Bispo D. José Lai deixa cargo ao fim de 15 anos

Stephen Lee Bun-sang será, a partir do dia 23, o novo bispo da Diocese de Macau. A saúde afastou D. José Lai do cargo que ocupava há 15 anos. Paul Pun e José Miguel Encarnação lembram o homem conservador que deixou a Diocese de Macau bem organizada

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que liderou os destinos da Diocese de Macau durante 15 anos vai deixar o cargo por motivos de saúde. D. José Lai Hung-seng, 70 anos, abandona oficialmente as suas funções no próximo dia 23 de Janeiro, sendo substituído pelo actual bispo de Hong Kong, Stephen Lee Bun-sang, ligado à Opus Dei. (ver texto secundário)
Conhecido por ser conservador e discreto, D. José Lai revelou isso mesmo na sua última entrevista ao HM, em 2013, ano em que o Papa Francisco mostrou abertura da Igreja Católica ao casamento homossexual. “Não vamos condenar aqueles que são gays mas a sua atitude. Os gays são nossos irmãos, mas com mais dificuldades”.
Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, prefere recordar o seu lado mais solidário. “Tentou espalhar a mensagem de caridade e amor junto das pessoas. Lembro-me que, quando foi ordenado bispo, recebeu as famílias de pessoas com deficiência e enviou os casos à Caritas para assistência. Da experiência que tive com ele posso dizer que é uma pessoa humilde e que gosta de ajudar os outros, sem uma posição arrogante de dizer aquilo que a Igreja defende que devemos fazer”, contou ao HM.
O padre José O Mandia, actual director do semanário católico O Clarim, apenas lidou mais de perto com D. José Lai por vias do jornal. “O bispo Lai sempre nos apoiou e encorajou. Deixou-nos trabalhar com toda a liberdade e deu sempre as boas-vindas às iniciativas”, disse, por e-mail, ao HM.
O HM tentou contactar D. José Lai para saber mais pormenores sobre a sua saída, mas até ao fecho da edição não foi possível. Peter Stilwell, actual reitor da Universidade de São José (USJ), não quis fazer qualquer comentário a esta mudança. A USJ é uma instituição de ensino superior privada gerida pela Fundação Católica de Ensino Superior de Macau, a qual é presidida por D. José Lai.

Diocese autónoma

José Miguel Encarnação, editor d’ O Clarim, disse ao HM que a saída de D. José Lai representa “o encerrar de uma era e o início de outra”. “Foi o primeiro bispo da RAEM e herdou o legado de D. Domingos Lam, o qual se centrou em garantir a estabilidade da diocese, em termos de recursos humanos e financeiros. D. José Lai teve de continuar essa obra. Teve um papel preponderante na parte da evangelização, tendo conseguido trazer para Macau muitas congregações e ordens religiosas. Em termos financeiros conseguiu criar alicerces para que a diocese hoje seja um organismo financeiramente autónomo, com receitas próprias”, lembrou.
José Miguel Encarnação falou ainda do papel de D. José Lai na área educativa. “Não nos devemos esquecer do forte empenho da Diocese para a criação da USJ. Faltava uma universidade, que já está constituída. Houve um consolidar da fé nas três comunidades, chinesa, portuguesa e macaense e com grande incremento na comunidade filipina. Foi um trabalho bem conseguido”, rematou. dom josé lai bispo
O percurso de D. José Lai à frente da Diocese de Macau ficou ainda marcado pela polémica saída do docente Eric Sautedé da USJ, em 2014. Numa carta a alunos e colegas, o académico acusou directamente o Bispo de estar envolvido no seu despedimento, mas D. José Lai acabaria por dizer que nunca foi consultado sobre a matéria e que Peter Stilwell teria a responsabilidade sobre esse assunto.

Apostar na formação

Para o editor d’ O Clarim, caberá a Stephen Lee Bun-sang apostar na formação religiosa e desenvolver novos projectos na Diocese de Macau. “O novo bispo, estando ligado à Opus Dei, vai apostar muito na catequese e na catequese dos adultos. Vai estar muito empenhado na parte da formação religiosa e talvez reestruture um pouco o organograma da Diocese, os organismos, pessoas… penso que um projecto que está por fazer é a constituição de um gabinete de imprensa. A Opus Dei é uma prelatura muito sensível às questões da imprensa. Ainda há muita margem de manobra para se construírem novos projectos”, rematou.

Da Arquitectura à Opus Dei – Novo bispo focado na “formação religiosa”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]escolha do Papa Francisco para a liderança da Diocese local representa a vinda para o território de um homem da prelatura da Opus Dei. Nascido em 1956 em Hong Kong, Stephen Lee Bun-sang chegou a exercer Arquitectura, mas cedo se decidiu pela Religião. Estudou Arquitectura no Reino Unido durante cinco anos, tendo começado a exercer em Hong Kong no ano de 1982. Mas já antes o chamamento da religião tinha falado mais alto, tendo Stephen Lee Bun-sang aderido pela primeira vez à Opus Dei no Reino Unido, em 1978.
Desde aí não mais deixou a vida religiosa. Dois anos depois de se ter tornado arquitecto, Stephen Lee Bun-sang entrou para o seminário internacional da prelatura da Opus Dei em Roma para estudar Filosofia e Teologia. Mais tarde fez os estudos na Universidade de Navarra, em Pamplona, Espanha, onde obteve conhecimentos de castelhano. Com um doutoramento em Lei Canónica, o novo bispo de Macau foi ordenado padre em Espanha em 1988.
Um ano depois regressaria a Hong Kong, tendo sido capelão em escolas e centros da Opus Dei. Na década de 90, o novo bispo de Macau chegou a publicar um livro em espanhol sobre as relações entre a República Popular da China e a Igreja Católica. Em 2012 foi nomeado pela prelatura da Opus Dei como o vigário regional para a zona leste da Ásia, embora tenha continuado a dar diversas aulas em diversas comunidades religiosas. Em Julho de 2014 foi nomeado pelo Papa Francisco como Bispo Auxiliar de Hong Kong e ordenado em Agosto. Desde então que é responsável pela formação de escolas, liturgias e por todos os desenvolvimentos da diocese da região vizinha.

Sem problemas

Para José Miguel Encarnação, editor d’ O Clarim, a ligação à Opus Dei não trará qualquer espécie de conflito. “A Opus Dei é uma prelatura pessoal e é a única prelatura pessoal do Vaticano, como qualquer outra congregação ou ordem religiosa. Temos padres paulista, jesuítas e franciscanos. É mais um movimento da Igreja, com algumas especificidades, mas penso que não irá influir em nada no que é a maneira de estar da Diocese e dos fiéis. Mas a Opus Dei poderá criar aqui um novo ‘élan’ em Macau”, disse ao HM.
O facto de Stephen Lee Bun-sang não falar Português, ao contrário de D. José Lai, também não constituirá um entrave. “Quando o director d’ O Clarim assumiu funções também foi levantado esse problema. Depois veio verificar-se que isso não é um problema. Tanto o padre José O. Mandia como o Bispo Stephen estudaram na Universidade de Navarra, a universidade da Opus Dei em Espanha. Os cursos são todos em Castelhano, falam e escrevem fluentemente Castelhano e a partir daí chegam facilmente ao Português, sem esquecer que têm boas bases de Latim. Não é um problema e acho que se ultrapassa esse domínio”, acrescentou José Miguel Encarnação.

Um perfil inesperado

Por Carlos Morais José
Desde o seu início que o catolicismo em Macau fala a língua portuguesa. Em tempos passados, os destemidos missionários do Padroado Português conseguiram o que todos julgavam impossível: relações estáveis com a China imperial. Foi preciso a vinda dos padres franceses para estragar todo o trabalho que homens como Mateo Ricci ou Tomás Pereira tinham desenvolvido junto do poder chinês que, entretanto, aceitara a presença da religião católica.
O que lá vai, lá foi, mas a recente nomeação de um bispo de Hong Kong, terra de anglicanos e protestantes, falante de Inglês e profundamente imerso na Opus Dei, é uma bofetada naqueles que constituem a mais antiga diocese do Extremo Oriente e na própria História, que a Igreja teria a obrigação moral de preservar.
É muito estranho que, em terra onde os Jesuítas desempenharam e desempenham um papel fundamental, a vários níveis, e aqui detêm uma universidade, a sinistra Opus Dei aqui encontre terreno para frutificar o seu poder.
Entende-se que seja uma diocese cobiçada pela organização fundada pelo franquista Escrivá de Balaguer. Mas o que seria interessante saber são as movimentações de bastidores no Vaticano e até que ponto o Papa Francisco teve mão nesta escolha ou se esta foi feita à sua revelia e faz parte dos jogos de poderes, luz e sombras na Cúria Romana.
Olhando para o currículo do novo bispo e atendendo à sua idade, não podemos deixar de criar algumas expectativas que o distingam do consulado cinzento de D. José Lai. Arquitecto, com pós-doutoramento em Filosofia e Teologia, perfila-se um interlocutor interessante, que deverá ter menos receio de falar em público do que o seu antecessor.
Macau precisa de uma Igreja moderna e actuante, desempoeirada e empenhada. Mas não precisará, com certeza, de ser palco de lutas fratricidas no seio da comunidade católica. A nomeação do novo bispo é, ao mesmo tempo, um passo delicado e uma mudança radical de paradigma.
Para já, não acho isto nada bem. Um homem que não fala Português à frente da diocese de Macau não é correcto e não augura nada de bom. Pode ser que me engane. Certo é que Deus não me perdoará. Simplesmente, porque não existe.

18 Jan 2016

Turismo | Macau com quebra de pacotes turísticos da China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s dados oficiais ainda não estão publicados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), mas a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) estima que cerca de 30 milhões de turistas visitaram o território no ano passado. Helena de Senna Fernandes, directora da DST, garante que houve uma quebra dos turistas vindos do interior da China abrangidos por pacotes turísticos.
“As nossas estimativas dizem que o ano de 2015 acabou com cerca de 30 milhões de visitantes, apesar da pequena quebra comparando com o ano de 2014. Com os números de Novembro vemos que, além do interior da China, que continua com uma quebra, há uma recuperação em termos dos diferentes mercados. Claro que estamos longe de dizer que temos muitos visitantes internacionais, mas estamos no bom caminho. Podemos ver pelos números de Novembro que os mercados internacionais estão a recuperar bem”, explicou Helena de Senna Fernandes. macau-at-night1
A queda total do número de turistas terá sido na ordem dos 3%, incluindo a quebra de 1% só nos turistas vindos do continente. “Da parte da China estamos a ver uma grande quebra em termos de pacotes turísticos. Temos a competição dos vários lugares da Ásia e vemos que muitos turistas vão para o Japão, Coreia e até Europa. Ainda assim, daqui para a frente, temos de trabalhar estrategicamente para a China e temos de mudar e ir além dos pacotes turísticos. Temos de atrair turistas individuais da China. Estamos a ver esta mudança a concretizar-se”, adiantou a responsável.
Em relação à taxa de ocupação hoteleira de 2015, terá rondado os 80%, “valor um pouco mais baixo do que nos anos anteriores”. “Continuamos a apostar na extensão da estadia dos turistas e estamos a apostar em diferentes fontes de turistas”, disse.

