Conselho de Consumidores | Queixas aumentaram no ano passado

[dropcap]O[/dropcap] Conselho de Consumidores recebeu, ao longo do ano passado, um total de 5.043 casos, dos quais 2.290 foram queixas, traduzindo um aumento face a 2017 (1.647). Os restantes foram pedidos de informações.

O preço e a qualidade de artigos de ourivesaria e bijutaria motivaram o maior número de reclamações (201), em particular por parte de turistas. Seguiram-se as queixas relativas aos transportes públicos (166), das quais 75 por cento incidiram sobre os táxis, devido à cobrança abusiva de tarifas e à atitude dos taxistas, as quais aumentaram mais de 40 por cento face a 2017, indicou o Conselho de Consumidores, dando conta de que todos os casos foram tratados e encaminhados para as autoridades competentes.

Já em terceiro lugar surgem as reclamações relacionadas com o preço e qualidade das comidas e bebidas (163) que aumentaram aproximadamente 60 por cento em termos anuais.

No ‘ranking’ das queixas surgem os serviços de restauração, que subiram cerca de 70 por cento, dos quais mais de dez casos tiveram que ver com serviços prestados por plataformas ‘online’ de entrega de comida. O Conselho de Consumidores indicou ainda que foram registadas mais de 20 reclamações associadas à área de serviços de utilidade pública no ano passado, sem facultar pormenores, remetendo detalhes para breve.

14 Jan 2019

DSEJ | Defendido subsídio para estágios em cursos técnico-profissionais

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude mostra-se favorável à criação de subsídios para estágios no âmbito dos cursos técnico-profissionais, bem como mudanças nos currículos. Este é um dos resultados do relatório da consulta pública para a revisão da lei do ensino técnico-profissional

 

[dropcap]O[/dropcap]s alunos dos cursos técnico-profissionais podem vir a receber um subsídio quando realizarem o estágio. Esta é uma das principais conclusões do relatório da consulta pública sobre a revisão da lei do ensino técnico-profissional, um processo promovido pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

No documento, lê-se que o Governo é favorável a essa medida. “Propõe-se que a legislação seja revista de maneira a permitir que os alunos-estagiários possam receber eventuais subsídios concedidos, de livre vontade, pelas instituições que oferecem o estágio.”

Esta hipótese surgiu porque “algumas empresas se mostraram inclinadas a conceder um subsídio aos alunos-estagiários que acolherem”, uma vez que este “poderá beneficiar a realização das actividades de estágio”.

Ainda sobre o estágio, o relatório da consulta pública dá conta da possibilidade das escolas e instituições de ensino virem a elaborar “conjuntamente um programa de estágio profissional”, medida que tem como objectivo incrementar a flexibilidade do processo. “O momento de realização do estágio deve ser mais flexível, não sendo apenas concentrado no terceiro ano, e a instituição onde esse estágio é realizado deve disponibilizar instrutores experientes para a orientação dos alunos-estagiários.”

Mais qualidade e formação

Actualmente existem em Macau 33 cursos técnico-profissionais. Um terço das opiniões recolhidas durante o processo de consulta pública, de um total de 298 opiniões, destaca a necessidade de reforçar os apoios financeiros e técnicos deste sistema de ensino, de forma a assegurar maior qualidade.

“A qualidade geral dos alunos e a formação da sua capacidade profissional deve ser incrementada através de mudanças ao nível da estrutura curricular dos cursos de ensino técnico-profissional e em consonância com a situação real de Macau, com as exigências do desenvolvimento social e económico, e as exigências do mercado de trabalho.”

Além de se exigir maior ligação com o ensino superior, foi pedido o reforço “da formação do pessoal docente do ensino técnico-profissional, impulsionando, de forma continuada, o seu desenvolvimento profissional, através da criação de mais e melhores condições”.

Outra das ideias apontadas prende-se com a extensão do ensino técnico-profissional a outras áreas da educação. “Há a possibilidade de o ensino técnico-profissional poder ser aplicado ao ensino especial. O desenvolvimento dos cursos com carácter de aplicação profissional revela-se muito adequado aos alunos das turmas pequenas do ensino especial”, lê-se no documento.

As opiniões apresentadas também dão conta da necessidade acabar com o preconceito que ainda se sente em relação ao ensino técnico. “Hoje em dia os estereótipos e os efeitos da rotulação dos encarregados de educação, relativamente aos alunos do ensino técnico-profissional, ainda existem. Por isso, a modificação da percepção dos encarregados de educação sobre o ensino técnico-profissional não pode ser ignorada”, refere o relatório da consulta pública.

14 Jan 2019

Au Kam San defende presença de operadores de jogo na empresa de gestão do Metro Ligeiro

[dropcap]O[/dropcap] elevado custo do Metro Ligeiro e os prejuízos suportados pelo Governo foram dois argumentos que marcaram o debate de sexta-feira na Assembleia Legislativa (AL). Seguindo a toada no hemiciclo, o deputado Au Kam San, do campo pró-democrata, defendeu a ligação do sector do jogo à futura empresa de gestão do Metro Ligeiro.

“Quanto à empresa gestora do Metro Ligeiro, também vai representar um custo operacional muito avultado, agora estimado em 900 milhões de patacas, e é um montante que vai expandir-se ainda mais no futuro, conforme o aumento da rede. Talvez podemos transformar essa empresa numa sociedade de carácter comercial”, apontou.

Ao estabelecer-se uma ligação com o sector do jogo, a empresa poderia ser “viável”, evitando-se desta forma que os custos operacionais fossem apenas geridos pela empresa de capitais públicos que o Governo pretende criar.

“Com funcionamento de carácter comercial podemos evitar esses custos tão elevados. Há quem diga que não haverá ninguém interessado em explorar, mas será que as operadoras do jogo estão interessadas? Podemos pensar nisso. Temos seis operadoras. Pode ser que o Governo seja o director-geral dessa sociedade comercial e inclua alguma operadora na direcção. Se for um negociante talvez não esteja interessado, mas se for uma concessionária de jogo talvez.”

A proposta de Au Kam San foi apresentada na segunda parte do debate, já depois do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, ter respondido a todos os deputados. Como tal, não foi possível obter uma resposta da parte do governante, que se fez acompanhar pelo director do Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT), quanto à sugestão de Au Kam San.

Lucros ausentes

Tal como já foi anunciado, o GIT deverá ser transformado ainda este ano na empresa de capitais públicos responsável pela gestão e operação do Metro Ligeiro. Esta terá de assumir os contratos já firmados, explicou o secretário Raimundo do Rosário.

No mesmo debate, o deputado Ng Kuok Cheong, colega de bancada de Au Kam San, também fez referências aos elevados custos que o novo sistema de transporte público vai acarretar para os cofres da RAEM. “Só o segmento da Taipa não vai gerar lucros. Vamos perder anualmente muito dinheiro, cerca de 900 milhões por ano, então quais são os benefícios deste sistema?”, questionou. Raimundo do Rosário prometeu tomar medidas para que o Executivo venha a receber mais lucros e receitas com este sistema de transporte.

14 Jan 2019

Metro Ligeiro | Raimundo do Rosário promete deixar problemas resolvidos para novo Executivo

Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, garantiu no hemiciclo que os problemas ocorridos com a obra do Metro Ligeiro serão todos resolvidos até à tomada de posse do novo Executivo. A viabilidade da linha leste ainda está a ser estudada, enquanto a ligação a Hengqin continua parada

 

[dropcap]A[/dropcap] promessa foi deixada no debate de sexta-feira pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. Quando o novo Governo tomar posse não terá de lidar com problemas pendentes relacionados com o Metro Ligeiro.

“Não vou deixar coisas para o próximo Governo”, disse, em resposta às questões colocadas pela deputada Angela Leong. “Cerca de 80 por cento dos problemas já estão resolvidos, e a grande maioria das obras deixaram de estar em situação de derrapagem orçamental ou com atrasos. Porque é que continuam a falar de assuntos que deixaram de ser um problema? A linha da Taipa vai operar este ano”, assegurou.

O debate sobre o Metro Ligeiro resultou de proposta apresentada pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, do campo pró-democrata, Agnes Lam e Leong Sun Iok, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Raimundo do Rosário foi fortemente criticado por não ter um orçamento global para todo o projecto do Metro Ligeiro, mas voltou a frisar que não pode avançar com números pois há segmentos que ainda estão em estudo, como a linha leste que liga as Portas do Cerco à zona A dos novos aterros. A viabilidade da linha ainda está a ser estudada, assim como o seu impacto ambiental.

Relativamente à linha na zona do Porto Interior, o director do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), Ho Cheong Kei, alertou que é preciso “ter em conta o problema das inundações do Porto Interior caso seja necessário activar as obras”.

