Hoje Macau BrevesHainan Airlines compra obrigações da TAP [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Hainan Airlines, a maior companhia aérea privada chinesa, anunciou ontem a compra de 25% de obrigações convertíveis da TAP, por 30 milhões de euros, visando expandir as suas ligações aéreas na Europa e África. O negócio, que foi feito através da Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway, accionista da TAP), permite ao grupo chinês aumentar para 23% os benefícios económicos que detém na empresa portuguesa. Segundo um comunicado emitido em Fevereiro passado pela Hainan Airlines, o grupo compromete-se a realizar um empréstimo de 120 milhões de euros à companhia aérea brasileira Azul, destinado à compra de obrigações convertíveis da TAP a 10 anos. No conjunto, a empresa assegurará 6,4% do direito de voto na TAP e 55% dos benefícios económicos, lê-se na mesma nota. Além desse empréstimo, com maturidade de 181 dias e taxa de juro anual fixada em 14,25%, a HNA prevê mais um financiamento de 300 milhões de dólares à Azul, visando tornar-se accionista da empresa. A Hainan Airlines é considerada o quarto maior grupo na China no sector da aviação comercial, com cerca de 630 rotas domésticas e internacionais por dia.
Pedro Lystmann h | Artes, Letras e IdeiasA R.A.E.C. (Região Administrativa Especial do Caos) [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]rbanisticamente, Macau nunca evidenciou tantas deficiências. Não há praticamente zona nenhuma da Taipa e muitas de Macau e Coloane que não estejam em obras. Algumas delas têm anos de vida. O pó, a sujidade, a inconveniência e a fealdade acumulam-se. A poluição do ar e a poluição sonora são um mal constante e em várias áreas do território (em jardins com crianças) há um permanente cheiro a diesel. A zona em redor do aeroporto, primeiro local de contacto com a cidade para um número significativo de turistas, há anos que está um nojo. A zona das Portas do Cerco é um caos. O Terminal Marítimo Provisório da Taipa é um sítio de Terceiro Mundo. Ninguém parece perceber nada do que se passa e a confusão é total. A operação dos transportes públicos revela total incompetência, sendo sem qualquer dúvida a pior rede de transportes públicos de uma cidade rica que eu conheço. Não é preciso pensar muito para se perceber a razão de tudo isto: total provincianismo e ignorância pura. O que é o desenvolvimento? Não vale a pena estar a arranjar canteiros se não há flores. Macau não está mais desenvolvida, tem mais carros e motas, mais residentes, mais turistas, mais hotéis, mais cuspo, mais casinos, mais lojas de joalharia e parece maior. Mas os hospitais são os mesmos que havia há 25 anos; aumentou o número de escolas e de estabelecimentos de ensino superior mas a má qualidade é a mesma de sempre; o sistema de transportes (táxis e autocarros) é muito pior e a qualidade do ar deteriorou-se 100 vezes. Há muito mais actividade económica mas a administração (chamar-lhe governo seria um elogio que não merece) não faz nada (ou faz mal) há décadas. Quem tem feito é a Galaxy ou a Wynn, a Sands ou o senhor Ho. Sejamos claros: nos últimos quinze anos concluiu-se um projecto com decência: a ponte de Sai Wan; terminaram-se desastrosamente dois: a nova universidade (desastroso porque teria sido a oportunidade ideal para o regime mostrar cultura e ter contratado um arquitecto a sério e ter deixado obra singular e de referência) e a habitação social em Coloane (modelo inultrapassável de desprezo total pelos mais desfavorecidos); e falharam-se redondamente 4: a nova biblioteca central, o novo hospital das ilhas, o metro de superfície (anedota total 1) e o Terminal Marítimo da Taipa (anedota total 2). Que se tenham tentado apenas sete é sinal de imensa pobreza. O centro da cidade, que poderia ser dos centros urbanos da Ásia Extrema mais bonitos e com um potencial de charme imbatível, é uma feira pobre e, em termos comunitários, uma terra de ninguém, inteiramente abandonada à ganância e à falta de cultura. A pedonização de vastas áreas centrais em Macau e na Taipa tarda em chegar e o carro particular continua a ser a peça mais importante deste pesadelo, reflexo de uma mentalidade com 30 anos de atraso. Nos cruzamentos a polícia, muito incompetente, obriga os peões, idosos e crianças, a correr entre carros mesmo durante o seu tempo legítimo de atravessamento; metade dos condutores usam os telefones durante a condução; muitos não usam cinto de segurança; crianças pequenas usam o banco da frente como se vivêssemos em 1950; a quantidade de condutores, profissionais ou não, que permanece com o motor ligado quando parado é criminosa e a polícia (a não ser que aqueles miudinhos de azul não sejam polícias) não deve sequer perceber o que se passa. Ninguém parece ter a mínima noção do valor da promoção da ideia de comunidade e não se faz a reutilização de edifícios já existentes para mistos de habitação e recreação. Não se faz porque os responsáveis administrativos não sabem fazer. O meu projecto preferido neste momento, à falta de outros, é a passagem de peões circular construída junto ao Venetian que vai ligar . . . o quê . . . a quê? Será utilíssima a uma pessoa que esteja no City of Dreams e se queira deslocar à bomba de gasolina que se encontra numa das saídas desta cómica instalação urbana para comprar cigarros ou um gelado de chocolate e baunilha. A ligação para o lado do Venetian faz-se de modo muito mais conveniente por outra via. As outras saídas não servem para absolutamente nada. Se na bomba de gasolina não houver gelados de chocolate e baunilha isto vai ser um problema. Há duas hipóteses para a construção desta parvoíce: ou se trata de uma instalação de intenção artística demasiado cara ou é produto de total incompetência e falta de visão. Falando de projectos mais a sério o mais giro neste momento é a ponte entre Hong Kong e Macau/Zuhai. Concebida numa altura, febril, em que se pensava que a província de Guangdong, junto a Macau e Hong Kong, seria uma zona de olímpico crescimento fabril é, agora que as fábricas começaram a fechar e a China começou a deixar de interessar, a bridge to nowhere, um pouco como a ligação ferroviária entre Hong Kong e Cantão (Cidade de Guangzhou). Não é difícil perceber porquê. Da perspectiva de um residente de Hong Kong que razão o levará a querer ir a Cantão? Fazer o quê? Assim, o governo da RAEHK e a administração da RAEC não param de nos divertir: na primeira não conseguem fazer um comboio para uma cidade onde ninguém quer ir, na segunda, em 15 anos, não conseguem fazer um comboiozinho ligeiro, não conseguem fazer um hospital e não conseguem fazer um terminal marítimo. Em esforço conjunto não conseguem fazer uma ponte que, de qualquer maneira, não serve para nada. Felizmente que não é a administração que constrói casinos e hotéis senão só tínhamos um. Mercer Quality of Live Rankings 2016 Acho que não é inútil relembrar quais os critérios que a Mercer usa para classificar as cidades que lista como as melhores cidades para expatriados. Lembre-se que esta existe precisamente como instrumento para medir a qualidade de vida em cidades que receberão profissionais (e suas famílias) de outros países e que tipo de compensação deve ser atribuído aos profissionais em situações de risco. Serve igualmente às administrações das cidades. São critérios cujo cumprimento, no entanto, interessam igualmente a residentes. São levados em conta 39 factores, agrupados em 10 categorias (tradução própria): Atmosfera política e social (estabilidade política, crime, cumprimento da lei, etc.). 2. Atmosfera económica (regulamento cambial, serviços bancários). 3. Atmosfera sócio-cultural (acesso a órgãos de comunicação social, censura, limites às liberdades pessoais). 4. Considerações médicas e de saúde (serviços e provisão médica, doenças infecciosas, esgotos, remoção de lixos, poluição atmosférica, etc.). 5. Escolas e educação (nível e disponibilidade de escolas internacionais). 6. Serviços públicos e transportes (electricidade, água, transportes públicos, congestionamento de tráfego, etc.). 7. Recreação (restaurantes, teatros, cinemas, desporto e tempos livres, etc.). 8. Bens de consumo (acesso a produtos alimentares e de consumo diário, carros, etc.). 9. Habitação (mercado de arrendamento, equipamentos domésticos, mobiliário, serviços de manutenção). 10. Ambiente natural (clima, registo de desastres naturais). Tentar aplicar esta bitola a Macau seria doloroso. A primeira cidade da lista de 2016 é Viena, como acontece há sete anos. Seguem-se Zurique e Auckland, como em 2015. Singapura, a primeira cidade asiática e de matriz não ocidental, em 26º. Lisboa aparece em 42º lugar, antes de Chicago e Nova Iorque, e Tóquio, a melhor cidade da Ásia, ocupa o 44º posto. Hong Kong surge em 70º e Taipé em 84º. A última desta lista em que as considerações sobre a segurança são nucleares é Bagdad, em 230º posto. (dados recolhidos entre Setembro e Novembro de 2015).
