Hoje Macau China / ÁsiaIPOR ajuda Club Lusitano a elevar qualidade do ensino do português Os cursos de língua portuguesa oferecidos pelo Club Lusitano de Hong Kong vão ter orientação do Instituto Português do Oriente (IPOR), graças a um acordo assinado em Macau, disseram as duas instituições à Lusa. O Club Lusitano de Hong Kong, com cerca de 400 membros, tem disponíveis cursos de português há cerca de cinco anos, mas a iniciativa “não é oficial”, indicou à Lusa o presidente a instituição, Patrick Rozario, que quer agora levar mais qualidade à oferta da instituição. Nesse sentido, Club Lusitano e IPOR assinaram, na quinta-feira, em Macau, um acordo que, entre outros propósitos, quer reforçar a colaboração no ensino e aprendizagem de português. “No futuro, as aulas de português que oferecemos no Club estarão sob a orientação e aprovação do IPOR. Continuaremos a fazer o que temos feito, mas o IPOR vai ajudar-nos com o material e programa”, reforçou o presidente da maior instituição da comunidade lusodescendente de Hong Kong, fundada em 1866. Rozario espera também no futuro disponibilizar os cursos para não-membros. Para já, especifica, “membros e amigos” – incluindo ‘vistos gold’ – têm recorrido ao programa linguístico. “Parece que temos cada vez mais pessoas interessadas em frequentar aulas de português”, disse o lusodescendente, notando que, nos últimos “quatro, cinco anos”, passaram por ali entre 30 a 40 alunos. Lançar âncora Sobre como esta parceria vai funcionar, a directora do IPOR explicou à Lusa que os cursos serão organizados pelo IPOR – incluindo programas e metodologia de ensino – e os formadores orientados pela instituição. “Quando se emitir um certificado das aprendizagens destes cursos, que são feitos no Club Lusitano, tem-se à partida a chancela do IPOR, e a chancela do IPOR oferece a qualidade”, adiantou. Ainda no que diz respeito ao protocolo assinado na quinta-feira, Patrícia Ribeiro falou na intenção de “estreitar a colaboração na área cultural e realização de eventos” em Hong Kong. “Somos convidados a participar em feiras ou festivais (…) Como o consulado [de Portugal em Macau e Hong Kong] não tem um gabinete [em Hong Kong], mas apenas uma pessoa – e não é todos os dias -, o Club Lusitano será um apoio para podermos desenvolver estas actividades e promover a língua e a cultura portuguesa”, notou.
Hoje Macau EventosNova edição da Bienal de Macau arranca sábado É já no sábado, 19, que começa mais uma edição da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau, que tem como tema “Olá, o que fazes aqui?”. No primeiro dia, a exposição principal da Bienal será inaugurada no Museu de Arte de Macau (MAM), e inclui trabalhos de 46 artistas oriundos de 13 países e regiões, apresentando-se ao público cerca de 80 obras ou conjuntos. Nesta mostra, que está patente até ao dia 19 de Outubro deste ano, o público é “convidado a reflectir sobre a história e memória ‘local’ de Macau”, bem como as “complexidades da situação global e a explorar a natureza da vida em profundidade”. Participam artistas como Xu Bing, Bart Hess, Zhang Peili, Chan Hung-Lu e Kimsooja. Também no sábado, decorre, às 15h, uma palestra moderada pelo curador da Bienal, Feng Boyi, que estará a dialogar com os co-curadores Liu Gang e Wu Wei, juntamente com os artistas Song Dong e Xue Feng. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), estas personalidades vão aproveitar a Bienal de Macau como “caso de estudo”, analisando na sessão “os temas de exposição, conceitos, os detalhes de implementação, as discrepâncias resultantes e os resultados, explorando o estado actual, as questões e os dilemas que a curadoria enfrenta actualmente, assim como o pensamento, as estratégias e soluções envolvidas”. Destaque para o facto de esta palestra decorrer em mandarim e ter tradução apenas para inglês. Explorar alienígenas Ainda no sábado, decorrem duas sessões de um workshop protagonizado pelo artista Chan Hung-Lu. Este evento tem como tema “Exploração de alienígenas interiores”, recorrendo-se às obras expostas e orientação dos participantes para que estes possam “visualizar mentalmente outros alienígenas através do telemóvel e reflectir sobre as origens e diferenças através de práticas de meditação e tecnologia de geração de imagens por Inteligência Artificial”. Este workshop será ministrado em mandarim. A Bienal de Macau divide-se em seis secções, nomeadamente a Exposição Principal, a Exposição de Arte Pública, o Pavilhão da Cidade, a Exposição Especial, o Projecto de Curadoria Local e a Exposição Colateral, com cerca de 30 exposições realizadas entre Julho e Outubro deste ano.
Hoje Macau EventosDoca dos Pescadores | Festival de Gastronomia até ao próximo domingo Os curiosos sobre comidas diferentes das dos seus países de origem têm a oportunidade de, até domingo, descobrir a gastronomia do Interior da China, países como Tailândia, Turquia ou mesmo Arábia Saudita, e até o Brasil. Todos os sabores vão dar à Doca dos Pescadores que acolhe a Festa Internacional das Cidades da Gastronomia Arrancou na sexta-feira a Festa Internacional das Cidades da Gastronomia que, até domingo, 20, deambula entre a Praça do Coliseu Romano e Legend Boulevard da Doca dos Pescadores. Além das palestras que decorrem hoje com chefs de renome, o público poderá provar comidas de várias regiões e países, com destaque para a gastronomia do Interior da China, de zonas como Chengdu, Shunde, Yangzhou, Huai’an e Chaozhou. Importa lembrar também a presença de dez bancas que representam cinco cidades de outros países (Phuket, Tailândia; Hatay, Turquia; Buraida, Arábia Saudita; Iloiloi, Filipinas; e Quermanxá, Irão) com “sabores exóticos”; bem como dez bancas que mostram aquilo que se come nas cidades brasileiras de Florianópolis, Belém, Paraty e Belo Horizonte. Todos estes pontos de atracção para experimentar novas iguarias estão na “Avenida de Gastronomia Internacional”, com mais de 100 bancas complementadas por várias zonas temáticas, como as áreas de café e bar e de jogos. Ao todo, estão representadas 15 Cidades Criativas de Gastronomia de todo o mundo, destacando-se 25 bancas só de cinco cidades do Interior da China. Macau marca presença com 54 bancas que oferecem pratos macaenses, ocidentais, locais e cantoneses, além de iguarias do Sudeste Asiático, grelhados, opções vegetarianas, sobremesas e bebidas, “reflectindo a diversidade e o pluralismo culinário da cidade”, destaca a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), a entidade promotora do evento. A Avenida de Gastronomia Internacional estará aberta das 15h30 às 22h, de segunda a sexta-feira, e das 15h às 23h aos sábados e domingos. Há um total de cinco zonas de refeição com 1000 lugares. Nos espectáculos programados destacam-se danças folclóricas portuguesas, apresentações de bandas, saltos à corda artísticos e danças de rua, complementados por interacções com marionetas, magia e modelagem de balões por palhaços. Destaque ainda para o facto de este evento ter entrada gratuita, além de que a organização decidiu disponibilizar três linhas gratuitas de “shuttle bus” que ligam o Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, a Rua do Dr. Pedro José Lobo, o Parque Central da Taipa e seis grandes complexos turísticos no Cotai (Grand Lisboa Palace, Wynn Palace, MGM Cotai, Studio City, Venetian Macao e Galaxy Macau) ao recinto da festa. O serviço opera de segunda a sexta-feira, das 15h30 às 22h30, e aos sábados e domingos, das 15h00 às 23h30. Chefs em diálogo Para hoje, o cartaz da festa da gastronomia traz o “Fórum Internacional de Gastronomia, Macau”, que decorre entre as 9h e as 13h, no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores. Tendo como tema “O Sabor da Vida: Conexões Culinárias de Macau”, o fórum é realizado em parceria com o jornal de Hong Kong South China Morning Post. Segundo a DST, o evento “inclui dois discursos inaugurais e três painéis temáticos, com foco no papel essencial das especiarias e ervas aromáticas na gastronomia global”. Os discursos inaugurais serão apresentados pelo chef e fundador do restaurante das Filipinas Toyo Eatery, Jordy Navarra, e pelo chef do restaurante da Índia Masque Restaurant, Varun Totlani. Nas suas intervenções, os chefs convidados partilharão as suas perspectivas sobre o uso de especiarias e ervas aromáticas, estabelecendo o tom para as discussões que se seguirão ao longo do fórum. O fórum inclui três sessões de painéis temáticos com a participação de 15 personalidades de relevo na indústria da restauração. No primeiro painel, subordinado ao tema “História e legado das especiarias: Revista às origens da culinária de fusão”, será abordada a influência do comércio de especiarias na evolução do panorama cultural da Ásia. O segundo painel tem como tema “Sinfonia de sabores: Culinária de fusão na Macau moderna e no mundo”, e conta com a chef macaense Antonieta Fernandes Manhão; o chef executivo e co-fundador do restaurante italiano Estro em Hong Kong, Antimo Maria Merone; a presidente da academia dos prémios Asia’s 50 Best Restaurants e World’s 50 Best Restaurants (regiões de Hong Kong, Macau e Taiwan), Susan Jung; o director de operações culinárias da City of Dreams, Jack Siew; e o chef consultor do MGM e chef-proprietário do Dooreyoo em Seul, Tony Yoo. O terceiro painel intitula-se “Especiarias como ponte: Celebração da fusão cultural e de comunidades”, sendo que “a discussão centrar-se-á na capacidade das especiarias em unir diferentes comunidades em Macau”.
