Hoje Macau PolíticaTrabalho | Cônsul-geral do Vietname reuniu com Ho Iat Seng O Cônsul-geral do Vietname em Hong Kong e Macau, Pham Binh Dam, esteve em Macau no fim-de-semana e reuniu com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, na primeira visita do diplomata ao território desde a reabertura pós-pandemia. Em comunicado, o diplomata adiantou que em cima da agenda estiveram assuntos como comércio externo, trabalho, turismo e investimento. Pham Binh Dam considera que a população de Macau tem uma predilecção especial por produtos vietnamitas, e que os trabalhadores oriundos do Vietname têm dado uma contribuição positiva para a economia de Macau e participado activamente nas actividades culturais da região. O diplomata aproveitou a ocasião para agradecer ao Governo de Macau pelas condições favoráveis que beneficiaram os vietnamitas que trabalham e vivem na RAEM, em especial durante os tempos árduos da pandemia. O responsável aproveitou ainda para se encontrar com os dirigentes associativos que representam vietnamitas, que revelaram que a comunidade conta actualmente com 7.000 pessoas, menos de metade do verificado antes da pandemia, e que auferem salários médios entre as 5.000 e as 10.000 patacas mensais. O cônsul terá também feito algumas sugestões às autoridades de Macau, que passam pelo aumento do número de trabalhadores vietnamitas na RAEM, o reforço da cooperação económica, com eventos organizados nos dois territórios, e a coordenação para resolver problemas urgentes relacionados com vistos de trabalhadores e visitantes oriundos do Vietname. Participaram também nos encontros representantes do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. O diplomata reuniu ainda com responsáveis da Galaxy Entertainment Group e da Melco Resorts & Entertainment Limited.
Hoje Macau PolíticaUE | Ho Iat Seng no Luxemburgo e Bélgica depois de ir a Portugal Depois da visita a Portugal, o Chefe do Executivo e uma delegação de representantes do Governo e empresários da RAEM vão passar pelo Luxemburgo e Bélgica, regressando a Macau no dia 27 de Abril. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, as visitas têm como objectivo “reforçar e aprofundar a cooperação e os contactos económicos, comerciais, turísticos, na área do ensino e da cultura, como também promover Macau junto da Europa”. No Luxemburgo, Ho Iat Seng os membros da delegação terão um encontro com o primeiro-ministro e também ministro do Estado, das comunicações e da comunicação social, dos assuntos religiosos, para a digitalização e da reforma administrativa, Xavier Bettel. O périplo pela Europa termina com uma visita a Bruxelas, na Bélgica, onde a delegação do governo visitará a sede da União Europeia (UE) e terá encontros com o vice-primeiro ministro e ministro da economia e do trabalho da Bélgica, Pierre-Yves Dermagne, e o ministro presidente do governo da região de Bruxelas, Rudi Vervoort, e representantes da UE. A delegação do Governo integra ainda o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Hoi Lai Fong, a chefe do gabinete do secretário para a Economia e Finanças, Ku Mei Leng. Durante a ausência de Ho Iat Seng, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, irá exercer interinamente as funções de Chefe do Executivo.
Hoje Macau Grande Plano MancheteACILC | Residências seniores devem ser aposta do investimento em Portugal O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses, Choi Man Hin, considera que o sector dos cuidados de saúde para idosos é uma área ideal para o investimento chinês em Portugal. O dirigente salienta a importância da visita de Ho Iat Seng para as relações entre Lisboa e Pequim O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses (ACILC) afirmou ontem que o sector das residências assistidas para idosos deve ser uma das novas apostas do investimento chinês em Portugal. Numa entrevista à Lusa, a poucos dias da visita oficial a Portugal do Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, Choi Man Hin, que foi também o braço-direito para o mercado português do empresário luso-chinês e magnata do jogo Stanley Ho, defendeu que Portugal “é, sem dúvida, um país bom para turistas” e pode ser um bom destino “para criar um negócio de quintas com uma grande área para viverem os mais velhos”. O dirigente da comunidade chinesa, que foi presidente do conselho de administração da Estoril Sol, empresa proprietária do casino de Lisboa e gestora do casino do Estoril, entre outros, lembrou que Portugal “tem calma, paz” e isso pode ser aproveitado para atrair reformados. “Isto é positivo para os imigrantes e para o investimento” chinês, reforçou. Depois do ouro Outro sector em que vê a comunidade chinesa a continuar a investir no futuro, tal como já acontece hoje, é “no negócio do imobiliário, comprando prédios antigos para renovar e vender depois”. É um negócio “imobiliário diferente” do verificado no passado, até para compensar o fim dos vistos gold e que deixa uma mais-valia para Portugal, defendeu Choi Man Hin, salientando que Portugal já “tem muitas empresas [chinesas] neste sector” a trabalhar. Para o antigo responsável da Estoril Sol, a vida da comunidade chinesa em Portugal hoje é “melhor do que antes” e está mais integrada na sociedade portuguesa. “Em especial as segundas e terceiras gerações já acabaram os seus estudos, desde o secundário até à universidade, em Portugal”, indicou. Além disso, já há muitos advogados e pessoas da comunidade ligadas aos governos das Câmaras, porque também se ligaram a partidos, acrescentou. Por estes e outros motivos, o presidente da ACILC acredita que a comunidade chinesa em Portugal, que hoje já é a 10.ª no ranking das maiores no país vai continuar a crescer. “Eu acredito no destino”, afirmou, e muitas vezes o local que se escolhe para viver, na opinião do antigo gestor da Estoril Sol, tem a ver com o futuro da família, dos filhos, alguns que querem estudar na Europa. Além disso, lembrou Choi Hin, o chinês “não é só trabalhador, ele tem uma coisa muito inteligente, cabeça para fazer negócio”. Novas oportunidades O obstáculo, para a comunidade chinesa em Portugal é a língua, mas “toda a gente tenta aprender português para melhorar a sua maneira de viver aqui e de se integrar na sociedade”, com negócios privados. “Eu penso que o Governo Central também promove este tipo de tendência para as empresas [controladas pelo Estado] saírem do país para procurarem oportunidades de negócio fora. Muitas delas anteriormente eram do Estado, mas agora algumas também já têm muitos particulares” E como “Portugal não é fácil para um negócio normal”, a associação a que Choi preside e outras entidades vão juntar num hotel de Lisboa, pessoas com interesses comuns, para fazerem residências seniores, ou escolas internacionais, por exemplo, para que haja novas oportunidades de negócios, durante a visita do Chefe do Executivo de Macau a Portugal. Ligar mundos O dirigente da comunidade chinesa em Portugal considera ainda que a visita oficial a Lisboa do Chefe do Executivo de Macau, esta semana, é “muito importante e construtiva” para as relações portuguesas com a China. A visita de Ho Iat Seng “é muito importante e muito construtiva” das relações sino-portuguesas, afirmou Choi Man Hin. Porque “este tipo de intercâmbio nas relações bilaterais faz falta” e “é muito útil” para “o relacionamento entre as duas zonas e para os dois países, China e Portugal”, acrescentou a propósito da visita a Portugal de Ho Iat Seng. “Portugal é uma plataforma para extensão de investimento daqui para outros países e até para a África”, realçou o antigo presidente do Conselho de Administração da Estoril Sol – empresa controlada na altura por Stanley Ho, que continua até hoje a ser a proprietária do casino de Lisboa e gestora, entre outros, do Casino do Estoril. No seu entender, a visita do Chefe do Executivo a Portugal também “pode ser catalisadora” para que governantes portugueses “voltem a visitar Macau também”. Ajustes e abertura Choi realçou ainda que a visita de Ho Iat Seng ocorre depois do 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, o mais importante evento da agenda política da China. Desse encontro, “o Chefe do Executivo de Macau também recebeu indicações de contar a história da China de uma maneira mais certa”, mostrando que Pequim pode continuar a colaborar com outros países do mundo, adiantou. No seu entender, Portugal pode ser um aliado da China na Europa e África. “Por exemplo, se tiver qualquer situação económica que precisa de apoio do lado Macau, [o território] está preparado para ajudar [Portugal] para o seu bem”, exemplificou. Choi não excluiu a possibilidade de “alguns ajustes”, ao longo do período da transição da administração do território de Macau para a China, definido no tratado entre Pequim e Lisboa, mas isso não será assunto desta visita. O Chefe do Executivo visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, estando previstos encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. A acompanhar Ho Iat Seng está uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, com foco nos sectores alimentar e farmacêutico.