Sofia Margarida Mota SociedadePereira Coutinho quer legislação para Homeopatia [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]homeopatia e a legislação que define a sua prática são temas transversais à actualidade de diversos países e, para José Pereira Coutinho, Macau não é excepção. O deputado manifesta a sua preocupação face à falta de leis nesta área, na sua mais recente interpelação ao Executivo. O deputado pretende saber de forma “clara” para quando o Governo pretende legislar e disciplinar as práticas homeopáticas, visando a protecção dos direitos dos residentes de Macau, já que esta continua a não ser qualificada como um serviço de saúde legalmente licenciável. “Tais questões não se justificam tendo já decorrido 16 anos de estabelecimento da RAEM por um lado e, por outro, dado o exemplo de outros países na matéria legislativa das práticas homeopáticas”, justificam os deputados. Desde o estabelecimento da RAEM que tem aumentado o número de profissionais de homeopatia, providenciando uma vasta gama de serviços não só aos residentes de Macau, como também a pessoas provenientes do continente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a homeopatia pode ser integrada em qualquer sistema público de prestação de cuidados de saúde. Só no Reino Unido existem cinco hospitais homeopáticos integrados no Sistema Nacional de Saúde. Desde 1980 que no Brasil a homeopatia é legalmente qualificada como actividade médica. Na Austrália foi considerada como prática médica e o ensino da homeopatia é ministrado nas mais prestigiadas universidades, segundo informação na interpelação.
Joana Freitas BrevesIAS encomenda estudo sobre vício do jogo O Instituto de Acção Social (IAS) encarregou o Instituto de Estudos sobre a Indústria de Jogo da Universidade de Macau (UM) de fazer um inquérito sobre a participação dos residentes de Macau em jogos de casino. O anúncio foi ontem feito pelo IAS, que diz que o objectivo é recolher “dados específicos que venham a servir de referência para o planeamento e o desenvolvimento dos futuros serviços de prevenção e tratamento dos distúrbios do vício do jogo”. O inquérito será feito por telefone entre hoje e 19 de Agosto de 2016 e é dirigido a pessoas com 18 anos ou mais. “A realização do inquérito tem como objectivo estudar, de uma forma contínua, a participação dos residentes de Macau nas actividades do jogo e a situação de distúrbio do vício do jogo. A Universidade de Macau irá utilizar o método de amostragem (…). Através do inquérito, pretende-se conhecer a participação dos residentes de Macau nas actividades do jogo, a percepção das actividades do jogo e do distúrbio do vício do jogo, bem como avaliar a actual taxa de prevalência do distúrbio do vício do jogo em Macau”, explica o instituto.
Joana Freitas BrevesCondição física da população a melhorar A condição física da população melhorou em 2015, comparando com os resultados de 2010. De acordo com o Instituto de Desporto, o nível geral da condição física melhorou significativamente em relação há cinco anos, “sendo mais evidente o do grupo das crianças, dos jovens e adolescentes (estudantes) e dos adultos”. No entanto, os idosos revelaram um nível de decréscimo. O relatório da Avaliação da Condição Física será apresentado ao público em meados de Setembro próximo e Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, referiu que o acréscimo positivo dos índices desta avaliação depende da “constante sensibilização da prática do desporto junto dos cidadãos”, responsabilidade que atribui ao Governo.
Hoje Macau BrevesPJ detém 17 pessoas por trabalho ilegal A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve mais de uma dezena de trabalhadores ilegais que se encontravam a trabalhar num estaleiro de obras. Eram 10h30, quando 15 agentes realizaram uma fiscalização surpresa num prédio perto na Praça de Lobo de Ávila, onde estavam a ser feitas renovações. Nesta acção, a PSP deteve cinco trabalhadores: dois deles são do Sudeste Asiático e não tinham documentos de identificação, três são do interior da China. Outros seis homens chineses foram detidos por estarem a trabalhar como operários quando tinham qualificação apenas para limpeza. Seis residentes locais foram também detidos por serem os responsáveis da empresa. Todos tinham entre 30 e 35 anos e os empregados recebiam entre 700 a 750 patacas por dia. Estavam a trabalhar há uma semana.
Joana Freitas EventosExposição de Leung Kui Ting prolongada [dropcap style=’circle’]A[/drocap]exposição Visão Indefinida + Digital: Exposição de Pintura a Tinta de Leung Kui Ting que se encontra patente na Galeria de Exposições Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) vai ser prolongada. O anúncio foi feito pelo Instituto Cultural, que diz que a chegada das férias de Verão levou a organização a prolongar o período de exibição até ao dia 14 de Agosto. A ideia é permitir “a um maior número de visitantes apreciar estas obras contemporâneas de qualidade extraordinária”. Esta exposição apresenta 28 obras de pintura a tinta de Leung, apresentando estilos e técnicas de pintura “invulgares” que dão a conhecer aos visitantes “uma nova abordagem à pintura a tinta”. Criadas com base na sua transformação e exploração da pintura tradicional chinesa, as pinturas do artista focam-se em paisagens “abstraindo-se das aparências concretas, ao invés de constituírem meros reflexos da realidade”. Leung inventou uma técnica de pintura paisagística digital, a qual sobrepõe linhas e pontos digitais sobre os contornos de desenhos de montanhas e rochas tradicionais, dando origem a obras de arte contemporânea verdadeiramente únicas. O artista de Hong Kong inspirou-se na região vizinha, que considera muito diversificada a nível cultural. “Pautando-se pela tradição cultural chinesa, a cidade é igualmente receptiva às tendências internacionais, propiciando uma coexistência harmoniosa entre estes vários constituintes. Tal como os seus precursores do seu círculo artístico, Leung Kui Ting absorve vários elementos do mundo, criando um estilo particularmente próprio de Hong Kong”, reforça o IC. Leung Kui Ting estudou Pintura com o “conceituado” artista Lui Shou-kwan, tendo ainda estudado Design com Wucius Wong. Em 1980, fundou o Instituto de Artes Visuais Chingying de Hong Kong, tendo integrado o corpo docente do Instituto Politécnico de Hong Kong, em regime de tempo parcial, ao longo de mais de uma década. A entrada é livre.
