Sofia Margarida Mota PolíticaLei Eleitoral já foi entregue ao hemiciclo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho Executivo já aprovou as mudanças propostas pelo Executivo à Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL). O anúncio foi feito na sexta-feira, um dia depois de ter sido apresentado o conteúdo do relatório da consulta pública, e o diploma revisto está já no hemiciclo, ainda que a sua entrada não tenha sido oficialmente autorizada até ao fecho desta edição. Das principais alterações ao diploma constam a definição clara do conceito de propaganda eleitoral, a nomeação dos membros da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) no ano anterior ao acto eleitoral, a proibição de um deputado se candidatar a lugares no estrangeiro, o reforço das penalizações por corrupção e estabelecimento de um novo regime de responsabilidade penal para pessoas colectivas. Os requisitos de candidatura passam ainda a exigir um depósito de 25 mil patacas não reembolsáveis e um deputado eleito que renuncie ao mandato é impossibilitado de se candidatar na eleição suplementar. O Governo já tinha anunciado na semana passada que o diploma iria ser entregue à AL com carácter de urgência, dado a existência de eleições em 2017. Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, assegurou na sexta-feira que foi dada “muita atenção ao trabalho de consulta e que o Conselho Executivo, com certeza, não discutiu só num instantinho o conteúdo desta proposta”. A questão da impossibilidade dos candidatos que renunciam se voltarem a submeter a eleições foi interrogada por vários jornalistas no sentido de esclarecer se esta medida não irá contra a Lei Básica, mas o director dos Serviços de Administração e Função Pública, Eddie Kou, disse apenas que esta mudança tem como objectivo “assegurar a justiça das eleições credibilidade dos deputados”, adiantando que a ideia surgiu do resultado da consulta pública. Para Leong Heng Teng, o assunto é claro e “não contraria a Lei Básica”. O porta-voz do Conselho Executivo adianta ainda que a proposta ainda será discutida em AL, onde podem ser debatidos estes e outros aspectos menos consensuais.
Joana Freitas DesportoMMA | Venetian recebe campeonato mundial da ONE este mês O Venetian recebe para a próxima semana mais um evento de MMA, este da marca ONE, uma promotora asiática. O norte-americano Andrew Leone defronta o brasileiro Adriano Moraes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s portas da Arena do Venetian vão abrir a 13 de Agosto para receber um campeonato mundial de Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla inglesa). O ONE – Heroes of The World chega a Macau pela primeira vez e apresenta nomes de peso no cenário das artes marciais. Marcado para sábado às 19h00, o evento conta com Adriano “Mikinho” Moraes como cabeça de cartaz, juntamente com Andrew Leone. O brasileiro do Jiu-Jitsu e ex-campeão do mundo da ONE de pesos-mosca vai defrontar o nova-iorquino de 26 anos, lutador de Wrestling e candidato ao título. Leone estreou-se com uma vitória sobre o filipino Geje Eustaquio em 2013, tendo vencido já por duas vezes “contra oponentes de relevo”, como assegura a organização, como é o veterano japonês Koetsu Okazaki. “O combate entre Adriano Moraes e Andrew Leone vai, com certeza, ser duro de roer, deixando uma marca nos fãs de MMA numa noite que eles não mais vão esquecer”, antecipa a ONE. Mas o “Heroes of the World” não estaria completo sem os melhores do MMA da Australásia. Por isso, chega das Filipinas Eduard Folayang, o australiano Adrian Pang, o “herói da RAEHK” Eddie Ng, o ex-campeão da ONE Honorio Banario, Alain Ngalani, Christian Lee e Martin Nguyen, estes dois últimos vistos como “estrelas em ascensão”. O ONE é uma das maiores organizações asiáticas de Desporto. Com sede em Singapura, é responsável pela organização de combates de MMA em diversos locais do mundo. Macau, prometem, não vai ser excepção. “A ONE continua a sua ascensão como uma das melhores organizadores de MMA do mundo e tem um evento massivo, com um excelente cartaz planeado para Macau já em Agosto”, explicou Victor Cui, CEO da ONE, citado num comunicado. Os bilhetes para o evento, que acontece num mês em que Macau recebe também o Encontro dos Grandes Mestres de Wushu, estão já à venda e custam entre as 180 e as 2800 patacas.
Tomás Chio Manchete SociedadeJogo | Pedida lista negra para clientes violentos Os ataques a funcionários do jogo têm-se sucedido e, por isso, é preciso uma lista negra que impeça jogadores irados de voltar a entrar nos casinos. É o que pede a Associação de Empregados das Empresas de Jogo, a quem se junta Zheng Anting para dizer que há muitos ataques que ficam nas sombras [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Empregados das Empresas de Jogo apelou à criação de uma lista negra para os clientes que causaram problemas e foram violentos com funcionários dos casinos. A ideia é impedir que estes jogadores, que não são poucos de acordo com a Associação, deixem de poder entrar nos casinos novamente. O apelo surge depois de ter sido conhecido um caso de uma croupier violentada por um jogador na semana passada. Mas surge não só porque o caso não é único, como também porque tem vindo a aumentar a gravidade destas situações, como refere Choi Kam Fu, presidente da Associação. “Cuspir na cara nem é mau. Às vezes ameaçam bater ou mostram armas aos funcionários. A situação está a ficar mais grave e é preciso mais atenção”, frisou aos jornalistas numa conferência de imprensa onde foram denunciados mais casos. A conferência contou com uma croupier de apelido Chio, que trabalha num casino na zona da ZAPE, e que foi agredida por um cliente que perdeu dinheiro. Estava “zangado”, diz a mulher, e descarregou na funcionária, algo comum para estes trabalhadores cujo dia-a-dia é feito “de insultos” quando os clientes perdem dinheiro, como referiu Choi Kam Fu. O responsável da Associação disse que, só este ano, houve seis casos de violência para com empregados do jogo, número confirmado pela Polícia Judiciária que assume ter feito quatro detenções relacionadas com este problema em sete meses entre as seis queixas apresentadas. Quem ajuda? Choi Kam Fu pede ajuda à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para a criação da lista negra, porque considera que é preciso salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Já o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) indicou apenas que as operadoras de Jogo têm a responsabilidades de denunciar estes casos à polícia, porque o organismo não tem poder para investigar os casos. Wong Chi Hong disse ao Jornal Ou Mun que o organismo pode receber as queixas e encaminhá-las, mas nada mais. A Direcção de Jogos já assegurou que vai ter em conta a implementação de medidas para ajudar estes trabalhadores, mas nada avançou sobre uma lista negra. Zheng Anting, deputado, também apelou ao Governo para criar um sistema para garantir a segurança dos empregados de jogo, até porque “algumas operadoras dizem aos empregados para não denunciar os casos de ataques à PSP, devido à protecção da imagem das empresas”. O deputado diz mesmo que alguns empregados foram punidos pelas empresas porque denunciaram os ataques. Zheng Anting concorda, por isso, com a sugestão de Choi Kam Fu e diz que o Governo tem a responsabilidade de criar um sistema novo para garantir a segurança dos empregados de jogo, a fim de proteger a sua dignidade profissional.
