Joana Freitas BrevesOito pessoas assistidas por acidente de viação Oito feridos, quatro homens e quatro mulheres foram ontem assistidos no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário após um acidente de viação com um autocarro de turismo que embateu contra um poste de iluminação perto do Galaxy, no Cotai. Com idades compreendidas entre um e 60 anos, os feridos são oriundos de Macau um, ( 6 pessoas) de Hong Kong e um (1) do interior da China. Todas as pessoas foram assistidas devido a ferimentos nos membros, contusão lombar ou por sintomas de ansiedade. Após tratamento o estado de saúde foi considerado satisfatório, não houve necessidade de internamento e tiveram alta clínica, avisam os SS.
Tomás Chio BrevesDetidos dois suspeitos no caso da queda de seringas Já estão detidos os responsáveis que terão atirado seringas com sangue do alto de um prédio perto do Jardim Triangular. São dois homens, Lei e Wong, de 40 e 50 anos, residentes locais e desempregados. Os dois tinham acabado de se injectar no prédio e descartaram os instrumentos pela janela. O caso tomou proporções elevadas nas redes sociais recentemente, com imagens a mostrar mulheres grávidas e idosos a passar no passeio onde as seringas caíram. Esta não foi a primeira vez que tal aconteceu, o que levantou suspeitas sobre o local ser um sítio de chuto. Os dois homens foram detidos pela PSP por posse e tráfico de droga. Na acção, foram apreendidos 3,05 gramas de heroína e 0,74 gramas de midazolam. O caso já seguiu para o Ministério Público.
Hoje Macau BrevesCantina e bancas de vendilhões em Seac Pai Van O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) anunciou ontem que o Governo vai instalar uma cantina nova e uma área para as bancas de vendilhões 24 horas no mercado das habitações públicas de Seac Pai Van. O IACM realizou uma reunião para discutir as medidas de melhoramento da construção de um mercado junto ao complexo de habitação pública e disse que, depois de ouvir os desejos dos residentes, será instalado um mercado tradicional no primeiro andar do mercado para a venda de alimentos frescos e um supermercado que vende alimentos e artigos de uso diário. O instituto vai ceder o mercado a um operador e as bancas a vários vendilhões. O IACM avançou ainda que vai tomar em consideração as experiências dos candidatos, os horários, a diversidade dos produtos e as medidas que beneficiam os residentes como elementos essenciais na avaliação.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteiAOHiN | Exposição com obras a preço de saldo O próximo domingo é dia de saldos nas artes. A proposta vem da Galeria iAOHiN, que vai pôr ao dispor do público várias obras de artistas que por ali têm passado a preços mais reduzidos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o longo da sua existência a Galeria iAOHiN tem feito uma séria de obras seu património, pondo agora à venda algumas delas, juntamente com peças de autores. A iniciativa tem início no próximo domingo e prolonga-se até Setembro, avança Simon Lam ao HM. Para abrir as hostes, o sócio da galeria propõe uma tarde de domingo recheada com um cocktail a partir das 14h00. “É um momento em que as pessoas também podem discutir e observar as obras que teremos expostas”, afirma. Os artistas autores das obras fazem parte de uma panóplia de nomes internacionais. De entre obras mais antigas que fazem parte da colecção, há também chegadas recentes de artistas. Para Simon Lam destacam-se alguns nomes pelas suas características específicas. Em primeiro lugar o proprietário dá relevo à artista local Hong Wai. Um “nome que a galeria já representa há algum tempo”, afirma. A iAOHiN é ainda detentora de cerca de “30 obras da sua autoria” e a “sua pintura a tinta é única”, avanças Simon Lam. “É uma artista chinesa tradicional que utiliza a tinta mas aborda os seus temas de uma forma única”, diz acerca da autora que actualmente vive em Paris. Outro foco vai para a artista americana Siana A. Ponds. “Ela tem um dom, ela consegue pintar sons.” A artista é portadora de sinestesia – que, se para muitos é um distúrbio neurológico que faz com que o estímulo de um sentido cause reacções noutro, para Siana é um dom. “Ela vê os sons que posteriormente pinta, o que lhe confere também características únicas no seu trabalho.” A Coreia do Norte estará também representada com algumas pinturas de paisagens. “Uma oportunidade de ver pintados lugares do país misterioso”, avança o curador. De paisagens rurais a apontamentos visuais da capital, Jason Lam considera que constituem no seu conjunto um grupo de obras “que estão muito bonitas”. Artigos de colecção Da Ucrânia estarão pinturas já antigas, com pelo menos 15 anos e de autores que já não trabalham. Este facto transforma a oportunidade numa possibilidade rara para as apreciar ou adquirir. “São obras mais caras, de autores que já não pintam e já podem ser considerados artigos de colecção para os apreciadores”, avança Simon Lam. “Queremos dar estes trabalho a conhecer porque consideramos que até agora nunca as apresentámos devidamente. Aproveitamos assim esta oportunidade para o fazer também.” De Portugal estarão algumas obras de Carlos Farinha, que já esteve com uma exposição individual na galeria em 2014. Da mostra fazem parte alguns trabalhos que o artista criou com inspiração de Macau. “É um artista que pinta o que vê. E pintou Macau como o viu”, o que faz com que resultem “composições com carácter humorístico também”. Desta iniciativa constam seis obras de Carlos Farinha já expostas anteriormente e duas que chegaram recentemente e que fazem parte da colecção particular da iAOHiN. Também algumas das obras de Tashi Orbu recentemente expostas voltam às paredes. O artista de origem tibetana e sediado na Holanda mostra um mundo entre o oriente e o ocidente e a galeria repete a oportunidade de o apreciar. Os descontos vão dos 20% aos 50% e no domingo as portas da iAOHiN abrem às 14h00. A entrada é livre.
Joana Freitas EventosCinemateca Paixão organiza palestra sobre produção de documentários [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Cinemateca Paixão vai levar a cabo uma palestra sobre a produção de documentários. Intitulada “Produção de Documentário – Auto-exploração e Registos de Comunidade”, a actividade conta com a presença da realizadora Tsang Tsui Shan, de Hong Kong. Tsang Tsui Shan é conhecida por um estilo próprio nos filmes e vídeos que produz. Segundo o Instituto Cultural, que rege a Cinemateca, as suas obras debruçam-se principalmente sobre “questões humanitárias” e variam de estilo consoante a história. A realizadora traz, agora, essa experiência a Macau. “Na palestra, Tsang Tsui Shang irá partilhar com o público como é possível explorar a comunidade a partir da nossa própria perspectiva e fazer registos relevantes, para além de abordar a criação da sua série de vídeos sobre a Aldeia Ho Chung em Hong Kong”, realça a organização. Em 2012, Tsang Tsui Shan obteve o prémio para Melhor Novo Realizador nos Hong Kong Film Awards. A sua primeira longa-metragem, intitulada “Lovers on the Road”, foi distinguida com o prémio para a “Melhor Filme de Ficção” no Festival de Cinema do Sul de Taiwan. “Big Blue Lake”, a sua segunda longa-metragem, foi aclamada pela crítica e conquistou o “Prémio Especial do Júri para Novos Talentos Asiáticos do 15º Festival Internacional de Cinema de Xangai” e o “Filme Recomendado 2011” da Associação de Críticos de Cinema de Hong Kong. Tsang Tsui Shan concluiu, em 2014, o documentário “Flowing Stories” e o filme romântico “Scent”, uma colaboração chinesa e coreana. Ambas as películas foram apresentadas em cinemas no interior da China e no estrangeiro. Recentemente, a realizadora tem-se dedicado a produzir filmes sobre a protecção ambiental e sobre grupos em situação vulnerável, tendo recebido este ano o Prémio Humanitário da FilmAid Asia. A palestra na Cinemateca Paixão tem lugar dia 30 de Julho, das 15h00 às 17h00. As inscrições são gratuitas mas os lugares são limitados a 60 presenças. A inscrição pode ser feita na página do IC.
