Hoje Macau Manchete SociedadeCaso Costa Nunes: Suspeito de pedofilia obrigado a apresentar-se periodicamente às autoridades [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] suspeito de pedofilia no jardim de infância D. José da Costa Nunes está obrigado a apresentar-se periodicamente às autoridades, determinou o Ministério Público. “Tendo em conta a gravidade do caso e a situação concreta do respectivo processo, o juiz de instrução criminal, sob a promoção do delegado do procurador, impôs ao arguido as medidas de coacção, nomeadamente, a obrigação de apresentação periódica”, enquanto decorre a investigação do caso, de acordo com um comunicado divulgado no sábado. Na sexta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) entregou ao Ministério Público o funcionário, servente no infantário de matriz portuguesa, por suspeita de “abuso sexual de criança”. A PJ recebeu três queixas e, após as declarações prestadas pelas alegadas vítimas e pelo suspeito, o caso foi encaminhado para o Ministério Público por “existirem provas suficientes”. Nos termos da lei, o crime de abuso sexual de crianças é punido com pena de prisão de um a oito anos.
Hoje Macau EventosIsrael venceu 63.ª edição da Eurovisão e Portugal ficou em último lugar [dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]srael venceu este sábado, pela quarta vez, o Festival Eurovisão da Canção, com o tema “Toy”, interpretado por Netta, enquanto a canção portuguesa, “O Jardim”, defendida por Cláudia Pascoal e escrita por Isaura, ficou em último lugar. Israel foi o país que obteve maior pontuação (529 pontos), atribuída pelos espetadores de cada país e pelos júris nacionais dos 43 países que participaram na edição deste ano, embora apenas 26 canções tenham competido na final. A final da 63.ªedição do Festival Eurovisão da Canção decorreu hoje à noite na Altice Arena, em Lisboa. No segundo lugar ficou o Chipre, com 436 pontos, e na terceira posição a Áustria, com 342 pontos. A canção da Áustria liderava a tabela de pontuação após a votação dos júris nacionais, com 271 pontos, enquanto a de Israel era 3.ª, com 212 pontos, e a do Chipre 5.ª, com 183 pontos. Na votação do público, Israel obteve 317 pontos, suficientes para vencer, sendo a canção do Chipre a segunda mais votada pelos espetadores. O tema da Áustria não foi além da 13.ª posição na votação do público. Esta foi a quarta vez que Israel venceu o concurso, depois dos triunfos em 1978, 1979 e 1998, neste último ano com o tema “Diva”, interpretado pela transsexual Dana International. O desfile das canções ficou marcado pela invasão do palco por um elemento do público durante a atuação do Reino Unido. Um homem retirou o microfone à cantora SuRie quando esta defendia o tema “Storm”, impedindo-a de cantar durante cerca de 20 segundos. O ‘invasor’ ainda conseguiu dizer algumas palavras ao microfone, mas acabou por ser retirado por seguranças. A organização, em comunicado divulgado através do ‘twitter’, lamentou o sucedido e anunciou que o homem se encontra “sob custódia policial”. Foi dada a possibilidade ao Reino Unido de repetir a atuação, mas a delegação inglesa decidiu não o fazer “por estar extremamente orgulhosa da atuação” e considerar não haver “razão absolutamente nenhuma para apresentar a canção novamente”. Nos ensaios da primeira semifinal, a tentativa de fazer um mortal em palco acabou por levar o interprete da República Checa, Mikolas Josef, ao hospital. Na primeira semifinal, na terça-feira, foi impedido pelos médicos de voltar a tentar repetir a façanha, mas hoje arriscou e correu bem. Além de Cláudia Pascoal e Isaura, estiveram em palco mais dois portugueses em competição, já que Ricardo Soler e Kiko Pereira fizeram parte do coro que acompanhou o concorrente da Áustria, Cesar Sampson. Durante a final, atuou o vencedor do ano passado, Salvador Sobral, primeiro a solo, acompanhado ao piano por Júlio Resende, para apresentar ao vivo o seu novo ‘single’ “Mano a Mano”. Depois, Caetano Veloso juntou-se à dupla em palco, para cantar com Salvador Sobral “Amar pelos Dois”, tema que valeu a Portugal no ano passado a primeira vitória no concurso. Pelo palco da Altice Arena passaram ainda as fadistas Ana Moura e Mariza, a dupla Beatbombbbers, campeões mundiais de ‘scratch’, e ‘Som de Lisboa’, que junta Branko, Mayra Andrade, Sara Tavares, Plutónio e Dino D’Santiago. A assistir à final esteve o primeiro-ministro, António Costa, e os ministros da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, das Finanças, Mário Centeno, e da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Portugal, por ser o país anfitrião, teve entrada direta na final, bem como Espanha, Reino Unido, Alemanha, Itália e França, os países que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês), que organiza o concurso, ficando assim isentos das semifinais. A organização estimou previamente que cerca de 200 milhões telespetadores assistiriam à final. A 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção tem um orçamento estimado entre os 19,7 milhões e os 20,1 milhões de euros e é a mais barata desde 2008, segundo a organização.
Hoje Macau InternacionalTimor-Leste/Eleições: AMP vence legislativas antecipadas com maioria absoluta [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas de sábado em Timor-Leste com mais de 305 mil votos, ou 49,56% do total, segundo os dados praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE). Os dados dizem referência a um escrutínio de quase 99%, faltando apenas nove dos 85 centros de votação do município de Bobonaro, onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos votos). Com este apoio eleitoral, a AMP, liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak obtém 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional. Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 211 mil votos, ou 34,27% do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23. No Parlamento estará também o Partido Democrático (PD) – parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do total. Pela primeira vez no parlamento estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) – uma coligação de quatro pequenos partidos – que terá três lugares e que obteve quase 34 mil votos ou 49,56% do total. Nenhuma das outras oito forças políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária para conseguir eleger deputados. Os dados mostram um aumento da taxa de participação, que em 2017 foi de 76,74% (584 mil votantes num universo de 760 mil) e este ano aumentou para quase 80% (626.500 num universo de 784 mil. Os três partidos que integram a AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de cerca de 84.500 em 2017 para mais de 90 mil. Globalmente, a AMP teve mais de 94 mil votos que a Fretilin (a diferença era de cerca de 83.600), tendo aumentado o seu apoio total em cerca de 52.500 votos, enquanto a Fretilin viu crescer o seu apoio eleitoral em quase 41 mil votos. De referir ainda o aumento de cerca de 5.700 votos da FDD. Os piores resultados foram dos partidos que integram a coligação MSD, que perderam mais de 10 mil votos, e do PD que perdeu quase seis mil. Até ao momento ainda nenhuma das forças políticas fez qualquer declaração pública sobre o resultado eleitoral. Os dados têm agora que ser reconfirmados na Comissão Nacional de Eleições (CNE), numa tabulação nacional – não se trata de uma nova contagem, apenas de uma verificação das atas. É nessa fase que é decidida, com a presença dos partidos, a distribuição dos quase 600 votos “reclamados”, ou seja, votos em que, no momento de contagem, houve disputa sobre a quem deveriam ser atribuídos. Os resultados finais terão depois que ser confirmados pelo Tribunal de Recurso, o que se prevê ocorra até final de maio, devendo os deputados tomar posse em junho. Só depois deverá ocorrer a formação do Governo que deverá ser liderado, como o próprio disse à Lusa, por Xanana Gusmão, que regressa assim ao cargo que abandonou em 2015. De referir que a AMP venceu na maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul. A Fretilin, por seu lado, venceu em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na Austrália, Portugal e Reino Unido.