Hoje Macau China / ÁsiaSuriname | Xi Jinping felicita presidente eleita O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou ontem Jennifer Geerlings-Simons pela sua eleição como Presidente do Suriname, que considerou como um “parceiro estratégico de cooperação da China na região do Caribe”. Na sua mensagem de felicitações, citada pela agência oficial chinesa Xinhua, Xi Jinping assinalou que os dois países têm vivido “um crescimento sólido e constante, com uma cooperação prática e frutífera em diversas áreas e uma estreita coordenação em assuntos multilaterais” desde o estabelecimento das relações diplomáticas, há 49 anos. O chefe de Estado chinês sublinhou a “grande importância” que atribuiu ao desenvolvimento das relações bilaterais entre China e Suriname e, segundo a Efe, mostrou-se disponível para trabalhar com Geerlings-Simons. O trabalho com a Presidente eleita do Suriname pretende “aprofundar a cooperação amigável e mutuamente benéfica, bem como impulsionar a parceria estratégica bilateral de cooperação”, registou. Jennifer Geerlings-Simons foi eleita Presidente do Suriname no passado fim de semana, tornando-se, aos 71 anos, na primeira mulher a liderar este país sul-americano, num sufrágio em que era a única candidata ao cargo. Geerlings-Simons foi eleita pelo parlamento, depois de o Partido Nacional Democrático (PND), ao qual pertence, se ter aliado a cinco pequenos partidos para conseguir os dois terços de votos necessários para aceder à Presidência do Suriname. A investidura de Geerlings-Simons para um mandato de cinco anos à frente do país com cerca de 600.000 habitantes está prevista para 16 de Julho. O Suriname, uma antiga colónia neerlandesa fustigada por rebeliões e golpes de Estado desde que se tornou independente em 1975, dispõe de importantes reservas petrolíferas descobertas recentemente.
Hoje Macau China / ÁsiaAviação | Pequim defende como legítima aproximação de caça chinês a avião japonês O Governo da China defendeu ontem a aproximação de um caça chinês a uma aeronave militar japonesa em águas internacionais, no mar da Leste da China, garantindo que a manobra foi “legítima, razoável [e] profissional”. O incidente ocorreu na quarta-feira, quando um caça-bombardeiro chinês JH-7 se aproximou de uma aeronave de inteligência electrónica japonesa YS-11EB a uma distância considerada insegura pelas autoridades japonesas, que apresentaram um protesto formal a Pequim sobre a manobra. O porta-voz do Ministério da Defesa chinês, coronel Jiang Bin, afirmou que as aeronaves de reconhecimento japonesas entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea do mar do leste da China em “múltiplas ocasiões” para realizar “reconhecimento de aproximação”. Esta zona aérea – que inclui as ilhas Diaoyu, administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim – foi anunciada unilateralmente pela China em 2013 e não é reconhecida pelos vizinhos Japão e Coreia do Sul. “As aeronaves militares chinesas, em conformidade com a lei, realizaram verificações de identificação, rastreio e vigilância, e todas as acções correspondentes foram completamente legítimas, razoáveis, profissionais e em conformidade com os regulamentos”, afirmou Jiang Bin. O porta-voz realçou que tais actividades de “aproximação e interferência” por parte de navios e aeronaves japonesas “são a causa raiz dos riscos para a segurança aérea e marítima entre a China e o Japão”. “Esperamos que o lado japonês avance na mesma direcção que a China e crie um ambiente favorável ao desenvolvimento estável das relações bilaterais”, disse Jiang, em declarações citadas pela televisão estatal chinesa CCTV.
Hoje Macau China / ÁsiaAustrália | PM encontra-se com Xi em nova aproximação a Pequim O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, anunciou sexta-feira que vai reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a visita à China, centrada no reforço das relações económicas bilaterais. Albanese partiu no sábado para uma digressão que inclui passagens pela capital, Pequim, o principal centro financeiro, Xangai, e Chengdu (capital da província de Sichuan, no sudoeste). O programa da visita inclui encontros com Xi, o primeiro-ministro, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji. Segundo o gabinete do chefe do Governo australiano, Albanese vai reunir-se com representantes dos sectores empresarial, turístico e desportivo em Xangai e Chengdu. Em Pequim, liderará uma delegação empresarial e participará numa mesa-redonda com presidentes executivos, amanhã. “Em áreas como a energia verde, por exemplo, há uma real possibilidade de aprofundar a cooperação”, disse Albanese, aos jornalistas, em Sydney, no sudeste do país. “Cooperamos sempre que possível e discordamos quando necessário, mantendo conversas francas sobre os temas em que temos divergências”, acrescentou. Esta será a segunda visita de Albanese à China desde que o Partido Trabalhista, de centro-esquerda, chegou ao poder, em 2022. O partido conseguiu uma maioria reforçada nas eleições de Maio.