Tomás Chio BrevesLesados no caso Glory Sky aumenta para 110 A Polícia Judiciária (PJ) indicou ontem que o número de lesados no caso de recolha ilegal de capitais pela Glory Sky já aumentou para 110, elevando também o montante envolvido, agora de mais de 89 milhões de patacas. A empresa passou cheques sem cobertura no valor de quase nove milhões. A PJ tem uma lista de três pessoas como suspeitas do golpe, que pressupunha o investimento de dinheiro a troco de juros altos, mas ninguém foi ainda detido. Chau Wai Kuong, director da PJ, referiu ao Jornal Ou Mun que 74 dos 110 lesados são locais e incluem-se neste grupo funcionários da empresa. Outros sete são do interior da China, estando ainda envolvido um trabalhador não residente e uma pessoa de Hong Kong. O responsável diz ainda não existirem provas de que o caso esteja ligado aos casinos, mas Chau Wai Kuong alertou também os residentes a depositarem os cheques num prazo máximo de oito dias, porque caso não tenham cobertura a PJ não consegue fazer nada passado este prazo.
Hoje Macau China / ÁsiaChuvas intensas colocam norte em alerta [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s chuvas intensas que desde o início da semana atingem o norte da China têm deixado cidades inundadas e paralisado os transportes públicos, levando as autoridades a decretar os níveis de alerta mais altos. Na província de Hebei, as chuvas causaram pelo menos um morto e oito desaparecidos, na terça-feira, segundo avançou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Os serviços meteorológicos locais decretaram, entretanto, o nível de alerta vermelho, o mais alto de uma escala com quatro cores. No condado de Cixian, o nível de precipitação chegou a atingir os 500 milímetros (mm). Em Shijiazhuang, capital de Hebei, 13 passagens subterrâneas encontram-se inundadas. Na província de Shanxi, noroeste do país, as chuvas atingiram na terça-feira quase todas as cidades e condados, segundo a Xinhua, que cita as autoridades locais. Em Taiyuan, a capital de província, o valor médio de precipitação fixou-se em 114,4 milímetros (mm), causando inundações e trânsito congestionado nas estradas principais. Na província vizinha de Shaanxi, várias ligações ferroviárias foram também suspensas ou estavam atrasadas. Em Pequim, a chuva cai incessantemente desde do início de terça-feira e os serviços meteorológicos prevêem que se mantenha nos próximos dias. Fotografias colocadas nas redes sociais dão conta de estradas e estações de metro da capital completamente inundadas. As autoridades decretaram, entretanto, o nível de alerta laranja, o segundo mais alto, aconselhando as populações a prevenirem-se contra possíveis inundações e deslizamento de terras, lama e rochas.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim defende quotas na exportação de matérias-primas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China defendeu a legalidade das quotas que mantém na exportação de matérias-primas, considerando que estas cumprem com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), depois da denúncia feita terça-feira pela Comissão Europeia (CE). Num comunicado difundido pela agência oficial Xinhua, o Ministério do Comércio chinês justifica a limitação da venda de certos recursos a outros países com a necessidade de proteger o meio ambiente. A CE, por sua vez, considera que se trata de uma prática comercial “desleal”, que restringe o acesso a matérias-primas “essenciais” para as indústrias europeias. É a terceira vez que a CE pede a intervenção da OMC num caso envolvendo restrições às exportações chinesas e, desta vez, as matérias-primas em questão são a grafite, o cobalto, cobre, chumbo, crómio, magnésio, talco, tântalo, estanho e antimónio. A comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, assegurou, em comunicado, que as duas últimas sentenças da OMC consideraram que as restrições chinesas vão “contra as normas do comércio internacional”. A CE considera que as quotas impostas pela China “distorcem o mercado” a favor das empresas chinesas e em detrimento das empresas e consumidores europeus. O Ministério do Comércio chinês já fez saber que tratará deste caso “adequadamente e de acordo com o procedimento da resolução de disputas da OMC”. Segundo Bruxelas, o valor das exportações chinesas envolvendo os produtos referidos ascende a cerca de 1.200 milhões de euros. O porta-voz do Ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, criticou na terça-feira o crescente proteccionismo, numa conferência de imprensa anterior à denúncia feita pela CE. Shen atribuiu o proteccionismo ao aumento de queixas contras as práticas comerciais da China. Só na primeira metade do ano foram iniciadas 65 investigações contra o país asiático, por 17 países e regiões, um aumento de 66%, face ao mesmo período do ano passado. A maioria das investigações refere-se a casos de dumping (venda abaixo do preço de mercado) e subsídios atribuídos pelo Governo chinês a empresas do país.
Manuel Afonso Costa Fichas de Leitura h | Artes, Letras e IdeiasAjuste de contas Chatwin, Bruce, Na Patagónia, Quetzal Editores, Lisboa,1989 Descritores: Literatura Inglesa, Literatura de Viagens, Literatura de Aventuras, Literatura de Memórias, 286 p.:23 cm, tradução de Jose Luis Luna. Cota: 821.111-992 Cha [dropcap style=’circle’]B[/dropcap]ruce Charles Chatwin, nasceu em Sheffield no dia 13 de maio de 1940, vindo a falecer em Nice a 18 de janeiro de 1989. Bruce viveu a sua infância em West Heath, nas West Midlands, em Birmingham, onde seu pai era advogado, e estudou no Marlborough College, no Wiltshire. Depois de deixar o Marlborough College em 1958, Chatwin mudou-se para Londres, a fim de trabalhar como porteiro no departamento de obras de arte do leiloeiro Sotheby’s. Graças à sua apurada acuidade visual, tornou-se depressa um dos peritos da Sotheby’s em particular no domínio da arte impressionista. Acabaria por ser nomeado, mais tarde, director da empresa. No final de 1964, Chatwin começou a padecer de problemas de visão, parecendo-lhe que isso deveria ter relação com a análise detalhada das obras de arte. Foi-lhe diagnosticado estrabismo latente e recomendado um período de descanso de seis meses. A conselho do seu oftalmologista, viajou até ao Sudão. No regresso, Chatwin desinteressou-se do mundo da arte, voltando agora a sua atenção para a arqueologia, pelo que deixou a Sotheby’s no início do Verão de 1966. Em Outubro do mesmo ano, matriculou-se na Universidade de Edimburgo para estudar arqueologia. No entanto, apesar de ter ganho o Wardrop Prize pelo melhor projecto de primeiro ano, achou o rigor do estudo académico da arqueologia muito enfadonho, tendo permanecido apenas dois anos na cidade e abandonando a Universidade sem se licenciar. Em 1972, Chatwin foi contratado pela Sunday Times Magazine como assessor para os temas de arte e arquitectura. A sua contribuição para a revista permitiu-lhe cultivar as suas competências de narração e viajar para escrever artigos sobre temas como emigrantes argelinos ou a Grande Muralha da China e ainda entrevistar personalidades tão diversas como André Malraux em França e Nadezhda Mandelstam na União Soviética. Nadezhda Mandelstam foi casada com o grande poeta russo Ossip Mandelstham, fundador do acmeísmo, sendo ela própria uma escritora importante, autora da célebre memória sobre os últimos anos do marido no campo de concentração estalinista, onde faleceu, memória essa que ficou imortalizada pela frase, Esperança contra esperança. Ajuste de contas Em 1972, Chatwin entrevistou a arquitecta e designer Eileen Gray, então com 93 anos, no seu atelier de Paris, onde reparou no mapa da Patagónia, na América do Sul, que ela tinha pintado. “ Sempre quis ir até lá”, disse Bruce. “Também eu”, respondeu ela. “Vá lá por mim”. Dois anos mais tarde, em Novembro de 1974, Chatwin voou para Lima, no Peru, e um mês depois estava na Patagónia, onde se demorou seis meses. Essa viagem resultou no seu livro Na Patagónia (1977), que o lançou