Hoje Macau Eventos“Tesouros de Macau” | Exposição de aguarelas abre amanhã ao público na FRC É inaugurada amanhã, na Fundação Rui Cunha, a exposição de aguarelas intitulada “Tesouros de Macau” da autoria do arquitecto e pintor português Vasco Bobone, um evento inserido no programa de comemorações do 11º aniversário da Fundação Rui Cunha (FRC). Serão exibidas 39 aguarelas comissionadas pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau ao artista para a composição de um livro intitulado “Tesouros de Macau”, publicado em 2012, e que mais tarde foram adquiridas pelo advogado Rui Cunha. “O convite para pintar os tesouros patrimoniais de Macau em aguarelas, que me foi dirigido pela Direcção dos Serviços de Turismo da RAEM, representou um desafio que passou por diferentes etapas. Tudo começou com a visita à cidade, e sobreveio então o interesse em aprofundar a sua História. Não foi difícil, tanto pelas interessantes leituras para que fui remetido, como pela oportunidade de inesquecíveis conversas com personalidades que tive o gosto de conhecer, que aqui vivem ou viveram. Senti então com intensidade a dimensão mais profunda do que constitui a beleza, diria mágica, de Macau, que resulta de tão extraordinários acontecimentos históricos e culturais”, revelou no livro o autor. Vasco d’Orey Bobone nasceu em 1944. Licenciado em arquitectura, fez estudos de Pintura e História de Arte em Itália. Como arquitecto e como professor universitário especializou-se em restauro e adaptação de edifícios históricos. A pintura de aguarelas, a que se dedica, levou-o a fazer exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, tendo trabalhos publicados já em vários livros. As obras vão estar expostas até 6 de Maio de 2023.
Hoje Macau SociedadeCancro do colo do útero | Equipa da UPM publica artigo Dois docentes da Universidade Politécnica de Macau (UPM) acabam de ver publicada numa conceituada revista científica um trabalho de investigação que visa desenvolver novas estratégias de diagnóstico e tratamento do cancro do colo do útero. O artigo, intitulado “HPV integration generates a cellular super-enhancer which functions as ecDNA to regulate genome-wide transcription” e publicado na revista “Nucleic Acids Research” é da autoria de Meng Li Rong, professora-coordenadora da Faculdade de Ciências da Saúde e Desporto da UPM, e Lang Bin, professor adjunto da Academia de Enfermagem do Centro de Ciência da Saúde da Universidade de Pequim e da UPM. Nesta investigação, as equipas da UPM, da Universidade Sun Yat-Sen e da Companhia de Tecnologia Médica GeneRulor de Zhuhai, Ltd. procederam à análise conjunta de vários grupos de dados sobre as células cancerosas do endométrio de seis tipos de HPV [vírus do papiloma humano] positivo e três tipos de HPV negativo, recorrendo a técnicas de sequenciamento de alto rendimento, por exemplo o sequenciamento completo do genoma e o sequenciamento completo do transcriptoma, proporcionando novas possibilidades de diagnóstico e tratamento da doença. O HPV é um dos vírus mais comuns causadores de tumores e pode provocar 15 tipos de cancro, incluindo cancro do colo do útero, cancro anal, cancro da orofaringe, cancro do esófago, cancro do pénis e cancro vulvar, no conjunto, representando 5,5 por cento de todos os tipos de cancro. A integração de células humanas com o HPV é um passo fundamental para o desenvolvimento do cancro, mas ainda não está claro qual o mecanismo cancerígeno do nível de transcrição após a integração do HPV.
Hoje Macau EventosUM | Escritor Su Tong dá esta terça-feira palestra sobre escrita criativa O escritor chinês Su Tong estará hoje em Macau onde dará uma palestra, às 15h, aberta ao público, sobre escrita criativa na Universidade de Macau. Su Tong é um escritor chinês contemporâneo amplamente reconhecido pelos seus romances, incluindo “Esposas e Concubinas” e “O Barco para a Redenção”, pelos quais recebeu prémios literários de prestígio, como o Prémio Literário Homem Asiático e o Prémio Mao Dun de Literatura. Ele foi também indicado ao Prémio Internacional Man Booker. As suas obras foram traduzidas para diversos idiomas, incluindo inglês, francês, português, alemão e italiano. O convidado irá compartilhar as suas experiências de escrita, técnicas e maneiras na escrita criativa. Será uma oportunidade preciosa para os estudantes e professores universitários interagirem com o autor de perto e aprender com a sua experiência. De frisar que esta é a segunda vez que o escritor vem ao território, uma vez que, em 2011, foi um dos convidados da primeira edição do festival literário Rota das Letras. A conversa de hoje decorre no centro de actividade de estudantes E31-G001, decorrendo em mandarim e contando com tradução para inglês. Esta iniciativa insere-se no rol de actividades programado pela UM que visam “melhorar as habilidades de escrita e a alfabetização literária dos estudantes”. A instituição de ensino superior pretende oferecer “diversas oportunidades de aprendizagem e intercâmbio, ampliando os horizontes literários e o conhecimento do mesmo”. Desta forma, a UM tem desenvolvido séries de actividades e concursos nos últimos anos, como por exemplo o “Concurso de Resenha de Livros Portugueses para Alunos da UM” com o objectivo de fortalecer compreensão e apreciação das obras literárias portuguesas dos alunos, e o “A4 Fiction Contest” promovido pela sociedade literária da associação dos estudantes que fornece uma plataforma aos estudantes para mostrar o talento e criação de escrita.