Hoje Macau China / ÁsiaRevista liberal encerra após mudanças na direcção [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revista chinesa Yanhuang Chunqiu, que está associada à ala liberal do Partido Comunista Chinês (PCC), encerrou após Pequim ter imposto despedimentos e troca dos membros da direcção, informou ontem um jornal de Hong Kong. Fundada em 1991 por membros da ala reformista do PCC, a Yanhuang Chunqiu destacava-se pelo seu apoio à democracia constitucional e artigos que contrariavam a versão oficial sobre épocas controversas, como a Revolução Cultural (1966 – 1976). Segundo o South China Morning Post, que cita um comunicado emitido por um editor daquela publicação recentemente despedido, Du Daozheng, a revista foi ordenada a deixar de difundir as causas dos despedimentos e trocas na direcção que reflictam a “menor tolerância para com reformistas e liberais”. A directiva terá sido imposta pelo ministério chinês da Cultura através da Academia Nacional de Artes da China, que supervisionava aquela publicação. “Qualquer publicação com o título Yanhuang Chunqiu não terá nada a ver [com a antiga linha editorial]”, lê-se na nota de Du, que foi despedido com o argumento de ser “muito velho”. Du, de 93 anos, era a principal figura da revista e chegou a ser chefe da Administração Geral da Imprensa e Publicação, o órgão de censura do Governo chinês. O antigo jornalista afirma que a revista “representava as reformas dentro do Partido e o liberais que fazem parte da estrutura do poder”, e que uma das suas posições mais progressivas era “urgir o PCC a avançar com as reformas políticas”.
Joana Freitas EventosOrquestra Chinesa de Macau com concerto de encerramento [dropcap style=’circle’]A[/drocap]Orquestra Chinesa de Macau apresenta este sábado o concerto de encerramento da Temporada de Concertos 2015/2016. “Noite de Encores” é o título dado à festa, que tem lugar este sábado, às 20h00, no Teatro Dom Pedro V. Sob a batuta do Director Artístico e Maestro Principal Pang Ka Pang, a Orquestra Chinesa de Macau apresenta neste concerto “uma série de encores sublimes”, que incluem árias de “Cármen” – considerada o auge da ópera francesa do século XIX -, de “Cavalleria Rusticana”, uma tragédia italiana de amor e vingança passada numa povoação rural da Sicília, e de Turandot, nomeadamente “Nessun Dorma”, que incide sobre a ordem da princesa Turandot para que ninguém dormisse na cidade até que fosse descoberto o nome do príncipe. O programa inclui ainda a “Polca Sob Trovões e Relâmpagos”, em que os sons do vento, da tempestade e dos trovões são retratados de forma expressiva, “Noite Bela”, uma peça que venceu, em 1993, o Prémio de Melhor Obra de Música Clássica Chinesa do Século XX da Associação de Promoção da Cultura Chinesa e “Boas Notícias de Pequim para Alcançar a Fronteira”, uma peça de estilo simples que evoca o espírito da Província de Yunnan. “Danças Eslavas, uma composição sinfónica inspirada nas tradições étnicas eslavas e em elementos típicos da Boémia, é outro dos temas, entre “outras tantas” peças do repertório clássico da Orquestra. Os bilhetes para o concerto “Noite de Encores” encontram-se já à venda a 60 patacas, na Bilheteira Online de Macau.
Joana Freitas Eventos MancheteFIMM | Ray Hargrove e Valery Gergiev chegam em Outubro O programa só é oficialmente conhecido no final da próxima semana, mas o HM deu uma espreitadela ao que o IC promete para esta edição do Festival Internacional de Música [dropcap style=’circle’]J[/drocap]á tem data marcada, para Outubro, e só se saberá a programação completa na quinta-feira da próxima semana. Mas o HM apurou que Macau vai receber obras e artistas de renome no Festival Internacional de Música (FIMM) 2016, que marca a 30ª edição do evento. Uma espreitadela ao site do Instituto Cultural (IC), permite levantar a ponta do véu. Dos Estados Unidos da América chega Roy Hargrove, trompetista de renome na cena musical internacional, que tocou ao lado de artistas como Herbie Hancock, que já subiu ao palco do Centro Cultural de Macau. Com 46 anos, Roy Hargrove é compositor e músico, tendo liderado várias bandas, como a RH Factor, que incluía elementos do Jazz com Hip Hop e Gospel. Jazz Latino, Soul e Hard Bop são alguns dos géneros em que o artista se insere. Vencedor de dois Grammy, o trompetista iniciou-se em sessões de ‘jam’ em Nova Iorque. Gravou a sua primeira música com o saxofonista Bobby Watson. Em 1990, lançou o seu primeiro álbum, “Diamond in The Rough”. Em 1993, incumbido pelo Lincoln Center Jazz Orchestra, escreve “The Love Suite: In Mahogany”. Joe Henderson, Stanley Turrentine, Johnny Griffin, Joshua Redman e Brandfor Marsalis são outros dos grandes nomes do Jazz com quem Hargrove subiu ao palco. Mas foi com a banda Crisol, formada por si, que venceu o seu primeiro Grammy, em 1998, com “Habana”. D’Angelo, Macy Gray, Nile Rodgers e Erikah Badu também contaram com a sua colaboração. Roy Hargrove tem tocado em vários festivais à volta do mundo, com o Roy Hargrove Quintet e Roy Hargrove Big Band. Ainda não se sabe se chega a Macau sozinho ou com outros músicos. Da Rússia e da China O FIMM vai ainda contar com o russo Valery Gergiev. Maestro e pianista, é o principal líder da Orquestra Sinfónica de Londres e do Metropolitan Opera. É ainda o director artístico do Festival Noites Brancas em São Petersburgo. Nascido em Moscovo, teve como professor aquele que é considerado um dos maiores maestros da Rússia, Ilya Musin. Gergiev estreou-se no comando da Ópera de Mariinsky com “Guerra e Paz”, de Prokofiev. Foi ainda chefe da Orquestra Filarmónica da Arménia de 1981 a 1985. Além de tributos a Charlie Chaplin e musicais chineses, como “O Sonho de Um Aroma”, a 30ª edição do evento vai ainda contar com uma apresentação da ópera “Turandot”, a última de Giacomo Puccini. Dividida em três actos, conta a história de uma princesa que prometeu amaldiçoar o povo se não encontrasse o príncipe até de manhã. A obra, que inclui temas musicais de origem chinesa e de Verdi, ficou inacabada por causa da morte de Puccini, tendo sido completada por Franco Alfano. Não é possível perceber quem vai ser a companhia responsável pela apresentação, mas o IC garante que no dia 28 de Julho sai o programa completo. O FIMM acontece durante todo o mês de Outubro e os bilhetes vão estar à venda em Agosto, com descontos de 30% para quem comprar entradas de 7 a 14 deste mês.
Joana Freitas BrevesPolícia com concursos para “aproximação” da população As Forças de Segurança anunciaram o lançamento de dois concursos abertos a todos os residentes de Macau. Um deles incide na elaboração de uma composição em Chinês, o outro em fotografia. O Concurso de Fotografia tem este ano o tema “Polícia aos Olhos da População”, estando dividido em duas categorias. A primeira é apenas para os residentes de Macau, que podem tirar as fotografias com câmaras profissionais ou telemóvel. A segunda destina-se a agentes das Forças de Segurança, reformados ou efectivos. Já o Concurso de Composição em Língua Chinesa destina-se a alunos que estejam a frequentar cursos em Macau ou no exterior e também a alunos do secundário. Os trabalhadores das Forças de Segurança também podem participar, mas num grupo interno. A ideia do organismo é “promover a cultura policial e estabelecer uma imagem positiva”, de forma a aproximarem-se da população. As inscrições para os concursos estão abertas até 30 de Outubro de 2016 e haverá três vencedores em cada grupo e dez menções honrosas. A apreciação de obras será feita pelos membros de Comissão Preparatória dos concursos e por profissionais. A lista dos vencedores será divulgada em Janeiro e as candidaturas podem ser feitas na página das Forças de Segurança.
