Médio Oriente | PM reúne-se com líder da Palestina

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se ontem com o Presidente da Palestina, Mahmud Abbas, num esforço de Pequim para elevar as relações bilaterais e o papel no Médio Oriente.

Li, que assumiu o cargo na Primavera, considerou Abbas “um velho amigo do povo chinês” que fez “contribuições importantes para a promoção das relações China-Palestina”.

A reunião ocorreu um dia depois de Abbas ter sido recebido com todas as honras militares pelo líder da China e chefe do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping.

Os dois dirigentes anunciaram na quarta-feira a formação de uma “parceria estratégica”, abrindo caminho para aumentar a influência da China no Médio Oriente.

A visita de Abbas segue-se à realização de negociações pela China entre o Irão e a Arábia Saudita, que resultaram na retoma das relações diplomáticas entre os dois rivais do Médio Oriente.

A reaproximação entre Riade e Teerão foi vista como uma vitória diplomática para a China, numa altura em que o principal rival chinês, os Estados Unidos, parece estar a retirar-se do Médio Oriente, depois de os conflitos no Iraque e no Afeganistão e complicações nos laços com a Arábia Saudita.

Pequim há muito mantém relações diplomáticas com a Autoridade Palestiniana e nomeou um enviado especial para se reunir com autoridades israelitas e palestinas. Com uma experiência na região limita à construção, manufatura e outros projectos económicos, a China tem procurado estreitar laços com Israel.

Desde a reabertura das fronteiras na Primavera, na sequência do levantamento das restrições sanitárias impostas pela política ‘zero-covid’, o Governo chinês tem recebido uma lista crescente de líderes mundiais, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

15 Jun 2023

EUA | Blinken em Pequim para “gestão responsável” das tensões

A viagem à China do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, adiada após o episódio do balão, vai finalmente acontecer este fim-de-semana. Encontro com o Presidente Xi não está, para já, confirmado

 

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, fará uma rara visita à China no fim de semana, onde pretende iniciar uma reaproximação diplomática com Pequim e pedir uma “gestão responsável” das tensões entre as duas grandes potências.

“O secretário Blinken irá reunir-se com altos funcionários chineses e discutir a importância de manter linhas de comunicação abertas para gerir com responsabilidade o relacionamento China-Estados Unidos da América (EUA)”, disse na quarta-feira o Departamento de Estado, confirmando a tão aguardada viagem diplomática, inicialmente agendada para Fevereiro. Uma reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, não foi confirmada.

Auto classificando-se de “realistas”, os Estados Unidos não esperam fazer grandes “avanços”, mas pelo menos acalentam a esperança de “reduzir o risco de erros de cálculo que se podem transformar em conflito”, segundo autoridades norte-americanas.

“Não vamos a Pequim com a intenção de alcançar avanços ou transformações”, disse a jornalistas o chefe do Departamento de Estado para a Ásia, Daniel Kritenbrink.

Outro funcionário norte-americano, Kurt Campbell, enfatizou que “os esforços para moldar ou reformar a China nas últimas décadas falharam”, dizendo que espera que a China permaneça “um actor importante no cenário internacional” por muito tempo.

As relações bilaterais permanecem tensas num grande número de questões: os vínculos entre os Estados Unidos e Taiwan, a rivalidade em tecnologias e comércio, ou mesmo reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional.

“Desde o início do ano, as relações China-EUA enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro de quem é a responsabilidade”, disse ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, num telefonema com Blinken, segundo Pequim.

No telefonema, o ministro “explicou a posição solene da China sobre a questão de Taiwan”, principal ponto de fricção entre as duas potências, assim como “outras preocupações essenciais” de Pequim, sublinha o comunicado de imprensa.

Mercado proibido

Esta visita de Antony Blinken surge na sequência da reunião em Novembro passado entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 na Indonésia. Os dois líderes concordaram em cooperar em certas questões.

Blinken aproveitará para colocar na mesa o problema do opioide fentanil, cujos componentes químicos são exportados da China para o México, onde, segundo Washington, a substância é fabricada.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller, enfatizou ontem que as preocupações dos EUA são “bem conhecidas” e incluem, entre outros, o comércio de fentanil e o “alinhamento” da China com a Rússia na guerra da Ucrânia.

Antony Blinken deverá viajar até Pequim e Londres entre sexta-feira e 21 de Junho, confirmou ontem o Departamento de Estado norte-americano.

Em Londres, Blinken vai participar na Conferência de Recuperação da Ucrânia, uma iniciativa criada para ajudar a mobilizar o apoio internacional público e privado para ajudar Kiev a recuperar dos ataques russos.

Ainda em Londres, o chefe da diplomacia dos EUA também reunirá com membros do Governo britânico, assim como de Governos de países aliados.

15 Jun 2023

Turismo | Governo em encontro sobre Grande Baía

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) participou ontem na 83.ª reunião de trabalho da Organização de Promoção Turística entre Guangdong, Hong Kong e Macau, juntamente com operadores na Feira Internacional de Turismo de Hong Kong.

A reunião serviu, entre outros assuntos, para discutir o plano promocional para o segundo semestre deste ano, que inclui novos roteiros “multidestinos” e o lançamento de vídeos promocionais do turismo cultural da Grande Baía, entre outros planos.

Além disso, desde ontem que a DST está representada na 37.ª Feira Internacional de Turismo de Hong Kong (ITE Hong Kong, na sigla inglesa) e na 18.ª Expo de Viagens de Convenções e Exposições (MICE Travel Expo, na sigla inglesa). Os dois eventos servem para “divulgar as últimas novidades do turismo de Macau aos compradores estrangeiros, operadores turísticos, clientes empresariais e público em geral, promover o turismo de lazer e negócios, e providenciar uma plataforma de negócios eficaz para os operadores turísticos de Macau”.

15 Jun 2023

Canção de protesto de Hong Kong fora de sites de ‘streaming’ de música e redes sociais

A canção de protesto “Glory to Hong Kong”, ligada às manifestações antigovernamentais de 2019, não estava disponível na quarta-feira em alguns dos principais ‘sites’ de música e redes sociais, noticiou hoje a agência Associated Press (AP).

O Governo da região administrativa chinesa de Hong Kong disse, há uma semana, ter pedido ao Tribunal Superior local uma providência cautelar para proibir a transmissão da música, por alegadas “intenções sediciosas”. O objetivo é “impedir que a canção seja transmitida ou executada com a intenção de incitar outros à secessão ou para fins sediciosos”, indicou, em comunicado, o Departamento de Justiça.

O Governo também pretende “impedir que a canção seja transmitida ou executada como hino nacional de Hong Kong com a intenção de insultar o hino oficial”, bem como “salvaguardar a segurança nacional e preservar a dignidade do hino” da China.

Depois deste pedido de providência cautelar, a canção chegou ao topo das tabelas de plataformas digitais de distribuição de música como o iTunes, da Apple. No entanto, deixou de estar disponível, na quarta-feira, no Spotify e na Apple Music. A versão original da música também não estava disponível nas redes sociais Facebook e Instagram.

O Spotify disse, num comunicado enviado por ‘e-mail’ à AP, que a música foi retirada pelo distribuidor e não pela plataforma. Facebook, Instagram e Apple Music não comentaram de imediato o sucedido.

O criador da canção, DGX Music, escreveu, por sua vez, no Facebook que estava “a lidar com alguns problemas técnicos relacionados com plataformas” digitais e pediu desculpa pelo problema, que qualificou de temporário.

As versões da canção, incluindo a dos criadores originais, ainda estavam disponíveis na plataforma de vídeo YouTube.

A canção tornou-se o termo mais procurado no motor de busca Google para “hino nacional de Hong Kong”, e foi mesmo utilizada em competições desportivas internacionais, como o Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo, em vez do hino da China.

De acordo com o Governo, a canção “causou não só uma ofensa ao hino original, mas também graves danos ao país e a Hong Kong”.

15 Jun 2023

Ciclone Biparjoy atinge hoje a Índia e o Paquistão

O poderoso ciclone Biparjoy deve atingir hoje à tarde a fronteira entre a Índia e o Paquistão, onde as equipas de resgate já conseguiram retirar mais de 146 mil pessoas.

O ciclone Biparjoy, nome que significa “desastre” em bengali, avança pelo Mar Arábico em direção ao porto de Jakhau, no estado indiano de Gujarat, e deve atingir hoje a costa entre o sul do Paquistão e o oeste da Índia, segundo os serviços meteorológicos.

Na Índia, mais de 74.000 pessoas foram retiradas até agora em oito distritos do estado costeiro de Gujarat, de acordo com informações prestadas na quarta-feira à noite pelo chefe de governo do estado, Bhupendra Patel, na rede social Twitter, após uma reunião com serviços de emergência.

Por sua vez, “mais de 72.000 pessoas foram retiradas de áreas sob ameaça direta do ciclone até agora”, disse Murtaza Wahab, porta-voz do governo da província de Sindh, no sul, na fronteira com a Índia.