“Passo a Passo” cancelado

A directora dos Serviços de Turismo confirmou ainda que não há uma data para avançar com a nova edição do programa “Sentir Macau Passo a Passo”. O contrato com a agência de viagens que operava o programa terminou a 31 de Dezembro e o Executivo decidiu não renová-lo.
“Tentámos fazer durante o ano passado muitas melhorias em conjunto com a agência de viagens que está a promover o produto. Mas vimos que os resultados não melhoraram muito, apesar do grande esforço por parte da agência. Neste momento, depois de uma discussão entre as duas partes, decidimos que vamos parar por enquanto e vamos tentar procurar uma outra maneira de fazer este tipo de excursão, ou arranjar outra alternativa. Ainda não temos uma alternativa, podemos ter outra forma para este produto que não seja com estes autocarros”, rematou Helena de Senna Fernandes.

15 Jan 2016

Função Pública | Governo quer alterar carreiras especiais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo vai realizar a revisão do Regime de Carreiras na Função Pública em duas fases, sendo que a primeira, que já está a ser implementada, propõe a alteração de “alguns aspectos” nas carreiras especiais.
Segundo um comunicado, a tutela da Administração e Justiça pretende mudar a “estrutura da tabela indiciária das carreiras de controlador de tráfego marítimo, hidrógrafo e topógrafo”. Propõe-se ainda “tratar de forma flexível o requisito de habilitação académica para o ingresso [na Função Pública] considerando a regulamentação da experiência profissional na perspectiva de gestão por competências”, para além de se substituir “o concurso de acesso pela apreciação de qualificação de acesso”. Neste momento está a decorrer uma consulta pública sobre o processo, a qual deverá terminar em meados de Fevereiro e é dirigida apenas aos serviços públicos, trabalhadores do Governo e respectivas associações.
Na segunda fase o Executivo pretende realizar um “estudo aprofundado sobre a gestão de recrutamento e selecção, os requisitos de acesso, a mobilidade do pessoal, as remunerações e as regalias”. Segundo o mesmo comunicado, o Governo pretende que a revisão do regime possa satisfazer “da melhor forma as necessidades, permitindo que o pessoal com determinada qualificação e capacidade esteja num cargo apropriado”.

15 Jan 2016

Táxis | Residentes descontentes com mau discurso e recusa de transporte

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A percepção dos residentes de Macau sobre o serviço de táxis”. É este o nome da tese final de licenciatura da aluna de Gestão de Turismo do Instituto de Formação Turística (IFT) Charlie Chan Choi Nei, a qual se revelou vencedora num concurso ontem realizado.
Após entrevistar 160 pessoas, a aluna chegou à conclusão que a recusa de transporte, o mau diálogo entre taxistas e passageiros ou as cobranças abusivas são os factores que mais desagradam os residentes.
“O discurso dos taxistas, a recusa em transportar os passageiros e o longo tempo de espera são os factores que os residentes consideram mais importantes e é nessas áreas que o sector tem tido um pior desempenho. É aqui que as pessoas estão mais insatisfeitas”, explicou Charlie Chan Choi Nei ao HM.
A aluna referiu ainda que entrevistou residentes de origem chinesa e não chinesa, mas que não encontrou quaisquer diferenças de opinião em relação ao funcionamento do sector.
“Depois há factores como as condições do veículo, a área geográfica ou os conhecimentos profissionais, que as pessoas também consideram ser importantes”, acrescentou a aluna.
A finalista do curso de Gestão do Turismo decidiu abordar este tema na sua tese final por ver tantas queixas apresentadas online. “Têm surgido muitos relatórios e queixas sobre o serviço de táxis e muitas pessoas começaram a partilhar as suas más experiências online. Sei que há um grupo no Facebook só para a partilha dessas experiências. Queria analisar melhor a situação dos táxis em Macau”, disse, mostrando vontade de mostrar o seu trabalho ao Executivo. “Gostaria de mostrar a minha tese ao Governo porque este é um grande problema em Macau, já que afecta a indústria do turismo em Macau e o dia-a-dia dos residentes. A indústria dos táxis tem que ser mais profissional, tal como no Japão, onde são muito educados, cumprimentam o passageiro e até o ajudam”, exemplificou Charlie Chan Choi Nei.

Uber é preciso

Na sua apresentação, a aluna deixou ainda como sugestão uma possível cooperação entre o Governo e a Uber, isto apesar das autoridades já terem referido que o serviço de transporte através da aplicação de telemóvel é ilegal. Para Charlie Chan, a Uber poderia funcionar de forma aberta a curto prazo, até à entrada em funcionamento do metro ligeiro.
“Poderiam assinar uma espécie de acordo, porque hoje em dia os transportes públicos não são suficientes. No meu questionário tinha um espaço para comentários e cerca de 20 pessoas disseram que a Uber poderia funcionar e afirmaram utilizar mais a Uber do que os táxis. Referiram ainda que os condutores da Uber são educados e praticam bons preços. O Governo deveria disponibilizar um número adicional de táxis para resolver o problema e aumentar as vantagens competitivas do sector, porque em Macau há pouco mais de mil táxis e isso é pouco, tendo em conta o número de residentes e de turistas”, rematou a finalista do IFT.
A tese de Charlie Chan Choi Nei foi uma das vencedoras num painel que revelou 16 trabalhos de investigação realizados por alunos do IFT no final das suas graduações. A introdução da tese final de curso é uma das novidades do instituto, que pretende dar aos alunos a capacidade não só de trabalhar em áreas mais práticas mas também de “analisar e compreender como utilizar as actuais tendências da indústria”.

14 Jan 2016

IFT | Cursos de licenciatura vão para a Taipa

Fanny Vong, presidente do Instituto de Formação Turística, quer transferir todas as licenciaturas para o campus da Taipa e destinar o campus de Mong-Há para os cursos profissionais. Na calha estão mais duas licenciaturas

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]arece estar desbloqueado o processo de transferência de alunos e cursos para o espaço do antigo campus da Universidade de Macau (UM) que foi destinado ao Instituto de Formação Turística (IFT). Fanny Vong, presidente do IFT, confirmou ontem que a partir de Agosto todos os alunos dos cursos de licenciatura vão passar a ter aulas na Taipa.
“Vamos mudar os estudantes deste campo de Mong-Há para a Taipa, porque o campus da Taipa tem capacidade para acolher todos os estudantes”, disse a presidente à margem do Tourism Education Student Sumitt.
Quanto ao campus de Mong-Há, na península, vai destinar-se apenas aos cursos profissionais, com vista a uma expansão dos mesmos. “Este campus vai tornar-se na base para os cursos profissionais e vocacionais, porque todos os anos temos uma média de dois mil alunos no ensino profissional e queremos proporcionar um melhor ambiente, porque actualmente o espaço é partilhado entre os alunos de licenciatura e dos cursos profissionais”, disse Fanny Vong. “No futuro vamos ter a oportunidade de proporcionar uma melhor qualificação melhor com padrões internacionais”, frisou ainda.
Apesar disso, os alunos das licenciaturas vão continuar a poder ter aulas em Mong-Há. “Temos de realçar que investimos muito neste campus, em termos de materiais de cozinha, por exemplo, e vamos continuar a utilizar esses equipamentos. Sempre que seja necessário os estudantes vão continuar a utilizar este campus para fazer uso destes equipamentos”, disse Fanny Vong.
O plano de transferência dos alunos perfaz duas fases, sendo que a primeira arranca em Agosto, altura em que termina o contrato de arrendamento de um edifício antigo que o IFT ocupa na Taipa, destinado apenas à residência de estudantes. Os alunos que actualmente estão nesse espaço poderão depois mudar para a UM.

Mais dois cursos

Em anteriores declarações, a presidente do IFT já tinha mostrado vontade de alargar a oferta formativa no âmbito da mudança para a Taipa, algo que irá concretizar em breve.
“No próximo ano lectivo, que começa em Agosto, vamos lançar duas licenciaturas para o período nocturno. Vamos abrir uma turma na área de Gestão Hoteleira e outra em Retalho. A área do Retalho não é nova para nós, já temos um programa no horário diurno, mas pensamos que há uma necessidade de oferecer este programa a profissionais”, explicou Fanny Vong.
O plano de aproveitamento do antigo campus da UM foi conhecido em Novembro de 2014, tendo sido cedido a quatro instituições do ensino superior locais. A Universidade Cidade de Macau (UCM), do deputado Chan Meng Kam, foi a única entidade privada a receber um espaço do Governo.

14 Jan 2016

Mais de 30 junkets sem licença renovada devido a novas regras

Já só cabem no mercado VIP dos casinos as promotoras que se souberem comportar à altura das exigências estabelecidas para o sector no passado mês de Outubro. O rigor na gestão das promotoras obrigou à não renovação da licença de dezenas de junkets

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram 35 as empresas de junkets que viram a sua licença revogada depois de, em Outubro passado, não terem entregue todos os documentos necessários constantes de novas instruções em vigor. A confirmação foi feita pelo novo director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Chan, à Rádio Macau.
“No ano passado, em Outubro, após o caso Dore, emitimos uma nova instrução no sentido de obrigar os promotores de jogo à entrega do seu modelo contabilístico, a identificação do responsável pela contabilidade,  o local de depósitos, entre outros elementos”, explicou. “Até ao prazo definido alguns não chegaram a entregar os elementos e, como tal, não renovámos a sua licença de promotores de jogo. Houve 35 promotores em que não houve renovação da licença”, acrescentou Paulo Chan.
O director esteve ontem no programa Fórum Macau e sublinhou que a criação de uma nova legislação para os junkets vai ser prioridade na sua tutela. “Sim, maior exigência em relação à idoneidade das pessoas ou das companhias, à sua situação financeira, etc. É nessa orientação que nos vamos encaminhar”, acrescentou o responsável.
No decorrer do programa, um ouvinte pediu que fosse criada uma base de dados de empréstimos feitos na área do Jogo e Paulo Chan afirmou que a ideia é “viável” se houver concordância do sector e da população. Também é importante que a implementação de uma norma desta natureza cumpra os requisitos estabelecidos pela Lei de Protecção de Dados Pessoais. Há já empresas que têm bases de dados não oficiais, segundo respondeu o director da DICJ.
Paulo Chan revelou que o relatório da revisão das licenças de Jogo inclui mais um item além dos originais oito orientações: vai agora ter-se em atenção do desenvolvimento das promotoras de Jogo e sua situação.
Quanto ao caso Dore, Paulo Chan revelou que já foi renovada a licença desta empresa por mais três meses. “Não quero que surjam mais problemas na sociedade. A Dore tem vontade de melhorar a sua forma de operar, incluindo os equipamentos e as suas contas”, indicou. O responsável afirmou que a DICJ tem negociado com os advogados da empresa e responsáveis da Wynn Macau. Além disso, espera que o assunto esteja resolvido muito em breve, reiterando que a natureza criminal da questão continua a ser alvo de investigação pela PJ.

