Diana do Mar PolíticaRAEM 20 anos | Deputado Sulu Sou preocupado com custos das comemorações O aumento da despesa a pretexto de comemorações como o 20.º aniversário da RAEM preocupa o deputado Sulu Sou que quer saber como vai o Governo impedir um eventual desperdício do erário público [dropcap]Q[/dropcap]uanto vai custar aos cofres públicos assinalar os 20 anos de vida da RAEM? A pergunta é do deputado Sulu Sou que, numa interpelação escrita, pede ao Governo que faculte garantias de que não haverá lugar para um eventual desperdício do erário público. Antecipando “avultadas despesas” com as múltiplas actividades a pretexto das comemorações do 20.º aniversário da RAEM, tanto por parte de serviços públicos, como de organismos autónomos, como de instituições e associações financiadas pelo Executivo, Sulu Sou entende que as contas merecem “análise” de modo a evitar um cenário de despesismo. Dado que, à luz do Orçamento para 2019, o aumento dos gastos é “transversal” a diversos serviços públicos e organismos autónomos, o deputado pede uma estimativa global sobre o montante a ser despendido para assinalar a efeméride. Neste âmbito, Sulu Sou dá exemplos concretos, como o Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos, cujo valor orçamentado sobe “drasticamente” 100 milhões de patacas (ou 131,5 por cento) para 176,5 milhões de patacas, um aumento justificado com a preparação de uma série de eventos alusivos à data redonda da transferência do exercício de soberania, a 20 de Dezembro, segundo indica o deputado. Segundo o deputado este caso não é o único, dado que o orçamento da Delegação da RAEM em Pequim também cresce 11 milhões para 33,9 milhões, ou seja, mais 50,4 por cento devido a actividades para comemorar os 20 anos da RAEM, mas também os 70 anos da República Popular da China. A lista de entidades públicas que viram o orçamento ‘engrossar’ não pára por aqui, como observa o deputado: O Fundo do Desporto vai ter mais oito milhões, devido às reparações de que vai ser alvo a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, enquanto o Instituto Cultural, cujo orçamento leva um reforço de quase 180 milhões, entre outros, por causa das obras de melhoria e de renovação no Centro Cultural e no Museu de Macau, também para eventos relacionados com o 20.º aniversário da RAEM. Pagar a dobrar A par do receio de “duplas despesas” devido “à falta de coordenação” entre serviços, o deputado coloca também a tónica no financiamento. “Como é que o Governo vai fiscalizar e garantir que a realização das actividades de comemoração do retorno pelas associações e instituições, financiadas pelo Governo, observe o princípio do não desperdício do erário público?”, questiona Sulu Sou. O deputado indagou ainda como irá o Executivo assegurar que “um mesmo projecto não seja financiado duplamente por diferentes fundos da RAEM”.
Hoje Macau SociedadeGrande Baía | 20 mil residentes de Macau pediram identidade chinesa [dropcap]E[/dropcap]m entrevista à televisão estatal CCTV, Zhang Xiaoming, director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, revelou quase 20 mil residentes de Macau pediram o cartão de identidade chinês, abrindo portas a uma vasta gama de apoios sociais. Em Hong Kong, quase 100 mil residentes pediram o mesmo documento de identificação. A “contabilidade” abrange o período temporal desde que a iniciativa foi lançada em Setembro último. Chen Jining, dirigente autárquico da cidade de Pequim, referiu que foram tratados cerca de 5,9 mil casos de autorização de residência para os residentes de Hong Kong, Macau e Taiwan em 2018 na capital chinesa, e mais de 600 talentos do exterior obtiveram direito à residência permanente na China. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, durante a cerimónia de inauguração da reunião da Assembleia Popular de Pequim, o dirigente adiantou que este ano a cidade vai empenhar-se em disponibilizar mais canais para importar talentos internacionais.
Hoje Macau PolíticaGrande Baía | Vice-PM chinês aponta final de Fevereiro para divulgar planos O vice-primeiro-ministro chinês, Han Zheng, revelou que Pequim deu luz verde para a divulgação do plano concreto do projecto da Grande Baía. Os detalhes do programa de integração devem ser conhecidos entre o final de Fevereiro e início de Março [dropcap]“N[/dropcap]enhum detalhe ou assunto, inclusive a protecção ambiental, ficará para trás neste plano que engloba tudo”. As palavras são Han Zheng, vice-primeiro-ministro chinês, citado pelo South China Morning Post. O responsável, que se debruça sobre os assuntos de Macau e Hong Kong, adiantou que foi dada luz verde para divulgação do documento oficial do planeamento do projecto da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau. Segundo uma fonte ouvida pelo jornal da região vizinha, a divulgação do plano surge na sequência “extensivas consultas aos Governos locais”. Zhang Xiaoming, director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês, adiantou que o ano passado foi marcado pelo “grande progresso” nos trabalhos de planeamento. Em entrevista à televisão estatal CCTV no sábado, Zhang declarou que chegou a altura das autoridades se focarem na implementação das políticas de integração. Para Macau estão destinados papéis bastante familiares ao abrigo da Grande Baía, nomeadamente cumprir a função de cidade de turismo internacional e de plataforma comercial com os países de língua portuguesa. Em relação às outras três principais cidades abrangidas – Hong Kong, Guangzhou e Shenzhen – cabe à outra região administrativa especial a função de centro internacional financeiro e comercial, assim como a missão de manter o estatuto de “hub” de transportes da região. Além disso, Hong Kong será a cidade na Grande Baía com a responsabilidade de assegurar serviços de comércio, finanças e logística para mercados “premium”. Guangzhou ocupará o papel da principal cidade nacional do interior, enquanto Shenzhen terá a seu cargo a inovação tecnológica. Quando e o quê No que diz respeito a datas concretas para a divulgação do plano, o South China Morning Post aponta o dia 21 de Fevereiro como uma possibilidade forte, ou antes das reuniões anuais das mais altas esferas legislativas e consultivas chinesas marcadas para 5 de Março. Os detalhes que se aguardam são fruto da resolução de um mar de problemas técnicos, nomeadamente em questões jurídicas devido às discrepâncias entre os três ordenamentos jurídicos. Como tal, no final de Novembro, Sónia Chan mencionou a cooperação judicial no âmbito da Grande Baía. “Num primeiro passo, queremos fazer uma comunicação entre Guangdong, Hong Kong e Macau em matéria judicial. No futuro, quando for divulgado o planeamento da Grande Baía, e se for necessário o nosso apoio a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça vai proceder à revisão dos regimes em termos de colaboração judiciária”, frisou a secretária para a Administração e Justiça. Independentemente do que ficou firmado entre as regiões administrativas especiais e as cidades de Guangdong, Zhang Xiaoming entende que de acordo com as novas circunstâncias, Hong Kong e Macau vão manter os seus estatutos e posições intactas. Exemplo japonês O projecto da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau tem sido inúmeras vezes comparado a Silicon Valley. No entanto, a inspiração para a iniciativa parece estar a oriente, nomeadamente na Área da Baía de Tóquio. Aproveitando o momento de alívio nas tensas relações com o Japão, os principais actores políticos da região preparam uma visita oficial à capital nipónica em Abril. A novidade foi adiantada ao South China Morning Post por Jonathan Choi Koon-shum, presidente da Guangdong – Hong Kong – Macao Bay Area Entrepreneurs Union, que está a preparar um fórum de intercâmbio onde vão participar Chui Sai On, Carrie Lam e Ma Xingrui, Governador da província de Guangdong.