João Santos Filipe SociedadeTSI | Anulada sanção aplicada pelos Serviços de Saúde O Tribunal de Segunda Instância (TSI) anulou uma advertência aplicada a um médico local, por considerar que não ocorreu qualquer violação dos deveres médicos. A decisão desfavorável aos Serviços de Saúde (SS) foi divulgada ontem pelos tribunais. O médico foi visado pelos SS, depois da clínica onde trabalhava, e onde era um dos administradores, ter contratado uma médica de Hong Kong, que não estava habilitada a desempenhar as funções em Macau. Apesar do médico não ter o poder de decisão na gestão da clínica, os SS entenderam que na condição de médico “não fez uma boa gestão do estabelecimento”, pelo que foi considerado que violou o dever de “desempenhar com zelo e competência a profissão e aperfeiçoar continuadamente os seus conhecimentos científicos e técnicos”. O médico não se conformou com a decisão e levou o caso para o tribunal. Num primeiro momento, a sanção foi anulada pelo Tribunal Administrativo. Todavia, os SS decidiram recorrer para o TSI, que confirmou a decisão anterior. No entender dos juízes do TSI, o médico não deve ser sancionado com recurso ao regime para fiscalização os médicos, porque a falta de zelo que lhe é imputada pelos SS prende-se com as funções de gestor da clínica. “O que está em causa é a conduta decorrente da cedência do espaço da clínica para o exercício de actividade não licenciada e, portanto, a violação do dever de boa gestão do estabelecimento que não se enquadra, de todo, no exercício da actividade médica”, foi decidido. O TSI também destacou que médico não era o proprietário da clínica. E mesmo que fosse, a haver qualquer sanção esta devia ser aplicada ao abrigo do regime para as “entidades proprietárias de clínicas” e não ao abrigo do regime para os médicos.
Hoje Macau SociedadeCamboja | Secretário do Comércio em Macau para promover investimento O Camboja está a planear a criação de um centro de comércio privado em Macau, para promover o potencial de comércio e investimento, indicou o Governo de Phnom Penh. Na segunda e terça-feira, o secretário de Estado do Ministério do Comércio, Seang Thay chefiou uma delegação que visitou o local onde será estabelecido o centro de comércio cambojano. De acordo com o Ministério, o objectivo é promover a exportação e divulgação de produtos cambojanos para os mercados estrangeiros, assim como dar a conhecer as oportunidades de comércio, investimento, turismo e cultura do Camboja. Durante a visita, Thay reuniu-se com o presidente do Fundo de Investimento Regional de Hengqin e gestores de duas empresas privadas. Nessas reuniões, o governante cambojano apresentou o ambiente empresarial, os potenciais sectores de investimento, as condições favoráveis de que o Camboja beneficia enquanto país menos desenvolvido e incentivou essas empresas a comprar produtos agrícolas do Camboja. O governo de Phnom Penh indica que uma das empresas manifestou interesse em criar uma unidade de transformação de mobiliário para exportação, utilizando matérias-primas importadas, e outra confirmou que estudaria a possibilidade de adquirir alguns produtos do Camboja.
João Luz Manchete SociedadeComércio | Joalharias Chow Tai Fook com quebras de 41% O negócio das lojas de Joalharias Chow Tai Fook de Macau registaram quebras anuais de 41,3 por cento no primeiro trimestre do ano. No segundo trimestre, o valor global das vendas a retalho de Macau e Hong Kong caíram quase 30 por cento. O grupo fechou mais de 90 lojas no Interior da China Numa declaração enviada na terça-feira à Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo das Joalharias Chow Tai Fook reporta quebras anuais de vendas em Macau de 41,3 por cento no primeiro trimestre do ano, a pior performance do grupo em termos regionais. Já no segundo trimestre, o valor global das vendas a retalho de Macau e Hong Kong sofreu quebras de 28,8 por cento e representou 12,2 por cento dos negócios do grupo. O grupo de cita “desafios macroeconómicos que continuam a causar impacto no consumo”, assim como “a volatilidade dos elevados preços do ouro” como razões para “contratempos na procura de produtos de joalharia em ouro, um fenómeno transversal a toda a indústria”. Em Hong Kong, onde o grupo empresarial tem 68 joalharias os negócios caíram 30,8 por cento, face ao período homólogo. No Interior da China, o grupo destaca as performances de lojas em franchising e lojas operadas pelo grupo, ambas com quebras anuais de 19,1 e 26,4 por cento, respectivamente, no primeiro trimestre do ano. “No que diz respeito à gestão da nossa rede de retalho, as prioridades actuais são maximizar a saúde financeira global da nossa carteira de pontos de venda, com enfoque na produtividade e rentabilidade das lojas, e manter a nossa liderança no mercado. Durante o segundo trimestre, optimizámos a rede de retalho e encerrámos 91 pontos de venda no Interior da China”, adianta o grupo aos seus accionistas. Minerais essenciais Apesar das quebras gerais, os preços médios de compras de joalharia de ouro aumentaram em Macau, Hong Kong e Interior da China no segundo trimestre deste ano. Na China, o preço médio fixou-se em 6.200 dólares de Hong Kong (HKD), em Macau foi de 8.400 HKD e Hong Kong 8.900 HKD. Em relação a pedras preciosas, a comunicação do grupo indica que o seu consumo é por natureza mais discricionário e moderado nas actuais condições de mercado. Neste caso, apesar de o volume total de vendas ter caído, o preço médio das compras subiu para 8.600 HKD no Interior da China, 16.400 HKD em Hong Kong e 16.700 HKD em Macau. Os resultados das Joalharias Chow Tai Fook são um reflexo da crise que o sector atravessa, também verificado nas estatísticas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. Na passada segunda-feira, foram divulgados os resultados do inquérito de conjuntura ao comércio a retalho referente a Maio, que revelou quebras anuais de negócios de 25,9 por cento. A queda foi empurrada sobretudo pela fraca performance dos negócios do sector que a DSEC designa como dos relógios e joalharia, que caíram 34,9 por cento em termos anuais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSheraton | Hotel vai ser substituído pela marca Londoner Grand O novo hotel no The Londoner deverá começar a operar a partir de Dezembro e vai ter 1.500 suites. No próximo ano, o presidente da Las Vegas Sands acredita que as receitas brutas do jogo vão ficar acima dos 241,4 mil milhões de patacas Até ao final do ano, a marca Londoner Grand vai substituir a Sheraton no empreendimento turístico The Londoner, no Cotai. A revelação foi feita ontem por Robert Goldstein, presidente Las Vegas Sands, empresa-mãe da concessionária que controla os casinos-hotéis Sands, The Londoner, The Venetian e The Parisian. Na apresentação dos resultados do segundo trimestre da Las Vegas Sands foi revelado que o futuro hotel Londoner Grand deverá começar a operar em Dezembro e vai disponibilizar 2.405 quartos. Esta é uma redução face ao número de quartos oferecidos pelo Sheraton, que se cifrava em 3.968 unidades. No entanto, o Londoner Grand vai ter 1.500 suites, o que significa um aumento face às 360 suites disponibilizadas antes das obras. Robert Goldstein deixou igualmente um voto de confiança ao mercado do jogo de Macau. Numa fase em que as receitas brutas têm vindo a crescer gradualmente, – desde o início do ano até Junho aumentaram 41,9 por cento – o presidente das Las Vegas Sands previu que no final de 2025 as receitas vão ultrapassar a barreira dos 30 mil milhões de dólares americanos” o que significa 241,4 mil milhões de patacas. “Acredito que as receitas brutas do jogo vão ultrapassar os 30 mil milhões de dólares americanos no próximo ano, e continuar a crescer ano-após-ano”, afirmou Robert Goldstein. Melhor que há um ano Em relação às operações de Macau, contabilizadas na empresa Sands China, os números mostram uma melhoria face ao segundo trimestre do ano passado. No que diz respeito ao total das receitas líquidas da Sands China, o valor cifrou-se em 1,75 mil milhões de dólares americanos (14,1 mil milhões de patacas), o que representa um aumento de oito por cento face ao período homólogo. Ao mesmo tempo, o lucro líquido da Sands China entre Abril e Junho deste ano fixou-se nos 246 milhões de dólares americanos (1,98 mil milhões de patacas), o que representou um aumento face aos 187 milhões de dólares americanos (1,50 mil milhões de patacas) do período homólogo. Também os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustados por empreendimento mostram uma melhoria de três por cento face ao ano passado. No entanto, neste capítulo, em relação ao primeiro trimestre houve uma redução de três por cento do valor. Na apresentação dos resultados da Las Vegas Sands foi explicado que o desempenho da concessionária foi afectado pelas obras que decorre no empreendimento The Londoner, e que se espera que tal seja ultrapassado com o início do novo ano.
