Hoje Macau SociedadeBanco da China | Esperada muita procura por títulos de dívida [dropcap]A[/dropcap] emissão dos títulos de dívida da República Popular da China através de Macau começa sexta-feira e a directora do departamento do mercado financeiro do Banco da China em Macau, Grace Ng, espera uma grande procura. Segundo a responsável, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, os investidores institucionais e cidadãos estão atentos ao produto e por isso prevê-se uma procura maior do que a procura. Neste cenário, Ng explicou que a sucursal de Macau vai fazer um sorteio para distribuir os títulos aos compradores. Em relação à atractividade do produto, a representante do Banco da China explicou que a dívida nacional chinesa é um produto de investimento quase sem risco, o que faz com que seja atraente. Sobre a taxa de retorno, Ng afirmou que a informação deverá ser divulgada hoje pelo Ministério das Finanças.
Hoje Macau SociedadeHomem pega fogo a lanterna nas Portas do Cerco [dropcap]U[/dropcap]m homem do Continente foi detido na sexta-feira passada, no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, por alegadamente ter incendiado lanternas comemorativas do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), devido à frustração de ter perdido dinheiro nos casinos. Uma das lanternas foi queimada a 30 de Setembro do ano passado, tinha a forma de um coelho e comemorava o Festival do Bolo Lunar. Segundo o Governo, o fogo causou um prejuízo de 56,8 mil patacas devido ao material da lanterna. Após o caso, em 2018, a Polícia Judiciária iniciou a investigação e identificou um homem com um isqueiro a pegar fogo várias vezes ao “coelho”. Porém, antes de ser detido, o homem, com 37 anos, passou a fronteira. No sábado voltou a Macau pelas Portas do Cerco e foi detido. Segundo a PJ, o homem é desempregado e vai ser acusado por cometer casos de incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas. O suspeito arrisca-se a uma pena até 10 anos de prisão.
Hoje Macau SociedadeCabo Verde | Jornal fala de “chantagem” de David Chow, que reduz investimento O empresário David Chow vai reduzir o investimento prometido para o complexo turístico do Ilhéu de Santa Maria, em Cabo Verde, por ainda não ter sido aprovado o seu projecto de erguer um novo banco no país. O jornal local A Nação fala de chantagem por parte do CEO da Macau Legend Development [dropcap]R[/dropcap]edução drástica do investimento de David Chow”. É desta forma que o jornal cabo-verdiano “A Nação”, citado pela Macau News Agency, fala do novo capítulo relativo aos investimentos do CEO da Macau Legend Development no projecto do Ilhéu de Santa Maria, na cidade da Praia, em Cabo Verde. O projecto, pensado para acolher um aglomerado turístico com jogo, está a sofrer mudanças e, segundo noticiado pelo jornal cabo-verdiano, o empresário de Macau está a chantagear as autoridades cabo-verdianas. “Do orçamento inicial de 250 milhões de euros (2.34 mil milhões de patacas), David Chow vai agora investir apenas 90 milhões (800 milhões de patacas) no projecto Ilhéu de Santa Maria, na cidade da Praia. Colocado perante a situação, o Governo não teve outra saída senão aceitar. As demais fases do projecto ficam sujeitas às condições de mercado e às ‘novas políticas’ adoptadas pelo Executivo cabo-verdiano. Ou seja, é clara a chantagem de David Chow”, lê-se na notícia online do jornal. Em causa estará o facto de o banco Sino-Atlântico, outro projecto pensado por David Chow para Cabo Verde, não ter sido ainda aprovado. O HM tentou obter uma reacção do empresário David Chow, mas até ao fecho desta edição não foi possível chegar à fala com o CEO da Macau Legend Development. Atrasos e mais atrasos O projecto para o Ilhéu de Santa Maria tem estado envolto em polémica desde o início. Primeiro foi criticado por um grupo de activistas que defendem que o complexo turístico vai descaracterizar o local e danificar o meio-ambiente. Depois, têm sido notícia os constantes atrasos no projecto que foi anunciado em 2015. Em Novembro do ano passado, foi noticiado que o Banco de Cabo Verde (BCV) ainda não tinha dado autorização ao estabelecimento do Banco Sino-Atlântico pelo facto de David Chow não ter entregue todas as informações pedidas. Também aqui o jornal “A Nação” escreveu que “o BCV se apresenta, neste momento, como um obstáculo intransponível para o banco Sino-Atlântico”. O BCV alegou que, à data, não constavam “todos os elementos legalmente exigidos, razão pela qual, até hoje, não permitiu a devida análise e correspondente decisão por parte do banco”. A conclusão do projecto do Ilhéu de Santa Maria está prevista para 2021 e conta com um investimento inicial que equivale a 15 por cento do Produto Interno Bruto do país.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIC atribui electronicamente contratos de 10 milhões, sem concurso público Au Kam San revela que Instituto Cultural vai atribuir contratos de segurança através de sorteio electrónico. Além disso, o deputado refere que a empresa que ganhou os últimos concursos públicos nem foi convidada [dropcap]O[/dropcap] deputado Au Kam San revelou que o Instituto Cultural (IC) está a fazer a distribuição de contratos de segurança avaliados em mais de 10 milhões de patacas através de sorteio electrónico. Com esta opção, o organismo liderado por Mok Ian Ian evitou realizar concursos públicos, como acontecia nos anos anteriores, o que contraria o regime das despesas com obras e aquisições de bens e serviços. “Recentemente recebi uma denúncia sobre os serviços de segurança prestados aos vários departamentos do Instituto Cultural. Uma vez que o valores dos contratos superam os 10 milhões de patacas, nos últimos anos foram adjudicados através de um concurso público”, conta Au. “No entanto, segundo o IC, este ano houve uma reforma interna e o contrato dos serviços de segurança não vão ser distribuídos por concurso público. Em vez disso, o IC vai utilizar um sistema de distribuição electrónica, em que convidou várias empresas para participar”, explicou. Segundo o regime das despesas com obras e aquisições de bens e serviços, as obras com valor superior a 2,5 milhões de patacas ou os bens e serviços adquiridos com valor acima de 750 mil patacas têm de ser adjudicados por concurso público. Só em casos de excepção, por conveniência para o território, o concurso pode ser dispensado. Porém, segundo o pró-democrata o modelo escolhido para a distribuição levanta muitas dúvidas porque é “uma caixa negra” sem transparência e porque companhia que nos últimos anos era a vencedora nem foi convidada a participar no “sorteio electrónico”. “Qual é a base legal para esta ‘reforma’? Como é que uma reestruturação interna de um departamento permite que este evite o que está regulado nas leis e possa atribuir concursos de mais de 10 milhões de patacas sem concurso público?”, questiona Au. Por outro lado, o deputado quer saber se este procedimento contou com o apoio do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. “Pergunto ao Instituto Cultural se a dispensa do concurso público para a atribuição de contratos com valor superior a 10 milhões foi aprovada pelo secretário”, lê-se no documento. No passado, o Governo mencionou estar a trabalhar na revisão do regime das despesas com obras e aquisições de bens e serviços, nomeadamente a nível dos valores que foram definidos nos anos 90 e são considerados desadequados, devido à inflação. Em relação à revisão do regime, Au Kam San não se mostra contra, mas alerta que mesmo com valores mais elevados poderá continuar a haver violação da lei. “O aumento do valor para os concursos públicos não garante que não haja violações. Mas as violações vão ser mais graves, porque estamos a falar de valores de contratos maiores”, indica. “Nas alterações a esta lei, será que o Governo está a considerar o aumento dos mecanismos de supervisão e de combate às ilegalidades?”, pergunta.
