Diana do Mar SociedadeEnsino | Desde 2015 apenas um trio de escolas deixou de funcionar em pódios de edifícios Desde o lançamento, no final de 2015, do projecto denominado “Obra de Céu Azul”, pensado para pôr termo ao funcionamento de escolas em pódios de edifícios, apenas três instituições de ensino mudaram-se já para instalações adequadas [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma por ano. Três escolas deixaram de funcionar em pódios de edifícios habitacionais e comerciais desde que o Governo lançou, no final de 2015, o projecto “Obra de Céu Azul”. Ficam a faltar 13 ao abrigo do plano que, à luz das mais previsões do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, pode ter o prazo encurtado de 15 para 10 anos, ou seja, ser concluído até 2025. Os dados foram facultados ontem, em conferência de imprensa, pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), na sequência da assinatura de uma carta de intenções por parte de cinco escolas para a participação no projecto “Obra de Céu Azul”. Das cinco escolas, duas (Escola Xin Hua e Escola Concórdia para o Ensino Especial) vão ocupar parte do terreno do Canídromo, como anteriormente anunciado, enquanto outras tantas (Escola dos Moradores do Macau e Escola da Associação para Filhos e Irmãos dos Agricultores) irão ser transferidas para a zona A dos novos aterros, para onde se encontra planeada uma aldeia escolar com capacidade para acolher um máximo de 13 mil estudantes, à luz do projecto abordado no seio do Conselho do Planeamento Urbanístico. Já a Escola Kao Yip vai aproveitar o próprio terreno, explicou o chefe da divisão de equipamentos educativos da DSEJ, Wong Chio In. Carta de intenções As cinco escolas juntam-se a outras quatro instituições de ensino que, até ao final do ano passado, firmaram uma carta de intenções para participar no projecto “Obra de Céu Azul”. Já relativamente a duas (a Escola Tak Meng e o Jardim de Infância Inglês de Santo António) ainda não foi firmado acordo. Para já, não há planos para a transferência, mas as negociações estão em curso com vista a um consenso. “Estamos a ter intercâmbios adequados com as escolas que ainda não assinaram [a carta de intenções]”, afirmou Wong Chio In. “Desde o lançamento, já negociámos com todas as escolas formas de resolver o problema, também tem a ver com a dimensão da escola. Temos de ver todas as etapas de desenvolvimento da escola, por isso, há escolas que assinaram e outras não”, complementou o mesmo responsável, explicando ser “preciso um plano concreto” para a carta de intenções ser assinada e que a sua ausência também não significa que essas instituições de ensino não venham a aderir ao projecto. Até ao momento, as três escolas que deixaram de funcionar em pódios de prédios foram a da Associação Geral das Mulheres, a da Caritas e a São João de Brito, sendo que as duas últimas estavam instaladas no mesmo local. Subsídios escolares vão subir 9% em 2019/20 O Governo estima gastar, no próximo ano lectivo, aproximadamente 4 mil milhões de patacas em quatro subsídios, valor que traduz um aumento de 9 por cento. “Tendo em consideração a situação financeira do Governo e os factores que influenciam as despesas com a educação, no ano lectivo de 2019/2020, será aumentado, de forma adequada, o montante de alguns subsídios”, afirmou o chefe de divisão da DSEJ, Sit Weng Tou, em conferência de imprensa, após a primeira reunião plenária do ano do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior. Assim, os valores dos subsídios de escolaridade gratuita vão variar entre 1,01 e 1,52 milhões por turma; enquanto os de propinas entre 20.300 e 24.810 por pessoa. Já o subsídio para actividades extracurriculares corresponderá a 26.500 patacas por turma, mantendo-se inalterado relativo à melhoria do rácio turma/professor.
Hoje Macau China / ÁsiaAmbiente |Orçamento para combate à poluição aumenta 25 por cento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, afirmou ontem que Pequim vai investir, este ano, 25.000 milhões de yuan no combate à poluição atmosférica, um aumento homólogo de 25 por cento. Aqueles gastos estão previstos no relatório do Governo, apresentado por Li no arranque da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (ANP), o legislativo chinês. O documento aponta ainda a redução do consumo de energia em “cerca de 3 por cento “, por unidade do Produto Interno Bruto (PIB). Pequim fixou como meta reduzir as emissões de dióxido de enxofre e óxido de nitrogénio, os dois principais gases poluentes, em 3 por cento, visando “consolidar e expandir o progresso da China em questões ambientais”. As metas ambientais fazem parte de um “desenvolvimento de qualidade” e “correspondem à actual realidade do desenvolvimento da China”, estando associadas à “construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os sentidos”. O documento frisa que, para “melhorar o ambiente”, há muito “trabalho duro” pela frente. As principais cidades chinesas são frequentemente cobertas por um manto de poluição, resultado de três décadas de forte crescimento económico assente na produção industrial, que transformou o país na “fábrica do mundo”. A poluição é responsável por milhões de mortes prematuras todos os anos na China e é uma das principais fontes de descontentamento popular no país, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAPN | Meta económica ambiciosa e sobem gastos com a Defesa [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, anunciou ontem que a meta de crescimento para a economia do país, em 2019, se iria situar entre os 6 por cento e 6,5 por cento. As despesas militares, embora não igualem a subida de dois dígitos do passado recente, deverão ainda assim crescer 7,5 por cento. O Governo chinês anunciou ontem uma meta ambiciosa para o crescimento económico e um aumento de 7,5 por cento nos gastos militares, para este ano, apesar da incerteza suscitada pelas disputas comerciais com os Estados Unidos. No arranque da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), órgão máximo legislativo da China, o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, estabeleceu como meta para 2019 um crescimento económico “entre 6 por cento e 6,5 por cento “. Trata-se de um ritmo ligeiramente abaixo ao alcançado no ano anterior, de 6,6%, mas ainda assim entre os mais rápidos do mundo. Numa resposta às queixas de Washington e Bruxelas sobre o acesso ao mercado chinês, Li garantiu “igual tratamento” para as empresas estrangeiras e concorrentes nacionais. O primeiro-ministro prometeu ainda “promover as negociações comerciais entre a China e os EUA”, sem avançar detalhes sobre o estado das negociações que visam pôr fim à guerra comercial que ameaça a economia mundial. Li Keqiang prometeu ainda aumentar os gastos com o desenvolvimento do sector tecnológico, que o Partido Comunista Chinês considera crucial para elevar o estatuto global do país. E alertou que a segunda maior economia do mundo enfrenta um “ambiente mais severo e mais complexo”, com riscos que se podem tornar “maiores em número e tamanho”. Outros números A APN, cuja sessão anual decorre até 14 de março, é o “supremo órgão do poder de Estado na China” e a “expressão máxima da democracia socialista”. A Assembleia deve rever a legislação que regula o investimento estrangeiro, para acabar com a transferência forçada de tecnologia, visando atender a uma das principais queixas de grupos empresariais norte-americanos e europeus. Li anunciou também a subida dos gastos públicos em 6,5%, comparativamente ao ano passado, para 23 biliões de yuans e um aumento do rácio do défice, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), em 0,2 pontos percentuais, para 2,8 por cento. Este estímulo permitiria impulsionar “significativamente o poder de compra” dos consumidores e empresas e ajudaria a aumentar a procura por automóveis, electrodomésticos e outros bens, afirmou num relatório Vishnu Varathan, do banco japonês Mizuho Bank. Os gastos com a Defesa vão aumentar 7,5 por cento, para o equivalente a 156,7 mil milhões de euros, segundo um relatório difundido pelo ministério chinês das Finanças, que antecedeu à abertura da APN. Yue Gang, um especialista militar e coronel aposentado do Exército chinês, considerou que o aumento relativamente modesto dos gastos militares – abaixo das subidas de dois dígitos dos últimos anos – reflecte as novas condições económicas que o país enfrenta. “É mais urgente que a China se prepare para uma guerra comercial com os EUA do que para uma guerra física”, disse.
João Santos Filipe DesportoInstituto do Desporto apresentou programa da prova de Barcos-Dragão [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om um orçamento aproximado de 13 milhões de patacas, as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão vão ser disputadas a 1, 2 e 7 de Junho, no Centro Náutico da Praia Grande. A prova foi apresentada, ontem à tarde, pelo Instituto do Desporto e Associação de Barcos de Dragão de Macau, e as inscrições começam hoje e prolongam-se até 27 de Março. “O orçamento é semelhante ao dos anos anteriores e vai rondar os 13 milhões de patacas”, afirmou Pun Weng Kun. “Vai ser um evento muito emocionante e vamos voltar a ter muitas equipas a participar”, acrescentou. Em relação à participação de equipas internacionais, o presidente do ID revelou que é cada vez mais frequente haver contactos de formações interessadas em competir no território. “A prova de Macau tem cada vez mais importância a nível internacional, por isso começa a ser frequente haver sempre equipas que nos contactam a mostrar o seu interesse para participarem nas nossas corridas”, sublinhou. No ano de celebração do 20.º aniversário de criação da RAEM, os organizadores voltam a apostar na presença de elementos locais ao nível da gastronomia e das indústrias culturais. “Vamos ter outros elementos no Centro Náutico, além das provas. Teremos tendas com elementos das indústrias criativas e gastronomia local. Esperamos que sejam uma plataforma para promover estas vertentes turísticas”, apontou. Este ano as regatas vão contar com 10 provas. No primeiro dia vão decorrer as corridas de Pequenas Embarcações de Macau, nas categorias Open e Senhoras, a corrida de Pequenas Embarcações para Entidades Públicas e Prova Universitária de Macau de Pequenas Regatas, na categoria Open. No segundo dia realiza-se a prova dos 200 metros para Trabalhadores da Função Pública por convite, com pequenas embarcações, e as provas de Macau para Grandes Embarcações, em Open e Senhoras, com distâncias de 500 metros. Finalmente no dia 7, decorre a prova Universitária para Grande Embarcações e as Regatas Internacionais de Grandes Embarcações, em Open e Senhoras. As inscrições estão disponíveis online, no portal da Associação de Barcos de Dragão de Macau, e na sede desta mesma entidade, entre as 11h e as 19h.
