Filipa Araújo PolíticaATFPM critica Comissão de Remunerações e rotatividade exclusiva Aqueles que decidem os aumentos salariais da Função Pública deveriam ser eleitos pelos trabalhadores que representam. É o que diz Pereira Coutinho, que critica o facto de existir um sistema de rotatividade com restrições no grupo [dropcap=’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho está desagradado com as recentes nomeações para a Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, por considerar que esta não só não representa os verdadeiros interesses das pessoas, mas também porque se rege por um sistema de rotatividade para apenas alguns membros. A nomeação dos membros da Comissão foi publicada quarta-feira em Boletim Oficial, mas as mudanças aconteceram apenas ao nível dos representantes dos trabalhadores, sendo que os cargos mais altos se mantiveram com os nomes de sempre, como Hao Yufan, que continua como presidente, e o vice-presidente – o economista e ex-deputado Ieong Tou Hong. FOTO: António FalcãoQuem também se mantém são Agnes Fok, Paulo Tse, U Kin Cho e Tina Ho Teng Iat, ex-deputada e empresária, que representam o patronato, através da Associação Comercial de Macau. Através da Federação das Associações dos Operários de Macau estão Lee Chong Cheng e Lei Kong Weng, que viram a sua nomeação renovada por mais dois anos. Joana Maria Noronha, subdirectora dos Serviços de Administração e Função Pública, é das poucas caras novas, assumindo funções como secretária-geral da Comissão. Pang Kung Hou, que representa a Associação de Pessoal Civil da Administração Pública de Macau, Mok Soi Tou, em representação da Associação de Ex-Estudantes de Administração Pública de Macau e Kot Man Kam, da Associação Desportiva dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau são outros dos nomeados. Tudo como dantes Para Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), que já fez parte da Comissão, não é nada de novo a ausência de nova nomeação, até porque este grupo tem um carácter rotativo de dois anos para alguns membros. Contudo, o facto desta Comissão ser a única a utilizar este sistema rotativo “para alguns membros” não agrada ao deputado, que diz ainda que os principais órgãos da Comissão não representam verdadeiros interesses. “Em termos de democraticidade diria que não [demonstram representatividade], até porque algumas [associações] terão mais membros e corpos gerentes do que sócios, mas o Governo é quem tem a faca e o queijo na mão e nada podemos fazer”, disse ao HM. Para Pereira Coutinho, os membros da Comissão deveriam ter sido “eleitos pelas pessoas que representam”, de forma a terem, diz, legitimidade para falar em nome dessas pessoas. “As pessoas estão sempre dependentes dessa nomeação e foram escolhidas a dedo. Por isso é que, muitas vezes, elas têm medo de dar opinião e de melindrar sensibilidades ou [afectar] as pessoas que as nomearam.” Igual para todos O facto desta Comissão ser a única que tem um sistema de rotatividade de dois anos para alguns membros – representantes da parte laboral – também inquieta José Pereira Coutinho. Apesar de concordar, o presidente da ATFPM diz que deveriam ser todas assim e não percebe porque é que só esta funciona desta maneira. “A ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, inventou um sistema de rotatividade dos membros desta Comissão, o que significa que só daqui a 12 ou 14 anos é que poderei estar lá novamente. Mas, este sistema só existe para esta e não para as outras. Tenho feito até interpelações escritas sobre isso: se isto é assim nesta, porque não expandir a rotatividade para outras comissões? Existem centenas em que as pessoas estão há décadas e não são substituídas.” O também deputado diz ainda que a nomeação não deveria ser interna e que, para todos os membros, o prazo no cargo deveria ser de um máximo de “três a quatro anos”. “De uma maneira geral, o resultado das Comissões é quase nulo.” A Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública tem como objectivo propor ao Governo o valor dos aumentos dos salários da Administração, sendo que a proposta deste ano é de uma subida de 2,5%. “Não deveria estar abaixo da inflação. Pelo menos deveria ser igual”, critica ainda Pereira Coutinho.
Filipa Araújo SociedadeTurismo | DST quer eventos de sucesso e mais visitantes internacionais A DST assegura ter vários planos na manga para atrair mais visitantes e oferecer diferentes produtos a quem nos visita. Para espaços diversos estão planeadas actividades como as prometidas para as Casas-Museu da Taipa e haverá mesmo uma consulta pública em Maio para o plano de desenvolvimento do turismo [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m turismo inteligente, diversificado com cooperação regional e organizações internacionais são alguns dos pontos de “trabalho em foco” que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) promete concentrar-se no decorrer deste ano. A “ligeira diminuição anual” de 2,6% no número total de visitantes de Macau é reflexo dos tempos que se vivem e não preocupam a DST. A pasta do Turismo quer, para 2016, uma aposta no planeamento turístico e um impulso na construção do Centro de Lazer. Para isso, explica a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, o organismo vai “promover a elaboração do ‘Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau’”. “Vamos avançar com uma consulta pública em Maio deste ano”, apontou, e depois disso será elaborada “uma proposta aprofundada do plano”. A directora não nega a necessidade de avaliar a eficácia dos grandes eventos e festividades. Saber que eventos correram bem, “como o Festival de Luz”, e substituir os que não correram bem, como o caso do programa Sentir Macau Passo a Passo, actualmente cancelado, é uma das intenções de Helena de Senna Fernandes. Sendo que para isso é necessário apostar no trabalho de sinergias, tanto locais, como internacionais. Mais vias A hipótese de conectar mais linhas aéreas ou férreas a Macau está em cima da mesa para que o território consiga atingir um dos seus grandes propósitos: tornar-se um Centro de Turismo e Lazer. “Podemos fazer eventos com as sinergias, do Instituto Cultural (IC) e do Instituto do Desporto (ID). Mas para as concretizarem, para ter realmente maneira de trazer visitantes, temos de ter linhas aéreas e de comboio. Tem de ser um esforço”, afirmou a directora aos meios de comunicação. Durante a apresentação, a responsável indicou ainda que os visitantes de Singapura e Malásia serão a grande prioridade do Governo. Tomar café cá fora Questionada sobre o projecto apresentado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, da revitalização da zona das Casas-Museu na Taipa, com restaurantes e esplanadas, Helena de Senna Fernandes não acredita que o projecto esteja pronto este ano, mas “qualquer coisa” será feita. “Estamos a fazer o possível para ter pelo menos qualquer coisa este ano. Vamos fazer os possíveis para acelerar o projecto, mas não é de um dia para outro. Há muitas componentes que queremos introduzir. Estamos a fazer tudo para fazer com que este projecto seja um sucesso”, indicou. Em cima da mesa está também a hipótese de estender este conceito a outros locais. “Estamos também a ver com outros bairros, outros parceiros, a possibilidade de implementar [estas ideias] em diferentes locais de Macau. O nosso trabalho é em conjunto com o IC [e com o ID]. Será mais acelerado. Vamos trabalhar em consonância com eles”, referiu. Pacotes ok Até ao momento, são três os hotéis que “submeteram os papéis para o processo de licenciamento” e “sete de alojamento mais económico”, perfazendo um total de mais três mil quartos para Macau. “Acho que a oferta, este ano, vai aumentar. Há possibilidade de continuar a oferecer bons preços para pacotes e atrair diferentes pessoas para passar a noite em Macau”, referiu a directora. Ainda assim, muitos são os futuros hotéis que ainda não submeteram a candidatura para o licenciamento. “Há possibilidade de oferecer bons pacotes. Com a nossa experiência do ano passado, achamos que neste momento os hotéis estão mais virados para atrair turistas de diferentes países. Porque eles antigamente só [recebiam] turistas chineses. Mas em 2015 tivemos uma queda na ordem de 4% [dos turistas vindos da] China, o que leva a pensar que, além da China, devemos ir mais longe. Foi sempre uma aposta da DST”, frisou. Turismo inteligente A DST quer ainda apostar na promoção do turismo inteligente, reforçando a cooperação entre os sectores da cultura e desporto “a fim de promover os eventos de Macau, tirando vantagem do efeito sinergético, para desenvolver Macau como ‘Cidade de Eventos e Festividades’”. Há ainda um novo lema: “Sentir Macau Ao Seu Estilo”, que pretende promover a diversificação da origem dos visitantes e os produtos turísticos. Senna Fernandes quer aproveitar “ao máximo a Internet e as redes sociais para a promoção turística e optimizar as aplicações para telemóvel e as funções do serviço de áudio guia”, rematou. Aumentos de 1% no número de turistas Helena de Senna Fernandes prevê que, no Ano Novo Chinês, Macau receba “mais ou menos” o mesmo número de visitantes, ou seja, pouco mais de um milhão. “A nossa previsão é de mais ou menos a do ano passado. Não vai haver grandes aumentos”, apontou, frisando que no caso de existir um aumento, não ultrapassará os 1%. Esta, diz, é uma previsão “muito optimista”. O mesmo número é apontado para o número total de visitas para o presente ano. Macau recebeu pouco mais de 30 milhões de turistas em 2015 e receberá esse número em 2016. “Ainda é cedo, mas as melhores expectativas é [uma subida] na ordem de 1%”, referiu. Wei Zhao quer mais estudantes na UM O reitor da Universidade de Macau (UM), Wei Zhao, afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que está gradualmente a planear uma forma de atrair mais estudantes de outros países. É possível ser criada uma bolsa de estudo, mas nada é certo. Para já, apontou, o uso de recursos financeiros e humanos da UM deve, principalmente, servir para atrair estudantes locais e só depois os estudantes estrangeiros. Orçamentos para 2016 Para funcionamento da DST: 317 milhões de patacas PIDDA: 22,3 milhões de patacas Fundo de Turismo (projectos, eventos, promoções): 1,13 mil milhões de patacas Maior fiscalização e revisão às leis que regulam mundo hoteleiro Subordinada à grande meta defendida pelo Governo – tornar Macau num Centro de Turismo e Lazer – a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) promete implementar um sistema de acreditação dos serviços de qualidade para as agências de viagens, atribuindo prémios às melhores qualificadas. Mas não fica por aqui: a DST quer ainda implementar medidas de fiscalização e revisão do diploma que regula os hotéis e os estabelecimentos de restauração. “É importante implementar as medidas de fiscalização”, apontou a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, à imprensa, depois da conferência anual do organismo, que aconteceu ontem. Simplificando, a Direcção quer criar um sistema de acreditação para motivar as agências a prestarem um serviço de qualidade aos turistas. Quanto melhor forem, mais prémios recebem. Caso não consigam, irão poder aceder a formações, organizadas pelos serviços, para se melhor prepararem. “Por um lado, estamos a pensar [implementar estas medidas] para as agências de viagens que [fazem] um bom trabalho [na promoção] de Macau e prestam um bom serviço, para serem também encorajadas”, apontou a directora. “Mas também vamos implementar a nossa fiscalização”, referiu. Questionada sobre as recompensas às agências de viagens que atingissem bons resultados, Helena de Senna Fernandes indicou que a DST vai oferecer “um prémio monetário” àquela que “atingir o melhor de todos”. “Além disso vai haver distinções para as agências de viagens e vamos ainda oferecer oportunidades de promoção para esses estabelecimentos, como fazemos com o sector da restauração”, indicou. Rever é preciso Durante a conferência, a directora explicou os quatro passos idealizados pela sua direcção para o presente ano. Helena de Senna Fernandes confirmou a necessidade de rever o diploma que “regula os hotéis e os estabelecimentos de restauração”, prestando apoio ao “processo legislativo relacionado com o projecto de diploma que regula as agências de viagens e a profissão de guia turístico”, sem deixar descurar o “combate à prestação ilegal de alojamento”. Questionada sobre o andamento do processo de revisão, Helena de Senna Fernandes garantiu ter o trabalho feito. “Da nossa parte já está feito o rascunho do diploma. Agora temos que ver quando é que isto vai entrar em sistema de legislação. Ainda há uma série de etapas para seguir”, referiu. Para já, a directora não sabe determinar quando é que a proposta poderá estar pronta. “Não posso dizer porque não está nas nossas mãos”, apontou.