como reputado escritor de viagens. Mais tarde, contudo, os residentes da Patagónia viriam a contrariar os eventos descritos no livro de Chatwin. Seria a primeira vez, mas não a última, que conversas e personagens descritos por Chatwin, foram alegadamente ficcionalizados. Trabalhos posteriores incluíram O Vice-rei de Ajudá (The Viceroy of Ouidah), um estudo ficcional sobre o traficante de escravos Francisco Félix de Souza – que, no livro, é chamado Francisco Manuel da Silva – e as suas actividades no Benim. Para The Songlines, Chatwin viajou até a Austrália no intuito de elaborar a tese de que as canções dos aborígenes australianos são resultantes do cruzamento de um mito da criação, de um atlas e da história pessoal do homem aborígene. On The Black Hill situa-se nas colinas das quintas das fronteiras do País de Gales, descrevendo as relações entre dois irmãos, Lewis e Benjamin, que crescem isolados da história do século XX. O livro ganhou o James Tait Black Memorial Prize. Utz, o seu último livro, resulta da observação ficcional da obsessão que leva as pessoas a coleccionar objectos. Situado em Praga, o romance descreve a vida e a morte de Kaspar Utz, um homem obcecado pela colecção de porcelana de Meissen. Chatwin estava a trabalhar num conjunto de novas ideias para futuros romances, incluindo um épico transcontinental, provisoriamente intitulado Lydia Livingstone, quando morreu, em 1989. As suas cinzas foram espalhadas perto da capela bizantina de Kardamyli no Peloponeso — perto da casa de um dos seus mentores, o escritor Patrick Leigh Fermor. Falar de Bruce Chatwin é convocar o mais importante dos escritores de viagens e trazer aqui o texto Na Patagónia, significa começar pela sua melhor narrativa. A obra não é mais do que “uma viagem comovente pela Patagónia e Terra do Fogo para descobrir que o fim do mundo não existe. E que a aventura recomeça”. A remota Patagónia, uma terra «no fim do mundo» é habitada por figuras errantes e exiladas, desde gaúchos a foragidos, de mineiros peculiares até aos índios da Terra do Fogo. “Fascinado por este sítio desde a infância, o autor atravessa toda a região, desde o Rio Negro até Ushuaia, a cidade no extremo sul da Argentina e do continente, captando o espírito da terra, da sua história e da sua gente, e conferindo-lhe uma expressão poética e intensa”. Num escrita prodigiosa, plena de descrições maravilhosas e histórias intrigantes, Na Patagónia narra as viagens de Chatwin através desse lugar mítico e remoto, elaborando ao mesmo tempo narrativas paralelas que tornam o livro inclassificável. Este livro de Chatwin, livro que é como já disse, mas reitero, a sua obra prima, faz parte do Plano Nacional de Leitura em Portugal e eu considero que se trata de uma óptima escolha. Desde dinossauros até à inesperada Calamity Jane tudo aparece ao longo desta narrativa e sempre de forma surpreendente, para não dizer por vezes hilariante. Calamity Jane, aliás Martha Jane Canary-Burke, foi provavelmente quem mais gostei de encontrar neste livro, dada a minha memória juvenil de livros aos quadradinhos de cowboys, pistoleiros, xerifes, aventureiros, garimpeiros e outros pioneiros americanos. É que se considera, a tradição pelo menos outorga-o, que a Calamidade terá sido casada com Wild Bill Hickok, aliás James Butler Hickok, que é nem mais nem menos que o celebérrimo, pelo menos para mim, xerife de Kansas e Nebraska; que a dada altura se juntou ao não menos célebre Bufalo Bill, aliás William Cody, que os índios designavam por Pa-e-has-ka, ou seja o ‘Cabelos Compridos’ e que o acompanhou até nos seus espectáculos por circos, rodeios e feiras. Que Búfalo Bill fosse o Pa-e-has-ka, isso a mim sempre me provocou alguma perplexidade e confusão, ou mesmo ciúme, por interposta pessoa, claro, pois Kit Carson, não tinha os cabelos menos compridos que Búfalo Bill ou que o próprio Wild Bill Hickok, e até foi casado com uma índia de nome Waa-nibe, mas enfim, preferências… A verdade é que não é bem assim, pois os factos provam que Kit Carson foi demasiado mitificado pela banda desenhada e afinal não tinha aquele ar de cavaleiro romântico, bem pelo contrário, além de que o seu comportamento militar, em particular contra os Navajos, não foi nada de acordo com os valores do heroísmo propagandeado, mas antes de um verdadeiro anti-herói, cobarde e cruel. Por outro lado, e volto a Hickock, também se terá celebrizado por se envolver amiúde em tiroteios e duelos, explorados pela imprensa sensacionalista, e terá morrido, ao que consta, durante um jogo de poker num saloon em Dakota o que acrescenta uma nota mítica e romântica à sua vida e à sua lenda. Ao que parece, quando foi assassinado tinha na mão um par de ases, uma dama e um par de oitos, mão essa que ficou para sempre conhecida como a Mão do Homem Morto. Que seja desculpado este austero ajuste de contas tardio com os meus heróis juvenis; se a vingança é um prato que se serve frio a verdade é um prato que se prova tarde, portanto sempre um pouco requentado. Aproveito para confessar que a desilusão foi completa pois os meus maiores ídolos que na banda desenhada eram desenhados de uma certa maneira não tinham nada a ver com a realidade. É o caso de Davy Crockett e Jim Bowie que nos livros aos quadradinhos nos apareciam como heróis solitários, abnegados e amigos dos índios e depois afinal estiveram todos ao serviço do exército americano, do general Custer e de outros colaborando no enorme genocídio hoje sobejamente conhecido e documentado. Parece que, no caso destes dois, morreram ambos na célebre batalha de Álamo, às mãos dos Navajos, justamente. Haja Deus! Na minha galeria salva-se Matt Dillon, o Marshal de Dodge City, mas Matt Dillon nunca existiu e a sua vida resulta da criação ficcional de John Meston representada por William Conrad na rádio e James Arness, na televisão. Matt, era assim um herói à medida de um público tal como Roy Rogers por exemplo ou Buck Jones, o xerife de Alkaly City. Mas foi talvez o herói americano do Oeste mais à minha medida. Tanto na rádio como na televisão, Matt Dillon permaneceu firme, honesto, absolutamente incorruptível, e dedicado à causa de impor a lei genuína na região de Kansas, à época verdadeira fronteira entre a América “civilizada” e as pradarias violentas e selvagens do oeste americano. Ele raramente agia de forma impetuosa, além de que era invariavelmente justo e imparcial no exercício das suas funções, mesmo quando era necessário subordinar os seus pontos de vista pessoais relativos a pessoas ou factos. Eu devo confessar, porém, que só conheço o Matt Dillon, dos livros aos quadradinhos, onde penso que ele aparece ainda mais genial, embora e muito a meu gosto, mais sombrio, mais pessimista e sobretudo mais triste. Ele é um dos alter egos da minha adolescência juntamente com o Lobo das Estepes de Herman Hess. Voltemos a Chatwin e ao Na Patagónia pois estes não desiludem. O livro é um obra que estimula intensamente a nossa sede de aventura, o nosso imaginário juvenil, a vontade de partir à descoberta no fim de contas de nós mesmos. E no caso de Bruce Chatwin isso é muito evidente uma vez que o que desencadeou a viagem exploratória foi o facto de o nosso escritor ter encontrado um pedaço de dinossauro no espólio do avô que também teria andado, quando era jovem, pelas Terras do Fogo, no extremo sul do Continente Americano. Bruce Chatwin encontrou assim esse espólio no espólio do avô e a partir dessa pesquisa tudo se vai desenrolar para nosso gáudio de modo surpreendente, sempre misterioso e volto a insistir, hilariante. Chatwin manipula como ninguém o espírito da viagem, o espírito moderno e contemporâneo do desassossego. O bom gosto e o culto agónico do fait divers, fazem dele um mestre no género. Na Patagónia lê-se com um sorriso rasgado e uma lágrima ao canto do olho. O que é que se pode esperar mais de um livro de viagens que é ao mesmo tempo um livro de memórias e de aventuras. Como a Patagónia e as Terras do Fogo sempre foram um lugar