Hoje Macau SociedadeIAS / Idosos | Iniciado processo de verificação de subsídio Desde o início da segunda quinzena deste mês que o Instituto de Acção Social (IAS) desenvolve os trabalhos de verificação da situação dos idosos aptos a receber subsídio. De acordo com os números oficiais, este ano vai ser verificada a situação de aproximadamente 600 idosos. O processo de verificação é iniciado com o envio de uma carta para os beneficiários do subsídio. Estes, podem depois “actualizar e confirmar os seus dados pessoais mediante o preenchimento do formulário, enviando, posteriormente, os respectivos documentos ao IAS juntamente com uma cópia do BIR”. As formalidades de verificação podem igualmente ser concluídas através da aplicação Conta Única de Macau. O Subsídio para Idosos é atribuído aos residentes permanentes com mais de 65 anos. A distribuição do montante vai acontecer em Outubro no valor de 9 mil patacas por idoso. “Neste ano, o subsídio de 9.000 patacas será atribuído em Outubro, prevendo-se que o número dos beneficiários seja mais de 100.000 pessoas”, indicou o IAS. Com base nos números oficiais, o Subsídio para Idosos implica um gasto do orçamento da RAEM de 900 milhões de patacas. De acordo com o IAS, o subsídio tem “o objectivo de demonstrar a sua atenção para com os idosos”.
Hoje Macau SociedadeDSAL | Feiras de emprego com 190 vagas em Agosto A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três sessões de feiras de emprego, disponibilizando um total de 190 vagas, nos dias 2 e 6 de Agosto, para os sectores da hotelaria, aviação, segurança e limpeza. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 1 de Agosto. A primeira sessão está marcada para a manhã de 2 de Agosto, daqui a uma semana, com a oferta de 109 vagas para o sector da aviação para os cargos de agente de segurança do aeroporto. Na parte da tarde, será a vez do sector da segurança e limpeza, com a oferta de 62 vagas, para supervisor da secção de limpeza, chefe de guarda de segurança, guarda de segurança, empregado de limpeza e jardineiro. As duas sessões vão decorrer no Edifício da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2-6. No dia 6 de Agosto, de manhã e à tarde, será a vez do sector da hotelaria, numa sessão que disponibiliza 19 vagas para chefe do serviço de atendimento ao VIP, agente de atendimento ao cliente do Resort, assistente de recepção, agente de serviços de marketing por telefone, recepcionista e alfaiate de uniforme. Estas sessões vão decorrer no Hotel Grand Lisboa Palace.
João Luz Manchete SociedadeSaúde | Programa de alimentação saudável atrai 88 restaurantes O programa “Alimentação Saudável”, lançado pelos Serviços de Saúde desde 2018, conta este ano com 88 restaurantes. Na lista, constam espaços como os Café Alves, Subway, Lavish Pizza, Café Terra e restaurantes de Yum Cha. Responsáveis pelos restaurantes dizem que a procura por alimentação saudável está a aumentar Em 2018, os Serviços de Saúde lançaram o programa “Alimentação Saudável”, criado em colaboração com o sector da restauração para incentivar o conceito de “menos sal, menos açúcar, menos gordura, mais vegetais e grãos integrais”. Este ano, as autoridades revelam que contam com a participação de 88 restaurantes neste programa, muitos deles oferecendo uma ementa que está longe de ser a mais saudável. Na lista, constam vários restaurantes que oferecem opções saudáveis, como lojas de takeaway Prep’d, Habitbox, Nami Poké e os Café Terra. Porém, na lista de aderentes aparecem muitos cha chaan tengs (cafés cantoneses onde os fritos e molhos são omnipresentes), muitos restaurantes de yum cha (incluindo da famosa cadeia Va Fung Dim Sun), o mítico Restaurante Federal, assim como os restaurantes da cadeia Café Alves, as lojas da Subway, a Lavish Pizza, lojas de bubble tea e sobremesas. A lista inclui também o restaurante do antigo Instituto de Formação Turística de Macau. Os critérios para entrar no programa obrigam o estabelecimento a fornecer regularmente, no mínimo, cinco pratos “Alimentação Saudável”. Por exemplo, a Subway tem enfrentado escândalos sucessivos devido aos produtos que vende. Um dos mais recentes foi parar aos tribunais, depois da empresa ser processada por afirmar que vendia atum em sanduíches, algo que não foi verificado em análises laboratoriais. Também o pão foi alvo de polémica devido aos elevados níveis de açucares, mais apropriados para pertencer à classe de produtos de confeitaria do que produtos panificados. A existência de químicos no pão, também usados em tapetes de ioga, esteve na origem de outro escândalo recente da cadeia de lojas de sanduíches. Apesar deste historial, as lojas da Subway de Macau estão no programa “Alimentação Saudável” do Governo. Saúde na moda Em declarações ao jornal Ou Mun, a presidente do Grupo de Alimentação e Bebidas Alves, Eugenia Lao Alves, afirmou que os seus restaurantes oferecem 26 pratos saudáveis, dando prioridade aos produtos frescos, menos sal, menos açúcar, menos gordura e nutrição equilibrada. A responsável pelo grupo de Cafés Alves afirmou que, apesar da boa resposta e elogios dos clientes às opções mais saudáveis da ementa, os 26 pratos saudáveis ocupam apenas 10 por cento do volume de negócios da cadeia. Ainda assim, Eugenia Lao Alves aposta nos pratos mais leves, mesmo que representem custos elevados que implicam na confecção, através do lançamento de promoções com preços semelhantes aos pratos comuns. A responsável sugeriu também ao Governo a organização de campanhas de divulgação da alimentação saudável em cooperação com o sector da restauração. Por seu turno, o director do Grupo de restauração Va Fung, Lok Kam Meng, afirmou que o seu grupo oferece mais de 10 pratos saudáveis nas ementas de yum cha e nos outros restaurantes de comida cantonense do grupo. O responsável não tem dúvidas de que a população tem cada vez mais cuidado com a saúde e a alimentação, e que as opções mais saudáveis dos menus têm aumentado de popularidade. Lok Kam Meng garante que o grupo Va Fung vai continuar a criar pratos em que o foco está na frescura dos ingredientes e no controlo de custos. O restaurante SaladHey que se situa na NAPE, entrou no programa “alimentação saudável” há meio ano. Com uma oferta baseada em saladas, como o nome indica, o responsável do restaurante, Chan Fat Tim, recordou que nos últimos anos, a popularidade dos pratos saudáveis aumentou 20 por cento no volume de vendas, o que revela o potencial do negócio.
João Santos Filipe PolíticaLeong Hong Sai afirma em Zhuhai que quer túnel entre Barra e Wanzai O deputado Leong Hong Sai defende que o Governo deve avançar com a construção do túnel pedonal entre a Barra e Wanzai, em Zhuhai. A opinião do deputado foi divulgada após as autoridades de Zhuhai terem anunciado a intenção de avançar com um projecto, que tinha sido recusado pelo Governo de Macau em 2020. Segundo o deputado dos Moradores, é preocupante que actualmente a ligação entre a Barra e o Porto da Lapa (Wanzai) apenas seja feita por barco. Leong defende que para uma distância tão curta, que aponta ser inferior a 600 metros, devia haver uma alternativa. “A construção do túnel é desejável porque além de evitar que a ligação deixasse de ser feita devido ao mau tempo e a tufões, também traria maior conveniência a residentes e turistas”, argumentou. A construção de um túnel entre a Barra e a Lapa voltou a ser discutida, depois de no início deste mês o Departamento de Recursos Naturais de Zhuhai publicar um relatório sobre o projecto. No documento é indicado que o projecto está a avançar, e que será construído um posto fronteiriço para circular entre as regiões. Confusão instalada Leong Hong Sai é o primeiro deputado a defender publicamente a construção do projecto. O outro legislador a debruçar-se sobre o assunto foi Leong Sun Iok, deputado dos Operários. Numa opinião partilhada com o Jornal do Cidadão, o deputado apelou ao Governo para ponderar o impacto da construção no trânsito de uma das zonas mais congestionadas de Macau, assim como as consequências para os trabalhadores dos barcos que fazem a travessia naquela zona. O Governo de Macau ainda não tomou uma posição sobre o assunto. Contudo, na interpelação divulgada ontem, Leong Hong Sai avisou ainda as autoridades locais que é preciso criar uma plataforma para divulgação dos projectos da Grande Baía, para que se “evitem rumores” e confusões, como a que está actualmente instalada à volta do túnel pedonal.