Raimundo do Rosário adiantou que, até agora, já foram gastas nove mil milhões de patacas para construir o segmento da Taipa, um valor que se mantém dentro do limite máximo já avançado de 11 mil milhões de patacas.

Ligação parada

Raimundo do Rosário foi também confrontado com uma hipotética ligação à ilha de Hengqin, mas garantiu que ainda não foram feitos quaisquer avanços face à possível construção do segmento em causa. “Este problema tem surgido recentemente, o projecto ficou parado. Na altura, era um grande problema que exigia uma tomada de decisão sobre a fronteira, pois não se sabia se funcionaria do lado de Macau ou da China. Sem esta decisão como iria planear a ligação à ilha de Hengqin?”, questionou.

O secretário adiantou também que nunca deixou este dossier pendente. “Só recentemente foi criado um posto de trabalho para decidir de que lado fica a fronteira. Não quer dizer que não queira trabalhar, mas só o posso fazer depois de serem tomadas determinadas decisões.”

O deputado Ho Ion Sang falou da necessidade de se apostar nesta ligação, tendo em conta os projectos de integração regional que estão em curso. “Podemos aumentar a eficiência deste meio de transporte, e com a linha de Hengqin teremos este efeito. No contexto da região do Delta temos de trabalhar no sentido da integração regional. Daí ser importante fazer a ligação à ilha de Hengqin, além de que em Zhuhai há uma paragem do sistema de ferrovia urbana.”

Também o deputado Ma Chi Seng defendeu a ligação do Metro Ligeiro ao comboio de Cantão, para que haja “um desenvolvimento de actividades económicas”.

 

Suspender o quê?

O debate de sexta-feira voltou a ficar marcado pela ideia da suspensão da construção do Metro Ligeiro após a conclusão do segmento da Taipa. O secretário Raimundo do Rosário assegurou que, quando tomou posse, nenhum deputado levantou essa questão. “Quando tomei posse reuni com o deputado Ho Ion Sang e nas primeiras interpelações ninguém falou na suspensão do Metro. Agora que está quase concluído o segmento da Taipa é que levantam esta questão?”, apontou, lembrando que a concepção de alguns segmentos poderá ser alterada no futuro. Depois desta declaração, vários deputados afirmaram estar a favor do Metro Ligeiro, apesar das questões levantadas sobre o orçamento e gestão do projecto.

14 Jan 2019

Jogo | Conflito comercial com os Estados Unidos pode beliscar domínio norte-americano

As autoridades não vão querer desestabilizar o sector do jogo, mas as crescentes tensões entre China e Estados Unidos podem levar Macau a pôr um travão ao domínio dos casinos norte-americanos, antecipa a consultora Steve Vickers e Associados

 

[dropcap]N[/dropcap]ão há dúvidas: “Macau não pretende desestabilizar o sector do jogo – a sua galinha dos ovos de ouro”. No entanto, a crescente escalada de tensões entre a China e os Estados Unidos “pode incitar Macau a diluir o domínio sectorial dos casinos norte-americanos e as não menos importantes ligações entre magnatas do jogo e o Partido Republicano”, do actual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É o que defende a consultora Steve Vickers e Associados, no mais recente relatório sobre a avaliação de riscos para 2019, recordando que, “afinal, os casinos norte-americanos assentam numa falha geopolítica”.

A avaliação surge no contexto do futuro da indústria do jogo: “A actual ideia é a de que o Governo vai querer estender as concessões [da SJM e da MGM que expiram em Março de 2020] até 2022, de modo a lidar com todas de uma só vez, o que permitiria poupar tempo”. “O pouco que resta é manifesto”, diz o relatório, recordando que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, que termina o segundo e último mandato em Dezembro, manteve o silêncio após ter prometido adiantar, em meados do ano passado, uma visão sobre o caminho a seguir.

Não obstante, a consultora prevê que seja procurado um equilíbrio entre os dois pesos que figuram na balança: “O Governo vai avaliar tanto a economia como a geopolítica na hora de tomar uma decisão”.

Mais chineses

Neste âmbito, a consultora não descarta, por exemplo, uma postura mais proteccionista por parte das autoridades relativamente aos estrangeiros: “O Governo de Macau pode pedir que empresas chinesas comprem ou assumam negócios existentes [de casinos] ou talvez simplesmente recusar-se a conceder nova licença às actuais concessionárias”. “A tornar-se Chefe do Executivo, Ho [Iat Seng] poderia adoptar tal tipo de medida”, alerta.

“Afinal, dispensou juristas portugueses da Assembleia Legislativa”, pelo que “poderia saudar” a predominância chinesa no sector do jogo, argumenta a consultora. De referir, porém, que como revelado na semana passada, a AL contratou uma juíza a Portugal para o cargo de assessora jurídica. A mesma função desempenhada por Paulo Cardinal e Paulo Taipa que deixaram a AL a 31 de Dezembro, após os seus contratos não terem sido renovados.

O mundo do crime associado ao jogo também tem destaque no relatório, divulgado na quinta-feira. “A situação de segurança apresenta riscos separados e duradouros. O de maior relevância tem que ver com o envolvimento das tríades [na actividade] dos ‘junkets’, um problema perene que representa uma ameaça – tanto do ponto de vista do crime em si como da reputação – para os investidores”.

A eventualidade de um atentado terrorista contra um casino figura igualmente como “uma preocupação crónica”, na perspectiva da consultora, apesar de “Macau ter recentemente dado alguns passos para limitar o perigo”.

Do ponto de vista do ambiente político, não obstante a mudança de Governo, o cenário será de estabilidade em 2019, na medida em que um líder leal a Pequim “não enfrenta os mesmos desafios como em Hong Kong”, refere o documento, sinalizando que Ho Iat Seng figura então como o favorito para suceder no cargo a Chui Sai On.

Ao nível da economia, a consultora recorda que o imposto de 35 por cento cobrado directamente sobre as receitas dos casinos representou mais de 80 por cento das receitas públicas, mas que o Produto Interno Bruto (PIB) abrandou, devido a uma menor procura interna na China, lembrando que o Governo também está a tentar afastar-se da elevada dependência da indústria do jogo para atender às exigências de Pequim relativamente à diversificação do tecido económico.

“A política de Macau deve, portanto, manter-se estável, mesmo com um abrandamento da economia da China, mas os riscos geopolíticos que enfrentam as operadoras de jogo vão aumentar significativamente em 2019. Os investidores devem tomar nota”, conclui a consultora.

No relatório, a consultora fundada por Steve Vickers, antigo chefe do Gabinete de Informações Criminais da Polícia de Hong Kong, avalia os riscos em 2019 em 12 países e territórios da Ásia, incluindo Macau, Hong Kong e China.

 

Principais riscos em 2019 *

Macau: Mudanças de liderança, economia vacilante e tensões na relação sino-americana vão traduzir-se em desafios para as operadoras de jogo estrangeiras

Hong Kong: Política deve permanecer estável se alicerçada na autonomia local e no Estado de Direito. A economia vai enfraquecer com o abrandamento da China, mas mesmo assim a cidade vai reter o seu forte poder de atracção de negócios estrangeiros

China: Apertados controlos no domínio da política e dos negócios, abrandamento da economia e elevadas fricções geopolíticas vão acarretar riscos significativos para as empresas

Taiwan: Um Governo castigado, o fracasso em reavivar a economia e um aumento acentuado das tensões com a China significam que as perspectivas de Taiwan para 2019 se estão a deteriorar

Japão: Política deve manter-se estável em 2019, mas a economia vai abrandar. Tensões entre a China e os Estados Unidos vão colocar Tóquio diante de um estratégico dilema, particularmente se as fricções sobre Taiwan se intensificarem

Coreia do Sul: Uma perspectiva política sólida e a tentativa de reaproximação à Coreia do Norte constituem bons auspícios para 2019, apesar do abrandamento económico, das tensões entre China e Estados Unidos e da falta de confiabilidade de Pyongyang representar uma ameaça para esses ganhos

Singapura: Transição de liderança, perspectivas económicas regionais mais frágeis e o intensificar das tensões na Ásia significam que o risco vai aumentar em 2019, ainda que a Cidade-Estado em si se mantenha estável

Malásia: O novo Governo tem de lidar com divergências internas, suprimir divisões étnicas e assegurar a confiança na sua gestão económica. Ao fazê-lo vai passar no teste

Tailândia: O mal-estar político vai crescer em 2019, à medida que a junta militar procura uma transição para a democracia guiada e enquanto a economia abranda

Indonésia: Retórica desagradável vai espalhar-se à medida que se aproximam as eleições gerais, mas políticas sensíveis e a determinação em contestar o extremismo devem manter o país firme
Filipinas: Estabilidade política e uma economia forte devem compensar a fraca governação e deficiências na segurança em 2019

Vietname: Um Governo estável e uma economia acelerada não devem desviar o país da sua exposição ao proteccionismo e aos desafios estratégicos

Birmânia: Impotência administrativa, reformas económicas estancadas e inquietação sobre a retoma de conflitos são presságio do aumento dos riscos em 2019

Índia: As eleições de Maio prometem incerteza, mas a robustez económica um ambiente de segurança gerível devem fazer com que os riscos não aumentem significativamente

* Segundo a Steve Vickers e Associados

14 Jan 2019

Poluição | Registado ar insalubre entre hoje à noite e amanhã

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) emitiram hoje um comunicado onde dão conta da má qualidade do ar em Macau entre hoje e amanhã.

