ATFPM | Coutinho acredita em actualização de salários na Função Pública

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de encontro, na manhã passada, com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, o presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, diz-se confiante quanto à actualização, no próximo ano, dos salários dos funcionários da função pública em 4%. Durante a reunião a associação pediu ainda que os cheques dos residentes permanentes subam até às 12 mil patacas. “Pedimos o Chefe do Executivo que no próximo ano os salários sejam aumentados em 4% e que os cheques pecuniários sejam aumentados até 12 mil patacas (…) Chui Sai On ouviu de bom grado. A Secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan, também estava presente e, também ela, anotou (…) vamos ver o que o Governo faz até Novembro, e define nas Linhas de Acção Governativa (LAG) (…) estamos positivos”, indicou Pereira Coutinho.
Durante a manhã de ontem, Pereira Coutinho esteve também reunido com o Chefe do Executivo em representação dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Chui Sai On terá reforçado o apoio à comunidade portuguesa. À saída, Pereira Coutinho afirmou ainda que sabe “de fonte do Governo português” que os passaportes portugueses irão sofrer uma actualização no seu prazo de validade, de cinco para dez anos. Fonte da Assembleia da República confirmou, ao HM, que não houve qualquer debate sobre esse assunto.

14 Jun 2016

Leong Veng Chai quer expansão do Parque de Seac Pai Van

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Leong Veng Chai afirma ser preciso ampliar as instalações do Parque de Seac Pai Van e reforçar as acções promocionais do mesmo, de modo a fazer com que mais cidadãos locais e turistas visitem o parque e os pandas gigantes.
Numa interpelação ao Governo, o deputado indica que o parque em causa é o “local adequado para as famílias visitarem e passearem, bem como os turistas. É como se fosse um jardim zoológico e botânico, pois dispõe de diversas instalações, tais como o Museu Natural e Agrário, o Pavilhão do Panda Gigante, um aviário, jardins, a Quinta Musical de Macau e a avioneta ‘Sagres’”. Leong Veng Chai diz ainda que apesar do Governo ter construído o pavilhão para do Panda Gigante o número de visitas por parte dos turistas “continua baixo”.
Como segundo ponto, o deputado explica que os visitantes apresentaram queixas quanto ao mau estado de conservação da avioneta “Sagres”, uma construção de 1965, que fez a travessia Lisboa-Macau em 1987. “Alguns cidadãos revelaram que a avioneta ‘Sagres’, em exposição no Parque de Seac Pai Van, está bastante deteriorada e que o Governo não presta a devida atenção à conservação da referida avioneta”, acusou. É preciso, diz, que a direcção competente avance com trabalhos de conservação da avioneta.

13 Jun 2016

Encontro | Chui Sai On recebe ATFPM e Conselheiros da Comunidade Portuguesa

Funcionários Públicos de um lado e portugueses do outro, Pereira Coutinho apresenta hoje lista de pedidos a Chui Sai On. Sistema de recolha de queixas, convites e contratação de recursos humanos são os assuntos em destaque

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) e os Conselheiros para as Comunidades Portuguesas (CCP) são, esta manhã, recebidos pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, na sede do Governo.
Em cima da mesa estão pedidos ao líder máximo de apoio à comunidade, conforme indica José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM e conselheiro.
“O grupo da ATFPM irá discutir vários assuntos com Chui Sai On. Vamos apresentar um documento para actualizar os rendimentos dos funcionários públicos na ordem dos 4%. Vamos solicitar o ponto da situação para o pedido de aposentação voluntária a partir dos 20 anos na função pública, e pedir também que o Chefe do Executivo reserve terrenos para a construção de habitação para a função pública”, apontou José Pereira Coutinho.
Pensões de aposentação aos agentes das forças de segurança para maior motivação de trabalho e “fazer ver a Chui Sai On que a instituição de um mecanismo de queixas, proposto pelo Governo, não irá resultar”, são outros dos assuntos a serem abordados no encontro de hoje.

Convites dourados

Na qualidade de conselheiros das comunidades portuguesa, explica Coutinho, a os representantes vão “aproveitar o encontro para discutir assuntos relacionados com a comunidade portuguesa”. “Temos vários assuntos, nomeadamente assuntos relacionados com a recente vinda do Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes”, explicou, ao HM, Pereira Coutinho.
Na lista de afazeres está também um convite a Fernando Chui Sai On. Os Conselheiros querem que o Chefe do Executivo marque presença na Conferência Mista, em Portugal.
“Vamos fazer o convite para se deslocar a Lisboa. Gostaríamos de o ter para a Conferência Mista , deste ano. Se possível que seja conduzida pelo próprio”, indicou, esclarecendo que a edição do ano passado foi presidida por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. São precisos mais resultados, explica Pereira Coutinho, e por isso talvez seja importante que Chui Sai On marque presença.
Mas outros assuntos têm propriedade. Pereira Coutinho explica que serão abordados temas “no âmbito educacional, da formação de quadros, da contratação de especialistas portuguesas para os quadros da Administração, nomeadamente médicos, enfermeiros, magistrados e engenheiros, que possam, de facto, contribuir para o desenvolvimento da RAEM”.
Será ainda apresentado um relatório pormenorizado da mais recente deslocação dos conselheiros a Lisboa. “Vamos expor a Chui Sai On algumas das conversas informais que tivemos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro-Ministro, António Costa”, rematou.

13 Jun 2016

Trânsito | Discussão para regulamento de capacetes concluída

Está finalmente concluída a discussão da proposta para o Regulamento dos modelos de capacetes de protecção para condutores. A DSAT será a entidade responsável pela aprovação dos modelos, assim como será ela a definir as regras e procedimentos que devem ser respeitados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Conselho do Executivo concluiu a discussão do projecto de regulamento para os modelos de capacetes de protecção para condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos. Desde o anúncio da intenção até à elaboração deste regulamento que vai obrigar as lojas a vender capacetes que protejam, de forma garantida, a cabeça dos seus utilizadores, passaram quase dois anos.
A “obrigatoriedade de uso de capacetes certificados” tinha sido estabelecida pelo Governo em 2014. Na altura, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que estava “a ultimar” um regulamento administrativo para estipular os modelos de capacetes com padrões internacionais de segurança, mas nunca mais foram anunciadas novidades.
A proposta, agora terminada, estabelece a competência desta mesma direcção na aprovação de modelos dos referidos capacetes, assim como a definição de regras e procedimentos conducentes à aprovação e as normas técnicas a que os capacetes devem obedecer.
Assim, os capacetes de protecção devem respeitar qualquer uma das normas técnicas constantes do anexo ao regulamento administrativo, ter uma etiqueta para a identificação das normas técnicas adoptadas, colocada pelo fabricante, e não se podem encontrar danificados ou deformados. Caso o capacete possua viseira, deve satisfazer o disposto no nº 3 do artigo 65º da Lei nº 3/2007 (Lei do Trânsito Rodoviário).
O projecto prevê ainda que, proferida a decisão de aprovação, a DSAT deve publicitar no prazo de três dias, nos seus locais de atendimento ao público e no sítio da internet, os modelos de capacetes de protecção aprovados, comunicando-os ao Corpo de Polícia de Segurança Pública. O projecto revoga também a taxa devida pela aprovação do capacete de protecção, no valor de 300 patacas.

Linhas de acção

Antes de entrar em vigor este regulamento, a DSAT tinha lançado em 2014 um documento de “orientações sobre capacetes e respectivo uso pelos condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos”, com o objectivo, diz, “de lembrar os utilizadores sobre a importância do uso de capacetes”.
Mas a realidade era outra e até levou a que Kenny Leong, realizador local conhecido pelos vídeos sarcásticos que faz sobre algumas políticas e medidas do Governo, tivesse produzido uma série de experiências em vídeo, utilizando cinco tipos de capacetes vendidos em Macau, sendo dois deles dos mais comummente utilizados no território. Resultado? Apenas dois – de valor mais elevado e não disponíveis em todas as lojas – conseguiram resistir aos impactos, ainda assim cansando possíveis danos ao seus utilizador.
Actualmente, segundo a informação divulgada pelo Governo, existem cerca de 400 mil capacetes na RAEM e, no ano passado contavam-se quase 250 mil veículos, sendo que destes 52% eram de motociclos.

13 Jun 2016

António Katchi: “Executivo tem tratado a lei cada vez pior”

Um Governo que não cumpre a lei e a utiliza em seu bel-prazer, um território que está a perder as suas liberdades e um Direito local cada vez pior. São algumas das opiniões de António Katchi, jurista e docente do Instituto Politécnico de Macau, que afirma não ter medo de dizer o que pensa

Em 2011 afirmou que Macau caminhava para um sistema anti-democrático. Já atingimos esse ponto?
De facto, sempre houve a expectativa que Macau pudesse ser um regime democrático ou, pelo menos, caminhasse para esse lugar. A verdade é que Macau tem apenas um pequeno elemento democrático que é a eleição por sufrágio directo de uma parte dos deputados. Claro, havia a expectativa que essa parte fosse aumentando até que se chegasse à eleição integral da Assembleia Legislativa (AL), por sufrágio directo, e também à eleição do próprio Chefe do Executivo através do mesmo sistema. Ora passaram quase 17 anos sobre a transferência da soberania e não houve nenhum passo nesse sentido. Pelo contrário, houve até um passo atrás com a extinção dos municípios.

Que eram eleitos de forma parcial…
Sim, havia um órgão que era parcialmente eleito por sufrágio directo e os municípios, os dois, o Leal Senado e o das Ilhas, foram extintos e substituídos pelos Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), cujo Conselho de Administração é inteiramente nomeado pelo Governo. Portanto, não houve a evolução que se espera, mesmo que fosse gradual, para um regime mais democrático.

Mas Macau poderia algum dia sê-lo?
Não. Não se pode ter essa ilusão, de que em Macau poderia haver um regime plenamente democrático, porque Macau é uma região em que o regime é totalitário. Mesmo que por hipótese a AL e o Chefe do Executivo fossem eleitos por sufrágio universal directo, o facto é que eles estariam sempre subordinados a autoridades políticas nacionais destituídas de democraticidade.

Mas há outros sinais…
No capítulo dos direitos, liberdades e garantias têm surgido, por vezes, ameaças. Houve uma deterioração daquilo que normalmente se diz o primado da lei, portanto, no comportamento da Administração Pública. Isto é, após a transferência da soberania o Executivo tem tratado a lei cada vez pior. Porque muitas vezes as autoridades administrativas invocam a lei não como um fundamento que, de acordo com a interpretação possa justificar a acção, mas apenas como um pretexto que manifestamente não oferece qualquer justificação para a acção concreta.

Por exemplo?
Um dos exemplos mais conhecidos é quando se invoca a Lei da Segurança Interna para impedir a entrada em Macau de pessoas que não põe minimamente a segurança interna do território. Pessoas que não estão ligadas a organizações terroristas, nem a qualquer outro tipo de organização criminosa, nem em relação às quais existem menor fundamento para que as mesmas queiram vir aqui causa distúrbio, ou exercer qualquer actividade ilícita. Quando se proíbe a entrada de um jornalista, um advogado, de um professor universitário, de um deputado, de um sindicalista ou até de uma pessoas que só vem apanhar o avião para qualquer outro lado, como já aconteceu, tudo isto significa que o Governo invoca esta lei, sem especificar o artigo. Mas mesmo que especificasse não existiria a menor relação naquilo que está previsto e aquilo que é o motivo real do qual eles estão a proibir a entradas das pessoas.