Hoje Macau PolíticaFeira de Marca | Secretário destaca maior presença de Guangdong Foi ontem inaugurada mais uma edição da Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e Macau. O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, destacou, no seu discurso, que esta é a “maior edição da feira de sempre”, tendo como tema principal a inovação. “A edição deste ano introduziu, pela primeira vez, três novos elementos ou temas, como equipamentos e serviços hoteleiros, equipamentos inteligentes e tendências nacionais”. Lei Wai Nong sublinhou o facto de, pela primeira vez, o número de empresas expositoras de Guangdong ter atingido 70 por cento do número total de empresas. O secretário lembrou que Macau e Guangdong “sempre desempenharam um importante papel de porta que abre tanto para a realidade nacional como para a comunidade internacional”. Assim, a feira “tem sido uma plataforma de exposição fundamental para as empresas de ambas as regiões mostrarem ao exterior os seus produtos de qualidade e explorarem oportunidades de negócio”, declarou o governante. O secretário não esqueceu a ligação do evento ao projecto da Grande Baía, permitindo “mostrar ao mundo mais produtos de marca e de qualidade com grande competitividade e inovação”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrabalho | Acidente mortal leva Ngan Iek Hang a questionar Governo O deputado dos Moradores pede ao Governo que reforce a consciencialização sobre segurança no trabalho, depois de um trabalhador ter sofrido uma queda em altura fatal, quando substituía um ar-condicionado no exterior de um prédio Ngan Iek Hang quer saber as medidas que estão a ser adoptadas para aumentar a consciência da sociedade para as necessidades de segurança no trabalho. Foi através de uma interpelação escrita que o deputado reagiu ao acidente deste mês, em que um trabalhador perdeu a vida, após cair de um edifício, quando substituía um ar-condicionado. De acordo com o deputado dos Moradores, nos últimos anos têm sido desenvolvidas várias actividades de promoção da segurança no trabalho pelo Executivo. Contudo, o legislador indica que “continuam a registar-se muito acidentes em obras de construção”. Neste sentido, defende “que é necessário reforçar a publicidade e promoção” sobre as medidas de segurança. O deputado pretende saber o que tem sido feito pelo Governo nos últimos tempos: “Se olharmos para as estatísticas de segurança e saúde no trabalho no portal da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), podemos ver que existem muitos cursos de formação e educação em matéria de segurança e saúde no trabalho. Qual é a proporção de trabalhadores e empresas de engenharia de construção que participaram neste tipo de cursos?”, questiona. “Como se pode atrair mais empresas para participarem nestes cursos de formação e educação?”, pergunta. Ngan Iek Hang destaca ainda que a segurança nos trabalhos em altura se tornou uma “questão pública”, pelo que pretende que o Governo explique o que vai ser feito para promover a segurança entre as Pequenas e Médias Empresas (PME). O legislador sublinha também ser fundamental explicar as ferramentas de segurança disponíveis para os trabalhos em altura, e a sua forma de funcionamento. Aposta nos vídeos Ngan Iek Hang propõe ainda que as autoridades “considerem organizar e produzir” mais materiais de promoção, como vídeos online, de forma a “responder ao acidente dos últimos dias”. Além disso, o membro da Assembleia Legislativa sugere um aumento das fiscalizações nos estaleiros, para assegurar que as medidas de segurança são “cumpridas de forma rigorosa”. “Será que podem realizar mais inspecções aos equipamentos de protecção individual para melhorar a sensibilização geral para a segurança?”, interroga. “Será que estas inspecções podem ser realizadas de acordo com as particulares de cada actividade e das diferentes indústrias?”, acrescentou. No documento partilhado ontem com os órgãos de comunicação social, Ngan Iek Hang sugere também que o Governo avance para uma revisão dos panfletos sobre segurança no trabalho, principalmente no que diz respeito aos trabalhos em altura. Foi a 13 de Julho que um trabalhador não residente perdeu a vida, quando substituía um ar-condicionado. Suspeita-se que o homem terá prendido a corda de segurança a um dos braços do apoio do ar-condicionado, que acabou por ceder, provocando a queda.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCPLP | Destacado progresso da Guiné Equatorial no português Decorreu na sexta-feira passada a 29ª reunião ordinária do conselho de ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da qual Macau é observador consultivo. Das decisões destaca-se os progressos da Guiné Equatorial no ensino e dinamização do português e a necessidade de intercâmbio entre escolas na área da língua portuguesa Foi desde o início uma questão polémica. A Guiné Equatorial, país na África Central liderado há décadas por Teodoro Obiang, passou a fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2014, sem que a população falasse português, ou que o idioma fosse língua oficial. Na grande maioria, as línguas mais comuns são o fangue e o pidgin inglês, enquanto o espanhol e francês são línguas oficiais. Porém, ligações históricas a Portugal, que remontam ao século XV, foram determinantes para a decisão. Segundo as conclusões da última reunião do conselho de ministros da CPLP, decorrida em São Tomé e Príncipe no passado dia 19, os membros “congratularam-se com todos os esforços na expansão da língua portuguesa na Guiné Equatorial, que contou com o apoio inestimável do Camões, I.P. [Camões – Instituto da Cooperação e da Língua], e do Brasil”. Estes esforços passaram, segundo o comunicado oficial das conclusões publicado no portal da CPLP, pela “revisão dos currículos de ensino, a criação de uma licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade Nacional, a introdução da disciplina de Português no ano lectivo de 2024/2025”. O país apostou também na “formação de funcionários e membros do Governo em leitura e compreensão do Português, bem como o intercâmbio de funcionários do Governo com São Tomé e Príncipe (30), Cabo Verde (40) e Angola (40)”. Além disso, foi realizada “uma campanha de recolha de livros e manuais em língua portuguesa, que contou com a solidariedade do Governo português e o apoio de todos os Estados-Membros, para a dotação de obras neste idioma nas escolas e bibliotecas da Guiné Equatorial”. O país africano desenvolveu ainda “acções concretas adoptadas para fortalecer o pilar económico da CPLP”, e que terão contribuído para “a integração económica entre os Estados-Membros e para o desenvolvimento sustentável do país”. Os membros “congratularam-se” também pela passagem do décimo aniversário de adesão do país como membro de pleno direito da CPLP, algo que aconteceu na X Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada, em Díli, Timor-Leste, a 23 de Julho de 2014. Na reunião da passada semana participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e ainda o Secretário Executivo da CPLP. Macau, não sendo país, mas tendo o português como língua oficial, é apenas membro consultivo da CPLP através de “comissões temáticas”, neste caso duas, levadas a cabo pela Universidade de São José e do Instituto Internacional de Macau. A fim de melhor integrar a Guiné Equatorial na entidade de matriz política, fez-se um programa de apoio. Nesse contexto, os membros destacaram ainda, na reunião do dia 19, “o esforço [da Guiné Equatorial] do planeamento da nova etapa de cooperação e pelo alargamento da designação dos ‘Pontos Focais’ para todos os sectores de cooperação”. Além disso, o país africano solicitou a realização do “Seminário de Capacitação dos Pontos Focais Nacionais”, que decorreu nos dias 9 e 10 de Julho deste ano em Malabo, capital da Guine Equatorial, com o apoio do Brasil. Este evento visou “reforçar o conhecimento e a capacidade técnica dos pontos focais sectoriais nacionais no acompanhamento e aprofundamento da cooperação nas respectivas áreas de competência”. Tratou-se de uma iniciativa que contribuiu “para a efectiva participação da Guiné Equatorial nas diversas reuniões estatutárias e para a concretização da nova etapa do processo de plena integração”. O país nomeou ainda o primeiro secretário permanente para a CPLP, Pedro Ela Nguema Bea, indicado pelo Senado do país. Recorde-se que muito recentemente a Guiné Equatorial passou a estar representada no Fórum Macau no contexto da adesão à CPLP. A língua é um país Uma vez que a CPLP aborda várias áreas, que passam pela segurança alimentar, ensino, ambiente e defesa, entre outras, o conselho de ministros abordou pontos relacionados com o ensino e dinamização do português. Uma das iniciativas abordadas foi o projecto-piloto intitulado “Rede de Escolas Amigas da CPLP”, tendo sido reconhecidos “os notáveis progressos na implementação”. Numa resolução própria, foi ainda encorajado “o secretariado executivo, em colaboração com os Estados-Membros, o IILP [Instituto Internacional da Língua Portuguesa] e demais parceiros, a prosseguirem com determinação os esforços para a boa conclusão do projeto piloto da Rede de Escolas Amigas da CPLP, visando a sua posterior generalização”. A ideia integrar mais “estabelecimentos de ensino de todos os níveis, de todos os Estados-Membros da CPLP, bem como de países terceiros, particularmente aqueles com estatuto de observadores associados da CPLP”. Foi ainda pedido um olhar mais atento às “potencialidades do Fundo Especial para o apoio na realização de projectos e iniciativas” no âmbito desta Rede, tal como “concursos de escrita criativa (no âmbito do) Dia Mundial da Língua Portuguesa, programas de conversa com escritores e as Olimpíadas de Matemática da CPLP”. O projecto “Rede de Escolas Amigas da CPLP” foi lançado no ano passado e visa, entre vários objectivos, promover a língua portuguesa, acolhendo escolas do ensino primário ao secundário e em regime técnico-profissional, públicas ou privadas. Actualmente, apenas 22 escolas fazem parte desta rede. Ainda na vertente de ensino, da reunião do conselho de ministros da CPLP saíram ideias sobre a necessidade de “concertação, entre os Estados-Membros, para promover a certificação cruzada entre cursos de ensino superior e o lançamento do programa de intercâmbio de estudantes universitários CPLP ‘Frátria’. Mobilidade a rodos Foi ainda destacada a implementação do Acordo sobre Mobilidade entre os Estados-Membros da CPLP, caracterizado como “um passo firme para constituir uma verdadeira comunidade de povos, abrindo caminho à circulação de pessoas, cultura, valores, princípios e conhecimento”. Países membros da CPLP, como foi o caso de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, alteraram leis para a execução do referido acordo, enquanto no caso de São Tomé e Príncipe, a legislação já previa a livre circulação dos cidadãos da CPLP. Foi ainda encorajado “todos os Estados-Membros a continuar a promover a sua implementação, dentro do princípio da flexibilidade variável nele consagrado”. Desta reunião saiu também a aprovação de oito novas entidades que passam, desta forma, a ter estatuto de observador consultivo. São elas a Associação Galega da Língua, Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, Associação CFA Portugal (Associação de Consultores Financeiros Certificados Portugal), Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, Federação Portuguesa de Ginástica, Fundação Biblioteca Nacional, Instituto Brasileiro de Direito da Família, Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Económicas.