Na terça-feira, as autoridades de Gujarat disseram que as chuvas torrenciais e os ventos fortes, à medida que o ciclone se aproxima, mataram três pessoas, duas delas crianças, devido a uma parede que desmoronou, e uma mulher foi atingida por uma árvore.

Em 2021, a mesma região foi atingida pelo ciclone Tauktae, que matou mais de 150 pessoas e causou estragos consideráveis. Os ciclones são uma ameaça comum nas costas do norte do Oceano Índico, onde vivem dezenas de milhões de pessoas. Segundo os cientistas, estes fenómenos tendem a tornar-se mais violentos devido ao aquecimento global.

15 Jun 2023

Primeiro-ministro chinês visita França e Alemanha entre domingo e 23 de Junho

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, visitará a Alemanha e a França entre 18 e 23 de junho, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O dirigente chinês “fará uma visita oficial à Alemanha, onde terá lugar a sétima ronda de consultas governamentais sino-alemãs, e uma visita oficial à França, onde participará na cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global”, disse Wang Wenbin, um porta-voz do ministério chinês.

O primeiro-ministro na China geralmente é uma personalidade menos política do que o Presidente [chinês, Xi Jinping], estando mais responsável por questões económicas e financeiras.

O objetivo da cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, organizada por iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, é ambicioso: reformar a arquitetura financeira global para melhor responder aos desafios impostos pelas alterações climáticas.

Vários participantes já confirmaram presença: presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz.

A viagem de Li Qiang à Alemanha promete ser mais agitada, após Berlim ter publicado um documento esta semana que descreve a China como uma força hostil à Alemanha.

O maior parceiro económico da Alemanha e um mercado vital para o seu poderoso setor automóvel, a China há muito tempo que é poupada por Berlim, que, no entanto, endureceu o tom do seu discurso há pouco mais de um ano.

Os ministros do Meio Ambiente defendem uma maior firmeza em relação a Pequim, apontando a sua atitude em relação a Taiwan e os abusos de que são acusadas as autoridades chinesas contra a minoria uigur na região de Xinjiang, no noroeste da China.

15 Jun 2023

Análise | China deve expandir “amizades”

Num fórum levado a cabo pela Universidade de Renmin, em Pequim, analistas chineses falaram sobre os fundamentos da ligação à Rússia e defenderam que o país deveria “fazer amizade com mais países” em resposta à política externa norte-americana

 

A China deve reflectir sobre a sua relação com Moscovo, apesar da rivalidade comum com o Ocidente, defenderam ontem analistas chineses, numa altura em que a China enfrenta críticas, devido à posição ambígua na guerra na Ucrânia.

Liu Weidong, investigador no Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), argumentou que Moscovo tentou “aproveitar-se” de Pequim, antes e depois do início do conflito. “A Rússia está a tentar usar unilateralmente a China, mas não quer ser usada pela China”, observou o académico, durante um fórum organizado pela Academia Nacional de Desenvolvimento e Estratégia da Universidade Renmin, situada no norte da cidade de Pequim.

“O que a [China] quer é uma cooperação com benefícios mútuos sob a premissa do não-alinhamento”, disse Liu, questionando se a relação sob esses termos pode ser alcançada com Moscovo.

O investigador afirmou que os Estados Unidos estão a tentar unir os dois países em várias questões, visando induzir uma aliança entre Pequim e Moscovo. Se tal aliança for estabelecida, acabará por resultar numa “exaustão mútua, em vez de cooperação”, previu.

A China partilha com a Rússia a defesa de uma nova ordem mundial multipolar, apontando a redistribuição de poder, em contraposição com a hegemonia norte-americana. Pequim critica também o sistema imperialista de alianças norte-americano na região do Indo-Pacífico, que inclui Japão e Austrália.

O comércio bilateral entre a China e a Rússia subiu 40,7 por cento, nos primeiros cinco meses do ano, face ao mesmo período do ano anterior. Durante o mesmo período, o comércio entre os EUA e a China – as duas maiores economias do mundo – encolheu 12,3 por cento, de acordo com os últimos dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas da China.

Altos funcionários dos dois países concordaram também em realizar mais exercícios conjuntos, apenas alguns dias após aviões militares chineses e russos terem realizado uma missão de patrulha conjunta sobre os mares do Japão e do Leste da China.

Outros caminhos

Zuo Xiying, professor de relações internacionais da Universidade Renmin, argumentou também que a China deve equilibrar o seu relacionamento com a Rússia, como forma de neutralizar a estratégia de Washington de unir os países aliados para conter Pequim. “A China não deve ficar nem com a Rússia nem com o Ocidente. Em vez disso, a China deve estar numa posição que priorize os seus próprios interesses nacionais”, afirmou.

China e Rússia concordaram, em março passado, em fortalecer a cooperação a nível militar, visando aumentar a confiança mútua entre as suas Forças Armadas, de acordo com um comunicado conjunto, emitido após uma reunião no Kremlin entre Xi e Putin. Pequim criticou os países ocidentais, por não procurarem uma solução pacífica para a guerra.

Liu disse que a China deve ser mais flexível ao lidar com confrontos entre blocos cada vez mais óbvios e competir com os EUA por “amigos”. O académico acrescentou que países que costumavam estar relutantes em escolher um lado na rivalidade China – EUA, como Japão e Coreia do Sul, estão agora firmemente alinhados com Washington. A China deve “fazer amizade com mais países”, urgiu.
“Os Estados Unidos, como a potência ‘número um’, estão a fazer amigos, por isso é ainda mais necessário competir com os Estados Unidos por amigos”, disse Liu.

14 Jun 2023

Diplomacia | EUA e China partilham preocupações sobre relações bilaterais

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, expressaram ontem preocupações com a deterioração da relações entre Pequim e Washington, numa conversa por telefone.

“Falei esta noite com o conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Qin Gang, por telefone”, afirmou Blinken, na rede social Twitter.

“Discutimos esforços contínuos para manter canais abertos de comunicação e abordamos questões bilaterais e globais”, acrescentou o secretário de Estado norte-americano.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que Qin instou os Estados Unidos a respeitarem as “preocupações centrais da China”, incluindo na questão de Taiwan.

O ministro chinês pediu a Washington que “pare de interferir nos assuntos internos da China e de prejudicar os interesses de soberania, segurança e desenvolvimento da China, em nome da competição”, indicou a mesma nota.

Qin observou que as relações China–Estados Unidos “deparam-se com novas dificuldades e desafios” desde o início do ano, sendo “responsabilidade das duas partes trabalhar em conjunto para gerir adequadamente as diferenças, promover intercâmbios e a cooperação e estabilizar as relações”.

Blinken deve realizar esta semana uma visita à China, depois de várias semanas em que os dois países fizeram aberturas diplomáticas de parte a parte, na tentativa de aliviar as tensões.

Na semana passada, o secretário de Estado adjunto dos EUA para os Assuntos do Leste Asiático e do Pacífico, Daniel Kritenbrink, tornou-se o responsável norte-americano de mais alto escalão a visitar a China desde o caso do balão.

14 Jun 2023

Taiwan | Pequim prevê que EUA abandonariam a ilha em caso de conflito

O Governo chinês disse ontem que os Estados Unidos estariam dispostos a abandonar Taiwan à sua sorte a qualquer altura, acusando Washington de usar a ilha como “um peão para conter” a China.

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, Zhu Fenglian, reagiu assim em conferência de imprensa à publicação, por órgãos de comunicação estrangeiros, da existência de um alegado plano dos Estados Unidos para retirar os seus cidadãos de Taiwan no caso de um conflito com a China.

Se tal plano existir, “fica claro que os Estados Unidos estão a usar Taiwan apenas como um peão para conter a China e que abandonariam o território a qualquer momento”, disse a porta-voz.

Acusou alguns políticos norte-americanos de “encherem a boca a falar na importância da paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”, enquanto “encorajam continuamente a venda de armas” a Taipé.

A funcionária instou os “compatriotas de Taiwan” a discernir se os EUA os estão a apoiar ou a prejudicar, bem como a avaliar se o Partido Democrático Progressista, actualmente no poder em Taipé, “está a agir como um guardião ou em detrimento” do território.

A questão de Taiwan é um dos principais pontos de atrito entre Pequim e Washington, já que os EUA são o principal fornecedor de armas e o maior aliado de Taipé.

14 Jun 2023

Israel / Palestina | Pequim reafirma apoio aos esforços para resolver conflito

A China continua a promover as relações de amizade com as autoridades palestinianas e oferece ajuda para tentar pôr fim a um conflito que se arrasta há décadas, assumindo-se cada vez mais como um agente a ter em conta nas relações internacionais

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, reafirmou ontem ao seu homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, que Pequim apoia os esforços para resolver o conflito israelo-palestiniano.

Os diplomatas reuniram-se em Pequim como parte da visita de Estado do Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, à China. O líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP) deve reunir-se esta semana com o Presidente chinês, Xi Jinping.

Segundo um comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Qin observou que Abbas é o primeiro chefe de Estado árabe a ser recebido pela China este ano, o “que demonstra plenamente a amizade especial entre a China e a Palestina e o apoio da China à justa causa da Palestina”.

