritário para recuperar a sua grandeza.

Num artigo publicado em 1988, Wang escreve que um modelo de liderança centralizada é melhor de que o modelo “democrático e descentralizado”, porque permite às autoridades maior eficiência na distribuição de recursos e promoção de um rápido crescimento.

Wang entrou para a política pela mão de Jiang Zemin, então chefe do PCC em Xangai, e que se tornou Presidente da China depois da sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen, em 1989.

Uma liderança unificada “pode prevenir conflitos desnecessários entre ideias diferentes”, defende Wang no referido artigo.

Um sistema autocrático ajuda as autoridades a “reagir prontamente a todo o tipo de situações urgentes e imprevistas” e adotar “ações contundentes que previnam instabilidades e fragmentação durante a modernização” do país, defende.

5 Dez 2017

Nova Iorque : Ópera Metropolitana suspende maestro James Levine

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Ópera Metropolitana de Nova Iorque suspendeu no domingo toda a colaboração com o maestro James Levine, alvo de denúncias de agressões sexuais. Em comunicado, o director-geral da ‘Met’ anunciou que James Levine vai sair do cartaz desta época e que um antigo procurador foi chamado para analisar as denúncias feitas contra o maestro. “Com base nestas novas informações, a ‘Met’ tomou a decisão de actuar a partir de agora, enquanto aguarda os resultados do inquérito”, declarou Peter Gelb. “É uma tragédia para todos cuja vida foi afetada”, acrescentou.

O antigo procurador do estado de Nova Iorque Robert J. Cleary foi encarregado pela direção da ‘Met’ de conduzir o inquérito. Cleary foi o responsável da acusação no caso de Ted Kaczynski, conhecido como “Unabomber”, que perpetrou vários atentados com pacotes armadilhados e foi condenado a prisão perpétua em 1998.

Em 2016, um relatório policial referia as denúncias de agressões sexuais, mas “James Levine afirmou que eram acusações totalmente falsas”, indicou o comunicado. A alegada vítima, que mantém o anonimato, disse à polícia de Illinois que os factos teriam começado em 1985, quando tinha 15 anos e o maestro 41, e continuado até 1993, de acordo com os jornais New York Post e The New York Times.

No final da época 2015-16, Levine reformou-se após uma carreira de 40 anos na ‘Met’, onde começou em 1971, dirigindo mais de 2.500 apresentações de quase 85 óperas diferentes. O maestro exercia ainda o cargo de director musical honorário da ‘Met’.

Desde que foi divulgado o caso do produtor de Hollywood Harvey Weinstein, em Outubro, vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em diversos países.

5 Dez 2017

Luís Miguel Cintra apresenta última parte da tetralogia “Um D.João Português”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] quarta e última parte da tetralogia “Um D. João Português” é apresentada “em meados deste mês”, em Guimarães, onde em Janeiro se estreia o espectáculo na sua versão integral, disse à Lusa o encenador Luís Miguel Cintra. A residência artística inicia-se prolonga-se até quinta-feira da próxima semana, abrangendo a apresentação, nos próximos dias 13 e 14, da quarta e última parte da peça, “Um D. João Português. A Escuridão ao Fim da Estrada”, na Black Box da Fábrica Asa, em Guimarães, com entrada livre.

O espectáculo, encenado por Luís Miguel Cintra, cruza uma tradução anónima de cordel com o texto original de Molière, “D. João”. Na versão portuguesa, do século XVIII, é o homem quem acaba por ser vencido pela mulher, que generosamente o perdoa e força o casamento.

Esta opção foi qualificada por Luís Miguel Cintra como “uma ironia”. Na versão portuguesa, “para não desagradar ao público, D. João não vai para o inferno, mas casa-se com D. Elvira e faz um banquete com os seus irmãos”. Segundo o encenador, este último acto desemboca numa cena de fantasmagoria com espectros e outros acontecimentos espectaculares, transformando o casamento da versão portuguesa, numa mascarada de “Halloween”.

O primeiro ato do projecto “Um D. João Português”, “Na estrada da vida”, teve lugar no Montijo, em Abril; o segundo – “O mar (e de rosas)” – foi em Setúbal, em Julho; Viseu acolheu a terceira parte, composta pelo terceiro e o quarto atos da peça, “As árvores (dos desgostos)”, em Setembro. Este é “um projecto muito especial, que é o contrário de um projeto pronto a consumir”, disse Cintra à agência Lusa, referindo que a ideia foi sempre “mostrar às pessoas como é feito”.

O projecto conta agora com um apoio da Direção-Geral das Artes, mas “depende muito do entusiasmo de quem participa”, disse Cintra, que acrescentou que foi uma opção sua fazer “com tanta gente”, esta peça, “pois podia fazer com muito menos gente”.

“A peça – explicou – é uma espécie de peregrinação de duas personagens com cenas avulsas que se vão confrontando com outras personagens, até à morte de D. João”.

Este quinto acto conta com a participação dos actores Bernardo Souto, Dinis Gomes, Diogo Dória, Duarte Guimarães, Joana Manaças, João Jacinto, João Reixa, Leonardo Garibaldi, Luís Lima Barreto, Nídia Roque, Rita Durão e Sofia Marques.

Em Setembro, em vésperas da apresentação da terceira parte, em Viseu, Cintra tinha salientado à Lusa que o projeto surgiu “porque há muita noção de que o contacto entre público e espectáculos é muito superficial e está a tornar o teatro numa coisa muito sem importância na vida das pessoas, como se fosse um mero passatempo, coisa contra a qual lutei toda a vida”.

“Eu e pessoas da minha geração, sempre sonhámos com um teatro que estivesse implantado no centro da cidade, a falar do presente, com coisas que dissessem respeito à vida dos espectadores”, sustentou, em Setembro, Luís Miguel Cintra.

A partir de janeiro, depois da apresentação em Guimarães, no Centro Cultural Vila Flor, a versão integral do espectáculo será também apresentada no Montijo, em Setúbal e em Viseu, além de outras localidades, adiantou Luís Miguel Cintra à Lusa.

