Diana do Mar SociedadeEnsino | Macau e Portugal preparam-se para ter mais cinco escolas geminadas [dropcap]M[/dropcap]acau e Portugal vão ter, em breve, mais cinco escolas geminadas. Representantes de escolas do território deslocam-se ao Porto, no próximo mês, por ocasião do Ano Novo Chinês, com o reforço da cooperação na agenda. Escola Hou Kong, Escola da Ilha Verde, Escola dos Moradores, Escola Gonzaga Gomes e Colégio de São José pretendem geminar-se com a Escola Secundária Carlos Amarante (Braga), a Escola Secundária Augusto Gomes (Matosinhos), a Escola Secundária Oliveira Júnior (São João da Madeira), a Escola Secundária Eng.º Calazans Duarte (Marinha Grande), e a Escola Secundária D. Duarte (Coimbra). Actualmente, existem duas escolas de Macau geminadas com estabelecimentos de ensino de Portugal (Escola Oficial Zheng Guanying e Pui Ching). A informação foi revelada ontem pelo director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, num encontro com jornalistas, em que explicou que os representantes das cinco escolas integram uma delegação de Macau, composta por aproximadamente 80 alunos e professores, que vai deslocar-se ao Porto. Esta visita, durante a qual vão ter lugar espectáculos protagonizados por estudantes, figura como uma das actividades delineadas pelos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China.
Andreia Sofia Silva SociedadeObras de reparação do Centro de Ciência vão custar 100 milhões O representante máximo dos accionistas do Centro de Ciência, Liu Chak Wan, adiantou que as obras de reparação da estrutura principal vão custar 100 milhões de patacas, um valor que se aproxima do custo de construção do edifício. O empresário justificou o elevado custo com a inflação [dropcap]A[/dropcap]s obras de reparação do edifício que alberga o Centro de Ciência de Macau vão custar cerca de 100 milhões de patacas. O valor foi ontem anunciado pelo empresário Liu Chak Wan, responsável máximo pelo grupo de accionistas da empresa gestora do edifício, a Centro de Ciência S.A. Nas palavras de Liu Chak Wan, é necessária uma nova concepção e instalações, sendo que o novo edifício ficará semelhante ao actual. De acordo com o Jornal do Cidadão, o também membro do conselho de curadores da Fundação Macau, explicou que, devido à passagem do tufão Mangkhut pelo território, houve várias placas de alumínio que ficaram deslocadas, além de que muitas já estavam envelhecidas. A inflação foi a principal razão apontada por Liu Chak Wan para o custo elevado da obra. “É preciso ter em conta que o edifício foi feito há mais de dez anos. Nessa altura pagava-se 600 patacas por cada pé quadrado de construção, mas agora paga-se duas mil patacas, pelo que o preço aumentou quatro vezes.” A obra vai demorar mais de um ano a ficar concluída, um prazo que Liu Chak Wan justifica com o facto de ser necessário pensar numa só proposta que seja boa e que resolva todos os problemas. De frisar que, além dos estragos causados pela passagem do tufão Hato, o Centro de Ciência sofreu um incêndio em 2015, incidentes que provocaram o fecho temporário do espaço e a realização de trabalhos de reparação. Milhões e milhões O valor de 100 milhões aproxima-se do que, em 2006, foi pago pelo projecto de construção do edifício, levado a cabo pela Companhia de Construção e Obras de Engenharia Tong Lei, Limitada. O despacho, assinado pelo ainda Chefe do Executivo Edmund Ho, mostra que a obra de construção teve um custo de 337 milhões de patacas. No caso do projecto de arquitectura, entregue à empresa Ieoh Ming Pei e Pei Partnership, Architects, custou aos cofres públicos mais de três milhões de patacas, pagas entre 2002 e 2003. Lau Si Io, ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas é, desde 2015, presidente do conselho de administração da Centro de Ciência S.A.
Andreia Sofia Silva SociedadeAlexis Tam garante que problemas de gestão do IC estão resolvidos [dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, comentou ontem a escolha do director do Museu de Arte de Macau para o cargo de vice-presidente do Instituto Cultural (IC), tendo dito que, com a nova equipa, estão ultrapassados os problemas de gestão do IC. “Não estou preocupado porque a presidente do IC [Mok Ian Ian] está a trabalhar bem e a tratar bem do problema de gestão. O IC tem cada vez mais trabalho e é reconhecido pela população, no futuro vamos continuar a ter mais atividades na área cultural e eu estou satisfeito com o trabalho do IC”, apontou. Quanto ao nome que irá substituir Chan Kai Chon na direcção do MAM, ainda não está decidido.
Andreia Sofia Silva SociedadeGripe | Governo vai adquirir mais 20 mil vacinas [dropcap]A[/dropcap]lexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, assegurou ontem que serão adquiridas pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM) mais 20 mil vacinas, o que perfaz um total de 170 mil disponíveis para serem administradas de forma gratuita aos residentes permanentes. Para Alexis Tam, este número “é suficiente para toda a população”, sendo que mais de 80 por cento das crianças já foram vacinadas, bem como os idosos nos lares. O Governo está também a preparar um plano de incentivo à vacinação junto dos estudantes do ensino superior. Relativamente aos trabalhadores não residentes, Lei Chin Ion, director dos SSM, defendeu que estes têm de suportar a factura das vacinas no serviço de saúde privado, uma vez que “a prioridade é para os residentes permanentes”. Desde Setembro que foram registados 14 casos de gripe, mas o secretário revelou estar satisfeito com os trabalhos de prevenção e acompanhamento por parte do serviço público de saúde. Quanto ao caso da criança de quatro anos diagnosticada com encefalite devido à gripe, está a ser acompanhado no São Januário, não existindo novidades sobre o seu estado de saúde. Alexis Tam falou aos jornalistas à margem de uma visita ao centro de saúde do Tap Seac e do serviço de urgência pediátrica e para adultos do hospital São Januário, onde falou com alguns doentes e acompanhou o processo de diagnóstico e tratamento dos casos de gripe.
Diana do Mar PolíticaFirmados três protocolos de cooperação com Shenzhen Macau e Shenzhen assinaram ontem três protocolos, abrindo o âmbito da cooperação ao domínio jurídico, ao emprego para jovens e ao ramo das indústrias culturais e criativas [dropcap]A[/dropcap] área jurídica figura como um dos três novos domínios em que Macau e Shenzhen vão cooperar. O acordo, firmado ontem após uma reunião conjunta, tem como objectivo “incentivar a colaboração entre operadores de Direito das duas regiões em matéria legislativa, arbitragem e resolução de litígios”. Já o segundo memorando prevê o reforço dos laços com vista ao desenvolvimento de indústrias culturais de “alta qualidade”, enquanto o terceiro traduz uma aposta na juventude, consagrando oportunidades de intercâmbio, estágio e emprego para jovens de Macau em empresas de renome de Shenzhen. Este último surge, aliás, em articulação com a Grande Baía, visando, entre outros, elevar a competitividade regional. Em causa o projecto de integração económica que aspira transformar Macau, Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong (incluindo Shenzhen), numa metrópole de nível mundial. O acordo-quadro para o desenvolvimento da estratégia da Grande Baía foi firmado em 1 de Julho de 2017, em Hong Kong, num acto testemunhado pelo Presidente da China, Xi Jinping, mas desde então pouco foi materializado, estando a faltar as políticas concretas, cujo anúncio, por parte de Pequim, se espera que tenha lugar em breve. Ano de efemérides Os três acordos firmados na reunião conjunta – que juntou dezenas de dirigentes de ambas as partes – cobrem “novas áreas”, sublinhou o secretário para a Economia e Finanças, no final do encontro, dando particular relevo ao facto de serem celebrados num ano “bastante importante”, tanto por causa da Grande Baía, dado que devem ser anunciadas as políticas em concreto, como por efemérides de peso. Lionel Leong recordou que, em 2019, não só se assinalam os 70 anos da implementação da República Popular da China, como também os 40 anos da criação de Shenzhen e os 20 anos de vida da RAEM. “Agora, estamos numa nova era e à luz do projecto de construção da Grande Baía temos de abrir mais âmbitos de cooperação, pelo que estes três protocolos são bastante importantes para estreitar laços”, apontou, por seu turno, o presidente do município de Shenzhen, Chen Rugui.
João Santos Filipe PolíticaAMCM sem poder decisório sobre licenças de sociedades de locação financeira [dropcap]A[/dropcap]pesar de emitir pareceres sobre a emissão e revogação de licenças às empresas de locação financeira, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) não vai ter poder de decisão sobre estas matérias. A questão ficou definida ontem na comissão que está a analisar a proposta da lei na Assembleia Legislativa. Ainda de acordo com Chan Chak Mo, a última palavra vai depender sempre do Chefe do Executivo, à imagem do que já acontece com as instituições bancárias do território.
João Santos Filipe PolíticaArbitragem | Recurso a tribunais limitado [dropcap]A[/dropcap]s pessoas que recorrerem aos mecanismos de arbitragem só vão poder anular as decisões nos tribunais nos casos que fiquem expressamente definidos na lei. A revelação foi feita por Ho Ion Sang, deputado que preside à comissão que está com o diploma em mãos. De acordo com o deputado dos Kaifong, esta é uma medida para reforçar o carácter das decisões dos centros de arbitragem. Por outro lado, a última palavra sobre a aplicação das decisões dos centros de arbitragem fora de Macau vai ficar com os tribunais da RAEM.