Juana Ng Cen PolíticaAtaque ao Legco | Au Kam San diz que acção é incompreensível e um balão de oxigénio para Carrie Lam [dropcap]A[/dropcap]u Kam San condenou a “utilização de violência” pelos manifestantes de Hong Kong, na noite de segunda-feira, quando invadiram e vandalizaram o Conselho Legislativo. Segundo o deputado de Macau, a acção é incompreensível não só porque a lei de extradição está “suspensa”, mas também porque serviu de “balão de oxigénio” à Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam. “Se o cerco e a invasão ao Conselho Legislativo tivessem acontecido depois da marcha de 9 de Junho, que envolveu um milhão de pessoas, eu teria compreendido”, realçou Au, num comunicado online. “Nessa noite, Carrie Lam limitou-se a dizer que ia manter a proposta de lei, mas que a explicação e a comunicação sobre o texto iam ser reforçadas”, acrescentou. Contudo, o pró-democrata justifica que as condições mudaram e que a “suspensão” da Lei de Extradição com o Interior da China é efectivamente a morte da proposta. “O Governo de Carrie Lam explicou bem que não vai continuar a discutir a proposta de lei. E que não vai relançar a discussão nos próximos três anos […] o que faz com que não haja diferença entre a suspensão e a retirada. Por isso, o que faz com que tenham de ocupar o Conselho Legislativo?”, questionou. Contra o totalitarismo Por outro lado, Au apontou que “a acção do cerco foi cega” e que a violência “também tem de ser condenada”. “Os efeitos deste comportamento são extremamente pobres, e algumas pessoas até poderão dizer que é mais pressão para a Carrie Lam. Mas é precisamente o contrário, a emergência de violência apenas cria um balão de oxigénio para o Governo de Carrie Lam”, defendeu. O deputado considerou também que Carrie Lam foi “a grande vencedora” e que as imagens transmitidas na televisão vão fazer com que “até as pessoas que apoiam a democracia fiquem ressentidas”. No final da mensagem, o pró-democrata voltou a mostrar apoio às manifestações pacíficas, que diz ser a única forma de “combater a tirania”. “As três manifestações consecutivas são suficientes para mostrar que as pessoas de Hong Kong estão a lutar contra o totalitarismo através de meios pacíficos e racionais, o que, de certeza, vai ficar gravado na história da humanidade”, atirou.
Juana Ng Cen PolíticaSong Pek Kei pede aperfeiçoamento do mecanismo dos concursos para incluir médicos extra-quadro [dropcap]A[/dropcap] deputada da Assembleia Legislativa, Song Pek Kei, afirmou em interpelação escrita que, para garantir a elevação da qualidade do serviço médico, é crucial a estabilização da carreira e a possibilidade de progressão dos médicos. De acordo com o artigo 4º do Regime da Carreira Médica, a qualificação estrutura-se em graduações, enquanto títulos de habilitação profissional atribuídos pelos Serviços de Saúde, em função da obtenção de níveis de competência diferenciados por concurso. Segundo o artigo 9º do mesmo regime, a carreira médica desenvolve-se por quatro categorias, as de médico geral, médico assistente, médico consultor e chefe de serviço. O acesso à categoria de chefe de serviço depende da realização de concurso de prestação de provas, ao qual podem candidatar-se os médicos consultores com cinco anos de exercício efectivo nessa categoria. No entanto, segundo a interpelação da deputada, os concursos de prestação de provas não são suficientes para que os médicos que atingiram os anos de exercício obtenham a promoção correspondente. Alguns médicos dos serviços e organismos públicos da RAEM relataram tratamentos injustos nos concursos. A lei é clara De acordo com a lei, o procedimento concursal não restringe a participação de médicos pertencentes ao quadro ou extra-quadro. No entanto, os departamentos relevantes aceitam apenas os médicos consultores qualificados do quadro, na preparação para a promoção a chefe de serviço, não aceitando os médicos fora do quadro, mas qualificados para realizar o concurso. Esta é uma perda de oportunidade para os consultores externos progredirem na carreira, contrária ao princípio de justiça. A deputada notou ainda que, independentemente de pertencerem ou não ao quadro, todos estes profissionais são médicos e prestam de forma idêntica um serviço público essencial. Porque não pode, então, o sistema de promoção ser igual? Porque assim o desenvolvimento da carreira de alguns médicos está a ser, obviamente, bloqueado, refere Song Pek Kei, que sugere ao Governo melhorias nos mecanismos de promoção, garantindo a protecção dos seus direitos. Como tal, a deputada entende que os concursos deverão integrar os médicos qualificados extra-quadro para serem justos.
João Santos Filipe PolíticaIAM | Número de abates de cães e gatos preocupa José Pereira Coutinho A falta de espaço nas instalações do IAM poderá estar na origem de vários abates de animais domésticos. Coutinho mostra-se preocupado com a situação e diz que há associações que podem receber os animais, para evitar a “matança” [dropcap]E[/dropcap]m de Maio foram abatidos 23 gatos e 17 cães em Macau, números que preocupam o deputado José Pereira Coutinho, que enviou uma interpelação ao Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) a pedir esclarecimentos. Em causa está a eventual “saturação” das instalações onde são guardados os animais apanhados na rua e que, por falta de espaço, acabam por ser abatidos. O documento foi enviado na segunda-feira. De acordo com a interpelação escrita de José Pereira Coutinho, “a falta de espaços nunca deve ser fundamento para a matança maciça de gatos e cães”, cujas vidas merecem para o legislador todo o respeito. O assunto já tinha sido abordado por Coutinho a 15 de Abril, mas diz o deputado entende que desde então não houve melhorias. “Se olharmos para as estatísticas da DICV [Divisão de Inspecção e Controlo Veterinário] do IAM quase não se nota melhoria no número de abates que continuam a implementar sem dó nem piedade”, afirma. Ainda segundo o deputado, denota-se “mesmo em alguns meses uma desproporção ainda pior entre o número de animais capturados e o número de animais que continuam a abater indiscriminadamente”. Assim, o membro da Associação de trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) quer saber quais são as medidas urgentes que vão ser adoptadas: “Com a finalidade de acabar com a matança indiscriminada de cães e gatos por falta de espaço no asilo, que medidas urgentes estão a ser adoptadas para ampliar os espaços do asilo para animais domésticos?”, é perguntado. Coutinho realça que há associações disponíveis para ficar com os animais, de forma a evitar abates. Por isso, questiona o porquê de não serem entregues. “Quais são as razões para que não sejam entregues às associações protectoras de animais todos os cães vadios e saudáveis a fim de evitar a matança indiscriminada de animais domésticos?”, pergunta. Finalmente, Coutinho quer saber o tipo de medidas de supervisão que foram implementadas para acabar com a matança: “Que tipo de supervisão e monitorização foi implementado pelo Conselho de Administração do IAM sob a Divisão de Inspecção do Controlo Veterinário a fim de evitar a matança?”, questiona.
