Hoje Macau SociedadeJogos | Receitas dos impostos cifraram-se nos 14 mil milhões As receitas do jogo arrecadas pela Administração até Agosto foram de 14,2 mil milhões de patacas, o que representa um montante inferior a 50 por cento das previsões feitas em Julho pelo Governo para o ano inteiro. Segundo a TDM – Rádio Macau, o montante representa uma taxa de execução de 41,2 por cento, já que o Governo, depois da revisão do orçamento de Julho, espera arrecadar 34 mil milhões de patacas em impostos provenientes do jogo. Contudo, a verba não deverá ser atingida e, por isso, o Chefe do Executivo e o secretário para a Economia e Finanças já anunciaram uma nova revisão orçamental, que deverá entrar na Assembleia Legislativa em Novembro. Para atingir receitas de 34 mil milhões de patacas, as receitas brutas do jogo ao longo este ano tinham de atingir o valor de 88 mil milhões de patacas. Os números em relação a Setembro só devem ser conhecidos amanhã, no portal da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), mas é esperado que o montante anunciado permita ultrapassar ligeiramente os 30 mil milhões de patacas. Até Agosto, o Governo recorreu a quase 47 mil milhões de patacas da reserva financeira, que está inscrita no orçamento como “outras receitas de capital”, para suportar os custos do combate à pandemia e para fazer frente face à redução de receitas provenientes do jogo e de outros impostos, motivadas pela grave crise económica que se vivem em Macau. Nos primeiros oitos meses, a Administracão registou receitas de 69 mil milhões de patacas e despesas de 60 mil milhões, o que permitiu ter um saldo de 8,6 mil milhões de patacas.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Virtuleap vence concurso de inovação A ‘startup’ portuguesa Virtuleap venceu ontem um concurso de inovação em Macau, no qual foram distinguidas outras cinco empresas brasileiras e que abre portas a apoios de financiamento e ao mercado chinês. Com um capital de 1,4 milhões de euros e à procura de financiamento na ordem dos dois milhões de euros, a Virtuleap, fundada em 2018, combina neurociência e realidade virtual para ajudar a aumentar os níveis de atenção, no tratamento de doenças cognitivas e para retardar o início do declínio cognitivo. No “Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para Empresas de Tecnologia do Brasil e Portugal 2022” foram seleccionados 14 projectos dos dois países lusófonos. Os vencedores ganharam prémios monetários, num valor máximo de 150 mil patacas, e a garantia de apoios para facilitar o acesso a financiamento e ao mercado da China continental. O concurso foi organizado pelo Gabinete de Desenvolvimento Económico e Tecnológico do Governo de Macau e concretizado pela Parafuturo de Macau e pelo Centro de Incubação de Jovens Empresários de Macau, com os projectos em competição a serem analisados por um painel de investidores, docentes universitários, representantes de instituições financeiras e de incubadoras de empresas.
Hoje Macau Manchete SociedadePrevista queda do crescimento económico entre 26,4% e 29,2% este ano A última revisão das previsões macroeconómicas da Universidade de Macau (UM) aponta para uma queda entre 26,4% e 29,2% no crescimento económico do território neste ano. As previsões são estabelecidas tendo em conta dois cenários relativos à evolução da pandemia da covid-19 e ao número de visitantes do território, indicou a análise do Centro de Estudos do Departamento de Economia da UM, divulgado em comunicado na quarta-feira. Devido às limitações das condições internas e externas, “especialmente como estabelecer um conjunto de políticas de prevenção e controlo adequadas a Macau”, a população continua a não ver “perspectivas claras” e “a recuperação económica efetiva pode estar longe de ser uma realidade”. Além da queda do crescimento económico, também as exportações de serviços devem cair entre 31,3% e 33,6%, e as receitas atuais do governo de Macau podem situar-se entre 29,3 mil milhões e 33,3 mil milhões de patacas, de acordo com a versão revista da Previsão Macroeconómica para Macau 2022. Os investigadores lembraram que, no primeiro semestre de 2022, as condições económicas para Macau foram extremamente difíceis, com o governo a manter restrições de viagem rigorosas devido aos casos de covid-19 nas regiões chinesas vizinhas. No primeiro trimestre deste ano, o produto interno bruto (PIB) caiu 8,9% em relação ao ano anterior. Em junho e julho, o território viveu o pior surto de covid-19 desde o início da pandemia, com as autoridades a decretar 14 rondas de testes obrigatórios para toda a população e um confinamento de duas semanas. A partir de meados de junho, o PIB caiu 39,3%, em termos anuais, para regressar aos níveis do segundo trimestre de 2020. “Sob as múltiplas e rigorosas medidas de controlo local, muitas atividades diárias não puderam ser realizadas, e a economia continuou a deteriorar-se”, indicaram. Os investigadores acrescentaram que, no início deste ano, a previsão para a economia local apontava para uma abertura gradual e, mesmo perante um surto no território, o pior cenário seria um regresso ao nível económico de 2021. No entanto, com a variante Ómicron do novo coronavírus, mais contagiosa, e medidas de prevenção e controlo mais rigorosas, a situação alterou-se e as previsões não a acompanharam. Por outro lado, as condições económicas externas também sofreram uma alteração significativa, com uma elevada inflação. “Por estas razões, a equipa de investigação reviu a previsão anterior e nota que as condições económicas permanecem precárias para o resto do ano”, sublinharam. Em resposta a possíveis mudanças na evolução da pandemia e nas políticas governamentais, a equipa considerou dois cenários diferentes: o primeiro pressupõe um crescimento estável no quarto trimestre de 2022 e um número de visitantes a atingir, de novo, o nível do final de 2021: 1,95 milhões. O segundo cenário estudado apresenta piores condições: Macau enfrentará mais um mês de confinamento, recebendo apenas 1,31 milhões de visitantes. Os investigadores observaram também que, sem receitas turísticas, a economia de Macau “poderá não conseguir desenvolver-se normalmente”, se as restrições de viagem rigorosas forem mantidas. As previsões apontaram também que, perante os dados atuais, as várias rondas de apoios à população, lançadas pelo governo desde 2020, “têm apenas um impacto a curto prazo e limitado, e não podem substituir os rendimentos obtidos pelas empresas e cidadãos através de transações normais de mercado”. Nos primeiros oito meses do ano, Macau recebeu 3,8 milhões de visitantes, menos 25,8% do que em igual período de 2021 e menos 86% do que em 2019, antes do início da pandemia. A esmagadora maioria dos visitantes, mais de 290 mil, é oriundo da China continental.