Guerra | Kiev pede à China que adira a cimeira de paz

O ‘número dois’ da diplomacia da Ucrânia, Andriy Sybiha, pediu ontem, em Pequim, ao Governo Central que participe na cimeira de paz marcada para 15 e 16 de Junho, na Suíça.

O primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano falou com o homólogo chinês, Sun Weidong, sobre a situação na Ucrânia e os preparativos para a cimeira, de acordo com um comunicado da Embaixada da Ucrânia na China.

No encontro, Sybiha disse que a participação da China na cimeira seria uma “excelente oportunidade para contribuir de forma prática para a conquista de uma paz justa e duradoura na Ucrânia”.

O dirigente defendeu que a “única base para alcançar tal paz” é a fórmula defendida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Zelensky exige a retirada da Rússia de todo o território da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014, e as regiões de Donetsk, Lugansk (leste), Kherson e Zaporijia (sul), anexadas em Setembro de 2022.

Sun e Sybiha sublinharam a importância de aderir aos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, incluindo o “respeito mútuo pela soberania e integridade territorial”, indicou a nota ucraniana.

Num outro comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China referiu que Sun destacou a importância de “manter o respeito mútuo e a sinceridade nas relações bilaterais” e acrescentou que ambos os países devem “focar-se nos interesses fundamentais e de longo prazo dos respectivos povos”.

Sybiha manteve também um encontro com o enviado especial chinês para a região da Eurásia, Li Hui, no qual foram novamente discutidas as relações entre a China e a Ucrânia, bem como a guerra no país europeu.
A 31 de Maio, o país asiático tinha dito que seria difícil participar nesta cimeira se a Rússia não fosse convidada, declaração aprovada por Moscovo.

7 Jun 2024

Fitch prevê queda do valor das transacções de casas novas na China até 20% este ano

Quebras entre 15 e 20 por cento no valor das transacções de casas novas no mercado imobiliário chinês.

Esta é a previsão avançada ontem pela agência de notação financeira Fitch, já tendo em consideração as políticas de estímulo implementadas pelo Governo Central. A Fitch disse acreditar que a venda de casas novas pode cair para 8,3 biliões de yuan em 2024, reflectindo um declínio de 10 a 15 por cento na área vendida e uma queda de 5 por cento no preço médio de venda, de acordo com um relatório divulgado pela instituição.

O valor das transacções de imóveis novos das 100 maiores empresas imobiliárias do país caíram cerca de 45 por cento em termos anuais em Abril, após uma queda de 46 por cento em Março, indicam dados da consultora China Real Estate Information Corp. Uma tendência muito mais negativa do que as previsões anteriores da Fitch, que apontavam para uma diminuição de 5 a 10 por cento no valor das vendas, e “reflecte uma maior pressão descendente” nos preços das habitações, disse a agência.

A 17 de Maio, a China anunciou novas medidas para revigorar o sector imobiliário, depois de os últimos dados terem mostrado que os preços da habitação caíram quase 10 por cento desde o início do ano.

As autoridades reduziram a entrada para hipotecas e o limite mínimo das taxas de juro para a primeira e segunda habitações e instaram as administrações locais a comprar aos promotores imobiliários terrenos não urbanizados ou imóveis não vendidos.

Casas vazias

Várias das maiores cidades do país, incluindo a capital financeira, Xangai, também suspenderam as restrições às transacções de imóveis, que caíram 24,3 por cento em 2022 e mais 8,5 por cento em 2023, medidas por área útil. Estas medidas “poderão ajudar a estabilizar as vendas (…), até certo ponto”, nas maiores cidades da China, mas em outras zonas o impacto “será provavelmente muito mais limitado”, previu a Fitch.

O número significativo de habitações não vendidas em muitas cidades chinesas “está a restringir a liquidez dos promotores” imobiliários e também “a pesar na confiança dos compradores”, sublinhou. A Fitch disse acreditar que a procura média por habitação na China ronda este ano um total de 800 milhões de metros quadrados, “significativamente inferiores aos dos anos anteriores, sugerindo que a tendência de consolidação do sector” pode continuar.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter restringido, em 2020, o acesso ao financiamento bancário para os promotores que acumularam um elevado nível de dívida. Uma questão que preocupa Pequim pelas implicações na estabilidade social, já que a habitação é um dos principais investimentos das poupanças das famílias chinesas.

No início de Abril, a Fitch baixou a perspectiva para a economia chinesa para negativa, face aos “riscos crescentes” para as finanças públicas devido à transição para um modelo de crescimento menos dependente do imobiliário.

7 Jun 2024

Cooperação | Vice-presidente do Brasil procura na China mais investimento

O vice-presidente do Brasil disse ontem em Pequim que quer aprofundar a parceria estratégica com a China e promover “investimentos recíprocos para geração de emprego, renda e desenvolvimento” para os brasileiros

 

Durante uma visita oficial a Pequim, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, apontou como objectivo fundamental aprofundar a cooperação com a China de forma a captar “investimentos recíprocos para geração de emprego, renda e desenvolvimento” no Brasil.

Geraldo Alckmin disse na rede social X (antigo Twitter) que a meta a alcançar é “trazer prosperidade e combater a pobreza”.

O governante brasileiro participou, na quarta-feira e ontem, na sétima reunião plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). O também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços brasileiro sublinhou que o encontro “marca os 20 anos da Cosban, os 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países, e traça uma estratégia para o futuro”.

Alckmin destacou que a balança comercial com a China cresceu 17 vezes, de nove mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros) em 2004 para 157 mil milhões de dólares (144,2 mil milhões de euros) em 2023, “Nos próximos 50 anos, queremos aprofundar esta parceria estratégica, acrescentou o vice-presidente.

Alckmin iniciou na terça-feira uma visita oficial à China acompanhado de uma comitiva de 200 empresários do país sul-americano.

Rota a seguir

Em Abril de 2023, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizou uma visita oficial à China para marcar o início do terceiro mandato.

A segunda comitiva do Governo sul-americano a visitar Pequim, liderada por Alckmin e o ministro da Casa Civil brasileiro, Rui Costa, deve tratar da inclusão do Brasil no iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

Durante a visita oficial da comitiva brasileira à China, que decorre até amanhã, também deverão ser assinados acordos bilaterais no plano consular, agrícola, de investimentos e de combate às alterações climáticas. Os 200 empresários brasileiros terão como missão principal o reforço comercial nas áreas da agricultura, indústria, finanças, transição energética e mercados capitais.

De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008. O mercado chinês foi destino de 30 por cento das exportações brasileiras em 2023, atingindo 104 mil milhões de dólares (95,5 mil milhões de euros), sobretudo graças a produtos alimentares e matérias-primas.

A China, por seu turno, mantém investimentos no Brasil que rondam os 40 mil milhões de dólares (36,8 mil milhões de euros), que nos últimos anos se têm centrado sobretudo na área energética.

7 Jun 2024

IPOR | Três escolas assinam acordo para exame “Camões Júnior”

Três escolas públicas assinaram ontem um acordo de cooperação com o Instituto Português do Oriente (IPOR) para a realização do exame “Camões Júnior”, nomeadamente a Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional e a Escola Oficial Zheng Guanying.

Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), o acordo visa, entre outras medidas de promoção e desenvolvimento do ensino do português, a realização do exame “Camões Júnior”, bem como “a organização de formação profissional regular para professores de português e de encontros de intercâmbio académico em língua portuguesa”.

O objectivo é “aumentar a eficácia dos professores no ensino do português e o nível de utilização da língua portuguesa pelos alunos”.

7 Jun 2024

Iao Hon | Conselheiros discutem reconstrução de sete prédios

A idade dos proprietários e falta de fundos para avançar com a reconstrução de sete prédios no Bairro do Iao Hon foi ontem discutida no Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. O assunto foi abordado por Ip Weng Hong, um dos membros, que focou a idade avançada dos proprietários, assim como as dificuldades financeiras que atravessam.

