Hoje Macau China / ÁsiaBrasil | Michel Temer cancela pela segunda vez uma deslocação oficial à Ásia [dropcap style’circle’] O [/dropcap] Presidente do Brasil, Michel Temer, cancelou pela segunda vez uma deslocação oficial que estava programada para Maio a vários países do sudeste asiático. Michel Temer tinha previsto visitar, entre os dias 7 a 14 de Maio, Singapura, Tailândia, Indonésia e Vietname. A primeira viagem, que chegou a estar prevista para Janeiro, foi cancelada porque o chefe de Estado brasileiro enfrentava problemas de saúde. Michel Temer, de 77 anos, havia sido hospitalizado um mês antes para corrigir um problema urinário após fazer uma cirurgia à próstata e uma angioplastia em três artérias coronárias. Desta vez, fontes do Palácio do Planalto alegaram que o Presidente precisou de adiar a deslocação porque nas próximas semanas vai “concentrar-se” na “agenda legislativa” do país. As mesmas fontes acrescentaram que a viagem será feita mais tarde, mas, por enquanto, não há uma data definida. A decisão de cancelar pela segunda vez uma deslocação ao sudeste asiático coincide com o aparecimento de novas informações sobre uma investigação contra o chefe de Estado brasileiro. O jornal Folha de São Paulo publicou na passada sexta-feira que há suspeitas de que Michel Temer branqueava dinheiro de suborno através da compra de bens adquiridos em nome da mulher e do filho, de 9 anos. Dinheiro branco Perante esta notícia, o Presidente fez uma declaração à imprensa em que protestou contra a investigação, que classificou de “mentiras” que afectaram a sua honra e a da família. Actualmente, a Polícia Federal do Brasil está a investigar se um decreto sancionado pelo Presidente para o sector dos portos beneficiou a empresa Rodrimar e se a mesma empresa pagou suborno para o partido de Temer, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mudar esta lei. A abertura da investigação contra Michel Temer foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Setembro de 2017 a pedido do antigo procurador-geral do Brasil Rodrigo Janot, que acusou o Presidente de actos de corrupção em duas ocasiões. Em ambas as ocasiões o Congresso, responsável por decidir se deve ou não abrir um julgamento contra um Presidente com mandato em exercício, rejeitou as acusações impedindo a abertura dos processos contra Michel Temer.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Taipé afirma que não vai ceder à pressão de Pequim [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] Presidente de Taiwan afirmou ontem, numa cerimónia militar, que a ilha não vai ceder “à pressão de Pequim”, na sequência do corte de relações diplomáticas entre Taipé e a República Dominicana. O Gabinete da Presidência de Taiwan instou a China a “suspender de imediato” todas as acções que afectem negativamente as relações bilaterais e a paz e a estabilidade na região. Taiwan acusou a China de prejudicar “a paz e a estabilidade” da região, num momento em que na península coreana se procura a reconciliação através do diálogo, de acordo com um comunicado. Pequim está a aumentar a intimidação militar e a manipular a política de “uma só China” para obrigar Taipé a aceitá-la, e as suas acções “aumentaram as tensões no estreito de Taiwan”, indicou a Presidência, o que na opinião das autoridades da ilha “não deve ser o comportamento de uma parte interessada responsável”. Taipé disse que “lamenta profundamente” a decisão da República Dominicana de reconhecer a China, mas não cederá à ameaça ou à pressão de Pequim. “O Governo não cederá à pressão de Pequim, e fará tudo o que é possível para salvaguardar os interesses da nação, defender a soberania e a dignidade da República da China (Taiwan) e trabalhar com amigos da comunidade internacional para garantir a paz e a estabilidade regionais”, segundo o comunicado. Deputados da oposição e peritos afirmaram que a pressão diplomática chinesa vai continuar até que a Presidente Tsai rejeite o “consenso de 1992”, o que significa aceitar que a ilha é parte da China. “É de esperar que a China continue a conquistar aliados de Taiwan até que haja um sinal de mudança na posição da Presidente”, disse a professora do Instituto da América Latina da Universidade Tamkang, Elisa Wang. Outros especialistas consideraram que a China não vai lançar uma campanha para conquistar muitos dos 19 aliados diplomáticos de Taipé, mas poderá tentar que o Paraguai, ou outro país de maior importância económica ou estratégica, deixem de reconhecer Taiwan. Sem efeito Nas últimas semanas, Taipé entregou ajuda à República Dominicana no valor de 29 milhões de euros, dois helicópteros, 90 camiões militares e 100 motociclos, para consolidar os laços bilaterais, lembrou na edição de ontem o diário Jinji Ribao. Em conferência de imprensa, na manhã de ontem, em Taipé, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Joseph Wu, anunciou o fim das relações diplomáticas com a República Dominicana “para manter a dignidade nacional” e “a suspensão imediata de todos os projetos de cooperação e ajuda”. O ministro atribuiu a responsabilidade pela ruptura à China e às ofertas de “incentivos financeiros”, promessas de investimento e ajuda ao país das Caraíbas, destinadas a levar ao corte diplomático com Taiwan. Em Pequim, o chefe da diplomacia da República Dominicana, Miguel Vargas, anunciou o fim das relações diplomáticas com Taiwan, em conferência de imprensa, na presença do homólogo chinês, Wang Yi. “Anunciamos à nação dominicana que decidimos estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China, com a convicção de que esta decisão será extraordinariamente positiva para o futuro do nosso país”, declarou o executivo, em comunicado. O acordo foi formalizado em Pequim, na segunda-feira, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros dominicano, Miguel Vargas. Ao mesmo tempo, o consultor jurídico do Governo dominicano, Flavio Dario Espinal, fazia o mesmo anúncio no palácio da presidência, em Santo Domingo. Dario Espinal disse que o Governo dominicano apoiava, a partir de agora, o princípio de “uma só China”, passando a reconhecer Taiwan como parte do país. “A República Dominicana reconhece que, no mundo, existe apenas uma única China e Taiwan é parte inalienável do território chinês”, de acordo com o comunicado, que agradece a Taipé a cooperação mantida ao longo dos anos e a realização de numerosos programas. Mas “a história e a realidade socioeconómica obrigam agora a uma mudança”, indicou. “O Governo está confiante de que a nova situação resultante desta decisão será gerida da forma mais construtiva e mais harmoniosa possível”, referiu o comunicado. Reacção em cadeia Com esta ruptura, Taiwan mantém apenas 19 aliados, dez dos quais na América Latina e Caraíbas. Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe cortou as relações diplomáticas com Taipé e passou a reconhecer Pequim. Na mesma altura, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu dar protagonismo à ilha, com um telefonema a Tsai Ing-wen, o que agravou o relacionamento entre Pequim e Taipé. Depois da vitória de Tsai nas presidenciais, Pequim interrompeu as negociações e contactos oficiais com Taipé, enviou navios e aviões militares para zonas mais próximas da ilha Formosa, e tem procurado isolar o Governo de Tsai. O Vaticano, único Estado europeu com relações diplomáticas com Taiwan, está a negociar uma aproximação com Pequim, o que pode resultar numa mudança de apoio. O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes.
Victor Ng Manchete Sociedade1º de Maio | Recusada entrada em Macau a manifestante ligado ao Pearl Horizon Kou Meng Pok, líder dos lesados do Pearl Horizon, denunciou ontem a recusa de entrada de um manifestante que queria participar nos protestos do Dia do Trabalhador, mas, de acordo com o dirigente, terão ocorrido mais casos. As autoridades policiais recusaram comentar o caso [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] habitual manifestação que celebra o 1º de Maio, Dia do Trabalhador ficou marcada pela alegada recusa de entrada de uma pessoa na fronteira, que tinha como intenção marcar presença no protesto ao lado dos lesados do Pearl Horizon. O caso foi ontem denunciado por Kou Meng Pok, presidente da União dos Proprietários do Pearl Horizon e ex-candidato às eleições legislativas. Uma mulher acompanhou o líder dos lesados no protesto, tendo dito que é casada com o homem que, alegadamente, foi impedido pelas autoridades de Macau de entrar no território. O indivíduo em questão é residente de Hong Kong, mas não foi esclarecido se a tentativa de entrada na RAEM se fez pelas Portas do Cerco, ou pela via do terminal marítimo. Em resposta a este caso, o comissário da Divisão de Relações Públicas da Polícia de Segurança Pública (PSP), Lei Tak Fai, não quis fazer comentários por se tratar de um caso isolado, tendo acrescentado que a verificação de documentos de identificação é um trabalho regular que é feito pelos serviços policiais. A PSP limita-se a autorizar, ou não, a entrada dos visitantes no termo da lei, acrescentou. Sobre o número de manifestantes, Kou Meng Pok disse que, apesar de ter comunicado às autoridades a previsão de cinco mil manifestantes, e uma vez que houve algumas proibições de entrada no território, restaram apenas 600 ou 700 pessoas contabilizadas pelos protestantes. Contudo, e de acordo com a PSP, a causa do Pearl Horizon levou para as ruas apenas 520 pessoas. Um dos manifestantes ligado ao grupo de lesados do Pearl Horizon, de apelido Wang, contou ao HM que perdeu o emprego pela participação nas reuniões e nas manifestações, devido ao elevado número de dias de férias tiradas. Relativamente à reunião com os membros do Governo, o manifestante disse estar preocupado por considerar que não está garantido o acesso às casas nas quais investiram as suas poupanças. O lesado não se mostrou optimista face às declarações dos governantes, nomeadamente os secretários e o Chefe do Executivo, que afirmaram quererem tratar o caso de acordo com a lei. Além dos lesados do Pearl Horizon, a manifestação do 1º de Maio contou também com a presença dos trabalhadores do jogo, representados pela Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, liderada por Cloee Chao. Participou também a associação que tem vindo a defender o regresso dos “filhos maiores” do continente para Macau. Lembrar Li Keqiang Durante o protesto, Kou Meng Pok voltou a falar da importância de ter acesso às casas do edifício Pearl Horizon, cuja construção foi suspensa devido ao fim do prazo de concessão do terreno. O dirigente associativo chegou mesmo a citar o primeiro-ministro chinês. “O primeiro-ministro Li Keqiang disse que os contratos não se podem tratar como papéis que vão para o lixo. Por isso, o Governo deve valorizar os nossos contratos”, adiantou, tendo revelado algum optimismo depois do último encontro com o Executivo, ocorrido a semana passada. Kou Meng Pok disse esperar que esta reunião seja o reflexo de um bom início, mas continua a estar preocupado com eventuais respostas insatisfatórias. Nesse caso, o líder dos lesados do Pearl Horizon referiu que vão levar o caso a Zhang Xiaoming, director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau em Pequim. Ai os salários Cloee Chao, representante dos trabalhadores dos casinos, liderou o protesto que culminou na entrega de duas cartas ao Chefe do Executivo, assinadas por duas mil pessoas que pedem um aumento salarial na ordem dos seis por cento. De acordo com a dirigente, a actualização dos salários tem como objectivo acompanhar a taxa de inflação. A outra carta pede uma melhoria das regalias dos funcionários do jogo. “Desde a liberalização dos casinos que as operadoras de jogo não cumpriram as promessas que fizeram na altura do concurso público”, disse Cloee Chao, que alertou para uma redução das regalias nos últimos anos. A presidente da associação pede que o Governo intervenha no sentido de garantir mais aberturas de licenças de jogo que beneficiem a população. “As pessoas têm medo de entrar nos casinos para trabalhar por causa do fumo passivo e porque há falta de pagamento de subsídios para quem faz turnos nocturnos. Mesmo que sejamos insultados ou agredidos pelos clientes, os chefes pedem que continuemos o trabalho.” Foto: Sofia Margarida Mota No total, participaram 600 pessoas neste protesto ligado à indústria do jogo. Um dos manifestantes contou ao HM que as regalias têm, de facto, vindo a diminuir. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o terceiro grupo está ligado à Associação dos Pais dos Filhos Maiores, tendo participado apenas quatro pessoas. Foram entregues quatro cartas endereçadas ao Governo e Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau para realizar o desejo de trazerem para Macau os filhos que deixaram no continente. No total, a PSP enviou 250 agentes para as ruas para garantir a ordem dos protestos, que decorrem sem incidentes entre o bairro do Iao Hon e a sede do Governo. 1º de Maio | Redes Sociais celebram “Pai dos Cheques Pecuniários” A imagem do jornal Apple Daily com o alegado polícia que terá feito disparos em 2007, durante as manifestações do 1º de Maio, circulou ontem em vários grupos da rede social Facebook. Como a entrada em vigor dos cheques pecuniários aos residentes aconteceu depois das manifestações do Dia do Trabalhador, vários internautas apelidaram o polícia de o “Pai dos Cheques Pecuniários”.