dilecto dos aventureiros da América do Norte, o que é muito compreensível, o autor vai cruzar-se imaginariamente com as figuras mais improváveis da mitologia americana, conseguindo contudo tornar as suas memórias verosímeis. A dada altura a propósito de Evans e Wilson, dois conhecidos assassinos que terão matado entre outros Llwyd ApIwan, conhecido pioneiro galês em terras da Patagónia, onde foi engenheiro, agrimensor, e explorador incansável, muito ligado à colonização galesa na Argentina, Bruce Chatwin põe-nos no encalço de Butch Cassidy e Sundance Kid. É que Wilson, que era mais novo que Evans, mas melhor com as armas, teria uns 25 anos e media 1,75 e era esbelto, de cabelos claros, queimado do sol e nariz curto e recto e que para cúmulo caminhava com o pé direito voltado para fora e finalmente que, tudo leva a crer, tinha sido companheiro de Duffy (Harvey Logan) na Patagónia e em Montana. Este Wilson terá estado envolvido num assalto a um comboio; o que, para Chatwin, só podia ter sido o assalto ao Comboio Wagner, do dia 3 de Junho de 1901. Daqui parte, ele, para uma elocubração fantástica sobre a parte final da vida dos dois aventureiros lendários, Butch Cassidy e Sundance Kid, imortalizados no filme homónimo de George Roy Hill por Paul Newman e Robert Redford. Agora o que eu não esperava era vir a encontrá-los nas páginas desta obra de Chatwin, mas como neste livro tudo é possível… depois de Calamity Jane só mesmo Butch Cassidy e Sundance Kid. Os pormenores são, como se desconfia, de ir às lágrimas e é aí que a meu ver reside o génio do nosso narrador. A mistura entre o documental ficcionado e o ficcional documentado excessivamente, confere à narrativa um sabor a incredulidade extasiada que é deveras surpreendente, acreditem.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasBrexit e o livro de Enoch «… Então o Senhor disse: o meu espírito não permanecerá indefinidamente no homem, pois o homem é carne e os seus dias não ultrapassarão os cento e vinte anos» Génesis [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]aquele tempo havia gigantes na Terra. Efectivamente separar é uma dor que ainda hoje impõe na carne que somos uma cicatriz: o umbigo, a cicatriz de uma separação. Só que hoje estamos indubitavelmente no ventre da Baleia, esse grande estômago global que não nos vomita, ou ainda não nos vomitou, na linha rigorosa da separação, e se ergue diante do nosso olhar como uma alucinação de imagem no deserto. No Livro de Enoch havia uma raça extraordinária que se reproduzia connosco, dado que eramos belos. Os cruzamentos são sempre bem-vindos, o factor probabilístico gera novas formas e não morremos de tédio a olhar uns para os outros. Para tanto, inventou Deus o Amor e fez dos corpos altares, bafejando-os de delícias, mas onde se encontra o Brexit no meio de tudo isto? Não mais que na sua qualidade de órgão de um corpo que já não é inseminável, órgão esse que parece sobreviver sem ele, podendo ser transplantado para outros , e mesmo assim, temos sempre a sábia expressão de que “órgão muito falado é órgão doente.” Dado que órgão não é tripa, esse entulho a reboque do corpo, temos um órgão vagabundo na sua errância de supremacia. Nós, a bela raça dos homens, temos coisas demais para tão destilado mundo, comprimento de intestino para alimentação etérea, uma economia do esforço em franco desgaste que quanto mais acelera doidamente mais combustão produz… teses sobre a vacuidade, pessoas presas por pensamentos, actos, omissões… tudo em barda, dado que somos fractais de um barroco alargado. Abeiramo-nos agora da vitória das amputações e o que se passa vai ser de congelar cadáveres pelo lado hirto da manifestação. As deusas quando são velhas assemelham-se à Duquesa de Alba, dançando flamenco à beira do caixão. Porém, a Rainha, inamovível e com menos títulos reais, começa a fazer justiça à expressão: «Un jour viendra où il n’y aura plus que cinq monarques au monde: les rois de pique, de trèfle, de carreau, de coeur… et la reine d´Angleterre». Já não estamos na batalha de Waterloo quando Napoleão a cavalo disparou a galope o integracionismo europeu, mas o que aconteceu é praticamente a mesma coisa. Um corpo assim, como vai surgindo, podem-lhe ser amputados membros, tanto nas partes altas como nas baixas (já sem os aleivosos gaulesas das decapitações internas). O Livro de Enoch foi todo ele amputado, tanto por judeus, como por cristãos, pois que há áreas que transvasam o código e nenhum exegeta, rabino ou doutor da igreja, ali sabe meter a mão. É mesmo proibido em alguns círculos litúrgicos, mas com cuidado lá foram aplicando passagens… e duas bastante reveladoras, no princípio e no fim, como seja no «Génesis» e no «Apocalipse», algumas adaptações de textos gregos que dada a pouca fartura de entendimento foram como metidos à “dentada”. (…) depois, a voz que tinha ouvido antes falou de novo: « Vai, toma o livro…aproximei-me para me o entregar e o Anjo disse; toma e come-o. Tomei o livro das mãos do Anjo e comi-o» Apocalipse O tempo em que vivemos tem este fantástico, este surrealismo, esta impudência, creio que por mais análise, desconstrutivismo e adaptação, o que tem esta leitura pode estar gravado no Brexit. Mas já o Putin tinha fechado o Sarkozy e embebedando-o a propósito de não sei de quê, ele, coitado, veio de lá muito contente a dizer: “bom, querem falar com o Presidente? Vas-y!” Como, de que forma, e a quem falar destas realidades e porquê? (súbita inspiração em Vitorino Nemésio). Há qualquer coisa que me diz que este livro deve estar num Castelo da Escócia, naquele local que os fantasmas nunca abandonaram, não tendo por isso deixado de existir, só porque deixámos de acreditar neles. Do Oriente vêm gritos de reconquista do velho Al-Andaluz “e toda a minha cabeça estremece ” (Herberto Hélder). Deitai senhores, vós, os dados, que dados ficam, dados são, deitai as cartas também de marear, que a saída é sempre por aquele ângulo imponderável no qual ninguém pensou e com a simplicidade de um Ricardo Sanches que destrona o linguajar dos estrategas; não tardará a saber-se o que seja, pois que bem ao jeito do ditado chinês: quando o discípulo está preparado o mestre aparece. Cada vez tenho menos ideias e mais inspiração, não sabendo o que faça até o fazer, não há nada para programar, o banco de dados ficou cravejado de coisas tais que é o dia que mostra o caminhar… Se assim não nos deixarmos guiar nada acontece, é o dia que nos mostra o assombro, num desfiladeiro assim, todos eles vão ser preciosos e autênticos, numa urgência de sermos saciados pelo que há de subjacente a tanta ideia errada e tanta voz de um coro enlouquecido. Leva-me contigo dia claro, e que não pense, a razão entrou na recta final da sua negritude e, quer queiramos quer não, só há livros interessantes para ler se forem de Enoch e passagens de plano tipo Brexit. Enquanto as águas não se levantarem e a Terra não mudar o eixo é connosco, neste ventre Balear que nos vamos ter de entender de forma suave, para não ir tudo abruptamente, que o mundo ainda não é um atoleiro de uma lixeira a céu aberto como os vales de enxofre. A um tempo de adesão, resistir também é louvável, dizer não ou estar mais pobre, a riqueza nem sempre vem de uma única fonte, onde se perde a afeição perde-se também a lembrança, e há um inquietante esquecimento que só verdades duras acabam por lembrar. Não cabem nos Tratados as gentes e, quando eles expirarem por inoperância, nós ainda seremos capazes de os reinventar. Num estertor de dias incertos vive-se ainda por que há espelhos que nos devolvem o nosso rosto como um seio belo que continua alto e pode ser visível por todos. Há sempre uma ideia mais complexa debaixo de um plano e o que parece enfraquecer pode ser a táctica para um novo arranque. Mas ninguém vê tão tolhido anda, ninguém reparou tão curvado está. Os novos céus e a nova Terra, tinham emergido, quando o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. O mar azul da bandeira… Apenas mar.
