Lesados do Pearl Horizon entregam carta ao Gabinete de Ligação

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s compradores das fracções de Pearl Horizon apresentaram ontem uma carta junto ao Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau para solicitar resolução avançada por parte do novo director do Gabinete, Zheng Xiaosong.

Kou Meng Pok, líder da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon, lamenta que o caso continue sem solução, apesar das promessas dos dois antigos directores do Gabinete de Ligação do Governo Central. O líder lembrou que a situação remonta há dois anos e manifestou esperança de que se registem avanços com a entrada em funções do novo director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. “Com Zheng Xiaosong a assumir o cargo esperamos que haja uma resolução para este caso”, sublinhou Kou Meng Pok.

O representante dos compradores de fracções naquele empreendimento salientou a urgencia no tratamento do caso e justificou com os danos que está a causar aos lesados. Como exemplo, referiu a morte de um familiar de ums dos lesados que, afirma, foi devida ao desgosto relativos à situação do Pearl Horizon.

Dada a gravidade da situação, Kou Meng Pok espera que a situação chegue ao conhecimento do Governo Central e que seja este a dar ordens a Macau para a sua resolução.

Estava ainda presente no momento de entrega da missiva junto do Gabinete de Ligação, um outro lesado que deu a conhecer a sua situação. “As regras legítimas foram seguidas no processo da aquisição da fracção, mas até agora não há casa entregue e durante os dois anos que entretanto passaram, participei em todas as actividades a pedir a solução da situação sem que tenha existido qualquer avanço”, frisou.

11 Out 2017

Pedido aumento de 5 por cento no salário mínimo

O Conselho Permanente de Concertação Social reuniu ontem e os representantes dos trabalhadores pedem um aumento do salário mínimo para as profissões de limpeza e segurança na ordem dos cinco por cento. A nova medida fez disparar os valores dos condomínios em 20 por cento

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] sector laboral de Macau quer ver o salário mínimo, que actualmente abrange duas profissões, aumentar 5 por cento, de 30 para 31,5 patacas por hora, afirmou ontem um dos membros do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS).

“As 30 patacas foram implementadas e achamos que este valor é um pouco abaixo [do que devia ser], porque estes tipos de trabalhos, para limpeza e segurança, precisam que se trabalhe arduamente. Acho que deve aumentar para melhorar a qualidade de vida. Não pode ser inferior a 30 patacas, achamos que deve ser pelo menos mais 5% por hora. Fazendo o cálculo é só 31,5 patacas”, disse Leong Sun Iok, representante dos trabalhadores e deputado à Assembleia Legislativa.

O salário mínimo foi introduzido em Macau a 1 de Janeiro de 2016 para duas categorias de trabalhadores: segurança e limpeza de prédios de habitação. O diploma fixou o salário mínimo em 30 patacas por hora, 240 por dia ou 6.240 por mês.

De acordo com a lei, o valor do salário mínimo deve ser revisto após um ano da entrada em vigor. Apesar de o processo de revisão já ter começado, o valor ainda não foi actualizado.

Nesta reunião do CPCS para discutir o assunto, os parceiros queixaram-se que o Governo não forneceu informação suficiente para apresentarem pareceres definitivos.

Leong Sun Iok admitiu que o aumento pedido é baixo, mas disse ser necessário “atender ao valor da inflação e todos esses índices”.

“Mas vamos tentar lutar pelos trabalhadores porque é através do salário mínimo que pelo menos podemos garantir a qualidade de vida dos trabalhadores”, disse o também vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Em Janeiro, a FAOM defendeu que o salário mínimo devia subir para 35 patacas por hora.

Nem patrões, nem trabalhadores indicaram que dados é que estão em falta, mas disseram que estes devem chegar dentro de dez dias. A ala laboral propôs também a definição de uma fórmula para efectuar a actualização do salário mínimo.

 

Condomínios aumentaram

O coordenador da comissão executiva do CPCS, Wong Chi Hong, explicou que sem as opiniões dos trabalhadores e dos empregadores não é possível avançar para a revisão do salário mínimo, remetendo informações sobre essa actualização para mais tarde.

O também director dos Serviços para os Assuntos Laborais garantiu apenas que já não há trabalhadores nestas duas profissões a receberem abaixo do valor estipulado. Já a secretária-geral da comissão executiva do CPCS, Ng Wai Han, indicou que, desde que a lei entrou em vigor, verificou-se um aumento médio de 20 por cento no custo dos condomínios.

“Não aumentaram todos, [mas] houve uma média de aumento de 20% nos condomínios. Parte do valor [gasto] com estes trabalhadores foi transportado para o condomínio, ou seja, para os consumidores”, explicou.

Uma generalização do salário mínimo está prometida para 2019, mas o tema não foi debatido durante esta reunião.

11 Out 2017

Estudantes lá fora querem igualdade nos autocarros

[dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]studantes são estudantes em todo o lado e como tal devem ter igualdade nas tarifas de autocarro. A ideia foi defendida ontem pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau que pede que os jovens locais que estão a estudar fora do território tenham o direito de pagar as mesmas tarifas do que aqueles que se encontram inscritos em instituições de ensino superior locais. Cheang Ka Hou, membro do Conselho Consultivo do Trânsito e também vice-presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, não está satisfeito com a proposta do Governo de diferenciar as tarifas de autocarros justificando que os estudantes locais devem ter acesso aos benefícios.

Para o responsável, não há razão para que, nos fins-de-semana, os jovens do território que estão fora paguem uma tarifa que não seja a de estudante. De acordo com Cheang Ka Hou, trata-se ainda de um período de tempo que não tem problemas de tráfego pelo que a igualdade de tarifas não teria consequências.

Por outro lado, Cheang Ka Hou acha que a proposta de diferenciação do Governo vai contra o seu apelo em prol de um maior uso dos transportes públicos. No que respeita à diferenciação entre tarifas para residentes e não-residentes, Cheang Ka Hou considera que é uma medida que não deve ser aplicada a estudantes de Macau que estão fora do território.

Para Kuok Meng Chit, estudante local numa instituição de ensino superior do interior da China, os estudantes sem benefícios nas tarifas de autocarros são muitos e apela para que haja um custo igual para todos.

11 Out 2017

Literatura | Arturo Pérez-Reverte acaba de lançar “Falcó”

O mais recente romance de Arturo Pérez-Reverte, “Falcó”, levou o autor a reviver as experiências de “crueldade e estupidez” do ser humano, de dor e morte que presenciou durante os 21 anos em que foi repórter de guerra

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte acaba de lançar “Falcó”, que conta a história de um espião e ex-contrabandista de armas sem escrúpulos, que se encontra a mando dos serviços de inteligência franquistas, durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936, com a missão de libertar um detido da prisão.

“Os anos 1930 foram uma época muito interessante na História da Europa, lugar de espionagem, fascismo, comunismo, de lutas revolucionárias, mas por outro lado, de roupas muito elegantes, de maneiras, era um mundo muito interessante, não tão inglório como agora, era um mundo fascinante”, disse o escritor, em entrevista à Lusa, justificando a escolha do tema para o romance.

A personagem que criou para se movimentar nesse meio é Lorenzo Falcó e, apesar de já ter escrito vários livros sobre guerras, nesta história a Guerra Civil Espanhola não é o objectivo, “é o fundo decorativo”, explicou.

Arturo Pérez-Reverte assume que um dos grandes desafios deste livro foi conseguir que “o leitor adoptasse como companheiro de leitura um torturador, assassino, sem escrúpulos, amoral por completo”, e para isso teve que apresentar como contrapartida virtudes que o compensassem: “elegante, simpático, encantador, sedutor, um homem que gosta muito das mulheres e de quem as mulheres gostam”.

O escritor admite que se identifica com a personagem de Falcó, indiferente às causas e ideologias e até à humanidade, devido às duas décadas que viveu em países em guerra.

“Partilhamos os mesmos pontos de vista sobre o mundo, sobretudo (Falcó) partilha da minha fé indestrutível na capacidade de crueldade e estupidez do ser humano e esse é o território em que ele se move”, afirmou.

A ambivalência da personagem – entre o mau e o bom – está igualmente presente na corrente da história, que retrata acções de fascistas, comunistas, socialistas e anarquistas, sem deixar transparecer simpatia por nenhuma das facções.

Arturo Pérez-Reverte explica que das reportagens de guerra que fez, na maioria guerras civis, aprendeu que entre duas facções há uma “declaradamente dos bons e outra dos maus” – sendo que na Guerra Civil Espanhola, “os bons eram os da República e os maus eram os Franquistas” -, mas que quando se convive com os protagonistas das guerras, “a linha já não está tão clara, é tudo mais confuso”.

“Falcó beneficia desse conhecimento, vive num mundo em que os bons e os maus não estão nada claros, às vezes são bons outras vezes são maus, e ele não tem uma ideologia, uma simpatia politica concreta, é um mercenário, um amoral, um homem para quem a aventura, a adrenalina, as mulheres, o luxo e a acção são os valores fundamentais”, diz.

Para descrever as acções da personagem, na sua faceta mais cruel e violenta, bem como as cenas de morte e tortura, com todas as descrições de expressões faciais e sintomas físicos, Reverte socorreu-se da sua própria memória, usando “artefactos literários narrativos que beneficiam” da sua “experiência pessoal”.

“Quando escrevo estas aventuras sobre violência tortura e morte, não me contaram, não é teoria nem imaginação, não aprendi numa conversa de bar nem numa conferência, nem num livro ou num filme, eu vivi-o, durante 21 anos vi muita gente como o Falcó, eu vi torturar, vi matar, por isso eu sei como é um cadáver, como é a pele de um homem sob tortura, os suores frios, eu toquei-lhes”, recorda.

Para escrever os seus romances, Arturo Pérez-Reverte viaja até aos lugares onde as histórias se passam, frequenta os restaurantes, lê, tira fotografias e sobretudo respira o ambiente que respiram as suas personagens, conta.

Foi o que aconteceu com este livro, cuja história termina no Estoril, onde o escritor esteve três semanas a trabalhar, porque Portugal era, na altura, “um lugar importante, de tráfico, de espionagem, de conspirações”.

Lisboa no próximo livro

E é em Portugal, na cidade de Lisboa, que começa o seu próximo romance, “Eva”, que sai em Espanha nos próximos dias, que recupera o espião Falcó e uma das suas companheiras de missão, uma personagem feminina “muito forte”.

Aliás, o escritor sublinha a importância que dá à personagem feminina que não é a clássica “esposa” ou “mãe”, como Anna Karenina ou Madame Bovary.

“A mulher é um tema muito interessante, as minhas mulheres são muito poderosas, perigosas, duras, cruéis também, de uma grande força intelectual e de personalidade, mulheres lutadoras, comunistas, franquistas, activistas, esse tipo de mulher combativa interessa-me muito na vida real e nos romances”, declara.

