Casa de Macau | Obras em Lisboa já arrancaram

Já tiveram início as obras no edifício que serve de sede à Casa de Macau em Lisboa, situada na avenida Almirante Gago Coutinho.

Segundo uma nota enviada aos sócios, “está em curso o início das obras de recuperação do nosso edifício, prevendo-se que possam prolongar-se até finais de Outubro, ou mesmo, início de Novembro”.

Tal irá obrigar ao cancelamento de algumas actividades habituais, como é o caso da realização do Chá Gordo no período da Festa da Lua “Chong Chao” no dia 17. “Ao longo destes dois meses iremos tentar atenuar este condicionalismo com a realização de actividades de interior e outras passíveis de serem executadas sem causar transtorno a quem venha a participar”, é ainda referido.

A informação de que a Casa iria para obras, depois de vários anos já em estado de alguma degradação, foi dada pelo HM em Junho. “Iniciámos, após aprovação da Fundação Casa de Macau (FCM), a recuperação do anexo multiusos onde se realizam a maior parte dos nossos eventos, estando prevista para este ano a pintura do edifício principal”, disse, na altura, Carlos Piteira, presidente da instituição.

12 Set 2024

Chefe do Executivo | Discursos iniciais de Sam Hou Fai enquanto presidente do TUI

O único candidato a Chefe do Executivo esteve à frente do Tribunal de Última Instância desde a transição. No seu primeiro discurso falou da importância do uso da língua chinesa na justiça e de ter um “sistema jurídico aperfeiçoado correspondente à realidade da região”. O HM recorda os três primeiros discursos de Sam Hou Fai entre 2000 e 2003

 

No dia em que foi oficializada a única candidatura ao cargo de Chefe do Executivo da RAEM por parte de Sam Hou Fai, recordamos os três primeiros discursos do ex-presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) nos primeiros anos da RAEM.

Respirava-se ainda o ar da transição e os tempos na justiça eram de mudança, tendo em conta que se implementavam leis e códigos bilingues elaborados nas últimas duas décadas, ainda durante a administração portuguesa.

Sam Hou Fai, no primeiro discurso como presidente do TUI, no ano judiciário de 2000/2001, dava conta de alguns desafios existentes, nomeadamente no que diz respeito ao bilinguismo e necessidade de celeridade da própria justiça. Nesse discurso defendeu a existência, na RAEM, de “um sistema jurídico aperfeiçoado, correspondente à realidade da Região e dos seus cidadãos, aceite com simpatia pelas pessoas de todas as comunidades que é o fundamento da estabilidade e do desenvolvimento permanente da sociedade”, sendo também “a garantia básica da dignidade judiciaria e do respeito pelas decisões judiciais”.

À época, vigorava o conceito de “Administração de Macau por gente de Macau”, quando actualmente se defende que o território deve ser governado por patriotas. Sam Hou Fai apelava não só à implementação prática deste princípio como “à concretização plena de ‘Um País, Dois Sistemas'” e “o alto grau de autonomia” atribuído ao território “e de outras instituições fundamentais consagradas na Lei Básica”. Estava, assim, “criado o sistema jurídico aperfeiçoado da RAEM”.

Nesse tempo, Sam Hou Fai destacava que “a construção de um novo sistema político” trazia “necessariamente profundas influências para todos os sectores da sociedade”.

“A alteração e os desafios a enfrentar pelo sistema judicial, como uma parte importante que integra o sistema político, são igualmente muito evidentes”. Aos juízes cabia apoiar a resolução “dos diversos conflitos públicos e privados, proteger a estabilidade social e os direitos e interesses legais dos cidadãos”.

O uso do chinês

No ano judiciário de 2000/2001, Sam Hou Fai apelava ao uso crescente do chinês nos tribunais, depois de anos de domínio da língua portuguesa. “Os juízes dos tribunais de todas as instâncias e o Conselho dos Magistrados Judiciais estão perfeitamente cientes da exigência ansiosa dos cidadãos de ver a língua chinesa utilizada nos tribunais. No entanto, considerando as situações objectivas dos juízes dos tribunais de todas as instâncias, dos advogados, dos funcionários de justiça e do recurso dos intérpretes, os tribunais podem apenas alargar gradualmente a utilização da língua chinesa para assegurar o funcionamento normal da justiça e evitar a protelação do julgamento dos processos”, é descrito.

Sam Hou Fai discorreu também em algumas ideias quanto à importância da manutenção da independência dos tribunais. “Os juízes não estão sujeitos a interferência de qualquer poder nem obedecem a quaisquer ordens ou instruções. Os aplausos, críticas ou acusações dirigidos pelo público aos órgãos judiciários não devem constituir factores de consideração dos tribunais e juízes quando proferirem a sentença.”

“No entanto”, destacou, “a independência judicial e o exercício do poder de julgar pelos juízes ausente de qualquer interferência não significam que os tribunais e os juízes estão livres de qualquer restrição, nomeadamente no âmbito da gestão judiciário-administrativa. Nós não podemos recusar ou protelar o julgamento de processos e muito menos ignorar o direito fundamental cívico de os cidadãos exigirem aos tribunais resolver os seus litígios e proteger os seus direitos e interesses legais no prazo razoável e por meio de processo justo e legal.

No discurso do ano judiciário seguinte, 2001/2002, Sam Hou Fai lembrava a falta de tradutores nos tribunais. “A veemente exigência dos residentes pelo uso da língua chinesa nos tribunais perante a grave carência de tradutores qualificados nas duas línguas oficiais também agravou, em certo grau, a dificuldade dos tribunais no seu funcionamento e na elevação da sua eficiência.”

Uma das problemáticas que já se verificava era o atraso na justiça, questão que se mantém até hoje. Dizia Sam Hou Fai que tinha sido feita uma inspeção aos processos em andamento, além de que o Conselho dos Magistrados Judiciais estava “atento às situações de acumulação de processos, nomeadamente dos processos comuns de declaração cíveis no Tribunal Judicial de Base e dos processos de instrução nos Juízos de Instrução Criminal”. O recém-nomeado presidente do TUI entendia ser “necessário aumentar a celeridade na apreciação e no julgamento destes tipos de processos”.

Códigos em pouco tempo

No discurso do ano judiciário de 2001/2002 colocava-se em evidência os desafios de trabalhar com os cinco novos códigos que tinham sido elaborados a partir dos anos 80 e que agora estavam plenamente em vigor.

“Os juízes dos tribunais das diversas instâncias começaram a aplicar, em todos os aspectos, um grande número de novos códigos (…) que cobrem as mais diversas camadas da sociedade. Devido ao curto período entre a proclamação e a entrada em vigor dos novos códigos, os magistrados e funcionários judiciais tiveram de dedicar muito tempo a estudá-los e dominá-los durante o próprio trabalho profissional, pois não tiveram, de antemão, um tempo adequado para fazê-lo.”

Assim, Sam Hou Fai lembrava ser “raramente visto em outros países ou regiões do mundo que, num tempo tão curto, entrem em vigor simultaneamente tantas e tão complicadas leis, tanto substantivas como processuais, que abranjam tão amplos ramos, nomeadamente o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código Comercial, o Código de Processo Administrativo Contencioso, o Código do Registo Predial, o Código do Registo Civil, o Código do Notariado e o Regime das Custas nos Tribunais, entre outros.”

Sugestões concretas

No ano judiciário de 2002/2003, o discurso de Sam Hou Fai já apontou para sugestões mais concretas, decorridas da experiência prática da vigência do novo sistema judicial.

O agora candidato a Chefe do Executivo referia a necessidade de “ampliar o poder jurisdicional do TUI”, pois “nos três anos decorridos os processos recebidos em cada ano pelo TUI foram cerca de 20, pois a maioria absoluta dos recursos, com a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), foram concluídos em julgamento de última instância de que não se pode recorrer mais”.

Assim, era “necessário rever as leis concernentes para ampliar o âmbito de admissão de casos por parte deste tribunal, de forma que, nos casos mais importantes, ou nos relativos a importantes questões jurídicas, se possa recorrer para o TUI”.

Defendia-se também a instalação de juízos especializados no Tribunal Judicial de Base “para elevar a eficácia de julgamento”, pois a então estrutura desse tribunal desfavorecia “a elevação da eficácia” do mesmo. Assim, Sam Hou Fai defendia que “era necessária a especialização das actuais seis secções de processos do Tribunal de Base”, evitando-se “a dilação de certos casos e o aparecimento de situações em que sejam proferidas decisões diferentes para casos da mesma natureza”.

Foi também apontada a necessidade de “aumentar o número de magistrados e funcionários judiciais”, pois, em três anos, verificava-se já no TSI, “uma tendência de elevação de processos não concluídos”. Importava ainda “aperfeiçoar o ordenamento jurídico e simplificar os actos processuais”. Foi também defendido o estabelecimento de um “sistema para que os órgãos judiciais possam compartilhar as informações dos serviços governamentais”.

Destaque ainda para o tipo de processos que surgiam, então, nos tribunais. No discurso do ano judiciário de 2002/2003, era referido o aumento em 237 casos de acções em processo sumário intentadas por residentes no Tribunal Judicial de Base, “tendo o índice de aumento chegado a 225 por cento”, com “a maior parte dos casos [relacionados] com pedidos de pagamento de despesas de condomínio”.

Relativamente aos delitos cometidos por menores de 16 anos, os processos de regime educativo baixaram de 273 no ano judiciário de 2000/2001 para 202 no ano judiciário de 2002/2003, “o que demonstra que a situação de transgressões de menores de idade inimputáveis conseguiu um certo melhoramento”.

Destaque também para o aumento, nesse ano, dos processos de índole laboral. “As acções declarativas laborais e de transgressão laboral recebidas pelo Tribunal de Base aumentaram 64 em comparação com o ano judiciário anterior, subindo de 114 para 178”, evidenciando “a tendência de subida dos casos de litígios laborais”.

Havia ainda uma “constante subida do número de casos em que os residentes pretendem que o tribunal reexamine as decisões administrativas feitas por directores de serviços”, reivindicando também “indemnizações do Governo”.

10 Set 2024

Metro ligeiro | Circulação só depois do sinal 3 de tempestade

A empresa gestora do Metro Ligeiro emitiu ontem uma nota onde esclarece que este sistema de transporte só pode voltar ao funcionamento quando for içado o sinal 3 de tempestade tropical.

Esta informação surge em resposta à queixa de um ouvinte difundida no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, o Ou Mun Tin Toi que se queixou que, aquando da passagem do “Yagi” pelo território, teve de apanhar o metro para ir trabalhar, mas a primeira carruagem partiu apenas duas horas depois da retirada do sinal 8 de tempestade.

A mesma nota dá conta de que “a maior parte das instalações do Sistema de Metro Ligeiro de Macau está exposta ao ar livre”, sendo “susceptível de ser danificada por objectos estranhos em condições atmosféricas adversas, tais como tufões”.

Nesse contexto, a empresa “só pode enviar [os funcionários de inspecção] após ser baixado o sinal 8 para 3”, a fim de se verificar o estado dos sistemas e equipamentos. “Com base na experiência de inspecção nos tufões anteriores, a inspecção na Linha da Taipa demorou pelo menos duas horas, mesmo que não se tenha verificado zonas danificadas”, é referido.

