Estudo| Número médio de filhos desejado mantém-se em queda

A expectativa de subida do número médio de filhos continua por cumprir, deixando o país à beira de uma crise demográfica

 

O número médio de filhos desejado pelos casais chineses caiu nos últimos quatro anos de 1,76 para 1,64, número ainda menor entre casais de pessoas nascidas a partir de 1990, segundo um estudo recentemente divulgado.

Os casais chineses formados por elementos nascidos na década de 90 esperam, em média, ter 1,54 filhos. A média desce para 1,48, entre aqueles que nasceram no século XXI, de acordo com o estudo, citado pela televisão estatal CCTV, e que contou com a participação da Associação Chinesa de Planeamento Familiar e do Centro de Pesquisa da População Chinesa.

O estudo reflecte uma “transição dupla” para “famílias menores” e uma “baixa taxa de fertilidade” na sociedade chinesa, que, durante o ano passado, sofreu um declínio populacional, pela primeira vez em mais de meio século.

Em Janeiro passado, o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês anunciou que o país perdeu 850 mil pessoas em 2022, numa contagem que exclui as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e residentes estrangeiros. A China encerrou assim o ano passado com 1.411,75 milhões de habitantes, registando-se 9,56 milhões de nascimentos e 10,41 milhões de mortes, detalhou a mesma fonte.

A idade média do primeiro casamento para as mulheres chinesas aumentou de 22 anos, em 1980, para 26,3, em 2020, segundo o estudo citado pela CCTV. A idade média em que as mulheres dão à luz o seu primeiro filho no país asiático é agora de 27,2 anos.

Na análise, apurou-se que cerca de 70 por cento das mulheres com menos de 35 anos pensam que a vida só está completa quando se tem filhos.

Velhos hábitos

O vice-presidente executivo da Associação Chinesa de Planeamento Familiar, Wang Peian, declarou recentemente que é preciso “flexibilizar os horários de trabalho” e incentivar os casais a “partilharem as responsabilidades na criação dos filhos”.

Desde que abandonou a política do filho único, que vigorou entre 1980 e 2016, a China tem procurado encorajar as famílias a terem um segundo ou até terceiro filho, mas com pouco sucesso. O maior custo de vida e com a saúde e educação das crianças e uma mudança nas atitudes culturais que privilegia famílias menores estão entre os motivos citados para o declínio nos nascimentos.

Os especialistas consideram que a China vai ser ultrapassada em breve pela Índia como a nação mais populosa do planeta.

Os dados divulgados pelo GNE no mês passado detalharam ainda que a população chinesa em idade activa — entre os 16 e 59 anos -, ascendeu a 875,56 milhões, representando 62 por cento da população nacional. A população com 65 anos ou mais ascendeu a 209,78 milhões, representando 14,9 por cento do total.

O país mais populoso do planeta pode assim enfrentar uma crise demográfica, com a força de trabalho a envelhecer, uma economia em desaceleração e o primeiro declínio populacional em décadas.

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