O ministro chinês adiantou que Abbas e Xi “vão elaborar um plano de alto nível para o desenvolvimento das relações bilaterais, esclarecer a direcção estratégica e elevar as tradicionais relações amigáveis entre os dois países para um novo patamar”.

“A China atribui grande importância à questão palestiniana e sempre apoiou firmemente a justa causa do povo da Palestina para restaurar os seus direitos nacionais legítimos. A China vai continuar a apoiar a direcção correcta das negociações para a paz e contribuir com a sua sabedoria e força para a solução do conflito”, lê-se na nota oficial.

O ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano descreveu o país asiático como um “amigo de confiança” e agradeceu pelo seu apoio “firme” à “justa causa da Palestina”. “O Presidente Abbas atribui grande importância a esta visita”, acrescentou o diplomata.

Tensão alta

A visita do Presidente palestiniano, que decorre até 16 de Junho, ocorre numa altura em que Pequim manifestou vontade em facilitar a retoma das negociações de paz entre Israel e Palestina, e pediu às duas partes que demonstrem coragem política e tomem medidas para retomar o diálogo.

Qin manifestou a sua preocupação com as actuais tensões entre os dois países, em Abril passado, e pediu que se evite uma escalada do conflito. Ele enfatizou que a saída fundamental é retomar as negociações para a paz e implementar a “solução de dois Estados”.

Nos últimos meses, a China embarcou numa ofensiva diplomática para se afirmar como uma potência global.

Em Março passado, Irão e a Arábia Saudita anunciaram, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas.

Na Ucrânia, Pequim destacou um enviado especial para negociar um acordo político que ponha fim à guerra, que dura há 16 meses.

14 Jun 2023

Livro IX – Zi Han

9.1. O Mestre raramente (abertamente) falava acerca de vantagem pessoal, do mandato do Céu ou do sentido da benevolência.171

9.2. Um aldeão de Daxiang disse: “Confúcio é grande! O seu conhecimento é vasto, embora não seja conhecido por qualquer área em particular.” Ao ouvir tal coisa, o Mestre disse aos seus discípulos: “Em que me deveria especializar? Talvez na condução de carruagens? Ou talvez na arte do arqueiro? Não, julgo que aprenderei a conduzir carruagens.”172

9.3. O Mestre disse: “O uso de um barrete de cânhamo está prescrito na conduta ritual. Hoje as pessoas usam um barrete de seda de baixo preço. Quanto a isto, sigo o uso geral. O acto de bater cabeça ao entrar no templo está prescrito na conduta ritual. O facto de hoje se bater cabeça apenas junto ao altar é uma vaidade. Apesar de ir contra o uso geral, eu ainda bato cabeça logo à entrada do templo.”173

9.4. Há quatro coisas das quais o Mestre se abstém: arbitrariedade, inflexibilidade, teimosia e egoísmo.174

9.5. Quando o Mestre se encontrou cercado em Kuang disse: “Com o rei Wen há muito morto, não será que a nossa herança cultural reside aqui dentro de nós? Se o Céu quisesse destruir esse legado, nós, os que viemos depois, não teríamos tido acesso a ele. Se o Céu não o quer destruir, o que podem os homens de Kuang contra mim?”175

9.6. O grande ministro perguntou a Zigong: “O teu Mestre é um sábio, não é? Então porque domina tão diversos talentos?” Zigong replicou: “O Céu proporcionou-lhe ser um sábio, mas também lhe deu muitos talentos.” Ao ouvir isto, o Mestre disse: “O que sabe de mim o grande ministro? A minha família era pobre, por isso aprendi, quando jovem, inúmeros ofícios. Será que uma pessoa exemplar precisa deles? Penso que não.”

9.7. Lao disse: “O Mestre diz de si próprio que aprendeu todos esses ofícios por nunca ter sido nomeado para um cargo.”176

9.8. O Mestre disse: “Será que possuo sabedoria? Não, não possuo. Mas se um simples camponês me coloca uma questão para a qual não tenho resposta, abordo-a de todos os lados até conseguir responder.”177

9.9. O Mestre disse: “A Fénix auspiciosa não aparece; o Rio Amarelo não revela o seu mapa mágico. Tudo está perdido para mim!”178

9.10. Ao encontrar pessoas vestidas de luto ou em roupas de cerimónia oficiais, como ao encontrar cegos, ainda que estas pessoas fossem mais jovens do que ele, o Mestre costumava levantar-se de imediato e, ao passar por elas, estugava o passo.

9.11. Yan Hui dizia da Via do Mestre, com um profundo suspiro: “Quanto mais olho para cima, mais alto me parece; quanto mais o penetro, mais duro se torna; quando o procuro à minha frente, logo dou por ele atrás de mim. O Mestre é excelente a conduzir-me passo a passo: com cultura, alarga o meu horizonte; com os ritos disciplina o meu comportamento; de tal modo que mesmo que eu quisesse desistir, não poderia. Ainda que nela esgote todas as minhas capacidades, é como se à minha frente se erguesse uma barreira intransponível. Mesmo que a queira seguir é como se não houvesse estrada.”180

9. 12. Estando o Mestre gravemente doente, Zilu fez com que alguns dos discípulos passassem por servos para o assistir. Mas quando recobrou a saúde, Confúcio disse: “Esta comédia já durou tempo demais, caro Zilu! Se eu não tenho servos, mas fingir tê-los, a quem enganarei? Será que enganarei o Céu? Além disso, não seria melhor morrer nos braços dos meus discípulos do que nos braços de uns servos? Se é verdade que não terei um grandioso funeral de estado, também é verdade que não morrerei à beira da estrada.”181

9.13. Zigong disse: “Temos aqui uma excelente peça de jade, será melhor guardá-la numa caixa ou tentar vendê-la por bom preço?” O Mestre respondeu: “Vendam-na! Vendam-na! Mas esperem pelo preço certo!”182

9.14. O Mestre quis ir viver entre os nove clãs dos bárbaros Yi do Leste. Alguém lhe perguntou: “E o que farias a respeito da sua rudeza?” O Mestre respondeu: “Se uma pessoa exemplar fosse viver entre eles, que rudeza poderia haver?”183

9.15. O Mestre disse: “Foi só no meu regresso a Lu, vindo de Wei, que revi o Livro de Música e pus na ordem correcta as ‘Odes do Reino’ e os ‘Hinos Cerimoniais’.”

16. O Mestre disse: “Servir o duque e os seus ministros na corte e servir os meus maiores no lar, em questões funerárias dar o meu melhor e não me deixar dominar pela bebida – como poderiam estas coisas incomodar-me?”

9.17. O Mestre estava sobre a margem de um rio e observou: “Assim passa a vida, sem se deter, noite e dia.”184

9. 18. O Mestre disse: “Ainda estou para conhecer a pessoa que ame mais a virtude do que a beleza das mulheres.”185

9.19. O Mestre disse: “Se ao empilhar rochas para erigir uma montanha a apenas um cesto do fim me detiver, fui eu que me detive. Se ao encher um canal para nivelar o solo tiver despejado um só cesto e continuar, sou eu que faço progresso.”186

9.20. O Mestre disse: “Se houve alguém que escutou com toda a atenção as minhas palavras, essa pessoa foi certamente Yan Hui.”

9.21. O Mestre disse acerca Yan Hui: “Que pena! Só o vi progredir e não conseguir.”187

9.22. O Mestre disse: “Existem rebentos que não florescem e flores que não dão fruto.”188

9.23. O Mestre disse: “Os jovens devem ser tidos em alta consideração. Afinal, como saber se não suplantarão os nossos contemporâneos? Já quem chega aos quarenta ou cinquenta anos e nada fez de notável, não merece a nossa consideração.”