“A velocidade geral do vento hoje é fraca, o que é desfavorável à dispersão de poluentes atmosféricos. Foram registadas em todas as estações de monitorização da qualidade do ar em Macau um aumento significativo das concentrações de poluentes atmosféricos esta tarde e esperado que a qualidade do ar atinja o nível ‘insalubre’ hoje à noite e amanhã”.

Os SMG apontam que “a qualidade do ar deve melhorar no início da próxima semana, quando houver um aumento significativo da velocidade do vento”. Enquanto não se registam melhorias, aconselha-se “às pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares a reduzir esforço físico e evitar actividades ao ar livre”.

11 Jan 2019

Raimundo do Rosário: “Derrapagens e atrasos do Metro Ligeiro são coisa do passado”

[dropcap]O[/dropcap]secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu esta tarde na Assembleia Legislativa que os problemas ocorridos na obra do Metro Ligeiro fazem parte do passado.

“As derrapagens e atrasos são problemas do passado, e na grande parte das obras que realizamos, se houver atrasos, são dentro de limites razoáveis. Posso dizer que são casos pontuais”, disse. O secretário disse também que houve mudanças nos prazos em que um atraso deve ser reportado.

“Houve problemas e atrasos e antes só depois de 100 dias é que as pessoas apresentavam o pedido para o atraso. Isso também acontece com os terrenos, não é só com as obras do metro. Temos um prazo mais curto para tomarmos conhecimento dos atrasos.”

O deputado Ng Kuok Cheong estima que o projecto do Metro Ligeiro não só não dê lucros como possa vir a gerar perdas na ordem das 900 milhões de patacas. “Só o segmento da Taipa não vai gerar lucros. Vamos perder anualmente muito dinheiro, cerca de 900 milhões por ano, então quais são os benefícios deste sistema?”, questionou.

Raimundo do Rosário prometeu tomar medidas para que o Executivo venha a receber mais lucros e receitas com este sistema de transporte.

11 Jan 2019

Vaticano cria equipa de atletismo com religiosos e funcionários

[dropcap]O[/dropcap] Vaticano apresentou ontem a sua primeira associação desportiva, “Athletica Vaticana”, que terá uma equipa composta por padres, freiras e funcionários do Vaticano, para mostrar que o desporto pode ser uma ferramenta de solidariedade.

A associação nasce de um acordo com o Comité Olímpico Italiano (CONI) e será composto por cerca de 70 pessoas com o objectivo de fazer uma “corrida divertida”, disse em conferência de imprensa o subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura e presidente da “Athletica Vaticana”.

Através de um acordo com o CONI, a associação poderá participar em competições em Itália e no resto da Europa, e realizará a sua primeira corrida a 20 de Janeiro nas ruas de Roma.

A associação tem também dois jovens refugiados como parceiros honorários tendo sido ainda assinado um protocolo com a Federação Italiana de Desportos Paraolímpicos e Experimentais, uma iniciativa que visa demonstrar como o desporto pode promover a inclusão.

A apresentação também contou com a presença do presidente do Pontifício Conselho da Cultura, o cardeal Gianfranco Ravasi, que destacou a relação entre o desporto, solidariedade e a fé.

O papa Francisco defendeu em várias ocasiões os valores do desporto como um antídoto ao individualismo e como uma ajuda para fomentar uma cultura de encontro.

11 Jan 2019

Tenista britânico Andy Murray anuncia abandono da carreira este ano

[dropcap]O[/dropcap] tenista britânico Andy Murray anunciou que se vai retirar dos campos este ano e admitiu que o Open da Austrália pode até ser seu último torneio por causa da lesão na anca que lhe prejudicou a carreira.

Murray, de 31 anos, que chegou a ser número um do mundo no ranking ATP, disse numa conferência de imprensa que tem treinado com o objectivo principal de fazer uma última participação em Wimbledon, onde venceu por duas vezes. O escocês, emocionado, chegou mesmo a abandonar a sala a chorar, mas regressou para afirmar não tinha certeza sobre o tempo que poderia ainda jogar.

“Eu vou jogar [na Austrália]. Ainda posso jogar a um nível – não ao nível que eu estou satisfeito. (…) Mas também, não é só isso. A dor é demasiada”, lamentou.

O tricampeão de torneios do Grand Slam vai disputar a sua primeira partida no Open da Austrália contra o número 23 do ranking, Roberto Bautista, numa prova em que foi finalista vencido em cinco ocasiões. Murray foi submetido a uma cirurgia à anca em Janeiro de 2018. Depois de duas breves tentativas para regressar, jogou apenas 12 partidas no ano passado.

O tenista voltou aos campos em Brisbane na semana passada, onde venceu sua partida de estreia, mas perdeu na segunda ronda para Daniil Medvedev, mostrando óbvias dificuldades para se movimentar.

Murray teve uma carreira de sucesso, acabando com prolongados períodos sem vitórias nos Grand Slam para os britânicos, quando venceu o Open dos Estados Unidos em 2012 e Wimbledon no ano seguinte, tornando-se no único jogador a ganhar medalhas de ouro consecutivas nas Olimpíadas.

O Britânico fez parte do grupo de quatro tenistas masculinos que dominaram num mesmo período os grandes torneios mundiais, com Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

Agora, será provavelmente o mais novo deles aposentar-se. Aos 37 anos, Federer está na Austrália para tentar conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo e pela sétima vez no geral. Aos 31 anos, Djokovic, no topo do ranking ATP, procura conquistar o sétimo título australiano. Nadal, de 32 anos, número dois do ranking, está confiante em prolongar a sua carreira por mais alguns anos.

Murray, que chegou a seis finais em torneios de Grand Slam, contabiliza 663 vitórias e 190 derrotas, que resultaram na conquista de 45 títulos, entre eles os de Wimbledon (2013 e 2016), Open dos Estados Unidos (2012), bem como em duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (2012 e 2016).

11 Jan 2019

Vice-presidente da Assembleia da República portuguesa defende canal de televisão lusófono

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente da Assembleia da República de Portugal, Jorge Lacão, defendeu ontem a criação de um canal lusófono partilhado pelos vários canais de televisão dos países de língua portuguesa, com “uma dimensão à escala planetária”.

Jorge Lacão falava à agência Lusa à margem dos trabalhos da VIII Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP), que decorre na capital de Cabo Verde, e na qual está a participar em substituição do presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, ausente por motivos de doença.

O deputado, que irá intervir hoje, sexta-feira, durante a sessão plenária desta AP-CPLP, que tem como tema “CPLP – Uma comunidade de pessoas”, irá voltar a esta ideia, a qual já foi aflorada em encontros anteriores.

Este canal lusófono, explicou, seria “partilhado pelos vários canais de televisão dos vários países, com uma dimensão à escala planetária”. “Pode parecer uma ideia excessivamente megalómana, mas, se pensarmos bem nas capacidades de emissão já hoje existentes em cada país, uma partilha deste género poderia ser um contributo qualitativo de grande alcance para a aproximação dos nossos povos”, adiantou.

Questionado sobre o tema da mobilidade, comum a todas as intervenções da sessão de abertura desta Assembleia Parlamentar, Jorge Lacão recordou que a política oficial portuguesa, conduzida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, vai no sentido de colocar toda a política de vistos “ao alcance deste objectivo da mobilidade dos cidadãos da CPLP”.

Jorge Lacão sublinhou “a forma extraordinariamente empenhada” com que Cabo Verde está a receber as delegações da Assembleia Parlamentar e de como o presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana se está a empenhar neste mandato de dois anos à frente da AP-CPLP, que agora começa.

O parlamentar considerou de “extraordinária relevância” o discurso do Presidente da República de Cabo Verde, o qual “revela uma visão cosmopolita, de grande alcance relativamente ao aprofundamento do que gostamos de designar como o estatuto da lusofonia, um estatuto que permita ao conjunto dos cidadãos dos países da CPLP partilhar cada vez mais fatores de mobilidade de todos os níveis”.