O responsável indicou que mais de metade dos proprietários dos apartamentos são idosos. Como tal, pediu ao Executivo para assumir os custos das obras a favor dos proprietários sem capacidade para financiar as obras.

Por sua vez, Chan Ian Ian, vogal, considera que um dos prédios que vai ser renovado, o edifício Son Lei, pode servir como referência para o futuro, ao nível da renovação urbana e dos procedimentos a seguir. Porém, defendeu a necessidade de “estabelecer um mecanismo de comunicação mais eficiente” entre proprietários e Governo, para tornar mais ágil o processo.

7 Jun 2024

Forças de segurança | Lei Chan U quer mais disciplina

O deputado Lei Chan U pretende que o Governo explique as medidas que têm sido tomadas para aumentar a integridade e o respeito pela lei entre as forças de segurança. O assunto é abordado numa interpelação escrita, depois de nos últimos tempos terem sido revelados alguns inquéritos criminais contra agentes.

De acordo com o deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), nos últimos tempos registaram-se muitos casos de “violação da legislação e da disciplina do pessoal, que atraíram a atenção do público”, apesar de considerar que é “óbvio para todos” que a tutela fez grande esforço para promover a integridade dos agentes.

Por isso, dado o esforço e os resultados limitados, o deputado pretende que o Governo explique como vai dar a volta à situação. “Que trabalho tem sido feito no domínio da segurança nos últimos anos para reforçar a integridade do pessoal e aumentar a sua consciência do cumprimento da lei?”, pergunta. “Em que aspectos as deficiências do trabalho actual serão revistas e melhoradas no futuro para aumentar a eficácia do trabalho?”, acrescenta.

Por outro lado, Lei Chan U pede ao Governo que clarifique como vai melhorar os mecanismos internos de supervisão dos agentes, para evitar a ocorrência de novos casos e dar o exemplo com agentes de segurança cumpridores e eficientes.

7 Jun 2024

Natalidade | Tóquio lança aplicação de encontros para travar queda

As autoridades da região metropolitana de Tóquio vão lançar este Verão uma aplicação de encontros, numa tentativa de travar a queda da taxa de natalidade no Japão.

Para se registarem na aplicação, os potenciais utilizadores terão de fornecer documentos que comprovem que são solteiros e qual o rendimento anual, assim como assinar uma declaração em que garantam estar à procura de casamento.

“Percebemos que 70 por cento das pessoas que se querem casar não participam em encontros nem estão em aplicações de procura de parceiros”, disse à agência de notícias France-Presse, na terça-feira, um funcionário do governo de Tóquio responsável pela nova aplicação.

“Queremos dar-lhes uma pequena ajuda” com a nova ferramenta, que se encontra actualmente em fase de testes, acrescentou.

Várias autarquias do Japão organizam regularmente eventos de encontros entre solteiros à procura de casamento, mas o plano de Tóquio para lançar uma aplicação vai mais longe.

O projecto de Tóquio gerou comentários negativos nas redes sociais japonesas, com um cibernauta a perguntar: “O governo devia fazer isso com os nossos impostos?”. Mas outros disseram que se sentiriam mais seguros ao usar uma aplicação oficial.

Constante declínio

O número de casamentos no Japão em 2023 foi de 474.717, a primeira vez que o número caiu abaixo de meio milhão desde a Segunda Guerra Mundial.

Este declínio tem sido chave na queda da taxa de natalidade no Japão, uma vez que os nascimentos fora das uniões legais permanecem extremamente baixos, cerca de 2 por cento, disse a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, num relatório publicado no início de 2024.

A taxa de fertilidade no Japão caiu em 2023, pelo oitavo ano consecutivo, para um novo mínimo histórico de 1,2 por mulher, de acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Previdência.

Por província, a taxa de fertilidade mais baixa foi registada em Tóquio, com 0,99, sendo a região metropolitana da capital a única a ficar abaixo de 1.

Além disso, a idade média das mães no Japão foi, pela primeira vez, 31 anos. Em 2023, o país registou cerca de 727.300 nascimentos, uma diminuição de 5,6 por cento, pelo oitavo ano consecutivo. Por outro lado, o número de mortes no arquipélago há 17 anos que é superior aos nascimentos e no ano passado foi o dobro.

O Governo do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, deverá aprovar o aumento dos abonos de família e a criação de um fundo estatal para garantir os recursos financeiros necessários para o apoio à educação dos filhos.

Entre as medidas estão a duplicação do subsídio mensal por criança para 30 mil ienes a partir da terceira criança, o alargamento da cobertura do auxílio dos 15 até aos 18 anos, e o acesso a creche para todas as crianças, independentemente da situação profissional dos pais.

6 Jun 2024

Ministro do Comércio chinês reúne-se com ministro da Economia português

O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, e o ministro da Economia português, Pedro Reis, conversaram na terça-feira para discutir medidas de promoção das relações económicas e comerciais bilaterais, indicou a agência estatal Xinhua.

Wang expressou a disponibilidade da China para colaborar com Portugal na implementação dos resultados da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, também conhecido como Fórum de Macau, realizada em Macau no início deste ano.

Em relação à questão da concorrência leal, o responsável criticou as recentes medidas de protecção comercial tomadas pela UE, que, segundo ele, interromperam severamente a cooperação industrial mutuamente benéfica e afectaram a confiança das empresas chinesas que investem na Europa.

Wang observou que o proteccionismo não é uma solução viável, mas um perigoso beco sem saída.

O ministro pediu ainda conversas igualitárias com a UE sobre as preocupações económicas e comerciais e defendeu uma concorrência justa baseada numa cooperação ampliada para melhorar as relações económicas e comerciais sino-europeias.

No mesmo tom

O ministro português Pedro Reis concordou com as opiniões de Wang, dizendo que expandir a cooperação e a concorrência justa são caminhos certos para combater o proteccionismo comercial. O responsável luso sublinhou a necessidade de uma cooperação reforçada entre as empresas chinesas e portuguesas para contribuir com mais energia positiva para o desenvolvimento económico global.

Reis manifestou ainda a vontade de Portugal de reforçar a cooperação com a China em áreas como investimento mútuo, comércio de produtos agrícolas e alimentares, intercâmbio interpessoal e colaboração no mercado de terceiros, com o fortalecimento do papel do Fórum de Macau.

6 Jun 2024

Novo filme de Luís Filipe Rocha “O teu rosto será o último” estreia hoje

O realizador português Luís Filipe Rocha, que chegou a filmar em Macau, acredita que “o território da família chega e sobra para contar a história da Humanidade”. Exemplo disso é o filme “O teu rosto será o último”, que estreia hoje em Portugal.

A longa-metragem de ficção chega agora aos cinemas mais de uma década depois de Luís Filipe Rocha ter lido o romance “O teu rosto será o último”, do escritor João Ricardo Pedro, e de ter comprado os direitos de adaptação.

“Fiquei absolutamente fascinado, arranjei um encontro com o escritor num café no Rossio, conversámos quatro horas. Parecia o [filme] ‘Casablanca’, o princípio de uma bela amizade”, lembrou o realizador em entrevista à agência Lusa.

Luís Filipe Rocha demorou a encontrar financiamento e a escrever o argumento a partir daquele romance de estreia, que valeu a João Ricardo Pedro o Prémio Leya 2011, mas o que o fez “tragar o anzol” da narrativa foi “a fascinante dificuldade” de alguém em não conseguir lidar com um dom.

Esse alguém é uma das personagens do romance e o protagonista do filme, Duarte, que nasceu com uma capacidade extraordinária de tocar piano, para a qual não estava preparado, e que renegou também pelas circunstâncias familiares em que cresceu, com um pai a lidar muito mal com os traumas da Guerra Colonial.

