Hoje Macau DesportoJosé-Filipe Lima segue em 31.º lugar no Foshan Open de golfe [dropcap]O[/dropcap] golfista português José-Filipe Lima segue na 31.ª posição do Foshan Open, prova do Challenge Tour que se está a disputar na China, depois de ter marcado hoje 69 pancadas (três abaixo do par). Lima, que segue empatado com 10 jogadores, entregou um cartão com cinco ‘birdies’ (uma pancada abaixo do par) e dois ‘bogeys’ (uma acima). Pedro Figueiredo integra o grupo dos classificados no 42.º lugar, depois de ter totalizado 70 pancadas (duas abaixo do par), com cinco ‘birdies’ e três ‘bogeys’. O torneio é liderado pelo inglês Jack Singh Brar, que fechou a primeira volta com 63 pancadas, nove abaixo do par.
Hoje Macau China / ÁsiaCerca de seis mil pessoas retiradas após deslizamento de terra no Tibete [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 6.000 pessoas foram retiradas de suas casas após um deslizamento de terra no Tibete que bloqueou o fluxo de um dos principais rios da região, revelaram hoje os serviços de emergência da China. Um lago de barreira foi formado em Yarlung Tsangpo, a nascente do rio Brahmaputra, na Índia, após o desmoronamento de um penhasco no vale através do qual o rio corre, informou a agência local de resposta a emergências, num relatório divulgado pelos media estatais. Não foram registadas vítimas até agora e o serviço de emergências disse que a China tem mantido a Índia atualizada sobre o bloqueio, que poderia afetar os níveis de água nas regiões mais baixas. O deslizamento de terra ocorreu perto de uma aldeia no condado de Menling e a água no lago subiu para uma altura de 40 metros, informaram os serviços. Com seus picos e glaciares imponentes, o Tibete é a fonte de inúmeros rios asiáticos, aumentando a influência estratégica da China sobre seus vizinhos do sul. O rápido aumento das temperaturas fez com que estes glaciares derretessem a um ritmo crescente, lançando uma sombra sobre os recursos hídricos futuros para a China e outras nações asiáticas.
Diana do Mar Política“Deputados aprovam Lei de Cibersegurança apesar de receios sobre privacidade A proposta de lei da cibersegurança foi aprovada ontem pela Assembleia Legislativa (AL), mas persistem receios de que a privacidade possa ser beliscada. Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e Pereira Coutinho votaram contra [dropcap]E[/dropcap]mbora a maioria entenda ser imperativo garantir a protecção das chamadas infra-estruturas críticas –património, sistemas e redes relevantes para o funcionamento normal da sociedade, cujo dano ou revelação de dados é passível de causar prejuízos graves para a segurança, interesse e ordem pública – existem preocupações inerentes. Para Ng Kuok Cheong, a proposta de lei permite mesmo livre acesso. “Sem as pessoas saberem quando e como, o Governo consegue todos esses dados das pessoas”, afirmou o deputado, apontando que, após um pedido, “todas as informações podem ser vistas”, o que “vai afectar ou pressionar as liberdades”. “Esta proposta de lei está a aumentar muito o poder do Governo”, insistiu Ng Kuok Cheong, para quem deve haver um mecanismo que permita fiscalizar eventuais abusos por parte das autoridades. Pereira Coutinho também afinou pelo mesmo diapasão, defendendo que o diploma pode beliscar o artigo 32.º da Lei Básica que protege a liberdade e o sigilo dos meios de comunicação dos residentes. “Manifesto as minhas reservas”, asseverou. “Sabemos que a lei da cibersegurança é necessária, mas como [evitar] que leve a abusos de poder? Temos de encontrar um equilíbrio”, sustentou o deputado, expressando o receio de que a intervenção do Centro de Alerta e Resposta a Incidentes de Cibersegurança (CARIC) venha a lesar a privacidade, uma opinião secundada por Angela Leong que apontou que a Internet é um “campo de batalha” que “todos os governos estão interessados em poder dominar”. Em causa figura o órgão operacional, cuja coordenação vai ser assegurada pela Polícia Judiciária (PJ), a quem vai caber monitorizar o tráfego de dados informáticos entre as redes dos operadores das infra-estruturas críticas e a Internet. As suas atribuições vão, no entanto, ser definidas por regulamento administrativo. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reconheceu serem “compreensíveis” as preocupações por parte da população, sobretudo por estar em jogo “um assunto novo” e tentou acalmar as inquietações. “O ponto essencial é a prevenção e protecção das redes informáticas. Isto não significa que as autoridades policiais podem intervir e manipulá-las – não é isso”, salientou Wong Sio Chak, apontando que todos os deveres “são para o bem dessas entidades”. No total, e em linha com os critérios internacionais, há 118 entidades que se inscrevem na definição de infra-estruturas críticas, que podem ter natureza pública ou privada. Uma esfera que abrange, entre outros, fornecedores de bens essenciais, incluindo de água e electricidade, hospitais, transportes, bancos ou casinos, mas também estações de rádio e televisão. “O Governo não mete as mãos em termos de privacidade nem se autoriza a intervenção sem qualquer controlo”, reiterou Wong Sio Chak, sublinhando que “os responsáveis pela monitorização só podem intervir quando as entidades [supervisionadas] forem alvo de ataque”. Dúvidas e garantias O CARIC figura no nível intermédio de supervisão, estando acima das entidades de supervisão do Governo definidas por domínios de actividade. Já no topo da hierarquia surge a Comissão Permanente para a Cibersegurança, cujo raio de acção também não surge plasmada no diploma. Tal suscitou dúvidas aos deputados que indagaram igualmente sobre a sua composição que vai também ser definida através de um regulamento administrativo. Além do Chefe do Executivo e dos cinco secretários, vão integrá-la 11 directores de serviços, como o da PJ e dos Correios. Com efeito, como explicou o secretário para a Segurança, “o CARIC vai recolher todos os dados” das 11 entidades de fiscalização e “trocá-los com outros países e regiões para prevenir e avaliar os riscos” de ataque. “Essas informações servem para proteger os direitos e interesses das infra-estruturas críticas. Se todas estiverem protegidas, o Governo também está protegido”, salientou. Neste âmbito, deu ainda um exemplo do papel das autoridades: “Os bancos são fiscalizados pela Autoridade Monetária, mas a Autoridade Monetária não sabe da idoneidade, por isso, é necessário a PJ facultar essas informações” Da bancada do Governo voltou a ecoar a garantia de que apenas vai vigiar a dimensão do fluxo de dados, sem registar e muito menos decifrar qualquer conteúdo: “Só vigiamos o fluxo de água, não vemos a cor do interior da canalização”. O conteúdo, esse, apenas pode ser acedido mediante autorização judicial, sendo que, “ao contrário do que se diz, a polícia não pode inventar uma razão para aceder sem qualquer fundamento”, afirmou Wong Sio Chak. Os argumentos não convenceram, contudo, Sulu Sou: “Tenho sérias dúvidas sobre como vai ser implementada a proposta [de lei] porque não confio nas competências que são atribuídas às autoridades públicas”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMIF | Consultores de imobiliário queixam-se da burocracia dos vistos Gold [dropcap]A[/dropcap] edição deste ano da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa) conta com a presença de algumas empresas ligadas ao sector imobiliário que buscam oportunidades de negócio na China e Portugal, sempre com Macau como elo de ligação. Numa altura em que o mercado imobiliário em Portugal atravessa um boom, com pouca oferta e muita procura por parte de estrangeiros, o HM falou com três empresas que trabalham com processos de vistos Gold e que assumem que é preciso flexibilizar o programa de captação de investimento e torná-lo menos burocrático. “É um programa a que se tem de dar um pouco mais de credibilidade e rapidez no desenrolar dos processos. Continua a existir muita burocracia e é um grande obstáculo”, contou ao HM Vítor Rodelo, representante da agência imobiliária Casa 10, que pela primeira vez marca presença na MIF. Vera Zhou, consultora da empresa de consultadoria Perfeição, radicada em Macau, defendeu que existe uma menor procura dos investidores chineses por casas em Portugal dado o aumento dos preços no mercado. Além disso, não gostam da lentidão do processo. “A obtenção dos vistos Gold em Portugal é um processo muito lento, os chineses ouviram falar de casos onde existe de facto esta lentidão e eles gostam de processos rápidos e fáceis, e assim acho que será mais difícil atrair chineses para investimento.” Amy Wong, advogada na Wong and Partners, tem em mãos cinco casos relacionados com vistos Gold. “Dois deles são de clientes chineses que compraram propriedades a um preço bastante mais elevado do que o seu valor real.” A advogada nota um decréscimo na procura por estes pedidos de residência por via do investimento. “No inicio dos vistos Gold, em finais de 2012, e em 2013 e 2014 havia muitos chineses à procura, mas actualmente não temos recebido muitos pedidos”, concluiu.