10 Set 2024

Já são conhecidos alguns dos filmes da nova edição do DocLisboa

“Sempre”, de Luciana Fina, será o documentário a estrear a edição deste ano do DocLisboa, um festival inteiramente dedicado ao género documentário que decorre em Lisboa entre os dias 17 e 27 de Outubro. Segundo uma nota de imprensa, o evento encerrará com “O Dia Que Te Conheci”, de André Novais Oliveira.

A organização descreve que o público poderá esperar “um programa rico que gera uma conversa entre um presente, um passado e um futuro, onde convergem, de formas diversas e inesperadas, uma série de reflexões necessárias sobre o cinema do nosso tempo”.

“Sempre”, o filme de arranque do festival, estreou recentemente n Festival de Veneza e faz uma reflexão sobre “o 25 de Abril [de 1974] e os seus ecos”, tratando-se de um filme que “revisita e traz para o presente os filmes, imagens, rostos e os ideais esquecidos ou por cumprir da revolução”.

Luciana Fina, artista italiana radicada em Portugal desde os anos 1990, mostra no DocLisboa um “filme feito de filmes”, elaborado a partir de um convite da Cinemateca Portuguesa para conceber uma instalação por ocasião dos 50 anos de Abril, recorrendo ao arquivo fílmico nacional e ao repositório de imagens da RTP.

O filme de encerramento, “O Dia Que Te Conheci”, é a história “de um homem e de uma mulher que tentam permanecer à tona num mundo desajustado, e que um dia se conhecem”.

Programa do futuro

Destaque para a apresentação da selecção “Back To The Future”, programa especial com curadoria de Jean-Pierre Rehm, colaborador habitual do festival. “Back to the Future” propõe-se “percorrer em alguns filmes o vínculo que liga o modernismo, ou seja, nada mais nada menos do que a utopia do século XX, e o cinema”, explica o também crítico e professor no texto que apresenta este conjunto de filmes.

Destacam-se, assim, vários títulos até agora inéditos em Portugal, como “Traité de bave et d’éternité” (1951), de Isidore Isou; “Per Speculum”, de Adrian Paci, onde “o espectador acede a um espaço que não carece de definição, onde um grupo de crianças entra num diálogo com a luz do sol através de fragmentos de um espelho, que resulta numa experiência visual livre e dinâmica”.

Da Albânia apresenta-se “If and If Only” do artista Anri Sala, em que um caracol se passeia ao longo de um arco de viola, afectando uma execução da peça ‘Elegia para viola solo’, de Stravinsky, perturbação essa que leva o maestro a adaptar o concerto às condições impostas pela nova relação física que ali se gera. Um último destaque para “Phantoms of Nabua” do tailandês Apichatpong Weerasethakul, um filme que tem a luz como personagem principal e onde se explora o conforto de casa, por um lado, e a sua destruição, por outro, descreve a organização. A programação completa da 22.ª edição do DocLisboa 2024 será apresentada dia 1 de Outubro.

10 Set 2024

UCCLA | Mostra com artistas de Macau inaugurada em Lisboa

A UCCLA – União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa apresenta esta quinta-feira uma exposição com artistas contemporâneos de Macau. Com curadoria de James Chu e José Drummond, “Aqui e Agora” junta-se à AFA – Art for All Society para celebrar os 25 anos da transição da administração portuguesa de Macau para a China

 

Pode ser vista até ao dia 20 de Dezembro, data que assinala o 25.º aniversário da transição de Macau, uma exposição que não é mais do que o espelho de culturas que permanece no território desde sempre. “Aqui e Agora”, com curadoria de James Chu e José Drummond, apresenta-se na sede da UCCLA – União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa e reúne trabalhos de 25 artistas, o mesmo número do aniversário da RAEM.

Segundo uma nota divulgada pela organização do evento, nesta exposição “cada obra de arte funciona como um marco temporal, capturando e preservando as experiências, memórias e emoções dos artistas no contexto actual”. “Tal como um retrato do presente, estas obras fixam no tempo a evolução cultural de Macau, reflectindo as transições e continuidades que definem a sua identidade”, escreve-se.

A UCCLA junta-se, nesta iniciativa, à AFA – Art for All Society, contando com apoios do Governo da RAEM, o Fundo de Desenvolvimento da Cultura, a Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], Câmara Municipal de Lisboa e Observatório da China.

Ainda segundo a organização, o 20 de Dezembro de 1999 “marcou um novo capítulo na rica e multifacetada história de Macau”, sendo que, em “Aqui e Agora”, o público será levado a fazer “uma introspeção profunda sobre a complexidade e a riqueza do património cultural de Macau, uma cidade que se distingue como um espaço singular de encontro entre as culturas portuguesa e chinesa”.

Dinamismo civilizacional

Na nota que divulga a associação, é descrito que “a interação dinâmica entre estas duas civilizações [chinesa e portuguesa], ao longo de mais de quatro séculos, moldou uma identidade cultural única e híbrida, que se manifesta de forma vibrante nas obras apresentadas”.

Desta forma, “Aqui e Agora” quer “fomentar um diálogo reflexivo entre os visitantes e as obras de arte, incentivando uma apreciação das nuances culturais que definem esta região única”. O nome da mostra “remete-nos à ideia de presença e de captura do momento actual”, pois “cada obra de arte funciona como um marco temporal, capturando e preservando as experiências, memórias e emoções dos artistas no contexto actual”.

“Tal como um retrato do presente, estas obras fixam no tempo a evolução cultural de Macau, reflectindo as transições e continuidades que definem a sua identidade. Este conceito sublinha a importância de reconhecer e valorizar os momentos significativos que moldam a nossa compreensão do passado e a nossa visão do futuro”, lê-se ainda.

A organização entende também que Macau, sendo há muito “um ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente, tem desempenhado um papel crucial na promoção de um diálogo intercultural que enriquece não só as suas tradições locais, mas também o património global”.

“Este diálogo é reflectido na arte do território, que frequentemente incorpora elementos visuais, simbólicos e filosóficos de ambas as culturas, criando uma estética única, uma visão multifacetada, que desafia e enriquece o espectador”.

Em “Aqui e Agora”, as obras apresentadas “exploram temas que vão desde a identidade cultural até às transformações urbanas e sociais”, descobrindo-se que “a pintura, escultura, instalação, fotografia e vídeo revelam um talento e uma sensibilidade que reflectem tanto a continuidade quanto a transformação cultural num testemunho de contemporaneidade e herança cultural”.

10 Set 2024

Hidrogénio | Analista recomenda análises de custo-benefício antes de investimento

João Graça Gomes, membro do Conselho Mundial de Energia, entende que Macau deve avaliar a aposta no hidrogénio antes de avançar para grandes investimentos que implicam gastos do erário público. Recorde-se que Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental, garantiu que a possibilidade está a ser estudada

 

O mundo está virado para as energias verdes como alternativa viável para reduzir os consumos de combustíveis fósseis no dia-a-dia. Macau não é excepção, e o Governo admitiu, no início do mês passado, que está a estudar a possibilidade de investir na produção de hidrogénio.

Porém, ao HM, João Graça Gomes, engenheiro e membro da direcção do “Global Future Energy Leaders” do Conselho Mundial de Energia, defende que o Executivo local deve assumir uma posição defensiva antes de avançar para investimentos de maior envergadura.

“A sugestão [do Governo] de investir em hidrogénio é vista com optimismo, considerando o potencial deste vector energético para descarbonizar a economia. No entanto, é crucial que Macau realize uma análise aprofundada do custo-benefício antes de avançar com investimentos significativos nessa área. Sendo uma região pequena, Macau enfrenta desafios consideráveis na produção de energia, o que resulta numa forte dependência de combustíveis fósseis para satisfazer a sua procura energética”, considerou.

Recorde-se que, no início do mês passado, numa sessão plenária dedicada a responder a interpelações de deputados, Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), admitiu que a possibilidade de investir em hidrogénio está no horizonte. Já terá sido, inclusivamente, contratada uma entidade “para desenvolver os respectivos estudos”.

“Vamos tomar uma decisão depois de ter um estudo efectuado, para ver como vamos desenvolver os trabalhos de utilização da energia do hidrogénio”, disse Raymond Tam, citado pela agência Lusa. A revelação foi avançada quando o responsável respondia a uma interpelação de um deputado sobre a utilização da energia “que já está a desenvolver-se em Hong Kong”.

A região vizinha anunciou em Junho uma estratégia para a produção de energia tendo por base o hidrogénio, com o secretário para o Meio Ambiente e Ecologia a lembrar que “para enfrentar o desafio das mudanças climáticas, o mundo está empenhado em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acelerar a transição energética”.

“A energia do hidrogénio é considerada uma energia com baixo teor de carbono e com potencial de desenvolvimento, e países de todo o mundo estão a promover activamente o desenvolvimento da indústria da energia do hidrogénio”, referiu Tse Chin-wan.

Por cá, o director da DSPA realçou que Macau “é uma cidade pequena” e para a “utilização do hidrogénio é necessário haver gasodutos”. “Sabemos que no futuro, aquando da substituição das peças das centrais de CEM [Companhia de Eletricidade de Macau], e dos geradores, vamos solicitar à respectiva empresa para ver se é possível instalar geradores para a produção de hidrogénio”, afirmou.

João Graça Gomes destaca que, tendo em conta o actual perfil da economia local, “predominantemente sustentada pelo turismo, associada ao sector do jogo, banca e construção, poder-se-á utilizar o hidrogénio para reduzir o consumo de gás natural, especialmente em aplicações de aquecimento”.

“Contudo, do ponto de vista termodinâmico, a substituição do gás natural por hidrogénio pode não ser a solução mais eficiente, pois outras fontes de energia podem oferecer melhor desempenho. Além disso, o hidrogénio é particularmente adequado para indústrias intensivas, como as de cimento e aço, que necessitam de temperaturas extremamente elevadas, onde as soluções eléctricas convencionais não são suficientes. Tais indústrias não existem em Macau”, referiu.

Pequenas importações

Citando dados do Observatório para a Complexidade Económica [OEC – The Observatory of Economic Complexity], uma plataforma online de dados “focada na geografia e dinâmica das actividades económicas”, João Graça Gomes recorda o facto de Macau importar poucas quantidades deste tipo de energia verde.

“É também relevante observar que, em 2022, Macau importou apenas 1,17 milhões de dólares em hidrogénio, o que a posicionou como o 112º maior importador mundial desse recurso. Na mesma época, o hidrogénio foi o 402º produto mais importado em Macau. Esses dados indicam que o hidrogénio não é actualmente um produto significativo na economia local, o que sugere que qualquer investimento nessa área deve ser abordado com prudência.”

Assim, o analista, e doutorando no Imperial College of London, frisou que “embora o hidrogénio tenha um grande potencial mundial, Macau deve avaliar se o seu perfil económico e energético é o mais adequado para explorar este recurso de forma eficaz”.

“Em última análise, Macau deve desenvolver o seu planeamento energético com base nas condições e necessidades específicas da região, evitando seguir modas e tendências globais sem uma análise criteriosa do contexto local”, acrescentou.

O caso de Hong Kong

Em Junho deste ano, as autoridades de Hong Kong lançaram o manual intitulado “A Estratégia do Desenvolvimento do Hidrogénio em Hong Kong” [The Strategy of Hydrogen Development in Hong Kong], sob a máxima da neutralidade de carbono.