Luís Miguel Cintra afirmou que “vai ser engraçado” apresentar “as diferentes partes complementadas em sítios, com características diferentes uns dos outros”. “Vai implicar o refazer daquilo tudo e voltar a dar uma unidade àquilo tudo. Portanto, vai ser divertido”.

5 Dez 2017

Casal chinês apanhado com 200 baratas vivas no aeroporto

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]gentes da alfândega num aeroporto da China tiveram uma surpresa desagradável ao abrir a mala de mão de um casal e descobrir cerca de 200 baratas vivas. O caso aconteceu no dia 25 de Novembro no aeroporto internacional de Baiyun, em Cantão, no sudeste do país, segundo o jornal chinês Beijing Youth Daily.

Os funcionários perceberam um movimento estranho na bagagem de um casal de idosos enquanto o objecto era colocado no raio X. “Havia um saco de plástica branco com vários itens pretos que se moviam no seu interior”, disse a funcionária Xu Yuyu ao site de notícias chinês Kankan News. “Uma das funcionárias abriu a mala e uma barata pulou para fora. Ela quase chorou”, acrescentou.

Quando questionado por que transportavam baratas, o marido afirmou que os insectos seriam usadas numa “pomada” para a pele de sua mulher. Ele não explicou qual era o problema de saúde mas, segundo Xu, ” trata-se de um remédio popular antigo. Misturam-se as baratas num creme medicinal e coloca-se sobre a pele”, teria dito o homem aos agentes.

De acordo com as regras de transporte aéreo na China, não é permitido levar seres vivos na bagagem de mão. O casal decidiu, então, deixar as baratas com os funcionários da alfândega. O seu destino não é conhecido.

Esta não é a primeira vez que algo do tipo acontece na China. Em Agosto, um homem foi apanhado quando tentava transportar os dois braços amputados do seu irmão numa mala após passar pelo raio X de uma estação de camionetas na província de Guizhou, no sul do país.

À polícia, alegou que transportava os membros para enterrá-los quando o seu irmão morrer. Segundo uma tradição da sua aldeia, explicou, o morto tem de ser enterrado com todas as partes de seu corpo. O homem acrescentou que os braços foram amputados quando o seu irmão sofreu um choque eléctrico.

Segundo as regras da China, os passageiros podem transportar partes do corpo humano se possuírem um atestado médico, além de autorizações da polícia e do Ministério da Saúde.

4 Dez 2017

China propõe criação de zona de livre-comércio com Celac

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, disse nesta sexta-feira que a China fez uma proposta para a criação de uma zona de livre-comércio com a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). “Já recebemos e estamos a avaliar uma interessante proposta formulada pela China que inclui ideias tão audazes e transformadoras como a promoção de uma zona de livre-comércio entre a Celac e a China”, disse Vázquez durante a seu discurso na sessão de abertura da XI cimeira de negócios China-América Latina e Caribe (China LAC), realizada em Punta del Este.

O presidente uruguaio indicou que esta cimeira servirá como “instância preparatória da segunda reunião ministerial do fórum Celac-China”, que será realizada no Chile em 2018, na qual será avaliada essa proposta feita pelo gigante asiático e na qual se pretende elaborar “um plano de acção conjunto de cooperação”.

Vázquez lembrou que em 3 de Fevereiro de 2018 se completarão 30 anos do restabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Uruguai, e indicou que a melhor homenagem é seguir adiante na relação bilateral e “trabalhar para a relação latino-americana e caribenha com a China”

“Promover a relação bilateral com inclusão e compromisso com a região não é incompatível. Esta cúpula (China LAC) assim como a reunião ministerial Celac-China são, cada uma, instâncias convergentes para continuar a caminhar juntos para benefício de todos”, concluiu Vázquez.

A cimeira de negócios China LAC vai até o próximo sábado e acontece no Centro de Convenções de Punta del Este, um espaço de 5.600 metros quadrados e que abriga 150 pavilhões de empresas e países participantes,

O evento inclui sessões plenárias, paralelas, assim como visitas técnicas, todas actividades que estarão centradas em cinco temas: infra-estrutura; segurança alimentar e agronegócios, logística e energias renováveis, e-commerce e cidades, e serviços globais.

4 Dez 2017

Comércio electrónico na agenda da OMC

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] comércio electrónico é um dos temas nos quais os chineses têm insistido nas reuniões bilaterais e em encontros como do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do G-20 (que reúne as 20 maiores economias do mundo). A China tem também aumentado a pressão na Organização Mundial de Comércio (OMC).

A questão acabou por se tornar tema da OMC e será debatida, pela primeira vez, numa reunião ministerial, no próximo dia 10, em Buenos Aires. Os chineses insistem por este ser um dos pontos fortes da economia do seu país.

O director do Departamento de Projectos de Serviços de Dados da China International Electronic Commerce (CIECC, instituto vinculado a exportações), Wei Guo Zhi, afirma que o comércio electrónico dentro da China atinge dois biliões de yuans, ou cerca de US$ 300 mil milhões.

“Queremos muito incrementar as exportações. O problema maior hoje é a distância e a comunicação. Uma base de dados conjunta pode ajudar”, diz Wei. As plataformas de e-commerce na China são extremamente eficientes. Em Pequim, há um exército de dezenas de milhares de jovens motorizados que transportam as encomendas. Pode-se pedir oito filtros de ar a um fabricante às 9h e recebê-los ao meio dia.

Pela primeira vez, haverá um fórum empresarial em Buenos Aires sobre o assunto, para que os agentes do sector façam as suas exigências à OMC. O dono da Alibaba, Jack Ma, participa como convidado especial. Será o seu terceiro encontro com o director-geral da OMC, Roberto Azevedo.

4 Dez 2017

Aung San Suu Kyi visita a China

A líder de facto da Birmânia, Aung San Suu Kyi, iniciou ontem uma visita à China, numa altura em que a comunidade internacional intensifica as críticas a Rangum, pela perseguição à minoria muçulmana rohingya. Suu Kyi deverá ser recebida pelo Presidente chinês, Xi Jinping, com uma cerimónia de boas-vindas e honras de chefe de Estado.