9.24. O Mestre disse: “Como não concordar quando avisadamente nos corrigem? Porém, o importante é regenerar o nosso comportamento. Como não se contentar com doces palavras de aprovação? Porém, o importante é compreender o seu real significado. Aqueles que se contentam com elogios, mas não compreendem o seu significado; ou aqueles que concordam com preceitos avisados, mas não regeneram o seu comportamento — não sei o que fazer com eles!”189

9.25. O Mestre disse: “A base da vossa conduta deverá ser o cumprimento da palavra e o darem o vosso melhor. Não façam amizade com ninguém que não seja, pelo menos, vosso igual. Se se desviarem do caminho, não hesitem em rectificar a vossa conduta.”190

9.26. O Mestre disse: “Um comandante de três exércitos pode ser capturado à força, mas nem a um homem do povo se pode retirar a força de vontade.”191

9.27. O Mestre disse: “Se há alguém que não sente vergonha em usar um fato remendado junto a alguém que se veste de raposa e arminho, esse é Zilu! Não causa mal e não inveja, / cavaleiro sem medo nem lamúrias, / como poderia não ser excelente? ” Zilu repetia estes versos sem cessar, de tal modo que o Mestre lhe disse: “O que poderá haver de excelente nesse teu caminho?”192

9.28. O Mestre disse: “Só quando chega o frio percebemos que o pinheiro e o cipreste são os últimos a perder as folhas.”193

9.29. O Mestre disse: “Os sábios não se confundem; os benevolentes não sentem ansiedade; os corajosos não temem.”194

9.30. O Mestre disse: “Podemos estudar com alguém e não seguir a sua via; podemos seguir a mesma via de alguém e não necessariamente tomarmos posição a seu lado; podemos tomar a posição de alguém e não necessariamente julgar as coisas da mesma maneira.” 195

9.31. “As flores da cerejeira selvagem / Inclinam-se e agitam-se. / Como não pensar em ti?/ Mas é tão longe a tua casa…”

O Mestre disse: “Se ele realmente pensasse nela, o que importaria a distância?”196

171. Esta passagem tem provocado inúmeras discussões entre os comentadores porque se há tópicos que Confúcio constantemente refere são precisamente a vantagem pessoal, o mandato do Céu (que alguns interpretam como “destino”) e a benevolência. Como explicar então que aqui seja dito que ele “raramente” os menciona? Huang Shisan, comentador da dinastia Qing, para resolver esta dificuldade, considera que o termo han (raramente) é aqui usado como substituto de xuan (abertamente), argumentando que no chinês clássico (e dá como exemplo outros textos, como o Comentário de Zuo) os dois caracteres são permutáveis. Então aqui han tomaria o sentido de xuan, o que permite ler a frase como “O Mestre falava abertamente de…”. De facto, este sentido adequa-se muito melhor à realidade dos Analectos. No entanto, outros comentadores entendem que o sentido será “O Mestre raramente falava de vantagem pessoal e do mandato do Céu, pronunciando-se antes sobre a benevolência.” Contudo, nestes Analectos, Confúcio é, várias vezes, bastante crítico sobre quem privilegia a vantagem pessoal, e também se refere ao mandato do Céu, nomeadamente quando fala de si mesmo.

172. Também esta passagem tem sido sujeita a diferentes leituras. A primeira e mais comum entende a resposta de Confúcio como um sarcasmo, na medida em que sendo a condução de carruagens a menos nobre das artes, o Mestre mostraria aqui o seu desprezo pela especialização ou pela simples aquisição de saberes técnicos. Contudo, há quem interprete exactamente ao contrário e considere que o Mestre reconhece que deveria possuir algum conhecimento específico, de modo a tornar-se mais útil e, num acesso de humildade, escolheria a menos considerada das artes.

173. O barrete de cânhamo era bastante mais complexo que um simples barrete de seda. Portanto, aqui é defendida a frugalidade, apesar de ser uma inovação ritual. Por outro lado, bater cabeça à entrada implicava que se pedia permissão para entrar, portanto acrescentava uma maior dose de respeito. Esta passagem demonstra a importância e o respeito que Confúcio tinha pelos rituais, ainda que admita uma inovação desde que esta seja portadora de um bom sentimento. A conclusão será que o mais importante no ritual é o modo como o coração se encontra no momento de o praticar.

174. Tratam-se, todas elas, de categorias do egoísmo, que nos fazem afastar da natureza moral original e que teremos de combater para de novo a adquirir. De realçar o distanciamento em relação a “verdades absolutas”, o que faz do confucionismo um pensamento em permanente mutação consoante as realidades sociais, históricas ou mesmo individuais que encontra e que deverão ser avaliadas a cada momento antes de se empreender qualquer acção.

175. Segundo Sima Qian, ao passar por Kuang, Confúcio foi confundido com Yang Hu de Lu, que teria feito mal aos habitantes daquele terra, e foi detido durante cinco dias, até que tudo se esclareceu. Entretanto, tendo Yan Hui chegado a Kuang, o Mestre disse-lhe: “Pensei que estavas morto”, ao que Yan Hui respondeu: “mas Mestre, como me atreveria a morrer se vós ainda estais vivo?”. Confúcio assume-se aqui, num raro gesto de vaidade, como o fiel depositário das tradições rituais e literárias do rei Wen, considerando que nada de mal lhe poderia acontecer pois se essas tradições não devessem ser preservadas elas teriam desaparecido com Wen. De algum modo, invoca a vontade do Céu como destino.

176. A sua origem relativamente humilde terá forçado Confúcio a aprender tarefas consideradas menores e servis, que ele não considera essenciais para se ser uma pessoa exemplar. Em 9.6. o Mestre parece perder a paciência para este tipo de observação e imediatamente assume as suas origens modestas, apesar de considerar que para se ser uma pessoa exemplar não existe a necessidade de aprender ofícios menores. No entanto, este tipo de afirmação prova que o confucionismo dá mais importância ao mérito pessoal do que à filiação, posição que na sua época e nas épocas subsequentes era algo a ter em elevada consideração.

177. Além da humildade decorrente desta afirmação, Confúcio elabora aqui o seu método de inquirição: examina qualquer problema de todos os pontos de vista possíveis até optar pela resposta que lhe parece não apenas fazer mais sentido, mas que implicará uma maior eficácia na acção, de acordo com a autenticidade interior (cheng) e a benevolência (ren).

178. A fénix e o mapa foram presságios auspiciosos enviados pelo Céu no passado para indicar que um rei-sábio surgia para trazer harmonia ao mundo. A fénix terá surgido durante o reinado de Shun e uma criatura com corpo de cavalo e cabeça de dragão terá emergido do Rio Amarelo no tempo de Fu Xi. Nas suas costas trazia marcas que inspiraram Fu Xi a criar o sistema de escrita chinês e os hexagramas do Livro das Mutações. Portanto, Confúcio considera que na ausência de um rei-sábio não haverá lugar para ele e para a sua Via, inspirada nos reis do passado.

179. Levantar-se e estugar o passo são sinais de respeito. O Mestre demonstra esse respeito pela dor, pela posição social e pela deficiência física.

180. Yan Hui dá aqui conta da dificuldade em seguir a Via do Mestre e da extrema força moral necessária para o fazer. Mas o próprio Mestre reconhece a extrema dificuldade de constantemente praticar o Meio. (Zhongyong, 3)

181. Talvez Zilu tivesse vergonha de seguir um mestre de tão baixa condição que nem servos possuía para o acompanharem na doença e, portanto, não teria modo de cumprir a conduta ritual devida a uma pessoa de alta condição. Mas Confúcio imediatamente desmonta a charada que Zilu organizou, preferindo a autenticidade dos discípulos a falsos servos. É certo que o Mestre aprecia os ritos acima de tudo, mas nunca os que são efectuados sem verdadeira autenticidade (cheng).

182. Trata-se aqui de uma metáfora. A peça de jade representa a pessoa exemplar que não se deve eximir de servir um governante quando entende existirem condições para isso. Mas, por outro lado, deve esperar pelo governante que siga a Via correcta, ou seja, esperar que lhe surja “o preço certo”. Fan Ziyu comenta: “A pessoa exemplar está sempre disposta a servir, mas também despreza qualquer oferta que não esteja de acordo com a Via. O letrado que espera da abordagem ritualmente correcta é como um pedaço de jade à espera do preço certo… ele não vai certamente comprometer a Via para obter recompensas ou gabar-se do seu jade quando o procura vender.”

183. É de tal modo eficaz o poder do exemplo que até os bárbaros seriam influenciados por ele.

184. Aqui temos a constatação da impermanência, do impiedoso fluxo do tempo e da mutação dos dez mil seres. Alguns comentadores classificam esta frase como um “lamento”, na medida em que Confúcio referir-se-ia ao facto do tempo passar e ele não ver implantada a sua Via. Mas outros limitam-se a ler nesta frase a base ontológica do pensamento chinês tradicional, que recusa essências e prescreve um constante devir, cujo ritmo se baseia, geralmente, na alternância entre o Yin e o Yang. Já nos escritos de Xun Zi encontramos uma descrição das características da água que nos levam por outros caminhos: num diálogo com Zigong, Confúcio revela encontrar na água as qualidades de virtude, rectidão, benevolência, sabedoria, semelhança ao Dao, etc. (Xun Zi, cap. 28)

185. Existem inúmeras explicações para esta sentença do Mestre que vacilam entre a explicação histórica (Sima Qian), situando-a num episódio em que o lugar que ele deveria ocupar foi entregue pelo duque Ling de Wei à sua consorte Nizan, quebrando assim as regras da conduta ritual; até aos que a lêem de forma mais filosófica, como é o caso de Xie Liangzuo, que comenta: “Amar uma mulher bonita ou odiar um mau cheiro são exemplos de sinceridade. Se se pudesse amar a virtude da maneira que se ama a beleza feminina, isto significaria amar sinceramente a virtude. Infelizmente, poucas pessoas são capazes de o fazer”.

186. Confúcio refere-se ao cultivo de si. Se, apesar de ter trabalhado arduamente, interromper esse trabalho, terá sido para nada; mas se estiver no início e continuar, tal significa um avanço, ainda que não chegue ao fim. Zhu Xi comenta: “Se o aluno é, ele mesmo, capaz de se fortalecer e não desistir, então os seus pequenos esforços acumulados resultarão num grande sucesso. Se, pelo contrário, ele pára a meio caminho, deita a perder tudo que já conseguiu. A decisão de parar ou seguir em frente está inteiramente dentro de mim, e não é determinada por outros”.