“O nosso país dá grande importância ao combate às alterações climáticas, tendo estabelecido objectivos de ‘dualidade de carbono’ para a redução das emissões de carbono. As emissões de carbono em Hong Kong atingiram o pico em 2014, tendo-se verificado, actualmente, uma redução em cerca de um quarto quando comparado com esse período de pico. As nossas emissões per capita, em 2021, foram de 4.62 toneladas de dióxido de carbono, que é o quarto das emissões dos EUA e 60 por cento das emissões da União Europeia. Com base nestes dados, Hong Kong pretende reduzir a totalidade das emissões de carbono em 50 por cento antes de 2035 a partir dos níveis de 2005, a fim de atingir o objectivo da neutralidade de carbono antes de 2050”, escreveu o secretário Tse Chi-wan.

No caso da região vizinha, já foi estabelecido um grupo interdepartamental a fim de definir “as melhores práticas, regulamentos e padrões para aplicações seguras da energia com hidrogénio no contexto local”. Tem sido estudado “o desenvolvimento e caminhos da comercialização de várias tecnologias de energia de hidrogénio, promovendo-se projectos experimentais com aplicação local de energia de hidrogénio, tendo em conta o desenvolvimento de Hong Kong”, refere-se na mesma nota.

No mesmo documento é referido que a comunidade internacional classifica actualmente o hidrogénio segundo os métodos de produção e impacto ambiental que implica. Assim, “tipicamente é dividido em hidrogénio verde, azul e cinzento”, sendo que o cinzento “é produzido, maioritariamente, como um subproduto do processo de refinamento de petróleo ou pela reformação de vapor usando gás natural ou outros combustíveis fósseis como matérias-primas”.

O documento descreve que “o método de produção deste hidrogénio [cinzento] é actualmente o mais maduro e eficiente em termos de custos, mas implica emissões de carbono”. Assim, as autoridades de Hong Kong entendem que “pode ser usado para apoiar projectos experimentais, constituindo uma referência para um uso mais alargado do hidrogénio em Hong Kong no futuro”.

10 Set 2024

Automobilismo | Rodolfo Ávila termina no pódio do CTCC

O piloto Rodolfo Ávila conseguiu subir ao pódio este fim-de-semana na prova para o Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) – Sports Cup, que decorreu em Ningbo, China, no Ningbo International SpeedPark. Segundo um comunicado, o piloto, que reside em Macau, conduziu um Volkaswagen Lamando L da equipa oficial SVW 333 Racing, tendo ganho a prova Classe S. Além disso, Ávila ficou em segundo lugar na prova geral da segunda corrida do programa.

Destaque para o facto de Ávila ter estado mais de um ano sem competir, tendo agora sido convidado pela equipa SVW 333 Racing para “ajudar no desenvolvimento” do modelo Volkswagen Lamando L, “um carro que nunca tinha conduzido até então e que difere das versões anteriores”. A SVW 333 Racing foi a equipa que Ávila representou entre os anos de 2016 a 2020 no CTCC.

Regresso feliz

Em Ningbo, Ávila fez o formato de corrida de 55 minutos com uma paragem obrigatória para trocar de piloto, tendo o português feito equipa com o piloto chinês Sun Chao. “Fiquei muito feliz por regressar à família da SVW 333 Racing. Não estava nos meus planos voltar a correr este ano, mas aceitei este convite e gostei bastante”, explicou Rodolfo Ávila, que largou da quarta posição da grelha de partida na corrida de sábado, assumindo rapidamente a liderança e defendendo aguerridamente a posição até às paragens nas boxes.

“Diverti-me imenso na primeira corrida, a defender a liderança dos Audi TCR que vinham atrás de mim, mas na minha última volta, pouco antes de entrar para as boxes, a suspensão traseira cedeu na curva 21. Consegui ainda levar o carro até às boxes sem perder a primeira posição. A equipa resolveu o problema, e o Sun Chao ainda voltou à pista, mas o resultado ficou comprometido”, afirmou o piloto do VW Lamando L nº7 que ainda assim subiu ao pódio da Classe S.

Na segunda corrida de 55 minutos, no domingo, Rodolfo Ávila viu o seu companheiro de equipa realizar o primeiro turno de condução, para depois concluir a corrida com sucesso. “O meu companheiro de equipa entregou-me o carro na quarta posição, e eu levei-o até segundo na geral e primeiro na classe. Não foi uma corrida fácil, devido ao imenso calor dentro do cockpit. Nesta mistura de classes, os TCR continuam a ser os carros mais rápidos em pista, mas o mais importante era divertir-me e ajudar a equipa a evoluir o carro, que ainda tem margem para melhorar.”

Na mesma nota refere-se ainda que, embora “não seja uma prioridade, Ávila mantém em aberto a possibilidade de regressar de forma mais consistente ao CTCC no futuro”.

8 Set 2024

Lisboa | Cinema Ideal com mostra de filmes de Hong Kong este mês

Entre os dias 26 e 29 de Setembro será apresentado no Cinema Ideal, em Lisboa, um ciclo de cinema inteiramente dedicado a Hong Kong e aos seus realizadores. A iniciativa “Making Waves – Navigators of Hong Kong Cinema” contará com a presença de actores e realizadores da região vizinha junto ao Bairro Alto

 

Os amantes do cinema asiático, e em particular de Hong Kong, poderão desfrutar de uma selecção de sete filmes com a assinatura de realizadores da região vizinha, conhecida por ter uma importante indústria cinematográfica desde há várias décadas.

A casa de acolhimento do ciclo de cinema “Making Waves – Navigators of Hong Kong Cinema” será o Cinema Ideal, localizado junto ao Bairro Alto, em Lisboa, e que entre os dias 26 e 29 deste mês apresenta sete películas, sendo que o ciclo de cinema contará também com a presença de actores e realizadores.

Segundo uma nota do evento, a iniciativa é da Sociedade do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong em parceria com a Associação Blue Lotus, sediada em Lisboa.

Irão exibir-se sete filmes contemporâneos de Hong Kong, sendo que seis são obras mais recentes e um é um clássico, que se apresentará nas telas do Cinema Ideal com uma cópia restaurada. Trata-se de “Rouge”, de Stanley Kwan, de 1987.

Segundo uma nota informativa da associação Blue Lotus, o festival “Making Waves” tem a sua estreia em Lisboa este ano, tratando-se de um evento criado em 2022 e que já passou por várias cidades do mundo, nomeadamente Udine, em Itália; Londres, Pequim, Copenhaga, Tóquio ou Estocolmo. Com este evento, pretende-se “dar a conhecer ao público internacional os novos talentos da região”.

Louca história de amor

“Rouge”, o único clássico que se apresenta nesta edição do “Making Waves”, é protagonizado pelas estrelas do cantopop Anita Mui Yim-fong e Leslie Cheung Kwok-wing, que, tal como vários artistas de Hong Kong, sempre desenvolveram carreiras paralelas como cantores e actores.

Este é considerado um filme icónico da chamada “Segunda Nova Vaga” do cinema de Hong Kong, sendo o realizador Stanley Kwan considerado um dos pioneiros dos filmes LGBT melodramáticos. “Rouge” conta a história de um romance trágico entre uma humilde cortesã e o descuidado descendente de uma família rica, que abraçam a morte num pacto suicida no meio das opulentas casas de chá da Hong Kong dos anos 30. A história prossegue 50 anos mais tarde, quando a cortesã regressa a Hong Kong para encontrar essa história de amor perdida, atraindo um jovem casal para a sua busca pelo amor antigo, que roça a ilusão.

Destaque ainda para os filmes “Twilight of the Warriors: Walled In”, de Soi Cheang; “Time Still Turns the Pages”, de Nick Cheuk; “Fly Me To The Moon”, de Sasha Chuk; “In Broad Daylight”, de Lawrence Kan; “The Goldfinger”, de Felix Chong e ainda “Keep Rolling”, de Man Lim Chung.

Este último é um documentário realizado em 2020 centrado na carreira de 40 anos de Ann Hui, uma das mais conhecidas realizadoras de Hong Kong e um dos nomes fundamentais do movimento “New Wave” do cinema feito na RAEHK.

8 Set 2024

“Yagi” | Passagem sem estragos obriga a dois dias sem aulas

A passagem do “Yagi” por Macau, que chegou a ser classificado como um “super-tufão”, não causou estragos de grande dimensão, mas obrigou ao cancelamento, por dois dias, de aulas e demais actividades lectivas, devido ao mau tempo que se fez sentir

 

Foi classificado pelos Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) de “super-tufão”, mas a verdade é que a passagem do “Yagi” pelo território este fim-de-semana não causou grandes estragos, apesar de ter sido içado o sinal 8 de tempestade tropical.

O maior impacto foi mesmo o cancelamento de aulas e demais actividades lectivas do ensino não superior na sexta-feira e sábado. Numa nota emitida sábado, foi referido que “devido à tempestade tropical as aulas dos ensinos infantil, primário e especial ficam suspensas durante todo o dia”, sendo que as escolas foram instadas a “manter as instalações e respectivo pessoal em funcionamento, ocupando e acolhendo os alunos que cheguem às escolas, até que o seu regresso a casa se possa fazer em segurança”. No caso do ensino secundário, as aulas e actividades educativas mantiveram-se em pleno funcionamento, apesar de na sexta-feira o cancelamento ter sido generalizado.

No sábado continuou o mau tempo, nomeadamente aguaceiros e trovoadas, ainda que o vento tenha enfraquecido. Por volta das 14h de sexta-feira já o sinal de tempestade tinha passado de 8 para 3, com o “Yagi” a afastar-se do território. Às 8h de sábado já o território não estava sujeito a nenhum sinal de tempestade.

Três feridos

As quatro piscinas ao ar livre existentes no território abriram ao público depois de uma acção de limpeza na sexta-feira. Segundo uma nota do Centro de Operações de Protecção Civil (COPC), foram registados apenas três incidentes com a passagem do “Yagi” pelo território, nomeadamente “objectos em risco de queda”. Por sua vez, os Serviços de Saúde e o Hospital Kiang Wu receberam três feridos por causa do tufão, tendo os mesmos tido alta após o tratamento.

O Instituto de Acção Social abriu quatro centros de acolhimento de emergência, tendo acolhido um total de 10 pessoas durante a passagem da tempestade tropical. A par disso, a linha aberta do COPC recebeu um total de 11 chamadas de consultas relacionadas com a situação do tufão ou o funcionamento dos postos fronteiriços e das pontes. Por outro lado, o Corpo de Polícia de Segurança Pública levou a cabo acções de combate às infracções cometidas por condutores de táxis, tendo registado um caso de recusa de prestação de serviço, um caso de negociação de tarifa e três casos de serviços de transporte sem autorização.

8 Set 2024

Eleições | Sam Hou Fai instado a proteger emprego de residentes

Os membros do subsector do trabalho da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo instaram Sam Hou Fai, candidato a Chefe do Executivo, a criar medidas para assegurar o trabalho dos residentes. Foi sugerida a criação de centros de formação e de uma escola de culinária com Hengqin

 

A criação de mais condições de emprego para residentes foi tópico central na reunião que ontem decorreu e que se integrou no périplo de acções de fim-de-semana da campanha eleitoral de Sam Hou Fai, ex-presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) que se candidata ao cargo de Chefe do Executivo.