“Em todos os filmes que vi sobre artistas dotados, sobretudo na música, todas as histórias, a história do artista dotado, [o que sobressai] é o sacrifício, o martírio, a luta para impor o seu talento. O que me puxou foi essa fascinante dificuldade, a desarmonia entre um artista que recebe o dom de ser o maior ‘beethoviano’ do seu tempo, e o não-querer progressivo desse dom”, afirmou.

A vida de Duarte

A história situa-se, sobretudo, entre a revolução de 25 de Abril de 1974 e os anos 1990, acompanhando o crescimento de Duarte, entre a infância e a idade adulta, e a relação com os pais, na cidade, e com os avós paternos, no campo.

“O tema central é a luta do miúdo que aos 7 anos descobriu a música num piano sem som, uma espécie de epifania que o aterroriza, e depois o seu crescimento no seio da família; e há a História de Portugal que apanha a memória da ditadura, a guerra colonial e o pós-25 de abril”, disse o realizador.

O elenco integra Vicente Wallenstein, Nuno Nunes, Rita Durão, Adriano Luz, Pompeu José e Teresa Madruga, além dos jovens pianistas e actores Jaime Távora e Alexandre Carvalheiro.

Para o realizador, este “não é, de forma nenhuma, um filme sobre a Guerra Colonial”, mas ela está presente por circunstâncias da narrativa e como um dos “elementos de perturbação” do percurso do protagonista.

“Há uma tensão, para mim, narrativamente sempre, sempre exaltante que é a História e o indivíduo. Como é que individualmente todos nós, mesmo que não nos demos conta, estamos muito dependentes da História em que vivemos e morremos. [Por isso] defendo que para contar bem uma história podemos não sair do universo familiar. O território familiar chega e sobra para contar a história da Humanidade toda”, sublinhou o realizador.

Luís Filipe Rocha tem 76 anos e mais de 50 de percurso no cinema, desde que entrou, como actor, em “O recado” (1971), de José Fonseca e Costa. O primeiro filme, “Barronhos – Quem teve medo do poder popular?”, surgiria em 1976, seguindo-se “A Fuga” (1977), “Cerromaior” (1980), “Amor e dedinhos de pé” (1991), filmado em Macau com base no romance, com o mesmo nome, de Henrique de Senna Fernandes; “Camarate” (2000) ou “A outra margem” (2007), entre outros.

Também assinou duas obras de ficção que, tal como “O teu rosto será o último”, abordam “momentos decisivos” e transformadores na vida de alguém: “Adeus, pai” (1996), de transição da infância para adolescência, e “Sinais de Fogo” (1995), de passagem da adolescência para a idade adulta.

6 Jun 2024

Digitalização de museus na China atrai milhões de pessoas

Novas tecnologias para manter e divulgar o passado

Quando o metaverso se encontra com os museus, os visitantes podem viajar até ao passado para construir edifícios antigos, viajar com animais selvagens ferozes como os leões e os elefantes brancos das lendas chinesas.

As exposições digitais de relíquias culturais tornaram-se cada vez mais uma forma importante de as trazer de volta à vida. Com os avanços da tecnologia moderna, a digitalização já não se limita a simples ecrãs que mostram imagens de relíquias aos visitantes, mas inclui agora meios de alta tecnologia, como o metaverso, conteúdos gerados por IA e experiências interactivas que levam os visitantes ao mundo do património cultural.

Em toda a China, foram desenvolvidos vários meios e esforços avançados para proteger, desenvolver e utilizar a cultura tradicional chinesa, numa tentativa de “aumentar a confiança cultural e promover o espírito nacional do país”, refere o Global Times.

O Pagode de Porcelana

No Ocidente, é um dos mais conhecidos patrimónios culturais chineses e, por vezes, visto como uma das Maravilhas do Mundo. O legado continua, pois aparece de vez em quando em várias séries de televisão e filmes americanos, na caixa de comida chinesa como um ícone do elemento cultural chinês. Trata-se do Pagode de Porcelana de Nanjing, uma das maravilhas do mundo medieval no antigo Templo de Bao’en, ou Templo da Gratidão Retribuída em chinês. O pagode foi construído no século XV na margem sul do rio Yangtze.

A milhares de quilómetros de distância, o Grande Pagode de Kew continua de pé em Londres, funcionando como uma janela para a cultura chinesa para milhões de visitantes no Reino Unido. Sir William Chambers visitou a China por duas vezes e os seus grandes projectos de pagodes para a família real foram influenciados por gravuras que aí tinha visto do famoso Pagode de Porcelana de Nanjing.

No entanto, o pagode foi quase todo destruído no século XIX devido à guerra. Felizmente, o palácio subterrâneo por baixo do templo escapou ao infortúnio e permanece intacto. Uma escavação arqueológica efectuada em 2008 descobriu relíquias budistas no palácio subterrâneo, enquanto uma torre de vidro e aço baseada no pagode original foi construída e aberta ao público em 2015.

Com a ajuda de um projecto de digitalização, a torre original de nove andares, coberta de azulejos coloridos, pode ser vista de novo em vídeos de alta definição, tal como foi construída durante a dinastia Ming (1368-1644). “O rápido desenvolvimento da tecnologia, incluindo a digitalização, abriu muitas possibilidades para nos ajudar a proteger o nosso património e a trazer de volta à vida as relíquias culturais”, disse Wang Wenxi, curador do Museu das Ruínas do Grande Templo Bao’en de Nanjing. Como o pagode tinha sido destruído, era um desafio para o museu manter-se relevante, uma vez que o pagode parecia não ser mais do que uma história do passado para as pessoas de hoje.

“É um processo duro e difícil e um problema comum enfrentado por muitos sítios patrimoniais na China e mesmo em todo o mundo”, disse Wang, cuja equipa tem vindo a explorar novas formas de promover o sítio.

Para além da recriação digital do Pagode de Porcelana, foi introduzida tecnologia virtual para gerar um espaço metaverso no Museu das Ruínas do Grande Templo de Bao’en, através do qual os visitantes podem entrar num museu metaverso para explorar um pagode restaurado digitalmente.

“No mundo digital, o restauro do pagode e as experiências interactivas ajudarão os visitantes a ligarem-se ao seu património e a sentirem melhor a esplêndida cultura de Nanjing”, observou Wang. “Isto traz este tesouro histórico e nacional da China de volta à vida.”

Ao entrar no Museu das Ruínas do Grande Templo Bao’en, os visitantes já não precisam de procurar informações online. Em vez disso, podem “falar” com a “Rapariga Dragão”, uma curadora inteligente baseada em grandes modelos linguísticos, em qualquer altura e desfrutar de uma visita “privada”. Através de um programa interativo de realidade aumentada, podem também ligar entre si todos os locais do museu.

Além disso, na opinião de Wang, os museus transmitem uma mensagem sobre o reconhecimento dos valores chineses de inovação e paz. O museu tem trabalhado com várias universidades em investigação histórica, arquitetura, digitalização e muito mais. Desde os artigos de porcelana com vidrados coloridos da dinastia Ming até aos intercâmbios culturais centrados no Grande Templo de Bao’en, “temos muito mais para fazer e muito está à nossa espera”.

Expressões criativas

Como viajantes europeus como Johan Nieuhof visitaram a torre em meados do século XVI e a deram a conhecer ao mundo, o museu espera ter mais projectos que possam continuar esta ligação global e promovê-la como um símbolo cultural da China.

O Concurso para Inovadores em Património Cultural Imersivo Digital faz parte deste esforço. De acordo com Hu Lei, director-adjunto do Departamento de Criatividade Digital do museu, jovens de 34 cidades de 13 países participaram no concurso, utilizando experiências imersivas e tecnologia digital inovadora para interpretar e contar as histórias do património cultural perdido. “Pode despertar o interesse do público pelo património e apresentar expressões criativas a partir da perspectiva dos jovens”, afirmou Hu.