Andreia Sofia Silva EventosFAM | Dóci Papiaçám di Macau apresentam “Que é do Tacho?” [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] nomeação de Macau como cidade criativa da gastronomia da UNESCO foi o mote para o grupo de teatro em patuá, liderado por Miguel de Senna Fernandes, abordar as situações cómicas que acontecem quando não se domina a essência da comida macaense. A suspensão do deputado Sulu Sou foi um tema que chegou a ser ponderado para ser transporto para o palco, mas a ideia foi abandonada por ficar “fora de contexto”. A genuína gastronomia macaense continua a ser servida em poucos restaurantes de Macau, apesar do seu reconhecimento oficial pela UNESCO depois da nomeação do território como cidade criativa da gastronomia. Enquanto isso, proliferam restaurantes que se dizem de comida portuguesa ou macaense, mas que, na hora de olhar para o prato, deixam muito a desejar no que à veracidade do menu diz respeito. Foi a pensar nestes exemplos de falsa gastronomia macaense que o grupo de teatro em patuá Dóci Papiaçám di Macau decidiu partir para a peça “Qui di Tacho?” (Que é do Tacho?), que faz parte do programa do Festival de Artes de Macau (FAM) e que sobe ao palco nos dias 19 e 20 deste mês. “Recentemente, Macau foi nomeada cidade criativa da gastronomia pela UNESCO e este é um tema bastante forte, e naturalmente rica em situações de comédia. Aproveitamos para brincar um pouco com esse tema”, contou o director do grupo teatral Miguel de Senna Fernandes. A peça deverá abordar várias situações em que se confunde comida macaense com a portuguesa, além de conter outros elementos próprios de falsos restaurantes portugueses e macaenses em Macau. “Continuam a haver pessoas que não entendem muito bem o que é a gastronomia de Macau, há muita falta de informação sobre este assunto. As pessoas confundem as coisas. Não percebemos porque é que aparece o galo de Barcelos em todo o lado e o pastel de nata se mistura com a comida macaense”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes. A ideia não é fazer uma crítica, mas sim explicar ao público o que são os verdadeiros paladares macaenses, cujas receitas têm passado de geração em geração. “Quando falamos de gastronomia, convém chamar a atenção para determinadas situações que as autoridades competentes confundem. O grande público não sabe o que é a gastronomia macaense, e confunde pratos tipicamente portugueses, por exemplo, e isso cria situações muito engraçadas.” A peça poderá ser vista no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) e promete fazer rábulas sobre situações em que as pessoas “não percebem nada de gastronomia e tentam fazer dinheiro à custa disto”, onde o “importante é meter um pastel de nata e um galo de Barcelos à porta, e nem sabem porquê”. “Vamos brincar com uns determinados especialistas em gastronomia, uns entendidos que aparecem a dizer uns disparates”, frisou o director do grupo. Caso Sulu Sou adiado No ano em que celebra um quarto de século de existência, o grupo Dóci Papiaçám di Macau vai também apresentar em palco alguns vídeos e imagens com os momentos mais marcantes das muitas peças que já subiram ao palco. Além disso, haverá também lugar à abordagem de outros temas. Miguel de Senna Fernandes confessou ao HM que chegou a ser pensado fazer um vídeo sobre a suspensão do deputado Sulu Sou da Assembleia Legislativa (AL), mas a ideia foi afastada por estar “fora de contexto”. “A questão do deputado suspenso era uma coisa engraçada, mas ficava fora de contexto. Tínhamos uma rábula à volta disso, mas não fazia sentido e decidimos retirar. Não vamos agora forçar, e o nosso estilo merece que as coisas estejam dentro de contexto. Sem dúvida [para uma próxima peça]”, adiantou Miguel de Senna Fernandes. Os espectadores poderão contar ainda com “uma ou outra boca”, tal como tem sido habitual nas últimas décadas. “Este ano não houve grandes temas que mereçam um destaque especial na peça. Temos uma ou outra boca, as pessoas entendem, ou não. Este ano não foi particularmente em temas bons para comédia.” Teatro sem censura Miguel de Senna Fernandes adianta que o grupo não foi alvo de qualquer pressão, por parte do Instituto Cultural (IC), relativamente ao conteúdo da peça. Aliás, em 25 anos de existência, essas restrições nunca aconteceram, garante. “Nunca houve restrições e se calhar tem a ver com a nossa maneira de abordar as questões. Quando brincamos com coisas sérias fazemo-lo de maneira especial. Somos conhecidos por sermos críticos em relação aos assuntos da sociedade, temos a nossa maneira de criticar e as pessoas reconhecem e aceitem.” Um dos casos que mereceu mais atenção da parte do IC, por estar em causa imagens de violência, foi a abordagem por parte do grupo à actuação da Al-Qaeda e o seu líder, Bin Laden. “Foi um dos primeiros vídeos que fizemos, sobre o Bin Laden, e era um tema sensível, com as imagens dos reféns da Al-Qaeda. A notícia saiu logo nos jornais, não era para sair, e aí o IC pediu-nos se poderíamos reconsiderar. Mais tarde, num dos encontros da comunidade macaense, voltamos a pôr esse vídeo e não houve problemas.” Miguel de Senna Fernandes lembra, aliás, que “sempre houve encorajamento [da parte do IC] para abordar este ou aquele assunto. Nunca houve nenhuma imposição por parte do IC.” Este ano, a peça tem dois novos elementos, um deles ainda estudante. Miguel de Senna Fernandes salienta, aliás, que há muitos talentos na Escola Portuguesa de Macau (EPM) que gostaria de ver como membros do elenco do grupo Dóci Papiaçám di Macau. “Vamos ver no próximo ano o que vai acontecer, depois do espectáculo da EPM vimos que há muitos talentos e alguns já estão na minha mira. Não sei como os vou abordar, mas há muito potencial da EPM. Vão ter de passar por um processo de aprendizagem da língua, mas em palco tudo é possível de se fazer”, frisou.
Hoje Macau InternacionalProcuradoria brasileira apresenta nova denúncia de corrupção contra Lula da Silva [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil apresentou, na segunda-feira, uma nova denúncia de corrupção contra o antigo Presidente Lula da Silva, preso em Abril, na sequência da operação Lava Jato. A denúncia estende-se a três líderes do Partido dos Trabalhadores (PT), ministros no Governo de Lula: a atual senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os ex-ministros Paulo Bernardo Silva e Antonio Palocci. De acordo com a PGR, os atos de corrupção remontam a 2010, quando a construtora Odebrecht prometeu ao então Presidente a doação de 33 milhões de euros em troca de decisões políticas que beneficiassem o grupo económico. As investigações indicam que o dinheiro ficou à disposição do Partido dos Trabalhadores e terá sido utilizado em operações como a que beneficiou a senadora na campanha para as eleições para o governo do Paraná, em 2014. A 07 de abril, o ex-Presidente brasileiro começou a cumprir uma pena de 12 anos e um mês por corrupção e branqueamento de capitais, em Curitiba, na sequência da ordem judicial pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável por julgar os casos no âmbito da operação Lava Jato, que investiga crimes de corrupção em empresas brasileiras, nomeadamente a petrolífera Petrobras. O 35.º Presidente do Brasil (2003-2011), de 72 anos, é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum.
Hoje Macau DesportoEstoril Open: João Sousa e mais dois portugueses tentam chegar à segunda ronda [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tenista português João Sousa vai tentar hoje vencer pela primeira vez um encontro no ‘novo’ Estoril Open, num dia em que João Domingues, vindo da qualificação, e o convidado Frederico Silva também vão estar em acção. Desde que o único torneio português no circuito ATP se mudou para o Clube de Ténis do Estoril, em 2015, o número um português soma três desaires na estreia e tenta agora quebrar a malapata. Contudo, a tarefa do atual número 68 mundial não deverá ser fácil, uma vez que vai defrontar um dos jovens valores do ténis mundial, o russo Daniil Medvedev, 50.º do ‘ranking’ e oitavo cabeça de série. Frederico Silva, que foi brindado com um convite da organização, também se estreia hoje frente ao espanhol Ricardo Ojeda Lara, ‘carrasco’ de João Monteiro na última ronda do ‘qualifying’. Depois de passar a qualificação, João Domingues, 207.º do mundo, vai tentar chegar pelo segundo ano consecutivo à segunda ronda, defrontando o italiano Simone Bolelli, 153.º. Recente finalista do torneio de Barcelona, onde apenas perdeu para o espanhol Rafael Nadal, o grego Stefano Tsitsipas estreia no Estoril frente ao espanhol Pablo Andujar. O segundo dia do Estoril Open terá ainda em destaque a presença de um antigo número um mundial, o australiano Lleyton Hewitt, que deixou mais uma vez a reforma para jogar pares ao lado do jovem compatriota Alex de Minaur. A dupla australiana vai encontrar os segundos cabeças de série, o sul-africano Raven Klaasen e o neozelandês Michael Venus. No último encontro no Court Central, os portugueses Gastão Elias e Pedro Sousa defrontam o israelita Jonathan Erlich e o norte-americano Scott Lipsky, que já venceu por cinco vezes torneios de pares em Portugal.