Um grito de alerta

A presidente do Instituto de Formação Turística (IFT), Fanny Vong, defendeu que, apesar de 2016 ser um ano de abertura de vários empreendimentos de Jogo, este será um ano complicado. “Vai ser um ano difícil para os hotéis, porque segundo o sector hoteleiro as taxas de ocupação vão baixar. Mas quando a economia abranda também podemos encontrar oportunidades”, defendeu Fanny Vong, que falou da necessidade de criar “novos produtos de turismo e de lazer”.
“Os hotéis vão começar a pensar mais no lançamento de produtos que não estão relacionados com o jogo, produtos mais apelativos, o que pode mudar a imagem de Macau como um verdadeiro destino de turismo e não apenas de Jogo. É tempo para consolidar os objectivos do passado e ver o que pensámos há dez anos e não chegamos a concretizar. Há dez anos falava-se na diversificação, mas não chegou a ser o factor principal. Agora é altura de se tornar o factor principal e ver como Macau pode tornar-se um lugar atractivo para residentes e turistas”, acrescentou a presidente do IFT.
John Ap, novo docente do IFT com 23 anos de experiência na área do Turismo, fala da crise nos casinos como uma “chamada de atenção”.
“Nos últimos anos vimos uma queda significativa das receitas de Jogo nos último 18 meses. A indústria passa por vários ciclos e penso que isso é bom porque funciona como uma chamada de atenção. É importante para a indústria e também para o Governo de olhar para a necessidade de diversificação da economia. Quando existe uma fase difícil é uma boa altura para olhar para a diversificação”, apontou. “Os tempos vão ser difíceis, mas é algo cíclico, vai melhor, mas entretanto os gestores vão ter de pensar de forma criativa para gerar receitas por outras formas. Falo de eventos e de conferências. Grandes conferências têm ocorrido em Macau, mas segundo a minha observação não há muitas pessoas de fora de Macau a participar nestes eventos”, referiu.
John Ap falou ainda da necessidade de criar mais serviços turísticos de qualidade para fomentar a diversificação. “Há sempre uma margem de melhoria na forma como se formam os profissionais e como se elevam os padrões. Se os visitantes se sentirem bem-vindos querem voltar, mas se os serviços não são muito bons, as pessoas vão reparar nisso. E é isso que precisa de acontecer na Ásia. Não podemos estar em restaurantes de luxo e em hotéis de cinco estrelas e depois sermos mal recebidos pelos taxistas ou pelos empregados das lojas”, rematou.

“Espero que as empresas subam os salários”

Choi Kam Fu, director da Associação de Empregados de Jogo de Macau, pediu às seis empresas de Jogo que aumentassem os salários dos seus funcionários. Choi Kam Fu considera que apesar da economia de Macau estar numa profunda fase de ajustamento, há capacidade para aumentar os ordenados, já que o imposto sobre o Jogo ficou dentro das previsões do Governo. O responsável defende que é preciso engordar os salários se se quiser que as pessoas continuem a trabalhar no sector.
Choi também está a favor do aumento dos salários para os trabalhadores das pequenas e médias empresas (PME) locais. O sector que mais recursos humanos requer também precisa de boas novas, defendeu. Choi Kam Fu afirmou ao Jornal Ou Mun que “o lucro bruto do sector foi de 230 mil milhões em 2015”, acrescentando que “o aumento não vai causar muito impacto” nas empresas.
“A nossa Associação já mandou uma carta a pedir o aumento de salários às seis concessionárias de Jogo em conjunto com a Associação dos Croupiers de Jogo de Macau e a Associação dos Chefes de Banca de Jogo de Macau”, explicou ao Ou Mun. O director acredita que estes aumentos são positivos, já que vêm em jeito de felicitação pelo trabalho até agora desenvolvido pelos funcionários, de certa forma garantindo a continuidade do bom desempenho.
Lao Ka Weng, um representante da Associação Power of the Macao Gaming disse concordar com Choi.
“Um aumento de 5% em 2015 para os empregados do sector só providencia umas centenas de patacas e pode nem sequer vir compensar o aumento da inflação”, começou por afirmar. “Espero que as empresas de Jogo subam os salários à mão-de-obra, uma vez que cumprem um papel principal na sociedade”, acrescentou. A Wynn e a SJM já anunciaram bónus para os trabalhadores, mas não falaram sobre subida nos vencimentos.

14 Jan 2016

LITS, empresa de tradução e IT | Ana João, CEO

A LITS – Languages and IT Services – pretende aliar os serviços de tradução à área das tecnologias da informação. Para Ana João, CEO da empresa, 2016 pretende ser o ano da “consolidação e desenvolvimento” para um projecto que se quer afirmar no mercado da tradução local

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]um território que quase todos os dias se revela uma autêntica Torre de Babel, a LITS – Languages and IT Services (Companhia de Serviços Linguísticos e Informáticos) surge como a entidade que ajuda a resolver o novelo linguístico. A operar no território desde 2012, a empresa que disponibiliza serviços de tradução, aliados à tecnologia, afirma não querer ficar por aqui.
Sendo uma empresa sócia da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos de Macau, o objectivo da LITS é transpor barreiras. “Aproveitando o uso das tecnologias de informação, investimos em duas áreas que não conhecem barreiras porque podemos estar sediados em Macau e prestar serviços em qualquer parte do mundo”, disse ao HM Ana João, CEO da empresa.
A LITS presta diversos serviços de tradução em “várias línguas e serviços informáticos”, já tendo clientes em Macau e em Portugal. “Inicialmente a área da tradução era a que registava uma maior procura, tendo-se passado para uma situação de equilíbrio. No mercado local, a LITS tem sido procurada para tradução, com destaque para as línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Por parte dos clientes de Portugal há procura de tradução, quase sempre de Português-Chinês e de desenvolvimento de software à medida do cliente ou material pedagógico interactivo. A nível de IT, estamos a colaborar apenas com empresas de Portugal”, explicou Ana João. ana joão
Para a CEO, o ano de 2016 é de consolidação. “A LITS tem vindo a dar passos no sentido de se afirmar no mercado, acima de tudo pela qualidade dos serviços prestados. Definimos o ano de 2016 como de consolidação e desenvolvimento e os resultados obtidos até ao presente dão-nos confiança para investir e consolidar o projecto LITS”, referiu Ana João.

Falta de tradutores

Com pedidos de tradução na área da Ciência, Ensino ou Direito, a LITS tem prestado serviços nas mais diversas áreas. “O mercado da tradução em Macau é promissor em termos de procura nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa, mas no que se refere a outras línguas é bastante residual. Esporadicamente aparecem pedidos para tradução do francês ou espanhol, mas não é significativo”, frisou Ana João.
Apesar do espaço de crescimento, a CEO da LITS não deixa de apontar o facto do mercado ter uma pequena dimensão. “Macau é um mercado limitado, mas a LITS é uma empresa que desde o início não se restringe à procura de clientes no mercado local, porque o lema é ultrapassar as fronteiras geográficas e criar uma rede de clientes locais e do exterior, nomeadamente dos Países de Língua Portuguesa”, apontou.
Apesar do sucesso, a empresária lembrou as dificuldades de quem começa do zero. “Ao nível da competitividade, este é um mercado relativamente fechado, sendo difícil para uma nova empresa entrar e sobreviver num ambiente muito exigente em termos de diversidade de temáticas e de gestão de prazos.”
A falta de recursos humanos também atingiu a LITS. “Se limitarmos a procura aos recursos humanos existentes em Macau, isso torna difícil ou praticamente impossível desenvolver a actividade, principalmente na área da tradução. No entanto, o trabalho em rede permite ir procurar profissionais no exterior. A procura de pessoal qualificado é um desafio constante mas tem sido uma experiência positiva”, apontou Ana João, lembrando a “falta de tradutores nas áreas mais técnicas”.
Ana João considera que a maioria das empresas do sector ainda tem espaço para crescer. “Já existe um nível de resposta considerável, tendo em conta que, para além das empresas especializadas, há um grande número de tradutores individuais ou freelancer. Contudo, como a maioria das empresas de tradução de Macau são recentes, ainda têm capacidade para crescer o que irá aumentar a resposta”, rematou.

13 Jan 2016

Seac Pai Van com novo autocarro até ao hospital

A partir do próximo dia 18, segunda-feira, vai começar a operar uma nova carreira de autocarros públicos que fará a ligação entre o complexo de habitação pública de Seac Pai Van e o hospital Conde de São Januário. Para além disso, os autocarros 25F e 37U passam a ser 51 e 72, “tendo em vista a gestão sistemática da rede de carreiras das diversas zonas de Macau”.

13 Jan 2016

Assédio Sexual | DSAL deve “obrigar” empresas a travar casos, diz CAM

A Comissão para os Assuntos das Mulheres pede que os Serviços Laborais “obriguem” as empresas a criar um ambiente contra o assédio sexual, denunciando num artigo a existência de casos nas indústrias do Jogo e da restauração

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]certo que o Executivo já propôs a criação de um novo tipo de crime que inclui os casos de assédio sexual, mas ainda assim a Comissão para os Assuntos das Mulheres (CAM) pede mais. Na mais recente edição da publicação “Encantos – Revista Feminina”, da total responsabilidade da CAM, é sugerido que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) crie mais directrizes para que as empresas do sector privado lidem com este problema.
“Sugere-se que a DSAL obrigue as empresas a proporcionar um ambiente seguro de trabalho aos empregados e que faça formação profissional sobre o modo de evitar o assédio sexual aos funcionários”, pode ler-se na revista. Para além disso, a CAM defende que a DSAL deve ajudar as empresas a “elaborarem directrizes para evitar a ocorrência de casos de assédio sexual entre colegas”.
A CAM pede ainda que “os departamentos jurídicos simplifiquem o procedimento de denúncia em relação às vítimas, a fim de lhes permitir o acesso à protecção da sua segurança”. A Comissão diz ainda que, para “garantir os direitos das vítimas”, o “crime de atentado violento ao pudor e o crime de assédio sexual [devem ser] incluídos nos capítulos de crime sexual do Código Penal, ou que seja determinada uma punição específica para esses crimes”. Segundo o documento de consulta pública, lançado em Janeiro, é proposta pelo Executivo a criação do crime de importunação sexual, que abrange estes casos.