Hoje Macau China / ÁsiaLula quer G20 político para negociar a paz O Presidente brasileiro propôs ontem uma mediação conjunta com China e Emirados Árabes Unidos (EAU) na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma questão que disse ter discutido em Pequim e em Abu Dhabi. Luiz Inacio Lula da Silva, que concluiu ontem uma visita aos EAU depois de ter estado na China, também reafirmou as acusações aos Estados Unidos da América (EUA) e à União Europeia (UE) de prolongarem a guerra. A guerra foi provocada por “decisões tomadas por dois países”, Rússia e Ucrânia, disse Lula da Silva na conferência de imprensa em Abu Dhabi que encerrou a visita aos EAU, citado pela agência francesa AFP. Lula da Silva disse esperar que China, EAU e outros países se juntem num “G20 político” para tentar pôr fim à guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022. “O Presidente Putin não está a tomar qualquer iniciativa para parar a guerra; [o Presidente Volodymyr] Zelensky da Ucrânia não está a tomar qualquer iniciativa para parar a guerra”, disse o líder brasileiro, através de um tradutor oficial. “A Europa e os EUA continuam a contribuir para a continuação da guerra. Portanto, têm de se sentar à volta da mesa e dizer: ‘basta’”, afirmou. Na China, o Presidente brasileiro tinha acusado Washington de “encorajar a guerra” na Ucrânia. Lula da Silva disse ter sugerido aos presidentes dos EAU, Mohammed bin Zayed Al-Nahyane, e da China, Xi Jinping, a criação de um grupo de países que teriam a missão de mediar. “O G20 [foi] formado para salvar a economia [mundial], que estava em crise”, disse. “Agora, é importante criar outro tipo de G20 para pôr fim a esta guerra e estabelecer a paz. Esta é a minha intenção e penso que vamos ser bem-sucedidos”, afirmou. Lula da Silva disse ainda que já tinha discutido a iniciativa com o Presidente dos EUA, Joe Biden, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e os líderes dos países sul-americanos. Regresso ao mundo O Presidente do Brasil chegou aos EAU no sábado, após uma visita de dois dias à China, durante a qual assinou acordos no valor de 10 mil milhões de dólares. Lula da Silva, que voltou ao poder em Janeiro após dois mandatos entre 2003 e 2010, disse em Pequim que o Brasil estava de volta ao palco internacional e esperava mediar a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Ao contrário de outros países, a China e o Brasil nunca impuseram sanções financeiras à Rússia e estão ambos a tentar posicionar-se como mediadores. Os EAU também tomaram uma posição neutra no conflito, atraindo um grande número de empresários russos que fogem do impacto das sanções ocidentais, particularmente no Dubai, um importante centro financeiro.
Hoje Macau EventosEdgar Martins aclamado Fotógrafo do Ano nos Prémios Sony 2023 O português Edgar Martins foi aclamado Fotógrafo do Ano nos Prémios Mundiais de Fotografia Sony 2023 graças a uma série de retratos em homenagem ao amigo fotojornalista Anton Hammerl, morto durante a guerra civil líbia, em 2011. Martins, vencedor na categoria Retrato, foi seleccionado por um júri entre os vencedores das 10 diferentes categorias em competição, tendo-se destacado pela série “A Nossa Guerra”, realizada após uma primeira visita à Líbia em 2019. Frustrado com a falta de resultados na investigação à morte de Hammerl, raptado e executado por uma milícia governamental, Martins procurou conhecidos e pessoas envolvidas na guerra civil resultante da queda do regime de Mohammar Khadaffi durante a Primavera Árabe. “Apercebi-me, a partir do momento em que cheguei ao país, de que iria ser muito difícil conduzir ou criar ou desenvolver qualquer tipo de investigação coerente num sítio tão fragmentado e volátil. Decidi então produzir um projecto inspirado, não só na história dele, mas também um projecto que tivesse em conta outras questões mais ontológicas”, disse Martins à agência Lusa. O fotógrafo português radicado no Reino Unido falava durante a antevisão da exposição das fotografias em Londres, antes de conhecer a atribuição do galardão principal desta edição dos Prémios Sony. Edgar Martins salientou que, para além de uma homenagem ao amigo, este projecto “fala sobre a dificuldade de documentar, a dificuldade de testemunhar, imaginar e representar a guerra e tempos de guerra”. “Ao recriar um pouco a viagem do Anton, o espaço que ele tomou, ao ir aos sítios que ele visitou e ao sítio onde morreu, ao encontrar-me com as pessoas com que ele se encontrou e que fotografou, e outras envolvidas no projecto, nomeadamente rebeldes, milícias, todo o tipo de combatentes, militantes, dissidentes líbios, mas também pessoas locais que encenavam as suas próprias histórias, ao encontrar interseções relevantes entre os nossos percursos e também percebendo as motivações por trás do dele, eu creio que fui ao reencontro dele, ainda que brevemente”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | China garante que não venderá armas a nenhuma das partes A China não vai vender armas para nenhum dos lados em conflito na Ucrânia, garantiu sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, em resposta às preocupações ocidentais de que Pequim pode fornecer assistência militar a Moscovo. Qin Gang tornou-se o responsável chinês de mais alto escalão a fazer uma declaração tão explicita sobre a venda de armas à Rússia, noticiou a agência Associated Press (AP). O chefe da diplomacia chinesa acrescentou que a China também irá regular a exportação de artigos com uso duplo: civil e militar. “Em relação à exportação de itens militares, a China adopta uma atitude prudente e responsável”, frisou Qin, durante uma conferência de imprensa ao lado da homóloga alemã, Annalena Baerbock. “A China não fornecerá armas às partes relevantes do conflito e administrará e controlará as exportações de itens de uso duplo de acordo com as leis e regulamentos”, assegurou. O ministro chinês também reiterou a disponibilidade da China em ajudar a encontrar uma solução pacífica para o conflito. A Casa Branca saudou sábado as garantias feitas por Qin de que a China não fornecerá armas à Rússia, mas expressou uma certa apreensão. “Como dissemos sempre, não acreditamos que seja do interesse da China seguir nessa direcção. Continuaremos a monitorizar de perto”, destacou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, em comunicado. A diplomata alemã, também se referiu sábado ao papel da China como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, referindo que tinha uma responsabilidade especial para ajudar a acabar com o conflito. “Devo dizer abertamente que me pergunto por que razão a posição chinesa não incluiu até agora um pedido ao agressor russo para parar a guerra”, disse Annalena Baerbock. A chefe da diplomacia alemã sublinhou que “nenhum outro país tem mais influência na Rússia do que a China”.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim contesta sanções impostas pelos EUA contra mais empresas chinesas A China contestou no passado sábado as sanções dos EUA contra mais empresas chinesas pelas supostas tentativas de escaparem ao controlo norte-americano das exportações para a Rússia, considerando-as uma medida ilegal que ameaça as cadeias de abastecimento globais. O Departamento de Comércio dos EUA colocou na quarta-feira mais cinco empresas com sede na China continental e em Hong Kong na sua lista de entidades sancionadas, impedindo-as de negociar com qualquer empresa norte-americana sem que previamente recebam uma licença especial muito difícil de obter. Washington tem reforçado a aplicação de sanções contra empresas estrangeiras que considera estarem a apoiar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia, forçando-as a escolher entre negociar com Moscovo ou com os EUA. Um total de 28 entidades de países como Malta, Turquia e Singapura foi agora acrescentado à lista. Num comunicado divulgado no sábado, o Ministério do Comércio da China afirma que esta acção dos EUA “não tem base na lei internacional e não é autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas”. “É uma sanção unilateral típica e uma forma de ‘jurisdição de braço longo’ que prejudica seriamente os direitos e os interesses legítimos das empresas e afecta a segurança e a estabilidade da cadeia de abastecimento global. A China opõe-se firmemente a isso”, refere. Os EUA, acrescenta, “devem corrigir imediatamente estas irregularidades e interromper sua repressão irracional sobre as empresas chinesas”. O ministério refere que China “protegerá resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”.