Filipa Araújo Manchete SociedadeCreches | UM recebe milhão e meio por estudo por ser a única “competente” Depois da Auditoria apontar o dedo ao altos preços de estudos, opiniões e consultas adjudicados pelo Governo, o IAS admite a atribuição de mais um estudo por ajuste directo, com um custo superior a um milhão, à UM. A razão? É a única “competente” [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]A Universidade de Macau (UM), mais precisamente a Faculdade de Ciências de Educação, é a “única instituição de ensino superior local” capaz de realizar o “estudo sobre a procura dos serviços das creches e planeamento da respectiva política”. Quem o diz é o próprio Instituto de Acção Social (IAS), entidade que requereu a consulta, que foi atribuída por ajuste directo à instituição. O Governo encomendou um estudo – sem concurso público – para conhecer “os possíveis factores que influenciam a escolha da forma de cuidar das crianças por parte dos encarregados de educação da RAEM”, para “analisar os motivos e a esperança dos mesmos para porem as suas crianças nas creches” e para “avaliar as necessidades dos serviços de creches de 2018 a 2022”, bem como para estudar e planear as políticas da área. Para isso, explica o IAS numa resposta ao HM, precisava de uma entidade competente e experiente para proceder ao estudo desta natureza, tendo sido a UM a entidade escolhida. Sem alternativas Um vez mais o Governo seleccionou, por ajuste directo, a UM para a elaboração do estudo, por considerar que esta é a “única instituição de ensino superior local que não só tem instituído um curso de formação profissional de educação infantil, como também possui uma equipa docente profissional e vários centros de estudos a ela subordinados”. O estudo em causa tem um custo de cerca de um milhão e 400 mil patacas e estará pronto em Dezembro deste ano. A situação das creches em Macau é tema recorrente, muito devido à falta de vagas e recursos humanos, sendo que o Governo já assegurou que vai não só construir mais destes espaços, como abrir mais vagas. O Governo alterou também o sistema das salas, passando estas a acolher no máximo 30 crianças, em vez de 28.
Filipa Araújo SociedadeComissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças pode ser dividida O Governo estará a ponderar dividir os assuntos das mulheres dos das crianças. A ideia já foi defendida por vários organismos, mas até agora nada tinha sido feito. A ideia é muito bem recebida pelos agentes dos sectores [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças que o Governo diz que vai funcionar este ano, e que no ano passado era só Comissão das Mulheres, poderá, afinal, ser alvo de nova reforma, antes sequer da aprovação da revisão do regulamento da Comissão, apontada para 2016. Fonte envolvida no processo avançou ao HM que “a Administração está a ponderar separar os assuntos”, criando um departamento exclusivo para mulheres e outro para as crianças. Do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ainda não houve confirmação, mas o HM sabe que já começaram os primeiros contactos para atingir esta meta. Questionados sobre a possibilidade, os agentes activos da duas áreas mostraram-se felizes com a abertura do Governo para uma medida, dizem, que devia ter sido avançada há muito tempo. Rita Borges, assistente social na associação Be Cool, concorda. “Concordo, sim. Acho que haver a separação dos direitos das crianças e dos das mulheres é importante”, apontou a profissional. A dependência entre os dois grupos é inevitável, pois “deve sempre existir uma ligação, com a mulher, o homem, a criança, o conceito de família”, mas também é importante que existam “departamentos separados que se foquem em cada um deles”. Para Christiana Ieong, presidente do grupo Zonta Club, esta hipótese vem ao encontro daquilo que tem vindo a defender, desde sempre. “Ficarei muito feliz se se confirmar esta vontade do Governo. Numa entrevista ao vosso jornal e em tantas outras ocasiões defendi esta separação. Todos precisamos disto”, argumentou. Separar as águas Apesar de muitas vezes ligados, os assuntos das mulheres são diferentes dos das crianças e precisam de soluções adequadas a cada caso. É preciso, aponta Christiana Ieong, que “a mudança aconteça”. Esta possibilidade mostra “a postura de mente aberta da pasta dos Assuntos Sociais e, mais do que isso, um passo em frente na protecção da sociedade”. Com a abertura do Governo, as Organizações Não Governamentais (ONG), diz, devem “unir forças e trabalhar juntas”. Melody Lu, docente de Sociologia na Universidade de Macau (UM), acredita que esta seria a melhor decisão do Governo. “Antes de tudo, não se percebe porque é que estes dois grupos estão juntos, parece-me que eles ganham a conotação de grupos mais fracos e que precisam de protecção. Não concordo que se parta deste princípio, de ver as mulheres em desvantagem (…)”, apontou. É de facto necessário separar os grupos, diz, e uma das razões apresentadas pela socióloga é a ligação entre mulheres e crianças, pois implicará que “tudo o que se fizer é em nome da família”. Algo errado, porque separar permitirá trazer outros assuntos que só às mulheres correspondem e vice-versa. “Devem ser vistos [os grupos] de forma diferente”, apontou. A junção dos grupos é “assumir-se que o papel da mulher é na família”, algo também errado para Melody Lu. “Acho que colocarmos estes dois grupos juntos é assumir que a [Comissão] só servirá para assuntos de família”, rematou. +
Filipa Araújo Ócios & Negócios Pessoas“Churros”, café | Palmira Pena, sócia-gerente Nasceu por brincadeira e veio tornar Macau muito mais doce. De caramelo, chocolate ou até simples, os churros de Palmira Pena não passam indiferentes a ninguém. Para os mais gulosos há ainda farturas e bolas de Berlim. A gerência garante qualidade e o sabor a casa [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m negócio que surgiu pela saudade. Assim começa por explicar Palmira Pena, uma jovem empreendedora, muito apaixonada por cozinha, que decidiu transportar da Europa um doce muito típico de alguns países: os churros e as farturas. “Uma vez estava em casa e apeteceu-me muito comer uma fartura. Bateu aquela saudade de comer farturas. Comecei a pensar – e como gosto tanto de cozinhar – decidi fazer eu mesma farturas para saber se conseguia”, relembra a sócia gerente do novo espaço “Churros”, na Taipa. Na impossibilidade de fazer em pouca quantidade, Palmira Pena acabou por decidir partilhar o que acabara de fazer com os amigos. “Decidi oferecer aos meus amigos e familiares e a reacção foi muito boa, mesmo sem saber o que era”, conta. A curiosidade despertou logo ali. “Começaram a perguntar se era uma espécie de fartura chinesa – que nós costumamos pôr na canja – e eu expliquei que não, que era uma fartura tipicamente portuguesa”, aponta. Este foi início que colmatou na abertura do novo espaço. “Os meus amigos começaram a pedir se lhes podia fazer umas farturas”, diz. O interesse foi tanto, e o feedback tão positivo, que Palmira Pena começou a questionar a viabilidade de um negócio. “Porque razão não podia eu abrir uma casa de farturas? O que é que me impedia? Nada”, partilha. Garantindo que seria um negócio único, esta era a altura ideal para avançar com o projecto. “Quando é que nos passaria pela cabeça poder ter um sítio em Macau onde se pudesse comer uma boa fartura acompanhada por um óptimo café?”, brincou. A verdade é que o “Churros” não tem só farturas, mas aposta também no seu melhor acompanhante: o café. “Mas é café português, tudo o que estou a fazer é com produtos portugueses”, garante. Espaço para todos A primeira questão surgiu no imediato. “Não fazia sentido abrir um espaço só com venda de farturas e café”, admitiu, dizendo que, por isso, foi necessário aumentar os tipos de negócio que lidera. Os churros surgiram logo por associação, muito também “por causa das crianças”. E o ano começou com a inauguração do espaço, na Vila da Taipa, entre as ruas “mais sossegadas de Macau”. Apesar do horário de encerramento ser às 20h30, o que tem acontecido é a equipa de trabalho ter de fechar mais cedo. “Às vezes às 18h00 ou 19h00 temos de fechar porque já vendemos tudo, porque estamos cansadíssimos, porque já não dá mais”, aponta, mostrando-se muito satisfeita com o feedback. Com apenas duas mesas no espaço interior e uma com funções de esplanada, o “Churros” funciona maioritariamente em serviço de take-away. Com uma montra que não deixa ninguém indiferente com deliciosas gulosices, o pequeno espaço mostra a sua cozinha em aberto, podendo os clientes ver todo o processo. As visitas de turistas são imensas, assegura Palmira Pena. “Recebemos muitos turistas de Hong Kong que têm vindo aqui, muito mesmos, e os portugueses também”, frisou, admitindo que é esta comunidade – a lusa – que o negócio pretende atrair. “Sim, quero que os portugueses provem e sintam o sabor a casa”, brincou. As farturas são, inegavelmente, o ex-líbris da casa. “Tenho recebido muitos comentários positivos, as pessoas que provam dizem que adoram”, diz, mostrando-se orgulhosa. Com os churros o processo é diferente. “Os churros depende sempre se a pessoa quer mais ou menos doce, não é como a fartura que não leva recheio”, esclareceu. Contrariando a ideia de que a cultura chinesa não gosta do excesso de doce, Palmira Pena garante que não mudou a receita e que ainda assim a comunidade chinesa tem-se mostrado muito satisfeita. “Acho que essa ideia não se confirma quando estamos a falar de farturas”, brincou. “Temos também outros produtos portugueses, como rissóis, bolos de bacalhau e bolas de Berlim, estas em tamanho mais pequeno porque este bolo é de facto muito doce”, apontou. Tudo caseiro As receitas são todas caseiras. “Não alterei a receita original das farturas, mas o recheio de chocolate e caramelo são receitas minhas. Quando estamos a vender explicamos à pessoa se é mais ou menos doce, como fica a combinação, que é para a pessoa poder escolher o que quer”, partilha. O caramelo é o recheio que tem liderado o top de preferências dos clientes. “Sim, é de facto o mais popular”. O segredo? Esse está “na massa”. “É a forma como nós fazemos a massa, esse é o grande segredo”, revela. Palmira Pena olha agora para as paredes à sua volta. Está orgulhosa daquilo que conseguiu e da equipa que tem. “Foi difícil arranjar um espaço, apesar de eu ter o beneficio de ser um negócio take-away, portanto foi mais fácil”, partilhou. Desengane-se quem ache que os churros são só espanhóis. “Não, a minha receita é completamente portuguesa. Isto não é espanhol”, brinca, partilhando a visita de uns espanhóis que preferiram os churros de Palmira do que os do seu país. Para já ainda não existe serviço de entrega ao domicilio, mas é um objectivo para o futuro. “Isso e um novo espaço mas no lado de Macau. Mas um passo de cada vez”, termina. O espaço fica na vila da Taipa, na Rua dos Clérigos.