Nos casinos

Segundo as opiniões ouvidas pela CAM, “as pessoas do sector dos serviços acharam que o assédio sexual ou o atentado violento ao pudor é mais comum acontecer nas indústrias de alimentação e do Jogo”. As mulheres ouvidas “acharam que as indústrias mencionadas seguem sempre o princípio de que “o cliente é o mais importante e é sempre correcto”, ao mesmo tempo que defendem que a taxa de substituição dos empregados é alta, sendo fácil ser substituído, devendo por isso tolerar-se o assédio sexual do cliente”, pode ler-se.
Nos casinos parece ser comum ocorrerem este tipo de situações. “Os funcionários que trabalham como croupier manifestaram que não têm outra solução quando [enfrentam] assédio sexual do cliente. Podem recorrer à polícia, mas como os assediadores geralmente são turistas, antes de terminar a investigação já eles terão voltado à sua terra, por isso acharam que o mecanismo de tratamento do assédio sexual da indústria do Jogo é inútil. Ao mesmo tempo, os chefes superiores preferem minimizar os problemas”, revelou o artigo.

Em silêncio

Ao HM, Christina Ieong, presidente do Zonta do Clube de Macau, também defende mais regulações para as empresas do sector privado. “Concordo com quaisquer regulações que possam proteger mais as mulheres no local de trabalho. Conheço casos de trabalhadoras que têm sido vítimas de assédio mas não encontram uma forma de falar e não querem falar. Pelo meu conhecimento, há casos que acontecem mas que nunca foram falados. As mulheres têm medo e vejo a necessidade, por parte do Governo, de trabalhar neste tipo de leis e de regulações”, referiu, afirmando que o Zonta Clube de Macau vai apresentar sugestões ao Executivo no âmbito da consulta pública sobre a revisão do Código Penal.
Além do reforço do papel da DSAL, Christina Ieong defende uma maior aposta na educação. “Macau precisa deste tipo de lei para que as mulheres estejam mais protegidas. Para além da legislação, tem de ser providenciada mais educação às vítimas, mulheres, e também potenciais vítimas”, rematou a presidente do Zonta Clube de Macau.

“Ausência de denúncia é problema cultural”

O artigo publicado na mais recente revista da CAM foi escrito com base em auscultações feitas por esta Comissão a alunos do ensino secundário e mulheres trabalhadores, incluindo ao ensino primário (ver caixa). Com base nas opiniões obtidas, a CAM concluiu que as mulheres preferem nada dizer quando são vítimas de assédio.
“Tendo em vista que o emprego serve apenas para ganhar a vida, e considerando o desenvolvimento profissional e a sua reputação individual, as mulheres trabalhadoras têm de tolerar isso e permanecer em silêncio. Todos acharam que, no caso do assédio sexual, só as empresas que buscam o equilíbrio entre o seu interesse e o direito dos funcionários, e que têm vontade de criar um mecanismo de tratamento e adoptam realmente medidas concretas, podem evitar eficazmente o comportamento do assédio sexual ou atentado violento ao pudor”, pode ler-se.
A CAM avançou ainda estatísticas da DSAL, que nos últimos cinco anos registou apenas dois casos de assédio sexual. Alunos e mulheres ouvidas pela CAM afirmaram desconhecer que a DSAL podia lidar com este tipo de casos. “O Instituto de Acção Social (IAS) disse que, em 2014, recebeu duas denúncias, uma das quais realizada através de organização civil. O número de casos recebidos pelas duas autoridades é pequeno, o que significa que o fenómeno do assédio sexual em Macau não é grave. Ou isso tem a ver com a definição jurídica equívoca do assédio sexual, que dificulta a sua definição? Isso também é um ponto que vale a pena discutir”, apontou a CAM.
Para Christina Ieong, a situação é “grave”, mas continua a ser escondida. “Muitas vítimas têm, à partida, muito medo de falar, e há muitos casos escondidos que nunca foram falados. Pensam que vão perder o seu trabalho e a sua carreira. Conheço um caso em que a rapariga foi defendida e foi despedida. Neste tipo de situações as raparigas agem de forma passiva e se forem à polícia vão ter de provar o assédio, vão causar barulho e isso poderá afectar futuros empregos e patrões”, defendeu ao HM. “Esperamos que cada vez mais vítimas, sobretudo femininas, ousem defender os seus direitos e benefícios próprios, no intuito de melhorar o estatuto jurídico dos crimes de assédio sexual”, concluiu ainda a CAM.

CAM ouviu crianças dos seis aos dez anos

Além de ouvir mulheres empregadas e alunos adolescentes do ensino secundário, a CAM foi ainda conhecer as opiniões de crianças sobre a questão do assédio sexual, nomeadamente alunos do ensino primário cujas idades não vão além dos dez anos. “No grupo de foco dos estudantes do ensino primário, os conhecimentos sobre a educação sexual e atentado violento ao pudor são superficiais, sendo geralmente obtidos dos livros, palestras nas escolas e aulas de conhecimentos comuns. Não têm opinião precisa sobre o conteúdo de assédio sexual ou atentado violento ao pudor e a maioria está a favor da prevenção do abuso sexual. Na discussão da definição de assédio sexual, a maioria dos estudantes achou que o ‘abuso’ é quando lhes for tocada a parte privada e quando se fala de forma maliciosa do corpo. Como eles não têm muitas experiências e têm pouca idade, faltam-lhes definições e ideias claras sobre o assédio sexual ou o atentado violento ao pudor”, referiu a CAM.

13 Jan 2016

Studio City acolhe memorial sobre Bruce Lee

Um relógio especial com edição limitada e uma exposição. É desta forma que os 75 anos do nascimento de Bruce Lee serão lembrados no Studio City, graças a uma parceria estabelecida entre uma marca de relógios e a Fundação Bruce Lee. A exposição vai revelar ao público os grandes momentos da carreira do actor e lutador de artes marciais através da fotografia. Com o nome “Legend Never Dies: Bruce Lee 75th Anniversary Memorial Exhibition”, a exposição vai estar patente até ao dia 25 de Janeiro no espaço Times Square no Studio City. A exposição poderá ser visitada de domingo a quinta-feira entre as 10h30 e as 23h00, enquanto que de sexta-feira a sábado poderá ser visitada apenas entre as 10h30 e as 12h00. A entrada é livre.

13 Jan 2016

Lei Sindical | Deputados têm “esperança” na aprovação

Pereira Coutinho e Au Kam San esperam que os deputados, sobretudo os nomeados, possam aprovar a Lei Sindical apresentada pela FAOM. Mas também dizem que isso só acontece se houver o aval do Chefe do Executivo

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez na história da política local uma associação que não a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) apresentou um projecto de Lei Sindical na Assembleia Legislativa (AL). José Pereira Coutinho, actual presidente da ATFPM e autor de seis projectos desta mesma lei, espera que a iniciativa da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), através dos deputados Kwan Tsui Hang, Ella Leo e Lam Heong Sang, possa reunir os apoios necessários.
“Vejo com grande esperança o facto de haver colegas que finalmente decidiram apresentar o projecto. Espero que reúna o consenso e os votos necessários para a sua apreciação na generalidade”, disse Pereira Coutinho ao HM, sublinhando que espera sobretudo o apoio dos sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo.
“Não vai ser fácil [obter o apoio], mas acredito que se houver da parte do Chefe do Executivo uma boa vontade, e se der indicações positivas para que os deputados nomeados tenham abertura em relação a este diploma, então não vejo razão para que continuemos a aceitar lacunas desta natureza”, frisou o deputado directo.

Deputados analisam diploma

Contactado pelo HM, Lau Veng Seng, deputado nomeado, disse não ser a melhor altura para dizer se vai ou não votar a favor, por ainda estar a analisar o diploma. Também Gabriel Tong, nomeado, pediu mais tempo para analisar o projecto de lei.
“Houve várias tentativas no passado propostas pelo deputado Pereira Coutinho e desta vez são outros deputados a apresentar. Temos de ver se há coisas novas e em que medida é que os direitos e a organização sindical estão garantidos”, disse ao HM.
Leonel Alves, deputado indirecto, também não quis comentar por estar a analisar o diploma.

Não vai ser fácil

Ao HM, o deputado Au Kam San garantiu que vai votar a favor, tal como fez nas anteriores votações. Contudo, o deputado lembra que a lei só poderá ser aprovado se existir um “entendimento tácito” entre os três deputados [da FAOM] e os deputados que representam o sector empresarial. Só isto, diz, poderá facilitar a aprovação na generalidade.
Na nota justificativa da proposta de lei pode ler-se que “a presente iniciativa legislativa tem por objectivo concretizar o disposto da Lei Básica da RAEM, dar cumprimento ao exigido pela Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e colmatar o vazio legislativo nesta matéria, criando-se a respectiva regulamentação no ordenamento jurídico da RAEM”, pode ler-se. O HM tentou ainda obter reacções junto de outros deputados, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

12 Jan 2016

Transmac | Contrato revisto vai ser assinado “em breve”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, já tem os “poderes necessários” para representar a RAEM na revisão da escritura pública do contrato entre o Executivo e a Transmac – Transportes Urbanos de Macau. A revisão ao contrato vai acontecer “dentro em breve”, refere o Governo numa nota à imprensa, depois de ter sido publicado um despacho em Boletim Oficial a remeter os poderes para o Secretário. Esta revisão surge depois das recomendações feitas pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que sugeriam que os contratos estivessem de acordo com a lei e que todos os autocarros tenham o mesmo regime de funcionamento, de prestação de serviços. O Executivo diz que “ambas as partes concluíram já as negociações sobre a revisão do contrato, que consiste em estabelecer um novo mecanismo de exploração para a Transmac, com o aumento das suas obrigações contratuais, destacando-se, entre outras a observância ao regime das concessões de serviços públicos e a indexação das receitas à avaliação dos serviços”. O novo mecanismo de exploração é “mais ou menos idêntico ao da Nova Era e da TCM”, mas há uma ligeira diferença nos contratos, “face ao ajustamento de direitos e obrigações contratuais no contrato inicial da Transmac”, indica o Governo, sem adiantar pormenores.

12 Jan 2016

IC | Fachada da sede da PJ não vai ser preservada

O Instituto Cultural (IC) vai demolir a ala oeste do edifício da sede da Polícia Judiciária (PJ), “cuja fachada não será preservada”. Segundo um comunicado, a obra faz parte do projecto da Nova Biblioteca Central, projecto que vai ser dividido em três partes, incluindo o edifício do antigo tribunal e as alas oeste e leste do edifício da sede da PJ. Com essa obra, o IC pretende “transformar este espaço num espaço verde e de lazer temporário, onde serão realizadas actividades a curto prazo”. O IC avançou ainda que pretende “colocar caixas de devolução de livros de 24 horas” na biblioteca da Taipa e do Tap Seac, sendo actualmente de 16 o número de bibliotecas existentes.