A proibição do chamado “referendo”, em 2014, avançado pela Associação Novo Macau é outro exemplo de como o Governo usou a lei de forma errada e para seu interesse?
Sim. O Governo invocou uma série de argumentou que nada tinham a ver com a situação. Primeiro, aquilo não era um referendo, se não o era e era apenas uma sondagem como é que se pode dizer que aquilo era ilegal pelo facto da constituição chinesa e a Lei Básica não preverem a figura de referendo? Logo aqui já está errado. Depois o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais veio a invocar uma parte do segundo acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI), repare, uma parte apenas, a que lhe interessava. Com esta parte pegaram ainda na Lei de Protecção de Dados Pessoais e fizeram uma mixórdia para dizer que os movimentos que organizavam o chamado referendo, estavam a violar a lei.

O Governo usa a lei de forma ilegal, para atingir os seus próprios interesses?
Exactamente, neste caso, para interesses do regime chinês. O Governo está agir contra a lei. Neste caso, foi deste o Chefe do Executivo e da Secretária para a Administração e Justiça, que estavam envolvidos neste processo, até à antiga coordenadora do Gabinete para os Dados Pessoais, Sónia Chan, actual Secretária, todos eles, juntamente com a polícia, foram coniventes com esta violação da lei. Violação de direitos fundamentais com a invocação de uma disposição legal, mas que estava a ser manipulada. Assim como estava a ser manipulado o acórdão do TUI.

E no futuro?
A maior ameaça que as pessoas poderão vir a sofrer na sua liberdade de expressão ainda está para vir. Essa ameaça está contida no documento que o Governo divulgou recentemente sobre a Lei Eleitoral. É uma autêntica lei mordaça.

Quais os riscos se esta proposta for aprovada?
Se isto vier a ser uma lei obviamente que virá violar de uma forma bruta a liberdade de expressão, em geral, e nomeadamente a liberdade de propaganda política que é uma decorrência da liberdade de expressão. De acordo com a proposta, o que está previsto é que a partir do momento que o Chefe do Executivo fixa a data das eleições e até duas semanas antes do acto eleitoral, ou seja, até ao início do período oficial de campanha eleitoral, ninguém poderá falar publicamente sobre as eleições. Nem as pessoas que se vão apresentar como candidatos se podem assumir como tal, nem as pessoas que pretendem apoiar essa candidatura poderão falar em abono dessa mesma candidatura ou criticar outras, nem nós. Nem jornalistas, nem os residentes, nem os membros das associações, nem simpatizantes. Ficaremos amordaçados e não poderemos dizer nada. Isto é como uma suspensão da liberdade de expressão.

Mas mesmo no período eleitoral há entraves…
Sim. Os candidatos só poderão realizar as actividades que tiverem sido previamente indicadas à Comissão Eleitoral. O documento prevê que antes do início da campanha eleitoral os candidatos forneçam à Comissão em causa, uma informação completa sobre todas as actividade de campanha que pretendam realizar e que lhes entreguem todos os materiais de campanha. Isto é claro de um controlo total. E as pessoas só poderão falar em abono ou em critica de algum candidato se se tiverem registado como apoiante. Quem não o fizer não poderá sequer dar a sua opinião. Isto não é suspender a liberdade de expressão?

Sempre se mostrou uma pessoa que aponta do dedo ao que considera errado. Outros docentes universitários sofreram represálias por expressão livremente as suas opiniões. Não tem que o mesmo lhe aconteça?
Não tenho medo, mas tenho noção que podem existir consequências. Achei chocante os casos de Eric Sautedé e Bill Chou. Foram demonstrativos da tal degradação do ambiente de liberdade que se vive em Macau. Felizmente isso não aconteceu em todas as instituições, não sei de nenhum caso no Instituto Politécnico de Macau (IPM) em que alguém tenha sido perseguido por exprimir as suas opiniões. Espero que assim continue. O que aconteceu na Universidade de Macau (UM) e na Universidade de São José (USJ) foi bastante grave, eu diria até que seria razão suficiente para o Governo demitir o reitor da UM, se outras razões não houvesse, como por exemplo a repressão que foram vítimas alguns estudantes, em 2014, na cerimónia de graduação, que estavam a manifestar o seu apoio ao professor Bill Chou. Portanto, medo não direi que tenha, mas consciência que as pessoas correm alguns riscos, sim, correm. Se algum dia aparecer num canal de televisão chinês a confessar algum crime, com certeza não estarei a falar de minha livre e espontânea vontade.

Rematando: coloca de parte a possibilidade de Macau atingir o sufrágio universal?
Acho que pode depender da correlação de forças que se estabeleça em Macau, Hong Kong e na China. Claro que podemos dizer que o regime chinês é muito mais poderoso do que a população de Macau. Isto é, mesmo que Macau lute muito é claro que sabemos que se o regime chinês quiser recusar o sufrágio universal, terá possibilidade de o fazer. Mas é preciso avaliar os custos dessa decisão, porque isso poderá fazer com que a nossa sociedade se torne altamente instável. O regime chinês terá de avaliar os prós e contras, e pensar que apesar de detestar a democracia, e a temer, poderá chegar a um ponto em que considere que é melhor ter uma sociedade tranquilizada com um regime político que não lhe agrade, a uma sociedade constantemente agitada, e com prejuízo para a economia local. É possível que venha a existir o sufrágio universal, mas tudo isto depende da luta popular. Sem a mobilização da população em favor de um regime democrático, o regime chinês não o irá fazer.

Depois da adesão histórica na manifestação de 2014 contra o Regime de Garantias, acha que estamos a perder o ritmo?
Isto tem altos e baixos. As pessoas, em geral, mesmo aquelas que gostam de estar em manifestações também não têm disponibilidade para estar de forma constante. Acho que as pessoas do sector público temem participar, principalmente as que estão com vínculos precários. Mas mesmo as que estão no quadro têm medo, nomeadamente por temerem consequência a nível de classificação de serviço.

E esta luta dos jovens pró-democratas, Jason Chao, Scott Chiang?
Tenho muita consideração por eles, acho-os bastante dedicados à causa pública, bastante corajosos. Nós bem sabemos que há muitas pessoas com esta idade que preferem estar, com todo o direito, tranquilos na sua vida. Estes novos jovens sacrificam o seu tempo e até a sua liberdade, como foi o caso de Jason Chao, para lutar pelas suas ideias e mudanças que acham que são boas para a sociedade. Posso não concordar com tudo mas acho que, de forma geral, lutam por boas causas, questões de maior liberdade, ambiente, maior participação das pessoas nos assuntos públicos, entre outras.

Quando o ex-procurador é acusado de corrupção e detido, o que é que isto releva de Macau?
Sou muito céptico em relação à campanha “Anti-corrupção” da China. Esta campanha não é contra a corrupção, isto é uma purga dentro do partido comunista. Não estou a dizer que as pessoas que tenham sido apanhadas, não sejam realmente desonestas, e não tenham feito aquilo de que são acusadas. Primeiro, não temos a certeza se estas pessoas fizeram aquilo a que são acusadas; depois, não sabemos quantas pessoas que fizeram coisas destas, ou pior, e que não são apanhadas, nem sequer incomodadas. Por outro lado, nós não podemos esquecer o procedimento que tem sido seguido na China continental. É que não é o Ministério Público (MP) que aparece com uma acusação, começa sempre por um acto da Comissão de Disciplina e Controlo dentro do Partido Comunista, ou seja, podemos crer que o Comité Permanente do Partido Chinês, ou seja, aquele conjunto de sete pessoas que dominam superiormente o partido, dá indicações para investigar ou acusar, eventualmente sem investigação, determinadas pessoas. Só depois é que passa para o MP e depois essas pessoas são levadas para tribunal, e já se sabe que não há garantia de independência dos tribunais na China.

E em Macau?
Em princípio não será assim, mas não sabemos. Como é que eu posso saber se o Comissariado Contra a Corrupção não se transformou num braço da cúpula do partido chinês, nesta campanha anti-corrupção? Não estou a dizer que sim, mas também não ficava admirado que assim fosse.

Passando para o Direito de Macau. Está a ganhar, ou ganhou, uma identidade própria?
Acho que o Direito de Macau se não piorou muito foi graças a certas correcções feitas na AL. Isto porque muitas vezes há anteprojectos de propostas de lei horríveis, por exemplo a da Lei Eleitoral, mas depois, com as consultas públicas, melhoram, mas pouco, e quando chegam à AL ainda estão muito maus. Depois, devido à intervenção de alguns deputados, principalmente os eleitos por sufrágio directo, e dos seus assessores, são melhorados.

Mas ainda assim aquém?
Sim, mesmo assim aquém.

Por que é que este trabalho dos assessores da AL não é feito pelos assessores do Governo?
Na AL os deputados, em princípio, deixam falar os assessores jurídicos, porque os deputados não são superiores hierárquicos dos assessores. Portanto, cada deputado não é chefe dos assessores e por isso não têm autoridade para proibir que os mesmos se manifestem, e parto do princípio que até têm interesse em ouvi-los para eles próprios ficarem informados e terem argumentos para discutir com o Governo. Isto é diferente com o que acontece na Administração. Às vezes há pessoas que podem pensar que os assessores jurídicos do Governo são menos bons, ou que não cumprem o seu papel, mas isso não é verdade. Eles muitas vezes tentam fazer o melhor trabalho mas são impedidos. E muitas vezes o que escrevem é posto na gaveta.

Antipatia pelo Governo chinês não implica antipatia contra a China

Passando à região vizinha, concorda com a separação de alguns jovens democratas da vigília para recordar Tiannamen?
De todo, não concordo absolutamente. Isso implica uma ruptura pela luta da democracia em Hong Kong, como além significa uma quebra na solidariedade nacional que seria bom que existisse, pela luta da democracia na China. Seria muito importante que existisse uma unidade entre os activistas que lutam pela democracia, pela liberdade, pelos direitos humanos e pelos direitos laborais na China. Por outro lado, evidentemente que a luta pela chamada independência de Hong Kong é algo que é virtualmente impossível, além de que, no meu ponto de vista, isto é ilegítimo. Hong Kong não é uma nação: é uma parte da China, que foi roubada pelo imperialismo britânico através das guerras do ópio. Portanto, que Hong Kong é território historicamente chinês não suscita qualquer dúvida. Não há fundamento para a exigência da sua independência. Esta divisão do movimento democrático de Hong Kong vem enfraquecer o próprio movimento e vem dar argumentos ao regime chinês para lançar a ideia de separatismo, alegando que as pessoas de Hong Kong não são patriotas, sobretudo os democratas. Mais ainda, esta separação está a dar força à ideia da China que dar a liberdade aos democratas para apresentar candidatos ao Chefe de Executivo, iria colocar em risco a soberania chinesa sobre Hong Kong.

Mas há uma atitude de ódio ao regime chinês?
Pois, a cúpula dirigente do Partido Comunista tem responsabilidades na crescente antipatia da população de Hong Kong relativamente ao regime chinês. É óbvio que, de um ponto de vista racional, a antipatia ao Governo chinês não deveria implicar antipatia contra a China. Eu, por exemplo, antipatizo com o regime, mas adoro a China como nação, ao mesmo tempo que odeio o regime. Infelizmente algumas pessoas criam esta aversão à China, não são raros os exemplos de pessoas que se recusam a falar mandarim, alguns nem sequer querem aprender. Há um culto de ódio. É irracional detestar a China porque se detesta o regime. Porque é que isto acontece? Não é só desinformação em Hong Kong, é também a atitude arrogante, prepotente, sobranceira, odiosa do Governo chinês, que não consegue gerar a simpatia a alguém, nem nos dirigentes norte-coreanos.

