Surdolímpicos | Atleta de Macau falha competição no Brasil devido a restrições

Atletas e associações consideram que a falta de contacto internacional está a atrasar o desenvolvimento do desporto local. Sobre as restrições pandémicas, o Instituto do Desporto diz colaborar e estar atento

 

A triatleta Hoi Long vai falhar os Surdolímpicos no Brasil devido às medidas anti-pandémicas impostas no regresso a Macau. Especialistas avisam que a falta de contacto internacional dos atletas está a contribuir ainda mais para o atraso do desporto no território.

Por estes dias, a triatleta Hoi Long deveria estar a representar Macau nos Jogos Surdolímpicos, em Caxias do Sul, no Brasil. Mas “devido à política de quarentena de Macau”, a desportista de 37 anos acabou por não avançar com a inscrição.

Além do “risco muito elevado” de infecção no Brasil, o que “afectaria a preparação” para os Jogos Asiáticos em Setembro – entretanto soube-se que foram adiados – as restrições impostas no regresso a casa são, de acordo com Hoi Long, uma limitação.

Macau registou até ao momento 82 casos de covid-19 e tem mantido duras restrições fronteiriças desde o início de 2020.

Os residentes que regressam ao território de zonas consideradas de risco elevado são obrigados a cumprir, no mínimo, 14 dias de quarentena num hotel e mais sete dias em casa. Quem vem do Brasil, classificado pelas autoridades locais como um país de “risco extremamente alto”, tem ainda de apresentar três testes à covid-19, realizados nos cinco dias que antecedem a viagem.

Ao contrário de Macau, onde a esmagadora maioria dos desportistas são amadores, os atletas de outros países “não precisam de ter um trabalho”, notou Hoi Long, também funcionária do Instituto do Desporto (ID).

“Necessito de permissão do ID para ir ao Brasil, seja para me concederem licença de trabalho ou para participar na prova”, apontou a atleta, salientando que, desde 2020, riscou anualmente do calendário desportivo pessoal entre “quatro a seis” provas internacionais.

Macau dos pequeninos

À Lusa, o presidente da Associação de Desporto de Surdos de Macau lamentou a ausência de Hoi Long nos Surdolímpicos, até porque teria “boas probabilidades” de trazer medalhas para casa.

Questionado sobre as consequências que o afastamento das provas internacionais pode ter na carreira da atleta, Ao Chi San foi categórico: “Vai ter impacto nos seus objectivos e programa formativo”.

Já quanto ao encerramento das instalações desportivas em Macau, nos primeiros tempos da pandemia, Hoi Long avaliou que este prejudicou sobretudo os atletas mais jovens do território.

“Sem muita experiência em competição, perderam o foco e a motivação”, analisou a atleta, que está a fazer um doutoramento na Universidade de Desporto de Xangai.

Também as equipas de hóquei locais têm sido “bastante afectadas, sobretudo ao nível da competição” pela crise sanitária mundial, realçou o presidente da Associação de Patinagem de Macau (APM).

Durante estes anos, não tiveram “nenhum contacto internacional”, disse António Aguiar. E clarificou: “Se houver quarentena, o próprio governo não nos deixa participar”.

“O desenvolvimento do hóquei em patins e em linha assentam muito na competição e na possibilidade das nossas equipas poderem competir a nível internacional”, continuou o responsável, considerando que, hoje, as equipas da modalidade em Macau estão, “do ponto de vista competitivo, mais fracas do que estavam antes da pandemia”.

Se não houver um alívio das restrições de entrada e o contacto com o mundo permanecer estacionado, a progressão do desporto “vai atrasar-se ainda mais em relação a outros países”, prevê o líder da APM.

Campeã asiática por dez vezes, a selecção de hóquei em patins de Macau viu serem adiados os torneios asiáticos e mundiais da modalidade em 2020 e 2021, respectivamente. Aguiar espera que a equipa viaje no final de Outubro até Buenos Aires, na Argentina, para jogar no mundial, onde o responsável vai estar enquanto membro da direcção da Federação Internacional de Desportos sobre Patins (World Skate).

Muita colaboração

A Lusa contactou o ID para saber se estão a ser estudadas medidas para facilitar a deslocação dos atletas da região, como quarentenas mais curtas ou a flexibilização das licenças no local de trabalho, ao que o departamento do Governo respondeu que se mantém “atento à situação”.

Numa resposta por escrito, o ID refere que “tem prestado colaboração no regresso” de atletas a Macau, dando como exemplo o caso de Hoi Long, que participou nos Jogos Nacionais para portadores de deficiência, no ano passado, altura em que “lhe foi concedida dispensa de comparência ao serviço durante o período de observação médica”.

Hoi Long sublinhou, porém, que a aposta de Macau continua a estar focada no desporto regular.
Portadora de deficiência auditiva, a atleta compete em torneios de desporto adaptado, mas também regular, em provas de triatlo, atletismo e ciclismo.

“O meu objectivo não devem ser os Surdolímpicos, não foi por isso que eles [o Governo] me colocaram no programa de atletas de elite, […] foi para me preparar para os Jogos Asiáticos e, se os Jogos Surdolímpicos ou Paralímpicos da China afectarem qualquer plano para o triatlo [nos Asiáticos], tenho de pôr o triatlo em primeiro lugar”, disse.

A atleta lamentou o desconhecimento que persiste sobre a educação e formação desportiva de uma criança com deficiências e sublinhou a importância que pode representar uma medalha no desporto adaptado. “É assim que é a sociedade, que pensa que o desporto para deficientes não é tão competitivo quanto o desporto regular”, disse.

10 Mai 2022

Advogados de língua portuguesa criam observatório de Estado de Direito

A Federação dos Advogados de Língua Portuguesa (FALP) lançou um observatório que terá como missão monitorizar e tomar posição sobre eventuais violações do Estado de Direito em nove jurisdições de língua portuguesa, foi anunciado na semana passada. A federação conta com a participação da Associação dos Advogados de Macau.

O Observatório do Estado de Direito (OED) é “um órgão de natureza apolítica”, com representantes em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste que irá analisar e alertar para “casos ou situações que possam consubstanciar ameaças ou violações aos princípios do Estado de Direito”, explica a FALP em comunicado.

Visa também “ser uma garantia da defesa dos direitos dos cidadãos, assim como do papel dos advogados na boa administração da justiça, nas jurisdições de língua oficial portuguesa”.

Em declarações à Lusa, o presidente da FALP, Pedro Pais de Almeida, explicou que os casos a analisar poderão ser denunciados na página electrónica da federação (www.fa-lp.org) ou chegar ao conhecimento dos representantes do observatório em cada uma das jurisdições, que são “advogados e pessoas interessadas neste domínio do respeito dos direitos humanos e dos princípios do Estado de Direito”.

Sempre atentos

O advogado explicou que, perante um caso que chegue ao conhecimento do Observatório, os seus membros vão investigar e, se chegarem à conclusão de que, de facto, estão em causa os princípios do Estado de Direito, tomarão “uma posição pública no sentido chamar a atenção da comunidade internacional”, mas também de fazer “alguma pedagogia no sentido que essas violações possam ser corrigidas, de forma voluntária, pelos Estados correspondentes”.

Pais de Almeida sublinhou, no entanto, que se trata de um grupo de advogados voluntários que não pretendem ser “polícias do mundo”.

Lembrou ainda que se trata de um grupo apolítico, pelo que os representantes terão “muito cuidado” porque “é ténue” a linha que separa aquilo que é político daquilo que é violação dos princípios do Estado de Direito.

“A vocação do observatório, sendo apolítico, não é meter-se em questões de política interna das jurisdições de língua oficial portuguesa”, assegurou.

10 Mai 2022

Pandemia deixa estudantes chineses sem contacto com falantes de português

As restrições impostas pela China à entrada de estrangeiros, devido à pandemia de covid-19, tem reduzido o contacto dos estudantes com falantes nativos de português, dificultando a aprendizagem, disseram à Lusa vários professores chineses.

Para a professora Sílvia Yan Qiaorong, “a incerteza nesta época de pandemia” tem sido um dos grandes desafios de ensinar português na Universidade de Comunicação da China, na capital, Pequim.