12 Jan 2016

Governo Electrónico | Académico defende leis para partilha de dados

Raymond Lai, especialista da Universidade de Macau em Governo Electrónico, pede mais legislação para partilha de dados nos departamentos públicos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]docente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM) e especialista em Governo Electrónico Raymond Lai defende que o Governo deveria implementar mais leis para a protecção de dados partilhados entre os diversos serviços públicos.
“Os esforços depositados no Governo Electrónico devem estar também relacionados com a ‘forma’ e o ‘conteúdo’, não só do ponto de vista do design [dos websites] mas também em termos do acesso por parte do público. Mas a questão do acesso também está relacionada com o uso de dados partilhados junto dos departamentos públicos, sendo que uma legislação adequada e oportuna deveria dar apoio a isto”, disse o docente ao HM.
Instado a comentar o mais recente relatório divulgado pelo Executivo, que determina as políticas na área do Governo Electrónico a implementar até 2019, Raymond Lai defendeu que o esforço do Governo deveria levar a que mais pessoas fiquem familiarizadas com a utilização dos serviços digitais.
“Muitas pessoas consideram que o actual sistema do Governo Electrónico não é satisfatório e espera-se que a maioria dos serviços possa ser garantida online”, referiu.
A implementação de uma “melhor forma e conteúdos apropriados podem levar a um melhor desenvolvimento do Governo Electrónico”, disse Raymond Lai, que acrescentou que a sociedade “deveria esperar melhores respostas na utilização dos serviços públicos digitais”.

Pequenos esforços

Há dez anos que o Executivo pretende digitalizar todos os serviços públicos, incluindo a partilha de dados e um acesso mais facilitado por parte da população. Apesar do fomento do Governo Electrónico ter sido uma das políticas anunciadas nas Linhas de Acção Governativa (LAG), Raymond Lai acredita que o Governo já tem vindo a fazer alguns esforços antes disso.
“Não é justo dizer que o sector público ou os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) não fizeram nada para responder ao aumento das necessidades em termos de serviços públicos digitais”, frisou, dando como exemplo a criação de aplicações de telemóvel para as carreiras de autocarros ou o lançamento de um canal oficial da Polícia Judiciária (PJ) no YouTube.
“Nos últimos tempos, na área do Governo Electrónico, têm sido lançados uma série de novos websites. As recentes mudanças na utilização da internet em Macau reflectem a mobilidade e o aumento da utilização de plataformas online nos departamentos públicos, seguido de uma utilização mais comercial da internet”, referiu.
“Com o aumento da utilização do Facebook e do YouTube, mais unidades do Governo começaram a lançar as suas páginas no Facebook ou a lançar canais no YouTube, bem como a desenvolver aplicações de telemóvel. Isso mostra os esforços feitos pelo Governo de Macau em gerir a sua identidade e o seu relacionamento com o público”, rematou Raymond Lai.

12 Jan 2016

Tribunal | Alan Ho e outros dois “escolhiam” prostitutas para os quartos

Na primeira sessão de julgamento do sobrinho de Stanley Ho, a arguida Qiao Yan Yan, antiga prostituta, disse em tribunal que Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang eram os responsáveis por escolher as raparigas que entravam para os quartos do quinto e sexto andar do Hotel Lisboa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ssociação criminosa e exploração de prostituição. São estes os crimes pelos quais vai acusado Alan Ho, sobrinho do magnata Stanley Ho e ex-director executivo do Hotel Lisboa, juntamente com mais cinco arguidos. A primeira sessão do julgamento começou na passada sexta-feira no Tribunal Judicial de Base (TJB), mas o silêncio imperou na audiência: Alan Ho não falou e apenas dois arguidos aceitaram fazê-lo. hotel alan ho
Qiao Yan Yan, quarta arguida, acabou por revelar novos dados sobre o funcionamento dos quinto e sexto andares do Hotel Lisboa, onde 120 quartos estavam destinados às prostitutas (conhecidas como YSL – Young Single Ladies) e aos seus clientes. Nesses dois andares funcionava um balcão de check-in “especial”, sendo que seria o próprio Alan Ho quem estava encarregue de decidir quais as meninas que tinham acesso aos quartos. Os arguidos Kelly Wang, vice-gerente do hotel, e Peter Lun, gerente opcional, também tinham essa tarefa. Este balcão serviria para tirar fotocópias dos documentos de identificação das prostitutas, tarefa que chegou a caber a Qiao Yan Yan na semana em que esteve no Hotel Lisboa antes de ser presa.
Vinda do norte da China, casada e com 33 anos, Qiao Yan Yan admitiu que também foi prostituta, não só no Hotel Lisboa como em outros hotéis de Macau. “Antes também era uma das raparigas, por isso posso ter a certeza que sim [que o balcão de check-in especial se destinava a elas]”, afirmou.

Com multa

Perante o juiz Rui Ribeiro, Qiao Yan Yan apresentou um discurso com algumas incoerências. Primeiro disse ter iniciado funções no balcão do Hotel Lisboa como assistente de Kelly Wang para “aprender” a tratar das burocracias hoteleiras, mas mais tarde acabou por admitir que tinha como tarefa garantir que as prostitutas cumpriam as regras de funcionamento do hotel. Essas regras determinavam que as meninas não podiam reunir-se em grupo, deveriam circular pelos corredores e não podiam procurar clientes, mas sim o contrário.
“Tinha sempre um segurança por perto e explicava às meninas o que elas tinham de fazer”, admitiu Qiao Yan Yan, que acabou por revelar que chegou a proibir mulheres de atender clientes nos quartos do Hotel Lisboa por um período de três meses. “Tomei a decisão de cancelar os quartos às meninas e depois informei os meus superiores”, referiu.
Também aqui Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang teriam a última palavra a dizer. O juiz não pôde deixar de apontar o dedo aos diferentes factos apresentados pela arguida.
“No início teve uma posição muito angelical, mas depois já sabia aplicar penas de três meses. Uma pessoa que está a aplicar penas sabe um pouco mais do que aquilo que nos explicou”, disse Rui Ribeiro.
“Fui empregada do hotel e se as condutas delas infringiam as regras do hotel eu tinha de intervir. Às vezes ficavam de pé a perturbar outros clientes”, admitiu a ex-prostituta.
Bruce Mak, ex-chefe de segurança e também arguido, prestou declarações antes de Qiao Yan Yan e confirmou a existência do balcão de check-in “especial”, mas disse que sempre achou que as movimentações nos quinto e sexto andares eram legais e do conhecimento público. “Para mim não havia problema nenhum, sempre achei que era uma coisa legal”, rematou.

Neto Valente queria julgamento à porta fechada

Segundo a Rádio Macau, o advogado de defesa de Alan Ho, Jorge Neto Valente, pediu em tribunal para a sessão do julgamento ser à porta fechada, por forma a proteger a identidade das 96 prostitutas que ainda vão depor como testemunhas, mas Rui Ribeiro recusou. Neto Valente disse ainda na sessão da manhã que o seu cliente nunca esteve envolvido em qualquer associação criminosa para explorar serviços de prostituição, tendo referido que Alan Ho apenas celebrou contratos de alojamento com mulheres que se dedicavam à prostituição, alegando que o seu cliente nada sabia do que se passava. O advogado referiu ainda que a prostituição não é crime no território, tendo considerado “absurdo” e “hipócrita” a ideia de que a prisão dos seis arguidos acabou com a prostituição em Macau.

11 Jan 2016

Taiwan | Eleições poderão ditar vitória dos democratas

O que esperam os taiwaneses depois de oito anos de Kuomitang? Mais justiça social e uma melhor economia. No próximo dia 16, a Formosa escolhe o seu novo presidente, provavelmente da actual oposição, mas poucos acreditam em sucessos a haver

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]a Ying-jeou conseguiu um feito histórico em oito anos de mandato na República da China, ou Taiwan, mas quase se pode dizer que arruinou a imagem do seu partido – o Partido Nacionalista Chinês, Kuomitang – junto de parte da opinião pública. Sobretudo os jovens, só pensam numa mudança nas próximas eleições presidenciais, agendadas para 16 de Janeiro. O Partido Democrático Progressista (PDP), de Tsai Ing-wen, deverá ser a escolha de muitos para mudar os destinos da Ilha Formosa, dizem as sondagens.
“As gerações mais jovens não estão satisfeitas com as políticas do Kuomitang há muitos anos, especialmente em relação à sua atitude em relação à China e à sua incapacidade para resolver problemas como os baixos salários junto dos mais jovens e os elevados preços das casas”, contou ao HM Íris Li, jornalista taiwanesa de 28 anos a viver em Taipé. “Há mesmo uma frase que diz: ‘Se o Kuomitang não cair, o futuro de Taiwan não vai ser melhor”, acrescentou.
Apesar do seu voto apontar para os democratas, Íris Li não esquece o período em que o DPP esteve no poder com Chen Shui-bian, presidente entre 2000 e 2008 que chegou a ser suspeito de actos de corrupção e abuso de poder. “Não podemos esperar muito do PDP. Mas queremos mesmo uma mudança e estamos, de facto, fartos do Kuomitang. Por isso acho que as pessoas vão escolher Tsai Ing-wen”, disse a jornalista.
A ser eleita, a candidata terá muitos desafios a enfrentar, considera a jovem. “No primeiro ano, Tsai Ing-wen vai enfrentar muitas dificuldades devido à actual situação económica. Num curto prazo após as eleições, penso que não vão existir grandes mudanças em Taiwan. Apenas espero que os pequenos partidos e candidatos decentes possam entrar no parlamento” frisou.
Íris Lei espera que a líder do DPP “possa pôr um fim ao sofrimento da nova geração” e que possa criar “um bom sistema de cuidados de saúde a longo prazo”, dado o envelhecimento da população.

Independência fora da agenda

As eleições presidenciais em Taiwan quase que eram disputadas apenas por duas mulheres, até que Eric Chu Li-iuan ganhou o apoio maioritário do Kuomitang contra Hung Hsiu-chu. Actualmente o partido está em segundo lugar nas sondagens, com 20%. Tsai Ing-wen, dos democratas, lidera com 45% das intenções de voto, enquanto que James Soong, do Primeiro Partido Popular, recebe apenas 10%.
Julie Janai Lin, de Taipei, não apoia directamente nenhum candidato, só espera uma mudança. “Espero que o futuro presidente oiça as vozes das pessoas e consiga reagir a elas. Espero que implemente mais políticas que beneficiem as pessoas a longo prazo, em vez de criar benefícios de curto prazo, e que possa criar mais programas de beneficio social e dedicar-se à diminuição das discrepâncias entre ricos e pobres”, disse ao HM.
Esta jovem taiwanesa também já não vê futuro na continuação do Kuomitang no poder. “As pessoas estavam à espera que o Kuomitang melhorasse a economia, mas a situação não mudou muito. E o partido tem estado demasiado dedicado a construir relações com a China, algo que deixa muitas pessoas preocupadas. Apesar de grupos mais conservadores e das gerações mais velhas continuarem a suportar o Kuomitang, o partido perdeu a confiança das gerações mais jovens”, referiu.
Mas para Julie Janai Lin essa perda de confiança teve aspectos positivos. “Levou muitos jovens a participar em campanhas políticas e novos pequenos partidos começaram a emergir, para estabelecer um equilíbrio entre os grandes partidos políticos”, disse.