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno aprova primeira licenciatura em medicina do território É no sector privado, e não no público, que nasce a primeira licenciatura em medicina de Macau. De acordo com um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau está autorizada a operar o curso que terá a duração de seis anos. Contudo, alguns profissionais do sector questionam a qualidade e eficiência do curso [dropcap]L[/dropcap]eituras de medicina obrigatória, bio-medicina e sistema respiratório, preparação de proficiência clínica, linguagem e técnicas de comunicação e medicina alternativa. São estas algumas disciplinas que fazem do currículo da primeira licenciatura em medicina do território, que irá funcionar na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa). A licenciatura terá a duração de cinco anos, com mais um ano de estágio. A formação em medicina surge, assim, antes do projecto da Academia Médica, uma ideia que está actualmente em estudo no Conselho para os Assuntos Médicos e que foi anunciado por Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Quem está contente com esta aprovação é Chan Iek Lap, médico pediatra, mas também deputado eleito pela via indirecta pelo sector profissional. “No passado, numa sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), onde esteve presente o Chefe do Executivo, sabia que a MUST tinha apresentado o pedido para ter uma licenciatura em medicina há cerca de três anos e que, nessa altura, continuava sem resposta do Governo. Aí fiz a questão ao Chefe do Executivo [Chui Sai On] e obtive uma resposta positiva”, frisou. Chan Iek Lap confessou ao HM que tem vindo a acompanhar este dossier e espera “que a universidade possa aproveitar esta oportunidade e empenhar-se bem nos trabalhos de criação da Faculdade de Medicina, para responder às expectativas da população”. O deputado estima que a MUST demore entre três a cinco anos até receber os primeiros alunos, uma vez que terão de ser recrutados professores de diferentes áreas para constituir o corpo docente do curso. As previsões de Chan Iek Lap parecem, no entanto, estar erradas, uma vez que, de acordo com um comunicado divulgado pela MUST apenas em língua chinesa, a universidade espera receber o primeiro grupo de estudantes já em Setembro, ainda a tempo de ingressar no ano lectivo 2019/2020. Chan Iek Lap disse ainda compreender que este curso surja primeiro no ensino superior privado, deixando para segundo plano o projecto público anunciado por Alexis Tam. “O alvo de alunos [que a MUST e a Academia Médica] vão receber é bem diferente. A Faculdade de Medicina da MUST vai receber finalistas de cerca de 70 escolas secundárias de Macau. Se calhar, no início, recebe 50 alunos, e depois recebe cerca de uma centena, ou mais. Serão necessários professores e a construção de um edifício, além de ser necessário também alargar as áreas da MUST. Não se tem coragem para fazer tudo isso antes do pedido ser aprovado pelo Governo”, explicou ainda. Os que criticam Rui Furtado, ex-presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau, questiona a rentabilidade e idoneidade da nova licenciatura. O médico, a exercer no privado, depois de anos a trabalhar no Centro Hospitalar Conde de São Januário, chega mesmo a defender que seria melhor estabelecer parcerias com universidades em Hong Kong para que os alunos de Macau estudassem lá medicina. “Vão fazer o curso na MUST, e do que conheço do hospital universitário não tem condições para o fazer, mas pode ser que as criem. Continuo a achar que era muito mais fácil criar condições para as pessoas fazerem a licenciatura em Hong Kong, era reconhecida a idoneidade dos cursos e as pessoas de Macau ficavam mais bem servidas.” Rui Furtado acrescenta ainda que se este curso “não vale a pena” se servir apenas como resposta aos alunos de Macau. “Para o número de pessoas que irá fazer o curso, não estou a ver como vão fazer. Um curso de medicina tem necessidades que não são iguais a um curso de direito ou de gestão. Tem de ter uma base técnica e um hospital reconhecido e idóneo, e depois tem de ter a possibilidade de dar os cursos nos anos clínicos.” O médico destaca a necessidade de existirem doentes com patologias diversificadas para que os alunos possam ter experiência com diferentes diagnósticos. “Não vejo isso numa população como a de Macau. Mas vamos ver como vão organizar isso.” O sexto ano será de estágio, e para Rui Furtado a maior questão não é onde ele será realizado. “O problema dos estágios é que não são mais do que medicina tutelada, e quando as pessoas os vão fazer já tiveram uma parte prática que lhes permite fazer essa medicina tutelada. O meu problema são os anos clínicos.” Fernando Gomes, presidente da Associação dos Médicos dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), confessou ao HM que este curso será “um sorvedouro de dinheiro”. “Temos é de formar mais especialistas. Todos os anos são formados médicos fora de Macau e esses podem sempre regressar. Porque se vai então criar um curso de medicina? Para mim é um sorvedouro de dinheiro, ponto final. Quantas pessoas vamos formar por ano? Em quatro ou cinco anos vai-se esgotar a procura por esse curso em Macau.” Para Fernando Gomes, o problema não está no local em que é estabelecida a licenciatura. “Pode ser na MUST ou na Universidade Cidade de Macau. Não temos médicos referenciados como professores, implica muito dinheiro. E ao fim de quatro ou cinco anos a procura está esgotada.” Rui Furtado defendeu também que os SSM não têm capacidade para administrar cursos numa academia médica. “O importante desta licenciatura é que ela tenha qualidade. Não me choca [que seja primeiro criado o curso no privado], porque o projecto público deve ter condições que a Administração não tem. Não estou a ver como é que o sector público o iria fazer.” Academia em standby Uma das últimas reuniões do Conselho para os Assuntos Médicos aconteceu em Julho do ano passado. À altura foi garantido que a futura Academia Médica será “uma instituição de formação, subordinada ao subsistema da direcção dos SSM”. “Como ainda não existe o regime de inscrição de médicos especialistas, os finalistas dos cursos de formação que serão administrados pela Academia Médica apenas possuem qualificação profissional, não podendo exercer actividades como médico especialista”, explicam os SSM em comunicado. Além disso, “estes médicos só poderão exercer a profissão de médico especialista após solicitarem a inscrição de médico especialista aos SSM quando estiver aprovado o Regime Legal da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde.” Actualmente, este diploma encontra-se a ser analisado pelos deputados na especialidade. No futuro, a Academia Médica “será responsável por definir e publicar formação especializada, provas e critérios de acreditação de qualificação, bem como apreciar o reconhecimento dos primeiros académicos que sejam formadores”. A academia terá um conselho profissional, com funções de órgão decisório, que inclui quatro faculdades: a de Medicina Interna (com um total de 18 especialidades), Cirurgia (com 13 especialidades), Faculdade de Medicina Comunitária (com três especialidades), e Faculdade de Medicina de Suporte, com a inclusão de seis especialidades, como patologia clínica, medicina legal e medicina nuclear, entre outras.
Hoje Macau Sociedade‘Chefs’ de cidades criativas da UNESCO juntos em demonstração culinária em Macau [dropcap]M[/dropcap]acau vai acolher, no próximo fim de semana, uma demonstração culinária ao ar livre protagonizada por mais de 30 ‘chefs’ de 20 cidades criativas da UNESCO, anunciou hoje o Instituto Cultural (IC). O evento é um dos destaques do “Fórum Internacional de Gastronomia”, que se realiza no território entre os dias 19 e 21 de Janeiro, dando a conhecer ao público “as novas gerações de artes culinárias das diferentes geografias”, indicou o IC em comunicado. Enquanto anfitrião, Macau irá realizar cinco demonstrações culinárias, conduzidas por três ‘chefs’ locais. Além de Macau também estarão representadas no evento cidades do interior da China, Coreia do Sul, Japão, Tailândia, Turquia, Espanha, Noruega, Suécia, Itália, Colômbia, México, Brasil, Panamá e Estados Unidos. As demonstrações têm lugar no próximo sábado e domingo, no espaço Anim’Arte Nam Van. Macau entrou para a Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) na área da Gastronomia em 31 de Outubro de 2017, tornando-se na terceira cidade na China, a seguir a Chengdu e Shunde, a conquistar tal feito. Após o reconhecimento, foi lançado no início de 2018 o “Ano da Gastronomia de Macau”, uma iniciativa inserida num plano a quatro anos para “forjar uma Cidade Criativa” à boleia da designação recém-atribuída. Realizado pela primeira vez em 2016, quando Macau preparava a candidatura à Rede de Cidades Criativas de Gastronomia da UNESCO, o Fórum Internacional de Gastronomia pretende ser “uma plataforma de relevo para intercâmbio e exploração de iniciativas de colaboração entre Macau, outras Cidades Criativas de Gastronomia, profissionais e académicos do ramo”.