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau deve ‘vender’ mercado da Grande Baía e atrair multinacionais – BNU O presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) defendeu hoje que Macau tem “todas as condições para atrair ‘holdings’ multinacionais” e que “deve vender-se” como porta de entrada para a metrópole mundial chinesa da Grande Baía. Carlos Álvares sublinhou que os encargos fiscais em Macau são mais baixos, numa comparação regional, algo que por si só é um elemento de atratividade para a fixação destas empresas, o que teria óbvio impacto na criação de emprego. Por outro lado, o presidente do BNU em Macau sustentou que a região administrativa especial chinesa devia “vender-se” não como um território de menos de 700 mil habitantes, mas cuja escala de potenciais clientes para as empresas fica mais perto dos 80 milhões, que vivem na Grande Baía. Tanto mais porque, salientou o líder do BNU, que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos, Macau tem ligações fortes com estas cidades e porque está inserido numa região de “aceleração rápida” a nível económico e financeiro. A Grande Baía é um projeto de Pequim para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 80 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a um bilião de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20. As declarações de Carlos Alvarez foram realizadas à margem do “Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para Empresas de Tecnologia do Brasil e Portugal 2022”, no qual são selecionados 14 projetos dos dois países lusófonos, com os vencedores a poderem desenvolver os projetos na região da Grande Baía. Com esta iniciativa pretende-se “descobrir mais projetos de destaque dos países de língua portuguesa, e promover a interação entre a China e os países de língua portuguesa na inovação, empreendedorismo e intercâmbio tecnológico”, assinalaram os organizadores. O concurso é promovido pelo Gabinete de Desenvolvimento Económico e Tecnológico do Governo de Macau e concretizado pela Parafuturo de Macau e pelo Centro de Incubação de Jovens Empresários de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaRelatório | Portugal atractivo para investir. China atenta Portugal é um país atractivo para se investir no desenvolvimento de infra-estruturas e a China está atenta a projectos e eventuais contratos na área dos transportes e do ambiente, segundo um relatório ontem divulgado em Macau. Em Portugal, “o transporte e o ambiente (por exemplo, saneamento) estão a ganhar tracção, com contratos que valem mais de 600 milhões de dólares, assinados em 2021”, pode ler-se no relatório sobre o ‘ranking’ de 2022 do Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, a iniciativa lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que envolve 71 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos. Portugal é, precisamente, entre os países lusófonos, na perspectiva do relatório chinês, aquele que aparece com a melhor pontuação no sub-índice de desenvolvimento associado ao ambiente, que agrega factores políticos, económicos, soberania, factores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais. Mais valias No documento – em que Portugal também lidera entre os países lusófonos no sub-índice relacionado com os custos, operacionais e de financiamento, salienta-se o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) no país e conclui-se que “as condições económicas são sólidas para os sectores associados à área de infraestruturas”, numa referência que se estende igualmente a Cabo Verde e Moçambique. No mesmo documento ressalva-se que, tanto no Brasil como em Portugal, as instalações de produção de energia estão em melhor estado, mas sublinha-se a tendência de investimento nas energias renováveis neste período de transição energética. No índice global avalia-se factores como o ambiente, a procura, a receptividade e custos para o desenvolvimento de infraestruturas nos países incluídos na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. Quanto mais alta é a pontuação no índice, melhor é a perspectiva da indústria de infra-estruturas de um país, e maior é o grau de atractividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios. O documento foi apresentado no Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas. Na inauguração do evento, o adjunto do Ministro do Comércio da China, Li Fei, informou que o país investiu este ano no estrangeiro 178,8 mil milhões de dólares.
Hoje Macau PolíticaPonte HZM | Pedidos para renovação de circulação até 21 de Outubro Os pedidos para a renovação da quota de circulação de veículos particulares na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, para a circulação entre Macau e Hong Kong, podem ser apresentados até ao dia 21 de Outubro. O pedido pode ser feito online através do website da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), sendo necessário o pagamento de mil patacas para a renovação da quota. Os titulares destas autorizações de circulação devem ainda renovar as licenças emitidas pelo Interior da China e Hong Kong. O despacho que autoriza a aceitação do pedido de renovação das quotas regulares para circulação de veículos particulares locais entre Hong Kong e Macau foi publicado esta quarta-feira em Boletim Oficial, sendo que as primeiras quotas começaram a ser atribuídas em 2019. De frisar que apenas os veículos que possuam quota válida e as licenças “Closed Road Permit for Cross-boundary Vehicles (CRP)» e «International Circulation Permit (ICP)”, emitida pelo Departamento de Transportes de Hong Kong, do “cartão de passagem fronteiriça de veículo”, da “etiqueta electrónica de permissão de passagem fronteiriça de veículo” (RFID), emitidos pelos Serviços de Alfândega da RAEM, das licenças, licença provisória de condução e licença provisória do veículo, emitidas pelo Interior da China, e dos seguros das três regiões, podem circular na ponte.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | China pede respeito à “integridade territorial de todos os países” O embaixador chinês nas Nações Unidas (ONU) pediu ontem, perante o Conselho de Segurança, respeito pela “integridade territorial de todos os países”, numa reunião sobre os referendos de anexação levados a cabo pela Rússia na Ucrânia. “A China tomou nota dos últimos desenvolvimentos da situação na Ucrânia” e “a nossa posição” é “clara e consistente, ou seja, que a soberania e a integridade territorial de todos os países devem ser respeitadas”, disse Zhang Jun, num momento em que Pequim é acusado pelo ocidente de complacência face à invasão russa da Ucrânia. A posição da China foi registada numa reunião do Conselho de Segurança para abordar as crescentes tensões resultantes da decisão de Moscovo de mobilizar parcialmente as reservas do exército e realizar referendos para anexação dos territórios ucranianos ocupados. Na semana passada, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, os chefes da diplomacia chinesa e ucraniana já se haviam encontrado e Pequim já havia pedido respeito pela “integridade territorial de todos os países”. Contudo, no encontro de ontem, Zhang Jun afirmou que o isolamento e as sanções à Rússia só “levarão a um beco sem saída”. Na reunião, a embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield apresentou uma resolução condenando a Rússia pela realização dos referendos. “A Rússia começou esta guerra, e espero que cada membro deste Conselho faça a coisa certa ao defender o direito internacional e a Carta da ONU, pedindo à Rússia que acabe com isso agora “, disse a embaixadora. “É por isso que apresentaremos uma resolução condenando estes falsos referendos, apelando aos Estados-Membros para que não reconheçam qualquer alteração do estatuto da Ucrânia e obrigando a Rússia a retirar as suas tropas da Ucrânia. Os falsos referendos da Rússia, se aceites, abrirão uma caixa de Pandora que não podemos fechar. Pedimos que se juntem a nós para reafirmar o nosso compromisso com a Carta da ONU e enfrentar esse desafio de frente”, apelou