Leocardo VozesO mundo sério (a sério) [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]vida deve ser levada a brincar. Eu próprio sou muito brincalhão, gosto de rir, gosto de andar bem disposto – tristezas não pagam dívidas, e eu nem tenho tantas quanto isso (dívidas, entenda-se). Não aceito que se viva a trabalhar “a vida toda” para depois “usufruir” dos anos mais miseráveis da nossa vida, os da velhice, o “Inverno da Vida”, que soa a algo de frio, insonso e mole, “sem graça nenhuma” – lá está, o que não tem graça nenhuma é normalmente qualquer coisa muito pouco recomendável. Irrita-me aquela gente que se diz muito “séria”. Aliás “sério” é uma palavra que devia ser simplesmente eliminada do dicionário, juntamente com a sua mãezinha, a “seriedade”. Ou deviam ser guardadas apenas para descrever desgraças, como “acidente revestido de seriedade, 40 mortos”, ou “a história séria de uma viúva e os seus três órfãos menores”. Qualquer coisa de funesto, trágico, horrível. Quando se diz que alguém “é um gajo sério”, normalmente isto aplica-se a um fdp qualquer sempre mal disposto, com cara de caso, pálido, fato preto e orelhas grandes, ordinário com as mulheres e rude com os empregados, cruel com a mulher e filhos. “Vamos levar isto a sério” é uma expressão normalmente usada para “acabar com a brincadeira” (no mundo da gente séria brincar é considerado uma coisa má), que é capaz de arrancar o sorriso a qualquer semblante. Quando alguém lança um “vamos levar isto a sério” cai uma penumbra de silêncio que torna uma tarefa potencialmente divertida numa “obrigação” – outra palavra que só devia ser usada no léxico bancário. Quando se diz que qualquer coisa “é um caso sério” quer dizer que ou alguém está às portas da morte, ou existe uma situação impossível de resolver, e como sabe o leitor cristão, “tudo é possível com Deus” (esta foi fraquinha mas serve como comentário social). Quando se condena alguém por “não ser uma pessoa séria”, é como condená-la às galés; ser sério é ser “funcional”, quem “não é sério” está destinado a ir limpar latrinas: “o mundo é dos sérios”. O reverso da medalha é que o veneno da seriedade também serve como antídoto. Se fulano que desbaratou dinheiros públicos, saqueou instituições ou cometeu fraude a cobro da posição de poder que ocupa, basta ir à TV e dizer que “é sério”. Funcionou durante uns tempos com Vale e Azevedo, por exemplo (é preciso não esquecer que do outro lado estavam benfiquistas, mas tudo bem). O mais curioso é que os tais fdp acima referidos fazem uma piada e dizem que têm “sentido de humor”, apesar de tudo (o que não é pouco). Se outros ousam fazer humor, o “gajo sério” chama-os de “engraçadinhos” (uma coisa má) ou “palhaços”. A palavra “palhaço”, que sempre associei com crianças, balões e alegria, é o pior insulto que se pode chamar entre “gente séria”. Talvez porque o palhaço está associado ao “circo”, que é um estado de coisas inaceitável para os sérios. Quando uma situação “é um circo” é porque não há mesmo nada a fazer – eis o circo máximo das coisas sérias. Quando se diz que certa notícia “não deve ser levada a sério”, é aí que mais se aguça a minha curiosidade: se não é “sério”, então só pode ser uma coisa “engraçada”, o que é bom, e interessa-me saber, por isso contem-me já. Se se diz de alguém que “está sempre a brincar”, isso é meio caminho andado para “não ser levado a sério”. As mulheres ditas “sérias” (que las hay, hay) respondem com um impulso diferente, e dizem que certo fulano que vive a vida descontraidamente “é imaturo”, ou pior, “infantil”. Que mal tem ser infantil? Eu é que não quero ser gimbra com uma barriga de bagaço, careca, enrugado e asqueroso. Tragam-me já a minha infância de volta, façam de mim um Peter Pan (Mas sem aquelas orelhas. E as ceroulas). E vive la comedie!
Tomás Chio BrevesMacau “caro e pouco popular” Macau não figurou no ranking que elege as 25 cidades mais populares do mundo. A informação provém de um estudo do Tripadvisor, um site de crítica e aconselhamento de e para turistas e viajantes. Num estudo que analisa custos de viagens, quatro dias e três noites para duas pessoas em que Londres e Hong Kong, apesar dos preços, fazem parte das dez mais populares, sendo que figuram ainda mais cinco destinos do sudeste asiático caracterizados pela popularidade e preços baixos. Em declarações ao Jornal Ou Mun, elementos do sector turístico revelam que o custo de uma visita a Macau é próximo do de Hong Kong, situada no sétimo lugar. A entidade adiantou ainda que o número de turistas do interior da China que viajam para o Sudeste da Ásia tem aumentado não apenas devido ao preço, mas também porque cada vez mais procuram experiências diferentes. O organismo sugere que para conseguir competir com a popularidade de outros destinos, Macau deve enriquecer os seus produtos turísticos e estar atento aos preços, especialmente aos praticados no comércio de retalho e lembranças.
Sofia Margarida Mota BrevesSimulacro de resposta a MERS este sábado Os Serviços de Saúde vão realizar um simulacro a 23 de Julho entre as 8h30 e as 13h00 na Pousada de Mong Há. Será encenada uma situação de detecção do Síndrome Respiratório do Médio Oriente (MERS) na Pousada de Mong Há e a partir daí tem lugar a resposta das autoridades. Lei Wai San, médico adjunto da direcção do Hospital de S. Januário, afirma em conferência de imprensa que o simulacro permitirá testar as capacidades do serviço hospitalar no acolhimento de 44 supostos infectados, bem como da eficiência dos procedimentos de isolamento a ter em conta nas valências hospitalares. Já David Tsang terá em campo 13 bombeiros e refere que é uma oportunidade de teste ao sistema de transporte por ambulância dos doentes num caso específico de MERS. A PSP conta para a operação com 50 soldados, sendo que cinco ou seis estarão no exterior da pousada a coordenar as operações e os restantes na área circundante a dirigir as possíveis alterações de trânsito e segurança a ser feitas. A iniciativa conta ainda com a colaboração de alunos e professores do Instituto de Formação Turística (IFT) enquanto actores infectados do simulacro. O simulacro vai restringir o acesso de carros àquela zona.