João Paulo Cotrim PolíticaCara, face, enfim, rosto Santa Bárbara, Lisboa, 15 Fevereiro [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esagua-me nas mãos o número oito da «Suroeste», a revista de literaturas ibéricas que o Antonio Sáez Delgado dirige a partir de Badajoz. O seu grande formato vem cheio de poesia, acompanhada de ficção e ensaio, ainda que em doses menores. O Edgar [Pêra] cruza palavra e imagem para alinhavar nas bainhas o que deve o seu olhar a Almada, Negreiros, está bem de ver. Constato que perdi duas ou três dessas suas incursões no universo arte-nativo. Ponho na lista dos afazeres. Rui Pires Cabral entrega-nos, em encarte, um poema em 12 figuras: Hotel Andaluz. Belo exercício, entre «la abstracción» e «el olvido», quando a palavra se atira à imagem despertando pequenas concêntricas de sentido e sentimento, aqui plástico, ali metafísico. Fixado que ando em rostos, «Variações sobre um tema de Rulfo» , do João [de Melo], tocou-me. Mas isto sou eu, lamechas de filhos e pais. Um filho que, em busca de um quase pai, reconhece-o na descoberta de um lugar-comum feito de feições, rugas e olhos. E a cara logo se torna ilha, em momento expressionista de alta intensidade. O mano Luis [Manuel-às-vezes-Miguel Gaspar], que contribui com o seu «Consejo» (de Redacción), pediu-me colaboração. Mandei-lhe um pequeno filme «surrea-listo», no qual os olhos se fecham para ver no escuro. «A mão que toca um rosto, agreste, fugidio. Os fins de tarde onde cada amigo se junta para trocar gestos assim. Chegam e bebem. Chegam e tocam. Riem antes de partir. Saúdam a noite. Param por quase segundos para que a imagem se componha. Ilusão que logo a chuva desfaz. Há além pálpebras que fecham, para melhor ver em si. Portas de igreja que chiam ao abrir arrepiando os santos. Logo esvoaçam desfeitos corvos para não concederem graças. Os santos andam cansados de quotidiano: pequenos-almoços, almoços médios, quase jantares, longas mesas festivas. Mortes rotundas ao longe, crimes hediondos ao perto. Vistos de perto. Que devem vestir os crimes, veludo sangue de boi ou chita vaporosa e transparente? Lavo disto as minhas mãos.» Horta Seca, Lisboa, 16 Fevereiro Sentado no escuro, projecta-se fita feita de corpos com voz. Bruno Ganz (1941-2019) será, sobretudo, Damiel, anjo de bibliotecas e desespero. Mas as palavras que vai dizendo são corpo ainda. No alemão que perdi algures lê «Il Canto Sospeso» de Nono, encantatoriamente evocando o fascismo, a invenção de possibilidades, a paixão. A vantagem dos que dão corpo ao manifesto funde-se nisto, na possibilidade de continuarem a ecoar à maneira dos corpos na nossa memória, a incorporar o que apenas intuímos. Desejava muito tê-lo visto em Tarkovsky, a tocar a água com versos. Não saberia nunca de Berlim sem ele, em Wenders. Mas isto sou eu, com os corpos. Atlântico, 19 Fevereiro A morte do [Geraldes] Lino (1936-2019) seria sempre triste surpresa, por muito anunciada que tivesse sido. A alegria contagiante pelas histórias aos quadradinhos construiu-se enorme cidade, com ruas e praças que passavam pelos fanzines, pela memória, pelo bem escrever, pelo prazer do acolhimento e da partilha, de liberalizar contactos e informação. Esteve sempre presente em cada momento, geração após geração; ele, a quem a idade desconfortava, era o mais jovem de todos, casquinando gargalhadas. Aliás, todo ele era infância desembocando no luminoso gozo da descoberta. Longe da social despedida, comovo-me lendo os testemunhos dos inúmeros criadores e confirmo, muito para além do gosto, que poucos se podem orgulhar de terem tornado tão amavelmente comum este lugar-linguagem. Correntes, Póvoa, 19 Fevereiro No habitual quotidiano, parto em pulgas sem saber se os livros chegarão a tempo desta prévia apresentação. Encontro o oceano a vociferar na devida constância sob uma luz que não esmaga os contornos, colocando assim cada gesto no seu contexto. A colecção «Fósforo» ganha dois novos volumes, ambos assinados pelo Helder [Macedo]. «Oitocentos Anos de Literatura», síntese histórica da nossa literatura, uma das mais desafiantes e completas, com os nomes essenciais, as temáticas estruturantes e os nomes principais, mas com atenção a outras correntes, mais profundas ou fracturantes, como agora se gosta de usar. E «Cada Um Com o Seu Contrário Num Sujeito», este inédito, em torno do sempiterno Camões. Helder está a dizê-lo neste instante, brilhando: «o conflito só poderia ser resolvido pela transformação recíproca do apetite em razão e da razão em apetite, tornando possível alcançar a desejada “mansa paz” através da coexistência de “cada um com seu contrário num sujeito”.» Fazendo do erotismo ferramenta do conhecimento, o poeta entendeu na carne que cada coisa pode ser ao mesmo tempo o que é e o seu contrário. Depois abriu a noite. Correntes, Póvoa, 20 Fevereiro O João [Rios] estava em casa. Ou próximo. Vociferou a emoção de dizer, com todas as letras (todas?), que fronteiras à beira-mar não fazem grande sentido: o mar apaga-as. E atirou-se aqui segundo volume de uma poesia de escárnio e maldizer para bem reflectir. «Reter o amor no gancho do talho», também traz à ilharga a pulsação de um amor oceânico. Mas isto sou eu, que me deixo inebriar pela maresia. O Valério [Romão] subiu na missão de propor leitura de «Fotografia Apontada à Cabeça», terceiro volume do outro mano José [Anjos]. Sobre a maré de ruído, enquanto passavam gatos na janela que lhes servia de espaldas, ouvi-o: «A infância corresponde, despida de qualquer carácter transcendental, ao Éden bíblico, à Arcádia, ao sítio da possibilidade de todas as possibilidades. A infância corresponde, pelo menos no mundo ocidental remediado, a uma espécie de território estaminal, onde todas as ideias de futuro podem ainda ser possíveis, e enquanto crianças ainda podemos sonhar ser, com a mesma facilidade desarmante, astronautas, bailarinos ou veterinários (acredito que o cardápio de sonhos tenha mudado nestes últimos vinte anos).» (Algures na página, o Pedro [Teixeira Neves] captou o momento e as faces). De seguida, a noite espraiou-se. Correntes, Póvoa, 21 Fevereiro Resumo breve do dia. Onésimo Teotónio Almeida diz, aos microfones do Obra Aberta (RR e CCB em viagem), que a poesia não pensa sendo o verso apenas deriva barroca. A Carla [Craveiro] recebe-nos na Coquelicot Delicatessen com perfumado gin, Bica, e umas suaves delicadezas da Tia Quinota. Anunciou-se ao público a obscena «Flanzine», com frutos colhido pelo [João Pedro] Azul e pelo Carlos [Guerreiro]. Contributo modesto: «que procura o teu olhar/ lá fora/ que não possa o meu caralho/ dar-te dentro?/ horizonte, tempo/ mundo e possibilidades?/ dentro e fora/ eis ao que aspiramos/ quando respiramos/ tudo em nós/ pupilas e membros.» Em breve, marulhava a noite. Correntes, Póvoa, 22 Fevereiro Treslendo o desafio, mandei para o cuidadíssimo dicionário de afectos, que agora folheio, «Palavras Correntes», uma entrada que desafina das incontáveis «correntes», «mares» e «marés» e «maresias», «noites» e «noitadas» para além do restante celebratório: atraso. Fecha deste jeito, «fora de tempo, por elogio, também se lhe aplica. Atraso de vida, e por idiotia, nem tanto. Entretanto, nada.» Não tem que ver com o festival, está na cara que isto sou eu. E a palavra maior da minha «noitidia». Como bem a define César Ibáñez París, no mesmo volume: «1 Pétalo de la flor del lenguage. 2 Espina del cactus del lenguage. 3 En cualquier caso, tanto si acaricia como si pincha. 4 Vínculo.»