Thomas-Greenfield. Espera-se que a resolução, apresentada juntamente com a Albânia, seja amplamente simbólica, uma vez que a Rússia quase certamente a bloqueará, uma vez que tem poder de veto como membro permanente do Conselho de Segurança. Contudo, a embaixadora norte-americana frisou que tentará levar a votação à Assembleia-Geral da ONU caso a Rússia “escolha blindar-se da sua responsabilização”. “A Rússia realiza referendos simulados, em áreas controladas pelos militares russos e seus representantes, coagindo as pessoas a ‘votar’ sob a mira de armas. Em seguida, usa esses referendos para tentar dar uma aparência de legitimidade às suas tentativas de anexação do território de outro Estado soberano. A pressa para a Rússia instituir e concluir essas tentativas de anexação destrói até mesmo a fachada de legitimidade”, avaliou a norte-americana. Por sua vez, o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, disse que os referendos foram realizados “de forma totalmente transparente e respeitando todos os padrões internacionais”, negando as acusações de intimidação dos eleitores. O diplomata acrescentou ainda que havia uma centena de observadores internacionais de mais de 40 países, que se “surpreenderam com o entusiasmo dos eleitores”, e questionou o motivo de os meios de comunicação ocidentais não terem mostrado essa perspetiva, nem se terem preocupado em entrevistar essa população. Embora os referendos tenham significado uma nova reviravolta no conflito ucraniano, as posições não mudaram muito na ONU: os países latino-americanos, como o Brasil ou o México, e países africanos ou árabes expressaram as suas críticas, mas sem se juntarem aos duros posicionamentos ocidentais e fazendo apelos bastante genéricos à negociação. Tal como fez o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, no sábado passado, o embaixador Nebenzya também se dirigiu aos países em desenvolvimento, exortando-os a não seguir cegamente os Estados Unidos. “Para os países em desenvolvimento eu digo: não se enganem, o objetivo do ocidente não é outro senão que a Rússia desmorone”, disse Nebenzya, que também detalhou supostas pressões sobre países europeus – citando Itália, Hungria e Sérvia – para se distanciar da Rússia e apertar as suas sanções contra Moscovo. Na reunião, também a ONU deixou claro que não reconhecerá o resultado dos referendos, enquanto o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que participou por videoconferência, pediu um isolamento da Rússia em todas as organizações internacionais. As autoridades pró-Rússia nas regiões ucranianas de Zaporijia, Kherson e Lugansk reivindicaram uma vitória do “sim” à anexação pela Rússia, estando ainda a aguardar-se pelos resultados da quarta região ucraniana ocupada pela Federação Russa. No passado, em 2014, a Rússia já havia usado o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
Hoje Macau SociedadeHepatite C | Governo lança projecto piloto de testes rápidos Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) têm implementado um projecto piloto de realização de testes rápidos de despistagem do vírus da Hepatite C (VHC) “com o objectivo de prestarem serviços de rastreio rápido, de diagnóstico e de acompanhamento médico às pessoas com alto risco de contrair o VHC”. Segundo uma nota de imprensa, os destinatários do projecto são apenas os residentes de Macau com uma idade igual ou superior a 18 anos que não tenham sido acompanhados pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário devido à doença ou grupos de risco, tal como indivíduos com histórico de abuso de drogas (incluindo drogas injectáveis e não injectáveis), “homens homossexuais e bissexuais” ou “indivíduos infectados ou suspeitos de serem portadores do vírus HIV /SIDA”. Os indivíduos que reúnam as condições podem marcar o teste rápido através do telefone n.º 2850 00600 durante o horário de expediente. O local da realização do teste é no bloco A do Edifício do Lago (Equipa de Serviços Especiais de Prevenção dos Serviços de Saúde), situado na Estrada Coronel Nicolau de Mesquita da Taipa (lado do Centro de Saúde de Nossa Senhora do Carmo – Lago).
Hoje Macau China / ÁsiaTóquio | Funeral de Estado de Shinzo Abe marcado por protestos O líder japonês assassinado em Julho, Shinzo Abe, foi sepultado ontem num funeral de Estado com honras militares, numa cerimónia acompanhada por apoiantes mas contestada pela oposição que se manifestou nas ruas de Tóquio. Na cerimónia oficial esteve presente a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o príncipe Akishino do Japão e outros dignitários japoneses e estrangeiros. O funeral começou com a viúva, Akie Abe, vestida com um quimono tradicional negro junto à urna de madeira com as cinzas do ex-primeiro-ministro decorada com fitas douradas e púrpuras. Os soldados, com uniforme de gala branco, transportaram depois as cinzas para um pedestal decorado com a banda militar a tocar o hino nacional (Kimigayo) antes de ser observado um minuto de silêncio. Foi exibido um filme com imagens que retratam Abe como político, incluindo um famoso discurso parlamentar de 2006, como primeiro-ministro, as visitas que efectuou às zonas afectadas pelo tsunami de 2011 e outros momentos políticos e sociais, como a promoção dos Jogos Olímpicos de Tóquio/2020. Ontem, a cidade de Tóquio manteve-se sob fortes medidas de segurança durante a cerimónia oficial sobretudo na zona onde decorreu o funeral de Estado perto do centro de artes marcial Budokan. Contrastando com a cerimónia de Estado, foram organizadas manifestações de protesto no centro de Tóquio, que tentaram alcançar a zona onde decorria o funeral com cartazes que demonstravam oposição. “Shinzo Abe não fez absolutamente nada”, disse à Associated Press (AP), Kaoru Mano, um manifestante presente no protesto. Os principais partidos da oposição boicotaram as cerimónias fúnebres oficiais, criticando os organizadores por estarem a promover “o nacionalismo” e os valores “imperialistas” de antes da Segunda Guerra Mundial. O facto de o funeral de Estado ter sido decidido e organizado sem que o assunto tivesse sido debatido no Parlamento reforçou as críticas da oposição. Dinheiro sujo O primeiro-ministro Kishida foi igualmente criticado em virtude da controvérsia que se prolonga há várias décadas sobre as ligações estreitas entre Abe e o Partido Liberal e Democrata com a Igreja da Unificação, instituição acusada de controlar dirigentes políticos através de “donativos”. O homem que foi acusado de ter assassinado Abe afirmou que levou a cabo o assassinato por causa das ligações de Abe com a Igreja da Unificação. O autor do crime culpou a igreja de ter “roubado” dinheiro à própria mãe e de lhe “ter corrompido a família”, arruinando-lhe a vida. “As eventuais ligações entre o Partido Liberal e Democrata e a Igreja da Unificação são encaradas pelos japoneses como a maior ameaça à democracia”, escreveu recentemente Jiro Yamaguchi, professor de Política na Universidade Hosei citado pela AP. O avô de Abe, o ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi, ajudou a Igreja da Unificação, original da Coreia do Sul, a implantar-se no Japão. Para a oposição, o funeral que decorreu ontem prova a relação entre o partido no poder e a igreja. “O grande problema foi não ter havido um processo de aprovação” (do funeral), disse Shin Watanabe, reformado que se manifestou ontem em Tóquio em protesto contra o funeral de Estado.