Sam Hou Fai reuniu-se ontem com membros do subsector do trabalho da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. Segundo uma nota de imprensa da campanha de Sam Hou Fai, o encontro foi presidido por Ho Sut Heng, presidente da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM), contando ainda com outros dirigentes da FAOM e 56 membros do subsector do trabalho da Comissão Eleitoral.

Na mesma nota, é referido que foi discutida a importância de garantir “a contratação dos residentes locais em Macau”, e alguns membros “sugeriram dar maior importância ao aproveitamento do papel do Conselho Permanente de Concertação Social e estabelecer centros de formação”. Tudo para que os jovens locais possam ser mais competitivos, “permitindo-lhes ter prioridade na procura de trabalhos e integrarem-se em indústrias emergentes”.

Além disso, alguns membros “propuseram a criação de uma escola de culinária em colaboração com Hengqin para formar mais profissionais de culinária”, assim como a “otimização do sistema de formação e profissional para os trabalhadores da indústria de jogo”.

Foi pedido a Sam Hou Fai, caso seja eleito, “reforce os mecanismos de supervisão e dê prioridade à contratação de trabalhadores locais”, assegurando “o desenvolvimento adequado e diversificado das indústrias, tendo como pressuposto estabilizar a contratação de trabalhadores locais”. Assim, foi sugerido “manter a política de não contratação de croupiers estrangeiros e de condutores profissionais estrangeiros”.

Turismo na agenda

Destaque ainda para a realização, nos últimos dias, de outros três encontros no âmbito da campanha de Sam Hou Fai. Na sexta-feira, houve um encontro com diversas associações do sector do turismo e agências de viagens. Segundo uma nota de imprensa, “os representantes do sector falaram sobre os desafios e oportunidades que a economia e a sociedade de Macau enfrentam neste momento”, considerando que “o desenvolvimento turístico tem um valor inestimável para a prosperidade da economia em termos globais”.

Sam Hou Fai reuniu também, no mesmo dia, com representantes da Associação Industrial de Macau, tendo referido que, com o encontro, “conseguiu conhecer a situação real que a indústria está a enfrentar” estando disposto a “auscultar as opiniões dos diversos sectores da sociedade”.

No sábado decorreu mais um encontro com a delegação do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, um “think-tank” ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau.

Nesta reunião foram debatidas questões sociais, tendo sido sugerido, pelos membros do Centro, “a melhoria das políticas habitacionais para ajudar os residentes a encontrar moradias”, bem como o fortalecimento “da construção de infra-estruturas de prevenção de inundações”. Relativamente ao trânsito, foi sugerido “o aperfeiçoamento da rede de transportes e uma melhor eficiência do tráfego rodoviário”.

8 Set 2024

“Yagi” | Hoje não há aulas no ensino não superior. Possibilidade “baixa” de ser içado sinal 9

A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) decidiu suspender hoje as aulas de todos os níveis de ensino devido à passagem pelo território do tufão “Yagi”. Desde as 22h que está içado o sinal 8, sendo “baixa” a possibilidade de vir a ser içado o sinal 9 ao longo da madrugada de hoje.

A nota da DSEDJ dá conta que, após reunião com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), todas as aulas serão suspensas, sendo que nas instituições do ensino superior “devem observar o regulamento aplicável”.

“A DSEDJ lembra às escolas que devem tomar medidas preventivas e acompanhar a situação, incluindo a instalação de portões impermeáveis, fiscalização de edifícios e instalações escolares, relocalização de equipamentos e monitorização do sistema eléctrico, bem como medidas contra inundações”, é referido na mesma nota.

O “Yagi” deverá encontrar-se a cerca de 300 quilómetros de Macau entre a madrugada e manhã de hoje, sexta-feira 6. Os SMG explicam, segundo as informações mais recentes sobre o “super tufão”, que “devido à influência da circulação e das faixas de chuvas deste sistema, o vento na região está a intensificar-se, acompanhado de aguaceiros fortes e trovoadas frequentes”.

O aviso azul de “Storm Surge” mantém-se içado, esperando-se inundações entre as 8h e 15h de hoje, sendo que a altura da água nas zonas baixas do Porto Interior não deverá ultrapassar os 0,5 metros. As inundações só serão mais fortes se o “Yagi” “adoptar uma trajectória mais para norte”, apontam os SMG.

6 Set 2024

Livro | Lançado hoje “Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia”

É hoje lançado, no Porto, mais uma obra com o cunho da BABEL – Organização Cultural. “Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” é a obra que compila ensaios e reflexões sobre o panorama arquitectónico e urbanístico de Macau em diversos períodos históricos, nomeadamente desde a revolução republicana chinesa de 1911 até à transição, em 1999

 

A BABEL – Organização Cultural lança hoje, na Feira do Livro do Porto, um novo livro dedicado à arquitectura e urbanismo de Macau e à sua evolução nos últimos anos. A obra, que tem a chancela da “Circo de Ideias”, intitula-se “Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” e inclui ensaios e reflexões seleccionados por Tiago Saldanha Quadros, arquitecto, e curadoria fotográfica de Margarida Saraiva. Ambos criaram a BABEL em Macau em 2013, desenvolvendo actualmente projectos culturais e artísticos com esta entidade em Portugal.

O lançamento, que acontece a partir das 18h, conta ainda com a presença do arquitecto Jorge Figueira, autor de um dos textos da obra. Porém, este livro inclui muitas outras reflexões sobre um território que tem sofrido profundas mudanças no seu tecido urbano nos últimos anos, à conta dos investimentos na área do jogo, que levaram à construção dos resorts e casinos, ou mesmo do crescimento do turismo.

Assim, esta obra “contempla um estudo das transformações no tecido urbano de Macau, com especial foco nas figuras-chave, movimentos e textos que informaram e animaram o discurso arquitectónico das últimas décadas”, aponta um comunicado da BABEL.

Além da participação de Jorge Figueira, incluem-se outros autores que se envolveram directamente na obra, nomeadamente Álvaro Siza, Fernando Távora, Francisco Figueira, José Maneiras, Manuel Graça Dias e Manuel Vicente, ambos já falecidos; Mário Duque ou Pedro Vieira de Almeida. Tratam-se de textos que são também “testemunhos e histórias pessoais”.

Com apoio

Este livro resulta de um estudo financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, com uma bolsa de investigação académica de 2020. Além disso, a edição da obra faz-se com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da RAEM, Banco Nacional Ultramarino e Fundação Oriente.

O livro divide-se em três partes, pautadas por três momentos históricos: a revolução republicana na China, em 1911; a ocorrência do movimento “12,3” em Macau entre Novembro de 1966 e inícios de 1967; e ainda a fase da transição da administração portuguesa de Macau para a China, em 1999.

Incluem-se, assim, “escritos seleccionados, compilados e organizados por arquitectos, professores, investigadores, jornalistas, viajantes e exploradores, provenientes da Ásia, mas também da Europa, América do Norte e Oceania, agora publicados, pela primeira vez, num único volume”.

Segundo a BABEL, os três acontecimentos históricos que orientam o conteúdo do livro foram “muito relevantes na história do território, na sua expansão e desenvolvimento”, funcionando “como enquadramento temporal do estudo”.

Estes textos assumem uma importância “não só para arquitectos, estudantes e investigadores, mas também para todos aqueles que pretendam compreender melhor as questões identitárias e culturais do urbanismo e da arquitectura de Macau, aliados à qualidade dos textos e à sua dispersão em edições, algumas das quais inacessíveis”, é referido na mesma nota.

Abordam-se, assim, no estudo académico que dá origem ao livro, “vários planos temáticos, que vão desde 1911 ao tempo presente, com especial enfoque nas figuras-chave, movimentos e textos que informaram e animaram o discurso arquitectónico das últimas décadas e que documentam as mais significativas transformações verificadas no tecido urbano de Macau”.

A obra agrega textos sobre alguns edifícios icónicos do território que se misturam com “ensaios dedicados à discussão de ideias e temas comuns a cada uma das três partes”.

Questão de imagem

O livro hoje lançado inclui depois um “ensaio visual que integra imagens de obras de artistas que, de algum modo, desenvolveram trabalho sobre Macau, com ênfase na cidade e na arquitectura do território”. Exploram-se aqui fotografias, “stills” de vídeos de artístas e documentos provenientes dos acervos de instituições dedicadas à investigação e estudo da arquitectura.

Deste modo, construiu-se “uma narrativa que procura documentar algumas das mutações verificadas no tecido urbano de Macau durante as últimas décadas”.

Segundo a BABEL, este livro “não pretende ser uma história recente da arquitectura e do urbanismo de Macau, antes uma leitura interpretativa e crítica de uma sequência cronológica de um conjunto de textos e ensaios aqui coligidos”. Apresenta-se, assim, “uma antologia que configura uma cartografia possível de textos, dos seus autores e dos respectivos planos temáticos”.

6 Set 2024

Novo Bairro de Macau | Apontadas dificuldades no negócio

O café Seng Pan Coffee Roaster, de Jessica Tong, é um dos negócios de Macau a marcar presença no Novo Bairro de Macau em Hengqin. Mas segundo o jornal Exmoo, falta flexibilidade em questões alfandegárias para a compra e transporte de produtos e também ao nível do recrutamento de funcionários para que o negócio tenha menores custos de produção

 

A Seng Pan International Company foi uma das empresas de Macau a investir no Novo Bairro de Macau em Hengqin, com a abertura da cafetaria Seng Pan Coffee Roaster. Porém, segundo declarações de Jessica Tong, administradora e gerente-geral da empresa, ao jornal Exmoo, há ainda muito a fazer para que o negócio obrigue a menos custos numa zona residencial que está agora a nascer.

Um dos pontos diz respeito ao sistema alfandegário entre Macau e Hengqin, pois, segundo Jessica Tong, ter um negócio do ramo alimentar em Hengqin implica mais custos operativos com as matérias-primas, uma vez que a cafetaria usa produtos que são mais caros do que em Macau. Tal deve-se ao facto de a matéria-prima do interior da China obrigar ao pagamento de taxas alfandegárias.

Assim, Jessica Tong adoptou outro método, que é comprar produtos em Macau e fazê-los entrar em Hengqin, pedindo, por isso, maior flexibilidade no processo alfandegário de matéria-prima.

Contratar é difícil

Outra das dificuldades apontadas pela empresária, passa pelo recrutamento de funcionários, pois muitas pessoas queixam-se de que trabalhar em Hengqin obriga a maiores deslocações, por se tratar de uma localização remota, e obriga a lidar com o inconveniente do trânsito. No caso de um dos funcionários do café que vive no distrito de Xiangzhou, em Zhuhai, a distância não é muita, mas não existem autocarros directos.

Assim, a empresária pede maiores facilidades em termos de transporte público de Zhuhai para a Zona de Cooperação Aprofundada, onde se situa o Novo Bairro de Macau. Grande parte dos trabalhadores da cafetaria é oriunda de Macau, o que obriga a empresa a gastar mais em refeições e alojamento dos funcionários.

Outro problema apontado, é a questão do câmbio da moeda, pelo facto de em Macau existir a pataca e em Hengqin o renminbi. “Se os clientes pagam por MPay [plataforma digital de pagamento], haverá uma troca de patacas por renminbis tendo em conta a taxa de câmbio em vigor”, explicou Jessica Tong.