João Santos Filipe Desporto MancheteAutomobilismo | Tiago Monteiro falha regresso ao GP Macau O piloto português deixa uma vaga em aberto na Honda da equipa Boutsen Ginion Racing que poderá ser ocupada por André Couto. Contudo, o piloto não confirma a notícia, nem a eventual participação na Guia [dropcap]O[/dropcap] português Tiago Monteiro vai falhar pelo segundo ano consecutivo a participação no Grande Prémio de Macau, depois de ter vencido a corrida da Guia em 2016. A confirmação foi avançada ontem pelo piloto através de um comunicado de imprensa, e está relacionada com o acidente sofrido durante uma sessão de testes, em Setembro do ano passado. “De acordo com os seus médicos, [Tiago Monteiro] não alinhará na ronda de Macau. Mas estará presente mais uma vez como embaixador da marca nipónica”, pode ler-se numa nota de imprensa em que é revelado o regresso à competição do último português a alinhar na Fórmula 1. Com esta confirmação, a equipa Boutsen Ginion Racing fica com uma vaga em aberto num dos dois Honda Civic Type R TCR que vão participar na prova da Taça Mundial de Carros de Turismo (WTCR). Além do holandês Tom Coronel, a outra viatura da equipa poderá ser ocupada por André Couto ou pelo chinês Ma Qing Hua. Contactado pelo HM, o piloto de Macau não quis alongar-se sobre a situação: “Estou a trabalhar na minha participação em Macau”, limitou-se a responder o vencedor do Grande Prémio de Macau de 2000, em Fórmula 3. A favor de Ma Qing Hua está o facto de já ter representado este ano a Boutsen Ginion Racing nas ruas rondas do Interior da China, nomeadamente nos circuitos de Ningbo e Wuhan. A lista de inscritos para o Grande Prémio vai ser apresentada esta tarde em conferência de imprensa, e a prova está agendada para o fim-de-semana de 15 a 18 de Novembro. Regresso no Japão Tiago Monteiro não vai estar em Macau, contudo, nem tudo são más notícias para o português de 42 anos. O piloto da Honda vai regressar à competição entre 27 e 28 de Outubro no circuito de Suzuka, no Japão, o mesmo que marcou a sua estreia pela Honda, em 2012. “Não há palavras para descrever a sensação de estar de volta. Houve alturas em que tudo pareceu mais complicado, mas nunca perdi a esperança nem o foco. Ter estado ao longo de todo o ano nas provas em que devia estar a correr e não o fazer, dilacerou-me, mas também me deu ainda mais força e motivação, por isso tenho a certeza que todos os meus sentimentos vão estar à flor da pele em Suzuka”, afirmou Tiago Monteiro. “Este será um regresso cauteloso e sem objectivos desportivos. Quero sobretudo divertir-me e sentir-me confortável com o meu andamento para depois poder regressar em 2019 a tempo inteiro”, acrescentou. Tiago Monteiro sofreu um acidente durante um treino, em Setembro do ano passado, em Barcelona, e ficou afastado da competição durante um ano e um mês.
Diana do Mar PolíticaCPSP | Aprovado aumento de competências mas pedida maior fiscalização Os deputados aprovaram ontem, na generalidade, a proposta de lei que prevê o alargamento das competências do Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP), mas pediram um reforço da fiscalização em linha com o aumento de poderes [dropcap]M[/dropcap]ais poderes exigem uma maior fiscalização. A ideia foi defendida ontem, a várias vozes, na Assembleia Legislativa (AL) que aprovou, na generalidade, a proposta de lei que prevê um alargamento das competências do CPSP. Pereira Coutinho absteve-se e Sulu Sou votou contra. “Os fundamentos invocados [para o alargamento das competências] são razoáveis, mas como procedemos à devida fiscalização?”, questionou o jovem deputado pró-democrata, argumentando que as queixas contra a PSP têm vindo a aumentar e que a fiscalização permite “evitar abusos de poder”. Agnes Lam foi, aliás, das primeiras a tocar no ponto da fiscalização, indagando da possibilidade de serem introduzidas alterações à Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança de Macau (CFD), órgão criado em 2005 sem competências para averiguação disciplinar que, no ano passado, recebeu 121 queixas, a esmagadora maioria das quais contra agentes da PSP. Pereira Coutinho também defendeu a importância de ser alcançado um “equilíbrio” entre o aumento de competências e a supervisão dos agentes policiais para “sossegar” a população. Na réplica, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, voltou a deixar a porta aberta a um aumento dos poderes da CFD. “A nossa atitude é de abertura”, reiterou Wong Sio Chak, realçando até que ele próprio ficaria “mais aliviado em termos de funções” perante um alargamento das competências da CFD. Outro dos pontos que gerou preocupações por parte dos deputados prendeu-se com os direitos dos agentes, nomeadamente ao descanso. Wong Kit Cheng quis saber por que passa a ser obrigatório que os agentes sejam obrigados a trabalhar por um período superior a 44 horas semanais sempre que tal se mostre necessário, e ainda como se consegue garantir o direito ao descanso. Pedidas foram também melhorias nas regalias para os agentes, em concreto os da linha da frente. “Precisamos de valorizar as forças policiais”, sublinhou Song Pek Kei, para quem outras formas de o fazer passam nomeadamente pelas carreiras. Já Zheng Anting colocou a tónica na necessidade de haver políticas para reter os agentes em face do volume de trabalho e das situações de risco com que se deparam: “Como se consegue reforçar o sentido de pertença?”, questionou. Apontando que o direito ao descanso dos agentes é uma garantia, assim como a devida compensação, Wong Sio Chak rejeitou estar a passar ao lado da parte das regalias. “Também queremos dar melhores condições aos nossos efectivos”, salientou o secretário para a Segurança. Estatuto dos Militarizados em breve Relativamente à revisão do Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau – cuja consulta pública terminou há sensivelmente dois anos –, Wong Sio Chak justificou o atraso com a complexidade do diploma. “Prevejo enviar [a proposta de lei] ainda este ano para o Conselho Executivo e depois para a AL”, adiantou Wong Sio Chak, dando conta de que a revisão “vem estabelecer comunicação entre diferentes carreiras de forma a permitir que simples agentes possam ser promovidos a directores de serviços. Vai ser proporcionada a possibilidade de mobilidade ascendente a esses agentes – essa proposta de lei tem essa particularidade”, enfatizou Wong Sio Chak. A proposta de lei do CPSP, que segue agora para análise em sede de comissão, introduz alterações na natureza, atribuições e competências do CPSP que, na prática, redundam em mais poderes. As mexidas passam desde logo pela alteração da natureza do CPSP – que deixa de ser um corpo militarizado para passar a ser uma “força de segurança integrada no sistema da segurança interna da RAEM, que exerce competências próprias de um órgão de polícia criminal” –, dotado de “um quadro de agentes policiais, com estatuto profissional próprio”. À luz do diploma, todos os agentes, independentemente do cargo que ocupem na carreira, detêm poderes de autoridade pública, adquirindo a qualidade de órgãos de polícia criminal, sempre que nela forem investidos pela entidade competente.
Diana do Mar Manchete SociedadeRádio-táxis | Admitidas cinco empresas para a exploração de 200 licenças especiais [dropcap]C[/dropcap]inco empresas foram admitidas ao concurso público para a concessão de 200 licenças especiais para a exploração de táxis, anunciou a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) que realizou na terça-feira a abertura de propostas. Os primeiros 100 devem entrar em circulação sensivelmente dentro de um ano. A concessão das licenças especiais, para viaturas que respondem exclusivamente a pedidos por telefone e pela Internet, tem a validade de oito anos. Entre as candidatas figura a Rádio Táxi Macau, vencedora do último concurso para o serviço de rádio-táxis, em que foram atribuídas 100 licenças, realizado em Outubro de 2015, bem como a Companhia de Rádio Táxi Van lek, empresa que operava os chamados táxis amarelos. Segundo a DSAT, integradas na proposta encontram-se três taxas especiais, nomeadamente a de chamada, cujos valores apresentados pelas empresas vão até uma pataca, enquanto as taxa de hora marcada e a de ausência correspondem a zero. Por cada prestação de serviço apenas uma das taxas especiais será cobrada aos passageiros. Segundo os requisitos do concurso, a sede e administração central dos concorrentes devem estar localizadas na RAEM. Os táxis só podem prestar serviços de transporte de passageiros, de marcação imediata ou com antecedência, através do centro de serviços de táxis. À luz das regras, os veículos devem ter lotação de seis ou mais passageiros (sem incluir o condutor), ser automóveis ligeiros híbridos movidos a gasolina e electricidade ou movidos a energia limpa, devendo a frota incluir pelo menos cinco táxis acessíveis e dez táxis com maior capacidade. Em comunicado, a DSAT indica que as taxas especiais propostas, o plano de exploração e de serviços e a experiência de gestão constituem critérios de apreciação.
Hoje Macau DesportoProcurador-geral do Irão diz que não vai permitir entrada de mulheres em estádios [dropcap]O[/dropcap] procurador-geral do Irão, Mohammad Jafar Montazeri, disse que não vai permitir que mulheres vejam jogos de futebol de equipas masculinas nos estádios, algo que considera “pecado”, noticiou a agência iraniana Mehr. A reação surgiu na sequência de uma autorização excecional dada na terça-feira a cerca de uma centena de mulheres, nomeadamente a equipa de futebol feminino e familiares dos jogadores, que assistiram ao Irão-Bolívia no estádio, jogo que a equipa iraniana, orientada pelo português Carlos Queiroz, venceu por 2-1. “Discordo da presença daquelas mulheres no estádio Azadi ontem [terça-feira]. Este é um estado islâmico, somos muçulmanos”, referiu o procurador-geral. O grupo escolhido para assistir ao particular era restringido a familiares e atletas, mas conseguiu, ainda assim, ser o primeiro a assistir no estádio a um jogo masculino desde 1981, depois da revolução islâmica, dois anos antes, o ter proibido. Montazeri ameaça agir contra quem procurar novas autorizações no futuro, uma vez que “a presença de uma mulher no estádio, a ver homens semi-nus em roupas desportivas, encaminha ao pecado”. O presidente iraniano Hassan Rohani já afirmou várias vezes ser favorável à presença de mulheres nos estádios, mas enfrenta forte oposição, com as declarações de Montazer a irem contra as pretensões de permitir a entrada no jogo entre o Persepolis e o Al-Sadd, no dia 23 de outubro, para a meia-final da Liga dos Campeões asiática. Segundo a agência Mehr, o procurador-geral disse que pretende pedir ao procurador de Teerão para agir judicialmente se o pedido for levantado.