Hoje Macau China / ÁsiaCabo Verde | Empresa chinesa volta a fornecer fardamento às Forças Armadas As Forças Armadas de Cabo Verde vão voltar a comprar fardamento a uma empresa estatal chinesa, por quase 130 mil euros, conforme autorização concedida por despacho da ministra da Defesa, que entrou ontem em vigor. De acordo com o despacho 29/2022, assinado pela ministra da Defesa de Cabo Verde, Janine Lélis, e consultado pela Lusa, em causa está um negócio de 14 milhões de escudos (128 mil euros) a realizar com a empresa estatal chinesa China Xinxing Import and Export, através de um contracto autorizado por ajuste directo. A mesma empresa, com os mesmos argumentos e por valor semelhante, já tinha sido contratada pelo Governo para o fornecimento de fardamento aos militares cabo-verdianos anteriormente, por falta de empresas certificadas no país. A empresa chinesa, constituída em 1987, é especializada na produção e desenvolvimento de fardamento e outros equipamentos para forças armadas e policiais em vários países, facturando anualmente mais de 300 milhões de dólares. No despacho assinado pela ministra da Defesa, autorizando o negócio, é referido que as Forças Armadas de Cabo Verde “têm-se digladiado com problemas na certificação técnica do material” que têm adquirido, devido à “inexistência de instituições capazes de aferir, mesurar e certificar o material adquirido para equipar as tropas”. Além disso, justifica ainda o despacho sobre este negócio, “os militares cabo-verdianos frequentemente são enviados para o exterior, para efeito de treinamento militar, devendo os mesmos estarem munidos de fardamento de qualidade, internacionalmente certificada”. As Forças Armadas de Cabo Verde contam com um efectivo superior a mais de mil militares no activo.
Hoje Macau China / ÁsiaGNE | Lucros das empresas industriais caem 2,1% até Agosto Os lucros das principais empresas industriais da China registaram uma queda homóloga de 2,1 por cento, entre Janeiro e Agosto, aprofundando a tendência de contracção, segundo dados divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas do país. Em 2021, as empresas industriais chinesas facturaram 34,3 por cento a mais do que no ano anterior. Este valor deve-se, sobretudo, a uma base comparativa baixa, já que no primeiro semestre de 2020 a actividade económica do país foi fortemente abalada por medidas de confinamento, que visaram travar o surto inicial de covid-19, registado na cidade chinesa de Wuhan. No primeiro trimestre deste ano, o indicador registou uma evolução positiva, de 8,5 por cento, mas nos meses seguintes sofreu contracções assinaláveis, derivadas, sobretudo, dos efeitos adversos dos confinamentos e bloqueios ordenados pelas autoridades, no âmbito da política chinesa de ‘zero casos’ de covid-19. Para a elaboração deste indicador, o GNE considera apenas as empresas industriais com um volume de negócios anual superior a 20 milhões de yuans. O responsável estatístico da instituição, Zhu Hong, afirmou que, apesar do que descreve como uma “tendência de recuperação”, os lucros das empresas industriais continuam a diminuir, em parte porque os custos de produção e operações “ainda são elevados” e o ambiente internacional é “instável e incerto”.
Hoje Macau China / ÁsiaÁsia | Bilionário indiano diz que China corre risco de ficar isolada A China poderá ficar cada vez mais isolada do resto do mundo e corre riscos semelhantes aos enfrentados pelo Japão, durante a chamada “década perdida” de estagnação nos anos 1990, afirmou ontem o bilionário indiano Gautam Adani. Num discurso proferido durante a 20.ª edição da Conferência Forbes Global CEO, em Singapura, Adani, o segundo homem mais rico do mundo, disse que o “aumento do nacionalismo, a mitigação de riscos nas cadeias de fornecimento e as restrições tecnológicas” vão provavelmente afectar a ligação entre a China e outras economias. A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que deveria ser uma demonstração das ambições globais de Pequim, está também a enfrentar crescente resistência, aumentando os desafios para o país asiático, argumentou. Lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, este plano internacional de infraestruturas inclui a construção de ligações ferroviárias, autoestradas, aeroportos e zonas de comércio livre, visando abrir novas rotas comerciais em regiões pouco integradas na economia global, incluindo Leste Asiático, Ásia Central ou África. Uma crise de dívidas soberanas nos países em desenvolvimento e o encerramento das fronteiras da China, no âmbito da política de ‘zero covid’, no entanto, estão a frustrar os planos de Pequim. “Antecipo que a China – que era vista como a principal beneficiadora da globalização – se vai sentir cada vez mais isolada”, notou. Apesar do pessimismo em relação à China, o magnata indiano disse acreditar que as economias globais em geral se vão reajustar e recuperar a longo prazo.