187. Frase proferida depois da morte precoce de Yan Hui que, por partir tão cedo, não chegou a realizar completamente a Via, apesar de ser o aluno favorito do Mestre. Também é lido como “Só o vi progredir e nunca desistir”.

188. Zhu Xi comenta: “A aprendizagem que não está completa é assim, por isso é que a pessoa exemplar valoriza a sua persistência.”

189. O Mestre critica os que só superficialmente, por interesse ou vaidade, aceitam críticas ou elogios, mas não procuram modificar-se interiormente, nem considerar o real alcance do que lhes é dito.

190. Ver 1.8. e respectiva nota.

191. Kong Anguo comenta: “Embora os três exércitos tenham muita gente, os corações dessas pessoas não estão unificados, pelo que se pode privar à força um tal grupo do seu comandante e, por conseguinte, capturá-lo. Embora um homem do povo seja insignificante, se conseguir agarrar-se firmemente à sua vontade, não se poderá tirar-lha”. Esta passagem é lida por vários comentadores como relacionada com o cultivo de si e a força de vontade necessária para o exercer através do estudo. Contudo, é também possível detectar aqui o travo de um reconhecimento da possibilidade de resistência individual à iniquidade dos governantes. Esta poderá ser inquebrantável, muito mais forte do que “três exércitos”.

192. Os versos são do Livro das Odes e citá-los será talvez o objectivo primeiro do Mestre, enquanto elogia capacidade de Zilu, capaz de permanecer humildemente vestido junto de pessoas de alta condição, sem com isso se sentir humilhado ou invejoso. Mas Zilu, pessoa irreflectida, deixa-se tomar pela vaidade de ter sido elogiado pelo Mestre, o que provoca a reacção negativa de Confúcio que lhe diz, traduzindo em português mais simples, “por esse andar, não vais a lado nenhum.” Zhu Xi comenta: “Zilu estava constantemente a recitar a estrofe, o que indica que ele estava muito satisfeito consigo mesmo no que diz respeito às seus capacidades e, portanto, poderia não estar a perseguir suficientemente progressos ao longo do Caminho”.

193. É quando enfrentamos condições adversas que o carácter e a moral da pessoa exemplar são realmente postos à prova. He Yan comenta: “O objectivo da metáfora é que mesmo as pessoas comuns são capazes de se regularem e de se ordenadarem… e, portanto, aparentemente semelhantes à pessoa exemplar quando se vive numa era bem governada, mas é apenas numa era caótica que reconhecemos a rectidão da pessoa exemplar e a sua integridade inabalável”.

194. Sun Chuo comenta: “Os sábios são capazes de distinguir claramente entre as coisas, e, portanto, não se confundem. Aquele que está à vontade na benevolência é constante na sua alegria, por isso está livre de ansiedade”. Já o corajoso não se deixa intimidar pela força física ou ameaças, por isso não sente medo. Mas o que aqui será mais interessante é a definição pela negativa e não pela positiva, ou seja, confusão, ansiedade e medo, sintomas que refutarão um estado de perfeita virtude.

195. Algo surpreendente esta passagem, na medida em que admite um distanciamento, mesmo a nível de comportamento, entre discípulo e mestre, entre amigos, entre governante e o seu sucessor. Aqui Confúcio reconhece a cada um a sua própria via e não a necessidade de imitação ou emulação.

196. Mais uma passagem que tem sugerido variadas interpretações. Estará o Mestre a falar realmente do amor por alguém ou do amor à virtude? Ou meramente critica a falta de empenhamento, não possível quando se trata de um sentimento verdadeiro?

14 Jun 2023

Assédio sexual | PJ diz não recebeu queixa após post anónimo

A Polícia Judiciária (PJ) esclareceu ontem não ter recebido qualquer queixa após ter sido feita uma publicação anónima nas redes sociais sobre um alegado caso de assédio sexual a uma aluna por parte de um professor.

Segundo o comunicado da PJ, “está a ser apurada a veracidade” da informação, tendo sido feito um apelo para que “a vítima ou indivíduos que tenham conhecimento desse incidente para que contactem imediatamente a polícia através da linha aberta 993”.

A PJ destaca ainda que o “silêncio é equivalente à tolerância” em relação ao crime de assédio, pelo que as vítimas “não devem ter medo e tolerar a situação, pedindo ajuda imediata a pessoas da sua confiança ou à polícia para levar o autor de tais actos à justiça”.

14 Jun 2023

Burlas | Alerta para falsas ofertas de emprego

Lam Lon Wai pediu ao Governo para voltar a organizar palestras e actividades de sensibilização para burlas que seduzem jovens com falsas ofertas de emprego durante o Verão. Numa interpelação escrita divulgada ontem, o deputado dos Operários recordou que este tipo de crime verificou-se com alguma incidência no ano passado e que, neste momento, com a recuperação do mercado laboral estão criadas condições para que o fenómeno regresse.

A falta de experiência de vida e a vontade de auferir elevadas remunerações em pouco tempo podem determinar elevadas perdas patrimoniais, ou levar os “candidatos” a pagar despesas para participar em entrevistas de emprego ou para custear formações que não existem. Além disso, Lam Lon Wai recordou que no ano passado, muitos menores foram recrutados para contrabandear bens para Zhuhai.

Apreendidos quase 350 acessórios de consolas

Na passada sexta-feira, as autoridades alfandegárias de Gongbei apreenderam 348 acessórios de consola de jogos descobertos num carro com dupla matrícula que tentava entrar em Zhuhai. Dentro do veículo, com matrícula de Macau e Guangdong, as autoridades encontraram duas caixas de papelão com 255 transformadores para comandos, 30 acessórios de consola Wii e 63 comandos. Segundo o comunicado dos serviços de alfândega de Gongbei, o condutor não declarou os artigos em causa, nem foi detido.

14 Jun 2023

Diversificação da economia em consulta pública

O Governo dá hoje início a uma série de sessões de auscultação de opiniões sobre o “Plano de Desenvolvimento da Diversificação Adequada da Economia da RAEM (2024-2028)”, indicou ontem o Gabinete de Comunicação Social.

O Executivo leva a consulta pública os “planos de pormenor do desenvolvimento para a indústria de turismo e lazer integrado, a indústria de medicina tradicional chinesa e de big health, a indústria financeira moderna, a indústria de tecnologia de ponta e a reconversão e valorização das industriais tradicionais, como também a indústria de convenções, exposições e comércio, e de cultura e desporto”.

O objectivo do Governo é “auscultar opiniões e sugestões dos representantes de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), dos membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), dos membros do Conselho Executivo, dos deputados, dos sectores e dos especialistas”.

A primeira sessão de auscultação de opiniões será destinada à indústria de medicina tradicional chinesa e de big health.

Segundo o GCS, o plano “define objectivos concretos de crescimento, missões principais e projectos chave para os próximos cinco anos, a fim de guiar o desenvolvimento futuro dos sectores e orientar os investimentos sociais e desenvolvimento pessoal dos residentes”.

As próximas sessões irão ter como temas “a indústria de turismo e lazer integrado, a indústria financeira moderna, a indústria de tecnologia de ponta e a reconversão e valorização das industriais tradicionais, e a indústria de convenções, exposições e comércio, e de cultura e desporto.”

14 Jun 2023

Air Macau | Prejuízo subiu em 2022 para mais de mil milhões

Os prejuízos da Air Macau aumentaram ao longo do ano passado para mais de mil milhões de patacas. Em 2022, os prejuízos da companhia aérea aumentaram mais de um quarto em termos anuais, devido ao impacto da pandemia e ao aumento do preço dos combustíveis

 

O prejuízo da companhia aérea da Air Macau aumentou mais de um quarto em 2022, atingindo mais de mil milhões de patacas, indicam dados divulgados ontem.

A companhia aérea justificou o agravamento do prejuízo com “o impacto do ressurgimento da pandemia [na China] e o aumento do preço de petróleo”, de acordo com os resultados financeiros da Air Macau, publicados ontem no Boletim Oficial.

As receitas operacionais da Air Macau foram de 887 milhões de patacas uma redução de 26 por cento em comparação com 2021.

A companhia aérea tem vindo a registar prejuízos sem precedentes desde o início da pandemia da covid-19, que levou à imposição de restrições à vinda de turistas do Interior da China, o principal mercado para Macau.

Em Dezembro, os accionistas da Air Macau, controlada pela companhia aérea estatal chinesa Air China, decidiram reduzir o capital social em 1,4 mil milhões de patacas “para compensar as perdas”.

No relatório, que acompanha os resultados, o Conselho Fiscal da Air Macau sublinhou que a companhia aérea “continua a enfrentar muitos desafios, devido aos encargos com as dívidas e à subida dos preços dos combustíveis”.