Nuno Miguel Guedes Divina ComédiaO pudor da dor [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]credito que os grandes inícios da literatura, aqueles que se tornam tão verdade de arranhados pelo uso, merecem ser lembrados. Estão lá devido ao génio de quem os escreveu, prontos para nos socorrerem sempre que deles precisamos. Como é o meu caso agora, que invoco essas primeiras linhas extraordinárias de História Em Duas Cidades (A Tale of Two Cities) de Charles Dickens. Conhecem, certamente: « Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da incredulidade, foi a estação da luz, foi a estação da escuridão, foi a Primavera da esperança, foi o Inverno do desespero». Dickens falava dos dias que antecederam e sucederam à Revolução Francesa; mas as palavras são tão atemporais que se podem colar aos dias de hoje e a outros que não conhecemos. Traduzem a velocidade e as contradições de alturas em que o mundo nos parece escapar, tão vertiginosa se apresenta a mudança. E é por essa razão que hoje aqui surgem: para justificar uma crónica baseada na perplexidade que as mudanças velozes podem criar. Reparem: não se trata de julgamentos ou sequer opinião – embora ambos estejam sempre presentes, em maior ou menor grau. O cronista, mesmo quando questiona e se surpreende, tenta sempre ter razão ou pelo menos conseguir partilhar essa razão. Mas perante o assunto que aqui me traz não posso nem devo impor seja o que for – apenas tentar transmitir o que sinto. Porque é algo tão íntimo que não pode ambicionar a ser nada mais do que uma reflexão, um desabafo. Falo da dor e do que me parece ser a sua banalização. É algo que os tempos trouxeram e que é familiar a todos; algo que muitos praticam e eu próprio não fui excepção (embora, para ser sincero, me tenha arrependido): a partilha do luto ou da iminência da perda, a exposição daquilo que é mais íntimo, mais primevo até. O anúncio da morte, do luto ou do sofrimento nas redes sociais – e mais propriamente naquela que utilizo, o Facebook – tornou-se banal, quase quotidiano. Falamos da mais terrível dor para uma multidão que não conhecemos – coisa que provavelmente não faríamos há alguns anos – porque vivemos numa ilusão de proximidade. O algoritmo parece transformar toda a gente em amigos e confidentes. E não é verdade. Mas a pergunta que mais traduz a minha perplexidade é: porquê ? Porque fazemos isso? O que esperamos quando o fazemos? A comunicação de uma perda é feita há muito e ainda sobrevive nos poucos jornais em papel. Mas só pede uma resposta daqueles que realmente nos conhecem e estimam e que irão estar presentes na despedida. Não é assim no Facebook: escrevem-se elegias, antecipa-se mesmo o luto. Mas o que se recebe é pouco. As reacções são simples, anónimas, até gráficas. Ninguém que não nos conheça está a chorar, asseguro-vos: poderão ter empatia, conhecer por experiência aquilo que lê. Mas o que ali recebemos pela partida de um ente querido – likes, emojis, “forte abraço” – fica assim no mesmo plano afectivo daquilo que recebemos quando nos morre um animal de estimação. E não, não: um bicho, por mais que o adoremos e consideremos “da família”, nunca poderá equivaler a um pai, um filho, um ser humano. Não duvido por um segundo da autenticidade da dor de quem assim a anuncia. Não é disso que falo. Está-se a perder, parece-me, um pudor que considero essencial para ser humano. A intimidade da dor e da sua partilha banaliza-a; e como a vida é também sofrimento, por extensão banaliza a própria vida. Repito: não existe uma forma ideal de exprimir algo tão do nosso âmago, e muito menos uma classificação de correcto ou incorrecto. Isso seria a mais totalitária das regras. Mas fico perplexo, fico perplexo. O cristianismo primitivo tinha uma forma específica de oração que pedia a Deus o dom das lágrimas, porque chorar é aceitarmo-nos como imperfeição que sempre seremos. Não será preciso pertencer a uma confissão religiosa para perceber a beleza e pertinência desta atitude. Se perdermos as lágrimas, perdemos tudo – e estamos em risco de o perder. Salvemos pelo menos a perplexidade e o pudor da dor nestes tempos vorazes, Primavera de esperança, Inverno do desespero.
Tânia dos Santos SexanáliseLeite de coco e mamas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s riscos da publicidade enganosa são vários. A publicidade oferece-nos imagens do que é bom, mau, adequado ou desejado, isto acrescido com dados falsos, torna os anúncios muito problemáticos. A China, por exemplo, já tem uma longa história de anúncios insensíveis. Ainda bem há pouco tempo, ao anunciar um detergente de roupa, meteu um negro dentro de uma máquina de lavar e ele saiu branco. Agora a história foi diferente, tratou-se de um anúncio de uma popular marca de leite de coco de Hainan que jura que o consumo da sua bebida aumenta o tamanho das ditas redondas e voluptuosas mamas. O anúncio televisivo é qualquer coisa como mulheres a correr pela praia de t-shirts brancas e decotes generosos a balouçar o seu material e afirmando que beber leite de coco todos os dias ajuda a encher os lindos seios. Também afirmam que beber o tal leite torna as curvas excitantes. O que nos vale é que nos dias que correm este tipo de anúncios já é recebido com muita desconfiança e descontentamento. Primeiro, já foram confirmar que não há dados que defendam a tese de uma relação entre o leite de coco e o tamanho das mamas. Segundo, para uma marca tão antiga e popular, as pessoas perguntam-se se é preciso descer tão baixo. Há quem tivesse achado que o anúncio fossem um photoshop pobre e sarcástico. Mas não, este foi um exemplo de má publicidade a continuar a ser má. Para além de que não percebo bem se este esforço de se virar para o público feminino para o fortalecimento da marca foi totalmente irreflectido ou não. Porque duvido que os homens que consomem a bebida (que devem existir) vão querer alterar o tamanho das suas mamas, menos organicamente complexas, mas que não deixam de ser mamas também. A forma como as mensagens são comunicadas importa. Importa porque nos apresentam imagens do que é a mulher. Isto não quer dizer que os meios de comunicação sirvam de prescrição social: com a simplicidade de que assim aparece, assim acontece – não é nada disso. O que vale a pena analisar nestes momentos polémicos e de discussão é de como o conhecimento comum – como por exemplo, ter mamas cada vez maiores é o que as mulheres querem, por isso nossa bebida vai vender disso – é utilizado. Já para não falar no barrete que esta companhia, que parece não ter um departamento de marketing bem organizado, quer meter. Haverão clientes que de facto querem ter mamas maiores e poderão passar meses a beber o leite de coco que nada lhes trará. Nem curvas mais redondas, nem mamas mais cheias, nem o sex-appeal de quem anda com um push-up nas praias de Hainan. Sempre reforçarei a importância que é desconstruir a obsessão (já milenar) do corpo feminino porque é a original fonte de desigualdade. A forma como anúncios fazem uso da objectificação do corpo não é o problema, mas o sintoma. Os corpos femininos são lindos e os corpos masculinos também. Só que é comum levarmos ao extremo o dilema do pudor e libertinagem do corpo da mulher. ‘Parece’ aceitável andar a clamar a sete ventos o quão bom seria se as nossas mamas crescessem com uma vulgar bebida diária quando um decote generoso é ainda mal aceite na China. Quem viveu na China continental saberá que uns ombros e um decote que se querem mostrar encontrarão resistência. Por enquanto, não há leite de coco que nos valha, nem para o seu aumento, nem para mamas mais expostas e felizes.
Hoje Macau China / ÁsiaTóquio | Tribunal concede liberdade sob fiança a ex-presidente da Nissan [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tribunal distrital de Tóquio aceitou ontem o pedido de liberdade sob fiança do ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, noticiaram vários órgãos de comunicação social japoneses. Detido há três meses na capital nipónica, Carlos Ghosn poderá sair em liberdade caso o Ministério Público japonês não apresente novo recurso. O montante da fiança foi fixado em mil milhões de ienes (cerca de oito milhões de euros). A aceitação do terceiro pedido de fiança de Ghosn surgiu um dia depois de um dos advogados ter afirmado estar confiante de que o antigo responsável da construtora automóvel Nissan ia conseguir ficar em liberdade. O advogado recém-contratado, Junichiro Hironaka, é conhecido por ter conseguido que vários clientes tenham sido absolvidos no Japão, onde a taxa de condenações é de 99%. Na segunda-feira, Hironaka afirmou ter proposto novas formas de monitorizar Ghosn após a libertação sob fiança, como vídeovigilância. Hironaka questionou também o fundamento da detenção de Ghosn, num caso que considerou “muito peculiar”, sugerindo que podia ter sido resolvido como um assunto interno da empresa. No Japão, os suspeitos ficam em detenção provisória durante meses, frequentemente até ao início dos julgamentos. Os procuradores defendem que os suspeitos podem alterar provas e não devem ser libertados. Os dois pedidos de fiança, apresentados pelos advogados de Ghosn, foram negados. O empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em Novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal e de quebra de confiança.