Hoje Macau China / ÁsiaTesla vai construir em Xangai a primeira fábrica fora dos EUA [dropcap]A[/dropcap] fabricante norte-americana de carros elétricos Tesla revelou que vai construir a sua primeira fábrica em Xangai, na China, a primeira fora dos Estados Unidos, numa altura de crescentes disputas comerciais entre Washington e Pequim. O grupo, que tem sede no estado norte-americano da Califórnia, assinou um acordo para a transferência dos terrenos onde vai ser construída a fábrica. As novas instalações foram anunciadas em Julho passado, depois de Pequim ter-se comprometido a eliminar os limites de propriedade para fabricantes de veículos eléctricos, e a Tesla manteve os planos, apesar das crescentes disputas comerciais entre EUA e China, motivadas pelas ambições chinesas para o sector tecnológico. O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático. Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa. A China é o maior mercado automóvel do mundo e o segundo maior para a Tesla, a seguir aos EUA. General Motors, Volkswagen ou Nissan são outros grandes fabricantes de automóveis que estão a investir milhares de milhões de dólares no fabrico de veículos elétricos na China. A produção local elimina os riscos do aumento de taxas alfandegárias e outras barreiras às importações. “É um importante marco para o que será o nosso próximo local de fabrico desenvolvido de forma sustentável e sofisticado”, afirmou o vice-presidente da Tesla Robin Ren, em comunicado. A Tesla afirmou antes que a produção em Xangai vai arrancar dentro de dois a três anos após concluída a construção da fábrica e, eventualmente, aumentar para 500.000 veículos por ano.
Hoje Macau EventosArtista José de Guimarães expõe obras de influência africana no Japão [dropcap]A[/dropcap] exposição “José de Guimarães e África”, com obras originais do artista em diálogo com peças da coleção pessoal de arte africana, vai ser inaugurada no sábado, no Japão, anunciou a galeria do artista. De acordo com a Galeria Quadrado Azul, a exposição decorrerá no Ichihara Lakeside Museum, na província de Chiba, no Japão, até 13 de janeiro de 2019. A exposição reunirá obras originais do artista, criadas em vários períodos, em diálogo com diversas peças da sua coleção africana, das etnias Fang e Kota. Esta exposição também comemora os 25 anos da colaboração do artista com a Art Front Gallery, de Tóquio, através de vários projetos de arte pública, nomeadamente Faret Tachikawa, Daikanyama Address, Kushiro Civic Core, Biblioteca Municipal de Miyagi, Tsumari Art Triennale e Setouchi Triennale. O artista, de 78 anos, cuja vida e obra é marcada por viagens pela Ásia, a África e a América Latina, reuniu ao longo de décadas uma vasta coleção sobretudo de arte africana e asiática. Para celebrar a abertura desta exposição no sábado, José de Guimarães fará uma palestra, seguida de um simpósio “Por que a arte africana atrai artistas?” com o professor Ichiro Majima, antropólogo, e Fram Kitagawa, presidente da Art Front Gallery. Em conjunto com a exposição, será publicado o livro “Empty” pela Gendaikikakushitsu Publishers. Inspirado na arte de José de Guimarães, Shuntaro Tanikawa, um dos maiores e mais populares poetas do Japão, segundo a galeria, escreveu um texto sobre a génese humana, para o qual José de Guimarães contribuiu com desenhos.
Hoje Macau Eventos“Torto Arado” do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior vence Prémio LeYa de Literatura [dropcap]”T[/dropcap]orto Arado”, do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior, é o romance vencedor do Prémio LeYa de Literatura, no valor monetário de 100 mil euros, com edição prevista pelo grupo editorial, anunciou hoje Manuel Alegre, que presidiu ao júri. O Prémio LeYa de Literatura é o maior galardão para uma obra inédita escrita em língua portuguesa, e o júri desta 10.ª edição, contou com os novos membros, a escritora angolana Ana Paula Tavares, a jornalista e crítica literária portuguesa Isabel Lucas e o editor, jornalista e tradutor brasileiro Paulo Werneck, que substituíram o escritor angolano Pepetela e os professores e críticos brasileiros José Castelo e Rita Chaves, que saíram. Além do escritor Manuel Alegre, que mantém a presidência do júri desde o início, continuam também a fazer parte Lourenço do Rosário, professor de Letras e ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo, José Carlos Seabra Pereira, professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, e o escritor e poeta Nuno Júdice. O júri reuniu-se na terça-feira e hoje na sede do grupo LeYa, em Alfragide, no concelho da Amadora, nos arredores de Lisboa. Ao galardão candidataram-se, este ano, 348 originais provenientes de 13 países, a maioria, de Portugal e Brasil, embora tenham chegado “obras de países tão diversos como Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, China ou até mesmo da Islândia”, segundo o grupo editorial. No ano passado, o vencedor foi o romance “Os Loucos da Rua Mazur”, de João Pinto Coelho. O galardão foi atribuído pela primeira vez em 2008, ao brasileiro Murilo Carvalho, pelo romance “O Rastro do Jaguar”, e por duas vezes não teve vencedor – em 2010 e em 2016 -, dada a qualidade dos originais a concurso, segundo justificou então o júri. “O Olho de Hertzog”, de João Paulo Borges Coelho, venceu o prémio em 2009, “O Teu Rosto Será o Ultimo”, de João Ricardo Pedro, em 2011, “Debaixo de Algum Céu”, de Nuno Camarneiro, foi o vencedor em 2012, ao qual se sucedeu “Uma Outra Voz”, de Gabriela Ruivo Trindade, em 2013. Em 2014 venceu o romance “O Meu Irmão”, de Afonso Reis Cabral, e, em 2015, “O Coro dos Defuntos”, de António Tavares.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesA estúpida Cistite [dropcap]A[/dropcap]s mulheres sofrem de infecções urinárias, mais do que os homens. Isto não é porque as mulheres têm que pagar pelo pecado original, é um simples mau cálculo fisiológico. As mulheres têm uma uretra que podia estar numa posição e lugar mais conveniente para que não sofressem deste mal, mas pronto, o nosso corpo não pode ser perfeito em cada ângulo ou centímetro. Apercebi-me que nunca utilizei este espaço para falar das estúpidas das cistites quando até é um tópico de importância para o sexo e para a saúde feminina. Acontece, também, que sou uma especialista no tema porque já tive à volta de 25 chatas (e muito dolorosas) infecções. Se não estão convencidos que a fenomenologia da coisa possa trazer alguma sabedoria a ser partilhada, tenho a dizer que também nunca li tantos artigos científicos de medicina – sou detentora de conhecimento de causa. Pensei que era a única no mundo a padecer do mal das estúpidas e recorrentes cistites quando comecei a conhecer mais amigas que estavam na mesma situação, e de amigas passou a colegas ou vizinhas. Umas com situações piores que outras, umas com caixas de antibiótico nas carteiras, porque nunca se sabe quando uma estúpida cistite vai aparecer, – frequentemente dei por mim a pensar porque é que não se fala mais das infecções urinárias? Aparentemente, dizem as estatísticas médicas, é normal uma mulher ter uma estúpida infecção por ano – se tiver três num ano, é melhor procurar um especialista – mas se tiver uma por ano, está dentro da normalidade. Ora, eu não acho normal ter uma infecção urinária por ano, da mesma forma que não é normal as mulheres sofrerem de dores menstruais – por vezes tão intensas quanto um ataque cardíaco – todos os meses. Não vou entrar na batalha que ainda tem que ser travada por mais respeito pela saúde feminina (tanta investigação que diz que os profissionais médicos desconsideram queixas das mulheres…) mas focar-me-ei nas estúpidas cistites. Surpreendentemente ou não, não há grandes veículos informativos que falem sobre estas coisas abertamente e de forma clara e fidedigna. As gentes de outrora alcunharam de cistite da lua-de-mel as infecções urinárias que as mulheres frequentemente tinham depois da noite de núpcias. Isto porque a probabilidade de ter uma infecção 24 ou 48 horas depois de uma relação sexual com o (ou um novo) parceiro é significativa. Há alguma investigação (pouca) feita para perceber o que se pode fazer para evitá-la, mas primeiro uns esclarecimentos: uma cistite pós-coito não é uma IST. Esta acontece porque a fricção genital ajuda a que bactérias que temos naturalmente pelo corpo possam viajar pela uretra feminina, que é pequenina e que está perto de todo o movimento. Podia acontecer o mesmo com os homens, mas eles têm uma uretra de 15cm e as mulheres de 5cm, daí a facilidade da pequena viagem bacteriana. Para evitar a invasão indesejada, há quem diga que não há nada como ir fazer um xixi depois de toda a actividade – golden showers? Estejam à vontade. A melhor forma de prevenir uma infecção, no geral, é fazer muito xixi, porque assim não se criam as condições ideais para as bactérias se multiplicarem dentro da bexiga. Daí também ser problemático segurarmos a urina durante muito tempo – mas enfim, como eu tenho material para escrever uma tese de mestrado sobre isto, não vou prolongar-me. Não é só o sexo que aumenta a probabilidade de uma infecção, espermicidas, por exemplo, podem despoletar uma crise, produtos de higiene feminina muito agressivos, também. As mulheres, principalmente, vão sofrer transformações naturais que as vão tornar mais susceptíveis a estas chatas cistites no pós-menopausa. É preciso ter em atenção também que muitas vezes as inflamações da bexiga têm uma sintomatologia muito semelhante à infecção, mas que não precisam de antibióticos para serem tratadas. E eis que entra em cena o arando vermelho – o cranberry – a baga melhor amiga do sistema urinário! Bastante eficaz no tratamento das inflamações (e não das infecções propriamente ditas, elas precisam sempre de antibiótico) e funcionam muito bem na prevenção de infecções recorrentes. Há mais dicas, mas vou ficar por aqui. A todas as mulheres (e homens) que sofrem de infecções da bexiga, aqui me apresento em solidariedade.