Hoje Macau China / ÁsiaYangtsé | Desmanteladas 300 barragens para restaurar ecossistema A iniciativa de devolver ao rio Yangtsé um ecossistema saudável visa proteger espécies em vias de extinção como o esturjão que voltou a ter comportamentos reprodutivos naturais A China desmantelou 300 barragens e encerrou a maioria das centrais hidroeléctricas no Chishui – um importante afluente do rio Yangtsé – para proteger espécies de peixes ameaçadas e restaurar o ecossistema, informou sexta-feira a imprensa oficial. De acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua, até Dezembro foram removidas 300 das 357 barragens existentes no Chishui, também conhecido como rio Vermelho. Além disso, foram desactivadas 342 das 373 pequenas centrais hidroeléctricas, permitindo que várias espécies raras de peixes retomassem os ciclos naturais de reprodução. Com mais de 400 quilómetros de extensão, o Chishui atravessa as províncias de Yunnan, Guizhou e Sichuan, no sudoeste da China, sendo considerado pelos ecologistas como um dos últimos refúgios para espécies raras e endémicas da bacia superior do Yangtsé. Nas últimas décadas, a construção intensiva de barragens e centrais hidroeléctricas restringiu o fluxo de água a jusante e, em alguns trechos, provocou o completo esgotamento do caudal, segundo a Xinhua. Uma situação que destruiu habitats naturais e zonas de desova, além de bloquear as rotas migratórias de diversas espécies piscícolas. Zhou Jianjun, professor de engenharia hidráulica na Universidade Tsinghua, explicou que o encerramento das centrais não implica necessariamente a demolição física das infraestruturas. “O mais importante é que, após cessarem a produção de electricidade, se possa alterar o modo de gestão da água para satisfazer as necessidades ecológicas”, afirmou, citado pela Xinhua. Ganhar vida A agência acrescentou que, desde o início dos trabalhos de reabilitação ecológica, em 2020, espécies como o esturjão do Yangtsé recuperaram o habitat e vitalidade. Esta espécie, declarada extinta na natureza pela União Internacional para a Conservação da Natureza em 2022, foi afectada pela construção de barragens e pelo desenvolvimento da navegação fluvial desde a década de 1970. No entanto, investigadores do Instituto de Hidrobiologia da Academia Chinesa de Ciências, liderados por Liu Fei, registaram sinais encorajadores de recuperação. Segundo a Xinhua, duas levas de esturjões do Yangtsé foram libertadas no rio Vermelho em 2023 e 2024 e conseguiram adaptar-se com sucesso ao ambiente natural. Em Abril passado, os investigadores libertaram 20 esturjões adultos numa secção do rio em Guizhou, tendo registado comportamentos reprodutivos naturais e a eclosão de ovos. “Este feito demonstra que o actual ambiente ecológico do rio Vermelho é agora adequado para o habitat e reprodução do esturjão do Yangtsé”, afirmou Liu Fei. Os dados mais recentes do instituto revelam um aumento significativo da biodiversidade aquática no Chishui, com maior diversidade de espécies de peixes detectadas em várias secções do rio. Medidas de protecção Desde 2020, a China implementou uma série de medidas para proteger o Yangtsé, incluindo uma moratória de dez anos à pesca e a regulamentação de centrais hidroeléctricas. No final de 2021, a província de Sichuan concluiu a reestruturação de 5.131 pequenas centrais, encerrando 1.223, segundo um relatório oficial, citado pela Xinhua. As autoridades locais proibiram ainda a extração de areia nos cursos de água, numa tentativa de preservar os habitats aquáticos. Num comunicado divulgado em Agosto, o Governo chinês indicou que a biodiversidade aquática melhorou de forma constante desde a adopção destas medidas, com destaque para a recuperação de peixes, invertebrados e anfíbios.
Hoje Macau Via do MeioComo Gu Bing Iluminou a História da Pintura Michal Piotr Boym (Bu Migé, 1612-1659), o missionário jesuíta polaco, no seu infatigável labor de mostrar à Europa a língua, os costumes, a fauna e a flora que encontrava no Império do Meio, incluiu entre as inumeráveis revelações que acompanhavam o inédito mapa da Magna Cathay, cinco figuras desenhadas por um autor local e impressas em xilografias. Entre ela a flor mu furong, o hibiscus mutabilis, ou rosa da China, que possui a admirável capacidade de, a cada manhã apresentar uma cor branca ou rosada e no fim do dia, ao entardecer, revelar a cor vermelha como se fora um prémio outorgado à sua existência sob a luz solar. O autor dessas figuras, o pintor de Hangzhou Gu Bing, activo entre 1594 e 1603, realizara uma proeza notável e inédita na história da arte em qualquer lugar do mundo, ao juntar à enumeração dos nomes e biografias breves de pintores, poemas, comentários e ilustrações exemplares do seu estilo e modo de proceder. Reproduzidas em xilogravuras, no formato portátil de 26,9 x 41,9 cm, tinham o potencial de mostrar a um muito maior número de observadores uma arte até então reservada a um número limitado de pessoas. A esse conjunto de cento e seis pintores, apresentados de modo cronológico, desde o lendário Gu Kaizhi à corrente dinastia Ming, editado em 1603, deu-lhe o nome de Lidai minggong huapu, «Álbum de senhores famosos através de sucessivas dinastias». De notar a palavra huapu, «registo de figuras» já usada antes para designar um tratado, uma colecção, um guia ou um manual. E o mais raro uso da palavra laudatória e reverencial gong, «senhores», para referir os pintores. O álbum alcançaria grande divulgação, chegando até às ilhas do Japão onde foi particularmente acarinhado pelos pintores proíbidos de viajar ao estrangeiro. Conhecido também como Gushi Huapu, «Álbum de pinturas do mestre Gu», mesmo quando a figura do seu autor, que seguiu um percurso incomum, foi por vezes esquecida. Gu Bing ficara orfão desde muito cedo mas tivera a sorte de ter um avô que o quis poupar ao fastidioso trabalho de decorar os clássicos, imprescindível para se apresentar aos exames imperiais e em vez disso lhe deu a ver os mais excelentes exemplos de caligrafias e pinturas. E depois, ele mesmo se deslocou às mais veneradas montanhas e visitou ilustres literatos, acabando por fixar a sua morada numa cabana no sopé da montanha Wu, a sudeste do Lago do Oeste. Em 1599 aceitou, brevemente, uma posição na Cidade Proíbida no Wuying dian, o «Pavilhão do valor militar», na altura usado pelo imperador para se reunir com literatos como pintores ou poetas e onde terá tido oportunidade de observar reconhecidas obras da história da pintura. Que depois usou na sua obra, onde os traços esquemáticos na madeira jamais poderiam imitar a complexidade das pinturas mas seriam um precioso auxiliar da memória.