Hoje Macau China / ÁsiaCidade Proibida abre-se para celebrar 40 anos de relações diplomáticas com Portugal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] guitarrista Pedro Jóia já tinha actuado em Pequim, mas o concerto de ontem teve um sabor especial: decorreu no Antigo Palácio Imperial chinês e assinalou o 40.º aniversário das relações entre Portugal e China. “É, de facto, de uma grande carga simbólica”, reconheceu, à agência Lusa, o músico português, no final de um espectáculo conjunto com Duan Chao, uma das mais aclamadas instrumentistas do ‘erhu’, instrumento musical originário da China, de duas cordas e tocado com um arco. O concerto, de cerca de uma hora, esgotou a sala de espectáculos da Cidade Proibida, complexo construído durante a dinastia Ming (1368-1644) e onde residiram 24 imperadores chineses, que se sucederam durante mais de 500 anos. “Caiu mesmo bem”, afirmou Ricardo Oliveira, professor de português numa universidade de Pequim, sobre o concerto. “A amizade entre Portugal e a China reflectiu-se na conjugação musical”, considerou. Mas se espectáculos de fado não são novidade no país asiático, o último foi com a fadista Cuca Roseta, assim como reportórios conjuntos, António Chainho tocou com a cantora Gong Linna, o espaço escolhido foi algo “sem precedentes”, afirmou o embaixador de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte. “Abrir a Cidade Proibida à noite, para um espectáculo nosso, é inédito”, disse. “Estamos muito lisonjeados com esta atitude das autoridades chinesas”, contou. Emoções conjuntas Outrora fechado aos cidadãos comuns, sendo a entrada punível com pena de morte, o antigo Palácio Imperial é hoje a principal atracção turística da capital chinesa. Para muitos na plateia, a oportunidade de aceder ao Antigo Palácio Imperial, já depois das horas de encerramento – o espectáculo começou às 18:30 em Pequim -, foi mesmo um incentivo extra. “Muito raramente a Cidade Proibida abre durante a noite”, lembrou uma estudante chinesa. O complexo encerra para turistas às 16:30, no Inverno, e às 17:00, no Verão. Apenas convidados de alto nível, incluindo o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma visita a Pequim, no ano passado, têm normalmente o privilégio de admirar o complexo à noite. O clima era igualmente convidativo: lá fora, a temperatura ultrapassava os dez graus, assegurando o fim do rigoroso Inverno pequinês. Portugal e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas em 8 de Fevereiro de 1979, mas devido àquele dia ter coincidido este ano com a celebração do Ano Novo Lunar – a principal festa das famílias chinesas – a celebração acabou por decorrer ontem. Outros eventos culturais vão realizar-se ao longo de 2019, incluindo festivais de cinema, literatura, teatro ou música, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois Governos. “A cultura é um instrumento fundamental para aproximar os povos, dialogar e criar emoções conjuntas”, sublinhou Augusto Duarte. “Este será um ano que reforçará em muito a visibilidade do grande talento dos portugueses junto da opinião pública chinesa”, disse.
Hoje Macau PolíticaXi Jinping é “profundo conhecedor” de Macau [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente Xi Jinping é um “profundo conhecedor” de Macau, da sua história e considera que o território está a desenvolver-se na direcção certa ao nível social e económico. A revelação foi feita ontem, segundo o canal chinês da Rádio Macau, pelo director do Gabinete de Ligação Fu Ziying, que esteve reunido com os vogais de Macau da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) em Pequim. Fu sublinhou também que Macau tem uma grande responsabilidade, não só porque representa um território chinês, mas porque é um exemplo bem-sucedido da implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas”. Ainda de acordo com o governante, o presidente da China considera Macau fundamental para a estratégia nacional e para o sonho do “Grande Rejuvenescimento da Nação Chinesa”. Já no que diz respeito às obrigações do Governo, Fu apontou em primeiro lugar a diversidade da economia. Outros dos pontos referidos foi a necessidade de melhorar a vida da população, nomeadamente através da construção das comportas no Porto Interior e do controlo dos preços do mercado imobiliário.
Sofia Margarida Mota PolíticaDeputados pedem clareza no licenciamento de edifícios classificados como hotéis A transformação de edifícios classificados em hotéis implica a isenção de requisitos de licenciamento exigidos noutro tipo de estruturas, de acordo com a proposta de lei da actividade dos estabelecimentos hoteleiros. Os deputados da comissão que analisa o diploma querem que o Governo defina claramente que requisitos são estes [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa exigem uma definição clara dos requisitos de que vão estar dispensados os edifícios classificados na atribuição da licença de exploração hoteleira. A ideia foi deixada ontem pelo presidente da comissão, Chan Chak Mo, após a primeira reunião de análise na especialidade da proposta de lei da actividade dos estabelecimentos hoteleiros. “Se for um bem imóvel classificado ou em vias de classificação, então podem ser dispensados de alguns requisitos desde que tal não ponha em causa as condições estabelecidas de segurança, limpeza e ruído ambiental” referiu o legislador. Contudo, há critérios que os deputados não entendem se estão ou não previstos legalmente e se se adequam a este tipo de imóveis. “Será que não é possível satisfazer as condições que têm que ver com a não obstrução arquitectónica?”, questionou o presidente da comissão. Por outro lado, a proposta admite a necessidade de um parecer emitido pelo Instituto Cultural (IC) para transformar edifícios classificados em hotéis, mas os deputados consideram que não é claro se este documento é vinculativo para a respectiva autorização. “Para que sejam dispensados dos requisitos tem de ser requerido um parecer ao IC, que deve ser proferido no prazo de 20 dias, a contar do envio do processo da por parte da Direcção dos Serviços do Turismo (DST) – entidade responsável pelo licenciamento destes estabelecimentos, mas não se entende se este parecer é vinculativo”, acrescentou o presidente da 2ª comissão. De lei em lei Recorde-se que à luz do diploma, passa a ser permitida a instalação de hotéis em edifícios classificados e que, aquando da conferência de imprensa do Conselho Executivo para apresentação do diploma, o subdirector dos Serviços de Turismo, Cheng Wai Tong afirmou que esta permissão só aconteceria desde que “reunidos requisitos”. “O IC vai ter em conta todos os aspectos da Lei da Salvaguarda do Património [e] se entender que está tudo bem pode-se falar então dos requisitos das licenças”, apontou na altura. Entretanto, o presidente da 2ª Comissão Permanente da AL sublinhou que a opinião dos deputados acerca da possibilidade de os edifícios classificados serem transformados em hotéis é positiva. “Todos apoiam, isto é bom para os bairros antigos. Agora vai ser acelerado o ritmo. É bom para o sector, ninguém discordou”, disse. Tarefas separadas Outra questão que necessita de elucidação pelo Executivo é a distinção clara das competências da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e da DST nos processos que envolvem obras nas instalações do sector hoteleiro. De acordo com Chan Chak Mo, a proposta prevê que as obras a realizar pelos estabelecimentos se rejam pela legislação aplicável, ou seja, que decorram depois de autorizadas pela DSSOPT. No entanto, esta competência poderá entrar em conflito com um outro aspecto presente no diploma que define que “a autorização de obras deve ser dada após emitida a licença pela DST. Para os deputados da comissão que analisa o diploma na especialidade, tratam-se de duas situações que podem suscitar dúvidas. Com tal, vão pedir ao Governo que esclareça claramente quais as competências de cada um dos serviços implicados. “Como o Governo pretende simplificar procedimentos, e tendo estes artigos em conta, quais são as competências destas entidades?”, questionou Chan Chak Mo. De acordo com o deputado, a discussão na especialidade da proposta que vai regulamentar a actividade hoteleira deverá terminar “no final do mês de Abril”.
Hoje Macau PolíticaSulu Sou junta-se ao protesto contra reconhecimento de cartas de condução [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau e o deputado Sulu Sou vão participar no protesto contra o reconhecimento mútuo de cartas de condução. A manifestação organizada pelos pró-democratas Ng Kuok Cheong e Au Kam San está marcada para sábado, às 15h, no Jardim Vasco da Gama. O reconhecimento mútuo de cartas de condução com o Interior da China tem sido tema polémico, desde que foi anunciado, mas voltou à ordem-do-dia depois do trágico acidente que colheu a vida a uma estudante de 22 anos. A morte resultou do choque provocado por uma carrinha de uma empresa promotora de jogo. Ao volante do automóvel estava um condutor do Interior da China. O caso foi entregue ao Ministério Público e, segundo as autoridades, o homem não estava habilitado a conduzir em Macau, pelo que lhe foi aplicado o termo de identidade e residência. “O público é o mais importante. Desde que tenham em consideração o interesse público, todos os grupos são bem-vindos”, lê-se na página de Facebook da Associação Novo Macau.
Hoje Macau PolíticaLeong exige explicações sobre proibição de motoristas [dropcap style≠‘circle’]L[/dropcap]eong Sun Iok questiona a implementação da lei que proíbe que trabalhadores não-residentes exerçam funções de motoristas. É este o conteúdo da última interpelação do deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), que surge na sequência de um acidente de viação ocorrido na passada sexta-feira. “A comunidade apela às autoridades que reforcem a eficácia da implementação da lei. Quais foram os resultados da aplicação desta lei no ano passado?”, pergunta Leong Sun Iok. O membro da Assembleia Legislativa (AL) fala também em práticas repetidas por parte das empresas promotoras do jogo e dos grandes hotéis, que utilizam condutores do Interior da China. “De acordo com os condutores profissionais de Macau, é muito comum que se utilizem condutores do exterior, que atravessam a fronteira, conduzam em Macau e depois regressem. O que está a ser feito para aumentar as inspecções e atacar estas ilegalidades?”, questiona. Em relação ao acidente que tirou a vida à estudante de 22 anos, Leong Sun Iok fala de uma “tragédia de partir o coração” e responsabiliza os condutores ilegais por causaram acidentes graves, de tempos a tempos, nas estradas do território. Ainda sobre este assunto, Leong responsabiliza o Governo por afirmar constantemente que não aceita condutores do exterior. Contudo, na altura de executar a lei, o deputado diz que o Executivo não toma as acções que devia.