É uma atitude além fronteiras…
Sim, não é só com o seu povo, mas também com os países vizinhos. Uma atitude que cada vez mais a deixa isolada, e os países vizinhos, mesmo com regimes semelhantes ao chinês, acabem por cair nos braços do imperialismo americano. É o caso do Vietname, que se tem vindo a aproximar dos Estados Unidos da América que, por exemplo, vai agora comprar armas aos americanos. Porque é que isto acontece? Só por causa dos EUA que querem aumentar a sua presença? Sim, talvez. Mas a outra parte é por culpa da China que se afasta em vez de se aproximar. Em vez de suscitar confiança, tenta mostrar a sua força, ao mesmo tempo que de forma hipócrita diz que ninguém tem nada a temer.

Há uma tendência, a nível mundial, para este tipo de regime actualmente? Como por exemplo, a eleição de Rodrigo Duterte, actual presidente das Filipinas.
É um facto que quer a recente eleição do Duterte e a possível eleição do Donald Trump (nos EUA), significam vitórias de extrema-direita, como poderá acontecer em França, como esteve prestes a acontecer na Áustria. Claro que isto não é assim em todos os países, mas é um facto que ultimamente tem acontecido. Isto resulta do descontentamento da população em relação a outros candidatos que não fizeram nada, ou quase nada, para melhorar as condições de vida das pessoas. Nas Filipinas o Governo anterior nada fez para resolver problemas estruturais do país. Com a pobreza existe esta possibilidade.

10 Jun 2016

Barcos do Dragão | Modalidade serve para reforçar laços de união na sociedade

Não é um desporto qualquer. Também não é uma corrida de barcos. São valores de união, companheirismo, sacrifício e trabalho de equipa. Desportistas e treinadores contam o que os move nas tão aclamadas Regatas dos Barcos-Dragão

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s lendas são muitas, mas a que ouvimos vem da boca de Peter Tang, membro executivo da Associação Geral de Remo de Macau-China. “O grande poeta e ministro do rei de Chu foi destituído e exilado. Com a vergonha matou-se nas água do rio Miluo. As pessoas, que tanto gostavam dele começaram a bater em tambores para que os peixes não comessem o corpo do poeta, depois lançaram-se à agua com os barcos para alimentar os peixes com arroz enrolado em algas. Assim o corpo preservava-se”, explica, com ar de pouco convencido.
Há outra lendas, continua, que indicam que os barcos entraram no rio para tentar salvar o poeta e por isso se rema com tanto empenho. Há ainda, quem, atentamente a ouvir a história, intervenha e diga “o poeta era apaixonado pelo rei, era um amor impossível”.
No fundo não se sabe a origem, mas o quinto dia do quinto mês, de acordo com o calendário lunar chinês, é altura de comemorar o Festival dos Barcos-Dragão. Macau começou as sua regatas sem qualquer apoio, de forma voluntária, mas agora conta com o apoio do Governo. “Cada equipa tem direito a 10 mil patacas com a inscrição”, começa por explicar Peter Tang.
O Instituto do Desporto (ID) confirma, na sua página de internet, que “em Macau a actividade dos barcos-dragão era inicialmente organizada de forma voluntária por organizações não governamentais e não se realizava todos os anos de forma consecutiva”.
“Desde 1979, esta actividade passou a ser promovida de forma anual como uma regata internacional de barcos-dragão, para a qual equipas de diferentes países têm sido convidadas a participar neste que é um evento desportivo tradicional em Macau”, pode ainda ler-se.
Desde o estabelecimento da RAEM que a Regata Internacional de Barcos-Dragão de Macau é organizada em conjunto pelo ID e pela Associação de Barcos-Dragão de Macau, China.
“Não só os barcos-dragão a remos se tornaram num evento festivo muito popular durante o Festival de Barcos-Dragão de Macau, como também as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau se tornaram num evento desportivo muito importante. O nível da competição tornou-se cada vez maior, contando cada vez com mais participantes, atraindo milhares de atletas chineses e estrangeiros que se reúnem todos os anos em Macau para participar neste grande evento. Desde 2001 que as categorias de homens e senhoras da Universidade Internacional de Estudantes de Barcos-Dragão passou a ser integrada na competição”, explica ainda o Governo.
No passado, as corridas foram realizadas quer na Baía da Praia Grande quer no Lago Sai Van. No entanto, desde a inauguração do Centro Náutico da Praia Grande, que este passou a ser um local ideal para a realização desta competição.

Lágrimas e suor

Estamos junto ao lago. Um lugar que sempre se apresenta calmo está cheio de vida. De um lado barcos pendurados. “Estes aqui são os mais pequenos, levam 12 pessoas, cinco para o lado direito, outros cinco a remar no lado esquerdo. Numa ponta a pessoa que bate no tambor e ao fundo a pessoa que guia, está ao leme”, continua a explicação enquanto percorremos o armazém provisório que acolhe todo o material.
O espaço está ainda carregado de máquina de musculação. Ao perceber as questões que nos surgiam, Peter Tang prontamente se explica. “Os atletas precisam de estar em forma, precisam de se preparar para a corrida. É preciso muita preparação física”, aponta.
De facto, logo à saída do armazém está um grupo de “mais ou menos 40 pessoas”, a ser fiel estão 44 atletas e um treinador. “Os barcos grandes levam 22 pessoas cada, dez para cada lado e os dois nas pontas. Não há equipas mistas, não aqui em Macau. Há equipas femininas e masculinas, até por uma questão de força física”, continua, enquanto nos encaminha para o local dos treinos.
Ao fundo ouvem-se gritos de incentivo e o rufar dos tambores. Ao pé de nós chega uma equipa feminina, representam o Galaxy, o ar é de satisfeitas, até porque o treino para a última corrida, já na próxima quinta-feira, correu muito bem.
Surgem felizes mas cansadas. “Isto exige muito de nós. Desta vez começamos os treinos só em Fevereiro, mas treinamos três a cinco vezes por semana. Temos de estar em forma”, partilha Wings, atleta.
Não é o primeiro ano que participa, e se a sorte o ditar também não será o último. “Nós ficamos muito mais unidas, para além do trabalho temos isto. Não é uma questão de ganhar, é de trabalho de equipa, de ajuda mútua, de exigir mais de nós, da nossa força”, conta-nos.

Somos um só

“Aqui não há classes sociais. Somos todos iguais. Não somos mais ou menos ricos que uns, não há pessoa pobres, nem há pessoas ricas. Não é esse o espírito das regatas”, interrompe Peter Tang.
Wings e as restantes membros da equipa não podiam estar mais de acordo. “Gostamos muito de estar aqui, gostamos de participar. Divertimo-nos muito”, acrescenta a atleta.
No fundo, não interessa ganhar ou perder. “Neste momento somos todos uma grande família”, frisa ainda o presidente da associação. Este é um festival espiritual de valores morais, embora o prémio final seja bem aliciante, é que a equipa vencedora, das 168 participantes – das quais 146 de Macau -, vai levar para casa 10 mil dólares americanos.

Água sagrada

“Mas não é pelo dinheiro”, apressa-se em esclarecer Peter Tang. Pelo menos para a cultura chinesa, sendo que na próxima quinta-feira irão estar em concurso equipa da Filipinas, Tailândia, São Francisco, Malásia, Hong Kong, entre outras.
As equipas, continua, nem sequer estão preocupada com o budget. “O subsídio dá para as despesas”, explica, frisando “participa-se por amor e não pelo dinheiro”.
Junto à água não se pode deixar de notar nos paus de incenso a queimar. “É para dar boa sorte”, adianta-se em explicações, acrescentando “que há a crença de que qualquer água que receba os barcos-dragão fica abençoada e vai trazer boa sorte a quem é molhado por ela”. Há quem até mergulhe, recorda, mas bastam alguns pingos para a sorte bater à nossa porta.
Francis ri ao ouvir a explicação da “água sagrada”. É membro da equipa que representa o empreendimento Macau Tower, da empresa Shun Tak. “Isto faz parte do programa adoptado pela empresa de actividades para os seus funcionários. Há três anos que criámos uma equipa e participamos. É óptimo, divertimo-nos imenso, mas só entra quem quer muito participar, quem se entrega muito à equipa”, conta. Não espera ganhar, espera divertir-se e sair “com os laços reforçados com os seus colegas de trabalho”.
Vincent participa nas corridas “há mais de dez anos”. Foi convidado para fazer uma equipa e agora “que já está velho” só a treina. “O mais importante é eles perceberem que uns sem os outros nada são. E isso só se consegue com muito empenho, muito espírito de equipa”, conta.

Tradição antiga

Os barcos são todos muito idênticos. “Esta quinta-feira só correm os grandes, os pequenos foram nas edições passadas”, reforça Peter Tang. Quando questionado sobre quem construía os barcos, o presidente da associação recorda um artesão “muito antigo” de Macau, que infelizmente “já não faz nenhum”. “O negócio era fraco aqui, porque agora os barcos já não são de madeira, são fibra. Vem tudo de fora”, conta.
Peter Tang mostra-se orgulho do trabalho realizado. “Este é um dos festivais mais importantes. São meses de empenho dos atletas, é muito suor, muita dedicação para uma sociedade que vibra com isto. É a nossa tradição, é amor à nossa cultura”, remata.

8 Jun 2016

ATFPM | Leong Veng Chai tranquilo com possível saída da Assembleia

Leong Veng Chai diz que saída não o preocupa. Podendo dar lugar a Rita Santos, o actual deputado da AL ocupará o lugar de mandatário, caso os representantes da ATFPM só consigam eleger dois deputados para o hemiciclo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho admitiu, numa entrevista à Rádio Macau, que será difícil, nas próximas eleições para a Assembleia Legislativa (AL), em 2017, conseguir eleger três deputados, dada a grande concorrência entre o grupo de Fujian, liderado por Chang Meng Kam, e o de Guangdong, encabeçado por Mak Soi Kun.
O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), explica ainda que conta com a participação de Rita Santos, dirigente do mesmo grupo, como cabeça-de-lista, sendo que Pereira Coutinho ocupará o segundo lugar. Feitas as contas, sem conseguir eleger três deputados, será Leong Veng Chai que ficará de fora.
A ideia, explica a direcção, é colocar Leong Veng Chai como mandatário. “Temos um entendimento entre nós, e ele sabe que é assim. Sempre disse que o esqueleto, quer do Conselho das Comunidades Portuguesas, quer da AL, passa pela ATFPM, do seu núcleo duro. É [o núcleo da direcção] que decide o que é que se deve fazer, para o bem da ATFPM. Foi isto que nos fez avançar para a AL”, indica, ao HM, Pereira Coutinho.

Preparado para tudo

Em reacção, Leong Veng Chai diz-se preparado para sair, ou para ficar se assim tiver de ser. “Ainda não reunimos para falar sobre este assunto, o Pereira Coutinho pode ter o seu próprio pensamento, mas é preciso ter primeiro uma reunião para decidirmos”, começou por defender.
“Se a equipa considerar que eu devo continuar, eu vou fazê-lo, mas se houve mudanças no número e cargos por mim tudo bem. Irei respeitar as opiniões da equipa, por mim tanto faz”, argumentou.
A um ano de novas eleições, o deputado diz que ainda muito há a fazer. Afastando os problemas pessoais, Leong Veng Chai admite que possam existir pessoas “com melhor capacidade para fazer o trabalho de deputado”. Nas últimas eleições, aponta, foi a direcção da ATFPM que sugeriu que o mesmo avançasse como número dois. “Para o próximo ano será, outra vez, a direcção a decidir. Eu estou pronto para qualquer uma delas”, rematou. Questionada sobre o assunto, Rita Santos diz que ainda não existe qualquer decisão. “Ainda nada está decidido”, frisa.