Joana Freitas BrevesIC recolhe candidaturas para Festival Fringe Em Janeiro do próximo ano o Festival Fringe volta às ruas de Macau e o Instituto Cultural (IC) já abriu as candidaturas para os artistas e associações que queiram fazer parte da festa. O Fringe de 2017 é a 16ª edição do festival organizado pelo IC. A recolha de propostas para o programa está aberta até 26 de Agosto e permite obras locais e estrangeiras, colaborações inter-regionais e qualquer formato, desde o teatro à música e à dança. Os artistas locais ou as associações registadas na Direcção dos Serviços de Identificação têm de deixar o formulário de candidatura no Edifício do Instituto Cultural, na Praça do Tap Siac. O Festival Fringe de 2017 irá ter sessões interactivas e um conceito de pensamento “out of the box, com experiências inovadoras nas ruas e travessas” do território.
Hoje Macau China / ÁsiaVIH | Fugas de informação sobre portadores viola “direitos fundamentais” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]fuga de informação com a identidade de vários portadores do VIH na China violou os seus “direitos fundamentais”, considerou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS), após ser noticiado que centenas de infectados foram burlados. No total, 313 portadores do vírus foram contactados por pessoas que se apresentaram como funcionários do governo a oferecer subsídios em troca de informações sobre as suas contas bancárias, informou um jornal chinês. Os burlões usavam a informação para extrair dinheiro das suas contas, enquanto aqueles que identificaram que se tratava de fraude foram ameaçados de que os seus dados seriam publicados ‘online’. A China registou vários casos de ostracismo contra pacientes com VIH/sida, pelo que a divulgação das informações seria particularmente sensível. Os estrangeiros infectados não conseguiam, até 2010, obter vistos para entrar no país, enquanto o mercado de trabalho chinês exclui portadores do vírus. Sem protecção Em Dezembro passado, mais de 200 pessoas assinaram uma petição para expulsar da aldeia uma criança de oito anos infectada, lançando o debate sobre este estigma. “Trataram-me pelo nome e sabiam o meu número de identificação, empresa, endereço, estado civil e até quando me foi diagnosticado e o hospital onde vou”, contou ao Southern Weekly um portador da doença. A OMC condenou a fuga de informação como uma violação dos direitos dos pacientes e avisou que o caso pode dissuadir as pessoas de serem sujeitas a testes e aceder a tratamentos ou serviços preventivos. “A confidencialidade das pessoas e informações sobre a saúde de alguém que procura serviços médicos para o VIH deve ser protegida”, afirmou em comunicado. As autoridades de saúde da China afirmaram, entretanto, que já reportaram o caso à polícia e actualizaram a sua tecnologia de encriptação. “A informação pessoal de pessoas infectadas com VIH/ sida é protegida pela lei”, escreveu o Centro para o Controlo de Doenças e Prevenção da China em comunicado, apelando ao combate contra este crime.
Sofia Margarida Mota EventosRio2016 | Jogos Olímpicos no Brasil marcados por problemas A edição deste ano dos Jogos Olímpicos está a ser marcada por graves crises económicas e políticas no país anfitrião. A falência do Estado do Rio de Janeiro e os sucessivos episódios de violência na cidade carioca são algumas das preocupações. O terrorismo e a falta de condições de saúde juntam-se ao ramalhete [dropcap style=’circle’]O[/drocap]site do comité organizador dos Jogos Olímpicos (JO) 2016 anuncia em contagem decrescente os 17 dias que faltam para a realização do maior evento desportivo do mundo. Pela primeira vez, foi seleccionada uma cidade sul-americana: as hostes cabem ao Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, mas agora falida e dominada pela insegurança. O Brasil vai receber a 31ª edição do evento, mas as expectativas não são muito positivas. Se quando foi escolhida, em 2009, a insegurança da cidade carioca já era uma preocupação, a situação parece ter vindo a piorar, como relatam alguns portugueses a viver no local. Segundo a agência Associated Press (AP), aquando da eleição do Rio como sede dos JO, o prefeito Eduardo Paes admitiu existirem “grandes problemas” relativos à segurança, ainda que Paes garantisse que esta iria ser reforçada. O Comité Olímpico Internacional (COI), no entanto, expressou optimismo quanto à capacidade da cidade e do Brasil em responder a estas preocupações, ao afirmar que sete anos seria tempo suficiente para o Rio de Janeiro resolver os problemas de criminalidade. Mas os anos passaram e o Rio continua a debater-se com uma insegurança constante. Helena Fonseca, portuguesa a residir no Brasil há cerca de três anos, diz ao HM que actualmente conhece até pessoas que, tendo que viajar para o Rio, escolhem trajectos de modo a aterrar a sul da cidade. “Mesmo que tenham que continuar viagem, evitam passar por zonas que estão totalmente dominadas pelo tráfico”, salienta, dizendo porém “que as [autoridades] sabem bem como dominar o tráfico quando querem”. A AP confirma a existência de um programa para controlar os níveis de criminalidade nas favelas locais. Unidades de Polícia (UPP) estão a ser criadas para reerguer a confiança através do uso de patrulhas de rua e do trabalho cívico. No entanto, apesar da queda no número de homicídios e de violações dos Direitos Humanos, a Human Rights Watch alerta para que o país investigue a ocorrência de assassinatos extrajudiciais. E antes de chegar às ruas, a insegurança já dá as boas-vindas nos aeroportos. A 4 de Julho, o Jornal Estadão dava a notícia de manifestações a ser realizadas por polícias e bombeiros na zona de chegadas ao aeroporto António Carlos Jobin, também conhecido pelo Galeão. Os manifestantes seguravam cartazes a dizer “bem-vindos ao inferno”. Os elementos das Forças de Segurança argumentavam que o facto de não receberem salários há meses os fazia “estar a morrer”, enquanto perguntavam “como é que uma cidade sem segurança pode sediar os Jogos?”. “Para os Olímpicos há tudo e para nós não há nada”, diziam ainda. Luís Manuel, português que também está no Brasil há três anos, considera que estas são essencialmente vozes em que “os sindicatos estarão a aproveitar a oportunidade para exigir melhorias nas suas condições de trabalho que são efectivamente precárias”. Para Luís, contudo, numa cidade já tão assolada pela insegurança – como é o caso do Rio de Janeiro – o problema vai manter-se o mesmo. “Mas quando chegar a hora H acredito que não vão deixar de estar nas ruas para manter a segurança”, acrescenta, esperançoso. Questionado sobre a segurança durante os JO numa área afectada pela falência do governo estadual, o presidente do Comité Organizador Rio2016 vincou que “o projecto de segurança para os Jogos é muito bom”, como refere o canal Sapo. Contudo, tendo em conta o historial do evento, advertiu que “ninguém está imune a um lobo solitário”. Terrorismo eminente E, se não era suficiente o medo da criminalidade comum, o terrorismo paira também sobre a cidade do Cristo Redentor. A edição de segunda-feira do Correio da Manhã noticiava que “quatro pessoas com ligações a grupos terroristas pediram credenciais para o Rio2016”. A informação