Durante a sua intervenção, que decorreu na sessão de abertura, Jorge Carlos Fonseca lembrou que ainda este ano vai organizar, em Cabo Verde, “um grande encontro de jovens da CPLP e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO] que deverá ser um espaço de reflexão e de proposições relativamente ao devir dos nossos países, na perspectiva dos jovens”.

O chefe de Estado cabo-verdiano aproveitou para “solicitar o decisivo apoio dos senhores representantes do Parlamento da CPLP para a realização desse evento”. A este pedido, Jorge Lacão referiu que a iniciativa será apoiada por Portugal “em todo o alcance” e “em todo o sentido”.

11 Jan 2019

Editora portuguesa Relógio d’Água vai publicar últimos poemas de Leonard Cohen

[dropcap]O[/dropcap]s últimos poemas escritos por Leonard Cohen, o romance considerado o melhor Prémio Man Booker de sempre e um livro de crónicas e ensaios de Djaimilia Pereira de Almeida são algumas das novidades da Relógio d’Água para este ano.

Dois anos após a morte do músico canadiano Leonard Cohen, a Relógio d’Água publica neste mês “A Chama”, livro que reúne os seus últimos poemas, letras de canções, desenhos e versos dispersos em cadernos de apontamentos e guardanapos de bares, revela o editor Francisco Vale, acrescentando que esta obra foi preparada para publicação pelo próprio Leonard Cohen e está traduzida pela poeta Inês Dias.

O mês de Janeiro reserva ainda a publicação de “Léxico Familiar”, de Natalia Ginzburg, um clássico da literatura italiana contemporânea, cuja narrativa acompanha a vida dos Levi, que viveram em Turim no período da ascensão do fascismo, da Segunda Guerra Mundial e do que se lhe seguiu.

O livro “No Verão”, de Karl Ove Knausgård, que encerra o quarteto de ensaios com títulos das estações do ano do escritor norueguês, sairá também no mês de Janeiro.

Ainda este mês, a Relógio d’Água planeia publicar “Tchékhov na Vida”, a biografia do escritor russo, escrita por Ígor Sukhikh, através das suas cartas, diários, livros e conferências, assim como “Na América, disse Jonathan”, de Gonçalo M. Tavares, no qual o autor viaja pelos EUA na companhia de Kafka, e a nova edição de “O Susto”, de Agustina Bessa-Luís, com prefácio de António M. Feijó.

“O doente inglês” na agenda

Em Fevereiro, chega “O doente inglês”, de Michael Ondaatje, romance de 1992, lançado em Portugal pela D. Quixote em 1996, e que em 2018 foi premiado com um “Booker Dourado”, uma distinção especial que a organização do Prémio Literário Man Booker decidiu atribuir ao livro que fosse escolhido como o melhor das 51 edições já realizadas.

A publicação deste romance pela Relógio d’Água segue-se à de “A luz da guerra”, editado em Dezembro do ano passado, o mais recente romance do escritor canadiano e que esteve na lista dos nomeados para o Prémio Man Booker 2018.

Fevereiro é também mês de publicar “História da Sexualidade IV, As Confissões da Carne”, de Michel Foucault, volume que completa os três livros da História da Sexualidade. Outra novidade é a publicação de “Tess dos D’Urbervilles”, um dos principais romances de Thomas Hardy, há muito esgotado em Portugal, que pôs em causa as convenções sociais do seu tempo e chocou os leitores da sua época, quando foi publicado em 1891.

“As Novas Rotas da Seda”, de Peter Frankopan, “Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul”, um livro de contos de Alexandre Andrade sobre a intensa perturbação que é possível sentir perante certas cores nalguns locais, e “O Abismo de Fogo: A Destruição de Lisboa”, do historiador norte-americano Mark Molesky, sobre o terramoto de Lisboa de 1755 são outras das novidades para este mês.

Em Março chega mais um livro de Agustina Bessa-Luís – de quem a Relógio d’Água tem estado a publicar a obra -, intitulado “As Pessoas Felizes”, com prefácio de António Barreto, que assina também um livro intitulado “Fotomaton — Retratos de Salazar, Cunhal e Soares”, reunião das biografias desses três políticos, a ser editado no mesmo mês.

“Pintado com o Pé”, de Djaimilia Pereira de Almeida, autora de “Luanda, Lisboa, Paraíso” (publicado na Companhia das Letras) é um livro de crónicas e breves ensaios, completado com dois ensaios, “Amadores” e “Inseparabilidade”, que vai chegar às livrarias pela mão da Relógio d’Água.

“Bom Entretenimento”, do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han, “A Mulher de Trinta Anos” – um dos episódios de A Comédia Humana – do romancista francês do século XIX Honoré de Balzac, “Vento, Areia e Amoras Bravas”, de Agustina Bessa-Luís, e “Sabes Que Queres Isto”, de Kristen Roupenian, livro de contos que inclui “Cat Person”, o conto mais lido, tanto ‘online’ como em papel, da The New Yorker, são os restantes livros anunciados por Francisco Vale.

Na colecção de viagens, será editado “Açores — O Canto das Ilhas”, de Carlos Pessoa. No mês de Abril, a editora vai publicar “Movimento das Ideias”, de José Gil, e “Normal People”, de Sally Rooney, romance apontado pelo The Guardian como um futuro clássico, que foi finalista do Prémio Man Booker e venceu o Prémio Costa 2018 na categoria de romance.

Outra das apostas da editora é o mais recente romance da canadiana Rachel Cusk, “Kudos”, que encerra a trilogia iniciada com “A contraluz” e continuada com “Trânsito”, ambos editados pela Quetzal.

“Correspondências + Minhas Queridas”, de Clarice Lispector, a antologia “Provocações”, de Camille Paglia, conhecida pelo seu feminismo viril e heterodoxo, e “O Estendal e Outros Contos”, de Jaime Rocha, são as outras novidades.

Para o mês de Maio, está reservado o livro “Álvaro Siza: Conversas com Estudantes de Arquitectura”, organizado por Manuel Graça Dias, “A Balada do Medo”, de Norberto Morais, “Pensamentos”, de Blaise Pascal, com prefácio de T. S. Eliot, e “Pensar sem Corrimão”, uma antologia de ensaios de Hannah Arendt.

11 Jan 2019

Dakar 2019 | Paulo Gonçalves sobe mais uma posição nas motas em dia de nova mudança de líder

[dropcap]P[/dropcap]aulo Gonçalves (Honda) subiu ontem ao oitavo lugar na classificação das motas no rali Dakar de todo-o-terreno, após o sexto lugar conquistado na quarta etapa, disputada ontem entre Arequipa e Moquegua, no Peru.

O piloto português gastou 3:54.06 horas para cumprir os 405 quilómetros cronometrados de um total de 511 quilómetros, terminando a 13.36 minutos do vencedor da tirada, o norte-americano Ricky Brabec, seu companheiro de equipa na Honda. Com a vitória de hoje, Brabec é o novo líder nas motas, aproveitando os 20 minutos de atraso do anterior líder, o chileno Pablo Quintanilha (Husqvarna), que teve de abrir a pista.

Para Paulo Gonçalves, cumpriu-se “o objectivo”: “Hoje foi uma especial com 400 quilómetros, em que mudou muito o cenário. Só tivemos os primeiros cenários com dunas, tudo o resto eram pistas. Nos últimos 50 quilómetros, apanhámos um rio com muita pedra, que era muito perigoso. O meu objectivo era chegar a esta primeira parte da etapa maratona sem problemas, para não ter de trabalhar na mecânica e poder recuperar o físico.

O piloto de Esposende espera “terminar sem problemas” a quinta etapa, que vai ligar Monquegua a Arequipa, com um total de 776 quilómetros e uma especial cronometrada de 345 quilómetros, “para poder chegar ao dia de descanso e recuperar fisicamente”. O português está na oitava posição, a 20.45 minutos do companheiro de equipa.

Mário Patrão (KTM) repetiu o 23.º lugar da véspera, a 28.58 minutos do vencedor da tirada. “Realizei a minha etapa num timbre mais cauteloso, para evitar desgastes que esta sexta-feira podem ser cruciais nos 800 quilómetros que nos esperam”, explicou o piloto de Seia, que perdeu uma posição, caindo para 21.º.

Sebastian Bühler (Yamaha) foi o 27.º, com Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) em 30.º e António Maio (Yamaha) em 33.º. David Megre (KTM) foi 54.º e Miguel Caetano 87.º. Fausto Mota (Husqvarna) teve uma avaria no chassis da sua mota a meio da especial e perdeu muito tempo para a reparar, terminando na 100.ª posição, já a 3:16.08 horas do vencedor.

Na geral, Quim Rodrigues Jr. é 31.º, Bühler 33.º e Maio 34.º. Nos automóveis, a vitória sorriu ao catari Nasser Al-Attiyah (Toyota), que alargou, assim, a vantagem sobre o segundo, o francês Stéphane Peterhansel (MINI) em 1.52 minutos. O piloto gaulês foi também o segundo na etapa de hoje e está já a 8.55 minutos do piloto catari.