Hoje Macau Manchete SociedadeUNESCO | Governo garante que vai responder a preocupações Macau vai dar “seguimento às resoluções relevantes” da UNESCO. Em questão está a exigência de avaliação de impacto ambiental à construção do viaduto entre as zonas A e B dos Novos Aterros e informações sobre a Linha Leste do Metro Ligeiro. Especialistas salientam que o reconhecimento da UNESCO impulsionou o turismo cultural no território Amanhã, celebram-se os 20 anos da entrada do centro histórico de Macau na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO na sigla em inglês). Decorre até à próxima quinta-feira, em Paris, a 47.ª convenção do Comité do Património Mundial, onde a RAEM está representada pelo Instituto Cultural. No final da semana passada, durante a convenção da UNESCO, o comité emitiu uma resolução de acompanhamento ao estado da conservação patrimonial de Macau. Além de alguns elogios, a instituição internacional pede a avaliação de impacto ambiental abrangente em relação à construção do viaduto que irá ligar as zonas A e B dos Novos Aterros, em especial uma parte que poderá violar as restrições de altura em torno do Farol da Guia. A questão dos prédios por acabar na Calçada da Guia e a construção da Linha Leste do Metro Ligeiros foram também temas sobre os quais o Comité do Património Mundial pediu informações adicionais, apontando como prazo de entrega de toda a documentação o dia 1 de Dezembro de 2026, noticiou o Jornal Tribuna de Macau (JTM). Num comunicado divulgado na noite de sexta-feira, o Instituto Cultural indica que “dará seguimento às resoluções relevantes e submeterá ao Comité do Património Mundial da UNESCO os documentos relativos ao acompanhamento dos projectos relevantes para análise, de acordo com o mecanismo geral de comunicação existente no passado”. A entrega da documentação será feita através da Administração Estatal do Património Cultural da China. Sem dar cavaco O JTM indicou também que o comité da UNESCO realça os compromissos e esforços assumidos no Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico, com vista a implementar os pedidos anteriores da organização internacional. Porém, lamenta não ter sido ouvido, como fora solicitado, antes de ter entrado em vigor, no início de Junho do ano passado. No comunicado na sexta-feira, o IC não menciona o reparo do comité da UNESCO, mas que este congratulou as autoridades da RAEM pela entrada em vigor formal e a implementação do plano de salvaguarda e gestão e pelo trabalho de conservação, monitorização, interpretação e exposição do património de Macau. História e jogo Especialistas consideram que a classificação do centro histórico de Macau pela UNESCO impulsionou o turismo cultural no território, apoiando a diversificação de uma economia tradicionalmente dependente dos casinos, mas alertam para desafios na promoção do património. O templo de Na Tcha e as Ruínas de São Paulo encontram-se lado a lado no centro histórico de Macau. Logo pela manhã, famílias posam para a câmara, na parte inferior da emblemática escadaria de pedra das ruínas. “Gosto da calçada [portuguesa], é especial”, diz à Lusa Alina Wang, turista de Xangai. O filho, de oito anos, York Xiong, complementa: “Os edifícios são bonitos”. Nem todos na família, porém, conhecem a história por detrás do ‘ex-líbris’ de Macau, reduzido à fachada após incêndios. O patriarca, Li Zijian, ia jurar que tinha sido destruído durante a II Guerra Mundial. Ao lado, outra família, esta de Xi’an, associa a imagem das ruínas a um bombardeamento japonês na Grande Guerra. Há 20 anos, no dia 15 de Julho de 2005, o centro histórico de Macau, um conjunto de 22 monumentos que combina arquitectura portuguesa e chinesa, entrou para a lista do património mundial da UNESCO. Esse marco para o património da cidade, refere à Lusa a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), trouxe mais turistas a Macau, alterando o perfil do visitante, que deixou de cruzar a fronteira apenas para jogar. “Isto mudou a imagem de Macau de uma ‘cidade do jogo’ para um destino cultural, diferenciando-o na região Ásia-Pacífico”, sublinhou a DST. Um estudo aos visitantes conduzido pela DST este ano revela que 53,3 por cento dos turistas chegam ao território para visitar o património, ultrapassando aqueles que querem fazer compras (33,7 por cento) e os que estão mais interessados na gastronomia (18,5 por cento). Para Lei Ip Fei, historiador e ex-membro do conselho do Património Cultural de Macau, o estatuto UNESCO elevou o perfil global de Macau. “O jogo impulsionou a economia a curto prazo, a cultura deve impulsionar o crescimento a longo prazo”, disse à Lusa. Parque de diversões Mas se, por um lado, a inscrição do património veio ajudar a diversificar o perfil do turista, há que pensar naqueles que vivem na cidade diariamente, notou Ka Nok Lo, vice-presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau. Em entrevista à Lusa, o responsável alertou para a necessidade de não transformar Macau “numa Disneylândia”, defendendo o equilíbrio entre turismo e as necessidades dos residentes. “Os museus devem servir a comunidade, assim como as bibliotecas, as livrarias, e não apenas os turistas”, considerou. Ka sublinhou, por outro lado, que ainda falta entregar aos visitantes a narrativa que une os vários locais distinguidos pela UNESCO. “Não há uma história que ligue estes monumentos”, disse. O Governo de Macau tem como um dos principais objectivos procurar a diversificação económica, com a finalidade de reduzir a sua dependência em relação à indústria do jogo através do desenvolvimento de novos sectores. Mas o apelo dos casinos é incontornável, como as famílias de Xangai e Xi’an deixaram em evidência. No dia seguinte ao passeio pela zona histórica de Macau, a visita à região iria continuar nas estâncias modernas do jogo concentradas no Cotai, realçando o duplo papel de Macau como destino de jogo e património cultural. Lusa / JL
Hoje Macau SociedadeWeChat | Burlão desfalca mulher em grupo de pais Na passada quinta-feira, a Polícia Judiciária recebeu uma denúncia de burla num grupo de WeChat que uma escola de Macau criou para manter pais e encarregados de educação em contacto com os professores. Um burlão, que se faz passar por um agente policial, desfalcou uma mulher num total de 480 mil renminbis. Na sequência deste caso, a Associação de Educação de Macau pediu às pessoas que gerem os grupos de conversação entre pais e docentes que denunciem situações anormais para manter a ordem e proteger os direitos de pais e estudantes. O vice-presidente da associação, Vong Kuoc Ieng, apontou ao jornal Ou Mun que os grupos de WeChat entre escolas e pais são cada vez mais comuns, principalmente para fazer notificações importantes das actividade das turmas. Porém, acrescentou que frequentemente nestes grupos os pais tentam vender produtos ou bilhetes para concertos, e pedir dinheiro emprestado.
Hoje Macau SociedadeAir Macau | Avião regressa à pista após levantar voo Um avião da Air Macau com destino a Tóquio regressou na quinta-feira ao território pouco depois de levantar voo, informou a Teledifusão de Macau, dando conta de versões diferentes apresentadas pela companhia aérea e a empresa gestora do aeroporto. “O voo NX862 de Macau para Tóquio foi atingido por um raio durante um voo”, disse, em resposta à Teledifusão de Macau (TDM), a Air Macau, notando que, para garantir a segurança da ligação aérea foi ordenado ao avião que “retornasse para inspecção de acordo com os procedimentos”. A justificação não coincide com a dada pela empresa gestora do aeroporto à emissora, que disse que se tratou de um “problema no motor” do aparelho que se dirigia ao aeroporto de Narita, em Tóquio, e que descolou às 09:40. Também nas redes sociais, esta foi a versão apresentada no primeiro relato sobre o sucedido. No grupo Macau Buses and Public Transport Enthusiastic (Entusiastas de Autocarros e Transportes Públicos de Macau) explica-se que, pouco depois de o avião da Air Macau levantar voo, quando se encontrava perto de Taichung, no centro de Taiwan, o aparelho teve de regressar a Macau, aterrando em segurança.
Hoje Macau PolíticaDSAMA | Garantida qualidade do fornecimento de água A Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) garante que “a qualidade da água fornecida em Macau cumpre os padrões”. A posição foi tomada em resposta ao jornal Macau Daily Times, na consequência das dúvidas sobre a qualidade de água da rede pública de Jiangmen. Nos últimos dias surgiram várias queixas no Interior devido ao facto de a água da torneira fornecida em Jiangmen surgir com uma cor amarela ou acastanhada. A questão foi explicada pelas autoridades locais com a adopção de novos procedimentos na desinfecção e tratamento das águas. As explicações não impediram que várias imagens circulassem online e nos meios de comunicação social oficiais. Em Macau, indica o Macau Daily Times, 90 por cento da água é proveniente da hidrovia de Xijiang Modaomen, localizada em Zhuhai. Contudo, estra hidrovia estende-se a uma secção de rio Ri, que passa através de Jiangmen. Sobre estes aspectos, a DSAMA assegurou que em conjunto com o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) controla a qualidade da água fornecida e que existe um mecanismo de segurança conjunto com o Interior, para os casos de emergência sobre a qualidade da água. Este mecanismo de alerta, explicaram as autoridades, funciona por classificação das emergências em diferentes graus, que exigem diferentes respostas.