Hoje Macau PolíticaLi Keqiang confiante no sucesso e desenvolvimento de Macau O primeiro-ministro chinês entende que Macau deve aproveitar as oportunidades trazidas pelos planos estratégicos de Pequim e estreitar parcerias com o Interior da China. Li Keqiang demonstrou ainda o total apoio à administração de Chui Sai On [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]urante a apresentação do relatório anual perante a Assembleia Popular Nacional (APN), Li Keqiang referiu que Macau e Hong Kong devem aproveitar as oportunidades nascidas dos planos estratégicos traçados por Pequim e estreitar a cooperação com o Interior da China. O discurso do primeiro-ministro chinês, proferido na abertura da sessão de ontem das reuniões magnas, referia-se aos planos “Uma Faixa, Uma Rota” e à Grande Baía. “Temos de continuar a implementação completa e certeira da política ‘Um País, Dois Sistemas’, de Hong Kong governado pelas suas gentes, Macau governado pelas suas gentes, com alto grau de autonomia, no estrito cumprimento da Constituição e da Lei Básica.” Depois de não ter mencionado no discurso do ano passado o princípio que estabelece a governação das regiões administrativas especiais “pelas suas gentes”, Li Keqiang Outro dos aspectos de salientar no discurso do alto dirigente do Executivo de Pequim prende-se com a sucesso partilhado entre as regiões administrativas especiais e o Interior, de forma a garantir “a prosperidade e estabilidade a longo prazo”. É a primeira vez que esta formulação é proferida, a par da expressão “progredir em conjunto com o Interior”. Fé nos chefes Em referência à liderança política das duas regiões administrativas especiais, Li Keqiang reiterou que ambos os governos e os respectivos chefes dos executivos das duas regiões têm o total apoio de Pequim no exercício da governação baseada na lei. Ao longo do discurso, o primeiro-ministro não mencionou, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, a expressão “promover a democracia”. Em paralelo, enquanto prometeu resolução e eficácia na protecção da soberania nacional, Li Keqiang fez a habitual menção ao combate a movimentos separatistas que procuram a independência de Taiwan. Desta feita, o líder político deixou de fora qualquer referência ao movimento pró-independência de Hong Kong. Algo que não passou ao lado de Wang Yang, presidente da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, que ao abordar a questão de Hong Kong fê-lo sob o tema unidade e solidariedade. “Encorajamos os delegados de Hong Kong e Macau a apoiarem os seus governos e chefes dos executivos de acordo com a lei. Estamos, inequivocamente, em oposição à independência de Hong Kong”.
Hoje Macau PolíticaAutarca de Taiwan visita Macau no fim de Março [dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]egundo informação veiculada pela Xinhua, Han Kuo-yu, que dirige a segunda maior cidade de Taiwan, Kaohsiung, vai liderar uma delegação em visita a Macau, Hong Kong, Shenzhen e Xiamen. A ‘tour’, que acontece entre os dias 22 e 28 de Março, foi anunciada pelo porta-voz do Gabinete dos Assuntos de Taiwan junto do Conselho de Estado e terá como objectivo promover o intercâmbio e a cooperação.
Hoje Macau PolíticaSong Pek Kei pede mais desenvolvimento para indústrias culturais [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] deputada Song Pek Kei entende que o Governo precisa de continuar a investir nas indústrias culturais, principalmente para desenvolver um circuito de distribuição comercial para filmes, música e espectáculos de televisão. A ideia foi expressa numa interpelação escrita pela legisladora ligada ao empresário Chan Meng Kam, que questiona as medidas que vão ser tomadas para impulsionar ainda mais estes sectores. Por outro lado, a deputada defende que uma das características de Macau é a mistura entre o Oriente e o Ocidente e, nesse sentido, quer conhecer as medidas que estão a ser desenvolvidas para dar mais destaque a estes atributos culturais.
João Santos Filipe Manchete PolíticaChui Sai Peng declara apoio a Ho Iat Seng na corrida a Chefe do Executivo Começa a contagem de espingardas. Chui Sai Peng veio ontem a público, em Pequim, revelar que Ho Iat Seng é o candidato “desejado” para posição de líder do Executivo [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado Chui Sai Peng, eleito pela via indirecta, declarou o seu apoio à candidatura de Ho Iat Seng. As declarações foram prestadas durante a realização das reuniões magnas, em Pequim, e são citadas pela emissora RTHK, da região vizinha de Hong Kong. Em reposta às perguntas dos jornalistas, o primo do Chefe do Executivo, Chui Sai Peng, considerou que o actual presidente da Assembleia Legislativa é o candidato “desejado” e que tem provado as suas condições como líder da delegação dos membros de Macau da Assembleia Popular Nacional (APN). Neste aspecto, Chui falou de Ho como alguém que trabalha de uma forma pragmática. Finalmente, Chui Sai Peng deixou o desejo que Ho, enquanto pessoa capaz, mereça a confiança de Pequim para liderar os destinos de Macau nos próximos anos. Chui Sai Peng tornou-se assim o primeiro deputado a apoiar publicamente um eventual candidato a Chefe do Executivo. Ho Iat Seng admitiu que estava a ponderar avançar com uma candidatura à posição de líder do Governo em Fevereiro, durante o tradicional almoço de Primavera da Assembleia Legislativa com os jornalistas. “Estou activamente a equacionar a questão de me candidatar”, afirmou Ho Iat Seng, na altura. “Vou acrescentar à resposta anterior, estou a equacionar prudentemente, porque é preciso ponderar vários factores”, completou. Esta posição marcou uma mudança de postura, uma vez que durante vários anos Ho Iat Seng negou sempre a possibilidade de candidatar-se. A certa altura chegou mesmo a dizer, ainda antes de sofrer de uma ciática, no final do ano passado, que o afastou da condição da apresentação das Linhas de Acção Governativa, que a idade já era demasiado avançada para o cargo. Na mesma ocasião, o actual presidente da Assembleia Legislativa afirmou também estar preparado para lidar com a pressão do cargo de Chefe do Executivo. Sem experiência governativa Uma crítica que pode ser apontada a Ho Iat Seng é a falta de experiência no exercício de funções no Executivo. Esta característica foi uma das apontadas como essencial para o desempenho da posição pelo actual secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. O membro do Governo é igualmente tido como um dos possíveis candidatos. Um dia depois de Ho Iat Seng ter admito a possibilidade de avançar, também Lionel Leong confessou estar a ponderar o assunto. Sobre uma eventual candidatura, o secretário que tem as pastas da economia e das finanças disse também que iria ouvir as opiniões da população para tomar uma decisão. As eleições para Chefe do Executivo ainda não têm data marcada, mas vão acontecer entre a segunda quinzena de Agosto e até meados de Outubro.