O concurso é também uma plataforma de intercâmbio para técnicos e criadores de conteúdos, uma vez que a equipa técnica pode prestar mais atenção aos conteúdos e aprender a contar boas histórias, enquanto a equipa de conteúdos pode aprender mais sobre tecnologias de ponta. “É uma solução vantajosa para a proteção, exibição e educação do património cultural”, afirmou Wang.

Grutas digitalizadas

A preservação digital das antigas grutas da China tornou-se um assunto de interesse global, uma vez que as equipas chinesas de conservação digital utilizam tecnologias de ponta para restaurar o esplendor original destas antigas grutas e dos seus murais com grande precisão. Isto permite que pessoas de todo o mundo transcendam o tempo e o espaço e experienciem a vasta beleza da cultura das grutas, incluindo as conhecidas grutas de Yungang, na província de Shanxi, no norte da China, e as grutas de Dunhuang Mogao, na província de Gansu, no noroeste da China.

Sun Bo, membro da equipa do centro de protecção e monitoramento do património cultural do Instituto de Pesquisa Yungang, disse que os esforços atuais de restauração e protecção das Grutas Yungang evoluíram da conservação tecnológica para a conservação digital. A criação de um laboratório digital no Instituto de Investigação de Yungang visa recolher dados e utilizar computadores para selecionar os materiais e os métodos de restauro que causarão menos danos às grutas.

“A restauração das Grutas de Yungang não pode ser interrompida, mas minimizar os danos durante o processo é uma arte em si. O laboratório digital pode ajudar o pessoal a escolher os melhores métodos, destacando outro papel importante na digitalização do património cultural”, afirmou, acrescentando que a recolha de informações digitais em curso nas

Durante o processo de recolha de dados, a equipa pode identificar danos subtis e riscos potenciais para as grutas e estátuas, o que ajuda a restaurar e atenuar os danos em tempo útil. Posteriormente, os dados e informações de alta precisão recolhidos serão processados utilizando tecnologia digital, “recriando” as Grutas de Yungang numa base de dados para fornecer dados sólidos e apoio visual para a conservação, restauro e mesmo reconstrução das grutas.

Os meios de comunicação social referiram que a digitalização das Grutas de Yungang, que ostentam mais de 59000 estátuas complexas e requintadamente esculpidas de vários tamanhos, deu origem a um enorme volume de dados que exigirá um tempo considerável para ser processado digitalmente. “Os esforços digitais em curso estão a construir uma base sólida para a preservação precisa e permanente e para a utilização sustentável da informação sobre as Grutas de Yungang”, disse Hang Kan, director do instituto de investigação das Grutas de Yungang, acrescentando que dois terços do trabalho de recolha de informação digital para as grutas foram concluídos.

Dunhuang Mogao atrai milhões

A digitalização das Grutas de Dunhuang Mogao também alcançou resultados. Em Maio de 2016, foi oficialmente lançada a biblioteca de recursos “Dunhuang Digital”. Partilha imagens de alta definição de murais e explicações textuais de 30 grutas em todo o mundo. Utilizadores de quase 80 países e regiões usam a plataforma, que já recebeu mais de 22 milhões de visitas, informou o Guangming Daily. “A digitalização permitiu que as relíquias culturais deixassem os museus e chegassem a todos os cantos do mundo, estimulando o desejo das pessoas de ver os artefactos reais no local”, disse Su Bomin, chefe do Instituto de Pesquisa Dunhuang.

Em abril de 2023, a “Gruta Digital”, criada pelo Instituto de Investigação de Dunhuang, foi oficialmente lançada, atraindo mais de 14 milhões de utilizadores no espaço de uma semana. Com o lançamento da versão internacional da “Caverna Digital”, os utilizadores estrangeiros podem “viajar através” da caverna com um único clique e apreciar a civilização chinesa representada por Dunhuang.

Actualmente, o centro digital do Instituto de Investigação de Dunhuang reúne 110 técnicos profissionais de várias disciplinas, incluindo informática, fotografia, design artístico, direção de vídeo e animação, formando uma equipa interdisciplinar de talentos para a proteção do património cultural.

A equipa de protecção do património cultural digital do Instituto de Investigação de Dunhuang também partilhou a experiência bem sucedida de levar a cabo projectos semelhantes de “Dunhuang digital” com outros países, incluindo Myanmar, cujo Templo Thatbyinnyu estava ameaçado após um grave terramoto.

“A divulgação da cultura de Dunhuang pode permitir que pessoas de todo o mundo compreendam que a China, do passado ao presente, tem enfatizado os intercâmbios multiculturais e promovido o espírito de aprendizagem mútua”, disse Su.

6 Jun 2024

Talentos | Ron Lam aponta que jovens não sentem apoio do Governo

Apesar das promessas na aposta nos quadros qualificados locais, o deputado Ron Lam revela que os jovens não sentem o apoio do Governo ao entrarem no mercado de trabalho. A afirmação faz parte de uma pergunta que vai ser feita ao Executivo, na Assembleia Legislativa, na próxima semana. “O Governo tem sublinhado a formação de talentos locais, mas muitos jovens não sentem que o Governo respeite e dê importância aos profissionais locais”, indica o deputado.

O membro da Assembleia Legislativa justifica a afirmação com o caso do Metro Ligeiro, e a transferência de vários trabalhadores, que se sentiram prejudicados a nível de direitos laborais. “Muitos jovens adquiriram competências e experiência depois de alguns anos de trabalho, mas a nova empresa [do Metro Ligeiro] recusou-se a reconhecer as suas competências e antiguidade, e despromoveu-os”, vincou Ron Lam. “Apesar de ser uma empresa detida na totalidade pelo Governo, não deu o exemplo nem assumiu a liderança na salvaguarda das regalias dos seus empregados”, acrescentou.

Face a este cenário, o deputado quer saber como é que o Governo vai mudar de atitude e também “incentivar as empresas privadas a salvaguardarem o emprego local e a darem importância à formação de talentos locais”.

As críticas estendem-se também à situação da área da medicina, em que o Governo impôs restrições aos médicos que podem frequentar os estágios nos hospitais públicos. Sem esses estágios, as carreiras ficam congeladas. “Quanto aos profissionais de saúde, há um grande número de médicos locais que não tem saídas devido às restrições impostas pelo regime de estágio. Então, as autoridades vão estudar soluções para lhes proporcionar mais espaço de emprego e desenvolvimento?”, questiona.

6 Jun 2024

Habitação | Deputados com dúvidas sobre alterações em despejos

Os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa admitem terem várias dúvidas em relação à proposta do Governo para alterar o regime de despejo. O assunto foi ontem discutido na Assembleia Legislativa, na comissão liderada por Ella Lei.

Segundo a proposta do Executivo, os senhorios podem despejar quando os arrendatários se atrasam cinco meses no pagamento da renda. No entanto, os legisladores confessam que não entendem se os cinco meses são corridos ou podem ser intercalados.

“Como são calculados estes cinco meses? Alguns deputados colocaram a questão se podem ou não ser meses consecutivos e se os atrasos no pagamento da renda podem acontecer mais do que uma vez”, afirmou Ella Lei.

Os deputados também querem saber se os senhorios se podem apropriar da caução paga, que actualmente corresponde ao valor de dois meses de renda. “Se um inquilino não pagar a renda durante cinco meses, conjugando com esta norma da caução, o valor pode ser utilizado para cobrir os dois primeiros meses? Se assim for, não se pode considerar que há cinco meses de pagamento em falta”, justificou.

Por outro lado, a comissão pretende que o Governo esclareça se a utilização de novas tecnologias vai ser uma forma admissível para notificar os inquilinos, quando estes recusam notificações.

“Há inquilinos que recusam receber cartas. Podem ser usados meios tecnológicos como uma mensagem através de WeChat ou Whatsapp?”, interrogou a presidente da comissão.