11 Out 2017

Os dias cobram dívidas

Horta Seca, Lisboa, 2 Outubro

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]ue obituário escreveria o coelho, personagem principal da crónica mais pequena da nação, tantas vezes surrealista em toda a potência e delícia do termo, para dizer da vida e obra do seu criador, Jorge Listopad? Não arrisco vestir-lhe a pele. Sei que devo a Listopad teatro, palavras, cidades, visões, servido o ensemble com irrequieta frescura. Desejava arrastar o dia à procura de flores e frutos na horta de papel onde guardo alguma daquela sua flora. «Jorge é o mesmo que Jíri. Listopad é ‘Novembro’. Nasci em Novembro. Agora o Jorge tem a mesma raiz, estão todos ligados à terra; são lavradores. Portanto, sou o lavrador de Novembro.» Assim se nomeou em autobiografia, passados os oitenta. Custa-me saber que o lavrador de Novembro deixou de amanhar a horta que mantinha na teia de um palco.

Horta Seca, Lisboa, 3 Outubro

Raspo dos dias apenas o mel. Quando devia estar a arrumar a casa, batem-me à porta com projectos. Primeiro o Bruno [Portela], que arrasta consigo a fotografia. Arrasta por alto, rente ao tecto onde habita. Gosto dos seus modos. De fazer. Neste país que prefere estender passadeiras, o Bruno desenvolve tapetes onde nos podemos sentar mediterraneamente, uns num canto, outros a meio, mas no conforto do encontro. Anima, com o Luís Vasconcelos, o ponto de encontro do fotojornalismo nacional, a Estação Imagem, iniciativa que vem rasgando o país para o mostrar melhor, que convoca parceiros internacionais de ofício e olhar, que anseia por preservar a memória, que procura resposta simples para o complicado: sobrevivência. Depois, também se pode discutir gostos. Assentados. A espessura das ideias que trouxe, como as que levei eu para a troca, adiante as partilharei.

Com o Alex [Cortez] chega-me, de seguida, o desafio de acolher em livro os «Poetas Portugueses de Agora», a mais recente empresa da Lisbon Poetry Orchestra, banda rica de vozes ditas e instrumentos tocados, quase canções com o texto a dançar sobre a rica tessitura de baixos e guitarras e tecladas e sopros de variegada respiração, além de mais cordas convidadas. Os versos são de próximos de agora ou nem tanto: Daniel Jonas, Cláudia [R. Sampaio], Paulo [José Miranda], Valério [Romão] e Filipa Leal. Ditos por Paula Cortes, Miguel Borges, André [Gago] ou um Nuno [Miguel Guedes] acabado de conhecer há uns 40 anos. Lá está: como dizer não ao presente? E o embrulho, que não terá apenas um CD, vem com aspiração a objecto, desenhado pelo Daniel Moreira, que ilumina ainda os detalhes. O Alex não tocou apenas argumentos, trouxe EP que oiço em modo vertigem. Diz o Paulo na voz do André: «Os dias batem-nos à porta/ os dias cobram dívidas/ cobram dívidas// ser-se cobrado/ é como andar à chuva e ter coração/ e precisar de respirar/ e precisar de andar/ e precisar de cuidar das plantas que enfeitam a varanda/ ou as marquises dos arredores de Lisboa.»

Horta Seca, Lisboa, 4 Outubro

Distinta estava a noite na auto-estrada. O escuro não se assume na via rápida, nem mesmo em pleno coração do Alentejo. Vislumbro ao correr do vidro as constelações, a mancha leitosa da via láctea. Não me podia alhear, que assim o exigia o cansaço de quem conduzia, de sul para norte, de quem me conduz, nas direcções cardiais. A Lua dizia mais luz, de cheia que estava. Nisto, o mal-estar. Mal dou por mim, ao quilómetro cento e trinta e seis vírgula oito, detalhe ampliado, aquele oito infinitamente maior que o resto dos numerais ordinais, tenho a meus pés uma mulher estendida no asfalto, sem dar cor dela. De que branco seriam os nossos rostos na escura noite nívea da auto-estrada, sem darmos por nós, um acordado outro nem tanto. Tomo por justa esta imagem para os dias que passam velozes.

Casa da Cultura, Setúbal, 5 Outubro

Ninguém dá por ela, como convém a um bom fotógrafo. A Graça [Ezequiel] desfaz-se nos cenários, nas paisagens, nos momentos. Ninguém a vê. E por isso o seu território outro não é que os bastidores. Mesmo quando fotografa o palco, o que nos dá a ver é o outro lado, o da preparação, o esboço antes do risco final, o momento em que o artista se apaga para deixar entrever o indivíduo. Em performance ou repouso, de atenção presa ou distraído no acaso, alguém foi apanhado sendo. Apenas sendo, vibrantemente existindo. Daí o negro, a enorme quantidade de negro que estas fotos contêm (conferir nesta página com a de Helder Macedo). No palco, pouco mais há além do negro profundo, a cor da arte, e precisamos do olhar e da câmara da Graça para libertar a luz destes rostos. Eles estão a criar para nós, a dizer que não podemos ser apenas isto, que no negro se encontram todas as cores que precisamos para abrir mundos neste. Ensaiando ou descontraindo, como representando ou dizendo, o escritor, o artista, o actor, o músico são mais, são maiores. Por serem nós, por que nos fazem ser com eles. Atenção, com eles, que não como eles. Por ora, estes esboços estão perto no sul feito de beira-rio.

Horta Seca, Lisboa, 6 Outubro

Podia a entrada estar datada de 11/9, o dia exacto e icónico em que disponibilizámos este denso e fulgurante ensaio do António [Araújo]: «Consciência de Situação – Um Ensaio Sobre The Falling Man». A partir de uma fotografia célebre, a de Richard Drew a que alude o título, o António ajuda-nos como nenhum outro a enfrentar a ferida que se abriu nos nossos mundos, em 2001. A queda é o eixo desta poderosa reflexão, que vai muito além da costumeira compilação de notas de leitura, provavelmente de toda a bibliografia sobre o assunto, para tocar a história da fotografia, o miolo do jornalismo, a análise de comportamentos em situações de risco real, a filosofia e a religião unidas pela umbilical ideia de salvação, mas também de beleza ou presente. Este pensamento vem, como gosto tanto, insuflado de um sopro de – ia escrever emoção, mas é – humanismo, que me comove e perturba, mesmo nas descrições violentas, nas esmagadoras reflexões, nas poéticas construções. Apesar de ser sobre este incandescente assunto, há-de concluir, são as «divagações vazias que constituem a melhor metáfora do nosso tempo». Não será o caso, garanto. «Na manhã de 11 de Setembro de 2001, as câmaras de televisão filmaram uma mulher na rua, horrorizada pelos corpos em queda do cimo das Torres Gémeas. Aos gritos, dizia: «há ali gente a saltar, gente a saltar! Acho que estão a tentar salvar-se!» Ninguém pode tentar salvar-se saltando de um 102.º andar de um edifício. Tudo depende, no entanto, do que entendermos por “salvação”. Em função disso, o grito descontrolado daquela mulher pode ser encarado como uma frase insensata e ditada pelo pânico; ou, pelo contrário, como a observação mais certeira e sagaz alguma vez feita sobre os suicidas do 11 de Setembro.» Sei bem onde estava (e com quem estava, certo, Cristina [Sampaio]?). Mas nunca mais soube onde estamos.

P.S.: Cultivo a superstição de contrariar a vontade de abrir o livro mal me chega da gráfica. Costumo dar logo com a gralha grasnando. Confirmou-se: na 123, esquecemo-nos de limpar a repetição da capitular.

Horta Seca, Lisboa, 7 Outubro

Divertido, não fora perturbador. Percebo melhor a tatuagem do presente: business as usual. Estás bem? Péssimo, respondo: exausto por isto e por aquilo, além de que a minha distribuidora faliu. Que maçada! Olha, o meu livro, quando sai? E a factura, quando me pagas? ‘Bora jantar? ‘Bora, respondo.

11 Out 2017

Uma frescura de asas

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]oltar para o limbo das coisas transfiguradas, não misturar as fontes com as formas nessa incessante busca de afastamento face aquilo que no sensível se mantém, mergulhando assim no dom inalterável. Descarnar, não querer efeitos, retirar o excesso de humano, vencê-lo, secar o pântano acre-doce do instinto que alimenta espectros – movimento extinto – (…) tempo, suspende o teu voo (…) Ficar puro como a ideia, vigiar, estar preparado para o défice de compreensão dos transferidos para as zonas dos impactos, não mais nos alimentarmos de presas vencidas cuja deglutinação ajudou a subjugar os que servem de repasto- herdeiros dos medos- testar em cada um a superação humana por um processo alquímico muito próprio, não alinhar na corrente transacta de um corcel de Fados e de prantos, não ver a arena por onde as festas anunciam o banquete pois se tangerdes uma lira as próprias feras lerão na superfície das provas uma outra mensagem. Instar, inibir qualquer gesto de traição, colar a nós os sacrifícios como forma de deposição das armas.

É a sombra que salva a voz do assombro e no negro alvíssimo que transluz, devemos nós, os que temem as côres, resignar-se a tecer o tempo como um círculo de frágeis fios, pois que, sem a tenaz noite que de tão escura é sempre nova a voz poderá sair um ronco carregada de poeiras que são os pensamentos e o grande arco trazer somente a ilusão colorística que um deus maligno compôs para seu disfarce. Sangra, sangra, mas não te queiras na gleba. Lá, bem dentro do seu labirinto, está o Minotauro e se te apressas na marcha forças com leis te virão buscar carregadas de aflições, criaturas bestializadas ao serviço do centro: enquanto tardas, guarda a fonte. — Relembrando títulos de livros de autores de alma timbrada e tão longínquos — . António Quadros e ao pensar que ao existirem me servem hoje de uma gratificante brisa! Estamos no meio das experiências da côr, no auge da dobra fractal de similitudes alteradas onde se fez de quase tudo um amontoado de sujeições : o mundo grito, o mundo claque, o mundo clube, o mundo cor, que de cor, só o coração.

Tempo haverá em que o elemento humano estará quase ausente e se dele não restar a qualidade da sua brisa que é o único dom da sensibilidade criativa, saibamos que nada o desgastou mais do que esta felicidade sem esperança, mais, muito mais do que a dos seus tempos felizes na miséria. Neste labor de reter o melhor que foi Homem chegar-se-á a um ponto em que o conteúdo humano da obra seja tão escassa que quase não se veja, a Humanidade será lembrada pela sua secreta perfeição, de tal ordem que se pensará que fôramos uma tribo tão pequena quanto aquele povo inventado, nas horas mortas todos morremos sem que seja necessário outro entretenimento. Então, só depois a nossa consciência “sentou-se na sombra profunda quando por sobre a cabeça o ulmeiro murmura… e canta, quando a água santa e sóbria assaz bebeu, escutando ao longe no silêncio o canto da alma”… Horderlin .

É esta a Asa, a sombra profunda que salva a palavra da claridade do raio. A frescura e a sombra correspondem ao Sagrado e a palavra funda o seu advento.

Já não há rebelião, outrora até os anjos a tinham e das suas centelhas se fizeram fogueiras, mas o enxofre gerado tinha ainda a molécula do bom cheiro a Bode e frases mágicas que produziam efeitos mais fecundos que alucinogénios, havia na sombra, sombrias formas que criavam cismas tão divinos como quaisquer santos, havia uma dor de fundos imprevistos e talvez o cérebro estivesse em outros momentos da sua liturgia, havia isso tudo que criou indómitos espectros, que hoje, quase os visitamos sem supor do cativeiro a que estiveram sujeitos e olhamo-los sem malícia, esse artefacto não tinha, nem sabia, o que poderia ser ainda o coro de uma tragédia, hoje, mergulhados nela, achamo-nos paradoxalmente os mais felizes dos Homens.