Filipa Araújo Manchete PolíticaPresidenciais | Abstenção mancha eleições que levam Marcelo a Belém Metade do povo votou e escolheu o professor Marcelo Rebelo de Sousa para representar o país nos próximos cinco anos. A abstenção continua a ser a personagem principal nas eleições portuguesas e “é “urgente mudar” esta tendência [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]povo decidiu e não foi necessária uma segunda volta: Marcelo Rebelo de Sousa é o novo Presidente da República portuguesa, apesar de só tomar posse em Março próximo. Foram mais de dois milhões os portugueses que votaram – tanto no país como nos círculos fora dele – no professor de Direito e ex-comentador político. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em todos os distritos de Portugal e recolheu 52% dos votos, deixando o candidato independente Sampaio da Nóvoa em segundo lugar, com 22,9%. Logo depois, a representante do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, conseguiu 10,13% dos votos e, na quarta posição, a Socialista, também com candidatura independente, Maria de Belém, com 4,24%. “Nunca esperei que fosse [uma vitória] tão expressiva perante os outros candidatos. Dois milhões e quatrocentas mil pessoas a votar no professor Marcelo é uma indicação clara do que ele fazia na opinião maioritária, junto dos eleitores. É também um sinal positivo da percentagem que obteve em Macau (49%), o que é a confirmação de que os eleitores de Macau votam sobretudo no centro de Direita e seguem uma tradição de votação aqui [no território]”, indicou Arnaldo Gonçalves, académico, comentador e militante do Partido Social Democrata (PSD) no território. Já para Tiago Pereira, líder do Partido Socialista (PS) em Macau, Marcelo Rebelo de Sousa exercerá o cargo “com a dignidade e sabedoria que o mesmo exige”. “É uma pessoa com cultura democrática, de diálogo. Estou confiante que será um digno Presidente de República”, afirmou ao HM. João Pedro Góis, apoiante de Sampaio da Nóvoa na RAEM, lamentou os resultados, que não deram hipótese da segunda volta. “Temos que aceitar”, referiu, frisando o trabalho “notável” que o candidato independente realizou durante a sua campanha. Os mais de um milhão de votos são sinal de “maturidade democrática”, um sinónimo “muito positivo da força que pode ter a cidadania e o empenhamento cívico”. Medidas urgentes Uma vez mais, contudo, a abstenção foi a personagem principal. Quase cinco milhões de pessoas não votaram, só em Portugal, o que dá 51,16%. Em Macau o número sobe para 96,71% de abstenção, sendo que apenas 526, dos 15.977 eleitores, votaram. Para Arnaldo Gonçalves, os resultados reflectem “a evolução gradual” da abstenção que tem existido na democracia portuguesa. “Não é só destas eleições presidenciais, mas também nas legislativas. As pessoas sentem-se pouco motivadas para ir votar, isso acontece quando escolhem o partido que as vai governar, ou o Presidente da República”, apontou o académico. Esta tendência, que diz ser geral no espaço europeu, deve-se ao “desinteresse” e ao complicado “sistema administrativo e burocrático em termos de exercício de voto”. “Não se percebe muito bem porque é que não evoluímos para o sistema americano em que é possível o voto electrónico. E há maneira de fazer isso com viabilidade, não se percebe porque é que não se consegue fazer. Seria muito mais fácil”, argumentou. Na opinião de Tiago Pereira uma coisa é certa e urgente: é preciso combater a abstenção. “É preciso fomentar uma maior participação das pessoas, não só nas eleições mas também na vida política. É preciso reverter isto”, apontou. Em concordância com Arnaldo Gonçalves, o representante Socialista não tem dúvidas que o sistema de voto electrónico seria uma boa solução. “Esse será claramente um passo importante. Em Macau não é tão relevante porque no que concerne às eleições presidenciais o voto pode ser feito presencialmente, mas em vários outros sítios é extremamente difícil as pessoas deslocarem-se aos postos consulares ou embaixadas para exercerem o seu direito. Nestes casos é óbvio que o voto electrónico contribuirá para diminuir a abstenção”, refere. O “valor altíssimo” da abstenção é um “combate que deve ser comum a todas as forças políticas”, diz Tiago Pereira, que reforça que “tem de se combater a abstenção”. A distância larga que existia na campanha de Marcelo Rebelo de Sousa para com outros candidatos pode ter sido um motivo que levou muitas pessoas a não votarem, conforme argumenta Miguel Bailote, coordenador da secção do PSD em Macau. “As eleições presidenciais têm menos apelo do que as [eleições] legislativas. Isto é uma coisa que tem sido um crescendo na democracia portuguesa, acho que as pessoas estão cada vez mais desligadas da política e os políticos não têm conseguido motivar as pessoas”. Ainda assim, ao contrário dos restantes militantes, Miguel Bailote não acredita que o voto electrónico melhorasse o cenário votante actual. “Acho que o voto electrónico é uma coisa que tem de ser muito bem pensada e tem de ter uma garantia muito elevada”, registou. Benefícios fiscais é uma das propostas que poderia apelar ao voto, sendo defendida por João Pedro Góis. “Provavelmente como isto já teria algum peso na vida das pessoas, as pessoas já se motivariam mais a votar”, defendeu. O voto electrónico seria uma “solução magnífica” para o país, correspondendo ao nível tecnológico que se vive actualmente. Voltas e mais voltas Uma segunda volta foi muito desejada por João Pedro Góis, mas a maioria absoluta atingida por Marcelo Rebelo de Sousa não o permitiu. “Em vantagem”, com “anos de campanha eleitoral na televisão”, o professor amoleceu o coração dos portugueses, apontou ao HM. A contrariar está Arnaldo Gonçalves, que afirma que “se houvesse mais votantes, a distribuição dos votos seria exactamente a mesma”. “A distância do primeiro ao segundo lugar indica isso mesmo”, defendeu. Tiago Pereira acha difícil prever o que poderia acontecer, mas para Miguel Bailote os resultados seriam claros. “Os resultados são o espelho da vontade do país. Acho que a abstenção não influenciou o não ir a uma segunda volta. Se não houve segunda volta é porque os candidatos da Esquerda, designadamente do PS, eram fracos”, rematou. Macau elege Marcelo Rebelo de Sousa com 97% de abstenção Ainda são resultados provisórios, mas mostram que os votantes de Macau pouco se mexeram para exercer o seu direito. Às mesas do Consulado Geral de Portugal em Macau deslocaram-se 526 votantes, ou seja, 3,29% dos 15.977 eleitores inscritos. Feitas as contas, sem contar com os resultados relativos aos eleitores de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, Marcelo Rebelo de Sousa recolheu 187 votos, seguindo-se Sampaio da Nóvoa com 101, Marisa Matias com 28 votos e Maria de Belém com 20. O candidato Paulo Morais não conseguiu ultrapassar as duas dezenas de votos e Henrique Neto, Jorge Sequeira, Vitorino Silva não passaram a barreira dos cinco votos e Cândido Ferreira não reuniu qualquer voto. Registaram-se 12 votos brancos e dois nulos. Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, indicou, ao HM, estarem garantidas as condições necessárias para que a afluência fosse mais intensa por parte da massa eleitoral. “Tínhamos as condições logísticas preparadas para uma maior afluência, mas acho que a condições climatéricas não ajudaram”, apontou. Para o representante oficial português, o desinteresse por parte do eleitorado deverá ser uma hipótese afastada. “Pelo menos não quero pensar que [a abstenção] é desinteresse pelas eleições presidenciais”, referiu. Apesar das percentagens, Vítor Sereno garante a “sensação de dever cumprido”. Recorde-se que a massa eleitora de Macau é composta por eleitores chineses com passaporte português, sendo clara a não ligação com a vida política portuguesa.
Filipa Araújo BrevesAuto-silos com novas tarifas a partir de Março São no total onze os auto-silos que irão ter novas tarifas a partir de Março próximo, segundo um comunicado à imprensa do Gabinete de Comunicação Social (GCS). Jardim Vasco da Gama, Rua do Almirante Sérgio, Pak Vai (Estrada do Repouso), Pak Keng, Pak Kong, Pak Wai, Pak Kong, ETAR, Jardim de Iao Hon, Pak Lai (Portas do Cerco) e Edifício Cheng I são os espaços com novos preços. Com a actualização das tarifas, serão cobradas, ao automóveis, seis patacas por hora durante o tempo diurno e três no nocturno. Os passes mensais também ficam mais caros, variando entre as 1600 e as três mil patacas. As motas passam a pagar duas patacas por dia e uma à noite.
Filipa Araújo PolíticaPresidenciais | Urnas em Macau com pouca afluência Pouco mais de 500 pessoas foram votar no próximo Presidente da República português. Apesar do Consulado prever uma grande afluência, tal não aconteceu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pesar dos eleitores de Macau terem à sua disposição dois dias para votarem nas eleições às presidenciais de Portugal, apenas 526 pessoas – de um total 15977 -foram votar. “No primeiro dia [sábado] votaram 262 pessoas”, indicou ao HM Ricardo Silva, Chanceler do Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong. Até ontem tinham votado mais 262 pessoas, perfazendo um total de 526 votantes. À disposição do eleitorado recenseado em Macau estavam seis mesas de voto, sendo que ontem uma recebia apenas os votos enviados de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, como informou Vítor Sereno, Cônsul-Geral do Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong, aos meios de comunicação. O número de mesas foi justificado pelo próprio como preparação para “um afluxo elevado” previsto. Lista recorde Mais de 9,7 milhões de eleitores foram chamados a escolher o novo Presidente da República, que irá substituir Aníbal Cavaco Silva, sendo dez os candidatos na corrida, o que constitui um recorde de nomes no boletim de voto. Se um dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos será eleito no imediato chefe de Estado, mas caso contrário haverá uma segunda volta, a 14 de Fevereiro, com os dois concorrentes mais votados. Os dez candidatos apareciam no boletim de voto pela seguinte ordem: Henrique Neto, António Sampaio da Nóvoa, Cândido Ferreira, Edgar Silva, Jorge Sequeira, Vitorino Silva (Tino de Rans), Marisa Matias, Maria de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Morais. Para o sufrágio de domingo estavam inscritos um total de 9.741.792 eleitores, mais 85.318 do que em 2011, ano em que Cavaco Silva foi reconduzido no cargo de Presidente na primeira volta, com um resultado de 53,14%. Nas últimas eleições, a abstenção também subiu para valores recorde, situando-se nos 53,56%. A menor abstenção verificou-se na reeleição de Ramalho Eanes, em 1980, com 15,6%. No pós-25 de Abril foram eleitos por sufrágio universal e directo Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, sendo que todos foram reeleitos.
