Efeméride | Celebração dos 80 anos do fim do domínio japonês em Taiwan

A China vai organizar este fim de semana uma cerimónia para assinalar os 80 anos da “retrocessão” de Taiwan, nome dado por Pequim à devolução da ilha após a rendição japonesa em 1945, anunciaram ontem fontes oficiais.

Segundo a porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, Zhu Fenglian, o evento visa “recordar a história da guerra de resistência contra o Japão, prestar homenagem aos mártires e preservar os resultados” dessa transferência. A cerimónia contará com a presença de representantes de vários sectores, incluindo convidados oriundos de Taiwan, e será acompanhada de actividades de intercâmbio antes e depois do evento, indicou Zhu.

A porta-voz afirmou que a devolução de Taiwan à China foi “uma vitória alcançada com o sacrifício de todos os chineses, incluindo os compatriotas taiwaneses”, acrescentando que o objectivo do evento é “reforçar o sentimento de uma nação comum e o objetcivo da ‘reunificação’ sob a liderança de Pequim”.

A 25 de Outubro de 1945, após a rendição do Japão – que colonizava Taiwan desde 1895 –, a República da China assumiu a administração da ilha ao abrigo dos termos de capitulação japoneses.

Na mesma conferência de imprensa, Zhu afirmou que Pequim continuará a promover contactos com todos os partidos políticos da ilha, incluindo o partido de oposição Kuomintang (KMT), com base no chamado “Consenso de 1992”, segundo o qual ambas as partes reconhecem a existência de “uma só China”.

Zhu recordou ainda que o Presidente chinês, Xi Jinping, enviou a 19 de Outubro uma mensagem de felicitações a Cheng Li-wun, pela sua eleição como nova líder do KMT, gesto que, segundo Pequim, “traça o caminho a seguir” nas relações entre os dois partidos.

22 Out 2025

Aviação | China acusa a Austrália de provocação e nega manobras perigosas

Pequim acusou ontem a Austrália de “intrusão ilegal” no seu espaço aéreo sobre as ilhas Paracel e de “distorcer os factos”, depois de Camberra denunciar manobras “inseguras” de caças chineses contra um avião militar australiano.

“As alegações da Austrália confundem o certo com o errado e procuram encobrir uma grave violação da soberania chinesa”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa Jiang Bin, num comunicado. Jiang indicou que o Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular “organizou forças para interceptar e expulsar, de forma legítima, legal, profissional e contida” a aeronave australiana.

O Ministério apelou ainda à Austrália para “cessar imediatamente todas as provocações e o sensacionalismo”, “restringir as operações aéreas e navais” e “evitar danos nas relações bilaterais e nos laços entre as Forças Armadas de ambos os países”.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa australiano, Richard Marles, revelou que um avião de patrulha marítima P-8 da Força Aérea australiana foi interceptado no domingo por dois caças chineses Su-35, que lançaram sinalizadores luminosos “muito perto” do aparelho, descrevendo o incidente como “inseguro e pouco profissional”. Segundo Marles, o avião realizava uma missão de vigilância de rotina sobre o mar do Sul da China quando foi interceptado.

Pequim sustenta que o aparelho australiano entrou sem autorização no espaço aéreo das Xisha – nome chinês das ilhas Paracel –, arquipélago cuja soberania a China reclama quase na totalidade e onde mantém instalações militares. O mar do Sul da China é um dos focos de tensão mais persistentes da Ásia.

22 Out 2025

Gaza | Médicos Sem Fronteiras retoma parcialmente actividade

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou ontem que retomou parcialmente a actividade na cidade de Gaza, ao abrigo do acordo de cessar-fogo entre o movimento islamita palestiniano Hamas e o Governo de Israel.

A MSF, que suspendeu as suas actividades na cidade de Gaza a 24 de Setembro, devido aos constantes bombardeamentos e ao avanço dos tanques israelitas, antes da assinatura da trégua, precisou ontem que a prioridade é atender as centenas de pessoas que regressaram ao norte do enclave palestiniano.

As equipas da organização não-governamental (ONG) trataram mais de 500 doentes, a maioria dos quais com traumatismos, desde que, a 15 de Outubro, reabriram a sua clínica na capital da Faixa de Gaza.

Da mesma forma, retomaram o transporte de água em camiões-cisterna e conseguiram fornecer entre 90 e 120 metros cúbicos de água por dia a até 14 pontos de distribuição. A ONG, que continua a prestar apoio à distância à maternidade Al-Helu e ao hospital Al-Shifa, informou também que está a avaliar “o possível aumento das actividades das suas equipas em função da situação de segurança” na cidade de Gaza.