Andreia Sofia Silva EventosMacaenses | “Partido dos Comes e Bebes” comemorou 22 anos O “Partido dos Comes e Bebes” (PCB), grupo informal de confraternização da comunidade macaense em Portugal, celebrou no dia 20 deste mês o seu 22.º aniversário com um almoço que reuniu vários ex-residentes de Macau. Gina Badaroco, uma das dinamizadoras do grupo que nasceu na rede social Facebook, disse ao HM que o balanço do PCB é “muito positivo”. “Desde o início que o PCB tem mostrado grande capacidade de mobilização graças à adesão de uma rede cada vez mais alargada de amigos. Cada vez temos mais participantes nos nossos convívios”, acrescentou. O PCB foi inclusivamente alvo de estudo por parte da antropóloga Marisa Gaspar, que se tem dedicado a investigar o perfil e rumos da comunidade macaense. “O objectivo do PCB é promover a confraternização entre os macaenses residentes em Portugal e os amigos que têm Macau sempre no coração, preservando a gastronomia macaense, pois esse convívio faz-se sempre à volta de uma mesa.” Tudo começou em 2003 com a organização de festas temáticas, num espaço alugado, em que cada um levava um prato tipicamente macaense. Havia ainda músicas em patuá, sendo que o PCB tem inclusivamente um hino próprio, criado por Rigoberto Rosário, mais conhecido por Api. A última festa temática aconteceu em 2013, com o tema “A Noite Oriental”. Desde então o grupo reúne-se em restaurantes. Sem apoios ou contactos formais com entidades de Macau, o PCB vai continuar a promover o que é tipicamente macaense, comemorando também o Ano Novo Chinês ou o Festival do Bolo Lunar.
Hoje Macau SociedadeTribunal chinês diz que processo Suncity constitui “exemplo” O Supremo Tribunal da China emitiu ontem um comunicado onde descreve o processo do antigo grupo junket Suncity, liderado por Alvin Chau, como sendo um “exemplo típico da prática do jogo transfronteiriço”, noticiou o portal Macau News Agency. Na mesma nota, é referido que o grupo liderado por Alvin Chau, composto por 34 pessoas, tinha uma “hierarquia clara” com membros fixos. O Supremo referiu ainda alguns dados do processo, nomeadamente o facto de, desde 2015, o grupo Suncity ter criado várias plataformas de jogo online para atrair jogadores nas Filipinas e outros locais, além de ter facilitado a deslocação de cidadãos chineses para jogar em Macau ou para apostarem online através de agentes intermediários. O Supremo Tribunal da China, que é o mais alto tribunal do país, declarou ainda que Alvin Chau e os seus associados criaram empresas de gestão de activos na China para ajudar nas acções de troca de crédito ou fichas de jogo, ou ainda para recuperar as dívidas de jogo. Na mesma nota, é referido que foram usados serviços clandestinos para transferência de dinheiro. Ganhos ilegais Este comunicado do tribunal chinês surge depois de Alvin Chau ter sido condenado a uma pena efectiva de 18 anos de prisão, além de que o processo obrigou a mudanças estruturais no grupo Suncity, que deixou de ter esse nome. Na mesma nota do Supremo Tribunal da China, é referido que em Novembro de 2021 o grupo tinha mais de 480 agentes com papel de accionistas, sendo que 280 eram cidadãos do continente. Nas folhas de pagamento consultadas pelas autoridades, estão agentes de cariz geral, incluindo mais de 38 mil cidadãos chineses, é descrito. O comunicado destaca também o facto de o antigo grupo Suncity ter chegado aos 60 mil membros com ganhos de cerca de 8,9 mil milhões de renminbis. O tribunal recorda que Zhang, um dos principais associados de Alvin Chau, estava encarregue de dirigir uma empresa de gestão de activos na China, a qual tinha sido criada pelo antigo CEO do Suncity. Entre Setembro de 2018 e Abril de 2020, descobriu-se que Zhang estabeleceu acordos de cooperação para investimentos, tendo usado contas bancárias para transferir fundos entre Macau e a China. As transferências nesse sistema terão sido superiores a 1,15 mil milhões de renminbis, resultando em lucros obtidos de forma ilegal acima de 17 milhões de renminbis.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesO Clube da Luta (II) “Pezeshkian might be able to bring some social freedoms. But he will be a weak president because Khamenei and his allies are much more powerful than the president.” Sohrab Hosseini A classe dirigente israelita está longe de estar convencida da ambição ou megalomania de Shiloah. Em torno de David Ben-Gurion, que governou o seu Estado como um quase ditador, os dirigentes trabalhistas da época tendiam para o não-alinhamento, ou seja, para a neutralidade. Pelo menos até 1956, quando, graças à guerra do Suez, o aventureiro Nasser desencadeia a vaga pan-arabista e se torna um defensor da resistência palestiniana, que organiza e promove. E aproxima-se da União Soviética. Geopolítica dos três círculos, o árabe, muçulmano e africano, com o Egipto no centro. Perigo mortal para Israel, rodeado de árabes inimigos. Shiloah sugere a Ben-Gurion uma contra-estratégia em espelho e Israel como pivot de uma “Aliança da Periferia”, composta pelo braço Norte, com a Turquia e o Irão, e pelo braço Sul, com a Etiópia e o Sudão. Encoberto, entendimentos bilaterais, baseados em informações (espionagem e operações especiais), comércio (ver as importações israelitas de hidrocarbonetos persas, também através da duplicação do oleoduto entre Eilat e Beersheba com a contribuição da companhia petrolífera nacional iraniana) e até produção de armas, incluindo um protótipo de míssil israelo-iraniano. Baile de máscaras. Tudo estrictamente secreto, muitas vezes salpicado de polémicas amargas sublinhadas pelos meios de comunicação social, porque as opiniões públicas respectivas e as potências opostas não apreciariam essas convergências incómodas. O que une o trio é a desconfiança em relação aos árabes e o medo do Egipto de Nasser, um cavalo de Troia soviético. Não uma verdadeira aliança. Em 29 de Agosto de 1958, numa reunião secreta em Ancara entre Ben-Gurion e o seu homólogo turco Adnan Menderes, com a presença de Shiloah, o patriarca israelita explicou que “Os árabes estão a fazer uma tal algazarra que o mundo inteiro pensa que o Médio Oriente é composto apenas por países árabes, mas isso não é verdade. Se formarmos este bloco de cinco países, poderemos garantir a nossa existência e independência, o que também terá efeitos no Norte de África”. Pouco tempo antes, Ben-Gurion e o Xá da Pérsia trocaram missivas calorosas de entoação semelhante, com tons de intimidade multimilenar. O líder israelita recorda o que o rei Ciro fez pelos judeus, trazendo-os de volta a casa, e Mohammad Reza Pahlavi disse que “A memória do que Ciro fez pelo seu povo é-me cara e tentarei continuar esta antiga tradição”. O mesmo se passa com Haile Selassie, imperador da Etiópia, “descendente” do rei Salomão e da rainha de Sabá. Na frente dos serviços secretos, nasceu o “Trident”, um acordo de colaboração secreta entre a Mossad e os serviços correspondentes da Turquia e do Irão. A sede é em Israel, financiada pela CIA, com uma secção amarela para os turcos e uma azul para os iranianos, que depressa caiu em desuso e foi transformada num ginásio da Mossad. É impossível avaliar a extensão das trocas entre os membros da “Aliança da Periferia”, dado o grau de secretismo e informalidade. O impulso inicial perde-se rapidamente, ainda que a colaboração secreta de Jerusalém com Ancara resista entre altos e baixos até 7 de Outubro de 2023 e à escolha de campo de Erdoan a favor do Hamas, quando a tensão entre o secretismo do aparelho e a pressão da opinião pública parece esmagar as arquitecturas subterrâneas do semi-eixo turco-israelita. O de Teerão sobrevive em parte à revolução de Khomeini, desenvolve-se na guerra Irão-Iraque (1980-1988), até ao advento do Pasdaran ao leme da República Islâmica. Dois objectivos principais unem o triângulo que é quebrar as ambições pan-arabistas de Nasser e dos seus emuladores; contar mais com a América. Atingido o primeiro objectivo mais devido ao irrealismo egípcio do que por mérito próprio, o segundo é progressivamente alcançado por Israel, ao ponto de, desde os anos de 1970, ter evoluído para uma quase simbiose. Na opinião do diplomata Gershon Avner “A aliança contribuiu para que nos sentíssemos como uma grande potência. Não somos apenas um mendigo sentado numa vala a ser alvejado em todas as direcções.” Talvez não compreendamos hoje o sentimento de precariedade que tirou o sono a Ben-Gurion e que continua a assombrar as elites mais conscientes do Estado judaico. O fundador escreveu em 1963 ao Presidente Kennedy que “Pode não acontecer hoje nem amanhã, mas não tenho a certeza de que o Estado continue a existir depois da minha morte”. Equivalente ao roncado com que Ben-Gurion comenta a confissão do general Yehoshafat Harkabi, director dos serviços secretos militares de que “O que temos em comum é que nenhum de nós acredita que o Estado