João Santos Filipe PolíticaMetro Ligeiro | Pedida clarificação de “matérias confidenciais” nos relatórios de acidentes Um artigo elaborado pelo Governo permite excluir “matérias confidenciais” dos relatórios técnicos da investigação de acidentes com o Metro Ligeiro. No entanto, as matérias abrangidas não estão definidas. Deputados exigem explicações [dropcap]A[/dropcap] 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa quer que o Governo deixe muito claro que tipo de matérias vai ser deixado de fora dos relatórios públicos, no caso das investigações técnicas sobre acidentes com o Metro Ligeiro. Em causa está o artigo da proposta de lei que define que o relatório público deve excluir as partes confidenciais, apesar da investigação apenas focar as razões do acidente, sem indicar responsabilidades criminais. O documento que está a ser analisado pelos deputados não indica quais são as matérias confidenciais. “Perguntámos o que se considera como ‘matérias confidenciais’ que vão ser excluídas. O Governo disse-nos que vai estudar o assunto e definir bem o âmbito deste artigo e depois responder aos deputados”, informou o presidente da comissão, Vong Hin Fai, no final do encontro. “O Governo não nos deu nenhum exemplo de matérias confidenciais, apesar de termos perguntado. Como estamos a falar de uma investigação de natureza técnica, que não apura responsabilidades criminais, apenas não compreendemos a confidencialidade”, apontou o deputado. “Não estamos a falar de uma investigação que foque propriamente dados pessoais, dados das vítimas ou outras questões que envolvam sigilo. O Governo diz que vai responder e, pelo menos, explicar as instruções”, acrescentou. Prazos mais curtos Além desta questão, os deputados querem ainda que o Governo antecipe o prazo em que está legalmente obrigado a apresentar ao público as conclusões dos relatórios finais das investigações técnicas. Segundo a primeira proposta, o prazo apresentado foi de um ano e tem como inspiração o caso dos acidentes de aviação. Porém, é considerado excessivo pelos deputados. “A comissão considera que um ano é um prazo muito longo. O resultado deve ser apurado o mais rapidamente possível e deve ser igualmente disponibilizado ao público tão brevemente quanto possível”, afirmou Vong. Também o prazo para a aplicação das recomendações levantou controvérsia. O documento define 90 dias para as alterações. Os deputados entendem que é muito tempo e que devem ser aplicadas com urgência. No entanto, o Governo diz que um prazo inferior a 90 dias é difícil de cumprir, caso seja necessário comprar equipamentos no exterior. Por sua vez, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Pública, que participou na reunião, fez um balanço positiva da mesma. “Foi muito bom, altamente eficaz e eficiente. Acabámos a primeira ronda [de análise do documento] e agora vamos fazer o nosso trabalho”, resumiu. “Não há consenso sobre todos os artigos, mas vamos rever a lei e apresentar uma versão revista, para aproximar as posições”, concluiu.
Andreia Sofia Silva PolíticaPensões ilegais | Matéria para resolver este ano, diz Sónia Chan [dropcap]S[/dropcap]ónia Chan promete fazer tudo para que uma eventual criminalização das pensões ilegais entre na Assembleia Legislativa antes de Dezembro, altura em que termina o seu actual mandato. A promessa foi feita, ontem, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião de uma comissão sobre arbitragem. “Vamos fazer todos os nossos esforços”, afirmou a secretária para a Administração e Justiça. Ao mesmo tempo garantiu que se houver alteração à lei, que haverá uma consulta pública: “é um dos procedimentos exigíveis”, indicou. Sobre o andamento do grupo de trabalhos para estudar se as pensões ilegais devem ser criminalizadas, Sónia Chan explicou que o grupo foi constituído há pouco tempo e que na próxima semana vai ser realizado o primeiro encontro. Por este motivo ainda não há data para a tomada de uma decisão: “Ainda precisamos de tempo”, explicou. Ontem, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, voltou a defender a criminalização das pensões ilegais ao ser questionado sobre o recente caso de uma mulher morte numa habitação ilegal.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAdministração | Sónia Chan nega discriminação em curso de mestrado A secretária compara a exigência do domínio do chinês para frequentar curso de mestrado da Administração Pública aos cursos em que magistrados também têm de provar que falam português [dropcap]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça recusa haver discriminação devido ao facto dos funcionários públicos que apenas dominam o português ficarem automaticamente afastados do Curso de Mestrado da Administração Pública. Este é um mestrado que vai ser leccionado em mandarim no Interior da China, e que vai permitir promoções dentro da Função Pública. A organização está a cargo do Instituto Nacional de Administração da China e do Instituto Politécnico de Macau. “Este curso é organizado em cooperação com uma instituição do Interior da China. Cada curso tem os requisitos próprios”, começou por explicar Sónia Chan. Depois comparou a situação com os cursos para os magistrados formados na RAEM: “Por exemplo, no curso dos magistrados, se os candidatos não forem capazes de dominar o português também não podem entrar”, apontou. “Não podemos dizer que há discriminação. Se uma pessoa quiser fazer um curso tem de ver as condições e cada curso tem os seus requisitos”, completou. Apesar do exemplo da secretária, as situações não são idênticas. Ao contrário do mestrado para a função pública, os cursos para a formação de magistrados exigem que os candidatos dominem as duas línguas oficiais do território. Assim, no caso de uma pessoa que tem como língua materna o português, esta tem de conseguir dominar o chinês. O cenário oposto também acontece, uma pessoa que tenha como língua materna o chinês, precisa de dominar o português. Sónia Chan foi igualmente confrontada com o cenário do curso se realizar numa instituição do Interior da China, em vez de decorrer em Macau. Em relação a esta questão, a secretária admitiu que não estava na posse de toda a informação sobre o contrato assinado para o curso. Queixas de funcionários O novo mestrado em Administração Pública causou polémica junto dos funcionários do Governo devido a três aspectos. Por um lado, só está disponível para falantes de chinês e, por outro, para que as propinas sejam assumidas pelo Governo é necessária uma carta de recomendação de um dos chefes. Também aos candidatos é exigida uma licenciatura em Administração Pública do Interior da China. O caso levou inclusive o deputado José Pereira Coutinho, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, a escrever uma interpelação ao Executivo: “Muitos trabalhadores ao terem conhecimento do respectivo Regulamento e interessados em participar no respectivo mestrado ficaram muito tristes e descontentes e vieram queixar-se ao nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos alegando, por exemplo, que estão a ser discriminados por não dominarem uma das línguas oficiais”, escreveu o legislador. José Pereira Coutinho questionou também o Executivo sobre os critérios para as cartas de recomendações, uma vez que se teme que o sistema seja utilizado para favorecer determinadas pessoas, e perguntou qual a razão de ser exigida uma licenciatura do Interior da China, em vez de um grau académico local.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTrês novos médicos portugueses já trabalham no São Januário O director dos Serviços de Saúde de Macau, Lei Chin Ion, adiantou ontem que os três médicos portugueses recentemente contratados já estão a trabalhar no Centro Hospitalar Conde de São Januário. Não há ainda data para a contratação de mais dez médicos de Portugal [dropcap]E[/dropcap]stão finalmente em funções no Centro Hospitalar Conde de São Januário os três médicos recentemente contratados em Portugal. A informação foi adiantada ontem por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), à margem de uma visita do secretário Alexis Tam no âmbito dos trabalhos de prevenção da gripe. “Actualmente temos apenas três médicos portugueses, e os dez médicos serão recrutados mais tarde”, apontou, tendo adiantado que nem todos os currículos apresentados deram resposta às necessidades dos SSM. “No ano passado recebemos muitos currículos de médicos portugueses, alguns achamos que eram adequados, mas outros não”, referiu o responsável máximo dos SSM, admitindo que “os médicos de Pequim, Taiwan e Hong Kong também são muito bons”. Foi em Fevereiro do ano passado que foi publicada uma nota no website da Ordem dos Médicos em Portugal a anunciar a existência de 14 vagas para médicos especialistas, tendo em conta “o crescimento e desenvolvimento da medicina” no território. Os salários oferecidos variavam entre as 84.915,00 e 114.750,00 patacas para a prestação de 45 horas semanais de trabalho. Turismo adiado Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, garantiu que a questão dos recursos humanos não tem afectado a qualidade dos serviços de saúde prestados. “A questão dos recursos humanos não vai afectar a nossa dedicação na melhoria do sistema de saúde. Estamos muito felizes com a cooperação que temos vindo a ter com Portugal, China e até Hong Kong ou Singapura. Enviamos muitos doentes para Hong Kong. Temos muitas políticas para apoiar os nossos pacientes, e se não puderem ser tratados em Macau irão receber tratamento no estrangeiro, é uma boa política.” Em relação à contratação de mais dez médicos portugueses, tudo vai depender “da sua vontade para trabalharem em Macau”. O secretário voltou a mostrar intenções de uma aposta governamental no turismo de saúde, mas não para já. “Não vamos desenvolver essa área para já, mas talvez no futuro, pois somos muito bons no turismo. Mas a nossa prioridade não é o turismo de saúde, para já”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina considera abrir novas bases militares no exterior [dropcap]A[/dropcap] China não descarta abrir mais bases militares no exterior, caso exista “necessidade”, afirmou um tenente-general das Forças Armadas chinesas, depois de, em 2017, Pequim ter inaugurado a sua primeira instalação militar além-fronteiras, no Djibuti. Citado pelo jornal oficial China Daily, He Lei, antigo vice-presidente da Academia de Ciências Militares do Exército de Libertação Popular (ELP), afirmou que a abertura de novas bases vai depender de “dois factores”. “Esta questão será determinada pela necessidade em prestar melhor apoio às missões da ONU”, afirmou. “Em segundo lugar, a abertura depende da aprovação do país onde a base está localizada”, acrescentou He Lei, garantindo que, na ocorrência destas condições, “a China pode construir novas bases de apoio no exterior”. O responsável salientou que a principal função destas instalações é fornecer “apoio logístico” às unidades chinesas além-fronteiras, e não criar uma base para as forças militares do país. Inaugurada em 2017, a única base militar da China no exterior fica no corno de África e visa “fornecer apoio logístico” às tropas chinesas envolvidas em missões anti-pirataria, operações de paz da ONU e resgates no Golfo de Áden e na costa da Somália.