A China vive a pior onda de surtos de covid-19 desde o início de 2020, com confinamentos em várias cidades, incluindo no maior centro financeiro do país, Xangai. Também em Pequim as aulas presenciais foram suspensas indefinidamente.

“Fazemos muitos esforços no ensino à distância, ‘online’, mas isso não pode substituir a comunicação face a face, especialmente num curso que precisa de muita prática”, lamentou Sílvia Yan.

“Temos uma turma de alunos que entraram há dois anos. Nunca tiveram oportunidade de falar face a face com um falante nativo de português”, sublinhou a professora.

A Universidade de Comunicação da China tem duas professoras brasileiras, mas que não conseguem regressar a Pequim. “Ensinam aulas ‘online’, mas não é a mesma coisa”, admitiu Sílvia Yan.

Tanto a China continental como a região de Macau aplicam uma política rigorosa de ‘zero casos’, tendo mantido desde o início de 2020 fortes restrições à entrada, sobretudo de estrangeiros.

Tem havido um número significativo de portugueses, incluindo professores e advogados, a abandonar a região chinesa devido às restrições, sublinhou António Tam.

“Depois de mais de dois anos de pandemia, já chegou aquela altura em que não conseguem aguentar ficar só em Macau”, disse à Lusa o professor de língua portuguesa na Escola Secundária Pui Ching.

E para os alunos de português, “depois da motivação para aprender uma língua nova, é preciso um ambiente com pessoas com quem possam falar e praticar”, acrescentou António Tam.

As dificuldades das escolas de Macau em recrutar docentes de português já tinham levado o Governo a anunciar, em 14 de abril, um programa-piloto para levantar as restrições fronteiriças a alguns estrangeiros, incluindo professores portugueses.

Cerca de 50 instituições da China continental de ensino superior têm já cursos de língua portuguesa, mas Rodrigo Zhang Xiang acredita que Macau continua a ter “a sua própria vantagem”: a presença de professores portugueses e brasileiros.

A cidade “tem um ambiente em que os alunos têm maior oportunidade para falar e praticar português, maior contacto com professores nativos”, disse o docente da Universidade Politécnica de Macau.

“Isso cria mais oportunidades de sentir a cultura dos países de língua portuguesa e permite aos estudantes começar a ter uma visão mais ampla do que os alunos da China continental”, acrescentou Rodrigo Zhang.

9 Mai 2022

Fotografia | Pátio da Eterna Felicidade recebe exposição de Chan Hin Io

Foi inaugurada, na passada sexta-feira, a exposição “Vizinhança: Fotografia Documental por Chan Hin Io”, organizada pelo Instituto Cultural (IC). Até ao dia 24 de Julho podem ser vistas fotografias que retratam os modos de vida dos vários pátios antigos localizados na zona do Porto Interior, estando a exposição aberta ao público, de forma gratuita, no número 10 do Pátio da Eterna Felicidade.

O público poderá ver de perto 26 obras de fotografia documental da autoria do fotógrafo de Macau Chan Hin Io, que, entre 2004 e 2021, se dedicou a fotografar locais perto da Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens e Rua de Cinco de Outubro. O destaque vai para o Pátio da Eterna Felicidade, onde Chan Hin Io reside e trabalha.

Estas fotografias, com o tema “Vizinhança” revelam “momentos amigáveis e harmoniosos no ambiente de convívio comunitário” tendo sido registadas, “de forma simples e natural, a vida quotidiana dos residentes das zonas antigas, o aspecto das ruas e travessas, os edifícios de habitação, lojas tradicionais e vendilhões”. Desta forma, esta mostra “demonstra a capacidade minuciosa de observação do autor”.

Um maior conhecimento

Com esta exposição, o IC pretende “estreitar os laços entre os moradores do Pátio da Eterna Felicidade com a sua comunidade”, além de “aprofundar o conhecimento do público sobre o Pátio da Eterna Felicidade e as zonas contíguas, no sentido de transmitir a história, a cultura e a memória colectiva de Macau”.

Residente em Macau desde 1999, o fotógrafo Chan Hin Io tem sempre a lente da sua câmara apontada para a paisagem cultural e urbanística de Macau. O IC descreve que os seus trabalhos são “dotados de interesse artístico, histórico e cultural significativos”, sendo também “sinónimos da memória colectiva de Macau” ao captarem “a fisionomia desta cidade e as vicissitudes de todos os sectores dos bairros antigos do território”.

9 Mai 2022

Hotel Timor é tema central de novo romance de Luís Cardoso

Luís Cardoso, escritor timorense radicado em Portugal, prepara um novo romance centrado no Hotel Timor, contou à agência Lusa. “Todo o enredo do livro tem a ver com a situação que se vive em Timor e como os escritores têm todos uma paixão ou fixação pelos hotéis. Em Timor-Leste, há um hotel muito importante que se chama Hotel Timor, daí ter como referência este meu novo trabalho”, explicou o autor de “O Plantador de Abóboras”, com o qual venceu a mais recente edição do prémio Oceanos.

O escritor disse que este trabalho ainda não tem data prevista para publicação, realçando que o seu novo romance “sai quando tiver de sair”. Luís Cardoso lembrou que todos os seus romances falam de Timor-Leste, “partindo sempre de um facto histórico”.

“Tento sempre desenvolver um enredo que tenha a ver com um acontecimento em Timor-Leste. A título de exemplo: falo sobre a Segunda Guerra Mundial, falo sobre actual situação em Timor e guerras que tiveram lugar em Timor”, disse.

O papel do português

Questionado sobre a importância da língua portuguesa no espaço lusófono e no mundo, Luís Cardoso disse que o português é um património comum, não é só de Portugal.

“Eu costumo dizer que a língua portuguesa é o oceano que nos une. Contudo, vamos falando a língua portuguesa de diferentes formas. Aqui fala-se o português de Portugal e nós falamos o português de Timor-Leste e ao apropriamo-nos desta língua fazemos a nossa união”, vincou o romancista, lembrando a prevalência do tétum em Timor-Leste.

Luís Cardoso vincou que a língua portuguesa tem grandes capacidades para se afirmar no mundo, salientando que há grandes escritores a trabalhar sobre este idioma.

“A língua portuguesa tem uma dimensão universal havendo muitas pessoas que através destes escritores e os que eles representam e vêm à procura deste país [Portugal]. Não nos podemos esquecer que temos um Prémio Nobel de Literatura [José Saramago]. Não só um prémio de Portugal, mas um prémio da língua portuguesa. Portanto, nós partilhamos esse prémio Nobel”, vincou.

Sobre a situação no seu país de origem, Luís Cardoso salientou que Timor-Leste “está pacífico”, mas que “algumas convulsões” se devem ao facto de ser uma democracia ainda jovem. “Em Portugal, o regime democrático está consolidado. E num país como o nosso, que só tem 20 anos, as convulsões têm outra dimensão. A democracia constrói-se e Portugal já está numa dimensão da democracia bem consolidada, nós ainda não, estamos a iniciar”, observou.

Da mesma maneira que a democracia timorense é um projecto a germinar, também a literatura do país se está a desenvolver, num país com uma vertente oral muito rica. “O que nós muitas vezes fazemos é ir buscar a tradição oral e trazê-la para a escrita”, enfatizou o romancista.

9 Mai 2022

Ucrânia | China refuta “falsas acusações” feitas por Washington

O departamento de Estado norte-americano disse que as autoridades chinesas “amplificam a propaganda do Kremlin” relativamente ao conflito ucraniano. Esta terça-feira a embaixada chinesa nos EUA refutou estas acusações e diz que a posição da China sobre esta matéria sempre foi de imparcialidade e “objectiva”

 

Há um novo confronto de palavras entre a China e os EUA no que à situação na Ucrânia diz respeito. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, a embaixada chinesa nos EUA criticou a posição defendida por Washington relativamente ao conflito. Isto porque o departamento de Estado norte-americano defendeu, em comunicado, que as autoridades e os media chineses “amplificam, de forma rotineira, a propaganda do Kremlin, teorias da conspiração e desinformação” sobre o conflito que opõe a Rússia e a Ucrânia.