Filipa Araújo SociedadeJosé Cesário indaga Portugal quanto ao futuro da EPM [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado eleito pelo círculo fora da Europa nas últimas eleições legislativas portuguesas, José Cesário, entregou uma pergunta ao Governo português, direccionada ao Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, relativamente ao futuro da Escola Portuguesa de Macau (EPM). José Cesário, ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, apontou que o caminho até agora percorrido pela instituição de ensino “não tem sido fácil”. Cesário dá como exemplo o processo de localização das instalações, que segundo o mesmo “se arrastou” durante algum tempo e que nunca chegou a acontecer. Mas não só. “A definição do seu projecto pedagógico tem igualmente sido alvo de vários debates e reflexões, com implicações em matérias como o ensino da Língua Chinesa, a fronteira entre o Mandarim e o Cantonense, as opções de ensino vocacional ou mesmo profissionalizante, a relação com as restantes escolas locais, entre outras”, apontou o actual deputado, que assina a carta com Carlos Páscoa. Perante a situação, embora a escola em causa se encontre “estabilizada e com boas perspectivas de desenvolvimento”, importa, diz, conhecer com o “pormenor possível, quais as intenções do actual Governo relativamente ao seu desenvolvimento para o futuro”. José Cesário pede então ao Ministério da Educação que sejam respondidas as questões e dados os esclarecimentos necessários relativamente ao futuro da EPM.
Filipa Araújo BrevesQuase duas mil queixas de consumidores O Conselho de Consumidores (CC) recebeu, em 2015, 1914 reclamações, segundo indicou em comunicado à imprensa. Das reclamações recebidas pelo CC, foram registadas um total de 854 reclamações ligadas a telecomunicações, imóveis, transportes e comida. Estas ocupam 45% do número total de todas as reclamações recebidas no ano passado: equipamentos de telecomunicações (303), imóveis (153), serviços de telecomunicações (147), transportes públicos (128) e comidas e bebidas (123). O CC indica ainda que recebeu 5499 pedidos de informação e 26 sugestões.
Filipa Araújo BrevesDSAT retira 198 veículos em estacionamento abusivo A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) indicou que, em 2015, nos 38 auto-silos públicos foram encontrados cerca de 200 veículos estacionados abusivamente. Ilegalidade esta que levou a um processo de tratamento no Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento, tendo sido removidos os veículos em causa. Em comunicado à imprensa, a DSAL reforça que o tempo máximo de estacionamento público é de oito dias consecutivos. Dados da direcção indicam que nos 38 auto-silos foram encontrados 198 veículos estacionados abusivamente, dos quais 15 são motociclos/ciclomotores, sendo os restantes automóveis ligeiros. Os veículos foram removidos pela DSAT ou pelas empresas de gestão para o parque de depósito de veículos. “A DSAT reafirma que os parques de estacionamento públicos são recursos públicos, neste sentido, continuará a reforçar a inspecção e combater o estacionamento abusivo e irracional de veículos”, apontou.
Filipa Araújo BrevesProjecto de democratas para alteração ao CP chumbado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] aditamento ao Código Penal de crimes de atentado ao pudor e assédio sexual, proposto pelos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, foi ontem chumbado pela Assembleia Legislativa (AL), com 16 votos contra, cinco abstenções e apenas oito votos a favor. O maior argumento utilizado pelo hemiciclo foi a consulta pública que está a decorrer até 22 de Fevereiro, levada a cabo pelo Governo e que prevê a integração no Código Penal de novos crimes sexuais e uma maior protecção aos menores. Esta revisão irá também eliminar a diferenciação de género, já que, à luz do regime vigente, considera-se que existe violação quando “um homem constrange uma mulher” a praticar “cópula ou coito anal”, mas não a situação inversa. “Se aprovarmos [o projecto de lei] agora provavelmente não irá conseguir reflectir as aspirações da população. É melhor aguardar o resultado que chegará através da consulta pública lançada pelo Governo”, argumentou o deputado nomeado Lau Veng Seng, justificando o seu voto contra. “Este projecto não foi redigido de forma pormenorizada”, atirou o também deputado directo Zheng Anting. A deputada Wong Kit Cheng apelou à dificuldade que é “criminalizar estes actos”. Ponto em comum Em total sintonia, o hemiciclo assumiu a necessidade de “trabalhar nesta matéria”, como apontou o deputado indirecto José Chui Sai Peng. Zheng Anting frisou que todos os deputados consideram que esta é uma revisão prioritária. Para Kwan Tsui Hang, deputada directa, existe um claro “consenso” entre os deputados e “este projecto é uma necessidade para a sociedade”. “Já discutimos várias vezes sobre esta questão (…) este projecto é um enquadramento, é simples e concordo”, rematou. Relativamente à consulta pública a decorrer, a deputada confirmou que esta é “mais detalhada”, mas o que está em causa é a necessidade de uma acção no momento. “É urgente rever a lei e criminalizar o atentado ao pudor e o documento do Governo – que neste momento é apenas uma consulta, nem proposta é – não tem tempo para estar pronto”, argumentou. Ideia contrária ao deputado José Chui Sai Peng, que alegou esperança na capacidade de trabalho do Governo e, por consequência, na sua rapidez. “Concordo com o conteúdo [do projecto de lei], o Governo não tem que pensar que pode atrasar o trabalho (…)”, frisou. Espaço para todos Em defesa, Ng Kuok Cheong reforçou não estarem a “lutar contra o Governo”. “Claro que o documento mais perfeito é o do Governo [referindo-se à consulta pública] mas qual é o tempo mais oportuno?”, questionava o deputado. “Como deputado achamos que as leis não são trabalhos só do Governo, também temos responsabilidades. Iniciámos isto porque o atentado ao pudor tem de ser resolvido, é uma alteração parcial. Não se afasta a hipótese do Governo avançar com outras melhorias. Apesar de não termos pedido consentimento do Chefe do Executivo não quer dizer que não nos preocupemos com isso”, rematou. Au Kam San, deputado também responsável pelo projecto, justificou a apresentação devido ao demasiado tempo que o Governo tem vindo a gastar na legislação. “Este projecto consegue articular-se com o trabalho que o Governo está [paralelamente] a fazer. Isto é um trabalho dos dois, Governo e Assembleia. A questão não é quem ganha ou perde, mas sim o melhorar a lei. Isto é que é conseguir surtir um melhor contributo”, defendeu. Em causa estava a adição de um artigo ao CP, que iria permitir que quem praticasse actos como “beijar, abraçar ou apalpar as nádegas, seios ou partes íntimas do corpo de outrem aproveitando-se da sua impossibilidade de opor resistência atempada” seria punido com pena de prisão até dois anos. A pena poderia ser agravada um terço caso o acto fosse praticado a um menor entre 14 a 16 anos, ou menor entre 16 ou 18 em que o agente tenha sido confiado para educação ou assistência, com abuso da função que exerce ou da posição que detém. Dados das autoridades policiais de Macau indicam que, de 2012, a Abril de 2014, 40 casos foram tratados com “coacção”, cinco como coacção grave, 20 como coacção sexual e 94 como injúria, devido à falta deste termo.
Filipa Araújo BrevesAcidente no Japão mata residente de Macau [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m residente de Macau morreu num acidente rodoviário em Nakatsugawa, no Japão. O jovem de 25 anos, polícia de trânsito, estava acompanhado por uma jovem também de 25 anos, residente local, e que se encontra em estado grave no hospital local. Num comunicado à imprensa, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) indicou estar a acompanhar o acidente e diz que tem mantido contacto permanente com o Consulado-Geral da China em Nagoia de modo a acompanhar os últimos desenvolvimentos. Os familiares e amigos das vítimas já entraram em contacto com o GGCT para informações. O GGCT tem estado envolvido na coordenação e tem vindo a partilhar juntamente com a Polícia de Segurança Pública de Macau e os Serviços de Identificação de Macau toda a informação necessária para dar o seguimento necessário ao acidente.
Filipa Araújo PolíticaEncerramento de fronteira do Porto Interior incomoda deputados O encerramento da fronteira de Wanchai que fazia a ligação, de barco, com o Porto Interior incomodou alguns deputados que querem que o Governo apresente justificações e soluções para a questão e criticam a falta de comunicação entre os dois lados. Com a saturação das outras fronteiras, defendem, é preciso manter esta hipótese em aberto [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana começou com as autoridades de Zhuhai a anunciar o encerramento do posto fronteiriço de Wanchai, também conhecido por Ilha da Lapa, terminando com as rotas marítimas que diariamente transportavam centenas de utentes, residentes e turistas. As autoridades de Macau anunciaram que receberam um anúncio por parte da região vizinha justificando o encerramento devia a problemas de segurança, mas os deputados não se mostram satisfeitos com a “impotência” do lado de cá. Mak Soi Kun, deputado, considerou a postura das autoridades de Macau deficitárias, algo que, diz, mostra que as partes envolvidas, Zhuhai e Macau, não estão a comunicar como seria suposto. Citando o Acordo-Quadro de Cooperação Guangdong-Macau, o deputado indica que o “encerramento do posto fronteiriço, por ser um assunto relevante, devia, supostamente, ser anunciado e justificado”. “Porque é que só um dia antes da suspensão do funcionamento do posto fronteiriço da Ilha da Lapa é que foi divulgada a respectiva notícia e os cidadãos e turistas apenas ficaram a saber através do aviso afixado no posto?”, indagou durante a sua intervenção em sessão de plenário na Assembleia Legislativa (AL). Para o deputado, este encerramento veio trazer “enormes inconvenientes” tanto a cidadãos como turistas, mas mais que isso dá a entender que o Governo não estaria inteirado da situação. “Será que existem problemas no próprio mecanismo de comunicação ou há outras razões? Será este um mecanismo apropriado de comunicação e cooperação entre Zhuhai e Macau?”, questionou. Mak Soi Kun considera que é essencial que o Governo assuma o problema e tome medidas para resolver a situação, logo agora, tão perto do Ano Novo Chinês, altura de maior entrada de turistas. Menos que é mais “O Porto Interior é a fronteira que fica mais perto da zona central da cidade. O reforço das suas funções e aperfeiçoamento das instalações periféricas e de transporte pode contribuir para reduzir a utilização dos transportes públicos, por exemplo, um turista que chegue pelo Porto Interior pode deslocar-se a e pé”, começou por argumentar Kou Hoi In, durante a sua intervenção, apoiada também pelos deputados José Chui Sai Peng e Cheang Chi Keong. Apesar da taxa de utilização desta fronteira ser a mais baixa de todas as outras disponíveis, tal como as Portas do Cerco ou a Flor de Lótus, representando apenas 0,47% do número total, é mais rápida, demorando-se apenas três a cinco minutos para fazer a travessia. Os deputados assumem que existem dois problemas que fazem com que aquele posto fronteiriço não seja mais atractivo: os horários dos barcos e a insuficiência de equipamentos. E, mais uma vez, pedem a Macau que faça algo. “Apelamos novamente às autoridades de Macau para acelerar as conversações com os serviços competentes do interior da China, no sentido de melhorar, quanto antes, as actuais instalações do posto fronteiriço de Wanchai, para o seu aproveitamento adequado, assim como para reabrir esse posto com um horário mais prolongado, sem intervalo e com mais carreiras”, argumentaram. Os deputados apelam ainda a que o Governo de Macau aperfeiçoe as comunicações com as autoridades para a melhor gestão do serviço.