Hoje Macau China / ÁsiaBanco Mundial | China passa para factor de desaceleração económica na Ásia A política de zero-casos levada a cabo no país e a fragilidade do sector imobiliário continuam a travar o crescimento económico chinês A economia chinesa deverá crescer este ano 2,8 por cento, abaixo da média de 5,3 por cento dos países da Ásia – Pacífico, estimou ontem o Banco Mundial, à medida que a política ‘zero covid’ trava décadas de trepidante crescimento da China. Num relatório, o Banco Mundial (BM) reviu em baixa a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de “entre 4 por cento e 5 por cento” para 2,8 por cento. Devido à desaceleração da economia do país, a entidade reduziu também as previsões de crescimento para a região da Ásia – Pacífico, para 3,2 por cento. Porém, excluindo a China (o relatório inclui Leste Asiático, Sudeste Asiático e as ilhas do Pacífico), a região deve crescer 5,3 por cento. Os principais indicadores económicos da China apontavam para um bom ano. Em Março passado, as autoridades estabeleceram uma meta de crescimento de 5,5 por cento para 2022, acima das expectativas de muitos analistas. Mas, no segundo trimestre, o isolamento de Xangai, a “capital” financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, tiveram forte impacto nos sectores serviços, manufactureiro e logístico. O exemplo mais destacado é a evolução do PIB chinês, que passou de um crescimento homólogo de 4,8 por cento, no primeiro trimestre, para apenas 0,4 por cento, no segundo. A comparação trimestral revelou uma contração de 2,6 por cento. Outros indicadores de grande importância para a economia chinesa também foram afectados, como o que mede a produção industrial (-2,9 por cento), ou actividade da indústria manufactureira, que sofreu contrações em cinco dos últimos seis meses. Outro factor citado pelo relatório do Banco Mundial, é a “fraqueza” do sector imobiliário, cada vez mais asfixiado desde 2020 devido às limitações impostas por Pequim a muitas construtoras no acesso ao crédito. Segundo dados da consultora CRIC, as vendas das 100 principais imobiliárias do país caíram 32,9 por cento, em termos homólogos, em Agosto. A agência de ‘rating’ Moody’s prevê que a procura continue a cair ao longo dos próximos 12 meses. Em alta O abrandamento da economia chinesa gerou novos protagonistas na região, como o Vietname, que deverá crescer 7,2 por cento em 2022, segundo o Banco Mundial. A Indonésia surge também em destaque, com o PIB a subir 5,1 por cento. “A maior fonte de crescimento na região foi o levantamento das restrições impostas para combater a pandemia da covid-19”, disse Aaditaya Mattoo, economista-chefe do Banco Mundial para o Leste Asiático e o Pacífico, no relatório. A variante Ómicron da covid-19 obrigou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, apesar dos crescentes custos económicos e sociais.
Hoje Macau EventosOktoberfest | Regresso ao MGM em Outubro O Oktoberfest Macau vai regressar no próximo mês, com um novo conceito “Cheers, Macau!”, de acordo com a MGM China, que vai decorrer no MGM Theater no Cotai. Entre 20 e 30 de Outubro, vão ser várias as noites que visam celebrar os 11 anos de vida do evento, e que contam com a participação de artistas como a banda Tarzan, Liu Wenjun ou Fu Xinyao. Também as bandas locais, Amulets e Gimme 5 vão subir ao palco para entreter os espectadores. As sessões nocturnas decorrem todos os dias entre as 18h e a meia noite, com os preços de entrada a serem de 180 patacas. Em relação às sessões de almoço, feitas a pensar nas famílias, estão agendadas para 22, 23, 29 e 30 de Outubro, com um preço de entrada de 180 patacas. No caso de reservas de mesa, o consumo mínimo é de 250 patacas por participante.
Hoje Macau SociedadeHotelaria | Agosto com menos 10% do número de hóspedes Durante o passado mês de Agosto a taxa de ocupação hoteleira média dos quartos de hóspedes foi de 36,4 por cento, menos 2 pontos percentuais, em termos anuais. Segundo os dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos hotéis de 3 estrelas e a dos hotéis de 4 estrelas decresceram 12,2 e 6,4 pontos percentuais, respectivamente. Ao longo do Agosto os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 390.000 indivíduos, volume que representou em termos anuais uma quebra de 10,4 por cento. O período médio de permanência de hóspedes manteve-se em 1,8 noites. Em termos agregados, de Janeiro a Agosto, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros foi de 37,6 por cento, menos 12,9 pontos percentuais, relativamente ao mesmo período do ano anterior. Participaram em excursões locais em Agosto 2.600 visitantes, o que representou mais 46,6 por cento face ao mesmo mês do ano passado.
Hoje Macau SociedadeDSC | Serviços em choque com agentes envolvidos em rede de prostituição A Direcção de Serviços Correccionais (DSC) está chocada com o caso dos dois agentes alegadamente envolvidos numa rede de prostituição ilegal. A posição foi tomada ontem, em comunicado, depois de uma operação da Polícia Judiciária (PJ) que resultou na detenção de nove pessoas em Macau, entre as quais dois agentes da DSC. Segundo as informações, a rede de prostituição ilegal terá gerado mais de 15 milhões de patacas em lucros, e as prostitutas pagavam 300 patacas por cada anúncio para se promoverem. Os nove detidos em Macau estão indiciados pela prática dos crimes de “burla, associação criminosa e exploração de prostituição”. “A Direcção dos Serviços Correccionais fica muito chocada e dolorosa em relação à alegada suspeita de violação da lei por pessoal da guarda prisional”, pode ler-se no comunicado. A DSC garante ainda que “cooperou integralmente com os órgãos de execução da lei nas suas investigações, instaurou imediatamente os processos inquéritos disciplinares internos contra os guardas envolvidos, aplicou a estes dois guardas a medida de suspensão preventiva do exercício das funções e procedeu à efectivação das suas responsabilidades disciplinares”. Além disso, foi deixado um aviso interno: “A DSC reitera que atribuiu sempre importância ao carácter pessoal e à consciência de observância da lei do seu pessoal. Se forem constatados actos por parte do pessoal que violem a lei e a disciplina, a DSC irá trata-los severamente nos termos da lei e não os vai tolerar”.
Hoje Macau PolíticaGrande Baía | Macau lança concurso para projectos lusófonos Macau organiza na quinta-feira um concurso de inovação destinado a empresas portuguesas e brasileiras, com os vencedores a poderem desenvolver os projectos na região da Grande Baía, que engloba também Hong Kong e nove cidades chinesas. No “Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para Empresas de Tecnologia do Brasil e Portugal 2022” vão ser seleccionados 14 projectos dos dois países lusófonos. O concurso é organizado pelo Gabinete de Desenvolvimento Económico e Tecnológico do Governo de Macau e concretizado pela Parafuturo de Macau e pelo Centro de Incubação de Jovens Empresários de Macau, com os projectos em competição a serem analisados por um painel de investidores, docentes universitários, representantes de instituições financeiras e de incubadoras de empresas. Os organizadores sublinham que “os vencedores ficarão qualificados para implementar os seus projectos na área da Grande Baía”. Com a edição deste ano, pretende-se “descobrir mais projectos de destaque dos países de língua portuguesa, e promover a interacção entre a China e os países de língua portuguesa na inovação, empreendedorismo e intercâmbio tecnológico”, assinala-se em comunicado.
