Sofia Margarida Mota EventosExposição | Fotografia no feminino na Galeria At Light até 21 de Agosto Arte no feminino é a série que apresenta as exposições de fotografia “Light Elegance” e “Slender Grace”, resultado da criatividade de Bella Tam e Pui Cheng respectivamente. A exposição conjunta está patente na Galeria At Light até 21 de Agosto [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a curadoria de Si Wun Cheng, as exposições “Light Elegance” e “Slender Grace” integram a série “Arte no Feminino” que pretende trazer ao público obras fotográficas centradas na mulher, enquanto artista e objecto. “Light Elegance” foi o nome inspirado nas componentes do carácter chinês que remete para o conceito de elegância. “O carácter é constituído pelo radical de mulher e remete para este conceito”, começa por explicar a curadora Si Wun Cheng ao HM. Adepta de trabalhos que abordem naturezas mortas, a fotógrafa Bella Tam desenvolveu as imagens presentes na exposição a partir do contacto com plantas. “Sempre gostei de trabalhar com objectos inanimados como flores, comida, coisas desse género”, conta ao HM. São estes objectos, em especial as plantas, que transportam a artista para o próprio corpo da mulher, até porque nelas vê um sistema orgânico muito semelhante ao humano. “Às vezes compro flores que coloco no meu quarto. Com a presença constante delas, ali, acabam por de alguma forma se transformar em seres orgânicos, como os corpos humanos”, diz. Para Tam, plantas e pessoas mesclam-se e é nesta mistura, que pode “parecer ambígua, que colidem e entram em simbiose” que a fotógrafa tenta captar em imagem. “Este é o meu ponto de partida e o que está aqui é o resultado do que faço desde o primeiro dia em que comecei a fotografar”, revela. Contra o preconceito Já Pui Cheng resolveu juntar a força de uma imagem com a sua delicadeza ao mesmo tempo que explora o tema da vergonha do corpo feminino. “Através da exploração do corpo e das suas formas estamos a fazer uma espécie de afirmação”, conta. Para a fotógrafa ainda existe algum pudor quando se fala em abordar o corpo, algo que pretende combater. “Não temos de nos envergonhar do nosso corpo. Com estas obras quis fazer um regresso ao despudor e à normalidade do corpo humano”, diz. Por outro lado, nas imagens que alternam partes de corpos, flores e construções em cimento, Cheng dá a conhecer os elementos que a inspiram. “Sempre fui fascinada pelo ordinário e pelo vulgar, pelas coisas por que passamos todos os dias”, aponta. É aqui que também se inclui o que os homens fazem e constroem. A fotógrafa gosta de “explorar a vida que nasce daquilo que é feito por mão humana, o que nasce em paredes, muros ou edifícios”. Para a artista é na contraposição entre a “morte” destas construções e a possibilidade de nelas nascer a vida que gira todo o seu processo criativo. Dois em um O resultado das criações de Bella Tam e Pui Cheng é uma complementaridade de trabalhos que mais parece terem sido feitos em paralelo e em constante comunicação. Mas isso não aconteceu. Tam e Cheng, apesar de amigas desenvolveram estes projectos sem partilhar o que faziam. Preferiram “que os trabalhos, no final falassem por si”, revelou a curadora. “E foi surpreendente perceber como se complementavam, como interagiam e como pareciam ter sido feitos por uma só pessoa”, referiu. Para Si Wun Cheng, a série “Arte no Feminino” é um passo importante para a formação da fotografia feita por mulheres. Segundo a curadora, “estas iniciativas são especialmente importantes na medida em que em Macau as pessoas estão cientes de que a arte existe, no entanto não a conhecem”, refere. Paralelamente, existe a ideia de que arte é a clássica, e “que as obras de arte são apenas as que obedecem a conceitos também clássicos, sendo a pintura o seu maior expoente”, completa. Cheng lamente que a fotografia, enquanto plataforma de expressão recente, seja ainda passada para segundo plano. O objectivo desta exposição é fazer com que as pessoas olhem para a fotografia de outra forma e divulgar o que anda a ser feito por mulheres fotógrafas de Macau.
Hoje Macau EventosFogo-de-Artifício | Dez equipas concorrem ao concurso internacional em Setembro [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ilipinas, Coreia do Sul, Japão, Bélgica, França, Portugal, Alemanha, Áustria, Itália e China vão mostrar as suas habilidades na arte da pirotecnia no 29.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (CIFAM). O evento, apresentado ontem, vai ter lugar nos dias 1, 8, 15 e 24 de Setembro e 1 de Outubro na baía em frente à Torre de Macau. Das dez empresas participantes, quatro (oriundas da Coreia do Sul, Bélgica, França e China) vão fazer a sua estreia no CIFAM, iniciativa de cariz anual organizada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Paralelamente às cinco noites de explosões de cores nos céus vai realizar-se um Arraial (entre as 17h e as 23h), que reunirá gastronomia, espectáculos, jogos, entre outros, numa iniciativa em cooperação com a União Geral das Associações dos Moradores de Macau. O canal chinês da TDM vai assegurar a transmissão em directo dos espectáculos pirotécnicos, enquanto o canal chinês da Rádio Macau vai transmitir em directo a música das exibições (às 21h e às 21h40). Há também vários programas de divulgação, patrocinados pela Wynn Resorts, incluindo o Concurso de Composição de Canção para o próximo 30.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, mantendo-se ainda a organização dos Concursos de Fotografia, de Desenho para Estudantes e de Design do Troféu do CIFAM.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Sul | Deputado suspeito de corrupção suicida-se em Seul [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m deputado sul-coreano, visado num inquérito sobre um caso de corrupção, suicidou-se em Seul, anunciou a polícia. Roh Hoe-chan cumpria já um terceiro mandato como deputado, eleito pelo Partido da Justiça (esquerda). O deputado era suspeito de ter recebido 50 milhões de won (37 mil euros) de “Druking”, um bloguista ligado a vários políticos e actualmente a ser julgado por ter usado ilegalmente programas informáticos para influenciar opiniões no Naver, o primeiro portal na Internet da Coreia do Sul. “Druking” foi acusado de ter aumentado artificialmente o número de respostas positivas a comentários publicados no Naver para apoiar ou criticar políticos. Numa nota deixada num apartamento em Seul, Roh reconheceu ter recebido o dinheiro do bloguista, mas negou ter concedido em troca qualquer favor político, de acordo com a agência noticiosa sul-coreana Yonhap. Roh, que foi encontrado morto junto do edifício de onde presumivelmente se atirou, desenvolvia uma carreira de advogado especializado em questões de defesa dos direitos humanos, antes de ser eleito em 2004. A Casa Azul, sede da presidência sul-coreana, lamentou este “trágico acontecimento”. A Coreia do Sul tem uma das taxas de suicídios mais elevada do mundo, nomeadamente de figuras públicas implicadas em escândalos. Em 2009, o antigo Presidente Roh Moo-hyun suicidou-se depois de ser acusado de corrupção.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Temperaturas recorde com onda de calor mortal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] temperatura numa cidade a norte de Tóquio atingiu ontem os 41,1 graus Celsius, a mais alta registada no Japão, quando uma onda de calor mortal tomou conta de parte do país e da vizinha Coreia do Sul. O recorde foi atingido na cidade de Kumagaya, na província de Saitama, que fica a cerca de 65 quilómetros a noroeste de Tóquio, informou a Agência Meteorológica do Japão. Um sistema persistente de alta pressão levou temperaturas recordes para a região já há uma semana, matando mais de 40 pessoas no Japão e 10 na Coreia do Sul. Milhares de pessoas no Japão foram levadas para hospitais com sintomas de insolação. A agência de notícias Kyodo registou mais de 40 mortes no país. Muitas das vítimas são pessoas idosas que não usam ar condicionado. Na Coreia do Sul, 10 pessoas morreram de insolação e outras causas relacionadas com o calor neste Verão. Sete deles morreram na semana passada, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia. Cerca de 1040 pessoas adoeceram devido ao calor, entre 20 de Maio e 21 de Julho, um aumento de 61 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. A temperatura mais elevada da manhã de ontem na Coreia do Sul foi registada na cidade de Gangneung, onde os termómetros chegaram aos 31 graus Celsius às 6h45. Já em Seul a temperatura mais baixa foi de 29,2 graus, a maior registada na capital do país, segundo a agência meteorológica da Coreia do Sul. O mercúrio atingiu 39,9 graus Celsius na cidade de Hayang, no sudeste do país, a mais alta temperatura registada no país este ano. As autoridades japonesas aconselharam a população a permanecer em casa e usar o ar condicionado.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos humanos | ONG pede libertação de presos políticos no Vietname A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) pediu a libertação dos presos políticos no Vietname e que Hanói respeite os compromissos assumidos perante a ONU para garantir o respeito pelos direitos cívicos [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma carta enviada ao conselho dos Direitos Humanos da ONU, a ONG disse que Hanói aceitou 182 de 227 recomendações na última revisão periódica de 2014, mas que desde então “pouco fez” para cumprir as recomendações. De acordo com a HRW, o regime comunista utiliza frequentemente uma visão permissiva do código penal para prender activistas políticos ou religiosos. Desde o início do ano, as autoridades detiveram já 27 pessoas ao abrigo desta interpretação legal. A ONG denunciou uma reforma legal do ano passado, que alarga a responsabilidade penal dos activistas e das pessoas que os ajudam, contrária aos compromissos assumidos três anos com a ONU. Também criticou a aprovação, em Junho, de uma lei de cibersegurança que restringe a liberdade de expressão “de forma grave”, além do assédio constante contra os direitos de reunião e associação. Distinção vergonhosa “O Vietname parece estar a competir pelo título de Governo mais repressivo da Ásia”, disse o subdirector para a Ásia da HRW, Phil Robertson, em comunicado. “O Governo controlado pelo Partido Comunista esmaga qualquer desafio às suas acções e castiga qualquer pessoa ou grupo que considere uma ameaça ao monopólio absoluto do poder”, acrescentou. A carta entregue ao conselho da ONU propõe uma série de recomendações às autoridades do Vietname, antes da próxima revisão periódica universal, em Janeiro do próximo ano.