Hoje Macau EntrevistaFilha de ex-presidente de Angola diz querer continuar legado do pai [dropcap]A[/dropcap] deputada do MPLA e filha do ex-Presidente angolano, ‘Tchizé’ dos Santos, assumiu hoje o objectivo de continuar o “legado” do pai, apesar da resistência que diz sentir em alguns sectores do partido, desde Setembro liderado por João Lourenço. Em entrevista à Lusa, em Lisboa, Welwitschea ‘Tchizé’ dos Santos, a filha politicamente mais próxima de José Eduardo dos Santos, ex-Presidente da República (1979-2017) e ex-líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), reconhece que a sua intervenção activa no partido, tem motivado contestação. “Eu temo que, depois desta entrevista, possa chegar a Luanda e me seja instaurado um processo disciplinar dentro do partido e ser expulsa do Comité Central, por exemplo. E seria muito conveniente porque de acordo com a cultura do MPLA, os únicos que podem ser candidatos à presidência do partido são os membros do Bureau Político e os membros do Comité Central”, afirmou. É que, ressalva a empresária, de 40 anos e desde 2008 no parlamento angolano, “ser do Comité Central [do MPLA] faz muita diferença”. “Algumas pessoas acham, eventualmente, ou imaginam, que eu seja uma pessoa muito interventiva, que gosto muito de emitir opiniões, porque possa eventualmente ter algum tipo de ambição política. Por um lado, tentaram-me desvalorizar durante muito tempo, desacreditar. Tentaram criar, alguns com mãos invisíveis, campanhas de assassínio de carácter, tentando mostrar-me com uma pessoa maluca, emocionalmente instável, desequilibrada”, criticou. FOTO: João Relvas | LUSA O MPLA é liderado desde Setembro último por João Lourenço, precisamente um ano depois de ter assumido o cargo de Presidente da República de Angola, sucedendo em ambos a José Eduardo dos Santos, numa transição que tem sido marcada por clivagens. “Não vou julgar ninguém, não vou apontar o dedo a ninguém, mas posso dizer que José Eduardo dos Santos fez questão de, pelo seu próprio pé, deixar o poder, fazer a transição, foi porque ele quis deixar, como o seu maior legado, a democracia plena e irreversível, o Estado democrático de direito ideal ou pelo menos a caminhar para tal. E como filha, eu sinto que é este o legado a que me tenho que agarrar, a par do da paz, e lutar por ele. Esteja onde estiver”, afirmou. Questionada pela Lusa sobre o seu futuro político, desde logo na hierarquia do MPLA, ‘Tchizé’ dos Santos insiste que pode ser “mais útil no sector privado” ou na sociedade civil. Ainda assim admite: “É como em tudo, as pessoas que em 1961 [início da luta armada contra o poder colonial português] pegaram em catanas… ninguém quer pegar numa catana e correr o risco de ser morto por um canhão. Quando as pessoas não têm mais nada a perder, lançam-se para a frente”. “Eu por acaso não sonho ser Presidente da República, mas se sonhasse, porque é que as pessoas me têm que olhar com um ar de piada? Mas o senhor que foi nomeado agora para governador de Luanda e o ministro Adão de Almeida, que têm a mesma idade do que eu, já são vistos como potenciais candidatos. E porque é que tenho de ser vista como uma piada?” – questionou. “Não estou a dizer que queira ou que vá ser, mas enquanto for a uma realidade que uma mulher seja posta em causa desta maneira eu vou continuar a lutar”, criticou. Sublinhando que não idealizou “uma carreira política”, sublinha que o “maior erro” dos políticos angolanos, sobretudo “das gerações mais velhas, que não tiveram outras oportunidades”, é tornarem-se “políticos profissionais”. “E são estes que têm receio que esta competitividade, esta meritocracia, lhes venha retirar valor e vão manipulando e gerindo as circunstâncias, de acordo com o seu interesse”, disse ainda. Transição não é a esperada ‘Tchizé’ dos Santos disse também que a transição no poder não é a que Angola esperava, defendendo que o Presidente da República deve deixar de ser o “único” que pode “brilhar”. Welwitschea ‘Tchizé’ dos Santos reagiu assim aos primeiros meses de liderança de João Lourenço, que sucedeu ao pai, e que tem vindo a afastar elementos da família de José Eduardo dos Santos de posições do poder. Questionada pela Lusa sobre uma a existência de uma “caça às bruxas” em Angola, a deputada e empresária foi lacónica: “Eu não posso afirmar isso [caça às bruxas], porque se afirmar isso se calhar saio daqui e sou processada pelo Presidente da República por difamação. E eu não quero ser um segundo Rafael Marques”, numa referência ao activista, alvo de vários processos por denúncias sobre a liderança de José Eduardo dos Santos. Tendo presente o recente momento de tensão entre o actual Presidente, João Lourenço, que acusou José Eduardo dos Santos de ter deixado os cofres públicos “vazios”, prontamente refutadas pelo ex-chefe de Estado, a deputada confessa a surpresa. “Eu falo como angolana, não era a transição que nenhum dos angolanos esperava. Para mim, a transição era uma festa, um momento ímpar e havia ali uma transição extremamente pacífica e sem contradições. Entretanto, pelas declarações do ex-Presidente e do actual Presidente, há uma contradição pública, não é desejável para nenhum partido politico”, no caso o MPLA, afirmou. É precisa pacificação Além deste momento, a transição ficou marcada também pela prisão de um dos filhos de José Eduardo dos Santos, José Filomeno dos Santos, investigado pela gestão do Fundo Soberano de Angola. Embora sem fazer comentários sobre o processo e sobre o irmão, ‘Tchizé’ dos Santos defende uma pacificação, face ao momento actual. “Nós não queremos novos ‘Rafaeis Marques’, não queremos novos heróis, não queremos novos presos políticos e gostava de pedir que todos se abstivessem da tentação de manipular, ou tentar manipular, os órgãos do Estado, usando qualquer tipo de influência”, criticou. Por isso, enfatizou, Angola arrisca-se actualmente a “perder uma grande oportunidade de fazer um ‘restart’ [recomeço]”, na actual liderança de João Lourenço. “Mas ‘restart’ não quer dizer que se vai perdoar incondicionalmente os erros todos que acontecerem para trás e as pessoas que cometeram uma série de erros que afectaram todos”, disse. Nesse sentido, a deputada do MPLA defende que o governo deve “apenas priorizar o que é de facto importante. Há mais angolanos a passar fome do que há um ano atrás, há dois anos atrás, há três anos atrás, vamo-nos focar nestas pessoas”. Recorrendo ao lema “Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, adoptado pelo MPLA partido no poder e pelo qual é deputada há três mandatos além de membro do Comité Central, desde 2017, ainda com José Eduardo dos Santos, ‘Tchizé’ dos Santos reclamou por uma mudança. “O corrigir o que está mal também passa por deixarmos de vivermos num Estado em que a única que pode ter opinião é o Presidente da República, que a única pessoa que pode aparecer, brilhar e ser aplaudida é o Presidente da República. Numa democracia, num país, há vários actores, em várias áreas”, criticou. “Tem que haver uma nova geração de políticos e alguns mais-velhos, que existem e que são ponderados e que são pela conciliação, que diga ‘desculpem, mas não foi esta a Angola que todos sonhamos’. A Angola que todos sonhamos, que José Eduardo dos Santos, apesar de ser odiado por muitos, mas que é amado por muitos mais, construiu connosco é uma Angola do diálogo, da conciliação, do perdão e da reflexão e da projeção do futuro”, afirmou. Para ‘Tchizé’ dos Santos, ao não ter avançado com a recandidatura a Presidente da República nas eleições de 2017, tendo então avançado João Lourenço, José Eduardo dos Santos fê-lo “justamente para que pudesse ser lembrado como um bom patriota e democrata”. “Não se volta a candidatar, faz uma transição no poder, porque queria em vida ver a consolidação e a consagração dessa democracia que hoje em dia é irrefutável”, apontou a empresária e política angolana, afirmando que o pai “não teve vida própria dos 37 anos de idade até hoje” por causa de Angola. “Está na hora de os angolanos entenderem que os José Eduardo dos Santos fez questão que a democracia angolana fosse irreversível ao dar o passo que deu e todos nós devemos saber honrar, tal como honramos a paz efectiva, o calar das armas, acho que devemos saber honrar esse exemplo, único em África (…) Então, agora vamos aceitar que por conveniência política – porque política é conveniência – por bajulação, por adoração, por incompreensão dos tempos ou incapacidade de leitura da Historia se continuem a cometer os mesmos erros?” – questionou ainda. A deputada, de 40 anos e desde 2008 no parlamento angolano, assume-se filha de um homem que “deixou um legado em Angola”. “Aguentou o país e a primeira coisa que fez foi abolir a pena de morte. Em 1979 [quando sucedeu ao primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto], o Presidente tinha poder discricionário, a primeira coisa que ele fez foi ter querido deixar de ter poder discricionário para mandar matar as pessoas. Aboliu a pena de morte”, recordou.