Hoje Macau China / Ásia MancheteXinjiang e a luta contra o terrorismo. Que estratégia perfilhar? De 1990 até 2016, foram inúmeros e bárbaros os atentados terroristas no Xinjiang e um pouco por toda a China, levados a cabo por extremistas islâmicos. Como procederam os chineses para erradicar os que pretendiam separar a região do país e fundar um estado teocrático? Os anos 90 do século passado assistiram ao surgimento, organizado globalmente, do extremismo e terrorismo de inspiração islâmica, mas que não encontrou eco na maior parte dos muçulmanos, nem dos seus líderes espirituais. A leitura wahabita do Corão, em grande parte seguida e defendida por teóricos originários da Arábia Saudita (mas não só), impunha uma visão radical do Islão, que propunha um califado universal teocrático, no qual se levaria ao limite a imposição de uma versão radical da sharia (lei islâmica) através de normas como a proibição da música e da dança, a separação de homens e mulheres — que seriam forçadas a cobrir na totalidade o seu corpo pelo uso da burka e seriam consideradas como cidadãs de segunda, sem quaisquer tipo de liberdades que não lhes fossem concedidas pelos elementos do sexo masculino das suas famílias —, a educação das crianças unicamente através de Corão e dos haddits, entre outras medidas radicais, que reflectem o carácter extremista e medieval deste tipo de práticas e pensamento. Pior ainda: para estes extremistas era fundamental matar os que apelidavam de “infiéis” e “traidores”, ou seja, os que não seguiam a religião muçulmana e os que, seguindo essa religião, não adoptavam a sua versão “correcta” do islamismo. E foi precisamente nesses anos 90 que começaram a surgir ataques terroristas organizados um pouco por todo o mundo, sob a bandeira da Al-Qaeda e outras, sendo os mais conhecidos e falados nos media internacionais os que visavam alvos americanos e europeus. Todos nos lembramos dos atentados no Quénia, em Londres, em Madrid e, sobretudo, nas Torres Gémeas em Nova Iorque, no ano de 2001. Milhares de ataques, milhares de vítimas Contudo, a tentativa de criação de regiões sob a bandeira do “califado” e o espalhar do terror não se limitaram a alvos do chamado Ocidente. Os extremistas propuseram igualmente como alvos regiões a Oriente, sobretudo aquelas onde existia uma maioria muçulmana. Assim, a Região Autónoma do Xinjiang, no Oeste da China, tornou-se um dos seus locais favoritos, aproveitando o facto de ali existir uma extensa comunidade islâmica, maioritariamente constituída por uigures. Para o Xinjiang foram então enviados de outros países inúmeros “pregadores” e “soldados”, com o objectivo confesso de radicalizar os seus habitantes e ensiná-los a lutar pelo extremismo e pelo separatismo. E, de facto, estes elementos terroristas foram relativamente bem-sucedidos, na medida em que, de 1990 a 2016, ocorreram centenas, talvez milhares de ataques terroristas naquela região e por toda a China, uma dimensão hoje ignorada e até escamoteada pela maior parte dos medias ocidentais que, graças a diversas manipulações, crêem ver nessa jihad uma luta pela conservação da identidade e cultura do povo uigur, quando na realidade esta extensa etnia de mais de 11 milhões nunca professara uma versão radical e extremista do Islão. Objectivo último dos terroristas: a criação de um novo estado, separado da China, a que chamavam Turquestão Oriental. Apesar de nunca terem conseguido doutrinar a esmagadora maioria dos uigures, ainda assim, as ideias extremistas conseguiram arrebanhar algumas centenas de indivíduos, dispostos a matar e a morrer. A lista de atentados é horrífica, bárbara e impressionante, geralmente dirigida a civis inocentes, como a colocação de bombas em autocarros, o esfaqueamento desenfreado de passantes, o assassinato de condutores de camionetas que depois eram dirigidas contra multidões nas ruas das cidades. Não se pense, no entanto, que estes actos terroristas se limitaram à região do Xinjiang e suas cidades, como Urumqi ou Kashgar, pois eles ocorreram um pouco por toda a China, de Pequim a Cantão, passando por Kunming, no Yunnan. Os terroristas, porém, não se limitavam a atacar cidadãos chineses de origem han. Alguns dos principais alvos foram também líderes religiosos muçulmanos, de etnia uigur e outras, que não alinhavam com o radicalismo e o extremismo, nem estavam de acordo com a jihad ou o separatismo, como foi o caso, ainda durante os anos 90, do imã da Grande Mesquita de Yecheng, vários membros de associações islâmicas, geralmente esfaqueados por grupos de fanáticos. Ocorreram também mais 40 atentados bombistas em locais repletos de gente como centros comerciais e mercados, hotéis, etc., bem como tentativas de captura de aviões que, fracassadas, se resumiam ao detonar de bombas nos aeroportos. Também um grande número de instituições governamentais foi, durante todo este período, alvo dos ataques terroristas, tendo resultado na maior de polícias e outros agentes das autoridades. Em Urumqi, capital de Xinjiang e cidade-mártir do terrorismo, tivemos a oportunidade de visitar um espaço onde estão documentados estes atentados, a sua barbárie e o desrespeito pela vida humana que os animava. Não foram uma dezena ou centena, mas muitos mais, numa dimensão insuspeita mesmo para quem conhece de perto a China, e que se estenderam quase por três décadas, provocando milhares de mortos e feridos, a destruição de lojas, casas, apartamentos e milhares de veículos. Duas estratégias diferentes Logo, a pergunta que imediatamente se impõe é: por que razão demorou o estado chinês tanto tempo a parar estes terroristas e acabar com os ataques? Os Estados Unidos, por exemplo, adoptaram uma estratégia de resposta rápida, invadindo os países onde os terroristas encontravam refúgio, como o Afeganistão e a Somália, e no caminho deu-se também a invasão ilegal do Iraque, reprimindo a comunidade islâmica no seu país, não se importando de violar as suas próprias leis, com a criação do campo de concentração de Guantánamo, em Cuba, onde ainda hoje permanecem indivíduos nunca julgados ou sequer acusados. São também conhecidos os famosos “black spots” (locais secretos em vários países), onde se praticam actos contrários à legislação americana como as detenções por mera suspeita e a tortura. Na sequência dos ataques ao World Trade Center, os EUA aprovaram igualmente o Patriot Act, que permitia às forças da ordem um alcance policial, que alguns condenaram por entenderem que não respeitava os direitos civis e a privacidade dos cidadãos. Mas, com estas acções, os EUA conseguiram realmente reduzir as capacidades logísticas das forças terroristas e evitar um grande número de atentados por elas planeados. Já a estratégia chinesa revelou-se diferente, também porque no seu próprio país o terrorismo e a radicalização atingiram