Sérgio Fonseca DesportoF3 poderá ditar alterações ao Circuito da Guia A Fórmula 3 irá sofrer uma profunda mutação em 2019, o que poderá ter reflexos no Grande Prémio de Macau, já que os novos monolugares da categoria, mais potentes, poderão obrigar a que sejam feitas alterações ao actual traçado do Circuito da Guia [dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]ara que os novos carros de Fórmula 3 possam competir no popular circuito do território a partir de 2019, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) poderá exigir um grau superior àquele que actualmente detém o Circuito da Guia. Neste momento, o circuito do território tem a homologação Grau 3 da FIA, o que lhe permite acolher qualquer tipo de competição automóvel com uma relação peso/potência de dois a três quilos por cada cavalo de potência. A nova Fórmula 3 tem 350 cavalos de potência prometidos, portanto, um peso mínimo de 700 kg seria necessário para atender aos requisitos actuais do Circuito da Guia. Contudo, os futuros Fórmula 3 terão que ter um peso mínimo igual ao inferior aos Fórmula 1. Visto que tornar os carros mais pesados só para estes competirem em Macau parece fora de questão, melhorar a segurança da pista, para que esta possa receber a homologação de Grau 2, é a alternativa mais viável. Em declarações este fim-de-semana ao portal alemão ‘Motorsport-Total.com’, Laurent Mekies , Director de Segurança da FIA, disse que “queremos garantir a segurança necessária para os carros. Se o circuito de Macau for classificado como Grau 2, carros de corrida com uma relação peso/potência de um a dois quilos por cavalo de potência deverão ser autorizados a correr. Os (futuros) carros de Fórmula 3 não serão mais pesados que os carros de Fórmula 1, que devem pesar no mínimo 660 kg no próximo ano. Se um carro chegar a Macau não estando conforme o Grau 3 de homologação da pista, não vamos apenas acrescentar peso para torná-lo elegível, seria uma decisão estúpida.” Simulações deverão ser feitas para perceber como a pista precisará ser ajustada a uma nova realidade. “Se tivermos que chegar a Grau 2, faremos isso”, continua Mekies. “Nós olhamos para onde as simulações nos levam, e elas são muito mais precisas do que apenas olhar para a relação peso/potencia.” O Presidente do Instituto do Desporto da RAEM, Pun Weng Kun Pun, disse ao portal alemão que “se forem necessárias alterações na pista para um tipo de carro, iremos avaliá-las e verificar a sua viabilidade”. Opções em aberto No entanto, visto que ainda nenhuma proposta para intervenção no circuito foi elaborada ou apresentada, o responsável máximo pela entidade que coordena o evento não pode avaliar se é possível aumentar a grau de homologação da pista. Devido à sua natureza, a margem para transformações no traçado do Circuito da Guia é muito reduzida e, num cenário de impossibilidade, pode até acontecer que Macau deixe cair a Taça do Mundo FIA de Fórmula 3, mantendo mesmo assim a disciplina no programa do fim-de-semana. De acordo com Pun, o actual carro da Fórmula 3, que continuará a ser usado no campeonato japonês e possivelmente num outro campeonato a ser organizado pelo actual promotor do europeu da especialidade, pode servir de base para que a disciplina que consagrou vários nomes sonantes do automobilismo mundial entre nós possa manter-se no programa do evento. Os Fórmula 3 da actualidade pesam 580kg e debitam 240cv. “Os organizadores vão pesar todas as opções”, afirmou o presidente. “Vamos tomar a decisão que é melhor para a reputação, popularidade e história do Grande Prémio de Macau.” O contrato entre a FIA e a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau tem uma periodicidade anual. Sobre este assunto, Pun disse ainda à publicação germânica que “trabalhamos sempre com a FIA numa base anual para o Grande Prémio de Fórmula 3 desde 1983. Olhamos para o programa de corridas ano após ano e este deve ser de primeira classe e variado.” Segundo a mesma fonte, Pun espera que, devido aos muitos anos de cooperação entre as entidades de Macau e a federação internacional, uma solução do interesse de ambas as partes seja encontrada, esperando que esta cooperação continue por muitos e longos anos.
Jorge Rodrigues Simão PerspectivasA China e a inovação (I) “China’s innovative ability languished after the fourteenth century. Today, however, China is determined not only to catch up with the West, but to re-establish itself at the forefront of technological innovation. Two forces are driving the surge of Chinese innovation. One is based on need-China’s pressing need to solve the myriad domestic problems that rapid economic development has created. The other is based on a new strategic direction for Chinese corporations: to enter high-value, high-margin sectors that are internationally competitive and where they will be matching global corporations, innovation for innovation. Much of this recent drive is through mergers with and acquisitions of successful Western firms that were made to gain brands, technology, and markets.” “China’s Next Strategic Advantage: From Imitation to Innovation” – George S. Yip and Bruce McKern [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s chineses inventaram a pólvora, bússola, roda de água, papel-moeda, serviço bancário de longa distância, serviço civil e a promoção de mérito. Até ao início do século XIX, a economia da China era mais aberta e estimulada pelo mercado do que as economias da Europa. Actualmente, porém, muitos acreditam que o Ocidente é o lar de pensadores e inovadores de negócios criativos, e que a China é em grande parte uma terra de aprendizes rotineiros, um lugar onde a P&D é diligentemente perseguida, mas as descobertas são raras. Quando perguntamos qual a razão, as respostas em geral variam, segundo um estudo conduzido pela Universidade de Harvard, pois algumas pessoas culpam os engenheiros. A maioria das “start-ups” chinesas não é fundada por desenhadores ou artistas, mas por engenheiros que não têm criatividade para pensar em novas ideias ou projectos. Outros culpam o governo pela escala sem precedentes da sua falha em proteger os direitos de propriedade intelectual, chegando mesmo a invocar que os produtos da “Apple” foram pirateados em todo o mundo, mas absurdamente apenas a China abriu lojas totalmente falsificadas repletas de funcionários que pensam que trabalham para a empresa americana. Ainda outros culpam o sistema de ensino chinês, com a sua versão modernizada do que os japoneses denominam de inferno dos exames da China. Como é possível que estudantes tão completamente focados nos resultados dos testes possam ser inovadores? As décadas de experiência de campo e pesquisa na China e as dezenas de estudos de casos que foram analisados e publicados, permitem observar a existência e pouco mérito em todos esses pontos de vista, devendo ressaltar que muitas das empresas ocidentais mais inovadoras foram fundadas por engenheiros. Tais críticas não contam toda a história. A China não tem falta de empreendedores ou procura de mercado e dada a enorme riqueza e vontade política do governo, o país tem o potencial de definir o tipo de políticas económicas e construir o modelo de instituições de ensino e pesquisa idênticas às que impulsionam os Estados Unidos no domínio tecnológico. Mas esse potencial é usado? É possível ver desafios consideráveis. A observação de como a inovação está a acontecer na China, de cima para baixo e vice-versa, através de aquisições e educação, lança luz sobre as complexidades da questão, destacando a promessa e os problemas que o país enfrenta na sua procura para se tornar o líder da inovação mundial. O “Programa Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (MLP, na sigla em inglês)”, criado em 2006, declara a sua intenção de transformar a China em uma sociedade inovadora até 2020 e líder mundial em ciência e tecnologia até 2050. Tal declaração não é vazia, pois tem um histórico sólido de estabelecer políticas e incentivos, e depois observar os cidadãos e autoridades dos governos locais, até ao nível das aldeias, a segui-la. O governo chinês, durante quarenta anos, tem usado a sua riqueza de recursos e vontade política para estimular a inovação de topo. É de recordar que nas décadas de 1980 e 1990, a China criou a “National Natural Science Foundation of China” e o “State Laboratory”, e reformulou a “Academia Chinesa de Ciências” de estilo soviético para financiar pesquisas universitárias pré-comerciais em bases revistas pelos seus pares (em vez de políticas), da mesma forma que a “National Science Foundation” faz nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Estado, com o apoio dos governos regionais, financiou o desenvolvimento de zonas de alta tecnologia para promover a comercialização da inovação. A partir de 1985, quando a primeira dessas zonas foi desenvolvida, em Shenzhen, proliferaram a ponto de serem uma paragem usual nas excursões oficiais de qualquer grande cidade chinesa. O poder do governo de moldar indústrias inovadoras novas pode ser visto nos efeitos das suas políticas no sector de turbinas eólicas, pois em 2002, lançou um processo aberto de licitação para projectos de parques eólicos para incentivar a concorrência entre os fabricantes de turbinas. As importações estrangeiras inundaram o mercado incipiente da China, e em um modelo que se repetiria em outras indústrias, o governo exigiu que as empresas estatais adquirissem 70 por cento dos componentes das empresas domésticas. As empresas estrangeiras continuaram a investir directamente na China, mas até 2009, seis das dez maiores empresas de turbinas eólicas eram chinesas, o que culminou em um crescimento notável na participação das empresas domésticas nas vendas totais, que passaram de 51 por cento em 2006 para 93 por cento em 2010. O objectivo do MLP de 2006, era reduzir a dependência da China de tecnologia importada para uma cifra não superior a 30 por cento em poucos anos, aumentar o financiamento interno em P&D e ultrapassar os rivais estrangeiros no que o governo identificou como sectores estratégicos emergentes, biotecnologia, tecnologias de eficiência energética, produção de equipamentos, tecnologia da informação e materiais avançados. A fim de atingir tal objectivo, o governo chinês introduziu subsídios à exportação para as empresas chinesas e uma política que exige que os ministérios e as empresas estatais adquirissem bens, quando viável, de empresas de propriedade chinesa. Apesar das objecções de que esses movimentos violassem os termos da participação da China na Organização Mundial do Comércio, poucas firmas internacionais saíram do país, tendo-se resignado a apoiar a inovação chinesa. Assim, enquanto em 2004 havia cerca de seiscentos centros estrangeiros de P&D na China, em 2010 esse número mais do que duplicou, e a sua grandeza e importância estratégica aumentaram. A “Pfizer” mudou a sua sede na Ásia para Xangai no mesmo ano e em 2011, a “Microsoft” abriu o seu centro de P&D na região Ásia-Pacífico, em Pequim, e a “General Motors” abriu um Centro Técnico Avançado, composto por vários laboratórios de engenharia e desenho. A sede da P&D da Ásia da “Merck”, em Pequim entrou em actividade em 2014. Talvez não exista uma demonstração mais possante da capacidade da China de estabelecer e realizar metas ambiciosas do que o apoio do governo ao transporte ferroviário de alta velocidade e os esforços para colocar seres humanos na Lua, em que ambos os projectos exigem financiamento em uma escala aparentemente impossível para o país. É de acreditar na sua