Sofia Margarida Mota ReportagemTradução Automática | Sistema desenvolvido pelo IPM utilizado em dez serviços públicos Transformar Macau num centro de referência na área da tradução de português e chinês é o objectivo do projecto de tradução automática desenvolvido no IPM. O sistema já é usado em dez organismos do Governo para facilitar o trabalho dos tradutores, mas os horizontes alargam-se à Grande Baía e às relações culturais e comerciais entre a China e os países lusófonos [dropcap]S[/dropcap]ão já dez os serviços públicos que utilizam o sistema de tradução automática, entre o par de línguas chinês e português, desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM). Entre eles estão a Assembleia Legislativa, o Fórum Macau e os Serviços de Educação e Juventude que já contam com a ajuda de um mecanismo de tradução de inteligência artificial (IA) que garante fiabilidade de cerca de 90 por cento das traduções, apontou ao HM a directora da Escola de Administração Pública do IPM, Rita Tse, durante uma visita às instalações do laboratório. Na base do sucesso está um sistema para o qual colaboram três instituições: o IPM, a Universidade de Línguas de Guangdong e uma empresa de tecnologia de ponta de Pequim. Juntos desenvolvem e alimentam continuamente o software, Computer-Aided Translation – CAT – “a mais avançada tecnologia do mundo nesta área”, cuja particularidade, e grande vantagem, reside no facto de em vez de traduzir palavras, a tecnologia permite a tradução de frases, apontou o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Gaspar Zhang. “Comparando com as tecnologias anteriores este tipo de tecnologia é mais natural, lógica e humana”, acrescentou. Tendo em conta a sua experiência enquanto tradutor, Zhang sublinha a importância deste avanço tecnológico comparado com os dispositivos que têm sido disponibilizados. “Antigamente não utilizávamos a IA, usávamos mecanismos em que eram introduzidas palavras e as regras gramaticais. As palavras ficavam isoladas e as regras secas e não se conseguia estabelecer uma relação entre uma coisa e outra, pelo que não funcionou. Agora, com a AI ao nosso serviço, é possível outra abordagem”, acrescentou. Como uma criança O cerne do sistema está instalado no laboratório de tradução automática do IPM, criado em 2016. É ali que são introduzidos mega dados que permitem a assimilação e processamento de informação pela máquina. Com este processo, a informação é acrescentada aos dados anteriores o que resulta na aprendizagem artificial. “Nós alimentamos a máquina com os dados e a própria máquina pode aprender, digerir e juntar a informação. Ao aprender, a máquina está a melhorar a qualidade do seu próprio sistema”, salientou o coordenador. O maior desafio para garantir a fiabilidade da tradução, é a introdução de dados, porque só com informação de alta qualidade se conseguem traduções “sofisticadas”. “É como treinar a fala de uma criança”, refere Rita Tse. Línguas mães A aposta na tradução do par de línguas chinês e português foi feita por vários motivos entre eles a história do próprio instituto. “O IPM tem uma história longa na área do ensino da tradução de português e chinês” disse o professor da Escola de Línguas e Tradução, Yang Nan. A este factor junta-se a necessidade constante de traduzir documentos no território que tem ambas as línguas como idiomas oficiais. Para o efeito, a grande maioria dos dados tratados são conteúdos de documentos oficiais. “O nosso contributo será sempre apoiar Macau para facilitar o trabalho de tradução no Governo. Há todos os dias documentos para traduzir e queremos ajudar os serviços públicos nessa tarefa”, apontou Gaspar Zhang. De modo a que melhor se entenda como o processo que envolve tecnologia neural se aplica aos serviços públicos, Rita Tsé explica que, basicamente, o sistema pega em qualquer documento, em qualquer formato, texto ou imagem, e traduz para um texto dividido em frases. Estas parcelas passam depois pelo crivo da revisão a cargo dos tradutores. É aqui que se corrigem erros, que não se vão repetir no futuro dado a capacidade de aprendizagem da máquina, e alterados conteúdos conforme as necessidades. No final, a base de dados com que o sistema passa a trabalhar já é maior e mais fiável. Tradutores indispensáveis É este trabalho humano que faz com que os tradutores continuem a ser indispensáveis. Para Gaspar Zhang, o sistema de tradução automática não representa uma ameaça aos profissionais locais, mas sim um “auxílio precioso”. “Estamos no séc. XXI, numa sociedade de mega-dados e IA em que qualquer tradutor profissional tem de saber utilizar as tecnologias como apoio e dominar várias ferramentas”, apontou. Para Rita Tse que trabalha directamente com os tradutores dos serviços públicos, onde o sistema de tradução automática já é utilizado, “este mecanismo não compete com os humanos, mas serve de auxílio porque já não vão precisar de perder horas a traduzir um documento e podem apostar na constância da tradução e na partilha de informação”. Por outro lado, acrescentou, os tradutores vão ser sempre necessários, para “melhorar as traduções das máquinas e acrescentar sempre um nível superior na qualidade da tradução”. A importância de um mecanismo exemplar na tradução destas duas línguas é tanto mais pertinente quando Macau pretende desempenhar o papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Este factor permite ao território ter acesso à recolha de dados bilingues essenciais para serem introduzidos no sistema, apontou Yang Nan. Com o projecto de cooperação inter-regional da Grande Baía, a importância de um auxílio como este é ainda maior. “O mais importante aspecto no contexto da Grande Baía, e um dos maiores obstáculos a superar, é o da linguagem presente nos documentos e mesmo contratos comerciais”, ponta Rita Tse. Com a tradução automática, criam-se condições para que ambas as partes – chinesa e países lusófonos – tenham condições para se entenderem melhor. Gaspar Zhang sublinha que há muitos países de língua portuguesa que pretendem ter negócios na China utilizando Macau e desta forma podem ser auxiliados. “Sabemos também que Cantão é a província chinesa com mais colaboração com países lusófonos e podemos prever a utilidade deste sistema nas relações comerciais e de intercâmbio resolvendo o problema da língua”, apontou Gaspar Zhang. Futuro promissor Além destas utilidades a médio prazo, a metodologia que usa a inteligência artificial pode servir várias áreas e ser um importante contributo no âmbito cultural. “Este tipo de sistema é aberto a todas as possibilidades: dentro do mundo do cinema pode ajudar na legendagem; em palestras e conferências, dado o reconhecimento de voz, pode ajudar na tradução imediata; podemos aprender mais sobre a cultura portuguesa sem saber a língua”, exemplifica a directora da Escola de Administração Pública. Para a concretização do projecto contribuíram mais de 200 pessoas entre investigadores, docentes e alunos, estes últimos a quem é dada a possibilidade de estagiarem, tanto na área da engenharia informática como da tradução. Nos últimos dois anos o laboratório reuniu cerca de 10 milhões de pares de frases bilingues. UM a caminho A Universidade de Macau (UM) anunciou também o lançamento de uma plataforma de tradução online chinês-português-inglês, em Dezembro do ano passado, para tradutores profissionais em vocabulários mais técnicos. “A plataforma permite que tradutores profissionais estabeleçam conjuntos de vocabulário especializados relacionados com um determinado sector”, explicou, na altura a UM em comunicado. O sistema utilizado é o UM – CAT, uma plataforma “adequada para escritórios governamentais e empresas que lidem com uma grande quantidade de tarefas de tradução multilíngue no seu trabalho diário”, apontava a universidade. O UM – CAT foi desenvolvido pelo Laboratório de Linguagem Natural da UM e pelo Laboratório de Tradução Automática Português-Chinês. Na crista da onda O sistema de tradução automática do IPM é mais fiável do que os conhecidos Google e Baidu quando se trata do par de línguas português e chinês. A conclusão é de uma avaliação interna e sistemática do mecanismo que utiliza a tecnologia neuronal CAT, realizada pelo IPM. “Podemos ver que na área da tradução chinês/português a nossa plataforma tem um valor de desempenho comparativamente mais alto do que as outras duas”, apontou o professor da Escola de Línguas e Tradução, Yang Nan. Aliás, é neste par de línguas que o sistema tem as condições necessárias para competir, apontou a directora da Escola da Administração Pública Rita Tse, porque Macau “tem peritos e experiência, além de séculos de cultura portuguesa”, acrescentou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina condena declarações de Trump sobre protestos em Hong Kong [dropcap]A[/dropcap] China condenou hoje a “interferência flagrante” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após as suas declarações sobre os protestos em Hong Kong que prosseguiram na segunda-feira com uma invasão da Assembleia do território. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang instou Washington a “falar e agir com cautela” e “parar de intervir nos assuntos internos de Hong Kong”. Trump disse na segunda-feira que as centenas de manifestantes que invadiram e vandalizaram a Assembleia, durante três horas, estavam na “busca pela democracia”. “Acho que a maioria das pessoas quer a democracia. Infelizmente, alguns governos não querem a democracia”, disse Trump aos repórteres da Casa Branca, depois de ter lamentado a situação “muito triste” em Hong Kong. Em conferência de imprensa, o porta-voz chinês reagiu: “Lamentamos e opomo-nos fortemente à flagrante interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos da China”. Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar no edifício. No hemiciclo da assembleia, onde os deputados se reúnem nas sessões plenárias, vandalizaram o escudo da região com ‘grafitis’ e penduraram uma bandeira colonial, referente ao período em que Hong Kong esteve sob soberania do Reino Unido. Os protestos violentos representam um desafio para o Presidente chinês, Xi Jinping, que até à data deixou a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, lidar com a crise política sozinha. Na madrugada de segunda para terça-feira, a polícia conseguiu dispersar os manifestantes. Carrie Lam condenou na segunda-feira a invasão “extremamente violenta” e “chocante” da Assembleia e disse esperar que a ordem social seja restaurada o “mais rapidamente possível”. Hong Kong é desde há quase um mês palco de protestos, contra uma proposta de lei que permitiria extraditar criminosos para a China. Carrie Lam decidiu suspender as discussões sobre a proposta, mas recusou retirar definitivamente, prolongando as manifestações. A ocupação da assembleia ocorreu no 22º aniversário do retorno de Hong Kong à China.