uma dimensão muito maior. Questionado pelo HM, um dirigente em Urumqi explicou que se trata de uma estratégia de longo prazo, que passa por uma intervenção social de modo a desradicalizar alguns desses elementos, sobretudo os mais jovens, e pela elevação do nível de vida das populações, especialmente nas áreas rurais, de modo a atenuar uma eventual e natural insatisfação, numa região que demorou a acompanhar a evolução económica que acontecia noutras regiões da China. Severidade e compaixão “Xinjiang adoptou uma política que balança entre a severidade e a compaixão. Os líderes e os principais membros dos grupos terroristas, que organizam, planeiam e implementam crimes violentos são severamente punidos, de acordo com a lei. Contudo, os que confessam e se mostram arrependidos, tal como jovens iludidos pelo discurso extremista, ou quem ajuda a combater esses crimes, embora neles tenha de alguma forma participado, são tratados com leniência com o objectivo de os reformar”, concluiu o dirigente em conversa com o HM. Assim, segundo os números fornecidos por oficiais em Xinjiang, desde 2014, as autoridades destruíram cerca de 1500 grupos, prenderam cerca de 12 mil terroristas, apreenderam mais de dois mil artefactos bombistas e puniram cerca de 30 mil pessoas por actividades religiosas ilegais, confiscando igualmente centenas de milhares de cópias de propaganda extremista. É preciso considerar que a população uigur atinge 11,6 milhões de pessoas (45% de uma região com um total de 25,85 milhões), cuja esmagadora maioria rejeita o islamismo radical, o separatismo e a teocracia. No entanto, o grosso da actividade governamental tem sido, segundo os oficiais, dirigida à prevenção e à desradicalização, tentando “combater o problema na sua origem”. As medidas incluem “a melhoria das condições de vida, a promoção do conhecimento da lei através da educação e o estabelecimento de centros de treino vocacional”. Ainda segundo os documentos oficiais, foram criados novos postos de trabalho que permitiram tirar da pobreza extrema milhões de pessoas de zonas rurais, implementados 9 anos de educação compulsiva, melhorada a saúde pública e o sistema de segurança social. A China tem igualmente, há muito tempo, uma política de discriminação positiva para as minorias étnicas que passa por nunca ter sido imposta a política de “um só filho” (entretanto abandonada) e pela facilitação de entrada nas universidades do país. Foi também criado um Instituto de Estudos Islâmicos onde são formados os futuros imãs que, actualmente, é frequentado por cerca de 400 alunos. Orgulho na diversidade “Não quisemos nunca destruir a identidade do povo uigur, que faz parte há muitos séculos do mosaico de culturas da China, que se orgulha da sua diversidade”, explicou um oficial ao HM. “Por isso, adoptámos uma política de combate ao terrorismo e ao extremismo a longo prazo, o que talvez tenha, pela sua leniência, sido a causa de terem passado tantos anos até termos conseguido acabar com os ataques”. De facto, desde 2016, que a situação no Xinjiang acalmou e não aconteceram mais atentados, ali ou noutros lugares da China. A intensificação das acções terroristas, já no século XXI, encontra-se também relacionada com a dispersão de elementos do Estado Islâmico (EI), na sequência da guerra na Síria, onde, enquanto opositores ao regime laico de Bashar al-Assad, dispuseram e dispõem de um paradoxal auxílio americano e só foram derrotados (parcialmente) depois da Síria ter pedido ajuda militar à Rússia e graças à coragem do povo curdo, entretanto abandonados pelos seus aliados de ocasião estadunidenses. Entretanto, a cessação dos atentados terroristas tem permitido ao governo chinês implementar diversas medidas no sentido de proporcionar à população do Xinjiang uma significativa melhoria das suas condições de vida e fomentar de modo sério a sua ligação com o resto do país, através da construção de inúmeras vias de comunicação, estradas e ferrovias, e com o exterior permitindo àquela região reassumir o seu papel de ponto nevrálgico da Nova Rota da Seda, ou seja, de escoamento de produtos de e para a Eurásia. Mais recentemente, os Estados Unidos e os seus aliados têm feito do Xinjiang um “dano colateral” na sua investida anti-China, albergando alguns dos elementos terroristas fugidos do país, destinando 500 milhões de dólares para a promoção de desinformação sobre a China e financiando o aparecimento de organizações alegadamente defensoras da identidade uigur que acusam a China de vários abusos, entre os quais o genocídio dessa minoria étnica e a destruição da sua cultura. Contudo, basta ver os números para constatar que, ao invés de ter diminuído, pelo contrário todos os anos a população uigur tem aumentado, o que por si só torna ridícula e abstrusa a acusação, e revela como leviana e grotesca a acusação de genocídio, ofendendo aqueles povos que, de uma forma ou de outra, sofreram realmente experiências genocidiárias, como os judeus durante a II Guerra Mundial, ou as populações ameríndias na América do Norte, durante e após a colonização. Entretanto, Xinjiang prossegue o seu plano de desenvolvimento económico e social que passa, inclusivamente, pela protecção das culturas e das identidades das minorias, na medida em que essas culturas e identidades constituem uma riqueza imaterial fundamental para a prossecução desse desenvolvimento. Esta atitude de preservar as identidades das minorias e, inclusivamente, fazer dessas identidades pólos de desenvolvimento turístico, deita por terra as acusações de etnocídio (destruição cultural), algo que pode facilmente ser constatado no terreno. * O Hoje Macau deslocou-se a Xinjiang a convite do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China
Hoje Macau SociedadePJ | Interrogado por abuso de menina com três anos Um pré-adolescente, com 12 anos, foi detido por haver suspeitas que abusou sexualmente de uma menina de três anos. O caso foi relatado ontem pela Polícia Judiciária (PJ). Segundo as autoridades, a situação verificou-se na sexta-feira, depois da menina ter sido levada pelos pais para uma biblioteca na Taipa, onde estava com um menino de cinco anos, e os respectivos encarregados de educação. O incidente ocorreu quando o menino de cinco anos e a menina foram à casa-de-banho das crianças juntos. Nessa altura, o pré-adolescente entrou na casa-de-banho, trancou a porta, tirou as cuecas da menina e tocou-lhe nas nádegas. A situação foi interrompida porque os pais terão estranhado a demora e batido à porta da casa-de-banho. Surpreendido o rapaz de 12 anos conseguiu fugir, o que levou a que as autoridades fossem chamadas ao local. A detenção aconteceu no sábado. O pré-adolescente foi acompanhado pelos encarregados de educação à polícia e o caso terá sido transferido para o Ministério Público (MP).