Hoje Macau EventosMiguel Gonçalves Mendes pede ajuda financeira a Macau para acabar filme [dropcap]O[/dropcap] cineasta português Miguel Gonçalves Mendes tem vindo a promover uma campanha de recolha de fundos para concluir o seu mais recente projecto, “Sentido da Vida”, tendo alargado esse pedido de apoio a Macau. “Neste momento, e ao fim de seis anos de filmagens, encontro-me a terminar o filme ‘O Sentido da Vida’, cuja acção também se desenrola em Macau e [aborda] a nossa relação com a lusofonia. Contudo, a nossa situação financeira é tão delicada que criamos uma plataforma de financiamento colectivo para tentar concluir o filme”, escreveu em comunicado. A campanha de recolha de fundos termina a 18 de Fevereiro e visa angariar 350 mil euros (cerca de três milhões de patacas), montante que “permitirá concluir a edição e a pós-produção do filme”. No total, o “Sentido da Vida” custa 1,8 milhões de euros (cerca de 16 mil milhões de patacas). A produtora JumpCut, responsável pelo filme, propõe contrapartidas para aqueles que se disponham a apoiar financeiramente o projecto. “Independentemente do valor escolhido para financiar a obra, todos terão a oportunidade de dar a cara num frame do filme por 10 euros (92 patacas). Para tal, bastará enviar uma foto. Existem ainda contributos especiais para estudantes, com acesso a um workshop leccionado pelo realizador sobre o género documentário biográfico.” “O Sentido da Vida” foca-se na história real de Giovanne Brisotto, “um jovem brasileiro com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF, vulgarmente conhecida como Paramiloídose ou Doença dos Pezinhos), uma doença incurável, de origem portuguesa, que foi espalhada pelo mundo durante o período das grandes navegações”. No filme, “Giovane dá uma volta ao mundo, de mais de 56 mil quilómetros, desembarcando na Índia e estabelecendo depois a rota que se pensa ter sido a da primeira viagem a disseminar a doença. Segue até Macau e, depois, para o Japão, numa jornada onde ambiciona perceber qual, afinal, ‘O Sentido da Vida’”. Ao mesmo tempo, o filme acompanha sete histórias de oito figuras públicas portuguesas, “estabelecendo uma constelação de personagens que nos faz questionar até que ponto seremos mais parecidos aos heróis que admiramos e qual a diferença entre a imagem pública e privada num mundo em rede e em constante processo de aceleração”. Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário “José e Pilar” sobre José Saramago, tendo este projecto sido produzido pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar e Fernando Meirelles. O cineasta português é também autor do documentário sobre o poeta e pintor Mário Cesariny, intitulado “Autografia”.
Hoje Macau EventosBanda portuguesa Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos este domingo [dropcap]N[/dropcap]uma madrugada de Janeiro de 1979, e em minutos, apresentou-se pela primeira vez ao vivo uma das mais duradouras bandas rock portuguesas. Os Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos no domingo. A data de aniversário serviu para assinalar o nascimento oficial dos Xutos & Pontapés, que aconteceu a 13 de Janeiro de 1979 no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa, numa noite em que tocaram quatro músicas em pouco mais de cinco minutos. Na altura, o grupo, que chegou a chamar-se Delirium Tremens e depois Beijinhos e Parabéns, integrava os jovens Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel, influenciados pelo punk-rock que entrava em força na cena musical estrangeira. Quarenta anos depois, o grupo persiste na música portuguesa – já sem Zé Pedro e sem Zé Leonel -, com mais de uma dezena de álbuns e muitas canções que servem de âncora para um clã do rock com milhares de fãs de várias gerações. Para festejar a data redonda, os Xutos & Pontapés editam um novo álbum, “Duro”, que sairá no dia 25, coincidindo com um concerto no espaço Lisboa ao Vivo. A 1 de Fevereiro apresentam-no no Hard Club, no Porto. Este é também o primeiro álbum que Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui editam sem o guitarrista Zé Pedro, que morreu em 2017, mas o registo incluirá gravações feitas ainda por este músico. Musicalmente, “Duro” deverá ser de rock mais pesado, como resposta ao registo anterior, “Puro”, de 2014, como contou o baixista e vocalista Tim e o guitarrista João Cabeleira em 2018 à agência Lusa. Aos fãs, a banda explica que o álbum “Duro” é “um legado de perseverança e persistência, de luto e de alegria, de ansiedade e calma”.
Hoje Macau China / ÁsiaEncontrada caixa negra que regista o áudio da cabine do avião que caiu na Indonésia [dropcap]A[/dropcap]s autoridades indonésias anunciaram ontem que localizaram a caixa negra que registra que regista o áudio da cabine do avião da Lion Air, que caiu na Indonésia em Outubro, matando 189 pessoas. “Recebemos a confirmação esta manhã do presidente do Comité Nacional de Segurança nos Transportes”, disse o vice-ministro do Mar, Ridwan Djamaluddin, aos jornalistas. Restos humanos também foram descobertos no mesmo local onde as equipas de investigação encontraram o equipamento que regista o áudio na cabine, acrescentou Djamaluddin. Se caixa negra que registra as conversações entre os pilotos não estiver danificada, poderá fornecer informações adicionais valiosas para os investigadores. Uma das caixas negras, a que colige os dados do voo, foi encontrada pouco depois do acidente que mostrou que o indicador de velocidade do avião havia apresentado defeitos nos últimos quatro voos do avião da Lion Air antes de este cair no Mar de Java. O director do Comité Nacional de Segurança nos Transportes, Soerjanto Tjahjono, indicara já que os sensores do Boeing 737 MAX 8 que calculam o ângulo de ataque registaram uma diferença de 20 graus entre os dois lados do avião durante o voo anterior ao do acidente, entre Denpasar e Jacarta. O ângulo de ataque de um avião é o ângulo que se forma entre a asa e a direcção do ar que incide sobre esta e é um parâmetro que influencia a capacidade do avião em se manter no ar. O voo JT610 da companhia Lion Air caiu no mar 13 minutos depois de descolar de Jacarta com destino a uma ilha vizinha e logo após o piloto pedir para regressar ao aeroporto na capital indonésia, no dia 29 de Outubro.