O apoio da China é visto como crucial para pôr fim a décadas de conflitos étnicos no país, algo do interesse de Pequim, já que os confrontos com o exército da Birmânia ocorrem frequentemente em zonas junto à fronteira chinesa.

A China deverá ainda pressionar Suu Kyi a arrancar com as obras de construção da barragem de Myitsone, financiada por Pequim, e adiadas pelo governo birmanês.

Nos últimos meses, mais de 600 mil rohingya chegaram ao Bangladesh em fuga da violência do exército da Birmânia, numa campanha que as Nações Unidas e os Estados Unidos descrevem como “limpeza étnica”.

A China, único apoio internacional da Junta Militar que governou a Birmânia (desde o final dos anos 1960 até 2011) e que manteve Suu Kyi 15 anos na prisão, tem protegido o país das críticas da comunidade internacional. No mês passado, vetou um projecto de resolução da ONU que condenava a Birmânia.

Apesar de liderar a Birmânia, Suu Kyi é oficialmente ministra dos Negócios Estrangeiros e Conselheira de Estado, estando impossibilitada de assumir o cargo de Presidente, por ser casada com um estrangeiro. Suu Kyi recebeu o prémio Nobel da Paz em 1991.

4 Dez 2017

Atleta portuguesa alcança bis na meia-maratona

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]tleta portuguesa Doroteia Peixoto conquistou pelo segundo ano consecutivo a meia-maratona de Macau. Na maratona, a vitória foi para o queniano Felix Kiptoo Kirwa e na vertente das mulheres venceu a corredora do Bahrain, mas nascida no Quénia, Eunice Jepkirui Kirwa.

A portuguesa Doroteia Peixoto venceu ontem, pelo segundo ano consecutivo, a meia-maratona feminina, e Daniel Pinheiro ficou em sexto na corrida masculina.

Doroteia Peixoto cumpriu a distância (21,09 km) em 1:16.00, à frente das quenianas Edinah Jeruto Koech (1:16.31) e de Margaret Njuguna (1:18.20). Na edição do ano passado, que tinha marcado a sua estreia no território, a atleta do Amigos da Montanha tinha feito o tempo de 1:16.40.

“O meu objetivo era tentar bater o recorde do percurso. Fiquei mais perto, mas não consegui, embora tenha melhorado o tempo de há um ano. De qualquer forma, fiquei muito feliz com esta vitória, até porque a humidade dificulta a respiração. Este ano [a vitória] foi mais apertada, a queniana deu luta até ao fim”, afirmou Doroteia Peixoto, antes de subir ao pódio.

Sexto na classificação geral da meia-maratona masculina, com 1:07.28, Daniel Pinheiro explicou que esperava ter feito “um melhor resultado e repetir a vitória de 2014”.

“Mas desta vez não foi possível. A ‘armada’ queniana apostou forte nesta corrida”, comentou.

Os três primeiros lugares na meia-maratona masculina foram para os quenianos Josphat Menjo (1:04.49), Kibiwot Samwel (1:04.49) e Joseph Ngare (1:05.20). No ano passado, Ngare tinha conquistado o primeiro lugar.

Em relação aos atletas de Macau, Kuan Un Iao foi o melhor na provas masculina, em 15.º, com o tempo de 1:13:40. Na prova feminina, Wu Yang Yang foi a melhor local no 9.º lugar à geral, ao levar 1:30:24 para percorrer os 21,09 km.

Quenianos dominaram

A vitória na maratona masculina pertenceu ao queniano Felix Kiptoo Kirwa, com 2:10.01, seguido pelos quenianos Joseph Kyengo Munywoki (2:13.18) e Henry Sang (2:13.48). Entre os locais, Chong Ip Chan foi o melhor classificado, no 13.º lugar, com um tempo de 2:38.28.

O primeiro lugar na prova feminina foi para Eunice Jepkirui Kirwa, natural do Quénia, mas a correr pelo Bahrein, com 2:29.12. Em segundo lugar, com 2:33.06, ficou a ucraniana Shafar Oleksandra, e em terceiro a queniana Rodah Jepkorir Tanui (2:33.41). Long Hoi foi a melhor corredora de Macau, com o 11.º posto, com um tempo de 2:55.46.

A portuguesa Vera Nunes cortou a meta em nono lugar, com 2:37.41. No ano passado a atleta tinha ficado em sexto.

As atletas de Cabo Verde, Sandra Teixeira, de Angola, Adelaide Machado, e de Timor-Leste, Nélia Martins, terminaram a meia-maratona nas sexta, sétima e oitava posições, respetivamente.

O moçambicano Tonderai Afonso, o cabo-verdiano Nelson Cruz, o angolano Simão Manuel e o timorense Roménio de Deus Maia ficaram nos nono, 11.º, 12.º e 13.º lugares, respetivamente, na meia-maratona masculina.

Vitórias locais

Uma lesão impediu a portuguesa Rosa Mota, de 59 anos, campeã olímpica, mundial e europeia da maratona, de participar na mini-maratona de Macau, que ganhou no ano passado. “Gosto muito de vir a Macau, de participar, mas uma lesão impediu-me de correr este ano”, disse.

A vitória na vertente masculina na mini-prova acabou pro ser alcançada por Chin Wa Wong, com um tempo 17.52. Na prova das mulheres, Ying Lin Chen ganhou com um tempo de 22.13.

Esta foi a 36.ª edição da Maratona Internacional de Macau, em que se inscreveram 12.000 atletas nas provas que integram o programa: maratona, meia-maratona e mini-maratona.

 

4 Dez 2017

China não “exportará” modelo chinês, diz Xi

Xi explicou. Os outros compreenderam. É o futuro contado às crianças e ao povo

O diálogo de alto nível entre o Partido Comunista da China e vários partidos políticos mundiais foi inaugurado no dia 30, em Pequim, sob o tema: “Construção conjunta da comunidade de destino comum da humanidade e de um mundo melhor: responsabilidades dos partidos políticos”. O secretário-geral do Comité Central do PCC e presidente chinês Xi Jinping assistiu à cerimónia de abertura do diálogo, tendo proferido um discurso na ocasião.