Hoje Macau China / ÁsiaDumping | Pequim investiga importações da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai investigar as importações de produtos de aço inoxidável da União Europeia (UE), Japão, Coreia do Sul e Indonésia para determinar se estes estão a ser vendidos no país abaixo do preço de mercado, anunciou ontem o Ministério do Comércio. A decisão foi tomada depois da empresa Shanxi Taigang Stainless Steel – apoiada por outras quatro empresas do sector – ter solicitado às autoridades chinesas que iniciassem uma investigação sobre práticas de ‘dumping’ na venda de tarugos de aço inoxidável e placas de aço inoxidável laminado a quente importados desses países. A investigação começou ontem e terminará dentro de um ano, a 23 de Julho de 2019, embora o ministério tenha indicado na sua página na Internet que o prazo pode ser prorrogado por mais um ano, até 23 de Julho de 2020, caso se verifiquem “circunstâncias excepcionais”. As autoridades vão analisar se o ‘dumping’ ocorreu entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2017 e, ao mesmo tempo, os danos que ocorreram na indústria entre 1 de Janeiro de 2014 e 31 de Março de 2018. Os produtos testados são utilizados como matéria-prima para o aço inoxidável laminado a frio ou para a venda directa como um produto acabado para a construção de barcos, contentores, empresas ferroviárias e de energia e indústrias petroquímicas, entre outros. Em 2017, a China importou 703 mil toneladas desses produtos de aço inoxidável, um aumento de 200 por cento em relação ao ano anterior. A quase totalidade desses produtos, 98 por cento, vieram da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia.
Hoje Macau Manchete SociedadeSaúde | Pequim ordena investigação à indústria de vacinas, que não são exportadas para Macau O primeiro-ministro da China ordenou uma investigação à indústria de vacinas chinesa depois de violações cometidas por um produtor de vacinas contra a raiva terem provocado protestos públicos. Não é a primeira vez que Pequim se vê obrigado a intervir depois de mais um escândalo relacionado com vacinas [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m comunicado, Li Keqiang referiu que a Changchun Changsheng Life Sciences Ltd, que é acusada de fabricar registos de produção e inspecção, “violou uma linha moral”, num momento em que as autoridades lutam para restaurar a fé pública na regulamentação de segurança. Na mesma nota, o governante prometeu “reprimir de forma resoluta” as violações que coloquem em perigo a segurança pública. Não houve relatos de ferimentos causados pela vacina contra a raiva, mas a divulgação provocou um coro de protestos, sobretudo depois de vários escândalos relacionados com a venda de medicamentos e alimentos de baixa qualidade, cujo consumo causou vítimas mortais entre a população chinesa. Os reguladores chineses anunciaram na semana passada que a Changsheng Life Sciences foi obrigada a suspender a produção e a recolher as vacinas contra a raiva. Raiva tradicional A agência de notícias Xinhua disse que os investigadores estão a testar a eficácia da vacina e a ponderar avançar com acusações criminais. A raiva é endémica em algumas áreas da China. Em Outubro, a mesma empresa foi condenada a interromper a produção de uma vacina combinada para a difteria, tosse convulsa e tétano, cujo lote foi posteriormente apontado como defeituoso. Esta não foi a primeira vez que o líder chinês prometeu limpar a indústria das vacinas, depois de há mais de dois anos ter assumido esse compromisso depois de um escândalo similar. De acordo com comunicado divulgado no portal do Governo chinês, Li referiu em Março de 2016 que Pequim devia reparar as lacunas de supervisão de produção e distribuição de vacinas. As declarações foram proferidas depois de ter sido revelado que 84 milhões de dólares em medicamentos armazenados em condições impróprias e fora do prazo estavam a ser vendidos há vários anos por todo o país. Estima-se que entre centenas de milhar ou milhões de crianças chinesas, de idades a partir dos três meses, tenham sido inoculadas com vacinas ineficazes produzidas por algumas das maiores empresas do sector ao abrigo do sistema de saúde público. A raiva e o medo espalharam-se pelas redes sociais chinesas, em especial com pais indignados perante a inoperância das autoridades que levou a esta situação. A palavra chinesa para “vacina” foi citada 321 milhões de vezes em artigos e buscas no WeChat, um número 80 vezes superior ao registado na sexta-feira. Macau não afectado O Chefe do Centro de Prevenção de Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Lam Chong, afirmou que o Governo não adquiriu vacinas produzidas no continente, em resposta ao escândalo que abalou o sistema de saúde de Pequim. O dirigente esclareceu que as vacinas ministradas em Macau são provenientes da Europa e dos Estados Unidos. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o chefe acrescentou que, em geral, as vacinas adquiridas pelo Executivo servem apenas os residentes locais além de muito poucas crianças não residentes que são autorizadas a permanecer em Macau. Lam Chong afirmou ainda que existem vacinas suficientes em Macau e que não existem motivos para a população se preocupar. Lam Chong disse ter conhecimento de que no continente é raro exportarem-se vacinas por causa de grande procura e do fornecimento insuficiente. Além disso, acrescenta que os SS não autorizaram a importação de vacinas produzidas da fábrica continental envolvida no escândalo.