Que as sombras partiram e a frescura é menor, que tudo se transforma sem que nos transformemos à velocidade dos ventos, que aqui retidos entre domínios imponderáveis se nos esgota o oxigénio e o escuro apagão é tido como o fim dos nossos quotidianos. Não brilha mais para nós o azeviche que precede a luz, a nossa natureza gosta da noite do néon mas não quer ver o efeito das sombras que produz, que sombras, são benignas, as dos ulmeiros quando murmuram… e sem eles, não há ao longe canto. Se dizem estas Asas no fim que a finalidade é libertarmo-nos libertando os outros, todos somos uma proposta ampla de Liberdade que será necessário aguardar com o sentimento do dever realizado. Pela noite entram os amantes, sempre caminhando para ela, pare então tempo o movimento triste que alimentou um brilho insuportável. Nós, os cegos, somos uma visão madura de Deus, usamo-lo nas vestes ainda tingidas de preto total , não ousamos, contudo, não somos encarnados, quase, brancas Aves, pois que todos os fantasmas o são.

Tingidos neste suporte toda a sensação não sentida como desejo é enfim glorificada num imenso adeus às armas pois que não nos fizeram vorazes e nos manteve na rota certa para a dádiva e não para criar raízes no próprio esquecimento. Para não nos tragarem, escondemos os dons, e para continuar, oferecemos os serviços, nenhum gratidão é suficiente para agradecer tamanhas coisas.

11 Out 2017

Rosenqvist esperado de Ferrari

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de ter vencido o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2014 e 2015 e ter finalizado em segundo o ano passado, Felix Rosenqvist deverá regressar este ano ao Circuito da Guia, mas para competir pela primeira vez na Taça do Mundo FIA de GT. A notícia foi avançada ontem pela revista inglesa Autosport, mas carece ainda de confirmação oficial, até porque a lista de inscritos da prova só será divulgada a 24 de Outubro. O piloto sueco deverá conduzir no circuito do território um Ferrari 488 GT3 da equipa norte-americana Scuderia Corse, estrutura que tem como director desportivo Stefan Johansson.

O ex-piloto da Ferrari na Fórmula 1 venceu a Corrida de Qualificação do Grande Prémio de Macau em 1984 e, para além de grande entusiasta do Circuito da Guia, é também responsável pela gestão da carreira desportiva de Rosenqvist. Se conseguir vencer a corrida, Rosenqvist, que este ano está a competir no campeonato de monolugares japonês Super Fórmula, tornar-se-á o segundo piloto a vencer a corrida de Fórmula 3 e a prova de GT, um feito apenas conseguido até aqui por Edoardo Mortara. Com a participação inesperada deste Ferrari, o número de construtores diferentes na prova deverá ascender a seis.

Corrida que promete

A terceira edição da Taça do Mundo FIA de GT promete trazer alguns nomes sonantes ao Circuito da Guia. É aguardada com alguma expectativa se a Mercedes-Benz convoca o “Sr. Macau” Edoardo Mortara para esta corrida, se a BMW aposta em António Félix da Costa, se a Porsche chama o campeão em título Laurens Vanthoor e se a Audi comparece à partida com um outro piloto lusófono ex-vencedor no Circuito da Guia.

Enquanto essas dúvidas não são dissipadas, confirmada já está a participação do brasileiro Augusto Farfus, que guiará um BMW M6 GT3 especial: o 18º exemplar da Colecção BMW Art Car, saído da imaginação da artista chinesa Cao Fei. O construtor da Baviera irá reforçar-se em Macau com mais dois M6 GT3 de uma equipa privada de Taiwan. A AAI Motorsports vai colocar em pista um BMW para o alemão Marco Wittmann, um ex-campeão do DTM, piloto de fábrica da casa de Munique e que já foi sétimo classificado nesta corrida, e outro para o australiano Chaz Mostert que compete no seu país no campeonato V8 Supercars e que impressionou nas 24 Horas de Bathurst.

Já a Mercedes irá reforçar-se em Macau com mais AMG GT3 da equipa privada GruppeM Racing, entregues aos pilotos Raffaele Marciello e Maximillian Buhk.

11 Out 2017

Consulado de Portugal fora de torneio substituto da Bolinha

A associação deu o dito por não dito e o Monte Carlo confirmou inscrição à última da hora. Na 2.ª Divisão, o Consulado de Portugal é a grande baixa, numa decisão justificada com a presença em outros torneios e a falta de informação por parte da associação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]nze equipas vão participar na 1.ª divisão do torneio de futebol que vai substituir o campeonato ‘Bolinha’, confirmou ontem a Associação de Futebol de Macau (AFM), ao HM. As cinco equipas Lun Lok, Night Walker, Keng Seng, Chong Wa e Kin Wa optaram por ficar do campeonato, que se vai disputar no Canídromo.

“Foram 11 as equipas que nos manifestaram vontade de participar e que se inscreveram. Cinco equipas optaram por não participar na competição”, disse Daniel Sousa, vice-presidente da AFM, ao HM.

“No que diz respeito à primeira divisão, a Associação de Futebol de Macau prevê que o formato da competição sejam dois grupos, um constituído por cinco equipas e outro por seis. Inicialmente, ainda se pensou fazer quatro grupos, mas não deve ser essa a opção tomada face às inscrições”, acrescentou.

Benfica, Sporting, Polícia A, Polícia B, Cheng Fung, Lam Pak, Chiba, Sub-23, Kei Lun, Ka I, e Monte Carlo são os nomes das equipas que amanhã vão ser sorteados para definir os grupos. O sorteio está agendado para as 18h30, na sede da Associação, e a competição deverá arrancar logo na sexta-feira.

Confirmação de última hora

Apesar de ser uma das formações participantes, o Monte Carlo esteve em dúvida até muito próximo do fecho das inscrições, que aconteceu ontem às 18h30. O caso foi relatado pelo presidente do clube, Firmino Mendonça.

“O nosso pessoal, quando foi fazer a inscrição, pediu para retirar da lista os jogadores estrangeiros, que já foram embora de Macau, e inscrever locais. Mas foi-nos dito que não podíamos”, revelou Firmino Mendonça.

“Nesse caso, tínhamos falta de jogadores porque não íamos inscrever apenas nove elementos, sendo que o máximo de inscritos é 14. Assim, estivemos mesmo para não participar. Só que depois recebemos um telefonema da Associação de Futebol de Macau a dizer que já poderíamos alterar a inscrição e lá nos inscrevemos, acrescentou.

Consulado de fora

Em relação à 2.ª Divisão, o número de formações inscritas é de 105, que fica abaixo da participação normal na Bolinha. Contudo, o Consulado de Portugal não vai participar, uma vez que já tinha compromissos assumidos.

“Não inscrevemos a equipa. Já tínhamos compromissos assumidos para a participação em outros torneios, temos um este sábado, temos outro muito em breve, fora de Macau”, começou por dizer Carlos Wilson, director desportivo da equipa, ao HM.

“Não sabemos os moldes em que a competição vai ser disputada. Parece que até hoje [ontem] à tarde a maioria das pessoas não sabia o formato. Sem sabermos os moldes, não podemos assumir o compromisso, porque já assumimos a presença noutras competições”, acrescentou.

No que diz respeito ao escalão secundário, as 105 equipas, onde consta a Casa de Portugal, deverão ser divididas em 35 grupos, cada um com três formações.

O torneio de futebol sete, também conhecido como Bolinha, foi cancelado devido aos efeitos do tufão Hato e à impossibilidade de remover todos os pedaços de vidro do sintético.

11 Out 2017

A diplomacia do hambúrguer

“Eight months ago, Donald Trump proposed a round of burger diplomacy with North Korea’s leader Kim Jongun. He wouldn’t give him a state dinner, he said, possibly in an attempt to sound judicious, but “eating a hamburger at a conference table” would be a good way to open “a dialogue”. At the time, Mr. Trump’s words aroused much derision. Everyone with any opinion informed or not, agreed that it was simply ludicrous to propose a shared burger moment with the reclusive leader of a totalitarian state that is known for much bellicose posturing and some belligerent actions.”
“Can burger diplomacy win North Korea over?” – Rashmee Roshan Lall

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mudança de acontecimentos incrivelmente perturbadora e muito previsível na Ásia Oriental, começou a 3 de Setembro de 2017, quando a Coreia do Norte testou com sucesso uma nova bomba nuclear. Tratou-se de um teste subterrâneo de uma bomba de hidrogénio, colocada na ponta de um míssil balístico intercontinental. O evento teve e imediatamente resposta por parte do presidente dos Estados Unidos, que condenou, afirmando que a Coreia do Norte é uma nação desonesta que se tornou uma grande ameaça e constrangimento para a China, que está a tentar ajudar, mas com pouco sucesso e qualquer ameaça para a América e seus territórios, incluindo as ilhas Guam ou os seus aliados, terá uma resposta militar maciça, eficaz e esmagadora.

O líder norte-coreano Kim Jong Un deve atender à voz unida do Conselho de Segurança da ONU, tendo todos os membros concordado unanimemente sobre a ameaça que a Coreia do Norte representa, e permanecem unânimes no seu compromisso com a desnuclearização da península coreana, não pondo sequer a hipótese da aniquilação total do país. A bomba de hidrogénio é muito mais poderosa que as bombas atómicas, ou bombas de fissão, que o país testou. A Coreia do Norte afirmou ter testado uma bomba de hidrogênio em Janeiro de 2016, mas os outros países, incluindo os Estados Unidos duvidaram.

A bomba nuclear que foi testada foi a maior e mais potente alguma vez efectuada pela Coreia do Norte. O Secretário-geral da ONU afirmou que o teste foi profundamente desestabilizador para a segurança regional, e o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de emergência no mesmo dia para discutir a questão, sendo de total condenação. O Conselho de Segurança tinha-se reunido uma semana antes depois da Coreia do Norte ter disparado um míssil que sobrevoou a ilha japonesa do norte de Hokkaido, tendo reprovado veementemente o acontecido. O Conselho de Segurança no início de Agosto aprovou por unanimidade um novo conjunto de sanções destinadas a travar a capacidade da Coreia do Norte de obter fundos para custear o seu programa nuclear.

É de recordar que durante meses, a Coreia do Norte absteve-se de realizar qualquer teste nuclear e de lançar mísseis sobre o Japão, mas parece ter decidido acabar com essa restrição. A nova série de sanções pode não ter efeitos práticos imediatos, pelo que o Japão e a Coreia do Sul defendem uma maior pressão diplomática sobre a Coreia do Norte. A rapidez que a Coreia do Norte tem usado para desenvolver o seu programa nuclear, apanhou muitos analistas desprevenidos, pelo facto de Kim Jong Un perseguir tão obstinadamente a aquisição de um poderio militar nuclear, mas que não constitui grande surpresa. Todavia, a grande parte das notícias actuais e as teses académicas explanam sobre a forma como o ditador norte-coreano, percorreu esse caminho, simplificando o entendimento sobre o mesmo, pela sua lógica. É importante corrigir o que existe de errado nas razões que levam a Coreia do Norte a este estádio, e entender o raciocínio de Kim Jong Un, pois é essencial para encontrar uma solução viável para a actual crise de tensão que amarra a região, como resultado das suas acções.