de Israel existe realmente”. Para a Turquia, que neste momento sofre por estar reduzida a uma sentinela no flanco sudeste da NATO, e para o Irão do Xá, que está menos esmagado por Washington do que parece, a “Aliança da Periferia” não é o bilhete privilegiado para o que espera o establishment americano. O quantum de influência de que o Estado judeu goza e que Ancara e Teerão esperam utilizar para os seus próprios fins não é o que Shiloah e companhia se gabam. Washington também não precisa de utilizar o canal israelita para negociar com Ancara e Teerão. A CIA assegura que a troca de informações não excede um certo grau. Se se aproxima, Langley esvazia o depósito. Quanto ao Departamento de Estado, o lobby arabista iguala, se não ultrapassa, o lobby pró-israelita até aos anos de 1960. Hoje, os antigos aliados da periferia são adversários. E têm tendência para o parecer. Porque, enquanto o pan-arabismo já não tem vestígios e o espantalho do Ocidente é encarnado pelo jihadismo, se é que este serve para dividir a frente supostamente islamista, estes três continuam a presidir ao pódio dos desequilíbrios do Médio Oriente. Apostamos que continuarão a precisar uns dos outros. Talvez como inimigos acesos. Muitas vezes, a inimizade une mais do que a amizade. Até porque, em geopolítica, a primeira existe, a outra é digna de dúvida. Finalmente, e para já visível, a época das alianças, reais ou presumidas, passou e dificilmente voltará. No turbilhão do Médio Oriente, o menu é apenas à la carte. O império persa compreende, na sua actual forma informal, uma população multiétnica com uma maioria árabe agregada por líderes que se sacrificam diariamente a uma ideologia fundada no ódio contra Israel (Pequeno Satã) e o seu protector americano (Grande Satã). Centrada na República Islâmica do Irão, fundada em 1979 pelo Ayatollah Ruhollah Khomeini, governada, para além dos véus teocráticos, por uma oligarquia militar-policial centrada nos Guardiões da Revolução (Pasdaran) e nos paramilitares basiji. A sua ramificação em redes de clientes e milícias estende-se desde o oeste do Afeganistão (Herat) até ao Mediterrâneo oriental (Beirute), passando por Bagdade e Teerão. Penetração na Península Arábica, desde os Territórios Palestinianos Ocupados até à costa ocidental do Estreito de Ormuz e ao Iémen dos Hutis. O Irão acrescenta à sua aversão aos judeus e aos americanos a sua rivalidade geopolítica com a Arábia Saudita, que envolve as petromonarquias do Golfo, sobretudo os Emirados Árabes Unidos. O seu centro comercial e financeiro é Dubai, a lavandaria premiada de todos os tráficos iranianos e outros tráficos oblíquos. Para aqueles que resistiram desde o nascimento às sanções americanas e ocidentais, destinadas a esmagar as suas ambições nucleares e a cortar-lhes as asas imperiais, esta saída é essencial. O leque de relações especiais é completado pela cooperação, não só energética e militar, com a Rússia, mestre das operações cinzentas, que, após a invasão da Ucrânia, arrebatou ao Irão a primazia de Estado mais sancionado do mundo. Selo de um entendimento pragmático entre impérios historicamente adversários. Para além da relação ambígua com a Turquia, rival geopolítico e ao mesmo tempo matriz genética relevante dos povos do Irão metade persas, um quarto de azeris e outros turcos, um décimo de curdos, muito poucos árabes, reflectida na parábola dos impérios persas, como testemunha a origem azeri do Guia Supremo, o turcófono Ali Khamenei; finalmente, o “olhar para Leste”, sobretudo para a China, para equilibrar a pressão americana. Para Washington, o Irão é um membro permanente de qualquer “Eixo do Mal”. Do original, baptizado em 2002 por George W. Bush para classificar o Irão, o Iraque e a Coreia do Norte como patrocinadores do terrorismo jihadista, numa tentativa falhada de identificar os inimigos a vencer para erradicar essa raiz maléfica. E a mais recente, evocada pela administração Biden, alinhando China, Rússia, Irão e Coreia do Norte. Acusados, entre outras coisas, de conluio na produção de mísseis hipersónicos, a marca das superpotências nucleares. Os quatro cavaleiros do apocalipse estariam equipados com eles, incluindo o Irão com o seu último Fatah, os Estados Unidos ainda não. (perdoe-se a condicionalidade, mas a ideia de que a informação pública sobre armas estratégicas é real ultrapassa mesmo a nossa ingenuidade). Além disso, os drones iranianos fornecidos aos russos estão a ajudar a afundar a Ucrânia e a aumentar o receio da Casa Branca de perder a guerra com a Rússia. Hipóteses impensáveis na actual revolução. Perante este cenário, conceber os conflitos do Médio Oriente como locais ou regionais, se não redutíveis à rivalidade Israel-Irão, é um erro crasso. Igualmente desviante é centrarmo-nos na competição ideológico-religiosa, numa região onde a legitimação divina do poder está em declínio com excepção dos extremistas religiosos do governo israelita enquanto as inclinações agnósticas, se não mesmo ateias, se propagam sobretudo entre os jovens (no Irão, a idade média é de 27 anos). (Continua)
Andreia Sofia Silva EventosVenetian Theatre | Macaense German Ku estreia-se a solo Depois de ter vencido um popular concurso de talentos musicais em Hong Kong, German Ku, cantor macaense, prepara-se para o primeiro espectáculo em nome próprio. Nos dias 2 e 3 de Agosto, o artista sobe ao palco do Venetian Theatre para a série de concertos intitulada “German Ku – I’m Home” Tem 36 anos, nome português – Germano Guilherme – estudou na Escola Portuguesa de Macau (EPM) e é o mais recente talento local na área da música. German Ku viu as suas capacidades como intérprete e artista serem reconhecidas no concurso de talentos “Midlife, Sing & Shine 2”, promovido pelo canal TVB de Hong Kong, e desde então que se tem desdobrado em actuações. A próxima, é uma série de dois concertos na sua terra natal, Macau, intitulada “German Ku – I’m Home”, que acontece no Venetian Theatre nos dias 2 e 3 de Agosto. O artista que se aproxima dos géneros pop e de canto-pop actua, pela primeira vez, em nome próprio. Segundo a apresentação do concerto, os dois espectáculos prometem ser uma homenagem a Macau como terra natal. “Apesar dos desânimos e desafios do passado, a música sempre o fortaleceu e deu-lhe coragem. Neste concerto, German conduzirá o público através dos momentos significativos do seu percurso musical”, é referido. German Ku começou a percorrer os caminhos da música desde tenra idade. Em 2009 participou no concurso de talentos “Asian Million Star”, da ATV. Só depois surgiu a possibilidade de participar no popular concurso da estação televisiva TVB, de Hong Kong, o que constituiu para si um desafio. Este concurso teve a duração de nove meses e contou com a presença de mais de 100 participantes. O som do sucesso Na final do concurso da TVB, German Ku lançou todas as cartas, cantando dois temas que consagraram a vitória, nomeadamente “Heart Is Still Cold” e “Feeling Good”. Em 2020, o artista lançou o seu primeiro trabalho discográfico, “Fai”, tendo lançado previamente alguns EPs. Numa entrevista ao portal Macao News, o cantor falou do que representou, para a sua carreira, a vitória no concurso de Hong Kong. “O significado é enorme porque trata-se de uma competição a longo prazo. Não é como as competições habituais em que os que ficam em primeiro, segundo ou terceiro lugares são escolhidos com base numa única canção. Com as competições de longo prazo todos podem ver a tua melhoria e crescimento ao longo do tempo. Além disso, os membros do júri, formadores e os internautas dão-te constantemente bastantes sugestões, pelo que vais melhorando gradualmente.” Na mesma entrevista, o artista falou das grandes diferenças existentes entre Macau e Hong Kong no que diz respeito ao panorama musical. “Macau é, comparativamente, um lugar pequeno, então os artistas e cantores de Macau que estão ligados ao mundo da performance e das artes não têm muitas oportunidades. O espectro em Hong Kong é maior, então há mais caminhos que podem ser traçados. É também mais fácil ganhar reconhecimento das pessoas, mas, felizmente, o Governo de Macau está a trabalhar arduamente para promover a arte e cultura de Macau”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim aumenta controlo sobre funcionários que lidam com segredos de Estado A China anunciou na terça-feira novos regulamentos sobre a aplicação da Lei de Protecção dos Segredos de Estado, que inclui mais controlo sobre funcionários que lidam com segredos, numa altura em que Pequim coloca maior ênfase na segurança nacional. As regras publicadas abrangem a aplicação da legislação que foi recentemente objecto da maior revisão desde há uma década, alargando consideravelmente o seu âmbito. Destinam-se a servir de guia para os funcionários que trabalham no vasto sector governamental da China, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, e