Diana do Mar Manchete SociedadeSegurança | Câmaras em celas prisionais restringem liberdades individuais – advogados A instalação de câmaras de vigilância no interior de celas restringe as liberdades individuais dos reclusos, defendem advogados ouvidos pelo HM [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços Correccionais (DSC) anunciou no domingo, através de um comunicado, não só que planeia instalar câmaras de videovigilância em “celas especiais” no Estabelecimento Prisional de Coloane, como colheu parecer favorável do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) para o efeito. Ao HM, Pedro Leal e Frederico Rato falam em restrições às liberdades individuais. “Instalar câmaras dentro de celas é, de facto, demais”, considera Pedro Leal, para quem a medida recém-anunciada constitui “uma intromissão muito grande na privacidade das pessoas”. Frederico Rato concorda: “É uma restrição à liberdade individual ainda por cima de quem já está privado de liberdade pessoal”. A DSC justifica que há “necessidade de vigilância reforçada e contínua de certos reclusos” como “recém-entrados, muitas vezes, com instabilidade emocional e alto grau de risco de suicídio; doentes que necessitam de cuidado persistente; ou agressivos”. Assim, projecta instalar um sistema de videovigilância em “celas especiais” do Estabelecimento Prisional de Coloane (como as de observação dos recém-entrados, as da enfermaria e as celas disciplinares). A DSC indicou ter solicitado “opiniões preliminares” sobre o plano ao GPDP que, na sequência de uma visita ‘in loco’, concordou. “Com todo o respeito que tenho pela Direcção dos Serviços Correccionais e pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, não lhes posso reconhecer competências para introduzirem no sistema jurídico de Macau restrições a liberdades constitucionalmente consagradas”, observa Frederico Rato, fazendo referência ao direito à dignidade humana e à reserva da intimidade da vida privada, previstos na Lei Básica. “A própria Lei Básica diz que só pode haver restrições aos direitos desde que sejam legais. Se são legais têm que ser objecto de lei e as competências legislativas são do Governo ou da Assembleia Legislativa”, aponta. “Não vejo como é que poderão ser instaladas câmaras em celas especiais sem que haja um instrumento legal que as preveja e os termos e as condições em que podem ser instaladas e usadas. Essas restrições têm de ser legalmente consagradas e, consequentemente, fundamentadas. Não pode ser por um mero regulamento de serviço ou uma instrução geral”, frisa Frederico Rato. “Tem de se saber os limites, o modo como a vigilância é exercida e – como é evidente – os próprios reclusos têm que saber que estão a ser vigiados. Não pode ser à vontade do freguês”, insiste. Áreas comuns O plano de introduzir câmaras no interior de celas surge, na perspectiva de Pedro Leal, em linha com o “crescendo de vigilância” que Macau tem assistido nos últimos tempos, mas, a seu ver, “ter uma câmara apontada o dia inteiro dentro da cela não é de todo necessário”. “Penso que é um pouco exagero. Nem percebo como é que o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais deu parecer positivo a uma coisa dessas”, afirma. Não obstante, o causídico defende que é “importante haver mais controlo nas áreas comuns”: “As celas estão voltadas para um área comum e, portanto, se houver um controlo do que lá se passa, não é preciso ter um câmara apontada aos reclusos”. A Direcção dos Serviços Correccionais defende a medida também como uma forma de reduzir os recursos humanos, mas o causídico defende precisamente o contrário: “Há pequenos crimes praticados por presos que têm algum ascendente sobre outros (…). Era preciso que houvesse um controlo sobre essas situações que tem de ser feito pelos guardas”. “Parece-me também importante o facto de aquela cadeia estar a rebentar pelas costuras”, sublinha o advogado, apontando que um cenário em que há muita gente dentro de uma cela também figura como um factor propiciador. Pedro Leal também contesta o argumento de que as câmaras de vigilância no interior das celas podem ajudar a impedir casos de reclusos que pretendem pôr termo à vida: “Diz-se que é para assegurar que não há suicídios, mas na verdade o que se quer é controlar as pessoas ao máximo”.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Mais de 16,5 milhões de visitantes no primeiro semestre [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 16,5 milhões de pessoas visitaram Macau no primeiro semestre do ano, um aumento de 8 por cento em relação ao período homólogo de 2017, indicaram ontem as autoridades. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos de Macau (DSEC), ao todo visitaram o território 16,814 milhões de pessoas entre Janeiro e Junho de 2018. O número de turistas (8,767 milhões) e o número de excursionistas (8,047 milhões) cresceu 8,3 por cento e 7,8 por cento, respectivamente, em termos anuais. O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita). No primeiro semestre do ano, entraram em Macau 11.705.164 visitantes oriundos da China continental, um aumento de 13,3 por cento. De Taiwan, chegaram à região 529.947 visitantes, mais 0,9 por cento que em igual período de 2017. Já o número de visitantes da Coreia do Sul (423.952) e de Hong Kong (3.000.131) desceram 2,2 por cento e 3,7 por cento, respectivamente. O período médio de permanência dos visitantes situou-se em 1,2 dias, à semelhança do período homólogo de 2017, indicou a DSEC. Em 2017, chegaram a Macau 32,61 milhões de visitantes, mais 5,4 por cento do que em 2016.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCanídromo | Yat Yuen garante salários até 31 de Agosto [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen) vai prolongar o pagamento dos funcionários a tempo inteiro do canídromo até 31 de Agosto. Já quem trabalhavam naquele espaço em regime de part-time, vai receber o ordenado até 15 de Agosto. No que respeita a indeminizações, serão pagas dentro do período de nove dias úteis após a cessação do contrato. A informação foi dada ontem numa reunião entre a Yat Yuen e os trabalhadores do Canídromo e organizada em conjunto com a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Macau Jockey Club e a Macau Slot. Durante o encontro houve quem se manifestasse descontente com a forma como a empresa está a tratar dos processos laborais. De acordo com o canal chinês da TDM, um funcionário presente na sessão mostrou-se insatisfeito com a falta de comunicação por parte da Yat Yuen, revelando que o único contacto que tiveram foi um pedido para esperarem por um telefonema. A concessão do Canídromo acabou na passada sexta-feira deixando sem trabalho 129 funcionários. Também ontem tiveram início as sessões de recrutamento dos trabalhadores do Canídromo por parte da SMJ. De acordo com a mesma fonte, estão disponíveis 300 vagas e as sessões vão manter-se durante cinco dias. Na sessão de ontem, participaram 94 funcionários, dos quais 38 estavam à procura de um novo emprego enquanto os restantes pretendiam apenas recolher informações. Como neste momento está em construção do Lisboa Palace no Cotai, a SMJ adianta ainda que, no futuro, irá abrir cerca de 8000 vagas. DSAL atenta A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) também esteve presente na reunião de ontem onde prestou apoio e esclarecimento aos trabalhadores no que respeita a legislação laboral e direitos e interesses no emprego, revela e entidade em comunicado. “A DSAL vai disponibilizar o “one-stop service” aos trabalhadores, proporcionando-lhes uma colocação e formação profissional adequada, por forma a salvaguardar os seus direitos e interesses e permitir o regresso ao mercado laboral com a maior brevidade”, lê-se. Entretanto, o Governo criou uma linha aberta destinada aos trabalhadores da Companhia de Corridas de Galgos. Entre os dias 20 e 22, foram recebidos 7 pedidos de informações (5 trabalhadores residentes e 2 não residentes) “que reflectiram preocupações quanto à organização actual do trabalho, bem como informações sobre indemnização rescisória”, refere o mesmo comunicado. Segundo a DSAL, não há, até ao momento, queixas formalizadas por parte dos trabalhadores da Yat Yuen.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSobrinho de Edmund Ho é director da empresa que deve 212 milhões à RAEM [dropcap style≠’circle’]K[/dropcap]evin Ho, sobrinho do antigo Chefe do Executivo, é director da Eagle Airways Holdings Limited, empresa-mãe da Viva Macau. A informação foi avançada, ontem, pelo canal chinês da Rádio Macau. O empresário não quis fazer qualquer comentário sobre a situação, apesar de ter estado presente num evento relacionado com a Grande Baía. A Eagle Airways é a empresa sediada em Hong Kong que se comprometeu a pagar o empréstimo de 212 milhões de patacas concedido pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC) à Viva Macau, em caso de incumprimento. No entanto, após a falência da transportadora aérea e apesar dos processos em tribunal, a Eagle Airways deu o dito por não dito e não assumiu o pagamento dos 212 milhões emprestados pelo Governo. Além de director na Eagle Airways, Kevin Ho é accionista da Global Media, grupo de comunicação sediado em Portugal que detém o jornal português Diário de Notícias e o Plataforma de Macau. No domingo, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) tinha recusado avançar ao HM o nome da empresa de Macau que é uma das accionistas Eagle Airways, apesar da informação constar no processo que correu nos tribunais locais e que foi arquivado. Também ontem o director dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip, reagiu ao dinheiro perdido e pediu a compreensão da população. O governante justificou o empréstimo sem garantias com o período conturbado que se vivia, na sequência da crise financeira mundial de 2008. Por outro lado, o governante afirmou que tudo o que era possível foi feito para tentar recuperar o montante emprestado e que se forem identificados outros bens da empresa na RAEM estes vão ser penhorados. Explicações da AL Por sua vez, o deputado Ng Kuok Cheong enviou uma carta ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, a exigir que o Governo explique como foi possível fazer um empréstimo à Viva Macau. O legislador mostrou-se igualmente preocupado com o facto deste empréstimo ter resultado numa dívida que não é possível cobrar. Ng Kuok Cheong recordou ainda que em 2010, o então secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, tinha dito que o empréstimo era concedido porque havia garantias de que seria recuperado. Tal não se verificou. Ainda na carta enviada a Ho Iat Seng, o pró-democrata exige saber se o Executivo já começou a adoptar procedimentos para responsabilizar as pessoas que tiveram na origem desta decisão lesiva para a RAEM. Acresce ainda que o deputado José Pereira Coutinho vai entregar à Assembleia Legislativa um pedido de debate público sobre o caso da Viva Macau e os 212 milhões que ficaram por recuperar. A informação foi avançada, ontem, pelo legislador ao HM. “O objectivo passa por apurar as responsabilidades e saber se há outros casos semelhantes”, disse José Pereira Coutinho. O deputado foi um dos políticos locais que mais se envolveu na questão, com várias intervenções e interpelações no hemiciclo sobre o assunto. Contudo, para que o assunto possa ser alvo de debate na AL, o mesmo terá de ser aprovado pela maioria dos deputados.