Segundo Xi, o PCC não “importará” modelos estrangeiros de desenvolvimento nem “exportará” o modelo chinês nem pedirá a outros países que “copiem” a prática chinesa. O presidente reiterou que o PCC se empenha tanto para o bem-estar do povo chinês como para o progresso humano. Então, o PCC criará mais oportunidades para o mundo promovendo o desenvolvimento da China, disse Xi. O PCC, como o maior partido político no mundo, também explorará a lei do desenvolvimento social para a humanidade pela sua própria prática que compartilhará com outros países.

Os representantes dos vários partidos políticos estrangeiros reconheceram o conceito de construção da comunidade de destino comum da humanidade, apresentado por Xi, e demonstraram o propósito de que os diversos partidos políticos do mundo possam desempenhar um papel importante na realização dessa meta.

O presidente do Partido Popular do Camboja e primeiro-ministro do país, Hun Sen, referiu que a realização do evento pelo PCC tem um significado histórico, assinalando que espera realizar diálogos e intercâmbios com Xi e outros líderes de partidos políticos no âmbito do desenvolvimento dos seus países, regiões e do mundo.

 

Inspiração para África

O secretário-geral do Partido da Revolução da Tanzânia, Abdulrahaman Kinana, afirmou que o “Pensamento sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Era” apresentado por Xi no 19º Congresso Nacional do PCC, é uma importante inspiração para os países em desenvolvimento, tendo sido amplamente reconhecido e apoiado pelo povo africano. Kinana acrescentou que o seu partido quer fazer esforços conjuntos juntamente com o PCC e outros partidos políticos do mundo para construir um mundo melhor.

O membro do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e membro do Parlamento angolano, Mário Pinto Andrade, assinalou que o seu partido valoriza o importante discurso feito por Xi no 19º Congresso Nacional do PCCh e os êxitos obtidos pela China no seu desenvolvimento socioeconómico.

Mário Andrade disse que o PCC atribui uma grande importância à construção de organizações partidárias, promove a democracia dentro do partido, aprofunda a educação do espírito partidário e o combate resolutamente a corrupção.

O MPLA reconhece o conceito apresentado pela parte chinesa e apoia os esforços feitos pela China na defesa da paz mundial, soberania nacional, erradicação de pobreza e realização da justiça social, acrescentou.

Enquanto primeiro evento diplomático multilateral organizado pela China após o 19º Congresso Nacional do PCC, este diálogo, que conta com participação de líderes de cerca de 200 partidos e organizações políticas de mais de 120 países, é o primeiro diálogo de alto nível entre o PCC e os diversos partidos políticos do mundo.

4 Dez 2017

Zé Pedro, guitarrista dos Xutos e Pontapés, morreu aos 61 anos

O funeral da figura icónica do rock português decorreu na sexta-feira no Mosteiro dos Jerónimos, com o presidente da República e o ministro da Cultura a destacarem o legado deixado por Zé Pedro. Os Xutos e Pontapés actuaram em Macau em 1989 e 2006

 

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]rimeiro ouviram-se os “Contentores” e depois foi um desfilar de grandes canções, que ficaram para sempre nos ouvidos dos portugueses. Assim começou o concerto dos Xutos e Pontapés em Macau, corria o ano de 1989 e ainda se ouvia música no Fórum, perto do Instituto Politécnico de Macau. O evento inseriu-se na iniciativa “Rock Macau”, promovida pelo Governo de Carlos Melancia.

A banda repetiria a passagem por Macau 17 anos depois, com o concerto que decorreu em 2006 junto ao Lago Nam Van, inserido no Festival Internacional de Música de Macau.

Na altura, o grupo referiu-se ao concerto como sendo uma “desfolhada de memórias”, muito diferente do espectáculo de 1989, ano em que, além do Fórum Macau, também actuaram no Estabelecimento Prisional.

“Entre o público só havia chineses e não batiam palmas. Estavam muito quietos. Acho que ouviram a música e a seguir foram para as celas. Não reagiram e ficámos sem saber se tinham gostado”, recordou Zé Pedro à agência Lusa, ao fazer o contraste com a excitação dos portugueses presentes no concerto integrado no Rock Macau.

Zé Pedro referiu ainda, em 2006, que “há menos portugueses a viver em Macau” e o sucesso do espectáculo “depende da atitude dos músicos em palco”.

Anos depois, a banda está de luto com o desaparecimento de Zé Pedro, guitarrista e autor de muitos sucessos dos Xutos e Pontapés. Falecido aos 61 anos, vítima de doença prolongada, o músico foi recordado no funeral que decorreu na sexta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos.

Além da homenagem prestada pelas milhares de pessoas que decidiram aparecer no local, Zé Pedro foi também recordado pelos governantes portugueses.

Em comunicado, o ministro da cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, disse que o músico “contribuiu de forma decisiva e inovadora para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

Castro Mendes disse lamentar “profundamente a morte do músico Zé Pedro”, que “contribuiu de forma decisiva e inovadora para a história da música electrónica em Portugal e para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

“O seu entusiasmo, carisma e empatia deixaram uma marca indelével no panorama musical português, com músicas que acompanharam várias gerações, que o admiram com reconhecida ternura”, afirmou Castro Mendes.

“Dotado de um sentido musical notável, a música foi o seu sonho desde cedo e com ela conseguiu transformar o universo do rock português, a par da vida de muitos milhares de pessoas”, disse Castro Mendes, que traça o percurso do guitarrista “desde os ensaios na garagem de casa do seu avô, ainda adolescente, até aos dias de hoje, em grandes palcos portugueses e estrangeiros”.

Zé Pedro “teve uma vida intensa e uma brilhante carreira ao longo de quatro décadas”.

O músico, “que dizia ter sempre as mãos ocupadas com a guitarra, deixa-nos canções, como o ‘Ai a minha vida’, ‘À Minha Maneira’ ou ‘Contentores’, que inspiram também um retrato especial do país e de um certo modo de ser português”, remata o ministro da Cultura, que envia “sentidas condolências” à família.

 

As palavras de Marcelo

Também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou Zé Pedro como sendo um “guerreiro da alegria” e “da vontade de viver”.