Hoje Macau Manchete PolíticaFinanças | Contas públicas com prejuízo antes do reforço de apoios sociais As contas públicas apresentaram em Junho perdas de 289,4 milhões de patacas, um registo contrário à tendência verificada desde o início do ano. Entre Janeiro e Junho, a RAEM apresenta um excedente de 11,4 mil milhões de patacas As contas públicas mostram uma perda de 289,4 milhões de patacas em Junho, ainda antes de uma revisão do orçamento para reforçar os apoios sociais. No entanto, quando é considerado o período entre Janeiro e Julho, os dados da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) mostram um excedente nas contas públicas de 11,4 mil milhões de patacas. Este valor representa uma queda de 2,5 por cento em comparação com o final de Maio, quando Macau tinha um excedente de 11,7 mil milhões de patacas. Ainda assim, o excedente da cidade entre Janeiro e Junho foi 40,3 por cento maior do que no mesmo período do ano passado e já é maior do que a previsão do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior. A despesa pública de Macau caiu 8,2 por cento na primeira metade do ano, em comparação com o mesmo período de 2024, para 41,4 mil milhões de patacas. A única razão para a queda foram os gastos em apoios e subsídios sociais, que diminuíram 17,7 por cento para 20,7 mil milhões de patacas. Mas a Assembleia Legislativa aprovou na quarta-feira uma proposta do Governo para aumentar em 2,86 mil milhões de patacas as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para as crianças até 3 anos, para elevar a mais baixa natalidade do mundo. Menor receitas A receita corrente de Macau também caiu 0,95 por cento na primeira metade do ano, para 52,3 mil milhões de patacas. A principal razão para a diminuição foi uma queda de 62,3 por cento, para 520 milhões de patacas, nos “rendimentos da propriedade”, rubrica que inclui a receita das concessões de terrenos. Pelo contrário, as receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86,4 por cento do total – subiram 1 por cento, para 45,3 mil milhões de patacas. As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. As receitas totais dos casinos de Macau atingiram 118,8 mil milhões de patacas na primeira metade do ano, mais 4,4 por cento do que no mesmo período de 2024. Em 15 de Abril, Sam Hou Fai admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração nas receitas do jogo.
Hoje Macau PolíticaJogo | Leona Lee acredita que dependência vai continuar A académica Leona Lee acredita que os grandes projectos do Governo não vão ser suficientes para inverter a dependência da economia face ao jogo. A opinião foi partilhada pela professora da Economia à Rádio Macau. “O que Governo está a tentar fazer é apenas aumentar o tamanho do bolo. Sabemos que o rendimento da actividade dos casinos está a aumentar, mas também há as outras coisas. Mas, concordo que se olharmos para a composição do PIB [Produto Interno Bruto], também temos a política 1 mais 4 há tantos anos, e em termos de cálculo do PIB, não devemos esperar uma mudança muito óbvia ou efectiva da composição do PIB”, afirmou Lee. Os projectos visam a construção do Bairro Turístico Internacional, a extensão do aeroporto, a aposta num centro de investigação e desenvolvimento e o alargamento da Universidade de Macau à Ilha da Montanha. A académica defendeu também que não é recomendável que o Governo queira intervir na composição do PIB, porque pode colocar em causa outras políticas, como a atracção de quadros qualificados do exterior, devido à necessidade de ajustar as fontes de receitas da Administração à futura realidade: “O Governo não tem de impor a sua própria visão sobre a estrutura das receitas. Porque o jogo tem uma taxa fixa. Assim, se as receitas do jogo forem elevadas, a tributação do Estado, a tributação do jogo, aumentará proporcionalmente”, explicou. “Mas se pensarmos nas outras fontes de receita do Governo, estas seriam os impostos sobre o rendimento, os impostos sobre as sociedades. Penso que se aumentarem esses impostos, isso vai contra a vontade de quererem atrair pessoas para investir em Macau”, acrescentou.
Hoje Macau PolíticaTransportes | Ron Lam quer nova avaliação de táxis especiais Com as licenças de táxis especiais atribuídas em 2017 e 2018 a terminarem em 2028, o deputado Ron Lam pretende que o Governo faça uma nova avaliação sobre se o modelo adoptado é o que melhor serve a população de Macau. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita do deputado. Os táxis especiais visam permitir a marcação de um veículo de transporte por telefone, ou através da central de táxis, e também servir pessoas que precisam de cuidados especiais de deslocação. Segundo Ron Lam, o Governo deve repensar o modelo e ponderar se haverá alternativas mais benéficas para a população. No caso de se concluir que a eliminação do sistema de licenças especiais é mais benéfica, Lam pretende que o Governo aponte alternativas. Sobre as queixas dos taxistas, o deputado aponta que os condutores queixam-se da obrigação de chegar a serviços marcados com uma antecedência mínimas de 30 minutos, medida imposta pela concessionária depois da divulgação do relatório do Comissariado da Auditoria. Antes disso, a antecedência mínima era de 10 minutos, o que permitia atender mais clientes. Além destas questões, Ron Lam aponta que as autoridades de Hong Kong vão aprovar legislação para permitir legalizar o transporte através das aplicações móveis. O deputado quer saber se há intenção em Macau de seguir o mesmo caminho e planos para avançar com uma consulta pública.
Hoje Macau Grande Plano MancheteSão Tomé e Príncipe | Relação com China é discreta, mas estratégica Celebraram-se no sábado 50 anos da independência de São Tomé e Príncipe. O futuro avança ao ritmo das relações diplomáticas com os outros países falantes de português. Para a académica Cátia Miriam Costa, o país africano e a China são parceiros estratégicos, apesar da descrição pautar as relações entre ambos A investigadora Cátia Miriam Costa considera que a relação entre São Tomé e Príncipe e a China mantém-se discreta, apesar de estar quase a celebrar uma década, com crescente interesse estratégico de Pequim na posição do arquipélago no Atlântico Sul. “Como nem um país nem outro fala muito sobre o assunto, acabamos por não perceber bem a profundidade da relação. Mas creio que não é ainda uma relação muito profunda”, observou à agência Lusa a investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. A posição geoestratégica do arquipélago, situado no Golfo da Guiné, alimenta, no entanto, o interesse de Pequim, nomeadamente no contexto da aposta chinesa na expansão de corredores logísticos e marítimos no Atlântico Sul. “São Tomé, se não é um porto muito importante em termos logísticos, é um porto relevante para controlo, por exemplo, de pirataria, de ameaças. Portanto, essa posição também de certeza que foi reflectida por Pequim”, explicou. O restabelecimento de laços formais em 2016, após duas décadas de reconhecimento de Taiwan por parte de São Tomé, foi uma decisão “pragmática” do país africano, e um trunfo para a diplomacia de Pequim, que manteve sempre “canais abertos”, mesmo durante o período de afastamento, explicou Cátia Miriam Costa. “A relação com a China é mais frutífera porque traz outras contrapartidas”, explicou a investigadora. “Também foi por essas contrapartidas, que [em 1997] São Tomé trocou a República Popular da China por Taiwan, porque nessa altura a República Popular da China era um país em desenvolvimento. Portanto, não tinha para oferecer aquilo que Taiwan tinha, que estava perfeitamente integrado no mercado internacional”, contou. Um volte-face Em Dezembro de 2016, São