7 Jun 2016

Anim’Arte | Aposta na diversidade económica chegou aos Nam Van

O espaço que era vazio encheu-se de cor, música e pessoas. Nam Vam está diferente e a culpa é da nova actividade permanente “Anim’Arte”. A inauguração aconteceu na sexta-feira passada com turistas e residentes a aplaudir a iniciativa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] festa estava longe de começar, mas antes das duas da tarde o movimento já se fazia notar. Esplanadas, cor, testes de som e muitos olhares curiosos começaram a encher a marginal junto aos Lagos Nam Vam.
“Gosto muito da iniciativa, esta zona estava muito cinzenta, sem movimento. As pessoas passavam aqui só para correr por este corredor. Não estava aproveitado, agora sim, temos lojas, podemos comer, beber, apreciar arte”, começa por explicar ao HM Weng Lei, trabalhadora do Sociedade Fuhong, que juntamente com a Cáritas Macau abriu uma loja de peças feitas pelos portadores de deficiência acolhidos pelo grupo. Agendas, pinturas, ou qualquer outra recordação compõem as estantes. Há ainda um espaço para actividades de leitura ou de artes plásticas para quem por ali queira passar e ficar mais um pouco.
“Olá. Eu sei falar Português”, ouve-se lá de dentro da loja. É Wong, portador de deficiência e membro da sociedade. Também ele é autor de algumas peças que ali estão à venda. Ter esta loja vem ajudar a sociedade a mostrar o seu trabalho, as suas actividades e a aparecer ao mundo, como refere Weng Lei.
Muitas são as recordações de Macau à venda. É que, como diz Weng Lei, esta actividade não é só para os residentes, mas sim para todos, incluindo turistas.
“É agora que os [turistas] vão começar a vir para este lado de Macau”, acredita.
Este é o caminho para a diversificação da economia de Macau, disso Weng Lei não tem dúvidas. É também um caminho para que “os pequenos artesãos de Macau” possam aparecer e divulgar o “que se faz por cá”.

Cidade mais perto

Kong Kuai Sang, membro executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), vai ainda mais longe e diz que esta “vida” dada aos Nam Vam vem mostrar que “Macau deixou de ser apenas Jogo”.
“A localização é incrível, acho esta iniciativa maravilhosa”, assina, enquanto vai espreitando o que se passa em redor. Uma área que, para si, vem chamar os jovens para a rua, para “aproveitarem a esplanada, as galerias de arte” e, no fundo, aproveitar a sua cidade.
A curiosidade fez com que o grupo de colegas de trabalho que acompanha Kong Kuai Sang fosse visitar os espaço antes sequer de ser inaugurado. O tempo, esse, quis ajudar e o céu não podia ser mais azul. “Estou muito satisfeito com o que vejo, mesmo muito”, reforçou.
A “Anima’Arte” é uma actividade sob a alçada da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, envolvendo quatro entidades públicas: o Instituto Cultural (IC), o Instituto do Desporto (ID), a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Formação Turística (IFT).
Chan Peng Fai, vice-presidente do IC, confessa ao HM que o dia da inauguração contou com uma adesão “muito grande”. “Só em convidados temos cem pessoas”, explica. A verdade, diz, é que o número de visitas irá decorrer de forma gradual, até porque esta é uma actividade de cariz permanente. “Este espaço é para ficar”, reforça.

De lá para cá

Fora as lojas de marcas de Macau, um café, galerias de artes, gaivotas a pedal na água e a loja de cariz social, estão ainda montadas alguma tendas com produtos à venda. Row é artesão, faz carteiras, espelhos e ainda capas para telemóveis. Conta-nos que é de Cantão e que soube desta possibilidade pelo Governo local. Candidatou-se e irá estar durante cinco dias a vender os seus produtos.
Row diz-nos contar com muitas pessoas quando começar a anoitecer. Algo que efectivamente se confirmou. Pelas 20h00, Nam Vam conhecia uma vida que até então desconhecera. Row estava ocupado com vários olhos interessados na sua arte.
Na tenda ao lado está Alice Leong, a artesã de porta-moedas e amuletos para atrair a sorte dos Deuses. “Esta é um óptima iniciativa. Ajuda-nos a mostrar o nosso trabalho, a ter uma oportunidade para vender. Isto é muito bom para Macau, não é só para nós, é que assim a cidade mostra-se também. Isto não são só casinos”, diz-nos, prontamente. Esta é, reforça, a aposta que “tantas vezes o Governo fala, a diversificação da economia”. Alice Leong é de Macau e diz-se feliz com a mudanças a acontecer no território.
No entanto, aponta, é preciso mais. Não pode ser só esta actividade. “O Governo e os artesãos locais devem ter uma maior cooperação entre si, com este tipo de actividades, mas também com outras”, explica.

Cultura e criatividade

Recolhidos do sol intenso que se fazia sentir, estavam Lou e Wayne, dois jovens de 26 anos. Um de Macau, outro de Zhuhai, quiseram marcar presença na inauguração. Lou conta-nos que Macau precisa sempre deste tipo de actividades, sendo este um “bom primeiro passo”. Para Wayne, que atravessou a fronteira para ali estar, o território é “um local que acolhe uma grande diversidade de culturas” e, por isso mesmo, tem “muitos recursos para se destacar das outras regiões”, utilizando a cultura, arte e criatividade para isso.
Chegada a hora de dar as boas-vindas, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, reforçou, durante o seu discurso, a necessidade de “seguir um desenvolvimento diversificado”. Para Alexis Tam é preciso, através de várias cooperações, dinamizar e apostar nas exposições e espectáculos culturais.
Este novo espaço “de lazer com cultura e criatividade” goza, diz, de um “quadro arrebatador desta zona ribeirinha dos Lagos Nam Van”. Anim’Arte vem injectar um “novo dinamismo nesta zona comunitária” e, sobretudo, permitir aos residentes e visitantes de diferentes idades e gostos, “abrandar o passo, desfrutar do lazer e sentir Macau”.

6 Jun 2016

Ensino da língua portuguesa nas escolas privadas aumentou 20%

Os números não mentem: há mais alunos a estudar Língua Portuguesa. O Governo tem cumprido aquilo que diz, mas mais do que ter números positivos é preciso garantir a qualidade, alertam alguns

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]eitas as contas, no presente ano lectivo, quando comparado com o anterior, há mais alunos a estudar a língua de Camões. Chan Ka Man, chefe do Centro de Difusão de Línguas (CDL) da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), indicou que mais 33 escolas privadas criaram o curso de Língua Portuguesa e cerca de 3800 estudantes aprenderam Português. Notou-se um aumento de 20% quando comparado com o ano lectivo anterior e a responsável acredita que estes são números que vão continuar a crescer nos próximos anos, sendo que já foi pedido à Escola Portuguesa de Macau (EPM) a criação de um curso extra-curricular e de nível avançado para os possíveis interessados.
Questionada sobre o assunto, Zélia Mieiro, vice-directora da EPM, confirmou o pedido. Neste momento a direcção está a estudar a melhor maneira de avançar com esse curso e Zélia Mieiro confirma ao HM o que diz ser o empenho do Governo na Língua Portuguesa.
“A diretora do CDL está muito empenhada na aposta no Português e tem feito todos os esforços possíveis para incentivar o estudo da língua. A EPM tem recebido um apoio muito grande, tanto em termos pessoais, com a sua presença, como tudo aquilo que possa ser apoiado. Há uma comunicação muito grande entre a EPM e o CDL e tentamos sempre ir mais longe”, reforçou.

Apostar, mas bem

Chan Ka Man explicou ainda que a DSEJ irá subsidiar as escolas que queiram criar cursos de Língua Portuguesa. “O número de cursos de Português está cada vez maior nas escolas privadas, há mais oportunidades para os profissionais desta língua. Neste momento os profissionais locais são suficientes para responder aos pedidos para estes cursos, mas, no futuro, a DSEJ vai considerar contratar mais professores de Português”, acrescentou ainda Chan Ka Man.
A aposta está de facto a ser feita e os docentes não o negam. No entanto, apesar de números positivos, é preciso garantir a qualidade, algo que poderá não estar a acontecer.
“Estive a orientar a supervisionar o estágio de uma aluna [de pós-graduação em Pedagogia] que estava a dar aulas numa escola, onde a única turma que ela conseguiu foi uma turma em que os alunos têm duas horas por semana [de Português] e tiveram muito poucas aulas porque havia outras coisas. [As aulas de português] não era considerado curricular mas sim uma actividade”, começa por explicar Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da Universidade de São José (USJ).
Não assumindo esta disciplina como de facto uma unidade curricular é desvalorizar e, por vezes, negligenciar o ensino da língua. “O que acho é que temos os recursos suficientes para Macau (…) mas é preciso ver como é que estes recursos estão a ser distribuídos e de que maneira é que as escolas a utilizar esses recursos. O Português dado nas escolas primárias e secundárias não é igual em todas as escolas e o que acontece é que, na escolas que para mim seriam as escolas de eleição – as Luso-Chinesas -, o Português não impede ninguém de passar o ano, ou não”, argumenta.
Tendo uma nota que “não conta” faz com que os alunos não assumam esta responsabilidade. Nas escolas privadas, aponta a vice-reitora, as coisas não se mostram mais positivas. “Nas escolas privadas creio que isto ainda é pior. Sei que há algumas escolas em que o Português é levado mais a sério e há outras escolas onde, como já foi em tempos, é uma fachada para satisfazer os desejos da DSEJ e do Governo, mas que na realidade os alunos pouco aprendem”, acusa.

Optimismo a mais

Para Maria Antónia Espadinha, quando se fala em Macau em formar talentos bilíngues “há um optimismo muito grande”. “A formação de bilíngues é uma coisa muito séria. Nós professores conseguimos formar alguns bilíngues, mas estas são pessoas que são incentivadas pelos pais, ou têm gosto e querem aprender. Eu nunca lhes chamaria bilíngues, mas sim bons utilizadores de Português. Bilinguismo é outra coisa. É ter duas línguas como se fossem língua materna”, remata, frisando que só “há meia dúzia em Macau”, porque “são raros”.

Que venham mais

Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), contrasta com uma visão mais positiva. “Acho que o Governo investiu e tem investido bem e desenvolvendo uma estratégia que não é visível a curto prazo. Começa a ser visível passado um tempo”, aponta.
Recordando as reacções da sociedade, no início do ano, quando se acusou o Governo de não se mostrar como promotor da Língua Portuguesa, as notícias que encheram os jornais e a tendência do interior da China de apostar no Português levaram a que “se aumentasse o entusiasmo da parte de quem tem de decidir e, neste caso, no ensino básico e secundário, os encarregados de educação”.
“Acho que todo o barulho positivo que se fez aguçou o apetite de pais e encarregados de educação e isso agora começa a ser visível”, frisa.
Questionado sobre o número de professores, Carlos Ascenso André acredita que não existem suficientes. “Mas não tenho números”, salienta. No entanto, diz, em caso de falha “não é difícil trazer docentes de Portugal para cá”.