“Era um guerreiro da alegria, da vontade de viver, de superar dificuldades, de nunca desistir. Chegou cedo demais o descanso deste guerreiro, que certamente não será esquecido por tantos e tantos amigos que deixou”, escreveu o chefe de Estado português numa mensagem publicada no website oficial.

Depois de manifestar o seu pesar a “toda a família e amigos do Zé Pedro”, lembrando que o músico “era assim afectuosamente tratado por todos os portugueses”, Marcelo recordou que “os seus primeiros passos na música coincidiram com o despertar do país para o movimento punk, tendo mais tarde fundado uma das maiores bandas de rock de Portugal, e sobretudo uma das que mais tempo sobreviveu e acompanhou várias gerações”.

Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente em Novembro, a propósito do concerto de fim de digressão dos Xutos e Pontapés, no Coliseu de Lisboa.

José Pedro Amaro dos Santos Reis nasceu em Lisboa, em 14 de Setembro de 1956, numa família de sete irmãos, “com um pai militar, não autoritário, e uma mãe militante-dos-valores-familiares”, como recordou num dos capítulos da biografia “Não sou o único” (2007), escrita pela irmã, Helena Reis.

No final na década de 1970, Zé Pedro, com Zé Leonel e Paulo Borges, decidiu criar uma banda, baptizada Delirium Tremens. Passou depois a chamar-se Xutos e Pontapés, com a entrada de Kalú e de Tim para o lugar de Paulo Borges. O primeiro concerto realizou-se há 38 anos, em 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa.

4 Dez 2017

Inundações | IACM promete sistema de alerta por SMS

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]o Chi Kin, presidente substituto do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), garantiu, em resposta ao deputado Zheng Anting, que será criado um sistema de alerta por sms “em caso de interrupção de energia eléctrica ou por qualquer outro dano, de modo a reforçar a sua supervisão e melhorar a eficiência em casos de contingência”.

Além disso “o IACM vai iniciar, no próximo ano, um plano de instalação de equipamentos de geradores de reserva de electricidade e de aumento de altura da caixa eléctrica, para diminuir o impacto causado pela interrupção de energia eléctrica e consequentemente evitar inundações nas estações elevatórias”.

Na resposta ao deputado, é dito que será dada prioridade às “as estações elevatórias das Portas do Cerco e da zona norte”. O IACM pretende ainda instalar “um colector e a estação elevatória de águas pluviais no Porto Interior, tencionando abrir, no próximo ano, o respectivo concurso público para impulsionar o mais rápido possível a sua construção, de forma a aliviar as inundações nessa zona durante o período de chuvas intensas”.

Legionella | SS atentos a novo caso no Parisian

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi detectado, no passado fim-de-semana, mais um caso de contaminação por bactérias de legionella no hotel do empreendimento The Parisian. Segundo um comunicado, os Serviços de Saúde (SS) “pediram ao hotel para resolver a situação no mais curto espaço de tempo possível”, exigindo que a unidade hoteleira “fiscalize permanentemente a concentração de bactérias de legionella do sistema de abastecimento de água, fazendo a monitorização com acompanhamento de especialistas que devem de forma urgente resolver a situação”. Além disso, “o hotel deve também adoptar rigorosas medidas de prevenção que reduzam eficazmente o risco de infecção, por bactérias de legionella, dos utentes”. Tanto os SS como os Serviços de Turismo prometem continuar “a acompanhar a situação de perto e a efectuar novas análises”.

4 Dez 2017

Isolda Brasil lança primeiro romance em português

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] escritora Isolda Brasil, radicada em Macau, distinguida em 2015 com um prémio literário nos Estados Unidos, lança “O Último Sangue da Trindade”, o seu primeiro romance em português, com a chancela da Alfarroba. O livro “conta a história de várias gerações de uma família extremamente matriarcal”, habitante de uma ilha que, embora sem ser identificada, encontra “paralelismo com os Açores, acompanhando acontecimentos históricos do arquipélago ao longo do século XX, ainda que ‘en passant’, com muitos elementos de realismo mágico”, explicou a autora, em entrevista à agência Lusa.

A saga familiar, narrada por uma das bisnetas de Trindade (a quem se deve o título da obra), explora “um universo feminino em que os homens assumem um papel muito particular”, desvelando “mulheres que são sempre só mulheres ou mães que são sempre só mães a vida toda, sem nunca chegarem a ser mulheres”.

Embora seja madeirense, Isolda Brasil mudou-se muito cedo para os Açores, pelo que conhece bem a realidade com a qual encontra paralelismo a ilha que concebeu como palco para o desenrolar da história d’ “O Último Sangue da Trindade”. “Os Açores são conhecidos pelos fenómenos meteorológicos, pelo que os estados de humor ou os episódios marcantes que acontecem na vida das personagens têm um impacto muito grande no tempo”, explica a escritora, dando o exemplo de uma tempestade de granizo desencadeada por um desgosto amoroso. “Esta presença vincada do elemento mágico por toda a narrativa, em íntimo convívio com a história da família, e em sobreposição do real acaba por trazer um forte elemento místico à história”, salienta Isolda Brasil, advogada de profissão.

“O Último Sangue da Trindade” tem ainda a singularidade de não estar dividido por partes ou capítulos, tornando una, a “série de histórias intricadas” que dão vida ao romance de cerca de 500 páginas. “É um aspecto que perturba um pouco as pessoas, mas que é propositado”, porque “pretende-se transmitir a ideia ou a sensação de estares sentada a ouvir uma história oral a ser contada”, algo que a própria linguagem também vai sustentando, sublinha Isolda Brasil. “Quando um acontecimento acaba, há sempre um elemento de ligação para o seguinte – todas as histórias estão interligadas”, frisa a escritora de 39 anos.

Reconhece que ‘encaixar’ o romance num formato de “história corrida”, sem qualquer separador, foi “a parte mais difícil e a que mais trabalho deu”, mas considera que a escolha que fez, fruto da vontade de “fazer algo diferente”, acabou por conferir um “encadeamento distinto” à obra.