Hoje Macau EventosNovos livros de Mia Couto e Germano Almeida chegam no final do ano [dropcap]N[/dropcap]ovos livros dos escritores Mia Couto e Germano Almeida vão chegar às livrarias portuguesas no final do ano, revelou a editora Caminho, responsável pela publicação das obras dos dois escritores em Portugal. Ainda sem título, os livros do moçambicano Mia Couto e do cabo-verdiano Germano Almeida, ambos vencedores do Prémio Camões, são duas das apostas para este ano da Caminho. “O fiel defunto” foi o último livro escrito e publicado por Germano Almeida, em Maio de 2018, o mesmo ano em que venceu o Prémio Camões. Dois meses depois da atribuição do galardão, a Caminho reeditou três livros daquele que é um dos escritores mais lidos e traduzidos de Cabo Verde: “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, “A ilha Fantástica” e “Dona Pura e Camaradas de Abril”. O mais recente romance de Mia Couto, vencedor do Prémio Camões em 2013, é “O bebedor de horizontes”, terceiro volume da trilogia “As areias do imperador”, editado pela Caminho em 2017, que se sucedeu a “A espada e a azagaia” e a “Mulheres de cinza”. Outra aposta da Caminho, que também só chegará no final do ano, é um novo livro do psiquiatra e escritor Daniel Sampaio, sobre a temática da parentalidade na era digital. Para o mês de Fevereiro, a Caminho prevê reeditar “Os Negros em Portugal”, de José Ramos Tinhorão, e em Março publica um novo livro da colecção “Uma Aventura”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com o título “Uma Aventura no Fundo do Mar”. Durante o primeiro semestre, a editora vai publicar uma nova edição de “A Noite e a Madrugada”, de Fernando Namora, assinalando cem anos do nascimento e 30 anos da morte do médico e escritor português. A Caminho está a preparar também a edição de um novo livro de ficção de Patrícia Portela e um livro de contos de Isabela Figueiredo, ambos sem título ainda. Outras novidades para este período são o lançamento de uma reportagem fotográfica sobre a crise académica de 1969, em Coimbra, ainda sem título, coordenada por José Veloso, e um livro de crónicas de Ana Paula Tavares.
Hoje Macau EventosNovo livro revela que trabalho forçado nas colónias portuguesas estava disseminado até década de 1960 [dropcap]O[/dropcap]s registos históricos não permitem averiguar a escala, mas o trabalho forçado nas colónias portuguesas era uma realidade “bastante disseminada”, pelo menos até à década de 1960, segundo o historiador José Pedro Monteiro, num novo livro sobre o tema. Depois de concluída a tese de doutoramento intitulada “A internacionalização das políticas laborais ‘indígenas’ no império colonial português (1944-1962)”, José Pedro Monteiro apresenta, em Lisboa, o livro daí resultante: “Portugal e a questão do trabalho forçado: Um império sob escrutínio” (Edições 70). O trabalho analisa “o modo como as dinâmicas internacionais e transnacionais se relacionaram com o trajecto histórico do Império Português em matéria de relações laborais ‘indígenas’ (mais precisamente entre 1944 e 1962)”, tendo por base que “qualquer estudo sobre a evolução das políticas e práticas sociais no colonialismo tardio português que omita o impacto destas dinâmicas é forçosamente incompleto e, mais do que isso, marcadamente lacunar/impreciso”. Questionado pela Lusa sobre a dimensão do trabalho forçado nas colónias portuguesas durante o período estudado, José Pedro Monteiro respondeu que o material disponível não permite chegar a números precisos: “É muito difícil conseguir-se ter uma ideia global à escala do império. Primeiro, há realidades geográficas muito distintas. Em Cabo Verde, Timor e, eventualmente, na Guiné a questão do trabalho forçado não se coloca da mesma maneira que se coloca em São Tomé, Angola e Moçambique”. Por isso, “desconfiaria muito de alguém que desse um número redondo para os trabalhadores forçados”, salientou. No livro, com base em documentação da viragem da década de 1950, José Pedro Monteiro constata que “o trabalho obrigatório não se limitava a fins públicos [como previsto no Código de Trabalho dos Indígenas (CTI)]; para fins públicos, era usado como regra e não como dando resposta às excepções previstas no CTI; o recrutamento era feito generalizadamente com intervenção das autoridades administrativas (tanto para fins privados como públicos); os compromissos de repatriamento não eram respeitados; as taxas de mortalidade eram extraordinariamente altas; e, por fim, os castigos corporais estavam longe de estar completamente erradicados, como a lei postulava”. Por exemplo, em 1945, um relatório indicava a existência de trabalhadores presos com “grilhetas” ao pescoço em São Tomé, o que levava o Inspector Superior de Serviços Judiciais a argumentar contra tal imposição, “não por uma razão humanitária, [mas] antes diplomática”, depois de turistas estrangeiros terem fotografado pessoas a serem chicoteadas, o que podia levar a censura internacional. Em 1951, um encarregado de serviços da Inspeção Superior dos Negócios Indígenas desfiava “um rol de iniquidades e abusos”: desde a elevada taxa de mortalidade no transporte de pessoas aos “acidentes de trabalho que eram dados como ocorridos nas horas de descanso, como forma de desresponsabilização”, passando pelos “inválidos que eram obrigados a trabalhar em São Tomé”, então classificados como “verdadeiros farrapos humanos”, ou pelas violações sistemáticas de mulheres de trabalhadores, “enquanto outras grávidas e mulheres com filhos eram ‘monstruosamente espancadas com mais de 50 palmatoadas’ por terem abandonado o trabalho”. Sobre a escala daquela realidade, José Pedro Monteiro esclareceu: “Muitas das vezes, o que para um é trabalho forçado para outro não é. O facto de a própria legislação ser ambígua e dizer que se deve encorajar o indígena a trabalhar, é muito difícil conseguir ter um registo de quais os números exactos. Há situações muito cinzentas. O que posso dizer é que se manteve como realidade bastante disseminada – com diferenças – até 1961/62. Mais não posso dizer porque a minha tese pára em 1962”. O investigador de pós-doutoramento do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra salientou que “há diferenças entre as colónias”, até mesmo dentro das distintas colónias. Apesar de o “reformismo português existir”, este tinha limites que eram, “em grande medida, resultado de uma equação utilitarista”: “Aqueles funcionários que se indignavam com o trabalho forçado e exigiam o cumprimento integral do CTI eram (…) provavelmente aqueles mais comprometidos com uma mudança”. Por outro lado, “nestas mesmas instâncias de inspecção encontram-se relatos bem mais complacentes com práticas de trabalho coercivo”, como é disso exemplo o escrito de um determinado funcionário: “Todo aquele que tem lidado com pretos sabe muito bem que o indígena nunca vai trabalhar para fora da sua terra, por um período superior a cinco ou seis meses, contratado de sua livre vontade. Pode ausentar-se por um período superior como voluntário. Como contratado só obrigado”.
Hoje Macau China / ÁsiaAustrália vai analisar pedido de asilo de jovem saudita sob protecção do ACNUR [dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas confirmaram que receberam o pedido de asilo da jovem saudita que está sob a protecção do ACNUR em Banguecoque, na Tailândia, e que irão analisar o caso. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) enviou, de facto, “o caso para a Austrália para consideração de concessão de asilo como refugiada”, referiu num comunicado o Ministério do Interior australiano. “Se for verificado que é uma refugiada, então nós estudaremos verdadeiramente, realmente a sério, a oportunidade de (concessão de) um visto humanitário”, havia dito anteriormente o ministro da Saúde australiano, Greg Hunt, no canal de televisão ABC. Hunt acrescentou que discutiu o caso com o ministro da Imigração, David Coleman, na terça-feira à noite. A Austrália é conhecida pela sua severa política de imigração. “Vou continuar o meu caminho para chegar a um país onde estarei segura”, disse Rahaf Mohammed Al-Qunun, numa das suas mensagens publicadas em árabe na rede social Twitter. O ACNUR considerou que a jovem saudita Rahaf Mohammed Al-Qunun, que fugiu para a Tailândia, é uma refugiada e pediu à Austrália que lhe concedesse asilo. Rahaf Mohammed Al-Qunun tinha previsto viajar para a Austrália, onde pretendia pedir asilo depois de receber ameaças de morte da sua família por ter rejeitado um casamento arranjado e também a religião islâmica, mas foi detida pelas autoridades tailandesas numa escala em Banguecoque no fim de semana passado. De férias no Kuwait com sua família, Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, fugiu e aterrou no aeroporto de Banguecoque. As autoridades tailandesas queriam deportá-la para a Arábia Saudita na manhã de segunda-feira, mas Rahaf Mohammed al-Qunun barricou-se no seu quarto de hotel do aeroporto, de onde publicou mensagens desesperadas e vídeos na rede social Twitter, afirmando-se ameaçada de morte pela sua família caso regressasse a casa. A adolescente ficou sob a protecção do ACNUR depois de deixar o aeroporto da capital tailandesa. A jovem chegou no sábado ao aeroporto tailandês num voo a partir do Kuwait, onde aproveitou o facto de as mulheres não necessitarem de autorização dos seus “guardiões masculinos” para viajar, como ocorre na Arábia Saudita. As autoridades tailandesas informaram que o pai e um irmão de Rahaf Mohammed Al-Qunun estão em Banguecoque, mas a jovem recusou encontrar-se com ambos.