Hoje Macau SociedadeRuído | Sugeridas obras nocturnas para aumentar eficácia Uma revisão à Lei de Ruído para permitir obras que “não sejam ruidosas” durante a noite é pedida por Lee Hay Ip, engenheiro. Mas há quem considere que basta uma melhor utilização das horas diurnas para que Macau veja algumas das obras terminadas [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ee Hay Ip, Presidente da Associação de Engenharia Geotécnica, diz que a chave para que as obras nas vias públicas não se arrastem por vários meses é permitir que aquelas que produzam um nível baixo de ruído possam ser feitas à noite. Em declarações ao Jornal Ou Mun, o engenheiro criticou a actual Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental, que limita as obras a serem feitas apenas durante o dia. O responsável sugere que obras de repavimentação e de compactação das superfícies das vias possam ser feitas também à noite, porque não fazem barulho e porque, assim, consegue reduzir-se em 30% o prazo de execução. “Quase não existe um lugar no mundo que não permita a pavimentação da estrada à noite. Macau é realmente especial”, disse, criticando também o que considera ser uma lei rígida face ao controlo do ruído, que “faz com que os obras que originalmente sejam benéficas à vida civil acabem por ser prejudiciais ao interesse público”. A Lei do Ruído já permite que existam obras a ser feitas à noite, tal como acontece com o metro ligeiro, em alguns locais. Mas a isenção tem de ser autorizada, algo com que Lee Hay Ip não concorda. “O problema é que a autoridade está na mão do Chefe do Executivo e o processo de aprovação demora muito tempo. Existe também a possibilidade de ser rejeitado. Basicamente ninguém vai solicitar”, refere, mencionando que em Hong Kong também se está a executar esta lei, permitindo a isenção, “o que é mais razoável e pode facilitar o processo”. Lam U Tou, secretário da Associação Choi In Tong Sam da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), diz não ser preciso a revisão da lei e discorda que o pedido ao Chefe do Executivo demore muito. Lam U Tou diz mesmo que as actuais queixas vêm sobretudo da baixa eficiência da execução de obras durante o dia, porque “as horas não são bem geridas”. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse recentemente que neste momento estão a ser realizadas cerca de cem obras nas vias do território, sendo que uma parte não conseguirá ser concluída até ao fim do Verão. *por Angela Ka Cotai em trabalhos A Estrada Flor de Lótus vai ser alvo de obras no próximo ano. O anúncio foi feito pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que explica que a área do local da obra é de aproximadamente de 58 mil m2, destinando-se cerca de 4300m2 a zonas verdes, cerca de 20 mil m2 a passeios e cerca de 33.700m2 a faixas de rodagem. A obra incluirá arruamentos e redes de drenagem e prevê-se que tenha início no primeiro trimestre do próximo ano. “Uma vez que a obra se localiza dentro de um terreno que foi novamente aterrado, situado junto da Estrada Flor de Lótus, o trânsito das vias públicas periféricas não será afectado. Prevê-se que o prazo de execução da obra seja de cerca de 780 dias úteis, o mais tardar”, refere a DSSOPT em comunicado. O comprimento total da via é aproximadamente de 1800 metros e nela caberão quatro faixas de rodagem nos dois sentidos, sendo que as partes laterais serão passeios com lugares de estacionamento. Parque nos NAPE A DSSOPT vai fazer obras de nivelamento numa zona dos NAPE, situada entre a Ponte Governador Nobre de Carvalho e o Centro Ecuménico Kum Iam, onde vai ser ainda instalado um sistema de iluminação destinado à zona provisória para estacionamento de veículos automóveis. Actualmente estão a realizar-se trabalhos preliminares relativos ao planeamento de várias infra-estruturas públicas nos terrenos, mas antes do início da construção, “e para racionalizar o uso dos solos” o terreno vai servir como uma zona provisória para estacionamento de autocarros e veículos automóveis pesados. A DSSOPT vai, por isso, proceder a obras de nivelamento do terreno e de pavimentação da via. Terminal com novas rampas O Terminal Marítimo do Porto Exterior, que dispõe de seis rampas para embarque e desembarque de passageiros, vai ser alvo de substituição no primeiro trimestre do próximo ano. As seis novas rampas são constituídas por materiais anti-derrapantes, abrigos de chuva, ventilação e iluminação.
Joana Freitas SociedadeNovo resort da Wynn no Cotai abre a 22 de Agosto [dropcap style=’circle’]O[/drocap]Wynn Palace, novo resort da Wynn no Cotai, abre a 22 de Agosto. O anúncio foi feito na sexta-feira passada, dia em que a operadora anunciou ainda receitas líquidas de 693,3 milhões de dólares norte-americanos, no segundo trimestre do ano, mais 3,6% do que em igual período de 2015. Num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a empresa referiu a data de abertura, tendo salientado ainda que o novo empreendimento deverá receber autorização do Governo para apenas cem novas mesas. O Executivo ainda não confirmou, nem avançou com números, mas se assim for a Wynn vai transnferir 250 mesas do Wynn Macau para o Wynn Palace. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 190,4 milhões de dólares, mais 9,8% do que no segundo trimestre de 2015, segundo um comunicado da empresa. “Estamos contentes com Macau”, disse Steve Wynn, o dono do grupo, numa videoconferência com analistas, na semana passada. Esta é a primeira subida das receitas da Wynn Macau após sete quedas trimestrais homólogas consecutivas. As receitas do jogo constituem o pilar da economia de Macau, pelo que precipitaram a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 20,3% em 2015, naquela que foi a sua primeira contração anual desde 1999, ano da transferência do exercício de soberania em Macau de Portugal para a China.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Prisão até 15 anos para envolvidos em sequestro de dona da Bossini [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ito envolvidos no sequestro e extorsão da herdeira de um magnata da moda de Hong Kong foram sexta-feira condenados a penas de prisão até 15 anos, decidiu um tribunal chinês. Queenie Rosita Law, neta do antigo milionário do vestuário, Law Ting-pong, fundador da cadeia de roupa Bossini, foi sequestrada de sua casa em Hong Kong em Abril do ano passado. A rapariga de 29 anos foi mantida em cativeiro na cave de uma casa na montanha por quatro dias, até que familiares seus pagaram um resgate de 28 milhões de dólares de Hong Kong. A maior parte do grupo de raptores fugiu para a China continental, onde foram capturados. Seis dos acusados foram condenados por sequestro e extorsão, enquanto outros dois foram condenados por ocultação e dissimulação de bens obtidos de forma ilegal, indicou um porta-voz do Tribunal de Shenzhen, de acordo com a agência France Presse. O líder do grupo, You Dunkui, foi condenado a 15 anos de prisão por sequestro e extorsão, e os restantes membros receberam penas entre 13 e dois anos de prisão efectiva. Queenie Rosita Law estava a dormir em sua casa em Hong Kong com o namorado quando um grupo de seis homens invadiu a residência, e em seguida amarrou e amordaçou o casal. O grupo roubou jóias e cerca de 3 milhões de dólares de Honk Kong em dinheiro, depois de forçar Law a dar-lhes as combinações de um cofre. Quase todo o dinheiro foi recuperado, incluindo parte do resgate que tinha sido enterrada junto à cabana na montanha para onde Law foi levada a pé, a cerca de 90 minutos da sua casa.
Tomás Chio Manchete PolíticaNovo Macau | PSP acusa associação de desobediência civil A Novo Macau está acusada de desobediência civil por ter alegadamente bloqueado a entrada da AL na entrega de uma petição. A acusação é da PSP, que já passou o caso para o Ministério Público [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau vai ser acusada de desobediência pela Polícia de Segurança Pública (PSP) por ter entregue uma petição em conjunto com cartazes com a figura de Chui Sai On. As autoridades asseguram ter já enviado uma gravação sobre o caso ao Ministério Público (MP). Segundo a publicação Macau Concealers, pertencente à Associação, a PSP acusa a Novo Macau de desobediência por causa da actividade da última quarta-feira na Assembleia Legislativa (AL), onde uma dezena de membros do grupo entregou uma petição sobre a doação da Fundação Macau à Universidade de Jinan. A Novo Macau escolheu entregar o documento na AL nesse dia devido à presença de Chui Sai On, que se encontrava no plenário a responder a perguntas e respostas dos deputados. A Novo Macau assegura que tinha já previamente combinado com os assessores da AL para a entrega da petição quando as autoridades decidiram intervir. Mas a PSP diz que, das duas associações que nesse dia entregaram uma petição à AL, só a outra é que cumpriu as orientações dos funcionários da AL e da PSP. A PSP acusa a Novo Macau de ter infringido as regras depois desta ter decidido juntar-se em frente ao hemiciclo com cartazes com a cara de Chui Sai On, mas também porque “o grupo se encontrou na porta da AL, bloqueando-a”. A PSP diz que “vários agentes e funcionários da AL aconselharam os membros da Novo Macau para escolher um representante para entregar a petição”, mas que a Associação não aceitou e, depois da entrega, ficaram à porta, “influenciando gravemente os outros que queriam entrar e sair da AL”. Devido à grande quantidade de gente no local, dada a presença de Chui Sai On, a PSP terá empurrado os membros desta Associação para os passeios, uma “medida que durou 25 minutos”. A acusação partiu daqui. Contraditório A Macau Concealers assegura, entretanto, que a Associação cumpriu as orientações da AL, entregando a petição na hora combinada e estando apenas a tentar entrar na AL depois da entrega, quando a porta estava aberta a todos os participantes e jornalistas e depois dos funcionários do hemiciclo terem recebido a petição e os cartazes. Na semana passada, a Novo Macau já tinha emitido uma declaração a criticar as acções da PSP, por achar que esta interveio ilegalmente na comunicação da Associação com a AL, o que levou que fossem criados obstáculos no exercício de liberdade e de democracia. A liberdade de expressão foi outros dos alvos da Associação, que acusou a PSP de intervir nas entrevistas do grupo democrata com os média. A acusação de desobediência da Novo Macau surge depois da líder da Associação dos Pais com Filhos Maiores ter sido condenada a três meses de cadeia com pena suspensa, precisamente pela mesma acusação da Novo Macau e também com a presença de Chui Sai On no hemiciclo.