Tomé anunciou oficialmente o estabelecimento de relações com a República Popular da China, pondo fim ao reconhecimento de Taiwan. A decisão provocou o cancelamento imediato das bolsas de estudo oferecidas por Taiwan a estudantes são-tomenses, muitos dos quais acabaram por ser integrados nas restantes universidades chinesas. A China tornou-se rapidamente um dos principais parceiros de cooperação de São Tomé, com promessas de investimento e apoio em áreas como a educação, formação técnica, agricultura e infra-estruturas. A investigadora recordou que, mesmo antes de haver relações formais, Pequim nunca rompeu completamente com São Tomé, mantendo o país envolvido nas actividades do Fórum de Macau, ainda que apenas como observador, estratégia que considera “típica da diplomacia chinesa”. “A China não fecha totalmente as portas. Pode suspender relações, mas se for algo do interesse nacional, normalmente volta a ser renegociado”, afirmou. “Resultados limitados” Apesar disso, Cátia Miriam Costa reconheceu que os resultados concretos da cooperação ainda são limitados. “Há mais projectos no papel do que propriamente obras em curso”, apontou, atribuindo parte da responsabilidade à fraca capacidade institucional de São Tomé, que só recentemente começou a criar estruturas para atrair e negociar investimento externo. Entre os sectores com potencial para o aprofundamento da cooperação, a investigadora destacou as pescas, os recursos marinhos e, eventualmente, o cacau. Já a exploração petrolífera levanta “riscos elevados”, tanto pela complexidade técnica como pelas limitações ambientais. “A China tem interesse na região, mas não é por São Tomé ser um mercado atractivo – porque não é -, é, sim, pela sua localização, estabilidade e capacidade de integração num projecto regional mais amplo”, afirmou. A investigadora salientou ainda o investimento chinês no ensino da língua chinesa em São Tomé, que visa também “criar uma rede de pessoas com domínio da língua, familiarizadas com a cultura e potencialmente úteis para o futuro das relações bilaterais”. “A China mantém um interesse estratégico na relação, mesmo que não o expresse com grande visibilidade. E para um país como São Tomé, qualquer pequena ajuda pode ter um impacto significativo”, concluiu. Relatos de quatro são-tomenses que seguiram cursos na China Denise, Lucineidy, Reginaldo e Aithysa cresceram sob o signo de uma aliança com Taiwan, até que a vida e o trajecto académico acabaram redefinidos pela ruptura dos laços diplomáticos entre São Tomé e Taipé, em 2016. Denise Aragão Fortes ainda se lembra de apertar a mão a Tsai Ing-wen. Era Novembro de 2016, celebrava-se, com meses de atraso, o dia de África em Taiwan, e a responsável marcava presença na ocasião. É muito provável que nos bastidores se esboçasse já o fim da diplomacia entre Taiwan e São Tomé e Príncipe, mas para esta estudante de Relações Internacionais da Universidade de Ming Chuan, em Taoyuan, norte taiwanês, a notícia, que chegou um mês depois dessas celebrações, em 21 de Dezembro, foi uma surpresa. “Não havia rumores, nada”, recorda à agência Lusa Denise, hoje com 29 anos, a trabalhar em marketing e a viver em Almada, Portugal. Quando terminou o secundário, também os laços entre a ilha e a nação africana, acordados em 1997, tinham alcançado há pouco a maioridade. Havia “muita proximidade” entre as partes, com amizades taiwanesas no seio familiar. Normalidade abalada nesse Dezembro de 2016. A estudarem com uma bolsa concedida por Taipé, a Denise e a outros alunos são-tomenses em Taiwan foi dada a opção de aí prosseguirem os estudos, sem assistência financeira, ou serem transferidos para a China como bolseiros. Por se encontrar no final do percurso académico, Denise permaneceu em Taoyuan. A maioria, porém, mudou de geografia, de universidade e de vida. País “cheio de oportunidades” Lucineidy Almeida, hoje com 28, viu a chegada a Tianjin, norte da China, como “um novo recomeço” num “país cheio de oportunidades”. A frequentar o segundo ano de Biotecnologia em Taichung, esta natural de Santo António sentia alguma dificuldade em acompanhar a licenciatura em mandarim. Uma limitação que eventualmente ultrapassaria, avalia hoje, mas, na China, teve a possibilidade de estudar em inglês Ciências Farmacêuticas. Diz que soube da ruptura diplomática através das redes sociais e, à semelhança de todos os estudantes que falaram à Lusa, deixou críticas à condução do processo, com “muitas incertezas”, informações dadas “em cima da hora”, “um sentimento de desrespeito”, e, pelo meio, a suspensão das bolsas. Dois meses após o anúncio, aterrou em Hong Kong, onde tratou do visto, embora ainda sem saber qual o destino final. Só à chegada a Pequim foi-lhe dito que ia para Tianjin, recorda Lucineidy, a viver hoje também em Portugal, no Cacém, e a trabalhar como intérprete de inglês e português na área médica. Sobre a interrupção diplomática, nota que “pelo que se percebeu na altura”, tratou-se de “uma questão monetária”: “No sentido em que a China ofereceu mais [a São Tomé] do que Taiwan na altura poderia proporcionar”. O primeiro-ministro são-tomense de então, Patrice Trovoada, considerou a ruptura unilateral das relações como “a mais acertada”, tendo em conta a visão das autoridades para o desenvolvimento do país. “Decidimos o princípio de aderir a uma só China e ao aderir implica o corte das relações com Taiwan. O cenário internacional, há 20 anos, não é o mesmo de hoje”, acrescentou. Mas a nova ordem política não demoveu os estudantes de avançarem na carreira académica. Aithysa Ramos, 32 anos, ainda hoje está em Pequim, onde, após deixar Taiwan, concluiu o mestrado em Gestão de Empresas. Se naquela manhã de 2016, a história não tivesse tomado este rumo, provavelmente teria ficado em Taiwan, onde já vivia há sete anos. Na altura, lembra agora a professora de inglês do ensino infantil, ficou “devastada e revoltada”: “Era como se fosse a minha segunda casa, passei aí [parte da] minha adolescência, fases de crescimento”. Reginaldo encontrava-se no segundo ano de Gestão de Empresas, na Universidade de Yuan Ze, em Taoyuan, quando ficou ao corrente das notícias. Percebeu que “não tinha poder” para alterar o curso da história. O choque inicial, assume hoje, foi mesmo o frio. Apesar de admitir ter “sido um processo sempre de dúvidas”, a China, para onde se mudou dois meses após o corte de relações, “foi uma surpresa para melhor”. “Pelo facto de ainda estar aqui, de não ter voltado, posso dizer que sim, foi a melhor coisa que aconteceu”, diz.
Hoje Macau EventosDireito | Lançado livro bilingue sobre a Constituição de 1982 Acaba de ser editado, em português e chinês, o livro “A Constituição de 1982 e a Iniciação do Caminho Constitucional do Socialismo com Características Chinesas”, da autoria de Wang Yu, membro da Comissão da Lei Básica de Macau do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da República Popular da China e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. A edição está a cargo da “Hall de Cultura”, situada em Macau. Segundo uma nota de imprensa, este livro “traça as três grandes fases e os sete períodos do desenvolvimento constitucional da China nos tempos modernos, analisando em profundidade as cinco relações fundamentais entre o povo e o Governo, entre os poderes e os direitos, centrais e locais, entre partidos políticos e o poder político, e entre o Estado e a sociedade”. Citado pela mesma nota, Wang Yu referiu que a Constituição de 1982 marcou “o início do caminho constitucional do Socialismo com Caraterísticas Chinesas, sendo a garantia jurídica fundamental para a realização do renascimento da nação chinesa e a promoção da modernização ao estilo chinês”.