A MSF estimou ontem mesmo em 15.600 os doentes que aguardam na Faixa de Gaza para serem quanto antes transportados para o exterior, para receberem tratamento médico, e advertiu de que o cessar-fogo “não põe fim ao sofrimento extremo dos palestinianos” no enclave.

Números do horror

Israel e o Hamas anunciaram na noite de 08 de Outubro um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indirctas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.

Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada “linha amarela” demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns vivos em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.

O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de Outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.

A retaliação de Israel fez pelo menos 68.229 mortos – entre os quais mais de 20.000 crianças – e de 170.369 feridos, na maioria civis – não só vítimas de fogo israelita, mas também de fome -, segundo números ontem actualizados (já com vítimas registadas após a entrada em vigor do cessar-fogo) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

22 Out 2025

Tailândia | Ex-PM demite-se de liderança do partido fundado pelo pai

A ex-primeira-ministra tailandesa Paetongtarn Shinawatra, destituída em Agosto pelo Tribunal Constitucional, renunciou ontem ao cargo de presidente do Pheu Thai, partido fundado pelo seu pai, Thaksin Shinawatra, também ele ex-chefe do Governo. “A minha demissão permitirá que o partido se modernize para que possamos finalmente vencer as eleições”, afirmou Paetongtarn num comunicado divulgado pelo Pheu Thai.

A política de 39 anos acrescentou que se manterá, no entanto, como membro do partido e “continuará a trabalhar arduamente” pela Tailândia. Filha do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, Paetongtarn foi suspensa de funções em Julho, depois de ser acusada de não ter defendido a Tailândia durante um contacto telefónico em Junho com o ex-poderoso líder cambojano Hun Sen, que foi divulgado online.

Num veredicto proferido no final de Agosto, nove juízes do Tribunal Constitucional do país consideraram que a ex-primeira-ministra não respeitou as normas éticas exigidas a um chefe do Governo durante essa chamada. Paetongtarn Shinawatra tornou-se assim o terceiro membro da família a abandonar a chefia do governo, depois do pai e da tia Yingluck, ambos derrubados por golpes militares.

“Não importa quem presida o Pheu Thai, sempre será dirigido pela família nos bastidores”, disse em declarações à AFP Yuttaporn Issarachai, cientista político da Universidade Aberta Sukhothai Thammathirat.

Segundo o analista, esta demissão visa principalmente proteger o partido contra processos judiciais. Durante décadas, a dinastia Shinawatra partilhou o poder com a elite conservadora da Tailândia, mas reveses jurídicos recentes fizeram com que a sua influência diminuísse.

22 Out 2025

Tarifas | Seul volta a enviar negociadores a Washington

Dois altos funcionários sul-coreanos viajaram ontem para Washington, poucos dias após regressarem dos Estados Unidos com sinais de avanços importantes nas negociações conducentes a um acordo que reduza as tarifas dos EUA sobre a Coreia do Sul.

“[Seul e Washington] reduziram as diferenças em várias questões-chave, mas ainda há uma ou duas áreas em que as nossas posições continuam divididas”, disse o chefe de gabinete para Assuntos Políticos, Kim Yong-beom, antes de embarcar no Aeroporto Internacional de Incheon, a oeste de Seul, citado pela agência de notícias local Yonhap.

Kim Yong-beom, que acabara de chegar de Washington no domingo, volta a viajar acompanhado pelo ministro da Indústria e Comércio, Kim Jung-kwan, que tinha regressado a Seul na segunda-feira.

O alto representante sul-coreano prevê reunir-se novamente com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, depois de ter anunciado um “grande avanço” no encontro anterior com o mesmo responsável da Administração do Presidente Donald Trump. As negociações visam concretizar os termos de um pacote de investimento de 350 mil milhões de dólares acordado em Julho, destinado a reduzir as tarifas de 25 por cento para 15 por cento.

22 Out 2025

Timor-Leste | Governo declara 5 Junho como Dia Nacional do Mar

O Governo timorense aprovou ontem uma resolução, em reunião do Conselho de Ministros, que determina o dia 5 de Junho como o Dia Nacional do Mar de Timor-Leste.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a criação do Dia Nacional do Mar, cuja resolução foi apresentada pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, destina-se a celebrar e preservar o mar e a biodiversidade marinha de Timor-Leste e a promover o envolvimento da sociedade na sua proteção.

A “consagração” deste dia “reflecte o reconhecimento da importância do mar para o equilíbrio ambiental, o sustento das comunidades e o desenvolvimento sustentável do país, bem como o compromisso do Governo com a conservação dos recursos marinhos e com a implementação Política e Plano de Acção para a Promoção de uma Economia do Mar Resiliente e Sustentável 2025-2035”, sublinha o comunicado.