Nesse sentido, dois bancos aprovaram uma medida que entra em vigor em meados deste mês, que fará com que o montante em patacas possa ser depositado numa conta bancária em patacas, e o mesmo com o renminbi. Isso resultará na possibilidade de evitar, por parte dos utilizadores, as taxas de câmbio, pois não é necessário trocar o dinheiro.

6 Set 2024

Sam Hou Fai: Discutido desenvolvimento desportivo com Comissão Eleitoral

Sam Hou Fai, candidato ao cargo do Chefe do Executivo, reuniu ontem com membros do subsector desportivo da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. Segundo um comunicado da equipa da campanha eleitoral, foram discutidas, por parte dos membros da Comissão Eleitoral, ideias para melhorar a prática do desporto no território, nomeadamente a “optimização do modelo de concessão de apoios financeiros, o aumento de investimentos nas instalações do desporto e o financiamento diário às associações desportivas”, para atingir o “desenvolvimento diversificado do sector desportivo”.

Os membros da Comissão Eleitoral, composta por 400 pessoas, propuseram “uma revisão e aperfeiçoamento da legislação respeitantes a associações desportivas”, bem como a criação de incentivos para a criação de “associações desportivas de modalidade singular, na esperança de obter um apoio financeiro adequado”.

Foi também destacada a importância “da formação de atletas profissionais e planeamento da sua carreira”. A reunião decorreu na tarde de quarta-feira, no Edifício Centro Hotline do NAPE, e foi presidida por Chan Chak Mo, deputado e presidente do Comité Olímpico e Desportivo de Macau.

6 Set 2024

AL | Kou Hoi In espera “tarefas árduas” e destaca leis patrióticas

No relatório do terceiro ano da VII legislatura da Assembleia Legislativa, o presidente do hemiciclo considera que o quarto ano legislativo será “repleto de tarefas árduas”. Kou Hoi In destacou a aprovação, na actual legislatura, de diplomas relacionados com a eleição do Chefe do Executivo

 

Macau está na época alta dos balanços legislativos, quando deputados apresentam, em conferências de imprensa, os resultados do trabalho desenvolvido com interpelações ao Governo e sessões de esclarecimento à população. Porém, um dos balanços mais abrangentes acaba por ser o da própria Assembleia Legislativa (AL).

O relatório relativo ao terceiro ano da VII legislatura, dos anos 2023 a 2024, contém uma mensagem do deputado que preside à AL, Kou Hoi In, que dá conta que o último ano da actual legislatura será “repleto de tarefas árduas”.

Na mesma nota, o presidente do hemiciclo assegura que os deputados “vão continuar a pautar-se pelo bem-estar da população”, além de “elevar, através da fiscalização, o nível e eficácia da governação da RAEM”.

Caberá ainda aos deputados, nos próximos meses, o trabalho de aperfeiçoamento “do sistema jurídico da AL e promover o desenvolvimento de alta qualidade dos seus trabalhos”.

Na nota final assinada por Kou Hoi In, é dado grande destaque às questões patrióticas a cumprir pelos membros do hemiciclo. Fica, assim, a promessa de que estes irão “potenciar a gloriosa tradição de amor pela pátria e por Macau, assumir rigorosamente a nova missão e as novas tarefas atribuídas a Macau na nova era e nova jornada do país”.

Estes devem ainda “desempenhar as suas funções com pleno entusiasmo político, forte sentido de missão e união e, em conjugação de esforços com o Governo, vão aperfeiçoar e aprimorar, de forma contínua, o sistema institucional da governação de Macau àuz da lei”. Tudo importa para “assegurar a implementação estável e duradoura” do princípio “um país, dois sistemas”.

No ano legislativo que agora terminou, realizaram-se 35 plenários, com uma taxa média de assiduidade por parte dos deputados de 97 por cento. Foram realizados dez plenários para responder às questões colocadas pelos deputados através das interpelações orais, enquanto 17 sessões plenárias serviram para votar e discutir propostas de lei.

No que diz respeito às três comissões permanentes, realizaram-se 140 reuniões, com uma taxa de assiduidade ligeiramente mais baixa em relação às sessões plenárias, de 95 por cento.

O que é patriótico é bom

No relatório do ano legislativo de 2022/2023 Kou Hou In denotava que vinham aí propostas de lei importantes para o território e o país, para que o poder em Macau fique sempre “nas mãos dos que amam o país e Macau”. E com a chegada do acto eleitoral para o cargo do Chefe do Executivo, a verdade é que as propostas de lei relacionadas com a eleição foram as mais importantes do terceiro ano legislativo da VII Legislatura, na óptica do presidente da AL.

No relatório é dado destaque à alteração da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo, aprovada a 14 de Dezembro do ano passado, que serviu para “aperfeiçoar o regime jurídico da defesa da segurança nacional e implementar plenamente o princípio “Macau governada por patriotas”. Houve também alterações à Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da RAEM, aprovadas em 11 de Abril deste ano, que vieram “aperfeiçoar o mecanismo de apreciação da qualificação dos candidatos”, bem como “melhorar e optimizar o processo de gestão eleitoral, garantindo ainda mais a imparcialidade, a justiça e a integridade das eleições”.

Importa ainda ressalvar as alterações à Lei dos juramentos por ocasião do acto de posse), aprovada em 21 de Maio deste ano, que obriga os membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo a prestar juramento.

Houve também mudanças na Lei de protecção do segredo de Estado, aprovadas a 14 de Dezembro do ano passado, tratando-se de uma “lei complementar na área da defesa da segurança do Estado” e que vem definir “disposições específicas sobre a definição do segredo de Estado, critérios de classificação, medidas de protecção, prazos da classificação, o procedimento de desclassificação e o regime sancionatório”. O relatório indica que fica assegurada “uma protecção adequada e rigorosa do segredo de Estado”.

Na nota final do relatório, Kou Hoi In escreveu que estas leis têm “grande significado” e trazem “implicações profundas”. Ficou, assim, consolidada “a base legal para ‘Macau governada por patriotas'”, além de ser definido “os regimes jurídicos de protecção do segredo de Estado e de controlo de armas, no sentido de construir uma barreira jurídica para a defesa da segurança nacional e a estabilidade da sociedade a longo prazo”, defendeu.

Outro diploma importante foi a implementação do Regime jurídico da Universidade de Turismo de Macau, uma evolução do anterior Instituto de Formação Turística. Tratou-se de uma revisão que veio “permitir que o desenvolvimento académico, funcionamento e gestão do pessoal [dessa universidade] tenha uma maior flexibilidade, possibilitando, assim, elevar ainda mais a sua competitividade e influência regional”.

Outra referência no relatório é a alteração à lei do salário mínimo, levando ao aumento dos valores. Assim, desde 1 de Janeiro deste ano que o salário mínimo é de 7.072 patacas mensais; 1.632 patacas por semana, para remunerações calculadas àemana; 272 patacas por dia, para remunerações calculadas ao dia; e 34 patacas por hora, para remunerações calculadas àora.

O silêncio do inocente

Como é habitual, o relatório da AL revela ainda os deputados mais faltosos e cumpridores. Chan Chak Mo voltou a demonstrar um baixo desempenho como deputado, pois não apresentou nenhuma interpelação escrita ou oral ao Governo, nem sequer fez intervenções no período de antes da ordem do dia.

Também o deputado e médico Chan Iek Lap ficou longe das posições cimeiras em matéria de desempenho, com apenas sete intervenções antes da ordem do dia e duas interpelações escritas subscritas.

Pelo contrário, os deputados José Pereira Coutinho; Lei Chan U, Lam Lon Wai, Leong Sun Iok e Ella Lei, da Federação das Associações dos Operários de Macau; ou ainda Si Ka Lon e Song Pek Kei, ligados à comunidade de Fujian, estão no grupo dos mais interventivos.

No total, até ao dia 15 de Agosto foram apresentadas ao Governo 701 interpelações escritas por 20 deputados. “Importa ainda acrescentar que, durante o período de férias legislativas da sessão legislativa anterior, isto é, entre 16 de Agosto e 15 de Outubro de 2023, foram apresentadas 110 interpelações escritas por 13 deputados”, lê-se no relatório.

Os dados revelados no balanço legislativo mostram “o cumprimento das funções de todos os deputados que trabalharam com pragmatismo e dedicação para servir a população”, sendo também um sinal do “empenho, profissionalismo e eficiência dos trabalhadores dos Serviços de Apoio àssembleia Legislativa, bem como da cooperação e dos esforços conjuntos dos órgãos Legislativo e Executivo”, é referido

De destacar que não só este ano se realizam as eleições para o cargo do Chefe do Executivo, como no próximo ano haverá eleições legislativas. A corrida eleitoral sofreu recentemente uma reviravolta, pois Ho Iat Seng, o tão esperado candidato a um segundo mandato, anunciou que não iria concorrer por questões de saúde. Actualmente é Sam Hou Fai, o ex-presidente do Tribunal de Última Instância, quem melhor se posiciona na corrida eleitoral.

6 Set 2024

“Yagi” | Sinal 8 de tempestade içado hoje às 22h

Será hoje içado, por volta das 22h, o sinal 8 de tempestade tropical relativo à passagem do “Yagi”, descrito pelos Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) como um “super tufão”.

Segundo um comunicado dos SMG, a tempestade encontra-se nesta altura “na parte norte do Mar do Sul da China”, prevendo-se que continue a “mover-se para oés-noroeste, em direcção às regiões entre a costa oeste de Guangdong e a ilha de Hainan”.

Espera-se, assim, “que o vento se intensifique progressivamente e que sejam frequentes a precipitação e as trovoadas”, sendo que o “Yagi” deverá entrar no raio de 300 quilómetros de Macau na madrugada de amanhã, sexta-feira, daí o levantamento do sinal 8 de tempestade na noite de hoje.

Os SMG descrevem ainda que, “devido à influência da circulação e das faixas de chuvas deste sistema, o vento em Macau vai intensificar-se significativamente, acompanhado de aguaceiros fortes e trovoadas frequentes”. Mantém-se em vigor o aviso de “Storm Surge” de cor azul, podendo ocorrer pequenas inundações, com a água a atingir 0,5 metros de altura, entre as 8h e as 15h de amanhã nas zonas baixas do Porto Interior.

Os SMG alertam para o facto de as inundações poderem agravar-se caso o “Yagi” adopte uma trajetória mais para norte. Assim, a probabilidade de emissão do aviso de “Storm Surge” de cor amarela é “moderada a relativamente alta”, podendo acontecer entre a noite de hoje e a madrugada desta sexta-feira, segundo as actuais previsões dos SMG.

5 Set 2024

Poesia | “Poemografia de Macau”, de António Mil-Homens, lançado em Lisboa

O fotógrafo António Mil-Homens, antigo residente de Macau, lança hoje em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau, o livro “Poemografia de Macau”, onde reúne poemas e fotografias da sua autoria que espelham uma visão muito própria do território. A obra foi editada pelo Instituto Cultural em 2019

 

Volta hoje a ser lançado o livro “Poemografia de Macau”, da autoria do fotógrafo António Mil-Homens, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). Ex-residente de Macau, para onde foi viver em meados dos anos 90, António Mil-Homens destacou-se como uma personalidade ligada à arte e à imagem, até que decidiu, com esta obra, apostar também na escrita.