Hoje Macau DesportoRafa Benítez vai treinar os chineses do Dalian Yifang [dropcap]O[/dropcap] treinador Rafa Benítez vai assumir o comando do Dalian Yifang, clube que ocupa o 10.º lugar na Liga chinesa de futebol, informou o técnico espanhol na sua conta na rede social Twitter. “Depois de um longo caminho, começamos um novo desafio. Estou feliz em começar este novo projecto no Dalian Yifang”, escreveu o antigo treinador do Newcastle, clube que já tinha anunciado na última semana a sua saída, depois de não chegar a acordo. Segundo a imprensa, Benítez irá ‘dobrar’ na China o salário que auferia no Newcastle e que era na ordem dos seis milhões de libras (6,7 milhões de euros) por época. Na equipa chinesa, encontrará os futebolistas Yannick Ferreira-Carrasco, antigo jogador do Atlético de Madrid, e Marek Hamsik, que chegou a treinar no Nápoles. O anúncio de Benítez acontece um dia depois de o Dalian Yifang ter comunicado a saída do treinador sul-coreano Choi Kang-Hee, num momento em que a equipa é 10.ª classificada na Liga, liderada pelo Beijing Guoan e na qual o Shanghai SIPG, campeão e treinado pelo português Vítor Pereira, é terceiro. Na sua carreira, Benítez conta com passagens por clubes como o Real Madrid, Nápoles, Chelsea, Inter de Milão, Liverpool ou Valência. O treinador, de 59 anos, tem um vasto palmarés, em que constam uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA e uma Liga Europa, uma supertaça europeia e um Mundial de clubes, bem como dois títulos espanhóis, e taças em Inglaterra e em Itália.
Hoje Macau China / ÁsiaChina condena invasão em Hong Kong e imprensa quebra silêncio sobre protestos [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês condenou hoje veementemente a invasão da Assembleia de Hong Kong, na segunda-feira, e reafirmou o seu apoio às autoridades da antiga colónia britânica na investigação criminal contra os “perpetradores da violência”. “Estes actos graves e ilegais anulam o Estado de Direito e minam a ordem social e os principais interesses de Hong Kong”, afirmou, em comunicado, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. A nota foi reproduzida pela imprensa estatal chinesa, que quebrou assim com o silêncio sobre os protestos em Hong Kong, que duram há quase um mês. A imprensa chinesa publicou ainda imagens da polícia em Hong Kong a dispersar os manifestantes. A decisão do regime de noticiar as manifestações, e a publicação de um editorial a atacar os manifestantes, publicado hoje num jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), pode indicar que Pequim se prepara para adoptar uma postura mais dura, após semanas de tolerância. “Estes agressores, violentos, na sua arrogância, desprezam a lei de Hong Kong, causando raiva e tristeza entre toda a população em Hong Kong”, lê-se no editorial, publicado pelo Global Times. As imagens difundidas pela imprensa chinesa mostram a polícia a entrar nas ruas ao redor do Conselho Legislativo. Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar no edifício. Uma vez lá dentro, pintaram ‘slogans’ nas paredes, reviraram arquivos nos escritórios e espalharam documentos no chão. Pequim suprimiu as notícias sobre os protestos ocorridos nas semanas anteriores, contra uma proposta de lei que permitiria extraditar criminosos para a China. A chefe do Executivo do território, Carrie Lam, decidiu suspender as discussões sobre a proposta, mas recusou retirar definitivamente, prolongando as manifestações. A ocupação da assembleia ocorreu no 22º aniversário do retorno de Hong Kong à China. No hemiciclo da assembleia, onde os deputados se reúnem nas sessões plenárias, os manifestantes vandalizaram o escudo da região com ‘grafitis’ e penduraram uma bandeira colonial, referente ao período em que Hong Kong esteve sob soberania do Reino Unido. “O Governo central apoia firmemente a investigação das autoridades de Hong Kong para estabelecer uma responsabilidade criminal sobre os autores da violência”, lê-se no comunicado, difundido pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau. A mesma nota apela a que se restaure a ordem social o “mais rapidamente possível”. Os protestos violentos representam um desafio para o Presidente chinês, Xi Jinping, que até à data deixou a chefe do Executivo de Hong Kong lidar com a crise política sozinha. Carrie Lam condenou na segunda-feira a invasão “extremamente violenta” e “chocante” da Assembleia.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasFazer rir um poeta [dropcap]E[/dropcap]m Setembro de 2011 conheci em Porto Alegre o poeta Pedro Gonzaga e o grande escritor Aldyr Garcia Schlee – falecido em Novembro passado, com 83 anos – através do editor e amigo Alfredo Aquino. Depois de um jantar, convidaram-me para estar presente num evento em Jaguarão, terra natal de Aldyr, que faz fronteira com o Uruguai. Tratava-se de um encontro de poetas de fronteira. Para além dos brasileiros do Rio Grande do Sul, iriam poetas do Uruguai e da Argentina, para falarem do que os unia e do que os separava. Os dias passaram, regressei à chácara onde vivia, a 50 km a sudeste de Porto Alegre. Um dia antes do evento, Alfredo passou a buscar-me, juntamente com o Pedro, e partimos na direcção de Jaguarão. A distância não chega a 400 km. Grande parte da paisagem é esmagadora pelo horizonte quase infinito, a lembrar os planos de Dovzhenko no seu filme Terra: à nossa frente, uma fina sapatilha de terra e um céu esmagador. A diferença da paisagem gaúcha para os planos do realizador soviético está na cor: ao invés do preto e branco é o azul e branco. Um azul celeste e branco que nos lembra de imediato as cores do equipamento – uniforme, dizem os brasileiros – da selecção uruguaia. Andamos quilómetros em recta, sempre em direcção ao céu. Percebemos com o corpo, que isolamento está em todo o lado. O mundo está cheio de isolamento. Chegados a Jaguarão, e depois de deixarmos as coisas no hotel, atravessámos a pequena ponte da cidade para jantar em Rio Branco, no Uruguai, onde Aldyr nos esperava sentado à mesa. Contente por nos ver ali, tão longe da cidade grande. No dia seguinte, Aldyr abriu o evento. Depois dos agradecimentos, do contentamento de ver na sua terra um evento que considerava muito importante e que se sentia também muito honrado por ser o seu patrono, começou a sua intervenção lendo o fragmento 21 de Novalis: “A filosofia é na verdade uma saudade da pátria, um impulso para se estar em toda a parte em casa.” Depois continuou: “A poesia é também uma saudade da pátria, mas não um impulso para se estar em toda a parte em casa. Não direi que a poesia inverte esta posição, mas ela é muito mais a iluminação do sentimento de se estar perdido onde quer que se esteja do que um impulso para se estar em toda a parte em casa. Para o poeta – aquele que habita temporariamente a poesia como o humano habita a Terra – todo o lugar é inóspito e nenhum esforço vai alterar isso, porque fora da linguagem estamos sempre fora de casa. O próprio poema é a expressão desse fora de casa permanente, dessa guerra que o poeta sente entre o mundo e a linguagem. A linguagem não conforta necessariamente, mas é o elemento do poeta, onde ele se sente o mais em casa que consegue, mesmo que nessa casa haja uma família inteira que não o compreenda. A própria linguagem não compreende o poema. A saudade da pátria, no poeta, é a falta que sente do que não há, que provavelmente nunca houve: um caminho de palavras até que tudo faça sentido. E esta saudade talvez seja a mesma de que fala Novalis. A diferença, parece-me, está em que o filósofo esforça-se por fazer sentido, por arranjar esse caminho perdido de palavras, enquanto o poeta sente – sem que o saiba dizer – que não há caminho. Contrariamente aos versos do poeta Antonio Machado: caminhante, não há caminho, desfaz-se caminho ao andar. O poeta escreve, não para saber ou para saber que não sabe, mas porque sente que o que sabe, muito ou pouco que seja, não o leva a lugar nenhum. O poema é um caminho desfeito em palavras. Um poema é umas férias que se acabam, uma vida que deixa de ser, um lembrar-se de não ter sido. No poema não há esforços ou impulsos, há feridas. O próprio poema poderia ser a voz surda do que não tem cura. E o romance, pelo menos eu quero acreditar que sim, é irmão do poema. O romance é um poema que ainda tem a ingenuidade de tentar explicar. Não quer fazer sentido! Isso não. É irmão do poema, sabe bem que a palavra desfaz-se em palavras e não conduz a nada, mas demora-se mais neste desfazer, como quem retarda um prazer.” Aldyr deve ter dito mais alguma coisa de que não me lembro. Depois do evento, passeando pelas ruas antigas de Jaguarão, confessou-nos – ao Aquino, ao Pedro e a mim – que as palavras não foram o início do mundo. O início do mundo deve ter sido um tremer de frio de que tudo vai acabar. E todos sabemos disso, menos o Novo Testamento. O que disse no evento não tem importância nenhuma, é uma tarefa como sair de manhã para ir trabalhar. O que tem mesmo importância é o tempo que passei comigo a ler e a pensar, até dizer ou escrever o que ali disse. E também o tempo que passo com a minha mulher, com os meus filhos, com alguns amigos e com os meus cães. O que é tem mesmo importância? A poesia? Isso seria de fazer rir um poeta.