6 Jun 2016

Prédios abandonados e fracções vazias devem servir para a comunidade

Casas vazias, espaços abandonados e locais sem vida. Uma luta de interesses entre proprietários que querem ganhar mais, residentes que não suportam os custos de fracções e um Governo que “não dá o exemplo”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stamos na rua da Praia do Manduco, onde o Mercado de São Lourenço traz, a esta parte tão antiga do Porto Interior, um movimento diferente de todas as outras ruas de Macau. Há fruta, legumes frescos e ali, no meio da rua, junto à nova loja que abriu na semana passada, começa a venda das flores. Como se estivesse protegida pelos prédios, esta rua sente os passos de centenas de pessoas por dia. Deixamos o olhar subir, olhamos para a esquerda e deparamo-nos com um prédio que grita por vida.
“Está abandonado há pelo menos três anos”, começa por explicar Finn, agente de imobiliário do primeiro estabelecimento em que entramos. O construtor é de Macau, anda por cá, mas parece que esqueceu aquele seu projecto. “Ele queria fazer um bom negócio. Queria que o Governo lhe desse autorização para construir um prédio maior, mas não conseguiu”, esclarece. casas habitação
Apesar de não ver satisfeita a sua vontade, o prédio está ali, a implorar que alguém o habite. As paredes não contam histórias de ninguém, o piso não sabe o sabor dos passos e as campainhas nunca soaram. A culpa, essa, “é do mercado imobiliário”. É que este construtor acha que os preços não vão ao encontro do seu agrado e por isso mais vale ter um prédio desabitado do que ganhar algum dinheiro.
Como estes há mais, muitos mais. Na segunda agência imobiliária em que entramos – só na rua principal eram quatro, fora nas ruas transversais – os jovens empresários parecem pouco interessados em falar sobre o assunto. Respostas monossilábicas de “sim” e “não”, não parecem querer dar resposta às nossas questões. Fracções vazias é o que mais há, mas os profissionais não querem explorar as razões que levam os proprietários a deixar as casas assim.

Silêncio dos culpados

O mesmo não acontece com Pun, também ele agente imobiliário, que nos conta que nesta zona há muitos trabalhadores não residentes. “Há apartamentos vazios porque como temos muitos TNR aqui e os contratos de trabalho não são renovados, ou acabam, eles vão embora e deixam a casa vazia”, conta, apressando-se em dizer que esta não é a única razão.
“A principal é o preço. Os senhorios pedem preços muito altos para as casas e [os arrendatários] não têm capacidade para pagar o que é pedido”, explica.
Pun continua o seu discurso lamentando a atitude dos proprietários. “A verdade é que pelos apartamentos em causa ninguém vai dar o preço que eles pedem, assim sendo, os apartamentos ficam vazios”, remata. Algo que parece não importar a este empresáris que, por norma, não têm apenas um apartamento.
Como sabe Joe, representante imobiliário de um empresário do interior da China, que só no condomínio The Praia, no Fai Chi Kei – uma das zonas mais populosas do mundo – é proprietário de 12 apartamentos. “Ele nem sequer sabe quem é que lhe paga a renda e de que apartamento se trata, porque todos os inquilinos fazem o depósito na conta dele”, conta-nos uma ex-inquilina, não sabendo se todos os apartamentos estão arrendados e a quem o preço da renda foi aumentado em mais de 100% passados dois anos de contrato.
A Ilha Verde e Areia Preta são as zonas com mais fracções vazias. Pelo menos é o que dita a experiência do agente imobiliário Tom. “Há muitas casas vazias nos prédios que são velhos”, aponta, sem esquecer também os espaços destinados ao comércios e até os edifícios industriais. Mas isso são águas separadas.
Numa viagem até à Taipa, sem ser preciso procurar muito, surge, na primeira paragem, Sio, agente com anos de negócio. “Não tenho muitas casas vazias, mas tenho algumas, especialmente no prédio Nam San”, diz. “É difícil arrendar porque os senhorios não querem que os inquilinos paguem, por exemplo, menos de 10.500 dólares de Hong Kong por um T2, que nem sequer vale isso. Claro que as pessoas não querem arrendar e os proprietários preferem ficar sem ter a casa arrendada do que receber menos”, apresenta.
Há ainda, conta entre sussurros de segredo, quem prefira arrendar os apartamentos a grupos de pessoas, como por exemplos, às comunidades de filipinos, porque “sabem que podem subir os preços porque eles vão pondo mais gente lá em casa”. Ao dividir a renda por mais pessoas o valor irá “subir até àquele que os senhorios querem”.

Contas feitas

Sio parece não querer falar muito sobre o assunto e pede para não colocarmos o nome completo. “Isto aqui nunca se sabe.” É verdade, nunca se sabe, nem o Governo sabe quanto apartamentos estão efectivamente vazios.
Nos últimos dados divulgados, em Abril deste ano, a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) revelou que 7,3% do total das fracções de Macau estão vazias, tanto ao nível comercial, como habitacional. Numa resposta ao deputado e presidente da União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), Ho Ion Sang, o organismo indicou ainda que irá lançar um índice sobre os preços do imobiliário no segundo semestre do ano. rendas macau prédios habitação
O Governo explica que actualmente existem 18.862 fracções desocupadas, mas só as que se conhecem. É que a própria DSEC, pela voz do seu director, Ieong Meng Chao, admite que as informações sobre a área total dos imóveis, bem como sobre o número de imóveis antigos é “insuficiente”. Por isso, explica, o Governo “ainda não tem condições completas” para lançar estatísticas sobre quanto é a área total dos imóveis desocupados.

Soluções à vista

A questão coloca-se em cima da mesa: se, por um lado, temos uma sociedade – representada pelos seus grupos, associações e deputados – que tantas e tantas vezes apela à necessidade de construção de habitação, por outro temos milhares de casas vazias, abandonadas e esquecidas.
“Esta é a questão. É que por tudo e por nada a sociedade pede habitação ao Governo. Noto muito isso. Pede-se, principalmente, muita habitação social e se calhar há unidades de Seac Pai Van que estão desabitadas. Não percebo se são as pessoas que não gostam do que têm à disposição, se o Governo devia inverter ou estudar os parâmetros que presidem à habitação social, como por exemplo as áreas”, começa por explicar Maria José de Freitas, arquitecta.
Lançando a questão aos profissionais da área, a resposta parece ser óbvia. O Governo deve aproveitar estes edifícios para habitação, antes de construir mais. Como? “É preciso fazer um levantamento exaustivo dessas situações e realmente começar por aqui, verificar aquelas que já são edifícios de habitação e estão abandonadas, seja qual for a razão, e depois todas as zonas, nomeadamente na Areia Preta, onde estão edifícios industriais abandonados. Nestas, o Governo deve fazer concursos de ideias entre os arquitectos, para que se possa fazer a recuperação em lotes e unidades habitacionais”, explicou a arquitecta, frisando que só assim se rentabiliza os espaços que estão desocupados. “Numa cidade onde há carência de espaço não faz sentido que haja zonas que estão abandonadas, à espera que alguma coisa aconteça e que nunca mais vai acontecer”, apontou.
Por sua vez, Ben Leong Chong In, secretário da Associação dos Arquitectos de Macau, acredita que Macau precisa de sugestões sociais. Este é um problema e deve ser resolvido. Nas fracções privadas o Governo, diz, poderia rever a política de imposto. Poderia ainda ser fomentada a vontade dos proprietários arrendarem os seus espaços. “É preciso ainda mudar a lei”, diz, ou criar uma que não permita que isto aconteça, reforça.

Exemplos do lado

Bem aqui ao nosso lado, Hong Kong tem em mãos esta questão. Quem o recorda é o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, que tem participado nos debates. Discute-se muito o uso das unidades abandonadas, principalmente as industriais, para habitação. A questão é que é necessário alterar o Regulamento da Construção Urbana, de maneira a que seja possível modificar estas unidades em habitação, sem ter de demolir totalmente o edifício.
“O Governo tem de ter melhor mecanismos de controlo [de espaços vazios]”, apontou o arquitecto, frisando que não é segredo que muitos proprietários não vendem para deixar aumentar os preços.
“Isto seria realmente prioritário. Isto acontece em muitas cidades europeias. Paris, Lisboa, Londres. As zonas industriais foram aproveitadas para habitação. Isto faz sentido, para que não sejam zonas mortas, para serem zonas activas na vida urbana”, acrescenta Maria José de Freitas.

A torcer o nariz

O ditado já é velho. Não se pode agradar a gregos e troianos. E do outro lado da moeda existe sempre uma opinião contrária. Quando questionado sobre a necessidade de criar um mercado sem especulação e com a intervenção do Governo, o deputado Leong Veng Chai defende o mercado livre de Macau, portanto “o Governo não pode estar a interferir muito nos imóveis privados”. Ao Governo cabe as habitações públicas e é nessas que se deve focar, diz, sendo mais rigoroso. “Estas é que devem ser construídas”, explica.
A possibilidade da criação de um imposto para todas as habitações vazias é uma ideia que não desagrada ao deputado Au Kam San, mas, tal como o seu colega legislador, também ele considera que o Governo não deve mexer no que é privado. habitação construção prédios
“O Governo tem responsabilidades para com os prédios públicos e esses ele não pode deixar vazios. Com uma sociedade capitalista como a nossa, os proprietários têm o direito total sobre os seus imóveis. É muito difícil o Governo mexer neste assunto”, indicou, mostrando que pouco ou nada se poderá fazer.

Um exemplo de cima

Seguindo a regra de que se ensina com exemplo e não com palavras, Ella Lei, deputada, aponta o dedo ao Governo. É que não é novo que muitos escritórios que pertencem à Administração, para os seus serviços, estão ao abandono. Se o Governo o faz porque é que os privados não o podem fazer?
Como num carregar de ferida, Ella Lei diz que para além de mudar de postura, o Executivo deve rever quais os seus recursos reais e reutilizá-los. “O Governo tem de usar os seus recursos da melhor forma”, não podendo exigir uma coisa que nem o próprio faz.
Reaproveitar espaços, criando apartamentos maiores, onde as famílias possam estar mais próximas, numa sociedade que cada vez está mais envelhecida traz benefícios claros. Segundo Francisco Vizeu Pinheiro esse benefícios são evidentes, pois quanto mais perto as famílias estiverem – numa cultura que tanto defende os laços familiares – mais se auxiliam mutuamente.
Enquanto isto, há portas que continuam fechadas, janelas que nunca se vão abrir e residentes a viver à espera de um tecto.

Número

7,3% do total das fracções de Macau estão vazias

3 Jun 2016

Telecomunicações | Deputados pedem concessão justa

A Comissão para a Administração Pública volta a reforçar a necessidade de criar um mercado justo no sector das telecomunicações. Os deputados querem que o Governo estude o contrato de concessão atribuído à CTM, para anular o monopólio

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública, presidida por Chan Meng Kam, quer que o Governo estude o contrato de concessão dos activos da telecomunicações, ou seja, a prestação de serviços públicos de telecomunicações.
“Em 2009, com a liberalização do mercado, os activos passaram a pertencer ao Governo”, começou por esclarecer de imediato o presidente da Comissão, no final do encontro que decorreu na manhã de ontem. Mas compete à Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) geri-los, de forma exclusiva. A concessão termina este ano, explicou, mas o contrato indica que a concessão poderá ser automaticamente renovada, nas mesmas condições, por outro período de cinco anos, até 31 de Dezembro de 2021.
A Comissão esclarece que não quer que a concessão seja terminada, quer sim que o Governo promova a concorrência justa no sector, dando oportunidade a outras operadoras, por exemplo, de gerir os activos. “Esperamos que o Governo promova a concorrência justa (…) Não pode permitir à CTM que defina os custos de arrendamento da rede às outras operadoras. (…) não é justo para as outras operadoras, não é um mercado livre”, disse Chan Meng Kam.
O Governo comprometeu-se a analisar o contrato de concessão nas próximas semanas até ao novo encontro com a Comissão, ainda neste mês de Junho.