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCosta Nunes | Suspeito detido. Ministério Público investiga alegados crimes de abuso sexual [dropcap]O[/dropcap] suspeito da prática de abusos sexuais a duas meninas de três anos que frequentam o jardim de infância D. José da Costa Nunes foi hoje constituído arguido por suspeita da prática do crime de abuso sexual de criança, tendo sido detido pela Polícia Judiciária (PJ). A informação foi confirmada ao HM por fonte da PJ, que adiantou ainda que os depoimentos das alegadas vítimas e do próprio suspeito, ex-funcionário do jardim de infância, ajudaram na recolha de mais provas por parte das autoridades policiais. O caso segue agora para mais investigações junto do Ministério Público. O juiz de instrução criminal ainda não se pronunciou sobre a medida de coacção a aplicar ao suspeito de 30 anos de idade, de nacionalidade filipina. Além das duas queixas que foram ontem apresentadas pelos pais junto da PJ, surgiu entretanto uma terceira queixa. Fonte da PJ frisou ao HM que voltaram a ser realizados exames médicos às alegadas vítimas, mas que, mais uma vez, foram inconclusivos quanto a vestígios da prática de abusos. Contudo, as declarações do suspeito e das meninas fizeram com o que o caso tenha sido entregue no MP para mais averiguações. “Os exames não deram resultados, não há provas concretas”, disse a PJ. O caso da alegada prática de abusos sexuais no jardim de infância D. José da Costa Nunes por um funcionário da escola foi noticiado esta quinta-feira, tendo a direcção do jardim de infância tido conhecimento das queixas dos pais na terça-feira. Estes acusam a escola de negligência, mas, até ao momento, a associação de pais reitera o apoio e confiança no trabalho da direcção da escola. Na próxima semana deverá ser concluído o relatório interno, a entregar à Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasUma nota sobre o olhar. Para o João Paulo Cotrim. [dropcap style=’circle’] H [/dropcap] á um modo “normal” de olhar para as coisas. Corresponde a uma espécie de média estatística. As coisas surgem-nos, também, o mais das vezes e à primeira vista, quotidianamente, sempre da mesma maneira. Há uma modulação que tende para esta média quotidiana. Neutralizam-se as diferenças de aspecto das coisas. Contamos com a alteração. As diferenças de olhar e visto são, por assim dizer, esperadas, tidas em consideração, antecipadas. E, contudo, é assim na essência das coisas e na essência da nossa lucidez. Quando se produz uma alteração radical no modo de ver as coisas e no modo das coisas aparecerem, pode haver um abalo na normalidade habitável. Desde sempre na antiguidade que esta estranheza no modo de as coisas aparecerem foi traduzida na linguagem do espanto e da admiração, da reverência, até. Mas a maior estranheza não se dá apenas com a alteração visível das coisas. Dá-se quando aparente e objectivamente nada muda. A experiência que fazemos da alteração não deixa de ser evidente. Contamos com ela. A maré a vazar e a vazia, a maré a encher e cheia no rio da praia da infância, por exemplo, testemunham-no. O rio é sempre diferente, embora haja dias que parece igual. O mesmo se passa numa mesma paisagem de praia em horas diferentes do dia. De manhã, quando ainda o sol não aperta e a luminosidade é da manhã. À hora em que o calor aperta e se sente a sua luz crua. À tarde, quando há uma luz mortiça a antecipar o crepúsculo. De noite, quando se acende uma lareira e se ouve o som do rio a ir contra o Atlântico na rebentação. De manhã à noite, em todas as estações do ano, há apresentações diferentes. O rio nunca é o mesmo, porque o dia é sempre diferente. O próprio dia é uma fracção temporal do mesmo tempo de onde se projecta e plasma sobre todos os conteúdos. A diferença do tempo não está apenas na diferença dos conteúdos. Ela constitui-se na própria diferença entre tempo que passa e salpicos de tempo que são os momentos. Um dia e os seus momentos e os dias como momentos de um único tempo. O olhar capta a diferença no interior de uma duração qualitativa. Captamos com espanto a diferença entre um rio nos seus momentos, consoante as marés, horas do dia, estação do ano. Mas também captamos a estranheza na aparente igualdade entre apresentações. É sabido que a casa é uma entidade “viva”, uma personagem animada nas nossas vidas. É lá que estiveram a viver os nossos. É para lá que antecipamos virão irmãos e irmãs para serem acolhidos no seio de uma família. É de uma casa que saem para a última morada, avós e pais. Sem as diferenças óbvias que se registam entre uma casa habitada cheia de gente e uma casa vazia de gente, podemos perceber que uma casa é diferente a uma hora de um dia em que não costumamos estar lá. Se tivermos de ir a casa a uma hora de um dia da semana em que não costumamos estar lá, a casa aparece toda ela numa atmosfera de estranheza e num ambiente totalmente diferente de como me surge a casa quando lá me encontro a uma hora de um dia em que costumo estar em casa. De resto, a casa à mesma hora, mas em dias diferentes, é sempre diferente. À segunda-feira e ao sábado a casa “é diferente”. Como se capta esta diferença? É porque costumamos estar em casa depois de um dia de trabalho e se lá formos de dia, ela é diferente? Em que sentido? Não é diferente como o rio nas suas marés diferentes, de verão ou de inverno, de férias ou em dia de trabalho. A diferença é apurada para lá dos conteúdos que são exactamente os mesmos. A sala de jantar é a mesma com toda a sua mobília e peças de ornamento. O que muda, então? Tudo. E nada. Na verdade, a estranheza é apurada porque tudo o que parecia igual, no mesmo sítio, sem tirar nem pôr, é diferente. A diferença é no modo de olhar. Uma diferença que está sempre a constituir-se, porque a passagem do tempo cria uma alteração convulsiva em cada instante: antecipa-o para o ver cair para o presente, e do presente, empurra-o para o passado. Cada instante é uma projecção do tempo na sua totalidade. O tempo é sempre o mesmo na sua duração, no trânsito e na sua passagem. E de um instante para o outro pode perceber-se a estranheza da passagem do tempo, inexorável, mas como se nada se passasse na realidade. É como se tudo fosse exactamente o mesmo e não conseguíssemos apurar a diferença. E na identidade absoluta da realidade a própria realidade desagrega-se na passagem, na alteração dentro da identidade, na estranheza de perceber que as coisas se alteram e é estranho perceber-se a alteração, quando tudo aparentemente se mantém na mesma.
Hoje Macau PolíticaClaúdia Pascoal – “O Jardim” “O Jardim” Eu nunca te quis Menos do que tudo Sempre, meu amor Se no céu também és feliz Leva-me, eu cuido Sempre, ao teu redor São as flores o meu lugar Agora que não estás Rego eu o teu jardim São as flores o meu lugar Agora que não estás Rego eu o teu jardim Eu já prometi Que um dia mudo Ou tento, ser maior Se do céu também és feliz Leva-me, eu juro Sempre, pelo teu valor São as flores o meu lugar Agora que não estás Rego eu o teu jardim São as flores o meu lugar Agora que não estás Rego eu o teu jardim Agora que não estás, rego eu o teu jardim Agora que não estás, rego eu o teu jardim Agora que não estás Agora que não estás, rego eu o teu jardim Claúdia Pascoal e Isaura
Diana do Mar SociedadeAutocarros | Governo autoriza fusão da TCM com a Nova Era Está confirmado: a TCM e a Nova Era não só apresentaram um pedido de fusão, como esse pedido já foi autorizado pelo Governo. A confirmação foi feita ontem pelo secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, na Assembleia Legislativa. “Entendemos que o pedido de fusão destas duas empresas contribui para os transportes públicos colectivos. É simples. Macau é muito pequena e se me perguntar [a minha opinião], segundo a minha análise, acho que a fusão é uma coisa boa”, afirmou. O director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, complementou, ao sublinhar que a junção das duas companhias de autocarros vai “trazer vantagens para a sociedade”. Com a fusão, as duas empresas, que tem como sócia maioritária o grupo estatal Nam Kwong, preparam-se para concentrar mais de 60 por cento das carreiras. Esta fusão acontece a pouco tempo de expirarem os actuais contratos de serviços com as três operadoras (TCM, Nova Era e Transmac), em finais de Julho. Já em resposta às incertezas dos deputados, como Ho Ion Sang e Wong Kit Cheng, relativamente ao futuro dos trabalhadores, Raimundo do Rosário afirmou que essas garantias cabem às duas empresas assegurar. “Isso é matéria interna das empresas”, frisou o secretário. O director da DSAT voltou a complementar, indicando que a TCM e a Nova Era afirmaram que a mudança “não vai afectar os trabalhadores”. Sobre a viabilidade de alargar a frota a autocarros amigos do ambiente, Raimundo do Rosário afirmou que actualmente existem cerca de 900 autocarros, dos quais 70 movidos a gás natural e que o objectivo passa por aumentar esse número, mas “passo a passo” devido à falta de um local onde se possa construir um posto de abastecimento. Segundo o director do DSAT, a meta é chegar aos 120 autocarros movidos a gás natural até 2020.