Joana Freitas BrevesQuase a acabar prazo de acusação para Ho Chio Meng O período de investigação para o caso que tem Ho Chio Meng, ex-Procurador do Ministério Público (MP), como principal arguido vai acabar em Agosto e o MP tem de apresentar uma acusação dentro do tempo, sob pena da investigação dar em nada. É o que diz o Jornal Ou Mun, que cita um especialista da área do Direito. O MP ainda não apresentou qualquer acusação face ao ex-Procurador após a sua detenção em Fevereiro. A acusação terá de ser publicada em breve, diz um advogado citado pelo jornal chinês, que não dá o nome, porque caso contrário pode ser evocada a ultrapassagem do prazo limite para acusação. A fonte do Ou Mun defende ainda que o caso de Ho Chio Meng suscitou uma grande polémica na sociedade, o que torna difícil para a acusação dizer que deixou passar o tempo de seis meses para formular uma acusação. Ho Chio Meng está em prisão preventiva em Coloane, por suspeitas de corrupção, em conluio com outras chefias do MP e responsáveis de empresas privadas. O caso remete para a aprovação de várias obras, mas o ex-Procurador da RAEM ainda não foi formalmente acusado.
Joana Freitas BrevesGAES leva alunos à China e Europa Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) vai organizar a partir de hoje uma visita ao interior da China, Portugal e Reino Unido dedicada aos estudantes do ensino superior. A actividade, intitulada “Vida Enriquecida – Série de actividades diversificadas das férias de Verão para os estudantes do ensino superior de Macau”, pretende aumentar as capacidades individuais dos estudantes, para estes se prepararem melhor na integração no mercado de trabalho. Estão marcadas as viagens “O Ser e Saber da Língua Portuguesa – Curso de Verão em Portugal”, onde participam um total de 80 estudantes. Para além da participação em cursos intensivos de Língua Portuguesa, os estudantes têm a possibilidade de organizar as suas próprias actividades. A “Viagem à Procura das Raízes – Província de Shanxi”, que conta com 36 estudantes para dez dias de seminários temáticos, visitas a famosas empresas locais, excursões a locais históricos e culturais e actividades de experiência cultural no local. “Pesquisa na Província de Xinjiang” e “Viagem de Experiência de Aprendizagem a Cambridge” são dedicadas a 37 estudantes que vão deslocar-se à Região Autónoma Uigur do Xinjiang, para uma viagem de pesquisa, e a 20 estudantes, que partem no dia 7 de Agosto, para um curso de intercâmbio e aprendizagem com a duração de duas semanas na Universidade de Cambridge. A viagem abrange seminários temáticos, formação da língua, visitas a empresas bem conhecidas e a locais culturais.
Joana Freitas BrevesArguida no caso Ng Lap Seng leva 20 meses Sheri Yan, uma das acusadas de subornar oficiais da ONU no caso que tem Ng Lap Seng como um dos arguidos, foi condenada a 20 meses de prisão. A mulher já tinha admitido ser culpada de ter dado mais de 800 mil dólares a John Ashe, o anterior presidente da Assembleia Geral da ONU. Sheri Yan foi sentenciada pelo juiz Vernon Broderick, de Manhattan, que alertou para o facto de haver “grandes danos trazidos à imagem da ONU” por causa de subornos. De acordo com a advogada, Sheri Yan estaria a trabalhar como consultora quando conheceu Ashe, que caracteriza como “ávido por dinheiro”, que a convidou a ser sua assistente. A acusação defende, contudo, a que a maioria dos subornos vinha de Ng Lap Seng, o empresário de Macau que aguarda pelo julgamento em Janeiro do próximo ano.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeExposição de Franquia | Países de Língua Portuguesa cada vez mais destacados O passado fim-de-semana foi de mais uma edição da Exposição de Franquia de Macau. De entre cada vez mais participantes, do evento sai destacada a crescente presença de Países de Língua Portuguesa e uma cada vez maior participação de Portugal que vê em Macau o lugar privilegiado para entrar no mercado asiático [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Exposição de Franquia de Macau (MFE na sigla inglesa) teve lugar no passado fim-de-semana no Venetian. O evento serviu para empresários vindos um pouco de todo o lado terem oportunidade de dar a conhecer a sua área de negócio e estabelecer eventuais parcerias e Macau enquanto plataforma privilegiada de abertura ao mercado chinês e asiático foi, sem dúvida, factor aliciante para os participantes. Portugal não é excepção, nem os países da língua de Camões, que são cada vez mais a participar e com mais produtos e sectores. Mercado desejado A busca por uma oportunidade nos mercados do Oriente e um piscar de olho a “negócios da China” é o que motiva a vinda de muitos dos participantes portugueses, como o HM apurou. A WJ Events está representada no evento por Luís Martinez. O jovem empresário, que faz parte da Associação de Jovens Empresários Portugal China (AJEPC), já tem experiência no mercado asiático. Martinez esteve na MFE para “visitar e ver se estabelece parcerias com empresas que estejam cá, não só a nível de Macau, mas também China, Japão e mesmo Brasil”. A empresa que representa está associada ao turismo e já conta com diversas participações em eventos do género na Ásia. “Já tenho alguns clientes chineses que conheci na sua maioria em Macau e já fizemos algumas actividades em conjunto”, afirma. No entanto, o mercado não é fácil. Muito diferente, “exige que se esteja sempre a batalhar”. As maiores dificuldades estão associadas à barreira cultural, sendo que exige muito tempo e um bom conhecimento dos hábitos da casa. As expectativas é que desta feira resultem “mais parcerias para pôr Portugal enquanto destino turístico de relevo. Na China ainda não é conhecido como deveria ser”. Alimentos de qualidade Pedro Rodrigues dos Santos, Representante da AJEPS , a associação responsável pela vinda de algumas das representações portuguesas, diz ao HM que o objectivo da Associação é claro e visa ser uma rede de networking entre Portugal e a China. “É a segunda vez que a AJEPS está na Feira de Franquia e já tem muito trabalho feito e uma actividade muito dispersa, para além desta Feira.” Para Pedro Rodrigues dos Santos, o sector alimentar é “uma área de grande força por parte da indústria lusa e o mercado chinês é um mercado ávido por produtos de qualidade”, sendo que “Portugal marca pontos enquanto produtor na área”. A industria de comércio electrónico também está em força e está neste momento a identificar “parceiros no mercado chinês com os quais trabalhar”. “A AJEPS é o braço armado local que permite a expansão. Para fazer negócios com a China temos que ter a noção que as coisas não acontecem de um dia para o outro, mas sabemos que é um mercado com um enorme potencial de consumo”, explica, acrescentando que conta também com uma grande procura de produtos. “É este mercado gigante que concretiza um factor muito apelativo para qualquer empresa. É preciso entrar na cultura chinesa”, afirma Pedro Rodrigues dos Santos. E é isso que a AJEPS procura fazer: explicar a China a Portugal e vice-versa. “Macau é claramente a plataforma de excelência e começo para o ingresso no mercado chinês”, remata. Cosmética a dar o passo Não é a primeira vez que Maria Cristina Matos está no evento. No ano passado veio como oradora e este ano a directora da Associação Portuguesa de Franchising está cá com empresas associadas. “Trouxemos agora marcas portuguesas de forma a garantir uma expressão no evento. Viemos com quatro marcas”, afirma. Há sempre uma ligação afectiva muito grande a Macau e é uma forma de entrarmos no mercado asiático.” Maria Cristina Matos considera que os conceitos trazidos de fora são bem recebidos por cá. Para a directora, o sector em força presente é a área da estética. “A ideia é entrar no mercado asiático que tem Macau como porta de entrada”, refere salientando que para além da China, outros países, como o Japão, também estão na mira. Contornar convulsões O Director da Associação de Franchising do Brasil, Gustavo Orlandini Schifino, vê com satisfação a representação das quatro marcas brasileiras representadas no evento. As áreas representadas são o sector alimentar, de calçado e moda. “A Ásia é uma parte do mundo em grande desenvolvimento e o Brasil é um país com facilidade em entrar em diferentes culturas e de se adaptar a elas”, afirma. “Esta Feira representa uma boa oportunidade de expansão de negócios.” O Brasil está em profunda mudança e é necessário novos negócios para ultrapassar a fase difícil porque estar a passar, remata ainda. Em estreia Este ano Timor-Leste e Moçambique são as grandes estreias da Exposição. João Baptista dos Santos, representante da Trade Invest Timor Leste, falou ao HM das esperanças que tem na maior divulgação do que se faz no seu país. É a primeira vez nesta exposição, mas o responsável tem experiência em eventos idênticos realizados na RAEM. Das experiências anteriores e que motivaram agora esta estreia, está a expectativa de conseguir “muito lentamente” dar a conhecer áreas de negócio do seu país. “Ainda nos falta muito para conseguir promover os nossos produtos, mas pelo menos as pessoas vão vendo o que se passa e conhecendo outros empresários e, quem sabe, poderemos sair daqui com algumas parcerias efectuadas”, afirma ao HM. “Não somos ricos em dinheiro, mas