Candidato do Kuomitang diz correr pela democracia

Numa entrevista ao jornal de Taiwan Liberty Times, Eric Chu disse estar na corrida presidencial para garantir o sistema democrático na Ilha Formosa. “Sei que a minha decisão me pode levar à infâmia, mas tenho de fazer a minha parte para com os taiwaneses e a democracia”.
Eric Chu assumiu dificuldades advindas do Governo de Ma Ying-jeou e disse que o partido vai reflectir e tentar fazer o melhor e “assumir as responsabilidades” sobre tudo o que seja necessário.
O candidato revelou ter aceite sido candidato pelo Kuomitang por considerar que “deve existir uma escolha para os taiwaneses na eleição presidencial”. O candidato defendeu que poderia ocorrer “a preponderância de um partido” caso o DPP “tivesse uma vitória assimétrica nas eleições legislativas ou presidenciais”, o que resultaria numa “perda de equilíbrio que não seria saudável para a democracia de Taiwan”.
Na mesma entrevista, Eric Chu disse que o Kuomitang “passou por um período de turbulência nos últimos meses”, mostrando-se ainda aberto ao diálogo com a principal concorrente, Tsai Ing-wen, sobre questões como “a identidade nacional, questões económicas, oportunidades de emprego e cuidados para crianças e idosos”.
O candidato do Kuomitang defendeu ainda que a líder do DPP está a preparar-se para assumir o cargo há cinco anos. “Por comparação, tenho estado a focar-me em questões administrativas da governação local, enquanto que Tsai tem estado preocupada para questões para as quais está politicamente orientada”, rematou.

Manter o status quo

Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), ainda frequenta o curso de mestrado em Ciência Política na Universidade Nacional de Taiwan e prepara-se para voar até à Ilha Formosa só para acompanhar este acto eleitoral. Ao HM, o jovem activista traça um retrato das reacções que a sociedade taiwanesa tem presenciado.
“Muitas das pessoas que têm vivenciado oito anos de Kuomitang acham que já chega. A maioria concorda que Taiwan não tem estado a progredir e muitos acreditam que uma mudança de partido pode ser o caminho certo para que haja essa progressão. Outros pensam que o PDP não vai ajudar Taiwan e que não há grande escolha para além dos grandes partidos políticos”, referiu.
Para Scott Chiang, a independência de Taiwan não estará na agenda do DPP, caso este se revele o vencedor do dia 16. “A questão da independência de Taiwan não é importante a curto prazo, porque aquilo que o PDP pode fazer é muito pouco. Ma Yieng-jeou tentou no passado integrar Taiwan no circulo económico da China, mas isso ofendeu muitos taiwaneses, que acharam que se estaria a ir rápido demais em termos da sua soberania económica”, apontou.
O presidente da ANM defende que o facto dos democratas terem uma postura diferente “não significa que o DPP vá levar Taiwan à independência, porque isso iria mudar o status quo e ofender os Estados Unidos. Vão tentar mobilizar as pessoas no sentimento anti-chinês, mas não vão pôr a independência na agenda, porque isso não é algo para fazer a curto prazo”.
Scott Chiang coloca algumas dúvidas no desempenho de Tsai Ing-wen caso seja eleita. “Os jovens de Taiwan são ingénuos o suficiente para pensar que, quando Tsai Ing-wen chegar ao poder, a situação económica vai mudar drasticamente. Pensam mesmo que o Kuomitang deve pagar pelo que foi feito nos últimos oito anos.”
O estudante em Taiwan pede políticas para maior justiça social e lembra que Tsai Ing-wen vai ter que trabalhar muito na área laboral. “Os sindicatos estão a criticar o Governo pelo facto das políticas laborais não protegerem todos os trabalhadores. Para já nada a poderá travar de ser eleita, mas quando chegar ao poder terá de fazer escolhas políticas que ou vão contra as pessoas ou contra os empresários. Não sei como vai resolver esse conflito”, rematou.

“Kuomitang passará por tempos difíceis”

Hao Zhidong, director do Centro de Pesquisa sobre a China Contemporânea da UM

Estas eleições acontecem depois do histórico encontro entre Ma Ying-jeou e Xi Jinping. Vão existir alterações significativas depois do dia 16?

Não me parece que o encontro entre Ma Ying-jeou e Xi Jinping faça alguma diferença, porque é muito provável que o Partido Democrático Progressista (DPP em inglês) regresse ao Governo. Segundo as sondagens, Tsai Ing-wen vai vencer as eleições e vai ter as suas próprias políticas que provavelmente não serão muito diferentes das que já foram implementadas no passado, especialmente em termos económicos. Na economia vão continuar a fazer o que têm vindo a fazer, mas em termos políticos não é claro, não vejo uma urgência em fazer algo, a não ser que o DPP queira fazer algo, como uma espécie de acordo de negociação de paz. Mas penso que não vêem urgência nisso. hao zhidong

Porque é que as pessoas estão a optar pelo DPP? Não estão satisfeitas com o Kuomitang (Partido Nacionalista Chinês)?
O Kuomitang tem estado no poder há oito anos e não tem sido muito popular, especialmente devido à forma como o partido tem lidado com as relações com os membros do parlamento. Em termos económicos, a maior parte das pessoas em Taiwan pensa que o partido está demasiado próximo da China e isso pode significar a perda da sua autonomia e identidade. Então estão preocupados com isso e querem manter a distância em relação à China, acreditando que o DPP pode fazer isso.

Quais as alterações económicas e sociais que serão essenciais a Taiwan?
Na área económica penso que têm de se manter as relações com a China, quanto a isso não há dúvidas. É impossível uma separação. Vão continuar a fazer isso para que a autonomia se possa manter de forma sustentável. Mas em termos políticos, não querem entrar na linha da China. Na área social, o DPP já tem o apoio da maioria das pessoas e, além disso, a sociedade civil em Taiwan é muito forte. Por isso, independentemente de quem vai chegar ao poder, a sociedade é estável e não vão existir grandes problemas.

Mas a economia tem vindo a cair.
Na última vez que o DPP esteve no poder, Taiwan tentou aproximar-se de outros países no sudeste asiático, como o Vietname e Tailândia. Mas não foram muito bem sucedidos, então trabalharam mais com a China. Mas actualmente a China também está a enfrentar alguns problemas económicos, talvez haja uma pressão para que invistam mais no sudeste asiático, isso pode vir a acontecer. Mas penso que vão encontrar uma solução, não será algo assim tão problemático. Vão manter as relações com a China, que ainda representa um grande mercado para Taiwan.

O Governo Central vai adoptar uma postura cuidadosa em relação a estas eleições, caso o DPP vença?
Não me parece que isso seja assim tão preocupante. Ainda há muitas questões por resolver e Taiwan não quer a independência já, porque se o fizer haverá consequências. Penso que vão manter o status quo, em vez de provocarem a outra parte.

Os EUA são grandes parceiros comerciais de Taiwan. As relações poderão ficar fortalecidas após as eleições?
Vão manter-se iguais. Taiwan sempre precisou do apoio dos EUA, que sempre foi a figura entre a China e Taiwan. As relações vão manter-se fortes porque Taiwan precisa da protecção militar dos EUA e isso é crítico.

Será mais difícil ao partido Kuomitang regressar ao poder depois destas eleições?
Sim, o partido passará por tempos difíceis. Da última vez venceram as eleições porque o DPP estava muito fraco, muito corrupto. Mas se o DPP melhorar essa área e tornar-se mais capaz de governar… Quando estive em Taiwan em 2002, o partido estava no poder e dizia-se que queria manter-se no poder para sempre. Mas era muito corrupto e teve que dar o poder ao Kuomitang. Ma Ying-jeou surgiu como o símbolo de um Governo transparente. Mas agora não vejo nenhuma crise no DPP, talvez tenham o potencial para manter-se no poder por muito tempo. O DPP tem um grupo de jovens políticos que têm um bom perfil de sucessão. Tudo depende de como o Kuomitang renovar o poder que teve no passado, mas também de como o DPP se mantiver no Governo.

As razões históricas poderão pesar no regresso do Kuomitang ao poder?
A história tem sido uma desvantagem, por causa da fase do ‘terror branco’ (Lei Marcial, que durou entre 1949 e 1987). Têm tentado limpar essa imagem, mas depende de como será o seu desempenho com os políticos locais, como os mayors ou governadores, se conseguirem fazer um bom trabalho a esse nível, talvez possam recuperar o poder nas próximas eleições.

8 Jan 2016

DSSOPT vai ser investigada pelo MP. A denúncia partiu de uma associação

A Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau queixou-se ao Ministério Público da acção da DSSOPT a propósito de terrenos visados num relatório do CCAC

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) poderá ir parar a tribunal, caso uma queixa ontem entregue ao Ministério Público (MP) pela Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau vá avante.
O último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre os terrenos que ainda não foram revertidos para o Governo motivou a Associação a apresentar uma queixa junto do MP contra a DSSOPT. Os responsáveis do grupo, ao qual pertencem os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, estão confiantes com a investigação do MP.
“Verificámos que há pelo menos três terrenos que já ultrapassaram o prazo de 25 anos de concessão. Esse é o limite, mas depois disso o Governo ainda não fez nada para recuperar estes terrenos. Segundo a lei, ultrapassados os 25 anos, o Governo tem de recuperar esses lotes, mas segundo uma investigação do CCAC há pelo menos três terrenos que já ultrapassaram esse prazo. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) não fez nada e pensamos que isso causa sérios danos ao interesse público”, disse Tong Ka Io, presidente da Associação, ao HM. “Esta é uma questão muito séria e por isso enviamos a queixa para o MP. Esperamos que o MP faça uma séria investigação ao caso e se há algum funcionário público a quem possam ser imputadas responsabilidades dentro da lei. O objectivo é que, no futuro, os funcionários públicos cumpram a lei e possam proteger o interesse público, sem mostrar interesse por essa questão. Os terrenos existem e as pessoas não vêem nenhuns procedimentos a serem tomados. Apresentamos esta queixa porque queremos que as coisas sejam correctas”, referiu.