A 41.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno disputa-se até 17 de Janeiro integralmente em solo peruano.

11 Jan 2019

Presidente de Taiwan nomeia novo primeiro-ministro após renúncia do Governo

[dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, nomeou hoje Su Tseng-chang como o novo primeiro-ministro da ilha, após a renúncia esperada de todos os membros do Governo, motivada pela derrota eleitoral do partido em Novembro.

A governante oficializou a nomeação numa conferência de imprensa, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro cessante, Lai Ching-te, e o primeiro-ministro eleito, que já havia ocupado o cargo entre 2006 e 2007.

Lai Ching-te anunciou a demissão na noite de quinta-feira, após um Conselho de Ministros extraordinário no qual todo o Governo também se demitiu. A decisão era esperada em Taiwan, onde os primeiros-ministros normalmente renunciam após uma derrota eleitoral do seu partido.

O Partido Progressista Democrático (PPD) sofreu uma derrota clara nas eleições locais de 24 de Novembro, o que desencadeou disputas internas e críticas de sectores radicais pró-independência face à possível candidatura presidencial de Tsai em 2020.

Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.

O vice-primeiro-ministro deverá ser Chen Chi-mai, candidato derrotado à autarquia da cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, de acordo com o jornal da ilha Ziyou Shibao.

11 Jan 2019

Vendas de automóveis na China recuam em 2018 pela primeira vez desde 1990

[dropcap]A[/dropcap]s vendas de automóveis na China caíram 5,8%, em 2018, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990, segundo dados difundidos ontem pela imprensa estatal, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa.

Em Dezembro passado, as vendas registaram uma queda homóloga de 19,3%, para 2,22 milhões de unidades, no sétimo mês consecutivo de queda homóloga, segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily. “A situação é mais grave do que imaginávamos”, afirmou o presidente da Associação da China para Automóveis de Passageiros, Cui Dongshu, citado pelo jornal.

Cui considerou que a desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa, o aumento dos preços da habitação e as perdas nas praças financeiras do país “minaram a confiança dos clientes”.

Entre as marcas mais afectadas constam a General Motors (queda homóloga de 9,9%) ou do maior fabricante de automóveis da China, o SAIC Motor (um aumento homólogo de 1,75%, depois de ter crescido 6,8%, em 2017). A construtora chinesa Geely aumentou as suas vendas em 20%, face a 2017, ficando 5% aquém da sua meta oficial.

Mas Cui Dongshu acredita que o mercado, depois de “bater no fundo”, vai voltar a crescer, este ano, graças à redução das taxas alfandegárias sobre veículos importados dos Estados Unidos e os esforços dos fabricantes chineses para reduzir inventário, a partir do segundo semestre do ano passado.

“Haverá um crescimento positivo, de pelo menos 1%, em 2019”, considerou o responsável, afirmando que “o Governo está a estudar oferecer novos incentivos à compra de veículos”. No terceiro trimestre de 2018, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,5%, o ritmo mais baixo dos últimos dez anos.

E, no mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses, enquanto em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde dezembro de 2015, e as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuaram para 8,1%, o ritmo mais lento desde maio de 2003.

11 Jan 2019

Seul | Co-fundadora de ‘site’ pornográfico condenada a quatro anos de prisão

[dropcap]A[/dropcap] co-fundadora do maior ‘site’ pornográfico da Coreia do Sul foi condenada ontem a quatro anos de prisão, num contexto de indignação sul-coreana contra a “pornografia com câmara espia”.

Dezenas de milhares de sul-coreanos participaram nos últimos meses de protestos contra esse fenómeno, chamado de “molka”, cujos vídeos sem autorização mostravam imagens de mulheres na casa de banho, escola, nos transportes e vestiários.

O ‘site’ Soranet, fundado em 1999, oferecia dezenas de milhares de vídeos pornográficos, incluindo filmes de “vingança pornográfica” ou mesmo as tais imagens de mulheres em locais públicos. A produção ou distribuição de pornografia é ilegal na Coreia do Sul.

O Soranet foi encerrado em 2016 após reclamações de grupos de defesa dos direitos das mulheres.
A sua proprietária, de 45 anos, identificada pelo seu nome de família, Song, foi sentenciada a quatro anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 1,4 mil milhões de won (um milhão de euros) por ajuda e cumplicidade na distribuição de material obsceno.

Song foi condenada por “violar gravemente a dignidade universal dos outros”, de acordo com um comunicado do tribunal, no qual se sublinha que esta obteve um lucro “enorme”.

A mulher agora condenada viveu durante anos, em fuga, na Nova Zelândia antes de ser detida em Junho passado, depois de ter sido forçada a regressar quando as autoridades sul-coreanas cancelaram o seu passaporte.

O seu marido e outro casal, também co-proprietários do ‘site’, todos cidadãos australianos ou com autorização de residência permanente, encontram-se fora da Coreia do Sul.

11 Jan 2019

Motorista da Transmac suspenso após conduzir a falar ao telemóvel na Ponte da Amizade

[dropcap]U[/dropcap]m motorista da Transmac foi suspenso por ter sido apanhado a conduzir enquanto falava ao telemóvel, informou a empresa em comunicado. O incidente ocorreu na manhã de ontem no autocarro 51A, que estabelece a ligação entre o complexo habitacional The Praia, no Fai Chi Kei, e a Avenida do Vale das Borboletas.

Imagens de um vídeo amador, colocado a circular pouco tempo depois nas redes sociais, mostram o condutor, com o corpo debruçado sobre o volante que segura com os cotovelos, enquanto mexe activamente no telemóvel colocado em cima do tabliê, durante a travessia da Ponte da Amizade.

Em comunicado, a empresa indica que, após investigação, concluiu que, de facto, o motorista estava a utilizar o telemóvel enquanto conduzia. Dado que o incidente constituiu uma violação das regras, a transportadora decidiu aplicar um “castigo severo”, renovando os apelos a todos os motoristas para que prestem atenção à condução segura. A Transmac pede desculpa ao público, garantindo que vai continuar a reforçar a formação dos motoristas.

Dados facultados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ao HM indicam que, entre Janeiro e Novembro do ano passado, foram registados 1.442 acidentes envolvendo autocarros, ou seja, sensivelmente 130 por mês. Isto apesar de ter havido uma diminuição de 3,5 por cento em comparação com os primeiros 11 meses de 2017.

Do total, 778 casos foram imputados à responsabilidade das operadoras, isto é, 53,9 por cento.
Mudança de via de forma negligente, circulação sem a devida distância em relação ao veículo precedente, excesso de velocidade e travagem súbita, levando à queda ou desequilíbrio de passageiros, figuram como as principais causas dos acidentes de viação envolvendo autocarros, de acordo com a DSAT.

11 Jan 2019

Instituto para os Assuntos Municipais

[dropcap]U[/dropcap]ma das primeiras tarefas que o Governo da RAEM enfrenta em 2019, é a constituição do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), um corpo estatutário que deveria ter sido criado em 2002, para substituir a Câmara Municipal de Macau Provisória. Após um adiamento de mais de uma década, o Governo finalmente adicionou à Lei Básica a fundação do IAM.

No que respeita à escolha dos membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais do IAM, existem muitas opiniões favoráveis à eleição de alguns deles por sufrágio directo, uma prática de longa data, à semelhança do processo em vigor no Conselho Consultivo do IACM. No entanto, o Governo tem agido de forma a ignorar esta prática esperando que os 25 membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais venham a ser escolhidos por nomeação do Chefe do Executivo. Quanto aos candidatos por auto-recomendação, a maioria é representativa do campo pró-governamental.

Quando o Governo anunciou publicamente que o mecanismo de auto-recomendação era aplicável aos candidatos a membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, encoragei os membros do campo pró-democracia a apresentar candidaturas e ofereci-me para lhes obter cartas de recomendação.

Espero que o Chefe do Executivo escolha, a partir das listas entregues, pessoas talentosas e competentes, de forma a que os membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais possoam incluir representantes dos diversos sectores da sociedade e, assim, poder existir uma participação equilibrada entre os diferentes interesses da sociedade de Macau. Mas, por vezes, as boas intenções são estilhaçadas pela realidade política. O actual Governo mostrou, durante o último mandato, ser incapaz de quebrar o ciclo vicioso da escolha de representantes dentro dos pequenos círculos das elites político-económicas.

Contas feitas, o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais é basicamente formado por mandatários do campo pró-governamental e por membros transitórios do Conselho Consultivo do IACM. Se não se quebrar este ciclo, haverá um défice de participação da sociedade na admnistração governamental. A composição do recém-fundado Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais revela-se um caso de consanguinidade política, que carece de credibilidade. Este cenário indicia que este orgão virá a constituir uma parafernália política.