Filipa Araújo Manchete PolíticaLei Sindical reprovada por 18 deputados Eles tentam, mas não conseguem. O projecto de Lei Sindical continua a não agradar aos deputados. Momento inoportuno, complicações para o investimento, pressões – muitas foram as justificações dadas para reprovarem pela sétima vez o diploma [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda não foi desta que o projecto relativo à Lei Sindical convenceu a Assembleia Legislativa (AL). Esta é a sétima vez que um projecto sobre este assunto é chumbado pelos deputados e desta vez não foi excepção: da responsabilidade dos deputados Kwan Tsui Hang, Ella Lei e Lam Heong Sang, o projecto reuniu 12 votos a favor, 18 contra e uma abstenção do deputado Leonel Alves. O estado da economia e, para alguns deputados, o facto dos direitos dos trabalhadores “já estarem” salvaguardados deram as justificações para mais um chumbo. Muitas foram as vozes que se elevaram contra a existência dessa lei, recorrendo a todas as razões possíveis. O deputado Tsui Wai Kwan, por exemplo, afirmou que a esta “lei vai afectar o investimento” numa altura em que Macau passa por uma “situação económica” frágil. O deputado nomeado pelo Chefe do Executivo acredita que regulamentar esta lei “em nada contribui para a promoção do trabalho”, tendo em conta que o que Macau precisa neste momento é de investimentos. “Se aprovarmos esta lei vamos assustar [os investidores]”, apontou. Não sendo o momento “oportuno” para os deputados – justificação que tem sido, aliás, a principal para a reprovação de projectos anteriores – esta lei vem ainda mexer, defendeu Tsui Wai Kwan, com a “relação patronal e laboral” que vive agora “uma fase harmoniosa”. “Não é a altura certa”, rematou. Por sua vez, o deputado Ma Chi Seng defendeu que esta lei deve surgir de uma vontade tanto do Governo como das partes interessadas. “Este projecto não convém ser apresentado só por uma das partes”, indicou o deputado nomeado, referindo-se ao facto dos deputados que apresentaram a proposta serem do sector Operário. O deputado sublinhou a necessidade desta ser uma legislação da vontade de todos. Doidos à mesa Com um discurso muito polémico e provocador esteve o deputado Fong Chi Keong que chegou a perguntar em plena sessão plenária se os deputados que apresentaram o projecto estavam “doidos”, “malucos” ou “tolos”. Começando o seu discurso com um “espero que esta lei seja aprovada” – mas não para já – Fong Chi Keong criticou severamente o projecto em causa. “Todo o conteúdo deste projecto… qualquer pessoa inteligente irá discordar destes artigos”, apontou. Referindo vários problemas, desde a dispensa de trabalho para participarem em reuniões sindicais, por exemplo, o deputado defendeu que esta não é altura para aprovar a lei. “Em Macau os trabalhadores nunca foram descriminados. Nunca foram tratados de forma injusta. Isto é uma realidade, verdade. É verídico”, apontou. Não existe, para o deputado, necessidade de recorrer a sindicatos quando o “Governo consegue resolver” os problemas. “Ele [o Governo] não é inútil”, frisou. Prejudicar outros Num discurso que parecia de apoio, a deputada Melinda Chan mostrou várias preocupações quanto à interferência que o projecto de lei poderá ter para com as “mais de seis mil associações do território”. “Isto poderá afectar os interesses das associações, não podemos afectar os interesses das outras associações que estão a funcionar há muito tempo. Também não podemos obrigar as associações a construir uniões”, refutou. Gabriel Tong também se mostrou muito reticente ao projecto apresentado pelos três deputados. “Acho que é preciso ter em conta a realidade de Macau. A vida das associações… é preciso ver. O que é que deve ser melhorado? Esta é a grande pergunta”, apontava, frisando que na sua opinião o projecto apresentado não era maduro o suficiente para aprovação. “É um bom direito, mas ainda precisa de maturidade, acho que há muitas questões para seguir para a especialidade”, apontou. O autor de cinco projectos sobre o assunto, José Pereira Coutinho, não se mostrou muito convencido. “Este projecto tem coisas diferentes daqueles que já apresentei”, disse em plenário, aplaudindo, ainda assim, a iniciativa e mostrando-se completamente a favor. “Claro que aprovo, apesar do conteúdo ser diferente. Este é um passo dado para conseguir cumprir o dever e responsabilidade da Lei Básica”, disse, referindo-se ao artigo 27, que determina a liberdade dos residentes de Macau em “organizar e participar em associações sindicais e em greves”. “Somos legisladores, temos essa responsabilidade”, frisou. O deputado Au Kam San assumiu que esta é uma lei que deve ser regulada e que a resposta ao momento certo nunca será encontrada. “Quando é que podemos avançar com a lei, então?”, indagou o hemiciclo. Au Kam San admitiu que nenhum projecto é perfeito na sua primeira apresentação, por isso é que depois existe a avaliação na especialidade. “Podemos discutir para melhorar a lei, para cuidar dos direitos dos trabalhadores e empregadores”, referiu. Ng Kuok Cheong, deputado, foi ainda mais longe e disse que se, caso a lei não fosse aprovada – como não foi –, o Governo deveria assumir a sua responsabilidade e avançar com uma proposta, cumprindo o que a própria Lei Básica indica. “Isto é lamentável”, apontou, referindo ao desinteresse claro por parte de alguns deputados. O Governo já disse ao HM, recorde-se, que está “aberto” à possibilidade, mas que ainda se encontra a estudar a ideia. Votos a favor: Ng Kuok Cheong, Kwan Tsui Hang, Ho Ion Sang, Leong Veng Chai, Si Ka Lon, Ella Lei, Song Pek Kei, Au Kam San, José Pereira Coutinho, Lam Heong Sang, Chan Meng Kam e Wong Kit Cheong Votos contra: Zheng Anting, Ma Chi Seng, Lau Veng Seng, Sio Chi Wai, Mak Soi Kun, Melinda Chan, Gabriel Tong, Chan Iek Lap, Tsui Wai Kwan, Chan Chak Mo, Cheong Chi Keong, Vong Hin Fai, José Chui Sai Peng, Angela Leong, Vitor Cheong, Fong Chi Keong e Chui Sai Cheong O que disseram os deputados “Será mesmo necessário legislar? Já passaram tantos anos, não sei se isto é um vazio legal, porque se fosse já tínhamos sido pressionados pelo Governo Central. Será que estamos a violar a Lei Básica? Se tivéssemos, o país dizia alguma coisa”, Chan Chak Mo “Não são só os trabalhadores que levam uma vida árdua, os patrões também”, Fong Chi Keong “Se a economia já esteve em alta e não se produziu esta lei, então só posso chegar à conclusão que se deve à estrutura da AL, onde a maioria dos deputados não foi escolhido por sufrágio universal e, por isso, não apoia [a lei]. Por outro lado, porque é que o Governo nunca apresentou a proposta de Lei Sindical? Porque não está a assumir a sua responsabilidade”, Ng Kuok Cheong “Noutras jurisdições nota-se que a Lei Sindical estimula o crescimento económico. Estão todos a olhar para esta lei como se fosse um mostrengo. Um sindicato não é uma arma”, Lam Heong Sang, um dos promotores do projecto “Disse que há empregados que se suicidam ou ameaçam suicidar-se por causa dos salários? Os empregadores também se suicidam por causa da falta de dinheiro. Deve ser o Governo a ser o interlocutor [entre os conflitos laborais]. Há sindicatos que são seitas, como no Japão”, Tsui Wai Kwan “Associações e sindicatos são coisas diferentes, as regras são diferentes e há leis diferentes. Não deve haver comparações entre as duas figuras, se não é perigoso. Podia ser que, com a Lei Sindical, os trabalhadores a quem são devidos salários deixassem de ter de ir ao Gabinete de Ligação do Governo Central”, Leong Veng Chai “A lei não resolve o problema, mas a Lei Sindical só vai dar mais trabalho à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e ao Conselho de Concertação Social”, Chan Chak Mo
Filipa Araújo Manchete PolíticaDroga | Deputados aprovam aumento de penas, mas deixam alertas Está aprovada na generalidade a revisão que vai fazer subir as penas para o consumo e tráfico de droga e para implementar testes de urina como prova. Gabriel Tong absteve-se, Leonel Alves pediu atenção às disparidades das penas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão à Lei de Proibição da Produção, do Tráfico e do Consumo Ilícitos de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas foi, sem surpresas, aprovada na generalidade com uma única abstenção do deputado Gabriel Tong. O diploma agrava as penas do consumo até um ano e do tráfico até 15 anos, introduzindo testes de urina como método de prova, mas deixou alguns deputados de pé atrás. “Abstive-me porque entendo que o tratamento para as situações [do consumo de droga] não é o ideal, porque limita-se a aumentar apenas a moldura penal. Parece-me que as penas são demasiado elevadas”, defendeu Tong, durante a declaração de voto, em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), ontem, ainda que assegurasse concordar com as restantes normas. Em discussão no plenário esteve a recolha de urina, os locais de investigação e a introdução da definição da quantidade – a revisão propõe que caso alguém tenha em sua posse cinco vezes mais do que a quantidade do mapa de referência. O deputado Leonel Alves apontou algumas questões relativas à definição de artigos, mas, no mesmo registo pediu uma maior reflexão quanto ao que diz ser a disparidades das penas. “Na especialidade é preciso reflectir com mais ponderação. O artigo diz que o mero consumo dá azo a uma pena de prisão de três meses a um ano, mas o consumidor com [quantidade superior a] cinco vezes, incorrerá numa pena de cinco a 15 anos. Uma milésima a mais [origina esta pena]. Acho que há uma discrepância muito grande”, apontou. Abertos à discussão Sónia Chan, Secretária para Administração e Justiça, garantiu abertura para um maior diálogo em sede de análise na especialidade. Em explicações, indicou que a revisão tem como propósito aumentar as penas para obrigar os consumidores a recorrerem ao processo de desintoxicação. “Agora a pena é curta e poucos optam pela suspensão e vão para a prisão”, apontou, adiantando ainda que a definição de cinco doses diárias poderá resolver uma das maiores dificuldades desta lei, que é como definir consumo de tráfico. Para os Serviços dos Assuntos de Justiça este método foi introduzido porque muitos traficantes estavam a conseguir ludibriar as autoridades e receber uma pena mais leve. Recorde-se que em causa está a elevação do limite mínimo de penas do consumo de três meses para três meses a um ano e do crime de tráfico de droga de três para cinco anos, mas mantendo o máximo de 15 anos. O crime de detenção indevida de utensílios ou equipamentos passa a ser considerado como o crime de consumo.