6 Jun 2024

“O Código Shan Hai Jing” | Dupla de autores quer escrever nova versão da História Mundial

Michael Du e Julie Oyang entabulam actualmente uma corrida ao texto de cortar a respiração, através da mais importante peça da literatura chinesa e do tesouro mais pesado da cultura chinesa e… mais além. Julie Oyang é uma crítica cultural e artística baseada na Europa, comentadora da cultura chinesa e filósofa visual. É professora convidada na Universidade de São José em Macau, e colaboradora da Via do Meio. Michael Du é um conhecedor da cultura antiga chinesa e detentor da maior colecção da civilização Hongshan do mundo. Foi o fundador da Haikou KiWen International Art & Culture Co. Ltd.

Ambos os autores estão estreitamente envolvidos no Centro de Inovação e Empreendedorismo da Cultura Guangcai (Guangcai Culture Innovation and Entrepreneurship Valley), uma iniciativa de vanguarda apoiada pelo governo chinês para o intercâmbio académico e educativo internacional, que está actualmente a preparar-se para uma conferência de imprensa no Salão do Congresso do Povo em Pequim, e uma casa de leilões de arte com sede em Yantai, na província de Shandong.

O Shan Hai Jing, em português Livro das Montanhas e dos Mares, foi legendariamente atribuído a Yu, primeiro imperador da dinastia Xia, e a um letrado chamado Boyi, o que remeteria a origem da obra para o segundo milénio a.E.C. Nele se descrevem plantas miríficas e seres exóticos, vulgo monstruosos, deambulando por espaços hoje ignotos.

Via do Meio: O Shan Hai Jing é provavelmente um dos manuscritos mais antigos do mundo. O que é exactamente?

Julie Oyang: Shan Hai Jing traduz-se literalmente por “Colecção das Montanhas e dos Mares”. O texto é um relato cultural e geográfico da China antes da dinastia Qin, o primeiro império chinês do século III a.E.C.. Contém também mitologia. No total, o livro fala de mais de 550 montanhas e 300 mares. A colecção completa, com cerca de 31 000 palavras, está dividida em 18 secções. O Shan Hai Jing foi, mais provavelmente, um compêndio de obras escritas por muitos autores numa língua antiga, semelhante ao chinês, e posteriormente editado por vários estudiosos chineses desde a dinastia Han Ocidental, com base na sua interpretação do texto “ilegível” e intrigante. A colecção inclui uma série de mitos, nomeadamente histórias da criação e do início da humanidade. Diz-se que o livro tem pelo menos 2200 anos. Mas o nosso palpite é que o Shan Hai Jing é muito mais antigo.

Michael Du: Mas quanto mais antigo, queremos saber. Posso dizer com confiança que algumas das histórias datam de há pelo menos 6000 anos, até à civilização Hongshan, a minha área de interesse. Sugeriria mesmo que este livro raro nos fala de uma civilização mais antiga, anterior ao Grande Dilúvio, acontecimento que se deu globalmente — em todas as culturas antigas, aparentemente. Dediquei toda a minha vida à recolha e ao estudo dos artefactos de Hongshan e não apenas devido ao seu crescente valor de mercado: estou convencido de que a mitologia não deve ser tomada como um dado adquirido. O Shan Hai Jing não é um dado adquirido. É com a referência sólida a artefactos existentes que podemos agora dar um rosto ao texto antigo “sem rosto”. Um rosto que se aproxima de uma verdade histórica impressionante, que de outra forma se perderia para sempre.

Via do Meio: Uma verdade histórica espantosa?

Michael Du: Como a Julie disse, o Shan Hai Jing registou mais de 40 países, mais de 550 montanhas, 300 rios, etc., com criaturas antigas, monstros e geografia mítica. Um relato enciclopédico da visão que as pessoas têm do mundo, que se tornou uma fonte de inspiração para a cultura pop, intercâmbios interculturais e estudos comparativos. Durante o nosso próprio processo de escrita, comparámos o Shan Hai Jing com As Histórias, do antigo historiador grego Heródoto. As Histórias documentam a geografia, as pessoas, os recursos naturais, os diferentes costumes, as aves e os animais. Em particular, alguns dos monstros orientais descritos por Heródoto são bastante semelhantes aos do Shan Hai Jing. Em alguns mapas europeus da Idade Média, as áreas próximas da Índia eram frequentemente pintadas com monstros, cujos equivalentes podem ser encontrados no Shan Hai Jing. O monstro estrela do Shan Hai Jing, Zouwu, fez uma estreia global em Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald em 2018. Tão grande como um tigre, com um pêlo colorido e uma cauda mais comprida do que o corpo, o Zuowu é uma criatura auspiciosa que aparece apenas durante o reinado de governantes benevolentes. O Zuowu não mata um ser vivo para se alimentar. Portanto, é óbvio que a difusão do conhecimento antigo do Shan Hai Jing desde os tempos antigos é um tema académico interessante. Mas fizemos a nós próprios a primeira pergunta antes de começarmos a escrever o Código Shan Hai Jing: estes países, montanhas e rios, registados no texto chinês, estão em que região? Esta é uma pergunta muito importante que nunca foi feita antes. Acreditamos que este texto chinês não diz respeito apenas à civilização chinesa: o Shan Hai Jing diz respeito à civilização mundial.

Via do Meio: É uma conclusão bastante surpreendente, não é? Então, com o Código Shan Hai Jing, pretende escrever uma nova versão chinesa da história mundial?

Julie Oyang: Posso responder a essa pergunta. E devo dizer que todo o Shan Hai Jing parece algo composto por uma espécie de alquimistas antigos. A viagem entre o mito e a realidade é uma experiência humana comum que encontramos na grande literatura mundial, desde a Divina Comédia de Dante até ao jardim bifurcado de Borges. É claro que os verdadeiros alquimistas não transformam o chumbo em ouro; transformam o mundo em palavras, cada uma das quais é um puzzle labiríntico a tempo de ser decifrado por nós. Na sua Filosofia da História, Hegel defende que a essência da civilização e do seu progresso é a liberdade. No entanto, a história chinesa contrasta ou mesmo refuta a visão hegeliana da liberdade e do progresso. A civilização chinesa está profundamente enraizada na pluralidade através da “absorção de tudo o que está sob do céu”. Pode dizer-se que, a partir do Shan Hai Jing, a versão chinesa da história do mundo é apresentada como uma grande narrativa unificadora ou — como disse o historiador britânico Arnold Toynbee — uma “narrativa cosmopolita”. A liberdade significa conflito e a grande unidade significa a cessação do conflito. O universalismo chinês é a ideia de que os indivíduos ou os pequenos Estados devem abdicar de uma parte da sua liberdade para alcançar uma harmonia social global e a concórdia entre todos os Estados. O Shan Hai Jing mostra-nos que os chineses promoveram e praticaram a ordem universal de harmonia entre todas as nações do globo no mundo antigo. O objectivo ideal desta narrativa cosmopolita é “misturar e unificar o mar, as montanhas e o mundo” através de uma governação bem sucedida baseada no comércio. O Shan Hai Jing é o mapeamento da mais antiga rede de comércio! Se acreditarmos na Atlântida de Platão – sim, é bastante louco!, mas a colecção Hongshan de Michael Du abriu-me realmente os olhos e a mente. Assim, se Platão estiver correcto, podemos dizer que a civilização pré-diluviana era uma civilização espiritual e que a versão Ocidental da história mundial é a manifestação de uma civilização material. A civilização chinesa é uma civilização intermediária única, mas típica, a ponte entre as duas.

Via do Meio: Atlântida? Hongshan? A ponte?