foi avançada pelo programa Fantástico, da TV Globo. Além dos quatro suspeitos, com fortes ligações ao radicalismo islâmico, haveria mais 36 elementos com ligação a outros grupos extremistas que fizeram pedidos de credenciais, todos recusados por orientação do Comando Integrado Anti-Terrorismo (CIANT), um órgão criado na Polícia Federal brasileira. O terrorismo é também preocupação para Carla Fellini, vice-presidente da Casa do Brasil em Macau, mas que fala ao HM a título pessoal. “Em Abril foi confirmada a ameaça por um terrorista do Daesh de atacar o Brasil”, relembra. “A questão da segurança continua a ser polémica, sendo que 76% da população diz que o país não está preparado para lidar com ameaças reais de terrorismo.” Relativamente a possíveis medidas que estejam a ser tomadas, Carla Fellini afirma que há tropas das forças armadas a ser treinadas para a segurança dos Jogos. “Por volta de 22.800 membros recebem cem horas para enfrentar a ameaça terrorista e ataques biológicos.” Biologia de esgoto Bactérias, água imprópria e Zica também estão na ordem do dia quando se fala de Rio de Janeiro e dos Olímpicos. Segundo notícia da Globo, quase 1400 atletas velejarão nas águas da Marina da Glória na Baía de Guanabara, nadarão na Praia de Copacabana e praticarão canoagem e remo nas águas imundas da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em Julho de 2015, a AP encomendou quatro testes à qualidade da água em cada um dos locais de competição e também à água da Praia de Ipanema, muito frequentada por turistas. Os resultados dos testes indicaram altas contagens de vários tipos de vírus em muitas das amostras. Os vírus são conhecidos por causar doenças estomacais, respiratórias e outras, incluindo diarreia aguda e vómitos. Outras consequências são doenças cerebrais e cardíacas. As concentrações dos vírus foram aproximadamente as mesmas que são encontradas no esgoto puro. Na candidatura olímpica, as autoridades cariocas prometeram um programa governamental de quatro mil milhões de dólares para expansão da infra-estrutura de saneamento básico. Como parte do seu projecto olímpico, o Brasil prometeu construir unidades de tratamento de resíduos em oito rios para filtrar boa parte dos esgotos e impedir que toneladas de resíduos caseiros fluíssem para a Baía de Guanabara, mas apenas uma foi construída. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, reconheceu que “para a Olimpíada, não dá tempo” para terminar a limpeza da baía. Haja repelente Já relativamente ao Zica, haja repelente. Segundo o Comité português que está em “contacto directo com a Direcção-Geral de Saúde e a seguir atentamente todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre esta matéria”, todas as recomendações têm sido transmitidas aos atletas que “não manifestaram qualquer preocupação de maior sobre o tema nem levantaram quaisquer questões”, como garantiu o Comité ao HM. Mas os portugueses já estão preparados. “Vamos seguir as recomendações dadas pelas autoridades competentes, que incluem, entre outros cuidados, o uso recorrente de repelentes, tendo já o COP garantido um acordo com uma marca de repelentes local para o seu fornecimento para toda a comitiva.” Se fosse hoje era outra coisa O presidente do Comité Organizador Rio16, Carlos Arthur Nuzman, admitiu, em entrevista ao jornal Globo de segunda-feira que, no cenário actual, o Rio de Janeiro não seria escolhido para sede dos Jogos Olímpicos de 2016. “Em toda a candidatura, na hora que entra em processo de julgamento, todos os factores são pesados na balança pelo COI. Na situação que hoje está, eu acho que o Rio não seria escolhido”, afirmou. A mesma opinião é partilhada pelo Comité Olímpico de Portugal que diz ao HM que “sem dúvida que a realidade é muito distinta daquela que o Brasil vivia quando foi escolhido para acolher os Jogos Olímpicos”. “O próprio responsável máximo do comité organizador já reconheceu publicamente que se fosse hoje o Brasil não ganharia e provavelmente nem seria candidato. Porém, apesar desta realidade, todos os esforços estão a ser feitos para o sucesso do evento e queremos crer que tudo correrá bem. É naturalmente essa a nossa expectativa e vontade, mas temos alguma expectativa sobre o que vamos encontrar”, afirma o gabinete de comunicação ao HM. De braços abertos As questões são muitas e as soluções poucas. Valha a hospitalidade do povo brasileiro que parece ser uma dominante comum, tanto para Helena, como para Carla. “Uma ideia um pouco romântica ou até infantil mas considero que dado o carácter acolhedor do brasileiro, ele irá receber da melhor maneira os visitantes que possam vir a visitar os jogos”, afirma a primeira portuguesa acolhida pelo povo do samba. Já Carla, que reside em Macau, não deixa de sublinhar que “o Rio de Janeiro estará, apesar de tudo, com os braços abertos como o Cristo Redentor que abençoa aquela cidade, para receber todos os que lá chegarem”. “A maior riqueza que ainda temos é a hospitalidade, o povo sorridente que mesmo enfrentando todas as dificuldades, sabem transformar tudo isso em alegria”, remata. Com ou sem doping, é igual O governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, lamentou da o facto de o Rio de Janeiro estar sem laboratório para fazer análises anti-doping a um mês dos Jogos, depois de a Agência Mundial Anti-doping (AMA) o ter suspendido por não cumprir os requisitos internacionais. “A AMA tinha aprovado, houve um erro e suspenderam. A AMA vem fazer a inspecção e esperamos que tenha uma solução positiva. O laboratório é espectacular”, lê-se no Sapo. China com maior delegação de sempre O Rio de Janeiro receberá em Agosto a maior delegação de atletas já enviada pela China em toda a história dos Jogos Olímpicos, segundo noticiou a agência Xinhua na passada segunda-feira. Ao todo, 256 mulheres e 160 homens, entre eles 35 campeões, compõem a equipa de 416 atletas chineses. A delegação inteira terá 711 membros, incluindo 29 treinadores estrangeiros, segundo informou Cai Zhenhua, vice-chefe da Administração de Desportos do país asiático. Rússia pode ser banida O Comité Executivo da Agência Mundial Anti-doping (Wada) recomendou ao Comité Olímpico Internacional que considere negar a participação de todos os atletas submetidos ao Comité Olímpico Russo, adianta a agência Brasil. A recomendação também vale para os paratletas russos ligados ao seu respectivo comité. O Wada também sugere que o acesso de autoridades do governo russo aos Jogos Rio 2016 seja negado. As recomendações foram feitas após a divulgação de um relatório assinado por Richard McLaren, nomeado para conduzir a investigação baseada nas denúncias do ex-director do Laboratório de Moscovo, Grigory Rodchenkov, sobre adulteração de testes anti-doping para mascarar o uso de substâncias proibidas pela Wada. O relatório afirma que as fraudes em testes anti-doping foram postas em prática do final de 2011 até Agosto de 2015 na Rússia. Diz ainda que atletas russos “de uma vasta maioria de desportos de Verão e Inverno” eram beneficiados pela “metodologia do desaparecimento positivo”. Além disso, McLaren afirma que as autoridades russas sabiam da prática por atletas participantes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi.