Victor Ng PolíticaLeong Sun Iok quer pedidos de residência com parecer de DSAL ou da Comissão de Talentos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok defende que a apreciação dos pedidos de residência na qualidade de técnico especializado deve passar a ser uma responsabilidade da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) ou da Comissão de Desenvolvimento de Talentos. O membro da Assembleia Legislativa acredita que estes órgãos do Governo são os mais capacitados para efectuar os trabalhos de supervisão dos pedidos e avaliar se as pessoas que pedem a residência têm as capacidades exigidas. Actualmente, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) é a entidade responsável pelos pedidos de residência por técnicos especializados do exterior e ainda por pessoas que tenham efectuado investimentos relevantes na RAEM. Segundo um artigo no Jornal do Cidadão, Leong Sun Iok defende que no que diz respeito aos investimentos, o IPIM é a entidade mais competente para tratar dos processos, pelo que não deve haver alterações. Contudo, sustenta que o mesmo não se verifica em relação aos trabalhadores especializados. Mais intervenção governativa Por outro lado, o deputado explicou que têm sido as empresas a assumirem o papel dominante nos processos de residência para técnicos especializados, com a justificação que é necessário suprir falhas no mercado. Porém, para Leong Sun Iok esta é uma função que devia ter sido assumida pelo Governo, para evitar a importação de mão-de-obra desnecessária, mas que pratica preços mais baratos. Também segundo Leong Sun Iok, o Executivo deve melhorar as políticas de imigração e garantir que os imigrantes contribuem efectivamente para a região, ao invés de facilitar o desperdícios de recursos. As declarações de Leong são mais uma reacção ao caso dos pedidos de residência divulgado pelo Comissariado contra a Corrupção, em que foram relatadas várias irregularidades nos pedidos de residência para trabalhadores especializados e investimentos considerados relevados para a RAEM.
Diana do Mar PolíticaAL | Proposto debate sobre adiamento do regime de trabalho a tempo parcial Leong Sun Iok submeteu uma proposta de debate em que defende o adiamento do regime de trabalho a tempo parcial. Para o deputado dos Operários, o documento que foi alvo de consulta pública reduz as garantias mínimas oferecidas pela lei laboral [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]or considerar que “o Governo não deve baixar o padrão mínimo das garantias” da actual lei laboral, Leong Sun Iok defende que o regime de trabalho a tempo parcial deve ser adiado até que haja “um amplo consenso” e uma “boa proposta”. Numa proposta de debate, o deputado sustenta que o documento submetido a consulta pública no ano passado contraria as garantias básicas constantes da Lei das Relações de Trabalho. Leong Sun Iok dá exemplos: “O trabalhador a tempo parcial tem direito a licença por falta e a licença de maternidade não remunerada; não se aplicam os regimes de período experimental, férias anuais, aviso prévio ou indemnização por resolução de contrato; e as partes podem acordar uma compensação adicional por prestação de trabalho extraordinário ou em dia de descanso semanal ou dia de feriado obrigatório”. Disposições que, argumenta, “violam os critérios mínimos da Lei das Relações de Trabalho e contrariam o princípio e o espírito da lei de bases da política de emprego e dos direitos laborais, reduzindo a protecção legal existente para os trabalhadores a tempo parcial”. “Por exemplo, vários portadores de deficiência trabalham menos de 18 horas por semana, assim, caso seja aplicado o novo regime, provavelmente o empregador vai optar pelo regime de trabalho a tempo parcial para contratações, o que resultará na redução das actuais garantias laborais básicas”. “Sem as devidas garantias, dificilmente se consegue encorajar os trabalhadores a tempo parcial a integrarem o mercado de trabalho”, enfatiza o também membro do Conselho Permanente de Concertação Social. Falta de consenso Na proposta de debate, que terá de ser votada pelos seus pares, o deputado também coloca a tónica na ausência de um “amplo consenso” na sociedade, dado que, à luz dos resultados da consulta pública, “o número dos que se opuseram à criação deste regime foi quase duas vezes maior do que o dos apoiantes”, o que “já é suficiente para reflectir as preocupações” em relação ao regime em causa”. “Ao legislar, o Governo tem de prometer a impossibilidade de o citado regime vir reduzir as vigentes garantias básicas da Lei das Relações de Trabalho, não devendo discriminar e explorar os trabalhadores a tempo parcial”, aponta Leong Sun Iok, para quem “não convém legislar e implementar, forçadamente, o regime de trabalho a tempo parcial”. A proposta de debate, datada de dia 12, foi entretanto admitida pela Assembleia Legislativa, estando por agendar o plenário para a votação.
João Santos Filipe Manchete PolíticaJustiça | Organização de bases judiciária levanta mais dúvidas que respostas Imprecisões entre a versão chinesa e portuguesa, artigos que não explicam os procedimentos que garantem a independência dos tribunais e opções incoerentes. São estas as dificuldades enfrentadas pelos deputados na análise às alterações da lei de organização judiciária proposta pelo Governo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados querem saber quais vão ser os critérios aplicados pelo Conselho dos Magistrados Judiciais para atribuir os processos em que estão em causa infracções à lei relativa à defesa de segurança do Estado. A proposta do Governo apresenta diferenças entre a versão portuguesa e chinesa e não explica como vai ser respeitado o princípio do juiz natural, ou seja as regras objectivas que visam garantir a independência e a imparcialidade dos tribunais na atribuição dos juízes. As dificuldades em relação a este aspecto foram reconhecidas, ontem, pelo deputado e advogado Vong Hin Fai, que lidera a comissão que está a discutir o diploma na especialidade. Segundo a proposta de alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, o julgamento de casos relacionados com a segurança do Estado “cabe a juízes previamente designados pelo Conselho dos Magistrados Judiciais, por períodos de dois anos, de entre os de nomeação definitiva e que sejam cidadãos chineses”. O mesmo se aplica aos magistrados do Ministério Público, que vão ser nomeados pelo Procurador da RAEM. No entanto, a versão chinesa não faz a distinção entre o singular e o plural, podendo ser entendida com a nomeação de juiz para estas situações. “Na versão portuguesa o artigo menciona magistrados no plural. Mas na versão em chinês não fica claro que seja no plural, pode ser no singular. Temos de questionar o Governo para saber se se trata de um magistrado, ou dois ou mais”, admitiu Vong Hin Fai. “Também temos de perguntar [ao Governo] como se salvaguarda o princípio do juiz natural. O juiz para estes casos tem de ser de nomeação definitiva e cidadão chinês. Como vai ser o processo de designação para o processo crime? Vai ser por sorteio ou haverá uma outra forma?”, questionou. Este é também o artigo que impede os juízes de nacionalidade portuguesa de se envolverem nos casos em que esteja em casa a segurança nacional. Nesse aspecto, segundo Vong Hin Fai, a maioria concorda com a opção do Governo e considera que “não viola a Lei Básica nem coloca em causa a independência da Justiça”. Políticas contraditórias De acordo com o presidente da comissão, houve a intenção política de acelerar os processos, com uma maior aposta nos tribunais singulares, ou seja só com um juiz, em vez dos tribunais colectivos, que têm três magistrados. Assim, as acções penais que envolvam um pedido de indemnização até um milhão de patacas passam a ser julgados por um único juiz. Actualmente, o tribunal só tem um juiz nas acções até 50 mil patacas. A partir desse valor os casos são decididos por três juízes. Vong Hin Fai revelou que os deputados estão preocupados com uma eventual diminuição da qualidade das decisões dos tribunais: “A intenção do proponente [Governo] é acelerar os processos. O tribunal individual é normalmente mais célere, enquanto o colectivo é mais demorado por causa da constituição. A comissão entende o objectivo”, ressalvou. “Mas o tribunal colectivo tem três magistrados e a decisão é tomada com base numa votação dos três e não só num. Por isso a comissão manifesta preocupação face à qualidade dos julgamentos perante a possibilidade dos tribunais individuais assumirem a maioria dos casos”, acrescentou. O presidente da comissão questionou a lógica do aumento do número de processos com tribunal singular, quando o número de juízes do TJB não sofre alterações, mantendo-se nos 32. Contudo, o tribunal colectivo vai ter menos casos, mas vê o número de juízes aumentado de 8 para 12. Também em relação a este aspecto, a comissão mostrou muitas dúvidas.