O porta-voz da embaixada chinesa nos EUA garantiu que estas declarações são falsas e que “a posição da China sobre a Ucrânia é imparcial e objectiva”. “No que diz respeito a espalhar desinformação, os EUA deveriam seriamente reflectir sobre si próprios. Ao longo dos anos, os EUA travaram guerras no Iraque, Afeganistão e Síria, matando 335 mil civis. Isto não é desinformação”, acrescentou o porta-voz da embaixada.

A embaixada chinesa entende ainda que “a maior parte dos países do mundo pretendem resolver o conflito entre a Rússia e Ucrânia através do diálogo e da negociação, e nenhum deles quer ver a situação escalar ou ficar fora de controlo”. “Isto não é desinformação”, adiantou o mesmo porta-voz.

O mar do sul da China

Ainda sobre a questão da Ucrânia, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, recebeu ontem em Roma o seu homólogo japonês, Fumio Kishida, e ambos declararam determinação em defender a ordem internacional, tanto na Ucrânia após a invasão russa, como no mar do sul da China.

“Devemos continuar unidos e determinados a defender uma ordem internacional baseada em regras, incluindo nos mares do sul da China e do estreito [de Taiwan]”, afirmou Draghi numa declaração oficial à imprensa no Palazzo Chigi, em Roma.

Itália e Japão, unidos por um tratado de “paz perpétua e amizade constante” durante 156 anos e parceiros do Grupo dos Sete países mais industrializados (G7), reafirmaram também a sua condenação à invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro, bem como a vontade em continuar a apoiar o governo de Kiev.

“Comprometemo-nos a que se chegue o mais rápido possível a tréguas, incluindo localizadas, que permitam a retirada de civis, e a favorecer as negociações de paz. Continuaremos a ajudar a Ucrânia e a pressionar a Rússia para uma cessação imediata das hostilidades”, prosseguiu Draghi.

Neste sentido, agradeceu a Kishida por aceitar com “extraordinária rapidez” o envio de gás natural liquefeito para países europeus que querem reduzir a sua dependência da Rússia, como a Itália, que importa 90% do gás que consome, e 40% de Moscovo.

O primeiro-ministro japonês subscreveu as palavras do homólogo italiano, salientando que “a agressão contra a Ucrânia mina os fundamentos não só da ordem europeia, mas também da ordem internacional, incluindo na área Indo-Pacífico” e no Extremo Oriente, onde “se vive uma situação geopolítica particularmente tensa”.
Isto deve-se, entre outras coisas, a testes de mísseis pelo regime norte-coreano, mas também a tensões no mar do sul da China.

Kishida denunciou a “tentativa de modificar unilateralmente, num contexto que envolve o uso da força, o ‘status quo’” nesses mares onde existe “um reforço súbito e não transparente das capacidades militares dos países costeiros”.

“Vamos aprofundar a colaboração com Itália para uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”, afirmou o primeiro-ministro japonês, que também se reuniu com o Papa Francisco no Vaticano.

5 Mai 2022

Retirada mulher com vida dos escombros de prédio que desabou na China

Equipas de resgate no centro da China retiraram hoje uma mulher viva dos escombros de um prédio que desabou parcialmente há quase seis dias, noticiou a imprensa estatal chinesa.

A mulher é a décima sobrevivente do desastre, ocorrido em Changsha, capital da província de Hunan, e que causou pelo menos cinco mortos e dezenas de desaparecidos.

O resgate ocorreu pouco depois da meia-noite, cerca de 132 horas depois de a parte traseira do prédio de seis andares ter ruído, de repente, em 29 de Abril, indicou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A mulher estava consciente e aconselhou os socorristas sobre a melhor forma de a retirar dos escombros sem causar mais ferimentos, contou a Xinhua. As equipas usaram cães e ferramentas manuais, bem como aparelhos aéreos não tripulados (‘drones’) e detectores electrónicos, nas operações de resgate.

Todos os sobreviventes estão em boa condição, depois de terem recebido tratamento num hospital, de acordo com a Xinhua. Chuvas intermitentes nos últimos dias podem ter aumentado as hipóteses de sobrevivência dos desaparecidos, que estão sem comida ou água.

Nove detidos

Pelo menos nove pessoas foram detidas na sequência do desabamento do edifício, incluindo o proprietário, por suspeitas de ter ignorado as normas de segurança e ter cometido outras infracções graves, como a construção ilegal de pisos adicionais e a ausência de barras de ferro de reforço da estrutura.

Três pessoas encarregadas do projecto e construção foram detidas, bem como cinco outras, por terem alegadamente emitido um certificado falso de cumprimento das regras de segurança, para a abertura de uma residencial entre o quarto e o sexto andar do prédio. O edifício também abrigava residências, um café e lojas.

Um aumento no número de desabamentos de edifícios, ocorridos nos últimos anos, levou o Presidente chinês, Xi Jinping, a pedir que se façam averiguações adicionais para apurar a origem de falhas estruturais. Várias construções apresentam também infra-estruturas degradadas, como canalizações de gás, que resultaram, no passado, em explosões e desmoronamentos.

5 Mai 2022

Timor-leste | Xi Jinping felicita Presidente José Ramos-Horta 

Xi Jinping, Presidente chinês, felicitou ontem José Ramos-Horta pela sua vitória nas últimas presidenciais de Timor-leste, apelando a um novo rumo de cooperação bilateral. Entretanto, face à covid-19, as autoridades timorenses decidiram administrar a vacina Pfizer a todos os maiores de 18 anos

 

O Presidente da China, Xi Jinping, felicitou ontem José Ramos-Horta pela eleição, pela segunda vez, como chefe de Estado de Timor-Leste, indicou um comunicado difundido pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Na mensagem, Xi destacou que, nos últimos 20 anos, desde que a China e Timor-Leste estabeleceram relações diplomáticas, os dois países “aprofundaram continuamente” a “cooperação prática” e “desenvolveram bastante” as relações bilaterais.

Xi Jinping apontou que a cooperação produziu “benefícios tangíveis” para os dois povos, numa “demonstração viva” de um “relacionamento equitativo” entre um país grande e um país pequeno.

O Presidente chinês disse atribuir “grande importância” ao desenvolvimento das relações bilaterais, e que “está pronto” para trabalhar com o homólogo para transportar as relações para um “novo nível”.

Na segunda volta das presidenciais em Timor-Leste, realizadas a 19 de Abril, José Ramos-Horta foi eleito Presidente, com 62,09 por cento dos votos, derrotando o actual chefe de Estado timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, de acordo com os resultados finais provisórios. José Ramos-Horta irá tomar posse, pela segunda vez, a 20 de Maio, data em que Timor-Leste celebra 20 anos da restauração da independência.

Pfizer para todos

Entretanto, e no que respeita à covid-19, as autoridades timorenses aprovaram ontem um conjunto de alterações ao plano de vacinação contra a covid-19, decidindo passar a administrar as vacinas da Pfizer a todos os maiores de 18 anos.

O novo plano foi apresentado pela vice-primeira-ministra e ministra da Solidariedade Social e Inclusão, Armanda Berta dos Santos, e pela ministra da Saúde, Odete Maria Freitas Belo, respetivamente, presidente e vice-presidente da Comissão Interministerial para a Elaboração e Coordenação da Execução do Plano de Vacinação.

O Executivo disse que a “Pfizer vai passar a ser administrada aos cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos, também como primeira e segunda dose, além da dose de reforço que já abrangia esta faixa etária”, de acordo com um comunicado.

“Quem recebeu a primeira dose das vacinas Astrazeneca ou Sinovac vai poder receber a segunda dose da vacina Pfizer”, acrescentou.

Até 2 de Maio, 71,6 por cento dos jovens entre os 12 e os 17 anos já receberam pelo menos uma dose, sendo que 36,9 por cento dos jovens já recebeu as duas doses em todo o país. Em Díli, 74,4 por cento dos jovens entre os 12 e os 17 já tem as duas doses da vacina Pfizer.