somos ricos em coisas que podemos mostrar”, diz João dos Santos em tom de esperança. Lugar especial Tony Hoi representa a Perfeição, Ldt.. A empresa de marketing pretende também ser uma plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. “Facilitamos a promoção de entidades [desses países] no continente”, esclarece Tony Hoi. Macau é um sítio especial pelo uso da Língua Portuguesa , o que facilita a posição de plataforma privilegiada. A empresa que está em Macau tem ainda escritórios em Lisboa e Pequim e pretende poder dar uma mãozinha no conhecimento do que se faz em cada um destes cantos do mundo. Já a Associação de Comércio Integrado com a América Latina e os Países de Língua Portuguesa parece ter voltado às origens dos negócios. Ao HM, um representante da Associação explicou que “aqui não se comercializa com dinheiro”. Os produtos são de troca. “A China dá as suas cerâmicas enquanto que o Brasil, país com quem a Associação tem uma mais forte ligação retribui com pedras semipreciosas”, o que é, para a Associação, uma fórmula de sucesso no que respeita à plataforma que representa entre os países com quem colabora. A partir da entidade os produtos continuam o seu caminho para o comércio de retalho. A MFE A MFE pretende representar uma plataforma de intercâmbio e cooperação, bem como disponibilizar às pequenas e médias empresas oportunidades de transformação e aperfeiçoamento. Criada em 2009, a “MFE tem registado, ao longo dos anos, melhorias, e a sua dimensão tem, igualmente, vindo a crescer”. A informação é dada na cerimónia de abertura por Jakson Chang, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O lema da actual edição foi “Expansão contínua de marcas – Novas oportunidades de negócio” . O evento contou com cerca de 160 expositores que representaram mais de 180 marcas oriundas de países como a China, Países de Língua Portuguesa, países do Sudeste asiático, Taiwan, Hong Kong e Macau. A edição contou ainda com a realização do “Fórum sobres as oportunidades de negócios em franquia de marcas internacionais”, para o qual foram convidados especialistas oriundos do Brasil, Portugal, Japão, China continental e Macau de modo a estabelecer um momento de partilha de conhecimentos e experiências acerca do franchising na era digital. O fórum dos compradores Vip foi também presença no programa de modo a facilitar o contacto entre representantes de fundos de capital de risco e as empresas expositoras. Na cerimónia de assinatura de protocolos realizada no dia de abertura da MFE foram assinados 18 protocolos essencialmente entre a China continental e as RAE de Macau de Hong Kong. Produtos de Guangdong e Macau para todos os gostos Ocorreu, pela primeira vez paralelamente à MEF, a Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e Macau no Venetian. A abertura esteve a cargo de Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, que enalteceu o crescimento visível do evento ano após ano. A Feira que existe desde 2009 tem “insistido nas estratégias de desenvolvimento em termos de especialização, branding e internacionalização”, afirma o Secretário. Para Lionel Leong as relações entre Guandong e Macau são cada vez mais importantes e as duas regiões têm “aprofundado e expandido a cooperação bilateral, sustentada pela complementaridade mútua e benefício mútuo”. Foi ainda com agrado que o Secretário assinalou o crescimento do número de expositores para 357, comparativamente aos 259 da edição de 2009, e um total de visitantes de cerca de 870 mil pessoas desde 2009. He Zhongyou, vice-governador da província de Cantão refere números. “No ano passado, verificou-se um aumento de 3,2% no comércio bilateral de importação e exportação apesar de se registar uma queda no comércio exterior da nossa província e a economia de Macau se encontrar numa fase de ajustamento.”
Hoje Macau China / ÁsiaYuriko Koike é eleita para governadora de Tóquio [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez uma mulher foi eleita para governadora da cidade de Tóquio, no Japão, numa altura em que a cidade se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2020. O canal público de televisão NHK, a agência de notícias Jiji e outros meios de comunicação noticiaram, logo depois do encerramento das secções de voto e com base numa sondagem à boca das urnas, que Yuriko Koike venceu a eleição, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Yuriko Koike, de 64 anos, é uma política experiente que tinha como concorrentes um número recorde de outros 20 candidatos, após a demissão de Junho de Yoichi Masuzoe, envolvido num escândalo financeiro. Eleita para um mandato de quatro anos, a antiga ministra do Ambiente e depois da Defesa, fluente em inglês e árabe, terá como principal tarefa supervisionar a preparação do evento desportivo mais importante do mundo, os Jogos Olímpicos, mais de 50 anos depois de Tóquio ter organizado a competição em 1964. Mais de dez milhões de eleitores em Tóquio foram chamados às urnas para eleger o seu novo governador. As assembleias de voto abriram às 07:00 locais e encerraram 13 horas depois, às 20:00. Koike, que em 2007 integrou o executivo do primeiro-ministro, Shinzo Abe, pertence ao Partido Liberal Democrático (PLD, no poder) e é deputada da câmara baixa do parlamento japonês (Dieta). Contra a discriminação A nova governadora da área metropolitana de Tóquio, um cargo equivalente ao de presidente da câmara, Koike vai gerir uma região cujo Produto Interno Bruto (PIB) está entre o das dez maiores economias do mundo. A região tem 13,5 milhões de habitantes. A presença das mulheres na cena política do Japão, a terceira economia do mundo, é ainda muito reduzida, quando comparada com outros países desenvolvidos, e inferior a de Estados como o Botsuana, Libéria ou Gana. Abe prometeu eliminar a discriminação contra as mulheres no mundo laboral, num país onde sete em cada dez mulheres abandona definitivamente o mercado de trabalho depois de terem filhos. Para isso, o primeiro-ministro japonês desenvolveu o plano “Womenomics” de apoio à integração de mães trabalhadoras, à natalidade e ao combate do desequilíbrio entre géneros nos cargos de responsabilidade.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim contra medidas ‘antidumping’ para o aço [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Ministério do Comércio da China considerou sábado injustificadas as medidas ‘antidumping’ adotadas na sexta-feira pela União Europeia que visam a importação de barras de aço de produção chinesa. As medidas “carecem de bases justificadas” e estimam maiores lucros para os produtores europeus num contexto de crise no sector siderúrgico, considerou Pequim, num comunicado citado sábado pela agência oficial Xinhua. Segundo a China, as barras de aço de produção chinesa importadas pela União Europeia não tiveram qualquer impacto no mercado da Europa porque a maioria foram vendidas no Reino Unido e na Irlanda para satisfazer a grande procura num momento de recuperação do sector da construção. Além disso, Pequim lamenta que a decisão da UE tenha sido tomada “apenas uns meses depois de os ministros do Comércio do G20 terem acordado evitar o proteccionismo”. “Pedimos à União Europeia que mantenha as promessas feitas em reuniões internacionais”, acrescenta. A Comissão Europeia impôs na sexta-feira medidas ‘antidumping’ (produção subsidiada com preço abaixo do custo de fabrico) para barras de aço usadas na construção no Reino Unido e na Irlanda e que são produzidas em diversos países dentro e fora da União Europeia. As medidas culminam uma investigação sobre produtos de aço originários da China iniciada a 30 de Abril de 2015, na sequência de uma queixa da indústria europeia que já havia levado à adopção de sanções preliminares que foram agora declaradas definitivas e que se manterão em vigor durante cinco anos. Também a China fixou esta semana taxas ‘antidumping’ para as importações de aço vindas da União Europeia, do Japão e da Coreia do Sul. As novas taxas situam-se entre 37,3% e 46,3% e vão manter-se nos próximos cinco anos, segundo um comunicado do Ministério do Comércio de Pequim. As autoridades chinesas explicaram ter decidido avançar com esta medida depois de confirmada a existência de casos de ‘dumping’ que estavam a afectar a indústria nacional. A Comissão Europeia anunciou que vai apresentar uma proposta legislativa até final de 2016 sobre eventuais mudanças no tratamento dado à China, no âmbito da expiração de várias disposições do protocolo de adesão dos chineses à Organização Mundial de Comércio. Mercado em causa As implicações políticas, económicas e legais de vários pontos do protocolo foram debatidas na quarta-feira na reunião do colégio de comissários, em Bruxelas, que em Janeiro já tinha ponderado se os 28 devem alterar as regras nas investigações ‘antidumping’ e anti-subvenção. Em causa está a prática comercial de ‘dumping’ assim como os subsídios que o Estado chinês dá a vários sectores, como o aço. O processo de entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, dava aos seus membros 15 anos para reconhecer o país como economia de mercado, condição que implica deixar de utilizar métodos alternativos, reservados a economias chamadas de “não de mercado”, para investigar casos de ‘dumping’. Em Dezembro, acaba o prazo para conceder à China o estatuto de economia de mercado e a União Europeia estuda medidas para reduzir os efeitos desta decisão, que obriga a alterar a forma como são avaliadas as situações de ‘dumping’. Os europeus têm insistido para que as autoridades chinesas acelerem as suas reformas económicas, principalmente as medidas para resolver o excesso de capacidade da sua indústria siderúrgica, porque cria distorções nos mercados mundiais.