Diana do Mar PerfilRaquel Dias, coordenadora na área cultural | Uma casa chamada Macau [dropcap style=’circlr’]N[/dropcap]asceu em Moçambique, estudou em Portugal e em Inglaterra, mas a maior parte da vida passou-a em Macau. Uma terra que, apesar de não ser a sua, a faz sentir-se em casa. “Independentemente do que decidir para o meu futuro, vai ser sempre o meu poiso”, diz Raquel Dias. “Foi só há pouco tempo que deixei de olhar Macau como um sítio de passagem”, uma visão que “marca também um pouco a maneira como nós nos relacionamos com a terra”, observa a jovem de 31 anos. “É um lugar onde investimos pouco – tanto financeira como emocionalmente – porque achamos sempre que vamos ficar por pouco tempo e depois acabamos por ficar uma quantidade de anos e não construímos nada”, realça Raquel Dias, que chegou a Macau em 1991. Essa viragem teve os primeiros sintomas quando saiu de Macau: “Aos 16 anos decidi que queria ir para Portugal e chateei tanto a cabeça dos meus pais que fui para um colégio interno. Foi um momento marcante na minha vida, porque nunca me tinha questionado sobre a minha identidade e foi aí que começaram as minhas grandes dúvidas existenciais, porque percebi que era ‘mais ou menos portuguesa’ ou pelo menos não era portuguesa de Portugal”. “Foi a primeira vez que tive essa sensação de não ter terra”, embora, “às vezes, seja bom, porque ao sermos de lado nenhum podemos ser de qualquer lado”. “Foi um momento marcante, mas exacerbado também, claro, pelas hormonas da adolescência”, brinca. Depois de Portugal, Raquel Dias foi estudar História e Antropologia para Inglaterra. Quando terminou o curso, regressou a Macau. A ideia era ficar um ano e voltar a Inglaterra, mas acabaria por deixar-se estar na terra onde cresceu até hoje. Arregaçar as mangas O primeiro emprego surgiu, pouco depois do retorno a casa, na Delta Edições, empresa que produz e distribui a Revista Macau. Foi a primeira experiência de várias do mesmo tipo, dado que trabalhou de seguida para diferentes projectos editoriais, incluindo as revistas Essential Macau, Macau Business e High Life ou no portal Live and Love Macau, da qual foi uma das fundadoras, actual Macau Lifestyle. Pelo meio recebeu uma oferta do Wynn, que estava a preparar a abertura do Wynn Palace. “Fizeram-me uma proposta aliciante e acabei por ficar um ano e meio”, explica. Integrada na equipa de relações públicas, “fazia a edição do material escrito em inglês e também traduções ou ‘news clipping’, na verdade, um pouco de tudo”. “Eu não tinha ideia de que fazer a abertura de um casino era tão intenso e cansativo, pelo que acabei por sentir saudades e queria voltar para um projecto editorial”, recorda. Depois do regresso ao mundo editorial, Raquel Dias decide embarcar numa nova aventura: “Comecei a trabalhar como freelance, a fazer tradução e interpretação simultânea de inglês-português e vice-versa, porque queria trabalhar para mim”. “Descobri que me dava imenso prazer e foi o que fiz durante algum tempo. Claro que era óptimo trabalhar por conta própria, mas também tem as suas desvantagens”, sublinha. Foi, aliás, por essa razão, que aceitou de imediato uma oferta de trabalho na Fundação Rui Cunha, onde está desde Março como coordenadora da área de apoios socioculturais e filantrópicos. “Nem pensei duas vezes, porque já tínhamos falado antes”. É uma mulher de sete ofícios, mas “tudo um pouco por acaso”: “As coisas foram acontecendo, sem nada muito programado”. “Não sou historiadora, não sou antropóloga e também nunca achei que me pudesse auto-intitular de jornalista”, realça. O que lamenta? Nunca ter voltado a Moçambique. “Nunca voltei a Moçambique e era uma viagem mesmo muito importante para mim, mas se calhar precisamente por essa razão ainda não arranjei tempo para a fazer”, diz. Acima de tudo, “queria voltar lá, gostava de conhecer uma das terras que também é minha”.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesDe quem depende a segurança do Estado? [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Chefe do Executivo deslocou-se à Assembleia Legislativa para responder a algumas questões dos deputados. A maioria dos 33 representantes, à excepção de Ho Iat Seng (Presidente da Assembleia), de Cheung Lup Kwan e do deputado suspenso Sulu Sou, colocaram questões de circunstância. Foram muitos poucos os que levantaram questões significativas, pelo que daqui não saiu nada que valha a pena ser discutido. Parece-me mais interessante dedicarmos algum tempo a analisar o Artigo 23 da Lei Básica. Os meus leitores provavelmente saberão que o Governo de Macau aprovou legislação para implementar o Artigo 23 da Lei Básica, em 2009, e que a “Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado” foi então promulgada. Embora, ao longo dos 19 anos que decorreram desde o regresso à soberania chinesa não tenha havido em Macau nada que pusesse em risco a segurança do Estado, 9 anos após esta data foi introduzida legislação, que, de certa forma, pretendia concluir a missão da recuperação do território para a China. No entanto, obediência absoluta não quer dizer lealdade absoluta. O Governo de Macau vai introduzir uma série de leis e de regulamentos associados à “Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado” e irá criar os respectivos departamentos estatais. Macau confia na indústria do jogo para obter enormes dividendos e a prosperidade da sua economia está dependente dos turistas da China continental. A voz dos dissidentes locais mal é ouvida. O Governo de Macau dá todos os anos dinheiro aos seus residentes, o que provoca que se habituem a viver um estilo de vida “patriótico e apaixonado por Macau”. Os novos imigrantes veem Macau como um paraíso, e mais de 100.000 trabalhadores estrangeiros chegam aqui em busca de riqueza e não de “revoluções”. Acredita-se que esta cidade é um dos lugares mais seguros de toda a China. Aprovar legislação relacionada com o Artigo 23 da Lei Básica é uma necessidade política. Mas qual é o objectivo de introduzir leis e regulamentos paralelos? Será para mostrar à população de Hong Kong que, futuramente, o seu sistema virá a ser igual ao de Macau, em termos de segurança do Estado? Se for este o caso, temo que a visita de Qiao Xiaoyang a Hong Kong para explicar e promover a Lei Básica, e os seus esforços para abrir o caminho para a aprovação de legislação de acordo com o Artigo 23, tenham sido feitos em vão. E tudo isto porque Macau é absolutamente obediente e é uma cidade sem crises. Hong Kong e Taiwan não têm qualquer inveja de Macau no que respeita ao papel que desempenha nesta matéria. Uma boa governação é o melhor garante da segurança do Estado, muito mais do que leis e regulamentos restritivos. Na História da China houve diversas dinastias muito fortes. Uma delas foi a Dinastia Qin, a quarta em termos de poderio militar, apenas precedida pelas Dinastias Yuan, Tang e Han. Contava com uma população de 25 milhões de almas, e os seus exércitos tinham um milhão e meio de soldados, cerca de 6 por cento da população, a maior percentagem de todas as dinastias. Então porque terá a Dinastia Qin durado apenas 15 anos, apesar de todo o poderio militar? Para solidificar a sua estadia no poder, os Qin não promulgaram leis para garantir a segurança do Estado, em vez disso implementaram legislação do foro criminal muito restritiva, para eliminar os factores que potencialmente pusessem em risco essa segurança. Por exemplo, promoveram a queima de livros e o sepultamento de intelectuais para eliminar as dissidências e demoliram as muralhas das cidades para vigiarem melhor os seus moradores. Além disso, todos os que tivessem conhecimento de uma infracção cometida por outrém e não o denunciassem, eram considerados tão culpados como o infractor. As armas pessoais foram apreendidas em todo o País e transformadas em 12 esculturas metálicas. Resumindo, o primeiro Imperador da Dinastia Qin fez tudo o que pôde para passar a coroa de geração em geração. Infelizmente, para ele, o resultado não foi o esperado. Pouco tempo depois da sua morte, o novo Imperador Qin foi destronado. Várias décadas após do fim da Dinastia Qin, um intelectual da Dinastia Han passou pelas ruínas da Dinastia Qin e escreveu um artigo onde analisava a queda desta linhagem. Esta família real não se extinguiu por não ter promulgado leis de segurança do Estado e leis e regulamentos paralelos a elas associados, caiu sim, por não ter governado com “benevolência e com justiça”. Se o intelectual Han tivesse nascido décadas antes e o primeiro Imperador Qin tivesse tido hipótese de o ouvir, poderia ser que tivesse ordenado aos seus descendentes que governassem o País com benevolência e com justiça. Nesse caso, a governação da China dos nossos dias poderia ser a continuação da administração da Dinastia Qin. No entanto, não existem “ses” na História, apenas relações ocasionais.