No que se refere aos indivíduos com mais de 18 anos, 72,2 por cento já receberam pelo menos duas doses e 84,6% já receberam pelo menos uma dose da vacina. Actualmente, Timor-Leste tem 15 casos activos, acumulando 22.875 casos e 130 óbitos desde o início da pandemia.

5 Mai 2022

Consumo | Relatório da Ernst & Young dá conta de maior optimismo no país

Um relatório da consultora Ernst & Young, divulgado esta terça-feira, dá conta de que os consumidores chineses estão mais optimistas quanto ao futuro face à tendência mundial de quebra de confiança por parte dos consumidores.

Segundo a agência Xinhua, o relatório revela que cerca de 60 por cento dos inquiridos acredita que as suas finanças pessoais vão registar uma melhoria no próximo ano, acima da média global de 48 por cento.

Além disso, 43 por cento dos consumidores chineses afirmaram que a sua situação financeira melhorou devido a reduções “apropriadas” no consumo, algo que está nove pontos percentuais acima da média global. No que diz respeito ao impacto do consumo no meio ambiente, 32 por cento dos inquiridos disse priorizar cada vez mais a sustentabilidade e a protecção do meio ambiente na hora de adquirir novos produtos, um número acima da média global de 26 por cento.

“Com base nos objectivos traçados com a neutralidade de carbono em 2060, os consumidores revelaram uma maior consciência em relação a um desenvolvimento sustentável, começando a repensar a forma de consumo e a tentar atingir uma sustentabilidade”, disse Denis Cheng, líder da área do grande consumo para a Grande China da Ernst & Young. De frisar que o relatório EY Future Consumer Index retrata os sentimentos e comportamentos de 18 mil consumidores de vários mercados a nível mundial.

5 Mai 2022

Creative Macau | Mostra “Asas de Maio” abre portas na próxima semana 

Intitula-se “Asas de Maio” e é a nova exposição organizada pela Creative Macau com trabalhos artísticos em papel com assinatura de Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Esta promete ser uma mostra reveladora de memórias, criatividade e onde também se exprimem preocupações com um meio ambiente mais sustentável

 

O público poderá ver, a partir da próxima quinta-feira, 12, diversos trabalhos artísticos feitos em papel por duas artistas locais. Para a sua nova exposição, a Creative Macau convidou Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau, e reconhecida pelo seu trabalho com marionetas. “Asas de Maio” será inaugurada no dia 12, às 18h30, num evento que inclui uma actuação do músico Photon Lam.

Para a Creative Macau, estas duas artistas “têm feito o seu percurso criativo originando obras com materiais recicláveis”, sendo que esta mostra “oferece ao público aspectos poéticos tangíveis e intangíveis de ver e sentir o mundo das artistas convidadas, que certamente darão uma nova vida ao espaço, surpreendendo o imaginário dos visitantes”.

Enquanto que Bing Cheong está mais ligada ao mundo da moda, Elisa Vilaça destaca-se pelo trabalho na área das artes performativas. “Ambas estão acostumadas a dar forma às ideias num curtíssimo espaço de tempo para espectáculos e possuem uma vasta experiência profissional e diferentes expressões criativas. Têm ainda em comum tornar o mundo das ideias em realidade, em dimensão e exagero, algo que também é efémero”, descreve a Creative Macau.

Reciclar e criar

A mostra, que pode ser visitada até ao dia 11 de Junho, acaba por retratar as vivências pessoais de cada uma das artistas. Bing Cheong, fundadora da Circle I Studio Company Limited, pratica meditação e considera-se uma “principiante de arte”. “Com imperfeições na vida, aprendi a apreciar o que adquiri, a desfrutar dos momentos felizes, a sentir cada passo para realizar o que sou agora. É importante para mim viver despreocupada e contente”, descreve, na mesma nota de imprensa.

Já Elisa Vilaça, foi buscar inspiração para este trabalho às memórias de infância, quando a avó a “mimava com pequenos bonecos e brinquedos, feitos a partir dos materiais que a natureza lhe oferecia”.

“Essa é, para mim, uma recordação maravilhosa. Esse contacto com a natureza na infância foi sem dúvida marcante no meu crescimento e amadurecimento. Sendo hoje em dia, para mim, uma preocupação permanente a preservação ambiental, a melhor forma que encontrei para o manifestar foi a concepção desta exposição”, acrescenta a artista.

Elisa Vilaça descreve ainda que esta mostra “partindo precisamente do que a natureza nos oferece, pretende, de uma forma orgânica, criativa e plástica, cruzar as múltiplas possibilidades da exploração do papel, também ele com origem na natureza, com outros materiais naturais”.

Para a realização destes trabalhos, Elisa Vilaça foi buscar material recolhido das ruas de Macau após a ocorrência de dois tufões. “Posso afirmar que a sua exploração me permitiu criar além do real e concretizar o meu sonho de voar com Asas de Maio”, conclui.

5 Mai 2022

Violência doméstica | Registados mais 43 casos no espaço de um ano

O Instituto de Acção Social (IAS) registou mais 43 casos de violência doméstica ocorridos em Macau no espaço de um ano. Segundo o relatório anual relativo ao Sistema Central do Registo de Casos de Violência Doméstica de 2021, no ano passado houve 81 casos suspeitos de violência doméstica contra os 38 casos registados em 2020.

O IAS conclui, assim, que “se verificou um aumento do número de casos” devido “ao maior tempo passado entre os membros de família durante a pandemia, o aumento de pressão dos pais na educação dos filhos e o aumento da ocorrência de conflitos entre os cônjuges devido à educação dos filhos”. Além disso, houve uma maior consciência da sociedade na comunicação de casos de violência doméstica, que é crime público.

Face aos casos suspeitos, 38 dizem respeito a situações de violência conjugal, enquanto que 30 são de casos que vitimaram crianças. O IAS registou ainda seis casos de violência entre membros da família, seis de violência contra idosos e um caso de violência contra uma pessoa incapaz de resistência.

A maior parte dos casos, 65,4 por cento, ou seja, 53, dizem respeito ao uso de violência física, enquanto que oito casos, 9,9 por cento, são respeitantes a violência psíquica. Há ainda sete casos de abuso sexual, 8,6 por cento, e cinco casos de cuidados inadequados, que representam 6,2 por cento.

4 Mai 2022

Covid-19 | Parte da linha do metro encerrada para combater surto

Pequim encerrou hoje cerca de 10 por cento das estações do seu sistema de metropolitano como medida adicional contra a propagação do novo coronavírus. As autoridades do metro da cidade anunciaram numa breve mensagem o encerramento de 40 estações, quase todas no centro da cidade, como parte das medidas de controlo da epidemia. Não foi avançada uma data para retomar o serviço. Pequim está em alerta máximo face a um surto de covid-19 que provocou algumas dezenas de infectados.
Restaurantes e bares podem apenas fazer entregas ao domicílio; os ginásios foram encerrados e as aulas presenciais suspensas indefinidamente. Os principais pontos turísticos da cidade, incluindo a Cidade Proibida e o Zoológico de Pequim, encerraram os espaços fechados e estão a operar apenas com capacidade parcial.
Na quarta-feira, Pequim registou 51 novos casos, cinco deles assintomáticos.
O encerramento das estações de metro deve ter relativamente pouco impacto na vida da cidade, numa altura em que a China celebra as férias do Dia dos Trabalhadores.
Parte da população está já a trabalhar a partir de casa. Todos os negócios foram encerrados, excepto supermercados e lojas de fruta e vegetais.
As pessoas evitam áreas classificadas como sendo de alto risco para reduzir a possibilidade da sua presença ser registada nas aplicações de rastreamento, instaladas em praticamente todos os telemóveis, e que cria possíveis problemas para acesso futuro a áreas públicas.

4 Mai 2022

Aung San Suu Kyi julgada novamente por corrupção 

A antiga líder do Myanmar (antiga Birmânia) Aung San Suu Kyi foi ontem a julgamento devido a um novo caso de corrupção, no qual terá recebido 550.000 dólares em subornos de um magnata do sector da construção. Aung San Suu Kyi é incriminada em duas acusações, de acordo com a Lei Anticorrupção do país, cada uma punível com até 15 anos de prisão e multa.