capacidade de inventar e adaptar numerosas tecnologias e que tais ambições podem impulsionar a inovação da mesma forma que os programas financiados pelo governo resultaram nos Estados Unidos na segunda metade do século XX. Há quem defenda limites, no entanto, para os que ainda consideram um governo demasiado musculado e motivado como o da China quanto às exigências em matéria de inovação e contra as intenções do governo e dos recursos nacionais, devido às correntes poderosas que se originam no sistema comunista e amenizadas pela forte liderança do presidente Xi Jinping e na cultura antiga da China. Existia o medo de que essas forças pudessem restringir a criatividade empreendedora que borbulha na China. No início da década de 1990, Edward Tian, um empreendedor educado nos Estados Unidos, fundou a “AsiaInfo”, que em três anos cresceu e se transformou em uma próspera empresa de trezentas e vinte pessoas e uma receita de quarenta e cinco milhões de dólares. O então primeiro-ministro, em 1996, frustrado com o ritmo lento das mudanças tecnológicas no sector das telecomunicações da China, convenceu Tian de que era seu dever deixar a empresa para liderar uma nova empresa, a “China Netcom”, para construir uma nova rede de fibra óptica que ligasse cerca de trezentas cidades e passados cinco anos era uma empresa inovadora, com uma cultura aberta e criativa, apesar de ser propriedade conjunta de quatro agências governamentais. Em 2002, quando o gigante das telecomunicações “China Telecom” foi desmembrado pelo governo, os seus dez mercados provinciais do norte foram integrados à “China Netcom” e do dia para a noite, Tian tornou-se responsável por uma organização de duzentas e trinta mil pessoas. O choque cultural entre as duas organizações foi extraordinário. Tian foi visto por muitos funcionários da “China Telecom” como um “outsider” americano que tentava reconstruir uma empresa estatal de forma inaceitável. Seis meses após a fusão, o estudo sobre o caso da “China Netcom” foi apresentado a setenta executivos chineses de topo, incluindo vinte da indústria de telecomunicações que em vez de extraírem lições sobre a relação entre mudança organizacional e o sucesso nos negócios, o grupo atacou Tian pela sua forma não-chinesa de administrar e de incompetência por apresentar a cultura do “Silicon Valley” na China de uma forma tão positiva, o que fez Tian abandonar o cargo na “China Netcom”. A “China Netcom” acabou por se parecer com uma empresa de telecomunicações moderna, com as estruturas de governança necessárias para serem cotadas nas bolsas de valores internacionais, mas permaneceu no coração de uma empresa estatal. Quando se pretende descobrir os gestores da empresa na procura do real proprietário poder-se-á pensar que é o secretário do partido, pois o “Partido Comunista da China” exige que um representante esteja presente em todas as empresas com mais de cinquenta funcionários. Todas as empresas com mais de cem funcionários devem ter uma célula partidária, cujo líder se reporta directamente ao partido no município ou província. Tais requisitos não se vêem que possam comprometer a natureza proprietária da direcção estratégica, das operações e da vantagem competitiva de uma empresa, restringindo assim o comportamento competitivo normal. Mas mesmo se o governo dissolver as células partidárias e, em vez disso, redobrar os seus esforços para incentivar inovações revolucionárias, não haverá um desincentivo maior que seriam as realidades económicas dos mercados nos quais as empresas chinesas operam e há quem se interrogue qual o motivo de ter o trabalho de ser pioneiro em ofertas inovadoras, quando as recompensas e as perspectivas de crescimento para melhorias são tão grandes, quer no mercado doméstico como no exterior? Se considerarmos a plataforma de serviço “business-to-business (B2B) Alibaba”, que em 2001 era tão insegura que se temia que fosse à falência, mas que adaptou criativamente as tecnologias estrangeiras às necessidades dos mercados em desenvolvimento, e que serve cem milhões de clientes em quase duzentos e cinquenta países. [continuação]
Paulo José Miranda Política“In a Lonely Place”, de Nicholas Ray, construir o outro [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]icholas Ray é muito mais conhecido por filmes como “Johnny Guitar” (1954) ou “Rebel Without a Cause” (1955) ou mesmo “Bigger Than Life” (1956) do que por “In A Lonely Place” (1950). Este último, e que nos traz hoje aqui, é o segundo filme de Nicholas Ray – o primeiro tinha sido filmado dois anos antes, “They Live By Night” – e traz dois nomes de peso nos principais papéis: a eterna bad girl de Hollywood, Gloria Grahame (à data do filme, com 27 anos e casada com Nicholas Ray), que três anos antes tinha sido nomeada para o Óscar (actriz secundária); e Humphrey Bogart, o mítico actor, e um dos símbolos do film noir. A grande maestria de Ray neste filme policial, está em fazer do crime um facto secundário para o espectador. Quase desde o início, o espectador fica muito mais preso à relação que se estabelece entre Dixon Steele (Bogart) e Laurel Gray (Grahame) do que em saber quem matou a jovem. Mas esta maestria faz parte de todos os filmes de Nicholas Ray, de um modo ou de outro, que filma sempre em simultâneo dois filmes. “In A Lonely Place” começa com Dixon a conduzir o seu descapotável, à noite, até que pára num semáforo, onde outro carro descapotável já estava parado. E assim que pára, a jovem loira no carro ao lado, interpela-o, sorrindo, tratando-o pelo nome – “Dix Steele”, que revela alguma intimidade –, mas ele diz que não se lembra. Ela diz que é actriz e que ele escreveu o seu último filme, ao que ele volta a responder que nunca vê os filmes que escreve; o homem ao lado, bem mais velho, avisa Steele para deixar a mulher. Perante esse aviso, Steele diz à jovem “oh, não o devias ter feito [casado], querida, por mais dinheiro que esse porco tenha”, e o outro vocifera para ele estacionar à frente. Mas Steele não espera para estacionar, sai de imediato do carro, pronto para lutar, e acaba por ver o outro seguir o seu caminho. Dixon Steele segue também a sua viagem e chega a um restaurante aonde vai jantar com o seu agente. À entrada, duas crianças pedem autógrafos a quem entra. O rapaz pede um autógrafo a Steele e ele pergunta-lhe “sabes quem sou?”, ao que o rapaz responde “não” e a rapariga, que parece estar mais atenta ao mundo do cinema, diz “ninguém”. Steele assina o autógrafo ao rapaz e diz-lhe que a rapariga tem razão. Por conseguinte, logo desde o início, ficamos a saber que o nosso protagonista escreve filmes pouco conhecidos, tem pouco apreço pelo que faz (talvez até por si próprio) e aparenta ser algo arruaceiro. Esta introdução dá-nos todos os elementos que serão explorados ao longo do filme: o ambiente onde se passa, que é o mundo das traseiras do cinema; a violência generalizada, e não somente do protagonista, que está sempre pronta a vir ao de cima de cada um, pelo mais pequeno contra-tempo; o descomprometimento com aquilo que se faz, mas que se tem de fazer para ganhar dinheiro; e por fim o desconhecimento que se tem do outro (este é o que mais nos interessa nesta leitura). Temos todos os dados do que vai ser o filme, menos um: o amor. A história de amor, que será episódica, como que a dizer que o amor é como um filme e não como nos filmes, acontece num curto espaço da existência humana. Voltando ao filme, o agente de Steele quer dar-lhe um livro acerca do qual ele deverá escrever um roteiro. O livro está com uma empregada do restaurante, que está a acabar de lê-lo, e a gostar bastante da leitura. Como não lhe apetece ler o livro, Steele convida a jovem para ir a sua casa contar-lho, como se o estivesse a contar à sua tia. À porta de sua casa, cruzam-se com a nova vizinha de Steele. Mais tarde, voltam a ver-se, quando Steele leva a jovem mulher à porta, já cansado do relato do livro. O filme recomeça com a polícia a tocar à campainha da casa de Steele, às 5 da manhã, e a levá-lo para a esquadra para interrogatório, pois a jovem que fora ler a casa de Steele tinha sido assassinada nessa noite, perto da casa de Steele, depois de estar com este. A vizinha é também chamada à esquadra e torna-se o álibi de Steele, pois confirma que viu a jovem sair e ele ter ficado em casa. E a partir daqui começa uma relação entre ambos e que começa o filme na leitura que mais nos importa agora. A impossibilidade de conhecermos o outro leva-nos a uma construção contínua do mesmo. Inicialmente, fascinada pelo rosto do Steele – é ela mesma que o diz na esquadra, como resposta ao porquê de prestar tanta atenção ao vizinho –, fascinada com o que ela mesma sente, vê Steele como um homem maravilhoso, que escreve diálogos belos, textos magníficos – Steele volta a escrever como já não o fazia há muito, segundo o seu agente. Steele é um homem quase perfeito, como só o podem ser os homens que construímos dentro de nós. E à medida que o filme passa, ao invés de tentarmos saber quem é o culpado da morte da jovem, ficamos presos ao desenvolvimento da relação entre Steele e Gray. Num dado momento do filme, quando Steele tem já o seu texto quase terminado, e lê uma passagem em voz alta, pedindo a Gray que o leia, percebemos que se trata de um presságio: “Nasci quando ela me beijou. Morri quando ela me deixou. Vivi umas semanas, enquanto ela me amou.” Pois aquelas palavras poderiam muito bem descrever Dixon Steele. O crime, no filme, é uma metáfora para pessoa. Para cada um de nós o outro pode ou não ser um crime, na decisão que tomamos de unir a nossa vida à dele. Quando Steele pede Gray em casamento, a dúvida invade-a, de tal modo, que não consegue sequer escutar o amor que ainda tem por Steele. É quando, claramente, a dúvida se ele matou ou não a jovem assume o lugar da dúvida da noiva antes do casamento, se deve ou não casar, pois não sabe se ele é ou não a pessoa certa. Porque o que Ray nos mostra neste filme é que a dúvida se devemos ligar a nossa vida a uma outra pessoa é tão importante como saber se essa pessoas matou ou não matou alguém. E as perguntas, se Steele é ou não a pessoa certa para ela e se foi ele ou não que cometeu o crime, cruzam-se na mesma pessoa, cruzam-se no filme como que a dizer-nos que não é só aqui que faz todo o sentido este cruzamento de perguntas, pois em todo o momento o nosso conhecimento acerca do outro irá encontrar muros intransponíveis. A pergunta acerca de quem é aquele com quem quero casar ou com quem casei começa a nascer assim que a construção que fizemos dele começa a esmorecer. Assim que a nossa ficção, o nosso roteiro começar a mostrar-se frágil. Há um momento no filme onde isso se torna evidente, na conversa de Gray com o agente de Steele, quando este lhe diz que ele já era assim quando ela o conheceu, e que ele é o pacote todo, como sempre o tinha sido. O que já não é é a capacidade dela em manter o roteiro que fez na sua cabeça. Por isso o título do filme é feliz, “In A Lonely Place” [“Num Lugar Solitário”]. Mas este lugar solitário não é apenas onde se está, como se pode depreender do título à primeira vista. Este lugar solitário é onde se é, pois o filme mostra-nos como cada um de nós a ser um lugar solitário, como se cada um de nós fosse uma árvore despontada num baldio. E os únicos momentos em que não somos sós é quando construímos um roteiro do outro, um roteiro que nos faz aceitar e acreditar que conhecemos aquele ali diante de nós. Sem essa construção, sem esse roteiro, voltamos ao lugar onde sempre fomos: sós. “In A Lonely Place”, de Nicholas Ray.