Luís Carmelo h | Artes, Letras e IdeiasOs fins últimos e a pasta medicinal Couto [dropcap]N[/dropcap]os últimos anos do século XX, colaborei com uma universidade de Montréal num projecto sobre o ‘imaginário do fim’. Naquele ambiente de fim de século, emoldurado pelos ecos do ‘mundo pós’ e pelas predições (e perdições) do bug do milénio, aliás antecipadas com o crash da Nasdaq de Março de 2000, o tema era aliciante. Mas nunca desarmou, pois é coisa já com barbas. Falar sobre o “fim” como uma coisa definitiva e absoluta é lembrar um antigo anúncio da pasta medicinal Couto. O homem mordia a cadeira e ela transladava sem parar. Aquilo nunca mais acabava: era pura arte cinética a puxar para o lado da gengiva pós-moderna, como quem diz: fim? Isso é vernáculo medieval. Talvez fosse e com raízes nos grandes desertos. De facto, em certas tribos da Arábia pré-islâmica havia a crença generalizada numa divindade de nome Dahr que fazia da morte a própria razão de ser do humano. Estávamos tramados. Qual elixir, qual Couto, qual quê! Aliás, a revelação do Corão (não é por acaso que significa o “Recitado”) trouxe a estas pobres comunidades um compreensível sentido de libertação de tipo escatológico (afinal havia paraíso e tal e tal…) e combateu ferozmente esse passado. Leia-se, a título de exemplo, a surata XLV/22-23 que é dedicada aos “adoradores” do Dahr: “Eles dizem: Não há qualquer outra vida senão a vida actual”. Curiosamente, Dahr quer dizer, hoje em dia, em Árabe ‘Tempo’ e a forma substantivada da mesma raíz, ad-dahriyyah, quer dizer ‘Ateísmo’. As palavras fazem por vezes de pasta medicinal das culturas, já se vê. Nada mais esclarecedor do que a condenação perpetrada por uma língua natural à memória daquilo que, um dia, ousou ver-se ao espelho como uma espécie de fim consumado. Pondo de lado os anúncios televisivos com meio século de idade e as mini-saias que deambulavam pelas passadeiras da Abbey Road, o facto é que o senhor fim prefere deixar de lado a sua casaca de tecido definido (e absoluto) e adora apresentar-se em palco sob a forma de um tornar-se em qualquer coisa. Adora metamorfoses, transformismos, transgenders, espelhos recurvados e o diabo. As últimas etapas das escatologias e das ideologias, relíquias em massa folhada de outros tempos, cantavam o fado da perfeição como uma espécie de relato de outra vida que se auto-regularia, dilatando, de certa forma, o tempo efémero do presente. Com um Gitanes a queimar-lhe a ponta dos dedos, Jean-Claude Carrière caracterizou a gravidade do fim dos tempos como “la fin de l´insupportable contradiction entre le temps divin (suprême, absolu) et le temps humain (limité, relatif)”[1]. Este esbater de persianas entre o que S. Eisenstadt designou por ordem “transcendente” e por ordem “mundana”[2], uma e outra fabricadas em série durante milénios pelas chamadas civilizações axiais, nunca foi suficiente para que a ideia de fim deixasse de ser representada como uma metamorfose. Algumas formas clássicas de compreender o tempo sempre apostaram nesta estratégia de manutenção do fim, sob a forma de algo, ao mesmo tempo, afastado, controlável e sobretudo durável. Como se a cintura de Kuiper, no extremo do sistema solar, fosse, por isso mesmo, uma coisa sexy: uma esplanada elegante (do género das de Carcavelos) muito lá ao longe, onde, com uma coca-cola light a descer pelo esófago, pudéssemos todos olhar para o cosmos sem que ninguém nos chateasse. Esta congénita dificuldade em clarificar o fim (o fim dos fins… no fim dos tempos) é, porventura, mais um jogo do que uma tentação soft para gáudio do homem que mordia a cadeira com o objectivo de elucidar a eficácia da pasta medicinal Couto. Pessoas respeitáveis (apesar de tudo, caray!) como Heidegger e Borges responderam um ao outro, sentados na esplanada do mano Kuiper e exploraram o assunto laconicamente: o primeiro, ao afirmar que a “finitude do tempo só se torna plenamente visível quando se explicita o ‘tempo sem fim’ para contrapô-lo à finitude”[3]; o segundo, ao afirmar, de modo complementar, que “ninguna de las eternidades que planearon los hombres” (…) “es una agregación mecánica del pasado, del presente y del porvenir. Es una cosa más sencilla y más mágica: es la simultaneidad de esos tiempos”[4]. Conclusão? Bom, a coisa parece estar de feição: a eternidade – material inflamável tipo BD que o nosso cérebro, coitado, processa – não passa de uma espécie de negativo fotográfico à Talbot repleto de iodeto de prata, razão pela qual o senhor fim não pode nunca ser entendido como uma ruptura, uma falha ou um deslizar a pique na direcção da falésia, mas antes como um espaço onde se aprende a conter o tempo (não há nada que não se aprenda). Há, pois, meus amigos, que saber conter o mundo antes de nos virmos, antes de nos deslumbrarmos, antes de voltarmos a tomar o elixir azulinho. Até porque o ‘depois do fim’ (essa fuga para a frente no pardieiro do ‘pós-qualquer coisa’) faz ainda parte daquela esplanada de onde se observa a continuação sine die do relato que está – e estará – sempre em vez do fim. A famosa “semiose ilimitada” proposta por C. Peirce – do que me fui eu lembrar agora! – corresponde a uma teoria em que os fins se convertem sempre noutros fins, prolongando-se indefinidamente na sua própria viagem, que é a viagem do sentido. Não tivesse sido o obscuro exemplo do Dahr pré-islâmico e a própria ideia de fim teria aparecido nesta doce crónica ao sabor de um autêntico “mise en abyme” cultivado pelos humanos, desde que o ‘cagar de pé’ fez a sua solene estreia no planeta Terra. Em última análise, teríamos sempre a pasta medicinal Couto para usar depois (de depois) dos finais do grande e derradeiro flirt. [1] Les questions du sphinx em Entretiens sur la fin des temps, Fayard, Paris, 1998, p. 63. [2] Fundamentalismo e modermidade, Celta, Oeiras, 1997, p. 183. [3] Ser e tempo, Vozes, Petrópolis, 1997, Vol. II, p.125. [4] Historia de la eternidad em Prosa completa, Bruguera, Buenos Aires, 1979, Vol.1, p. 223.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasUm milhão resto zero [dropcap]E[/dropcap]stou realmente divertido e explico-vos: foi dada ao camarada Trump uma oportunidade para se rir com a sua ignorância. Lembram-se do famoso milhão que o pai lhe havia dado, um milhão conta redonda; afinal subtraído dos impostos? Sei de onde picou a lenda, foi do primeiro vigarista que aparece a Lemuel Pitkin, a cândida personagem de Nathanael West, no comboio para New York – da curta e delirante farsa Um Milhão Conta Redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, que Trump há-de ter lido a pensar que versava sobre casinos. Mr. Mape, penteava os cabelos no reflexo dos seus sapatos de janota e contou a Lemuel: «O meu pai deixou-me um milhão, conta redonda, e por isso não preciso de trabalhar». Claro que endrominava Lemuel para lhe esmifrar os parcos trinta dólares que ele tinha no bolso. Todavia, devido ao vício com que Trump pinta as suas histórias, abana com um milhão conta redonda à esquerda e à direita, entre promessas, astúcias e gracejos. Agora, morreu pela boca. Há uns meses, partira os pratos com a senadora democrata Elizabeth Warren porque a loura criatura reivindicava uma origem índia. Trump dobrou o riso e chamou-lhe Pocahontas. O que acintosamente repetiu em várias ocasiões, como quem aponta A Louca da Casa. E num comício em Julho, a infabilidade do seu feeling levou-o ao temerário desafio:”Darei um milhão de dólares, conta redonda, à sua organização de caridade favorita, se ela fizer um exame e demonstrar que é indígena. Tenho a impressão de que ela dirá que não!”, sentenciou. Tivesse o incauto como eu uma filha absolutamente sueca parida por uma mãe indiana e teria pressentido que a genética presta boas partidas. Foi o que lhe sucedeu. A Pocahontas provou a veracidade de sua origem indígena depois de submetida a um teste de DNA que apresenta “forte evidência” de que tem ancestrais nativos. Os resultados confirmam “a existência de um ancestral nativo americano puro”, informa o jornal The Boston Globe. Vai arder o presidente com um milhão, conta redonda. Estou realmente deprimido com o que se passa no Brasil e são dispensáveis as explicações. A irracionalidade e a desinformação galopam para uma calamidade que representará um retrocesso civilizacional. Não se trata unicamente da derrota de um partido ou da repulsa contra o PT, a vitória de Bolsonaro institucionalizará a violência: os comportamentos irracionais que já instalaram o medo e o ódio no país multiplicar-se-ão num “estado de excepção” protegido pelo poder do voto. É presumível que se seguirá um clima de guerra civil e uma repressão geral em nome da segurança, e só tarde demais os ingénuos que queriam sobretudo castigar o PT ao votar contra Haddad descobrirão que há portas que não se devem abrir; de antemão as que permitem que a «besta negra» e o impensado penetrem no nosso condomínio. Vejo duas motivações erróneas para tal descalabro. A primeira prende-se a um aspecto que as democracias se alheiam de discutir e que só uma aposta intensiva no domínio da educação poderá eventualmente atenuar. O relativo desenvolvimento das democracias e o incremento dos media como “quarto poder” foi disfarçando até ao fim do século XX o que o poder das redes sociais destapou e tornou visível: é que não vivemos todos no mesmo tempo histórico. Aquilo que para Walter Benjamin era um sinal de esperança: a saber, que a cada momento se colocaria a hipótese de que a face do presente surpreendesse porque afinal recuperava pontos de vista “derrotados” no passado e reemergidos ao arrepio de uma concepção linear e previsível da História, desencadeando uma lógica do reverso que transmitiria aos movimentos sociais uma maior complexidade e arejava a saturada polarização das narrativas oficiais; essas “anacronias” que segundo Benjamin injectariam na actualidade do presente um factor mais humano – posto que a perspectiva do passado deixa de ser um facto objectivo para passar a ser uma cunha da memória, menos técnica e mais emocional -, essas “anacronias” mostram que podem padecer igualmente de um lado negro. O Brasil é uma sociedade clivada