Hoje Macau EventosBiografia de Leonard Cohen e segundo volume de “Eliete” nas novidades da editora Tinta-da-China [dropcap]U[/dropcap]ma biografia de Leonard Cohen, ilustrada com fotografias e documentos, uma edição fac-similada da revista “Persona”, dedicada a Fernando Pessoa, e a segunda parte do romance “Eliete”, de Dulce Maria Cardoso, marcam as novidades da editora portuguesa Tinta-da-China para este ano. A editora vai lançar uma caixa de colecção, reunindo edições fac-similadas dos 12 números da mítica revista publicada entre 1977 e 1985, dedicada a Fernando Pessoa, que inclui textos de autores como Eugénio de Andrade, Agustina Bessa Luís, Eduardo Prado Coelho, Ana Hatherly, Eduardo Lourenço, Vasco Graça Moura, Jorge de Sena e Mário Cesariny. Esta edição, que é uma parceria com a Casa Fernando Pessoa, inclui ainda um caderno original, com textos de Arnaldo Saraiva e Jerónimo Pizarro. Outra das novidades da Tinta-da-China é o lançamento de “I’m Your Man: A vida de Leonard Cohen”, por Sylvie Simmons, “a monumental biografia, profusamente ilustrada com fotografias e documentos, do músico e poeta de culto desaparecido em 2016”, segundo a editora. A Tinta-da-China vai ainda publicar “Mapas”, de John Freeman, o primeiro livro de poesia deste norte-americano, que foi editor da Granta em língua inglesa durante vários anos e responsável pela revitalização da revista literária. Na Colecção de Poesia dirigida por Pedro Mexia, os destaques da editora vão para “A Musa Irregular – Edição aumentada”, de Fernando Assis Pacheco, que reúne toda a sua produção poética, “Retratos com Erro”, novo livro de Eucanaã Ferraz, considerado um dos maiores poetas contemporâneos da língua portuguesa, publicado imediatamente após a edição brasileira, e “Câmera Lenta e Outros Poemas”, de Marília Garcia, que lhe valeu o Prémio Oceanos 2018 e que estava apenas publicado no Brasil. Na mesma colecção será ainda lançado “Ideas of Order” (no título original), uma das obras seminais de Wallace Stevens, poeta de língua inglesa, traduzido por Pedro Mexia. No que respeita à ficção, a Tinta-da-China prepara-se para publicar a segunda parte da história de Eliete, de Dulce Maria Cardoso, cujo primeiro volume foi lançado em 2018, e uma antologia de contos de Sérgio Sant’Anna, organizada pelo escritor Gustavo Pacheco, a partir dos vários livros do autor, e nunca antes publicada. Outra novidade na área do romance é o início da publicação da obra de Emmanuel Carrère, que se inicia com a reedição, em nova tradução, de “O adversário”, obra que consagrou o autor, a que se seguirá “o monumental” “O Reino”. Durante este ano será também editado um volume de contos do autor catalão que a Tinta-da-china tem vindo a publicar desde 2007, Jaume Cabré, intitulado “Quando a penumbra vem”. Na Colecção Pessoa, dirigida por Jerónimo Pizarro, será publicada a primeira biografia inglesa de Fernando Pessoa, com o título “Fernando Pessoa, the Poet with Many Faces: a biography and anthology”, de Hubert D. Jenings. “Escrito na década de 1970, o livro deveria ter sido impresso em 1974, mas a Revolução dos Cravos interrompeu os planos editoriais. O datiloscrito, encontrado numa garagem em Joanesburgo, na África do Sul, e colocado à guarda da Universidade de Brown (EUA), é agora enfim publicado, numa edição de Carlos Pittella, que selecionou os poemas que compõem a antologia apensa”, explica a Tinta-da-China. Na Coleção de Literatura de Viagens, dirigida por Carlos Vaz Marques, destacam-se “Cinco travessias do inferno”, de Martha Gellhorn, correspondente de guerra, que partilha as suas cinco “melhores viagens de terror”, e “O Uso do Mundo” (título provisório), obra de Nicolas Bouvier, que relata uma viagem de longos meses entre os Balcãs e o Afeganistão, nos anos 50. Ainda no âmbito da literatura de viagens, a editora publicará “Uma Estranha no Comboio” (título provisório), de Jenny Diski, no qual a escritora britânica, nunca antes publicada em Portugal, parte da sua longa viagem de comboio pelos Estados Unidos para contar todo o tipo de episódios insólitos que viveu e encontros que teve com figuras bizarras. Relativamente a ensaios, a Tinta-da-China vai apostar num livro sobre a história da expansão portuguesa “contada às avessas”: não do ponto de vista da metrópole, mas sim do ponto de vista daqueles que partiram e se instalaram nas margens do império português. Intitulado “Filhos da Terra: Identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa” é escrito pelo historiador António Hespanha. O outro ensaio a ser publicado é assinado por Fernando Rosas e, sob o título “Salazar e os Fascismos”, debruça-se sobre os fascismos que têm vindo a recair sobre o mundo, examinando e comparando os vários fascismos que grassaram na Europa ao longo do século passado e as ameaças que se fazem sentir no século XXI.
Hoje Macau China / ÁsiaDesmoronamento em mina de carvão na China causa 21 mortos [dropcap]O[/dropcap] número de vítimas mortais após a derrocada do tecto numa mina de carvão na província de Shaanxi, no noroeste da China, subiu de 19 para 21, informaram autoridades citadas pela agência de notícias Xinhua. As equipas de resgate encontraram os corpos dos dois mineiros que permaneciam presos no subsolo. O acidente aconteceu na tarde de sábado na mina de carvão de Lijiagou, na cidade de Shenmu, explorada pela empresa Baiji Mining Co., Ltd. Naquele momento, 87 pessoas estavam a trabalhar no subsolo. As autoridades indicaram que foi aberta uma investigação para apurar a causa do acidente.
Hoje Macau China / ÁsiaCrescimento do comércio externo chinês recua em período de disputas com EUA [dropcap]O[/dropcap] ritmo de crescimento do comércio externo da China desacelerou, em 2018, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa, numa altura de crescentes disputas comerciais com Washington e de queda na procura global. Segundo dados das alfândegas da China hoje divulgados, as exportações subiram 7,1%, depois de terem aumentado 7,9%, em 2017. As importações avançaram 12,9%, após um aumento de 15,9%, no ano anterior. A desaceleração pressiona Pequim a resolver as disputas comerciais com os Estados Unidos, suscitadas pelas ambições do país asiático para o sector tecnológico. O ritmo de crescimento das exportações da China para os EUA não recuaram até ao final de 2018, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter aumentado as taxas alfandegárias sobre cerca de metade das importações oriundas da China. Analistas consideram, no entanto, que as encomendas devem cair drasticamente a partir deste ano.
Hoje Macau China / ÁsiaCompanhia aérea vendeu por erro bilhetes de Portugal para Hong Kong por cerca de mil dólares [dropcap]A[/dropcap] companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific vendeu voos entre Portugal e a região administrativa especial, em primeira classe, por cerca de mil dólares, repetindo um erro de sistema que já tinha acontecido há duas semanas. A escala do voo era em Londres. “Estamos à procura da causa deste incidente tanto interna como externamente com os nossos vendedores”, disse um porta-voz da empresa ao jornal da China. Os clientes que conseguiram esta tarifa – cerca de dez vezes abaixo do normal – são “um número muito pequeno de pessoas”, afirmou a mesma fonte. Na noite de Ano Novo, dezenas de viajantes também compraram bilhetes a preços muito baixos entre o Vietname e a América do Norte. A empresa teve um ano de 2018 difícil, com perdas de 33 milhões de dólares no primeiro semestre, já que enfrenta uma concorrência cada vez maior das empresas chinesas, com preços agressivos. A Cathay também foi vítima de um gigantesco caso de violação de dados, admitindo no final de Outubro que 9,4 milhões de passageiros foram atingidos. Os piratas informáticos acederam a dados pessoais, como datas de nascimento, números de telefone e passaportes.
João Santos Filipe PolíticaMembros do CCPPC querem construir Centro de Educação Nacional em Macau [dropcap]L[/dropcap]iu Chak Wan, Ma Iao Lai e Leong Wa, na condição de membros permanentes do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) defendem a construção de um “complexo de larga escala” dedicado à educação nacional dos alunos. A ideia dos empresários, revelada na sexta-feira depois de um encontro com o Chefe do Executivo, tem como objectivo criar um espaço onde as escolas possam levar os alunos para educá-los sobre a pátria. Na sexta-feira passada, Chui Sai On reuniu-se com os membros de Macau do CCPPC para receber o relatório dos trabalhos efectuados em 2018. O encontro contou com a presença da irmã de Ho Iat Seng, Ho Teng Iat, na condição de vice-presidente do Comité de Ligação Com Hong Kong, Macau Taiwan e Chineses Ultramarinos, e ainda de Chui Sai Cheong, coordenador-Adjunto da Comissão Económica da CCPPC. O relatório de 2018 visou a educação patriótica no ensino não-superior e é nesse sentido que é sugerida a criação de um centro de educação nacional “de larga escala”, de acordo com comunicado do Gabinete de Comunicação Social. “Liu Chak Wan afirmou que a conclusão do relatório é globalmente positiva, reconhecendo os trabalhos do Governo […], salientou que no documento é observada a possibilidade de o Executivo fazer uma melhor coordenação no âmbito dos recursos existentes, propondo-se a construção de um complexo de larga escala dedicado exclusivamente à educação nacional, que possa ser usado por todas as escolas do território”, é revelado no documento. De acordo com a informação avançada, o relatório teve por base mais de 2.000 questionários respondidos por alunos do ensino primário e secundário, assim como com os pais. Foram também feitas entrevistas a escolas, professores, associações educativas e de juventude. O comunicado refere ainda que Chui Sai On não se comprometeu com eventuais acções, mas recordou que as conclusões dos relatórios anteriores foram sempre tidas como referências para a governação e que as conclusões vão ser reencaminhadas para os serviços competentes. Os membros do CCPPC e o Governo comprometeram-se ainda a sensibilizar a sociedade para a “educação cívica e a sua importância, bem como sobre a herança do valor central de ‘amor pela Pátria e por Macau’”.