Hoje Macau EventosSaramago | Documento de defesa dos direitos humanos do escritor chega à ONU [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] “Carta Universal dos Deveres e Obrigações dos Seres Humanos”, um documento inspirado no discurso proferido em 1998 pelo Nobel da Literatura José Saramago, foi entregue na quinta-feira à ONU para ser dada a conhecer mundialmente. O texto é o resultado de vários anos de trabalho de académicos, especialistas e cidadãos e visa defender a “ética da responsabilidade”, como explicou a presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor português, Pilar del Río, citada pela agência de notícias espanhola Efe. Segundo Pilar del Río, a Carta complementa a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adoptada em 1948 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, e propõe “a simetria” dos deveres humanos. Direitos e deveres Assim, no seu primeiro artigo, declara que todas as pessoas têm “o dever de cumprir e exigir o cumprimento dos direitos” reconhecidos por essa Declaração. “Não queremos ser nem amedrontados, nem intimidados, nem resignados, nem indiferentes e, para isso, temos que cumprir os nossos deveres. Em primeiro lugar, exigir que se cumpram os direitos”, indicou. Juntamente com outros promotores da iniciativa, a antiga jornalista espanhola entregou a Carta a vários altos responsáveis das Nações Unidas, incluindo ao secretário-geral da ONU, António Guterres. O documento foi também discutido com embaixadores de países ibero-americanos e o objectivo agora é dá-lo a conhecer ao resto do mundo, aos cidadãos, figuras da cultura e Governos. “É um projecto que nasce no âmbito ibero-americano, mas com vocação universal”, sublinhou Pilar del Río. A Carta está estruturada em 23 artigos que reúnem uma ampla gama de deveres para as pessoas, desde o de não discriminar até ao de respeitar a vida, passando por obrigações como o respeito da liberdade ideológica e religiosa e a participação nos assuntos públicos. A iniciativa partiu originalmente do discurso que Saramago (1922-2010) proferiu ao receber o prémio Nobel da Literatura, em 1998, quando instou a que os cidadãos, além de defenderem os seus direitos, reivindicassem os seus deveres. “Tomemos então nós, cidadãos comuns, a palavra: Com a mesma veemência com que reivindicamos os direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez assim o mundo possa ser um pouco melhor”, disse Saramago. O escritor português recebeu o Nobel no ano em que se celebrava o 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | “Plastic China” vai ser exibido em Hong Kong Fez parte da selecção oficial do Sundance Film Festival no ano passado e foi premiado em alguns dos mais importantes festivais de cinema documental. O documentário “Plastic China” de Wang Jiuliang vai ser agora exibido em Hong Kong, a 17 de Maio [dropcap style≠‘circle’]G[/dropcap]alardoado no estrangeiro, o documentário do realizador chinês Wang Jiuliang, que traz à tela o problema do plástico e da sua reciclagem na China, tem exibição marcada para o próximo dia 17 de Maio na Garage Academy em Hong Kong. Depois de ter sido apresentado pela primeira vez no Sundance Film Festival, o filme tornou-se viral na internet e levou as autoridades chinesas a bani-lo. “Plastic China” traz uma realidade por muitos desconhecida: o negócio, nem sempre limpo ou respeitador dos direitos humanos, que é a reciclagem deste material no continente. A China é o maior importador mundial de resíduos plásticos e recebe dez milhões de toneladas por ano da maioria dos países desenvolvidos. Esta condição tem trazido ao país um preço a pagar: um elevado impacto ambiental com consequências para a saúde de quem trabalha no sector. O filme retrata as pessoas que transformam o lixo oriundo do primeiro mundo e que o preparam para voltar a ser exportados. Uma oficina entre muitas A personagem principal da “Plastic China”, Yi-Jie, é uma menina de 11 anos que vive com a família numa típica oficina de reciclagem de resíduos de plástico. Sem poder ir à escola por falta de dinheiro, Yi-Jie apreende o mundo exterior a partir do lugar onde vive e trabalha. São os restos de pacotes de café que lhe dizem que ele existe, são os cartões de identificação das escolas inglesas que lhe ensinam as primeiras palavras naquela língua, e as bonecas partidas que usa, servem para brincar. O pai prometeu mandá-la para a escola há cinco anos, mas ainda não o fez e gasta o pouco que ganha em álcool. Kun, o dono da oficina de reciclagem doméstica, representa o dinheiro, o poder e a classe instruída e ao mesmo tempo que despreza a família de Yi-Jie, que mantém numa posição de dependência. O sonho de Kun é um dia ter um automóvel sedan e ascender socialmente. O filme retrata a pobreza, a doença, a poluição e morte através da vida quotidiana destas personagens. China frágil Por outro lado, e de acordo com a apresentação oficial da película, “Plastic China”, alerta para a superficialidade do que se chama hoje de prosperidade chinesa, um conceito que o autor do documentário entende ser uma “cirurgia plástica – falsa e frágil, com consequências incertas”. Enquanto isso, no outro lado do mundo – longe das oficinas de reciclagem de plásticos da China, a tendência é ignorar as consequências do uso excessivo dos plásticos. Entretanto, a China proibiu a importação de lixo plástico no início do ano.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping apela à cooperação com a Índia O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à cooperação intensa com a Índia durante uma cimeira informal na sexta-feira com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, numa altura em que ressurgem tensões fronteiriças e rivalidades no domínio da influência local [dropcap style≠‘circle’]X[/dropcap]i cumprimentou Modi no museu da cidade de Wuhan, no início de dois dias de encontros entre os líderes das duas nações mais populosas do mundo. “Concretizar uma grande cooperação entre os nossos dois grandes países pode gerar influência mundial”, afirmou Xi, segundo a emissora estatal CCTV. Xi disse esperar que a reunião “introduza um novo capítulo nas relações China-Índia”. Após a conversa, os dois líderes jantaram à beira do lago num dos ‘resorts’ preferidos do ex-líder chinês Mao Zedong, que estabeleceu fortes laços com a Índia independente antes de as relações se deteriorassem devido a disputas territoriais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Raveesh Kumar, descreveu na rede social Twitter que os dois líderes “iriam rever a evolução das relações bilaterais numa perspectiva estratégica e de longo prazo”. As relações China-Índia datam de séculos, mas nas últimas décadas foram ensombradas pela corrida à liderança na Ásia. Os países travaram uma guerra fronteiriça em 1962 e, no ano passado, envolveram-se num impasse de 10 semanas no Estado vizinho do Butão. Nova Deli ficou também alarmada com as iniciativas chinesas de construir laços estratégicos e económicos com países do Oceano Índico, incluindo o Sri Lanka, as Maldivas e o rival de longa data da Índia, o Paquistão. A China, por sua vez, ressente-se do facto de a Índia acolher o líder espiritual tibetano exilado, o Dalai Lama, bem como o seu controlo de um território que Pequim diz pertencer-lhe. Disputas territoriais A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, enquanto a Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados e terras no planalto de Aksai Chin, no oeste dos Himalaias. As autoridades de ambos os países reuniram-se pelo menos 20 vezes para discutir as respectivas reivindicações fronteiriças, sem avanços significativos. Após um impasse de anos, a Índia concordou, no ano passado, retirar as tropas do disputado planalto de Doklam (Himalaias) onde as tropas chinesas haviam começado a construir uma estrada. A China reclama esta região estrategicamente importante, mas a Índia diz que pertence ao seu aliado Butão. Apesar dessas diferenças, Modi espera que a China possa ajudar a impulsionar o crescimento económico indiano antes das eleições nacionais de 2019. No entanto, seu governo tem-se mostrado relutante no apoio à iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota” com a qual Pequim quer ligar a sua economia às da Ásia, Médio Oriente, África e Europa, através de empréstimos e avultados investimentos. Tendo em conta as actuais relações, a cimeira de Wuhan está a ser encarada como uma tentativa consciente de conduzir os laços numa nova direcção, disse Wang Lian, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade de Pequim. Independentemente do resultado da visita actual, Modi parece ter a intenção de construir um forte relacionamento pessoal com Xi, que será o líder da China nos próximos anos. Modi viajará novamente até à China em Junho para uma cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, com oito membros, dominada por Pequim e Moscovo Juntamente com a China, a Rússia e a Índia, esse grupo inclui os Estados da Ásia Central do Cazaquistão, do Quirguistão, do Tadjiquistão, do Uzbequistão e do Paquistão.