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Número de pilotos locais mantêm-se estável [dropcap style=’circle’] U [/dropcap] m total de oitenta pilotos de Macau, divididos em duas classes, vão lutar pelos 36 lugares disponíveis na Taça de Carros de Turismo de Macau, a prova de apuramento para o Campeonato de Carros de Turismo de Macau. Apesar do número menor de vagas que este ano o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa) tem para oferecer para a Taça de Carros de Turismo de Macau do Grande Prémio de Macau, o número de participantes inscritos na edição de 2018 não foi dramaticamente inferior comparando com a edição transacta. Ao todo serão oitenta pilotos, divididos por duas classes, que vão lutar pelos trinta e seis lugares disponíveis na célebre corrida de carros de Turismo do final do mês de Novembro. A competição organizada pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) será novamente dividida em duas classes: “AAMC Challenge 1.6 Turbo” e “AAMC Challenge 1950cc ou Superior” (anteriormente designada como Roadsport Challenge). Ao todo, a classe “AAMC Challenge 1.6 Turbo” reuniu vinte e oito participantes, menos dois que o ano passado, sendo que vinte e dois são portadores de licença desportiva da RAEM, menos um que em 2017, cinco são de Hong Kong e há um concorrente de Singapura. Por seu lado, a categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Superior” juntará cinquenta e dois participantes, menos três que na pretérita temporada, sendo que vinte são pilotos do território, menos dois que em 2017. Estabilidade de vagas O número de pilotos de matriz portuguesa manteve-se estável, com uma forte representação na classe “AAMC Challenge 1.6 Turbo”. Na lista de candidatos ao triunfo estarão os companheiros de equipa Felipe Clemente Souza (Chevrolet Cruze), campeão em 2016 e 2017, e Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze), vencedor à classe na Taça CTM na edição passada. Igualmente presente está Rui Valente (MINI Cooper S), um nome incontornável do desporto motorizado do território, assim como Celio Alves Dias (MINI Cooper S), Eurico de Jesus (Ford Fiesta) e o vencedor da Corrida Taça Chinesa de 2017, Hélder Assunção (Ford Fiesta). Na classe “AAMC Challenge 1950cc ou Superior”, que conta com pilotos de seis diferentes países ou territórios, estão inscritos os macaenses Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi Evo7), Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo9) e Jo Rosa Merszei (Mitsubishi Evo9). Os dezoito melhores classificados de cada categoria, no somatório dos dois Festivais de Corridas de Macau – organizados pela AAMC no Circuito Internacional de Zhuhai, nos fins-de-semana de 26 e 27 de Maio e 30 Junho e 1 Julho – serão apurados para o Grande Prémio.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasSegundo e terceiro dia das comemorações [dropcap style=’circle’] N [/dropcap] o artigo anterior ficou relatado o primeiro dia das comemorações do IV Centenário do Caminho Marítimo para a Índia realizadas em Macau a 17 de Maio de 1898 e agora aqui descrevemos as celebrações dos dois dias seguintes. O Porvir (hebdomadário ‘Estritamente dedicado a propugnação do bem-estar dos portugueses no Extremo-Oriente’ aparecera a 20-11-1897, com a redacção em Wyndham Street 1A em Hong Kong e editor responsável Luís M. Xavier) refere terem os chineses nas noites de 17, 18 e 19 realizado uma procissão, levando um pagode, cônscios de que com esse ídolo conseguiriam enxotar a peste da cidade, gritando pelo caminho, . Anota-se já em Macau que a peste vai declinando pois, dia a dia, diminui o número de atacados. A cidade nos quatro dias das comemorações não se iluminara festivamente, mas os edifícios públicos estão-no. Numa das janelas do Leal Senado há um grande quadro, pintado a fresco pelo Sr. Jaime dos Santos (vulgo Meme), representando o desembarque de Vasco da Gama em Calicut. Um outro magnífico quadro transparente, com Vasco da Gama a bordo da nau S. Gabriel, também do mesmo autor, encontra-se na casa de um chinês abastado, o Sr. Francisco Tze Iat (conhecido por Francisco Volong), na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, bairro de S. Lázaro; casa que se apresenta bem iluminada. A “Empreza Económica” representa a sua iluminação por uma enorme estampilha de quatro avos, esplendidamente pintada pelo Sr. Ricardo de Souza Júnior, gerente daquela casa comercial. O Hotel Hing kee apresenta-se com balões chineses e a redacção de O Independente ilumina as suas janelas a balões japoneses. Em todos os actos, durante os quatro dias dos festejos, a banda militar toca o hino de Vasco da Gama. Já a tuna académica, regida pelo estudante do liceu Fernando Cabral, acompanhada de estudantes da diferentes escolas, percorre as ruas da cidade nas noites de 17, 18, e 20, em marcha aux flambeaux, parando em frente das casas dos professores do liceu, do seminário, do palácio do governo, do paço episcopal, etc. dando entusiásticos vivas à Pátria, aos professores, e outros. Levam uma bandeira de Portugal e o pendão do liceu. Segundo dia das celebrações Ao meio-dia de 18 de Maio de 1898 a Fortaleza do Monte salva com 21 tiros e a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia oferece “um bodo aos pobres distribuindo 150 senhas de valor de $1 cada uma, dando aos pobres o direito de proverem-se, no fornecedor Tse-seng, de quaisquer géneros que mais lhes aprouvessem até ao valor das senhas e mandou para as órfãs da Casa de Beneficência das irmãs canossianas carne de vaca e de porco, presunto, galinha, etc., para preparar um bom jantar e iguais géneros mandou para os inválidos de ambos os sexos do Hospital S. Rafael”, segundo o Echo Macaense. Assim se percebe a notícia do Independente e de O Porvir ao referirem haver um bodo a 200 pobres, distribuído por meio de senhas na Santa Casa da Misericórdia. Durante o dia não ocorre nenhuma outra manifestação e à noite há música no jardim público de S. Francisco com a banda militar. À noite saem outra vez, com a sua orquestra, os alunos do liceu, fazendo também neste dia uma marcha aux flambeaux. Partindo do liceu, seguem em direcção à casa do professor João Pereira Vasco, o qual os convida para subir e lhes serve um copo de vinho e brinda a Portugal, ao povo de Macau e à academia macaense. Dirigem-se em seguida ao Seminário de S. José para saudar os seus irmãos nos estudos. Aí são recebidos com palmas pelo Reverendo Padre Reitor, por todos os professores e alunos, trocando-se diferentes vivas de parte a parte. É-lhes também oferecido um finíssimo copo de vinho. Depois voltando do Seminário passam pela Praia Grande, pelo jardim público de S. Francisco e pelo quartel de S. Francisco, em frente do qual param para dar vivas ao exército. Terceiro dia de comemorações Quem escreve com mais pormenor sobre o dia 19 é o Echo Macaense de 22 de Maio, que refere, “Às 5 da tarde achava-se reunido na Gruta de Camões todo o funcionalismo, tendo à testa o Exmo. Governador, todo o Clero e muito povo”. O Provir de 21 de Maio complementa, “com grande concorrência, a cerimónia da colocação de uma coroa no busto de Camões, deposta por S. Exa. o conselheiro governador, que nessa ocasião fez um breve discurso”, dizendo ter o prazer de ver reunida toda a cidade de Macau naquele local tão celebrado na nossa literatura, que a coroa de louros ali colocada junto ao busto do nosso épico atestará aos vindouros o alto e patriótico apreço que esta cidade do Santo Nome de Deus faz do imortal poeta que cantou a viagem do Gama. [No momento em que se procede à colocação da coroa no busto de Camões são tiradas fotografias.] Usa depois da palavra o Sr. Dr. Horácio Poiares, que narra a vida de Luís Vaz de Camões, salientando ter sido Macau a primeira de todas as colónias portuguesas a prestar-lhe culto. Ao lado do governador estão os alunos do liceu, com a sua filarmónica e bandeira portuguesa. Concluída a cerimónia, percorrem os estudantes as ruas da cidade. Nessa tarde devia ter tido lugar também o lançamento da pedra fundamental do monumento a Vasco da Gama e dizia-se que nessa ocasião faria um discurso o Sr. Dr. Juiz de Direito”, Ovídio d’ Alpoim. A crónica do jornal O Independente é semelhante à de O Provir, apenas dando ênfase ao esplêndido discurso do governador, “repassado do mais ardente patriotismo” e o do “nosso prezado amigo Sr. Dr. Horácio Poiares, que, num entusiástico improviso, frisa principalmente o entranhado amor pátrio do nosso primeiro épico, arrebatando o numerosíssimo auditório com a sua palavra correcta e fluente.” Refere ainda O Independente que, a tuna académica esteve na Gruta de Camões por ocasião da colocação da coroa de bronze, tocando o hino nacional. Saíram da Gruta tocando uma marcha e dirigiram-se a casa do Sr. Comendador Lourenço Marques, que foi quem à sua custa levantou a estátua a Camões, quando aquele pitoresco jardim lhe pertencia. [Este busto, que em 1866 substituíra um outro, é feito em bronze, sendo a autoria de Manuel Maria Bordalo Pinheiro. No pedestal estão gravadas à frente as estâncias I, II e III do Canto I dos Lusíadas e na parte de trás a sua tradução em chinês. Em 1885, a propriedade foi vendida ao governo de Macau e transformada em jardim público, tendo-se nessa altura demolido várias construções que havia sobre os rochedos de Camões.] Feitos os cumprimentos ao venerável ancião, é-lhes servido um delicioso copo de champanhe. Honra seja feita aos estudantes, que deram a nota verdadeiramente festiva do feito que se comemora, organizando o cortejo dirigido pelo estudante do liceu Carlos Cabral. À noite há música em frente do palácio, terminando assim o terceiro dia das celebrações.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça | Fundador de grupo que queria o Novo Banco condenado a 18 anos [dropcap style=’circle’] U [/dropcap] m tribunal chinês condenou ontem o fundador do grupo Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, a dezoito anos de prisão, por ter angariado milhares de milhões de dólares de forma fraudulenta. O Tribunal Popular Intermédio Nr.1 de Xangai considerou Wu Xiaohui, que fundou a Anbang em 2004, culpado de ter enganado investidores e abusado do seu cargo em benefício próprio, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O magnata foi detido em 2017 e, em Fevereiro passado, o regulador chinês assumiu as operações do Anbang Insurance Group, depois de uma vaga de aquisições por todo o mundo ter suscitado dúvidas sobre a origem do dinheiro e a sustentabilidade do grupo. Em Março passado, o empresário surgiu na televisão estatal chinesa a declarar-se culpado, apesar de ter inicialmente negado as acusações, segundo documentos do tribunal. O magnata possuía e controlava mais de 200 empresas que detinham participações na Anbang, de forma a assegurar um “controlo absoluto” sobre o grupo. Em 2011, por decisão de Wu, a seguradora lançou um novo produto para investidores e falsificou documentos para obter a aprovação da Comissão Reguladora de Seguros da China. O regulador impôs limites às vendas daquele produto, com base no estado financeiro da Anbang, mas Wu emitiu relatórios de contas falsos para convencer os investidores da sustentabilidade do grupo. Até Janeiro passado, aquele produto captou mais de 93 mil milhões de euros a partir de 10,6 milhões de investidores, superando os limites de capital estipulados pelos reguladores. Seguros tremidos Segundo o tribunal, Wu usou mais de oito mil milhões de euros para investir em projectos, saldar dívidas e “levar um estilo de vida luxuoso”. A mesma nota detalhou ainda que Wu ordenou altos executivos da empresa a destruírem informação para encobrir os seus crimes. Em Agosto de 2015, o grupo Anbang não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo. Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1,9 mil milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China. A mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado. A indústria dos seguros na China foi nos últimos dois anos abalada por vários casos de fraude. Em Setembro passado, o anterior director da Comissão Reguladora de Seguros da China foi julgado por receber subornos, enquanto executivos do sector foram punidos por corrupção e má gestão. Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o ‘site’ oficial.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Empresários “apavorados” face a possível guerra comercial [dropcap style=’circle’] E [/dropcap] mpresários chineses estão “apavorados e indignados” perante uma possível guerra comercial entre Washington e Pequim, que ameaça indústrias inteiras nos dois países, testemunham exportadores radicados na China, na véspera de nova ronda de negociações. “Existem fábricas com 300 funcionários que provavelmente vão parar”, contou Ricardo Geri, cofundador da Plan Ahead, empresa com sede em Pequim que exporta pedra artificial à base de quartzo para os Estados Unidos. Para cumprir uma das principais promessas eleitorais, o Presidente norte-americano, Donald Trump, exigiu à China uma redução do crónico défice comercial dos EUA com o país em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos. Caso estas exigências não sejam satisfeitas, o chefe da Casa Branca ameaçou subir os impostos sobre um total de 150.000 milhões de dólares de exportações chinesas para os EUA. “Há uma certa indignação entre os empresários chineses, que investiram muito dinheiro para aumentar a produção”, admitiu Geri, natural do estado brasileiro de Rio Grande do Sul e radicado em Pequim há cinco anos. No caso particular dos produtos de quartzo, “a China fornece 70 por cento do mercado norte-americano” e, nos últimos anos, “fábricas que tinham duas linhas de produção, passaram a ter quatro, seis ou até nove”, beneficiando da recuperação do sector da construção nos EUA e taxas alfandegárias inferiores a 2 por cento, contou o empresário. No entanto, aproveitando a crescente tensão entre Washington e Pequim, o fabricante líder norte-americano de produtos de quartzo, o Cambria Co., apresentou ao Departamento de Comércio dos EUA uma petição para subir as taxas sobre as importações oriundas da China para 455 por cento, acusando os produtores chineses de receberem subsídios ilegais e prática de ‘dumping’, venda abaixo do custo de produção. Cenário de risco Em Setembro, Washington irá decidir a taxa preliminar e, em Julho do próximo ano, sairá a taxa final, com os produtos importados entre aquele período a serem taxados retroactivamente. “Criou-se um cenário de alto risco, que parará praticamente todas as importações”, afirmou Ricardo Geri. Pedro Ribeiro, empresário português radicado em Cantão, no sul da China, e que também exporta para os EUA, lembrou que as disputas comerciais poderão afectar também os exportadores norte-americanos de produtos alimentares. “A China tem muito a perder nesta guerra”, refere Pedro Ribeiro. O empresário refere ainda que não acredita que o que “os EUA anunciaram entre em efeito na totalidade”. “Esta é apenas a forma como o Trump negoceia”, concluiu. Porém, a China advertiu ontem que vai manter a posição na próxima ronda de negociações com os Estados Unidos, que visa encontrar uma solução para as crescentes disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo. “A posição chinesa é muito clara: opomo-nos ao unilateralismo e ao proteccionismo comercial. Os EUA devem retirar as suas ameaças”, disse Gao Feng, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Na véspera de uma delegação chinesa, chefiada pelo vice-primeiro-ministro Liu He, retomar as negociações com o secretário de Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, em Washington, Gao advertiu: “A posição chinesa não mudou e não mudará”. O porta-voz disse esperar que a nova ronda de negociações permita que a China e EUA “avancem, em conjunto, no desenvolvimento da cooperação económica e comercial e que alcance benefícios mútuos para os povos de ambos os países e do mundo”. A viagem de Liu a Washington segue-se a uma primeira ronda de conversações, realizada na semana passada, em Pequim, entre uma delegação norte-americana chefiada por Mnuchin, e da qual não resultaram acordos concretos.
Sofia Margarida Mota EventosFAM | Companhia sul-coreana traz Franz Kafka ao Centro Cultural [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] palco do Centro Cultural recebe a peça de teatro baseada na obra de Franz Kafka, “O Processo” nos próximos dias 26 e 27. A encenação é da companhia sul-coreanos “Sadari Movement Laboratory” que aposta no teatro cinético e no jogo entre a luz e o som para dar espaço às interpretações. “O Processo” de Franz Kafka vai ser apresentado no grande auditório do Centro Cultural de Macau nos próximos dias 26 e 27 através da visão e encenação da companhia sul-coreana “Sadari Movement Laboratory”. O espectáculo integra a 29ª edição do Festival de Artes de Macau e constitui um dos momentos altos do evento. Para quem está familiarizado com a obra do autor checo, “O Processo” é uma reflexão acerca do absurdo da existência e do que acontece quando esta, por si, se torna num crime, refere a apresentação oficial do evento. O romance, considerado como a obra-prima do autor, retrata um tema recorrente no universo kafkiano: o esmagamento do ser humano pela máquina estatal. Numa adaptação do clássico romance de Franz Kafka, a companhia sul-coreana traz a vida do homem moderno na sua coexistência com uma ansiedade permanente. Um cerco que se encerra pela força da pressão da competitividade, dos jogos de violência, da vivência entre sofrimentos, sacrifícios e prazeres que colocam o homem moderno em confronto com a sua própria existência e o seu auto-julgamento. É este tribunal da vida que Kafka escreveu e que a “Sadari Movement Laboratory” reinterpreta numa linguagem que mistura movimento às palavras. Teatros vários A companhia é conhecida pelo trabalho que faz recorrendo a técnicas como o teatro físico. Uma via artística assente na ideia de “que os actores podem expressar os estados sociais e psicológicos das suas personagens de forma mais pungente, através de espaços separados e ritmos dinâmicos”, lê-se num comunicado do Instituto Cultural. A “Sadari Movement Laboratory” foi fundada pelo seu director artístico, Im Do-Wan, que também é uma referência do teatro cinético na Coreia do Sul. Um dos métodos cénicos centra-se em jogos de luz e de som para acompanhar e dar mais profundidade às interpretações levadas a palco. Depois de completar os estudos na L’École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq, em Paris, Im Do-Wan fundou a companhia em 1998. Ali, todos os membros são treinados no método de Jacques Lecoq, assim como na dança tradicional coreana. O objectivo é maximizar as potencialidades dos trabalhos que resultam “num empenho único em cada experiência em palco”, fazendo com que o teatro vá além do diálogo e das convenções mais realistas desta arte.
João Santos Filipe SociedadeATFPM | Corrupção na administração pública discutida em reunião de sindicatos [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] s efeitos da corrupção na moral dos trabalhadores do Estado e os abusos da entidade patronal foram alguns dos assuntos que o presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, discutiu ontem e anteontem, em Tóquio. O também deputado esteve nos últimos dois dias a participar, a par da coordenadora adjunta do Conselho da Juventude da ATFPM, Sugar Lam, nas reuniões da federação mundial de sindicatos, a Public Service International (em português Serviço Público Internacional). “Debateu-se, essencialmente, a questão da importância da existência de um sistema de protecção aos denunciantes dentro da função pública, não se permitindo por via legal qualquer tipo de abusos por parte da entidade patronal”, disse José Pereira Coutinho, ao HM. “É importante, uma vez denunciados os eventuais casos de corrupção, que não se possam transferir os denunciantes para outros postos de trabalho nem prejudicar-lhes as carreiras ou eventuais promoções”, acrescentou. Focando a perspectiva dos funcionários públicos quando se deparam com casos de corrupção interna, José Pereira Coutinho sublinhou que é um rombo para o moral dos funcionários, além dos evidentes problemas de imagem perante o público. “O problema da corrupção dentro da função pública foi amplamente debatido porque além de afectar a qualidade dos serviços públicos prestados pelos cidadãos, acaba também por desmotivar os trabalhadores nos seus postos de trabalho”, sustentou. Ao longo de dois dias estiveram em Tóquio cerca de dez representantes de sindicatos de países e regiões, que participaram na discussão dos assuntos da função pública. Também na discussão foram abordadas as “cunhas”, um fenómeno que José Pereira Coutinho diz contribuir para desvalorizar a meritocracia no serviço: “A corrupção traz consigo, na maioria das vezes, o sistema de padrinhos e madrinhas e as promoções acabam por ser motivadas não pelo mérito, mas antes pela influência de pára-quedistas que ocupam os ‘tachos’”, apontou. Visita à Embaixada Durante a passagem por Tóquio, o também deputado da Assembleia Legislativa, que esteve ausente da sessão de ontem e de quarta-feira do hemiciclo, aproveitou igualmente para fazer uma visita ao embaixador de Portugal no Japão, Francisco Xavier Esteves, na condição de Conselheiro das Comunidades Portuguesas. Em relação a este aspecto, Coutinho confirmou que tinha discutido as comunidades locais de Macau e Japão com o embaixador, e que endereçou um convite a Francisco Xavier Esteves para que visitasse Macau num futuro próximo. Por sua vez, o embaixador mostrou-se disponível para vir a Macau e admitiu já ter essa vontade há mais de três anos.