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador chinês no Canadá acusa egoísmo ocidental e supremacismo branco [dropcap]O[/dropcap] embaixador da China no Canadá acusou na quarta-feira os dirigentes de Otava e os seus aliados de “egoísmo ocidental e supremacismo branco”, ao exigirem a libertação imediata de dois canadianos detidas por Pequim, acusadas de ameaça à segurança nacional. Em artigo publicado no The Hill Times, o embaixador da China, Lu Shaye, também acusou o Canadá pela detenção em 1 de Dezembro da directora financeira do grupo chinês de telecomunicações Huawei, que considerou “não ter fundamento”. Dois canadianos, o ex-diplomata Michael Kovrig e o consultor Michael Spavor, estão detidos desde há um mês na China, que os acusa de actividades “que ameaçam a segurança nacional”, uma fórmula utilizada frequentemente por Pequim para se referir a alegada espionagem. Pequim garante que estas detenções não estão relacionadas com a da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, mas numerosos observadores veem aí uma medida de retorsão da China, irritada com a interpelação pelo Canadá da filha do fundador do grupo chinês, a pedido dos EUA. “Compreende-se que os canadianos se preocupem com os seus próprios cidadãos. Mas manifestaram inquietação ou simpatia com Meng [Wanzhou] depois da sua detenção ilegal e a sua privação de liberdade?”, escreveu o embaixador no jornal de Otava. “Parece que para algumas pessoas, apenas os cidadãos canadianos devem ser tratados de maneira humanitária e a sua liberdade considerada preciosa, enquanto os chineses não o merecem”, acrescentou. Para Lu Shaye, “a razão pela qual certas pessoas estão habituadas a dois pesos e duas medidas é devido ao egoísmo ocidental e ao supremacismo branco”. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e o presidente norte-americano, Donald Trump, denunciaram, durante uma chamada telefónica, feita na segunda-feira, “a detenção arbitrária” de Kovrig e Spavor. A Alemanha, a Austrália, a França, o Japão, o Reino Unido e a União Europeia também deram o seu apoio ao Canadá nesta crise diplomática. Meng foi colocada em liberdade condicionada em Vancouver, Canadá, enquanto aguarda por uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos da América, que suspeitam do seu envolvimento numa fraude para contornar sanções ao Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul quer ajudar a levantar sanções, mas avisa sobre desnuclearização norte-coreana [dropcap]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul disse hoje que vai cooperar com a comunidade internacional para serem levantadas as sanções contra a Coreia do Norte, mas defendeu que esta deve dar “passos mais ousados e práticos para a desnuclearização”. “Medidas correspondentes deveriam ser concretizadas para facilitar a continuação dos esforços de desnuclearização da Coreia do Norte”, acrescentou Moon Jae-in, citando, por exemplo, a aceitação dos Estados Unidos de um “regime de paz” e uma declaração formal que coloque um ponto final na Guerra da Coreia (1950-1953). Moon Jae-in referiu-se ainda a dois projectos de cooperação entre os dois países no Monte Kumgang, na Coreia do Norte, e no complexo industrial de Kaesong, no norte da fronteira, foram suspensos na última década, juntamente com outros projectos semelhantes devido à pretensão norte-coreana de investir no seu programa nuclear. “Congratulamo-nos com a intenção da Coreia do Norte de retomar a sua operação sem condições ou compensação”, disse Moon. “A minha administração vai cooperar com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, para resolver as questões restantes, como sanções internacionais, o mais rápido possível”, explicou. As declarações de Moon foram feitas após o regresso do líder norte-coreano de uma viagem de quatro dias a Pequim, que incluiu um encontro com o Presidente chinês Xi Jinping.
Hoje Macau China / ÁsiaKim Jong-un quer que cimeira com Trump dê resultados que permitam desnuclearização [dropcap]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, terá dito ao homólogo chinês, Xi Jinping, que quer “obter resultados” que resolvam o impasse nuclear na península coreana, durante a segunda cimeira com o Presidente norte-americano, Donald Trump. O comentário foi citado na imprensa estatal chinesa, um dia depois de Kim regressar a Pyongyang no seu comboio blindado e composto por mais de vinte carruagens, após uma visita oficial a Pequim. Tratou-se da quarta visita de Kim à China, no espaço de dez meses, num esforço para acertar estratégias com o único grande aliado do regime norte-coreano, antes de uma segunda cimeira com Trump. A visita ocorreu depois de representantes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se reunirem no Vietname para acertarem o local para uma segunda cimeira com Trump. A Coreia do Norte “vai-se esforçar para que a segunda cimeira, entre os líderes (norte-coreanos) e norte-americanos alcance resultados que sejam bem recebidos pela comunidade internacional”, afirmou Kim, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Todos os lados devem “trabalhar, em conjunto, para chegar a uma resolução abrangente na questão da península coreana” e a Coreia do Norte “continuará disposta à desnuclearização e a resolver a questão da península coreana através do diálogo e da consulta”, acrescentou. Kim disse ainda que Pyongyang quer que as suas “preocupações legítimas” sejam devidamente respeitadas, numa referência ao desejo do regime por garantias de segurança e um possível tratado de paz, que ponha formalmente fim à Guerra da Coreia (1950-1953). Tecnicamente, aquele conflito ainda não acabou, pois não foi assinado nenhum tratado de paz, apenas um armistício. Kim enalteceu ainda o papel de Xi Jinping na redução das tensões regionais, notando que a “tensão na península coreana diminuiu, desde o ano passado, e que o importante papel da China neste processo é óbvio para todos”. A China é o maior aliado diplomático e o principal parceiro comercial da Coreia do Norte. Xi Jinping afirmou que a China apoia a cimeira entre os EUA e a Coreia do Norte e que espera que os dois países “encontrem um meio termo”. A agência noticiosa oficial norte-coreana afirmou que Xi aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, mas sem avançar mais detalhes. Desde que ascendeu ao poder, em 2012, Xi nunca visitou a Coreia do Norte, tornando-se o primeiro Presidente chinês a visitar Seul antes de ir ao país vizinho. Donald Trump e Kim Jong-un reuniram-se, em Singapura, no ano passado, num encontro histórico que ocorreu depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), na sequência dos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. No entanto, desde então houve pouco progresso real no desarmamento nuclear. Analistas consideram que a visita de Kim faz também parte de um esforço para obter o apoio da China, que permita reduzir as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, na sequência de vários testes atómicos e com misseis balísticos, e que isolaram ainda mais a débil economia do país. No seu discurso de Ano Novo, Kim expressou frustração pela falta de progresso nas negociações com Washington, afirmando que sem uma redução das sanções e garantias de segurança, Pyongyang poderá ter que encontrar “um novo caminho”. A agência de notícias sul-coreana Yonhap escreveu que Kim visitou uma zona de desenvolvimento tecnológico, nos arredores de Pequim, na quarta-feira, e que passou cerca de 30 minutos numa fábrica do famoso fabricante de medicamentos chineses Tong Ren Tang. A Yonhap revelou que Kim reuniu com Xi durante uma hora, na terça-feira, e participou depois num banquete no Grande Palácio do Povo, junto à praça Tiananmen, oferecido por Xi e a sua esposa, Peng Liyuan. Terça-feira, o primeiro dia da visita de Kim, coincidiu também com o seu aniversário, mas não houve notícias de comemorações oficiais.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA confiabilidade da inteligência artificial (I) “Artificial intelligence is changing our world faster than we can imagine? It will impact every area of our lives. And this is happening whether we like it or not. Artificial intelligence will help us do almost everything better, faster, and cheaper, and it will profoundly change industries, such as transportation, tourism, healthcare, education, retail, agriculture, finance, sales, and marketing. In fact, AI will dramatically change our entire society.” “Artificial Intelligence: 101 Things You Must Know Today About Our Future” – Lasse Rouhiainen [dropcap]A[/dropcap]s empresas americanas esperam que o seu investimento em inteligência artificial (IA), que muitas vezes faz parte de iniciativas inteligentes de automação vá além da melhoria da produtividade e diminuição de custos. É de considerar que 20 por cento dos líderes empresariais americanos com iniciativas de IA relatam que a vão introduzir nos seus negócios em 2019, de acordo com o último relatório sobre a matéria publicado pela PricewaterhouseCoopers (PWC) que é uma multinacional de serviços sediada em Londres. As empresas vêem a IA como um caminho para o crescimento de lucros e receitas em 2019. No entanto, existem desafios, como treinar funcionários para usar sistemas de IA, e ameaças à segurança continuam a ser uma séria preocupação. O sucesso na alavancagem da IA será construído com base em estratégias para a organização e força de trabalho, para criar dados de IA responsáveis, reinventar o negócio e integrá-la a outras tecnologias. A maioria dos líderes empresariais sabe que a IA tem o poder de mudar praticamente tudo o que faz em termos negócios e pode contribuir com até 15,7 triliões de dólares para a economia global até 2030. Mas o que muitos líderes empresariais não sabem é como implantar a IA, não apenas em um projecto-piloto, mas em toda a organização empresarial, onde pode criar o máximo valor. O “como” é o ponto de atrito com qualquer tecnologia emergente, e a IA não é excepção. Como se define a estratégia de IA? Como encontrar trabalhadores conhecedores de IA ou treinar pessoal existente? O que se pode fazer para obter dados disponíveis para a IA? Como se garante que a IA é confiável? As respostas a essas perguntas geralmente variam de uma empresa para outra e o ambiente está em constante evolução. Mas as empresas não podem esperar que a poeira se estabilize. A adopção de IA, que aconteceu com intermitência, será acelerada em 2019. Para obter uma leitura acerca do actual estado das organizações, o estudo do qual resultou o relatório, entrevistou mais de mil líderes empresariais americanos que estão a investigar ou a implementar a IA. Se esses planos ambiciosos forem bem-sucedidos, muitas empresas americanas de ponta serão aperfeiçoadas por IA, não apenas em termos de custos de organização, mas em todas as suas operações. Os especialistas afirmavam que em 2018, existiam oito previsões sobre como a IA provavelmente se desenvolveria ao longo do ano, com implicações para os negócios, governo e sociedade. As tendências que foram identificadas incluíam o verdadeiro impacto da força de trabalho na IA, a necessidade de todas as empresas se concentrarem na IA responsável e as ameaças emergentes à volta da segurança cibernética e na competitividade interna americana serem ainda mais relevantes actualmente, com a actual política comercial e industrial da administração Trump. À medida que se foi aproximando 2019, com a IA a mudar cada vez mais do laboratório para os escritórios, fábricas, hospitais, locais de construção e vida dos consumidores, uma abordagem diferente tornou-se necessária e não se trata apenas de destacar o que é provável que aconteça, mas o que os líderes empresariais devem fazer com a IA. A lista de prioridades da IA para 2019, é acerca das grandes previsões nesta área que é das mais importantes a nível global, e que passa pelas empresas concentrarem os seus esforços em seis áreas-chave, o que lhes permitirá uma vantagem substancial em relação a outras empresas em 2019. A estratégia de IA deve abordar a estrutura que é a organização para o retorno sobre investimento (ROI na sigla em língua inglesa) e esforço; a força de trabalho; a formação com os especialistas de IA para trabalharem em conjunto; a confiança que é tornar a IA responsável em todas as suas dimensões; os dados que permitam localizar e classificar para ensinar as máquinas; a reinvenção que é monitorizar a IA através de personalização e maior qualidade e convergência que é combinar IA com inteligência analítica, Internet das Coisas (IoT na sigla em língua inglesa), entre outras. Quanto à primeira área-chave, sabemos que com a IA, é tempo de aumentar a produtividade ou desistir. As empresas líderes estão a começar a transferir os seus modelos de IA para a produção, onde executarão operações para melhorar a tomada de decisões e fornecer inteligência voltada para o futuro e pessoas em todas as funções. A IA vai transformar quase tudo nos negócios e mercados, sendo um bom motivo para agir, mas não o suficiente para fazer muito de forma rápida. Se for realizado correctamente, o desenvolvimento de um modelo de IA para uma tarefa específica, pode melhorar um processo existente ou resolver um problema de negócios bem definido, ao mesmo tempo que cria o potencial de se alargar a outras áreas da empresa. Acerca dos algoritmos de IA existe o facto de haver poucos, o que pode surpreender os utilizadores de negócios. Os mesmos algoritmos são capazes de resolver a maioria dos problemas de negócios para os quais a IA é relevante, portanto, se puderem ser aplicados com sucesso em uma área da empresa, geralmente poderão ser usados em outras. É exemplo, o facto, de toda a empresa precisar de processar facturas. Ao extrair informações automaticamente, mesmo de facturas que não são totalmente padronizadas, as ferramentas de IA podem automatizar o processo para reduzir custos e tempo de processamento. É possível modificar e usar o componente IA para acelerar outras áreas da empresa, como o atendimento ao cliente, marketing, impostos e gestão da cadeia de suprimentos, que também consomem enormes quantidades de dados não estruturados e semi-estruturados. O objectivo é conceber um portfólio de blocos de construção reutilizáveis, para criar um ROI rápido e um momento de escala. Os líderes empresariais estão a adoptar essa estratégia, pois classificaram os modelos de IA e os conjuntos de dados que podem ser usados em toda a organização, como a capacidade mais importante na qual se concentrarão em 2019. Quando as iniciativas de IA começam a ser praticadas por especialistas, por vezes lutam para obter uma ampla simpatia, mas quando vêm o lado comercial, os projectos podem ter um foco limitado ou não aproveitar totalmente a tecnologia e em ambos os casos, as equipas isoladas podem criar esforços duplicados ou incompatíveis. A resposta é a supervisão de uma equipa diversificada que inclui pessoas com competências em negócios, TI e IA especializadas, e que representem todas as áreas da organização. É preciso ser disciplinado, criar uma estrutura organizacional que cruze funções e permita estabelecer uma estratégia clara de IA e um centro de excelência (CoE na sigla em língua inglesa) que é frequentemente a melhor forma de construir essa base de IA, e o modelo que se espera tornar mais predominante. As empresas podem optar por adicionar responsabilidades de IA a grupos existentes de análise ou automação, ou a outros CoEs estabelecidos. Onde quer que este grupo resida, as suas responsabilidades devem abarcar questões de negócios, tais como identificar casos de uso e como desenvolver responsabilidade e governança, devendo estabelecer e supervisionar políticas de dados em toda a empresa e devem determinar ainda os padrões de tecnologia, incluindo arquitectura, ferramentas, técnicas, gestão de fornecedores e propriedade intelectual, e como os sistemas inteligentes de IA necessitam de ser e evoluir. A equipa de IA deve criar e gerir uma plataforma digital para colaboração, suporte e administração de recursos, devendo ser esse o objectivo único para os esforços de IA, como sendo um ambiente virtual com ferramentas ligáveis, onde os profissionais de negócios e de tecnologia compartilharão recursos como conjuntos de dados, metodologias e componentes reutilizáveis e colaborarão em iniciativas. [continuação]
Diana do Mar DesportoVela | Regata internacional e da Grande Baía arrancam hoje Macau recebe, a partir de hoje, duas regatas: uma da Grande Baía e outra internacional. O evento, de quatro dias, que vai juntar aproximadamente 300 velejadores, divididos por 20 equipas, inclui um desfile a pensar no público [dropcap]A[/dropcap]s águas a sul da praia de Hac Sá acolhem, entre hoje e domingo, duas regatas: uma internacional, a primeira de grande escala, e outra subordinada à Grande Baía. O evento inclui actividades paralelas, entre as quais um desfile das embarcações para o público poder desfrutar – tanto em terra como no mar. A Regata Internacional, a primeira de grande escala, “abre uma nova era para os desportos náuticos de Macau”, sublinhou a vice-presidente do Instituto do Desporto (ID), Christine Lam, em conferência de imprensa. Na prova vão participar dez equipas oriundas da Austrália, Canadá, Estónia, Filipinas, França, Alemanha, Japão, Rússia, Singapura e Emirados Árabes Unidos. Da lista de entradas, a organização destaca nomeadamente a Marenostrum Racing Club, equipa francesa liderada por Lionel Péan, cujo palmarés inclui a conquista da actualmente designada Volvo Ocean Race, a formação da Estónia e a das Filipinas, pelos respectivos palmarés. A Regata da Taça Grande Baía também conta com dez equipas, duas das quais de Macau (a Wanboyu Sailing e a Sugram). As restantes chegam de Hong Kong (quatro), Shenzhen (três) e Guangzhou (uma). Ao contrário do que acontece na prova internacional (em que todas as formações competem com veleiros Beneteau First 40.7), na competição da Grande Baía participam diferentes tipos de embarcações. Para o evento, foram convidados juízes internacionais registados na Federação Internacional de Vela. Orçamento e prémios O evento, organizado pelo ID e pela empresa Gestão de Eventos em Navegações dos Quatro Oceanos, com o apoio da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água e a Associação de Vela de Macau, tem um orçamento na ordem de 20,4 milhões de patacas, segundo dados facultados anteriormente pelo ID que entra com um terço, ou seja, com 6,8 milhões. Os vencedores de cada uma das regatas têm direito a prémios monetários em igual montante, com o primeiro classificado a receber 20 mil dólares de Hong Kong, o segundo 10 mil e o terceiro oito mil. Actividades paralelas Além das provas, a terem lugar em simultâneo, foram planeadas duas actividades paralelas a pensar no público: um desfile de embarcações e uma corrida de exibição entre a Doca dos Pescadores e a Ponte Sai Van. Residentes e turistas terão assim oportunidade de assistir à parada de veleiros (amanhã e domingo entre as 9h e as 11h), antes das provas do dia, a partir da Avenida Dr. Sun Yat Sen (Macau) e Avenida do Oceano (Taipa). Em paralelo, a organização vai disponibilizar seis catamarãs NACRA 17 para participarem em corridas de exibição (todos os dias entre as 12h e as 15h), nas águas entre a Ponte Governador Nobre de Carvalho e a Ponte Sai Van. “É uma boa oportunidade de aproveitar o nosso mar, de promover o desporto [náutico] e Macau”, afirmou a chefe do departamento dos Grandes Eventos Desportivos, Lei Si Leng, aos jornalistas, dando conta de que a iniciativa de organizar o evento partiu da empresa Gestão de Eventos Em Navegação dos Quatro Oceanos, sucursal de uma empresa chinesa, escolhida com base na experiência na organização de eventos do género na China.