Joana Freitas BrevesAberto concurso para nova sede da UTIP Foi ontem anunciada em Boletim Oficial a abertura de um concurso público para a construção da nova sede do pelotão cinotécnico da Unidade Técnica de Intervenção da Polícia (UTIP). A obra terá lugar num terreno junto à Estrada de Hac Sá e prevê-se que demore 700 dias. O anúncio de abertura de concurso refere que não há preço base a ter em conta para os concorrentes, sendo que para serem admitidas as entidades interessadas devem estar inscritas na Direcção dos Serviços de Solos e Obras Públicas, entidade responsável pelo concurso. A entrega de propostas termina às 12h00 de 10 de Agosto. Os parâmetros de avaliação incidem em 50% no custo, 20% são partilhados entre o prazo de execução e o plano de trabalhos, a experiência e qualidade das obras tem o peso de 18% e os restantes 12% avaliam a integridade e honestidade da candidatura.
Hoje Macau Manchete SociedadeCentro Histórico | Plano de protecção concluído em 2017 O tão aguardado plano de gestão do Centro Histórico vai estar concluído no próximo ano, garante o IC, que diz estar apenas à espera do fim da segunda consulta pública [dropcap style=’circle’]D[/drocap]aqui a um ano, o Instituto Cultural (IC) tem concluído o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico, que vai passar a ser um regulamento administrativo. A promessa foi feita numa resposta a uma interpelação do deputado Chan Meng Kam. O IC garantiu ainda que vai esforçar-se na supervisão, verificação e manutenção do património. Na sua interpelação escrita, Chan Meng Kam criticava a falha na protecção do património pelo Governo e apontava o dedo ao facto de ainda não haver qualquer plano de protecção. “A Lei de Salvaguarda do Património Cultural já foi aprovada em 2013, mas o decreto-lei [sobre a protecção do Centro Histórico], que [está incluída no diploma] só vai ser publicada em 2020, segundo o Plano Quinquenal do Governo. Quais são as dificuldades na elaboração [deste plano]?”, perguntava. Na resposta, o IC assegurou que o Governo considera “muito importantes” as opiniões da sociedade e quer garantir conhecimento e compreensão plenas sobre o projecto, “assim como ter consenso da sociedade sobre a sua elaboração”. Por isso o atraso, que agora, diz o instituto, termina. “Já se acabou com a primeira fase da consulta pública do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico e vamos acabar a segunda fase este ano. Em 2017, vamos acabar a elaboração inteira do plano”, afirma. A UNESCO recebeu um relatório sobre os trabalhos deste plano em Janeiro do ano passado, a poucos dias antes do prazo de 1 de Fevereiro, depois do Comité do Património Mundial da UNESCO dar conta de factores que afectavam o património. Chan Meng Kam falava ainda da queda de partes de monumentos protegidos, como o do telhado da Igreja de Santo Agostinho, e os frequentes danos que aconteceram noutros imóveis. O IC assegura estar atento. “O IC já reconheceu a severidade dos casos e vamos esforçar-nos na supervisão, verificação, manutenção e protecção. No futuro, vamos também introduzir equipamento e técnicas de ponta e reforçar a formação dos especialistas”, garantiu. * por Angela Ka
Joana Freitas Manchete PolíticaSubsídio de Invalidez | Governo altera lei para passar de provisório a regular O Governo tem mesmo intenção de avançar com a regularização do actual subsídio de invalidez provisório. Com uma revisão à lei, quer que se torne uma medida permanente [dropcap style=’circle’]O[/drocap]Executivo está a ponderar alterar o Regime de Segurança Social para que o subsídio provisório de invalidez possa ser uma medida regular. É o que confirma o Fundo de Segurança Social (FSS) ao HM, depois de ter dito a um deputado que o caso estava a ser estudado. O FSS disse em Fevereiro deste ano à deputada Chan Hong ter uma proposta para tornar o subsídio de invalidez uma medida regular. Este apoio foi implementando em Julho de 2014 e é atribuído a residentes permanentes de Macau que tenham contribuído para o FSS pelo menos 36 meses e que perderam a capacidade de trabalho, temporária ou permanentemente. O subsídio, contudo, é provisório e os deputados têm vindo a pedir que se torne efectivo. Chan Hong questionou o Governo em Janeiro sobre o assunto: a deputada queria saber se o apoio ganharia estatuto de sistema de segurança social ou de política de regalias e defendia que uma parte dos portadores de deficiência não tem capacidade de trabalho, nem contribui suficientemente para o FSS, características que não lhes permite candidatarem-se ao subsídio em causa. “Até fim de 2014, entre dez mil portadores de cartão de deficiência, 1100 ainda não se registaram no FSS e 950 portadores ainda não contribuíram para o FSS pelo menos durante 36 meses”, apontou na altura. Passo em frente Questionado pelo HM, o FSS assegura que o passo será no sentido de tornar a medida efectiva. “As pessoas com deficiência têm direito de igualdade à participação e ao gozo de protecção social. Depois implementado o subsídio provisório de invalidez foi procedido imediatamente um estudo e análise sobre uma proposta de solução a longo prazo”, começa por indicar o organismo. “Após a realização de várias reuniões interdepartamentais, tomando em consideração em vários aspectos que demonstram a igualdade e protecção do regime, bem como a viabilidade de operação real, em princípio, será aplicada uma alteração ao Regime da Segurança Social que serve como uma proposta de solução.” Nesta fase, frisa ainda o FSS, estão a ser ouvidos diferentes sectores relativamente à proposta e às questões técnicas que esta levanta. Na resposta à deputada, o organismo frisava que teve em conta experiências de outros países. Ao HM, o FSS diz ainda que o subsídio provisório de invalidez foi prolongado até 31 de Dezembro deste ano, sendo que desde 2014, data que se começou a aceitar o requerimento deste subsídio, até Junho de 2016 registam-se 458 casos de pessoas que são aptas para o receber.
Tomás Chio SociedadeJulgamento de Lei Yok Lam em caso de Filhos Maiores chega ao fim Na segunda-feira chega ao fim o julgamento de Lei Yok Lam, líder da Associação Pais dos Filhos Maiores, acusada de desobediência qualificada [dropcap style=’circle’]C[/drocap]ontinuou ontem o julgamento de Lei Yok Lam, líder da Associação Pais dos Filhos Maiores, que conhece a sua sentença na próxima segunda-feira. A acusação é de desobediência qualificada, num caso que remonta a Agosto de 2015. Naquela que foi a segunda sessão, a defesa de Lei Yok Lam negou que haja provas que mostrem que a responsável associativa tenha convocado os outros idosos membros do grupo para uma “manifestação ilegal”, como acusa a PSP. A falta de testemunhas e um vídeo que não é claro são os fundamentos do advogado, que pede a absolvição de Lei Yok Lam, de 64 anos. Foi no ano passado, aquando da presença de Chui Sai On, Chefe do Executivo, no plenário que a Associação dos Pais dos Filhos Maiores foi acusada de ter feito uma manifestação sem autorização em frente ao edifício da Assembleia Legislativa. A ré conta uma história diferente da polícia, dizendo que o objectivo dos idosos era entrar no hemiciclo, para ver se Chui Sai On abordaria o tema dos seus pedidos. Pedidos que consistem na permissão de residência para os filhos que moram no continente se reunirem com o agregado em Macau. Lei diz que a PSP não deixou os idosos entrar e a confusão instalou-se aí, tendo a senhora sido acusada de desobediência qualificada. Na sessão de ontem do Tribunal Judicial de Base passaram várias gravações do conflito, feitas pela PSP, onde se vê vários idosos a gritar e a ameaçar entrar na AL para assistir à sessão de perguntas e respostas do Chefe do Executivo. Ouve-se ainda os agentes a dizer que quem quiser entrar tem de se inscrever e que não se consegue garantir que todos conseguissem entrar. Mas a polícia também diz não “ter autorização por deixar os idosos entrar”. Confusão instalada O vídeo mostra também vários idosos a empurrar a barreira dos polícias, mas a situação aparenta-se confusa, não sendo visível se foi, de facto, Lei Yok Lam a incitar os idosos a entrar à força, como diz a acusação. O representante do Ministério Público (MP) considera que os idosos não tinham apenas como alvo assistir à sessão, porque eram mais de cem e alguns levavam um cartaz com os pedidos da Associação. Chio Tak Wo, defensor da líder associativa, descarta as acusações com um exemplo: se muitas pessoas estiverem em frente ao cinema, isto poderia ser um protesto ilegal? “Não e vários idosos chegaram lá neste dia para assistir a sessão, não há testemunhas que provem que os idosos foram convocados”. Sobre o cartaz, embora Lei Yok Lam seja a maior responsável da Associação, não tem culpa que outros tenham decidido levá-lo, frisou ainda. A juíza disse que o Tribunal vai avaliar as gravações e a decisão é conhecida na próxima semana.