“O Último Sangue da Trindade” figura como o primeiro livro em português de Isolda Brasil que, em 2015, venceu, na categoria de romance, o prémio revelação de escritores independentes dos Estados Unidos The IndieReader Discovery Awards (IRDA, na sigla em inglês).

A obra premiada foi “The Wanton Life of My Friend Dave”, uma edição de autor que lançou em 2014 sob o pseudónimo de Tristan Wood, e que marcou a sua estreia no mundo da escrita ao qual gostava, confessa, de dedicar-se a tempo inteiro. “O que eu gosto realmente de fazer é escrever. A escrita é a minha paixão e era o que gostava de fazer da minha vida”, sublinha a autora d’“O Último Sangue da Trindade”, obra que terminou há dois anos, mas que apenas agora é dada à estampa.

Isolda Brasil começou por ‘pôr-se à prova’ no género literário do conto, com “Love Letters from Macau” a valer-lhe, em 2013, uma menção honrosa no concurso inserido no Rota das Letras, que seria depois publicado no segundo volume da colecção de contos do Festival Literário de Macau, que se realiza em três línguas (português, chinês e inglês).

“O Último Sangue da Trindade” vai estar disponível nos escaparates das livrarias nos próximos dias, sem que haja lugar a uma sessão de lançamento em Portugal devido à ausência da autora, embora não esteja descartada a hipótese de uma apresentação da obra em Macau, onde vive.

4 Dez 2017

Receitas dos casinos subiram 22,6%

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s casinos de Macau fecharam Novembro com receitas de 23.033 milhões de patacas, mais 22,6% relativamente ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. Segundo dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos registaram no acumulado de Janeiro a Novembro receitas de 243.043 milhões de patacas, mais 19,5 % do que nos primeiros onze meses do ano passado.

Novembro marcou o 16.º mês consecutivo de subida das receitas da indústria do jogo. Tratou-se do segundo melhor desempenho em 2017, a seguir a Outubro, altura em que as receitas dos casinos ascenderam a 21.362 milhões de patacas, o melhor resultado desde o mesmo mês de 2014.

As receitas dos casinos cresceram sempre a dois dígitos em termos homólogos em 2017, à excepção do primeiro mês do ano (+3,1%).

A indústria de jogo começou a recuperar em Agosto de 2016, altura em que pôs termo a um ciclo de 26 meses de consecutivos de quedas anuais homólogas das receitas. Apesar da recuperação, as receitas dos casinos de Macau recuaram pelo terceiro ano consecutivo em 2016, registando uma queda de 3,3% que se seguiu a uma descida de 34,3% em 2015 e de 2,6% em 2014.

Arrastada pelo desempenho do sector do jogo, a economia de Macau contraiu-se em 2016 pelo terceiro ano consecutivo e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 2,1% em termos reais, com a recuperação da indústria a ser insuficiente para permitir uma retoma. Este resultado representou uma significativa melhoria depois da diminuição de 21,5% em 2015.

4 Dez 2017

Candidato da FAOM nas eleições dos delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vice-presidente, e também o secretário-geral da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Fong Ka Fai, dirigiu-se no dia 2 de Dezembro ao Centro de Ciência de Macau para apresentar as 180 cartas de nomeação recolhidas e o boletim de inscrição, anunciando a sua entrada na corrida por uma lugar na Assembleia Popular Nacional (APN). A notícia foi avançada pelo Jornal do Cidadão.

O vice-presidente apareceu no Centro de Ciência de Macau, juntamente com a actual delegada de Macau à APN, Leong Iok Wa, e os vários responsáveis da FAOM. Na ocasião, Fong Ka Fai declarou que tem sentido o apoio da China a Macau, território onde nasceu e cresceu, e que esse apoio tem levado a uma melhoria das condições nesta região.

Fong Ka Fai agradeceu à sociedade pelo apoio, sobretudo ao sector dos trabalhadores, que diz ter incentivado a sua candidatura à APN. O vice-presidente sublinhou ainda esperar contribuir de forma positiva para o território e ajudar a que o país alcance os objectivos traçados. Fong Ka Fai frisou que no passado, durante um longo período, desempenhou um papel na área da educação e nos serviços de associações. Caso seja eleito, o vice-presidente espera fazer uso da sua experiência e dos conhecimentos principalmente âmbito legislativo.

Além disso, na visão de Fong Ka Fai, Macau, com vista a um melhor desenvolvimento, precisa de estar integrado na zona da Grande Baía.

O candidato acredita que a concorrência às seguintes eleições será intensa por ser uma oportunidade considerada valiosa. Fong Ka Kai destacou o facto de haver muitas pessoas que pretendem servir a sociedade e o país e mostrou-se confiante na sua candidatura, referindo que no futuro vai lutar por mais apoios.

4 Dez 2017

Pequim Embaixador português cessante prevê China mais interventiva no exterior

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador Jorge Torres-Pereira, que terminou ontem uma missão de mais de quatro anos à frente da Embaixada portuguesa em Pequim, diz existir um “reajustamento” na geopolítica mundial, com a China a assumir-se como grande potência. “É claro que a política de baixo perfil deliberado de Deng Xiaoping foi abandonada”, disse o diplomata à agência Lusa.

Torres-Pereira, que parte esta semana de Pequim, seguindo para a Embaixada de Portugal em França, considera que a China entrou numa “nova fase”, em que intervirá “em todas as coisas relacionadas com o desenvolvimento, a paz e a governança globais”. Desde que ascendeu ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou 60 países, e passou mais de 200 dias no estrangeiro.

Neste período, Pequim lançou um novo banco internacional e um gigante plano de infra-estruturas que visa conectar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa. A moeda chinesa, o RMB, avançou para a internacionalização. No espaço de um ano, o país acolheu a cimeira do G20 e do bloco de economias emergentes.

Trata-se do início de uma “nova era” em que “a China se aproximará do palco principal e fará maiores contribuições para a humanidade”, apontou Xi, no discurso inaugural do XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), abdicando assim dos princípios vigentes desde a liderança de Deng – “manter um perfil discreto” e “nunca reclamar a liderança”.