Hoje Macau China / ÁsiaHuawei | Despedido funcionário detido na Polónia por espionagem [dropcap]O[/dropcap] gigante de telecomunicações Huawei despediu o seu funcionário chinês detido na Polónia por suspeita espionagem, num comunicado citado pelo Global Times. O grupo explicou que “decidiu rescindir imediatamente o contrato com Wang Weijing” uma vez que “este incidente teve efeitos nefastos sobre a reputação mundial da Huawei” e disse que respeita as leis dos países em que opera. “A Huawei sempre respeitou as leis e regulamentos em vigor no país onde está localizada (…) e exige que todos os funcionários cumpram as leis e regulamentos do país”, afirmou o grupo chinês, no comunicado, em que acrescentou que Wang Weijing foi preso por “motivos pessoais”, sem mais detalhes. Segundo informações prestadas na sexta-feira pelas autoridades polacas, um empresário chinês e um outro polaco, ambos funcionários de “uma grande empresa de electrónica”, foram detidos, na terça-feira, por acusação de espionagem a favor do governo chinês, podendo enfrentar uma pena até dez anos de prisão. Os média polacos e chineses apontaram então os dois empresários como sendo funcionários da Huawei. Uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou a “grande preocupação” com este caso e diz que já pediu ao governo polaco um “tratamento justo, de acordo com a lei, e a protecção efectiva” do empresário.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasEmigração de menores chineses [dropcap]O[/dropcap] Procurador Júlio Ferreira Pinto Basto enviou o seguinte ofício ao secretário-geral do governo de Macau, Sr. Henrique de Castro: Até essa data estava estabelecido deixá-los emigrar, quando nos exames a que aqui se procedia, mostravam espontaneidade e prestando a pessoa que os apresentava fiança idónea para qualquer reclamação, a haver sobre os menores depois de embarcados. Era também anteriormente à citada data esta emigração quase diminuta. Começou a aumentar este ano e com esse aumento, como era natural, tentaram-se os abusos que motivaram a minha informação no já citado ofício. Desde essa data regularizou-se este serviço merecendo sempre a minha vigilante atenção, e parece-me poder asseverar a V. S.a que algum abuso, que por ventura tivesse havido, anteriormente, ficou completamente extirpado. Só se aceitam emigrar menores depois de cabalmente averiguada a sua espontaneidade, e que a pessoa que os apresenta é seu pai ou mãe, e no caso de orfandade a pessoa que os representa, devendo esta ser tio ou irmão maior. Para se chegar a este conhecimento empregam-se os meios seguintes, que me parecem profícuos. Isolado o menor em casa separada da pessoa que o apresenta é-lhe perguntado o seu nome, idade, naturalidade, profissão, o modo por que veio a Macau, o nome da pessoa que o apresenta, o seu modo de vida, a terra em que vivia e muitas outras coisas neste sentido. São escritas as respostas que o menor dá a cada pergunta. Em seguida fazem-se à pessoa que o apresenta as mesmas perguntas que a este e devem as respostas combinar exactamente, sem que o que se não aceita o menor a emigrar. Tanto a pessoa que apresenta o menor como a que o contrata prestam fianças idóneas. A primeira responsabilizando-se por alguma reclamação que por ventura possa ainda haver por parte de algum outro parente do menor, e a segunda por que as estipulações do contrato sejam fielmente observadas pelo patrão do menor. Os contratos são em triplicado sendo entregues um ao menor, outro à pessoa que o engaja e o terceiro remetido à essa secretaria para ser enviado ao cônsul português no país onde o menor se destina, para tomá-lo debaixo da sua protecção e vigiar que sejam observadas as cláusulas ali estipuladas. O contrato garante ao menor um salário mensal de $4 durante 8 anos, uma educação moral e religiosa, assistência médica e ser empregado apenas como criado de casa. Desde o 1.º de Janeiro até ao último de Julho do corrente ano tem emigrado por esta repartição 97 menores. Sendo 15 para Havana e 82 para o Perú, contando neste último número 11 raparigas. Por informações colhidas nesta repartição de chineses vindos do Perú e Havana consta que estes menores são ali muito bem tratados, sendo-o alguns como filhos dos seus patrões. É costume entre os chineses venderem e mesmo darem os seus filhos, quando se vêem sem meios: e por isso não deve admirar que os próprios pais os venham apresentar a emigrar. Debaixo deste ponto de vista a emigração dos menores bem fiscalizada e regulada, como se acha actualmente, é altamente moral e civilizadora. O pai, que iria sacrificar o filho a uma escravidão perpétua vendendo-o, dá-lhe a liberdade e a fortuna contratando o seu serviço sob condições vantajosas. Geralmente são admitidos a emigrar a terça parte dos menores, que aqui são apresentados, e que se propõem emigrar. Os que deixam de emigrar são rejeitados geralmente porque a incoerência ou contradição das respostas dadas pelo menor e pela pessoa que o apresenta, faz suspeitar que ela seja um falso parente e um embusteiro. A pessoa que vem contratar os menores apenas paga pelo serviço que se faz nesta repartição cinquenta avos ao escrivão, que faz o termo de fiança, além do selo de duzentos réis por cada contrato que é pago na fazenda e o respectivo registo.” Como o serviço fora montado na Procuratura dos Negócios Sínicos de Macau exclusivamente pelo Procurador Pinto Basto, pergunta este se merece aprovação. Pelo secretário do Governo, o Governador respondeu no dia seguinte dizendo aprovar provisoriamente o modo como é regulado esta emigração limitada e excepcional. Receitas da emigração “Se um navio estrangeiro vem à China buscar trabalhadores, o número que cada navio há-de transportar é fixado de um modo determinado, e o aliciador de culis faz um contrato, marcando-se dia certo para a saída do navio, devendo nesse dia estar preenchido o número. Quando o aliciador tem já celebrado o seu contrato, vai procurar em cada aldeia e cada distrito um aliciador subalterno, e faz com ele outro contrato. Cada aliciador subordinado deve fornecer um número certo de culis, segundo o tempo fixado no seu contrato. Se no dia designado se passar sem que o aliciador apresente o número de culis a que se comprometeu, exige-se do principal aliciador o pagamento do dinheiro pela carta de fretamento do navio, pelas despesas feitas com arroz e mais alimentos, e por qualquer dinheiro que adiantadamente possa haver recebido, bem como os competentes juros por cada parcela das despesas. Então o principal aliciador vai ter com o seu subordinado para que o indemnize.” Exige ser ressarcido, obrigando-o “a desfazer a sua casa e a dissipar o seu património, vendendo mulheres e filhos, e além disso a suprimir a diferença que faltar.” Assim quando o tempo urge, inventa ardis, “Ou emprega drogas que os tornam insensíveis, ou usa de dolo, ou à força rouba os culis. Põe em prática toda a sorte de malefícios e repete-os indefinidamente. Tem pressa de completar o número e de acabar com a sua responsabilidade. É levado a isso pela força das circunstâncias”, segundo Andrade Corvo no seu Relatório e Documentos, a fonte de grande parte do que apareceu escrito nos artigos anteriores. Os documentos consulares de 1872 referem terem partido de Macau 33 navios com 13.476 colonos, morrendo na viagem 625 e em 1873, 24 barcos transportaram 13.918, chegando menos 645. As receitas do governo de Macau resultantes da emigração eram entre outras, por cada colono $1 por passaporte e meia pataca por contrato. A 24/10/1872, o Rei aceitou o acordo feito pelo Governador com os agentes da emigração, a substituir por um só imposto (3,5 patacas) algumas das verbas das licenças pagas por estes. Da Superintendência da emigração chinesa de Macau, em 1872 foram enviados 21.854 chineses às autoridades de Cantão a fim de serem repatriados para as suas terras de origem. Pelas ruas de Macau, só em 1873 foram encontrados 292 mortos, sendo a maioria culis inválidos provenientes dos depósitos, que eram abandonados em vez de serem repatriados.