Diana do Mar Breves PolíticaHabitação | Conflitos por infiltrações de água agilizados nos tribunais [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] fim de resolver, “com a maior brevidade possível, os conflitos relacionados com infiltrações de água através de procedimento judicial”, o Governo decidiu rever o regime jurídico. A revelação foi feita ontem pelo director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), em resposta a uma interpelação oral do deputado Mak Soi Kun. Liu Dexue indicou que o Governo procedeu à revisão da norma respeitante ao âmbito de aplicação do processo sumário previsto no Código de Processo Civil, sugerindo que as acções cujo valor não exceda as 250 mil patacas sigam de forma processual mais simples”. Essa proposta vai ser sujeita à auscultação do sector do Direito, com Liu Dexue a indicar que espera apresentar o diploma o mais rapidamente possível. Em paralelo, essa mexida foi integrada na proposta de alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, cujos trabalhos legislativos foram já concluídos. Além disso, segundo adiantou na Assembleia Legislativa, o Governo vai ponderar também a alteração da norma relativa ao âmbito da aplicação do processo referente a pequenas causas previsto no Processo Civil para permitir que “mais acções possam ser abrangidas por esta forma processual mais simples e célere de resolver conflitos”. O objectivo é “permitir que mais conflitos de natureza civil possam ser rapidamente julgados”, incluindo os relacionados com infiltrações de água em que não se consegue entrar na fracção autónoma para verificar a fonte da fuga, explicou o mesmo responsável.
Sofia Margarida Mota SociedadeUM | Académicos locais vão dar formação em Português no continente [dropcap style=’circle’] N [/dropcap] o final deste mês o Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português da Universidade de Macau vai começar a enviar académicos para dar formação em universidades na China continental. Entretanto, decorre desde ontem e até amanhã a primeira edição da conferência “Confluências em língua portuguesa: línguística, literatura e tradução” O Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português da Universidade de Macau vai dar início aos programas de formação no continente ainda este mês. A primeira saída de académicos da UM para a China está prevista ainda no final de Maio, disse o director do departamento de Português, Yao Jinming, à margem da conferência “Confluências em língua portuguesa: línguística, literatura e tradução” que decorre até sábado na UM. De acordo com Yao Jinming, já há muitas universidades no continente a leccionar português. “Cerca de 40 já têm o curso de português e na sua maioria os professores foram alunos licenciados pela UM”. A proximidade com estes académicos faz com que o intercâmbio seja ainda mais fácil, disse. Com cerca de um ano de existência o Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português tem um balanço positivo do seu funcionamento. “Acho que o centro tem vindo a ter um trabalho ascendente e em dois sentidos”, referiu Yao. Por um lado a entidade tem feito formação de professores internamente e convidado académicos chineses para presidirem a palestras, seminários e conferências. Agora é altura de inverter o sentido e levar os de cá para a China continental e não só. “A UM está também a reforçar a colaboração com várias universidades portuguesas”. O objectivo, além de uma maior troca de conhecimento, é a diversificação dos cursos de mestrado”, apontou. Para o efeito, é necessária a colaboração com outras universidades, não só portuguesas como da área lusofonia, sublinhou o responsável pelo departamento de português. “Queremos convidar professores de fora para dar aqui aulas e fazerem seminários. Podemos também tê-los como orientadores dos nossos alunos de mestrado ou de doutoramento”, disse Yao Jinming. Em revista especial Na conferência que teve início ontem vão ser apresentadas um total de 40 comunicações vindas de académicos de Macau, Hong Kong, China continental, Portugal, Brasil, Moçambique, Itália, França e Japão. De acordo com Yao Jinming, o objectivo desta primeira edição do evento é “discutir e reflectir sobre o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa”. A ideia é dar aos que nela participam uma visão alargada, que vai da linguística à tradução, passando pela cultura. Por outro lado, considera o responsável, “é muito importante uma reflexão acerca do ensino da língua portuguesa não só aqui em Macau mas também na China continental”, apontou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTáxis | Proposta de lei gera muitas questões a deputados [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] nova proposta para o sector dos táxis continua a levantar muitas dúvidas aos deputados que estão a analisar o diploma. Ontem, após mais uma reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, o presidente Vong Hin Fai revelou aos jornalistas algumas das questões que não ficaram claras com a redacção da lei proposta por parte do Governo. Para os deputados, não é muito claro quais as consequências para os taxistas se não pagarem uma multa após cometerem uma infracção. Assim, querem que o Governo explique se os taxistas, caso tenham multas em dívida, vão sofrer outras consequências. “Se, por exemplo, os taxistas não pagarem uma multa devido a uma infracção, quais são as consequências que isso vai acarretar? Será que vai impedir que paguem o imposto de circulação até terem saldado o pagamento em falta? Será que os taxistas vão ficar impedidos de renovar o cartão de identificação de condutor de táxi?”, questionou o deputado. “Vamos colocar estas questões ao Governo para que fiquem bem explicadas”, frisou. Ao contrário do que era esperado, os deputados não conseguiram terminar a análise da lei, ficando agendada mais uma reunião para a próxima semana, provavelmente na próxima quarta-feira à tarde. Outra questão que não ficou clara para os deputados da comissão liderada por Vong Hin Fai trata-se da equivalência do pessoal de fiscalização da DSAT aos agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública, durante as operações de fiscalização. Inspectores como autoridade Segundo a proposta, os funcionários da DSAT estão investidos “de autoridade pública” quando forem vítimas de ofensas, agressões ou outras infracções por parte de taxistas. Porém, os legisladores querem entender o alcance desta protecção. “De acordo com as leis em vigor, quando há ofensas à integridade das autoridades, ou injúrias e situações semelhantes, os castigos para as pessoas que cometem as infracções são mais graves. É isto que o Governo pretende com esta ‘protecção’, que consta no artigo? Precisamos de compreender este aponto”, apontou. Ainda no que diz respeito a este aspecto da protecção da autoridade, Vong Hin Fai admitiu que a comissão não consegue compreender se esta parte da lei permite a actuação de agentes à paisana. No entanto, até ontem, os deputados não tinham tomado uma posição sobre este assunto, que só vai ser discutido mais tarde. Já em relação às reuniões com o Governo para clarificar todas as dúvidas sobre este documento, Vong Hin Fai previu que os encontros com a comissão comecem na terceira ou quarta semana deste mês.
Diana do Mar Breves PolíticaRenovação urbana | Raimundo do Rosário discorda de criação de empresa pública [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, afirmou ontem que discorda da criação da empresa com capitais públicos que vai ficar responsável pela gestão da renovação urbana. “No Conselho de Renovação Urbana houve a opinião de que era melhor o Governo liderar o assunto e criar uma sociedade – eu sou o único que discorda”, disse na Assembleia Legislativa, sem explicar, no entanto, as razões pelas quais é contra. “Mais tarde, o Governo concorda, mas o parecer voltou para o CRU”, indicou, dando conta de que os trabalhos para criação da referida empresa, cujos estatutos foram aprovados em Outubro, “estão a decorrer”, embora a um ritmo “um bocado lento”.
Diana do Mar PolíticaFunção Pública | Revisão do regime de gestão do pessoal de direcção e chefia em estudo [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan, afirmou ontem que o Governo “irá proceder a estudos sobre a revisão do regime de gestão do pessoal de direcção e chefia, comparando-o com os modelos de gestão de quadros superiores de administração de outros países e regiões”. As disposições relativas ao pessoal de direcção e chefia já vigoram há aproximadamente nove anos, pelo que “afigura-se uma necessária adaptação das exigências quanto às capacidades do pessoal de direcção e chefia como ao desenvolvimento da sua carreira profissional, para fazer face ao desenvolvimento social”, argumentou. O director dos SAFP adiantou ainda que, em articulação com a reforma geral do regime de avaliação de desempenho, serão especificados os factores e critérios de avaliação, exigências e aperfeiçoados os requisitos de selecção e contratação.