Filipa Araújo Manchete PolíticaEleições | Governo diz não ter condições para votos no exterior Zheng Anting pediu, mas o Governo diz que não. Os eleitores que não estão em Macau vão continuar sem poder votar, porque a Administração não tem condições para que isso aconteça [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s residentes de Macau que moram no exterior vão continuar sem poder votar nas eleições para a Assembleia Legislativa (AL), uma vez que não existe mecanismo para que isso possa acontecer e não há condições para tal. Quem o diz é o Governo, numa resposta ao HM. “Para colocar pontos de votação fora do território é necessário considerar o transporte de votos, número de pontos de votação, a escolha da localização e os recursos humanos”, diz o Executivo, que enumera ainda as despesas das eleições e a coordenação com as entidades de outras regiões, entre outros “factores incertos”, como justificações. “Antes de haver condições maduras, a RAEM não considera adicionar esse mecanismo na legislação eleitoral.” O esclarecimento dado ao HM surge depois de, numa interpelação escrita entregue no início do mês, o deputado Zheng Anting apelar ao Governo a implementação de um sistema que permita aos residentes de Macau no estrangeiro votar. O deputado chega mesmo a pedir que seja realizada uma consulta pública sobre o assunto antes de 2017, altura das próximas eleições para a AL. Direito de todos Existindo milhares de residentes de Macau a trabalhar ou estudar no estrangeiro, assim como idosos que se encontram a viver em lares do interior da China, o deputado argumentou os benefícios da implementação de um novo sistema de voto. Para Zheng Anting, estas pessoas usufruem dos mesmos direitos de eleger e ser eleitos, tal como dita a Lei Básica. “Já há muitas opiniões que apelam ao Governo para estudar o regime de votação à distância através da designação de locais de voto, para que os residentes possam participar nas eleições quando estão no estrangeiro. Actualmente vários países e regiões com sistemas mais democráticos usam este sistema”, lembrou o deputado. O Governo explica, na resposta, que “a legislação eleitoral tem regulamentos claros sobre os procedimentos de votação, para assegurar a justiça e equidade” e que “ não existe um mecanismo de colocar pontos de votação em regiões fora de Macau”, nem vai haver.
Filipa Araújo SociedadeHotel Estoril | Governo deverá contratar peritos internacionais mas não sabe quando nem quantos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) deverá convidar peritos internacionais para a apreciação da proposta de classificação do Hotel Estoril como património, apresentada por mais de uma centena de cidadãos. Mas, até ao momento, como confirmou o organismo ao HM, ainda não foram endereçados os convites e o número de peritos poderá ser alterado. “Temos peritos que vão chegar para ver se há realmente valor ou não. Depois de eles acabarem este trabalho, nós é que vamos tomar uma decisão”, afirmou o presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, depois da cerimónia de tomada de posse dos novos dirigentes do Instituto de Acção Social (IAS), que aconteceu na passada segunda-feira. O presidente chegou ainda a indicar que em causa está o convite a três peritos de “nível internacional”, explicando que o ano passado o IC já tentara fazê-lo mas sem sucesso. Ontem, ao HM, o IC explicou que não existe convite oficial, para já e que está em aberto a possibilidade de virem mais ou menos peritos a Macau. “Temos planos para convidar, mas ainda não convidámos”, confirmou o IC ao HM, frisando: “para já queremos três, mas podemos mudar, depende dos convites”. Sem grandes certezas, permanece o mistério sobre o destino do Hotel Estoril. Uma vez mais, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indicou que a vontade do Governo é clara: construir um centro de actividades para jovens, um auto-silo e remodelar a piscina para que possa estar aberta todo o ano.
Filipa Araújo Manchete SociedadeÓbito | Almeida Santos relembrado como peça importante para Macau António Almeida Santos, presidente honorário do PS, morreu aos 89 anos deixando para trás uma marca de “espírito jovem”, “diplomacia” e “integridade”. O socialista foi uma peça importante para Macau na “pequena revolução” trazida pela elaboração do Estatuto Orgânico [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]inha 89 anos de idade mas um “espírito muito jovem”. António Almeida Santos, figura histórica do Partido Socialista (PS) e um dos presidentes honorários do partido, morreu na noite de segunda feira, deixando para trás um exemplo de “diplomacia” e “integridade”. “Era uma pessoa muito íntegra, com valores muito fortes, um negociador e apaziguador que deixa um lugar que nunca será ocupado no Partido Socialista”, disse ao HM Vítor Moutinho, assessor, que trabalhou juntamente com o político. “Ele era presidente na altura em que trabalhei com os governos de [António] Guterres e José Sócrates. Em alguns congressos e campanhas, era uma voz sempre ouvida, sempre opinativa”, apontou, relembrando que “sempre que era necessário contar com uma opinião mais política e mais sensata [Almeida Santos] era sempre ouvido”. O assessor chega a dizer que em “situações extremas”, em que era necessário “bom senso político” e “diplomacia política”, Almeida Santos “era uma voz sempre auscultada e respeitada”. Pequena revolução Em Macau, Almeida Santos teve um papel importante, nomeadamente em 1974, como Ministro da Coordenação Interterritorial durante os II, III e IV Governos Provisórios. “[Almeida Santos] teve a seu cargo a recolha de informações em relação à situação de Macau. Reuniu em Pequim para perceber [a situação]”, relembra Tiago Pereira, líder do PS Macau. “Foi peremptório quando declarou que Macau não era considerada uma colónia”, apontou. O presidente honorário socialista assumiu ainda um “papel fundamental” na elaboração do Estatuto Orgânico do território. “Conjuntamente com figuras locais, Almeida Santos teve um papel fundamental na elaboração deste Estatuto, que foi uma pequena revolução, acto muito significativo, porque trouxe à luz um conceito novo e uma nova forma de encarar a situação em Macau, no sentido em que estabeleceu uma reforma profunda da Assembleia Legislativa (AL), com a sua democratização parcial”, referiu, frisando que o valor desse trabalho viu-se na sua duração, mantendo-se – apesar das ligeiras alterações – até 1999, altura da transição da soberania de Macau para a China. “Foi sem dúvida um trabalho muito bom”, remata. A sua ligação à empresa Geocapital, sediada em Macau, foi alvo de muitas críticas, tendo o ex-bastonário dos advogados, Marinho e Pinto, acusado Almeida Santos de ser um dos advogados “que mais negócios fizera à custa do que é público”. O socialista disse, na altura, ter muito orgulho na sua participação da constituição da Geocapital. De apontar a participação dos empresários Stanley Ho e Ambrose So na empresa. Referência incontornável “Com muita emoção.” Foi assim que Anabela Ritchie, ex-presidente da AL, recebeu a notícia. “Ainda há dois dias o víamos na campanha de Maria de Belém [candidata à Presidência da República] e estava muito bem. Custa muito saber da morte dele, uma figura para Portugal absolutamente incontornável, um ponto de referência”, defendeu. Para a ex-presidente da AL, Almeida Santos “teve um papel muito importante para Macau, não só nas diversas funções oficiais em que esteve envolvido, mas também a nível de amizades”. “Como tive uma carreira bastante comprida, pude acompanhar a disponibilidade e a dedicação que Almeida Santos tinha para com Macau e as suas questões, desde antes do 25 de Abril, como depois”, apontou. O conhecimento dos estatutos das antigas províncias ultramarinas permitiu ao socialista ter uma forte capacidade na elaboração do Estatuto Orgânico de Macau. “Sabia muito sobre as competências em que Macau estava investido e das competências que Macau devia adquirir com o Estatuto, com vista a uma autonomia desejável, com que ele sonhava e nós também”, argumentou. Uma pessoa sempre disponível sobre a qual Anabela Richie lamenta a “grande perda”. Aprender com o exemplo Vítor Moutinho relembra o exemplo que Almeida Santos foi para a sua – e de tantos outros – aprendizagem. “É quase como quando estamos na escola e gostamos sempre de aprender com os mais velhos. Era uma aprendizagem de comportamentos. Há que diga que a velhice é um posto, mas neste caso os anos não passaram por Almeida Santos. Foi alguém que sempre aprendeu com os mais novos e gostava de estar a par das novas informações e de como funcionavam as novas tecnologias. Até podia não as usar muito, mas era interessado”, ilustrou. Ideia também partilhada por Tiago Pereira, que diz que esta “figura história do PS e da própria democracia portuguesa” carregava em si um “espírito jovem”. “Isso notava-se até pelas suas posições políticas mais recentes. Isto reflecte uma consciência clara da nova realidade, dos novos tempos e da forma como o mundo mudou. Espelha o entusiasmo pela vida política que nunca perdeu”, rematou. Almeida Santos, licenciado em Direito, pela Universidade de Coimbra, faria no próximo mês 90 anos. Morreu em sua casa, em Oeiras, depois de se ter sentido mal no final do jantar. Foi assistido no local, mas sem sucesso. Maria de Belém cancelou a campanha até ao funeral de Almeida Santos, que ainda não tem data marcada.