surgem numa altura em que Pequim vê potenciais vulnerabilidades nos dados sobre o país – desde estatísticas políticas e económicas a informações ambientais. De acordo com os regulamentos, os chefes dos departamentos governamentais com autoridade para determinar os segredos de Estado vão ter que elaborar uma lista das suas respectivas áreas de responsabilidade e receber formação especial sobre como identificar e proteger os segredos. Todos os órgãos centrais do Partido Comunista e os organismos governamentais devem também criar um gabinete responsável pela protecção dos segredos, composto por funcionários exclusivamente responsáveis pelo controlo dos segredos de Estado. Os departamentos governamentais devem identificar os “cargos que envolvem segredos” e seleccionar os funcionários antes de começarem a trabalhar nos cargos, bem como realizar regularmente acções de formação sobre confidencialidade durante o seu trabalho. Os funcionários que lidam com segredos de Estado vão ser proibidos de viajar para o estrangeiro sem autorização prévia ao abrigo da lei. As restrições mantêm-se em vigor mesmo depois de o funcionário deixar o seu posto de trabalho e, nalguns casos, podem ser permanentes. Os regulamentos revistos especificam também a forma como segredos de Estado de alto nível devem ser tratados, incluindo a nomeação de pessoal especializado para receber e enviar objectos que contenham os segredos. Pelo menos duas pessoas devem estar presentes quando transportam esses objectos, que só podem ser abertos, lidos ou utilizados em locais designados e não podem ser copiados ou descarregados, de acordo com os novos regulamentos. Reforço positivo Os regulamentos, que entram em vigor em Setembro, também exortam os fabricantes a “inovar os produtos de segurança e sigilo e o equipamento técnico confidencial utilizando novas tecnologias, métodos e processos”, prometendo recompensas para indivíduos e organizações contribuam de forma excepcional para o desenvolvimento dessas tecnologias. As empresas devem obter qualificações específicas para trabalhar em produtos relacionados com segredos de Estado e só chineses poderão trabalhar nessas posições. “Os segredos de Estado são cada vez mais digitalizados e dispostos na Internet, e os riscos de fugas e roubos tornaram-se mais diversos e ocultos”, afirmou a Xinhua, que cita funcionários do Ministério da Justiça e da Administração Nacional de Protecção dos Segredos de Estado. A batalha para proteger os segredos de Estado é uma “competição e confronto de ciência e tecnologia”, indicou a agência. De acordo com a revisão da Lei de Protecção dos Segredos de Estado, a Administração Nacional de Proteção dos Segredos de Estado, um organismo sob tutela do Conselho de Estado, e os seus vários ramos passaram a ter um âmbito mais alargado para investigar casos de segredos de Estado em áreas que vão desde a educação e tecnologia à utilização da Internet e ao Exército.
Hoje Macau China / ÁsiaSupertufão Gaemi faz um morto em Taiwan As autoridades de Taiwan confirmaram ontem a morte de uma pessoa e dezenas de feridos na sequência da passagem do tufão Gaemi, cujos ventos e chuvas fortes colocaram também a China continental em alerta máximo. A Agência Meteorológica Central de Taiwan (CWA) emitiu na terça-feira um aviso antes da chegada iminente da tempestade que levou ao cancelamento de mais de 400 voos domésticos e internacionais, à suspensão de exercícios militares e ao encerramento de escolas e empresas. Segundo o Comando Central de Operações de Emergência (CEOC), uma mulher de 64 anos morreu esmagada, devido à queda de uma árvore, quando circulava de mota na cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan. Até às 14:00 locais, a tempestade causou 58 feridos de diferentes graus na ilha, bem como cerca de mil incidentes, a maioria dos quais relacionados com a queda de árvores e danos em infraestruturas básicas e edifícios. Mais de 172.000 famílias sofreram cortes de electricidade devido ao tufão, que até agora despejou mais de 580 milímetros de precipitação na montanha Taiping, na vila oriental de Yilan. O CEOC informou que o número de pessoas retiradas até às 14:00 ultrapassava as 4.000, estando todos as vilas e cidades da ilha principal de Taiwan a funcionar no mais alto nível de alerta. As últimas medições disponíveis indicavam que a tempestade, que tem um raio de cerca de 250 quilómetros, estava a registar ventos de 190,8 quilómetros por hora e rajadas até 234 quilómetros por hora e que entraria na categoria de supertufão. A caminho de Fujian O Observatório Meteorológico Central da China emitiu ontem de manhã o seu primeiro alerta vermelho deste ano, prevendo que, depois de passar sobre Taiwan, a tempestade atingiria a província de Fujian, no sudeste do continente chinês, durante a tarde ou a noite de ontem, com o estatuto de tufão ou mesmo de supertufão. Espera-se que a tempestade se desloque em direcção a norte e que a sua intensidade diminua gradualmente. Embora o tufão não vá passar diretamente, outras regiões orientais como Guangdong, Zhejiang, Xangai e Jiangsu foram também colocadas em alerta para ventos fortes ou chuvas torrenciais.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim quer retoma das negociações entre Kiev e Moscovo No rescaldo da reunião entre os líderes das diplomacias chinesa e ucraniana, Wang Yi indica o caminho político como o único para alcançar a paz O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, assegurou ontem que Pequim vai “continuar a desempenhar um papel construtivo” na retoma das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, defendendo uma “resolução política” para um cessar-fogo. Wang reuniu ontem no sul da China com o homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, que na terça-feira se tornou o mais alto responsável ucraniano a visitar o país asiático, desde o início da guerra, em 2022. “A China considera que a resolução de todos os diferendos deve ser levada à mesa das negociações, mais cedo ou mais tarde. A resolução de qualquer litígio deve ser sempre alcançada através de meios políticos”, disse Wang, de acordo com o comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O chefe da diplomacia chinesa afirmou que “tanto a Ucrânia como a Rússia mostraram sinais de vontade de negociar a vários níveis”, embora tenha reconhecido que “as condições e o momento não são ainda os mais adequados”. Segundo um comunicado de Kiev, Kuleba destacou o papel da China como “força global para a paz” e disse que uma “paz justa na Ucrânia vai ao encontro dos interesses estratégicos da China”. “A Ucrânia quer seguir o caminho da paz, da recuperação e do desenvolvimento”, disse o ministro ucraniano a Wang Yi, durante o encontro na cidade de Cantão. “Estou convencido de que estas são prioridades estratégicas que partilhamos”. A guerra não afecta apenas a Ucrânia, mas também “mina a estabilidade internacional e o desenvolvimento de boas relações entre vizinhos, incluindo o comércio entre China e Europa”, acrescentou. Kuleba instou Wang a encarar as relações entre Pequim e Kiev sob o prisma da possível adesão da Ucrânia à União Europeia (UE). “Cada uma das nossas novas conversas é mais informativa do que a anterior. Esta é uma dinâmica muito positiva”, disse o ministro ucraniano, recordando que os dois se reuniram em Fevereiro passado à margem da Conferência de Segurança de Munique. Xadrez político Na reunião de ontem, os temas discutidos foram “as relações bilaterais, a agenda internacional e, acima de tudo, o caminho para a paz”, disse Kuleba. Segundo o comunicado da diplomacia chinesa, Wang Yi descreveu a Ucrânia como “país amigo”, reconheceu que a continuação da guerra acarreta “riscos de escalada e contágio” a outros possíveis conflitos e reiterou que a posição de Pequim tem sido “sempre” a de “promover uma solução política”. A China “apoiará todos os esforços que conduzam à paz e está disposta a continuar a desempenhar um papel construtivo para (conseguir) um cessar-fogo e o reinício das negociações de paz”, afirmou. Wang disse que o seu país “vai continuar a aumentar as importações de cereais” da Ucrânia e manifestou preocupação em relação a áreas específicas como a prevenção de riscos nucleares e a estabilidade das cadeias de abastecimento. Nos últimos meses, Kiev tem cultivado as relações com a China, na esperança de que Pequim utilize a sua influência sobre Moscovo para conter a agressão russa. No mês passado, a China recusou participar na conferência de paz na Suíça por não incluir a Rússia. Pequim, que considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos, nunca condenou a invasão russa e acusa a NATO de negligenciar as preocupações de segurança de Moscovo. Mas o país asiático também apelou, no ano passado, numa proposta de paz, ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados – incluindo a Ucrânia.