Os mais realistas pensam que compreendem completamente a sua motivação e estão a tocar trombetas aos quatro ventos, dado que que Kim Jong Un sente-se assustado com a possibilidade de potências exteriores  invadirem a Coreia do Norte para mudarem o regime. O ditador norte- coreano deve ter assistido com horror às acções do Ocidente, quando derrubou os governos no Afeganistão, Iraque e  Líbia porque possuíam regimes tirânicos que perseguiam o povo e ameaçavam a civilização ocidental. O líder norte-coreano, quase certamente, concluiu que o seu regime poderia ser o próximo e decidiu que o aumento da sua dissuasão nuclear seria a única forma de garantir a sua sobrevivência, e consequentemente, está à procura do rápido desenvolvimento do seu programa nuclear, preferindo que o seu povo coma erva, devido às  sanções hiper-restritivas, que abandonar o caminho do poderio nuclear.

A resposta americana foi a de aumentar o seu sistema de “Defesa Terminal de Alta Altitude (THAAD na lingua inglesa)” em países viznhos, aumentar o estado de alerta das suas forças navais na região, realizar exercícios militares de alto nível de dificuldade e complexidadel com a Coreia do Sul, procurar sempre mais restritivas sanções económicas e diplomáticas e uso de retórica inflamatória, que promete fogo e fúria, o que fez aumentar a determinação de Kim Jong Un de adquirir mais armas nucleares e mísseis balísticos, criando uma espécie de corrida armamentista. Ainda que possa parecer anacrónico, para ser justo com os mais realistas, parece que estão certos.

Todavia, as suas exposições apenas capturam metade da história, pois uma parte da razão pela qual Kim Jong Un perseguiu o seu programa de mísseis nucleares e balísticos,  é  por ser uma das bases centrais da sua plataforma de política interna. Quando Kim Jong Un sucedeu ao seu pai, Kim Jong-il, em 17 de Dezembro de 2011, herdou o seu programa “Songun Chongch’i” ou modelo de política militar, como orientação para a governança interna e política externa, e que enfatizou a expansão do exército norte-coreano e a sua prioridade sobre a população civil. Esta doutrina deu imenso prestígio e poder às forças armadas e, quando Kim Jong Un tornou-se líder, ficou rapidamente preocupado com o facto da sua influência estar fora de controlo e poderia ameaçar o seu governo.

 Os seus medos, provavelmente, foram agravados por divisões devido a conflitos dentro das forças armadas, que o poderiam derrubar. O líder norte-coreano como resposta, substituiu  o programa “Songun Chongch’i” por um novo programa, denominado de “Byungjin (Desenvolvimento Paralelo na tradução para a língua inglesa).” O “Byungjin” é uma criação peculiar, que envolve o duplo avanço da economia da Coreia do Norte e o seu programa nuclear. Os militares não baixam formalmente de estatuto, mas não recebem os privilégios especiais que lhes eram concedidos pelo programa “Songun Chongch’i”. Esta ausência implica que as forças armadas não são mais os meninos bonitos, favoritos e não desafiados do regime, mas que foram substituídos pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia.

O lado económico do programa tem como objectivo ajudar a reequilibrar o poder dentro do país, para que os militares não sejam a força suprema. O lado nuclear destina-se a contentar o ânimo dos militares sobre essa mudança radical, ao sugerir que não foram destituídos de importância, mas que a visão mudou da força convencional para a nuclear, permitindo que Kim Jong Un continue a ser visto como um líder corajoso e um advogado dos militares, enquanto também extermina os elementos mais perigosos das forças armadas por questões de segurança interna e pessoal. É uma façanha dificil e Kim Jong Un não se pode arriscar a ser visto como um líder militarmente fraco, enquanto a transição do programa “Songun Chongch’i”  para “Byungjin” não estiver concluída.

A sua habilidade para abordar o confronto actual sobre o seu programa nuclear com os Estados Unidos de forma conciliadora é bastante limitada. O líder norte-coreano  sente que deve ser visto pelas suas forças armadas, como uma figura forte o suficiente para enfrentar o mundo exterior, e se recuar ou procurar um acordo, poderá ser olhado como um covarde ou mesmo um traidor do legado do pai aos olhos das forças armadas. Tal, pode aumentar a possibilidade de oficiais desencantados considerarem a realização de um golpe de estado, que tarde ou cedo, será dado. A acrescentar aos medos de Kim Jong Un é o seu conhecimento sobre o destino do ex-primeiro-ministro soviético, Nikita Khrushchev, que foi deposto em um golpe interno, dois anos depois de recuar frente à determinação americana, aquando da crise dos mísseis cubanos.

A percepção de que Khrushchev havia sido humilhado durante o conflito, contribuiu em grande parte para a decisão dos conspiradores de se moverem contra ele. A ironia para Khrushchev foi que, de facto, conseguiu disputar concessões significativas dos Estados Unidos, incluindo a remoção dos seus misseis nucleares da Turquia. Todavia, esses ganhos foram mantidos secretos que mesmo os conspiradores que o derrubaram não estavam cientes deles, e Khrushchev pareceu quer a nível  nacional, como mundial ter perdido o confronto com o presidente Kennedy.

Os esforços dos Estados Unidos para resolver a actual crise com a Coreia do Norte, deve levar em consideração o facto de que a Kim Jong Un é motivado por preocupações de segurança internas e externas, ao invés de considerarem simplesmente a última inquietação. É de ressaltar que durante a chuva de crispações que acompanharam as ameaças de Kim Jong Un contra as ilhas Guam, a administração Trump reagiu na direcção errada para que Kim Jong Un não atacasse o território insular dos Estados Unidos. Ao louvar a sua decisão, o Presidente Trump fez Kim Jong Un sentir-se como se tivesse recuado, o que arriscava a torná-lo fraco internamente. A incapacidade de Kim Jong Un de aceitar esse resultado, pode muito bem ter ajudado a alimentar a sua decisão de reactivar a situação, testando uma nova bomba nuclear em seguida, permitindo-lhe demonstrar à sua audiência militar interna que não se curvará diante das pressões estrangeiras, mas simplesmente se movia indirectamente para um confronto ainda maior e mais importante.

A resposta para os Estados Unidos não pode ser tão simples como oferecer concessões a  Kim Jong Un, pois traria os seus inerentes problemas. Primeiro, os esforços comerciais anteriores para trocar tecnologia e alimentos com a Coreia do Norte, para interromper o seu programa nuclear não alcançaram o objetivo desejado, porque o regime norte-coreano enganou descaradamente todos, e continuou a desenvolver as suas armas.  Tentar de novo a mesma situação, poderia simplesmente levar a uma repetição do ciclo, em que a Coreia do Norte obtém novas distribuições, em troca das mesmas promessas vazias de interrupcão do programa nuclear que ofereceu antes, e continuaria a desenvolver as suas capacidades bélicas.

É de considerar, em segundo lugar, que  subornar um estado hostil para travar o seu programa nuclear com presentes de ajuda e tecnologia, abriria um desagradável precedente de que qualquer Estado que quisesse extorquir benefícios similares dos Estados Unidos deveria prosseguir o seu programa nuclear. Em terceiro lugar, existe uma dimensão humanitária extremamente importante que não pode ser ignorada, que é o facto de Kim Jong Un ser um ditador totalitário horroroso, e os Estados Unidos não devem tolerar qualquer solução que o ajude a aumentar o nível de sofrimento que pode infligir ao seu povo. É improvável, por exemplo, que o presidente Trump decida o levantamento das sanções que foram impostas à Coreia do Norte, em 2016, em resposta aos seus abusos contra os direitos humanos, porque estes foram especialmente dirigidos para minar a capacidade do regime de prejudicar o seu povo.

Se os Estados Unidos realmente querem resolver a crise actual, tem que oferecer a Kim Jong Un uma saída que não só acalme os seus medos de segurança externa, mas também permita que evite perder a face internamente. Ao mesmo tempo, deve fugir da situação de ter sucumbido à chantagem nuclear aos olhos da liderança norte-coreana e do mundo em geral, evitando também ajudar a facilitar o aumento do abuso infligido à população norte-coreana pelo seu regime. Será complicado criar esta solução, mas é um caminho que é muito mais desejável do que a alternativa realista de uma corrida aos armamentos cada vez maior, e a uma guerra de palavras que poderia facilmente resultar ao uso intencional ou não de armas nucleares.

A outra opção pode ser a do presidente Trump  convidar Kim Jong Un a comer um hambúrger, como sugeriu durante as eleições presidenciais de 2016. Os dois líderes sentados para uma refeição, talvez em um pitoresco local das ilhas Guam, permitiria que Kim Jong Un  voltasse ao seu país como um líder em igualdade de poderio bélico que o presidente dos Estados Unidos, o que seria considerado como não tendo sido uma especial façanha, pois nenhum presidente americano deu a oportunidade e possibilidade de cumprimentar e falar com um líder norte-coreano. Ao mesmo tempo, esta solução impediria os Estados Unidos de oferecerem alguma coisa tangível, que pudesse ser entendida como suborno na Coreia do Norte ou no mundo, ou que poderia ser usado para intensificar o sofrimento da  população norte-coreana.

Todavia, permitiria que os dois líderes se envolvessem em um diálogo directo, o que por sua vez, poderia criar empatia e encorajá-los a resolver os seus actuais problemas e futuros através de conversações, em vez de ameaças e acções hostis. Os Estados Unidos podem não ser capazes de forçar a Coreia do Norte a abandonar o seu programa de mísseis nucleares e balísticos, mas podem, pelo menos, encorajá-los a comunicarem-se com o mundo, usando a diplomacia em vez de atiçar birras nucleares e falsas declarações de guerra. Se a  “diplomacia do hambúrguer” pudesse ajudar a alcançar esse fim, seria um esforço que valeria a pena.

11 Out 2017

Rethink Coffee Roasters, franchising | Andrew Chang, criador

Andrew Chang chegou a trabalhar num banco, até que decidiu apostar num negócio cem por cento local. Em regime de franchising, a Rethink Coffee Roasters quer abrir espaços em todo o território, à semelhança das grandes cadeias de cafés que existem no mundo

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]eber café em copos com o símbolo azul e branco ainda não é algo comum de se ver, mas é esse o objectivo de Andrew Chang. Fundador da Rethink Coffee Roasters, Andrew quer estabelecer por toda a Macau cafés com esta marca em regime de franchising, à semelhança do que já acontece com marcas mundialmente conhecidas, como a Starbucks ou a Tom n Tom, oriunda da Coreia do Sul.

Para já, a Rethink Coffee Roasters tem apenas um espaço no NAPE. “Ainda somos um micro negócio, mas esperamos conseguir fazê-lo”, explicou Andrew Chang ao HM. “O nosso primeiro café franchise deverá abrir no final deste ano, ou no início do próximo ano, se as coisas correrem bem.”

“O nosso principal objectivo é promover um café local de Macau. Sabemos que há muitos locais que adoptam franchises de cafés vindos de fora, o que não tem problema. É normal numa cidade multicultural”, explicou o criador deste negócio, que deseja que as pessoas optem por beber cafés Made in Macau.