João Santos Filipe DesportoTransferências | Pang Chi Hang reforça Chao Pak Kei [dropcap]O[/dropcap] extremo Pang Chi Hang assinou pelo MUST Chao Pak Kei, optando por colocar um fim à ligação que tinha com o Benfica de Macau. A notícia foi confirmada pelo atleta de 25 anos, ao HM, e pelo proprietário da equipa, Stephen Chow. “Sim, posso confirmar que mudei. Não foi por nenhuma razão em particular. Mas senti que estava na altura de ter uma mudança na carreira”, disse Pang, ao HM. “Agora vou dar 100 por cento pelo Chao Pak Kei e temos de pensar em jogar para ganhar o campeonato”, acrescentou. Por sua vez, Stephen Chow deixou grandes elogios ao novo atleta da formação. “É um jogador fantástico, sem dúvida que está no topo dos jogadores em Macau. Estamos muito contentes por contar com ele na nossa equipa”, afirmou, em declarações ao HM. Esta é mais um troca que fragiliza os pentacampeões, depois de outras saídas como de Carlos Leonel, Hugo Silva, Edgar Teixeira e Yuri. Mesmo assim, Stephen Chow não descarta o favoritismo das águias para a vitória final na competição. “É muito cedo para se poder dizer que o Benfica vai ficar mais fraco e que isso se vai notar. Têm muitos jogadores com muita qualidade”, indicou. Como exemplos referiu o guarda-redes Batista e o lateral Vítor Almeida. Sobre um eventual favoritismo ao título do MUST C.P.K., o dirigente diz que a equipa vai entrar a pensar em vencer, mas nega ser o principal favorito. “É muito cedo para dizermos que somos os principais favoritos, até porque a época ainda nem começou. Mas vamos para participar, como de costume, para ganhar”, apontou. “Posso dizer que estou muito feliz com a nossa posição. Temos um plantel com muita qualidade”, reconheceu.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Arranque no dia 23 com o encontro entre Sporting e Hang Sai O campeonato começa numa quarta-feira, no Canídromo, e nesse dia o Benfica de Macau tem pela frente o Ka I. Mas os jogos às 19h00 dos dias da semana deixam equipas e jogadores em dificuldades [dropcap]O[/dropcap] encontro entre Sporting de Macau e Hang Sai vai marcar o início da Liga de Elite, em que o Benfica procura o hexacampeonato. O primeiro jogo do principal escalão do futebol local em 2019 está agendado para as 19h00 de quarta-feira, dia 23 de Janeiro, no Canídromo. Ainda no dia de arranque do campeonato, decorre o primeiro jogo grande, com o Benfica a ter pela frente o Ka I, que volta a contar com o técnico Josecler. A partida está agendada para as 21h00, ou seja logo a seguir ao Sporting-Hang Sai. O sorteio da competição decorreu na sexta-feira e definiu que a liga ia abrir com dois encontros entre equipas com aspirações a um lugar no top três. Assim, além do Benfica de Macau-Ka I, MUST Chao Pak Kei e Ching Fung vão defrontar-se na quinta-feira, 24 de Janeiro. A partida está agendada para as 19h00, no Estádio do Canídromo e é seguida pelo encontro Sub-23 e Tim Iec, às 21h00. A primeira jornada chega ao fim com a partida entre Monte Carlo e a Polícia, às 19h00, no Estádio do Canídromo. Além da primeira jornada, ficaram igualmente definidas as datas da segunda jornada. Os encontros vão decorrer entre 30 de Janeiro e 1 de Fevereiro, ou seja, a jornada volta a ter lugar nos dias da semana, com início à quarta-feira. O horário dos jogos coloca reservas às equipas, uma vez que há atletas que não são profissionais e têm outros empregos. Com partidas às 19h00, os jogadores têm de estar às 18h00 no Canídromo, tarefa vista quase como impossível para quem trabalha no horário entre as 9h00 e as 18h00. “Talvez sinta alguma desilusão pelo campeonato ser disputado no Canídromo durante os dias da semana. Estou preocupado com o horário das 19h00, porque não sei se conseguimos sair dos respectivos empregos à hora de ponta e chegar a tempo da equipa aquecer de forma adequada e começar o jogo”, explicou Duarte Alves, director do Benfica de Macau, ao HM. Preocupação semelhante foi partilhada pelo director do Sporting de Macau, José Reis. “Os jogos às 19h00 são incompreensíveis. Os jogadores precisam de estar no relvado uma hora antes. Mas se trabalharem, a precisarem de se deslocar à hora de ponta, talvez precisem de sair dos trabalhos às 17h00…”, disse. “Acho que vai acontecer o que aconteceu há dois ou três anos em que as equipas começavam com oito atletas e os outros iam chegando com o jogo a decorrer”, acrescentou. Clássico à 8a jornada Em relação aos encontros grandes, o Benfica, depois de começar a Liga diante do Ka I, vai ter pela frente o MUST C.P.K. à quarta jornada, naquele que se antevê como um dos grandes encontros da Liga deste ano. Duas jornadas depois, à sexta, as águias vão ter pela frente o Ching Fung, finalista vencido da Bolinha do ano passado. À oitava jornada está agendado o grande clássico com águias e leões a defrontarem-se. Ainda não há datas para os jogos. “Acho que vai ser uma época bastante competitiva, com mais equipas a investir e a nossa mudança de estratégia [desinvestimento] para 2019”, anteviu Duarte Alves, sobre a temporada. Quanto ao Sporting de Macau, o início do campeonato é mais fácil, com Hang Sai, Tim Iec e Sub-23 a serem os adversários das primeiras três jornadas. Contudo, à quarta surge o primeiro grande desafio, diante do Ching Fung. Logo a seguir os leões têm pela frente o Ka I e na jornada seguinte defrontam a Polícia, num encontro que se antevê extremamente físico. A primeira volta termina com uma prova de fogo para o Sporting com encontros diante Monte Carlo, Benfica de Macau e MUST Chao Pa Kei. “O ano passado tínhamos um calendário mais equilibrado. Vamos ter um final mais complicado este ano e vai ser importante somar pontos nos primeiros jogos das duas voltas, para depois defrontar o Ching Fung [à quarta jornada] mais motivados”, reconheceu José Reis. Já o C.P.K começa com o Ching Fung, num teste difícil, e volta aos jogos grandes à quarta jornada, diante do Benfica. À sétima e nona jornadas, a equipa candidata ao título tem depois pela frente Ka I e Sporting de Macau, respectivamente. A ordem da primeira jornada volta a repetir-se na segunda, o que significa que equipas como Chao Pak Kei e Sporting podem enfrentar os momentos das grandes decisões com um calendário com vários dos principais jogos. “Começamos com o Ching Fung e sabemos que vai ser um jogo difícil. Têm uma equipa muito boa e reforçaram-se bem com o William. Vai ser um jogo muito difícil”, anteviu o proprietário da equipa, Stephen Chow.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai facilitar acesso de turistas estrangeiros ao Tibete [dropcap]A[/dropcap] China vai facilitar o acesso dos turistas estrangeiros ao Tibete, visando aumentar em 50% as visitas à Região Autónoma, enquanto o acesso por diplomatas e correspondentes continuará a ser limitado, informou a televisão estatal CCTV. As autoridades pretendem reduzir para metade o tempo que demora a emissão da autorização necessária para turistas estrangeiros entrarem na região, um processo que demora, actualmente, pelo menos 15 dias, revelou o presidente do governo regional, Qi Zhala, citado pela CCTV. Além do visto chinês, os estrangeiros precisam da uma autorização especial para visitar o Tibete, uma exigência que as autoridades justificam com as “tradições únicas da etnia tibetana, o património cultural, a capacidade de receber turistas e as necessidades de protecção ambiental”. No ano passado, o número de turistas que visitou a região registou um crescimento homólogo de 31,5%, para 33,68 milhões de pessoas, mas apenas 270.000 dos visitantes foram estrangeiros, segundo dados oficiais. Com cerca de três milhões de habitantes, o Tibete tem uma área equivalente ao dobro da Península Ibérica, mas é há várias décadas palco de protestos e revoltas contra o domínio chinês, desde a sua ocupação por tropas da República Popular, em 1951. A região é mantida sob rigoroso controlo pelo Governo central e as autoridades locais, enquanto Pequim proíbe diplomatas e jornalistas estrangeiros de entrarem na região, excepto em visitas organizadas pelas autoridades ou pelo departamento de propaganda do Partido Comunista. Os turistas estrangeiros que querem visitar o Tibete, incluindo a capital Lhasa, têm de fazê-lo em grupo e acompanhados de um guia. O plano para facilitar o acesso à região surge depois de, em Dezembro passado, o senado dos Estados Unidos aprovar a Lei de Acesso Recíproco do Tibete (“Reciprocal Access to Tibet Act”). A normativa, que deverá ser aprovada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, prevê a proibição de entrada nos EUA de funcionários chineses que impeçam funcionários, jornalistas e outros cidadãos norte-americanos de viajarem livremente no Tibete. Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo desde fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês. Pequim considera que a região é desde há séculos parte do território chinês. O líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”, vive exilado na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa em 1959. Seguidores do Dalai Lama, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.
