Lições de amor

[dropcap]N[/dropcap]a terça-feira tivemos mais uma confirmação de que a escola não é lugar para política, a menos que seja propaganda política ministrada em amorosas doses oficiais. Isto foi dito, preto no branco, por directores de escolas de Macau, quase de certeza, com a bênção da DSEJ.

Na escola não se forma, formata-se! O foco do primeiro dia de aulas foi conter qualquer vestígio de crítica ou envolvimento no que se passa aqui ao lado, porque o bom estudante fecha-se ao mundo em prol da pátria. Macau está a abdicar, de livre vontade, de ter um ambiente de ensino onde o pensamento crítico possa florescer, onde se debatem ideias, onde os alunos crescem para ser homens e mulheres independentes, com confiança para tomar o mundo. Para o sistema de educação de Macau só existe o mundo interior, o isolamento mental que quanto muito se expande ao longo da Grande Baía.

A boa escola é aquela que se assemelha a um templo de conformismo onde se aprende a regurgitar mantras, onde a resignação é recompensada e a liberdade de pensamento condenada.

E depois ainda se queixam que as empresas internacionais queiram quadros estrangeiros, em detrimento dos talentos locais que nunca ouviram falar no Hitler, Putin, Shakespeare, Mandela, Aristóteles, Elvis Presley, Salvador Allende, Picasso, Mao Zedong (fora do endeusamento propagandista). Há quase dois mil anos um filósofo grego (Epiteto) defendia que “só a educação liberta”. No século passado o brasileiro Paulo Freire completou a máxima acrescentando que “quando a educação não liberta, o sonho do oprimido é ser o opressor”. Obviamente, influências externas.

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