A abertura do julgamento foi confirmada por um oficial à agência de notícias AP, que falou sob condição de anonimato, porque não estava autorizado a divulgar informações. A ex-primeira-ministra é acusada de receber dinheiro em 2019 e 2020 de Maung Weik, um magnata condenado por tráfico de droga.

A televisão estatal, sob controlo do Governo militar, mostrou no ano passado um vídeo, no qual Maung Weik afirmava ter realizado pagamentos a ministros para ajudarem nos seus negócios. Ontem, o funcionário da Comissão Anti-corrupção, Ye Htet, disse em tribunal que os pagamentos feitos pelo magnata estavam a ser tratados como acusações separadas.

O Global New Light of Myanmar, um jornal controlado pelo Estado, noticiou em Fevereiro as acusações oficiais de que Aung San Suu Kyi, no tempo em que ocupava o cargo de primeiro-ministro, recebeu 550.000 dólares em quatro parcelas em 2019/20 “para facilitar os negócios de um empresário privado”.

Em declarações realizadas em 2021, Maung Weik disse que deu o dinheiro entre 2018 e 2020, indicando que incluía 100.000 dólares em 2018 para uma fundação de caridade com o nome da mãe da ex-governante e 450.000 dólares, entre 2019 e 2020, para fins que não especificou.

Aposta em Mandalay

Sob o Governo de Aung San Suu Kyi, o empresário ganhou um grande projecto de desenvolvimento que abrangeu a construção de casas, restaurantes, hospitais, zonas económicas, zonas portuárias e hoteleiras na região central de Mandalay, no Myanmar.

A líder civil deposta e Prémio Nobel da Paz está detida após o Exército ter derrubado o seu Governo em Fevereiro de 2021. Não foi vista nem autorizada a falar em público desde então.

A ex-governante está a ser julgada em sessões de audiência à porta fechada e os seus advogados não podem falar publicamente em seu nome ou sobre o seu julgamento por causa da imposição de uma ordem de silêncio.

Aung San Suu Kyi já foi condenada a 11 anos de prisão depois de ter sido condenada por importar e possuir ilegalmente ‘walkie-talkies’, violar as restrições da pandemia da covid-19, rebelião e outra acusação de corrupção.

Apoiantes da antiga Conselheira de Estado (equivalente a primeiro-ministro) do Myanmar e grupos de direitos humanos disseram que os caso contra Aung San Suu Kyi eram uma tentativa de desacreditá-la e legitimar a tomada do poder dos militares, eliminando a possibilidade de participar nas eleições de 2023.

Na semana passada, um tribunal de justiça birmanês condenou Aung San Suu Kyi a mais cinco anos de prisão num dos casos de corrupção que a líder destituída e Prémio Nobel da Paz enfrenta, informaram fontes próximas do caso.
Suu Kyi, detida desde as primeiras horas do golpe de Estado realizado em Myanmar em Fevereiro de 2021, é acusada neste processo de aceitar subornos no valor de 600 mil dólares e 11,4 quilos de ouro do antigo governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou em Outubro contra a líder eleita.

4 Mai 2022

Alibaba | Suposta detenção de Jack Ma faz afundar as acções do grupo 

As acções do grupo chinês Alibaba registaram ontem uma queda de nove por cento na bolsa de valores de Hong Kong, uma consequência das notícias sobre a alegada detenção de Jack Ma, fundador do grupo. Mas um desmentido fez com que a empresa recuperasse

 

As acções do Alibaba sofreram ontem uma queda superior a nove por cento nos primeiros minutos da sessão da bolsa de Hong Kong, devido à suposta detenção do fundador do gigante do comércio electrónico chinês, Jack Ma.

Na manhã de ontem a televisão estatal chinesa CCTV anunciou “restrições de liberdade” impostas em Hangzhou – cidade do leste da China onde fica a sede do Alibaba – a um homem de apelido Ma, em 25 de Abril. O homem é acusado de “conluio com forças hostis anti-chinesas no exterior” e de “actividades que colocam em risco a segurança nacional, como incitar a secessão ou subverter o poder do Estado”.

A notícia levou a que as ações do Alibaba caíssem 9,4 por cento nos primeiros 15 minutos da sessão da bolsa de valores de Hong Kong. Uma queda que só terminou quando o jornal estatal chinês Global Times esclareceu que o suspeito trabalha como director de pesquisa e desenvolvimento de ‘hardware’ numa empresa de computadores. Depois do desmentido, as acções do Alibaba recuperaram e estavam a perder 0,69 por cento a duas horas do fecho da sessão.

Maior regulação

O gigante do comércio electrónico foi uma das empresas privadas mais afectada por uma campanha do Governo chinês para apertar a regulação no sector digital, que atingiu também a Didi, conhecida como o ‘Uber chinês’.

Em Outubro de 2020, Jack Ma fez um discurso altamente crítico da estratégia de Pequim de minimizar os riscos no sistema financeiro e dos bancos tradicionais, que, segundo ele, ainda são geridos como “lojas de penhores”.

O ainda accionista maioritário do Alibaba esteve depois três meses sem aparecer em público, período em que as autoridades chinesas cancelaram a oferta pública inicial do Ant Group, a tecnológica financeira do grupo.

Desde então, o Alibaba perdeu cerca de 65 por cento da capitalização de mercado, tendo ainda recebido uma multa recorde de 2,8 mil milhões de dólares por abusar da posição de mercado, no ano passado.

4 Mai 2022

MGM China | Receitas registam quebra de quase 10 por cento

Em tempos de covid-19, a tendência negativa no sector do jogo continua a fazer sentir-se e a concessionária MGM China apresentou uma redução de quase 50 por cento dos lucros ilíquidos

 

As receitas da concessionária MGM China registaram uma quebra de 8,9 por cento nos primeiros três meses deste ano, de acordo com os resultados apresentados ontem. Segundo os dados revelados, entre Janeiro e Março deste mês, as receitas foram de 2,10 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no período homólogo tinham sido de 2,30 mil milhões de dólares.

Ainda em relação ao primeiro trimestre deste ano, a concessionária declarou um EBITDA ajustado (lucros antes de juros impostos, depreciação e amortização) de 45,75 milhões de dólares de Hong Kong. O registo representa uma redução dos lucros ilíquidos em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, quando o montante tinha sido de 84,36 milhões de dólares de Hong Kong.

Os números revelados ontem, mostram também que enquanto o hotel-casino MGM Macau contribui para o grupo com um EBITDA ajustado positivo de 153,25 milhões de dólares de Hong Kong, o cenário no Cotai é muito diferente com o empreendimento MGM Cotai a gerar um EBITDA ajustado negativo de 103,50 milhões de dólares.

Apesar das reduções das receitas, em comunicado, a empresa destacou a performance do hotel MGM Macau, que afirma ser “de longe” o melhor resultado no segmento de massas de qualquer hotel na Península. A companhia sublinhou ainda ter atingido uma quota de mercado de 13,3 por cento no trimestre passado, um aumento face à quota de 11,5 por cento do período homólogo.

Desafios no curto prazo

Os dados sobre a MGM China foram apresentados com os resultados da empresa-mãe MGM Resorts, que declarou perdas de 18 milhões de dólares americanos, nos primeiros três meses do ano. No entanto, os números da empresa-mãe mostram uma melhoria face ao período homólogo, quando as perdas tinham sido de 331,8 milhões de dólares americanos.

Na apresentação dos resultados, Bill Hornbuckle, CEO e presidente da MGM Resorts, afirmou que o grupo acredita que vai continuar a enfrentar alguns desafios em Macau. “Continuamos a ver alguns desafios a curto prazo relacionados com as políticas de saúde pública, que têm impacto na capacidade de os clientes entrarem em Macau”, reconheceu Hornbuckle. “Apesar disso, a nossa quota de mercado é de 13 por cento, está mais alta do que em qualquer outro momento da história, pelo que acreditamos que os nossos hotéis estão bem posicionados para receber os clientes do segmento premium de massas, quando regressarem”, acrescentou.