“As pessoas gostam muito dos franchises de fora, da Coreia do Sul, Taiwan, ou mesmo a Starbucks, dos Estados Unidos. O meu objectivo não é ter um franchise, mas antes promover uma marca de café local, um negócio local. Se possível, gostaria que o franchise pudesse chegar a um nível internacional”, adiantou.

Apesar de querer expandir a marca, Andrew Chang não impõe o negócio a potenciais interessados.

“Não faço grande promoção, não digo que sou o melhor em Macau para as pessoas que queiram fazer parte do franchise. Acho que os clientes que adoram o nosso café, se gostarem mesmo vão sugerir-nos essa possibilidade. É essa a nossa estratégia.”

Do banco para o café

Andrew Chang já gostava de beber café e não chá, uma bebida mais tradicional da cultura chinesa, com 14 anos. Cresceu, fez os estudos superiores na área da economia e dos números, trabalhou num banco. Aí começou o seu interesse por esta arte de servir e fazer café.

“Realizei várias acções de formação ligadas ao café, em Macau, Hong Kong e mesmo em Taiwan e nos Estados Unidos. Viajei através do mundo para conhecer melhor o café. Adoro café.”

O trabalho na banca depressa o aborreceu. “Quando trabalhava no banco ficava sentado nove horas. E era isso. Mas no café tenho de ficar as nove horas em pé.”

“Sou licenciado em economia, por isso um trabalho no sector bancário é algo natural. Mas nunca parei de estudar e envolver-me nos passatempos. Porém nessa altura, considerei que não poderia ter este emprego até ao resto da vida. Por outro lado, sentia que se tivesse um negócio e pudesse ter um café que seria mais feliz”, acrescentou o fundador da Rethink Coffee Roasters.

Andrew considera que esta foi uma “mudança radical” na sua vida, e que teve de começar do zero até se tornar num empresário.

“Mesmo que uma pessoa perceba de café não é suficiente. É preciso saber como gerir um negócio. Por isso, antes trabalhei em vários estabelecimentos para ganhar essa experiência, para saber mais sobre os cafés.”

Desafios do dia-a-dia

Andrew Chang enfrenta as dificuldades que qualquer empresário de pequena dimensão tem neste território. “Os custos das rendas face às pessoas que passam na rua dos espaços arrendamos é muito elevado. Não é como em Hong Kong, onde se paga uma renda alta, mas há muita gente a passar nas ruas. Isto torna o negócio muito mais complicado.”

Além disso, a marca tem ainda de lidar com o facto da cultura do café, em Macau, “não ser muito madura o que faz com que o negócio seja muito mais difícil.”

“Servimos cafés muito específicos, ou seja com uma qualidade muito elevada. Por outro lado, importamos o café, mas somos nós que o torramos. Isto é uma grande diferença. Escolhemos os grãos, e depois servimos aos nossos clientes. Fazemos venda a retalho e por grosso. Controlamos toda a qualidade do café”, explicou o mentor deste projecto, que considera que este facto é uma mais valia da marca.

“Ao contrário de outros, não nos limitamos a importar o café já torrado. Nós gostamos de controlar o processo. Isto faz com que sejamos diferentes”, concluiu.

11 Out 2017

Myanmar | ONG acusa exército de travar ajuda aos rohingya

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Burma Human Rights Network (BHRN) acusou ontem o governo birmanês de estar a bloquear a entrega de ajuda humanitária às aldeias da minoria muçulmana rohingya no oeste do país.
Em comunicado, a BHRN indicou que muitas aldeias próximas do município de Buthidaung, no estado de Rakhine, não receberam ajuda desde a mais recente vaga de violência que teve início em 25 de Agosto.
“Todas as aldeias perto da localidade precisam de comida. Aqui [Buthidaung] podemos sobreviver, mas as aldeias são pobres. Desde 25 de Agosto não foi permitida a chegada de ajuda das ONG”, indicou um morador à BHRN.
Os activistas assinalaram que as autoridades também impedem o acesso da ajuda humanitária da ONU ao norte de Rakhine, onde vive a maioria dos rohingya.
Segundo a ONG, apenas chegam à área suprimentos limitados de grupos locais ou da Cruz Vermelha, mas, ainda segundo a mesma organização, destinam-se, na sua maioria, às aldeias dos budistas ‘rakhine’.
A ONU elevou no domingo para 519.000 o número de rohingya que chegaram ao Bangladesh em fuga da violência na Birmânia desde 25 de Agosto, dias após ter revisto o plano de resposta à crise humanitária no país.
A BHRN denunciou ainda que as autoridades do Bangladesh destruíram pelo menos duas dezenas de barcos utilizados para transportar rohingya sob o pretexto de que estavam a ser usados para introduzir drogas no país e detiveram pescadores por ajudarem os membros daquela minoria que fogem da violência.
Face à falta de barcos para a travessia, os activistas afirmam que milhares de rohingya encontram-se encurralados na foz do rio Naf, que separa os dois países.
Neste sentido, a ONG pediu ao Myanmar para permitir a entrada de ajuda humanitária em Rakhine e ao Bangladesh para que facilite a entrada daquela minoria apátrida, considerada pela ONU como uma das mais perseguidas do planeta.

Resposta brutal

A crise dos rohingya começou a 25 de Agosto, após um ataque de um grupo rebelde desta minoria muçulmana às instalações policiais e militares no estado de Rakhine, uma acção a que o exército respondeu com uma ofensiva que ainda prossegue.
De acordo com testemunhas e organizações de direitos humanos, o exército da antiga Birmânia arrasou povoações incendiando-as e matou um número indeterminado de civis a tiro enquanto esvaziava essas localidades.
O Governo assegurou que a violência foi desencadeada por “terroristas rohingya”, mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como “limpeza étnica”.
Antes da campanha militar, os rohingya que habitavam em Rakhine eram estimados em um milhão.
O Myanmar, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

11 Out 2017

Tufão Hato | Carl Ching pede mudanças nos planos de compensação do Governo

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]arl Ching, presidente da Associação Sonho Macau, deslocou-se ontem com cerca de uma dezena de comerciantes à Direcção dos Serviços de Economia (DSE) com o objectivo de alterar os conteúdos dos pedidos de compensação na sequência do tufão Hato e pedir que as autoridades paguem o mais cedo possível as compensações.

O presidente da Associação Sonho Macau explicou que recebeu a resposta pronta da DSE. Aos comerciantes foi explicado que o pedido de compensação pode ser alterado antes de chegar a compensação, ou no prazo de 15 dias, após a entrega do cheque.Carl Ching prometeu também que esta actividade para revisão dos pedidos vai continuar nos dias seguintes, com o objectivo de ajudar mais pessoas a obterem a ajuda necessária.

O ex-candidato a deputado revelou ainda que há comerciantes que não foram informados sobre o aumento do montante de compensação para o limite de 50 mil patacas.

O presidente da Associação Sonho Macau defendeu igualmente um aumento da compensação pelos prejuízos a nível do negócio, mas também pelos efeitos para a saúde mental dos envolvidos.

Em relação ao aumento do preço dos bilhetes de autocarro, Carl Ching prometeu realizar actividades para solicitar retirar a proposta.

10 Out 2017

Obras | Empresa de Chui Sai Peng ganha mais dois contratos

A CAA – Planeamento e Engenharia vai ser a responsável pela construção do novo edifício do Instituto de Habitação. A empresa liderada pelo deputado e primo do Chefe do Executivo vai ainda levar a cabo o projecto de renovação do monumento Portas do Entendimento

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]eputado reeleito nas últimas eleições legislativas pelo sectores comercial, industrial e financeiro para a Assembleia Legislativa, José Chui Sai Peng acaba de ganhar mais dois contratos para projectos públicos.

O engenheiro civil, director da CAA – Planeamento e Engenharia, vai ter em mãos duas obras de alguma importância, sendo uma delas a renovação do monumento Portas do Entendimento, localizado na Barra e há muito votado ao esquecimento.

Segundo a edição de ontem do Boletim Oficial (BO), caberá à empresa do também primo do Chefe do Executivo, Chui Sai On, a concretização do “projecto de reparação das Portas do Entendimento”, um contrato orçamentado acima das três milhões de patacas.

A renovação do monumento da autoria do escultor Charters Almeida deverá ficar concluída no próximo ano, uma vez que o despacho publicado em BO determina que o pagamento de uma tranche do valor será feito em 2018.

IH com nova casa

Outra empreitada também adjudicada à empresa de José Chui Sai Peng foi a “obra de reconstrução do edifício da sede do Instituto de Habitação (IH) – elaboração do projecto de execução da obra”.

Este empreendimento terá um valor acima das 11 milhões de patacas, sendo que o orçamento será pago à empresa até ao ano de 2021.

A CAA – Planeamento e Engenharia tem vindo a ganhar diversos contratos públicos nos últimos meses. Um dos mais importantes está ligado à construção do novo complexo hospitalar de saúde das ilhas, em que a empresa de Chui Sai Peng será a responsável pela gestão e fiscalização da obra num consórcio com a AECOM.

Esta empresa de Hong Kong foi a escolhida no concurso público, depois de terem sido feitos convites directos a firmas do ramo pelo Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas. Coube à AECOM optar por trabalhar com a CAA – Planeamento e Engenharia.

O ano passado a adjudicação de serviços na área da educação à Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau, também dirigida por Chui Sai Peng, gerou polémica e levou o próprio Chefe do Executivo a pronunciar-se sobre os eventuais conflitos de interesses que possam surgir na assinatura de contratos públicos.

Num comunicado, Chui Sai On disse que “pedirá escusa em todos os casos onde possa surgir conflito de interesses, no cumprimento de uma conduta que considera indispensável para um Chefe Executivo”.

O Chefe do Executivo acrescentou ainda que cumpre “rigorosamente com o estipulado na Lei Básica”, assim como com o juramento da sua tomada de posse, onde se comprometeu a seguir a lei e a executá-la com lealdade.

10 Out 2017

IAS | Cerca de 460 idosos a viver sozinhos recebem apoios do Governo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ctualmente existem cerca de 460 idosos a viver sozinhos que recebem apoios do Instituto de Acção Social, no que diz respeito à entrega de refeições, trabalhos domésticos, higiene pessoal, enfermagem, entre outros. Entre os ajudados, encontram-se idosos ou casais de idosos que vivem sozinhos, de acordo com uma resposta enviada pela presidente do IAS, Vong Yim Mui, a uma interpelação da deputada Ella Lei Cheng I.

Anteriormente, a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau tinha enviado uma interpelação a questionar o Executivo sobre os apoios existentes para esta camada idosa da população de Macau.

“Acresce ainda que, para reforçar a segurança domiciliária dos idosos que vivem sozinhos, este Instituto, através do subsídio dos serviços de tele-assistência ‘Peng On Tung’, presta-lhes apoio urgente durante 24 horas, havendo neste momento, cerca de 3.100 utilizadores, incluindo idosos que vivem sozinhos e casais de idosos”, revela Vong Yim Mui.

Ainda no que diz respeito ao apoio a idosos que vivem em situações de isolamento, a presidente do IAS explicou que são organizados grupos de voluntários, que dão “carinho” por telefone ao necessitados. O serviço abarca cerca de 2.900 idosos.