O que se vislumbra

Macau, que à semelhança da China seguia a política ‘zero covid’, anunciou, em Dezembro, o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições. A China levantou em 6 de Fevereiro o fim de todas as restrições devido à covid-19 nas deslocações para Hong Kong e Macau, permitindo o reinício das excursões organizadas para as duas cidades.

Por outro lado, a Assembleia Legislativa prepara-se para debater um novo regime jurídico da aviação civil, para pôr fim à concessão da Air Macau, em regime de exclusividade há quase 28 anos. Macau quer liberalizar gradualmente o mercado da aviação civil, com vista à internacionalização do transporte aéreo do território, disse o presidente da Autoridade de Aviação Civil, Pun Wa Kin, na apresentação da proposta de lei.

Em Outubro de 2020, a concessão da Air Macau foi estendida até Novembro de 2023. Na altura, o Governo prometeu abrir o mercado de transporte aéreo do território, após o final da concessão.

14 Jun 2023

Banco central da China | Custo de financiamento reduzido para estimular economia

As autoridades tentam agora acelerar o processo de recuperação financeira iniciado após o fim das rígidas medidas de combate à pandemia que vigoraram nos últimos anos

 

O Banco Popular da China (banco central) cortou ontem o custo de financiamento a curto prazo, visando estimular a economia, numa altura em que o país regista uma débil recuperação, após ter abandonado a estratégia ‘zero covid’.

O banco central anunciou um corte na taxa para operações de venda com acordo de recompra (Repo, em inglês) de sete dias, em 10 pontos base, de 2 por cento para 1,9 por cento, injectando dois mil milhões de yuan no sistema bancário.

Os acordos de recompra constituem uma forma de financiamento em que a instituição financeira cede títulos da sua carteira como contrapartida de um empréstimo e, simultaneamente, se obriga a recomprá-los numa data preestabelecida. A diferença entre os preços de venda e de recompra constitui o juro pago pelo devedor.

A decisão do Banco Popular da China surge após os principais bancos estatais do país terem reduzido, na semana passada, as taxas para a remuneração dos depósitos a prazo, sinalizando uma flexibilização monetária.

A medida ocorre também antes do banco central anunciar a decisão sobre as taxas de juro para empréstimos a médio prazo, prevista para quinta-feira. Num relatório, a divisão de gestão de fortunas do banco UBS disse esperar mais flexibilização da política monetária daqui para a frente.

“Acreditamos que a política monetária vai continuar a concentrar-se em manter a liquidez ampla e o crescimento do crédito estável”, indicaram os analistas do UBS, prevendo que o banco central vai fazer entre um e dois cortes “modestos” este ano.

Após a decisão, o preço dos títulos de dívida soberana da China subiu. O rendimento das obrigações do Governo a 10 anos caiu cerca de 4,0 pontos base, fixando-se em 2,645 por cento, o valor mais baixo dos últimos nove meses. O valor do dólar norte-americano face ao yuan subiu para 7,1610, logo após o banco central ter anunciado a sua decisão.

Olhos no presente

Vários indicadores económicos, incluindo o comércio externo, consumo ou actividade da indústria transformadora sugerem um abrandamento na recuperação da economia da China, após Pequim ter abolido, em Dezembro, as medidas de prevenção contra a covid-19, que no ano passado empurraram o país para um ciclo de bloqueios e estagnação.

A decisão do banco central visa desencorajar a poupança, de modo a promover a actividade e apoiar a economia.

O crescimento económico nos primeiros três meses do ano acelerou para 4,5 por cento, em comparação com igual período de 2022, mas os analistas dizem que o pico da recuperação provavelmente já passou.

O ritmo de crescimento ficou também aquém da meta estabelecida pelo Partido Comunista para este ano: “cerca de 5 por cento”.

13 Jun 2023

Circuito da Guia | Concentração motard dia 24

No âmbito das celebrações do 24 de Junho, e também do sétimo aniversário da Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, será organizada, no dia 24, uma concentração motard no Circuito da Guia, também em jeito de celebração da 70.ª edição do Grande Prémio de Macau.

A concentração terá cerca de 70 participantes, realizando-se a partir das 9h30 na área do pit lane do edifício do Grande Prémio. A cerimónia de abertura realiza-se às 10h30, com uma paragem às 10h45 para uma foto de grupo junto à curva do Hotel Lisboa. Às 11h15 decorre a restante volta ao circuito habitual do Grande Prémio, com uma passagem pelo NAPE e paragem no Harbourview Hotel para almoço.

13 Jun 2023

Toyota planeia introduzir baterias de estado sólido em veículos em 2027

O fabricante japonês de automóveis Toyota Motor anunciou hoje que pretende começar a comercializar entre 2027 e 2028 baterias de estado sólido, para melhorar a autonomia dos veículos elétricos.

A iniciativa faz parte de uma estratégia de descarbonização futura, anunciada pelo líder mundial do setor automóvel em volume de vendas, a par de outras iniciativas como a manutenção do compromisso com o desenvolvimento de veículos com baterias de hidrogénio.

A Toyota Motor desenvolveu uma tecnologia própria para baterias de estado sólido, atualmente na fase de protótipo, e, quando atingir a produção em grande escala no horizonte previsto, vai substituir as atuais baterias de iões de lítio utilizadas nos modelos híbridos.

Na apresentação da estratégia, a empresa afirmou ter conseguido melhorar a capacidade das atuais baterias utilizadas, resolver o problema de durabilidade dos novos protótipos e atingir um certo nível de aplicabilidade.

A Toyota tinha inicialmente planeado começar, em meados desta década, a utilizar as novas baterias de estado sólido nos veículos híbridos, mas reviu esta política com base no ritmo do desenvolvimento tecnológico.

A empresa também planeia reduzir os custos de produção dos veículos elétricos e introduzir melhorias na condução autónoma e no design aerodinâmico para uma nova linha de veículos deste tipo, a ser lançada a partir de 2026.

A Toyota Motor pretende vender cerca de 1,7 milhão de veículos elétricos nesse ano e aumentar esse número para 3,5 milhões até 2030, de acordo com a estratégia da empresa agora apresentada.

13 Jun 2023

China | Homem atropela pedestres deliberadamente e mata duas pessoas na China

Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas na cidade chinesa de Gaoyou, após um homem ter conduzido deliberadamente um carro contra um grupo de pessoas, no domingo, informou hoje o jornal local The Paper.

A polícia disse que se deslocou ao local, logo após o incidente, ocorrido no domingo pelas 20:00, para coordenar o atendimento médico aos feridos e iniciar uma investigação. O suspeito, que foi preso, é um homem de 25 anos. Nos últimos meses, ocorreram vários incidentes semelhantes na China.

No início de abril, um homem, de 47 anos, atropelou um grupo de pedestres na cidade de Pingdingshan, no centro do país. Três pessoas morreram e sete ficaram feridas.

Em janeiro passado, um motorista atropelou vários pedestres e causou a morte de cinco pessoas na cidade de Cantão, no sudeste.

Em abril passado, a justiça chinesa executou um homem por ter conduzido deliberadamente um carro contra um grupo de pessoas, causando cinco mortos, na cidade de Dalian, em 2021.

13 Jun 2023

Lançado miniprograma em chinês com promoção turística portuguesa

O Turismo de Portugal lançou ontem um miniprograma acessível a partir do Wechat, aplicação chinesa que funciona como rede social e carteira digital, visando promover a gastronomia, pontos turísticos ou festividades portuguesas no maior mercado do mundo.

“É um motor de busca 100 por cento dedicado a Portugal”, descreveu Tiago Brito, o representante permanente do Turismo de Portugal na China, à agência Lusa. “O alvo é sobretudo o consumidor final, e não tanto grupos organizados”, afirmou.

O conteúdo do miniprograma está todo traduzido para chinês e é composto por 750 pontos de interesse divididos por regiões, incluindo atracções turísticas, entretenimento, compras, gastronomia ou hotelaria.

Um clique, por exemplo, na secção Porto e Norte permite conhecer os principiais pontos turísticos da região, desde o centro histórico portuense ao Parque Natural de Montesinho, situado no nordeste transmontano. Na subsecção Gastronomia e Vinhos, surgem apresentações em chinês sobre a posta à mirandesa, francesinha, bacalhau à Brás ou a Rota dos Vinhos Verdes.

Criado em 2011 pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat é hoje indispensável no dia-a-dia na China, unindo as funções de rede social, serviço de mensagens instantâneas e carteira digital. Diferentes estimativas colocam o número de utilizadores activos da ‘app’ no país asiático em mais de 800 milhões.

A iniciativa ilustra os esforços das autoridades portuguesas para gerar mais valor na China, o maior emissor de turistas do mundo.

Fique por cá

Em 2019, o último ano antes da pandemia, 155 milhões de chineses viajaram para o exterior, de acordo com uma análise do banco de investimento norte-americano Citigroup. No total, os turistas oriundos da China continental gastaram 255 mil milhões de dólares além-fronteiras.

“O objectivo é crescer em valor: queremos que os turistas chineses retomem a procura por Portugal, mas queremos essencialmente que eles fiquem mais tempo no país”, frisou Tiago Brito.