por diversos e inconciliáveis níveis de consciência da realidade e sem um desígnio transpessoal que apazigue as tensões no rasgado tecido da memória histórica. O que separa um votante de Bolsonaro do de um Haddad não é uma mera diferença de opiniões: vivem isolados por antagónicas percepções do seu tempo histórico. O que se observa, por entretenimento, nos risíveis e delirantes grupos no FB que defendem a Terra Plana, toma no plano político perspectivas sombrias e traz à tona anacronismos perigosos para uma época de “relativismo”, de perda de universais e de pensamento débil. Quando não se reforça a educação é o que acontece. A segunda motivação ao lado prende-se com a crédula fulanização com que se associa a corrupção ao PT. O PT ficou evidentemente refém na armadilha do polvo e julgou que só podia fazer passar algumas leis contra o atavismo dos costumes alimentando o monstro, em vez de ter intentado mudar o sistema. Porém, o problema da corrupção é mais endémico do que se julga e continuará com Bolsonaro; o seu governo, que há-de ser fortemente corporativo, só aumentará o problema. Faz anos que Alain Badiou diagnosticou de que modo a corrupção se tornou a lei íntima das sociedades actuais, a sua fissura invisível, e que é para dissimular essa corrupção sistémica que o escândalo aponta aquilo ou aquele que, no fim de contas, não passam de bodes expiatórios. Numa sociedade que tem no lucro o único motor viável para fazer funcionar a sociedade, a corrupção é um seu efeito capilar. O problema prende-se com a orfandade dos valores e é gravíssimo mas não nasce com o PT e julgo aliás que muitos votantes do Bolsonaro não serão contra a corrupção, sentiam-se apenas excluídos da rede. O que tornará mais violento o despertar.
Hoje Macau SociedadeAssédio sexual | Alexis Tam aplaude grupo recém-criado por associação de estudantes [dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura aplaudiu, na terça-feira, a iniciativa da Associação de Estudantes Chong Wa que criou, na semana passada, um grupo para ajudar na prevenção dos casos de assédio sexual. Alexis Tam evitou, porém, tecer comentários sobre a proposta defendida pelo recém-criado grupo para que o crime de importunação sexual passe a ser tipificado como público, em vez de semipúblico, de modo a não ficar dependente da apresentação de queixa por parte da vítima. “Não posso pronunciar-me. Os meus assessores jurídicos vão analisar o assunto, porque está ligado a muitos serviços. Acho que é melhor os Serviços dos Assuntos de Justiça pronunciarem-se”, afirmou, em declarações reproduzidas pela Rádio Macau. Recentemente vieram a público novas denúncias de abuso sexual, alegadamente praticados por um instrutor de música, de 78 anos. Um dos casos diz respeito a duas irmãs, de 8 e 9 anos, reportado pela mãe das alegadas vítimas à Polícia Judiciária (PJ) que, entretanto, o reencaminhou para o Ministério Público. Após ter estalado o caso, que terá ocorrido durante actividades recreativas no Verão, uma jovem denunciou nas redes sociais ter também sido vítima de abusos sexuais por parte do mesmo homem há oito anos. Essa jovem, que não participou a ocorrência à PJ, alegou ter dado conta do episódio a um assistente social em 2016 que, por sua vez, o terá supostamente comunicado à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Em conferência de imprensa, no dia seguinte à publicação da denúncia , a DSEJ garantiu desconhecer por completo o caso. A Associação de Estudantes Chong Wa indicou, no final da semana passada, ter acompanhado um total de oito denúncias de assédio sexual desde o início do ano, contra dez em 2017.
Diana do Mar SociedadeCasinos | Jogo VIP representou 54,29% das receitas no terceiro trimestre do ano Apesar da descida, em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, as grandes apostas continuaram a significar mais de metade das receitas dos casinos, entre Julho e Setembro. Os ganhos gerados pelo segmento de massas continuam a crescer [dropcap]A[/dropcap]s receitas geradas pelo jogo VIP contribuíram para 54,29 por cento do total arrecadado pelos casinos no terceiro trimestre do ano, revelam dados recentemente publicados no portal da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em 2017, a proporção foi de 56,6 por cento, contra 53,29 em 2016, 55,3 por cento em 2015 e 60,4 por cento em 2014 – isto quando chegara a ser superior a 77 por cento. As receitas angariadas nas salas de grandes apostas atingiram 40.092 milhões de patacas entre Julho e Setembro, um valor que reflecte um aumento anual homólogo de 3,6 por cento e uma descida na ordem de 2,2 por cento na comparação trimestral. Já o segmento de massas gerou receitas de 33.746 milhões de patacas – ocupando um peso de 45,7 por cento no total arrecadado pelos casinos –, traduzindo um crescimento de 19,1 por cento face aos 28.314 milhões de patacas apurados entre Julho e Setembro do ano passado. Já em termos trimestrais, sinalizou-se uma subida de 3,2 por cento, segundo os mesmos dados. No ‘ranking’ de todo o sector, depois dos casinos (que representam 99,6 por cento dos proventos) – mas a colossal distância – figuraram as apostas nos jogos de futebol que, ao longo do ano passado, renderam 178 milhões de patacas, ou seja, menos 45 milhões. Seguiram-se as apostas nos jogos de basquetebol, com 45 milhões, que ultrapassaram as das corridas de cavalos, com 19 milhões. Já no caso das corridas de galgos, as contas estão a zeros no terceiro trimestre, dado que a actividade cessou a 30 de Junho, apesar de o Canídromo ter fechado efectivamente portas apenas a 21 de Julho, termo do contrato de concessão de exploração. No primeiro semestre, as receitas das apostas nas corridas de galgos corresponderam 23 milhões de patacas, ou seja, metade do que foi apurado no cômputo do ano transacto. Macau contava, no final de Setembro, com 6.598 mesas de jogo e 17.218 ‘slot machines’ distribuídas por um universo de 41 espaços de jogo, dois quais com o funcionamento suspenso. Exclusões em alta A DICJ publicou também os dados relativos aos pedidos de exclusão de acesso aos casinos que, entre Julho e Setembro, ascenderam a 125, contra os 119 e os 114 registados, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestre. Do total de pedidos apresentados desde o início do ano (358), a maioria foi de auto-exclusão (301), enquanto os restantes foram submetidos a pedido de terceiros (57), segundo os dados divulgados no ‘site’ da entidade reguladora. O número de pedidos de exclusão tem vindo a aumentar paulatinamente. Macau registou, no ano passado, 376 pedidos de exclusão de acesso aos casinos, contra 351 em 2016. Já em 2015 foram 355, em 2014 somaram 280 e 276 em 2013. Ao abrigo da lei, que condiciona a entrada, o trabalho e jogo nos casinos, o director da DICJ pode interditar a entrada em todos os casinos, ou em apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou confirmem requerimento apresentado para este efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2.º grau. A referida lei, que entrou em vigor em 1 de Novembro de 2012, foi entretanto alvo de revisão. O diploma, aprovado na generalidade em Julho, encontra-se actualmente a ser analisado em sede de especialidade na Assembleia Legislativa. A proposta de alteração prevê, entre outros, que os funcionários da indústria de jogo deixem de poder frequentar os casinos fora do horário de expediente. À luz do regime actual, os trabalhadores do principal motor económico de Macau encontram-se apenas proibidos de jogar nos casinos explorados pela respectiva entidade patronal, podendo tentar a sorte nos restantes.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim diz que campos de reeducação em Xinjiang servem para “treinos vocacionais” [dropcap]O[/dropcap]governador da região de Xinjiang, extremo noroeste da China, descreveu terça-feira o internamento massivo de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure como um “sistema de formação” que “salva” do extremismo religioso. Shohrat Zakir admitiu que foi criado um “modelo” que ensina a “língua comum do país, conhecimentos legais e competências profissionais”, e salva os que foram enganados pelo extremismo religioso. As autoridades do Xinjiang transformaram, nos últimos anos, a região num estado policial, através de uma campanha repressiva, que foi reforçada a partir de 2016, quando o secretário do Partido Comunista Chinês (PCC), Chen Quanguo, foi transferido para a região, após vários anos no Tibete. Numa rara admissão pelas autoridades chinesas da detenção extrajudicial de uigures, Zakir afirmou que os centros são destinados a pessoas “influenciadas pelo terrorismo e extremismo, mas apenas suspeitos de delitos menores, que podem assim ser isentos de repressão penal”. A Comissão Executiva para a China do Congresso dos Estados Unidos e organizações não-governamentais denunciaram já o “internamento massivo e arbitrário de até um milhão ou mais de uigures” em campos onde são forçados a criticar o islão e a própria cultura, a aprender mandarim e a jurar lealdade ao PCC. Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Zakir não menciona detenções, mas admite que as instituições mantêm agentes de segurança à entrada. Estilos de vida As declarações de Zakir ilustram a visão de Pequim, na qual grupos étnicos da Ásia Central que habitam Xinjiang devem ser submetidos a uma intensa assimilação da língua, cultura e história da China, e pressionados a adoptar o que o PCC considera um estilo de vida moderno e civilizado. Em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional. Zakir afirmou que os “formandos” participam em actividades culturais e desportivas e que a formação coloca-os no caminho de uma “vida moderna” e torna-os “confiantes no futuro”. Na semana passada, a China criou uma nova lei que permite o uso de centros para “educar e transformar pessoas influenciadas pelo extremismo” religioso. Os esforços de Pequim para legitimar as medidas no Xinjiang surgem numa altura de crescente pressão internacional. No mês passado, a Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que a região devia permitir a entrada de observadores internacionais.