Hoje Macau EventosMorreu o historiador António Manuel Hespanha [dropcap]O[/dropcap] historiador António Manuel Hespanha morreu ontem, aos 74 anos, em Lisboa, confirmou à agência Lusa a editora Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, chancela que editou este ano a sua obra “Filhos da Terra”. A notícia da morte de António Manuel Hespanha foi avançada pelo jornal Público. De acordo com o jornal, o historiador morreu ontem à tarde, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, na sequência de um cancro no cólon. O historiador António Manuel Hespanha nasceu em 1945, em Coimbra, cidade onde se licenciou em Direito, em 1967, obtendo posteriormente o doutoramento em História e Política Institucional Europeia, tendo defendido a tese “As Vésperas do Leviathan”, sobre o sistema de poderes das monarquias tradicionais europeias. Docente e investigador, é definido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade da Universidade Nova de Lisboa (CEDIS), como “o historiador português mais citado internacionalmente” e “um dos nomes mais importantes no estudo da história institucional e política dos países ibéricos”. António Manuel Hespanha foi comissário-geral para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1997-2000), membro do Instituto Histórico-Geográfico do Rio de Janeiro (2003) e de conselhos científicos e conselhos editoriais de diferentes instituições e publicações universitárias, como o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a Universidade Autónoma Luís de Camões e a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, entre outras instituições. Recebeu o Prémio Universidade de Coimbra (2005) e as insígnias de Grande Oficial da Ordem de Santiago (2000), os graus de Doutor Honoris Causa das universidades de Lucerna, na Suíça, e Federal do Paraná, no Brasil, e de “Lecturer March Bloch”, da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Foi membro externo do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, sócio correspondente da Academia Nacional de História da Argentina e do Instituto Argentino de Investigação de História de Direito. Foi também director-geral do Ensino Superior (1974), no início da carreira, e inspector-geral do Ministério da Educação (1976-1986). Autor de mais de duas dezenas de livros e de mais de centena e meia de artigos científicos, sobretudo nas áreas da História, História do Direito e Teoria do Direito, História Política e Colonial, entre as suas obras destacam-se “A Cultura Jurídica Europeia”, “Teoria da Argumentação e Neo-Constitucionalismo”, “Guiando a Mão Invisível – Direitos, Estado e Lei no Liberalismo Monárquico Português” e “Cartas para Duas Infantas Meninas – Portugal na Correspondência de D. Filipe I para as Suas Filhas (1581-1583)”. A livraria Almedina reeditou, no mês de Junho, o livro “Pluralismo Jurídico e Direito Democrático”. No início dos anos 2000, publicou, pela Imprensa de Ciências Sociais, “Feelings of Justice in the Chinese Community of Macao”, com base num inquérito junto da comunidade chinesa, em 1999, quando da transferência de poder do território. A obra inspiraria, pouco depois, o “Inquérito aos Sentimentos de Justiça num Ambiente Urbano”, que seria publicado em 2005, tendo em conta “os sentimentos sobre o justo e o injusto num ambiente urbano português”. Em “Filhos da Terra. Identidades Mestiças nos Confins da Expansão Portuguesa”, que publicou no passado mês de Fevereiro, António Manuel Hespanha procurou “reunir e tratar conjuntamente elementos para a análise daquilo a que se vem chamando, desde há uns anos, o ‘império sombra’ dos portugueses, ou seja aquele conjunto de comunidades que, fora das fronteiras formais do império, sobretudo na África e na Ásia, se consideravam como ‘portugueses’ – qualquer que fosse o sentido disso”. “A história da expansão está sobrecarregada de personagens únicas e exemplares: ‘descobridores’, heróis, santos. O espaço deixado para os que não são isso é muito pouco. E, no entanto, estes outros são a esmagadora maioria dos que viajam, se estabelecem e vivem no ultramar a vida de todos os dias”, disse então o historiador à agência Lusa. Para António Manuel Hespanha, também “os descobertos têm pouco lugar na história que se faz e se divulga”, tal como as “suas perspectivas sobre a chegada dos europeus e as consequências na vida dos locais”. “Falamos muitas vezes no impacto que as viagens dos portugueses tiveram na história do mundo, mas raramente damos a palavra ao ‘mundo’ para falar delas. Mesmo as vozes de outros europeus sobre a expansão portuguesa estão muito pouco presentes no que contamos acerca delas”, adiantou.
Hoje Macau China / ÁsiaRede 5G | Santos Silva rejeita pressão dos EUA mas admite que as suas informações sao importantes [dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros rejeitou ontem que o Governo tenha recebido pressão dos Estados Unidos sobre as infraestruturas para redes 5G, admitindo, no entanto, que a análise dos riscos terá em conta as informações do aliado militar. “O memorando que foi assinado a propósito da rede 5G foi assinado entre uma empresa portuguesa de capital francês, a Altice, e uma empresa chinesa, portanto, não vincula o Estado português a nenhum título”, assegurou Augusto Santos Silva à margem de um almoço-conferência da Associação de Amizade Portugal-EUA, que decorreu ontem em Lisboa. “Aquilo que vincula o Estado e que nós estamos a cumprir é o processo de decisão que foi acertado a nível europeu, nos termos do qual até ao dia 15 de Julho as autoridades de segurança nacional e de comunicações de cada Estado-membro fazem a análise de risco e vulnerabilidades associada à rede de 5G – qualquer que seja o operador e qualquer que seja o fornecedor”, afirmou Santos Silva. O ministro adiantou que, a partir de Outubro, Portugal irá trabalhar ao nível europeu para chegar a uma orientação comum. Nessa altura, admitiu, Portugal terá em conta “todas as informações, todos os riscos, todas as vulnerabilidades”. “Evidentemente, damos especial atenção à informação que nos é prestada por um aliado militar muito consistente e muito próximo”, concluiu. Na semana passada, o coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), Lino Santos, disse à lusa que a implementação da rede 5G vai aumentar a “superfície de conflito” e a “vulnerabilidade” do ciberespaço, e que Portugal está a preparar-se para isso. Lino Santos explicou que à medida que se introduzem e digitalizam novos processos e tecnologias, a vulnerabilidade do ciberespaço aumenta, reconhecendo que todos os dias surgem novas ameaças. A gigante chinesa das telecomunicações Huawei disse na quarta-feira que o veto dos Estados Unidos aos seus produtos não vai parar a expansão das suas redes 5G, afirmando que continuará a liderar o desenvolvimento desta tecnologia. “Posso dizer claramente a todos que sobre a questão do 5G não vamos ser afectados de todo, nem nos contratos que assinámos, nem naqueles que vamos assinar”, afirmou o vice-presidente da Huawei Technologies, Ken Hu, numa conferência de imprensa, no âmbito do Mobile World Congress, em Xangai. Ken Hu ressaltou que a multinacional conseguiu assinar 50 contratos comerciais, até à data, para o desenvolvimento do 5G – 28 na Europa, 11 no Médio Oriente, seis na região Ásia-Pacífico, quatro nas Américas e um em África. Segundo a empresa, Washington tem pressionado vários países a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes 5G, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaMáscaras e chapéus de chuva abandonados nas ruas é o que resta do protesto em Hong Kong João Carreira, enviado da agência Lusa [dropcap]C[/dropcap]apacetes, máscaras e chapéus de chuva semeados pelos passeios e pelas ruas desertas junto ao parlamento de Hong Kong, hoje ocupado por manifestantes pró-democracia, é o que resta de um protesto sem precedentes que terminou numa carga policial. A segunda-feira começou com um cerco ao complexo do Conselho Legislativo e voltou a ser marcado, por um lado, pela manifestação pacífica que juntou mais de meio milhão de pessoas e, por outro, pela invasão do parlamento de Hong Kong por alguns dos jovens que protestam contra a lei proposta pelo Governo e que permite a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições em acordo prévio, como é o caso da China continental. Bem no centro onde ocorreram os confrontos de hoje, à semelhança dos do passado dia 12 de Junho, nos quais a polícia usou também balas de borracha, entre as flores depositadas no chão em homenagem a um dos manifestantes que morreu em Junho, e os ‘post-its’ colados nas paredes com mensagens contra o Governo, Kevin Ho, um jovem de Hong Kong, continua de vigília, de madrugada. “Quero ficar a guardar estas mensagens da população de Hong Kong, porque a qualquer momento podem vir algumas pessoas arrancarem os ‘post-its’, como aconteceu no sábado”, durante uma manifestação de apoio à polícia, justificou à agência Lusa o jovem. “Não sei se os confrontos vão ajudar os protestos junto da opinião pública, mas as pessoas têm de perceber a frustração de quem está a lutar pela liberdade e democracia em Hong Kong, sobretudo quando parece por vezes que ninguém os está a ouvir”, sublinhou, enquanto oferece café, marcadores e ‘post-its’ às poucas pessoas que passam pelo local. Ainda assim, ressalvou: “Já conseguimos uma grande vitória”, que foi a suspensão da proposta de lei. A 15 de Julho, a chefe do Governo, Carrie Lam, que no próprio dia dos confrontos a 12 de Junho tinha reafirmado a intenção de prosseguir com a lei apesar dos protestos, acabou por anunciar a suspensão do debate sobre a proposta.