Diana do Mar Manchete PolíticaComissão de Fiscalização| Secretário para a Segurança apoia alargamento de poderes [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, manifestou-se ontem a favor do alargamento de competências da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança, embora seja preciso estudar melhor a matéria, por haver “problemas por resolver”. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, mostrou-se ontem favorável a um aumento dos poderes da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança, órgão criado em 2005 que não possui competências para averiguação disciplinar. “Sempre manifestei a mesma atitude. Concordo que tenha mais competências de investigação ou averiguação. Estou a favor do alargamento de competências”, afirmou, na Assembleia Legislativa, em resposta a uma interpelação oral do deputado Lei Chan U. No entanto, o secretário ressalvou que o assunto “merece ser estudado e debatido na sociedade”. A CFD tem vindo a defender, nos relatórios anuais que elabora, que existe margem de evolução no exercício das competências daquele órgão de controlo externo, mas não têm havido avanços. Segundo Wong Sio Chak, “há problemas por resolver” antes de um eventual aumento de poderes. “Temos de definir a qualidade dos agentes [de investigação] e regras”, aspectos sobre os quais a própria CFD também tem de ponderar. “Por exemplo, cada membro desta comissão tem o seu próprio trabalho e exerce [o cargo] em acumulação de funções. Será que podem desempenhar, plenamente, as funções de investigação? Se todos conseguem não tenho problema”, exemplificou. O órgão, que é presidido pelo advogado Leonel Alves, é composto por sete membros, incluindo o deputado Vong Hin Fai. Além disso, também há “outras questões”, desta feita do foro jurídico, sustentou Wong Sio Chak, na réplica ao deputado Ng Kuok Cheong, defendendo ainda ser preciso ter em conta o consenso relativamente a esse alargamento e o próprio rumo da política. “Estamos receptivos a qualquer alteração (…), mas só com o nosso apoio não se consegue concretizar”, afirmou. A Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança recebeu, no ano passado, 121 queixas, um número que traduz não só um significativo aumento (em 2016 foram 70 queixas) mas também um valor recorde desde que foi criada. “O grande aumento de queixas recebidas revelou, num certo nível, que, com a promoção activa da nossa parte, particularmente a atitude activa no tratamento dos casos das corporações e serviços, os cidadãos depositam mais confiança”, afirmou Wong Sio Chak, para quem “se elevou a consciência quanto à garantia dos seus direitos, aumentando a vontade de apresentar queixas”. O secretário para a Segurança ressalvou, no entanto, ser preciso ter em conta que “nem todos os agentes policiais envolvidos nas queixas tiveram culpa”. Tolerância zero No entanto, Wong Sio Chak foi claro em reafirmar a sua política de tolerância zero, dando exemplos de iniciativas que tomou desde que assumiu o cargo. “Pedi logo às forças e serviços que entregassem mensalmente um relatório do estado de processos disciplinares, sendo que supervisiono por mim o acompanhamento da legalidade dos procedimentos de averiguação, garantindo que cada caso possa ser processado com oportunidade, eficácia e justiça de forma a corrigir e punir quaisquer faltas disciplinares”. Outra iniciativa tem que ver com a criação, sem que houvesse “obrigação legal”, em Junho de 2015, da rubrica “O Alarme da Polícia sempre soa”, no portal do seu gabinete, no qual são publicados casos de infracções cometidas pelas autoridades. “As infracções disciplinares não são propriamente situações agradáveis de exibir, mas nós não temos receio de expor as nossas feridas”, sublinhou, argumentando que “esses casos ensinam a colmatar as negligências e as insuficiências de gestão da equipa policial”. Wong Sio Chak defendeu, porém, que “não se pode fazer uma avaliação da sua eficácia de forma quantitativa”. “Pelo contrário, de um ponto de vista objectivo, a divulgação de todos os casos, sem omissão nenhuma, bem como o aumento da publicação do número de casos, pode causar a impressão de que se registam cada vez mais casos”, justificou.
Andreia Sofia Silva SociedadeAbuso sexual | Funcionário do Costa Nunes não foi constituído arguido [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] funcionário do jardim de infância D. José da Costa Nunes que, alegadamente, terá cometido abusos sexuais a duas meninas de três anos não foi constituído arguido. Neste momento, é apenas alguém que foi convidado a ajudar no processo de investigação. Entretanto, de acordo com a DSEJ, o regime sancionatório para casos como este pode implicar uma multa pecuniária, ou mesmo a suspensão da escola A Polícia Judiciária (PJ) considera, para já, não haver indícios suficientes para a constituição do suspeito como arguido, mas dentro do jardim de infância D. José da Costa Nunes a confiança foi quebrada. A PJ adiantou ontem ao HM que o funcionário que foi despedido por, alegadamente, ter cometido abusos sexuais a duas meninas de três anos não foi sequer constituído arguido. O sujeito “não foi detido e foi convidado para ajudar na nossa investigação”, disse fonte da PJ. “Neste momento, ainda não foi constituído arguido. Não há provas de que tenha cometido abusos sexuais. As vítimas são duas meninas e já foram fazer uma consulta no hospital, não tendo sido detectados quaisquer vestígios de abuso sexual”, acrescentou a mesma fonte. O ex-funcionário do jardim de infância estava em casa, no território, quando foi “convidado” pelas autoridades para prestar declarações. “Neste momento, não podemos dar mais informações, porque é apenas um indivíduo que nos está a ajudar na investigação.” Os responsáveis da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) deram ontem uma conferência de imprensa, mas remeteram a maior parte das informações para a PJ. “A PJ está a fazer a investigação e depois vai divulgar mais informações junto do público. Vamos esperar por mais informações da polícia. Vamos reunir com a direcção da escola e esta deve agir de acordo com o nosso guia de funcionamento. Enviamos agentes de aconselhamento para dar apoio aos pais e às crianças”, adiantou a responsável da DSEJ que referiu que também será dado “ apoio psicológico às crianças”. Na conferência de imprensa promovida pela DSEJ, vários órgãos de comunicação social chinesa fizeram questões sobre o facto do funcionário ter, alegadamente, trocado fraldas às crianças, facto que também é referido pelos media de Hong Kong (ver caixa). Sobre as consequências para a instituição, a DSEJ adiantou que, “de acordo com a lei está definido no regime sancionatório a aplicação de uma multa pecuniária ou a suspensão do funcionamento da escola”. Contudo, a PJ confirmou ao HM que tal ponto nunca foi referido pelas autoridades e que essas informações serão apenas boatos divulgados nas redes sociais. Número de casos não é claro Os casos aconteceram numa turma do primeiro ano do jardim de infância, com alunos de apenas três anos. A primeira queixa foi feita por uma mãe à educadora em Outubro, mas esta nada disse à direcção do jardim de infância, conforme relatou ao HM Goreti Lima, a psicóloga da instituição de ensino. “O primeiro caso foi uma mãe chinesa que veio dizer que a filha lhe tinha dito que esse funcionário lhe tinha posto as mãos nos genitais. A coisa passou porque é difícil acreditarmos numa coisa dessas. Depois aconteceu com uma menina portuguesa e na terça-feira foi uma família portuguesa que fez a mesma queixa. Aí tivemos o alerta. Na mesma turma aconteceram mais casos semelhantes.” A Associação de Promoção de Instrução dos Macaenses (APIM) não sabe, para já, quantos casos terão ocorrido ao certo, estando apenas confirmados dois casos investigados pela PJ. Segundo adiantou Miguel de Senna Fernandes ao HM, terão surgido situações em que os pais nem sequer reportaram à escola. “Isto tem de ser muito bem esclarecido. Tenho dúvidas de que [determinadas situações] sejam consideradas casos. Há apenas dois casos apenas confirmados pela PJ. É por isso que estou a aguardar o relatório da direcção da escola.” Apesar de no hospital Conde de São Januário nada ter sido detectado com os exames efectuados às duas crianças, Miguel de Senna Fernandes lembrou que o abuso sexual não acontece apenas na forma de agressão. “Temos de ver e estudar o caso. No fundo, ele não é suspeito porque, do ponto de vista da polícia, não há indícios de abuso sexual, mas sabemos que não se limita apenas a casos de agressões, com indícios muito claros no corpo da vítima. O comportamento pode acontecer de várias formas e o toque pode chegar.” Não é ainda clara a continuação deste funcionário na instituição depois da sua suspensão por parte da direcção do Costa Nunes. Independentemente do resultado da investigação criminal, “coloca-se também a confiança no funcionário”. “É uma coisa ainda por estudar no futuro e ficamos a aguardar a conclusão do relatório. E era bom que fosse feito desta semana para resolvermos este caso o mais depressa possível”, acrescenta Miguel de Senna Fernandes. O relatório de que fala o presidente da APIM será desenvolvido pela direcção do jardim de infância, adiantou a sua directora, Marisa Peixoto. “Vamos fazer um processo interno de averiguações e depois realizar um relatório interno, vamos ouvir várias pessoas para apresentar à direcção da AIPIM para depois eles próprios fazerem as suas averiguações internas.” Marisa Peixoto apontou que teme uma redução do número de matrículas, numa altura em que cada vez mais famílias procuram o Costa Nunes, dado ser o único jardim de infância de matriz portuguesa. “Tememos [uma redução das matrículas] mas vamos tentar restabelecer a confiança dos pais. Aconteceu e não podemos fazer nada, mas vamos trabalhar a partir daí e melhorar. O primeiro passo que tomámos foi o afastamento da pessoa em causa logo no dia em que os pais fizeram a queixa. Em termos de rotina da escola, estamos a tentar