Diana do Mar SociedadeApenas 15 trabalhadoras não residentes que deram à luz no CHCSJ beneficiaram de “desconto” Desde a entrada em vigor, a 1 de Junho, do aumento das taxas de parto para as grávidas não-residentes, só 15 de 102 mulheres que deram à luz no hospital público beneficiaram de um “desconto” por carência económica [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]penas uma ínfima parte das trabalhadoras não residentes que deram à luz no hospital público beneficiaram de um desconto por carência económica nas taxas cobradas pelos partos que aumentaram nove vezes a 1 de Junho de 2018. Dados facultados pelo Instituto de Acção Social e pelos Serviços de Saúde ao HM indicam que das 102 portadoras de ‘blue card’ que deram à luz no Centro Hospitalar Conde de S. Januário (CHCSJ), entre 1 de Junho e 31 de Dezembro, 18 solicitaram o atestado comprovativo da situação económica, que lhes permite pedir o corte das taxas, das quais três viram os pedidos indeferidos. A 1 de Junho do ano passado, entraram em vigor novas taxas de serviços de partos no hospital público, com as trabalhadoras não residentes a terem de pagar nove vezes mais. A título de exemplo, o preço de um parto normal subiu de 975 para as 8.775 patacas, enquanto, no caso de cesariana, aumentou de 1.950 para 17.550 patacas. A controvérsia em torno da actualização das taxas, que estavam em vigor há quase 20 anos, levou o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a abrir uma excepção para as trabalhadores não residentes que auferem baixos rendimentos, particularmente as empregadas domésticas, definindo que pagariam o triplo, em vez de nove vezes mais face aos preços em vigor. Ao “desconto”, que corresponde a uma redução do valor dos encargos em dois terços, são elegíveis as portadoras de ‘blue card’ que apresentem um “atestado comprovativo”, a emitir pelo IAS, de que se encontram carência económica. Na prática, tal significa que o valor do seu rendimento mensal não pode ultrapassar o do risco social que, até 31 de Dezembro, correspondia a 4.050 patacas. A 1 de Janeiro, o montante mínimo de sobrevivência aumentou 180 patacas para 4.230 no caso de uma pessoa que viva sozinha. Assim, as trabalhadoras não residentes que comprovem carência económica pagam 2.925 patacas por um parto normal (em vez de 8.775) e 5.850 patacas por uma cesariana (em vez de 17.550) no hospital público. Durante os primeiros seis meses de vigência das novas taxas de partos, foram 18 as mulheres que pediram o atestado comprovativo ao IAS, que lhes permite depois solicitar aos Serviços de Saúde o corte na factura, das quais três receberam um “não” como resposta por falharem em reunir os requisitos. Segundo o IAS, houve dois casos “em que os serviços de cuidados de saúde utilizados não se incluíam na área dos serviços especiais de obstetrícia e de serviços de gravidez e parto” e um outro em que “se confirmou que o valor do rendimento da requerente era superior” ao definido. Embora o “desconto” tenha sido pensado para apoiar as trabalhadoras não residentes que auferem baixos rendimentos, aquando do anúncio, o próprio IAS reconheceu que ao fixar-se o valor do risco social como bitola estar-se-ia a excluir aproximadamente metade das empregadas domésticas. Isto porque, apesar de integrarem a categoria mais mal paga entre os portadores de ‘blue card’, ganham acima do tecto definido. Dados dos Serviços para os Assuntos Laborais indicam que Macau contava, em 31 de Dezembro, com 28.692 empregadas domésticas, as quais representam sensivelmente 15 por cento do universo de mão-de-obra importada. A maioria (15.945) vem das Filipinas, do Vietname (7.458) e da Indonésia (3.721). Segundo os dados fornecidos pelos Serviços de Saúde, na segunda metade do ano passado, ou seja, durante o meio ano de vigência das novas taxas, houve uma diminuição, em termos anuais homólogos, do número de trabalhadoras não residentes que deram à luz no CHCSJ: foram menos 64. A proporção das trabalhadoras não residentes no total de parturientes não chegou aos 6 por cento (102 em 1.701 mulheres). Das excepções De ressalvar, porém, que o número de trabalhadoras não residentes que deram à luz no hospital público (102) inclui as parturientes com cônjuge residente da RAEM, para as quais foi consagrada uma excepção que as excluiu do aumento. No entanto, têm de estar efectivamente casadas, com o despacho, publicado então em Boletim Oficial, a determinar que o matrimónio tem de ser “comprovado mediante apresentação da certidão de registo emitida há menos de seis meses pelas autoridades competentes”, deixando assim de fora os casais que vivem como tal ou em união de facto. Uma “decisão política”, com admitiu então a subdirectora dos Serviços de Saúde, Ho Ioc San, quando confrontada com o facto de a certidão de casamento não atestar paternidade. Apesar de os dados facultados pelos Serviços de Saúde não discriminarem o número de portadoras de ‘blue card’ casadas com residentes da RAEM, estima-se que seja reduzido. Menos turistas Em queda esteve também o número de turistas que tiveram os seus bebés no hospital público entre 1 de Junho e 31 de Dezembro: foram oito, contra 21 no período homólogo de 2017. De recordar que as turistas também viram as taxas cobradas pelos partos no hospital público aumentar nove vezes, passando a ter de desembolsar 17.550 patacas por um parto normal e 35.100 por uma cesariana. Dados oficiais divulgados anteriormente indicam que, em média, recorrem ao hospital público 220 trabalhadoras não residentes por ano, ou seja, menos de oito por cento do total de parturientes. Já as turistas que deram à luz no CHCSJ representavam aproximadamente um quinto.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim contra-ataca [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China acusou ontem dois canadianos de actuarem em conjunto para se apropriarem de segredos de Estado, dias depois de o Canadá ter anunciado que vai atender ao pedido de extradição da vice-presidente da Huawei emitido pelos EUA. As autoridades chinesas suspeitam que o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig, detido em Dezembro, esteve envolvido em actividades de espionagem e roubo de segredos de Estado, referiram ontem os meios de comunicação estatais chineses, em plena tensão político-diplomática entre Pequim e Otava após a detenção no Canadá de Meng Wanzhou, dirigente do gigante de telecomunicações chinês Huawei. Um outro canadiano detido na China, o consultor Michael Spavor, é considerado uma das principais fontes de informação de Michael Kovrig, referiu a agência oficial Xinhua, citando as autoridades chinesas. Os dois homens foram presos em Dezembro, alguns dias após o Canadá ter detido, a pedido dos Estados Unidos, Meng Wanzhou. Pequim tinha indicado previamente que os dois canadianos eram suspeitos de ter colocado em perigo a segurança nacional, e arriscavam pesadas penas de prisão caso fossem indiciados por espionagem. Segundo a agência chinesa, Kovrig, que agora trabalha para o instituto de pesquisas International Crisis Group, deslocou-se com frequência à China com um passaporte não diplomático e vistos de negócios, e recolhia informações desde 2017. Troca de “mimos” Otava afirma que os dois canadianos foram detidos “arbitrariamente” e que o interrogatório de Kovrig pelas autoridades chinesas viola a convenção de Viena sobre relações diplomáticas, um argumento rejeitado por Pequim. As novas acusações chinesas surgiram alguns dias após o Canadá ter iniciado um processo de extradição contra Meng Wanzhou, que na quarta-feira deve comparecer em Vancouver perante um juiz. Filha do fundador da Huawei, Meng foi colocada em liberdade condicional em meados de Dezembro em Vancouver, onde possui duas residências. A sua detenção desencadeou uma crise diplomática sem precedentes entre Otava e Pequim. O Ministério da Justiça norte-americano acusa a Huawei e a sua directora financeira de ter contornado as sanções norte-americanas contra o Irão, e ainda, através de duas filiais, ter roubado segredos industriais do grupo de telecomunicações norte-americano T-Mobile. A Huawei, número dois mundial de telemóveis, desmentiu por diversas vezes as acusações. No sábado, a China anunciou ter protestado oficialmente junto das autoridades canadianas.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesSistema Jurídico Integrado I [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]o dia 18 do mês passado, o Conselho de Estado da China lançou as “Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento de Guangdong-Hong Kong e Macau”. Guangdong, Hong Kong e Macau, incluem Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, as Cidades de Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen, Zhaoqing, a Região Administrativa Especial de Hong Kong e a Região Administrativa Especial de Macau. As Linhas Gerais são compostas por onze capítulos. As quatro maiores cidades, Guangzhou, Shenzhen, Hong Kong e Macau são encaradas como os centros de desenvolvimento, e a cada uma é dado um papel diferente. Hong Kong é o centro internacional a nível financeiro, de exportação, comércio e tráfico aéreo. Precisa de desenvolver as transacções que, a nível internacional, fazem movimentar o renminbi. Deve também aperfeiçoar o funcionamento do Centro Internacional de Gestão de Valores e do Centro de Gestão de Risco, e ainda construir um Centro Internacional de Mediação para a Resolução de Disputas Jurídicas na região Ásia-Pacífico. Desta forma Hong Kong tornar-se-á uma metrópole competitiva a nível internacional. Macau é um centro internacional de turismo e lazer e uma plataforma para a cooperação comercial entre a China e os países e língua portuguesa. Macau será uma base para o intercâmbio e a cooperação, guiado pelos valores da cultura chinesa, mas num ambiente multi-cultural. Guangzhou deverá ser um centro internacional de negócios, desenvolver as competências como centro integrado de transportes, apostar no desenvolvimento nas áreas da ciência e da tecnologia e da cultura, e tornar-se uma metrópole de dimensão internacional. Shenzhen deve focar-se no projecto de se tornar uma cidade moderna e internacional, ser inovadora e conquistar influência a nível global. Quanto a Hong Kong, ressalva-se a necessidade da criação de um Centro Internacional de Mediação para a Resolução de Disputas Jurídicas na região Ásia-Pacífico. Como o nome sugere, Hong Kong deve ter o papel de mediador e árbitro, em casos de litigação ou disputas jurídicas. Guangdong, Hong Kong e Macau têm três sistemas jurídicos diferentes. A China continental, Hong Kong e Macau praticam respectivamente, o sistema jurídico socialista , o sistema da Lei Comum e o da Lei Cívil. O papel de mediador e de árbitro de conflitos reduz despesas, faz poupar tempo e evita burocracias, quando os conflitos são inter-regionais, Mediação, arbitragem e litigação são diferentes aos olhos da lei. Na mediação, ambas as partes decidem escolher um“mediador” para ajudar a resolver o conflito. Se a mediação for bem sucedida, os dois lados terão de assinar um acordo. Dependendo da lei da região, este acordo pode asssumir a forma de contrato, ou de um documento que requer a aprovação do Tribunal. Depois da assinatura do acordo, se uma das partes o violar, a outra parte pode accionar um processo em Tribunal e pode pedir uma indemnização. A grande vantagem da mediação é a sua simplicidade e a oportunidade de poupar tempo e dinheiro. A mediação e a arbitragem têm naturezas similares. Os árbitros são versados em casos “controversos” , e têm habitualmente alguma formação jurídica, embora devam ser especialistas na área em debate. Se, por exemplo, as partes em conflitos pertencerem à área da engenharia, o árbitro deve ter formação nesta área. Embora o árbitro não seja advogado, recebe formação jurídica, que se vai acrescentar à sua área de especialidade, neste caso a engenharia. A grande vantagem da arbitragem é a sua capacidade de globalização. Um acordo feito desta forma é reconhecido internacionalmente, enquanto os acordos efectuados através de um mediador apenas têm efeito a nível local. No entanto, é preciso salientar que, em certas regiões, os acordos efectuados através de arbitragem só têm efeito após terem sido reconhecidos em tribunal. A litigação é outra forma de resolver conflitos. Aqui, o caso é levado a tribunal, e competirá ao juiz a decisão final. Este processo tem a desvantagem de ser moroso e dispendioso. Além disso, a maior parte destes processos só tem efeito legal na sua própria área de jurisdição. As sugestões feitas pela Linhas Gerais para o Desenvolvimento são compreensíveis. Em Hong Kong vigora a Lei Comum, pelo que é fácil de entrar em sintonia com outras regiões que usam o mesmo sistema jurídico. O artigo 84 da Lei Básica de Hong Kong estipula que o Tribunal de Última Instância pode considerar precedentes internacionais como referência, durante um julgamento. Este artigo formula claramente que os precedentes internacionais, não são a lei de Hong Kong, mas os tribunais de Hong Kong têm o direito de os referir. Um dos cinco juizes do Tribunal de Última Instância é um juiz não permanente, contratado pela jurisdição geral da Lei Comum e não pelo Governo de Hong Kong. Neste sentido, a lei de Hong Kong é facilmente compatível com as de outras regiões. Além disso, a lei de Hong Kong está escrita em chinês e em inglês, sendo que, actualmente, o inglês é uma língua que não tem fronteiras. O Governo de Hong Kong assinou vários tratados internacionais com outras regiões. Sejam eles tratados de extradição, ou de cooperação civil para assuntos comerciais, estabelecem uma boa base de intercâmbio jurídico. Desta forma, e neste contexto, as Linhas Gerais para o Desenvolvimento focam-se na maximização de uma das presentes mais valias jurídicas de Hong Kong. Mas isto quererá dizer que a mediação e a arbitragem são processos exclusivos de Hong Kong? Não será o caso. Embora Macau não tenha a mesma estrutura jurídica de Hong Kong, é também uma região administrativa especial. O nosso sistema jurídico difere do da China continental e do de Hong Kong. Um profissional que conheça bem a lei de Macau, pode, em caso de necessidade, servir de árbitro ou mediador na resolução de conflitos jurídicos. Em certa medida, a mediação e a arbitragem de conflitos são soluções para resolver disputas inter-regionais. Desde que haja um bom apoio e boa preparação, Macau será certamente capaz de poder dar a sua contribuição nesta área. Na próxima semana continuaremos a analisar esta matéria. Obrigado.