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesO preço da longevidade [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]26 de Julho o website “yahoo” de Hong Kong fez saber que a longevidade dos habitantes desta cidade acabou de ultrapassar a dos japoneses, tendo-se tornado a maior do mundo inteiro. A esperança média de vida dos homens de Hong Kong é actualmente de 81,24 anos, e a das mulheres de 87,32, enquanto no Japão os homens esperam viver 80,79 anos e as mulheres 87,05. Tradicionalmente a China defende o conceito de longevidade. Os chineses acreditam que uma vida longa é um bem para o próprio e para a sua família. O homem mais velho de uma família chinesa é considerado o seu líder, e a sua experiência de vida é altamente reconhecida pela sociedade em geral. Um provérbio chinês demonstra bem o que acabou de ser dito: “A família guarda os seus anciãos como guardaria um tesouro”. Neste caso o tesouro equivale à experiência de vida. Em chinês, “longevidade” diz-se “Chang Ming”. Antigamente usavam-se diversos métodos para prolongar a vida. Entre os quais se salientava a nutrição. Sobre este assunto, a “Wikipedia” diz o seguinte, “A base da Chang Ming é a alimentação natural, consumir alimentos orgânicos e sazonais, cultivados sem recurso a fertilizantes ou pesticidas, que não contenham aditivos químicos e que provenham de explorações locais. Devem ser evitados alimentos refinados e processados e o tempo de cozedura deverá ser o mínimo possível, para que mantenham todas as propriedades nutritivas.” Podemos entender que o conceito de “longevidade” é há muito acarinhado na China. É sem dúvida benéfico individualmente, mas pode ser prejudicial em termos sociais. E porquê? Por uma razão simples. Passo a explicar, alguém que viva bastante vai sem dúvida chegar à idade da reforma, ou seja, 65 anos. Tem a opção de deixar de trabalhar, ou passar a trabalhar apenas em part-time. De qualquer forma, nesse período, o mais importante será desfrutar da vida familiar. É sabido que a maioria dos países garante aos idosos um fundo de reforma. De uma forma geral, o único requisito para beneficiar desse fundo é a idade. Se a maioria dos idosos se candidatar a esse fundo de reforma, o peso financeiro será enorme. Implicará também que os contribuintes terão encargos financeiros muito maiores. Se a maior fatia do orçamento do Governo for gasta nos fundos de reforma, como é que vai ter capacidade para fazer frente a todas as outras responsabilidades? As consequências podem vir a ser muito graves. É por este motivo que a longevidade pode ser um bem em termos individuais, mas prejudicial em termos colectivos. Passa-se um pouco o mesmo com as poupanças. Se puser o dinheiro no banco, poupa-o. É bom para si. Mas o seu consumo vai diminuir, logo o desenvolvimento económico abranda, donde ser prejudicial para a sociedade como um todo. Hong Kong sofre actualmente de um grave problema populacional. O comunicado de imprensa “Projecções Demográficas para Hong Kong de 2015 a 2064” emitido a 25 de Setembro de 2015, pelo Comissário dos Censos e Estatísticas, o Sr. Leslie Tang, dizia o seguinte, “De uma forma geral, a taxa de fertilidade em Hong Kong tem vindo a decrescer ao longo das duas últimas décadas. A taxa de nascimentos em Hong Kong – o número de crianças nascidas vivas, que cada 1.000 mulheres dão à luz ao longo da sua vida – tem estado sistematicamente abaixo do nível de reposição da população, número esse que deveria ser de 2.001 crianças. Baixou de 1.355 nascimentos por 1.000 mulheres em 1994, para o histórico número de 901 nascimentos em cada 1.000 mulheres, em 2003. Nos últimos anos estes valores recuperaram, tendo chegado em 2014 a 1.234 nascimentos em cada 1.000 mulheres. Nas projecções sobre fertilidade há vários factores a ter em conta, como a percentagem de mulheres casadas, níveis de fertilidade do casal e ainda as crianças nascidas em Hong Kong, filhas de mulheres do continente. Projecta-se que a taxa de fertilidade vá baixando gradualmente, passando do valor registado em 2014 de 1.234 nascimentos por 1.000 mulheres para 1.182 em 2064.” “Entre 1994 e 2014, Hong Kong tem registado um constante declínio na taxa de mortalidade, que se traduz num aumento da esperança de vida. Em 2014, a esperança média de vida para os homens era de 81,2 anos e para as mulheres de 86,9. Em comparação com outras zonas, Hong Kong regista uma taxa de mortalidade bastante baixa. Em 2064, acredita-se que a esperança média de vida aumente para os 87 anos, no caso dos homens, e para os 92,5 para as mulheres. Projecta-se que o número de mortes anuais aumente das actuais 45.400, para 97.600 em 2064. O aumento das mortes irá dever-se principalmente ao crescimento da percentagem de idosos que se registará nessa altura.” Verificámos através destas declarações, que a taxa de fertilidade baixou para níveis históricos em 2003. Um dos principais motivos deste fenómeno foi a propagação do vírus responsável pelo Síndrome Respiratório Agudo Grave. Nesse período as mulheres tinham medo de engravidar. No entanto o número de idosos cresce de ano para ano. Estes números mostram claramente que é urgente que o Governo tenha um plano financeiro muito bem organizado para dar resposta à questão do aumento da população idosa. O sistema de segurança social e o fundo de reformas são essenciais nesta situação. No entanto é necessário capitalizá-los. Dado que o orçamento do Governo de Hong Kong é muito limitado, é necessário criar soluções a longo prazo para dar resposta adequada ao problema. A população de Macau é muito menor do que a de Hong Kong e, nos últimos anos, os lucros provenientes da indústria do jogo foram altos. Estes dois aspectos contribuíram para a construção de um bom sistema de segurança social. Neste sentido, Hong Kong deve aprender com a experiência de Macau, é necessário que haja avanços. *Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Hoje Macau Diário (secreto) de Pequim h | Artes, Letras e IdeiasPequim, 5 de Novembro de 1977 *por António Graça Abreu Talvez seja apenas a negrura de um corvo, ou o estertor de um moscardo enredado numa teia de aranha humedecida pela chuva. Talvez seja apenas a saudade de um sino no campanário branco da aldeia onde não nasci. Talvez seja apenas o rumor amargo do bafio, do fel, do vil. Talvez seja apenas a memória do sibilar do vento nos ciprestes. Talvez seja apenas um madeiro carcomido por gotas de tédio. Pequim, 13 de Novembro de 1977 O meu filho Sérgio, com dois anos e meio, encontrou entre os meus papéis uma fotografia da avó. Olhou para ela, muito atento, e depois pediu-me um lápis para escrever à avó. O rapaz, que vai ao infantário já há dois meses, anda perdido entre duas línguas, o português e o chinês, fala dificilmente qualquer uma delas e quanto a escrever, estamos entendidos. Mas decidiu escrever à avó. Encheu um postal de riscos enviesados, mais difíceis de entender do que os mais complicados caracteres chineses. Perguntei-lhe o que aquilo queria dizer. Respondeu-me num português elementar: “Para a avó ver e lembrar de mim.” Pequim, 24 de Novembro de 1977 Interessantes estas conferências sobre o V Volume das Obras Escolhidas de Mao Zedong. Hoje fiquei a saber que em Xangai, entre Junho de 1949 e Fevereiro de 1950 (os comunistas tomaram o poder em Outubro de 1949), os preços dos bens essenciais subiram vinte e uma vezes. Com o advento do novo regime foram presos os especuladores, e a partir de Março de 1950 os preços foram regulamentados e a inflação foi sustida. Em 1937, sob o governo nacionalista do Guomindang de Chiang Kai-shek, com 100 yuans compravam-se dois bois, em 1939 comerciava-se um porco, em 1943 adquiria-se um frango, em 1945 dois ovos valiam 100 yuans e em 1947, com este dinheiro, comprava-se uma pedra de carvão. Finalmente, em 1949 um bago de arroz equivalia a 100 yuans. A vida económica em algumas cidades antes da Libertação (1949) dependia do ópio, do jogo, da prostituição. Após 1949, a contradição principal era entre o proletariado e a burguesia, entre a propriedade privada capitalista e a socialização da produção. Houve muitas dificuldades no início da Libertação, no reajustamento entre o capital e o trabalho, entre o privado e o estatal. Existiam cinco males: 1-Subornar. 2- Sonegar impostos. 3- Falsear informações ao Estado. 4-Especular e roubar os bens do Estado. 