Hoje Macau Internacional MancheteIsrael | Parlamento aprova lei que limita auto-determinação a judeus Há quem lhe chame o novo apartheid. A Lei Básica da Nação-Estado aprovada, na semana passada, no parlamento israelita define que apenas os judeus têm direito à autodeterminação. Entretanto, os árabes que têm sido vítimas de crescentes restrições, ficam cada vez mais isolados. União Europeia e Nações Unidas estão preocupadas com a situação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós um intenso debate, de mais de oito horas, no parlamento israelita, a “Lei Básica da Nação-Estado” foi aprovada com 62 votos a favor e 55 contra. O diploma está envolto em controvérsia, e foi considerado por alguns sectores políticos como discriminatório. Muitos dos deputados árabes israelitas não participaram na votação. A polémica lei consagra Israel como nação judaica, “lar nacional” do povo judaico e o hebraico como única língua oficial. A língua árabe perde direitos, os colonatos judeus são considerados de interesse estratégico nacional e Jerusalém, “una e indivisa”, será a capital do país. Além disso, a nova legislação determina que apenas os judeus têm o direito de autodeterminação no país. Para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoiado por uma maioria de direita e de extrema direita, trata-se de uma vitória e fortalecimento da democracia em que a maioria tem o direito de decisão, refere a LUSA. O objectivo “é garantir o carácter de Israel como o Estado nacional dos judeus, para definir na Lei Básica os valores de Israel como um Estado democrático judaico, no espírito dos princípios da Declaração de Independência”, de acordo com um comunicado publicado na página da Internet do Knesset, parlamento de Israel. Até aqui, a menção directa à identidade judaica tinha sido sempre evitada devido à existência de outras culturas e religiões no país, que vivem em Israel desde a sua criação, em 1948, e que representam cerca de 20 por cento da população – 1,8 milhões de uma população total de cerca de nove milhões. A minoria árabe no parlamento israelita considera que morreu a democracia em Israel com a criação de um estado segregacionista. O Centro de Apoio Jurídico às Minorias Árabes defende que “a aprovação desta lei representa uma tentativa de implementar a superioridade étnica através da promoção de políticas racistas”. Categorias especiais A proposta de lei inicial que incluía um artigo relativo à “criação de comunidades no país compostas por motivos de fé ou origem” foi muito criticada pelo Presidente de Israel, Reuven Rivlin, como sendo discriminatória, tendo o artigo sido retirado. De acordo com a nova legislação, “os árabes terão uma categoria especial, todos os judeus terão o direito de migrar para Israel e obter a cidadania de acordo com as disposições da lei, o Estado agirá para reunir os judeus no exílio”. Durante as alegações e diante de uma câmara praticamente vazia, o parlamentar palestiniano de nacionalidade israelita Ayman Odeh, da United List (Lista Unida), denunciou a falta de carácter democrático da proposta iniciativa e ergueu uma bandeira negra para representar “o funeral da democracia”. O primeiro-ministro israelita foi alvo de duras críticas durante o mesmo debate. Outro deputado palestiniano Jamal Zahalka afirmou que Benjamin Netanyahu está a forçar os cidadãos a escolherem entre serem judaicos ou democratas. Preocupação internacional A União Europeia fez questão de manifestar a sua preocupação com a aprovação da lei da nacionalidade judaica pelo parlamento israelita, mas escusou-se a condenar a lei que consagra Israel como nação judaica, “lar nacional” do povo judaico, e o hebraico como única língua oficial. “A democracia e a igualdade, relativamente às minorias, continuam a ser a base da nossa associação com Israel”, começou por referir a porta-voz do Serviço Europeu de Acção Externa da União Europeia, Federica Mogherini, na conferência de imprensa diária do executivo comunitário. “Estamos muito preocupados e já expressámos essa preocupação. Vamos continuar a comunicar com as autoridades israelitas dentro deste contexto”, referiu a porta-voz, citada pela agência de notícias Reuters. “Fomos muito claros na nossa defesa de uma solução para o conflito israelo-palestiniano com dois Estados, com Jerusalém como capital, e acreditamos que esta decisão torna mais difícil que esta se torne realidade”, sublinhou. Ao ser questionada sobre a possibilidade de a UE “condenar ou reprovar” que o árabe deixe de ser considerado língua oficial ou que se promovam as comunidades exclusivamente judias, Maja Kocijancic limitou-se a manifestar a sua preocupação e a assegurar que esta foi comunicada ao Governo de Israel. Direitos pouco humanos De acordo com a agência noticiosa chinesa, Xinhua, também a Organização das Nações Unidas (ONU) já expressou a sua relutância face à decisão israelita. “Reafirmamos que as Nações Unidas respeitam a soberania dos estados na definição do seu carácter constitucional bem como enfatizamos a necessidade de todos aderirem aos princípios dos direitos humanos, incluindo a protecção dos direitos das minorias”, disse o porta voz da ONU, Farhan Haq, citado pela Xinhua. De acordo com a mesma fonte, Haq apontou ainda que a única solução para se conseguir uma paz duradoura capaz de resolver o estado permanente de conflito e que tenha em conta as aspirações dos dois povos é através da negociação de uma solução que inclua a existência de dois estados. “Apelamos mais uma vez a todas as partes para evitarem movimentos unilaterais que possam boicotar uma solução de paz”, cita a Xinhua. A Turquia, que se opôs peremptoriamente à decisão, anunciada no ano passado, dos Estados Unidos em deslocar a embaixada daquele país para Jerusalém, também criticou a aprovação da nova lei. “Identificar o direito à autodeterminação como um direito dado apenas a judeus é o resultado e uma mentalidade ultrapassada e discriminatória”, disse o ministro dos negócios estrangeiros, de acordo com a Reuters. O porta-voz do presidente Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin , apelou mesmo à comunidade internacional “para reagir a esta injustiça que está a acontecer à frente dos olhos do mundo inteiro”, lê-se. O porta-voz presidencial criticou ainda aquilo a que chamou de “movimento racista que vai servir para acabar com o povo palestiniano e proibi-lo de viver na sua terra quer fisicamente, quer legalmente”, disse. Análise | Pacheco Pereira realça a oficialização do apartheid “Agora não foi sequer a gota de água, foi uma torrente que se abriu com a nova lei da nacionalidade que institui na prática uma situação de apartheid e de racismo”. As palavras são de José Pacheco Pereira num artigo de opinião publicado no jornal Público. O ex-deputado e historiador lamenta as transformações que estão a acontecer num país que um dia fez parte da sua admiração. “Sempre fui amigo de Israel e não só pelas razões que vêm do Holocausto (…) eram pró-israelitas contra ‘as monarquias feudais árabes’, até aos eventos mais recentes que colocavam uma pequena democracia armada no meio de inimigos governados por ditaduras, umas mais cruéis do que as outras, mas nenhuma recomendável”, começa por dizer. No entanto, “o ‘querido Bibi’ acossado pela Justiça empurrou a actual legislação racista que acaba com os últimos traços de um Estado de Israel que pertencia a judeus e árabes, assente na “completa igualdade de direitos políticos e sociais (…) para todos os seus habitantes, independentemente de religião, raça e sexo, como se lia na Declaração de Independência de 1948”, remata Pacheco Pereira. Minorias | Comunidade LGBT israelita contra exclusão na lei A comunidade LGBT israelita está contra a exclusão de homossexuais da lei da sub-rogação, aprovada na semana passada, juntamente com a nova lei de Nação-Estado que declara o país nação judaica e o hebraico língua oficial. Membros e apoiantes da comunidade LGBT de Israel estiveram no domingo em protesto contra a exclusão de homossexuais da lei. Os protestantes marcharam em Telavive e em outras cidades israelitas, exibindo bandeiras com as sete cores do arco-íris — símbolo da comunidade LGBT (lésbicas, ‘gays’, bissexuais e transexuais) — e bloquearam, inclusive, uma autoestrada durante algum tempo. A comunidade contesta a legislação apoiada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que prevê a sub-rogação para pais homossexuais (a substituição numa relação jurídica duma pessoa por outra que toma o seu lugar). O chefe do Governo de Israel acabou por votar contra, alegadamente sob a pressão dos parceiros de coligação ultraortodoxos. Os protestos evoluíram para um alerta sobre a igualdade, considerando que a legislação aprovada parece ter como alvo o liberalismo israelita. As manifestações foram amplamente apoiadas por centenas de entidades patronais que permitiram funcionários observar e participar nos protestos sem penalizações. Ainda para este domingo está programado um comício, na Praça Rabin, em Telavive.