Recentemente estive em Taiwan, durante as últimas eleições. Nessa altura tive oportunidade de falar com algumas pessoas e de tentar perceber a sua opinião sobre o conceito de “Um País, Dois Sistemas” e percebi que muitas delas o rejeitam.

A estrondosa derrota do Partido Democrático Progressista (PDP) nestas eleições, foi um castigo infligido pelo povo pela atitude arrogante deste partido, pelo desrespeito da opinão popular e por defender, sobretudo, os seus próprios interesses.

O conceito “Um País, Dois Sistemas” foi uma jogada de tudo-por-tudo de Deng Xiaoping para lidar com os problemas levantados por Hong Kong, Macau e Taiwan. Não havia precedentes que servissem de modelo para esta nova situação e a ideia destinava-se a resolver os problemas. Se o incidente de 4 de Junho de 1989 nunca tivesse ocorrido, acredito que a China estaria mais aberta ao mundo e teria avançado mais. Se os meus leitores tiverem boa memória, hão-de lembrar-se que a China declarou, à data, que Hong Kong permaneceria como estava por mais 50 anos, que não haveria tropas aquarteladas em Macau e que Taiwan poderia ter o seu próprio exército. É lamentável que Deng Xiaoping tenha falecido antes da transferência de soberania de Hong Kong. O conceito original de “Um País, Dois Sistemas” foi perdendo gradualmente flexibilidade durante o processo de implementação e, hoje em dia, é caracterizado por lutas ideológicas e desconfianças. No caso de Hong Kong, a ideia original da escolha do Chefe do Executivo por sufrágio universal passou a ser uma miragem e o fracasso da evolução constitucional provocou dissenções sociais. A parte dos “Dois Sistemas” acabou por se tornar um mero apêndice de “Um País”. Macau, continua a depender da indústria do jogo e da política de “Vistos Individuais” dos turistas continentais para manter a prosperidade e a estabilidade. Embora a economia continue em alta, ainda persistem muitos problemas sociais. O atraso desta ecologia política impediu que fossem revelados os méritos do conceito “Um País, Dois Sistemas”. A forma como os membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais do IAM vão ser escolhidos é o exemplo máximo desse atraso. Por isso, como é que o povo de Taiwan pode confiar no conceito “Um País, dois Sistemas” quando vê a forma como funciona em Hong Kong e em Macau?

Este ano assinala-se na China o 100º aniversário do Movimento 4 de Maio, um movimento que exaltou ideias ocidentais, particularmente a ciência e a democracia. Mas, hoje em dia, “ciência e democracia” continuam a não passar de um slogan na China, onde a tecnologia substituiu a Ciência e a indigitação substituiu a eleição democrática. Se esta situação não se alterar, o futuro da China não será auspicioso e o princípio “Um País, Dois Sistemas” conhecerá novas crises.

11 Jan 2019

Sujeitos indeterminados

[dropcap]C[/dropcap]om tanto ardor se arrepelam os assuntos alçados à ordem do dia que ganham estes proporção cósmica, como se deles dependesse a fortuna e a regularidade do mundo. Mas logo que no cata-vento sopram outras excitações tudo se dissipa sem seguimento, efeito ou desfecho. Voltar atrás tempos depois – mesmo que tão só um par de semanas – ao que foi dito e vigorosamente discutido é como ir a um passado remoto onde as coisas se apresentam tão esdruxulas e embaraçosas como as calças à boca-de-sino dos anos 70 se as vestíssemos hoje. Exumar tais assuntos é capaz de valer a pena se for tido que as larvas da memória deixam a limpo o que tanto corrupio não degradou.

No dia 1 de Janeiro lá houve então mais uma Mensagem de Ano Novo de Sua Excelência o Presidente da República, despendida pelo actual incumbente.

Televisivamente é uma tradição encetada por Américo Tomaz, que a comunicava com monocórdica dicção de mestre-escola e fixado nos papéis, apontando para a câmara a cabeça de sáurio. Figurão manhoso e grotesco em partes iguais, tão nulo que a história o descurou, na última alocução que proferiu – mal sabia ele… – no primeiro dia de 1974, este Almirante de secretária estadeou com plenitude a sua vacuidade em frases como: “todos nós devemos ser profundamente humanos e, ao mesmo tempo, profundamente portugueses” ou “a Pátria tem o direito de a todos pedir que se unam cada vez mais.” Adágios que da Miss Alabama 2018 a um qualquer vereador autárquico, ninguém desdenharia.

Confirma-se, portanto, que apesar de vivermos tempos bem mais desenvoltos que os do antigamente, a tradição de rotundidade da Mensagem de Ano Novo mantém-se inalterável.

Serve sobretudo o discurso para azafamar as editorias políticas das redações, sempre ávidas de páginas chamativas, pondo em marcha um carrocel de declarações derivativas e subsequentes que passam optimamente por informação noticiosa. O que resolve a contento o quebra-cabeças que é fechar um jornal num dia em que estando todos, do povo aos responsáveis por ele, a jiboiar os excessos da quadra, nada acontece além dos folgazões e gélidos primeiros banhos de praia do ano.

Aos canais televisivos a mensagem presidencial fornece a antena de pelo menos 48 horas de debate e comentário, com comentadores (passe a redundância), um inclinado à esquerda, outro ao centro e eventualmente um terceiro apresentado como académico, infundindo assim um aroma de neutralidade e ciência (da social, não da autêntica) à cavaqueira.

Nas famigeradas redes sociais, onde um fósforo a arder equivale ao incêndio de Roma, a prédica presidencial é combustível óptimo para as apocalípticas altercações do costume. Por ali o mundo acaba todos os dias.
Os partidos também lá reagiram como lhes cumpre. Os partidos gostam muito de reagir porque lhes dá prova de vida e lhes permite exibirem, com “convicção”, “responsabilidade” e “sentido de Estado”, a determinação e a contundência que têm como múnus.

Com o tremendismo em que excele o actual inquilino de Belém, depois de em 13 parágrafos se aliviar do rol de chavões inerentes à credibilidade do cargo, entrou a alarmar as portuguesas e os portugueses interpelando-os com uma exigência. Afinal era tão só para lhes pedir que votassem nas eleições que irão pontuar o ano. Talvez não fosse momento para grandes explicações, mas decerto que o rogo seria menos inócuo se minimamente trouxesse luz ao perturbante facto de cada vez menos portuguesas e portugueses, e cada vez com menos crença, exercerem um direito inigualável e fundamental que os devia deixar orgulhosos por dele poderem fazer uso.

Guardado estava o bocado… Após algumas recomendações paternais, eis que o Supremo Magistrado da Nação solta a frase que concitou as atenções gerais:

“Podemos e devemos ter a ambição de dar mais credibilidade, mais transparência, mais verdade às nossas instituições políticas.”

Sem deixar os seus créditos por mãos alheias, os reactivos partidos retorquiram que sim senhor, que era mesmo isso, que tinha toda a razão. De igual modo a caravana de comentadores que segue estes dizeres, queimou toda a lenha da sua retórica para lançar sinais de fumo, com muitos rodeios e especulações, a propósito da sentença.

A todos faltou contudo, esclarecer um pormenorzinho. Estando subentendido o sujeito da oração e fugindo todos os intervenientes de calçarem esses sapatos, a quem afinal foi dirigida a invectiva? “Nós” quem? Ninguém se acusando é de supor que aos deuses ou à estratosfera.

No jogo de sombras em que protagonistas e figurantes actuam na ordem política vigente, este sujeito subentendido a que se referia O Senhor Presidente da República é a entidade mais enigmática e procurada pelo comum cidadão-eleitor.

“Eles” deviam dar um prémio a quem o encontrasse.

11 Jan 2019

Eterna aprendizagem

[dropcap]A[/dropcap] minha mãe tinha um hábito que eu, em criança, detestava. Quando me levava a uma consulta médica ou a um bailarico de imigrantes – ocasiões nas quais nos era exigido um aprumo suplementar – humedecia a ponta dos dedos com a língua e alinhava-me as grossas – e perpetuamente desarrumadas – sobrancelhas. Era tanto um gesto de cuidado como um tique incontrolável. Anos mais tarde, ao levar o meu filho à escola – ele que herdou de ambos lados da família umas sobrancelhas de nível florestal – dou por mim a mimetizar o gesto materno: antes de ele entrar na aula, componho-lhe as calças, ajeito-lhe o cabelo e alinho-lhe as sobrancelhas com um dedo húmido de saliva. Como numa das mais belas canções da Elis Regina: “Minha dor é perceber / Que apesar de termos feito tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos e vivemos / Ainda somos os mesmos e vivemos / Como os nossos pais…”

Não foi só esse gesto que herdei da minha mãe; devo-lhe igualmente a teimosia, uma boa porção de sarcasmo, a capacidade de me rir de mim próprio e, tentando futilmente pôr de parte a inevitável lamechice que vem à tona sempre que falo da minha mãe, provavelmente as melhores partes de mim. Do meu pai recebi a propensão a não saber quando estar calado, o gosto pela caça, pelo tabaco e pelo álcool e uma tendência a não acabar algumas das tarefas que me disponho a fazer, sobretudo se implicarem construir ou arranjar qualquer coisa.