Banda barata

Questionado sobre as tarifas praticadas em Macau – ponto de preocupação da Comissão – Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, quis esclarecer que “exceptuando a banda larga, [os preços dos] serviços móveis normais são próximos dos praticados aqui na região. Alguns são ligeiramente mais altos, outros ligeiramente mais baixos, mas achamos que estamos mais ou menos alinhado”.
O serviço de banda larga tem margem para mudar e baixar os preços . “Foi dito à Comissão que no terceiro semestre deste ano deverá haver uma revisão de baixa”, explicou o Secretário.

3 Jun 2016

Ana Rita Amorim, tradutora e revisora

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] uma mulher do mundo e uma força da natureza. Ana Rita Amorim nasceu em Luanda, mas bem cedo voou para Portugal. “O meu pai era militar em Luanda e a minha mãe foi lá ter com ele. Por isso nasci lá, mas não estive muito tempo. Com três ou quatro ano voltámos para Portugal”, começa por contar ao HM.
Ana Rita Amorim é tradutora e revisora no Museu das Telecomunicações e não tem dúvidas de que Macau é a sua casa. “Eu sou de Macau, sinto-me como macaense. Esta é a minha terra”, aprontou-se a colocar os pontos nos “is”.
Foi aos 18 anos que Ana Rita, a viver em Portugal, decidiu “experimentar a vida”, fazer as coisas por ela. “Isto foi no início dos anos 90, foi numa altura em que Portugal ficou economicamente numa situação complicada, não se contratavam pessoas, era difícil arranjar um trabalho onde contratassem mais do que três ou seis meses. Havia trabalho, mas eram coisas temporárias, não nos dava segurança nenhuma”, recorda.
Em 1997, surge a oportunidade de vir até cá. “Se não gostasse, sabia que passado dois anos com a transferência [de soberania] voltaria para Portugal, para ao pé da família. Pensei que seria uma experiência interessante”, conta. Sem ter de tratar de toda a burocracia inerente às fronteiras e documentação necessária, Ana Rita Amorim não hesitou e comprou uma viagem de vinda para Macau.
“A ideia foi: ‘vou comprar um bilhete só de ida para me obrigar a ter que encontrar um trabalho lá para pagar o de volta’. Isto eu tinha de cumprir”, conta, mostrando o perfil de aventureira que tão bem a caracteriza.

Do outro lado

A chegada a Macau não se mostrou uma surpresa feliz. “Quando cheguei, odiei. Não gostei nada. Os dois primeiros três meses foram difíceis, não gostava de nada, estava tudo em obras, o clima não me agradava. Custou-me muito”, recorda.
Contrariamente ao que pensava, a comunidade também não se mostrou fácil de conquistar. “A pessoa que chegava a Macau, nos anos 90, sentia-se quase que isolada. Existiam muitos portuguesas, mas parece que quase não os via. Sentia-me perdida e não falar a língua não ajudou”, aponta. Facebook
A vida está sempre em mudança e, mesmo o que parece certo pode, de um dia para o outro, mudar. Foi isto que aconteceu com Ana Rita Amorim e a sua relação com o território.
“Aconteceu uma coisa muito engraçada. Depois de arranjar trabalho e de me estar a tentar a habituar à vida de casa, saí de Macau, fui viajar. Nesta primeira viagem de férias, dei por mim a sentir falta das pessoas daqui e de Macau. Houve uma mudança em mim”, recorda.

Amor para sempre

Entretanto as amizades começaram a ser cada vez mais fortes. “Quando dei por mim tinha-me apaixonado por Macau, pelas suas gentes, pelo trabalho, pelo cultura”, assume. Mais do que isso, Ana Rita Amorim encontrou o amor, um amor que momentos antes de poder ir estudar para a Escócia a fez ficar por aqui. Um amor que trazia consigo filhos e que Ana Rita Amorim assumiu como seus. “São meus filhos, são os meus filhos, todos”, faz questão de deixar claro.
Não esquece que depois da transferência da soberania o seu contrato de trabalho não foi renovado. “Na altura foi difícil encontrar emprego. Mas eu não podia ir embora, tinha aqui tudo, a minha família. Eu já era de cá”, explica. Entre trocas, foi nos Correios de Macau que assumiu funções nos últimos dez anos, estando nos últimos sete no Museu das Comunicações. Local em que, diz, adora trabalhar.

Vencer sempre

São 21 anos em Macau e de muita vida. “Eu já me sinto na cultura aqui, por exemplo, a minha passagem do ano é no Ano Novo Chinês. Visto-me de vermelho. As tradições que sigo são as de cá”, partilha.
Quem conhece Ana Rita Amorim percebe que a energia vive nela. Apaixonada por desporto, a tradutora não se recorda de uma modalidade que não tenha praticado. Aficionada por futebol, com 43 anos, é jogadora na equipa feminina de Macau Show di Bola. Mas, desengane-se quem ache que isto é tudo. É que Ana Rita não passa sem um bom treino de Crossfit. “Adoro desporto”, reforça.
O amor é tanto que a jogadora gostaria de passar para treinadora. “No futuro gostava de tirar um curso de treinadora de futebol ou assistente. Acho que Macau não investe muito na parte feminina do futebol. As mulheres jogam até muito tarde com os homens e depois são um bocadinho largadas. Gostava de pegar nessas jogadoras e trabalhá-las. Isto tem futuro em Macau, porque aqui é um ponto de culturas”, remata.
Mãe, mulher, profissional e atleta, Ana Rita Amorim veio para ficar e daqui não sai.

3 Jun 2016

Comércio Externo | Lei que facilita entrada de mercadorias pronta

Está assinado o parecer da revisão à Lei do Comércio Externo. Introduzido o documento aduaneiro internacional, Macau facilita, assim, o processo de entrada de mercadorias. O diploma segue agora para aprovação na especialidade

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá concluído e assinado o parecer final da alteração à Lei do Comércio Externo. A 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) concordou com as alterações finais apresentadas pelo Governo e assinou, na manhã de ontem, o parecer à alteração da lei que vem facilitar o processo de entrada de mercadorias no território.
Em nota justificativa, o Governo explica que a revisão vem prever as operações a coberto do Livrete ATA, documento aduaneiro “internacionalmente reconhecido como um dos documentos das operações do comércio externo”, incorporando-se o respectivo regime no sistema jurídico do mesmo comércio.
Com esta revisão, explica a Comissão, estes documentos aduaneiros internacionalmente usados podem aumentar a celeridade, ficando incorporados no sistema do comércio externo e completando “ainda mais” a integridade e sistematização do regime do comércio externo do território. Acção que, explica ainda o grupo de deputados, vai atrair “exposições estrangeiras para Macau ou de convenções e exposições itinerantes internacionais, facilitando a internacionalização da indústria das convenções e exposições de Macau, explorando o espaço do mercado internacional e elevando o desenvolvimento sustentável desta indústria”.

Mais harmonia

Com a revisão da lei é ainda revogado o artigo que diz respeito ao recurso contencioso, para evitar a repetição ou alguma eventual  “desarmonia na competência para a apreciação” deste recurso. Sendo que com a aprovação da lei irá aplicar-se directamente a Lei de Bases da Organização Judiciária e as demais normas jurídicas que regulam a competência  para a apreciação do recurso contencioso.
Foram ainda introduzidas as disposições gerais do regime de trânsito, fixando o prazo da licença de dez dias, que nunca poderá ser ultrapassado. A Comissão frisa ainda que as mercadorias mais sensíveis devem ser rigorosamente controladas.
O diploma sobe agora a plenário para votação em especialidade, não estando ainda agendada.

2 Jun 2016

Votação para afixação de publicidade traz dúvidas na Lei dos Condomínios

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]O Governo quer encontrar um equilíbrio.” É assim que Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), explica, aos jornalistas, o impasse do artigo que diz respeito à afixação de tabuletas e reclamos do Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio.
O artigo refere-se à afixação deste tipo de publicidade na fachada dos prédios ou segundo e terceiro pisos, assim como as renovações das actuais licenças. Até ao momento, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) atribuiu 20.575 licenças, das quais 18.513 correspondem a licenças de lojas no rés-do-chão, incluindo espaços destinados à habitação ou estacionamento, e ainda a lojas com publicidade em que não houve deliberação da Assembleia Geral do condomínio do prédio. No total, existem ainda 1400 licenças atribuídas para afixação em pisos que não o rés-do-chão e partes comuns.
Actualmente o que acontece é que para afixação em áreas comuns do condomínio a Assembleia Geral responsável teria de aprovar com 2/3 dos votos. Agora, dita a proposta, “a autorização para afixação (…) depende da deliberação da assembleia geral do condomínio, tomada por votos que representem mais de metade do valor do total do condomínio (…)”. Isto é, apenas com 50% dos votos a decisão estará tomada.
No caso das lojas do rés-do-chão, o proprietário pode afixar mas se a Assembleia Geral não concordar poderá convocar uma reunião para votar na autorização ou não. Algo que não agrada à Comissão pois, como explica Chan Chak Mo, poderá trazer situações que prejudicam as empresas, maioritariamente as Pequenas e Médias (PME) que se instalam neste tipo de lojas.
“Imaginem que uma assembleia decide com o proprietário da loja que ele pode colocar publicidade na fachada do prédio por dez mil patacas. Tudo corre bem. No final de um ano uma nova assembleia decide que essa mesma publicidade custará cem mil patacas. Se for um prédio de seis proprietários, basta três estarem de acordo”, exemplificou, indicando que o problema não é a autorização mas sim a possibilidade de não permitir a afixação ao empresários.
“O Governo assume que não quer prejudicar as PME, mas ao mesmo tempo está a diminuir os patamares. (…) Disse que vai tentar encontrar um equilíbrio”, garantiu o presidente.
Por último, é definido ainda na nova proposta, que todas as licenças já permitidas continuam tal como estão, sendo que só em caso de troca de proprietário é que deve ser feito um novo pedido para aplicação. Questionado ainda pelos jornalistas sobre o pedido da Comissão para anular o artigo anterior, referente à criação de um fundo especial, Chan Chak Mo disse que só na reunião de hoje se irá debater o assunto, contudo o Governo assume que este Fundo trará “maior flexibilidade”, havendo várias vantagens na criação do mesmo.

2 Jun 2016

Chan Un Tong subdirector da DSAL

Chan Un Tong, ex-coordenador-adjunto do Gabinete para os Recursos Humanos, é o novo subdirector da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), ficando responsável pelo Departamento de Emprego e do Departamento de Contratação de Trabalhadores Não Residentes.
A nomeação foi ontem publicada em Boletim Oficial, assinada pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Também ontem decorreu a cerimónia de tomada de posso do novo subdirector.
Wong Chi Hong, director do organismo, afirmou acreditar que o novo nomeado “tem capacidade profissional para desempenhar o cargo”. No seu discurso, Chan Un Tong garantiu empenhar-se nos trabalhos relativos as departamentos que agora dirige, de acordo com as Linhas de Acção Governativa, para que se avance com uma maior eficácia nas suas funções e na prestação dos serviços ao público.
Formado em Direito Económico pela Faculdade de Economia da Universidade de Jinan, Chan Un Tong iniciou funções públicas, em 2002, como adjunto-técnico da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, passando para os Gabinete de Recursos Humanos e agora para a DSAL.

2 Jun 2016

Seminários de controlo de multidões na RAEM

Nos últimos dois dias, Macau foi palco de seminários sobre “Estratégias de Resposta e Planeamento de Operações perante Grande Concentração de Massas”, no auditório da Escola Superior das Forças de Segurança. Tal como noutra ocasiões, Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, defendeu que, dado o rápido desenvolvimento da indústria turística de Macau, as grandes concentrações de massas e os acontecimentos colectivos têm vindo a ser cada vez mais frequentes e complexos, pelo que a gestão e indução eficaz do fluxo de pessoas e a resolução e extinção atempada das agressões à estabilidade social provocadas deste tipo de ocorrências são as tarefas prioritárias para manter a ordem social. Numa cooperação com órgãos de segurança pública e dos Institutos do Interior da China da Polícia de Hong Kong foram debatidos, durante os dois dias, temas diversos sobre a concentração de multidões.