Hoje Macau SociedadeEnsino | IPM prepara abertura da sucursal da academia sénior na Taipa [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) vai abrir uma sucursal da sua Academia do Cidadão Sénior na Taipa, com o objectivo de disponibilizar cursos do ensino superior aos mais idosos. A informação foi ontem avançada pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na resposta a uma interpelação da deputada Angela Leong. “Para oferecer aos idosos mais oportunidades de aprendizagem, o Governo irá aproveitar o primeiro andar do centro comunitário na Rua do Delgado, junto à povoação Chun Su Mei, na Taipa, para ser a sucursal da Academia do Cidadão Sénior. O IPM está a dedicar-se aos trabalhos preparatórios e prevê-se que as obras de remodelação possam ser realizadas em 2019, e o novo campus escolar pode funcionar e recrutar alunos em 2020.” Alexis Tam referiu ainda que “no primeiro ano de funcionamento esta sucursal pode oferecer à sociedade 170 vagas, mas o alvo é que haja vagas suficientes para satisfazer, no futuro, a vontade de 520 alunos”. O ano passado, a Academia do Cidadão Sénior do IPM registou 673 alunos e para o ano lectivo de 2018/2019 inscreveram-se 795 idosos. “A sede da academia em Macau e a sua sucursal na ilha da Taipa poderão oferecer mais de 300 vagas no primeiro ano de funcionamento deste novo campus”, um número que “poderá preencher as necessidades de mais de metade do número de idosos com vontade de frequentar cursos superiores da academia, de acordo com os dados existentes”.
Hoje Macau DesportoAutomobilismo | Ávila conquista segundo lugar [dropcap style=’circle’] R [/dropcap] odolfo Ávila foi segundo classificado, na corrida de sábado do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), que decorreu no Circuito de Xangai Tianma. O piloto local (VW Lamando) partiu da pole-position, mas perdeu dois lugares na partida e depois só conseguiu ultrapassar Andy Yan (Ford Focus). O vencedor foi Martin Cao Hongwei, também em Ford Focus. “A equipa fez um bom trabalho e o carro estava muito bom. É pena que nos arranques continuamos a perder sempre para a concorrência. Num circuito como Tianma é muito difícil de ultrapassar e recuperar posições. Obviamente que queria vencer, mas o mais importante é amealhar pontos para a equipa e esse objectivo foi cumprido”, disse no final. Em relação à prova de ontem, esta acabou anulada devido à passagem de um tufão nas proximidades de Xangai.
Hoje Macau SociedadeJustiça | Jason Chao falha julgamento [dropcap style=’circle’] J [/dropcap] ason Chao não vai estar presente, a partir de amanhã, nas sessões do julgamento em que é acusado de difamação por Wang Jianwei, professor da Universidade de Macau. O activista deu autorização para que o caso decorresse “in absentia,” ou seja, sem a sua presença, uma vez que está no Reino Unido a terminar a dissertação para finalizar os seus estudos. Em causa está um artigo da Macau Concealers, publicação afecta à Associação Novo Macau, em que era noticiada a existência de processos internos na Universidade de Macau sobre alegadas práticas de assédio sexual cometidas por professores, em 2014. O artigo foi publicado apenas em 2015, e em resposta à publicação, Wang Jianwei, na altura director do Departamento de Administração Pública e Governamental, veio a público admitir que era um dos investigados.
Hoje Macau BrevesRohani avisa que conflito com o Irão será a “mãe de todas as guerras” [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] presidente iraniano, Hassan Rohani, advertiu ontem os Estados Unidos para não “brincarem com a cauda do leão”, assegurando que um conflito com Teerão será “a mãe de todas as guerras”. As declarações de Rohani foram feitas poucas horas antes de um esperado discurso do secretário de Estado norte-americano sobre o Irão. “Declaram a guerra e depois falam da vontade de apoiar o povo iraniano”, disse Rohani dirigindo-se ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, numa reunião de diplomatas iranianos em Teerão. “Não pode provocar o povo contra a segurança e os seus próprios interesses”, disse o presidente, num discurso que foi transmitido pela televisão. Rohani voltou a avisar que o Irão poderá fechar o estreito estratégico de Ormuz, que controla o Golfo e por onde passa cerca de 30 por cento do petróleo mundial que é transportado por via marítima. “Nós somos a garantia de segurança desse estreito desde sempre, não brinque com a cauda do leão, você vai arrepender-se”, avisou, acrescentando: “A paz com o Irão será a mãe das pazes e a guerra com o Irão representará a mãe das guerras”. O discurso do líder iraniano acontece poucas horas antes do esperado discurso do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, sobre o Irão, enquanto os Estados Unidos procuram aumentar a pressão sobre a república islâmica após se terem retirado do acordo histórico de 2015 sobre o armamento nuclear. “Sempre que a Europa procurou um acordo connosco a Casa Branca semeou discórdia”, disse Rohani, acrescentando: “Não devemos pensar que a Casa Branca ficará para sempre neste nível de oposição ao direito internacional, contra o mundo muçulmano”.