Este é um lançamento feito alguns anos após a primeira edição de “Poemografia de Macau”, editado em 2019 pelo Instituto Cultural (IC), e que se integra na colecção “Escritores Chineses e Lusófonos”, estando disponível em chinês, português e inglês.

Ao HM, António Mil-Homens, que actualmente está radicado em Portugal, disse que esta obra “transcreve” de forma poética a sua experiência com o território. “A intenção de fazer chegar a obra a um público tão vasto quanto possível tinha-me levado à encomenda da tradução para chinês e inglês dos poemas. O título deriva também da ideia de enriquecer o conteúdo com a inclusão de fotografias minhas, captadas desde a minha primeira estadia em Macau, em 1996”, apontou.

Mil-Homens explica que, como toda a sua poesia, “o conteúdo [do livro] foi produzido de forma espontânea”, ao contrário da selecção das fotografias para ilustrar o livro.

“Se, em termos gráficos, a minha intenção original era de ter um formato maior, quadrado, e daí o formato das fotografias, senti-me honrado com a inclusão da obra na mencionada colecção [do IC]. A anunciada apresentação no CCCM pareceu-me oportuna, na medida em que tem estado patente no mesmo a minha exposição fotográfica ‘Macau, agora e sempre'”.

A obra foi lançada em Macau, na Casa Garden, há quatro anos, tendo o autor dito, na altura, que sempre se sentiu bastante ligado à cultura chinesa, e que esse livro é reflexo disso mesmo.

“Tenho uma enorme admiração e um profundo respeito. Não ignoro as diferenças e procuro entendê-las. É a minha postura normal relativamente a outras culturas: procurar e analisá-las sem grandes pré-concepções, porque essa é a única forma. Prefiro ter um olhar mais transparente sobre aquilo que me rodeia.”

Um dos poemas incluídos neste livro descreve a chegada de António Mil-Homens a Macau em 1996. Mas o autor foi escrevendo de formas diferentes ao longo dos tempos, precisamente pela absorção da cultura chinesa.

“De repente ganhei consciência de que o estilo [de escrita] é mais configurativo. Se calhar o estilo de escrita dos poemas reflecte muito daquilo que em mim foi sendo inculcado pela cultura chinesa. Diria que são poemas meus, mas se calhar são muito chineses na forma como foram naturalmente escritos, sem ter tido consciência ou intenção disso”, referiu ao HM na altura.

Último dia

De frisar que a exposição “Macau, Agora e Sempre” tem estado patente no CCCM e chega amanhã ao fim. Desde o dia 3 de Junho que o público pode ver, de forma gratuita, as melhores imagens captadas por este ex-residente de Macau, que no território trabalhou também como fotojornalista.

António Mil-Homens tem estado ligado a outras iniciativas culturais promovidas pelo CCCM, nomeadamente na realização do workshop “Fotografia Elementar”, que decorre nos dias 24 e 25 deste mês. A ideia é que os alunos possam fotografar ou “escrever com a luz”, tendo o Museu de Macau, no piso térreo do CCCM, como base de trabalho.

4 Set 2024

“Trovoada 2024” | Operação implica 34 pessoas com medidas de coacção

A operação “Trovoada 2024”, realizada entre os dias 22 de Junho e 15 de Agosto, fez com que 34 pessoas tenham ficado com medidas de coacção, nomeadamente prisão preventiva, por serem suspeitas da prática de crimes. No total, 553 pessoas foram encaminhadas para órgãos judiciais para efeitos de acusação por suspeita de prática de crime, tendo sido detidos 14 indivíduos que eram alvo de mandados de detenção e interceptação emitidos pelas autoridades judiciárias. Destes, quatro homens foram entregues ao Estabelecimento Prisional para cumprimento de pena.

Segundo uma nota das autoridades, a “Trovoada 2024” teve como objectivo o combate à criminalidade organizada, tendo sido realizadas 1.199 fiscalizações em 2.895 locais. Os Serviços de Alfândega, em parceria com a Polícia Judiciária e Corpo de Polícia de Segurança Pública, mobilizaram 13.281 agentes, tendo 92.070 indivíduos sido sujeitos a identificação e 2.651 conduzidos à polícia para efeitos de averiguações.

Dos casos resolvidos, destacam-se 13 casos de associação criminosa, com a detenção de 87 pessoas, 59 casos de usura para jogo, com a prisão de 106 pessoas, ou três casos de exploração ilegal de jogo, que levou 56 pessoas à prisão. Destaque ainda para os 48 casos relacionados com burlas envolvendo esquemas de troca de dinheiro, levando à detenção de 51 pessoas.

Esta operação levou à apreensão de fichas de jogo no valor de cerca de 1,96 milhões de dólares de Hong Kong. Foram também apanhados 1088 não residentes por suspeita de crimes como “imigração ilegal, excesso de permanência, troca ilegal de dinheiro, prostituição, trabalho ilegal por conta própria, trabalho ilegal e actividades que não se coadunavam com a qualidade de turista”.

4 Set 2024

Fukushima | Macau mantém proibição de produtos importados do Japão

O Japão pediu recentemente a Hong Kong para levantar a proibição de importação de produtos alimentares de dez zonas do país no seguimento das descargas de águas residuais nucleares da central de Fukushima. O pedido foi rejeitado e Macau segue pelo mesmo caminho. Em sete meses de análises a amostras alimentares, o Instituto para os Assuntos Municipais não registou anomalias

 

Em Macau permanece o medo do impacto na saúde pública com a importação de alimentos oriundos de algumas zonas do Japão devido a descargas de águas residuais da central nuclear de Fukushima. Em meados do último mês, as autoridades japonesas pediram a Hong Kong para pôr um ponto final às restrições de importação de produtos, mas a RAEHK manteve a decisão.

O mesmo caminho segue Macau. Numa resposta enviada ao HM pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), lê-se que vai continuar a ser proibido importar determinados alimentos do Japão por se acreditar que há risco para a saúde pública, apesar de as autoridades japonesas manterem a tese de que é seguro para o mar e a terra as descargas das águas de Fukushima.

“Em resposta à decisão unilateral do Japão de proceder à descarga contínua de águas residuais nucleares no mar a partir de 24 de Agosto de 2023, o Governo da RAEM, no mesmo dia, proibiu a importação de produtos alimentares frescos e vivos ou produtos de origem animal, dos locais com risco mais elevado, nomeadamente Fukushima e dez outras prefeituras costeiras. A fim de garantir a segurança alimentar de Macau, essa medida ainda permanece em vigor”, pode ler-se.

Nas análises efectuadas nos primeiros sete meses de 2024, não foram detectados problemas nos produtos importados do Japão das restantes prefeituras. “O IAM tem vindo a reforçar a monitorização de substâncias radioactivas nos produtos alimentares importados do Japão, tendo recolhido, aquando da sua importação e da venda a retalho, de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 2024, 55 mil amostras alimentares para testes através de aparelhos de medição de radiação e 1.200 amostras para testes de radionuclídeos, nas quais não se detectou nenhuma anomalia”, é referido.

No passado dia 19 de Agosto, as autoridades de Hong Kong rejeitaram um pedido do Japão para levantar as restrições à importação de produtos alimentares de dez prefeituras japonesas. Segundo a agência Lusa, foi emitido nessa altura um comunicado por parte das autoridades da região vizinha no contexto de uma visita a Hong Kong do ministro da Agricultura, Silvicultura e Pescas do Japão, Tetsushi Sakamoto. O responsável nipónico pediu o fim das medidas implementadas em Agosto de 2023.

Na altura, Hong Kong impôs “medidas de controlo da importação” de produtos japoneses, incluindo pescado, marisco, algas e sal, de dez regiões do norte e centro da ilha de Honshu, incluindo de Fukushima e da capital, Tóquio.

Numa reunião com Sakamoto, o secretário para a Administração interino de Hong Kong, Cheuk Wing-hing, expressou preocupação sobre “as repercussões sem precedentes” da descarga de águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central de Fukushima Daiichi.

Em Agosto foram lançadas para o oceano parte dos cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injecções necessárias para arrefecer os núcleos dos reactores nucleares de Fukushima.
“Não existem garantias por parte das autoridades japonesas de que o seu sistema de purificação e diluição possa funcionar de forma contínua e eficaz a longo prazo”, defendeu Cheuk Wing-hing.
Apesar de ter sido aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica, o plano de descarga das águas de Fukushima levantou preocupações nos países vizinhos, provocando protestos de rua na Coreia do Sul.

Tanto o Governo como a sociedade de Hong Kong “estão muito preocupados com a salvaguarda da segurança alimentar e da saúde pública (…) e devem adoptar uma abordagem prudente e exercer um controlo rigoroso”, disse o governante de Hong Kong.

Desde o início das descargas que as autoridades da região chinesa têm testado os níveis de radiação em amostras de alimentos importados de outras províncias do Japão, sem qualquer resultado anormal, tal como acontece em Macau.

Ainda assim, Cheuk disse a Sakamoto que o Governo de Hong Kong irá “acompanhar de perto a evolução das descargas e manter as medidas correspondentes sob revisão”.
A libertação das águas residuais começou quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de Março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami.
Tanto o Governo japonês como o operador da central, a Tokyo Electric Power Company Holdings, alertaram que a água tinha de ser removida para evitar fugas acidentais dos tanques de armazenagem.

Restaurantes em quebra

Apesar dos dados oficiais não apontarem, para já, quaisquer riscos no consumo, a verdade é que os restaurantes japoneses têm registado quebras de negócio nos últimos meses.

Logo em Setembro de 2023, um mês depois da descarga das águas o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos diminuiu 27,9 por cento em Setembro, face ao mesmo mês de 2022, segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Em Outubro verificou-se uma quebra no volume de negócios dos restaurantes japoneses de 24,9 por cento em termos anuais, sendo que essa quebra também se verificou nos restaurantes de comida coreana. Em Maio deste ano, o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos baixaram 18,1, também de acordo com a DSEC.

Novos diálogos

A questão Fukushima tem estado em cima da mesa desde que as águas foram libertadas no mar. Em Abril desde ano, segundo a agência Lusa, peritos do Japão e da China realizaram o primeiro diálogo público entre os dois países, na cidade chinesa de Dalian, para discutir o impacto da controversa libertação de água tratada da central nuclear de Fukushima.

O desastre nuclear da central japonesa de Fukushima Daiichi, desencadeado pelo devastador terramoto e tsunami de Março de 2011, representa o mais grave acidente nuclear do século XXI até à data.

Segundo a agência noticiosa oficial japonesa Kiodo, a representação japonesa contou com a presença de funcionários dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Economia, do Comércio e da Indústria, bem como de delegados do operador da central, a TEPCO, e da Autoridade Reguladora Nuclear do Japão, que “trocaram pontos de vista” com peritos de agências de investigação chinesas.

Já no passado mês de Março, peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) se deslocaram ao Japão para fazer uma avaliação do impacto da descarga das águas nas pescas e agricultura, garantindo não existir problemas de segurança alimentar.