O responsável pela empresa voltou ainda a mostrar confiança na atribuição de uma nova licença de jogo à MGM China, no âmbito do novo concurso público, que ainda não tem nada marcada. “O processo de renovação das licenças está a decorrer, e estamos confiantes que o Governo vai conduzir um processo justo e equilibrado. Macau é uma parte importante do nosso futuro”, afirmou.

4 Mai 2022

Casinos | SJM com prejuízos de 1,28 mil milhões de dólares de HK

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) teve um prejuízo de 1,28 mil milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre do ano, anunciou ontem a empresa.

A operadora quase duplicou as perdas, em comparação com o mesmo período de 2021, apesar de as receitas do jogo terem caído apenas 2,6 por cento. A SJM já contabilizara um prejuízo de 4,1 milhões de dólares de Hong Kong em 2021 e de três mil milhões de dólares de Hong Kong em 2020.

Balanços que contrastam com os ganhos registados no ano pré-pandémico de 2019, quando a operadora apresentou lucros de 3,2 mil milhões de dólares de Hong Kong.

3 Mai 2022

“Alabardas”, de José Saramago, pode interpelar sobre conflito na Ucrânia

As ideias e disposição intelectual de José Saramago “mantêm uma vigorosa capacidade de interpelação e diálogo com o nosso tempo”, ao ponto de o romance “Alabardas” poder dialogar com a “abominável” guerra na Ucrânia, segundo o escritor Fernando Gómez Aguilera.

O ensaísta espanhol, director da Fundação César Manrique e especialista na obra de José Saramago, acaba de publicar o livro “José Saramago. El pájaro que pía posado en el rinoceronte” (“José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte”), no âmbito da comemoração do centenário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura, português.

Fernando Gómez Aguilera assinalou, em entrevista à Efe, que o estudo da obra literária de José Saramago mostra que “as suas ideias e a sua disposição intelectual mantêm uma vigorosa capacidade de questionamento e de diálogo com o nosso tempo”.

Neste sentido, cita o caso do romance inacabado “Alabardas, alabardas…” que, na sua opinião, “dialoga com a abominável guerra na Ucrânia promovida pela Rússia e a corrida aos armamentos em curso”. Além disso, “a sua grande convicção de que prioridade nenhuma está acima do ser humano é mais actual do que nunca”.

Um alerta sobre o sistema

Fernando Gómez Aguilera alude à capacidade de Saramago, como intelectual e contador de histórias, de “nos alertar para os desvios do sistema e questioná-lo”, algo que considera ocorrer tanto na sua literatura como no seu activismo público, enquanto cidadão e intelectual comprometido com o seu tempo, que “implantou uma vigilância crítica muito dinâmica, característica da sua personalidade, longe da indiferença e do isolamento estético”.

O poeta e ensaísta espanhol, que é também curador da Fundação José Saramago, foi um grande amigo do Prémio Nobel da Literatura e é um dos principais estudiosos da sua obra, tendo publicado os livros “José Saramago en sus palabras” (2010) e “José Saramago. La consistencia de los sueños” (2008 e 2010, edição ampliada), e uma cronobiografia com o mesmo nome da exposição de grande escala que comissariou sobre o escritor em 2008, que foi exibida em Lanzarote, Lisboa, Cidade do México e São Paulo.

De acordo com o autor, o título escolhido para “José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte” vem de uma expressão do conhecido professor, filósofo, ensaísta e crítico literário franco-americano George Steiner, em referência a uma experiência que teve durante uma viagem a África numa reserva onde observou “aqueles preciosos passarinhos amarelos que se empoleiram no rinoceronte e chilreiam como loucos para avisar que o rinoceronte se está a aproximar”.

O livro, com prefácio de Pilar del Río, presidente da Fundação Saramago, foi publicado pela Editorial La Umbría y la Solana, Madrid, e inclui estudos literários dedicados à maioria dos livros de Saramago escritos em Lanzarote desde 1992, quando estabeleceu a sua residência nas Ilhas Canárias acompanhado pela sua mulher, Pilar del Río.

Também trata dos títulos publicados após a sua morte e, especificamente, das leituras interpretativas dos livros “Ensaio sobre a Cegueira”, “Cadernos de Lanzarote”, “Todos os Nomes”, “Ensaio sobre a Lucidez”, “As Intermitências da Morte”, “As Pequenas Memórias”, “A Viagem do Elefante”, “Caim”, “A Estátua e a Pedra”, “Claraboia”, “Alabardas” e “Último Caderno de Lanzarote: o diário do ano do Nobel”.

Segundo Fernando Gómez Aguilera, os livros abordados foram publicados durante o seu período de residência em Lanzarote ou surgiram após a sua morte, ou seja, no período entre 1992 e 2010, um período na vida de José Saramago “em que imprimiu um sinal diferente no seu estilo, influenciado talvez pela paisagem de Lanzarote e pelo novo tema que abordou, ligado aos conflitos dos seres humanos contemporâneos e à análise da realidade”.

3 Mai 2022

FRC | Colóquio celebra as “Cartas Portuguesas”, de Mariana Alcoforado

A Fundação Rui Cunha acolhe esta quinta-feira, a propósito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma palestra de análise às “Cartas Portuguesas”, escritas por Mariana Alcoforado a um militar francês em 1664. Vários académicos, incluindo Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, participam no evento

 

É já esta quinta-feira, às 18h30, que o romantismo e o amor no feminino serão analisados e debatidos na Fundação Rui Cunha (FRC). A palestra “Cartas Portuguesas: Amar no Feminino”, onde se explora o universo dos escritos de Mariana Alcoforado, uma freira do Convento de Beja, em Portugal. Esta enviou cartas, em 1664, a De Chamilly, um militar francês que lutou por Portugal na Guerra da Restauração. A FRC associa-se, assim, à Associação dos Amigos do Livro em Macau, ao Instituto Português do Oriente, Fundação Oriente e Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong para a realização desta iniciativa.

As “Cartas Portuguesas” são “um documento de um romantismo exacerbado, fruto de uma paixão e entrega absolutas que mereceu comentários de Stendhal e Rousseau”.

“Talvez por isso se tenha tornado numa obra – prima da literatura universal e consagrado como um testemunho de amor total. Apesar do seu classicismo, tem despertado grande interesse no campo das artes – teatro, cinema e opera”, acrescenta a FRC em nota de imprensa.

Esta será uma sessão híbrida, com participantes em formato presencial e zoom. Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, estará presente a falar de “Mariana Alcoforado e a sua época”, enquanto que Shee Vá fala de “Carta a uma Alma Gémea”. Por sua vez, Lawrence Lei, também de forma presencial, abordará o tema “Um Sonho Perfumado”.

Via zoom, de Lisboa, estará presente Victor Correia a falar de “As Cartas Portuguesas – Amar em português e no feminino”. Do Brasil estará Luciana Barboza, a abordar o tema “Cartas portuguesas em cena – a emoção no palco”, bem como João Guilherme Ripper, que protagonizará a conversa “Procedimentos composicionais na ópera Cartas Portuguesas”.

Myriam Cyr participa do Canadá discutindo o tema “Letters of a Portuguese Nun – Uncovering the Mystery behind a 17th Century Forbidden Love” [Cartas de uma Freira Portuguesa – Descobrindo o mistério por detrás de um amor proibido do século XVII].

Devoção questionada

Soror Mariana Alcoforado nasceu na cidade alentejana de Beja, Portugal, no ano de 1640, tendo ingressado, com apenas 12 anos, no Convento de Nossa Senhora da Conceição. No entanto, a ideia de dedicar toda uma vida a Deus foi posta à prova quando esta conheceu o cavaleiro francês Noel Bouton, marquês de Chamilly, que estava em Portugal com as suas tropas, a propósito da Guerra da Restauração.

As “Cartas Portuguesas” são, assim, testemunho de um amor impossível entre uma freira e um militar, tendo sido publicadas, pela primeira vez, em 1669 pelo escritor Lavergne de Guilleraggues.