Já na Europa, o “Brexit” abalou a União Europeia, enquanto nos Estados Unidos, Donald Trump foi eleito com uma agenda isolacionista e nos primeiros meses de governação retirou Washington do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e do acordo transpacífico de comércio livre.

Torres-Pereira diz que foi “fascinante observar a partir da China” a tudo isto. “É como um reajustamento nas placas tectónicas da geologia internacional”, nota. “Um dos aspectos mais importantes será perceber como é que os EUA e a China aprenderão a viver um com o outro nesta nova realidade”, acrescenta.

O diplomata discorda, no entanto, que a ascensão do país asiático aumentará a atractividade do seu modelo político autocrático junto da opinião pública ocidental. “Eu não estou a ver alguém a propor no ocidente a cooptação, em vez de eleições competitivas, mesmo que tenhamos um sistema que pode eventualmente ser menos eficiente em algumas formas de lidar com os problemas sociais e desigualdades e aspectos de planificação macroeconómica”, afirma. “O modelo chinês funciona para a China”, realça.

Era dourada

Por outro lado, Jorge Torres-Pereira considera que as relações entre Portugal e a China atravessam uma “era dourada”. “Efectivamente, estamos numa era dourada das relações entre Portugal e a China”, disse o diplomata, destacando o investimento chinês em Portugal, visitas bilaterais e intercâmbio entre pessoas.

Desde que, em 2012, a China Three Gorges (CTG) comprou uma participação de 21,35% no capital da EDP, o montante do investimento chinês em Portugal ascendeu a 10.000 milhões de euros, segundo dados do Governo português.

Nos últimos três anos, o número de turistas chineses que visitaram Portugal quase duplicou, para 183.000, e no primeiro semestre de 2017 aumentou 40%, face ao mesmo período do ano passado. A companhia aérea chinesa Capital Airlines abriu, entretanto, um voo directo entre os dois países. Coincidindo com o aumento do investimento chinês em Portugal, as visitas bilaterais de alto nível registaram, nos últimos anos, uma frequência inédita.

Torres-Pereira afirma que “claramente se consolidou a ideia de que o posto [em Pequim] está na primeira linha das preocupações do Governo português e do ministério [dos Negócios Estrangeiros]”. “Tivemos vários sinais disso, incluindo um reforço de pessoal, um pouco em contraciclo”, notou.

O diplomata considera que, para os próximos anos, é “importante” Portugal consolidar a sua imagem de plataforma para as empresas chinesas terem uma melhor inserção em terceiros mercados. “É importante que apareçam mais exemplos como o da parceria entre a CTG e a EDP, que já tem projetos no Peru, Brasil ou Reino Unido”, afirma.

Torres-Pereira concorda que a China é um posto diferente, apontando a dimensão continental do país. “Não é apenas conhecer a realidade da capital que permite criar uma imagem realista do que a China é”, nota. “É preciso ir para além das cidades habituais, dos contactos mais expectáveis, com empresários ou interlocutores e dirigentes institucionais”, aponta.

Jorge Torres-Pereira foi substituído em Pequim por José Augusto Duarte, anterior assessor diplomático do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

1 Dez 2017

Taiwan : Pequim não quer que figuras políticas obstruam reunificação

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m porta-voz de Pequim advertiu na quarta-feira figuras políticas em Taiwan para que não obstruam a reunificação nacional. Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, fez as observações numa conferência de imprensa. A reunificação dos dois lados do Estreito de Taiwan é uma aspiração comum de todos os chineses e também um interesse fundamental da nação chinesa, segundo Ma.

“Colocamos as nossas esperanças nas pessoas de Taiwan”, indicou o porta-voz. “As figuras políticas em Taiwan devem, pelo menos, não fazer nada que obstrua a reunificação nacional, para não mencionar realização de actividades separatistas.”

Ao responder a uma pergunta sobre a crescente vontade dos moradores da ilha de procurar oportunidades de emprego e de estudo na parte continental, o porta-voz disse que mais residentes em Taiwan perceberão que os compatriotas dos dois lados pertencem a uma comunidade de futuro compartilhado.

“As políticas da parte continental para Taiwan ajudaram mais pessoas em Taiwan a entender que o nosso compromisso de procurar bem-estar para os compatriotas de Taiwan é sincero e que o desenvolvimento da parte continental é uma oportunidade, não uma ameaça, para Taiwan”, acrescentou.

Ma observou que a “independência de Taiwan” prejudicará os interesses fundamentais das pessoas em ambos os lados e os interesses imediatos das pessoas em Taiwan.

Ao responder a uma pergunta em específico, Ma prometeu apoiar os departamentos locais do Partido e do governo em Fujian para testar mais programas que promovam o bem-estar dos compatriotas taiwaneses e o desenvolvimento integrado através do Estreito nas áreas económicas e sociais.

Ma disse também que o princípio de Uma Só China é uma tendência que está de acordo com a vontade da população e um consenso da comunidade internacional, e expressou oposição ao desenvolvimento de relações militares entre os Estados Unidos e Taiwan e a qualquer tipo de intercâmbio oficial entre Taiwan e os países que têm relações diplomáticas com a República Popular da China.

Xinhua

1 Dez 2017

Direitos humanos | Dois activistas assassinados nas Filipinas

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois activistas que investigavam presumíveis violações dos direitos humanos foram mortos nas Filipinas, informaram ontem as autoridades, agravando o “clima de impunidade” denunciado por diversas ONG.

Os dois militantes, que promoviam um inquérito sobre as acusações de expropriação de terras de camponeses por um responsável municipal da ilha de Negros (centro), circulavam de moto quando homens armados, em duas outras motos, os atingiram a tiro, anunciou a polícia.

Elisa Badayos, responsável da organização nacional de defesa dos direitos humanos Karatapan, e Eleuterio Moisés, membro de uma organização camponesa local, foram mortos e um outro membro da equipa ferido, acrescentou a polícia. Foi anunciada a abertura de um inquérito.