Hoje Macau China / ÁsiaEnergia | País converte “berço” do petróleo em ‘hub’ de renováveis Reportagem de João Pimenta, da agência Lusa No remoto oeste chinês, berço da exploração de petróleo e carvão, estão a ser construídos alguns dos maiores parques eólicos e fotovoltaicos do mundo, ilustrando os esforços da China para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Em Gansu, uma província empobrecida e esparsamente povoada, a energia eléctrica gerada a partir de fontes renováveis ascende já a 40 por cento da produção total, explicou Ding Kun, vice-director da Divisão de Desenvolvimento da filial local da State Grid, a estatal chinesa que em Portugal detém 25 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais. Trata-se de um valor superior à média do país, que se fixou em 31,9 por cento, no ano passado, segundo dados publicados pelo grupo de reflexão (‘think tank’) Ember. A China é o maior emissor de gases poluentes do mundo, devido à sua dependência do carvão, mas é também líder global em energias renováveis. Em 2022, o país asiático acrescentou tanta capacidade instalada de energia eólica e solar quanto todos os outros países do mundo combinados. Em Gansu, onde vastas planícies são interrompidas por vales profundos e cadeias montanhosas com picos nevados, estão alguns dos maiores parques eólicos e solares do planeta, visando aproveitar a abundância de vento, sol e água da região. A capacidade de exploração técnica de energia eólica e solar da província ascende a 5,6 mil milhões de quilowatts e 95 mil milhões de quilowatts, respectivamente, explicou Ding Kun. Era do renovável No norte da região, na borda oriental do deserto de Gobi, que se estende por mais de 1.600 quilómetros quadrados, está o parque de Jiuquan – o maior da China e um dos maiores do mundo, com capacidade instalada de mais de 20 gigawatts. A cerca de 200 quilómetros, a outrora próspera cidade de Yumen, o “berço da indústria petrolífera chinesa” que entrou em decadência, nos últimos 20 anos, à medida que os poços de crude se esgotaram, está a construir um dos maiores parques de energia solar do país. Um sinal escrito em inglês e chinês continua a identificar Yumen como “Terra Sagrada do Petróleo”. No centro da cidade, ergue-se uma estátua de Wang Jinxi, o “Homem de Aço” que liderava uma equipa encarregue da perfuração de campos petrolíferos, e que se tornou numa figura exaltada pelo regime, nos anos 1960, como parte das campanhas para inspirar os operários. Ele “trabalhava tão afincadamente que, por vezes, se esquecia de comer”, contava a propaganda maoista. Mas, numa planície desértica nas redondezas da cidade, estão agora a ser instalados anéis gigantes de painéis solares. No centro de cada círculo há uma torre, projectada para receber a luz do sol reflectida e concentrá-la num feixe, gerando calor suficiente para operar uma usina termoelétrica – uma técnica designada Energia Solar de Concentração. Aproveitando as capacidades tecnológicas da State Grid para transmissão de energia a longa distância, a energia produzida em Gansu viaja cerca de 1.500 quilómetros até à província de Hunan, fornecendo assim o sudeste chinês, a região mais industrializada do país. Gansu ambiciona ser um ‘hub’ na produção e distribuição de energia ‘verde’ para o resto da China, devido à sua localização central no noroeste do país. A província faz fronteira com Shaanxi, Qinghai, Ningxia e Xinjiang, regiões administrativas cujas redes de distribuição eléctrica não estão directamente conectadas entre si. “As redes dessas regiões estão conectadas a Gansu e conectadas entre si através de Gansu”, resumiu Ding.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong deixa de permitir despedimento por recusa de vacinação As autoridades de Hong Kong anunciaram que deixarão de permitir o despedimento por justa causa de trabalhadores que as recusem exigências dos empregadores para se vacinarem contra a covid-19. A decisão é hoje publicada no Boletim do Governo de Hong Kong e deverá entrar em vigor a 16 de Junho, a não ser que o parlamento decida vetar a medida, anunciou na quarta-feira o Departamento de Trabalho da região chinesa. Num comunicado, o departamento justifica a mudança de política com o fim da obrigatoriedade de vacinação para a entrada em locais públicos, a partir de 29 de Dezembro, e com “a sociedade de Hong Kong a retomar a normalidade por completo” após a pandemia. O governo do território tinha decidido, em Junho de 2022, que não seria considerado “sem justa causa” o despedimento de um trabalhador que não se tivesse vacinado no espaço de 56 dias após uma exigência “legítima” do empregador. De acordo com o decreto, o empregador tinha de “acreditar razoavelmente” que as pessoas com quem o trabalhador poderia entrar em contacto directo “estariam expostas ao risco de infecção”. Hong Kong, com 7,4 milhões de habitantes, registou oficialmente quase 2,9 milhões de casos de covid-19 e 13.333 mortes desde o início da pandemia.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Mostra de fotografia a partir de amanhã A Creative Macau apresenta, a partir de amanhã, uma nova exposição, desta vez de fotografia, intitulada “Capture the Light and Images [Capturar a Luz e a Imagem], com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, André Lui, Leo Fan, Alan Ieong, Alex Chao Io Chong e Stefan Nunes. A mostra pode ser vista até ao dia 6 de Maio. Esta pretende ser uma mostra com temas diversos, um reflexo da chamada “fotografia contemporânea”, que começou a desenvolver-se a partir dos anos 60 do século XX, retratando a vida real diária das pessoas. Assim, os seis fotógrafos “trazem muitas histórias que intersectam em si várias linguagens que emergem de espaços temporais comuns, em composições de luz e sombra, associados aos espaços físicos existentes e abstracções do imaginário”. São espelhadas “questões sociais, momentos íntimos ou expressões de retrato”, numa tentativa do fotógrafo em comunicar e “transmitir algumas singularidades da sociedade”. A nota da Creative Macau aponta ainda que a fotografia “documenta sempre verdadeiros momentos do nosso tempo, mas são escolhas do fotógrafo, cujas escolhas influenciam a nossa leitura que, mais tarde, diverge das definições do público”. A Creative Macau destaca também o papel que os smartphones têm desempenhado na área da fotografia, em que qualquer pessoa pode captar o imediato e publicar a imagem nas redes sociais ou em plataformas digitais. “Observar os trabalhos em exposição permite-nos distinguir a auto-expressão do artista, o estilo e a estética visual, dando-nos um enorme prazer em contemplar as imagens e os cenários que nos oferecem”, remata a mesma nota.