Só percebi verdadeiramente os meus pais quando eu próprio fui pai. Sobretudo de todas as vezes em que falho ser pai, em que sou demasiado pequeno ou demasiado fraco para a tarefa incessante de educar e de cuidar de alguém. Nessas alturas lembro-me dos rostos fechados deles, tolhidos pela vergonha de não estarem à altura e pelo medo de nunca o conseguir estar. Conheço agora por dentro esses rostos. Essa declinação visual da impotência que todos os pais e mães desde sempre conheceram e exprimiram. A vivência da paternidade reperspectiva a condição de filho; de repente estamos do outro lado da fronteira, mal preparados, como quase em tudo na vida, e vivemos finalmente o interior dos gestos e das decisões de que víamos apenas, e mal, a casca. De repente percebemos as limitações, a angústia, o cansaço e, sobretudo e de uma forma completa e vertiginosa, o amor e a sua urgência complexa.

A minha mãe nunca percebeu porque é que eu quis tirar filosofia ou escrever. Não aprovou muitas das minhas escolhas na vida, nomeadamente as que implicavam uma relação de custo-benefício no mínimo duvidosa. Mas nunca fez mais do que opor-se-lhes verbalmente. Nunca fez por me condicionar a escolha do caminho ou por me cercear a liberdade. Essa é a majestade suprema do amor materno: amar aquilo que não compreendemos, amar mesmo aquilo que exprime o que não gostamos.

Enquanto pai, sei que nunca vou estar à altura da tarefa que me coube. Nunca ninguém está. Como escreve Philip Larkin, no poema This Be The Verse: “They fuck you up, your mum and dad / They may not mean to, but they do.” A minha módica esperança é a de nunca achar-me na posse da ilusão do conhecimento suficiente para ser pai. De achar-me sempre aquém, em falta e em dívida – sem que estas me esmaguem – para querer ser sempre melhor pai do que o sou hoje. Porque esse é o tributo maior que posso prestar ao meu pai e à minha mãe. Esse é talvez o único tributo possível.

11 Jan 2019

Cinestesias I

[dropcap]É[/dropcap] dos conceitos mais fascinantes da fenomenologia de Husserl. Hoje, fala-se também de propriocepção, uma percepção do próprio ou na formulação clássica de Kant: percepção. A palavra latina dizia: animadversio: viragem para a alma ou para o espírito.

A cinestesia em Husserl é uma percepção do movimento e da mudança. Ao olhar através da janela de um veículo pelo qual somos transportados, vemos tudo parado no seu interior, quando o exterior, todo ele, está em movimento. As árvores, os candeeiros, os objectos inamovíveis parecem estar em movimento, os carros na faixa contrária passam por nós a uma velocidade extraordinária. O juízo não crítico seria: nós estamos parados e tudo o mais está em movimento. Mas percebemos que somos nós que estamos a ser deslocados, nós estamos em movimento, e o movimento da nossa deslocação efectiva produz um movimento aparente dos objectos que estão parados. O nosso ponto de vista, aponta a alvos que podem parecer estar em movimento e estão parados e vice versa há objectos que parecem estar parados e estão a mover-se. A nossa perspectiva está continuamente a alterar-se, a ser ganha e a ser perdida, a transformar-se. Pegamos nela para ter um horizonte. Deixamo-la cair. Voltamos a ganhar perspectiva noutros tempos e noutras circunstâncias. A nossa experiência está continuamente a sintetizar descontinuidades temporais e descontiguidades espaciais. Todos os objectos da carruagem do comboio estão parados aparentemente. E, contudo, é o comboio e as suas carruagens que estão em movimento. Mas não só. Se olhar para uma mosca a voar, percebo os espaços que se constituem em segmentações paralelas atrás da mosca até à parede e entre a mosca e o meu nariz. Ela voa rapidamente da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima, aproxima-se e distancia-se. Mas onde ela aparece é um ponto absolutamente descontíguo. É o contínuo temporal que liga a mosca ao longe, em direcção do canto superior esquerdo do tecto com a mosca perto, à minha frente, sem eu perceber as linhas que esboçou até estar de novo próxima de mim. Ao mesmo tempo, toda a sala se metamorfoseia catastroficamente. A parede lá ao fundo desloca-se no seu todo, toda ela, da direita para a esquerda, quando a mosca voa da esquerda para a direita. Desfoca-se e duplica quando fixo a mosca. Volta a ficar focada quando fito a parede e a mosca duplica-se, porque eu entorto os olhos. É também assim que provocamos uma alteração nos conteúdos percepcionados: ao olhar para qualquer lado incutimos na cena perceptiva uma alteração. O mesmo se passa quando viramos a cabeça, nos viramos para a esquerda e para a direita, nos levantamos e sentamos, deitamos e pomos de pé, quando andamos, corremos, paramos. Há uma composição contínua entre o que é um produto da imaginação ou da fantasia e o que é efectivamente realidade. O que é efectivamente realidade é composto, colmatado nas suas lacunas, com uma composição irreal. Movimento e inércia, transformação e inalteração estão continuamente a dar-se. Mesmo o que aparentemente é o mesmo está em mutação contínua. Percebemos o romper do dia e o cair da noite com uma alteração das condições de luminosidade: clarear e escurecer, mas também esfriar e aquecer. O dia seguinte dá-nos a secretária como a deixamos no dia anterior. O escritório é encontrado como sempre o temos encontrado, o mesmo se passa com praias, sítios onde não vamos há muito tempo ou só lá fomos uma única vez. A última vez da apresentação de um sítio é ligada com a primeira vez que voltamos a ver essa apresentação: alguém, uma coisa, uma paisagem, nós no espelho. Tudo pode estar no mesmo sítio e não apresentar indícios da sua alteração. E, contudo, são momentos diferentes do tempo que estão a ligados entre si e com essa ligação também o meu quarto de ontem é percebido como o meu quarto hoje, alguém na semana passada é percebido como alguém nesta semana, mas a outra pessoa da semana passada, de ontem ou de hoje de manhã não é dada agora neste instante do mesmo modo nem da mesma maneira. Eu agora não sou o mesmo de há pouco. Nem os outros nem as outras coisas. E a ligação faz-se não se sabe bem como. A cinestesia compõe a realidade. Liga movimento ao repouso, temos diferentes no mesmo sítio e sítios diferentes no mesmo sítio.

E a propriocepção, a percepção de si?

Estou sempre eu a acompanhar todos os sítios onde vou? Quando durmo acompanho-me? Quando perco os sentidos, quando me distraio, quando perco a atenção, quando não estou “lá” e estou “longe”, o meu eu acompanha todas as minhas representações, como diria Kant? E os estados de espírito com que vivi momentos da minha vida, fiz experiências, tive começos e fins, será que os acompanho? Ser eu é diferente agora e na infância ou juventude. Sermos nós é diferente ao longo das horas do dia, dos dias da semana, dos meses do ano, dos anos e das épocas da vida. Temos a sensação de que somos os mesmos e de que tudo pode mudar. A mudança não é a deslocação no espaço ou o movimento motor. É outra coisa. Não temos bem a percepção de ter mudado, de como a mudança altera a nossa maneira de vermos quem somos e de vermos os outros. Pensamos ou podemos pensar que tal como as árvores e os candeeiros parados dão a sensação de que estão a mover-se e nós é que estamos parados, podemos pensar que é tudo o resto que muda, todos os outros que são diferentes, e nós próprios somos os mesmos, não mudamos. E pode ser o contrário: podemos achar que mudamos, que sofremos experiências que nos alteraram o âmago do nosso ser, que tudo é agora diferente do que foi e não sabemos muito bem já quem somos, no que nos tornamos. Mas os outros não são bem quem foram. Outros há que são o mesmo e relativamente a eles somos também os mesmos. Mas que identidade é essa na mutação, no movimento, na alteração, na mudança?

Qual é o próprio de si para cada um daqueles que conhecemos? Como temos uma apercepção do próprio que é cada um de nós na relação com todos os outros, conhecidos e desconhecidos?