A secretária-geral da Karapatan, Cristina Palabay, considerou, em declaração à agência noticiosa France-Presse (AFP), que este duplo assassinato agrava o “clima de impunidade” nas Filipinas. “Os homens de mão dos proprietários e dos políticos são encorajados e cometer violações dos direitos humanos, sobretudo após as declarações de Duterte [referência ao actual Presidente Rodrigo Duterte] que protege os violadores dos direitos humanos que integram a sua polícia e o seu exército”, declarou Palabay.

As organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que as Filipinas se baseiam numa cultura na qual as pessoas poderosas pensam que podem promover assassinatos com total impunidade, incluindo de militantes ou de jornalistas. Para os observadores, a situação agravou-se desde a chegada ao poder de Duterte em 2016. O Presidente filipino tem multiplicado as críticas dirigidas aos ativistas de direitos humanos, que têm criticado a sua guerra contra a droga que provocou milhares de vítimas.

30 Nov 2017

Líderes democratas dão “banhada” a Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dois líderes da oposição democrata no Congresso norte-americano decidiram não comparecer ontem a uma reunião com o Presidente Donald Trump para debater questões orçamentais, depois do governante ter declarado que não esperava quaisquer progressos deste encontro.

“Uma vez que o Presidente não acredita que seja possível um acordo entre os democratas e a Casa Branca, pensamos que é melhor continuar a negociar com os nossos homólogos republicanos no Congresso”, referiram Nancy Pelosi e Chuck Schumer, líderes da minoria democrata na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) e no Senado (câmara alta), respectivamente, num comunicado.

A reunião estava prevista para ontem na Casa Branca e também contaria com a presença de Paul Ryan e Mitch McConnell, líderes das maiorias republicanas na Câmara dos Representantes e no Senado, respectivamente.

Na agenda do encontro estavam algumas das questões orçamentais mais quentes do momento, nomeadamente um acordo para evitar o “shutdown” (paralisação) do governo federal norte-americano e garantir o financiamento dos órgãos federais além do próximo dia 8 de dezembro (data-limite).

A regularização de centenas de milhares de jovens ilegais ou a reforma fiscal eram outros dos assuntos em cima da mesa.

Hoje de manhã, numa mensagem divulgada na rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que não esperava quaisquer progressos deste encontro com os líderes democratas.

“Vou encontrar-me hoje com Chuck e Nancy para que o governo continue a trabalhar. O problema é que eles querem que clandestinos continuem a inundar o nosso país sem controlo, são fracos em relação ao crime e querem aumentar significativamente os impostos”, escreveu o chefe de Estado. “Não vejo nenhum acordo!”, reforçou Trump. Estas declarações de Donald Trump foram muito mal recebidas pelos democratas.

“Em vez de ir à Casa Branca para às câmaras [de televisão], para uma reunião que não irá produzir nenhum acordo, pedimos um encontro com Paul Ryan e Mitch McConnell para hoje à tarde. Não temos tempo a perder”, acrescentaram os líderes democratas, na mesma nota informativa.

30 Nov 2017

Fernando Pessoa no Museu Rainha Sofia, em Madrid

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ernando Pessoa e os seus contemporâneos protagonizam a exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura”, que o Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid, vai inaugurar em Fevereiro, segundo o calendário publicado no seu sítio na internet.

Com curadoria de João Fernandes, subdirector do museu, e da historiadora de arte Ana Ara, a mostra vai buscar o título a um verso de Álvaro de Campos, “um dos heterónimos mais vanguardistas de Fernando Pessoa”, e reúne os nomes de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio (Saul Dias), entre outros.

O objectivo da mostra, de acordo com o texto de apresentação do museu, é o de estabelecer uma perspectiva das principais correntes estéticas portuguesas das primeiras décadas do século XX, até 1935, ano da morte de Pessoa, e do modo como a obra do escritor foi determinante para a particularização das expressões portuguesas da época.

“Através da prolífica produção escrita dos seus mais de cem heterónimos, Pessoa criou uma vanguarda própria e converteu-se num intérprete de excepção da crise do sujeito moderno e das duas certezas, transpondo para a sua obra uma ideia múltipla do ‘outro'”, escreve o museu espanhol.

Os movimentos de vanguarda criados por Pessoa – “Paulismo”, a partir da abertura (“Pauis”) das “Impressões de Crepúsculo”, “Interseccionismo” ou “Sensacionismo” – são recordados pelo museu madrileno como elementos de uma estrutura que sustenta “a especificidade da modernidade portuguesa”.

“Esta exposição recorre a esses ‘ismos’ para articular um relato visual” do modernismo português, “reunindo uma seleção de obras de José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio, entre outros”, numa abordagem das principais correntes estéticas do século XX, até 1935.

“Estas correntes acusaram uma inevitável influência das tendências europeias dominantes, embora tenham tratado também de se distanciarem delas. Diferentes textos de Pessoa dão conta de um lugar específico para estes ‘ismos’ de sua colheita, assim como do seu carácter distintivo, no contexto europeu, com alusões explícitas, por exemplo, às diferenças entre o Futurismo e o Interseccionismo”, escreve o museu, na apresentação da mostra.

Ao mesmo tempo – prossegue o comunicado da instituição – várias obras seleccionadas refletem “um gosto pelo popular” e traduzem “a idiossincrasia portuguesa”, que aparecem “tanto no trabalho dos artistas portugueses que passaram por Paris”, caso de Amadeo de Souza Cardoso, como no trabalho de estrangeiros que passaram por Portugal, como Sonia e Robert Delaunay.

A mostra anunciada pelo museu de arte contemporânea da capital espanhola – que somou mais de 3,6 milhões de visitantes em 2016 – dedica também uma “especial atenção” às publicações desse período, como a pioneira Orpheu, Águia, K4 Quadrado Azul, Portugal Futurista ou Presença, nas quais apareceram textos de Pessoa, e que “funcionaram como caixa-de-ressonância dessas ideias de vanguarda, exercendo uma grande influência estética e ideológica no meio intelectual português, na primeira metade do século XX”.

A exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura” abre ao público a 7 de Fevereiro de 2018 e encerra a 7 de Maio. Deverá ser acompanhada por iniciativas paralelas, a anunciar pela Embaixada de Portugal, na capital espanhola.

30 Nov 2017