O director-geral da AIEA, Rafael Grossi, observou as águas residuais radioactivas a serem misturadas com quantidades massivas de água do mar e examinou a estação onde se processa esta operação. “Ao supervisionar esta operação e fornecendo informação sobre a mesma, asseguramos, como afirmámos desde o início, que a AIEA estará presente até que a última gota seja dispersa de forma segura no oceano”, disse Grossi num vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter). “A segurança nuclear está em primeiro lugar. A AIEA está aqui e vamos acompanhar de forma contínua esta operação”, acrescentou.

Mais recente, no passado dia 9 de Agosto, a AIEA emitiu uma nota sobre uma fuga de água detectada numa das unidades da central nuclear de Fukushima, envolvendo, segundo uma nota desta entidade, “cerca de 25 toneladas de água da sala das bombas do sistema de arrefecimento do combustível irradiado e da sala do permutador de calor”.

Esta água escoou “para um dreno no chão ligado ao poço de recolha de água localizado numa sala do primeiro andar da cave”, porém, não foi detectada “qualquer fuga que se tenha propagado a outras divisões”. A AIEA salientou também que “este acontecimento não está relacionado com a descarga de água tratada”, não tendo esta sido informada “de qualquer violação das normas de proteção contra as radiações”.

4 Set 2024

“Yagi” | Sinal 3 poderá ser içado na madrugada de quinta-feira

Os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o sinal 3 de tempestade tropical possa ser içado entre a madrugada e o início da manhã desta quinta-feira, 5, com a intensificação do vento e maior frequência de chuvas e trovoadas.

Actualmente está içado o sinal 1 de tempestade tropical, esperando-se que entre hoje e amanhã o “Yagi”, que se transformou num ciclone tropical severo, atravesse a parte setentrional do Mar do Sul da China em direcção a oeste ou noroeste, deslocando-se para a área entre a parte oeste de Guangdong e a Ilha de Hainão, descrevem os SMG.

Desta forma, o tempo continuará muito quente hoje, com possibilidade de aguaceiros acompanhados de trovoada esta tarde provocada pelas temperaturas elevadas, podendo ser acompanhados de ventos com rajadas fortes.

Os SMG descrevem também que o “Yagi” pode ainda “intensificar-se” e passar a tufão severo, mas a sua trajectória de deslocação “ainda é incerta, podendo ser adoptado um rumo mais para norte e próximo da costa meridional da China”. Desta forma, os SMG descrevem que “consoante a variabilidade da sua trajectória e intensidade, irá avaliar oportunamente a possibilidade de emissão de sinais de tempestade tropical mais elevados” e demais avisos relacionados com cheias nas zonas baixas da cidade.

4 Set 2024

CCCM | João Miguel Barros fala sobre história da fotografia chinesa

Decorre amanhã, no Centro Científico e Cultural de Macau, mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, desta vez com João Miguel Barros, advogado e fotógrafo radicado em Macau. “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI” será o tema da sessão, onde o co-fundador da associação Halftone promete falar do impacto desse período da história chinesa na fotografia

 

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe amanhã mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, que conta com convidados que tiveram experiências em Macau, China ou no mundo asiático em geral e que pretendem partilhar, de forma informal, essas vivências com o público.

Desta vez o convidado é João Miguel Barros, advogado e fotógrafo, que irá falar sobre “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI”.

Na descrição do evento, pode ler-se que os anos da Revolução Cultural na China, entre meados dos anos 60 e 70, representaram “um período de asfixia na produção artística em todos os sectores da sociedade chinesa”, sendo que “a prática fotográfica era genericamente propagandística e de apologia do regime”.

Porém, “com a morte de Mao Zedong, a nova liderança política tolerou a criação de diversos movimentos, nem todos orgânicos, e de novas práticas artísticas”.

Desta forma, o advogado e fotógrafo vai tentar identificar “os principais movimentos que estiveram na origem do nascimento da fotografia contemporânea chinesa”, além de evidenciar “alguns dos fotógrafos mais importantes dos finais do séc. XX, cuja influência ainda se faz sentir em parte das novas gerações de artistas chineses”.

Livros na galeria

Radicado há vários anos em Macau, João Miguel Barros começou a apostar mais na fotografia e na curadoria de exposições nos últimos anos, possuindo actualmente uma galeria de fotografia em Lisboa, a Ochre Space.

João Miguel Barros diz ter-se preparado para esta sessão de “Conversas Sábias” com base nos mais de três mil livros de fotografia que possui na galeria, pertencentes à sua biblioteca pessoal. A Ochre Space é um “espaço vocacionado para promover a fotografia contemporânea e a vídeo arte”.

A iniciativa “Conversas Sábias” no CCCM decorre durante os próximos meses. A sessão da próxima quinta-feira, 12, será com Carlos Leone, que irá falar da temática “Do Golfo à Ásia Menor”.

Carlos Leone, formado em Filosofia, tem experiência como jornalista, autor, professor e tradutor. Durante 10 anos foi analista político da embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Lisboa. Actualmente, é investigador do Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. Pelo CCCM, para estas sessões, já passaram convidados como Marco Duarte Rizzolio, residente de Macau e co-fundador do concurso de empreendedorismo “929 Challenge”, ou ainda José Sales Marques, economista, que no dia 18 de Julho falou sobre a relação entre Macau e a União Europeia.

4 Set 2024

Jogos Olímpicos | Manuel Silvério ainda acredita na adesão de Macau ao COI

Manuel Silvério, ex-presidente do Instituto do Desporto e co-fundador do Comité Olímpico de Macau, continua a defender que “a adesão de Macau ao COI [Comité Olímpico Internacional] só depende de alguém tomar a iniciativa”. O responsável defende também o aumento da transparência no desporto local

 

“Qualificados, prontos e amplamente apoiados: A adesão de Macau ao COI [Comité Olímpico Internacional] só depende de alguém tomar a iniciativa”. É com esta frase que Manuel Silvério, antigo presidente do Instituto do Desporto (ID) e co-fundador do Comité Olímpico de Macau (COM), fala da possibilidade da RAEM poder participar nos Jogos Olímpicos (JO).

Numa nota publicada na segunda-feira no Facebook, o antigo dirigente defende que o COM “tem condições e a capacidade para continuar a seguir com o pedido de adesão ao COI”, salientando que Macau tem, “pelo menos mais 25 anos para realizar este sonho da comunidade desportiva de Macau”.

O facto de Macau, ao contrário de Hong Kong, não poder estar no COI é uma questão que tem sido levantada nos últimos dias, no contexto da visita da delegação olímpica chinesa ao território. Recorde-se que, nos últimos JO de Paris, a China ficou em segundo lugar no ranking de países mais medalhados com um total de 91 medalhas, atrás dos Estados Unidos da América que ficaram em primeiro lugar.

Tanto o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, como a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, defenderam que a vinda dos atletas olímpicos constitui uma boa influência para o fomento do desporto local, mas a verdade é que a chama olímpica tem estado afastada do horizonte de Macau.

O COM foi criado em 1986 e Manuel Silvério fez parte do organismo até se reformar, em 2008. Na publicação, destaca que nesses anos “a participação de Macau nos JO sob o COI tem sido fortemente apoiada” por várias entidades, nomeadamente “o Comité Olímpico Chinês, pelo Comité Olímpico Português, pelo Governo de Macau sob administração portuguesa ou pelo Governo da RAEM”.

“Não há razão para impor restrições; podemos continuar a avançar na direcção da participação nas Olimpíadas como a Delegação Desportiva da China, Macau, e podemos ter sucesso nisso”.

Um trabalho contínuo

Manuel Silvério explica também que até 2008 foram mantidos os esforços para que os atletas de Macau pudessem participar nos JO. “Como um dos fundadores e ex-líder do Instituto do Desporto de Macau e do COM, quero destacar que eu e a minha equipa sempre estivemos activamente empenhados em criar condições para que os atletas de Macau pudessem participar em competições internacionais. Desde a fundação do COM, passando pela adesão ao Conselho Olímpico da Ásia (OCA) e a participação ininterrupta nos Jogos Asiáticos desde 1990, o objectivo final sempre foi os JO”, apontou.

No ano de fundação do COM, segundo o testemunho de Manuel Silvério, ele e José Machado estiveram nos JO de Seul como observadores, onde fizeram contactos para “levar os atletas de Macau aos Jogos Asiáticos e Olímpicos”. Foi então criado o COM, sendo que, em 1987, foi solicitada a filiação ao COI e também ao Comité dos Jogos Asiáticos.

Nos anos 80, e numa fase em que a Declaração Conjunta acabava de ser assinada, era incerto o futuro da RAEM. Assim, Manuel Silvério recorda como “no início o COI levantou muitas questões, como a identidade dos atletas de Macau, o estatuto político, a bandeira, o hino, os documentos de viagem e passaportes, bem como a forma de participação e a relação com a delegação chinesa”, o que exigiu “mais de dez dossiers detalhados”.

Porém, 25 anos depois da constituição da RAEM, “essas ‘dúvidas’ foram completamente esclarecidas”, tendo “todos os obstáculos ou dúvidas sido totalmente eliminados”. Com base nesse contexto, Manuel Silvério acredita que foi seguido “um plano cuidadoso e progressivo para concretizar a candidatura ao COI”.

“Acredito que, com o impulso positivo daquela época, a agenda para a adesão do COM ao COI poderia ser retomada. E estou ainda mais confiante de que não haverá muita oposição. Claro, antes disso, ainda pode ser necessário fazer mais trabalho de comunicação e coordenação com os membros do COI”, acrescentou.

Regras para cumprir

Manuel Silvério destaca também que o território já cumpre os pré-requisitos que podem fazer desta candidatura um caso de sucesso, pois a “participação da Delegação Desportiva da China, Macau, nos Jogos Olímpicos é uma manifestação da implementação da política ‘Um País, Dois Sistemas’, e a Lei Básica já esclareceu todas as dúvidas do COI”. Depois, há ainda as questões de Hong Kong e Taiwan, que participam nos JO.

“A Delegação Desportiva da China, Hong Kong e a Delegação Desportiva de Taipei Chinês constituem precedentes, e de acordo com as regras do COI, antes da revisão de 1996, a adesão de Macau é razoável e justificada”, descreve, lembrando ainda que “Macau tem contribuído para o desporto na Ásia e no mundo, e tanto os outros membros como o próprio COI ou OCA podem beneficiar da adesão de Macau, sem razões para se opor”.

Neste contexto, o HM conversou em 2021 com Chan Chak Mo, deputado e secretário-geral do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), que explicou que uma candidatura ao COI estaria afastada devido a alterações de estatutos de 1996. “Os Estatutos do Comité Olímpico Internacional mudaram nos anos 90 e impedem a inscrição de membros que não sejam soberanos. Como Macau é China não se pode candidatar, foi o que nos explicou o COI”, defendeu.

O secretário-geral lembrou que esta questão não ficou resolvida no período da administração portuguesa, ao contrário do que sucedeu com Hong Kong, e que agora será difícil alterar o panorama.

“Hong Kong fez a candidatura antes da transferência da soberania, numa altura em que os estatutos ainda não tinham sido alterados. Foi por isso que foram aceites. Ao contrário, Macau não completou a candidatura antes da transferência e agora já não pode fazer nada. O processo de entrada tinha de ficar concluído nos anos 90, antes da transferência”, explicou Chan Chak Mo.