Hoje Macau Via do MeioSobre a pintura mil quilómetros de rios e montanhas de Wang Ximeng Xi Chuan, China (1963) trad. Jorge Sousa Braga As cores verdes e as cores azuis fluem juntas e formam montanhas vazias. Embora algumas pessoas caminham por elas, continuam a ser montanhas vazias, como se as pessoas que caminham por lá não tivessem rostos. Mesmo assim são pessoas. Ninguém deveria tentar reconhecer-se nessas figuras ou tentar ver as verdadeiras montanhas e águas deste mundo, nem deveria pensar em tentar obter elogios casuais de Wang Ximeng. Wang Ximeng conhece essas pequenas figuras e nenhuma delas é ele mesmo. Estas não são as suas figuras e ele não pode citar nenhuma delas pelo nome. As figuras adquirem as montanhas e as águas, assim como as montanhas adquirem a esmeralda e o lápis-lazúli, assim como as águas adquirem vastidão e barcos. O imperador Huizong contratou Wang Ximeng aos dezoito anos, sem saber que Wang morreria logo após terminar estes milhares de quilômetros de rios e montanhas. As montanhas e as águas não têm nome. Wang Ximing percebe que as pessoas sem nome são apenas figuras decorativas nas montanhas e nas águas, assim como os pássaros que voam sabem que são insignificantes para os jogos dos homens. Os pássaros encontram-se no céu. Entretanto, as pessoas que caminham nas montanhas têm os seus próprios itinerários e os seus próprios planos. Essas pequenas figuras de branco caminham, sentam-se à vontade, vão pescar, negociar, rodeadas de cores verdes e azuis, assim como hoje as pessoas de preto vão a banquetes, concertos e funerais, rodeadas de cores douradas e mais cores douradas. Estas pequenas figuras vestidas de branco nunca nasceram e, portanto, nunca morreram; tal como a utopia paisagística de Wang Ximeng, são imunes à poluição e à invasão e isso merece uma consideração cuidadosa. Assim, as pessoas que estão longe dos controlos sociais não têm necessidade de ansiar pela liberdade e as pessoas que não foram destruídas pela experiência não estão preocupadas com o esquecimento. Wang Ximeng permitiu que os pescadores tivessem um número infinito de peixes para pescar, permitiu que águas ilimitadas corressem das montanhas. Segundo ele, felicidade significa a quantidade exata de bênção para que, imersas no silêncio entre montanhas e águas, as pessoas possam construir pontes, azenhas, estradas, casas e viver tranquilamente, como as árvores que crescem nas montanhas, ao longo das margens dos rios ou ao redor de uma aldeia e das pessoas que a habitam. Ao longe as árvores parecem flores. Quando elas se agitam é o momento em que se intensifica o vento claro. Quando o vento claro se intensifica é a altura de as pessoas cantarem. Quando as pessoas cantarem é a altura de uma montanha vazia se tornar numa montanha vazia.
Hoje Macau SociedadeNave Desportiva | Exercício antiterrorista condiciona trânsito amanhã Um exercício que irá simular um ataque terrorista com armas químicas irá condicionar o trânsito amanhã à tarde nas redondezas da Nave Desportiva. Amanhã, entre as 14h e as 19h, “nas ruas circundantes à Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, nomeadamente a Rua de Ténis, a Rua da Patinagem, a Estrada Flor de Lótus e a Avenida da Nave Desportiva serão aplicadas medidas de condicionamento provisório ao trânsito”, indicaram ontem os Serviços de Polícia Unitários (SPU). O exercício, em que a Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês irá participar, simula um ataque terrorista, com recurso a armas químicas, e tomada de reféns durante de um concerto de grande envergadura. O exercício, denominado “Dragão em Espiral”, inclui cenários como “tomada de grande número de reféns, poluição química por gases, desactivação de explosivos e acções de captura de suspeitos no mar”. Num comunicado divulgado ontem, os SPU descrevem o exercício como “uma oportunidade para rever e aperfeiçoar a operabilidade dos planos específicos de combate ao terrorismo, elevando o nível profissional e a capacidade de coordenação dos agentes da linha de frente e do pessoal de socorro nas acções de resposta a ataques terroristas”.
João Luz Manchete SociedadeTufão Gaemi | Tempo quente, vento e voos cancelados Apesar da distância, o super tufão Gaemi vai afectar Macau com elevadas temperaturas hoje e amanhã, com o vento a intensificar-se e a possibilidade da ocorrência de chuvas fortes. Entretanto, foram cancelados vários voos de Macau para Taipei, Kaohsiung, Fujian e Zhejiang Apesar da trajectória da tempestade Gaemi, que se intensificava ontem para um super tufão à medida que se aproximava de Taiwan, estar longe da costa de Guangdong, os seus efeitos vão-se sentir em Macau, pelo menos, até amanhã. “Pode parecer que Gaemi está muito longe e não vai afectar Macau, mas de facto, os efeitos à ‘distância’ dos ciclones tropicais não podem ser negligenciados”, apontaram os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). As previsões de ontem previam a chegada do Gaemi a Taiwan ontem à noite, onde a sua intensidade iria diminuir antes de seguir para a zona costeira entre as províncias de Fujian e Zhejiang. Os efeitos do tufão Gaemi em Macau e a costa meridional da China vão-se sentir nos termómetros, com a subida da temperatura hoje e amanhã para valores entre 35 e 36 graus ou superiores. Além das temperaturas elevadas, os SMG alertam para a possibilidade da ocorrência de aguaceiros fortes acompanhados por trovoadas frequentes e ventos fortes. No fim-de-semana e início da próxima semana, o cenário continuará a não ser muito animador, com a previsão da costa meridional da China, incluindo Macau, ser afectada por um vale depressionário que trará aguaceiros. Porém, se o tufão Gaemi adoptar um rumo mais para sul em direcção ao interior do continente, os SMG ressalvam que este vale depressionário pode “tornar-se mais activo, assim como o vento e a chuva mais acentuados”. Ficar em terra Face à previsível subida das temperaturas, os SMG alertaram a população que trabalha ou realiza actividades ao ar livre para “evitar os períodos de temperaturas muito elevadas e beber mais água”. Entretanto, na terça-feira à noite e ontem, várias companhias aéreas, incluindo a Air Macau, cancelaram voos para Taiwan e cidades das províncias de Fujian e Zhejiang. A companhia de bandeira da RAEM cancelou quatro voos entre Macau e Taipe, nos dois sentidos, e outros dois voos que estavam marcados para partir ontem à noite para Kaohsiung. Também as Starlux e a Eva Air cancelaram voos de e para Taiwan. No seu site oficial, a Air Macau pediu aos passageiros com voos marcados para as regiões afectadas pelo tufão Gaemi entre ontem e amanhã para remarcarem as viagens.