5- Roubar informações. Os burgueses, com a força do socialismo, foram obrigados a aceitá-lo, as contradições antagónicas foram resolvidas por meios não antagónicos, mas a burguesia manteve alguns direitos, de voto e de representação política. O homem transformou-se, foi obrigado a viver do seu próprio trabalho. Mao Zedong defendia a continuação da Revolução após a tomada do poder pelos comunistas, sob a ditadura do proletariado. Acusou Khruschev de trair o marxismo-leninismo no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, ao acusar injustamente Staline. Existiam ainda contradições de classe no interior do PCUS, preparavam-se as condições para a ascensão do revisionismo. Mao Zedong descobriu que ao longo da construção do socialismo continuam a existir classes, contradições de classes, a luta entre duas linhas que se entenderá por dezenas ou centenas de anos. Por isso, segundo Mao Zedong, o nosso Estado socialista é, e não é, sólido. Dizia Mao que, em 1957, 90% do povo chinês apoiava o socialismo. Seria verdade? Pequim, 26 de Novembro de 1977 Visita ao Instituto das Minorias Nacionais. A China é um país multinacional, um puzzle mais complexo do que à primeira vista pode parecer. Conta com uma grande maioria, os han汉, os chineses propriamente ditos, 96% da população. Os restantes 4% são gentes não chinesas que ocupam quase 50% do território, as grandes regiões montanhosas ou semi-desérticas, a Mongólia Interior, Ningxia, Gansu, o Tibete, o Xinjiang. Como entrosar e harmonizar estes povos, por exemplo, os kasakhs, os quirguizes, sobretudo os iugures do Xinjiang, — muçulmanos ainda aparentados com os turcos, que são cerca de sete milhões de crentes em Maomé e Alá –, com um todo chamado República Popular da China, predominantemente han? Falam-me do respeito pelos hábitos e costumes de cada nacionalidade, da igualdade e unidade entre as etnias, conseguida em 1949, após a Libertação. Dizem-me que na Assembleia Popular Nacional que reúne uma vez por ano para discutir os assuntos de Estado, 17% dos quase quatro mil membros pertencem à minorias nacionais. Nestes Instituto das Minorias Nacionais (há nove em toda a China) formam-se os quadros que irão gerir o tal harmonioso encontro entre gente tão díspar e com vidas tão diversas. Não será fácil, haverá sempre problemas. Os estudantes frequentam diferentes cursos, de três ou quatro anos, estudam política, a língua chinesa, arte, dança, pintura. Este instituto em Pequim, uma espécie de universidade, conta com 1900 alunos de cinquenta nacionalidades diferentes, com uma idade média de 20 anos. Já formou 12.000 quadros. Fomenta-se o desenvolvimento e crescimento das minorias nacionais que me dizem poder ter muitos filhos, ao contrário dos han limitados ao filho único. Acusam o “bando dos quatro” de ter praticado o chauvinismo han que considerava os nacionais não chineses como estrangeiros, gente atrasada que habitava para além das fronteiras da Grande Muralha. Jiang Qing, a mulher de Mao, atacava os cantos e danças das minorias, não autorizava que ao dançar os uigures oscilassem as cabeças, que os mongóis abanassem os ombros. Os alunos são recrutados por professores (2/3 de nacionalidade han) que se dirigem às regiões habitadas pelas diversas etnias e aí seleccionam os jovens que virão estudar para este Instituto. Interessante a visita, com alguma propaganda de permeio. (continua)
Joana Freitas BrevesRadares na Ponte e na Avenida Novos radares vão entrar em funcionamento hoje na Ponte de Sai Van e na Avenida dos Jardins do Ocean na Taipa. No total, vão passar a estar em funcionamento 16 radares de excesso de velocidade “para combater as infracções” e “garantir a segurança dos utentes da via pública”. O anúncio foi feito pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que refere que, desde que a Ponte de Sai Van entrou em funcionamento em 2005, foi equipada com uma série de sistemas de vídeo-vigilância para monitorizar as situações de trânsito da ponte. Para o organismo “é necessário criar novos pontos de detecção de excesso de velocidade”, pelo que esta passa a ter seis pontos de detecção com 108 lentes no total. O veículos estão sujeitos aos limites de velocidade máxima de 80 Km/h no tabuleiro superior e de 40 Km/h no tabuleiro inferior e nos viadutos de acesso. Já no caso da Avenida dos Ocean, o sistema está instalado junto da entrada da Ponte Nobre de Carvalho, onde o limite de velocidade máxima é de 60 Km/h.
Joana Freitas BrevesSimulacro de bomba no Aeroporto Um simulacro de ameaça de bomba teve lugar na sexta-feira de madrugada no Aeroporto de Macau. O cenário incluía uma chamada anónima feita para uma companhia aérea onde um homem dizia que tinha posto várias bombas no aeroporto e ameaçava accioná-las. O aeroporto foi evacuado e fechou portas e foram accionadas medidas de contingência. “Encontraram-se duas bagagens abandonadas e confirmou-se a existência das bombas. A polícia especial foi chamada e o dispositivo foi detonado”, explica a Autoridade de Aviação Civil de Macau, que indica que tudo correu de forma suave e conforme os objectivos.
Joana Freitas BrevesComércio externo cai 20% O comércio externo de mercadorias caiu 19,4% no primeiro semestre deste ano, comparando com o mesmo período de 2015, segundo dados oficiais divulgados na sexta-feira. O valor global das importações e exportações de Macau nos primeiros seis meses do ano ascendeu a 38,71 mil milhões de patacas e tanto as importações como as exportações caíram em relação ao primeiro semestre de 2015. As exportações diminuíram 6,5% e as importações foram menos 21,1%, pelo que “o défice da balança comercial no primeiro semestre alargou-se, atingindo 28,50 mil milhões de patacas”, segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. A economia encontra-se em queda desde o terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência do exercício de soberania de Portugal para a China, em 1999, o PIB registou uma diminuição (-0,9%). Em 2015, o PIB caiu 20,3%. Já no primeiro trimestre deste ano, a economia registou uma contracção real de 13,3% em termos anuais.
Joana Freitas BrevesHomem morre esfaqueado por vizinho Dois residentes foram ontem esfaqueados num apartamento do edifício Vai Chun, no Fai Chi Kei, por um vizinho que acabou também por sofrer ferimentos com faca. O caso está ainda a ser investigado pela Polícia Judiciária. Dois dos feridos eram pai e filho, sendo que o pai, de cerca de 59 anos, foi esfaqueado nas zonas do pescoço, cara, braços e barriga e acabou por falecer no hospital público, depois de entrar em coma. O filho de 23 anos também foi esfaqueado nas zonas do peito e pescoço. O atacante, de 51 anos e vizinho das vítimas, também sofreu ferimentos com faca nas zonas da cabeça e da mão e está detido. Ainda não se sabem as causas do ataque.
Joana Freitas Manchete PolíticaFeiras | Secretário quer melhorar critérios de atribuição de subsídios A denúncia de casos de vendas de produtos made in Macau que são, afinal, comprados no Taobao em feiras subsidiadas pelo Governo levou a que o Secretário para a Economia e Finanças esteja a estudar melhorar os critérios de atribuição de dinheiro [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong assegura que vai estudar a necessidade de se melhorar os requisitos para a atribuição de subsídios, de forma a que a se possa proteger o erário público. A promessa do Secretário para a Economia e Finanças surge depois de ter sido avançada a possibilidade de vários produtos supostamente “made in Macau” serem falsificados. Lionel Leong falava à margem da Feira de Emprego para Jovens, onde foi questionado sobre a Semana Dinâmica de Macau e a alegada venda de produtos cuja produção não era, como indicava, feita em Macau. O jornal local All About Macau denunciava casos de produtos comprados no Taobao onde foi colocado o carimbo de Macau e que estavam a ser revendidos. A feira é subsidiada pelo Governo e acontece em várias cidades do continente, sendo que o apoio anual do Executivo ascende aos 26 milhões de patacas, ainda segundo a publicação. Além dos produtos, é ainda denunciada a exposição de montras vazias. Lionel Leong afirma que já incumbiu o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) de fazer um relatório sobre o sucedido, mas não descarta melhorias na forma de atribuir subsídios se se encontrar problemas. “Poderei ficar a saber com maior exactidão da eventual necessidade de aprimorar o mecanismo de apoios financeiros em exposições e respectivas legislações e diplomas legais [depois do relatório], o qual permitirá estudar e lançar métodos mais adequados. Contudo, o princípio básico é, sem dúvida, o bom aproveitamento do erário público e ainda, através das actividades promocionais, conseguir reflectir realmente a excelente qualidade e credibilidade dos produtos de Macau”, frisou o Secretário. O bom aproveitamento do erário público foi uma das promessas deixadas por Leong, que frisou que os critérios para participar em exposições e organização de actividades têm de ser aperfeiçoados e ampliados. “Qualquer regime precisa de ser aperfeiçoado constantemente, mas a eventual estipulação de um regime de punições para as empresas com apoios financeiros tem de ponderar vários aspectos. É óbvio que se o acto praticado pela empresa viola a lei, como por exemplo violação da propriedade intelectual, o caso terá de ser resolvido de acordo com as legislações aplicáveis e as entidades organizadoras têm também o dever de denunciar o caso”, acrescentou. Já Jackson Chang, presidente do IPIM, garantiu que a presença das marcas que alegadamente terão infringido as regras serão alertadas caso peçam para participar noutra feira. A All About Macau frisava ainda que o Executivo também pagava alojamentos e alimentação a quem participava nestas feiras.