Calendário por favor

Apesar do Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, já ter garantido que os terrenos vão ser revertidos para a Administração, Tong Ka Io pede um prazo concreto.
“O Secretário disse que estão a tratar do caso, mas não apresentou nenhum calendário para resolver todos os casos relativos aos terrenos”, referiu. A Associação garante que, para já, não está a planear mais acções depois da queixa apresentada ao MP.
“Pensamos que esta acção é suficiente. Esperamos que o MP investigue o caso de acordo com a lei, achamos que são profissionais sérios e achamos fundamental notificar este tipo de casos junto do MP. Politicamente vamos continuar a exigir boas práticas na gestão dos terrenos, porque são os recursos mais importantes de Macau.”
O caso diz respeito a três de 16 terrenos que deveriam ter visto a sua caducidade declarada, sendo dois deles da Transmac.

8 Jan 2016

Norte da Taipa |Defendidos incentivos para proprietários privados

Três anos depois, o plano de reordenamento da zona norte da Taipa continuam sem grandes detalhes. Lau Veng Seng quer que o Governo crie incentivos para os terrenos privados. Porque o contexto económico não é favorável

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] plano para o ordenamento turístico da zona norte da Taipa parece ser um parto difícil de acontecer. Anunciado em 2013, pouco ou nada foi feito até então. Ao HM, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) confirmou que desde o lançamento do plano já foram emitidas 13 plantas de condições urbanísticas (CPU), sendo que, destas, há duas “cujos anteprojectos de obra já foram apresentados”. Para além disso, “existem ainda dois pedidos de emissão de CPU que estão a ser tratados”.
O Governo não avança um calendário para a conclusão do plano, já que “é complicada a natureza dos terrenos localizados na zona norte da Taipa”, por existirem terrenos públicos, terrenos privados e terrenos concedidos por arrendamento. “É necessária que haja uma coordenação com os proprietários dos respectivos terrenos para implementação do plano”, disse a DSSOPT. Esta tem sido, aliás, a justificação constante do Governo para não avançar com o projecto.
Ao HM, o deputado nomeado Lau Veng Seng, também presidente da Associação de Construtores Civis de Macau, considera que o Governo deveria criar incentivos para os proprietários de terrenos privados.
“Gostaria de ver mais terrenos a ser desenvolvidos, para aumentar o número de habitações. Contudo, as questões ligadas aos concessionários são muito complicadas, já que a maioria dos terrenos estão nas mãos de privados. Acredito que a Administração tem de implementar uma espécie de incentivos para esses promotores, para que estejam dispostos a sacrificar os terrenos para dar lugar às infra-estruturas”, disse o deputado.
“Pelo que sei em relação aos detalhes do projecto, vão existir novas casas e infra-estruturas sociais pensadas para a zona. Então, para construir tudo isso e para promover esse desenvolvimento algum tipo de incentivos devem ser estabelecidos. Temos falta de terrenos e a Administração tem de estudar que tipo de planos vai propôr para encorajar os proprietários a começar a construção”, apontou.
O deputado Chan Meng Kam, que é proprietário de dois terrenos através da Companhia de Investimento e Desenvolvimento Jinlong (Golden Dragon), em sociedade com o deputado Chui Sai Cheong e Li Amber Jiaming, recusou prestar declarações ao HM sobre este assunto. Há dois anos, referiu ao jornal Exmoo News que as condições apresentadas pelo Executivo eram inaceitáveis.

Três ou quatro anos

Questionado sobre o projecto, o deputado Ng Kuok Cheong considera normal o atraso. “O Governo tem falta de recursos humanos e não pode resolver os processos relativos aos terrenos de uma só vez. Penso que o Governo tem noção de que vamos ter que esperar alguns anos, talvez três ou quatro anos, para ver os projectos avançar”, apontou.
O plano de reordenamento da zona norte da Taipa inclui a Taipa Grande, a povoação de Cheok Ká, povoação de Sam Ka e ainda a zona de aterros do Pac On. Para Mak Soi Kun, é também “normal” o atraso no desenvolvimento do plano.
“Depois da entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico, os processos de aprovação das PCU demoram algum tempo, é normal que nestes dois anos não tenha sido construído nenhum projecto.”
O deputado defende que o abrandamento da economia faz com que muitos proprietários privados não queiram investir. “Há proprietários que acham que as condições não são as ideais, nós sabemos isso. Alguns deles ainda estão a analisar a viabilidade do plano, devido a factores económicos. A economia abrandou, como é que eles têm vontade de acelerar a construção dos edifícios? Os proprietários preferem avançar devagar com o projecto porque não têm confiança para investir”, disse ao HM.
Mak Soi Kun recordou que os terrenos, por estarem nas mãos de privados, não têm de responder a prazos, pelo que não existe pressa na coordenação com os planos do Governo. “É um mercado económico livre”, rematou.

8 Jan 2016

Gás natural | Governo continua a negociar com a Sinosky

O Executivo continua a negociar com a Sinosky para resolver os problemas de fornecimento de gás natural, sendo que todas as hipóteses contratuais estão em aberto. Hoi Chi Leong, novo coordenador do GDSE, quer “estabilidade” no fornecimento

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ano passado a Sinosky foi notícia devido aos problemas de fornecimento de gás natural, tendo sido avançada a possibilidade de rescisão de contrato com a concessionária. Um ano depois, continua tudo em aberto.
“Estamos em negociação com a empresa e vamos encontrar a situação mais viável para resolver a situação. Vamos ver todas as opções para garantir que não há uma interrupção do fornecimento do gás natural”, disse ontem Hoi Chi Leong, novo coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), à margem da cerimónia de tomada de posse.
No seu discurso, Hoi Chi Leong disse querer “assegurar a estabilidade e a segurança do fornecimento de electricidade e de gás natural a longo prazo a Macau”, bem como “promover a cultura de conservação energética e de redução de emissões”. O engenheiro promete envidar “os maiores esforços para o desenvolvimento do sector energético”.
Data de 2007 o primeiro contrato para o fornecimento de gás natural assinado entre o Executivo e a Sinosky, sendo que até ao momento pouco foi feito para garantir a totalidade desse fornecimento. Em Agosto do ano passado, os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas já levantaram dúvidas sobre a implementação de uma rede de gás natural no território.
“Esse prazo já passou de metade e ainda não foi celebrado um contrato de fornecimento a longo prazo de gás natural (…) duvidando-se assim da possibilidade de concretização da política de gás natural, lançada pelo Governo”, referiu o representante da Comissão na altura. Actualmente apenas o complexo de habitação pública de Seac Pai Van e o campus da Universidade de Macau (UM) possuem este tipo de fornecimento.

“Uso racional” dos recursos

Num breve discurso, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes disse que Hoi Chi Leong “cumprirá com elevado sentido de responsabilidade estas novas funções”.
“Para que os objectivos possam ser cumpridos, é naturalmente imprescindível a cooperação de todos, empresas e população, pelo que continuar-se-á a investir em trabalhos de educação e sensibilização com vista a uma utilização mais racional dos recursos energéticos”, apontou o Secretário.
O novo coordenador do GDSE não deixou de recordar a sua anterior experiência como director substituto dos Serviços para a Regulação das Telecomunicações (DSRT).
“É do vosso conhecimento que tenho vindo a exercer funções no sector das telecomunicações. Embora este e o sector energético pertençam a duas indústrias com tecnologias diferentes, estão ambas envolvidas com a prestação de serviços públicos em Macau”, referiu. “Aproveitarei a minha experiência anterior no âmbito da Administração e da regulação de serviços de utilidade pública e procurarei familiarizar-me com o funcionamento do serviço e do sector, que para mim são novos.

CEM negoceia tarifas

O novo coordenador do GDSE garantiu que o aumento de tarifas da electricidade ainda está a ser discutido com a Companhia de Electricidade de Macau (CEM). “Ainda estamos em negociações com a companhia sobre o preço da electricidade. O preço da electricidade depende da economia e de outros custos”, explicou.

Terrenos não afectam contrato com Transmac

Raimundo do Rosário garantiu que a questão do terreno concedido à Transmac não está a trazer problemas à alteração do contrato com a operadora de autocarros. “Não, de todo. São duas questões. Uma coisa é o contrato. Há um parecer do CCAC que pede para regularizar a situação e que pede para passarmos isto para a concessão pública. Estamos a tratar disso. E outra coisa totalmente independente são os terrenos em relação à sua caducidade. As Obras Públicas vão iniciar os procedimentos para a declaração da caducidade desses terrenos”, frisou. A empresa está a funcionar com um contrato que não dá grande poder ao Executivo, quando deveria ter um contrato de prestação de serviços.

7 Jan 2016

Novos Aterros | Zona A volta a ter areia para construção

A oferta de areia para a construção da zona A dos novos aterros já está restabelecida, confirmou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Segundo o jornal Ou Mun, nos últimos dias vários navios de transporte de areia e máquinas voltaram a operar na zona. A DSSOPT avançou ainda que, antes do problema de fornecimento de areia, já tinha sido concluído 70% da construção da zona A. Para já, o Governo diz que vai exigir ao construtor o ajuste dos processos da obra, esperando concluir todas as obras relacionadas com as areias já no primeiro trimestre deste ano. O problema da falta de areia na zona A começou em Fevereiro do ano passado, o que causou atrasos na obra, para além das influências na conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

7 Jan 2016

Pereira Coutinho denuncia lacunas na legislação que facilitam o trabalho ilegal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado José Pereira Coutinho voltou a interpelar o Governo sobre alegadas “lacunas” existentes no regulamento sobre a proibição do trabalho ilegal, depois de ter, em Maio do ano passado, questionado a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre o assunto.
Pereira Coutinho pede mudanças ao regulamento na parte que “permite aos não residentes que ocupem postos de trabalho cujas funções podem ser facilmente exercidas pelos jovens de Macau”.
O deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) pede ainda que as entidades fiscalizadoras realizem uma maior vigilância e fiscalização “aos trabalhadores não residentes que são contratados ao abrigo deste regulamento administrativo”, por forma a exigir que estes trabalhadores que “venham a ser autorizados a trabalhar temporariamente em Macau estejam devidamente identificados, a fim de eliminar os abusos com identificação rudimentar e simplista dos mesmos”.
O deputado fala de “lacunas existentes na actual legislação que permite aos trabalhadores estrangeiros exercerem funções sem prévia autorização oficial, prejudicando os trabalhadores locais habilitados a exercerem as mesmas funções”.
Pereira Coutinho deu como exemplo a realização de uma exposição de máquinas, equipamentos e concessões de Jogo realizada no salão de convenções e exposições de uma das concessionárias de Jogo na Taipa, onde “estariam a trabalhar um elevado número de jovens, a maioria proveniente de Hong Kong a exercer funções simples de registos de dados ou contabilização genérica de equipamentos, cujos trabalhos poderiam ser exercidos por trabalhadores locais”.
Para além disso, diz, no local de montagem do palco e dos stands a maioria dos trabalhadores não residentes estavam identificados de uma forma rudimentar e simplista, sem a designação das funções para os quais foram autorizados a trabalhar temporariamente no local, queixa-se o deputado.