Também nesta área, o IAS financia associações particulares, que depois realizam de forma gratuita a avaliação dos riscos existentes nas casas-de-banho dos idosos que vivem sozinhos, assim como a instalação dos equipamentos de segurança necessários. Este serviço já chegou a cerca de 4.000 residentes.

No que se refere a serviços de apoio comunitários, o IAS subsidia cinco equipas de serviços de cuidados domiciliários integrados e de apoio. As equipas servem 626 idosos, prestando serviços de apoio nas actividades quotidianas, cuidados de enfermagem e tratamento de reabilitação.

Em relação aos cinco centros de cuidados especiais subsidiados pelo IAS, actualmente servem 218 pessoas, tendo capacidade para 278 idosos. Por esta, razão, o IAS sublinha que não existem, de momento, filas de espera.

10 Out 2017

Autocarros | Zheng Anting defende operadora só para residentes

Mak Soi Kun e Zheng Anting, o seu número dois na Assembleia Legislativa, foram ao programa matinal do canal chinês da Rádio Macau defender que deveria ser estabelecida uma concessionária que operasse autocarros só para residentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] intenção do Governo em aumentar as tarifas dos autocarros, estabelecendo dois tipos de tarifas para residentes e não residentes, tem gerado grande debate no seio da sociedade. O assunto foi ontem abordado pelos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting no programa “Fórum Macau” do canal chinês da Rádio Macau.

Zheng Anting considerou viável a ideia do Governo estabelecer uma nova concessionária de autocarros que se destinaria apenas ao transporte de residentes permanentes e não permanentes. O objectivo seria atenuar o fluxo de trânsito e garantir melhores dados sobre o aproveitamento dos autocarros por parte da população local, que poderiam ajudar a um melhor planeamento. 

Quanto à decisão de aumentar as tarifas, o número dois de Mak Soi Kun considerou que a proposta do Executivo é “demasiado complicada”, esperando que haja uma simplificação da mesma, a fim de conseguir que idosos e portadores de deficiência tenham acesso a transporte gratuito.

Quanto ao projecto de renovação do terminal das Portas do Cerco, Mak Soi Kun, recentemente eleito deputado pela lista União Macau-Guangdong, referiu que o calendário das obras, cuja conclusão está prevista para 2019, poderia ser encurtado.

Para o deputado, a realização de horas extra por parte dos funcionários públicos envolvidos no processo de concurso público poderia acelerar o plano. Além disso, deveria ser melhorado o sistema de credenciação do pessoal ligado à construção civil.

Habitação e infiltrações

Quanto à nova legislatura da Assembleia Legislativa (AL), que se inicia na próxima segunda-feira, Mak Soi Kun promete continuar a prestar atenção à qualidade das habitações, uma vez que, no seu entender, há ainda o problema das infiltrações de água nos prédios.

Para resolver essa questão, o Executivo deveria alargar o apoio financeiro para a manutenção e administração dos edifícios, bem como melhorar a legislação em vigor.

Já Zheng Anting promete dar atenção aos mecanismos de resposta às catástrofes, sem esquecer os problemas originados com a passagem do tufão Hato, incluindo os veículos que ficaram inutilizados.

Quanto a estes lesados, o número dois de Mak Soi Kun recordou que muitos deles não têm capacidade para comprar novos automóveis, pelo que o Governo deveria estudar a possibilidade de restituir os impostos de acordo com a depreciação dos automóveis danificados.

Sin Fong Garden, a demora

Durante o programa, um ouvinte queixou-se do caso do edifício Sin Fong Garden e das más condições de habitação dos idosos.

Mak Soi Kun lamentou que o caso continue sem resolução ao fim de cinco anos do aparecimento das primeiras fissuras no prédio, o que, na sua opinião, mostra a inoperância das autoridades em termos administrativos.

O deputado considera que é “uma vergonha” que os idosos sejam obrigados a viver em casas com más condições, esperando que se acelerem os projectos de renovação das zonas antigas da cidade.

10 Out 2017

Alexis Tam | Aumento de orçamento na tutela anunciado nas LAG

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem aos jornalistas que poderá vir a aumentar o orçamento da sua tutela no próximo ano. Ainda assim, e de acordo com um comunicado, “as medidas supra mencionadas ainda estão em estudo”, sendo que “a decisão final será anunciada aquando da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa, ou seja no próximo mês”.

Alexis Tam lembrou que, devido “à queda da economia no ano passado, o orçamento global do Governo deste ano não foi aumentado”. “Contudo, com a melhoria da situação económica, este ano, o orçamento das várias áreas sob a tutela da secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura terá um aumento”, aponta o mesmo comunicado.

A medida servirá para a “construção de instalações médicas”, além de que “a taxa de orçamento no âmbito de serviços para idosos e crianças será maior”. Alexis Tam “disse esperar que o aumento orçamental possa optimizar o serviço de saúde do território”.

Na área da educação, o secretário frisou que vai ser uma realidade o aumento do orçamento para a educação especial e inclusiva, “em prol da integração das crianças com necessidades educativas especiais na sociedade”.

Quando à preservação, promoção e educação cultural, as autoridades prevêem uma aposta nos recursos para reforçar os trabalhos de sensibilização e consciencialização, com o objectivo de dar a conhecer melhor, à próxima geração, o património cultural de Macau, frisa o mesmo comunicado.

Alexis Tam falou à imprensa à margem de um evento promovido pela Associação de Beneficência Tung Sin Tong.

10 Out 2017

Piscinas privadas | Novo Macau pede mais regulamentação

A Associação Novo Macau pede que as autoridades definam regras mais apertadas de segurança para as piscinas privadas, depois do caso de um homem que foi salvo de um afogamento numa piscina de um hotel no Cotai

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ou Ka Hou, o novo deputado recentemente eleito para a Assembleia Legislativa, sugere, em nome da Associação Novo Macau, que se definam novos regulamentos para melhorar a segurança nas piscinas privadas.

A Novo Macau emitiu ontem um comunicado após a ocorrência de um caso em que um homem, oriundo de Taiwan, quase ia morrendo afogado numa piscina num complexo turístico do Cotai. Actualmente o homem está ainda hospitalizado e não há novos dados sobre o seu estado de saúde.

O deputado eleito lembra que o caso não é único e que já houve várias ocorrências semelhantes no passado. Para Sou Ka Hou, há a necessidade de resolver as lacunas na actual legislação sobre piscinas privadas e também ao nível da fiscalização dos hotéis.

Actualmente vigoram orientações definidas pela Direcção dos Serviços de Turismo, com o apoio do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Serviços de Saúde e Instituto do Desporto. Contudo, Sou Ka Hou lamenta que não seja obrigatória a presença de nadadores salvadores nas piscinas privadas, com licença. Faltam ainda planos de contingência para o salvamento nas piscinas, alertou.

Poupança de recursos

Apesar da existência de regras, Sou Ka Hou acredita que muitas cadeias de hotéis as ignoram, com vista à poupança de recursos. Como tal, é fundamental que o Governo acelere o processo de estabelecimento de uma nova legislação, que defina o licenciamento das piscinas e padrões de higiene a cumprir.

As novas leis devem ainda, segundo o deputado designado, definir um número de nadadores salvadores obrigatório e cuidados de primeiros socorros. Os nadadores salvadores devem ainda, na visão de Sou Ka Hou, ser sujeitos a um regime de credenciação e exame para a obtenção de licença.

Entretanto, o Governo recusou o pedido da deputada Kwan Tsui Hang para que as piscinas privadas abertas ao público sejam obrigadas, por lei, a contar com a presença de nadadores-salvadores. A resposta da Direcção dos Serviços de Turismo não é directa, mas não se compromete com a possibilidade de legislar sobre o assunto.

10 Out 2017

Plano Director | Arquitectos questionam concurso público

O Plano Director parece estar a sair da gaveta. Ainda tímido e sem qualquer definição está sujeito aos seus executores. A primeira fase do concurso público já é conhecida. São cinco as empresas e consórcios que estão na corrida. Falar de previsões é sinónimo de silêncios e anonimatos. O vencedor parece adivinhar-se e há quem fale de falta transparência

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi dado a conhecer esta semana o resultado da primeira fase do concurso publico do Plano Director. São cinco as empresas e consórcios implicados, sendo que um dos nomes se destaca. É a CAA, Planeamento e Engenharia Consultores Limitada, dirigida por Chui Sai Peng e que tem arrecadado um sem número de projectos públicos.

Há quem diga que “a montanha pariu um rato” e que deveria ser o Governo a assegurar o cumprimento do Plano. A tarefa não deveria ser deixada a cargo de empresas porque “trata-se de um grande poder”. No entanto, “existindo uma CAA nos nomes da primeira fase, é quase certo quem vai avançar”. A ideia, dada por um arquitecto que preferiu não ser identificado, é partilhada por um outro colega que também optou pelo anonimato.

“É um concurso que não tem em conta a maioria das empresas locais”, refere, ao mesmo tempo que salienta que “até hoje praticamente só uma empresa tem sido considerada no que respeita a urbanismo”, disse ao HM . “É essa empresa que vai continuar a ter trabalhos nesse sentido quando há no território várias pessoas qualificadas para o fazer”, diz.

Já Miguel Campina, também arquitecto, apenas refere que “têm vindo a ser feitas algumas coisas na área do urbanismo, encomendadas pelo Governo de uma forma não muito transparente”.

Por outro lado, Campina já não mostra muita esperança neste plano e lamenta que o trabalho já feito possa não ser sequer considerado. “Se só agora estão a lançar um concurso público para a elaboração do plano director, significa que tudo o que esteve a ser feito nos últimos dez a 15 anos não era aquilo que me disseram que era”, refere, salientando que foram feitas consultas no sentido de se falar das linhas gerais. Hoje, não sabe o que é feito desses trabalhos.

Francisco Viseu Pinheiro, por sua vez, questiona porque é que “o Governo, que tem todos os dados na mão, de repente entrega a concepção do plano a uma empresa privada”.

China controversa

O facto de os consórcios apresentados incluírem empresas da China continental é visto de formas diferentes pelos profissionais do território.

Para Miguel Campina a possibilidade de uma empresa do continente vir a ter a seu cargo o Plano Director local não significa mais qualidade. “As empresas da China têm as mesmas capacidades e aqueles que têm vindo a intervir em Macau nos últimos anos não são referência para ninguém e não deixaram aqui nada do ponto de vista das ideias que tenha sido exemplo”, explica.

Já para o também arquitecto Viseu Pinheiro, a situação pode ser exactamente a inversa. É lá, considera, que estão os maiores construtores de cidades. “Metade do que se constrói no mundo é feito na China”, refere. E se “há 20 ou 30 anos a qualidade podia ser duvidável, neste momento o continente está a fazer coisas muito mais avançadas”. Para o profissional, o problema é outro: em Macau as pessoas já estão habituadas à má qualidade.

No entanto, a presença de empresas continentais não poderá ser vista como um passo em frente na integração. “Não tem que ver com o futuro da integração, porque esta está feita”, afirma peremptoriamente. Para o arquitecto, “2049 já passou”, o que se pode constatar “do ponto de vista da cultura e das orientações políticas”. “Até de um ponto de vista físico isso está concretizado”, aponta.

População esquecida

A opinião entre arquitectos é unânime. Para existir um Plano Director há que dar corpo a uma visão de futuro do território.