Michael Du: O Shan Hai Jing descreve muitas bestas mágicas. Têm três cabeças, seis braços, asas múltiplas e outras características. Isto lembra-nos que a engenharia genética altamente desenvolvida e a tecnologia de clonagem já existiria num passado remoto. Os abundantes artefactos de Hongshan confirmam esta hipótese. Na minha opinião, Hongshan não é a Atlântida, mas uma memória dela! Hongshan preservou os mistérios e simbolismos únicos de uma civilização anciã pré-diluviana para ser espalhada pelo globo novamente no final da última era glacial. A civilização mais antiga foi designada Atlântida por Platão nos seus Diálogos. Tal como as criaturas do Shan Hai Jing, os atlantes têm poderes mágicos e comunicam por telepatia. Alguns atlantes eram seres parecidos com peixes, tal como a sereia de Hongshan! Hoje em dia é-nos difícil compreender estas coisas se não tivermos uma mente aberta. De facto, alguns investigadores acreditam que Hongshan é um laboratório extraterrestre. Miscellaneous Morsels from Youyang (酉陽雜俎) é um livro escrito por Duan Chengshi no século IX, durante a dinastia Tang. Centra-se em lendas e boatos chineses e estrangeiros, relatos de fenómenos naturais, pequenas anedotas e contos do maravilhoso e do mundano, bem como notas sobre temas como ervas medicinais e… tatuagens. O livro regista o encontro com um astronauta extraterrestre que informou dois homens que a Lua era feita de sete ligas (sete tesouros) e que a Lua era na realidade uma esfera coberta de montanhas e não um disco plano como se pensava. Disse-lhes que havia oitenta e dois mil lares de trabalhadores de manutenção na lua e que ele era um deles, antes de lhes mostrar as suas ferramentas, incluindo machados e cinzéis. Por fim, partilhou alguns alimentos lunares que pareciam bolas de arroz cristalino. Todos estes pormenores interessantes sobre a Lua foram registados no século IX! Não é alucinante? De certa forma, Youyang é um livro ainda mais estranho do que Shan Hai Jing. Mas estou a divagar. O que quero dizer é: quem somos nós para julgar e rejeitar?

Via do Meio: Podem partilhar com os nossos leitores alguns dos mistérios e simbolismos únicos da civilização anciã pré-diluviana que Hongshan preservou e que ainda hoje estão vivos?

Michael Du / Julie Oyang: Leiam o nosso livro e descubram.

5 Jun 2024

Macau prepara grandes eventos para marcar Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025

O Instituto Cultural de Macau (ICM) está a preparar uma série de grandes eventos internacionais, após a região ter sido nomeada como Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025, revelou hoje a sua responsável. Leong Wai Man disse aos jornalistas que o ICM prepara um programa que inclui “grandes paradas e desfiles, festivais de arte, festivais internacionais de música, exposições de arte e eventos desportivos internacionais”.

A presidente do ICM sublinhou que o objectivo é não apenas “reforçar o intercâmbio e cooperação cultural e turístico” na Ásia Oriental, mas também “promover a compreensão mútua entre as civilizações chinesa e estrangeiras”. O Governo de Macau anunciou na segunda-feira a nomeação do território como Cidade Cultural da Ásia Oriental 2025, uma iniciativa conjunta da China, Japão e Coreia do Sul, estabelecida em 2012.

A directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, recordou hoje que a região organizou eventos para tentar atrair visitantes em Tóquio, em março, e em Seul, entre 30 de Maio e 2 de Junho.

A iniciativa Cidade Cultural da Ásia Oriental distingue anualmente duas cidades chinesas, uma japonesa e uma sul-coreana. O Japão e a Coreia do Sul ainda não anunciaram as suas nomeações para 2025.

Senna Fernandes disse aos jornalistas que Macau poderá convidar as Cidades Culturais da Ásia Oriental 2025 japonesa e sul-coreana para participar em algumas das atividades, incluindo desfiles e paradas. A governante descreveu a nomeação da região como “um cartão de trunfo”, que prometeu usar “até ao máximo” e durante todo o ano de 2025, “para promover Macau junto de uma audiência mais alargada”.

Senna Fernandes disse que o território irá realizar, ainda este ano, novos eventos de promoção turística nas capitais da Tailândia e da Malásia, com a meta de ultrapassar dois milhões de visitantes internacionais até ao final de 2024.

A China escolheu, entre seis finalistas, Macau e a cidade de Huzhou, no leste do país, num processo que terminou a 10 de maio, em Pequim, de acordo com o jornal oficial chinês China Daily.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura disse que representou Macau na capital chinesa, onde a cidade “acabou por conquistar o primeiro lugar na apreciação final”. Elsie Ao Ieong revelou que foi criado um grupo de trabalho que preparou a candidatura a Cidade Cultural da Ásia Oriental e que será responsável pela preparação do programa, sob o tema “Encontro do Oriente com o Ocidente e harmonia asiática”.

4 Jun 2024

Taipa Grande | Trânsito e autocarros preocupam conselheiros das Ilhas

Lau Nga Lok, membro do conselho consultivo das Ilhas, apelou ontem ao Governo para prestar atenção aos congestionamentos nas estradas que vão funcionar como acesso ao Túnel da Colina da Taipa Grande.

Numa intervenção antes da ordem do dia da reunião de ontem do conselho consultivo, Lau indicou que Avenida de Wai Long, principalmente no troço de acesso ao aeroporto, está frequentemente congestionada, pelo que a situação só vai piorar quando as obras do túnel começarem.

Face à situação, o membro apelou ao Governo para começar a tomar medidas para descongestionar o trânsito naquela zona, sugerindo a construção de mais acessos ao aeroporto. O concurso público para a construção da primeira fase do Túnel da Colina da Taipa Grande encontra-se actualmente a decorrer.

Por sua vez, a conselheira Lei Hoi Ha apresentou queixas sobre o estado dos transportes públicos, principalmente a falta de alternativas para os residentes que tentam viajar para o Coloane. De acordo com a conselheira, o horário de funcionamento dos autocarros números 52 e 55, que fazem a ligação entre a península de Macau e Seac Pai Van, deviam ser alargados.

Sobre o percurso de autocarros, Lei Hoi Ha defendeu mudanças no sistema montado no Cotai, por considerar que há percursos que têm paragens a mais, o que torna as viagens demasiado demoradas e pouco eficazes para quem precisa de se deslocar de transportes públicos.

4 Jun 2024

Pátio do Espinho | UGAMM pede melhor preservação do local

A vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), Cheong Sok Leng, espera que o Governo reforce a preservação dos monumentos e das árvores no Pátio do Espinho, e promova as crenças tradicionais em Na Tcha. A opinião foi partilhada com o Jornal Ou Mun, depois da responsável ter realizado uma visita ao pátio situado ao lado das Ruínas de São Paulo e que inclui o tempo de Na Tcha.

Cheong Sok Leng destacou que o Pátio do Espinho é uma parte essencial do centro histórico de Macau, mantendo o estilo único da povoação antiga daquela zona, além de ficar junto às Ruínas de São Paulo, património mundial. Por esta razão, sugeriu ao Governo que reforce a divulgação sobre o pátio e que faça mais esforços para a protecção do local.

A responsável associativa admitiu que, apesar da importância do local, a população não tem conhecimentos suficientes o assunto, pelo que considera que o Executivo pode promover mais projectos culturais e educativos. A líder associativa deu como exemplo de iniciativas de promoção do Pátio do Espinho a organização de viagens para os residentes, em que estes são confrontados com a história do local.

Por seu turno, o presidente da Associação do Templo Na Tcha, Ip Tat, apelou ao Governo para tratar dos problemas de drenagem da zona, dado que com a água a ficar estagnada no local é frequente o mau cheiro, assim como a proliferação de mosquitos.

4 Jun 2024

Comércio | Académico aconselha PME adaptarem-se

O professor associado do Departamento de Finanças e Economia Empresarial da Universidade de Macau, Henry Lei Chun Kwok, considera que as Pequenas e Médias Empresas (PME) precisam de se adaptar à realidade, para responderem à procura do seu público alvo. As declarações foram prestadas ao Jornal Ou Mun, num comentário feito ao facto de o comércio local enfrentar vários desafios, apesar de os sectores do turismo e do jogo caminharem para a recuperação de níveis pré-pandemia.