Hoje Macau SociedadePonte HKZM | Suspensão de dísticos de circulação em Outubro A partir de 1 de Outubro, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) irá suspender a impressão de sinais distintivos de circulação de veículos na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A medida faz parte da promoção do governo electrónico, de acordo com um comunicado divulgado ontem pela DSAT. Actualmente, os veículos que utilizem a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau têm que afixar no para-brisas dianteiro do veículo dísticos de cores diferentes. Porém, a partir de 1 de Outubro, depois de receber o requerimento da DSAT a anunciar o fim da apreciação pela parte de Macau o condutor recebe informação para completar a submissão numa página electrónica criada especificamente para o efeito.
Hoje Macau EventosIIM | Rika Naito e António Aresta ganham Prémio Identidade A professora Linda Rika Naito e a professor António Aresta foram distinguidos pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) com o Prémio Identidade, edição de 2022. O anúncio foi feito ontem “após deliberação unânime” do júri constituído pelos órgãos sociais do IIM. Esta é a primeira vez que o IIM atribui o prémio a uma individualidade de nacionalidade estrangeira. Rika Naito lecciona Estudos sobre Macau nas universidades japonesas de Keio, Sophia e também em Tóquio. Estudou língua portuguesa em Leiria e Aveiro, tendo completado a licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade de Sophia. Em 2009, obteve Mestrado pela Universidade Aberta de Tóquio, com a tese “transformação da etnicidade macaense após a transferência de poderes”. Publicou ainda vários livros em japonês sobre a Cultura, Gastronomia e Literatura Macaenses. Em 2016, ganhou o 19º. Prémio literário Rodrigues, o Intérprete, conferido pela Embaixada de Portugal no Japão. Por sua vez, António Manuel Borges Aresta é licenciado e mestre em Filosofia pela Faculdade de Letras do Porto, onde também concluiu a parte curricular do doutoramento em Filosofia. Foi professor de Filosofia em Portugal, Macau e Moçambique. Dedica-se a investigar a história cultural de Macau e a história da filosofia, tendo vários livros publicados em prol da memória de Macau no Oriente. O Prémio Identidade, instituído em 2002, destina-se a distinguir personalidades, individuais e colectivas, que, nos campos da Cultura em geral, nas Artes, no Pensamento, na Antropologia, nas Ciências Jurídicas e na Educação e Ensino “tenham contribuído relevantemente para a substanciação dos factores da identidade de Macau”.
Hoje Macau Sociedade“Noru” | Impacto directo em Macau “é baixo”, dizem SMG Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o impacto directo em Macau da tempestade tropical “Noru” será “baixo”, segundo a previsão disponível no website. Tal deve-se ao facto de “a zona de convenção forte da tempestade se concentrar principalmente no lado sul, pelo que deverá haver uma distância de cerca de 700 quilómetros de Macau”. A tempestade, vinda do leste das Filipinas, chegou ao Mar do Sul da China na manhã de ontem, esperando “que se desloque para oeste através da zona central do Mar do Sul da China em direcção ao Vietname”. Os SMG prometem “continuar a acompanhar de perto a evolução deste sistema”. A partir de hoje deverão ocorrer aguaceiros ocasionais em Macau devido à deslocação de uma monção de nordeste a sul. Os SMG apontam que “o vento pode atingir, ocasionalmente, o nível 6 da escala ‘Beaufort’ com rajadas”, existindo a “possibilidade de emitir o sinal de ventos fortes de monção”. A mesma análise dos SMG aponta que, no final desta semana, “pode desenvolver-se outra área de baixas pressões no Mar do Sul da China”, não se excluindo “a possibilidade de evolução para uma tempestade tropical”.
Hoje Macau PolíticaCongresso Nacional | Dirigentes do Gabinete de Ligação nomeados O director e o subdirector do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Zheng Xincong e Zhang Rongshun, foram nomeados delegados para o 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China. A lista dos 2.296 delegados foi publicada no domingo à noite pela agência oficial Xinhua. Aos dirigentes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM junta-se o director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Xia Baolong. A Xinhua indica que a lista de delegados “é composta por membros distintos do Partido Comunista da China, altamente qualificados em termos ideológicos, com boa capacidade de trabalho e padrão moral elevado, competentes na discussão de assuntos de Estado e que conseguiram notáveis êxitos nos seus trabalhos”. O passo seguinte no processo será a verificação da elegibilidade dos delegados por uma comissão especial de revisão especial.
Hoje Macau China / ÁsiaSeca no centro da China agrava-se com precipitação média a cair 50% desde Julho O Observatório Meteorológico Central da China emitiu hoje um alerta amarelo de seca, depois de os níveis de precipitação na bacia do rio Yangtsé, no centro do país, terem caído quase 50 por cento, em termos homólogos, desde julho passado. Em algumas áreas das províncias de Hunan, Hubei, Jiangxi e Anhui, a precipitação média entre julho e setembro caiu até 80%, em comparação com o mesmo período de 2021, segundo a mesma fonte. O Observatório também alertou para um aumento das temperaturas no centro do país, que esta semana podem chegar aos 37 graus, e para “alto risco” de incêndios florestais. No último fim de semana, a seca atingiu níveis “moderados, severos ou extremos” em doze províncias localizadas a sul do Yangtsé, o rio mais longo da China. O curso principal do Yangtsé está atualmente 4,56 metros abaixo do nível registado há um ano. O nível da água no Lago Poyang, o maior lago de água doce da China, localizado na província de Jiangxi, sofreu uma redução homóloga de 7,72 metros. O Poyang atingiu na sexta-feira o nível mais baixo desde que há registos. Nos últimos dias, o Governo central enviou uma equipa de fiscalização do Centro Nacional de Comando para a Prevenção de Secas e Inundações para as áreas mais afetadas pela seca, onde recomendou que a prioridade deve ser “prevenir secas de longo prazo” e garantir o “abastecimento de água potável” e a “estabilidade da colheita de outono”. Durante o verão, a seca levou a fenómenos inusitados, como pessoas em Chongqing (centro) a atravessar de motocicleta o rio Jialing, cujo leito ficou exposto devido à queda do nível da água, ou a descoberta de esculturas budistas de 600 anos até então cobertas pela água. As altas temperaturas registadas também fizeram com que províncias dependentes de energia hidroelétrica, como Sichuan (centro), restringissem o uso de energia a algumas indústrias. O Governo central alertou para uma “séria ameaça” à colheita de outono. O meteorologista local Chen Lijuan explicou recentemente que os períodos de calor intenso, que começam “mais cedo e terminam mais tarde”, podem tornar-se o “novo normal” no país asiático, sob o “efeito das mudanças climáticas”.