Motociclismo | Peter Hickman ganhou corrida encurtada por acidente

O piloto britânico de 31 anos superiorizou-se à concorrência, apesar de um arranque mal-conseguido, e alcançou o terceiro triunfo em quatro anos, à frente de Michael Rutter

 

[dropcap]P[/dropcap]eter Hickman (BMW) venceu o Grande Prémio de Macau em motos pela terceira vez, numa corrida que foi encurtada em quatro voltas, após um acidente entre os concorrentes Ben Wylie (Bimoto) e Phillip Crowe (BMW), na curva dos Pescadores. Hickman demorou 19:31.386 para percorrer as oito voltas e terminou da melhor forma os três dias da competição, em que foi quase sempre o mais rápido.

“Foi um fim-de-semana fantástico para mim, para a equipa e para a Faye [Ho]. É o primeiro Grande Prémio dela como responsável por uma equipa e felizmente conseguimos ganhar”, afirmou Peter Hickman, após a vitória com as cores da formação da sobrinha de Stanley Ho.

O britânico foi também questionado sobre se ambicionava alcançar oito vitórias, tal como Michael Rutter, o piloto com o recorde de triunfos no Circuito da Guia. “Para alcançar esse registo e poder igualar o Michael ainda vou ter de regressar mais alguns anos. Acho que ele já compete aqui há 15 anos por isso vai ser muito complicado igualá-lo. Vou encarar as corridas ano-a-ano”, acrescentou.

Apesar de ter demonstrado um ritmo muito forte na qualificação, Hickman foi ultrapassado logo na partida, o que fez com que estivesse até à quarta volta em segundo lugar. No final, considerou natural ter sido ultrapassado e elogiou as partidas do colega de equipa: “O Michael [Rutter] teve uma partida muito melhor do que a minha. Normalmente ele arranca melhor do que eu porque é muito consistente quando está na parte suja da pista”, contou.

Voa baixinho

O momento-chave da corrida chegou à quarta volta, quando o vencedor devolveu a ultrapassagem a Rutter, na Curva do Mandarim. Numa altura em que os dois pilotos da equipa Aspire-Ho se começavam a distanciar da luta pelo terceiro lugar, entre Martin Jessopp (Ducati), Danny Webb (BMW) e Gary Johnson (Kawasaki), Hickman aproveitou para se isolar, posição que foi conseguindo manter.

No final, Rutter elogiou o desempenho do colega de equipa: “Fiquei um bocado chocado quando cheguei à Curva do Mandarim em primeiro lugar. Normalmente ele arranca muito bem, mas percebi que ele tinha errado na trajectória da primeira curva”, começou por explicar. “E estava tudo a correr bem até que ele passou por mim a voar e começou a criar uma certa distância. Nessa altura limitei-me a seguir atrás dele. Ainda pensei tentar forçá-lo a cometer um erro, mas ele teve um desempenho excelente”, sublinhou.
No final, os dois primeiros acabaram separados por 0,795 segundos.

Inalcançáveis para Jessopp

Em terceiro lugar ficou Martin Jessopp a 7.434 segundos do primeiro classificado. Esta foi a posição em que o piloto arrancou mas deixou-se surpreender no arranque, caindo para quinto. “Nunca entrei em pânico com o arranque, porque sabia que era possível recuperar. Este ano tive uma abordagem diferente, com uma moto nova. Por isso tive uma abordagem relaxada”, comentou Jessopp. “Mas para ser sincero a diferença para os dois da frente era demasiado grande. Nunca pensei dizer isto após um Grande Prémio de Macau, mas sinto que quero correr já amanhã, uma vez que sabemos o que precisamos de fazer para melhorar e tentar encurtar distâncias”, frisou.

Após o acidente na curva dos pescadores, e cujas imagens foram omitidas pela organização da prova, Ben Wylie foi transportado para o hospital, onde permaneceu para ser observado. O piloto esteve sempre consciente. Quanto a Phillip Crowe, o piloto foi observado logo no local, e recusou ser transportado para o hospital, dizendo que se sentia bem.

 

Rutter admite regresso

“Há 15 anos que me fazem essa pergunta”. Foi esta a resposta em tom divertido de Michael Rutter, após ser questionado sobre a hipótese de se retirar do motociclismo e deixar de correr em Macau. O britânico de 46 anos mostrou vontade de regressar e partilhou alguma nostalgia: “Hoje quando estava no pódio senti mesmo que aprecio o Grande Prémio. Olho para todos os arranha-céus e recordo-me de quando participei pela primeira vez, em 1994, e em que subir ao pódio era apenas um sonho”, contou o piloto de 46 anos, também conhecido como The Blade. “Neste momento fizemos a primeira prova com esta excelente moto e para ser justo a moto foi fantástica. Se fosse alguém com menos 20 anos a conduzi-la o resultado talvez fosse outro. Mas a moto tem uma boa base para evoluir, sabemos o que temos de fazer e acho mesmo que vou regressar”, acrescentou.

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