Hoje Macau Eventos MancheteSabe que pode dar nomes aos novos pandas de Macau? [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]população vai ser convidada a sugerir os nomes definitivos dos pandas que nasceram no território há um mês, cabendo ao Chefe do Executivo a decisão final, que será anunciada, em princípio, quando as crias completarem cem dias. Os dois novos bebés, ambos do sexo masculino, nasceram a 26 de Junho e foram baptizados, uma semana depois, com os nomes provisórios de Tai Pou e Sio Pou – comummente dados a crianças e que significam, respectivamente, “grande bebé” ou “grande tesouro” e “pequeno bebé” ou “pequeno tesouro”. Os pandas nasceram com 135 gramas e 53,8 gramas, mas no início desta semana já pesavam 1010 gramas e 753,6 gramas. Um mês depois do nascimento abandonaram a incubadora e apresentam as manchas pretas nas zonas dos olhos, orelhas, membros e ombros que os caracterizam. A iniciativa para a escolha dos nomes definitivos, apresentada na sexta-feira pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), vai decorrer entre 8 e 31 de Agosto, período durante o qual a população pode obter e preencher os boletins através da internet (www.macaupanda.org.mo/naming) ou nos postos de atendimento daquele instituto. Entre as regras a cumprir, está a obrigatoriedade de apresentar duas sugestões de nomes (uma por cada panda) e em Chinês. O nome não pode ter duplo significado nem ser repetido, pelo que o IACM vai disponibilizar uma lista de nomes já atribuídos a pandas que foram cedidos pela China para o exterior. As sugestões são seleccionadas pelo IACM e pela equipa de profissionais oriundos do interior da China (Chengdu) que acompanha os pandas e serão posteriormente enviadas ao Chefe do Executivo. O concurso está apenas aberto aos residentes em Macau e quem participar fica habilitado a um sorteio de 200 prémios no valor de 200 patacas. Como a probabilidade de haver várias pessoas a sugerir os mesmos nomes para os pandas é elevada, os que sugerirem os nomes finalmente escolhidos pelo Chefe do Governo, Chui Sai On, vão disputar quatro prémios com o valor pecuniário de cinco mil patacas. Estes são os primeiros pandas nascidos em Macau, filhos do casal oferecido pela China com os nomes em mandarim Xin Xin e Kai Kai, e que em Cantonês (Sam Sam e Hoi Hoi) têm o significado de “alegria” e “felicidade”.
Anabela Canas de tudo e de nada h | Artes, Letras e IdeiasDantes o mar e o mundo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]sonhar com viagens. E então saio do olhar poisado na mesa e da ideia desse mapa. Sair à procura dessa sensação boa de lugar real estendida então por toda a cidade nocturna. Ruas calmas, numa noite que ainda não é tarde, mas já solitária. Silenciosa a intervalos longos. Lenta nuns pontos e adormecida nos mais esquecidos. Ou vigilante mas com a calma das horas próximas do sono. Íntimas. Luz de candeeiros de cidade. Limitada no respeitar cantos secretos que qualquer rua deve e tem. A entornar luz como cortinas suaves nas pedras limpas e secas do calor. Luz líquida. No chão. A dureza sólida do chão. Nos pés. E uma poalha gasosa de indefinição, a entorpecer a vista para longe. E o longe. O ar, tépido tão esperado e desesperado que neste verão avança e recua. Pensamentos escorregadios também. E sempre que saio é qualquer coisa indefinida de tempo a mudar. Como um relógio esquecido e que retoma o ritmo dos seus batimentos quase cardíacos. E as arritmias. As pequenas síncopes. Mas descer ansiosamente ao rio e é uma outra noite, quase. Esta noite é noite em que a cidade se virou do avesso e as pessoas entorpecem as ruas sem igual. Não olho ninguém e não vejo ninguém. Assim. Não sei se quem ouve o meu olhar, ouve o meu lamento. Solto para dentro, silencioso como um suspiro único que se perde. Nada a dizer que não o dito já. Não gastar as palavras frescas que estão impressas no ar denso de uma memória. Umas de pesadelo, outras porque tinham de ser. (Mesmo flores. Às vezes grandes como pesadelos. Túlipas a pairar no seu aveludado denso e negro sobre a luminosidade hesitante do dia. Sobras de noite. De momentos nocturnos de qualquer hora. Súbitos ou arrastados como um peso que se tem que levar. Para coar as pequenas pedras preciosas. Sempre lá. Sujas de uma lama de dias menos. Lama que é argila depuradora. Também é.) Dantes o mar, e a terra mais mundo. Essa inquietação de gente, e de mundo por marear. A descobrir. Fui vê-los, se dormiam. Àquela hora da noite. Encostados à cidade como cão ao dono. E no calor da noite. Podia ser no frio. Esperava encontrá-los na sua vida de barcos, talvez a ser afagados no convés por marinheiros amorosos no dever. Mas em festa, afinal. Iluminados, engalanados, cheios de visitas demais e sons a mais. Só queria vê-los, nobremente como barcos grandes, anacrónicos, e sonhar com coisas de outro tempo. Um, solitário, e só um, no meio do rio e da noite, parcas luzes a iluminar vagamente as velas desfraldadas, um pouco fantasmagóricas. Quase como um navio fantasma, então. E ali, só, no meio das águas, a lembrar quem se afasta das multidões para sentir o rio, o mar, a noite ou um simples som. Porque vieram para correr. Para ganhar. Dantes o mar e o mundo agora uma taça. Talvez e só. Como uma taça de vinho em que se mergulha de olhar e coração. Uma eternidade num e noutro copo como se sempre o mesmo. Não ajuda a passar a mágoa mas ajuda a passar o tempo. A pensar o que é a raça dos grandes navios. Que não é – queria – a de, amodorrados, na noite servirem de atracção de feira como barquinhos em lago artificial. Antes poiso de marinheiros com uma arara esplendorosa ao ombro em vez dos fios do ipod. E os olhos limpos do visor de um iphone. Limpos, para sonhar. A melancolia, a recobrir esta frase de anacronismo e rejeição. Quantas vezes, vou ver o mar, muitas mais, o rio. Também porque corre para lá. Estender a alma longe e desligar-me de mim. Mais ainda o céu por todas as janelas em que me fecho. E quando mesmo este se me fecha de humor soturno, fecho eu os olhos e vou. Onde não posso deixar de ir. Sempre e para sempre. Algo em mim apela à vingança de estar parada. Vingo-me no sonho. E só. Mais ninguém tem culpa. De uma coisa e da outra. Vingo-me sonhando o sonho e deixando-o sonhar-me. E defraudando ambos. Para consumo privado. Essa palavra de horror. Só em circuito fechado. Na direcção de mim. Não mais do que isso. Castigo-me de impossibilidades. Quem alguma vez viveu entre dois fusos do meridiano do tempo, ficou talvez para sempre com a alma partida em duas. Partida e chegada. Partida para chegar e retrocedendo. O eterno dilema de partir e ficar. Mas ficar é uma noção que só se alimenta em sentido, da noção de partir. Por oposição, se o fosse possível, a isso. Ninguém que nunca tenha partido e sentido a partida, sente a impressão, a possibilidade, a necessidade, ou a inevitabilidade de ficar. Quem nunca sentiu a pátria ao longe, quem nunca gostou de sentir a pátria, pátria, mas ao longe, não tem talvez esta ânsia antiga de partir. Dos antigos, nada sei da demanda de enormidade transcendente. De perigos irrepetíveis, noites do desconhecido e histórias ouvidas e contadas. A seguir estrelas e sonhos. Dos menos antigos a fuga a uma vida difícil. E sempre a ideia de partir à salvação. Ou partir simplesmente. De si. Para si, numa distância reveladora. Como um químico fotográfico. Fotossensível. E partir. E há um único momento na vida em que se nasce outra vez. Sem morrer. Como nos ciclos de Saturno. E para sempre duas pátrias. Sendo que uma é sempre a da partida. Mesmo naquela minha paixão por mapas. E a apontar o dedo a desfiar e espiar as cartografias possíveis deslisando para sul, imagino itinerários lunares e desesperados. Encontros e reencontros de filme. Emoções adolescentes de esquecer as pernas. Seguindo as estrelas ou uma lua egínica, orientadora sem garantias. Para sul, sempre para sul. Mas sem certezas. Em centímetros meço horas. Comparo dados e faço os cálculos da fantasia provável. Que não é minha como as cartografias do dia de hoje não são minhas. Estou aqui. Dentro de casa e sem a lua ao alcance. O mapa que não chegou a poisar na mesa para o ver nitidamente, e o lugar que não é meu. E agora ir. Aqui dentro. A lado nenhum. E pensar que alguém os foi desenhando, aos mapas, anos aturados de descoberta e erro. Desenhados, linha a linha como passadas de gigante a definir o mundo adivinhado. A emendar o mundo. Imaginado. Desenhado sobre ondas e terrores de tempestade e monstros. Como hoje. Por isso fui vê-los. Esperava encontrá-los de velas arregaçadas, olhos sonolentos ou, vivos, a fitar o longe e a foz. Silenciosos em fundo a, talvez, velhas canções de marinheiros. Vozes grossas e bêbedas, muito bêbedas e líquidas. E líricas, digo. A ecoar paradoxos de ir e de vir e querer e não querer ir e voltar. Coisas de marinheiros. Em contacto com terra firme num estender a mão. A temer o balanço e a tontura que os segue a terra firme. E talvez também umas poucas raparigas livres, do porto, de xaile descaído e vozes quase capazes de cantar um fado vadio, líquidas e líricas também. Uns rapazes, lânguidos. Também. A vender o corpo por uma canção e mais uns trocos. Ou nem isso. Se a serenata for de marejar os olhos, almarear a mente, os ombros. Levar. Marear. Os olhos, dizia, em ondas mansas que sobem acaloradas e se desprendem quase invisíveis como um vidro ténue sobre o globo ocular. Uma maresia íntima. Ou uma calote maior sobre o globo terrestre. Uma névoa húmida que vem do mar. Sempre. E com esse sal que só vem do mar. E volta. Que “los marineros besan y se van”. Diz Neruda. E assim também os grandes barcos. Porque vieram, pergunto. Acordar saudades de séculos.