Hoje Macau EventosCUT | Cinema Experimental na Ilha Verde Fechado durante vários anos, o Convento da Ilha Verde prepara-se agora para receber um dos seus primeiros eventos culturais: o Festival de Cinema Experimental de Macau, organizado pela Associação Audiovisual CUT. Entre 24 de Julho e 2 de Agosto, o público poderá ver cinema local e uma nova exibição do documentário “999”, de António Nuno Júnior De um espaço abandonado e perdido na história, o Convento da Ilha Verde, antiga casa dos jesuítas em Macau, tornou-se agora um espaço de cultura, acolhendo a partir do dia 24 de Julho o seu primeiro evento: o Festival de Cinema Experimental de Macau, organizado pela Associação Audio-visual CUT. Haverá também exibições na Cinemateca Paixão. A edição deste ano tem como tema “The Grass Is Always Greener On The Other Side” [A relva é sempre mais verde do outro lado], no sentido de descoberta de outras imagens nem sempre visíveis. “O que queremos dizer quando dizemos que a relva é mais verde? Que verdades se escondem por trás desta imagem sedutora do outro lado? Com este foco temático, o festival deste ano apresenta oito programas com novas encomendas locais, exibições temáticas, cinema interactivo e apresentações ao vivo”, é descrito no cartaz. A organização convida, assim, o público a “desafiar a relação privilegiada entre o público e o ecrã, estimulando a reflexão sobre o papel das imagens em movimento, os mecanismos de produção de imagens e os seus diálogos com o mundo que nos rodeia”. Destaque para três séries da secção “Made in Macao”, que este ano apresenta a comissão “Transparent Landscape Project”, em que quatro artistas e cineastas locais foram convidados a explorar “‘paisagens’ tangíveis e intangíveis através de experiências pessoais e pesquisas sobre a história local”, tratando-se de filmes que “questionam as dinâmicas de poder entre a câmara e a cidade, a presença e a ausência, o colonialismo e a transferência de soberania, o humano e o não humano”. Nesta comissão, podem ver-se os filmes “Have You Still Remember Me?”, de Veronique Wong, que digitalizou as imagens da sua câmara Super 8 ao fim de 25 anos. Trata-se de um trabalho que “examina directamente a fase de transição da transferência de soberania a partir de um ponto de vista popular, relembrando a atmosfera fervorosa de vários eventos comemorativos na véspera do regresso de Macau”. Segue-se “A Way To The End”, de Ao Ieong Mike; “Flor de Panchão”, de Kate Ao Ngan Wa, actualmente a residir na Polónia e que aborda também a questão da identidade de Macau. Na sinopse deste filme, lê-se a história de alguém que deixou Macau e tenta procurar a sua terra natal sem viajar para ela, “procurando vários artigos ‘Made in Macao’ através da Internet e de mercados de artigos em segunda mão, desencadeando uma busca por experiências de crescimento pessoal e suscitando reflexões sobre a identidade num contexto pós-colonial”. Destaque também para o filme “Portal Below”, de Tang Chi Fai, centrado no encerramento do Canídromo. “O Canidrome Yat Yuen de Macau fechou e o som dos cães a ladrar desapareceu da noite para o dia. Centenas de galgos desapareceram sem deixar rasto, sem que se saiba o seu paradeiro, com excepção de um cão, chamado ‘New Spirit’, que ainda vagueia pela zona”, revela a sinopse do filme. O regresso de 999 Na segunda série de “Made in Macau” dá-se o nome de “Made in Macao II – 999 Interactive Cinema” e traz de volta o documentário “999”, feito pelo realizador português António Nuno Júnior há 25 anos e que até já pode ser visto em plataformas de streaming como a Filmin. Esta é a obra que mostra os momentos em que o realizador ia deixar Macau e voltar a Portugal, com a câmara a adoptar “uma perspectiva familiar, mas ao mesmo tempo desconhecida, do viajante, observando as ruas quotidianas de Macau e a grandiosidade das suas celebrações, captando as cenas das ruas das áreas vizinhas”. “Este programa apresenta duas exibições: a primeira é um cinema interactivo, onde vários segmentos serão incorporados durante o processo de visualização, convidando o público a interagir com o ecrã através de imagens, texto e sons fornecidos no local. O realizador também se juntará ao público através de uma transmissão ao vivo para apreciar o filme em conjunto. A segunda exibição seguirá um formato tradicional, permitindo ao público assistir ao filme sem qualquer intervenção”, revela o cartaz. Por sua vez, a terceira série de “Made in Macao” ganha o nome de “Made in Macao III – Urban Illusion”, em que haverá uma performance com o artista local Jason Fong, o grupo de música experimental Guia Experimental e o animador John Wong. Assim, “a antiga fachada do edifício, o espaço do jardim e o miradouro serão transformados num local experimental para os artistas, apresentando uma palestra performativa e uma mostra audiovisual para todos”. Em foco Este festival tem ainda como artistas em foco Deborah Stratman e Patrick Bokanowski, grandes nomes do cinema experimental e figurativo. Lao Keng U é o director e curador do festival. A primeira sessão decorre no dia 24 de Julho na Cinemateca Paixão, tendo como filme de abertura, às 19h30, “Levianthan”, do grupo Sensory Ethnography Lab. Na sexta-feira, 25, é tempo de rumar ao convento para ver os filmes integrados na série “Made in Macao I – Transparent Landscape Project”, seguindo-se, no sábado, a exibição dos filmes da segunda série de “Made in Macao”, a partir das 20h; a série “New Vision I: Unearthing Memory”, a partir das 14; e depois a série “New Vision II: I’m a Cyborg, But That’s Ok?”, a partir das 16h. Dia 27 de Julho, um domingo, as exibições começam às 14h no convento, com a segunda série de “Made in Macao”, seguindo-se os artistas em foco. A 1 de Agosto os filmes passam na Cinemateca Paixão, nomeadamente a série “Spotlight: de ‘Humani Corporis Fabrica'”, do grupo Sensory Ethnographic Lab. No dia 2 de Agosto o convento abre portas para o evento de encerramento, a partir das 19h30, com a série “Made in Macao III – Urban Illusion” e “Made in Macao I – Transparent Landscape Project”.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim pede respeito pelos direitos de dois cidadãos chineses detidos O Governo chinês pediu ontem que “se respeitem os direitos e interesses” dos seus cidadãos, depois de as autoridades ucranianas terem informado da detenção de dois cidadãos chineses, um homem de 24 anos e o seu pai. Os dois homens foram detidos por alegadamente tentarem transmitir à China documentação sobre os mísseis Neptuno das Forças Armadas da Ucrânia. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning declarou em conferência de imprensa que as autoridades chinesas ainda estão a “verificar as informações”, sem fornecer mais detalhes. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) informou que os dois cidadãos “tentaram exportar ilegalmente para a China documentação secreta” relativa aos sistemas R-360 Neptuno, um míssil de cruzeiro antinavio fabricado pela empresa de armamento ucraniana Oficina de Design Estatal de Kiev, mais conhecida como “Luch”. O homem de 24 anos foi estudante universitário até 2023, ano em que perdeu esse estatuto devido aos seus maus resultados académicos, o que não o impediu de continuar a viver em Kiev. O seu pai foi detido nesta quarta-feira “no âmbito de uma investigação pré-julgamento”, informou a Procuradoria. O progenitor vivia na China, mas viajava regularmente para Kiev, cidade onde chegou na segunda-feira desta semana.
Hoje Macau China / ÁsiaChina está a construir 74 por cento de todos os projectos solares e eólicos em curso Quase três quartos de todos os projectos de energia solar e eólica em construção no mundo estão na China, segundo um relatório ontem divulgado, que destaca a rápida expansão das fontes renováveis no país asiático. A China está a construir 510 gigawatts (GW) de projectos solares e eólicos de grande escala, de um total de 689GW em todo o mundo, indicou a organização não-governamental norte-americana Global Energy Monitor (GEM), que monitoriza infraestruturas energéticas a nível global. “A China está a liderar a expansão global de energias renováveis”, lê-se no relatório. O país asiático “continua a adicionar capacidade solar e eólica a um ritmo recorde”, vincou. O crescimento das energias limpas no país é crucial para o combate às alterações climáticas, dado o papel dominante da China na produção industrial mundial. O país é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases com efeito de estufa. Segundo a GEM, a China deverá adicionar pelo menos 246,5GW de energia solar e 97,7GW de eólica apenas este ano. Até final de Março, o país já contava com 1,5 terawatts de capacidade instalada de energia solar e eólica. No primeiro trimestre de 2025, estas fontes representaram 22,5 por cento do consumo total de eletricidade, de acordo com a Administração Nacional de Energia chinesa. Apostas fortes Embora continue a desenvolver novas centrais a carvão – tendo iniciado a construção do maior número de unidades da última década em 2024 –, a China tem apostado fortemente nas renováveis, tanto para reforçar a segurança energética como para reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados. Segundo a GEM, cerca de 28GW da capacidade renovável em construção provêm da energia eólica ‘offshore’, que pode ajudar a descarbonizar centros industriais e megacidades nas regiões costeiras. “Apesar de representar apenas uma fracção da capacidade total de energia eólica do país, a energia eólica ‘offshore’ está a ganhar força, à medida que as províncias costeiras estabelecem metas ambiciosas de descarbonização”, referiu o relatório. A expansão da energia eléctrica também está a transformar o modelo energético do país. O aumento do uso de automóveis e comboios eléctricos significa que uma parcela crescente da energia consumida é fornecida por electricidade, levando alguns analistas a descrever a China como o primeiro ‘Estado electrificado’ do mundo. Pequim deverá anunciar novos compromissos climáticos antes da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que decorrerá em Novembro em Belém, no Brasil.