Hoje Macau BrevesFundos chineses apostam em dívidas de bancos Segundo diz a Bloomberg esta segunda-feira, os gestores de fundos chineses reforçaram os seus controlos de risco e estão a acumular papéis de curto prazo de bancos, instituições que consideram ter menor probabilidade de não pagamento em relação às empresas. Os bancos venderam 6,2 biliões de yuans em certificados de depósito no primeiro semestre, triplicando o total de 1,7 biliões de yuans de há um ano atrás, segundo dados compilados pela Bloomberg. Embora a reguladora de títulos da China tenha proibido que os fundos do mercado monetário comprem dívidas corporativas com classificação abaixo de AA+ em Fevereiro, não há limitações para os chamados CDs. A HFT Investment Management e a Ping An Asset Management dizem que intensificaram a análise das notas que oferecem risco. “Os bancos têm um perfil de crédito mais forte que as companhias”, disse He Qian, de Xangai, gestor de fundos que administra cerca de 20 mil milhões de yuans na HFT, que não especificou os novos limites de investimento. “Os bancos também podem ir à falência, mas isto só acontece depois das falências das empresas provocarem um rápido aumento dos empréstimos em atraso. Por isso, embora os investidores possam não ousar comprar dívidas corporativas com classificações de crédito baixas, estão dispostos a colocar dinheiro em CDs de classificação mais baixa”. Segundo a reportagem, a procura pela segurança dos certificados de depósito está a ser impulsionada por um número crescente de calotes de títulos corporativos, que quase triplicaram este semestre em relação a todo o ano de 2015. As empresas tiraram mais de 200 mil milhões de yuans das vendas de títulos planeadas no segundo trimestre, quando o crescimento económico igualou o ritmo mais lento desde 2009. Isto deixou bastante dinheiro para ser alocado em papéis de curto prazo, que os bancos menores vêm emitindo para financiar seus negócios em vez de usar empréstimos interbancários.
Joana Freitas PolíticaGoverno não vai criar lei que proíba venda de álcool a menores [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo não tem planos para criar uma lei que proíba a venda de álcool a menores, como confirmou ao HM. A promessa tinha sido deixada em 2013 por André Cheong, na altura director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), mas não vai ser cumprida para já. “A nossa direcção não tem planos para criar essa proposta”, frisou uma porta-voz da DSAJ ao HM, depois do organismo ter sido questionado sobre o assunto. Fora dos planos está também a revisão dos regulamentos para bares e clubes nocturnos. Já não é a primeira vez que os deputados pedem este diploma. Zheng Anting foi o membro mais recente do hemiciclo a fazer esse pedido, através de uma interpelação escrita. O deputado alertou para a necessidade de criação de uma lei que contemple esta proibição ou, pelo menos, para a revisão da lei que regula bares e discotecas, de forma que estes locais possam impedir menores de 18 anos de beber. Na base da interpelação, Zheng Anting referia o aumento do número de consumidores mais jovens. Apesar de haver decretos para bares, karaokes e discotecas estes não só não limitam a idade, como não condicionam a entrada de menores. Em 2013, André Cheong prometeu estudar o assunto, mas não houve mais novidades até agora, quando o organismo frisa não ter planos para criar o diploma. Em Macau existe apenas a proibição de consumo de tabaco por menores. O HM tentou contactar Zheng Anting, mas este não se mostrou disponível para comentários.
Hoje Macau SociedadeCursos de Verão deverão ser cancelados até 2020 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) reforçou ontem a intenção de acabar com os cursos de Verão até 2020. A informação dada ontem através do site do organismo ressalva ainda que estes cursos fazem parte de um serviço opcional, ao contrário do que tem acontecido em algumas escolas, onde é reportado que os alunos são obrigados a frequentá-los. Neste momento, 70% das escolas já cancelaram o serviço e a entidade prevê que a desistência para o próximo ano chegue aos 80%. O ano lectivo de 2019/2020 é também a data apontada para a plena implementação das “Exigências das Competências Académicas Básicas” em todos os níveis de escolaridade não superiores e o cancelamento dos cursos de Verão é uma das metas de trabalho do organismo. A DSEJ sublinha ainda que está a aperfeiçoar, continuamente, os currículos e o ensino das escolas. O “Quadro da Organização Curricular da Educação Regular do Regime Escolar Local” publicado em 2014 alarga a limite a duração das actividades educativas das escolas de 180 para 195 dias, facultando a integração do curso de Verão nas actividades educativas de todo o ano lectivo. “A futura orientação política do Governo é acompanhar a concretização do aperfeiçoamento dos currículos e promete a plena transformação para fomentar uma evolução saudável dos alunos.” Os actuais cursos de Verão enquanto elementos de participação opcional permitem que não sejam pagos, se não frequentados. Mas a Macau Concealers publicou uma carta de reclamação de um pai a criticar a escola do filho, o Colégio Baptista de Macau, porque a escola terá obrigado os alunos a participar nesta iniciativa estival tendo descontado da conta do encarregado de educação do aluno 900 patacas. Como na altura o pai estava ausente de Macau, não conseguiu informar a escola de que o seu filho não participaria no curso. Quando o pai voltou para Macau, a instituição respondeu que já não era possível cancelar a transferência. * por Angela Ka Estudantes de Macau fazem curso em Bragança Um grupo de 25 jovens de Macau vai passar esta semana num curso de Verão do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) para contactarem localmente com a cultura e a língua portuguesas, divulgou a instituição. Trata-se, segundo o politécnico, de estudantes macaenses oriundos de Escolas Luso-Chinesas de Macau, finalistas do ensino secundário, que irão permanecer, no Nordeste Transmontano até sábado. De acordo com o Gabinete de Comunicação e Imagem do IPB, “o instituto preparou um conjunto de actividades de cariz formativo e cultural a acontecer na região, repartido por três áreas fundamentais: formação em língua e cultura portuguesas, viagens de estudo de carácter cultural e patrimonial e actividades culturais, desportivas e musicais”. Este curso de Verão terá uma segunda fase em Viana do Castelo, sob o patrocínio do Instituto Politécnico de Viana local e terminará em Lisboa, onde os estudantes estarão entre 3 e 5 de Agosto, para visitar os locais mais emblemáticos da capital. “A frequência deste curso de Verão mostra claramente a vontade dos estudantes e do governo de Macau, que apoia a iniciativa, de aprofundar a aprendizagem da língua portuguesa”, saliente o IPB. O Instituto Politécnico de Bragança tem estado envolvido em várias parcerias com universidades chinesas, “recebendo todos os anos vários estudantes chineses que se integram perfeitamente no sistema de ensino português e, particularmente bem no IPB e na cidade que os acolhe”, segundo ainda a instituição. Os responsáveis entendem ainda que “este é mais um passo na já consolidada internacionalização” do politécnico de Bragança, que acolhe um total de mil estudantes de 35 nacionalidades.