João Luz VozesFrustração [dropcap style=’circle’] P [/dropcap] or vezes, por detrás dos caracteres, das colunas, das manchetes, há calvários de paciência invisível sacrificada em prol da edição, há muros de incompreensão, desleixo e incompetência difíceis de ultrapassar. A gestação de um artigo é naturalmente um processo atribulado, em qualquer parte do mundo. Mas Macau oferece algo mais, acrescenta um ingrediente de surrealismo que leva jornalistas a beliscarem-se para terem a certeza de que ouviram mesmo o que acabaram de ouvir. Acho até que as traduções não são o mais evidente calcanhar de Aquiles da complexa relação entre jornalistas e poder. Na minha óptica, o maior problema é de natureza cognitiva num contexto de total inconsequência para as atrocidades lógicas que se cometem. O dever de informar neste pandemónio cognitivo torna-se num suplício, numa bad trip comunicativa. Por exemplo, quando se convoca uma conferência de imprensa para apresentar um estudo que não tem qualquer contacto com o estudo anterior em termos de parâmetros medidos, impossibilitando conclusões ou delinear tendências. A óbvia função do jornalista é transmitir ao leitor, ouvinte ou telespectador, a ineptidão pública demonstrada no triste espectáculo. Neste domínio, há que destacar o pelouro da saúde pelo conveniente dom de marcar conferências de imprensa em cima da hora, publicar comunicados à meia-noite e dar informações que levantam mais questões do que propriamente respostas. Mas as insuficiências comunicativas são extensíveis a todas as tutelas, com excepções pontuais de competência e dedicação. Muitas vezes somos forçados a escalar montanhas mentais, percorrer trilhos de raciocínios sinuosos para chegarmos sempre ao mesmo sítio: “o Governo vai prestar atenção às preocupações da sociedade”, ou que actua “no cumprimento da lei”. Recordo um episódio daqueles detrás da cena, quando confrontei a opinião de vários juristas de renome que colocaram em causa a “constitucionalidade” de um regime legal por conter disposições contrárias à Lei Básica (câmaras nos uniformes dos polícias). A primeira resposta formatada a clichés defendeu que mesmo com a percepção de incompatibilidade com a lei mais alta da hierarquia legal o resultado prático daquela lei seria de acordo com a lei. Ou seja, mesmo que seja contrário à Lei Básica essa contradição é “de acordo com a lei”, uma aberração lógica que mata o mais bravo esforço comunicacional. A ginástica mental prosseguiu depois de um email onde especificamente confrontava duas disposições legais antagónicas e essa divergência material na letra da lei foi relegada para segundo plano com mais uma cascata de incongruências. Todas elas, claro está, “de acordo com a lei”. Este truque só está ao alcance de crianças com menos de 5 anos e do Governo. – “Pedrito, como é que o prato de esparguete foi parar à parede?” – “O coelho corre muito depressa.” – “O prato! Como?! – “O coelho corre muito depressa.” – “Pronto, ok, o coelho. Porque não respondes a uma simples pergunta e fazes essa carinha querida carregada de culpa? O que é que eu fiz à minha vida!!” e engole-se mais um sapo empurrado goela abaixo por um alto copo de incredulidade. Depois existe sempre o vasto coro crítico que exige que a verdade seja posta cá fora, que sejam abanadas as fundações dos interesses cristalizados no tempo e que se abra uma janela que traga a aragem da transparência. Um forte activismo que exige seriedade total no conforto das redes sociais, mas que se transforma em silêncio acanhado no momento de se tornar fonte, na altura de participar na busca pela verdade. É pedida compreensão que minutos depois é colocada na gaveta para dar lugar à trollada do costume. Só com verdadeira paixão se consegue gerir o capital de frustração que esta profissão exige. Já agora, evoco a memória do “inconseguimento frustracional” da saudosa Assunção Esteves. Paz à sua alma. Só com Montypythónico humor se contornam estas esquinas de significado na esperança de desembocar na Avenida da Lógica Harmoniosa. Dei o harmoniosa de desbarato no espírito do compromisso e respeito.
João Santos Filipe DesportoFutebol | Diego Patriota eleito atleta do ano e Benfica a melhor equipa [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] escolha do onze ideal da Liga de Elite causou polémica. O melhor guarda-redes do ano, Batista, ficou de fora. O Sporting de Macau foi 3.º e o Monte Carlo 6.º, com mais derrotas do que vitórias, mesmo assim os leões não tem atletas no onze ideal e os canarinhos têm dois A Associação de Futebol de Macau (AFM) revelou na sexta-feira o melhor 11 da temporada da Liga de Elite e o destaque vai para o facto do melhor guarda-redes do ano, Batista (Benfica de Macau), não estar no onze ideal, nem ter sido escolhido qualquer atleta do Sporting de Macau, apesar do 3.º lugar na classificação. No pólo oposto, o Monte Carlo, que não foi além do 6.º lugar na liga, com mais derrotas do que vitórias (9 jogos perdidos contra 8 vitórias e um empate), tem dois atletas escolhidos, nomeadamente Paulo Cheang, capitão da selecção de Macau, e Cheong Hoi San. Para a eleição do onze da Liga de Elite contribuíram os internautas, com um poder de 10 por cento na votação final, a associação de jornalistas desportivos, que deu início a esta iniciativa há cerca de 9 anos, com 30 por cento, e uma comissão de revisão dos votos, da AFM, com 60 por cento. A comissão de revisão é constituída por representaste da associação, da associação de veteranos e dos clubes. Segundo os resultados apurados, o onze ideal joga no esquema táctico 3-4-3, com o guardião Leong Chon Kit, do Ching Fung, a ser o escolhido para a baliza ideal. O guarda-redes teve apenas 2 votos dos internautas, 0 dos jornalistas, mas a comissão de revisão deu-lhe 11 pontos, suficiente para ser o seleccionado, enquanto Batista ficou de fora. Em relação aos 10 jogadores de campo, o campeão Benfica é a equipa mais representada, com 5 atletas, segue-se o Monte Carlo e Ka I, com dois jogadores cada, e Chao Pak Kei, com um. “Parece uma anedota” Para o treinador do Benfica de Macau, Bernardo Tavares o facto de Batista não estar no onze principal é chocante: “Parece uma anedota. O Batista é o guarda-redes do ano, mas não está no onze. Fico triste com este tratamento ao Batista. É uma prova de que os prémios não são justos”, disse ao HM Bernardo Tavares, treinador das águias. “Deve-se questionar a AFM sobre os critérios. A ideia que dá é que foi uma votação entre amigos. Só o facto do melhor guarda-redes não fazer parte do onze titular diz tudo”, acrescentou. Também o facto de Prince, extremo do Sporting de Macau ter ficado de fora levou Bernardo Tavares a mostrar-se incrédulo. “Sinceramente, se eu tivesse de fazer um onze destes, pelo menos nove jogadores seriam do Benfica. Foi a equipa campeã só com um empate, ao mesmo tempo que competia na Taça AFC”, começou por sublinhar. “Mas também é difícil compreender que havendo tantos jogadores de outras equipas que não o Benfica, que o melhor jogador do terceiro classificado [Prince] não esteja no onze… Eles [AFM] é que sabem…”, acrescentou. Por sua vez, o director técnico do Sporting de Macau, José Reis, não se mostrou surpreendido. “É o normal funcionamento da AFM. Há clubes com um excelente relacionamento com os membros da AFM, que têm visível influência, que depois são premiados no final da época com a inclusão de atletas em onze ideias e distinções para treinadores”, afirmou. “É a única explicação que encontro para os resultados”, vincou. José Reis informou também que os jogadores já tinham sido avisados para o facto de não serem nomeados. “O Prince não ficou desiludido porque já tinha sido avisado que as hipóteses de ser distinguindo eram extremamente reduzidas. Tivemos de preparar o jogador, até porque ele tinha uma certa expectativa, após o excelente rendimento desportivo reconhecido por todos”, sustentou. “Se fosse um critério puramente desportivo havia vários jogadores e treinadores que tinham sido distinguidos e não estão lá. Outros não se distinguiram pela positiva ao longo da época e estão no onze…”, referiu. De acordo com a explicação da AFM, foram distribuídos boletins às equipas para nomearem atletas para serem votados. Contudo, houve equipas que tiveram dificuldades no preenchimento dos papéis porque a documentação só estava em chinês. A AFM também disse que tem ouvido as opiniões dos clubes face aos resultados e vai tentar incorporá-las nas próximas edições das votações. Inácio Hui treinador do ano No que diz respeito aos prémios individuais, William Carlo Gomes foi o melhor marcador, com 38 tiros certeiros. Já na baliza, Batista ficou na frente de Ho Man Fai, do Monte Carlo, e de Lo Weng Hou, do Chao Pak Kei. No que diz respeito ao melhor atleta sub-23, o prémio foi para Cheong Hoi San, do Monte Carlo, na frente de Lo Weng Hou, do Chao Pak Kei, e de Miguel Noronha, também do Monte Carlo. Finalmente, ao nível do comando técnico das equipas, Inácio Hui, do C.P.K. foi considerado o melhor treinador, seguido por João da Rosa do Ching Fung. Bernardo Tavares do Benfica, que somou 17 vitórias e 1 empate em 18 jogos, não foi além do terceiro lugar. “Foi a escolha deles, uma pessoa tem que respeitar. Assisti a tanta coisa em Macau, que nem vale a pena estar a pronunciar-me”, frisou.