João Santos Filipe PolíticaAssociação Novo Macau à espera de reunião com Chui Sai On Sulu Sou diz que a Novo Macau vai enviar uma carta com opiniões sobre assuntos sociais e políticos ao Executivo a pensar nas Linhas de Acção Governativa e espera ser convidada para um encontro. Contudo, não acredita que seja realmente ouvida [dropcap]A[/dropcap] Associação Novo Macau vai enviar uma carta ao Chefe do Executivo com ideias a integrar as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano. Nesta altura, a Novo Macau ainda não foi convidada para ser ouvida numa sessão com Chui Sai On, à imagem do que aconteceu no ano passado, mas Sulu Sou diz que espera ser convidado, mesmo que as suas sugestões sejam ignoradas. “Vamos enviar as nossas opiniões, que vão abordar assuntos do quotidiano, assuntos sociais, que têm impacto muito directo na vida da população. Também vamos referir as questões mais políticas. Estamos confiantes que à imagem do ano passado, vamos ser convidados para uma sessão com o Chefe do Executivo”, projecta Sulu Sou. Sobre a possibilidade das propostas serem acolhidas pelo Governo, o pró-democrata, que foi eleito para a Assembleia Legislativa com o apoio da Associação Novo Macau, mostra-se descrente. “Não estamos confiantes em ser ouvidos. Eu, pelo menos não estou. Também com base na experiência do passado, quando os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong ainda faziam parte da associação”, revelou. “O Executivo vai ouvir opiniões para as LAG durante 15 dias, é um período muito curto. O que acontece é que as LAG já estão definidas, depois as opiniões apresentadas não são realmente tidas em conta”, acrescentou. Vozes ignoradas Questionado sobre o facto da Novo Macau ser uma associação bastante crítica em relação à actuação do Executivo, e se isso poderá fazer com que seja ignorada, o deputado considera que a acontecer, não será uma desilusão: “Sabemos qual é o nosso papel na sociedade e o que as pessoas esperam de nós. Se não formos convidados, não ficamos desiludidos. Conhecemos bem a atitude do Governo de Macau. Sabemos que têm tendência para ouvir as opiniões que dizem aquilo que eles também defendem”, explicou. “Todos percebemos que o Governo está sempre a dizer que é inclusivo e que tem uma mente aberta para ouvir as opiniões dos cidadãos, mas depois ignoram quem os critica. Isso vê-se muito bem nas actividades em que participam, são sempre das associações que repetem o que eles dizem. É uma prática com muitos anos e não esperamos que mude nos próximos tempos”, frisou. Questão de prioridades Já na terça-feira, quatro associações foram ouvidas pelo Chefe do Executivo para a elaboração das Linhas de Acção Governativa. A primeira foi a Associação Comercial de Macau, que se fez representar pelo presidente Ma Iao Lai. Ao Chefe do Executivo, o patriarca da família Ma defendeu a necessidade de rever as leis laborais com o máximo de urgência, principalmente no que diz respeito ao trabalho em part-time. Depois, foi ouvida a Federação das Associações dos Operários de Macau, que colocou como duas prioridades a melhoria das condições de trabalho e um maior controlo na contratação de trabalhadores não-residentes. Até ao final do dia, foram ouvidas a União Geral dos Moradores de Macau (Kaifong) e a Associação Geral das Mulheres de Macau. A primeira colocou como prioridade as inundações no Porto Interior, a segunda definiu como principal ponto da agenda o papel da mulher na Grande Baía. A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau vai ser ouvida no dia 24 de Outubro. Wong Sio Chak discute segurança À margem das reuniões entre Chui Sai On e as diferentes associações, também o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, esteve reunido com os Kaifong, FAOM e Associação das Mulheres. Contudo, Wong ouviu também a associação ligada a Chan Meng Kam, Aliança de Povo de Instituição de Macau. Nos encontros foi discutido o policiamento do território e a necessidade de uma maior articulação entre polícias e cidadãos.
Andreia Sofia Silva PolíticaProposta de lei do Metro Ligeiro foi aprovada na generalidade A proposta de lei do sistema de transporte do Metro Ligeiro foi aprovada na generalidade. O debate teve como destaque questões relativas à fiscalização da empresa responsável pelas operações, o estabelecimento de tarifas e a possibilidade de expropriações durante as obras [dropcap]F[/dropcap]oi aprovada na generalidade, na passada terça-feira, a proposta de lei do sistema de transporte do Metro Ligeiro com 30 votos a favor e um contra, do deputado pró-democrata Ng Kuok Cheong. O debate que marcou a abertura da sessão legislativa foi pautado pelas dúvidas dos deputados acerca da fiscalização da empresa que será responsável pelas operações do Metro Ligeiro. O deputado Sulu Sou começou por pedir ao secretário para os Transportes o Obras Públicas, Raimundo do Rosário, esclarecimentos sobre a relação entre o Governo e o MTR Corporation Limited, assim como a possibilidade de criação de uma empresa pública. “Qual é a função de exploradora? Queria que me dissesse o que é isto. Disse que ia criar uma empresa de capital público e, entretanto, foi feita a concessão à empresa de Hong Kong”. Recorde-se que a MTR Corporation Limited vai ser a empresa responsável pelas operações do Metro Ligeiro nos primeiros cinco anos de funcionamento, tendo a seu cargo também a reparação e manutenção dos comboios, dos sistemas de sinalizações e das instalações das infra-estruturas. Já Ip Sio Kai quis saber “quem vai assumir as devidas responsabilidades no futuro se é uma empresa criada pelo Governo ou a MTR”. Para o deputado eleito por sufrágio indirecto, este ponto não está esclarecido. Segundo Raimundo do Rosário, há que distinguir empresa pública e MTR. O secretário defendeu perante o hemiciclo que para operar o sistema a melhor opção é o recurso a serviços de uma empresa concessionária, tal como foi feito. “É melhor não ser um serviço público a fazer isto. Uma concessão é mais flexível e mais simples para servir a população e quando nos referimos a operadora estamos a referir a companhia concessionária”. O secretário referiu ainda que se trata de uma situação idêntica à que existe com o sector da electricidade, através da CEM. No que diz respeito à forma como a fiscalização aos serviços da MTR vão ser feitos, o secretário mostrou-se disponível para debater a matéria na discussão da proposta na especialidade, onde vai “adoptar uma postura de abertura”, adiantou. Consequências selectivas As sanções a aplicar à concessionária não estão bem definidas no diploma. A questão foi levantada pelo deputado Leong Sun Iok, que considera que o regime sancionatório da proposta de lei abrange apenas os seus utilizadores. “Nesta proposta só temos sanções para os passageiros e relativas à comunicação de acidentes por parte da operadora fora do prazo devido, sendo que não consegue “ver muitas normas que regulam as responsabilidades da operadora”, acrescentou. O deputado deu ainda como exemplo o que se passa em regiões vizinhas, onde é claro que se “a exploradora não consegue atingir o mínimo do que é definido pelos contratos é sancionada.” Raimundo do Rosário esclareceu que as sanções a aplicar à operadora em caso de incumprimento não são matéria da proposta, mas sim do contrato que é estabelecido com a empresa. “As multas devem constar no contrato com a concessionária e não na proposta de lei”, afirmou. Lucros nulos Raimundo do Rosário admitiu ainda que a empresa concessionária do sistema de Metro Ligeiro não vai ter lucros, até porque as tarifas não conseguem cobrir os custos. Por outro lado, as estações que foram projectadas até ao momento não permitem a criação de serviços. “Nas estações não há lugar para criar cafés ou outras lojas. No futuro, vai haver dificuldades financeiras”, afirmou justificando a necessidade de apoios do Governo. No entanto, de acordo com o secretário, as próximas estações de metro a serem projectadas já vão ter mais espaço de modo a possibilitar o funcionamento de estabelecimentos comerciais. Acerca da possibilidade de expropriação prevista na proposta de lei, Raimundo do Rosário esclareceu que “há que prever isto na lei porque pode haver esta possibilidade. Macau tem uma lei da expropriação, mas nunca foi utilizada”, disse em resposta às dúvidas levantadas por Agnes Lam. Raimundo do Rosário garantiu ainda que nos projectos dos futuros trajectos, “não haverá demolições”. Na votação, Ng Kuok Cheong foi o único deputado a votar contra a proposta. Para o pró-democrata, “a construção do Metro Ligeiro levantou muitos problemas em todo o processo e a linha da Taipa só vai ter prejuízo e não lucro”, justificou, acrescentando que “a uma proposta destas só pode dar cartão vermelho”. Contudo, o deputado admitiu que é um diploma necessário neste momento, até porque está prevista a abertura da linha da Taipa já no próximo ano. Na reunião plenária foram ainda aprovadas as propostas de lei relativas à “determinação de não vigência de leis e decretos-leis publicados entre 1988 e 1999” e da actualização dos índices mínimos das pensões de aposentação que passam de 70 para 90 e de sobrevivência dos funcionários públicos, que passam de 35 para 60.