Fernando Eloy VozesExcepção sem regras [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]oucas são as coisas sobre as quais tenho certezas. Os dedos de uma mão chegam, e sobram, para as contar mas, de entre essas poucas, a consciência de que tudo muda em permanência é uma delas. Estando em Macau, então, essa noção da mudança é ainda mais notória. Muito tem mudado e uma das transformações mais evidentes é o facto de os portugueses já não serem bem vindos a Macau por muito que o Governo tente dizer o contrário. Mas está no seu direito e, contra isso, nada! Macau continua a ser terra china mas já não sob administração portuguesa – como dizia o estatuto orgânico do território – pois assim era e não colónia como alguns erroneamente pensam ou querem fazer pensar. Ainda esta semana, dizia à Rádio Macau a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, que “há menos portugueses a pedirem residência em Macau porque quem procura trabalhadores desiste de esperar meses pela aprovação dos processos” explicando ainda que “a Casa de Portugal, tem tido dificuldade em contratar formadores portugueses” e que muitos portugueses “não estão para vir para o outro lado do mundo para uma situação muito periclitante”. A isto chama-se “lida àpapelada”, uma forma sub-reptícia de lidar com as questões, uma fuga para o lado, uma cernelha burocrática para ver se os bichos se cansam e, pelos vistos, bem sucedida. Mas não é apenas assim que os poderes locais afastam os portugueses de Macau. “Àpapelada” afastam os que tentam vir, os que já cá estão são afastados com a mudança brusca do modo de vida. Leia-se proibições em barda, interpretações estritas das leis, intolerância administrativa, eliminação de tudo o que é lazer – como a ideia peregrina de tratar as piscinas de recreio como instalações desportivas – poluição descontrolada, destruição do património mediterrânico, enfim, um ataque frontal ao Macau descontraído, ao famoso “laid-back”, característica tão marcante da cidade até pouco depois de 99. A tonalidade que tantos atraiu pela sua forma única de viver, por ser um enclave mediterrânico na Ásia, motivo de romances, telas, imaginários e vidas está praticamente extinta. A realidade é que enquanto os portugueses conseguiram, ao longo de séculos, permitir a vida chinesa e a manutenção intacta das suas tradições e formas de estar, a administração chinesa, em meia dúzia de anos, conseguiu arruinar a nossa. Mas, como disse, são opções e quem não está bem muda-se, precisamente o que vai acontecendo. Todavia, grande parte da culpa é nossa. Pelas melhores razões, mas é nossa. Como português orgulho-me da decisão que levou à entrega da cidadania nacional aos residentes de Macau que assim a pretenderam aquando da passagem para a China. Ficou-nos bem, mais ninguém o fez. Mas, como português, tenho de reconhecer agora que, como as coisas mudam, esse estatuto de nacionalidade-de- mão-beijada, para quem não fala e lê português ou tem qualquer contacto evidente com a nossa cultura, já não faz sentido e tem de ser revisto. Continuar a produzir cidadãos sem qualquer ligação à nossa cultura, conforme a lei portuguesa obriga, é uma aberração e um tiro no pé. O estatuto de excepção deve de ser revisto e com urgência. Para o bem de todos e, no limite, para o bem de Macau e da própria China. Explicando. A imprensa portuguesa de Macau está em crise. O mercado publicitário é diminuto e isso deve-se à falta de leitores e à pouca capacidade de penetração que tem na população de Macau. Mas a imprensa portuguesa de Macau faz falta ao território porque, como o seu estatuto lhe impõe, actua servindo de tabelião das liberdades e garantias, verificando factos, denunciando injustiças, dando voz a quem dela precisa e segue rigorosos códigos deontológicos e de conduta como cabe a uma imprensa livre, saudável e responsável. Do outro lado, todos sabemos que a imprensa chinesa de Macau não só não faz nada disso como se rege por padrões de conduta muito mais difusos. Sem esquecer o sistema legal, que não se compadece com alunos que apenas decoram artigos mas precisa que os mesmos percebam a cultura que origina a jurisprudência. Pelas mesmas razões, a venda de livros em português também não é famosa na cidade e assim perde Macau a possibilidade ter uma população com sentido crítico, de mente aberta e universalista que, de facto, faz a ponte com os países de língua portuguesa e um sistema jurídico humanista; Portugal perde a possibilidade de ter em Macau um ponto cultural avançado de contacto com a China e o resto do Oriente e a China perde a ideia da plataforma de contacto com o mundo lusófono pois, num futuro próximo, esta transformar-se-á numa quimera, num pastiche. Segundo a lei da nacionalidade portuguesa (n.º 37/81) no seu artigo 1º (nacionalidade originária), “os indivíduos nascidos no estrangeiro com, pelo menos, um ascendente de nacionalidade portuguesa do 2.º grau na linha recta (…) se declararem que querem ser portugueses e possuírem laços de efectiva ligação à comunidade nacional (…) podem inscrever o nascimento no registo civil português”. “Laços de efectiva ligação à comunidade nacional”? Sem se falar ou entender o idioma, como é feita a ligação? Via Cristiano Ronaldo?… No ponto três do mesmo artigo lê-se ainda que “a verificação da existência de laços de efectiva ligação à comunidade nacional (…) implica o reconhecimento, pelo Governo, da relevância de tais laços, nomeadamente pelo conhecimento suficiente da língua portuguesa e pela existência de contactos regulares com o território português”. Admito que alguns tenham contactos com o território nacional mas não o conhecimento suficiente da língua. Isso tem de acabar, não apenas pelas razões expostas mas também para não alimentar a ideia de portugueses de primeira e de segunda que todos sabemos existir, e com alguma razão. A revisão urgente deste estatuto de excepção, parece-me, por isso, crucial pois em nada beneficia Portugal, nem Macau, nem a China, nem os portugueses e outros lusófonos que aqui vivem, nem as empresas e associações que aqui montam. Por isso, sugiro que num futuro próximo e em prazos justos a definir, a renovação dos documentos de identificação portugueses pressuponha o “conhecimento suficiente da língua”, dando cumprimento à lei portuguesa. Naturalmente, terão de ser salvaguardadas excepções como, por exemplo, para pessoas acima de uma certa idade, ou com incapacidade manifesta de aprendizagem. Obrigará a um esforço do IPOR e de várias outras entidades mas não há impossíveis e tem de ser feito, para o bem de Portugal, de Macau e da própria China se, de facto, pretende que Macau sirva como ligação ao mundo lusófono. Não podemos é continuar a distribuir passaportes como quem atira confetti numa festa de carnaval, pois aos países, tal como às pessoas, aplica-se a velha máxima de que “quem muito se baixa, muito o cu se lhe vê”. MÚSICA DA SEMANA “After All” (David Bowie, 1970) “We’re painting our faces and dressing in thoughts from the skies, From paradise But they think that we’re holding a secretive ball. Won’t someone invite them They’re just taller children, that’s all, after all”
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasO jogo de Mahjong – 搓麻將的女人 * por Julie O’yang [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim 2008 é o nome do quadro pintado pelo artista sino-canadiano Liu Yi 刘溢. Foi finalizado em 2005 e exposto no ano seguinte na Feira de Arte de Nova Iorque. Pouco depois foi postado na Internet e incendiou opiniões em todo o mundo. Muita gente defendia, incluindo internautas e críticos de arte, que neste trabalho estavam subjacentes mensagens de natureza política. Recentemente, na sequência da polémica em torno do Mar do Sul da China, o quadro voltou a ser notícia. Antes de mais nada, reparemos bem na figura representada no quadro pendurado na parede da esquerda. Quem é este homem? É sem dúvida uma combinação de três antigos lideres chineses altamente carismáticos: Sun Yat-sun, Chiang Kai-shek e Mao Tsé-Tung. Vê-se que o rosto do homem tem uma mistura dos traços dos três. Mas qual será o significado desta representação? Do meu posto de vista, significa que a China, separada nas suas várias facções e, em conjunto, dá origem a uma situação insolúvel, frustrante, um puzzle de diferentes ideologias e identidades. Continuemos a observar a figura do quadro, porque existem mais aspectos importantes. É o único que está vestido, e olha com indiferença as mulheres em diversos estados de nudez. A que tem tatuagens nas costas representa a China. À esquerda, intensamente concentrada no jogo, está a mulher que representa o Japão. Vestindo uma camisa e com a cabeça inclinada, temos a América. A que está deitada de forma provocadora, é a Rússia. E a rapariguinha em pé, do lado, é Taiwan. E que dizer das peças que seguram? As peças visíveis da rapariga China, “Ventos de Leste”, significam o renascimento da China como potência mundial. Significam também, que o poderio militar da China já foi colocado sobre a mesa. A China parece estar bem posicionada, no entanto não conseguimos ver o resto do jogo. A mulher tatuada segura ainda algumas peças debaixo da mesa. A América mostra-se confiante, mas lança um olhar a Taiwan para tentar ler a sua expressão e, ao mesmo tempo, parece querer sugerir-lhe qualquer coisa. À primeira vista, a Rússia não aparenta interesse no jogo, mas se olharmos com mais atenção, um dos seus pés estica-se em direcção à América, enquanto com uma das mãos passa sorrateiramente algumas peças à China. Superpotências envolvidas em jogos duplos e trocas secretas. O Japão observa muito sério as suas peças, sem se dar conta das acções dos demais… E se estas mulheres tivessem estabelecido como regra despir uma peça de roupa sempre que uma delas perdia? Por isso há quem sugira que o pintor indica que a vitória final se travará entre a China e a América. E, embora a América tenha muitas capacidades, elas estão a jogar Mahjong, um jogo chinês, e não Póquer, um jogo ocidental. A América nem sequer se lembrou de cobrir o baixo ventre, enquanto joga contra a China segundo as regras chinesas, por isso será que tem alguma hipótese de ganhar? Não há dúvida de que este pintor é um grande contador de histórias. Liu Yi: “…Pego nos sonhos das massas e faço magia com eles.”