Filipa Araújo SociedadeDoenças Contagiosas | Alexis Tam defende urgência do Centro A localização do futuro Centro de Doenças Infecto-Contagiosas não agrada a todos, mas Alexis Tam reafirma que o projecto é urgente, além de já ser uma ideia antiga [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro de Doenças Infecto-Contagiosas que vai nascer em Macau é uma proposta que vem desde o tempo em que o actual Chefe do Executivo, Chui Sai On, era Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Arrancando nesta premissa, Alexis Tam, actual Secretário da pasta, atribui máxima prioridade à construção do novo espaço, que tem levantado polémica na sociedade. Reforçando que “é preciso ter uma coisa em mente”, como o facto de Macau ser um “destino turístico internacional”, que recebe anualmente “um grande número de turistas”, Alexis Tam diz que a RAEM tem todas as características que tornam urgente a necessidade de construir um “edifício de doenças infecciosas”. É preciso pensar, defende Alexis Tam, que uma epidemia pode afectar totalmente a nossa indústria turística, mas ao mesmo tempo também pode ameaçar a vida da nossa população. “Em Hong Kong, em 2003 aconteceu uma grande epidemia. Na Coreia do Sul, no ano passado, também. São situações muito graves e por isso Macau tem que tomar isto como referência, tem de aprender com essas lições. Temos de assegurar a vida e a saúde, da população. Por isso considero necessário construir o edifício da doenças infecciosas”, argumentou o Secretário. Vozes de fora Aprovado pelo Instituto Cultural (IC), o projecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas situa-se ao lado do hospital Conde de São Januário e implica a demolição de dois edifícios. A questão tem sido muito discutida devido à necessidade de colocar abaixo os dois prédios que ocupam o lugar, havendo já vozes que pedem a classificação dos edifícios como património. Os Serviços de Saúde (SS) já se mostraram a favor da nova construção. “Sei que há residentes a reivindicar proteger essas duas casas, mas o que eu preciso de fazer é apelar ao vosso apoio. O que nós fazemos é ter em consideração a opinião das pessoas, mesmo que seja uma minoria a considerar que os seus interesses possam ser afectados. Posso dizer que a maioria apoia a nossa proposta”, frisou. Neste momento a secção das doenças infecto-contagiosas funciona dentro das próprias instalações do Hospital Conde de São Januário. “A entidade funciona dentro do hospital. O que vamos fazer agora é retirar esta entidade do hospital e colocar num novo edifício. Temos as condições para o isolamento”, assegurou. “Volto a salientar a necessidade de construir este edifício”, afirmou, adiantando que o mesmo irá cumprir certas regras ditadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), “sobretudo devido à sua altura”. Alexis Tam falava à margem da tomada de posse de dois novos vice-presidentes e de alguns cargos de chefia do Instituto de Acção Social.
Filipa Araújo Manchete SociedadePorto Interior | Encerramento de terminal de Wanchai criticado As autoridades de Wanchai encerraram o terminal marítimo que fazia ligação com o Porto Interior e os residentes e associações não estão contentes com a decisão. Mais demoras, mais filas – tudo piora com a falta destas rotas, já para não falar da diminuição do comércio [dropcap style=’circle’]D[/dropcap style=’circle’]esde os usuários à empresa de Ferry Zhuhai-Macau, ninguém está contente com o encerramento sem aviso prévio do Terminal Marítimo de Wanchai, por parte das autoridades da China. As rotas até ao Porto Interior estão encerradas, mas eram uma alternativa que facilitava “em muito” a vida dos residentes tanto do lado de Macau como de Zhuhai. Lai Wai, usuária do serviço de transporte, caracterizou este encerramento como “ridículo”. “Este encerramento vem contra aquilo que o Governo tem vindo a desenvolver. Quer que haja uma distribuição das pessoas que passam as fronteiras, incluindo nas Portas do Cerco, Cotai e Porto Interior. Isto vem contra essa vontade”, apontou a utente. O encerramento foi justificado por uma falha na segurança depois das autoridades de Zhuhai levarem a cabo uma avaliação às instalações do terminal da região vizinha. “As autoridades apontam para um problema de segurança, mas então isto também quer dizer que o problema já existe há algum tempo, ou seja não é de agora”, argumentou ainda Lai Wai, que diz que nunca houve motivo de temer pela segurança. “Usei o barco e não senti que houvesse qualquer problema com a segurança. Os barcos são grandes e confortáveis, a distância em si é curta, demoramos no máximo cinco minutos”, registou. Para Kai, residente em Wanchai, junto ao terminal em causa, mas a trabalhar em Macau, o encerramento vem prejudicar muito a rotina de muitas pessoas. “Esta viagem era apenas de cerca de três minutos de barco, não existiam muitas pessoas, portanto não há aquele caos comuns noutras passagens. O horário da manhã também era bom e [os barcos eram] muito pontuais. O serviço não era de todo mau”, reforça. Negócio afundado A empresa de Ferry Zhuhai-Macau queixou-se que o encerramento influencia em muito o seu negócio e, por isso, vai pedir a reabertura do terminal e o prolongamento dos horários tanto ao Governo de Macau como ao de Zhuhai. Zhang Qinglan, presidente da empresa, citado pelo jornal Ou Mun, indicou que ontem, depois do anúncio de encerramento, “mais de 50 clientes estavam para usar o serviço para regressarem ao Porto Interior e mais de 200 para o regresso ao Porto de Wanchai”. A empresa critica a postura do Governo de Wanchai, que não só encerrou o espaço sem aviso prévio como não apresenta soluções para o futuro, deixando estes usuários sem transporte. “O terminal de Wanchai diminuiu a pressão das Portas do Centro e têm sido muitos os residentes que usam este porto para visitar Macau. A rota marítima é uma maneira bastante conveniente, rápida e que respeita a protecção ambiental. O tempo de percurso do ferry é muito curto, portanto é bom. O encerramento deste porto vai ainda influenciar as actividades comerciais do próprio Porto Interior”, argumentou. Diariamente, indicou o presidente, mais de duas mil pessoas usam a rota, através das várias empresas de transporte marítimo, sendo que anualmente os números ultrapassam um milhão de passageiros. No Ano Novo Lunar, no primeiro e segundo dia, passam mais de seis mil residentes e turistas por dia. “Nos terceiros e quatro dias, o número de turistas pode chegar aos dez mil ou mais por dia”, acrescenta. O presidente rematou que “a empresa irá discutir com os Governos sobre a reabertura do porto, bem como vai entregará um pedido de prolongamento dos horários”. “Caso os Governos respondem ao prolongamento, a nossa empresa vai adicionar mais barcos”, garantiu. Efeitos negativos Zhu Hong In, director da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores da Marginal indicou que, embora o encerramento não influencie em massa os moradores de Macau, a decisão irá ter consequências negativas para as actividades comerciais da zona do Porto Interior, especialmente nos primeiros dias do Ano Novo Chinês. O director sugere que os Governos criem um plano que possa ligar estes portos, como por exemplo uma ponte entre Macau e Wanchai. Apesar de Ieong Tou Hong, director da Associação Promotora da Economia de Macau, ter lançado uma proposta de renovação do terminal em 2012 ao Governo de Zhuhai, nada aconteceu. A proposta foi recusada e o terminal em causa nunca foi alvo de renovações ou reconstruções. Para o director, que também propôs a construção de uma ponte que ligue as duas zonas, é natural que as pessoas estejam descontentes com o encerramento da única forma de passagem naquela zona. Mais e melhor Para Kai, portadora do passe que lhe permite pagar, pelo bilhete diário, dez patacas em vez de 30, o serviço deverá ser restituído mas com nova cara. “A questão dos horários é problemática, porque o último ferry era às 16h30 e isto é muito cedo para quem trabalha em Macau e tem de voltar para Wanchai. A cobrança dos bilhetes é também um ponto negativo do serviço, porque, por exemplo, nas Portas do Cerco não pago nada”, argumenta. “Espero que o porto possa ser aberto novamente, mas com mais barcos e preços baratos, especialmente depois de todas as fronteiras oferecerem flexibilidade de horários. Não vejo porque é que este terminal marítimo deva funcionar de forma diferente”, registou. Lai Wai acredita que o encerramento desta alternativa vem dificultar e trazer mais problemas. “Isto vai fazer com que a pressão nas outras fronteiras, principalmente nas Portas do Cerco, aumente. Espero que o serviço abra rapidamente e que o horário seja alargado”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaSecretário pede mais consciência a nova equipa do IAS [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ecorreu ontem a tomada de posse dos dois novos vice-presidentes do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai e Au Chi Keung, e de vários cargos de chefia do mesmo organismo. Depois da reestruturação que atribuíram ao organismo as funções de reinserção social, que eram dos Serviços dos Assuntos de Justiça, os novos vice-presidentes mostram-se confiantes com o futuro. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, presente no momento, apelou ao trabalho da nova equipa. “Gostaria de aproveitar o momento para alertar todos os colegas que no futuro têm de aumentar a vossa consciência no trabalho e perceber melhor quais as necessidades da população, bem como aumentar a vossa capacidade profissional. Peço-vos para trabalhar no futuro ainda mais activamente”, rematou. Hon Wai mostrou-se muito empenhado no desafio que agora abraça, garantindo esforços no atendimento das solicitações da sociedade. “Após o retorno de Macau à China, tem-se assistido ao rápido desenvolvimento político e económico e os problemas familiares e comunitários tendem não só a complicar-se como também a ficar camuflados. Irei desempenhar as minhas funções no sentido de conjugar forças das equipas do serviço social (…)”, discursou Au Chi Keung.
Filipa Araújo BrevesFSS | Secretário acredita em consenso até fim do ano Alexis Tam acredita que até ao final do ano possa existir consenso sobre o montante a ser pago pelos patrões e trabalhadores para o Fundo de Segurança Social (FSS). O tema tem sido muito discutido, tendo-se arrastado por vários meses, já que as duas partes não entram em acordo. Alexis Tam acredita que o Conselho Permanente de Concertação Social possa tomar uma decisão até ao final do ano.