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasO Verão há muito tempo [dropcap style=’circle’] N [/dropcap] a minha infância, o Verão anunciava um horizonte inteiramente diferente daquele que vigorava no resto do ano. Era uma espécie de intervalo que redimia os meses de frio e de solidão em Clermont-Ferrand, França. O inverno em Clermont-Ferrand era sinónimo de frio e de neve. Ao contrário da imagem romântica que temos da neve – e num país como Portugal, só se pode ter uma imagem romântica – a época da neve não corresponde a parzinhos românticos dançando no gelo, felizes, em pleno Central Park, ou a bonecos alvos salpicados de vegetais fingindo narizes e olhos. Na maior parte do tempo em que neva, a vida quotidiana e a poluição encarregam-se de transformar as ruas num lamaçal castanho que toda a gente gostaria de evitar e não o consegue. Eu tenho demasiados genes portugueses para a vida naquelas condições climatéricas. Para além de uma asma que acordava em Outubro para adormecer apenas em Maio, tinha amigdalites constantes no Inverno, período no qual a minha dieta se resumia a leite quente e antibióticos. O próprio acto de sair à rua, com temperaturas negativas e vestindo malhas sobre malhas, era um acontecimento para o qual tinha de me preparar psicologicamente. Os dias em que não tínhamos aulas eram, para mim, os mais felizes (e eu gostava de ter aulas). Em Agosto, como a maior parte dos emigrantes, regressávamos a Portugal. Com o carro carregado de parafernália electrónica, queijo Brie e brinquedos, empreendíamos a viagem de carro que durava dois dias e duas noites de Clermont-Ferrand a Tavira. Em Tavira, os miúdos da minha idade ficavam a olhar para o nosso carro, um Renault 18 GTL que, não sendo de todo um modelo de topo, fazia ainda assim um brilharete. Lembro-me dos olhares de espanto das crianças quando eu lhes mostrava os vidros eléctricos. Aquela banalidade ao nível de ligar e desligar a luz, em França, era em Tavira pouco menos que magia. As famílias das minhas irmãs recebiam-nos como reis magos temporãos. Da goela do porta-bagagens do Renault saíam objectivas e máquinas fotográficas para um cunhado fotógrafo, acessórios de caça para um cunhado de clique mais barulhento, brinquedos para os meus sobrinhos, roupa para as minhas irmãs, iguarias francesas para todos. Sentia-me feliz com aquela distribuição de prendas, sentia que bastava pouco para fazer os outros felizes. A família era como o Verão: tinha uma época e era simples. Na praia eu era invariavelmente a criatura mais branca sobre a areia. Acabava o Verão com inveja do meu sobrinho, apenas um ano mais novo e consideravelmente mais escuro que eu. Eu começava a temporada num tom azul-claro e, passando de leve pelo branco, ia directamente para o vermelho. Não tinha jeito para aquela forma de ser português, descontraído e alheio à necessidade de protector solar. A minha pele absorvera demasiada frança, demasiada neve. Quando acabava o Verão, a pouca cor que adquirira naquele mês de praia dissipava-se no regresso a França e, já na escola, quando me perguntavam pelo que tinha feito nas férias e eu respondia “praia”, orgulhoso, o resto da turma ria-se. Para aquela medalha de veraneante, os meus genes portugueses nunca chegaram.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Aprovada lei que permite abertura de casinos a partir de 2020 [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] parlamento do Japão aprovou na sexta-feira uma lei que permite a abertura de três casinos a partir de meados de 2020, com o objectivo de impulsionar o turismo. A lei, que define os termos e condições concretas para o estabelecimento de casinos, foi recebida com fortes críticas por parte da oposição, que teme o flagelo da dependência do jogo. Um estudo de 2017 do ministério da saúde revelou que cerca de 3,2 milhões de pessoas, cerca de 3,6 por cento da população adulta, eram consideradas viciadas no jogo, muito mais do que se verificava em outros países – 1,2 por cento na França, 0,4 por cento na Itália e 0,2 por cento na Alemanha. No final de 2016, uma primeira proposta tinha sido aprovada após anos de debate. Desta vez, um novo passo foi dado com a votação do Senado, um mês após a ‘luz verde’ dada pela Câmara dos Representantes do Japão (câmara baixa nipónica), autorizando a construção de três ‘resorts’ integrados que podem incluir, além de casinos, centros de conferência, hotéis, restaurantes, teatros e outros locais de entretenimento. “Não se trata apenas de casinos”, disse o porta-voz do governo Yoshihide Suga, durante uma conferência de imprensa realizada antes da votação. “Estes espaços terão como objectivo aumentar o número de turistas em todo o Japão”, contribuindo para que se torne “uma grande nação de turismo” e, assim, apoiar aquela que é a terceira maior economia do mundo, sublinhou. Opinião impopular Os operadores de casinos têm mostrado grande interesse em se instalarem no Japão, muito por causa do crescente fluxo de turistas chineses e do entusiasmo de muitos segmentos da população pelo jogo. Economistas projectam um mercado anual de 2.000 a 3.700 bilhões de ienes (entre 15,3 e 28 mil milhões de euros), uma receita extra para os governos estaduais e locais, uma vez que a tributação é fixada em 30 por cento, a dividir também com o governo central. Entre a população, no entanto, poucos são a favor da lei. De acordo com uma pesquisa recente da agência de notícias Jiji, 62 por cento dos entrevistados manifestaram-se contra e apenas 22 por cento apoiam a lei. Para responder às preocupações sobre o risco do vício em jogos de azar, a lei prevê uma taxa de entrada de 6.000 ienes (46 euros) para residentes do arquipélago e limita para dez o número de visitas por mês. Operadores de jogo como a MGM Resorts International, Wynn Resorts e Las Vegas Sands Corporation já manifestaram interesse em instalar casinos no Japão.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Xi Jinping diz que continente africano “promete um futuro radioso” [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou, durante uma visita de Estado ao Senegal para assinar dez acordos de cooperação, que o continente africano “promete um futuro radioso” pelo “grande dinamismo” que demonstra Depois de ter chegado a Dacar, o Presidente chinês assinou com o seu homólogo senegalês, Macky Sall, novos acordos para reforçar os laços económicos, no âmbito da visita de Xi Jinping, a primeira deste nível desde há uma década. “Cada vez que visito África consigo avaliar o grande dinamismo deste continente, que promete um futuro radioso”, comentou o presidente chinês, afirmando-se “plenamente confiante no futuro da cooperação sino-africana”. Os dois dirigentes assinaram dez acordos nos domínios da justiça, da cooperação económica e técnica, infra-estruturas, valorização do capital humano e aviação civil. Os dois chefes de Estado falaram sobre “a cooperação bilateral, as relações sino-africanas e a actualidade internacional”, declarou, na altura, o presidente Macky Sall, comentando que a China “é uma das grandes economias da era moderna”, cujo percurso do povo prova que “o subdesenvolvimento não é uma fatalidade e que a batalha pelo progresso se ganha, em primeiro lugar, pelo espírito combativo”. A China é o segundo parceiro comercial do Senegal, a seguir à França, fornecendo àquele país africano materiais de construção e aparelhos de recepção de som e imagem, ascendendo a 559 milhões de euros, enquanto as exportações do país africano para a China atingiram mais de 115 milhões de euros em 2017, sobretudo em minerais e amendoins. Inúmeras infra-estruturas no Senegal foram construídas pela China, nomeadamente estádios, autoestradas, um hospital, um teatro nacional e um museu das civilizações negras. Trata-se da quarta visita do chefe de Estado da República Popular da China a África e irá passar por vários países, como o Ruanda e a África do Sul – país que organiza a 10.ª Cimeira BRICS – que reúne um grupo de potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) -, e ilhas Maurícias. Num texto assinado por Xi Jinping e publicado na sexta-feira no jornal senegalês Le Soleil, o Presidente chinês recorda que a China é o segundo maior parceiro comercial do Senegal, tendo as trocas comerciais crescido 16 vezes nos últimos dez anos. Xi Jinping assinala que a China é a maior fonte de financiamento e enumera alguns projectos lançados com fundos chineses, como a ponte de Foundiougne e a autoestrada que liga as cidades de Thies e Touba, que vão permitir ao Senegal “aumentar fortemente o crescimento económico” do país. “Para que haja desenvolvimento e prosperidade entre todos, temos de nos juntar e criar uma relação China-África ainda mais forte e de olhos postos no futuro”, apelou o Presidente chinês no texto. A 10.ª Cimeira BRICS terá como tema a “Colaboração para o Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial” e decorrerá entre os dias 25 e 27 de Julho, em Joanesburgo. Nos últimos anos, a China realizou vários investimentos em África, incluindo uma base naval na costa do Djibuti que custou cerca de 590 milhões de dólares.