Andreia Sofia Silva SociedadeDeputados querem definir horários e condições de trabalho dos taxistas Os deputados da 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa defendem que a proposta de lei relativa aos táxis deve esclarecer melhor a relação laboral entre condutores e detentores de licenças, sobretudo no que diz respeito aos horários de trabalho. A proposta de diploma vai estar em consulta pública por mais um mês [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo terá de esclarecer melhor a relação laboral que se estabelece entre aquele que conduz um táxi e a empresa que possui a licença. Este foi um dos temas abordados na última reunião da 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), que serviu para analisar, na especialidade, o regime jurídico do transporte de passageiros em automóveis ligeiros de aluguer. Os deputados exigiram mais esclarecimentos e regulação na proposta de lei quanto a horários e condições de trabalho dos taxistas. “Parece que o titular da licença e alvará têm de ser a mesma pessoa, mas a lei não está clara neste aspecto. Esperamos que o Governo clarifique esta matéria, bem como a relação entre o detentor da licença e do cartão de identificação do condutor de táxi. O secretário (Raimundo do Rosário) disse que está em causa uma relação laboral e nós concordamos com esta solução, mas se for de facto uma relação laboral esta proposta de lei deve ter uma disposição que esclareça melhor o horário de trabalho, a saúde do condutor ou que tenha em conta a segurança rodoviária”, adiantou Vong Hin Fai, deputado e presidente da 3ª comissão permanente. Na visão dos deputados, “é impossível permitir que um condutor trabalhe várias horas consecutivas sem descanso”. “Vamos perguntar ao Governo se há necessidade de ter uma norma que regule esta matéria na proposta de lei”, frisou. Vong Hin Fai acrescentou também que esta proposta de lei está de novo em consulta pública por mais um mês. “A comissão deliberou o prazo de um mês para a recolha de opiniões junto do público sobre o conteúdo da proposta de lei, tendo em conta que a consulta pública organizada pelo Governo foi feita há três anos e meio. Houve uma evolução económica e social”, apontou. Poder das sociedades A reunião da comissão permanente debruçou-se também sobre a questão da transmissão ou hipoteca do alvará para efeitos de exploração da actividade de condução de um táxi. A lei em vigor permite que isto aconteça, mas o Governo quer proibir a transmissão das licenças na nova proposta de lei, para evitar casos de especulação. “A comissão pediu esclarecimentos junto do Governo, porque a lei em vigor permite a transmissão, mas esta proposta de lei apresenta uma solução totalmente diferente. Sabemos que algumas pessoas que venceram no concurso público têm falta de capital, daí que a lei tem vindo a permitir isto. No futuro, com a entrada em vigor da lei, só as grandes sociedades comerciais, ou com capital suficiente, vão conseguir explorar esta actividade, mas vamos pedir mais explicações ao Governo”, alertou Vong Hin Fai. Para já, os deputados concordam com esta opção. “Na fase preliminar, a comissão concorda com esta proposta, uma vez que assim é possível evitar a especulação. As sociedades que vencerem no concurso público vão alugar as licenças para exploração e a comissão concorda.” Ainda assim, poderá haver espaço a discussão e eventuais alterações, referiu o presidente da comissão. “O Governo tem vindo a salientar esta opção de, no futuro, estas sociedades comerciais serem os únicos candidatos. Mas será que todos concordam com esta situação? Vamos aguardar o fim da consulta pública.” Outro ponto que os membros da comissão querem ver esclarecido diz respeito à inclusão da qualidade do serviço de táxi como critério nos concursos públicos para a atribuição de licenças. “O Governo diz que vai dar maior peso à qualidade do serviço prestado e não apenas ao preço da proposta. A comissão questionou também porque é que a proposta de lei não salienta este critério, e também vamos perguntar sobre o interesse público especial para a dispensa de abertura de concurso público”, concluiu Vong Hin Fai.
João Santos Filipe SociedadeTrês manifestações saem à rua no Primeiro de Maio O Primeiro de Maio vai contar com três manifestações, ligadas aos trabalhadores do sector do jogo, movimento de Reunião Familiar e ainda aos compradores de fracções no Pearl Horizon. Em comunicado, a polícia deixa o aviso que desvios dos percursos aprovados vão resultar em acusações [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Polícia de Segurança Pública confirmou, até ontem, a existência de três pedidos de manifestações para o Primeiro de Maio, de acordo com a informação confirmada pelas autoridades ao HM. Assim, de acordo com os avisos de manifestações entregues ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, um dos pedidos foi entregue pela Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos de Macau, outra promovida por um grupo de três residentes, ligados aos compradores lesados pela situação do empreendimento Pearl Horizon e, finalmente, um pedido que partiu de um único promotor ligado à União dos Filhos Maiores. A primeira manifestação a concentrar-se é a da União dos Filhos Maiores e vai começar a juntar-se às 10h, na Praça Portas do Cerco, bem no Norte de Macau. Apesar da hora da concentração acontecer ainda de manhã, apenas às 15h os manifestantes vão arrancar em direcção ao Lago Nam Van, com passagem pela Jardim do Triângulo, Avenida do Coronel Mesquita, Avenida Sidónio Pais, Rua do Campo, entre outras artérias da cidade. Chegados ao Lago Nam Van, cinco representantes da União dos Filhos Maiores vão entregar uma carta à Sede do Governo da RAEM, a pedir residência para os filhos que ficaram no Interior da China. O comunicado do grupo refere também que no mesmo dia, pelas 16h, vai ser ainda entregue uma petição junto do Gabinete de Ligação do Governo Central. Pérola no horizonte Por sua vez, a manifestação dos lesados do empreendimento Pearl Horizon tem concentração marcada para a meio-dia, junto ao Edifício Villa de Mer. O local da reunião é simbólico, uma vez que fica situado ao pé do terreno destinado ao empreendimento, sendo igualmente à frente da sede da Polytex, empresa responsável pelo projecto. Finalmente, às 14h, os manifestantes partem em direcção, num primeiro momento, ao Edifício do Gabinete de Ligação, passado por Avenida do Nordeste, Avenida de Venceslau de Morais, Avenida de Sidónio Pais, Rua de Ferreira do Amaral, Rua do Campo, Avenida da Praia Grande, Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues e Jardim Comendador Ho Yin. Em frente ao Gabinete de Ligação, cinco representantes vão entregar uma carta. Depois os manifestantes continuam o percurso para o Lago Nam Van, até chegaram à sede do Governo. Também aí, cinco manifestantes vão entregar uma petição ao Executivo. Por último, a manifestação da Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos de Macau tem concentração marcada para as 15h30, no Edifício Lei Keng Kuok de Hoi Keng, junto ao casino MGM Macau. O arranque da parada acontece às 16h30 até à Sede do Governo, onde também cinco representantes da Associação vão entregar uma petição a exigir melhores condições de trabalho no sector. Avisos da PSP Segundo a Polícia de Segurança Pública, houve nos dias 24 e 25 de Abril reuniões com os promotores, para garantir que as manifestações decorrem dentro da normalidade e para transmitir recomendações ao nível das atitudes a tomar. Por outro lado fica igualmente o aviso da PSP: qualquer desvio do percurso vai resultar em caso nos tribunais: “Os manifestantes devem seguir pelos itinerários que esta Polícia propôs, caso contrário as actividades serão tratadas como ilegais. É dever de todos os cidadãos, respeitar as instruções indicadas pelos agentes de polícia, quando passarem pelas vias dos itinerários acima mencionados”, é vincado no comunicado com as informações sobre manifestações.
Victor Ng SociedadeFinanças dizem que devolução de imposto é ilegal [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] devolução dos impostos aos proprietários de veículos que ficaram danificados durante a passagem do Tufão Hato é ilegal à lei do regime geral da anulação e restituição das contribuições e impostos. A clarificação da Direcção de Serviços de Finanças surge em resposta a uma interpelação do deputado Sulu Sou. Segundo a DSF a devolução dos impostos pagos só está prevista em casos em que houve erros na liquidação dos impostos, ou mesmo cobrança inadequada. Por essa razão está afastada a possibilidade de devolver o imposto cobrado pelos veículos que posteriormente foram destruídos pela passagem do tufão. Ainda segundo o Executivo os benefícios fiscais provisórios para veículos motorizados, como redução de impostos para quem comprar viaturas menos poluentes, visam cooperar com a política geral do trânsito e transporte terrestre das autoridades. Por outro lado, a DSF menciona que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) planeia elevar a altura das barreiras dos auto-silos situados nas zonas baixas da cidade. Estas barreiras têm como objectivo impedir as inundações dos parques de estacionamento públicos.
Andreia Sofia Silva PolíticaConselheiros de Macau do CCP reúnem-se em Maio [dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] já nos próximos dias 14, 15 e 16 de Maio que os representantes de Macau do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) participam no encontro anual da entidade, que decorre em Lisboa na Assembleia da República (AR). Ao HM, Rita Santos, uma das conselheiras, adiantou o que vai estar em agenda, sendo que o funcionamento do consulado-geral de Portugal em Macau será um dos pontos abordados no encontro. “Embora haja muito esforço da parte do nosso cônsul (Vítor Sereno), achamos que continua a existir uma falta de pessoal para responder a tantas solicitações. Acresce o facto de estarmos perante especificidades de Macau, porque nem todos dominam a língua portuguesa. A questão que está sempre a ser colocada ao Governo português são os baixos salários que continuam a ser pagos. Este ano vou voltar a falar sobre este assunto.” Além disso, será abordada a “possibilidade de modernizar a área informática dos consulados de todo o mundo”. “Macau é um caso especial, porque face ao esforço do senhor cônsul temos marcação online que tem facilitado muito as marcações”, acrescentou Rita Santos. De frisar que a questão do funcionamento dos consulados portugueses em todo o mundo voltou a ser abordada numa questão colocada por três deputados da AR aos governantes portugueses. Apesar de não falarem do caso de Macau, José Cesário, Carlos Páscoa e Carlos Gonçalves, deputados eleitos pelo círculo fora da Europa, consideraram que existe uma “degradação assinalável do atendimento ao público” nos consulados da Venezuela, Rio de Janeiro, Salvador ou Reino Unido. Outro ponto que será discutido no encontro anual do CCP prende-se com o fim do representante fiscal em Macau. Contudo, há questões burocráticas por resolver relativamente aos aposentados de Macau que recebem a sua reforma da Caixa Geral de Aposentações. “Vou marcar um encontro para que se possa resolver a questão do representante legal. Foi prometido que a partir de Janeiro deste ano esta figura do representante fiscal iria terminar, mas ainda temos de resolver problemas ligados aos idosos que não dominam a língua portuguesa”, rematou Rita Santos.
Victor Ng PolíticaSulu Sou quer novo planeamento para terrenos no Lago Nam Van [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado suspenso Sulu Sou defende que os terrenos não-aproveitados do Lago Nam Van, nas zonas C e D, devem ter um novo planeamento que aposte nas vertentes ecológicas e culturais. Num comunicado da Associação Novo Macau, o legislador recordou que 14 terrenos no Lago Nam Van têm o prazo de aproveitamento de 25 anos ultrapassado, pelo que deviam ser imediatamente recuperados pelo Governo. Sulu Sou acredita também que a recuperação pode criar uma grande reserva de terrenos para às autoridades, sendo que o seu aproveitamento pode influenciar o desenvolvimento sustentável do território. Para isso, o deputado exige que o Executivo decrete, o mais rápido possível, a caducidade dos tais terrenos e que se iniciem os procedimentos de recuperação. Sulu Sou lembrou ainda que nos anos 90 foi elaborado o plano de reordenamento da Baía da Praia Grande que previa construção de infra-estruturas culturais urbanas nas zonas C e D do Lago Nam Van. O deputado defende que o plano deve ser tido como referência para criar um novo ponto cultural e ecológico que constitua uma oferta de um espaço de lazer em Macau.