O responsável explicou que, em média, o hóspede chinês fica menos de duas noites em Portugal. “Nós queremos influenciar a procura ou qualificar a procura para que fiquem mais tempo, conheçam melhor Portugal e gerem mais receita para o país, o que nos ajudará a equilibrar a balança comercial com a China”, disse.

Segundo dados facultados à Lusa pelo representante permanente do Turismo de Portugal na China, mais de 385 mil chineses visitaram Portugal em 2019, o último ano antes da pandemia. Os turistas oriundos da China gastaram, no total, 224 milhões de euros no país, um crescimento de 20 por cento, face a 2018.

A ligação aérea entre Portugal e a China está a ser feita apenas duas vezes por semana. Até ao início da pandemia, o voo realizava-se três vezes por semana. A companhia aérea Beijing Capital Airlines, que opera a ligação, previu à Lusa que a reposição da frequência original deve ser feita ao longo deste ano, dependendo do aumento da procura.

13 Jun 2023

Teatro em patuá – Rompendo o tempo e o espaço da língua

Por 林江泉 Lam Kongchuen*

Na área da Grande Baía, existe uma língua única que transcende as barreiras linguísticas, rompe as fronteiras culturais e cria ligações multilingues. As pessoas recombinam-se e exploram novas vidas neste interface especial de “duas palavras e três línguas” ou mesmo de composição multilingue, e continuam a enfrentar as incógnitas linguísticas com uma atitude aberta em relação às diferentes línguas. Só existe uma região com uma tão misturada língua: o Patuá em Macau.

O Patuá é um património cultural formado em Macau durante a colisão e turbulência das culturas chinesa e ocidental, derivado principalmente do antigo dialecto português de Macau. Tem por base o português, misturado com os dialectos chinês e cantonense, bem como com malaio, espanhol, goês, canarim, inglês. Emite uma força colectiva de linguagem, e as fronteiras da comunicação parecem já não estar definidas e limitadas por um tempo e um espaço específicos, tornando-se uma mistura e um receptor de linguagem, tornando-se assim uma testemunha do desenvolvimento da história humana – a “história viva”. Um poeta francês disse um dia: “O pequeno tamanho de Paris é o seu grande tamanho”. A língua nativa é uma língua pequena na língua local, mas também exala uma grande tensão, reflectindo as características urbanas do intercâmbio cultural e do multiculturalismo entre o Leste e o Oeste em Macau.

O guião mais antigo publicado pelo Teatro em patuá indica como data de representação o dia 18 de Fevereiro de 1925, e a estudiosa macaense da cultura local, Elisabela Larrea, estima a sua história em mais de cem anos. Há trinta anos atrás, esta linguagem mista foi levada para o palco, desenvolvendo uma forma única de actuação em Macau – o Teatro em patuá. O Teatro em patuá é uma actividade artística única da comunidade Filhos da terra em Macau. Em 2021, foi incluído na “Lista de Projectos Representativos do Património Cultural Imaterial Nacional”. Actualmente, o Teatro em patuá tornou-se um projecto incluído no Festival de Artes de Macau. Na cerimónia de encerramento do 33.º Festival de Arte de Macau, o grupo aDóci Papiaçam apresentou uma peça original – “Chachau Alau di Carnival (Oh! Que Arraial!)”. A peça é uma expressão concentrada de “patuá” e também um sistema metafórico da língua, que altera as suas fronteiras, bem como as do tempo, do espaço e da vida. No mundo dramático em que o discurso substitui o enredo, o Teatro em patuá ocupa uma posição importante, alterando a psicologia e os hábitos de visionamento estabelecidos pelo público. O desenvolvimento do Teatro em patuá passou por uma fase construtiva de regressão dialéctica, integrando sentimentos individuais locais e reflexão cultural no drama, alargando continuamente as características artísticas únicas do drama misto.

Na sessão de “Chachau Alaau di Carnaval (Oh. Que Arraial!)”, os Filhos da terra representavam a maioria, muitos dos quais vieram com a família para assistir. Assisti a esta peça de duas horas e meia com a minha filha, de 6 anos, e já eram 23 horas. Antes de vir assistir à peça, a minha filha atinha participado no encontro desportivo de crianças nessa manhã. De um modo geral, a sua força física deveria ter-se esgotado excessivamente, mas não se sentiu nada cansada durante o processo de visionamento da peça; pelo contrário, ficou ainda mais excitada. Embora não consiga entender Patuá, compreende outras línguas, como o mandarim, o cantonês e o inglês. Ela assistiu de forma consciente e perceptiva e partilhou o riso e a resposta com o público. A arte dramática não é igual à narrativa: abrir a percepção é uma parte importante do visionamento de uma peça de teatro. A minha filha também falava cantonês antes de ir para o jardim-de-infância, mas depois da escola passou a falar sobretudo mandarim, o que afectou o seu hábito de falar cantonês. Desde que viu uma pequena parte de cantonês em “Chachau Alaau di Carnaval (Oh. Que Arraial!)”, voltou a despertar o seu interesse em falar cantonês. No segundo dia de visionamento da peça, ela começou a tagarelar incessantemente, imitando o “Bom dia” em Patuá para dar as boas-vindas à manhã, e até tentou comunicar connosco em cantonês durante um dia. Isto significa que a hipotética cena de representação do drama remove tudo o que não está relacionado com o drama e regressa à sua essência – a colecção da mente e da percepção.

Sendo a única dramatização da integração da comunidade dos Filhos da terra, o Teatro em Patuá torna “único” o programa do Festival de Artes de Macau,. O “Chachau Alau” em “Chachau Alau di Carnaval (Oh. Que Arraial! )”, realizado pelo Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, dirigido por Miguel de Senna Fernandes, é um termo geral para utensílios de cozinha em cantonense, que é equivalente ao significado de “tachos e panelas” em mandarim. Aqui, é “preparação” e também preparação; é um carnaval e uma metáfora viva para “carnaval”.

A peça conta a seguinte história: com o relaxamento gradual das múltiplas medidas de prevenção de epidemias em Macau, o número de turistas que chegam continua a crescer. Um determinado bairro foi seleccionado como piloto para as actividades carnavalescas e uma série de espectáculos culturais e artísticos abrangentes serão realizados para participar no espectáculo do carnaval de Macau, acrescentando vitalidade à pequena cidade. Depois de a notícia deste plano se ter espalhado, houve muitos elogios por parte do público, e os residentes da comunidade esfregaram as mãos, esforçaram-se por conceber as actuações mais emocionantes e ensaiaram em conjunto. No entanto, para atrair mais espectadores com a participação do público, o organizador convidou inesperadamente um artista não local para actuar, o que surpreendeu os residentes da zona…

As duas cenas da peça também misturaram vários tipos de curtas-metragens de comédia e muitos dos espectadores também foram actores na parte da peça dedicada às curtas-metragens. Esta abordagem teatral desconstrutiva e disruptiva demonstra plenamente a natureza exploratória dos teatros multimédia. A peça produz um efeito composto de “drama e drama em sincronia”, utilizando o drama para desconstruir o drama. O drama já não é um drama absoluto, mas um drama que sempre foi um fenómeno de desenvolvimento social ou uma trajectória da vida quotidiana. O segmento de curta-metragem da peça inclui o segmento de performance “serious standup comedy”, de Carlos Morais José, “Eu e o Outro”, que discute principalmente a relação emaranhada entre Eu e o Outro num sentido filosófico. Brinquei com o facto de ter mantido sempre esta relação com as suas cartas. O mestre de teatro Peter Brook escreveu em “The Open Door” que o drama começa com uma relação: “O drama começa quando duas pessoas se encontram e se uma pessoa se levanta e a outra olha para ela, já começou. Para que se desenvolva, é necessário que uma terceira pessoa se encontre com a primeira. Desta forma, está vivo e pode continuar a desenvolver-se. Mas os três elementos no início são os mais básicos”.

Este ano coincide com o 30º aniversário da fundação do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau. O drama Chachau Alau di Carnaval foi apresentado no encerramento do festival. O festival abriu especialmente com a “Exposição de fotografias do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau: Multiculturalismo em Palco há 30 Anos”, convidando o público a entrar no interior deste património cultural imaterial nacional a partir de múltiplas perspectivas. De facto, a exposição pode também ser encarada como um drama estático, prefigurando uma forma de “descobrir o teatro”. Pode dizer-se que a “peça na peça” ou “curtas-metragens na peça” de “Chachau Dalau di Carnaval” e a exposição de imagens do grupo de teatro estão de acordo com os três elementos do drama de Peter Brook.