Hoje Macau EventosLivraria Portuguesa | Nova edição da Halftone lançada hoje O quinto volume da revista de fotografia Halftone será apresentado hoje, a partir das 17h, na Livraria Portuguesa. No novo número, a publicação da reúne trabalhos de Pascal Pun, Alexandre Marreiros, André Ritchie, João Miguel Barros e Nino Bártolo. Segundo a associação Halftone, os projectos apresentados são “de grande consistência pela sua forma particular de ver o mundo”. A publicação conta ainda com duas apresentações especiais. A primeira diz respeito ao projecto “Allegory of Dreams”, do colectivo YiiMa, grupo artístico formado em Macau por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que representou Macau na Bienal de Veneza em 2022. A segunda apresentação, inserida na secção “Photobook peek-a-boo”, explora o surpreendente livro-álbum “Autoportrait” de Martin Parr, que teve a sua primeira edição em 2000, revisto e aumentado em 2016. Publicada desde 2021, a revista é produzida pela associação Halftone, com base em Macau, com o objectivo de promover a fotografia contemporânea nos seus mais diversos aspectos. A organização acrescenta que com o lançamento de mais uma edição, “a Halftone pretende continuar o trabalho de divulgação dos trabalhos dos seus associados, estando aberta a todos os que pretendam integrar o colectivo e divulgar os seus projectos”.
Hoje Macau EventosFRC | Concerto com coro de estudantes amanhã A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta amanhã, às 17h, um concerto com o coro ESLCLGG, composto por estudantes da Escola Secundário Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, e que se integra na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, com co-organização da Associação Vocal de Macau. Segundo uma nota, os estudantes “estão muito entusiasmados com a oportunidade de participar nesta actuação especial, depois de um resultado bastante satisfatório no concurso de música daquela escola no ano passado”. Este é mais um dos eventos inseridos no programa de celebrações do 11º aniversário da FRC que acontece ao longo deste mês. Neste concerto serão apresentadas músicas em chinês, inglês e filipino, além de performances a solo de piano. Esta será a primeira apresentação do coro fora da escola. A Associação Vocal de Macau sempre teve como objectivo promover o desenvolvimento da arte da música vocal em Macau, cumprindo a missão de a divulgar junto dos jovens e do público local. A FRC aponta ainda que a “série de recitais e concertos feitos em parceria com instituições escolares do território visam proporcionar, através da música, um espaço de bem-estar e equilíbrio moral, intelectual, físico, social e estético, para pessoas de todas as idades nos seus tempos livres”.
Hoje Macau EventosRestos mortais de Eça de Queiroz transladados em breve para o Panteão Nacional O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem que os restos mortais do escritor Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional brevemente. O chefe de Estado fez este anúncio quando discursava no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Marcelo referiu-se ao grupo de intelectuais do fim do século XIX conhecido por “vencidos da vida”, a propósito de uma passagem do discurso do novo presidente da CIP, Armindo Monteiro. A este propósito, anunciou: “Vamos homenagear, aliás, brevemente, na transladação para o Panteão Nacional dos restos mortais de Eça de Queirós”. Dedo da AR A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em Janeiro de 2021, um projecto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”. Ficou também decidido na altura, através da mesma resolução, “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação Eça de Queiroz”. Eça de Queiroz morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião. A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Hoje Macau EventosCCM | Dama das Camélias sobe aos palcos em Junho O Centro Cultural de Macau (CCM) recebe nos dias 9 e 10 de Junho o espectáculo de bailado “A Dama das Camélias”, uma adaptação bailada de um clássico literário trazida ao grande auditório pelo Ballet de Xangai. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir deste domingo. Regressando à vida sumptuosa do século XIX francês, esta produção é uma exuberante demonstração coreográfica, plena de pujança física, com uma requintada cenografia e elegantes figurinos. Criada pelo britânico Derek Deane, antigo bailarino e actual director artístico do ballet xangainense, esta tragédia romântica revisita o romance homónimo de Alexandre Dumas filho, considerada uma das maiores histórias de amor de todos os tempos. Dançado ao som de uma pauta do compositor americano Carl Davis, o bailado envolve o público na esfera íntima de Margarite, uma mulher cuja vida reflecte a decadência moral e social da aristocracia parisiense. A peça abre com os momentos finais da heroína, flutuando retrospectivamente sobre a sua vida de luxo e pela paixão vivida com Armand, um atraente jovem burguês. Nesta reposição, os notáveis bailarinos da companhia dão nova vida a um clássico que, desde o século XIX, tem sido frequentemente adaptado ao teatro e a produções cinematográficas e líricas, antes de começar a ser encenado pelos maiores ballets internacionais. Esta história intemporal inspirou, entre outros, a conhecida ópera de Giuseppe Verdi, “La Traviata” e, mais recentemente, “Moulin Rouge”, um grande sucesso do teatro Musical da Broadway. Fundado há mais de 40 anos, o Ballet de Xangai tem produzido e levado ao palco uma série ecléctica de programas, dos clássicos como “Giselle” e “O Quebra-nozes”, aos ballets contemporâneos como “A Última Missão de Marco Polo”, bem como um conjunto de bailados históricos chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaXangai | Lula da Silva questiona dólar e defende outras soluções no comércio mundial O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou ontem, em Xangai, o domínio do dólar norte-americano como moeda de reserva mundial e apelou ao uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China. “Eu todos os dias me pergunto por que motivo os países estão obrigados a fazer o seu comércio em dólar”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, na sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Quem é que decidiu que era o dólar a moeda de reserva depois de ter desaparecido o ouro como paridade?”, questionou. “Nós precisamos de ter uma moeda que dê aos países um pouco mais de tranquilidade”, acrescentou. A China tem tentado internacionalizar a sua moeda, o yuan, desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da divisa norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo. Esta questão tornou-se mais urgente num período de fricções geopolíticas, que resultaram na fragmentação das cadeias de produção, visando enfraquecer o papel central da China, e em sanções contra Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia. O dólar é utilizado em 84,3 por cento das trocas comerciais a nível global, segundo dados recentes divulgados pelo jornal britânico Financial Times. Mas a participação do yuan mais do que duplicou desde a invasão da Ucrânia, de menos de 2 por cento para 4,5 por cento, reflectindo o maior uso da moeda chinesa no comércio com a Rússia. As dificuldades de financiamento das nações mais pobres, que enfrentam já uma crise de dívida soberana, na sequência da pandemia de covid-19, agravaram-se, nos últimos meses, devido à subida das taxas de juro nos Estados Unidos, que visa combater a inflação galopante. O Brasil tem sido particularmente afectado: o Banco Central do país sul-americano manteve, no mês passado, a taxa de juros base em 13,75 por cento ao ano – o patamar mais alto desde Dezembro de 2016. Uma moeda para os BRICS? Lula da Silva questionou por que motivo “um país tem