João Santos Filipe SociedadeDirecção de Mi Jian nega ilegalidades e promete investigar o autor da carta enviada ao CCAC [dropcap]M[/dropcap]entiras, calúnias, ataques pessoais com o objectivo de destruir a harmonia da sociedade de Macau. Foi desta forma que a Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR) reagiu à carta enviada por um trabalhador anónimo ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Na missiva foram relatadas várias ilegalidades nestes serviços. “As acusações falsas, caluniosas e os ataques pessoais mencionados na ‘carta anónima’ não só afectaram o normal funcionamento desta direcção, como também danificaram a imagem da Direcção, o que causa efeitos sociais negativos”, é escrito no documento, que ontem à hora de fecho não tinha versão portuguesa. “A sociedade de Macau é harmoniosa e esta carta anónima’ tem como objectivo criar um mau ambiente em Macau, confrontos e uma narrativa ficcionada para criar ressentimento entre os colegas desta Direcção, com o objectivo de minar a união, respeito mútuo e harmonia que reina nesta Direcção há muito tempo”, é acrescentado. Após a carta, o director Mi Jian terá mesmo convocado uma reunião com os trabalhadores onde a carta foi lida. Segundo o comunicado da DSEPDR, todos os funcionários presentes terão condenado o texto de forma unânime. “O bom ambiente e a tradição desta Direcção não só não vai ser destruído como ainda vai ser reforçado”, foi escrito no comunicado. No entanto, os serviços liderados por Mi Jian não explicaram se os funcionários votaram para condenar o texto através do mecanismo de braço no ar ou com recurso a voto secreto. Apenas se refere que a condenação foi geral. Por outro lado, a Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional diz que sempre cumpriu com as leis do território, mesmo quando ainda era apenas um Gabinete, e promete cooperar nas investigações para apontar o autor. A carta em questão foi revelada no sábado e o CCAC prometeu investigar as acusações. No documento, Mi Jian era acusado de contratar familiares, encomendar estudos a gabinetes no Interior da China de conhecidos seus, com valores que permitiam evitar concursos públicos, utilizar fundos para gastos privados, viagens desnecessárias e ainda de fumar em lugares proibidos.
Andreia Sofia Silva VozesFinalmente, Malaca [dropcap]R[/dropcap]ecordo-me da cara de felicidade daquele homem no meio de carros barulhentos quando viu o meu passaporte português. Tirou-o das minhas mãos, repentinamente, e sorriu como eu nunca havia visto alguém sorrir perante tal documento de viagem. Aquele residente de Malaca sentia-se português sem nunca ter ido a Portugal e sentia uma extrema felicidade só de olhar para o meu nome. Malaca é um lugar especial, mas esquecido. Aquele pequeno bairro português guarda tantas histórias consigo, histórias que permanecem por catalogar e que caíram no esquecimento das autoridades portuguesas. O sentimento de ser português, ainda que essa portugalidade possa ser uma ilusão, está muito presente naquelas ruas e é bonito de se ver, mas, sobretudo, de sentir. Finalmente, um dirigente português foi a Malaca ver estas pessoas e este sentimento bonito que elas guardam. Vai tarde, mas mais vale tarde do que nunca. Espero que a visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, possa dar àquelas pessoas uma escola de português como tanto desejam, um museu decente e infra-estruturas que permitam manter a sua história, que afinal é nossa também.
Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasO enigma de Elgar [dropcap]A[/dropcap]ssinala-se hoje o 162º aniversário do nascimento do compositor britânico Sir Edward Elgar. Filho de um afinador de pianos e rodeado de música e instrumentos musicais na loja do pai na High Street, em Worcester, no Worcestshire, o jovem Edward William foi auto-didacta em música. Deixando a escola aos 15 anos, começou por trabalhar com um advogado local, mas após um ano enveredou por uma carreira musical, aprendendo piano e violino. Aos 22 anos tornou-se chefe de banda no Worcester and County Lunatic Asylum. Foi primeiro violino nas orquestras dos festivais de Worcester e Birmingham, e chegou a tocar a Sexta Sinfonia e o Stabat Mater de Antonin Dvořák, sob a direcção do próprio compositor. Aos 29 anos de idade, conheceu a sua futura mulher, Caroline Alice Roberts, filha de um oficial do exército britânico e poetisa e escritora, oito anos mais velha. Casaram-se três anos depois contra a vontade da família dela, e a prenda de Edward para Caroline foi a famosa peça para violino e piano Salut d’amour, op. 12. Após o seu casamento, os Elgars passaram a residir em Londres, centro da vida musical inglesa. Após algum tempo, constataram que não podiam subsistir apenas com o trabalho de compositor de Edward, pelo que ele retomou o ensino de música. Durante a década de 1890, a reputação de Elgar como compositor cresceu gradualmente, especialmente com obras vocais para os grandes festivais corais das Midlands. The Black Knight (1892), King Olaf (1896), The Light of Life (1896) e Caractacus (1898) constituíram êxitos modestos, mas valeram-lhe a publicação dos seus trabalhos pela famosa editora Novello & Co. por muito tempo. Vários críticos observam que, embora Elgar seja recordado como um compositor inglês característico, a sua música orquestral tem muitos pontos em comum com a tradição musical da Europa central, tipificada naquele tempo por Richard Strauss. O compositor sentia-se um forasteiro, não apenas numa perspectiva musical, mas socialmente. Nos círculos musicais dominados por académicos, era um compositor auto-didacta; num Reino Unido protestante, o seu catolicismo era visto com alguma desconfiança. No entanto, Elgar viria a compor o seu primeiro grande trabalho orquestral, as famosas Variações Enigma, apenas aos 42 anos de idade, em 1899. A obra intitula-se Variations on an Original Theme (Enigma) e é constituída por uma série de catorze variações musicais. É uma das composições mais conhecidas de Elgar, dedicada aos seus amigos nela retratados; cada variação constitui um retrato emotivo de algumas das suas relações sociais mais próximas. Conta-se que, num dia de 1898, depois de uma cansativa jornada de ensino, Elgar começou a improvisar ao piano. Uma das melodias que improvisou chamou a atenção de Caroline, que lhe pediu que a repetisse. Então, para entretê-la, Elgar começou a improvisar variações sobre essa melodia, cada uma imitando o estilo de algum amigo ou amiga íntimos. Algum tempo depois, Elgar expandiu essas variações, num total de catorze, e orquestrou-as, transformando-as nas Variações Enigma. A obra inicia-se com o tema, uma bela melodia confiada principalmente às cordas. A primeira variação, dedicada a Caroline, é um prolongamento delicado e romântico do tema. A segunda, com rápidos movimentos das cordas, revela as características brincalhonas do seu amigo Stuart-Powell. Na terceira, o oboé e o pizzicato das cordas ajudam a representar a buzina da bicicleta de Baxter Townshend. A quarta variação, dedicada a um proprietário de terras local, é forte e pomposa. Na quinta, a alternância entre triste e alegre representa as oscilações de humor do amigo Penrose Arnold, filho do poeta Matthew Arnold. Na sexta, a viola solo representa um papel especial, uma vez que é dedicada a Isabel Fitton, estudante de viola. A sétima, dedicada ao arquitecto Troyte Griffith, é extremamente enérgica. A leveza da oitava variação remete aos momentos prazerosos que Elgar passou na bela casa de Winifred Norbury. A nona, “Nimrod”, a mais profunda de todas, é dedicada ao amigo August Jäger, que lhe deu apoio nos momentos difíceis (Nimrod é um personagem bíblico, descrito como um poderoso caçador; Jäger significa “caçador” em alemão). A décima variação, extremamente delicada, homenageia a amiga e biógrafa Dora Penny. A décima primeira, uma das mais animadas, é dedicada ao amigo e organista Robertson Sinclair. Na décima segunda, dedicada ao violoncelista Basil Nevinson, os violoncelos dominam a cena. A décima terceira, dedicada à amiga Lady Mary Lygon, guarda lembranças da primeira variação, principalmente na doçura do carácter. A décima quarta variação, dedicada ao próprio compositor, fecha o ciclo majestosamente. As Variações Enigma foram apresentadas em Londres, no St. James’s Hall, no dia 19 de Junho de 1899, sob a direcção do maestro austríaco Hans Richter. Recebendo aplauso geral, iriam fazer com que Elgar se tornasse o compositor britânico mais conhecido da época. Elgar reviu a obra pouco tempo depois, estendendo o final a fim de criar uma forma mais simétrica. A nova peça recebeu o título de “Variações Enigma” graças a uma carta do compositor, logo após a estreia, dizendo que havia um segundo tema, misterioso, que perpassava todas as variações, não perceptível a ninguém. “O enigma”, disse Elgar, “eu não explicarei”. Esse tema, escondido nas profundezas do tecido musical, deu início a inúmeras especulações. Até hoje, o enigma não foi solucionado! Sugestão de audição da obra: Edward Elgar: Variations on an Original Theme (Enigma), Op. 36 Hallé Orchestra, Sir Mark Elder – Hallé, 2002