11 Jan 2019

Festival Fringe | “Phubber Drama” alerta para dependência das redes sociais

Uma performance interactiva e inesperada, com o objectivo de alertar as pessoas para a sua dependência do telemóvel é o que vai acontecer nos próximos dias 19 e 21 de Janeiro com “Phubber Drama”, uma iniciativa criada por Cherrie Leong. A performance vai ter lugar junto do edifício da administração pública e do templo de Kun Iam para deixar um recado: “é preciso o convívio pessoal”

 

[dropcap]“A[/dropcap]s pessoas já não estão umas com as outras”, começa por dizer ao HM a responsável por “Phubber Drama”, a performance interactiva que pretende alertar o público para o uso excessivo do telemóvel. Aliás, o termo “phubbing” está agora “na moda” e define este fenómeno de ligação virtual permanente das pessoas, acrescenta Leong.

Mas até que ponto estas ligações estão a privar as pessoas de estarem umas com as outras? Esta foi a questão que levou a artista local a criar“Phubber Drama”. “Actualmente quando nos juntamos com amigos e família, estamos sempre a utilizar o telefone em vez de comunicarmos uns com os outros, directamente e cara a cara”, começa por explicar. O fenómeno é visível em todo o lado, quer quando as pessoas estão em grupo, ou sozinhas enquanto andam nos transportes e pela rua. “As pessoas estão permanentemente ligadas”, sublinha Cherrie Leong.

Perante esta alienação, Cherrie Leong decidiu intervir, avançar para o público na rua, e fazer, com ele, uma performance. O objectivo é conseguir promover uma reflexão capaz de “encorajar uma mudança nas pessoas e nas suas atitudes para que deixem de usar tanto o telefone”.

Tempo de parar

A ideia não é deixar de utilizar este dispositivo que já faz parte da vida de todos, mas sim que parem e que tenham em conta o tempo que passam efectivamente com a família e com os amigos e a forma como comunicam nestas situações.

Por outro lado, a responsável tem notado que a dependência da sociedade actual no número de gostos no facebook ou de seguidores noutras plataformas começou ser preocupante, sendo que “todas as pessoas centram a sua existência nas plataformas sociais e fazem delas a sua vida”.

Todo este mundo, que não existe na realidade, está a alterar a forma como as pessoas estão umas com as outras e “está na altura de repensar o lugar dos amigos e da família real”, refere, sendo que, “as relações humanas estão cada vez mais esquecidas”.

No fundo, Cherrie Leong pretende com “Phubber Drama” a busca de um equilíbrio entre o virtual e o real que considera perdido.

Situação surpresa

A iniciativa integra o cartaz da edição este ano do festival Fringe que tem hoje início oficial e o evento vai ter lugar nos dias 19 em frente ao edifício da administração pública e no dia 21 em frente ao templo de Kun Iam, sempre junto da paragem de autocarros.

A performance vai ser feita “inesperadamente e os artistas vão aparecer do nada, e da mesma forma vão desaparecer”. Apesar de ter uma duração de apenas cinco minutos, “haverá tempo para interagir”.

“Tentamos fazer alguma coisa diferente porque queremos que as pessoas se juntem a nós. Vamos claro, aproximarmo-nos de quem estiver a utilizar o telefone”, aponta Leong.

11 Jan 2019

Porto Interior | Obra da estação elevatória de águas pluviais vai custar mais de 90 milhões

[dropcap]A[/dropcap] obra de construção de ‘box-culvert’ da estação elevatória de águas pluviais do norte do Porto Interior deve custar mais de 90 milhões de patacas. A estimativa foi facultada pelo Governo que adiantou que a empreitada deve arrancar ainda no primeiro trimestre.

Segundo o jornal Exmoo News, o montante foi avançado na quarta-feira durante uma reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, convocada para a apresentação do ponto de situação dos trabalhos contra inundações no Porto Interior.

Após o encontro, os membros do conselho consultivo indicaram ainda que a obra tem a duração prevista de 718 dias, ou seja, de aproximadamente dois anos. Choi Tat Meng, membro do conselho consultivo, referiu que o Governo teve como referência as experiências de cidades como Guangzhou e Shenzhen, e concluiu, com base na altura máxima das marés, que muretes com três metros de altura podem impedir entrada de águas durante a passagem de tufões como o Hato e o Mangkhut.

O mesmo responsável explicou ainda que se forem mais altos podem afectar a segurança estrutural nos edifícios e nas fundações de estradas à volta.

Relativamente às comportas para prevenção de inundações, Choi Tat Meng referiu que, no ano passado, já teve resposta do Governo Central sobre a concepção geral e que o Executivo já apresentou um estudo sobre a viabilidade da obra para ouvir opiniões das autoridades chinesas, devendo a empreitada arrancar depois de elaborada a concepção pormenorizada.

11 Jan 2019

Tecto falso no New Yaohan soltou-se e causou três feridos

Ao contrário do habitual, a Polícia de Segurança Pública não anunciou o caso aos jornalistas, mas nega que tenha havido tentativa de “esconder” o acontecimento. Uma das pessoas feridas está internada e tem pela frente uma recuperação de dois meses

 

[dropcap]T[/dropcap]rês pessoas ficaram feridas no centro comercial New Yaohan, depois de um tecto falso ter caído, no sétimo andar. O caso aconteceu no domingo, e a PSP, ao contrário do habitual, não reportou aos jornalistas a ocorrência. Apenas ontem, após a informação ter começado a circular nas redes sociais, e ter sido publicada no Ou Mun Iat Pou, é que as autoridades revelaram o caso.

Segundo a informação disponibilizada pela PSP ao HM, o acidente aconteceu por volta das 15h00 e entre os feridos estão uma mãe, com cerca de 40 anos, e filha, com cerca de 12 anos. A mãe encontra-se na situação mais complicada, uma vez que ainda está internada com ferimentos na cintura e cabeça. A PSP não avançou mais pormenores sobre a condição física da mulher, e os Serviços de Saúde, apesar de contactados para o efeito, também não disponibilizaram a informação. Contudo, segundo a publicação Oriental Daily, de Hong Kong, a mulher tem uma recuperação pela frente de cerca de dois meses. Alguns comentários das redes sociais apontavam ainda para o facto da mulher não conseguir mexer-se da cintura para baixo, quando foi transportada para o hospital. Em relação à filha, a PSP avançou que a criança sofreu lesões na cintura, mas que já teve alta.

De acordo com os comentários à notícia, os responsáveis pelo centro comercial, que está sob a alçada da Sociedade de Diversões e Turismo de Macau, teriam “lavado as mãos” da ocorrência. Porém, segundo o Ou Mun Iat Pou, este não terá sido o caso. Em declarações ao jornal, os responsáveis pelo centro comercial lamentaram o incidente e afirmaram estarem disponíveis para pagarem todas as despesa hospitalares dos feridos.

O acidente aconteceu no sétimo andar do New Yaohan, onde estavam a ser realizados trabalhos de renovação.

Tudo às claras

Numa conferência de imprensa, realizada ontem, a PSP negou que tenha havido intenção de encobrir o acidente. Ao mesmo tempo, responsabilizou o centro comercial por nunca ter revelado o que aconteceu, quando telefonou para os bombeiros a pedir o auxílio das ambulâncias.

A mesma situação foi explicada ao HM: “Quando nos foi dado o alerta só foi dito que havia feridos, não nos foi explicado que tinham sido causados pela queda de um tecto”, contou fonte da PSP.

Também na conferência de imprensa foi revelado que por dia acontecem, em média, entre 70 e 80 ocorrências e que apenas algumas são comunicadas aos órgãos de comunicação social, normalmente as consideradas mais mediáticas e com maior impacto para a sociedade.

11 Jan 2019

Professor da Universidade de Macau candidato a reitor da Universidade de Coimbra

[dropcap]Y[/dropcap]ang Chen, professor de Matemática na Universidade de Macau, figura como um dos dois estrangeiros candidatos ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra (UC). O anúncio foi feito pela instituição de ensino superior que deu conta de que há cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato.

Investigador nascido em Singapura, doutorado em Física pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, Yang Chen lecciona actualmente Matemática na Universidade de Macau. A segunda candidata estrangeira é Duília Fernandes de Mello, doutorada em astronomia pela Universidade de São Paulo e professora catedrática da Universidade Católica da América. Segundo o ‘site’ da associação Mulher das Estrelas, criada pela própria, Duília de Mello publicou mais de 100 artigos científicos, colabora com o Goddard Space Flight Center, da NASA, tendo sido escolhida, em 2014, pela revista brasileira Época, como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil.

A comissão eleitoral informou, na noite de quarta-feira, em nota de imprensa, que foram aceites cinco candidaturas, tendo sido também excluídos cinco processos, “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”.

O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, são os outros nomes, tendo já anunciado as suas candidaturas no ano passado.

As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro, havendo a 4 do mesmo mês uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, no dia seguinte.

O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.

11 Jan 2019