Victor Ng PolíticaSi Ka Lon exige melhores ligações em Macau [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado e empresário Si Ka Lon exige que seja criada uma ligação entre o aeroporto e o terminal marítimo da Taipa. A exigência é feita numa interpelação escrita e o deputado refere o exemplo de Hong Kong, onde os turistas têm uma ligação facilitada entre o terminal marítimo e o aeroporto, o que no seu entender aumenta a atractividade da região vizinha, como centro de escalas das rotas aéreas internacionais. No documento o deputado considera que em Macau não se encontra esta facilidade nas ligações porque os serviços públicos governam à sua própria maneira. Nesse sentido, além dos turistas não terem serviços facilitados de transferência de transporte, o deputado diz que é possível que este facto cause prejuízos à imagem de Macau como centro mundial de turismo e lazer. Si Ka Lon interpela se o Governo vai criar um ponto de transporte ligado com Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa e Aeroporto Internacional de Macau, tendo exigido que o Governo melhore a organização dos transportes públicos nos locais. Recentemente, no encontro entre o secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, e um grupo de alunos na Universidade de Macau, foi apresentado um plano futuro para ligar o aeroporto com o terminal.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno reúne-se com compradores do Pearl Horizon antes de manifestação O Executivo apresentou o projecto para o futuro do terreno do Pearl Horizon aos compradores na sexta-feira, ainda antes de haver uma decisão judicial sobre o caso. O encontro aconteceu dias antes de mais uma manifestação, sendo que no passado uma das demonstrações dos compradores terminou com agressões à polícia. No encontro, Sónia Chan atacou a postura da Polytex [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s compradores de fracções no Pearl Horizon têm uma manifestação agendada para o Primeiro de Maio, mas o Governo esteve reunido com o representante dos lesados, Kou Meng Pok, na sexta-feira. Numa reunião que contou com a presença de Chui Sai On, Chefe do Executivo, Sónia Chan, secretário para a Administração e Justiça, e André Cheong, comissário Contra a Corrupção, foi apresentado o plano para o desenvolvimento do terreno onde estava a ser construído o empreendimento, apesar do caso ainda decorrer no Tribunal de Última Instância. Durante o encontro na Sede do Governo, o Executivo revelou os pormenores do futuro projecto para o empreendimento e afirmou esperar contar com o apoio da sociedade. Contudo, o plano não vai ser apresentado à população até haver uma decisão do TUI sobre o caso. A construtora Polytex reclama da recuperação do terreno por parte do Governo porque considera que devia ter sido compensada com mais tempo para a construção, devido ao período em que não pode avançar com as obras, por ter de esperar por autorizações e licenças para os trabalhos. Sobre o plano, o Executivo sublinha que o projecto vai “ao encontro do desenvolvimento futuro da cidade, incluindo o uso adequado do respectivo terreno, de acordo com a lei, tendo em consideração o interesse global da sociedade e a fim de proteger os direitos e interesses legítimos dos compradores”. Ao mesmo tempo, segundo o comunicado do Governo, foi deixada a garantia que o Executivo de Chui Sai On “tem lidado com o caso Pearl Horizon com uma visão integrada, para garantir o uso razoável do erário público, o equilíbrio dos interesses de toda a sociedade e das reivindicações legais e razoáveis dos pequenos proprietários”. Ataque à Polytex Depois do Governo ter procedido a recuperação do terreno onde estava a ser construído o Pearl Horizon devido ao fim da concessão do terreno, a promotora Polytex levou o caso para os tribunais. A empresa entende que deve ser compensada com tempo para acabar o empreendimento, uma vez que durante parte da concessão não pode avançar com as obras por estar à espera das autorizações legais do Governo. No entanto, o Executivo não deixa de apontar o dedo à promotora do empreendimento. “O Governo da RAEM tem resolvido o caso Pearl Horizon de forma sincera, e tanto as autoridades como os serviços competentes têm mantido o diálogo e a comunicação com a empresa promotora e com os pequenos proprietários, com o objectivo de coordenar, as partes da venda e compra, a encontrar uma solução adequada”, afirmou a secretária para a Administração e Justiça. “No entanto, a parte da empresa promotora mostrou uma falta de resposta e colaboração positiva”, acrescentou. A reunião do Governo com os compradores do Pearl Horizon aconteceu antes da manifestação de amanhã. Recorde-se que um dos protestos dos compradores de fracções do Pearl Horizon terminou com agressões a polícias. No entanto, o caso nunca seguiu para os tribunais porque os agentes não apresentaram queixa, e o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu que o Executivo é solidário com os compradores.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFunção Pública | Deputados querem reserva de espaços aquando da concessão de terrenos Alguns deputados sugerem que, quando forem concessionados terrenos, o concorrente reserve espaços para albergar departamentos da Função Pública, sem ter de pagar o prémio, para que o Governo possa sair do mercado de arrendamento privado. Em 2016 foram gastas 880 milhões de patacas com rendas de escritórios e armazéns para serviços públicos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo deverá continuar a arrendar escritórios e armazéns para o funcionamento de serviços públicos pelo menos nos próximos cinco a sete anos. Situação que leva alguns deputados a manterem a preocupação com a dependência do funcionalismo público do mercado de arrendamento privado. O assunto foi discutido na última reunião da comissão de acompanhamento para os assuntos das finanças públicas da Assembleia Legislativa (AL), tendo os deputados feito uma sugestão que remonta aos tempos da Administração portuguesa. “Alguns deputados sugeriram que nos contratos de arrendamento, na concessão de terrenos, sejam definidas condições para reservar alguns espaços para instalações públicas. Durante a Administração portuguesa havia essa prática: por exemplo, ao adjudicar um terreno, havia uma definição no programa de concurso que não era necessário pagar prémio, mas apenas reservar espaço para instalações públicas. O Governo vai recuperar terrenos desocupados e lançar concurso público para a adjudicação de terrenos, e (algumas áreas) destes edifícios podem ser destinados a instalações públicas”, explicou o deputado e presidente da comissão, Mak Soi Kun. Outros membros do hemiciclo também sugeriram o recurso ao Fundo de Desenvolvimento do Investimento, ainda a ser criado pelo Executivo, no âmbito da nova lei de aquisição de bens e serviços. “Também houve sugestões de que, no futuro, quando for criado o Fundo de Desenvolvimento do Investimento, o Governo pode recorrer a este fundo para adquirir imóveis no mercado, e isso pode ajudar a reduzir as rendas. Seria mais uma via para resolver o problema das rendas e para evitar as limitações no mercado, porque o Governo tem de negociar com os senhorios.” Só em 2016 foram gastas um total de 880 milhões de patacas do erário público em rendas de espaços localizados em edifícios privados. Os dados de 2017 não podem ser divulgados, uma vez que as contas ainda não foram auditadas. Uma coisa é certa: os governantes garantiram aos deputados que, para já, não podem abandonar por completo o mercado de arrendamento privado. “Muitos cidadãos questionam porque é que o Governo não constrói os seus próprios edifícios em vez de arrendar no mercado privado. O Governo explicou que se adquirir um edifício no mercado privado isso vai ter impacto no mercado, e vai fazer aumentar as rendas e os preços dos imóveis.” Mak Soi Kun adiantou também que “não é possível, nesta fase, sair completamente do mercado de arrendamento”, uma vez que “há os postos de atendimento no terminal marítimo, por exemplo, ou da Direcção dos Serviços de Identificação.” “Não se pode sair desses locais em que têm de ser disponibilizadas mais conveniências para os residentes”, acrescentou o deputado. Os membros da comissão da AL exigiram ainda dados mais detalhados sobre os contratos de arrendamento assinados com privados. “Há espaços que os serviços alugaram a outros e isso não é contabilizado nas despesas totais dos imóveis, porque é um assunto interno e não há uma contabilização. Já solicitámos ao Governo que faça uma melhor contabilização de todas essas informações e nos faculte na próxima reunião.” Consulta pública este ano Relativamente à nova lei de aquisição de bens e serviços na Função Pública, esta deverá entrar em processo de consulta pública no segundo trimestre deste ano, sendo que o documento ainda está a ser preparado pelos serviços. Mak Soi Kun falou de algumas mudanças trazidas pelo diploma. “Vão ser introduzidas sanções e, para assegurar o direito à informação do público, serão definidos os valores das aquisições. Vão ser clarificados os montantes que são requisitos para a aquisição de concurso e vão ser criados mecanismos de aquisição por meios electrónicos para acompanhar o desenvolvimento do Governo electrónico. Também vai ser clarificado o mecanismo centralizado de aquisição.” Além disso, “será tido em conta o valor das aquisições e depois é que se escolhe o tipo de aquisições”, acrescentou Mak Soi Kun. Por especificar ficaram as futuras regras que vão obrigar, ou não, à realização de concurso público para a compra de um bem e serviço pela Função Pública, e sobre quais as compras que podem ser feitas por ajuste directo. “Falámos sobre isso, vai ser referido no documento de consulta pública e depois de termos os resultados o Governo diz que vai seguir o princípio da legalidade, da isenção e da concorrência leal e isso terá de ter em conta os princípios gerais da economia e da eficácia”, concluiu o deputado.
Hoje Macau PolíticaPoluição | Mak Soi Kun quer explicações sobre Hac Sá [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ak Soi Kun apelas às autoridades que descubram, com a maior rapidez possível, a fonte da poluição que tem surgidos nos últimos tempos na praia de Hac Sá. O deputado sublinhou que já havia abordado o tema a 20 de Março, quando aconteceu o primeiro episódio recente de poluição na Praia de Hac Sá, mas que infelizmente, o caso voltou a repetir-se no espaço de um mês. Para Mak Soi Kun, as autoridades têm a responsabilidade de descobrir a fonte dos poluentes, justificando este facto com a missão atribuída pelo Governo Central ao Executivo da RAEM de administrar 85 quilómetros quadrados das zonas marítimas. Além disso, tendo em conta que a Praia de Hac Sá é um sítio com muitos turistas e residentes, o legislador apoiado pelo comunidade de Jiangmen considera que o Governo precisa de descobrir a fonte dos poluentes em prol da governação científica.