António de Castro Caeiro Filosofia a pés juntos h | Artes, Letras e IdeiasEducação I. Paideia. Uma questão semântica [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]gostinho da Silva costumava dizer que não gostava da palavra educação. Preferia a palavra instrução. Educação vinha do verbo “educo” em latim, um verbo composto de “duco” e do pré-vérbio “ex”. Assim, ex-duco quer dizer conduzir de dentro para fora ou desviar. Agostinho da Silva preferia, por isso, o verbo instruir, também um verbo composto do latim. Prevérbio “in” e o verbo “struo”. Instruir é assim construir a partir do interior, edificar. A palavra alemã para o que referimos como educação é “Ausbildung” e que quer dizer basicamente o mesmo que “instrução”. Não nos importa bem perceber qual é a palavra correcta para dizer o que acontece, quando falamos de instrução ou de educação, quais os seus conteúdos ou disciplinas e métodos. Importante mesmo é compreender o que a filosofia entendia pelo fenómeno da educação, da instrução ou da cultura, palavra que é, sem dúvida, um anacronismo. A palavra que os gregos, em geral, usam para referir o que podemos chamar educação é paideia. Habitualmente é a palavra que usamos para traduzir em grego o que dizemos já nas línguas modernas para nos referimos a educação. Mas o que é que os gregos pensavam que era a paideia. A palavra tem na sua raiz “pais, paidos” que quer dizer criança. O sentido é mais o de uma brincadeira de crianças. A situação crítica da padeia não refere apenas a circunstância de se pensar a paideia para crianças, a sua instrução e educação, mas uma aprendizagem para a vida. A paideia formalmente queria dizer uma brincadeira para se aprender a compreender de que é que se trata na vida. No limite, para aprendermos a saber quem somos, o modo com reagimos às coisas, se primária se secundariamente. Como podemos antecipar o que quer que seja na situação já aberta e em que nós desde sempre já caímos e na qual nós desde sempre também já nos descobrimos? A padeia tal como era pensada por Platão não era um corpo de disciplinas que formava um currículo, para a instrução primária, ciclo preparatório, curso complementar, ensino superior, para usar o nome das etapas que uma miúda ou miúdo da minha idade tiveram que ultrapassar. Era uma outra coisa completamente diferente e que faz parte do que podemos chamar criação e o que está na base do modo como fazemos experiência das coisas na vida, como temos ou não temos experiência da vida, como temos ou não temos mundo. A circunstância que Platão refere nas Leis, como a situa. Primeiro fazemos o treino da sombra. A “sombra” é para o boxe o treino em frente ao espelho ou isoladamente de técnicas que o iniciado tem de aprender a desenhar, a plástica do murro e por outro lado a coreografia do jogo de pernas. O avançado ou o pugilista amador ou profissional faz uso do treino sombra não apenas para aquecer mas para desenvolver rapidez e potência nas técnicas de puno e nas deslocações para “ter noção” do próprio corpo. Em segundo lugar, diz Platão, o pugilista tem de testar o poder e a rapidez dos seus golpes no embate no saco das mais diversas técnicas isoladas ou combinadas entre si. Em terceiro lugar, o pugilista ensaiará movimentos de esquiva e manobras de ataque com o seu parceiro de treino. Mudará de parceiro tantas vezes quantas as necessárias. Tudo será no ginásio onde se encontra. Depois, treinará com tantos adversários que puder. Por fim, será apresentado no ringue e fará o que puder. O processo de paideia de que Platão fala visa uma única coisa através de um processo complexo e de uma lenta agonia. O objectivo é o combate e o objectivo do combate é a vitória. Mas o mais importante é a compreensão de que nada do que se aprendeu fará sentido se não houver a capacidade de antecipação. Poderíamos falar de rotina de mecanismos. Podemos compreender que um jogador inato tem um talento que desenvolve, mas é nas situações concretas mais difíceis que ele inventa ou descobre a solução a partir do património de soluções que já estudou mas que têm de sair como se estivessem a ser inventadas na hora. Quem sabe faz a hora. Não espera acontecer. O mesmo processo de educação está posto ao serviço da administração interna para defesa de uma cidade. Os exercícios militares devem ser os mais duros possíveis. Tem de se pensar em todos os cenários e de desfecho letal e destrutivo. Diz Platão que, mesmo se um militar for ferido ou sucumbir à dificuldade, tudo deverá ser permitido dentro dos limites, sem dúvida, mas para que as mulheres e crianças de uma cidade possam sobreviver, a cidade possa ser preservada para as gerações vindouras. Estes exemplos de situações concretas e difíceis visam lidar com a vida em circunstâncias limite. Não podemos despedir Platão como adepto de desportos de combate pela sua violência ou como um militarista nacionalista. Em causa está a situação lúdica ou da brincadeira séria com diversos limites de aprendizagem que não pretendem nunca uma repetição do que está a ser aprendido, uma lembrança em memória que diz tin tin por tin tin o que é repetido. Visa-se a resolução de uma situação crítica em face da qual, na vida, não há nenhuma espécie de solução. A filosofia não é o saber de tudo o que há para saber, a fim de obter uma repetição mecânica do que se aprendeu. Visa instruir-nos para as situações em que não sabemos nada da vida, não temos respostas e, ainda assim, temos de sobreviver o melhor possível. Quando não se sabe, quando não se pode, quando não se é capaz, talvez se possa gizar um sentido à luz do qual haja uma perspectiva com futuro.