2 Jun 2016

Lei Básica | Alguma da legislação vigente viola mini-constituição de Macau

Há leis que violam a Lei Básica. A Lei de Terras e a futura Lei de Ensino Superior são alguns exemplos dados por advogados. É preciso mudar o sistema e antes da aprovação das leis verificar se estas estão a cumprir a mini-constituição de Macau, dizem

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á leis que violam a Lei Básica, a base jurídica de Macau? “Sim, isto acontece”, começa por afirmar o deputado José Pereira Coutinho, quando questionado sobre a possibilidade.
O artigo 25 da Lei Básica que diz que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”. E é precisamente este artigo que mais violações sofre.
“Esse artigo está constantemente a ser violado”, defende Pereira Coutinho. “A Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica – aprovada na especialidade no passado dia 20 do presente mês – é um exemplo disso, excluindo casais do mesmo sexo. Aqui é violado o princípio da igualdade de tratamento”, exemplifica.
Para a advogada Manuela António este exemplo levanta algumas dúvidas, sendo passível de diversas interpretações. “Acho que é discutível (…) acho que é possível defender que não [viola], mas também acho possível defender que sim [viola]”, afirma. A razão é simples. “Durante dezenas e dezenas de anos, tínhamos o princípio consagrado também na nossa lei [portuguesa], e na Europa em geral, da igualdade entre os sexos e não era admitido casamentos homossexuais. Também tínhamos este princípio, que está na Lei Básica. É um princípio do Direito dos países ocidentais portanto, dos Estados Unidos, da Europa em geral. Como se sabe, em grande parte destes países ainda não são aceites os casamentos entre pessoas do mesmo sexo”, argumenta.
É preciso entender, frisa, que não é uma violação do princípio da igualdade, por que este é baseado “no respeito pelas diferenças”. “Acho que a igualdade não é tratar toda a gente por igual, é sim, tratar igual o que é igual”, sublinhou.
Pessoalmente, e apesar de admitir que se possa fazer outra interpretação, Manuela António afasta a possibilidade de violação da Lei Básica nesta lei. Mas alerta: o mesmo não acontece quando se fala da Lei de Terras.

Aos olhos de todos

“A alteração à Lei de Terras, a lei vigente, viola de forma clara a Lei Básica”, diz a advogada. Mas, mais do que isso, é a interpretação errada que se está a fazer da lei em causa. “Acho que há confisco. A Lei Básica diz que se vai proteger e respeitar a propriedade privada (artigo 6º) e isso não está a acontecer. A interpretação que se está a fazer, ou alguns artigos da lei em causa, é uma violação à Lei Básica”, aponta a advogada.
Manuela António vai ainda mais longe afirmando que “alguns comportamentos da Direcção de Obras Públicas relativamente a certos aproveitamentos de terrenos e certas áreas são violações à Lei Básica”. A advogada explica ainda que é tão óbvia esta violação que até o Gabinete do Governo Central da RAEM se mostrou contra esta alteração mais recente à Lei de Terras. “(…) Porque não aceita que se tenha feito uma lei que tenha violado a Lei Básica”, acusa.

Encostar à parede

Um outro exemplo é a existência da norma na Lei de Terras que diz que não é possível, neste momento, – ao contrário do que acontecia há 40 anos – que se construa num terreno em que “parte propriedade perfeita e outra parte é terreno arrendado”, isto implica a uniformização do regime jurídicos, isto é, ou “passa tudo a concessão ou a propriedade perfeita”.
O que acontece é que numa propriedade perfeita, em que o dono do terreno quer construir um prédio, o território vem dizer que há uma parte que tem que ser concedida ao Governo para, por exemplo, arruamentos, e para que não haja uma parte de propriedade perfeita e outra concessão, então o Governo “transforma o terreno todo numa concessão”. “Isto é, o proprietário é espoliado do seu terreno todo e vai ficar apenas a arrendatário. Esta é a uma interpretação que se faz a esta lei. Isto é um espólio”, acusa. “É um acordo forçado, porque caso o proprietário não queira, não lhe dão autorização para construir. Há diversas entidades a trabalhar para violar a Lei Básica e a fazer construções que não são aquelas que estão nem no espírito, nem na [própria] Lei Básica. No fundo estão a existir expropriações disfarçadas sem compensação”, frisou.

Todos iguais

Aprovada na generalidade e concluída a análise na especialidade, a Lei para o Ensino Superior será outro regulamento a violar a Lei Básica. Em termos simples: determina esta lei que sejam realizados estágios para os alunos, sejam eles residentes da RAEM ou não. Questionado sobre a possível remuneração, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) explica que os estagiários podem ser remunerados, mas só os residentes, nunca os não residente para “não violar” a Lei Laboral.
Segundo a Lei Básica, contudo, no artigo 43º, “as pessoas que não sejam residentes de Macau, mas se encontrem na RAEM, gozam, em conformidade com a lei, dos direitos e liberdades dos residentes de Macau”, previstos nos capítulo III, sobre os Direitos e deveres fundamentais dos residentes, onde está também incluído o artigo 25º.
“Sim, aqui pode ser encontrada uma ilegalidade”, começa por explicar Óscar Madureira, advogado. Acontece que a ausência da remuneração é discriminatória. “[Nesses] alunos, a única coisa que os distingue é uma formalidade jurídica, que é o facto de serem residentes ou não de Macau, mas isto não deveria ser suficiente para excluir uns de serem remunerados, ou para privilegiarem uns em detrimento de outros”, explica ao HM.
No fundo, os estagiários estão a ser avaliados para cumprir os requisitos para as respectivas licenciaturas, mas não são tratados da mesma forma. “Parece que há uma violação do princípio de igualdade”, frisa.

Oscilações ilegais

Pereira Coutinho avançou com outro exemplo de violação da Lei Básica: a imposição de impostos aos trabalhadores da Função Pública. “Isto viola a Lei Básica no artigo 98º, que diz que os salários e os rendimentos nunca podem ser inferiores à data do estabelecimento da RAEM”, acusa. “Portanto se à data dos estabelecimento da RAEM eu tiver dez mil patacas e sobre esse valor forem retirados 200 patacas de imposto profissional, o valor de salário será menor. Houve quem se tivesse manifestado, acusando a violação da Lei Básica, neste artigo”, acrescentou.
O deputado diz que, aquando da implementação do Regime de Providência, em 2007, surgiram muitas “situações onde se põe em dúvida a constitucionalidade”. Por exemplo, “os magistrados conseguiram manter as suas pensões de aposentação. Isto é, se o magistrados e funcionários da Função Pública recebiam pelo mesmo sistema de regime de pensões, porque é que para uns deu-se um sistema menos protector e para outros se manteve o regime? Isto volta a violar o artigo 25º da Lei Básica”, frisa.
Questionado sobre o uso de jurisprudência, Pereira Coutinho diz que tudo é “esquisito em Macau”. “Nunca nenhum juiz solicitou a interpretação da constitucionalidade das normas na aplicação de casos concretos. Sobre isto acho que o Governo devia intervir, reformando a Lei de Bases da Organização Judiciária, aumentando o número de juízes e permitindo o recurso aos titulares dos principais cargos”, apontou.

Soluções à porta

Para Miguel de Senna Fernandes, advogado, a solução para estes possíveis erros passa por se declarar a lei que viola a mini-Constituição como ilegal. “Estamos perante um fenómeno muito semelhante à inconstitucionalidade. No fundo a Lei Básica é a Constituição. Portanto terá que haver um impulso processual de forma a que a lei seja anulada, revogada”, explicou.
Para Manuela António a forma “mais simples de resolver é não fazer leis que violem a Lei Básica”, sendo que é Pequim, diz, que tem competência para resolver as possíveis violações.
Pereira Coutinho diz que é um “assunto que precisa de ser estudado com muito cuidado”, admitindo necessárias mudanças. Há falta de um Tribunal Constitucional, poderá ser, diz, implementado um sistema de fiscalização sucessiva das leis aprovadas pela Assembleia Legislativa (AL), antes da promulgação do Chefe do Executivo e da sua publicação em Boletim Oficial. “Fica muito mau para Macau que, depois da aprovação do Chefe do Executivo, se venha a detectar que existem normas que violam a Lei Básica. É preciso arranjar um sistema para verificar esses possíveis erros no período entre a aprovação da AL e antes do promulgação do Chui Sai On”, sugeriu.
José pereira Coutinho diz-se cansado de avisar, nos últimos dois anos, os deputados das Comissões Permanentes da AL para esta questão. “Ninguém que saber, porque muitos deles não têm formação jurídica, não sabem da importância da constitucionalidade das leis de acordo com a Lei Básica e é por isso que acham que não é importante”, rematou.

1 Jun 2016

Fundo de Cooperação e Desenvolvimento vem a Maca

Macau vai receber uma delegação do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China – Países de Língua Portuguesa. A novidade foi avançada ontem por Chang Hexi, Secretário-Geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau, durante a cerimónia de abertura de um colóquio de Gestão de Administração Pública para os Países de Língua Portuguesa.
“Sobre esse assunto temos de ter em consideração [o facto do mesmo] ser gerido por uma equipa de gestão. Será criada uma delegação do Fundo de Cooperação”, confirmou, sem avançar qualquer data para o efeito. “Ainda não tenho informações concretas, porque é da responsabilidade da equipa de gestão”, frisou.
Questionado sobre a promoção do Fundo, Chang Hexi confirmou haver necessidade de maiores esforços. “Atribuímos muita atenção à promoção do Fundo (…) acho que devemos esforçarmo-nos mais, temos feito muitos trabalho de promoção, mas há margem de melhoria”, afirmou ainda.
Com apenas dois projectos aprovados, um em Angola, outro em Moçambique, o Fundo acolhe mais de mil milhões doláres norte-americanos, geridos por uma equipa em Pequim. Questionado sobre novos projectos, o Secretário-Geral diz não existirem, ainda, informações actualizadas.
Chang Hexi avançou ainda que a Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa irá acontecer entre o final de Outubro e o início de Novembro.

1 Jun 2016

Telecomunicações | Governo diz existirem tarifas razoáveis

A Direcção para os Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) diz que Macau tem tarifas razoáveis. A resposta é de Tam Van Iu, directora substituta da DSRT, a uma interpelação do deputado Si Ka Lon. “(…) Na sequência do impulso do Governo registou-se nos últimos anos uma certa redução de percentagem da tarifa dos serviços de telecomunicações, permitindo, de acordo com o mecanismo de competitividade no mercado, que as tarifas sejam mais razoáveis”, pode ler-se na resposta. Opinião contrária tem a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública da Assembleia Legislativa (AL) que definiu o tema dos serviços de telecomunicações como prioritária na sua agenda de trabalhos. Por unanimidade os deputados da Comissão consideram não existir um bom serviço em Macau, acusando ainda as operadoras de práticas de altos preços e, ainda, de monopólio a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM).