Hoje Macau BrevesAcidente com autocarro faz 26 mortos em Taiwan Pelo menos 26 passageiros de um autocarro com turistas da República Popular da China morreram na sequência de um acidente na estrada que conduz ao aeroporto de Taoyan, em Taiwan. Segundo os bombeiros de Taiwan, o veículo que transportava os turistas chocou contra uma barreira instalada na berma da estrada, tendo-se incendiado e explodido de imediato. Os mortos, excepto o condutor que era natural de Taiwan, eram turistas da província de Liaoning na República Popular da China. Segundo a direcção geral dos bombeiros os passageiros não conseguiram abandonar o veículo que se incendiou antes de explodir. O acidente ocorreu por volta das 13:00 na estrada nacional 2, perto do principal aeroporto internacional de Taiwan, em Taoyuan, a cerca de quarenta quilómetros de Taipé, a capital da ilha nacionalista. As causas do incêndio ainda não foram determinadas, assim como se desconhece porque motivo o autocarro chocou contra a protecção instalada na berma da estrada.
Hoje Macau BrevesDetidos quatro estrangeiros por venda de droga A Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem quatro estrangeiros por tráfico de droga. Segundo o canal chinês da rádio Macau, os suspeitos são de origem asiática e africana e da operação levada a cabo foram apreendidos ice e marijuana no valor de 380 mil patacas. As apreensões foram feitas num apartamento perto de Cemitério São Miguel Arcanjo, na sequência de uma denúncia de alguém que tinha adquirido estupefacientes a um dos detidos. O caso já seguiu para o Ministério Público.
Hoje Macau BrevesMulher enforca-se no Jinmei A Polícia Judiciária (PJ) encontrou um cadáver de uma mulher na casa de banho do casino Jinmei. Um funcionário do espaço disse que a casa de banho estava fechada desde as seis da manhã e que, por isso, chamaram os Bombeiros. Depois de deitarem a porta abaixo, os soldados da paz encontraram uma mulher que tinha utilizado um cinto para se enforcar. A PJ indicou que não encontrou qualquer testamento no casino, nem ferimentos suspeitos no cadáver, pelo que considera que o caso é um suicídio. A mulher era do interior da China e tinha 42 anos.
Hoje Macau SociedadeEngenheiro pede construção de ponte em vez de túneis ao pé da Nobre de Carvalho O responsável pelos empreendimentos One Central e MGM diz que o solo da zona não é bom para a construção de túneis ao lado da Nobre de Carvalho, como o Governo anunciou. Os custos e o tempo também seriam mais baixos [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]iu Yin Wai não acha viável a construção de dois túneis ao largo da Ponte Nobre Carvalho. O engenheiro, responsável por empreendimentos como o One Central e o MGM, diz que está familiarizado com a zona e que esta não é indicada para escavações. A ideia do Governo em construir dois túneis foi avançada este mês e tem como objectivo escoar o trânsito entre Macau e Taipa. Mas, a intenção está a gerar celeuma entre alguns profissionais, que recomendam a construção de uma outra ponte – além da quarta ligação que vai nascer – para que se possa poupar tempo e dinheiro. Para Siu Yin Wai, engenheiro sénior de Macau e Hong Kong e professor convidado da Faculdade da Construção Civil da Universidade de Macau (UM), a situação não é viável. O Executivo anunciou que encomendou a uma empresa um estudo sobre a possibilidade, mas facto de não ter mencionado a construção de uma ponte indica, para o profissional, que o Governo já tomou a decisão. “A construção de uma ponte ou um túnel não pode ser decidida somente pelo factor da paisagem, há outras contingências e a construção da ponte parece-me mais indicada”, disse em declarações ao jornal Ou Mun. Pontos a favor Siu Yin Wai foi o responsável pelos projectos de construção do One Central e MGM e assume que está familiarizado com a geologia da zona. O engenheiro frisa que a camada de pedra sob a Ponte Nobre de Carvalho é “demasiado profunda”, pelo que a penetração através da camada de solo “será difícil”. Siu Yin Wai também aponta a existência de altos custos e lentidão nos trabalhos. Pela sua experiência, diz, a construção da ponte iria demorar menos de cinco anos e seria mais fácil, barata e rápida. Siu Yin Wai sugere, por isso, que o Governo lance também um estudo sobre a viabilidade de construção de uma ponte. Lei Hei Wa, director de administração da Macau Association for Geotechnical Engineering, também falou do assunto no programa Macau Talk no sábado, onde sugeriu que o Governo estude os prós e contras da construção de uma ponte ao invés do túnel. “Os engenheiros só vão considerar a construção de um túnel se a proposta da ponte for impossível”, disse, revelando que o custo de manutenção da Ponte Nobre de Carvalho é de seis milhões por ano e a do túnel da Ilha da Montanha é quase o triplo, de 20 milhões por ano. O responsável estima que o período de construção dos túneis demore entre cinco a dez anos porque vai envolver os projectos dos novos aterros. Lei Hei Wa considera mesmo que o Governo pode pensar na demolição da velha ponte depois de ter esta quinta ligação feita. O estudo da viabilidade dos túneis não foi adjudicado por concurso público, tendo sido incumbido à CCCC Highway Consultants Macau Branch. O deputado Ho Ion Sang considera que o Governo adoptou esta forma de convite devido à experiência da empresa. * por Angela Ka
Joana Freitas Manchete PolíticaEleições AL | Chan Meng Kam nega candidatura a duas listas Uma notícia avançada na semana passada dava conta da candidatura de Chan Meng Kam à AL a duas listas, com o deputado a “ponderar” ser nomeado pelo Chefe do Executivo. Todos os envolvidos dizem que isso não vai acontecer [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão. “Não há qualquer intenção de candidatura a duas listas” de Chan Meng Kam às eleições da Assembleia Legislativa (AL). É o que garante o deputado, que diz que tal notícia é falsa. Os restantes membros da lista assinam por baixo e Ung Choi Kun, que alegadamente iria encabeçar uma das listas, diz-se “chocado”. Na sexta-feira, o semanário O Clarim anunciava a candidatura de Chan Meng Kam com duas listas para as eleições do hemiciclo de 2017. Uma delas, segundo o jornal, seria encabeçada por Si Ka Lon, número três de Chan Meng Kam actualmente, e Ung Choi Kun, ex-deputado, que foi número dois até 2013. Os dois negam a notícia. “Fiquei chocado com a pergunta e depois fui confirmar”, começa por dizer Si Ka Lon ao HM, depois de uma segunda chamada. “É um rumor. De facto, ainda nem tivemos sequer qualquer reunião ou discussão aberta sobre as eleições. E isto é tudo o que posso revelar, porque não sei mais nada”, disse, acrescentando que agora quer “continuar a concentrar-se no actual trabalho de deputado”. Já Ung Choi Kun acusa o órgão de comunicação social “de ter fabricado” a notícia. “Não existe tal coisa”, frisou. Questionado sobre gostaria de regressar ao trabalho de deputado, o ex-legislador garante que não. “Depois de acabar o meu último trabalho de deputado, já não mostrei vontade de continuar a participar nas eleições à Assembleia Legislativa. Claro que acho que, mesmo não sendo deputado, ainda posso continuar a contribuir para a sociedade, ajudar à formação dos jovens de Macau, apoiar o Governo a fazer os trabalhos de melhor forma. Estou sempre a acompanhar essa situação”, mas não pretende voltar ao hemiciclo. Chan Meng Kam, que respondeu às questões do HM pela secretária, mostrou-se incomodado com o que diz serem “rumores”. O deputado, que segundo O Clarim “ponderava assumir o cargo de deputado nomeado caso recebesse convite de Chui Sai On”, não descortinou mais pormenores. “Só podemos dizer pelo deputado que essa notícia é totalmente feita de rumores e é falsa. O deputado não quer responder agora às vossas perguntas sobre as eleições da AL, neste momento, porque ainda está a decidir o que vai fazer. Depois, quando a lista for entregue, sabe-se tudo”, frisou. Chan Meng Kam sempre foi um candidato eleito directamente pela população, tendo na corrida passada, conseguido ocupar três assentos no hemiciclo. Além de Si Ka Lon, Song Pek Kei é uma das outras deputadas na lista de Chan Meng Kam. O semanário O Clarim, que não citava fontes para a notícia, dava conta que a deputada iria ser a número dois de Ung Choi Kun. O HM tentou também chegar à fala com a deputada, mas não foi possível. * com Angela Ka