Sofia Margarida Mota PolíticaLeong Sun Iok quer colaboração com a China nas obras públicas locais [dropcap]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok sugere que se aproveitem as actuais políticas de integração regional para melhorar a qualidades das obras públicas locais. Para o legislador, as infra-estruturas de Macau não têm acompanhado o desenvolvimento social do território “e as obras públicas têm sempre atrasos, derrapagens orçamentais, problemas de qualidade, etc.”, referiu terça-feira durante o período de intervenções antes da ordem do dia na reunião plenária que abriu mais uma sessão legislativa. A Zona A dos Novos Aterros, as obras do terminal marítimo do Pac On , o Metro Ligeiro, o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, o murete contra inundações que o Governo pretende construir, a quarta ligação entre a Taipa e Macau, e os diversos projectos de habitação pública, foram exemplos apresentados pelo tribuno como reflexo da incompetência do Governo. Segundo o deputado ligado à FAOM, a situação “não só afecta o prestígio da governação, mas também impede a melhoria da vida da população e o desenvolvimento da sociedade”. Incapacidade reconhecida Reconhecendo que Macau precisa de ajuda, Leong apelou ao Executivo que faça uso da cooperação regional. “A Província de Guangdong anunciou, este ano, as prioridades da implementação do Acordo-Quadro de Cooperação Guangdong-Macau, nas quais se referem o reforço da cooperação e intercâmbio na construção civil”. Como tal, o deputado entende que face à tendência do desenvolvimento da cooperação regional, “Macau pode aproveitar a plataforma de cooperação regional para elevar a qualidade e eficácia das obras públicas locais”. Aliás, a eficácia da solidariedade institucional já se pode constatar com a construção do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau: “com uma área de construção superior a 600 mil metros quadrados, teve início em Dezembro de 2016 e atingiu o objectivo básico de conclusão após cerca de um ano de execução, com a inauguração da iluminação em 18 de Dezembro de 2017”, disse, justificando a necessidade de continuação deste tipo de colaboração.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaDeputados pedem rapidez no alargamento de licenças de maternidade Lei Chan U e Wong Kit Cheng apelaram ao Governo que se apresse na revisão legislativa que irá estabelecer o aumento das licenças de maternidade e de paternidade. Ambos dão como exemplo Hong Kong, que já anunciou a intenção de alargar estes benefícios sociais [dropcap]L[/dropcap]ei Chan U e Wong Kit Cheng insistem no aumento das licenças de maternidade tendo em conta o exemplo de Hong Kong, onde a Chefe do Executivo Carrie Lam anunciou a intenção de aumentar o período de licença de 10 para 14 semanas. De acordo com o deputado ligado à FAOM, as trabalhadoras da função pública locais têm direito a 90 dias de licença de maternidade, “o que tem sido invejável para as trabalhadoras em geral, e mais favorável do que os 70 dias de licença de maternidade das funcionárias públicas de Hong Kong”, começou por dizer durante o período de intervenções antes da ordem do dia que marcaram a abertura da sessão legislativa, na passada terça-feira. No entanto, a região vizinha está a mudar: além do aumento de 10 para 14 semanas, previstas na apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Governo de Hong Kong propõe pagar às empresas as quatro semanas adicionais da licença de maternidade, acrescentou o legislador eleito por sufrágio indirecto. Para Lei Chan U, “a revisão da lei das relações laborais de Macau parece ter como objectivo corresponder ao definido no diploma similar de Hong Kong, mas em Hong Kong já se deu um passo firme na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, o que não só faz com que Macau fique para trás nesta matéria como aumenta, mais uma vez, a diferença entre os dois territórios em termos destes direitos”. O legislador reconhece que a revisão da lei das relações de trabalho não agrada a todas as partes envolvida. Ainda assim, a legislação deve ter em conta as necessidades da população. Rédeas nas mãos A opinião foi partilhada por Wong Kit Cheng, que apontou a obrigação do Executivo em liderar a reforma da lei das relações laborais, até porque “está em causa, acima de tudo acelerar a revisão das licenças de maternidade e de paternidade”. Wong recorda que o Governo está a recolher opiniões da população e dos diversos sectores sociais para o Relatório das LAG para 2019, e dá igualmente o exemplo da região vizinha, sendo que “ao saber desta medida a população local tem se questionado: Em Macau, quando aumentam as licenças de maternidade e paternidade remuneradas?”, perguntou. Por outro lado, quanto à revisão da lei, “em 2016, o secretário para a Economia e Finanças já afirmou ter uma calendarização, mas passaram-se quase dois anos e isso ainda não aconteceu”, disse. A deputada teme também que os desequilíbrios entre as regiões aumentem e apela a uma “rápida e eficiente acção do Governo”. Wong Kit Cheng deu como exemplo a seguir o que tem sido feito pelas concessionárias do jogo, que aumentaram os dias da licença de maternidade remunerada e criaram a licença de paternidade no presente ano.
João Luz China / ÁsiaHWR pede libertação de crianças uigures detidas em orfanatos A Human Rights Watch exige a libertação das crianças da etnia uigur que se encontram detidas em orfanatos em Xinjiang depois dos pais terem sido detidos “arbitrariamente” pelas autoridades chinesas. A organização de defesa dos direitos humanos defende que os menores devem ser devolvidos às famílias, em vez de permanecerem em instituições do Estado [dropcap]A[/dropcap] opressão sobre a minoria muçulmana uigur continua a ganhar novos contornos. Segundo notícias veiculadas pela Associated Press e pelo Financial Times, as autoridades chinesas estão a levar a cabo uma campanha de separação de crianças uigur das famílias, e a interná-las em instituições estatais, quando os pais foram detidos ou enviados para campos de reeducação. Em Setembro passado, a Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório a detalhar um caso de detenções em massa na região de Xinjiang. Estima-se que cerca de um milhão de muçulmanos estejam detidos em campos de reeducação e que um número indeterminado de indivíduos se encontrem em prisões ao abrigo da política de combate ao terrorismo movida pelo Governo chinês. “As autoridades chinesas estão a colocar em instituições estatais filhos de presos políticos da região de Xinjiang, com total crueldade”, comenta Sophie Richardson, responsável pelos assuntos chineses da HWR. “Esta campanha faz parte de um perverso programa governamental que retira crianças de origem muçulmana das suas famílias em nome do seu bem-estar”, reforça a dirigente da organização internacional. Em Novembro de 2016, o secretário do Partido Comunista Chinês de Xinjiang, Chen Quanguo, ordenou às forças de autoridade o envio de todos os órfãos uigur para instituições públicas até 2020, uma medida inserida num plano mais alargado para o território situado na parte noroeste da China. As directrizes partidárias compreendem a “concentração” de órfãos, que anteriormente viviam em “condições miseráveis”, incluindo sob a alçada da própria família, em instituições do Estado de forma a “melhorar as condições de vida”. É de salientar que um órfão é definido como “uma criança que perdeu os pais, ou que tem os pais em parte incerteza”. Em algumas partes de Xinjiang, esta definição inclui crianças cujos progenitores se encontram ambos detidos em campos, ou presos. Infância perdida Desde que foram implementadas as políticas regionais de Xinjiang, em Janeiro de 2017, as autoridades locais são encorajadas a “canalizar” órfãos para orfanatos públicos, mesmo que isso signifique encher todas as camas, ou ampliar e construir mais instalações. De acordo com relatos publicados em meios de comunicação social, alguns destes novos equipamentos têm capacidade para receber mais de uma centena de crianças. O objectivo do Governo local de Xinjiang é aumentar a ocupação dos orfanatos e a taxa de institucionalização de órfãos de 24 por cento para 100 por cento, entre 2017 e 2020. Ao mesmo tempo que os políticos locais descrevem os alvos destas medidas como “aqueles que desejam ser institucionalizados”, não fornecem qualquer detalhe quanto à forma como estes dão o seu consentimento. No fundo, não é claro se quem dá permissão são as próprias crianças, os pais ou a restante família. Também não existem informações sobre qual o departamento governamental que toma esta decisão, quais os procedimentos a respeitar para determinar o consentimento, ou se estas decisões podem ser contestadas. Um relatório produzido por autoridades de uma localidade não especificada pela HWR, datado de Setembro de 2017, declarava que as crianças podiam ficar à guarda de familiares se estes não as quisessem enviar