Manuel Silvério destaca a necessidade que as autoridades de Macau têm de apostar nas novas modalidades que muito recentemente passaram a fazer parte dos JO, como as competições de BMX freestyle, Breakdance ou skate.
O antigo dirigente desportivo recorda que, nos mais variados eventos que organizou, como os Jogos da Lusofonia, por exemplo, foram escutadas “atentamente as necessidades do COI, do Comité Olímpico Asiático e das diferentes modalidades”.

“Iniciámos e promovemos activamente novas modalidades que hoje em dia já são desportos olímpicos e nos Jogos Asiáticos, ou de renome mundial, como os e-sports, os desportos radicais, especialmente o skate e o BMX freestyle, recebendo elogios generalizados dos membros do COI”, disse. Desta forma, cabe a Macau “criar oportunidades para os atletas em diferentes modalidades”.

Falta de transparência

Manuel Silvério diz ainda que “nos últimos anos parece que tem faltado a Macau um pouco de transparência e iniciativa no que ao desporto diz respeito”, estando as autoridades a seguir “uma direcção oposta à internacionalização e rejuvenescimento do desporto promovidos pelo COI e pelo país”.

“Observamos como diversas novas modalidades desportivas têm brilhado nos eventos internacionais, e até algumas modalidades tradicionais tiveram de dar lugar aos novos desportos nos Jogos Olímpicos. Por outro lado, as autoridades desportivas parecem ter marginalizado algumas dessas novas modalidades, o que acabou por prejudicar o desenvolvimento desses desportos em Macau”, referiu. Para Manuel Silvério, “Macau já foi pioneira nos desportos, mas agora estagnou”, pois “os locais e as competições desapareceram”. “Parece que todo o trabalho que fizemos no passado nunca aconteceu, como se os esforços e o tempo investidos tivessem sido em vão, sem ninguém a dar continuidade”, frisou.

Tendo em conta a realização dos Jogos Paralímpicos em Paris desde o dia 28 de Agosto, Manuel Silvério refere o agrado por ver “a Delegação de Macau nos Jogos Paralímpicos aparecer na cerimónia de abertura”, alertando para as dificuldades sentidas pela Associação dos Deficientes de Macau para formar e enviar atletas para competir.

“Há muito pouca cobertura mediática sobre a sua situação. Um membro fundador da Associação dos Deficientes de Macau disse-me que, até agora, não sabem se o apoio financeiro para esta ida a Paris do Instituto do Desporto será aprovado na sua totalidade. Claro, ao vê-los ir ao Instituto do Desporto para se despedirem antes da viagem, podemos ficar aliviados, sabendo que eles ainda conseguiram participar. Mas, ao mesmo tempo, só enviaram uma atleta e um oficial. Em comparação com as delegações de outros tempos, a alegria para a comunidade desportiva de Macau é limitada”, rematou.

Manuel Silvério deixa ainda uma questão sobre a ligação de Macau aos JO. “Se nem conseguimos candidatar-nos ao COI, como podemos falar em cidade internacional?”. O dirigente diz mesmo que Macau tem condições para competir por si. “Não estamos a dizer que os melhores atletas de Macau podem juntar-se à equipa nacional da China. Eu apoio a Lei Básica e acredito que isso não seria um exemplo positivo. Em várias competições internacionais, como os Jogos Asiáticos, os atletas de Macau competem em pé de igualdade com os atletas da China, Hong Kong e Taipei Chinês. Esta é uma vantagem de ‘Um País, Dois Sistemas’, permitindo que mais atletas talentosos da China brilhem no palco internacional”, adiantou.

4 Set 2024

JO | Campeã olímpica perseguida por fãs no Galaxy

A atleta Quan Hongchan, que esteve em Macau no contexto da visita da comitiva olímpica chinesa, foi alvo de uma perseguição por parte de uma multidão de fãs enquanto passeava num hotel da Galaxy. A perseguição, registada em vídeo, foi tal que obrigou Quan Hongchan a esconder-se numa casa de banho

 

A passagem da comitiva olímpica por Macau nos últimos dias registou alguns percalços, nomeadamente uma perseguição de fãs à atleta Quan Hongchan, que conquistou duas medalhas de ouro na modalidade de mergulho nos Jogos Olímpicos (JO) de Paris.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra como a atleta, com apenas 17 anos, passeava com um chapéu e máscara num hotel da Galaxy, e depois é perseguida por uma multidão de fãs com telemóveis em punho.

As imagens mostram que a atleta fugiu e escondeu-se numa casa-de-banho, enquanto os fãs se amontoavam cá fora e tentavam entrar.

“Ela (Quan Hongchan) está a chorar na casa de banho, em choque. Cheguem-se para trás, a atleta prometeu tirar fotografias com vocês. No entanto, devem fazer fila… Se continuarem assim não vai haver sessão de fotografias”, disse um dos seguranças aos fãs junto à porta da casa-de-banho. Os seguranças acabaram por escoltar a atleta para o quarto de hotel onde está hospedada.

Bilhetes mais controlados

Entretanto, o Instituto do Desporto (ID), na figura de Luís Gomes, presidente substituto, garante estar a estudar medidas para controlar a especulação na compra de bilhetes para eventos desportivos, a fim de controlar os preços no mercado negro e problemas com a identificação dos participantes na entrada dos recintos.

A questão surgiu no contexto da visita da comitiva olímpica chinesa a Macau, tendo Luís Gomes referido ao jornal Ou Mun que o Governo deseja que as actividades desportivas possam beneficiar residentes de diferentes classes sociais e idades.

O último caso de especulação de bilhetes aconteceu este domingo, quando os bilhetes já estavam à venda nas redes sociais a 1500 patacas cada. O presidente substituto do ID disse que o sorteio dos bilhetes já incluía o registo de dados pessoais dos titulares dos ingressos.

Luís Gomes disse ainda que a visita dos atletas olímpicos a Macau pode ajudar a reforçar o sentido de orgulho nacional da população local, tendo relembrado que Macau sempre registou grandes apoios de Pequim depois de 1999. Neste sentido, destacou Luís Gomes, Pequim enviou sempre delegações de atletas para visitas a Macau depois da participação em edições dos Jogos Olímpicos (JO), a fim de apoiar o desporto de Macau e para que a população possa conhecer mais de perto os atletas.

O responsável adiantou que o Governo de Macau presta muita atenção aos Jogos Nacionais, prometendo criar em breve uma comissão organizadora dos Jogos, que decorrem em Macau, Hong Kong e Guangdong no próximo ano.

JO | Delegação visita espaços comunitários

A delegação dos atletas olímpicos chineses realizou ontem de manhã visitas a vários centros comunitários a partir das 10h, nomeadamente o Centro de Serviços do Lago da Taipa da Federação das Associações dos Operários, o Centro de Apoio à Família “Alegria em Abundância” da Associação Geral das Mulheres de Macau, e o Complexo de Apoio à Família e de Serviço Comunitário de Seac Pai Van da União Geral das Associações dos Moradores de Macau.

Segundo uma nota oficial, os atletas “ficaram a conhecer as instalações das diferentes instituições, tendo trocado ideias e conversado com os cidadãos”. Houve ainda jogos de ténis de mesa e outras actividades, com sessões de fotografia entre jovens, idosos e atletas.

Por sua vez, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, participou num almoço de despedida da delegação, tendo referido que estes, ao participarem nos Jogos Olímpicos de Paris, “mostraram ao mundo o espírito de luta, aperfeiçoamento, unidade e cooperação da nova geração da China”. A governante defendeu que a visita “demonstra a importância que o país dá a Macau, permitindo que todos os sectores da sociedade, especialmente a nova geração, sintam, em proximidade, a glória arduamente conquistada da nação chinesa”.

A comitiva esteve três dias em Macau, tendo regressado ontem ao Interior da China através do Aeroporto Internacional de Macau e do Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Um dos momentos altos da visita foi a realização do sarau “O nosso orgulho! – Encontro com a Delegação de Atletas Olímpicos Nacionais em Macau”, que contou com cerca de 5800 espectadores.

3 Set 2024

Cinemateca Paixão | Três filmes com géneros distintos para ver em Setembro

Terror, comédia e drama. Três ingredientes disponíveis nos filmes incluídos na selecção “Amuletos de Setembro”, para ver nos próximos dias na Cinemateca Paixão. Destaque para “Black Dog”, filme chinês que obteve grande destaque na última edição do Festival de Cinema de Cannes

 

Arranca hoje a habitual secção de filmes intitulada “Amuletos de…” e neste caso são os “Amuletos de Setembro” que trazem, para já, três películas para ver em várias sessões. A primeira exibição do filme de terror “Long Legs”, do realizador Oz Perkins, conhecido actor, tem lugar já amanhã.

Com exibições repetidas este sábado e dia 12, na próxima semana, “Long Legs”, “Coleccionador de Almas” na versão portuguesa, é considerado “o filme de terror mais arrepiante do ano”, contando no elenco com o famoso actor Nicolas Cage. Nesta história, uma agente do FBI, interpretada por Maika Monroe, persegue um assassino em série. No percurso acaba por descobrir uma série de pistas ocultas que a levam a desvendar uma onda de assassinatos que deixaram marcas terríveis.

O filme tem sido um enorme sucesso, com mais de 20 milhões de dólares nas bilheteiras no fim-de-semana de estreia nos Estados Unidos. Superou mesmo, em receitas de bilheteira, o filme “Hereditário”, tornando-se no filme de terror com maiores receitas de bilheteira da última década.

Do terror passamos para a comédia com “Problemista”, exibido esta quarta-feira a partir das 19h30, e com repetição na próxima terça-feira, dia 10 de Setembro, no mesmo horário. Com realização de Julio Torres, escritor do programa “Saturday Night Live” e com a conhecida actriz Tilda Swinton no grande ecrã, o filme não é mais do que uma “comédia distópica de imigrantes americanos”.

Na tela, revela-se a história de Alejandro, um “menino da mamã” e designer de brinquedos natural de El Salvador, que viaja para Nova Iorque para realizar o seu “sonho americano”, à semelhança de tantos imigrantes. Porém, perante a possibilidade de ter de deixar os EUA com o fim do visto de trabalho, recorre à mulher de um artista peculiar para ser a sua fiadora. Ao lidar com as exigências estranhas do seu patrão, Alejandro embarca numa aventura surrealista pela cidade de Nova Iorque.

História da China

O cartaz deste mês completa-se com a exibição de “Black Dog”, exibido pela primeira vez esta quinta-feira e com repetições no domingo, quarta-feira dia 11, sexta-feira 13 e depois no sábado dia 21 de Setembro. Trata-se de um filme que fez furor na edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, obtendo o prémio “Palma de Ouro do Júri” e ganhando na secção “Un Certain Regard” para melhor filme.

Em 2008, a personagem principal, Erlang, acaba de sair da prisão e regressa à sua cidade natal, que está repleta de cães vadios. Ao juntar-se a uma equipa de resgate de animais, acaba por adoptar um cão preto, formando-se então laços emocionais fortes entre os dois.

Este mês podem ainda ser revistos películas em exibição, nomeadamente “Do Not Expect Too Much From the End of The World”, que repete esta sexta-feira; “Millenium Mambo”, com repetição no sábado; e ainda “Un Actor Malo”, com nova exibição este domingo.

2 Set 2024