3 Mai 2022

Trabalho | Ho Iat Seng solidário com “dores” dos trabalhadores

Num encontro promovido com Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para assinalar o Dia do Trabalhador, o Chefe do Executivo Ho Iat Seng, disse que o Governo está solidário e partilha as “pressões e dificuldades sem precedentes” sentidas pelos trabalhadores.

Afirmando que a “prioridade” da acção governativa passa pela “salvaguarda da vida e da saúde dos residentes”, Ho Iat Seng agradeceu o contributo que a FAOM tem dado nas acções de prevenção e controlo da pandemia e disse esperar que a associação continue a promover os valores tradicionais do patriotismo e amor a Macau e a desempenhar “eficazmente”, o seu papel de interlocutora entre o Governo e o sector laboral.

“O Governo da RAEM continuará a proteger os direitos e os interesses legítimos dos trabalhadores, a promover a relação laboral harmoniosa, a implementar rigorosamente o mecanismo de saída de trabalhadores não residentes e a garantir o direito dos residentes ao acesso prioritário ao emprego”, garantiu Ho Iat Seng, no discurso proferido na sexta-feira.

Por último, foi vincado que Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá intensificar as acções de encaminhamento e formação profissionais, optimizar a divulgação de informações sobre vagas de emprego, proporcionar mais oportunidades de trabalho e elevar a capacidade dos residentes.

3 Mai 2022

Fotografia | Lançado décimo número da revista Zine Photo

Acaba de sair a edição número 10 da publicação Zine Photo, projecto fotográfico de João Miguel Barros. Intitulada “Timeless”, esta edição inclui “três pequenas histórias visuais: uma sobre a simbologia da fé, outra sobre uma fábrica artesanal de peles e uma terceira sobre um monte alentejano em ruínas”, aponta uma nota de imprensa.

As imagens são a preto e branco, característica que tem pautado o trabalho de João Miguel Barros. Esta publicação pode ser adquirida através do site https://www.zine.photo/home/ ou na Livraria Portuguesa, tendo um custo de 180 patacas.   A mesma nota dá conta que a edição número 2 da revista está esgotada e que há outras edições prestes a esgotarem também.

Sendo uma edição da galeria Ochre Space, projecto que João Miguel Barros possui em Lisboa, a Zine Photo deixa de ser publicada este ano, quando atingir a 12.ª edição. As edições são limitadas a 300 exemplares cada.

3 Mai 2022

Jogo | Receitas de Abril com valor mais baixo desde 2020

Mais um novo recorde negativo. Os surtos mais recentes de covid-19 continuam a afectar a principal indústria local que registou uma redução das receitas de 68.1 por cento face ao período homólogo

 

Em Abril, as receitas da indústria do jogo caíram para o montante mais baixo desde Setembro de 2020, quando o mundo experimentava um dos picos da pandemia. Segundo os dados revelados no domingo, pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), no último mês os casinos geraram 2,68 mil milhões de patacas em receitas brutas, valor que só encontra paralelo em Setembro de 2020, quando o montante tinha sido de 2,21 mil milhões de patacas.

Em comparação com o quarto mês do ano passado, a indústria sofreu uma diminuição das receitas de 68,1 por cento. No período homólogo, o valor gerado pelas mesas dos casinos tinha atingido os 8,40 mil milhões de patacas.

O cenário é pouco mais animador quando se olha para o acumulado dos primeiros quatro meses do ano. Segundo a DICJ, entre Janeiro e Abril deste ano as receitas foram de 20,45 mil milhões de patacas, uma redução de 36,2 por cento em comparação com o montante de 32,04 mil milhões de patacas do ano anterior.

Surtos e campanha anti-VIP

Os números, revelados no domingo, encontram justificação em dois factores: a campanha contra o jogo dos grandes apostadores, como forma de controlar a fuga de capitais no Interior, e os surtos mais recentes.

No que diz respeito ao controlo de capitais, desde Novembro do ano passado que foi intensificada a campanha contra o jogo VIP em Macau, que levou a que as autoridades avançassem para a detenção dos principais responsáveis pelas empresas junket, Alvin Chau, proprietário do Grupo Sun City, e Levo Chan, responsável da Tak Chun. Este facto, encontra ainda expressão no congelamento de vistos de turismo para os residentes do Interior, que se deparam com várias dificuldades quando tentam deslocar-se a Macau.

Por outro lado, a política de zero casos de covid-19 dificulta as viagens a Macau, uma vez que a mobilidade é altamente controlada no Interior, onde as pessoas, além de terem de apresentar testes de ácido nucleico para circularem, correm ainda o risco de ficar em quarentena a qualquer altura, devido a deslocações, se tiverem estado numa província com um surto.

Revisão em baixa

Depois de serem conhecidos os resultados de Abril, o banco Deutsche Bank apresentou uma revisão em baixa das estimativas para o segundo trimestre. A estimativa de que a indústria ia gerar cerca de 17,03 mil milhões de patacas entre Abril e Junho foi revista e espera-se agora que gere 10,22 mil milhões, ou seja, quase menos 7 mil milhões de patacas.

Ao nível da estimativa anual, antes de serem conhecidos os resultados de Abril, o banco previa receitas na ordem dos 86,45 mil milhões de patacas, mas o cenário foi revisto para 79,64 mil milhões de patacas. A estimativa mais recente representa uma quebra das receitas de 10 por cento face ao ano passado e de 73 por cento, em comparação com 2019.

3 Mai 2022

Manifestações | Associações evitaram sair à rua devido à pandemia

José Pereira Coutinho considera que em tempo de pandemia se deve evitar concentrações de pessoas. Para fugir aos “problemas”, a ATFPM não só não foi para a rua no 1.º de Maio, como abdicou de um evento desportivo. Para Sulu Sou, as restrições pandémicas são só uma desculpa para o novo “ambiente político”

 

Como tem acontecido nos últimos anos, o Dia do Trabalhador voltou a ficar marcado pela ausência de qualquer manifestação laboral. Apesar de o território atravessar uma das crises financeiras mais graves dos últimos anos, com o desemprego em crescimento, as associações laborais evitaram fazer pedidos de manifestações, devido às restrições justificadas com a pandemia.

Ainda há quatro anos, a Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos foi um dos grupos com maior presença nas manifestações do 1.º de Maio, com cerca de três centenas de membros a percorrerem as ruas de Macau.

No entanto, no último domingo, a associação liderada por Cloee Chao optou por manter-se à margem de protestos, à semelhança do que aconteceu nos últimos anos.

“Com a pandemia, não foram aprovados estes eventos durante dois anos”, justificou a líder associativa, à Lusa, admitindo que desta vez nem sequer fez chegar qualquer requerimento à Polícia de Segurança Pública, como é exigido por lei. “Tanto quanto sei, nenhum outro grupo tentou registar-se, porque, ao que parece, não se ouviu falar de abertura [das autoridades para o protesto]”, acrescentou.

Também a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que não participa há pelo menos quatro anos nos protestos do Dia do Trabalhador, justificou a ausência “devido aos problemas da pandemia” não tendo solicitado a autorização para se manifestar.

“Até cancelámos uma actividade do 1.º de Maio em termos desportivos, porque achamos que a concentração de pessoas pode trazer problemas”, notou o presidente da ATFPM, José Pereira Coutinho, à Lusa.

Tudo “normal”

Questionado sobre o facto de, ao contrário do que acontece há muitos anos, nenhum grupo laboral ter requerido a organização de manifestações numa data em que se registaram alguns dos maiores protestos da história de Macau, o também deputado rejeitou qualquer motivação política, observando tratar-se de “uma situação normal”, com base no “contexto sanitário”. “Estamos a viver no novo normal”, afirmou.

Macau, um dos primeiros territórios a ser atingido pela pandemia, registou até à data 82 casos de covid-19, 99 casos assintomáticos e zero vítimas mortais, tendo proibido desde Março de 2020 a entrada de estrangeiros na cidade, numa aposta na política de ‘zero casos’, como acontece na China.

Vários eventos têm sido cancelados pelas autoridades, com a justificação que podem constituir um risco para a saúde da população.