O Teatro em Patuá tem as características do estilo ocidental de “revista”, sobreposto à forma de actuação da Opereta. Esta peça humorística é fundamentada, popular e acessível, e a história é simples. Através dos diálogos e acções cómicas, zangadas e engraçadas dos actores, faz piadas e sátiras sob a forma de comédia ou farsa, critica a situação actual, combina ironia subtil com humor e exprime a situação dos seres humanos na sociedade contemporânea sob a forma de farsa, apresenta o verdadeiro estado da existência humana numa atmosfera de comédia compressiva. Os temas do Teatro em Patuá são na sua maioria retirados de Macau, e giram em torno de pequenas coisas da vida para desencadear o pensamento, reflectindo os pensamentos e pontos de vista dos macaenses, mostrando as características culturais da sua natureza optimista, um Macau profundamente amado e procurado por muitos macaenses e chineses locais. Quer em termos de enredo global, quer em termos de pontos individuais do enredo, “Chachau Alaau di Carnaval” procura sempre um equilíbrio entre a linguagem e a narrativa: a preposição da linguagem e o recuo da narrativa conseguem esse equilíbrio. Os criadores traduziram e codificaram o protótipo de Patuá, tentando restaurar a aparência original da vida, e tudo voltou ao teatro.

O seu cenário é quotidiano, próximo do ambiente diário da vida real de Macau, e o sistema de beleza da dança tende a concentrar-se no requinte, explorando o significado potencial da localidade e a simbolização da Área da Grande Baía. Ao mesmo tempo, os actores fazem um estilo carnavalesco de “reunir e falar” com o público, tornando-o parte integrante do desenvolvimento do enredo, eliminando assim a distância entre os actores e o público. Através da representação desta peça, o Teatro em Patuá ganhou uma nova alcunha: “Drama de estilo carnavalesco”. A integração de alguns elementos humorísticos omnipresentes na vida quotidiana para retratar de forma mais realista a vida de uma comunidade minoritária não só exprime o alcance da língua no desenvolvimento social e histórico, como também aumenta o poder multidimensional da peça.

Actualmente, pelo menos 43 por cento das cerca de 6000 línguas existentes no mundo estão em vias de extinção. As pessoas esforçam-se por procurar novas tecnologias e métodos artísticos para as salvar. Actualmente, apenas alguns residentes de Macau ainda usam o patuá, que está listado como “língua em vias de extinção” pela UNESCO. E o Teatro em patuá de Macau está a despertar a atenção da sociedade para a cultura dos Filhos da terra e a sua influência no mundo teatral sob a forma de arte. Humboldt, um linguista e educador alemão, disse que: “Cada língua contém uma visão única do mundo”. Quando uma língua desaparece, os seres humanos perdem uma visão do mundo e a riqueza dessa sua visão. A diversidade do mundo foi afectada pela homogeneização e o Teatro em patuá manteve sempre a sua singularidade, tornando-se uma linguagem e um mecanismo artístico que explora constantemente a riqueza dentro das suas limitações.

Em “Chachau Alau di Carnaval” há uma frase que aparece constantemente: “Macau está empenhado em construir uma base de intercâmbio e cooperação com a cultura chinesa como a corrente principal e diversas culturas coexistindo.” Da herança crítica à prosperidade cultural inovadora, tem ajudado o desenvolvimento económico moderadamente diversificado de Macau, tornando-se um novo cartão de visita para Macau se tornar global. O Teatro em patuá parte de Macau, passa por São Francisco, São Paulo, Porto, Lisboa e outras cidades, e tem vindo a desempenhar o papel de movimento em direcção a diferentes continentes. Brook escreveu em “Time Line”: “Não é um drama, é uma viagem”. Miguel de Senna Fernandes, fundador e líder do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, é um dos Filhos da terra. Há mais de 270 anos, os seus antepassados criaram raízes em Macau, viajando de longe. Ele acredita que, no futuro, poderá transformar as peças em dialecto local numa plataforma cultural e tornar-se numa ponte para o intercâmbio cultural entre a China e Portugal. Miguel abordou a essência do drama – viajar é comunicar e a história da comunicação humana e das viagens é composta por uma série de dramas.

*Artista contemporâneo, director de teatro e cinema, escritor e poeta

13 Jun 2023

Pyongyang | Kim Jong-un oferece “apoio total” a Putin

O líder norte-coreano ofereceu o “apoio total” de Pyongyang a Moscovo numa mensagem dirigida ao Presidente russo, informaram ontem os meios de comunicação social estatais norte-coreanos. Kim Jong-un enviou uma mensagem de felicitações a Vladimir Putin por ocasião dos feriados da Rússia, um dos poucos aliados de Pyongyang.

A declaração, publicada pela agência oficial de notícias norte-coreana KCNA, não menciona especificamente a invasão da Ucrânia ou o envolvimento de Moscovo num conflito armado, mas elogia a “boa decisão e liderança (…) de Putin para impedir as crescentes ameaças de forças hostis”.

O povo norte-coreano oferece “total apoio e solidariedade ao povo russo na luta incansável para defender a causa sagrada da preservação dos direitos soberanos, do desenvolvimento e dos interesses do país contra as práticas arbitrárias e autoritárias dos imperialistas”.

A Coreia do Norte descreveu o conflito como uma “guerra por procuração” dos Estados Unidos para destruir a Rússia e condenou a ajuda militar ocidental a Kiev.

Em Janeiro, Washington acusou a Coreia do Norte de fornecer foguetes e mísseis ao grupo paramilitar russo Wagner, o que Pyongyang negou.

Em Março, Washington afirmou ter provas de que Moscovo procurava obter armas de Pyongyang para a ofensiva na Ucrânia, em troca de ajuda alimentar à Coreia do Norte, cuja economia e agricultura estão em ruínas.

Enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia vetou durante muito tempo a adopção de novas sanções contra a Coreia do Norte, devido ao programa nuclear e aos repetidos lançamentos de mísseis.

13 Jun 2023

Nova Zelândia | PM visita Pequim este mês para impulsionar comércio

O primeiro-ministro da Nova Zelândia anunciou ontem que vai liderar, no final de Junho, a deslocação de uma delegação comercial à China, principal parceiro comercial do país e cuja crescente influência no Pacífico Sul suscita preocupação em Wellington.

“A relação com a China é uma das mais significativas, extensas e complexas da Nova Zelândia”, afirmou Chris Hipkins, durante uma conferência de imprensa que serviu para anunciar a primeira viagem de um chefe de Governo da Nova Zelândia à China desde 2019.

Hipkins disse esperar que a visita aumente o comércio com a China e diversifique a cooperação para outros “sectores emergentes”, como a saúde e bem-estar ou a indústria dos cosméticos.

A Nova Zelândia exporta sobretudo laticínios e produtos à base de carne. As vendas para a China representam um quarto das exportações do país. A Nova Zelândia importa electrónicos, maquinaria, roupas e móveis do país asiático.

O anúncio surge depois de o governo da Nova Zelândia ter assinado a “Declaração Conjunta contra a Coerção Económica no Comércio”, em Paris, no fim de semana, junto com a Austrália, Canadá, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, em resposta às práticas da China.

A embaixada chinesa em Wellington publicou este fim de semana, por sua vez, um comunicado no qual afirmou que “alguns países tendem a ir longe demais ou a abusar do conceito de segurança nacional para impor políticas protecionistas sob vários pretextos, que violam descaradamente tanto as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) como os compromissos realizados em conjunto por todas as partes”, numa alusão aos Estados Unidos.

O primeiro-ministro da Nova Zelândia assegurou que o seu governo mantém “um diálogo sólido e contínuo com a China”. Ao contrário da Austrália, a Nova Zelândia não foi alvo de sanções chinesas.

A Nova Zelândia é parceira histórica dos Estados Unidos e da Austrália, integrando a aliança de inteligência Cinco Olhos, que também inclui o Canadá e o Reino Unido.

13 Jun 2023

Casamentos | Ano de 2022 com menor registo desde 1986 na China

A China registou 6,83 milhões de novos casamentos, em 2022, o número mais baixo desde que os registos começaram a ser feitos, em 1986, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pela imprensa estatal.

Em 2021, o número já tinha atingido um novo mínimo, com 7,63 milhões de matrimónios celebrados. De acordo com dados do Ministério dos Assuntos Civis, o número de registos de casamento na China está em queda desde 2013, quando houve 13,46 milhões de casamentos. Em 2019, o número caiu abaixo dos dez milhões pela primeira vez.

Citado pelo jornal oficial Global Times, o demógrafo He Yafu disse que o ano passado marcou o número mais baixo, não apenas desde que há registos, mas desde 1980, de acordo com os seus cálculos.

He destacou a contração na população jovem e a existência de mais homens do que mulheres no país asiático como factores responsáveis pela queda do número de casamentos.

De acordo com o último censo populacional da China, realizado em 2020, havia 17,52 milhões mais homens do que mulheres na faixa etária entre os 20 e 40 anos. A idade média do primeiro casamento para mulheres aumentou de 24 anos, em 2010, para 27,95 anos, em 2020.

O especialista apontou ainda o “alto custo” do casamento, que por vezes inclui o dote, costume ainda presente em algumas zonas do país, e as “mudanças de atitude face ao casamento entre as novas gerações” como outras razões para a queda no número de matrimónios.

A China perdeu 850 mil habitantes, em 2022, no primeiro declínio populacional em mais de meio século.

No 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado em 2022, o partido no poder indicou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos com gravidez, parto, escolaridade e paternidade”.

13 Jun 2023