1 Jun 2016

Qualidade das obras públicas a cair, admite Raimundo do Rosário

Raimundo do Rosário assume que a fiscalização às obras públicas é um problema porque faltam recursos humanos para o efeito. Ainda que a responsabilidade seja “sempre” dos empreiteiros, o Secretário admite que a qualidade tem vindo a cair e diz estranhar se não houvesse problemas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Ella Lei aproveitou ontem a presença do Governo na Assembleia Legislativa (AL) para questionar Raimundo do Rosário sobre a qualidade da obras públicas, que para a deputada é “má”. O Secretário da tutela admitiu que, nos últimos 15 anos, a qualidade das obras públicas tem diminuído e até piorou.
“Deixei Macau durante 15 anos, houve uma queda na qualidade das obras púbicas (…) Mas o primeiro a assumir a sua responsabilidade é o construtor. Isto piorou, claro”, disse.
Para o Secretário, a solução passa pela fiscalização do empreiteiro, mas facto é, diz, que há falta de recursos humanos para esse efeitos. “Antigamente tínhamos engenheiros e arquitectos [que faziam a fiscalização], mas agora não temos pessoal para isso. Temos de contar com as empresas de fiscalização. (…) Temos de contratar mais pessoal. Temos de pagar mais, para ter mais pessoal”, explicou, adiantando que neste momento o Governo conta apenas com 80 pessoas para fiscalizar as obras. “Estranho é se não houvesse problemas”, frisou.

Mais na manga

A fiscalização e vistoria das obras públicas foi o ponto mais discutido pelos deputados. José Pereira Coutinho foi um dos legisladores que aproveitou o momento para dizer ao Governo que é preciso perceber porque é que a qualidade das obras públicas chegou a este estado. Esta vertente – da fiscalização e vistoria – é a mais importante, diz.
“Há 16 anos que estamos a ter muitos problemas, temos de perceber porque é que há má qualidade nas obras públicas. A vistoria tem de ser feita de melhor forma. O Governo tem de assumir uma maior responsabilidade (…)”, argumentou o deputado, indicando que a possibilidade de implementação de um seguro nas obras públicas poderá evitar casos de fuga às responsabilidades em causa de erros. O deputado quis saber que trabalhos estão a ser feitos nesta vertente.
Em resposta à deputada Ella Lei, Raimundo do Rosário indicou que o Governo tem vindo a “reforçar a supervisão dos serviços de fiscalização adjudicados, exigindo o cumprimento rigoroso dos respectivos contratos e que as eventuais situações que obstem ao normal andamento das obras sejam tempestivamente transmitidas ao dono da obra”.
O Secretário garantiu ainda que “todo o quadro jurídico que regula esta matérias está a ser objecto de avaliação e, se tal se justificar”, o Governo irá introduzir novas medidas que assegurem uma “melhor qualidade das obras públicas”.
Apesar de ser da responsabilidade dos proprietários dos edifícios a contratação de técnicos para a vistoria dos mesmos, a cada cinco anos, Raimundo do Rosário admite que muitos não cumprem com as suas obrigações. O Governo “concorda que se imponham medidas que visem reforçar a vistoria aos edifícios, por forma a melhorar o acompanhamento dos trabalhos relativos aos edifícios que carecem de reparação ou se encontram degradados e promover a sua reparação, sensibilizando os proprietários para a sua conservação e o cumprimento das suas obrigações”.
O Secretário frisou ainda que, sempre que uma obra é terminada, é realizada uma vistoria nos dois anos seguintes. Se durante esse prazo existir algum problema é sempre pedido ao construtor e empreiteiro que assumam a responsabilidade, frisa ainda.
A qualidade das obras em habitações públicas tem sido posta em causa, depois de aparecerem sacos de cimento vazios dentro de paredes ou azulejos de prédios novos a cair.

31 Mai 2016

Táxis | Governo diz “não” a paragem em linhas amarelas

O Governo não vai permitir que os táxis parem em zonas sinalizadas com linhas amarelas. A proposta era de Au Kam San mas foi rejeitada pela DSAT. Existem pontos de tomada e largada de passageiros próprios e Raimundo do Rosário nem quer mais responder a perguntas sobre o Regulamento dos Táxis por não ser um assunto da sua exclusiva responsabilidade

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo não vai voltar atrás. Os táxis não poderão parar nas linhas contínuas amarelas para apanha ou entrega de passageiros. A ideia não é nova, mas o deputado Au Kam San voltou a reforçar o pedido ontem, em sessão de pergunta-resposta, na Assembleia Legislativa (AL).
“(…) No caso de permitir aos táxis tomar e largar os passageiros nas vias principais, estes poderão causar um impacto muito grande ao trânsito, pelo que torna-se necessário equilibrar racionalmente as necessidades dos diferentes utentes rodoviários”, explicou o presidente da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lam Hin San, perante a argumentação do deputado pró-democrata.
“A maioria das pessoas apoia a revisão do Regulamento dos Táxis para combater as irregularidades, no entanto, é preciso resolver o uso abusivo das linhas contínuas amarelas e garantir a sobrevivência dos taxistas que cumprem a lei, para que possam prestar melhores serviços aos cidadãos e turistas”, alertou Au Kam San, frisando que em “90% das principais artérias de Macau existem locais com linha contínua amarela para proibir a tomada e largada de passageiros”.
Em contra resposta, o Governo explicou que foram estabelecidos postos de tomadas e largadas de passageiros destinados aos táxis. Locais, aponta, com alta procura ou concentração do serviço.
Lam Heong Sang aproveitou também o momento para questionar o Governo sobre a situação dos táxis em geral. O deputado acusou a Administração de não apresentar soluções para o verdadeiro problema. “[O Governo] não diz como vamos resolver as questões. O ponto crucial é o taxista, tudo recai sobre os taxistas (…) Temos que encorajar os taxista a honrar a sua classe”, argumentou.
“O que espero ouvir da boca do Governo é o lançamento de uma medida de encorajamento à classe. Quero que o Governo se dedique mais a esta classe de profissionais. (…) Parece uma caça ao rato. É ou não é possível implementar medidas para reformar os táxis , para elevar a imagem do sector?”, frisava.
Também a deputada Chan Hong aproveitou o momento para questionar o Governo sobre as alterações possíveis à revisão do Regulamento dos Táxis, calendarização de trabalhos e outros termos técnicos. Disse a deputada ser necessário acalmar a sociedade que muito “preocupada” está com a problemática. Também o deputado Zheng Anting juntou-se às declarações da legisladora e sublinhou a necessidade de não avançar com a aplicação do agente à paisana, visto a Polícia de Segurança Pública (PSP) ser suficiente no combate às irregularidades dos serviços de táxis. O deputado Ho Ion Sang reforçou o pedido de calendarização de trabalhos.
Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, presente na AL, disse compreender as questões, garantido passar, aos três serviços envolvidos nos trabalhos legislativos – DSAT, Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça e PSP – as opiniões do hemiciclo. O Secretário não quis responder a qualquer questão por não ser um assunto só da sua competência.

31 Mai 2016

“Fracasso” nas medidas de reconversão de edifícios industriais leva a novos incentivos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, voltou ontem a frisar, na sessão plenária na Assembleia Legislativa (AL), que a manutenção das medidas de reconversão dos edifícios industriais não é necessária. Em resposta a uma interpelação da deputada Angela Leong, o Secretário reforça a pouca eficácia das medidas, lançadas em Abril de 2011.
“Durante o período experimental de três anos, registaram-se apenas 15 pedidos, sendo que só dois foram aprovados. Uma vez que os resultados não foram satisfatórios, foi decidido não prorrogar o prazo das medidas em causa”, afirmou Raimundo do Rosário. Neste momento, indica, depois dos três primeiros anos de experimentação, a análise dos pedidos está a ser feita “tendo como referência a Lei de Terras e a Lei de Planeamento Urbanístico”.
Assumindo o insucesso das medidas, que já tinha sido admitido pelo Governo como justificação para acabar com este plano, Raimundo do Rosário disse não considerar necessária a sua manutenção, pelo que caberá ao Conselho para a Renovação Urbana, recentemente criado, estudar outras medidas e incentivos que “eventualmente despertem um maior interesse por parte dos proprietários daqueles edifícios”.
Rosário frisou ainda que não existem edifícios para fins industriais que acima de rés-do-chão possam ser “usados para fins comerciais ou de escritórios”. “Não é possível”, diz.
Neste momento existem 12 pedidos apresentados ao Governo, sendo que sete ainda não apresentaram os projectos de arquitectura, três estão em apreciação e a dois já foi dada a luz verde.

31 Mai 2016

Avança revisão global da Lei de Habitação Económica

Depois de terminada a análise na especialidade da primeira fase de revisão da Lei da Habitação Económica, em Julho passado, o Governo vai dar início ao “trabalho relativo à revisão global” da lei, que inclui a revisão do actual regime de candidatura e a forma de atribuição deste tipo de habitação.
Numa interpelação, o deputado Ng Kuok Cheong pediu ao Governo que o novo concurso para a habitação económica aconteça até ao primeiro semestre de 2017, sendo que até ao momento, dos 42600 candidatos, foram atribuídas apenas 1900 habitações económica. Mais de 40 mil pessoas estão “desiludidas”, diz o deputado, porque não sabem quanto tempo precisam para ter uma casa.
A explicação, desta vez, chegou pela voz de Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH), que indicou, tal como já tinha explicado Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, que o concurso só poderá “ser aberto quando se encontrar disponível informação sobre a localização, quantidade, tipologia e outros dados relativos às fracções a concurso”. A par disso, afirmou o presidente, o Governo irá dar início a “estudos sobre a procura de habitação pública, com o objectivo de apoiar a definição do futuro plano de construção de habitação pública”.

31 Mai 2016

Várias ocorrências de vírus durante a semana passada

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada foi marcada por várias ocorrências singulares e colectivas de infecções por enterovírus, norovírus e gripe. Ao todo foram 34 as crianças e adolescentes envolvidos. Uma das crianças infectadas teve complicações que originaram em meningite.
Em comunicados à imprensa, os Serviços de Saúde (SS) explicam que 22 crianças da secção primária e infantil da Escola de Associação Geral das Mulheres de Macau, entre os seis e dez anos, apresentaram sucessivamente sintomas semelhantes de gastroenterite causado por norovírus. Sem necessidade de internamento, o estado das crianças é considerado estável e foi afastada a possibilidade de infecção por alimentos em refeições tomadas na escola.
No Centro de Cuidados de Criança Sun, na Taipa, foram também detectadas três crianças infectadas com enterovírus, com idades compreendidas entre um e dois anos. Também estes três casos são considerados ligeiros.
O mesmo não aconteceu com uma criança de 11 meses a quem foi detectada um caso de infecção por enterovírus complicada por meningite. A criança está neste momento em fase estável e não foram detectados casos na Creche Po Choi, instituição que frequentava.
Na passada quinta foram ainda detectados dois casos de infecção colectiva de gripe no Lar de Nossa Senhora da Penha e na Escola Primária Luso-Chinesa. O primeiro caso envolve quatro adolescentes, entre os 13 e 16 anos, e o segundo mais quatro crianças, entre os seis e os oito anos. Todos os infectados foram submetidos a diagnóstico e tratamento e encontram-se em estado estável.

Medicamentos fora do mercado

Foram retirados 45 medicamentos importados de Taiwan do mercado, depois do governo de Taiwan anunciar uma lista de 201 medicamentos da Companhia Limitada de Fabricação de Medicamentos Tai Fung que não respeitavam as regras. O Governo solicitou às firmas de importação e exportação dos respectivos medicamentos, aos hospitais, às farmácias, drogarias e clínicas privadas de Macau que recolhessem os medicamentos em causa. Os Serviços de Saúde apelam aos cidadãos que verifiquem se compraram estes medicamentos. Entre estes, encontram-se compridos e xaropes para a tosse (adultos e crianças), anti-inflamatórios para a garganta e cápsulas vaginais.

30 Mai 2016