No ano passado, a PSP recebeu três notificações para a organização de marchas no Dia Internacional do Trabalhador. Duas acabaram por ser canceladas pelos próprios promotores, devido a exigências demasiado restritivas, e outra foi proibida por não respeitar as medidas de prevenção da pandemia.

Ambiente político

Apesar da versão oficial, à Lusa, o vice-presidente do grupo pró-democracia Associação Novo Macau (ANM), Sulu Sou, apontou que a pandemia é “uma justificação temporária ou mesmo uma desculpa” das autoridades para não autorizarem protestos na cidade.

“O ambiente político corrente parece não permitir mais movimentos em massa de grande escala, mesmo que sejam legais e pacíficos”, avaliou o também ex-deputado, que está entre um grupo de pessoas proibidas pelas autoridades de se candidatarem às últimas legislativas por “não serem fiéis” a Macau.

Há dois anos, o Governo proibiu, em Macau e Hong Kong, pela primeira vez em 30 anos, a realização da vigília pelas vítimas dos acontecimentos de Tiananmen no espaço público, numa decisão justificada com os esforços de prevenção da covid-19. E em 2021, o mesmo evento foi chumbado pela PSP por ser também um risco ao “incitamento à alteração violenta do sistema político”.

Sulu Sou explicou também que as manifestações do 1.º de Maio são uma “tradição histórica”, convocada sobretudo pelas associações laborais da região, e que, por isso, a Novo Macau “nunca realizou manifestações” nesse feriado.

Apesar disso, a estrutura apoiou “os residentes a fazerem uso dos seus direitos, especialmente neste ambiente de recessão económica”.

1.º de Maio | Wong Wai Man exige garantia de empregos para residentes

Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, defende a garantia do empregos para os residentes numa carta entregue junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) no feriado do 1.º de Maio, Dia do Trabalhador.

Segundo o jornal Ou Mun, a carta refere que é necessário assegurar um mecanismo de substituição dos trabalhadores não residentes por residentes no sector da construção civil.  “Actualmente o mercado laboral enfrenta uma situação complexa e esperamos que o Governo socorra os residentes”, pode ler-se. Lee Sio Kuan, ex-candidato às eleições legislativas, também acompanhou esta acção reivindicativa de Wong Wai Man.

3 Mai 2022

“Oriente Místico de Chaos Balós”, um livro que explora os primórdios das relações sino-lusófonas

Chama-se “O Oriente Místico de Chaos Balós” e é o novo livro de Pedro Daniel Oliveira, jornalista em Macau. Esta obra, publicada na Amazon Books, revela a viagem de João de Barros, um português do século XVI, de Portugal para Goa

 

No romance “O Oriente Místico de Chao Balós”, publicado ontem na Amazon Books, o jornalista português Pedro Daniel de Oliveira relata os primórdios das relações sino–lusófonas, marcadas por choques culturais, mas também interesses comuns no comércio e segurança.

O enredo gira à volta de João de Barros (Chao Balós, na língua siamesa), um português do século XVI, que deixa a sua terra natal, Alenquer, no Reino de Portugal, e parte para Goa, na Índia, onde se dedica à mercancia. Mais tarde, estabelece-se em Odiaa (Ayutthaya), então capital do Reino do Sião, atual Tailândia.

“A China ganha importância capital nesta altura, dado que o herói vai diversas vezes ao porto de Cantão [sul da China] fazer as mercadorias, tendo como escala o porto da Veniaga (ou ilha de Tamão), sensivelmente onde hoje se situa o aeroporto de Chek Lap Kok, em Hong Kong”, conta à agência Lusa Pedro Daniel de Oliveira.

Os interpostos portugueses nas províncias de Fujian e Zhejiang, no leste da China, são também mencionados na obra.

O personagem é fictício, mas o jornalista português diz ter tido o “cuidado de respeitar a cronologia da época, os factos cronológicos, as datas e os eventos”, recorrendo a cronistas portugueses, chineses e tailandeses da época. “Eu fui o máximo possível fidedigno. Isto requereu muita investigação, muito trabalho, confrontação de fontes”, explica. “Tive de fazer essa safra”.

Pequenos conflitos

Pedro Daniel de Oliveira admite que os contactos iniciais entre portugueses e chineses ficaram marcados por desentendimentos.

“A intenção dos portugueses era chegar à China e fazer possivelmente o que fizeram na Índia e em outros sítios: expandir o Império português, mas não conseguiram”, adianta.

Em causa estava também a inadaptação à ordem social existente na China, uma sociedade então confucionista, fortemente “hierárquica” e “disciplinada”.

“Os portugueses eram fanfarrões, julgavam-se mais do que os outros, faziam-se valer da fama que tinham, dos feitos que havia, e isto criou ruptura com a parte chinesa”, aponta.

Os interpostos portugueses na costa leste da China acabaram por ser dizimados e os mercadores portugueses que lá viviam foram expulsos.

“Até percebo uma parte e a outra”, diz Daniel de Oliveira. “Era difícil perceber na altura que tipo de gente era aquela. Os chineses eram tão diferentes dos portugueses, e eles pensavam também que os portugueses eram bárbaros. ‘Quem são estes homens de barbas grandes’, questionavam. Era normal que tivesse aquele desfecho”, acrescenta.

A tecnologia naval e militar da época detida pelos portugueses garantiu, no entanto, uma aproximação às autoridades das províncias costeiras de Fujian e Guangdong, através do apoio no combate à pirataria.

“Os portugueses foram essenciais para os chineses no combate aos piratas que saqueavam o litoral chinês e povoações. Os portugueses ganharam aí muitos pontos junto das autoridades chinesas”, descreveu.

O comércio, particularmente as vendas de âmbar cinzento, que os imperadores da dinastia Ming viam como um afrodisíaco, essencial para ampliar a prole e conseguir ter suficientes descendentes para perpetuar a casa real e a dinastia, aproximou também os mercadores portugueses das autoridades provinciais.

O acordo sobre Macau

Os portugueses acabariam por assentar em Macau, após um acordo feito entre Leonel de Sousa, capitão-mor de uma frota comercial, e Wang Bo, o ‘haidao’ (Subintendente de Defesa Costeira) de Cantão. “O que eu percebi é que havia interesses locais que, por muitas vezes, se sobrepunham aos interesses do poder em Pequim, como é o caso do assentamento português em Macau”, explica Pedro Daniel de Oliveira.

“A forma como os chineses olhavam para os portugueses era: ‘nós não os queremos aqui, mas eles são necessários’. Foi sempre esta ambiguidade que prevaleceu naquela altura”, conclui.

Pedro Daniel de Oliveira foi jornalista no semanário católico O CLARIM e no Jornal Tribuna de Macau. Colaborou esporadicamente com a Revista Macau e com a Macao Magazine. Trabalhou ainda como assistente de realização na Teledifusão de Macau (TDM).

2 Mai 2022

1 de Maio | CPSP não recebeu qualquer pedido de manifestação

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) não recebeu qualquer pedido para a realização de manifestações afectas ao Dia do Trabalhador, celebrado no próximo domingo, 1 de Maio. A confirmação foi feita ontem ao portal Macau News Agency e reiterada, mais tarde, durante a conferência de imprensa sobre a covid-19 por Lei Tak Fai, do CPSP.

Recorde-se que no ano passado, as autoridades receberam um total de seis pedidos de manifestação para o dia 1 de Maio. Contudo, todas elas acabaram por não se realizar por não terem sido autorizadas devido a incumprimentos relacionados com a covid-19 ou porque os organizadores desistiram de levar o pedido avante.

Exemplo disso, foi a manifestação marcada para o Dia do Trabalhador organizada por Wu Shaohong, vice-presidente da Associação Poder do Povo.

“Pedi a manifestação em nome individual, mas não foi aprovada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública com a justificação da prevenção da pandemia”, disse na altura o vice-presidente ao HM.

Ainda no ano passado, a Associação dos Direitos dos Trabalhadores de Jogo, presidida por Cloee Chao, indicou ter abandonado a intenção de organizar a manifestação do 1.º de Maio porque os seus dirigentes anteviam que seria proibida pelas autoridades.

30 Abr 2022