que correr atrás do dólar para poder exportar”. “Se tem uma coisa que os chineses sabem ter é paciência”, afirmou o líder brasileiro. “Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas um banco como o do BRICS pode criar uma moeda capaz de financiar a relação comercial entre Brasil e China e entre o Brasil e outros países BRICS”, acrescentou. O Presidente brasileiro defendeu ainda a importância da criação de novas instituições multilaterais de financiamento e da reforma das instituições vigentes, visando gerar melhores condições para responder às necessidades dos países em desenvolvimento. “O Fundo Monetário Internacional (FMI), ou qualquer outro banco, quando empresta dinheiro a um país do terceiro mundo, sente-se no direito de mandar, de administrar a conta do país, de visitar o país para ver as suas contas”, observou Lula da Silva. “Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta”, disse. “Os bancos têm que ter paciência e, se for preciso, renovar os acordos e colocar a palavra ‘tolerância’ em cada renovação”. O chefe de Estado brasileiro lamentou que se esteja no século XXI como se estava no início do século XX, “com os ricos a tornarem-se mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres”. Um banco de crédito sem condicionantes políticas Na senda de Lula da Silva, a antiga presidente do Brasil Dilma Rousseff, agora líder do Banco dos BRICS, prometeu na sua tomada de posse que a instituição de crédito multilateral vai conceder crédito aos países em desenvolvimento sem condicionantes políticas. “O Novo Banco de Desenvolvimento surge como uma verdadeira plataforma de cooperação entre as economias emergentes, em que condicionantes não farão parte do menu de soluções”, apontou Dilma, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse como presidente da organização, criada pelo BRICS, o bloco de economias que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O banco multilateral “vai manter uma visão de desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país” e “não imporá condições extra financeiras”, disse. As palavras de Dilma reflectem a posição de Pequim, que frequentemente refere que as suas linhas de crédito “não têm condições políticas subjacentes”, contrastando com as instituições ocidentais, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que geralmente exigem que o destinatário cumpra mudanças estruturais de governação e adote as “melhores práticas” internacionais. “A fundação do Novo Banco de Desenvolvimento pelo BRICS, além de um acontecimento histórico, é uma demonstração da importância da relação destes países e do seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação Sul – Sul, num mundo que atravessa profundas transformações”, afirmou Dilma. A responsável apontou ainda para o “compromisso inarredável” da instituição com a agenda para o clima e ambiente. “Apoiamos as estratégias dos países membros que reduzem as emissões de gases com efeito estufa, financiando energias renováveis, infraestrutura verde e resiliente, na direcção de um crescimento de baixo carbono”, sublinhou. “O Banco do BRICS está comprometido em ajudar os países membros a alcançarem os objectivos do desenvolvimento sustentável e os compromissos assumidos sob o Acordo de Paris”. No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto. O acordo para o estabelecimento do Novo Banco de Desenvolvimento foi assinado durante a cimeira do BRICS realizada na cidade brasileira de Fortaleza, em 2014, quando Dilma era presidente do Brasil. O banco iniciou as operações no ano seguinte. A instituição aprovou já 70 projectos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no valor de mais de 25 mil milhões de dólares, incluindo nas áreas da energia limpa, saúde pública, educação, água, saneamento ou transporte. “Libertar” países emergentes da “submissão” Já o Presidente do Brasil, Lula da Silva, apontou o “potencial transformador” do banco dos BRICS enquanto instituição que “liberta” os países em desenvolvimento da “submissão” às organizações financeiras dominantes. “Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação dos países desenvolvidos na sua fase inicial, estando, assim, livre das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes”, afirmou Lula, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse de Dilma Rousseff. O chefe de Estado brasileiro, que acusou as instituições financeiras dominantes de “pretenderem governar” os países emergentes, “sem que tenham um mandato para isso”, frisou ainda a importância do Novo Banco de Desenvolvimento no financiamento de projectos nas respectivas moedas locais dos países membros. Lula assegurou que o Novo Banco de Desenvolvimento é uma “ferramenta para a redução das desigualdades” entre países ricos e países emergentes, que se “traduzem em exclusão social, fome, extrema pobreza e migrações forçadas”. “Não queremos ser melhores do que ninguém: queremos oportunidades para expandir as nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida”, enfatizou. O chefe de Estado brasileiro lembrou que as “necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam a ser enormes”, numa altura em que as nações mais pobres enfrentam uma crise de dívida soberana, agravada pelo aumento das taxas de juro nos Estados Unidos e na Europa, tornando o custo de financiamento mais caro. “A falta de reformas efectivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes”, observou Lula. “O Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar o grande banco do Sul Global”.
Hoje Macau Via do MeioGiorgio Sinedino: “O domínio do idioma e a experiência de vida na China são indispensáveis” Por Alessandra S. Brites, da agência Xinhua Nos últimos tempos, as relações entre China e Brasil têm sido desenvolvidas com foco na aproximação e entendimento mais aprofundado de ambas as partes, em diversas áreas. Mas, no que diz respeito ao sector cultural e, especificamente, o literário, muito ainda necessita ser explorado, melhorado e consolidado. O sinólogo, professor e tradutor brasileiro residente em Macau, Giorgio Sinedino, responsável pela tradução de clássicos directamente do chinês clássico para o português, como “Analectos” de Confúcio, “Dao De Jing” de Laozi e o “Imortal do Sul da China” de Zhuangzi, em entrevista exclusiva para a Xinhua, abordou alguns dos desafios que a literatura chinesa ainda enfrenta para ser mais conhecida no Brasil. “Acredito que existe um mercado, de nicho, que cresce em função do aumento da influência chinesa e de sua paulatinamente maior visibilidade. No entanto, tal como em outros países ocidentais, o nosso interesse pela literatura chinesa ainda é motivado pelo quadro político e geopolítico. Julgo importante tentarmos dar um valor autónomo para a literatura chinesa, deixando de lado outros problemas que não sejam o de simplesmente compreender a China e a sua civilização em si”, afirmou. Sinedino, que neste ano vai lançar uma tradução de “Grito”, de Lu Xun, pela Editora 34, e planeia uma tradução comentada da “Arte da Guerra” de Sunzi para o ano vindouro, pela Editora da Unesp, diz ainda que entre os empecilhos para a cooperação no sector literário está a tradição intelectual e artística da China que se destaca fundamentalmente do mundo ocidental, local onde também é incluída a literatura brasileira. “Alguns dos obstáculos são estruturais, difíceis de ultrapassar. Por exemplo, o facto de que a língua chinesa pertence a uma outra família, a sino-tibetana, sem parentesco algum com o nosso português. Na realidade, o chinês é uma colecção de dialectos. É uma família linguística que cresceu milenarmente para dentro, sem estar relacionada a qualquer outro idioma de qualquer outro país vizinho no mundo moderno”, argumentou o professor que enfatiza ser a tradução de obras clássicas chinesas, ainda que com os desafios