Segundo o jornal Ou Mun, o académico recordou que o Governo e as associações comerciais lançaram várias actividades promocionais para promover o consumo, no entanto, os efeitos só se fizeram sentir numa fase inicial das promoções.

Sobre o facto de haver cada vez mais residentes a consumirem no Interior, Henry Lei considerou que o comércio local não vai conseguir competir através dos preços, devido ao elevado valor das rendas, assim como as comissões cobradas pelas plataformas de take-away.

Durante o processo da mudança, Henry Lei defende que o Governo e as associações comerciais devem continuar a apoiar o comércio local, com a realização de mais actividades como o “grande prémio para o consumo na Zona Norte” durante os fins-de-semana. O académico sugeriu também que este tipo de eventos seja levado para outras zonas da cidade.

4 Jun 2024

Venetian | Obras na Arena terminam até ao fim do ano

As obras de renovação da Arena do Cotai, situada no hotel The Venetian, vão ficar concluídas até ao final do ano, de acordo com as declarações prestadas pelo vice-presidente executivo da concessionária Sands China, Wilfred Wong.

Segundo o portal GGR Asia, o responsável falou durante o primeiro dia da exposição Global Gaming Expo (G2E) Asia, a maior feira do território sobre jogo, e apontou que o último trimestre do ano como a data de conclusão das obras.

A Arena do Cotai tem actualmente capacidade para cerca de 15 mil pessoas, mas está encerrada devido a obras desde Janeiro. Apesar disso, é um dos espaços com maior capacidade para espectáculos em Macau, tendo recebido no passado concertos de artistas como Rolling Stones, Rihanna, Katy Perry ou Jay Chou.

4 Jun 2024

Brasil | Vice-presidente iniciou ontem visita oficial à China

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin, iniciou ontem uma visita oficial à China acompanhado de uma comitiva de 200 empresários do país sul-americano.

Segundo informações divulgadas pelo Governo brasileiro, a visita da comitiva a Pequim é outra demonstração de “relevância ao importante aliado chinês” e tem a ambição de reforçar a cooperação comercial bilateral.

Em Abril do ano passado o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizou uma visita oficial à China para marcar o início de seu terceiro mandato.

A segunda comitiva do Governo sul-americano a visitar Pequim, liderada por Alckmin e o ministro da Casa Civil brasileiro, Rui Costa, deve tratar da inclusão do Brasil no acordo Uma Faixa, Uma Rota, que será tema de debates no VII encontro da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, presidida pelos vice-presidentes dos dois países, a decorrer hoje e amanhã.

Durante a visita oficial da comitiva brasileira à China, que decorre até sábado, também deverão ser assinados acordos bilaterais no plano consular, agrícola, de investimentos e de combate às alterações climáticas.

Os 200 empresários brasileiros terão como missão principal o reforço comercial nas áreas da agricultura, indústria, finanças, transição energética e mercados capitais. Em 2023, a China confirmou-se como o maior parceiro comercial do Brasil e como principal destino das exportações brasileiras, que cresceram 16,5 por cento e atingiram 105,75 mil milhões de dólares, quase um terço de todas as exportações do país sul-americano.

4 Jun 2024

Sonda descola da Lua com amostras da face oculta

A sonda chinesa Chang’e 6 descolou ontem com êxito da superfície lunar, transportando amostras do lado mais afastado da Lua, um feito considerado inédito, noticiaram os meios de comunicação estatais.

A “sonda chinesa Chang’e-6 descolou da superfície lunar na manhã de ontem, transportando amostras recolhidas no lado mais distante da Lua, um feito sem precedentes na história da exploração lunar humana”, disse a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, citando a Administração Espacial chinesa.

A Chang’e 6, lançada no início de Maio do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha tropical chinesa de Hainão (sul), pousou como planeado na imensa bacia Aitken, no polo sul lunar, uma das maiores crateras de impacto conhecidas no sistema solar, afirmou a Administração Espacial chinesa.

Esta missão é a sexta do programa chinês de exploração da Lua Chang’e, nomeado em homenagem à deusa chinesa da Lua, e será a segunda a trazer amostras lunares de volta à Terra, após uma primeira no lado próximo do corpo celeste, em 2020.

Na nova missão, o módulo irá usar um braço mecânico e um perfurador para recolher até dois quilogramas de material de superfície e subterrâneo, a enviar de volta à Terra numa cápsula que está actualmente a orbitar a Lua.

À espera

A cápsula deve regressar à Terra e aterrar nos desertos da região da Mongólia Interior, no norte da China, por volta de 25 de Junho. As missões para o lado distante da Lua são consideradas mais difíceis porque exigem um satélite de retransmissão para manter as comunicações.

Entre as recentes conquistas espaciais da China estão a exploração de Marte e a construção da estação espacial Tiangong, para onde regularmente envia tripulações. A ambição espacial da China continua a crescer, com a possibilidade da Tiangong se tornar na única estação espacial em funcionamento, depois de a Estação Espacial Internacional, tal como previsto, ser retirada em 2031.

A China tem como objectivo colocar uma pessoa na Lua antes de 2030, o que a tornaria a segunda nação a fazê-lo depois dos Estados Unidos.

4 Jun 2024

Epoch Times, jornal da Falun Gong, acusado nos EUA de branquear capitais

A empresa de media anti-China Epoch Times estava no centro de um esquema fraudulento de lavagem de dinheiro e criptomoeda envolvendo dezenas de milhões de dólares, afirmou o departamento de justiça na segunda-feira ao anunciar a acusação de seu director financeiro Bill Guan. O executivo de 61 anos “conspirou com outros para participar num esquema transnacional extenso para lavar pelo menos cerca de 67 milhões de dólares de fundos obtidos ilegalmente”, de acordo com um comunicado do escritório do procurador dos EUA do distrito sul de Nova Iorque.

As receitas reverteram para a empresa e para o enriquecimento pessoal de indivíduos, incluindo Guan, que pode ser condenado a 70 anos de prisão por uma acusação de conspiração para cometer branqueamento de capitais e duas acusações de fraude bancária.

O gabinete do procurador afirmou que as acusações não se relacionavam com as actividades de recolha de notícias do Epoch Times, com sede em Manhattan, uma empresa de comunicação social popular entre a direita conservadora pela sua cobertura frequentemente conspiratória da política e dos assuntos mundiais e pelas críticas abertas ao partido comunista chinês.

Guan é acusado de ser o mentor de um esquema em que geria a equipa “Make Money Online” da empresa de comunicação social no estrangeiro, segundo o departamento de justiça. “Sob a gestão de Guan, os membros da equipa e outros usaram criptomoeda para comprar conscientemente dezenas de milhões de dólares em receitas de crimes, incluindo receitas de benefícios de seguro-desemprego obtidos de forma fraudulenta, que foram carregados em dezenas de milhares de cartões de débito pré-pagos”, disse o comunicado.

As receitas foram então alegadamente “lavadas” através de uma determinada plataforma de criptomoeda e transformadas em moeda digital a 70 a 80 cêntimos por dólar, disseram os procuradores. Os membros da equipa utilizavam então informações de identificação pessoal roubadas para abrir contas e canalizar os lucros para essas contas e, posteriormente, para contas em seu próprio nome.

Teia de mentiras

Guan, de Secaucus, Nova Jersey, mentiu aos investigadores sobre a origem do dinheiro quando estes começaram a investigar um aumento extraordinário de 410 por cento na receita anual do Epoch Times de aproximadamente US $ 15 milhões para cerca de US $ 62 milhões, alega ainda o comunicado. Guan afirmou que o aumento dos fundos provinha de “donativos”, e que Guan “escreveu uma carta dirigida a um gabinete do Congresso afirmando falsamente que os ‘donativos’ constituíam ‘uma parte insignificante das receitas globais’ da empresa de comunicação social”.