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Coreia do Norte saúda “encontro extraordinário” com Trump A Coreia do Norte descreveu como “histórico e extraordinário” o encontro no domingo entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na zona desmilitarizada entre as duas Coreias [dropcap]D[/dropcap]e acordo com a agência oficial norte-coreana KCNA, os dois líderes decidiram, após um breve encontro de 50 minutos, “retomar e prosseguir discussões produtivas para alcançar mais progressos no processo de desnuclearização da península coreana”. Kim e Trump discutiram “questões de interesse mútuo que se tinham tornado obstáculos à resolução destes problemas”, indicou a mesma agência. A KCNA escreveu ainda que o líder norte-coreano elogiou as “boas relações” com Trump, acrescentando que estas “produziriam resultados que os outros não podiam prever”. Para o analista Shin Beom-chul, ouvido pela agência de notícias France-Presse (AFP), o comentário da KCNA é “propaganda típica norte-coreana que glorifica Kim Jong-un”. “O objectivo é restaurar a imagem de Kim, danificada ao voltar de mãos vazias da cimeira de Hanói”, em Fevereiro deste ano. No final do encontro de domingo, também Donald Trump disse que os dois países vão iniciar reuniões de trabalho “nas próximas três semanas” sobre o processo de desnuclearização. Apesar deste passo, o Presidente norte-americano disse que as actuais sanções à Coreia do Norte vão continuar em vigor. Trump acrescentou ter convidado o líder norte-coreano a visitar os Estados Unidos. Trump tornou-se no primeiro Presidente dos Estados Unidos em funções a entrar em solo da Coreia do Norte, depois de um aperto de mãos com Kim Jong-un. Ovni no paralelo O Comando Militar Conjunto da Coreia do Sul disse que foi detectado ontem a passagem de um “objecto voador não identificado” que sobrevoou uma zona perto da fronteira com a Coreia do Norte. De acordo com os militares de Seul, os radares detectaram o voo do objecto sobre a Zona Desmilitarizada entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, mas não foram fornecidos mais detalhes. Antes dos contactos diplomáticos com Pyongyang sobre o programa nuclear norte-coreano eram ocasionalmente disparados tiros de canhão em ambos os lados. A informação sobre o objecto voador que os militares não especificaram se se tratou de um aparelho não tripulado (‘drone’) foi difundida 24 horas depois do encontro entre presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong na fronteira.
Raquel Moz EventosFotografia | Exposição de João Miguel Barros na quinta-feira no Albergue O fotógrafo João Miguel Barros inaugura esta quinta-feira a exposição “Wisdom” no Albergue. Ali estarão dispostas 39 fotografias a preto e branco sobre o quotidiano de uma comunidade na cidade velha de Acra, no Gana, onde treina o pugilista profissional Emmanuel Danso [dropcap]J[/dropcap]oão Miguel Barros é o autor da mostra fotográfica que vai estar patente no Albergue SCM a partir de quinta-feira às 18h30, iniciativa que encerra as festividades de “Junho, Mês de Portugal” no território. A exposição “Wisdom” apresenta 39 fotografias em grande escala, a preto e branco, sobre o pugilista Emmanuel Danso, em Acra, no Gana. Durante um mês, até 4 de Agosto, as instalações do Albergue vão ser transformadas numa recriação do espaço Wisdom, em Acra, constituído por duas edificações – um grande casarão e um pátio – onde funcionam uma escola preparatória (Wisdom Preparatory Academy) e um ginásio de treinos ao ar livre (Wisdom Gym), numa parte antiga da capital. As duas galerias e o pátio do Albergue vão, assim, poder contar melhor a história da vida de Emmanuel Danso, que todos os dias treina na academia ao final da tarde. “Durante o dia, esta propriedade serve de escola preparatória para alunos de todas as idades. Por sua vez, a escola confina com um pátio que serve de recreio às muitas crianças que vivem em casas velhas daquela zona da cidade”, lê-se no material de apresentação, quando a exposição passou pelo Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, entre Fevereiro e Agosto de 2018. “João Miguel Barros rapidamente se deixou levar pela energia do microcosmos que é Wisdom, pela sua alegria genuína, no estado mais puro. Aquilo que começou por ser um projecto de fotografia sobre Emmanuel Danso, uma boa história para desvendar os mistérios dos bastidores do pugilismo, tornou-se algo muito mais profundo, uma peça muito mais abrangente sobre a comunidade e as pessoas”, descrevia à época a directora artística do Museu Colecção Berardo, Rita Lougares. E porquê a história de Emmanuel Danso? É o próprio fotógrafo, advogado de profissão, que explica como chegou ao protagonista do seu conto através da imagem. “Em Outubro de 2017 tive oportunidade de fazer fotografias de um combate de boxe que houve em Macau, em que estava em causa um título intercontinental do International Boxing Federation (IBF)”. Durante o combate, “o Danso lutou contra um chinês [Fanlong Meng], que foi quem ganhou. Então eu escolhi aquele que perdeu, e propus-me ir a Acra, fazer um conjunto de fotografias dos treinos e da vida dele”, revelou João Miguel Barros ao HM. O pátio em Acra As imagens do combate foram incluídas num dos capítulos da exposição “Photo-Metragens”, que o artista levou em Fevereiro de 2018 ao CCB, em Portugal, e que esteve em Abril de 2019 nas Oficinas Navais, em Macau. “Eu faço aqui um parêntesis para dizer que não percebo as regras do boxe, nem gosto de boxe”, mas resulta bem em termos de imagem e interessou-lhe conhecer o dia-a-dia do pugilista e dos treinos no contexto do seu país. Foi assim que contactou o agente de Emmanuel Danso e, em Julho de 2018, aterrou no Gana. “Construí uma narrativa diferente daquela que eu inicialmente tinha pensado, que era muito baseada no boxe e nos detalhes daquele combate”. O pugilista treinava diariamente “às 6h30 da manhã num pavilhão do Estado Nacional e às 17h30 da tarde num pátio na cidade velha de Acra, contíguo a um edifício grande onde funciona uma escola. Esse conjunto chama-se Wisdom”, conta o fotógrafo, que fez uma visita rápida ao lugar, mas foi percebendo que aquele “pátio é um microcosmos de vida humana absolutamente notável”. O grupo de Danso treina ali, “no meio de uma vivência familiar, porque à volta do pátio existem várias famílias, que vivem em construções informais com poucas condições, e onde muitas crianças brincam”. Da segunda vez que esteve em Acra, em Novembro de 2018, sentiu o potencial da vivência em torno do casarão e do pátio, também utilizado pelas crianças da escola, com cerca de 150 alunos, que começam a ensaiar os gestos dos mais velhos. Teve então a “oportunidade de fazer fotografias com muito mais tempo”. A série de imagens sobre a escola fazem parte de um portefólio que, este ano, já ganhou dois prémios internacionais. O pátio no Albergue Entretanto, o convite do arquitecto Carlos Marreiros para expor no Albergue, “que, obviamente, aceitei com honra, porque acho que é um espaço muito interessante para exposições”, deu a João Miguel Barros a ideia de organizar todas essas imagens de uma forma especial. “Ocorreu-me que aquele espaço poderia ser utilizado na projecção do que era Acra e o Wisdom”. A mostra será feita nas duas galerias: a pequena com 12 fotos sobre a escola, cuja porta dá para o pátio, tanto lá como cá, e a grande com as restantes 27 fotos, dos treinos de Danso e os amigos, as famílias e as crianças ao redor. São 39 fotografias em grandes dimensões, com 90X72 centímetros, mais uma extra no pátio, “onde vai haver um telão muito grande, com cerca de 5 metros, uma imagem que não está na exposição, mas que mostra o conjunto do edifício e do pátio, para quem entra no Albergue ficar a perceber qual é a geografia do lugar”. O projecto do fotógrafo não deverá ficar por aqui, já que pretende vir também a conhecer um dos ídolos de Emmanuel Danso – e de todos os ganeses –, o primeiro e único campeão mundial de boxe, David Kotei (ou D.K. Poison, como ficou conhecido), que arrecadou o título há 44 anos atrás. No próximo mês de Setembro haverá um grande combate, de celebração ao antigo pugilista, onde conta estar presente. Também, nessa altura, espera poder passar pelo espaço do Wisdom e dedicar-se à captura de mais imagens das famílias que ali habitam.