6 Jan 2016

Instituto Internacional relembra padre Benjamim Videira Pires

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]centenário do nascimento do padre Benjamim Videira Pires vai ser lembrado esta sexta-feira com uma palestra no Instituto Internacional de Macau (IIM). Ao HM, a oradora convidada – a historiadora Beatriz Basto da Silva – considera que a obra de Benjamim Videira Pires deveria ser reeditada e traduzida.
Para a autora da Cronologia de Macau, não bastam “palestras sobre as quais ninguém fala no dia seguinte” para lembrar a vida e obra do pároco português.
“Deveriam pegar nas obras delas e tratar delas. Ele escreveu imensos livros mas também artigos, e esses estão espalhados, e deveriam estar juntos. A obra dele deveria ser compilada e traduzida”, apontou.
Beatriz Basto da Silva, que conheceu pessoalmente Benjamim Videira Pires, recorda “uma pessoa muito prestável”. padre benjamim
“Cada vez que precisei dele foi sempre muito prestável às minhas solicitações. Foi-me de grande valia a sua ajuda em termos de sabedoria sobre Macau e a história dos portugueses no Oriente”, disse a historiadora.
Missionário, pedagogo e escritor, Benjamim Videira Pires fez parte de um vasto grupo de pessoas, não só da Igreja como de leigos, “que se esforçaram por manter o perfil português de missionários”, relembra a responsável. “E fez isso muito bem. A vida dele foi de doação e de estudo para cumprir a sua missão e aquilo que o trouxe a Oriente: uma missão religiosa mas ao mesmo tempo cultural. Era uma pessoa que, sendo calada, falava quando era preciso. E falava bem”.
Na palestra, Beatriz Basto da Silva promete deixar de lado aspectos biográficos. “Isso está escrito. Vou falar da apreciação histórica e da minha impressão pessoal dele. O que me interessa na vida do padre Videira Pires é a sua personalidade e a sua rectidão humana, a sua maneira de ser como homem de igreja e historiador”, rematou.
O evento tem entrada livre e está marcado para as 18h00.

6 Jan 2016

Bless Juice Bar, loja de sumos | Ivy Sun, fundadora

Ivy Sun trocou um trabalho cansativo na área da organização de eventos por um negócio próprio onde os sumos saudáveis e produtos orgânicos são o foco principal. Aberto há pouco mais de um mês, o Bless Juice Bar pretende ser um espaço agradável com preços mais baixos

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m sumo de romã e maracujá, de tons rosa, faz bem à pele, enquanto que um sumo de laranja e cenoura faz bem à visão. Todos estes sabores estão expostos na montra da nova loja de sumos junto ao Teatro Dom Pedro V. O Bless Juice Bar, de Ivy Sun, abriu há pouco mais de um mês e pretende fazer um trabalho diferente ao nível da alimentação saudável. Ivy Sun sempre gostou de sumos e de vegetais, mas a colocação de um aparelho dentário levou-a a gostar ainda mais desta área. Quando se cansou do emprego, não pensou duas vezes.
“Meti um aparelho há dois anos e era difícil comer. Comecei a procurar lojas de sumos em toda a parte e procurei na Taipa, onde moro, mas eram todas muito caras. Então comecei a fazer os meus próprios sumos”, contou Ivy Sun ao HM. “Antes tinha um trabalho num hotel e era muito cansativo, porque trabalhava na área da organização de eventos. Começava todos os dias às oito da manhã e muitas vezes só saía às dez da noite. Não era muito bom para mim e comecei a preocupar-me com a minha saúde. Então despedi-me em Setembro.”
Foi aí que nasceu a loja de sumos, que oferece bebidas feitas com produtos frescos, a preços mais baixos do que os normais e com o mesmo sabor, como garante a responsável. Entre sair do trabalho que tinha e pensar no seu novo modelo de negócio, Ivy Sun teve pouco tempo. BLESSHM3
“Tive a oportunidade de arrendar esta loja, porque os antigos arrendatários saíram. Apenas precisámos de um período de tempo para pensar que ia abrir o meu próprio negócio e para ter alguma coisa diferente em relação a outros espaços. Não queria um espaço que vendesse apenas café”, referiu. “Esta loja chama-se Bless porque quero que este seja um espaço feliz e que ofereça o melhor aos outros. Quero dar a oportunidade aos locais para experimentarem estes sumos saudáveis e também vendemos outros produtos orgânicos, como as sementes de chia ou os chás. Vamos ter uma espécie de ‘segunda-feira verde’, para termos saladas e sanduíches, refeições mais leves e que possam proporcionar algum equilíbrio”, contou ainda Ivy.

Uma filosofia muito própria

Ivy Sun não tem uma formação específica como chef de comida orgânica, apenas decidiu avançar com algumas ideias criadas de raiz na sua própria cozinha. “Faço as minhas próprias receitas. Comecei por tentar por mim própria, porque nós, asiáticos, temos a nossa própria filosofia em termos de dieta. Por exemplo, para nós, mulheres, não é bom beber bebidas frias sempre, não é bom em ciclos de período menstrual, por exemplo. Tentei fazer misturas de ingredientes como este, de romã, e é aconselhável beber um por dia, porque nos dá mais vitaminas e nutrientes. Também é muito bom para a pele, por isso é o meu sumo preferido”, contou ao HM.
Apesar do pouco tempo de funcionamento, o Bless Juice Bar já vende cerca de 30 garrafas de sumo por dia. “Quero que as pessoa sintam uma boa atmosfera aqui. Esta é uma loja pequena e quero que este seja um espaço confortável e não apenas comercial”, referiu. “Fizemos um grande investimento nas máquinas e os processos de fazer os sumos são diferentes. Porque é que estou a fazer um preço mais baixo? Não é por uma questão de competitividade, mas para chamar a atenção das pessoas. As pessoas bebem um café por dia, então por que não beber um sumo por dia e substituir o café? É isso que quero, que as pessoas experimentem estas bebidas”, disse a fundadora do espaço.
Com a chegada do tempo quente e húmido, Ivy Sun espera ter cada vez mais clientes. Por enquanto, ela própria vai todos os dias buscar os produtos frescos do dia para pôr mãos à obra junto à máquina dos sumos. Os desafios, esses, são constantes.
“Um dos maiores problemas que tenho tem a ver com o fornecimento de produtos frescos. Eu própria todos os dias tenho de sair para comprar os produtos e muitas vezes são mais baratos no supermercado do que no fornecedor, não sei porquê. Estamos apenas a começar e não queremos fazer um grande negócio, e estamos a adquirir pequenas quantidades de produtos diariamente”, rematou.

6 Jan 2016

Plano Pecuniário | Mais de 26 mil residentes não levantaram os cheques

Mais de 26 mil residentes não levantaram o cheque pecuniário o ano passado, número que triplicou face a 2014. Paul Pun, secretário-geral da Caritas, pede que seja criada uma entidade ou conta bancária própria para estes casos

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odos os anos os residentes permanentes e não permanentes anseiam pelo dia em que o cheque pecuniário do Governo cai na sua conta bancária ou chega à caixa de correio. Contudo, uma boa parte dos residentes com esse direito não levantou o cheque em 2015. Dados fornecidos pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) ao HM mostram aliás que os números de cheques não depositados tem vindo a subir desde 2013.
No ano que ainda agora findou, um total de 26.844 pessoas não levantou o seu cheque, o que representa um montante acima dos 223 milhões de patacas. Estes números representam cerca de 4,2% dos residentes elegíveis para receber o cheque. Apesar da DSF não possuir dados específicos sobre a percentagem de residentes permanentes e não permanentes que não levantam os cheques, contas feitas pelo HM mostram que apenas 2040 pessoas com BIR não permanente não levantaram as 5400 patacas do Governo, sendo que a maioria diz, então, respeito aos cheques de nove mil patacas.
Em 2014, os números são bem mais baixos: 7272 pessoas não fizeram qualquer levantamento ou depósito, o que totaliza mais de 57 milhões de patacas. Em 2013 o número volta a descer, com 4389 cheques não depositados, o que representa valores acima dos 300 milhões de patacas.

Outras medidas

Confrontado com estes números, Paul Pun, secretário-geral da Caritas, começa por ironizar. “Na maior parte dos casos as pessoas que recebem o cheque vão depositá-lo, não vão mantê-lo como lembrança”, disse ao HM, defendendo a criação de uma conta bancária específica para as pessoas que não sabem depositar o seu cheque.
“Temos de ter em conta se esta é a melhor forma de atribuir o cheque. Os professores e os funcionários públicos recebem o dinheiro na conta bancária, então poderia ser criada uma conta através do Governo, especialmente para os mais velhos. Sei que muitos idosos não sabem usar o cheque”, disse.
Paul Pun defende ainda a atribuição desta competência a uma entidade diferente. “Estes números são elevados e os cheques deveriam ser enviados para uma entidade ou departamento para serem levantados pelas pessoas que não os conseguiram depositar. Não basta enviar para as caixas do correio”, referiu.
O Programa de Comparticipação Pecuniária é destinado a todos os residentes, de todas as bolsas, quer residam em Macau ou não. A ausência do território pode ser uma das razões para os números fornecidos pela DSF.
“Haverá muitas pessoas, a viverem em Hong Kong, Portugal ou Taiwan, que não levantarão o cheque. E depois há muitas pessoas idosas que não depositam o cheque, que podem não saber a forma como o podem fazer. Muitos não sabem ler e só vêem a publicidade”, disse Paul Pun.
No ano de 2014, os cheques foram transferidos automaticamente por conta bancária para mais de 112 mil pessoas, tendo sido emitidos mais de 537 mil cheques. Apesar de muitas pessoas não levantarem o seu cheque, a verdade é que o Governo dispõe de um Centro de Apoio ao Pagamento da Comparticipação Pecuniária, o qual atendeu, em 2014, pouco mais de 15 mil pessoas, sendo que 2480 casos diziam respeito ao pedido de reemissão do cheque.

“Governo poderia tentar analisar melhor a atribuição”

José Luís Sales Marques, economista, fala de números demasiado elevados, até porque em 2015 a situação económica não melhorou. Bem pelo contrário, diz, até piorou.
“Talvez a maior parte das situações esteja relacionada com pessoas que não vivem em Macau há algum tempo e que não tiveram oportunidade de vir cá e não encontraram outra via para levantar o cheque. O que leva as pessoas a não levantar os cheques só pode ser uma falta de conhecimento dos mecanismos de levantamento. Ou pode haver ainda uma minoria que não levanta o cheque, porque não precisa”, referiu o economista.
Sales Marques considera que o Executivo poderia alterar as formas de atribuição destes apoios. “O Governo poderia tentar analisar melhor a atribuição e pode chegar a uma conclusão diferente a que tem chegado. Isto porque, por razões que se prendem com a dificuldade em fazer uma diferenciação relativamente a quem deve receber esse tipo de apoio, foi entendido que esta era uma medida para abranger todos os residentes”, rematou.

5 Jan 2016