Para Viseu Pinheiro é a população que tem o papel principal na definição e cidade em que pretende viver. O arquitecto considera assim que esta premissa deveria existir antes mesmo do lançamento de um concurso para  a elaboração do Plano Director de Macau. “Seria um dado a ter à priori e que serviria de orientação até para os requisitos do concurso”.

Viseu Pinheiro explica: “A população deveria ser mais chamada a intervir no sentido daquilo que se quer. Ou seja, se se pretende uma cidade mais verde, mais amiga do ambiente e com melhor qualidade de vida, ou se se pode construir em todo o lado à custa de espaços verdes e de zonas públicas”.

Por outro lado, a monitorização do projecto e da sua implementação tem, não só de ser feita pelo Governo, mas, e acima de tudo, pela própria população. “Não é só o Governo mas sobretudo as pessoas que habitam a cidade. O Plano deve ser sujeito a uma monitorização social regular”, afirma.

Para sustentar a ideia, Viseu Pinheiro dá como exemplo a situação de Singapura: “Normalmente o plano é feito para um total de 20 anos mas a cada cinco anos é revisto para para que seja possível adaptar o estipulado aos novos desafios que surgem”.

O exemplo de Singapura pode ser aplicado ao território. Um local que à semelhança de Macau, mudou muito nos últimos 20 anos e que passou de um lugar “sem qualquer interesse turístico e arquitectónico para ser a cidade número um na Ásia em muitos aspectos, nomeadamente no que respeita a qualidade e eficiência”.

Por outro lado, considera, há que ter em conta a capacidade do próprio território. “Trata-se de uma das cidades mais densas mundialmente, factor que também deve ser de relevo no seu planeamento”. “O que falta é isso, é uma consulta pública e uma consulta a especialistas na área para definir objectivos e prioridades que depois dariam corpo ao próprio Plano Director”, remata.

Onde estão os especialistas?

A realização de uma consulta às opiniões de especialista é também a ideia defendida pelo presidente dos Arquitectos sem Fronteiras de Macau, Dominic Choi.

“O Governo deveria ter aberto o processo a mais corpos profissionais e deveriam ter sido feitos mais workshops com a participação de profissionais do sector: arquitectos, urbanistas e engenheiros de Macau e também do estrangeiro, onde há uma maior experiência em termos de planeamento”, sugere o responsável. Esta troca de conhecimento deveria, de acordo com Dominic Choi, trazer ao território especialistas internacionais, até porque Macau não tem a experiência que a China, por exemplo, tem, e teria sido interessante um debate a nível internacional sobre o planeamento do território”.

Já há também estudos que podem contribuir para uma melhor concretização do plano director. Viseu Pinheiro aponta a pesquisa sobre o mapa climático de Macau, feita pela Universidade de Hong Kong. “É um trabalho que nos diz onde estão os corredores de ventilação para a cidade e as zonas em se deve construir menos e mais. Esses elementos dão informação e, tendo em conta o tipo de cidade que se pretende no futuro, deveriam dar origem a qualquer Plano Director”, aponta Viseu Pinheiro.

Mal ou bem, o concurso para a elaboração do Plano Director de Macau parece estar a avançar e os profissionais do território dividem-se no que respeita às esperanças no futuro. “Não sei se nesta altura faz sentido termos alguma ansiedade com aquilo que possa advir de novo com esse Plano Director. O prazo de realização está por determinar, diz Miguel Campina.

Já Viseu Pinheiro autodefine-se como “um optimista” no que respeita ao ao futuro deste planeamento do território.

 

A corrida dos cinco

A primeira fase do concurso para a elaboração do Plano Director de Macau tem pré-seleccionadas cinco consócios e empresas. Da lista fazem parte o Consórcio Companhia de Construção de Obras Portuárias Zhen Hwa, Limitada, Shenzhen LAY-OUT Planning Consultants Ltd. e CCCC-FDHI Engineering Co., Ltd., o Consórcio Shanghai Tongji Urban Planning & Design Institute e Companhia de Consultadoria de Engenharia Kit & Parceiros, Limitada, o Ove Arup & Partners Hong Kong Ltd., o Consórcio CAA, Planeamento e Engenharia, Consultores Limitada, China Academy of Urban Planning and Design (CAUPD) Planning & Design Consultants Co. e CONSULASIA — Consultores de Engenharia e Gestão, Limitada e o Consórcio Beijing Tsinghua Urban Planning and Design Institute (THUPDI) e King Honor International Design Consultancy Limited. O Consórcio CAA, Planeamento e Engenharia, Consultores Limitada é presidida pelo deputado Chui Sai Peng enquanto que a Kit & Partners Consulting Engineering Limited tem à frente também deputado Wu Chou Kit.

10 Out 2017

Quatro milhões para recolha de lixo electrónico

O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação foi lançado ontem. A DSPA vai recolher e separar o lixo electrónico. O aproveitável será reutilizado por instituições sociais, enquanto o restante seguirá para o Japão e para o continente. A medida tem um orçamento previsto de quatro milhões de patacas.

 

[dropcap style≠'circle']F[/dropcap]oi lançado ontem o projecto-piloto que pretende proceder à colecta de lixo electrónico no território. O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação tem um custo previsto de cerca de quatro milhões de patacas e pretende recolher telemóveis, televisões, computadores, impressoras e cartuchos de tinta. Os electrodomésticos ficam, para já de fora da iniciativa, sendo que poderão, daqui a um ano, fazer parte do programa.

Os materiais recolhidos podem vir a ser reutilizados através da sua doação a entidades de cariz social ou, quando inaproveitáveis, são desmantelados. “As componentes electrónicas seguem para o Japão, enquanto as plásticas vão para o continente de forma a terem o devido tratamento”, esclareceu o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais, Chan Kwok Ho.

 

Adjudicação por consulta

A recolha de resíduos fica a cargo da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) mas o seu tratamento foi adjudicado por consulta à Chong Heng Technology. “Escolhemos, sem recorrer a concurso público, uma empresa de Hong Kong que já tem muita experiência no tratamento deste tipo de resíduos e contamos com essa experiencia para o plano de Macau”, justificou Chan Kwok Ho. No entanto o responsável não exclui a hipótese de vir a ser considerada a abertura de um concurso público daqui a um ano, findo o projecto piloto.

 

A DSPA vai disponibilizar quatro postos fixos para a recolha de resíduos: dois em Macau, um na Taipa e um em Seac Pai Van. No entanto, “e de modo a facilitar a vida dos residentes”, o Governo irá ainda ter uma carrinha todas as quintas-feiras e sábados de tarde, a parar em 16 pontos de Macau. “Funciona como uma recolha ao domicilio”, afirmou o responsável.

 

Privados de fora

O plano, durante este primeiro ano em que vai estar activo, vai ser dirigido apenas a empresas públicas, cidadãos e escolas. A razão, apontou Chan Kwok Ho, tem que ver com o fato de as empresas privadas terem a seu cargo “uma responsabilidade social na matéria”.

Por outro lado, esta é uma forma de garantir que este serviço seja dado a empresas ligadas ao ambiente. “Pretendemos dar mais espaço para que o sector privado dê negócio às empresas de recolha de resíduos e de reciclagem do território, afirmou o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais

O objectivo de toda a acção é ainda “aumentar a consciência ambiental dos cidadãos em relação à redução, reutilização e recolha de resíduos recicláveis, adquirindo experiência para uma futura operação de reciclagem em grande escala”, sublinhou Chan Kwok Ho.

A medida é tomada em conformidade com a política de gestão que pretende proceder à redução e separação de resíduos a partir da fonte. Os resíduos electrónicos somam aproximadamente 7000 toneladas anuais no território.

O plano vem ainda no seguimento da recolha de pilhas que teve início no ano passado e que já arrecadou mais de cinco toneladas destes objectos.

10 Out 2017

DSEJ lança plataforma para orientar escolas e alunos

[dropcap style≠'circle']A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude lançou um serviço para fornecer às escolas informação sobre as necessidades dos alunos ao nível da saúde física. A apresentação da chamada “Plataforma de Educação para a Saúde”, que foi lançada este ano, decorreu ontem e foca essencialmente três pontos: prática de exercício físico, alimentação e sono saudáveis.

Com esta plataforma, as escolas vão informar o Governo sobre os dados físicos dos alunos e em troca vão saber os aspectos em que devem apostar para que a condição das turmas seja mais saudável.

“Vamos recolher informações para depois termos uma boa imagem da saúde dos alunos. Após essa recolha dos dados, vamos fazer uma análise e depois entregar um relatório a professores, alunos e pais. A partir desse relatório eles ficam a saber onde precisam de melhorar”, disse, ontem, Cheong Man Fai, Chefe de Divisão de Desporto Escolar e Ocupação de Tempos Livres da DSEJ.

Ontem foram entregues os primeiros relatórios às 53 escolas primárias e 24 secundárias que decidiram participar no projecto, num total de 19 mil alunos. Entre as participantes consta a Escola Portuguesa de Macau.

“Nós queremos que os problemas com a saúde dos alunos sejam encontrados o mais depressa possível. Esta plataforma está numa fase preliminar e talvez ainda precise de algumas articulações com as escolas. Mas a Universidade de Macau vai enviar especialistas às escolas para ensinar como fazer a análise de dados”, explicou Cheong Man Fai.

 

Uma vez três

Por sua vez, Walter King-yan Ho, professor auxiliar da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Macau, destacou que a plataforma foca-se principalmente em três aspectos: exercício físico, alimentação e sono. O académico foi um dos responsáveis pelo programa “Viver em movimento 1,2,3”, que há vários anos avaliação a condição física de grupos de estudantes.

“A situação dos alunos está a melhorar, é isso que nos mostram os dados recolhidos nos últimos anos. Claro que há áreas em que não estamos tão bem, mas tem havido melhorias”, afirmou Walter King-yan Ho.

O académico explicou, depois, que o programa da DSEJ tem áreas inovadoras, como as orientações nas escolas com académicos: “Em certas áreas este programa é muito avançado, mesmo mais do que noutras regiões, como no fornecimento de orientações às escolas”, justificou.

10 Out 2017

Pearl Horizon | Pequenos investidores divididos devido a carta aberta

A Polytec começou a vender fracções no projecto La Marina e a União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon escreveu uma carta a pedir a suspensão das vendas. No entanto, outro grupo de compradores do Pearl Horizon veio a público criticar o primeiro apelo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Grupo Polytec começou a vender fracções no empreendimento La Marina, situado ao lado do Centro de Saúde da Areia Preta, e a questão está a dividir os proprietários do Pearl Horizon. O assunto veio a público ontem, com uma carta aberta no Jornal do Cidadão, publicada em nome de alguns proprietários.

A causa da discórdia é uma outra carta aberta que emergiu no seio da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon, liderada por Kou Meng Pok, e que exigiu a suspensão da venda das fracções do outro projecto do Grupo Polytec, La Marina. A declaração foi publicada a 2 de Outubro, também no mesmo jornal, com os proprietários a afirmarem que antes das vendas do La Marina serem autorizadas, deveria haver um consenso e uma solução para o Pearl Horizon.