para orfanatos. No entanto, outras zonas de Xinjiang receberam ordens para preencher quotas bem mais ambiciosas. No condado de Jimsar, foi ordenado às autoridades o envio de pelo menos 30 órfãos para instituições estatais até Outubro de 2017. Já no condado de Xinyuan, as ordens oficiais eram para institucionalizar 60 órfãos até Dezembro de 2017, ou sofrer as consequências impostas em caso do número mínimo não ser cumprido. Aliás, na Prefeitura Autónoma mongol de Bayingolin, um documento oficial dava conta das dificuldades em cumprir as metas exigidas. “Os cuidadores das crianças são familiares, como avós, e não estão dispostos a entregar as crianças às instituições. Tanto os menores como os familiares que os têm à sua guarda, não são favoráveis a uma separação de longo-prazo e não encaram os orfanatos como lugares seguros ou de confiança”. Questão legal De acordo com o relatório da HRW, o artigo 4 da lei chinesa de adopção define a orfandade como “um menor de 14 anos que tenha perdido os pais, que não os consiga encontrar, ou cujos pais tenham especiais dificuldades que os impossibilitem de cuidar dos filhos”. No artigo 43 da lei que regula a protecção de menores é estabelecido que os orfanatos sob a alçada do Ministério dos Assuntos Civis têm a responsabilidade para cuidar dos órfãos. No entanto, a legislação não dá autoridade ao Governo para retirar crianças às respectivas famílias, nem estabelece um conjunto de procedimentos legais para tal efeito. Esta medida representa apenas mais um assalto na ofensiva sistemática das autoridades contra as comunidades uigur de Xinjiang. Nas escolas foram proibidas, há muito tempo, o ensino religioso e foi promovida, oficialmente, a marginalização progressiva dos dialectos e a promoção do mandarim. Além disso, todas as práticas religiosas islâmicas foram restringidas ao máximo. Ainda em termos legais, importa referir que a China ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança, que tem logo no preâmbulo o reconhecimento da família como o ambiente natural para a crescimento e bem-estar da criança. O tratado internacional estabelece no Artigo 9, nº 1, que “os Estados Partes garantem que a criança não é separada de seus pais contra a vontade destes, salvo se as autoridades competentes decidirem, sem prejuízo de revisão judicial e de harmonia com a legislação e o processo aplicáveis, que essa separação é necessária no interesse superior da criança”. Esta norma é necessária em casos que envolvam abuso ou negligência dos pais. Em último caso Mesmo quando é necessário providenciar uma alternativa para cuidar dos menores, a prioridade deve ser dada aos membros mais próximos da família. O relatório da HRW refere ainda que a remoção de uma criança da sua família deve ser uma medida de último recurso e deve ser, sempre que possível, temporária e de duração o mais curta possível. Outro aspecto que a organização de direitos humanos reforça é a necessidade das autoridades respeitarem o direito de um menor, capaz de formar as suas próprias opiniões, de ser ouvido, livremente, em todas as matérias que possam afectar a sua vida. A vontade do menor deve ser tida em consideração de acordo com a idade e grau de maturidade. Em caso de necessidade incontornável de institucionalização, o menor deve ficar num local o mais próximo possível da sua residência, de forma a facilitar o contacto, e a possível reintegração, na família. Outros aspectos a ter em consideração são a disrupção mínima da educação, cultura e vida social da criança. À medida que foram publicadas informações, nos últimos meses, sobre violações sistemáticas e em massa dos direitos humanos em Xinjiang, as Nações Unidas e vários Governos expressaram publicamente preocupações sobre as políticas chinesas de repressão a que estão a ser submetidos os muçulmanos de etnia uigur. Aliás, os Estados Unidos estão a considerar a imposição de sanções a várias entidade e pessoas com cargos oficiais em Xinjiang. Além disso, países como a Alemanha e a Suécia suspenderam, temporariamente, a deportação de membros da comunidade uigur para a China. Apesar da repressão amplamente divulgada, a HWR tem esperança que como este último atropelo aos direitos humanos mexe com a vida de crianças, a comunidade internacional se manifeste, em uníssono, e pressione Pequim a mudar de rumo imediatamente.
João Santos Filipe Manchete SociedadeResort “Lisboeta” recorda a Macau antiga e vai custar cinco mil milhões de dólares de Hong Kong Os elementos das construções mais icónicas do Rei do Jogo, como o Hotel Estoril, Lisboa e Macau Palace, vão juntar-se no novo projecto de Arnaldo Ho para homenagear o pai e mostrar aos turistas como era a cidade nos anos 60 e 70 [dropcap]C[/dropcap]hama-se Lisboeta, vai custar cinco mil milhões de dólares de Hong Kong e abre em 2020. O novo hotel de 4 estrelas que o empresário Arnaldo Ho vai construir no Cotai em memória do pai, Stanley Ho, é inspirado na estética dos hotéis Estoril, Lisboa e Macau Palace. O objectivo é mostrar aos turistas como era Macau nos anos 60 e 70, no auge dos projectos de Stanley Ho, e ao mesmo tempo recordar aos residentes os hotéis que transformaram a cidade no Mónaco do Oriente. “Quando olhei para o Cotai considerei que faltavam elementos de Macau. Por isso, procurei inspiração nos maiores feitos do meu pai, como a construção dos hotéis Estoril, Lisboa e Casino Palace, e decidi que queria levar estes elementos clássicos para o Cotai. É uma grande honra para mim poder levar estes elementos do passado, característicos dos projectos do meu pai, para o futuro”, disse Arnaldo Ho, director da empresa Macau Theme Park and Resort (MTPR), na apresentação do projecto. “O nome Lisboeta tem dois significados, por um lado representa a ligação profunda entre Lisboa e Macau, por outro é a ligação entre a nossa marca e os nossos patronos. Nesta perspectiva, o Lisboeta é um projecto dedicado às pessoas de Macau, que manifestam a cultura e a herança do território”, explicou. Com uma área de 141 mil metros quadrados, o Lisboeta vai reproduzir o famoso Mural do Hotel Estoril, e vai ter uma réplica do Macau Palace, que em 1974 surgiu no filme James Bond: O Homem da Pistola Dourada. Este é um dos temas do projecto, que tem outra abordagem: a Macau do futuro. Com a conjugação destes dois temas, Arnaldo Ho espera atrair visitantes e turistas para o hotel com cerca de 820 quartos. Sem jogo… para já Ontem, Arnaldo Ho afirmou que, por enquanto, o Lisboeta não vai ter mesas de jogo. Porém, vai ter uma ponte pedonal a ligar a unidade hoteleira ao casino da Sociedade de Jogos de Macau, Grand Lisboa Palace, que deverá abrir até ao final de 2019. De acordo com o empresário e filho de Stanley Ho e Angela Leong, há igualmente negociações com o Governo, e com as operadoras, para tentar obter autorização para instalar mesas de jogo no Lisboeta. Contudo, Ho mostrou-se confiante que os hotéis decorados pela marca de cosmética L’Occitane, ou com os desenhos animados Line Friends são um argumento forte para atrair famílias. Outra aposta do director da MTPR são os elementos não-jogo como um cabo para zip-line, entre as torres do hotel, os túneis de vento para skydiving e ainda as salas de cinemas, geridas pela Emperor Entertainment. Adeus, Hello Kitty Arnaldo Ho, na apresentação do resort Lisboeta | FOTO: Bobby Yip/REUTERS O Hotel Lisboeta vai ficar numa parcela do terreno que tinha sido entregue a Angela Leong para a construção de um parque temático. Chegou a ser avançado um projecto que teria como tema o desenho animado Hello Kitty, mas a ideia não se concretizou. “Enquanto os outros hotéis tiveram como limite de construção em altura entre 120 e 160 metros, nós só fomos autorizados a construir até 60 metros”, revelou Arnaldo Ho. “Vamos manter-nos em contacto com o Governo e esperamos que no futuro nos permitam construir o parque temático”, frisou. A construção de um hotel foi ainda explicada com o facto da empresa ter feitos estudos de mercado que indicavam que o projecto não ia singrar em Macau.
Diana do Mar Manchete SociedadePonte Hong Kong-Zhuhai-Macau abre na próxima terça-feira [dropcap]É[/dropcap] oficial. A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai ser oficialmente inaugurada na próxima terça-feira, dia 23, anunciou ontem o Gabinete de Ligação da República Popular da China em Hong Kong, segundo o South China Morning Post. A inauguração da ponte, com uma extensão total de 55 quilómetros que a transforma na maior travessia sobre o mar do mundo, tem lugar nove anos depois do lançamento da primeira pedra. A cerimónia vai ter lugar em Zhuhai e, segundo o mesmo jornal, há rumores que apontam para a possibilidade do Presidente da China, Xi Jinping, marcar presença, embora seja improvável que visite Macau ou Hong Kong. A Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK) avança também a hipótese de o vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng ser outro dos convidados de honra.