Tomás Chio PolíticaDeputado pede fiscalização na emissão de gases [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Leong Veng Chai apela ao Governo para a restrição da circulação de veículos cuja emissão de gases atinja o nível 5 ou superior. Leong Veng Chai alerta ainda para a necessidade de mais fiscalização a camiões que passem no território e aos shutle-bus cada vez mais usados por agências de viagens e casinos. As declarações foram feitas à MasTV, em que o deputado tem em conta a pequena dimensão do território para dizer que o seu elevado número de residentes e turistas interfere negativamente na qualidade do ar. Apesar de, no que respeita a autocarros, o Governo exigir uma emissão de nível 2, ainda assim abaixo da média, a RAEM é, cada vez mais, estrada para autocarros shutle-bus comprados baratos e sem regras no que respeita à emissão de agentes poluentes. Os camiões são outra fonte de preocupação. Muitos destes veículos que circulam em Macau são transporte de mercadorias entre a China continental, Hong Kong e a RAEM. São “camiões velhos e que não respeitam qualquer tipo de legislação referente à emissão de gases”, diz. Estes são os motivos que levam Leong Veng Chai a apelar a uma maior fiscalização fronteiriça. O deputado sugere que alguns departamentos governamentais como a alfândega, o Instituto dos Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) possam verificar as emissões destes camiões quando passaram a fronteira, a fim de diminuir a poluição para Macau.
Hoje Macau SociedadeAmbiente | Tarifas diferentes para consumos diferentes, pedem associações * por Angela Ka [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo deve estabelecer um regime de recompensa e punição para cessar o gradual crescimento do consumo da energia. A sugestão é feita por associações de defesa ambiental, que dizem que o exemplo deve vir de cima e, concretamente, do Governo, com uma boa gestão no consumo. As grandes empresas também são visadas já que, sendo das maiores gastadoras também deveriam ser incentivadas a ser as grandes poupadoras, dizem associações. As declarações foram feitas ao Jornal Ou Mun, onde Joe Chan, presidente da Macau Green Student Union frisou que, para as grandes empresas poderem tomar decisões neste sentido, o Governo deve tomar a iniciativa e dar o exemplo. Chan refere que as medidas energéticas que Macau adopta não são sustentáveis. Relembra ainda que, com a pequena dimensão do território, não se justifica o investimento em energia alternativa, sendo que se encontra dependente da compra ao exterior de gás natural e electricidade. “O consumo de energia nos últimos dez anos duplicou, mas como não existe outra saída, o que Macau pode fazer é controlar o aumento do consumo de energia per capita. Ultimamente a consciência da população já aumentou muito, mas o consumo de electricidade comercial tem aumentado, sobretudo no Jogo”, referiu. Chan defende que o Governo “provavelmente não consegue negociar com as companhias” de Jogo porque está ligado a essas receitas por um lado e, por outro, porque não consegue fazer uma gestão correcta do seu próprio consumo de energia. A sugestão da Associação vai no sentido de estabelecer um regime de recompensa e punição para fiscalizar o consumo excessivo dentro das entidades pertença do Executivo. A Associação Energia Cívica, liderada por Agnes Lam, organizou no sábado as Mesas Redondas Cívicas onde também se discutiram medidas de poupança energética. Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam relembrou que o consumo de energia per capita também aumentou em cerca de 30% no ano passado. Lam U Tou frisa que há quatro anos, o Governo procedeu a uma consulta pública sobre a possibilidade da aplicação de tarifas diferentes a entidades de diferentes dimensões, mas o plano foi abandonado. O presidente apelou ainda para o regresso a essa estratégia de execução tarifária. Menos golfinhos brancos O número de exemplares de golfinhos brancos caiu de 87 para 65 exemplares no prazo de um ano. A notícia foi ontem avançada pela imprensa local, que refere dados do relatório do Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação da RAEHK. A culpa será da construção de infra-estruturas de grande envergadura nas águas ao largo de Hong Kong, que estarão a pôr em risco a existência da espécie. Os responsáveis pela Sociedade de Conservação de Golfinhos Brancos de Hong Kong receiam o total desaparecimento da espécie num futuro próximo.
Tomás Chio Manchete SociedadeFilhos Maiores | Líder da Associação nega acusações em tribunal O Tribunal Judicial de Base recebeu ontem Lei Yok Lam, do grupo Pais dos Filhos Maiores. Acusada de desobediência qualificada, a idosa nega ter convocado uma manifestação para a AL sem autorização [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem a ser julgada Lei Yok Lam, secretária-geral da Associação Pais dos Filhos Maiores, acusada de desobediência qualificada. A acusação diz que a responsável estava a bloquear as portas da Assembleia Legislativa (AL) juntamente com vários outros membros da Associação, mas esta nega. O caso remonta a Agosto de 2015, quando se realizava na AL uma reunião plenária com Chui Sai On, Chefe do Executivo. Centenas de idosos encontravam-se em frente ao edifício da AL: a Associação diz que era para assistirem à reunião, mas que lhes foi barrada a entrada; o Ministério Público (MP) assegura que os idosos estavam a manifestar-se. O problema gerou conflitos entre a PSP e a Associação, tendo Lei Yok Lam sido detida. Ontem, a acusação voltou a dizer que os idosos estavam a fazer um protesto sem autorização do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e que até empunhavam um cartaz. Na sessão de audiência, a responsável explicou que chegou à AL para assistir ao plenário, porque gostaria de saber se o Chefe do Executivo iria falar sobre os pedidos da Associação, que há anos pede ao Governo a autorização de residência em Macau para os filhos maiores de 18 anos que se encontram no continente, de forma a que o agregado familiar possa estar junto. Troca de acusações Lei Yok Lam diz que foi impedida de entrar pela polícia que, na altura, lhe disse “que tinham deixado entrar 50 idosos no plenário”. A responsável diz que é mentira e afirma que o caos se instalou quando um idoso desmaiou por se sentir mal. A idosa ameaçou então a PSP de que entraria à força às 15h00, hora do plenário começar, se os agentes não a deixassem entrar antes. Uma das testemunhas ontem ouvidas, um chefe da PSP, assegurou ontem no Tribunal Judicial de Base que tinha alertado os idosos “duas vezes” para que saíssem do local, mas que estes “nunca aceitaram”. O agente diz que os idosos forçaram a entrada, quebrando a barreira da polícia, incitados por Lei Yok Lam, pelo que foi esta responsável que foi detida. Lei Yok Lam nega que o tenha feito, tal como nega que tenha convocado os idosos. Diz que só soube da presença do Chefe do Executivo através dos telejornais e outros três idosos, testemunhas, também disseram que chegaram à AL com o mesmo intuito da colega: ver se o líder do Governo iria falar sobre o seu caso. O caso continua hoje, sendo que vai ser disponibilizada uma gravação sobre o momento.