Hoje Macau China / ÁsiaLivre comércio | China e ASEAN preparam nova versão de acordo O novo acordo de livre comércio entre países do Sudeste Asiático deverá estar concluído até ao final do ano Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Sudeste Asiático manifestaram ontem, em Kuala Lumpur, a intenção de reforçar a cooperação económica com a China e modernizar o acordo de livre comércio com Pequim, assinado em 2010. O encontro bilateral entre os chefes da diplomacia dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, decorreu à margem do fórum regional da ASEAN, que conta também com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. “Através da actualização deste acordo, a ASEAN e a China vão fortalecer a sua cooperação económica e resiliência, durante este período difícil e no futuro”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Mohamad Hasan, antes da reunião com Wang Yi, marcada pelo contexto da guerra comercial com os Estados Unidos. A nova versão do tratado, conhecida como “versão 3.0”, deverá ser concluída até ao final do ano. O chefe da diplomacia da Malásia, país que detém este ano a presidência rotativa da ASEAN, sublinhou ainda que o bloco regional deve “manter-se vigilante perante ameaças a um sistema comercial aberto, justo e baseado em regras”, numa alusão indireta às taxas impostas por Washington. Fundada em 1967, a ASEAN é composta por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietname e Myanmar (antiga Birmânia). Jogo das tarifas Ao longo do dia, os ministros deverão também reunir-se com Marco Rubio, num momento em que os Estados Unidos anunciaram novos aumentos de tarifas para vários países do Sudeste Asiático. As novas taxas, que entram em vigor a 01 de Agosto, aumentam as tarifas sobre produtos oriundos da Malásia (de 24 por cento para 25 por cento), Filipinas (de 17 por cento para 20 por cento) e Brunei (de 24 por cento para 25 por cento). Para a Indonésia (32 por cento) e Tailândia (36 por cento), os valores mantêm-se face ao anunciado em Abril. Washington reduziu, por outro lado, as taxas sobre importações do Camboja (de 49 por cento para 36 por cento), Laos (de 48 por cento para 40 por cento) e Myanmar (de 44 por cento para 40 por cento). Singapura mantém a taxa base de 10 por cento, enquanto o Vietname é o único país da região que chegou a um acordo com os Estados Unidos, beneficiando de uma redução para 20 por cento face aos 46 por cento inicialmente anunciados.
Hoje Macau SociedadeDroga | Homem detido por consumir metanfetaminas Um homem com cerca de 30 anos foi detido pela Polícia Judiciária, e está indiciado pelos crimes de consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e posse indevida de utensílio ou equipamento. O caso foi divulgado ontem pela PJ e o detido é um trabalhador não-residente da Indonésia empregado numa empresa de limpezas. A situação foi descoberta depois de a PJ ter detido outro homem e uma mulher, no início do ano, que traficavam estupefacientes. A investigação mostrou que o detido mais recente era um dos clientes das outras duas pessoas. A detenção foi feita na passada terça-feira, na zona central da cidade. Na casa do indivíduo foi encontrado um saco com metanfetaminas, numa dose reduzida, e ainda instrumentos para fumar. O teste à urina também apresentou um resultado positivo. Às autoridades o homem confessou ter por hábito drogar-se. PJ | Croupier detida por ser cúmplice em burla Uma croupier foi detida por burlar o casino onde trabalha em conjunto com dois jogadores do Interior da China. O golpe causou perdas de 123 mil dólares de Hong Kong para o casino, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, que citou a informação da Polícia Judiciária (PJ). O caso foi descoberto depois da croupier ter sido denunciada por alegadamente permitir que os dois jogadores fizessem apostas depois do resultado ser conhecido, jogadas que renderam 6 mil dólares de Hong Kong aos apostadores. A suspeita ajudou ainda um dos suspeitos a deixar uma aposta de 60 mil dólares de Hong Kong, em vez de recolher as fichas, originando um ganho de 120 mil dólares de Hong Kong na jogada seguinte. Os suspeitos foram detidos na quarta-feira e estavam em posse de 118 mil dólares de Hong Kong em fichas de jogo. Os suspeitos confessaram os factos, afirmando que o dinheiro das burlas ainda não tinha sido dividido. No entanto, a PJ acredita que havia, pelo menos, mais uma pessoa envolvida, que se encontra a monte. Jogo | Detidos depois de serem apanhados a trocar dinheiro Dois homens foram detidos depois de terem sido apanhados a fazer uma troca ilegal de dinheiro. O caso foi revelado ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e citado pelo jornal Ou Mun. Os homens do Interior da China foram apanhados a trocar dinheiro por um agente, numa operação de rotina. A troca envolveu uma quantia total de 213,9 mil dólares de Hong Kong e 400 patacas que se destinavam ao jogo, o que constitui um crime. Os dois suspeitos foram acusados pela prática de exploração de câmbio ilícito para jogo, que pode ser punido com pena até aos 5 anos de prisão. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
Hoje Macau SociedadeCultura | Arrancam em Setembro cursos de formação O Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) irá organizar, entre Setembro e Outubro deste ano, e em colaboração com a Universidade de Turismo de Macau (UTM), “cursos de formação em negócios nas áreas culturais e criativas”, sendo que as inscrições decorrem entre os dias 14 de Julho e 8 de Agosto. O objectivo destas formações é “ajudar empresas e associações locais dos sectores culturais e criativos a adquirirem conhecimentos sobre o funcionamento empresarial, melhorando assim gradualmente o grau de profissionalismo e as capacidades práticas nas indústrias culturais”. Estes cursos de formação foram criados em 2022, visando uma “articulação com as tendências de desenvolvimento dos sectores culturais e criativos”, existindo 30 vagas por curso, sendo que todos são financiados pelo FDC. Nos dias 15 e 16 de Setembro, decorre o curso “Aprender competências de gestão com mestres da teoria”, seguindo-se “Gestão das Indústrias Culturais e Criativas” entre os dias 22 e 29 de Setembro. O curso “Psicologia do Turismo e Estratégias de Gestão do Turismo Individual” decorre entre os dias 2 e 4 de Setembro. O último curso, “Expansão das Empresas de Macau nos Mercados Internacionais” acontece de 14 a 16 de Outubro.
Hoje Macau PolíticaFSS | Retroactivos dos apoios sociais pagos este mês O Fundo de Segurança Social (FSS) vai pagar este mês os retroactivos aos seus beneficiários relativos aos aumentos nos montantes dos apoios sociais atribuídos. Os retroactivos vão até Janeiro deste ano, sendo que “a diferença referente à pensão para idosos e à pensão de invalidez” entre os meses de Janeiro e Junho deste ano, incluindo a diferença relativa à prestação extraordinária de Janeiro, vai ser paga conjuntamente com as pensões de Julho a Setembro a atribuir em meados deste mês, explicou o FSS. Em relação aos restantes subsídios, são pagos este mês também, com o FSS a alertar para o facto de os valores da diferença das prestações variarem de caso para caso, sobretudo para o cálculo da pensão para idosos, cujo valor é diferente consoante aplicação do regime antigo ou regime novo, a idade para apresentação de requerimento bem como o número de meses de contribuições efectivamente realizadas”.