Filipa Araújo Manchete PolíticaVong Yim Mui, presidente do Instituto de Acção Social: “Não acordámos agora para a violência doméstica” A nova presidente do IAS afirma que o envelhecimento da população é prioridade, com consulta pública sobre o assunto marcada para Março. Vong diz ainda que a Lei da Adopção poderá ser revista e que a UM está a fazer um estudo sobre creches. Mais: jura que a prevenção da violência doméstica esteve sempre na mira do Governo Acabou de tomar posse como presidente do Instituto de Acção Social (IAS). Quais são os planos de trabalho que gostaria de ver realizados? Com o constante desenvolvimento social, a acção social assume um papel muito relevante na sociedade, na medida em que está intimamente relacionada com a vida e bem-estar de milhares de residentes. Sendo o IAS o organismo público do Governo encarregado de assegurar os benefícios sociais, deve o mesmo estar imbuído de um elevado sentido de responsabilidade, uma vasta visão profissional, um grande espírito de solidariedade social, bem como de uma capacidade de acção delicada e minuciosa para organizar, planificar, promover e elevar cada projecto desta área específica e os respectivos trabalhos. O IAS tem vindo a empenhar-se na implementação das políticas e medidas inseridas das Linhas de Acção Governativa (LAG), estando actualmente a desenvolver de forma ordenada os diversos planos de trabalhos de curto, médio e longo prazos. Mas isso é, de algum modo, o trabalho regular e que espera do Governo. Algo de novo para o futuro? Perspectivando o futuro, o IAS vai continuar a consolidar o apoio aos grupos sociais vulneráveis, reforçar a rede dos serviços de apoio à família e comunidade, procurar aumentar o número de vagas das creches, implementar de forma ordenada o Plano Decenal de Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idoso e de Reabilitação, promover constantemente o desenvolvimento dos serviços de prevenção e tratamento da dependência do Jogo e da droga, optimizar o novo regime de subsídios às instituições, acompanhar a construção e o funcionamento dos novos equipamentos sociais, promover os trabalho relativos à prevenção e tratamento da violência doméstica, bem como assegurar os trabalhos legislativos relativos ao Regime de Garantia dos Direitos dos Idosos e ao Regime de Credenciação Profissional dos Assistentes Sociais. O IAS foi alvo de uma reestruturação orgânica… O IAS encetou uma nova página da sua história, com um âmbito de atribuições mais vasto por englobar agora os serviços de reinserção social. No futuro, irá reunir todos os seus trabalhos para nos empenharmos de forma incansável na prestação de apoio aos cidadãos, na resolução das suas dificuldades e na construção de uma nova vida, reforçando e desenvolvendo deste modo a cooperação amistosa com as instituições com as instituições particulares e os outros serviços do Governo, com vista a elevar conjuntamente o nível do seu profissionalismo, a fim de proporcionar à população serviços de elevada qualidade e eficiência e melhorar o bem-estar dos residentes. Em termos práticos, o que significam esses planos? O valor de risco social foi já aumentado de acordo com o mecanismo de ajustamento. O montante do seu valor para as famílias com um agregado familiar subiu de 3920 patacas para 4050 patacas, o que representa uma taxa de aumento de 3,3%. Quanto ao serviço de apoio alimentar de curto prazo, o mesmo irá transformar-se num serviço regular, prevendo-se que cerca de 3800 famílias ficarão beneficiadas com essa alteração. Além disso, será reforçado o trabalho de divulgação para mais famílias carenciadas tomarem conhecimento da existência do serviço. Paralelamente, serão implementados mais serviços diversificados de valorização pessoal e familiar. Em relação aos serviços de apoio às minorias, mediante o contacto directo ou encaminhando-os para os respectivos serviços de apoio, com vista a ajudar a uma mais rápida integração comunitária. Há uma lista vasta de serviços prestados pelo IAS. Serão suficientes? O IAS tem uma enorme área de actuação e com muitas tarefas. E todas as tarefas são importantes, mas temos que as dividir em várias fases, por exemplo trabalho a curto prazo, médio prazo e longo prazo. Todos são importantes, mas temos em foco o apoio aos grupos sociais vulneráveis, aos idosos e deficientes. Em relação a isto, temos à nossa frente – e damos a nossa importância – à área que está relacionada com o envelhecimento da população. Vamos criar mais lares para idosos, isso é um ponto essencial e prioritário do trabalho que temos pela frente. No primeiro trimestre vamos ter o plano decenal para o serviço de idosos – vamos concretizar isso este ano. Portanto, nos primeiros três meses de trabalho – e do ano – o foco serão os idosos. Sim. Temos de enfrentar o problema de envelhecimento populacional que se regista actualmente. Para prosseguir as diversas medidas do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Reabilitação, será lançada em Março uma consulta pública. No âmbito das suas atribuições, o IAS irá empenhar-se na concretização do trabalho do primeiro ano de implementação desse plano, como tarefa prioritária, na promoção do desenvolvimento do planeamento do serviço de tratamento precoce, do serviço de reabilitação para deficientes, da saúde mental da população, da construção de equipamentos sociais para deficientes e do alargamento do serviço de autocarro de reabilitação. O facto de ser mulher é uma mais valia para o cargo que agora ocupa por ter, porventura, outra sensibilidade por exemplo para os casos de violência doméstica em que maioritariamente, em Macau, as vítimas são mulheres? Claro que o IAS dá muita importância à violência doméstica. Mas é preciso esclarecer que o IAS não está à espera que a Lei da Violência Doméstica seja aprovada para fazer o que quer que seja. Não ficamos aqui sem fazer nada. Já estamos a fazer muitas coisas, por exemplo, os contactos com os serviços [de apoio]. Quando a lei for aprovada os serviços já estão preparados: a polícia, os Serviços de Saúde, o Instituto de Habitação. Está tudo preparado. E não é só com os serviços públicos, também com os privados, para que haja comunicação sobre a problemática. Temos na mão alguns dados e estamos a promover acções de formação para as pessoas da linha da frente, para que possam lidar com o problema da violência doméstica. É preciso ainda apontar que a nossa visão é unilateral, ou seja, os alvos de violência doméstica não são só mulheres, também podem ser homens. Esta é a nossa visão. Homens e mulheres. Vamos sempre dar apoio e formação às vítimas, para evitar mais ofensas. Temos ainda uma linha aberta, que já está a funcionar, que lida com este problema. Portanto, não acordámos agora. Concorda com que a violência doméstica seja crime público? Quanto a esta questão, após muitas discussões, o ponto essencial é definir a natureza do acto ou o próprio acto de violência doméstica. Na minha opinião pessoal, se realmente se verificar que é um acto de violência doméstica, então deve ser um crime público. O mais importante é preciso distinguir o acto, se é violência doméstica. Por exemplo, uma bofetada, como é que as pessoas vêem? Qual o ponto de vista? Depois da saída da lei isto vai estar muito bem definido. Tem-se notado um acréscimo nos pedidos de ajuda? De uma forma geral, o IAS recebe dois tipos de pedidos, os que surgem pelas instituições particulares ou pelo próprio IAS. A porta do IAS está sempre aberta, por exemplo, na sua sede e nos centros de acção social. É o grupo de deficientes que tem mais solicitações de ajuda. Por exemplo, sobre o plano decenal de apoio à deficiência – como sabemos ainda está em fase de consulta pública. É este grupo e o dos idosos os que mais pedidos de ajuda solicitam. A Lei da Adopção foi alvo de críticas sobre a protecção aos progenitores, permitindo que as crianças não possam ser adoptadas. Segundo o que o HM apurou, numa reportagem, existem poucas crianças disponíveis para adopção, sendo que as que estão não o são por serem deficientes. Como é que o IAS pretende resolver esta questão? Este é de facto um assunto importante. Temos de dar mais importância a isto. Temos aqui dois lados: o primeiro é o Regime de Protecção das Crianças e o Regime de Actuação. Vamos analisar o conteúdo e depois dar uma opinião aos serviços competentes para se estudar a possibilidade e viabilidade de alterar os regimes. Quanto à acusação da lei proteger os progenitores e, nesse caso, as crianças deficientes estarem mais vulneráveis, isso é preciso ver de forma concreta. É preciso estudar casos concretos. Se isto se confirmar, a nossa primeira preocupação será proteger a criança. Temos a responsabilidade de prestar cuidados e atenção. Podemos fazer isso também com as instituições privadas. Quanto ao Regime de Actuação já é um domínio diferente. Portanto temos de dividir a situação em dois lados: protecção e actuação. Por enquanto é assim. Sei que os Serviços de Justiça estão a propor uma revisão do regime, mas por enquanto só sabemos isso. Tal como avançado pelo HM, há pessoas a dormirem em restaurantes, por exemplo o McDonald’s, que estão abertos 24 horas por dia. O IAS tem conhecimento disto? Neste momento funcionamos em cooperação com uma instituição particular [Cáritas] para gerir um centro para os desalojados. Em Macau há um mecanismo para proteger estes desalojados, mas há pessoas que não querem essa ajuda. Quando elas não querem e optam por ficar nos McDonald’s, o IAS tem que ver a intenção da pessoa. Não sabemos qual a causa, pode não ser um desalojado. Há também casos de pessoas com perturbações psicológicas – é preciso ver o contexto e a intenção da pessoa. Temos ainda trabalhadores de um serviço extensivo, cabe-lhes a eles irem fazer as rondas. Vão à rua para tratar destes casos, perceber as necessidades. Temos uma equipa que faz isso. Relativamente às vagas nas creches, o IAS quer aumentar o número. Como? Para continuar a aumentar o número de vagas das creches, vamos cooperar com as instituições particulares e os serviços públicos, no âmbito da criação de novas creches e da ampliação das instalações das creches existentes, com vista a aumentar as vagas até mais de dez mil. Paralelamente, vamos continuar a desenvolver os serviços de creche diversificados que abrangem o prolongamento do horário de funcionamento, o serviços nos feriados, o serviço em situações de urgência e temporárias, etc., no sentido de responder às necessidades diferentes dos encarregados de educação. Além disso, será incumbida à Universidade de Macau a criação de um curso de diploma para monitores de creches com duas edições, para formar cem pessoas, no sentido de melhorar os seus conhecimentos e técnicas de cuidar e educar crianças. Entretanto, foi encarregada também a mesma universidade de efectuar um estudo sobre a procura dos serviços de creche e o planeamento da respectiva política, a fim de definir o plano de desenvolvimento dos serviços de creche de 2018 a 2022. Falou numa maior necessidade de prevenção da droga. A lei foi alterada recentemente, aumentando as penas. Concorda que é através de maiores penas que se controla o consumo? Na revisão da lei, todo o trabalho legislativo passou pela Comissão da Luta Contra a Droga e já tivemos discussões mais do que suficientes sobre o assunto. Demos os nossos pareceres também. Portanto, a maneira de estruturar a lei partiu de um consenso. O essencial é ajudar os toxicodependentes, apesar da lei ser mais rigorosa. É preciso ver que existe um mecanismo de suspensão de penas, num período onde é encorajado o tratamento dos toxicodependentes. Isso já é uma medida para dar a oportunidade para corrigir. A lei é o último meio. Dados Entre 2011 a 2015 foram recebidos 20 mil casos de pedidos de avaliação de deficiência, sendo que 50% são considerados portadores do Cartão de Registo de Avaliação de Deficiência válido. Entre Janeiro a Outubro do ano passado foi atribuído o subsídio regular a cerca de 4500 famílias. O apoio alimentar de curto prazo do Centro do Serviço de Fornecimento Temporário de Alimentos da Cáritas foi atribuído – no mesmo período de tempo – a cem novas pessoas, ultrapassando os 3100 beneficiários regulares. Em 2015 o subsídio de idosos garantiu a sobrevivência a 65 mil pessoas.