Hoje Macau SociedadeEstacionamento | Governo sem planos para parques ao ar livre “Neste momento, não há planos para a criação de parques de estacionamento ao ar livre”, afirmou o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San numa resposta a interpelação de Ngan Iek Hang. O deputado dos Moradores questionou o Governo sobre os possíveis problemas de estacionamento durante eventos de larga escala, como o Festival de Gastronomia e as Regatas de Barcos-Dragão na zona da Torre de Macau e Lago Sai Van. O director da DSAT indicou que dependendo do local, dimensão e natureza “dos eventos de grande envergadura, os serviços competentes vão definir os diversos condicionamentos provisórios ao trânsito”. Além disso, Lam Hin San apelou ao público para usar “os transportes de ligação disponibilizados pela entidade organizadora ou transportes públicos”, de modo a minimizar o impacto no trânsito da zona envolvente e na deslocação normal dos outros residentes. O líder da DSAT referiu ainda que o Governo espera que as associações ajudem a divulgar informações relativas ao trânsito e transportes quando houver eventos de grande envergadura. Lam Hin San adiantou também que “a antiga zona de estacionamento na Estrada Governador Albano de Oliveira passará a ser, aquando do seu reordenamento, um parque de estacionamento tarifado ao ar livre” para veículos pesados. As tarifas serão semelhantes às dos outros parques de estacionamento públicos para veículos pesados, garante o responsável.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMASTV | Estação televisiva declarada falida por tribunal A notícia foi divulgada ontem. Vários trabalhadores e ex-trabalhadores temem nunca mais vir a receber os salários e subsídios em atraso. Os problemas da MASTV começaram a vir a público no início de 2019 Após anos numa situação financeira instável, a Companhia de Televisão por Satélite MASTV foi declarada em “falência”. O anúncio foi publicado ontem no Boletim Oficial, numa altura em que trabalhadores e ex-trabalhadores aguardam que a empresa ainda pague vários ordenados e subsídios em atraso, após uma condenação anterior nos tribunais locais. A notícia chegou ontem pela manhã: “Faz-se saber que […] por sentença de 16 de Julho de 2024 declarada em estado de Falência a requerida Companhia de Televisão por Satélite MASTV Limitada, com sede em Macau, no Caminho da Telesat, n.º 256, rés-do-chão, Coloane”, podia ler-se na edição de ontem do Boletim Oficial. Para os trabalhadores ex-trabalhadores que estão desde 2019 à espera de receber vários salários e subsídios em atraso, nem tudo são boas notícias e existe o risco de não receberem a totalidade do que lhes é devido. Ao HM, um ex-trabalhador da MASTV, que pediu para permanecer anónimo, afirmou que desde 2021 vários trabalhadores anteriores e actuais estão à espera que a empresa cumpra uma decisão do tribunal para pagar salários e outros subsídios em atraso. “Em 2021, os trabalhadores fizeram uma queixa colectiva junto da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais [DSAL], e, mais tarde, em tribunal foi decidido que a empresa tinha de pagar aos trabalhadores”, relatou o ex-funcionário. “Apesar da empregadora ter ficado obrigada a pagar os salários e outros direitos em prestações, só cumpriu com a primeira prestação. Todas as outras ficaram por pagar”, acrescentou. A falência abre a porta para que os actuais trabalhadores acedam ao Fundo de Garantia de Créditos Laborais, criado para assumir as dívidas perante os trabalhadores, nos casos em que as empresam entram em falência e não cumprem as suas obrigações. Todavia, o fundo só prevê o pagamento da remuneração de base dos seis meses anteriores ao fim da relação laboral, o que deixa de foram todos os subsídios, como de alojamento, alimentação, entre outros. Numa altura em que a empresa não tem cumprido a decisão dos tribunais, os trabalhadores precisam de instaurar novos processos em tribunal para receber os salários por pagar há mais de seis meses e os restantes subsídios e outros pagamentos. Nas formalidades para acederem ao Fundo de Garantia de Créditos Laborais, os trabalhadores têm recebido apoio da deputada Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). No passado, quando a situação de salários em atraso se tornou pública, foi também a deputada Ella Lei que abordou o assunto e pediu vários esclarecimentos à DSAL, que era acusada de inacção. Rendas e sede De acordo com a informação do Boletim Oficial, a falência da MASTV foi requerida por 36 companhias. Todas têm sede no 19.º andar do Edifício Centro First Nacional. As 36 empresas têm o mesmo nome em chinês, que se pode traduzir “Primeiro Internacional”, e apenas se distinguem dado que a seguir ao nome apresentam um número diferente, como acontece com as companhias “Primeiro Internacional P406”, “Primeiro Internacional P407” ou “Primeiro Internacional CV4193”. Ao que o HM apurou, as empresas estão associadas ao empresário Chan Meng Kam, e as dívidas que levaram ao processo de falência estarão relacionadas com o pagamento de rendas. A MASTV funcionou durante vários anos nos 4.º e 5.º andares do Edifício Centro First Nacional, e este seria arrendado às várias empresas. Apesar de nos anos pós-pandemia a situação financeira dos órgãos de comunicação social se ter tornado muito mais difícil em Macau, devido à queda do valor da publicidade associado à redução dos orçamentos, havendo inclusive ondas de despedimentos, os problemas da empresa são anteriores à pandemia. Os primeiros relatos das dificuldades emergiram no início de 2019, quando vários trabalhadores começaram a queixar-se de salários e subsídios com meses de atraso, inclusive junto da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).
João Luz Manchete PolíticaZhuhai | Mudanças de regras de segurança social provocam queixas Nick Lei recebeu queixas de residentes de Macau que dizem ter perdido a confiança no sistema de segurança social e seguro de saúde de Zhuhai devido às constantes alterações de critérios. Alguns residentes foram mesmo excluídos dos programas. Cerca de 50 mil residentes de Macau e Hong Kong contribuem para os sistemas de pensões e seguro de saúde de Zhuhai Desamparados e desiludidos. É desta forma que se sentem alguns residentes de Macau inscritos nos programas de segurança social e de seguro de saúde na cidade vizinha de Zhuhai, segundo um comunicado assinado pelo deputado e presidente da associação Aliança do Povo de Instituição de Macau Nick Lei. O motivo para a desilusão, prende-se com a frequente alteração dos critérios e regras de participação nos programas de apoio social destinados aos residentes de Macau nos últimos anos. No passado mês de Abril, as autoridades de Zhuhai alteraram o modelo de comparticipação no plano de pensões, que antes permitia a escolha da contribuição mensal, trimestral ou anual e permitia aos beneficiários com mais de 60 anos de idade pagarem as comparticipações mínimas (15 anos) de uma só vez para receberem a pensão. Com a alteração, o modelo de pagamento passou a ser apenas anual, e a idade mínima para receber a pensão passou para 65 anos, ou seja, quem já havia contribuído para o sistema sem ter atingido a idade para beneficiar das pensões, terá de esperar mais cinco anos. As mudanças no programa do passado mês de Abril alteram as regras que haviam sido estabelecidas no início de 2020. Baía de incógnitas Mas as alterações não ficaram por aqui. No ano passado, o Governo de Zhuhai pediu aos residentes inscritos no programa para actualizarem as suas informações pessoais relativas aos seguros médicos e planos de pensões. A mudança afastou dos programas pessoas que trabalham em Macau e no Interior da China, reservando a participação no regime de segurança social apenas quando o beneficiário não tiver um vínculo laboral. Já nesta altura, muitos residentes de Macau ficaram afastados dos planos por não cumprirem os novos critérios, aponta o deputado ligado à comunidade de Fujian. Nick Lei destacou que estas duas grandes alterações no espaço de um ano abalaram a confiança dos residentes nos programas de Zhuhai e levaram-nos a questionar se valeria a pena o registo na segurança social e seguros de saúde da cidade vizinha. “Recebemos muitas queixas de residentes sobre as mudanças consecutivas destes programas”, indicou o deputado. “Sugerimos que quando houver qualquer alteração ou actualização, sejam recolhidas antecipadamente as opiniões dos residentes de Macau, para que as políticas correspondam às expectativas dos residentes quando decidiram participar nas nestes programas sociais”, apontou. O deputado sublinhou que com a construção da Grande Baía cada vez mais residentes de Macau vivem e gozam a reforma no Interior da China, mas a incerteza quanto às regras de participação nestes programas sociais deixou os residentes preocupados. Dados oficias de Zhuhai de Janeiro deste ano, revelam que mais de 48 mil residentes de Hong Kong e Macau participam no sistema de pensões, e mais de 54 mil nos seguros de saúde.