Luís Carmelo h | Artes, Letras e IdeiasAs gerações são um gelado ao sol [dropcap]O[/dropcap] poder é como a polifonia: um vasto conjunto de vozes que irrompe de todo o lado, não se detectando, na maior parte das vezes, de onde provém e para onde segue. É uma zoada que desejaria subjugar ou imobilizar tudo o que mexe e que se impregna em todos nós, pobres mortais. Como escreveu Barthes, na sua famosa Lição (1977), é discurso de poder todo aquele “que engendra a culpa e, por conseguinte, a culpabilidade daquele que o ouve”. Os poderes fazem parte da teia humana, ou seja: eles são o grande parasita do maior predador do planeta, o que quer dizer que estão muito para além da galáxia política ou das (muitas) redomas dos costumes. Até esta crónica é um pequeno apêndice de poder. Até os periquitos do Jardim da Estrela são adições de poder (já me têm subjugado a meio dos meus passeios matinais). Num tempo secular em que a rigidez dos costumes começou a pouco a pouco a fluir, o que aconteceu gradativamente depois da segunda grande guerra mundial, as gerações passaram a constituir-se, cada vez mais, como agentes de poder (de muitos poderes). Não é por acaso que, hoje em dia, a publicidade visa targets cada vez mais jovens: dos adolescentes aos pré-adolescentes, tal é o poder que estas franjas passaram a conquistar dentro do que ainda resta do conceito clássico de família. Tão longe destas encenações próprias do nosso tempo, João de Salisbúria escrevia, há 859 anos, socorrendo-se de uma imagem semelhante à que acompanha este texto: “os modernos (neste caso, as pessoas do seu tempo) são como que anões aos ombros de gigantes que vêem mais e melhor do que os seus predecessores, não porque possuam uma visão mais apurada mas porque se encontram numa posição mais elevada, suportada pelos gigantes”. O adágio, atribuído a Bernardo de Chartres, dava a entender que o esclarecimento do mundo vinha sempre e inevitavelmente de trás; só a partir da ‘Querela dos Antigos e dos Modernos’, oito séculos depois, é que esta relação se começou a alterar. Desde então, e com acelerações brutais até aos nossos dias, foi emergindo a ‘consciência do nosso tempo’ e a ideia de que é no presente, e só no presente, que se encontram os gigantes, os génios, os chavalões e, figuradamente, ‘os imortais’. Cada geração com que convivemos nos nossos dias imagina-se sempre no cume da história, numa espécie de clímax ou de vórtice mergulhado em chantili festivo. A desmobilização das ideologias que iluminavam o futuro e domesticavam o passado, a par dos poderes encantatórios da tecnologia que nos devolvem a instantaneidade do agora como único tempo possível e fruível, sublinham a patologia. Escrevi “patologia” pois nunca houve um tempo tão desligado da história, quer no sentido antigo (da pertença escatológica), quer no sentido dos modernos (que recriaram a escala do humano após o Iluminismo). As gerações são hoje a graça divina animada pela juventude eterna dos ginásios, pelos likes no FB enquanto inscrição existencial, pela aceleração e mediação das imagens, enfim, por uma espécie de autismo social de tipo ahistórico. Um papagaio de peito feito a quem os deuses deram vida perpétua. O presente basta-se, desta forma, a si próprio nos nossos dias. É até possível que tal venha a configurar a primeira grande utopia que se realiza enquanto se vive (será esse o segredo conjugado do virtual, do hiperespaço e da telemática). De qualquer modo, só se entende bem o que é uma geração, quando se sai da vaga. Isto é: ao cruzarmos as primeiras cinco ou seis décadas de vida, o olhar retrospectivo permite ver e rever de fora a emergência de uma nova geração a ocupar os seus poderes, os mais diversos e em todas as esferas (mesmo nas que parecem mais inofensivas como a literária, por exemplo). Tudo o que ela afirma e inscreve funciona como se tudo estivesse a acontecer pela primeira vez. Já nem está em causa a amnésia ou a vaguez dos horizontes. O culto vira-se sobretudo para hiatos de linguagem (como “os novos”, “a neo-”, o “retro”, os “primeiros”) que são indícios, ainda que involuntários, de uma auto-celebração que se vai tornando pouco inclusiva. Sinal dos tempos. Quando o que se celebrava era um feito luminoso do passado que ritualizava efectivamente o presente, os ‘culpados’ éramos todos nós. Razão tinha Barthes no seu diagnóstico dos poderes (os tais discursos que “engendravam a culpa”). Hoje em dia, celebramo-nos a nós próprios, ou, por outras palavras, cada geração celebra-se a si mesma, fazendo dessa ‘correcção’ um modo eficaz de nos desculpabilizarmos. Nunca os poderes foram, portanto, tão invisíveis e, ao mesmo tempo, tão actuantes e arredados do ‘dever ser’ tradicional. A ‘correcção’ e a sua colmeia onanista de ditames (amante de uma imagem turva da liberdade) é filha desta saga que gosta, ao espelho, de se confessar como sendo fracturante. Não haverá maior devaneio. A consciência de se ser geração é uma coisa recente e corresponde a um modo de caracterizar mutações sobre as quais deixou de haver controlo. O que realmente fractura é a quase ausência de leme no fluxo de acontecimentos que fazem o mundo e não tanto o que possa decorrer desse agente fantasmático que, há poucas décadas, se passou a designar por geração.
Gisela Casimiro Estendais h | Artes, Letras e IdeiasInserir nome de família – Diz à Gisela o que disseste ainda agora. – Que se dormisse lá em casa ficávamos em família. – E que mais? – Como antigamente. * [dropcap]E[/dropcap]les falam ao mesmo tempo, um por cima do outro, completam as frases um do outro, refilam um com o outro, confundem-se um com o outro, e ora competem sobre quem vai contar uma história, ora pedem ao outro que a conte. Servem-me café, sumo, tosta mista com manteiga, bolo-rei. Não lhes posso recusar nada e eles oferecem-me tudo. A televisão ligada nalgum programa da tarde. São os mesmos sofás verdes, mas a casa já não é a de antes. Já não é comprada e já não é aquela onde viram filhos e netos crescer nos últimos quarenta anos, e onde estive à mesa do almoço tantas vezes, terminando refeições com um licor caseiro. Estão muito magrinhos, digo. Mas eles sabem. Poderia ter dito: estão muito velhinhos, afinal ele está a uns dias de fazer oitenta anos. Mas eles sabem. Eles sabem tantas coisas. Ela vai buscar-me à estação e, num regresso lento e cuidadoso, sempre a pé, fala-me dos últimos problemas e da vida nova, umas ruas abaixo da morada anterior. Reparo na igreja onde também já estivémos. Faz-me uma visita guiada à casa antes mesmo de o marido se levantar da sala e vir abraçar-me no corredor. Um abraço como só alguém que pensou que nunca mais nos veria pode dar. Brinco com ele: digo, as coisas que faz para ter atenção e histórias para contar. E se há alguém que tem histórias para contar, são estes dois. O meu filho dizia, porque é que arranjaste uma rapariga, foi só para me chatear? Mas tu querias uma mana. Queria, mas uma coisa destas não. Na escola ele sentia-se infeliz, porque era o único que não tinha irmãos. Só que a irmã era um terror. Dez anos de diferença. No entanto, as fotografias de ambos mostram somente o amor entre eles. Escusas de estar a enganar-me. Foi mesmo assim, o mais novo foi buscar o tablet e disse, A internet mostra como é estar nos cuidados intensivos, e se é assim que ele está, tenho de ir vê-lo. Mas claro que não podia e, quando ele finalmente pôde, eu já estava na enfermaria. É o que dá deixarem os miúdos ir à escola, aprendem a ler e a escrever e a navegar na internet, não podemos mentir-lhes. Já o mais velho, a primeira vez que foi visitar o avô, foi logo lá para fora chorar. Foi ele que me tirou do fundo do poço, quando nasceu. Tomei conta dele. Ele lembra-me muito o meu filho. Tive uma tuberculose pulmonar aos onze anos. E depois voltou quando eu estava grávida, afectou-me os ossos. Estás a ver a tartaruga dentro da carapaça? Era ela mas num tabuleiro de gesso, numa gaiola, diz o marido. Só pensava no meu filho. Ele nunca me tratou por mãe. Perguntava: “Mãezinha, quando é que vais para casa?” E eu deixava-o com a ama ou com familiares e ele detestava porque não o tratavam bem. Os outros miúdos eram maus para ele. À sexta-feira, depois de deixar esta, ele vinha passar o fim-de-semana comigo. Foi praticamente um ano deitada, paralisada, um ano de visitas diárias ao hospital. À minha filha, agora, o médico disse, Despeça-se do seu pai porque ele não vai sobreviver. Mas o colega dele visitava-me todos os dias, nem ia para casa, queria cuidar de mim a toda a hora. E sobrevivi. O pai chora. Ele sobreviveu melhor porque trabalhava, saía de manhã, vinha à noite. Eu estava em casa. Já me tinha reformado, cedo, por causa do problema nos ossos e das operações. Ao fim de tanto tempo de baixa, foi automático. Quando ele tinha de ir para algum lado por causa do trabalho, eu ia com ele. Havia dias em que eu não podia ouvir nada, dias em que eu