Amélia Vieira VozesCândido [dropcap style≠‘circle’]V[/dropcap]ivemos agora o instante de Voltaire um pouco de forma inconsciente mas muito próximo da natureza dos factos que lhe deram vida. Nos «Maias» já encontrámos esta personagem, afagada por longas e manifestas rupturas com a manifestação social da sua época, mas a candura era de certa forma um atavismo da opulência de classes sociais que vivendo de forma descontraída nem por isso se sentiram menos enfastiadas, e que no arrabalde a quando das convulsões dos regimes foram descobrindo prazeres novos e simples. Porém, hoje, no gritante estertor do mundo, muitos jovens das sociedades capitalistas experimentam pela primeira vez a derrocada do dogma da sua imperecibilidade e descobrem assim prazeres, também eles novos, e formas de vida para as quais jamais alguém os preparara. Mas também Garrett glosou na sua Joaninha – a dos olhos cândidos – uma pátria que mandava para os autos-de-fé aqueles que lhes apaziguariam os dias do poder das Fúrias. Ora, «Cândido» fora censurado em Portugal dez anos após a sua publicação em 1769 por não ter compreendido bem a necessidade sacrificial de tais práticas e ao ter ficado demonstrado que nem com isso se tivesse impedido um valente tremor de terra. Mas os Cândidos de hoje não serão exactamente aqueles que na orla dos caprichos fechados das suas cidadelas trepavam pelas paredes acima à procura de situações romanescas para desviar o enfado de séculos, os nossos, são bastante menos “cândidos” são cultos, informados, versáteis e cosmopolitas: têm alucinogénios, viajam, transgridem (não se sabe já bem o quê) têm mais festins, cartões, botões, ladrões ao seu dispor e a natureza tornou-os eclécticos. Só que no meio de tudo isto se levanta agora uma alvorada de mau estar generalizado pois que em matéria de riqueza, o dinheiro, esse, seja nosso, ou de outrem, ou de aqueloutro, é agora bem mais volátil e fora dos abrigos das garantias domésticas, daí, a mudança súbita de atitude face a ele. Os nossos Cândidos surgem-nos despojados, grupais, solidários, vegetarianos, ambientalistas e prestes a fazer desmoronar a já insalubre educação burguesa recebida. Nós, educámo-los para outras coisas e ainda bem equipados nos nossos dogmas e desconhecemos agora tudo desta actual jornada. Penso que não perderam o sentido de humor nem a capacidade para nos alarmarmos perante o resultado que displicentemente fomos fabricando. E isso revela o lado impiedoso e programado das suas aparentes canduras: olharmos os factos por ângulos que nunca pensáramos ver, ampliando para níveis exorbitantes a nossa visão de derrocada. Mas a Europa de então não via também com bons olhos uma tal obra fruto da desfaçatez do mundo, a mesma que se blinda hoje de “bem-pensantes” e vai escorregando na sua prática quotidiana para começar a não querer saber destas matérias intrusivas. Já lhe basta a alienação a que chegou e certamente a última coisa que não quer escutar é que uma aflição nuclear ou um efeito da tramóia do clima a desfaça em bocados. Não há signos inocentes, e muito menos olhares desassombrados acerca de realidades difíceis, também é certo que nem a sátira é matéria aguentável num mundo onde se encontram já todos os elementos de uma transfiguração brutal. É que o mal existe e ao segregá-lo pode vir a revelar-se bem pior. E também o pessimismo vai crescendo à medida que o herói se dá conta de tantas vidas para além daquelas do interior das suas muralhas. Por ora, estamos atravessando o rescaldo amplo de todas as teorias, estamos a testar que entre a ideia e a situação há matéria para desenvolver muitas outras. No tempo do nosso herói havia ainda a fantasia de entrar numa Mesquita, talvez em busca do obituário das «Mil e uma Noites»: de que morrem afinal os felizes? E ainda se demoravam na contemplação das raparigas orando, e que os Imãs apenas se encolerizavam por isso, e as consequências da aventura que daí advinha; hoje, os nossos jovens Cândidos apenas sabem que os árabes têm uma religião que os força a eles a ter segurança, sem muito alarido, perante o também estado de terror das forças que os vão protegendo . Não dão importância aos Templos em si, mas, ao que dizem transportar nos casacos o ismaelita invasor. A contemplação da beleza uns dos outros é terra queimada e estranhamente todos capitulam na sua esfera de alienação. – Aos nossos pés dorme uma jiboia que suga impassível uns e outros numa espécie de emboscada olímpica e que insiste em não se mostrar.- Depois da desdita da facilidade, provada, provável, ainda há duas gerações, improvável, dissecam agora as mentes vindouras acerca dos seus destinos tão ameaçados, e se de aventura em aventura um sopro de existência lhes mantém um contínuo movimento, cedo perecerão na vacuidade das voltas restando-lhes apenas um magro e saudável ingrediente: o trabalho. Trabalhar de forma simples, sem grandes sonhos ou perspectivas dado a incerteza das estruturas. E assim começa um ciclo novo levando as mãos e a casa Holística onde cada um já suplantado o instinto territorial, esse atavismo dos velhos sonhadores, começará a nova construção. Cultivar cada um o seu canteiro (onde já vai o Jardim!) da sugestão comum para uma vida possível e simplificar o roteiro do mundo, agora em rede, para não se enlouquecer de vez com a “verdade” de todos. Enquanto isto, espera-se que a ingenuidade não cubra de vez a velha fábula do Jardim do Éden e saibamos que poderemos ser ainda e novamente expulsos pela razão recentemente demonstrada ; que é a de não virmos mais a ser necessários. Mas, e efectivamente, «tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis» sabe-se lá o quão bem poderíamos estar se tudo se tivesse desenrolado ainda melhor, e do mal que deixámos de suportar por não ter corrido pior?! Do optimismo, resta a esperança que os nossos Cândidos nos desculpem por durante tanto tempo não termos notado tanta coisa! Eles vão desculpar. Somos umas das últimas espécies Humanas ainda herdeiros dos Filhos de Deus. Também nós neste momento não sabemos bem dos nossos próprios caminhos.
Hoje Macau China / ÁsiaLegislativo chinês arranca sob pressão económica e externa A sessão anual da Assembleia Nacional Popular reúne os mais altos dirigentes da nação perante uma plateia de 3.000 delegados. Metas de crescimento para 2019, alterações às regras do investimento estrangeiro ou a definição de orçamento para a Defesa são algumas das matérias a ser abordadas por Xi Jinping e o resto do elenco governativo até ao próximo dia 14 de Março [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] órgão máximo legislativo da China inicia hoje a sua reunião anual, num período de desaceleração económica e crescente suspeição no Ocidente face à política externa promovida pelo actual Presidente chinês, Xi Jinping. A Assembleia Nacional Popular (ANP), cuja sessão anual decorre até 14 de Março, é o “supremo órgão do poder de Estado na China” e a “expressão máxima da democracia socialista”. O presidente da assembleia, Li Zhanshu, é o “número dois” da hierarquia chinesa, a seguir ao secretário-geral do Partido Comunista e Presidente, Xi Jinping. O primeiro-ministro, Li Keqiang, é o “número três”. Contudo, os cerca de 3.000 delegados à ANP, entre os quais uma representação das Forças Armadas, não são eleitos por sufrágio directo e o “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês (PCC) é “um princípio cardeal”. No arranque da sessão anual, o primeiro-ministro, Li Keqiang, anunciará a meta de crescimento para 2019, que se deve fixar entre 6% e 6,5%. A Assembleia deve ainda rever a legislação que regula o investimento estrangeiro, para acabar com a transferência forçada de tecnologia, visando atender a uma das principais queixas de grupos empresariais norte-americanos e europeus. O orçamento para a Defesa ou a meta para a inflação são também, habitualmente, anunciados no primeiro dia. A nova era Este ano, o ambiente político chinês estará marcado por vários aniversários sensíveis, incluindo o 60º aniversário desde uma revolta contra o domínio chinês no Tibete, que resultou no exílio do líder espiritual dos tibetanos Dalai Lama, e o 30º aniversário desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen. Mas a sessão, que arranca esta terça-feira, terá menos foco mediático do que a de 2018, quando a ANP aboliu da Constituição o limite de mandatos para o cargo de Presidente, anunciando o início de uma “nova era”, sob o comando de Xi, com o objectivo de firmar a posição da China como grande potência até meados deste século. Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes da história recente do país, comparável ao fundador da República Popular, Mao Zedong. No ano passado, a ANP aprovou ainda a criação da Comissão Nacional de Supervisão, que acumula poderes comparados aos do executivo, legislativo ou judicial, e abrange toda a função pública, visando institucionalizar a campanha anticorrupção lançada por Xi e que puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês. No plano internacional, o líder chinês promoveu o gigantesco plano de infraestruturas “uma faixa, uma rota”, visando reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático. Entretanto, a ascensão de um homem forte em Pequim, com uma assumida vontade de aproximar o país do centro da governação dos assuntos globais, abdicando do “perfil discreto” na política externa chinesa, que vigorou durante décadas, despertou uma crescente animosidade dos Estados Unidos. Washington definiu já Pequim como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que inclui uma guerra comercial e tecnológica. Ritmo financeiro No aspecto económico, o crescimento abrandou para o ritmo mais lento desde 1990, enquanto o excessivo endividamento dos governos locais levou já o ministério das Finanças a ordenar, em Dezembro passado, as províncias a reduzirem os gastos em 5%. As autoridades locais deverão “habituar-se a dias mais apertados”, referiu então o ministério. “Para Xi Jinping, a situação será muito mais difícil do que no ano passado, quando ele estava no topo”, admite o especialista em política chinesa Willy Lam, citado pela agência France Presse. “Xi é alvo de críticas por membros do partido pela sua gestão económica e por não ter respondido com sabedoria ao desafio Donald Trump”, acrescenta. A sessão anual da ANP decorre em paralelo com a da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), uma espécie de senado, sem poderes legislativas, e cuja reunião arrancou no domingo.
Hoje Macau EventosLivros | Mais 44 editores em Macau em 2018 [dropcap]A[/dropcap]o longo do ano passado, 44 editores apresentaram novos pedidos de adesão ao sistema de ISBN, elevando o total para 954. Trata-se de um número 15,3 vezes superior ao número de editores registado em 2000 (62), aquando da criação da Agência do ISBN de Macau, subordinada ao Departamento de Gestão de Bibliotecas Públicas do Instituto Cultural (IC). Segundo o relatório sobre o estado da publicação livreira em Macau (2018), divulgado ontem, entre os 954 editores figuram um departamento do Governo, três escolas, dez organizações comerciais, 13 organizações não-governamentais, 16 indivíduos e um grupo especial. “Os dados demonstram um desenvolvimento estável do sector da edição livreira na RAEM, à medida que a consciência da exigência de pedido de ISBN dos editores tem aumentado”, realça o IC no mesmo comunicado. “A uniformização internacional da edição livreira tem potenciado, em grande medida, a capacidade de introduzir livros de Macau no mercado internacional”, acrescenta. Ao longo do ano passado, foi programada a publicação de 601 títulos de livros, ou seja, menos 36 do que em 2017, e foram entregues 495 publicações à Biblioteca Central, destinadas a integrar o seu acervo.