apresentados, uma boa aposta para o mercado no Brasil. Uma lição da literatura coreana e japonesa Actualmente uma série de obras japonesas e sul-coreanas estão disponíveis em maior número no mercado literário brasileiro do que títulos de obras chinesas. Para o sinólogo Giorgio Sinedino esta questão ocorre não apenas em razão da presença de um maior número de imigrantes, no caso do Japão, mas também porque as culturas japonesa e coreana utilizaram meios de massa, a criação de estilos e de modas, para dar mais visibilidade ao que têm de característico em termos literários. “Ambos aproveitaram um mercado cultural internacional, mediado pelas indústrias dos EUA, para se enraizarem globalmente no sector cultural. Quanto à literatura, esta beneficia-se e cresce no empuxo da vanguarda da cultura de massa. Hoje em dia, o meio literário tem forças limitadas para se projetar independentemente das artes multimidiáticas, pelo menos no que se refere ao grande público”, salientou. A capacitação de futuros tradutores no Brasil De acordo com Sinedino, o Brasil necessita constituir uma base sólida na capacitação de profissionais que venham a trabalhar com literatura e artes chinesas. “O domínio do idioma chinês e a experiência de vida na China são indispensáveis, o que infelizmente se constitui numa barreira económica proibitiva para muitos. Esses profissionais de ponta teriam os meios para desenvolver o ‘nicho chinês’, não só oferecendo traduções de qualidade produzidas sem intermediários, mas, sobretudo, sendo qualificados para educar o público leitor.” Segundo o professor, antes de julgar as obras escritas em chinês antigo, é preciso conhecê-las e fazer as referências adequadas à língua e cultura das quais originaram-se, o que presume um certo conhecimento sistemático da literatura chinesa e das regras e padrões que segue. “À medida que aliviamos a influência desses gargalos, podemos pensar em como organizar equipes de tradutores. É preciso também destacar pontos de apoio em instituições de ensino ou associações civis para mantermos o momento dessas obras, quem sabe através de departamentos académicos especializados, de instituições de fomento, de iniciativas como prémios”, diz o académico. “Esse é o ponto de partida para falarmos sobre os desafios do tradutor de língua portuguesa. Ele não pode, não deveria, começar a trabalhar antes de enfrentar certas questões sobre a natureza do texto que tem diante de si. Por exemplo, o que é literatura, na trajectória do pensamento chinês? Qual a sua função social? Quais os critérios que separaram esta obra que está traduzindo das outras, como representativa do que há de melhor na tradição chinesa? O que os leitores originais apreciaram e apreciam nesse texto e como esses valores literários podem (se for o caso) ser reproduzidos numa tradução? A partir de um tal diagnóstico, o tradutor é capaz de planejar melhor o seu esforço de mediação cultural, demanda tão mais exigente, quanto mais antigo for o texto”, conclui. Quanto aos desafios de traduzir obras da literatura chinesa moderna, Sinedino acredita que a falta de experiência por parte do leitor de língua portuguesa sobre o que significa ser chinês, viver na China e escrever sobre ela é um obstáculo difícil ainda de ser superado. Porém, à medida que o conhecimento aprofundado sobre China vai sendo mais difundido ao longo dos anos no Brasil, tais dificuldades começam a ser menos preponderantes. Primeira parte do século XX: o encontro possível entre a literatura brasileira e chinesa Como explica Sinedino, a história literária de ambos os países diferencia-se e muito, pois a literatura brasileira é uma ramificação das literaturas em línguas românicas, provenientes da literatura em Latim, a qual conta cerca de 1500 anos de desenvolvimento. “Já a literatura chinesa cresceu em torno de um conjunto de obras, os ‘Jing’ – Clássicos Ortodoxos relacionados ao Confucionismo, escritos em chinês antigo, uma língua artificial muito diferente do idioma falado”, explicou. Contudo, a política de Abertura e Reforma impulsionou na China um grande movimento de tradução de literatura estrangeira, principalmente durante os anos 1990 e 2000, relatou Sinedino. “É possível encontrarmos pontos em comum desde as referências mútuas que os autores e leitores contemporâneos, brasileiros e chineses, fazem de suas influências. Falando um pouco mais especificamente sobre estilo e forma literária, a prosa chinesa do século XX é predominantemente de esquerda. Por tal motivo, aos nossos olhos, é uma contínua reiteração do realismo social. Não vejo erro em afirmarmos que há alguma margem de comparação entre essa literatura chinesa, crítica, sobre a vida no campo e a situação do campesinato, e a nossa literatura modernista regionalista de 1930-1945. No entanto, é sempre importante estarmos atentos para as diferenças, porque são elas que ensinam melhor sobre o que é a China e o que é a sua cultura. Creio que a leitura mais interessante de uma obra literária é a que dá destaque às diferentes experiências culturais e diferentes formas de pensar.”
Hoje Macau SociedadeColina da Guia | Conselheira propõe espaço cultural no Túnel Pedonal A coordenadora-ajunta do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, Wu Hang San, defende a transformação do Túnel Pedonal da Colina da Guia num corredor cultural e artístico com a instalação de obras de arte com elementos sino-portugueses. A ideia de Wu foi sugerida na reunião de quarta-feira do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central. Citada pelo jornal Ou Mun, a coordenadora considerou que desta forma o túnel pode permitir aos turistas sentirem a história e cultura únicas de Macau. Wu Hang San sugeriu também que o Governo coopere com os grupos de artes e associações comunitárias, aumentando gradualmente a instalação de produtos criativos e culturais locais nos espaços abertos à volta das portas do túnel. A nível das obras de arte, e em caso de dificuldades, a coordenadora-adjunta apontou como alternativa a possibilidade de o Instituto Cultural estabelecer parcerias com países de língua portuguesa para a exposição de livros ilustrados em chinês e português e a exibição de filmes portugueses durante o Festival da Lusofonia. O Túnel Pedonal da Colina da Guia foi inaugurado a 1 de Outubro do ano passado, ligando a Avenida de Horta e Costa e o ZAPE. Desta forma, a ligação pedonal entre as duas zonas passou a fazer-se em 400 metros, quando antes era feita em 1,1 quilómetros.
Hoje Macau SociedadeGuangzhou | Terminal de Pazhou vai ligar a Macau de Hong Kong O Ministério dos Transportes chinês aprovou a abertura das ligações para Macau e Hong Kong a partir do Terminal de Ferries de Pazhou, de acordo com um comunicado publicado no site do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho do Estado. O edifício do terminal, que fica perto do Complexo da Feira de Cantão, ainda está em construção, sem que haja, para já, data prevista para a viagem inaugural. A primeira fase das obras está orçamentada em quase 400 milhões de yuans e estende-se por uma área de cerca de 8.500 metros quadrados. Numa fase inicial, o terminal vai funcionar com duas embarcações com capacidade para transportar 260 passageiros (com 60 lugares em primeira classe). Além da ligação a Macau (que deverá ter como destino o aeroporto), serão estabelecidas ligações ao aeroporto de Hong Kong, com a possibilidade de os passageiros fazerem check-in ainda em Guangzhou e obter bilhete de embarque para os seus voos. A ligação ao aeroporto de Hong Kong terá uma duração prevista de duas horas. A segunda fase de construção contemplará uma torre de exposições e convenções. As autoridades de Guangzhou estão a projectar a abertura de ligações fluviais a partir do Terminal de Pazhou para outras cidades da Grande Baía, incluindo Zhuhai.