não podia levantar-me para vesti-la, para ela poder ir para a escola. Eu dizia, espera só um pouco que a mãe já levanta a cabeça e já te ajuda. E ela dizia que não precisava de ajuda, que já sabia escolher. E eu dizia, então veste o que quiseres e depois a mãezinha já vê. Ela virava costas e ia a casa da vizinha pedir que a vestisse. Outro dia ela disse-me, Eu sei que preferias que tivesse ido eu em vez do meu irmão, eu sei que não fui planeada; fiquei tão triste, aquilo magoou-me muito. A mãe chora. Feitios diferentes, apazigua o marido. Eu sei porque é que ela diz aquilo. Porque ela estava sempre sozinha. E já o meu filho tinha ficado sozinho. E depois nós ficámos todos sem ele. Eu fiquei desorientada, fiquei de cama, só eu e Deus sabemos o que passei. Ela diz que nos esquecemos dela. Em Tenerife achei que ia voltar para Portugal num saco-cama. Olha, não terias passado por esta de agora. Pois não. Eles entendem-se mesmo no humor negro. Tenho passado bons momentos na vida, conclui. Passeei bastante, gozei bastante enquanto tive saúde. Se voltar a ter, gostava de ainda fazer algumas coisas. Ir à Madeira. Falam-me de todas as viagens que fizeram, em férias ou em trabalho. Contam as últimas dos netos, do genro, da filha. Mais tarde ela liga-me, diz, Os meus pais adoraram a tua visita. Eu não deixei de pensar neles desde então. Acompanhamos pessoas a uma missa pela alma do filho, do irmão morto ao dezasseis por um colega mais velho, com uma faca de ponta e mola, sem nunca se saber o motivo. Vamos buscar os miúdos à escola com elas. Vamos juntos para a piscina. Telefonamos de vez em quando ou eles a nós. Partilhamos histórias de cirurgias, exames e sintomas que os médicos nunca chegam realmente a saber o que são, apenas o que não são. Vamos com elas ao supermercado, rimos com elas, pensamos em como sobrevivem com tanta dor e durante tanto tempo. Sabemos dos comprimidos para dormir, das mudanças, das avarias, dos tribunais, dos dias em que pensaram tirar a própria vida. Das coisas ditas sem querer. Da generosidade imensa, do cuidado. Sabemos que houve alguém que se assumiu culpado de um crime sem testemunhas e depois se enforcou, vinte anos depois, sem que se soubesse porquê. E há quem tenha de continuar, quem carregue um corpo consigo, apenas com algumas pausas pelo caminho, a vida toda. O peso de uma vida que mal começara a ser, e que poderia ter sido tanto para tanta gente. Uma memória como uma ferida em constante reabertura. Talvez só um filho seja mesmo insubstituível. Talvez o corpo, o karma ou a necessidade de punição por se estar vivo e o outro não, atraiam tantas outras situações de sofrimento. Talvez se busque uma dor que possa ser maior. E se falhe constantemente. Estas pessoas, que são tão reais, tornam-se parte de nós, tornam-se as nossas pessoas, mesmo se com outro nome de família. Não sei quando se esclarecerão todos os equívocos e nem sempre a redenção chega antes da morte. Duas pessoas raramente contarão a mesma história da mesma maneira, e o que recordamos uns dos outros dependerá sempre do lugar sombrio ou mágico onde nos tiverem tocado. Mas gostaria de acreditar que sim, que há algo de luminoso que une as famílias, mesmo as que tantas vezes não se entendem, mas nunca deixam de estar lá uns para os outros. * – Lembras-te de quando dormiste lá? – Lembro. – Eu também gostei. (Dá-me dois beijos) – Ó puto, eu não te disse se gostei ou não…
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasNudez e ateísmo 06/01/2019 [dropcap]B[/dropcap]eber um café sem açúcar é como engolir um astro, raspa na garganta, explode no palato, mineraliza a língua: as primeiras impressões da dieta a que me propus para me metamorfosear de homem-livro em homem-livre, pelo intenso cuidado de si (de mim). Só posso beber vinho, outra das restrições. Voltar a incarnar o corpo, emagrecendo, para o sentir de novo, até na doença, é o fito, e aliás a percepção do corpo é um tracejamento cíclico porque a nossa vida é ondulatória – periodicamente necessitamos de uma inversão. Entretanto, talvez o mais difícil na vida seja emendar o que calámos. Porque o silêncio, em maior ou menor medida, faz da memória um rascunho. 07/01/2019 Não deixo de ler a frase uma e outra vez: “aquele nu era um implante, mas que não se deixava reabsorver”. Fascinante, os jogos de linguagem, nomeadamente quando são involuntários: que um nu possa ser um implante. A frase é do livro Le Nu Impossible, de François Jullien, um ensaio delicioso que questiona porque não “consentiu” a China esse género pictórico e através da análise desse tabu o estudo debruça-se igualmente sobre as condições que permitiram o nu na Europa. O que se interpôs entre a carne e a nudez, na China, tornando-a fonte de opróbrio, enquanto noutras culturas a nudez pode isentar-se de moral e nem significa necessariamente “estar nu”? Um dos mais belos nus de que me lembro é o de Ornella Muti, na abertura dos Contos da Loucura Normal, do Marco Ferreri. Serking/Ben Gazzara é um poeta alcoólatra de tendência anarquista que vive e vagueia entre prostitutas e marginais, no submundo da cidade de Los Angeles. Um dia, conhece Cass/Ornella Muti, uma prostituta de uma espantosa beleza e um carácter auto-destrutivo. Os dois iniciam um romance que ganhará tonalidades trágicas… Quando o filme começa, dentro do quarto, Serking olha a silhueta nua de Cass à janela e vomita. Dirão os mais prosaicos: é grande a ressaca. Eu prefiro outro tipo de explicação mais excêntrica: Serking vomita porque a beleza é um excesso irremediável, que não se absorve sem custos. E então sobre o nu foi implantada a beleza. Inclusive, o nu erótico, na China, continua Jullien mais adiante, como em Qui Ying, não é convincente. E falando de um rolo deste, mostra como as figuras enquanto estão vestidas são delicadas, insinuantes, e ao aparecerem despidas “os corpos parecem empilhados como sacos” desgraciosos e absolutamente desviados de qualquer sensualidade. Todo o contrário do que se vê no Japão, em Hokusai, por exemplo, onde até tomando um polvo como amante a nudez está magnificada pela sensualidade que implanta no nu o seu desejo encantadamente polimórfico. 08/01/2019 Tinha acabado de anotar: Atrevo-me a escrever que, apesar de tudo, vivemos uma época de desencantamento muito tonificante pois acredito que os sinais de retrocesso civilizacional que por todo o lado mostram a sua cauda simiesca não correspondem a mais do que um momentâneo estertor final dos sentimentos mais arcaicos – e de repente leio no editorial da Ana Sá Lopes, no Público: «49 pessoas, incluindo crianças, foram resgatadas por dois barcos de uma ONG alemã, mas até agora nenhum país europeu aceitou recebê-los. É verdade que se “meteu” o Natal e quando se “mete o Natal” e o Ano Novo a Europa congela.(…) Ao menos se fossem cães ou gatinhos, haveria uma opinião pública disponível para se emocionar. Como são pessoas, não têm esse benefício. Ver morrer pessoas no Mediterrâneo (em 2018 foram 2262) tornou-se um hábito e não convoca a consciência das massas. O Papa fez ontem um apelo “do fundo do coração” para que a Europa não se mantenha congelada nas férias de Natal, mas tenha consciência do significado profundo daquilo que celebram como férias. Francisco lembrou que os barcos com os 49 migrantes esperam há dias autorização para aportar e exortou os países europeus a tomarem medidas “de solidariedade concreta com estas pessoas», e lá se vai o meu optimismo à viola. Por outro lado, o Papa esteve bem, nesta questão, e repararam como nas homilias de entre o Natal e o Ano Novo ele declarou que era mais respeitável e digno ser ateu do que ser um cristão hipócrita e inconsequente? Quando um gajo se sente acompanhado pelo líder da maior igreja do mundo não pode esmorecer. 09/01/2018 Um actor chinês sempre começa uma acção com o seu oposto. Para olhar para uma pessoa sentada à sua esquerda, um actor ocidental usaria um movimento directo e linear do pescoço. Mas o actor chinês, como os demais orientais (é pensar nos filmes japoneses), começaria como se quisesse olhar para o lado oposto. Se se deseja agachar o actor chinês começa por levantar-se. Do mesmo modo, na dramaturgia, o que faz evoluir uma trama é o estorvo, o conflito, a dificuldade de se alcançar o objectivo. Ou seja, de novo, alguém começar a despir-se não implica que se queira ficar nu. Regras simples que tenho de transmitir ao Assistente que me arranjaram na universidade. Estou contente até porque somos amigos e o Venâncio Calisto é bastamente inteligente e é de facto a grande revelação dos últimos anos no teatro em Moçambique. Mas não deixa de ser um luxo bizantino arranjarem-me um Assistente numa disciplina onde tenho dois alunos. 09/01/2019 O cartaz repete-se de cinco em cinco metros, ao longo dos tapumes que cobrem as obras do Hotel Andalucia, a 30 metros de minha casa. Anuncia o cartaz: «Proibido mijar no murro!». Era difícil ser melhor.