Em Outubro do ano passado, a NBC News noticiou um aumento ainda maior da base de receitas do Epoch Times, de 685 por cento em dois anos. A investigação da NBC mapeou a ascensão da empresa de uma publicação obscura e marginal a uma potência conservadora num período relativamente curto de tempo, a ponto de direccionar milhões de dólares para a fracassada campanha de reeleição de Donald Trump em 2020.

Um relatório de 2021 publicado no Guardian incluía o Epoch Times entre uma série de meios de comunicação social norte-americanos ligados ao Falun Gong, um movimento que se opõe há décadas ao governo chinês. Um dos objectivos da empresa, sugeria o relatório, era amplificar os esforços dos republicanos para ligar Joe Biden e o partido democrata ao Partido Comunista Chinês (PCC) e endurecer a opinião pública dos EUA contra a China.

4 Jun 2024

Museu Rijksmuseum identifica quem é quem nos retratos de Frans Hals

O museu Rijksmuseum de Amesterdão descobriu a verdadeira identidade de um casal retratado pelo pintor neerlandês Frans Hals, em 1637, como o autarca da capital dos Países Baixos Jan van de Poll, e a sua mulher, Duifje van Gerwen.

Anteriormente acreditava-se que o retrato era de um cervejeiro neerlandês e a sua mulher, mas os investigadores da galeria de arte descobriram a verdadeira identidade dos protagonistas das duas pinturas, que são propriedade do Rijksmuseum, noticiou na segunda-feira a agência Efe.

“Este é o único par de retratos de casamento de um casal de Amesterdão pintado por Frans Hals. “Jan e Duifje viajaram para Haarlem por volta de 1637 para posar para a pintura”, explicou o museu.

Jan van de Poll (1597-1678) foi presidente da Câmara de Amesterdão sete vezes. Em 1650 alcançou o posto mais alto – coronel – na milícia de cidadãos e aparece nesta função em dois retratos, um pintado pelo artista alemão Johann Spilberg, em 1650, e outro pelo neerlandês Bartholomeus van der Helst, em 1653, ambas pinturas propriedade da coleção do Museu de Amesterdão.

Por sua vez, Duifje van Gerwen (1618-1658) era a filha mais nova de um rico comerciante de vinhos em Warmoesstraat, uma das ruas mais antigas de Amesterdão, e casou-se com o autarca em 1637. O retrato duplo em questão foi criado por Hals pouco depois do casamento.

Uma recomendação

O Rijksmuseum acredita que Hals foi recomendado para estes dois retratos pelo tio de Duifje, Willem Warmond, que aparece como capitão num retrato de grupo da milícia de Haarlem que o artista neerlandês pintou dez anos antes. “Hals começou ‘The Meager Company’, o seu único retrato de grupo de uma milícia de Amesterdão, em 1633. Vários membros da milícia não queriam viajar para
Haarlem para serem retratados por Hals, e foi o pintor de ‘Amesterdão Pieter Codde’ quem terminou o trabalho em 1637.

Mas Jan e Duifje estavam dispostos a ir para Haarlem e aparentemente aproveitaram esta vaga na agenda de Hals”, explicou o Rijksmuseum, com base na sua investigação.

Estes dois retratos entraram na colecção do museu neerlandês em 1885 e o então director, Frederik Obreen, identificou os temas da pintura como Nicolaes Hasselaer (1593-1635), um cervejeiro neerlandês da Idade de Ouro, e sua mulher, Sara Wolfphaerts van Diemen (1594-1667). Porém, desde 2007, a identidade dos retratados foi questionada.
Um curador do Rijksmuseum, Jonathan Bikker, conseguiu agora estabelecer que esta identificação é incorrecta, com base nos testamentos dos netos e bisnetos de Van Diemen, que revelaram ser impossível que os retratos tenham feito parte da herança da família.

O curador também comparou o retrato do autarca feito por Hals com aqueles feitos por outros artistas, embora não existam outras pinturas conhecidas da sua mulher Duifje. O Rijksmuseum lembrou que Jan e Duifje são ascendentes directos de Jonkheer Jan Stanislaus Robert van de Poll, que doou as pinturas à galeria em 1885.

4 Jun 2024

Ucrânia | Zelensky nas Filipinas para promover cimeira de paz

O Presidente da Ucrânia visitou ontem as Filipinas, um dia depois de participar num fórum de segurança regional em Singapura para promover a cimeira mundial de paz, marcada para a próxima semana, na Suíça.

Volodymyr Zelensky, cuja viagem a Manila não foi anunciada oficialmente pelo seu gabinete ou pelas autoridades filipinas, reuniu-se com o homólogo, Ferdinand Marcos, que expressou todo o apoio possível para resolver o conflito no país europeu, informou a televisão filipina ABS-CBN.

O líder ucraniano compareceu, de surpresa, no domingo no Diálogo de Shangri-La, o principal fórum de segurança e defesa da Ásia, para pedir apoio dos países da Ásia-Pacífico para a cimeira mundial de paz que vai decorrer, de 15 a 16 de Junho, na estância suíça de Bürgenstock.

No discurso em Singapura, Zelensky manifestou “a decepção” por alguns países, como a China, não terem confirmado a presença na cimeira e acusou Moscovo de tentar “fazer descarrilar” os esforços para alcançar a paz. O Presidente ucraniano afirmou que 106 países e organizações confirmaram a participação na cimeira, que não deverá contar com a presença de representantes de Pequim e Moscovo.

União de ferro

À margem do Diálogo de Shangri-La, Zelensky encontrou-se com o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, a quem agradeceu o “apoio político e de defesa vital dos EUA à Ucrânia”.

Esta é a segunda visita do líder ucraniano à Ásia desde o início da guerra na Ucrânia devido à invasão russa em Fevereiro de 2022, depois de ter participado na cimeira de líderes do G7 no Japão em Maio de 2023.

Zelensky procura durante esta viagem impulsionar a cimeira na Suíça e exaltar “a diplomacia” como o principal instrumento para pôr fim a uma “guerra cruel” que matou dezenas de milhares de pessoas.

4 Jun 2024

Japão | Sismo de magnitude 5,9 volta a atingir centro do país sem causar vítimas

Um sismo de magnitude 5,9 atingiu ontem, sem causar danos significativos ou vítimas mortais, a península de Noto, no centro do Japão, onde a 01 de Janeiro um outro sismo causou 260 mortos. O sismo aconteceu às 06:31, com epicentro na ponta da península de Noto, referiu a Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês).

As autoridades referiram que o abalo causou o desmoronamento de três habitações, mas sem causar quaisquer vítimas. Nenhuma anomalia foi detectada nas centrais nucleares do país, garantiu o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi. O sismo foi seguido de várias réplicas, incluindo um abalo de magnitude 4,8.

“A área está sujeita a atividade sísmica há mais de três anos, incluindo o terramoto de magnitude 7,6 ocorrido em 1 de Janeiro deste ano. Isto deverá continuar num futuro próximo, por isso continuem a ter cautela”, lembrou a JMA. A agência também reiterou os perigos que aluimentos de terra e quedas de rochas podem causar na península de Noto, riscos reforçados pela chuva que se tem registado na região.

Situado no cruzamento de várias placas tectónicas ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, o Japão é um dos países com maior actividade sísmica do mundo. Mais de 2.200 terramotos foram sentidos no arquipélago no ano passado, incluindo 19 sismos de magnitude igual ou superior a 6,0, de acordo com a JMA.

A grande maioria causa poucos danos, sobretudo devido à aplicação de normas de construção antissísmicas extremamente rigorosas no Japão, cuja população tem também uma elevada consciência das medidas de emergência face a desastres naturais. No entanto, muitos edifícios, sobretudo em zonas rurais como Noto, estão degradados e, portanto, vulneráveis a fortes sismos.

4 Jun 2024