Hoje Macau Manchete SociedadeComércio | Saldo com Macau favorável a Lisboa em quase 20,5 milhões No ano passado, a balança comercial entre a RAEM e Portugal apresentou um saldo vantajoso para Lisboa, com as exportações para Macau a valerem 21 milhões de euros. Ainda assim, apesar da afinidade institucional entre os dois territórios, Macau é apenas o 85.º cliente da exportação de produtos portugueses As exportações de Portugal para Macau representaram 21 milhões de euros no ano passado, com as compras a Macau a valerem 529 mil euros, tornando a balança comercial largamente favorável a Portugal. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), disponíveis no site da Agência para o Investimento, o saldo das trocas comerciais entre Portugal e Macau é favorável ao país europeu em quase 20,5 milhões de euros. Macau foi o 85.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2022, com uma quota de 0,03 por cento no total, ocupando a 140.ª posição ao nível das importações, que valeram apenas 0,001 por cento. Apesar do valor residual das vendas de Macau a Portugal, as exportações daquela região para Portugal têm aumentado de forma consistente, tendo mais do que duplicado nos últimos anos. “Ao longo do período 2017-2021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 5,4 por cento e um crescimento de 164,6 por cento nas importações”, lê-se no site da AICEP, no qual se acrescenta que “a balança comercial de bens apresentou um excedente de 19 milhões de euros em 2021”, tendo melhorado para quase 20,5 milhões no ano passado. Cabaz luso Entre os principais produtos exportados para este mercado asiático destacam-se os Produtos Alimentares (46,2 por cento), os Produtos Agrícolas (20,5 por cento), os Produtos Químicos (19,4 por cento), os Instrumentos de Ótica e Precisão (2,7 por cento) e as Máquinas e Aparelhos (2,4 por cento), ao passo que os principais grupos de produtos importados foram os Produtos Químicos (59,4 por cento), as Máquinas e Aparelhos (15,7 por cento), as Pastas Celulósicas e Papel (4,5 por cento), o Vestuário (4,3 por cento) e o Calçado (3,8 por cento), segundo a AICEP. No que diz respeito às remessas dos emigrantes portugueses em Macau, o Banco de Portugal apresenta um valor zero para os últimos anos, registando apenas um envio de 20 mil euros dos portugueses a trabalhar em Macau em 2020.
Hoje Macau PolíticaLei Chan U pede abertura de campos para prática desportiva O deputado Lei Chan U está preocupado com a falta de espaços para a prática de desporto em Macau. A questão foi mencionada ontem, através de uma interpelação escrita, em que o legislador aponta que a educação desportiva tem evoluído, mas continua a ser algo desprezada. O membro da Assembleia Legislativa indica que no ano de 2022/2023 houve 14 escolas que decidiram abrir os seus espaços à população, para serem utilizados por associações ou grupos de jovens. Porém, as escolas apenas optaram por disponibilizar as bibliotecas, deixando de fora os campos e pavilhões para a prática desportiva. No entanto, como Macau regista uma crónica falta de espaços para a prática desportiva, Lei Chan U quer saber os planos do Governo para alterar a situação. “Actualmente, quantas escolas têm campos desportivo? E no futuro, como o Governo vai fazer com que mais escolas disponibilizem os seus campos, para fazer frente à falta de espaços para praticar desporto?”, questiona. “E será que o Governo vai estudar o tipo de medida que pode encorajar as escolas a sentirem-se mais motivada para abrirem os seus espaços ao público?”, acrescentou. No texto Lei Chan U não deixa de reconhecer que a Zona A dos Aterros promete resolver muitos dos problemas relacionados com a falta de espaços para o desporto, mas justifica que no curto e médio prazo não existem soluções. Ao mesmo tempo, Lei pede ainda que seja divulgada informação sobre o número de campos de futebol, piscinas, campos de basquetebol e badminton que vão ser construídos na Zona A dos novos aterros.
Hoje Macau Grande Plano ManchetePortugal | Visita de Ho Iat Seng “muito aguardada pela comunidade chinesa” O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, disse ontem à Lusa que a visita do chefe de Governo de Macau a Portugal “é muito aguardada pela comunidade chinesa”, seja macaense ou não “É a primeira visita após a covid. É uma visita muito aguardada pela comunidade chinesa, de Macau ou não de Macau”, disse à Lusa, no Porto, o também presidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal – China (CCPC – PME). Y Ping Chow disse contar com o apoio de Ho Iat Seng, que visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, para compreender “melhor o desenvolvimento da ilha de Hengqin e da Grande Baía”. O empresário reconheceu que a pandemia de covid-19 e as medidas adoptadas no território têm “atrasado muito as relações comerciais, de turismo, até mesmo empresariais”, dizendo ter “a certeza” que a visita contribuirá para as restabelecer. Y Ping Chow disse ainda que a CCPC-PME está interessada em desenvolver projectos na ilha de Hengqin. Já sobre o investimento de Macau em Portugal, Y Ping Chow afirmou que “neste momento, há muita possibilidade e capacidade de investir em Portugal”, apesar de haver “um bocadinho” uma separação entre a comunidade chinesa macaense e não macaense. Quanto à situação actual na Região Administrativa Especial, e falando sobre os 30 anos da Lei Básica, Y Ping Chow disse que quanto ao princípio de “Um País, Dois Sistemas”, “todos os chineses o aceitam”, tal como o Governo português. Apesar disso, reconheceu que a transição é “algo muito difícil” para os chineses que “viviam em Macau e Hong Kong, que tinham uma vida diferente, uma gestão diferente, um hábito diferente, e de repente passaram a ter um hábito como na China”. “Mas habituam-se, para o bem e para o mal, ao hábito de como funciona na China”, disse à Lusa, dizendo que “a segurança em Macau tem melhorado muito por causa de um controlo mais apertado”. Tamanho importa Questionado acerca de relatórios da ONU, dos Estados Unidos e da União Europeia acerca das liberdades e direitos humanos em Macau, Y Ping Chow disse que o “direito à liberdade, direito de pensamento, e das acções, é muito bonito”. Mas, “o que posso dizer é que se uma pessoa está sujeita a insegurança, fome e ‘et cetera’, tudo isso passa a ser secundário”. Y Ping Chow disse ainda que “a interferência do Governo português em Macau e a interferência do governo inglês em Hong Kong são diferentes”, estando Hong Kong sob “mais influência dos americanos” do que Macau dos europeus. Já sobre os anos que restam até 2049, fim do período de transição entre a administração portuguesa e a chinesa, Y Ping Chow disse que a data é “uma base para criar mais aproximação, para criar melhor integração”. “Pode ser 40, até pode ser 60 anos. 50 anos é uma data para fazer esta junção o melhor possível”, afirmou. Y Ping Chow considera ainda que o Governo da RAEM “tem interesse em que a cultura e os hábitos [portugueses], até mesmo aqui em Portugal, se mantenham, e até em desenvolver mais” no território. “Mas este desenvolvimento depende muito da sociedade civil”, como por exemplo “das participações das empresas” portuguesas, algo que reconheceu que “é difícil”. “Os empresários portugueses são pequeninos. Os grandes já lá estão. É muito difícil aos empresários pequenos entrarem individualmente”, assumiu. Y Ping Chow disse ainda que Portugal “deveria fazer mais pelo interesse em participar no desenvolvimento com Macau”, algo que “está a acontecer”, mas em que se pode “fazer muito mais”. Ponto de encontro O Chefe do Executivo visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, estando previstos encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. A acompanhar Ho Iat Seng está uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, com foco nos sectores alimentar e farmacêutico. Com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, a comitiva tem visitas agendadas para Lisboa e Porto, com encontros com a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas. Visitas de trabalho ao hospital da Luz, Quinta da Marmeleira (Alenquer), grupos Amorim, Sovena e Delta, entre outras, estão também agendadas. Em paralelo, entre 15 e 22 de Abril, será realizado diariamente um espectáculo de ‘videomapping’ no Terreiro do Paço evocativa de Macau, numa iniciativa da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.