que os pais não fiquem tão preocupados.” Empregado exemplar No jardim de infância, o funcionário tinha como funções tratar das limpezas e das refeições. Mas, segundo Marisa Peixoto, era muito prestável, respondendo a vários pedidos de ajuda que lhe faziam. “Era daqueles empregados que não tinha responsabilidade sobre nenhum grupo mas que estava sempre disponível, a tudo o que lhe pedíamos havia disponibilidade da parte dele para fazer. Era uma pessoa bem disposta”, conta a directora da instituição. Também Goreti Lima, psicóloga, se recorda de um trabalhador sempre disponível. “Era um excelente funcionário e fazia mais do que aquilo que lhe era pedido. Era super simpático, envolvia-se em actividades com as crianças, brincava com elas quando não era essa a função dele, entrava mais cedo e saía mais tarde, era sempre prestável. Não levantava nenhuma suspeita pela conduta que levava e era próximo das educadoras. Isso também é um choque para elas, ele ganhou a confiança de todos.” Apesar da PJ não ter considerado o indivíduo como suspeito, a verdade é que Goreti Lima alerta que “as crianças estão na descoberta do seu corpo e para elas são apenas festinhas”. Cabe, por isso, aos “adultos ter consciência de que isto não se faz”. Na terça-feira, quando foi confrontado, o funcionário “não reagiu, não viu maldade, ficou de cabeça baixa, transtornado. Ficou perdido”, recorda a psicóloga. Para a profissional que acompanha as várias turmas do D. José da Costa Nunes, este é um alerta a todos os profissionais da instituição. “Eu e as minhas colegas temos responsabilidade nisto, porque não foi dito o que se passava.” Goreti Lima acrescenta ainda a falta de recursos humanos no jardim de infância. “Não tenho tempo para fazer observações em todas as salas, porque ando sempre a correr, andamos sempre a correr. É preciso que os pais saibam que têm de estar mais presentes na vida dos filhos, que têm de conversar com eles e que tem de haver mais contacto entre os pais e a escola. Isto faz-nos repensar o nosso estilo de vida porque estão em causa uma série de coisas.” Hoje deve decorrer uma reunião entre a associação de pais, a direcção do jardim de infância e a APIM. Media de Hong Kong noticiaram o caso As suspeitas de abuso sexual no jardim de infância de matriz portuguesa foram noticiadas por alguns meios de comunicação social de Hong Kong. Um deles foi a Radio and Television Hong Kong (RTHK), que noticiou a investigação que decorre sobre o caso alegadamente protagonizado pelo jovem filipino de 30 anos e que resultou na ida dos pais de duas crianças à PJ. Na notícia, lê-se que a escola “não tratou do caso no tempo devido”. Também o website do jornal Oriental Daily News reportou que “duas crianças num jardim de infância terão sido abusadas por um trabalhador filipino”. Associação de pais diz que direcção “tomou medidas necessárias” Foi emitido ontem um comunicado depois da reunião da Associação de Pais do Costa Nunes (APCN), onde se refere que a direcção do jardim de infância tomou as medidas necessárias para lidar com este caso. “Pelos dados de que dispomos, acreditamos que a direcção do jardim-de-infância D. José da Costa Nunes (DJCN) tomou as medidas possíveis assim que teve conhecimento do que se estava a passar. A informação de que dispomos até ao momento leva-nos a crer que está a ser feito o devido acompanhamento das crianças e pais directamente envolvidos.” A associação de pais faz ainda um apelo contra a desinformação. “Pela gravidade e sensibilidade do caso em apreço, apelamos ao bom-senso e respeito pela privacidade dos envolvidos. A desinformação em situações desta índole tem danos incalculáveis não só para as pessoas directamente envolvidas, como também para a comunidade escolar.” O comunicado, assinado pela presidente, Fátima Oliveira, refere ainda que serão feitos mais comentários quando se considerar necessário. “Atendendo ao elevado grau de sensibilidade da questão, ao facto de se tratar de matéria de foro criminal – a ser já investigada em sede própria –, e, sobretudo, tendo em consideração que os principais visados deste triste acontecimento são crianças de tenra idade, entendemos que não nos compete, neste momento, tecer qualquer comentário adicional.” Os sinais de abuso sexual na criança (por Goreti Lima) – Vários sintomas psicológicos, incluindo os transtornos depressivos vulgo depressão ou tristeza, e os transtornos de ansiedade nomeadamente o transtorno pós-traumático. Estes são os maiores sinais associados com questões de abuso e/ou trauma sexual. As tentativas de suicídio também são comuns – A nível psicológico e comportamental a criança pode apresentar sinais de ansiedade e regulação emocional deficiente, como medos e nervosismo, irritabilidade, raiva, chupar no dedo, roer as unhas; depressão e tristeza; perturbações da memória e concentração; alterações alimentares; e alterações do sono como insónias, terrores nocturnos, pesadelos, enurese nocturna (xixi na cama). – Também podem apresentar isolamento social, alterações ou dificuldades nos relacionamentos sociais e íntimos; e baixa auto-estima, ou seja falta de confiança, desrespeito por si mesmo, desvalorização pessoal, não se sentir merecedor de amor e respeito por parte dos outros, referir-se depreciativamente ao seu próprio corpo como “sujo”, “defeituoso” ou “feio”. Sentir vergonha, culpabilização; evitar certos sítios ou certas pessoas; comportamento sexuais desadequados para a idade, “tocar” nos órgãos genitais ou fazer avanços, evitar ir à casa de banho para fazer as suas necessidade como antigamente, tomar banho, recusar expor o corpo – Sinais físicos, que são queixas somáticas, por exemplo, dores muscular constantes, dores de cabeça , fadiga , distúrbios gastrointestinais; doenças nos genitais, nas meninas cândidas frequentes, inflamações, dores e mal-estar.
Hoje Macau DesportoShanghai SIPG de Vítor Pereira perde com Kashima Antlers na ‘champions’ asiática [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Shanghai SIPG, orientado pelo treinador português Vítor Pereira, comprometeu hoje a continuidade na Liga dos Campeões asiáticos de futebol, ao perder no terreno do Kashima Antlers, por 3-1, na primeira mão dos oitavos de final. A equipa japonesa colocou-se em vantagem antes do intervalo, através de Yuma Suzuki (43 minutos), e chegou ao 3-0 na segunda, com um tento Daigo Nishi (49) e um autogolo de Yu Hai (75), que logo depois faria a assistência para o brasileiro Elkeson reduzir a diferença e fixar o resultado final (77). O conjunto de Vítor Pereira, que lidera o campeonato chinês, apesar das duas derrotas e do empate acumulados nas últimas três jornadas, recebe o Kashima Antlers em 16 de maio, no jogo da segunda mão. Noutros encontro da primeira mão, o Al-Sadd, do Qatar, comandado por Jesualdo Ferreira, venceu em casa os sauditas do Al Ahli, por 2-1, na segunda-feira, enquanto o Tianjin Quanjian, equipa chinesa treinada por Paulo Sousa, empatou a zero na receção ao Guangzhou Evergrande, heptacampeão da China e vencedor da ‘champions’ asiática em 2015.
Hoje Macau InternacionalPortugal vai ajudar na construção dos projetos do Bando Africano de Desenvolvimento para os lusófonos, diz Teresa Ribeiro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária de Estados dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação disse hoje que o objetivo de Portugal na estratégia de financiamento integrado do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para os países lusófonos é ajudar na construção dos projetos. “O papel de Portugal, que não é um país beneficiário dos financiamentos do BAD, é ajudar na construção dos projetos” que o BAD vai financiar nos países lusófonos, explicou Teresa Ribeiro. Em entrevista à Lusa, a governante vincou que Portugal “tem de estar numa fase muito precoce [do desenvolvimento dos grandes projetos], em que as grandes prioridades de desenvolvimento dos países parceiros são transformadas em projetos”. “Temos de estar ao nível das embaixadas, na identificação das prioridades, temos de estar com a SOFID no desenho dessas prioridades, e depois transformá-las em projetos bancáveis, financiáveis, e contribuir para a construção do próprio esquema de financiamento desses projetos”, explicou Teresa Ribeiro, vincando que “é assim que temos mais hipóteses de associar as nossas empresa e fazê-las intervir numa fase mais prematura de um determinado projeto”. O objetivo final é ajudar as empresas portuguesas na internacionalização e na obtenção de contratos no estrangeiro, nomeadamente em África, onde o BAD está a criar um programa de financiamento integrado para os países lusófonos. “Celebrámos já um protocolo para a introdução do português [de apoio aos funcionários do BAD], porque a língua é uma barreira que impede uma ação mais consistente do BAD nos países lusófonos”, acrescentou a governante. “O BAD está muito interessado em ter um programa específico para o conjunto dos PALOP porque reconhece que apesar da diversidade entre eles, com estádios de desenvolvimento e realidade diferentes, há traços importantes quando se pensa em termos de financiamento e desenvolvimento, como a língua e as matrizes jurídicas muito semelhantes, que são elementos essenciais para o interesse do BAD em desenhar um programa financeiro dirigido ao conjunto dos países lusófonos”, salientou Teresa Ribeiro. A ideia de um programa de financiamento integrado surgiu quando o presidente do BAD visitou Portugal, no ano passado, e discutiu com o Governo português uma nova abordagem à cooperação devido às enormes necessidades de financiamento que obrigam ao envolvimento dos parceiros financeiros. O próprio presidente do BAD, Akinwumi Adesina, já tinha assumido esta ideia em entrevista à Lusa em novembro, no final da visita a Portugal, quando disse que o BAD vai “olhar para os países lusófonos de uma maneira diferente, com um compacto entre o BAD e Portugal para ver como olhar para projetos maiores e usar os nossos instrumentos para tirar risco e dar mais escala aos projetos”.