Sofia Margarida Mota SociedadeAutocarros de 18 metros vão exigir obras nas estradas [dropcap style=’circle’]O[dropcap]s percursos dos autocarros 8 e 12, que passam pela Ilha Verde e pelo Jai Alai e pela Praça da Serenidade e o Terminal Marítimo de Macau, vão passar a ser feitos nos novos transportes articulados, que chegam aos 18 metros de comprimento. A informação foi dada ontem à imprensa após uma reunião do Conselho Consultivo do Trânsito, onde se ficou a saber que, para os autocarros poderem passar, vão ter de ser feitas mais obras nas estradas. Kou Kun Pang, membro do Grupo Especializado em Planeamento de Políticas e Gestão das Obras, afirma que “há uma grande necessidade de transporte e os passageiros são muitos” nestas linhas, pelo que o modelo de autocarros passa a ser de “grande porte”. Com esta alteração, “será necessário um ajustamento das vias para que os autocarros possam passar”. As obras nas ruas são visíveis a todos e foram um dos assuntos em discussão na reunião, nomeadamente face à sua morosidade. A justificação que saiu do encontro atribui a demora ao facto das mesmas envolverem muitos serviços diferentes. “É preciso alterar cabos que estão enterrados, por exemplo”, afirma Kou Kun Pang. Em números, as obras previstas para este ano são 485. Setenta e sete já se encontram concluídas e 99 estão ainda em andamento, sendo que, até Setembro “haverá mais algumas terminadas”. Segundo Kou Kun Pang as obras que estão a ser realizadas são de carácter “urgente”. Novas carreiras Também ontem foi anunciado que a zona habitacional de Seac Pai Van, mais concretamente o Vale das Borboletas, vai passar a ter um terminal de autocarros para corresponder às necessidades da população. Outra medida referida é a criação de uma linha idêntica à AP1 com o nome de AP1X. Kou Kun Pang argumenta que “é uma linha que está cheia, pelo que há necessidade de mobilização de uma nova”, de modo a que se possa proceder ao transporte de mais passageiros. O AP1 vai das Portas do Cerco ao Aeroporto de Macau, sendo que a nova carreira fará o mesmo percurso. Mais radares na ponte As autoridades vão ainda instalar mais quatro detectores de excesso de velocidade na Ponte Sai Vai. Actualmente, a ponte está munida de dois, mas até 1 de Agosto o tabuleiro estará com os restantes em funcionamento. A medida é tida como preventiva.
Joana Freitas Manchete SociedadeCCAC | Comissão Fiscalizadora quer grupo de investigação independente *com Angela Ka A Comissão Fiscalizadora do CCAC precisa de mais poder de investigação. É o que diz a presidente, Kwan Tsui Hang, classificando o seu trabalho como limitado porque as queixas têm de ser analisadas pelo próprio Comissariado [dropcap style=’circle’]K[/dropcap]wan Tsui Hang viu esta semana renovado o seu mandato como presidente da Comissão Especializada para a Fiscalização dos Problemas Relacionados com Queixas contra a Disciplina do Pessoal do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e a também deputada já tem planos na manga. Ao HM, Kwan Tsui Hang disse que está a ser pensada uma nova comissão que tenha poder para investigar o CCAC, algo que não é possível com o grupo que a também deputada preside. Actualmente, as queixas são feitas à Comissão Especializada, mas esta limita-se a pedir um relatório do que aconteceu ao CCAC. A renovação do mandato foi esta semana feita pelo Chefe do Executivo, incidindo não só sobre Kwan Tsui Hang, presidente, mas também sobre Paula Ling, Lei Pui Lam, Philip Xavier e Gabriel Tong como membros. As renomeações entram em vigor a 12 de Agosto, mas Kwan Tsui Hang frisou já ter planos para um trabalho que tem vindo a desempenhar há mais de cinco anos. “A Comissão não precisa de mais membros, mas estamos a abordar a necessidade de criar uma equipa que possa ter autoridade para fazer investigações independentes”, explicou ao HM. A também deputada explica que, segundo os estatutos que criam a Comissão que preside, “não há qualquer autoridade” para investigação. “Este é um facto que muita gente não entende, ou interpreta mal. Quando recebemos queixas de alguém vamos pedir ao CCAC que veja qual foi o método utilizado durante o processo de investigação e a que é que exactamente o queixoso se está a referir. E depois o CCAC é quem nos vai apresentar um relatório. Nós vamos ler as explicações dadas, para que possamos acompanhar o caso”, defendeu. Questionada sobre a necessidade de aumento do número de membros do grupo que fiscaliza quem, habitualmente, é o fiscalizador, a deputada descarta. “A Comissão sempre teve cinco membros e não me parece que haja necessidade de acrescentar mais.” Trabalho restrito Kwan Tsui Hang explica que a Comissão serve para fiscalizar o pessoal do CCAC e ver se há quem viole as regras, nomeadamente durante a investigação. A Comissão só trata queixas deste tipo, mas a presidente queixa-se de um trabalho “muito restringido”. “Só podemos ver se o método que o CCAC utilizou foi justo ou não. E isso limita-nos um bocado. Se o caso envolve crime não podemos ter acesso, porque o CCAC tem o seu regime confidencial, claro. Mas sem qualquer autoridade de investigação, temos o nosso trabalho muito restringido. Em geral, quando recebemos queixas sobre pessoal do CCAC, outro grupo do CCAC é que vai fazer a investigação, elaborar um relatório e apresentar-nos os resultados de investigação. Portanto, já foi discutido que seria melhor haver também alguém que pudesse assumir a função de investigação.” Para já ainda não há consenso, admite Kwan Tsui Hang ao HM, sendo que são precisas mais reuniões para abordar a questão. “Mas posso dizer que há espaço de melhoramento”, frisa. A Comissão foi criada porque havia quem se preocupasse com o excesso de autoridade do CCAC, mas a verdade é que, quando as pessoas estão insatisfeitas com os comportamentos do pessoal vão à Comissão pedir para investigar, “mas de facto não é possível à Comissão tratar deste tipo de queixas”. A deputada fala também em mais promoção do grupo que preside. Casos mínimos Sobre o número de casos reportados à Comissão Fiscalizadora do CCAC, Kwan Tsui Hang não se demonstra muito preocupada, uma vez que “são poucos”, pelo menos fora dos anos de eleição. Esta é, aliás, uma das razões para que a presidente não veja necessidade de contratar mais pessoas. “No ano passado houve poucas queixas. Nos anos anteriores quase não havia nenhuma. Em 2015 recebemos dois processos e este ano vai haver mais dois”, indica Kwan Tsui Hang, acrescentando, contudo, que muitos dos casos não pertenciam ao nível de disciplina, tendo sido transferidos para os departamentos relativos, “porque algumas queixas são relacionadas com o sistema”. “Nunca recebemos queixas sobre ilegítimas formas de investigação no meu último mandato.” Mas quando chegam os anos de eleições as coisas são diferentes. A responsável diz que, agora, “não vê necessidade de [contratar] mais gente”, mas volta a falar de mais poder. “O que tem vindo a ser discutido é que precisamos de mais pessoas para fazer investigações, porque os cinco membros da Comissão não são especialistas em investigação. O que fazemos é ver a legitimidade do processo de investigação, porque alguns de nós são do sector jurídico. Portanto o nosso trabalho principal é rever documentos”, explica.