Sofia Margarida Mota China / Ásia MancheteDiplomacia | Encontro entre líderes coreanos traz esperança de paz à península O que parecia impensável aconteceu mesmo. Kim Jong-un atravessou a fronteira do Paralelo 38 para um memorável aperto de mão. Um momento histórico que marcou a cimeira da passada sexta-feira entre os líderes dos países da península coreana. O encontro resultou na assinatura de uma declaração conjunta para a desnuclearização da Coreia do Norte e ficaram ainda promessas de mais visitas e de uma paz permanente. Trump e Abe estão confiantes no compromisso firmado Com agências [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá assinado e prometido. Os líderes das Coreias assinaram um acordo para a “completa desnuclearização da península”. Além disso, está no horizonte o fim de um conflito que manteve a região em clima de guerra permanente. É o que se lê no comunicado conjunto divulgado no final da cimeira histórica entre os dois líderes, 65 anos após o conflito armado ter terminado. “O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira histórica. Naquele que foi o primeiro encontro entre os dois líderes em mais de uma década, os dois responsáveis comprometeram-se com um acordo para estabelecer uma paz “permanente” e “sólida”, um objectivo que pretenderá ser alcançado em parceria com os Estados Unidos e talvez também com a China, refere o texto. Para já ficou estabelecido, com o encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, o compromisso de elaborar medidas para a “completa desnuclearização” . Kim Jong-un prometeu fazer com que o acordo com Moon Jae-in seja implementado, ao contrário do que aconteceu com compromissos anteriores. O líder norte-coreano admitiu que possam existir “dificuldades e frustrações no caminho”, mas adiantou que as duas Coreias se concertarão estreitamente para evitar “repetir o passado”. Maduro Maio O líder norte-coreano “disse na cimeira (…) que procederá ao encerramento do local de testes nucleares em Maio”, referiu o porta-voz sul-coreano, citado pela France Press. Segundo a mesma agência, Pyongyang vai convidar peritos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul para verificar o encerramento do centro de testes, de modo a “revelar o processo à comunidade internacional de forma transparente”. A Associated Press refere, por seu lado, que Kim Jong-un afirmou que Trump irá perceber que ele “não é pessoa” para apontar mísseis contra os Estados Unidos e que a Coreia do Norte planeia ainda reajustar os seus relógios com os da Coreia do Sul, que se encontram, desde 2005, com uma diferença horária de 30 minutos. Visitas entre a vizinhança Foi agendado para Outubro um novo encontro, desta feita com a ida do presidente sul-coreano a Pyongyang. Paralelamente, ficou ainda acordado que os dois líderes se encontrarão regularmente e falarão ao telefone através de uma linha criada para o efeito. Norte e Sul concordaram ainda com a abertura de um escritório de comunicação permanente na cidade norte-coreana de Kaesong. Foi acordado também o recomeço das reuniões temporárias entre famílias separadas pela guerra da Coreia (1950-1953). “A Coreia do Sul e a Coreia do Norte decidiram continuar o programa de reunião das famílias separadas por ocasião do Dia da Libertação Nacional a 15 de Agosto”, indicaram, referindo-se ao dia que assinala a rendição japonesa no final da Segunda Grande Guerra. Na final da histórica cimeira na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, Kim e Moon comprometeram-se ainda a aumentar os intercâmbios e a realizarem conjuntamente iniciativas desportivas e culturais. A cimeira foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia. As duas cimeiras anteriores inter-coreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang. Entretanto, Donald Trump reagiu ao encontro entre os líderes coreanos com optimismo. No sábado, o presidente norte-americano, disse a Moon, num telefonema, que estava satisfeito com a completa desnuclearização, de acordo com as autoridades de Seul. “Trump disse que foi uma boa notícia, não só para as duas Coreias, mas para o mundo inteiro, afirmar o objectivo de conseguir uma península coreana livre de armas nucleares através de uma completa desnuclearização”, disse Kim Eui-kyeom, porta-voz da Casa Azul. País aberto a inspecções De acordo com a agencia Reuters, Kim disse a Moon que vai convidar especialistas e jornalistas para “mostrarem à comunidade internacional” o desmantelamento das instalações, informou a Casa Azul. “Os Estados Unidos, apesar de serem um país hostil à Coreia do Norte, vão saber, de uma vez por todas, que não sou o tipo de pessoa que usa armas nucleares contra o sul ou contra os Estados Unidos do outro lado do Pacífico”, disse o secretário de imprensa de Moon, Yoon Young-chan, citando o líder norte coreano. “Não há nenhuma razão para que tenhamos armas nucleares se a confiança mútua com os Estados Unidos for construída através de reuniões frequentes a partir de agora, e o fim da guerra e da não-agressão forem prometidos”. A promessa de Kim mostra sua disposição de “preventiva e activamente” responder aos esforços de inspecção a serem feitos como parte do processo de desnuclearização, disse Yoon. Para facilitar a futura cooperação transfronteiriça, Kim prometeu também eliminar o fuso horário exclusivo criado por Pyongyang em 2015. O presidente norte coreano referiu que adiantaria os ponteiros do relógio 30 minutos para estar em sincronia com o sul. Ventos nipónicos O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe também já se pronunciou acerca da cimeira da passada sexta-feira, referindo que espera que daí resultem “acções concretas”, de acordo com a Reuters. “Quero saudar este passo positivo em direcção a uma resolução conjunta de várias questões relacionadas com a Coreia do Norte”, declarou Abe à comunicação social, classificando as conversações como “discussões sinceras sobre a desnuclearização da Coreia do Norte”. O Japão, que foi recentemente sobrevoado por dois mísseis norte-coreanos, mantém há muito tempo uma posição dura face às negociações com Pyongyang, pedindo que não se “discuta por discutir”. Antes da histórica cimeira intercoreana e de um encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Abe surgiu com declarações mais positivas. “Quero manter uma estreita coordenação entre o Japão, os Estados Unidos e a Coreia do Sul em direcção a uma solução abrangente sobre os problemas dos raptos (japoneses), e dos misseis”, disse Abe. A questão dos japoneses raptados pelo regime norte-coreano nos anos 1970 e 1980 continua a ter uma forte carga emocional no Japão, salientou. A Coreia do Norte admitiu em 2002 ter raptado 13 japoneses nas décadas de 1970 e 1980 para treino de espiões. Cinco deles regressaram ao Japão, mas Tóquio suspeita que existam centenas ainda por voltar ao país. Notícias atrasadas Os meios de comunicação social norte-coreanos classificaram como um “novo marco”, o resultado da cimeira entre as duas Coreias ocorrido na sexta-feira na zona desmilitarizada que separa os dois países. Depois de um silêncio de praticamente 24 horas em torno do assunto, a comunicação social estatal norte-coreana mencionou o compromisso incluído na declaração conjunta de alcançar a “completa desnuclearização” da península. Na sua notícia, a agência assegura que os dois países partilham a ideia de que “as medidas adoptadas pelo Norte e pelo Sul são significativas para a desnuclearização da península da Coreia”, pelo que ambos “acordaram cumprir com as respectivas responsabilidades no futuro”. Os meios de comunicação de Pyongyang sempre louvaram o programa nuclear do país, considerando-o motivo de orgulho para os cidadãos e uma garantia de sobrevivência do regime. Noutra notícia, a agência KCNA classifica como “um novo marco” os esforços conjuntos para a prosperidade e a reunificação das Coreias. Direitos ainda pouco humanos A questão dos direitos humanos continuou a ser um assunto tabu na cimeira entre os líderes das duas coreias, apesar dos apelos da ONU. O relator especial da ONU para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, Tomás Ojea Quintana, disse na passada quarta-feira (25) aos Estados envolvidos nas negociações para a desnuclearizada do país que evitar o tema dos direitos humanos pode comprometer futuros acordos sustentáveis. “A Coreia do Norte tem provado ser um negociador difícil, e se os direitos humanos não forem sequer mencionados neste primeiro estágio de negociações, seria um passo em falso e uma oportunidade perdida”, declarou. De acordo com o responsável, “qualquer acordo de desnuclearização que marginalize os direitos e as necessidades da população norte-coreana será frágil. A paz e a segurança não podem ser alcançadas somente sob a forma de acordos intergovernamentais, mas também, e sobretudo, sob a forma de políticas domésticas que garantam os direitos humanos, sem discriminação”, disse o especialista em comunicado. “Em linha com o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem defendido, peço que todos os governos interessados defendam os direitos humanos como um mecanismo para a prevenção de conflitos e um dispositivo para a construção da paz”, disse. Intenções desconhecidas A promessa de desnuclearização anunciada pelo presidente norte coreano Kim Jong-Un pode ser uma estratégia para ganhar tempo e reduzir as sanções que o país vive. A ideia é lançada por vários analistas, refere o New York Times. “Analistas da região estão profundamente divididos sobre os motivos de Kim”, lê-se na publicação americana. “Alguns argumentam que Kim só quer usar as negociações para ganhar tempo e aliviar as sanções internacionais, nunca pretendendo abandonar suas armas nucleares”, refere a mesma fonte. Por outro lado, há quem acredite que Kim acabaria por desistir de seu arsenal nuclear se tivesse os incentivos certos, como garantias de segurança, um tratado de paz, laços normalizados com Washington, e ajuda financeira que necessita para reconstruir a economia.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAs duas Coreias vão procurar um “regime de paz permanente” – declaração [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s duas Coreias vão procurar este ano acabar com a guerra de modo permanente, segundo um comunicado conjunto divulgado hoje no final de uma cimeira histórica, 65 anos após o conflito ter terminado com um armistício. Os dois vizinhos procurarão com os Estados Unidos e talvez também com a China – ambos signatários do cessar-fogo, na ausência de um tratado de paz – “declarar o fim da guerra e estabelecer um regime de paz permanente e sólido”, refere o texto. Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana. Líderes das duas Coreias acordam “completa desnuclearização” da península Os líderes das duas Coreias, Kim Jong-un e Moon Jae-in, acordaram hoje tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana, durante a histórica cimeira realizada na fronteira entre os dois países. “O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira. O Presidente da Coreia do Sul anunciou ainda que vai visitar a Coreia do Norte no outono deste ano.
Hoje Macau SociedadeBrasil | Nomeado novo delegado para Fórum Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo brasileiro confirmou ontem a nomeação de Rafael Rodrigues Paulino para o cargo de delegado no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. “O Governo brasileiro comunicou ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) a designação do secretário Rafael Rodrigues Paulino como delegado naquele Fórum, a partir de 18/4/2018”, informou o Itamaraty num comunicado enviado à Lusa. Rodrigues Paulino, segundo secretário do Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong, substitui o diplomata Rodrigo Mendes Araújo, que actualmente trabalha na embaixada brasileira em Pequim. Segundo o Governo, as mudanças no fórum reflectem o desejo do Brasil de estreitar ainda mais as suas relações diplomáticas com a China, que é actualmente o seu maior parceiro comercial. No ano passado, o investimento chinês no Brasil atingiu 20,3 mil milhões de euros, segundo dados divulgados pelo Ministério do Planeamento, Desenvolvimento e Gestão brasileiro.