Hoje Macau China / ÁsiaRepatriados mais de mil suspeitos de corrupção na China em 2018 [dropcap]A[/dropcap China conseguiu a repatriação de mais de mil suspeitos de corrupção fugidos além-fronteiras e recuperar 519 milhões de dólares em ganhos ilícitos, no ano passado, parte da mais ampla campanha anti-corrupção da história da República Popular. O órgão máximo anti-corrupção do país informou que entre os 1.335 repatriados, 307 eram membros do Partido Comunista Chinês ou funcionários do Governo, e cinco faziam parte de uma lista entregue por Pequim à Interpol. Entre estes constam Xu Chaofan, ex-gerente de uma sucursal do Banco da China na província de Guangdong, no sul do país, e suspeito de ter desviado 485 milhões de dólares, antes de ter fugido para os Estados Unidos, há 17 anos. Yao Jinqi, um antigo vice-chefe de condado, foi extraditado a partir da Bulgária, sendo o único fugitivo repatriado desde um país da União Europeia. Desde que há quatro anos lançou a operação “Skynet”, visando suspeitos de corrupção evadidos além-fronteiras, a China conseguiu capturar 5.000 fugitivos. Só no ano passado, 621.000 pessoas foram punidas por corrupção no país, incluindo 51 quadros de nível ministerial ou superior, segundo a Comissão Central de Disciplina e Inspecção do PCC.
Hoje Macau EventosFotografia | Roberto Santandreu revisita estaleiros de Lai Chi Vun [dropcap]O[/dropcap]s estaleiros de Lai Chi Vun, o maior grupo de estaleiros navais de Macau, estão em foco numa exposição de fotografia de Roberto Santandreu que é inaugurada a 17 de Janeiro na Casa da América Latina, em Lisboa. Intitulada “O Estaleiro”, a exposição apresenta uma proposta fotográfica com imagens marcadas pelo tempo, nas quais o autor partilha as vivências e sensações que teve ao fotografar os estaleiros abandonados de Lai Chi Vun. Na mesma exposição, que ficará patente até 1 de Março, segundo uma nota da organização, são igualmente exibidas fotografias de frases manuscritas encontradas naquela histórica estrutura naval. Construídos a partir da década de 1950, os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun são o maior grupo de estaleiros navais de Macau, e considerados um dos maiores legados de património industrial da construção naval da região do sul da China. Os estaleiros apresentam técnicas e métodos relacionados com a construção naval no final do século XIX, revelando igualmente a organização e o modo de vida da comunidade da vila de Lai Chi Vun e as influências que tiveram do sector da indústria naval. Em 2017, o Instituto Cultural de Macau recebeu um pedido para iniciar o procedimento da classificação dos estaleiros navais, por iniciativa de um grupo local, e o projecto avançou no ano passado para ser preservado como património cultural. Nascido em Milão, em 1948, de nacionalidade chilena, Roberto Santandreu trabalhou em Oslo e em Londres, fixando residência em Lisboa, em 1975.
Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Performance de Jenny Mok nos Três Candeeiros vai durar cinco dias O espectáculo da companhia Comuna de Pedra “100 horas” vai colocar Jenny Mok a viver durante cinco dias na Rotunda de Carlos da Maia. A ideia é interagir com os moradores e registar a experiência pessoal e de quem por ali passa de modo a perceber a reacção das pessoas a novos acontecimentos, à sua presença e depois ao seu desaparecimento [dropcap]A[/dropcap] artista Jenny Mok vai mudar de casa precisamente durante 100 horas e escolheu a Rotunda de Carlos da Maia para viver ao longo deste período. O objectivo é dar corpo ao projecto “100 horas”, uma performance da companhia Comuna de Pedra, que integra o festival Fringe e que vai ter lugar de 22 a 26 de Janeiro. Para o efeito, Mok vai acampar no meio da rotunda, fazer dali a sua casa e abri-la a quem quiser. “Não é propriamente aquilo a que as pessoas poderiam chamar de espectáculo em que os intervenientes produzem uma cena que dura no máximo algumas horas”, explicou a responsável pela Comuna de Pedra. Aqui, a performance dura cinco dias, ininterruptamente e não contempla as tradicionais “representações artísticas”. “Não vou dançar, não vou representar, vou apenas viver ali e no processo vou também tentar conviver com a comunidade que ali habita e que ali vai passando”, acrescentou. A diferença vai também ser notada no público, sendo que quando um espectáculo é feito num palco, “as pessoas vão com o intuito de ver uma coisa preparada e ensaiada”. Mas aqui tudo acontece “enquanto as pessoas têm a sua vida do dia a dia, no sítio onde vivem e onde têm o seu negócio. Elas vivem ali e de repente algo de novo acontece nas suas vidas”, aponta Mok. Na agenda O quotidiano da artista vai ser na sua maioria preenchido com o imprevisto que resulta destas interacções, mas há diariamente três actividades marcadas. “Uma é a venda de comida, em que eu vou cozinhar e partilhar o que faço, sendo que quem quiser pode fazer as refeições comigo”, referiu. No entanto, não se trata de uma oferta, “as pessoas têm que dar algo em troca, o que quer que seja, uma garrafa de cerveja, algum objecto, ou ajudar em alguma coisa”. A ideia é promover a interacção com os frequentadores daquela área. Outra das actividades que tem agenda marcada para todos os dias é um programa de rádio, criado ali mesmo e “que vai estar no ar diariamente, pelo menos durante uma hora”. Também aqui o público pode participar através de uma espécie de discos pedidos. “As pessoas podem escrever uma carta a dedicar uma canção a alguém e quem estiver responsável pelo funcionamento da rádio vai ler essa carta e passar a essa canção”, explica Jenny Mok. Ao mesmo tempo, este programa vai estar disponível na internet de modo a chegar ao público em geral. A terceira actividade é também de livre participação e é um convite às pessoas a fazerem o que quiserem na “casa” da artista. “Podem apresentar espectáculos de rua, pequenas performances, podem estar apenas ali a conversar” aponta Mok. “A minha sala de estar é na rua e é aberta a todos os que quiserem ali apresentar qualquer coisa. Não interessa o que tenham para apresentar, mas podem fazê-lo”, sublinhou. Em directo Para Jenny Mok a realização desta performance vai muito além do lado artístico. Aliás, o objectivo é que seja uma experiência social. Por isso, escolheu a zona dos Três Candeeiros. “É uma espécie de bairro, não é uma área económica ou financeira. É uma zona residencial com algum pequeno comércio, onde as pessoas vivem e fazem o seu quotidiano”. Para concretizar a experiência, a artista vai registar tudo em vídeo e fazer o registo escrito no momento. Jenny Mok vai ter um quadro branco onde vai anotar todos os acontecimentos destas 100 horas de residência nos Três Candeeiros. “Vou ter um quadro em que anoto de cinco em cinco minutos, ou de dez em dez, o que se está a passar. Por exemplo, se alguém fala comigo sobre um assunto, se alguém tem uma atitude, o que quer que seja, vai ficar registado”, disse. Estas anotações são também abertas aos transeuntes que por ali forem passando e “se as pessoas quiserem podem também escrever neste quadro o que entenderem e mesmo os seus pensamentos ou sentimentos acerca do que estão a ver”. No final dos cinco dias, o quadro com as anotações