Nesta carta aberta é também pedida a ajuda do Governo para que fiscalize os movimentos dos fundos da companhia, a fim de garantir que os proprietários prejudicados podem ser compensados. Estes compradores apelaram igualmente à banca para que pare de oferecer empréstimos aos interessados nas fracções do projecto La Marina, até que esteja totalmente confirmada a autorização de ocupação do espaço. O objectivo passa por para evitar outra ocorrência semelhante ao caso Pearl Horizon.

No entanto, a primeira carta gerou oposição por parte de outros proprietários que não fazer parte da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon. De acordo com o documento publicado ontem, alguns proprietários atacaram a primeira carta aberta e falam em falta de representatividade.

Segundo estes compradores, nem todas as opiniões dos proprietários foram consultadas. Este grupo de assinantes faz mesmo questão de esclarecer que nem todos se revêm no conteúdo da carta da União.

 

“Decisão imatura”

 

Os proprietários descontentes defendem também que a primeira carta aberta mostra falta de conhecimento jurídico e que foi tomada uma “decisão imatura”, com a publicação.

Ainda de acordo com o documento publicado ontem, os signatários dizem-se preocupados com as ideias defendidas pela União, porque consideram que vêm complicar ainda mais a solução do problema. Os assinantes defendem que medidas para apelar à suspensão das vendas do La Marina pode criar má vontade entre a sociedade contra os lesados, que assim passarão a ser ignorados, apesar de a causa ser justa.

No entanto, mesmo que admitam a existência de divergência entre os lesados, o objectivo dos proprietários mantém-se igual, ou sejam pedem esforços conjuntos das autoridades e do Grupo Polytec, para resolver o caso que está pendurado há cerca de dois anos.

Por sua vez, Kou Meng Pok, presidente da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon, admitiu ao HM que não tem capacidade para impedir o surto de opiniões diferentes, justificando que “a minoria também tem o seu direito a expressar a sua opinião”.

Por outro lado, o presidente revelou que foi ontem, novamente, à sede do Grupo Polytec, pedir uma resolução para o caso de Pearl Horizon, juntamente com outros proprietários. No entanto, as vozes da manifestação desta vez não foram recebidas, com a justificação de que tinha “desaparecido” o gerente. Por essa razão, os proprietários que se deslocaram ao local confessaram-se agitados.

10 Out 2017

Quase 500 carros retirados de quatro auto-silos

[dropcap style≠'circle']O[/dropcap] Governo de Macau retirou mais de 470 veículos de quatro parques de estacionamento que sofreram inundações durante a passagem do tufão Hato, a 23 de Agosto, informaram os Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

Em comunicado, a DSAT disse que 433 automóveis e 39 motociclos foram retirados de quatro auto-silos públicos, a pedido dos proprietários. Em Agosto, o Governo tinha indicado que cerca de mil veículos tinham ficado destruídos nos mesmos quatro parques públicos.

À Lusa, fonte da DSAT explicou que, desde então, os proprietários retiraram os seus veículos dos parques, alguns com o intuito de os reparar, outros para cancelar a matrícula. Os 470 retirados pelas entidades públicas tiveram já as matrículas canceladas.

Segundo a DSAT, três dos auto-silos “sofreram inundações relativamente leves” e, por isso, espera-se que possam ser reparados até ao final do ano. No entanto, no caso do parque do edifício Fai Tat, o mais afectado, a recuperação “será mais prolongada devido à necessidade de reparar ou substituir todos os equipamentos”, prevendo-se que reabra no primeiro semestre de 2018.

“Os equipamentos do sistema de ventilação, de elevadores, de controlo de acesso e de combate a incêndios não estão a funcionar com normalidade, sendo demorado o processo de aquisição de alguns equipamentos”, acrescentou a DSAT.

10 Out 2017

Pilotos de cera no Museu do Grande Prémio

O Governo vai pagar 16,5 milhões para que a empresa responsável pelo museu Madame Tussauds faça oito figuras de cera com pilotos que se destacaram no Grande Prémio de Macau

[dropcap style’circle’]O[/dropcap] Museu do Grande Prémio vai acolher oito figuras de cera de pilotos que se destacaram no Circuito da Guia, feitas pela empresa Merlin Attractions, responsável pelos museus Madame Tussauds. A informação foi publicada, ontem, no Boletim Oficial e confirmada, ao HM, pela directora da Direcção de Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes.

Como parte do acordo, o Governo, através do Fundo de Turismo, compromete-se a pagar 16,5 milhões de patacas à Merlin Attractions. O pagamento de metade do montante é feito já este ano, o restante vai ser feito em 2019.

“É uma opção que faz sentido também à luz das palavras do secretário Alexis Tam, que realçou a importância de ter conteúdos de nível mundial no museu. Não fazia sentido apenas limitarmo-nos a expandir as instalações e não trazer conteúdos fortes”, disse Maria Helena de Senna Fernandes.

“É uma colaboração para oito modelos de cera, que é o forte deles [Merlin Attractions]. Isto não quer dizer que não se possa estender a outras áreas, como a venda de lembranças no museu. É algo que ainda está em fase de análise”, explicou.

Em relação aos pilotos que vão estar representados no museu, Maria Helena de Senna Fernandes admitiu que existe uma lista com o nome dos desejados, mas que não é definitiva. No entanto, garante que houve a preocupação de ter várias categorias representadas, além dos talentos de Fórmula 3, que acabaram por ser campeões mundiais de Fórmula 1.

“Temos uma lista com os pilotos que pretendemos ter representados em cera, mas ainda estamos na fase das negociações para saber os oito finalistas. Depois, também precisamos de obter autorização dos pilotos, ou das famílias, no caso de já terem falecido”, explicou.

“A maioria dos pilotos tem estatuto internacional e correu em Macau. Por outro lado, temos a preocupação de manter um certo equilíbrio. Não queremos apenas pilotos da Fórmula 3 que foram campeões de Fórmula 1. Queremos que as motas e os carros de turismo também estejam representados”, sublinhou.

 

Parceria inovadora

 

A responsável da DST revelou ainda que a parceria é inovadora, visto esta ser a primeira vez que a empresa produz figuras de cera para terceiros. Um cenário novo que exigiu mais preparação do que o habitual.

“É um modelo de colaboração que resultou de uma negociação trabalhosa. Não se pode dizer que tenha sido difícil, porque não foi esse o caso. Só que é a primeira vez que eles estão a produzir estátuas de cera para ficarem em espaços que não são geridos por eles”, revelou.

“Foi uma parceria possível porque eles viram os nossos planos para o futuro do museu e gostaram. Consideraram que era uma oportunidade para desenvolverem um modelo para novas colaborações no futuro”, justificou.

As estimativas do Governo apontam para que o museu do Grande Prémio reabra as portas em 2019.

10 Out 2017

Maria João Belchior, fundadora da Livros de Bordo: “Faltam conhecimentos sobre a China antiga [em Portugal]”

Saiu de Pequim para criar uma editora de nicho em Portugal, que só publica livros que versam sobre esse grande país que é a China e todo o continente asiático. Em entrevista, Maria João Belchior fala dos desafios que é publicar livros do outro lado do mundo no mercado editorial português

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]olaborou com vários meios de comunicação em Macau, viveu em Pequim, até que decidiu ir para Portugal e fundar a Livros de Bordo. Porquê publicar livros sobre a China e a Ásia?

Eu vivi durante 12 anos em Pequim onde trabalhei como correspondente para Portugal e Macau. Regressei a Portugal no último dia do ano 2013 (tinha chegado em 2002). A ideia de abrir uma editora focada em temas sobre a Ásia já vinha de há algum tempo, porque, apesar de haver muitos livros bons sobre a Ásia e o Oriente, encontrei vários que nunca tinham sido publicados. A Livros de Bordo nasce de um amor aos livros e de uma experiência bastante longa de vida na Ásia. Apesar de ter passado muito tempo na China, estive também no Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Laos, Cambodja, Índia, Taiwan. Fui encontrando livros e temas que nunca tinham sido publicados, ou que se encontravam há muito esgotados em Portugal, e decidi arriscar no mundo da edição.

Publica livros académicos sobre a sociedade, cultura ou sistema político da China, ou mais obras de escritores chineses?

A editora só conta até agora – Outubro de 2017 – com sete títulos publicados dos quais dois são reedições da obra de Wenceslau de Moraes. Cinco dos livros são inéditos. Os temas não têm sido exclusivos da China. Um deles apenas “Quando Mil Milhões de Chineses Saltam” é uma viagem pela China atravessando todas as províncias e registando os problemas ambientais e as soluções que têm sido encontradas. O autor, Jonathan Watts, foi correspondente do The Guardian na China durante 12 anos. Outro dos livros “A Antiga Rota do Chá e dos Cavalos” é uma viagem de um explorador canadiano pela história do comércio do chá desde as primeiras trocas que se faziam entre a província de Yunnan e o Tibete. Os outros três livros passam pela Mongólia, pelo Tibete e pela Índia. Não são livros académicos mas registos históricos de viagens feitas, nomeadamente desde o século XIII. “A História dos Mongóis aos Quais Chamamos Tártaros” é uma obra traduzida pela primeira vez do latim com o registo de viagem de um frade franciscano, Giovanni da Pian del Carpini, que chegou à corte Mongol em 1247. O livro “Cartas do Tibete” reuniu pela primeira vez na íntegra as quatro cartas escritas pelo padre jesuíta António de Andrade sobre a sua viagem até ao reino de Guge, no Tibete, e a criação da primeira missão jesuíta naquele território na primeira metade do século XVII.

Quais os grandes desafios de publicar estas obras em Portugal? Prendem-se com a tradução, sobretudo?

Publicar livros históricos tem sempre alguma dificuldade por serem livros específicos, que num sentido geral se podem considerar literatura de viagens, quando se fala na viagem feita há poucos anos pela Rota do Chá e dos Cavalos. No entanto, viagens do século XIII ou do século XVII têm um pendor histórico, tanto pela linguagem utilizada como pelo cenário descrito. As dificuldades de edição estão sobretudo ligadas à escala, porque sendo uma editora pequena é mais difícil entrar nas grandes redes de livrarias, o dito “mercado”. De qualquer maneira, já temos dois títulos em segunda edição o que mostra que tem havido interesse no trabalho por parte do público.

Quais os temas ou obras que mais interessam aos leitores portugueses? Querem compreender a China de hoje ou querem ler mais autores chineses?

É sempre complicado generalizar. Creio que existe um interesse por todos os temas, sendo que há formas mais comerciais de vender livros ou temas. A Livros de Bordo é uma editora de nicho e apenas posso dizer que existe de facto interesse na China, mas também na Ásia e na sua história antiga.

Há ainda um grande desconhecimento em relação à China e à Ásia, apesar de existir uma maior publicação de livros nos últimos anos?

Esta é outra resposta que não consigo dar com certeza. Há momentos em que determinados assuntos se tornam mais apelativos, seja pelos acontecimentos da actualidade, seja pelo momento criado pelos media, como por exemplo a divulgação de filmes históricos. É natural que a China ocupe um grande espaço, mas também é verdade que há já muitos títulos no mercado sobre a nova realidade chinesa. Por vezes, até o que falta mais é conhecimento sobre a China antiga. Aqui existe certamente o desafio de tradução de, por exemplo, textos clássicos, que é algo quase inexistente em Portugal pela dificuldade que representa. Só que também aqui tem havido uma grande mudança à medida que existe mais curiosidade sobre o país e a sua cultura.

10 Out 2017