Hoje Macau SociedadeDSSOPT | Conclusão do Túnel da Guia sem data [dropcap]O[/dropcap] Governo desconhece quando a obra do Túnel Pedonal da Guia vai ficar concluída, uma vez que ainda falta terminar o projecto de concepção e lançar o concurso público para adjudicar os trabalhos. O esclarecimento foi prestado pelo Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai. “Findo o aludido projecto de concepção preliminar, serão necessários cerca de 15 meses para a conclusão do projecto de execução e dos respectivos procedimentos concursais”, é explicado. “Neste contexto, é de realçar que o prazo de conclusão de toda a empreitada, depende do prazo de execução proposto, no âmbito do concurso pelos concorrentes, sendo, portanto, necessário aguardar pela adjudicação da empreitada para se poder definir, em concreto, uma data para a conclusão”, é acrescentado. Segundo o estudo de viabilidade apresentado pela DSSOPT, o túnel vai fazer a ligação para peões entre a Avenida Horta e Costa e o NAPE. Com esta construção, o Circuito de Manutenção da Guia, o Reservatório e o Parque Marginal da Areia Preta ficam interligados. Por outro lado, Li Canfeng explica que o projecto ainda está a ser concebido e que neste momento “estão a ser introduzidos os devidos ajustamentos” com base nos pareceres de diferentes entidades. O director não aponta uma data concreta para o fim da concepção do projecto, mas acredita que poderá ficar concluída “até finais do corrente ano”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIIM | Irmãos Marreiros ganham Prémio Identidade por “obra de reconhecida qualidade” Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto, são os vencedores da edição deste ano do Prémio Identidade 2019 do Instituto Internacional de Macau, por serem “duas personalidades bem conhecidas de Macau” e “dois casos de sucesso”. Carlos Marreiros diz que a distinção é o mote para continuarem a fazer um bom trabalho [dropcap]O[/dropcap] Instituto Internacional de Macau (IIM) decidiu atribuir este ano o Prémio Identidade aos irmãos Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto. De acordo com um comunicado do próprio IIM, a distinção justifica-se com o facto de os dois irmãos serem “indiscutivelmente dois grandes talentos de Macau e duas notáveis histórias de sucesso, como inspirados criadores, artistas consumados e profissionais respeitados, com obra de reconhecida qualidade realizada e, ambos, com significativa projecção no exterior, o que tem prestigiado Macau, sua terra natal, além-fronteiras”. O facto de já terem trabalhado juntos em inúmeros projectos faz com que se enquadrem “perfeitamente no espírito do galardão que lhes foi agora atribuído”. O prémio será entregue no próximo Encontro das Comunidades Macaenses, que se realiza no território na última semana de Novembro deste ano. Em declarações ao HM, Carlos Marreiros mostrou-se satisfeito por ser um dos nomes escolhidos. “Há tanto anos que tenho trabalhado de forma desinteressada para a formação da identidade macaense que naturalmente fico feliz e contente por ser recipiente deste prémio. É uma honra. Claro que não trabalhamos para prémios, mas quando somos distinguidos aceitamos e vemos isso como um incentivo para continuar a trabalhar, mais e ainda melhor.” Carlos Marreiros destaca o facto de ter ganho o prémio com o irmão, “um grande designer e artista”. “Fizemos trabalhos em conjunto nos últimos 35 anos e vamos continuar a ter projectos. Poder receber esse prémio juntamente com os nossos irmãos macaenses que estão cá em Macau é um sinal de alegria. Vamos recebe-lo com humildade e sabemos que doravante ainda temos de nos esforçar para trabalhar melhor”, frisou. O HM tentou chegar à fala com Vítor Marreiros, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto. Provas dadas Carlos Alberto dos Santos Marreiros é arquitecto, urbanista, artista plástico e gestor cultural, com formação superior obtida em Macau, Portugal, Alemanha e Suécia. Além de arquitecto muito conceituado, com cerca de duzentas obras concebidas em Macau, Hong Kong, China, Portugal e Austrália, e de docente universitário e orador em conferências internacionais, desempenhou cargos em organismos públicos e da sociedade civil, entre os quais os de presidente do Instituto Cultural de Macau (1989-1992). Preside, actualmente, ao Albergue SCM, e é igualmente curador da Fundação Macau, membro do Conselho Consultivo da Cultura, do Conselho do Ambiente e do Conselho para as Indústrias Criativas da RAEM e presidente honorário da Associação de Engenharia e Construção de Macau. O IIM recorda que, como artista plástico, protagonizou mais de duas dezenas de exposições individuais e participou em mais de cinquenta colectivas em várias partes do mundo. Nesse aspecto, impossível não mencionar que foi o artista escolhido para representar Macau na 55.ª Exposição Internacional de Arte de Veneza, em 2013. Victor Hugo dos Santos Marreiros é considerado um dos melhores designers de Macau, tendo-se notabilizado no ramo do design gráfico e como artista, com trabalhos de elevado mérito, muitos dos quais reflectindo a identidade cultural de Macau, que contribuiu para valorizar enormemente, descreve o IIM. Foi director artístico do Instituto Cultural, bem como da Revista de Cultura do mesmo organismo e da TDM – Teledifusão de Macau, além de fundador do Círculo dos Amigos da Cultura, da MARR Design e da Victor Hugo Design e membro da Associação de Design de Macau. Participou em exposições e eventos culturais realizados em vários países.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Nelson Kot diz que preços altos afectam pernoitas em Macau [dropcap]N[/dropcap]elson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, defende que o Governo deve estabelecer um mecanismo de controlo dos preços dos quartos de hotel, como garantia de que não existe grande diferença de preços entre os feriados e os dias normais. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) revelou, no “Estudo e análise sobre a optimização das actividades e produtos turísticos realizadas à noite”, que são pedidas mais actividades nocturnas no território para que os turistas possam permanecer por mais tempo. Contudo, Nelson Kot acredita que os preços dos hotéis são a maior influência no facto da maioria dos turistas não dormir mais do que uma noite no território. O mesmo responsável alerta ainda para o incremento de actividades nocturnas poder afectar a vida dos moradores. Nesse sentido, a qualidade dos serviços turísticos deve ser melhorada, além de ser necessária maior razoabilidade de preços no que ao alojamento diz respeito, frisou Nelson Kot.
Hoje Macau SociedadeMeteorologia | Sinal 1 de tempestade tropical emitido ontem à noite [dropcap]O[/dropcap] sinal 1 de tempestade tropical foi emitido ontem à noite. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a razão para tal prende-se com o facto de “uma vasta área de baixa pressão sobre a parte norte do Mar do Sul da China se estar a desenvolver gradualmente, para uma depressão tropical” dirigida a Hainan. O sinal 1 pode ser içado devido à “circulação externa deste sistema” que pode resultar em aguaceiros fortes e frequentes acompanhados de trovoadas. Entretanto, e devido a influência da maré astronómica, esperam-se cheias nas zonas baixas entre hoje e sábado. Até à hora do fecho da edição, os serviços adiantavam que a possibilidade de emitir sinal mais alto era baixa.