também estará disponível online. Desta forma a artista pretende ainda chegar a duas camadas de público: aquele que ali vive e que vai conviver com ela e os que podem assistir à performance à distância, através da internet. O tempo das coisas Em última análise “100 horas” pretende ser uma reflexão acerca da duração das coisas, apontou Mok. “Estamos numa cidade em que tudo tem uma duração e nem nos lembramos disso. Algumas vezes a nosso conceito de duração das coisas também é muito individual. Aliás a duração de uma vida nem é assim tão longa e por isso o tempo que as pessoas dedicam às coisas é muito relativo”, apontou Jenny Mok. Por outro lado, considera, “as pessoas dão valor às coisas quando as perdem e quando alguma coisa acaba, de repente ganha valor e sente-se a sua falta”. Do lado oposto à nostalgia do que acaba, está a resistência à novidade, sendo que aqui as pessoas tendem a reagir com reservas e mesmo repúdio, apontou. Nesta performance vai existir um princípio, uma duração e um fim, Mok pretende perceber a reacção de quem vive naquela zona de Macau a esta situação que, sendo nova, de alguma forma dura no tempo, vai integrar a vida das pessoas e vai terminar. “É uma espécie de experiência em que pretendo colher informação colectiva acerca da forma como as pessoas percepcionam um acontecimento que entra na sua vida, como é que interagem com ele e que, passado pouco tempo, desaparece”, acrescentou. Além de ser uma experiência para si, trata-se ainda de um acontecimento que vai afectar quem vive nos Três Candeeiros. “Muitos dos residentes não vão gostar de me ver ali, e isso pode acontecer porque é um bairro já com a sua dinâmica própria e eu vou destabilizar esta dinâmica”, justificou. Por fim, “também vai ser interessante perceber as percepções da fronteira entre espaço pessoal e público, visto estar a viver ali, um espaço que é pessoal, mas que ao mesmo tempo está aberto a todos” rematou a artista.
Diana do Mar SociedadeSaúde | Segundo caso de encefalite associada à gripe desde o início do ano [dropcap]U[/dropcap]ma criança foi diagnosticada com encefalite associada à gripe, o segundo caso do tipo desde o início do ano. A menina, de 2 anos, encontra-se internada no Hospital Kiang Wu, “estável” e “desperta”, informaram ontem os Serviços de Saúde. Os primeiros sintomas, como febre e tosse, apareceram na quinta-feira. Na manhã do dia seguinte, a menina foi levada à consulta externa do Hospital Kiang Wu, onde após ter testado positivo para o vírus influenza A, foi-lhe prescrito Tamiflu. Na mesma noite, porém, os sintomas evoluíram para convulsões e desordem da consciência e a menina voltou ao Kiang Wu, onde acabaria por ficar internada para tratamento. Os exames, que revelaram o aumento da pressão intracraniana, levaram a um novo diagnóstico: gripe com encefalite leve. A menina não foi vacinada contra a gripe sazonal, indicaram os Serviços de Saúde, dando conta de que não foram registados casos de infecção colectiva no infantário Santa Rosa de Lima, que frequenta. Trata-se do segundo caso de encefalite associado a gripe, depois de um menino, de 4 anos e meio, ter sido internado no início do mês no Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), onde se mantém em estado grave. Desde Setembro foram diagnosticados 21 casos de gripe com pneumonia ou outras complicações, incluindo um que vitimou um homem de 86 anos. Actualmente, sete pacientes continuam hospitalizados, todos com um quadro “estável”, à excepção do menino de 4 anos e meio. Em 76 por cento dos casos os pacientes não tinham sido vacinados contra a gripe, indicaram os Serviços de Saúde, renovando o apelo à vacinação.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNew Yaohan | DSSOPT exigiu relatório depois da queda de tecto falso Os trabalhos no centro comercial estavam devidamente licenciados, mas a DSSOPT quer agora receber um relatório sobre a queda de um tecto falso. Wong Sio Chak mostra abertura para melhorar a relação com a comunicação social que não foi informada sobre o acidente [dropcap]O[/dropcap] Centro Comercial New Yaohan vai ter de enviar um relatório à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) sobre o acidente que decorreu no domingo, dia 6 de Janeiro, que causou três feridos. A revelação foi feita pela DSSOPT numa resposta enviada ao HM sobre o caso do tecto falso que se soltou, no sétimo andar do edifício, onde decorriam obras de renovação. “Este departamento pediu ao empreiteiro para que envie um relatório sobre o acidente, para assegurar que o projecto pode decorrer dentro das condições de segurança. O caso vai ser acompanhado de acordo com a legislação em vigor, tal como aconteceu em situações no passado”, escreveu o DSSOPT, numa resposta enviada ao HM. A mesma direcção confirmou ainda que as obras que decorriam no New Yaohan estavam devidamente licenciadas: “Os trabalhos [de renovação] foram aprovados pela DSSOPT e o projecto estava devidamente licenciado”, foi esclarecido. O acidente afectou três pessoas, entre as quais uma mãe e filha. A progenitora, com cerca de 40 anos, foi a pessoa que ficou em estado mais grave devido a lesões na cabeça e cintura e, segundo o jornal Oriental Daily, de Hong Kong, vai ter de permanecer dois meses no hospital. Já a criança, com cerca de 12 anos, também foi levada ao hospital, mas já teve alta. Segundo um artigo do jornal Ou Mun Iat Pou, onde o caso foi relatado, após a divulgação do acidente nas redes sociais, desde a altura do ocorrido que o centro comercial assumiu as suas responsabilidades e se disponibilizou para pagar as custas hospitalares dos feridos. Revisão de mecanismo Além da questão da segurança das obras, o caso ocorrido do New Yaohan ficou também marcado pelo facto dos órgãos de comunicação não terem sido avisados pelas autoridades sobre o sucedido. Normalmente, as autoridades têm uma postura pró-activa de divulgação de vários tipos de acidentes. Contudo, na sexta-feira, o secretário para a Segurança abordou o assunto, já depois de anteriormente o Corpo de Polícia de Segurança Pública ter negado a intenção de esconder o sucedido. Segundo Wong Sio Chak, normalmente o mecanismo das autoridades só divulga crimes e acidentes ocupacionais. Como o caso do Yaohan não se enquadra em nenhuma das situações acabou por não ser divulgado. Ao mesmo tempo, explicou que ocorrências deste género são muito frequentes pelo que não é possível que todas sejam comunicadas, uma vez que acabaria por complicar a comunicação de ocorrências. Wong Sio Chak, que mostrou abertura para melhorar os mecanismos de comunicação sobre ocorrências, recordou também que “a cooperação entre as autoridades policiais e os OCS tem sido sempre sincera e cordial”.
Hoje Macau SociedadeProfessores de Macau podem candidatar-se para ensinar na China [dropcap]O[/dropcap]s professores de Macau, Hong Kong e Taiwan vão poder fazer exames para se qualificarem para ensinar nas escolas da China. Ao abrigo do programa, anunciado pelo Ministério da Educação chinês na semana passada, os docentes têm, no entanto, de preencher requisitos como “defender voluntariamente a liderança do Partido Comunista Chinês, aderir à direcção da educação socialista e implementar a política educacional do partido”.