Tomás Chio Manchete PolíticaAliança da Juventude pede limite de dois anos para ocupação de cargos superiores por TNR O grupo político Aliança da Juventude pediu ao Executivo que limite o período de tempo que os TNR podem ocupar cargos superiores. Mais medidas para ajudar os jovens de Macau, que estão a ser prejudicados segundo o colectivo, também foram requisitadas [dropcap style=’circle’]O[/drocap]grupo Aliança da Juventude pediu ontem a Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), mais medidas para que os licenciados de Macau possam encontrar trabalho e mais fiscalização aos trabalhadores não-residentes (TNR), que consideram estar a tirar-lhes as vagas. Os jovens dizem haver dificuldades para que os finalistas entrem no mercado de trabalho e dizem que os de fora estão a “ocupar vários cargos de gestão”, o que influencia “negativamente” a promoção dos locais, e pedem mesmo que os TNR que ocupem cargos superiores só possam fazê-lo por dois anos. “Uma das razões sobre as dificuldades encontradas pelos finalistas é que o mercado laboral do território está cheio de TNR que ocupam principalmente os cargos de gestão, os cargos superiores. Isto influencia negativamente a promoção dos locais”, queixa-se o grupo. A Aliança da Juventude quer, por isso, que o Governo crie um “limite de dois anos” para que os de fora possam estar num cargo superior. Depois desse período, dizem, os TNR têm de sair, de forma a que “se possa garantir a promoção dos locais”. Mistérios locais Ng Mao Lam, presidente do grupo, disse ao HM que a Aliança criticou ainda uma situação que considera como “um fenómeno estranho”: ainda que haja muita publicidade de emprego, continuam a existir dificuldades em procurar vagas, o que leva o grupo a suspeitar que “as publicidades servem apenas para enganar” o Governo, para dizer que os locais ou não respondem, ou não aceitam o trabalho, tendo as empresas justificação para encontrar TNR. O grupo diz ainda que há falta de fiscalização da parte do Governo: “Já garantiu que não vai permitir aos TNR serem motoristas, mas muitas empresas recrutam esses trabalhadores para levarem bens a clientes, pelo que esses trabalhadores conduzem viaturas também, ou seja trabalham como motoristas”. A promessa do Governo, recorde-se, diz apenas respeito aos motoristas de autocarros, sendo que já foi admitido pelo sector que há dificuldades em encontrar estes profissionais em Macau. Num comunicado, o grupo político defende que a queda da economia e do número de turistas está a criar dificuldades aos jovens que acabam os cursos, especialmente no que toca a encontrar vagas e especialmente para os que saem dos institutos de ensino superior locais. A Aliança diz que o Governo não está a dar apoio suficiente e pede uma revisão das políticas ao Executivo. De acordo com o responsável do grupo, a DSAL apenas disse estar a acompanhar o assunto dos TNR, ainda que o director do organismo tenha explicado que o trabalho de combate não é suficiente porque os recursos humanos são limitados. Wong Chi Hong terá ainda garantido que iria oferecer formação aos licenciados, com uma duração de dois meses, para os que terminarem poderem directamente trabalhar ou estagiar nas empresas de Jogo. Ng Mao Lam frisa, contudo, sentir-se “satisfeito” com a resposta da DSAL sobre as questões. AL? Não é para já A Aliança da Juventude tem-se mostrado activo na apresentação de pedidos sociais ao Governo, mas quando questionados se têm intenções de candidatar-se às eleições da Assembleia Legislativa (AL) no próximo ano, o presidente afirma ao HM que ainda nem pensou sobre isto. “Nem pensamos, porque o grupo preocupa-se agora mais com os pedidos dos residentes.”
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeUCM | Novo mestrado. Inclusão de Direito Ambiental agrada à AAM Foi aprovado um novo mestrado em Direito de norma chinesa para a Universidade Cidade de Macau (UCM). O plano de estudos não parece trazer nada de novo à excepção de uma disciplina de Direito Ambiental, diz Paulino Comandante, ressalvando que esta deveria ser por si só uma área de especialização [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário-geral da Associação de Advogados de Macau, Paulino Comandante, considera que a abrir mais um plano de estudos para mestrado na área do Direito, a prioridade deveria ser dada ao ambiente. As afirmações feitas ao HM surgem na sequência da recente aprovação pelo Executivo do curso de mestrado em Direito na Universidade Cidade de Macau (UCM). O novo curso, que cumpre com a norma chinesa, parece não trazer grandes novidades aos já existentes no território, adianta Paulino Comandante. O advogado ressalva que ainda não conhece em profundidade o objectivo ou o conteúdo das disciplinas, mas da análise que efectuou é a inclusão da disciplina de Direito do Ambiente que mais salta à vista. “É uma área que deve ser explorada dada a necessidade que a região tem de profissionais”, afirma. Devido às transformações e desenvolvimento da RAEM, Comandante considera que há falta de mais advogados e profissionais na área da legislação que tenham como objectivo garantir boas políticas ambientais e de aproveitamento de recursos naturais. Mais do mesmo O despacho que permite a abertura do mestrado na UCM foi publicado na segunda-feira em Boletim Oficial, tendo sido assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Paulino Comandante compara o plano de estudos com os de outras entidades como a Universidade de Macau (UM) e apesar de “algumas diferenças, não encontra nenhuma de carácter substancial, à primeira vista”. Por outro lado, diz, há disciplinas que se confundem. Dando como exemplo o Direito da Lei Básica e o Direito Administrativo, o responsável da AAM diz ser “redundante” a inclusão de ambas num plano de especialização, sem que se perceba o objectivo. Inglês que não se entende A existência das cadeiras opcionais referentes a tradução jurídica de Inglês ou Português não é também clara para o secretário-geral da Associação. Enquanto que na UM o objectivo deste tipo de disciplinas é claro, o de formar quadros de especialidade na área, neste plano “não se entende muito bem”. Paulino Comandante não percebe ainda se este curso é “criado para satisfazer a necessidade de elaboração legislativa ou de tradução jurídica”. Se se concluir que a tradução também faz parte da especialização, a dúvida que levanta é relativa à língua inglesa. Ficam ainda por esclarecer, para o advogado, os conteúdos e os professores, mas “é um novo curso que pode facultar mais uma especialização aos interessados”, remata.
Joana Freitas BrevesAcordo fiscal diminui impostos para China e Macau O Secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong assinou um acordo fiscal com o Subdirector da Administração Tributária do Estado, Wang Qinfeng, em Pequim. O acordo serve para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre rendimentos. Desta forma, são reduzidos os encargos fiscais relativos ao pagamento de royalties a título das actividades de locação de aeronaves e navios e alargado o âmbito das operações de transporte isentas de impostos. A ideia, frisa um comunicado do Governo, é oferecer incentivos benefícios fiscais aos residentes dos dois lados, para ajudar a “fomentar o actual ritmo do desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau”. Foram introduzidas no protocolo a diminuição, de 7% para 5%, da taxa de impostos antecipados aplicável a royalties relativas às actividades de locação de aeronaves e navios no interior da China, e medidas contra a evasão fiscal sobre dividendos, juros, royalties e rendimentos patrimoniais. “A introdução dessas medidas é feita devido, particularmente, à preocupação cada vez mais elevada manifestada por parte da comunidade internacional quanto ao abuso de acordos fiscais, procurando, desta forma, reforçar a cooperação bilateral no âmbito de combate à evasão fiscal”, explica o comunicado. Já decorreram 12 anos desde a celebração do acordo fiscal agora alterado.
Joana Freitas BrevesChui Sai On em Pequim O Chefe do Executivo vai estar em Pequim entre hoje e sexta-feira, para um encontro com o secretário do Partido Comunista do Município de Pequim, Guo Jinlong. O encontro vai servir para abordar a implementação de uma parceria múltipla entre Macau e Pequim, sendo que o líder do Executivo visitará ainda a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, para uma reunião de trabalho sobre o primeiro “Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM”. Uma delegação de dez pessoas acompanha o Chefe do Executivo e Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça assume, durante estes dias, as funções de Chefe do Executivo.