O primeiro-ministro timorense iniciou na terça-feira, em Díli, a apresentação da “Política e Plano de Acção para a Promoção de uma Economia Marítima Resiliente e Sustentável de Timor-Leste” às autoridades municipais, líderes comunitários e outros parceiros estratégicos. Xanana Gusmão tem previsto viajar pelo país no próximo ano para realizar ações de sensibilização semelhantes.

Proteger o futuro

A protecção dos oceanos e da biodiversidade marinha é uma das principais prioridades do Governo. A política para a Economia Azul reflecte, segundo o Governo, uma abordagem moderna, ambientalmente responsável e centrada nas pessoas, com vista ao desenvolvimento sustentável do país.

Em Timor-Leste, a Economia Azul é definida como um conjunto de políticas e ações integradas que promovem o desenvolvimento económico e social através da utilização sustentável dos recursos marinhos e costeiros, com base em práticas ambientais sólidas.

A resolução do Governo estabelece ainda que as comemorações do Dia Nacional do Mar sejam realizadas anualmente, de forma alternada, “em cada município e região do país” para reforçar o “valor cultural e espiritual do mar para o povo timorense e o compromisso nacional com a preservação dos oceanos”, acrescenta o comunicado.

22 Out 2025

Aviação | Pequim reafirma cooperação com Airbus

O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, reuniu-se em Pequim com o presidente executivo da Airbus, Guillaume Faury, para reforçar a cooperação com a empresa e garantir a estabilidade das cadeias industriais, informou ontem o seu ministério.

Durante o encontro, realizado na terça-feira, Wang apelou à Airbus para tirar partido da entrada em funcionamento da segunda linha de montagem do modelo A320 em Tianjin, no norte da China, de modo a aprofundar a cooperação com o país asiático e expandir a oferta de produtos e serviços no país.

O governante garantiu que o ministério “continuará a promover a resolução dos problemas e preocupações” que a empresa possa enfrentar nas operações locais, e trabalhará para “manter a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”.

Faury expressou “total confiança” na economia chinesa e no desenvolvimento da aviação civil no país, sublinhando que a nova unidade em Tianjin “proporciona condições favoráveis para aprofundar a colaboração industrial”. O encontro insere-se num contexto de reaproximação entre Pequim e as principais economias europeias, após vários anos de tensões comerciais.

A Airbus mantém presença consolidada na China desde 2008, quando inaugurou em Tianjin a primeira linha de montagem de aviões de corredor único. Após abordar questões operacionais e de investimento, Wang enquadrou a reunião na estratégia de abertura económica da China, frisando que o mercado chinês “mantém uma expansão constante” e é actualmente o segundo maior do mundo em consumo e importações.

Acrescentou que o país continuará a promover um ambiente favorável para as empresas estrangeiras e a defender a estabilidade das cadeias globais de abastecimento perante o aumento do proteccionismo. A Airbus é actualmente o principal fornecedor de aeronaves à China, que, em paralelo, procura reduzir a sua dependência externa com o desenvolvimento do avião comercial C919, produzido pela estatal COMAC.

22 Out 2025

Peste suína | Taiwan suspende exportações de carne de porco

O Governo de Taiwan suspendeu ontem temporariamente as exportações de carne de porco, após a detecção de um possível surto de peste suína africana no centro da ilha, informou a agência noticiosa CNA.

Em conferência de imprensa, a vice-ministra da Agricultura, Tu Wen-jane, afirmou que, no cumprimento da “responsabilidade como país exportador”, Taiwan só retomará as exportações de carne suína “quando a situação epidemiológica estiver esclarecida”. O director do Departamento de Pecuária, Lee Yi-chien, indicou que os inventários actuais de carne de porco correspondem a cerca de um mês de consumo, o que “deverá ser suficiente para satisfazer a procura no curto prazo”.

As medidas foram anunciadas após a detecção de um possível surto de peste suína africana na cidade de Taichung, concretamente no distrito costeiro de Wuqi, onde morreram 117 suínos infectados entre 10 e 20 de Outubro, segundo o Ministério da Agricultura. Como parte das medidas de prevenção, o ministério anunciou a proibição, desde ontem, do transporte e abate de suínos em todo o território durante cinco dias, além da proibição do uso de restos alimentares na alimentação dos animais.

A peste suína africana não afecta os seres humanos, mas é altamente letal para os suínos, com taxas de mortalidade que podem atingir os 100 por cento nas formas mais agudas.

22 Out 2025

MNE | China espera que UE “apoie o livre comércio” e se “oponha ao proteccionismo”

Os representantes do Comércio chinês e europeu mantiveram uma conversa telefónica com vista a encontrar pontos de equilíbrio na relação entre os dois blocos

A China disse ontem esperar que a União Europeia “apoie o comércio livre” e “se oponha ao proteccionismo”, depois de o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, e o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, conversarem por telefone. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun declarou, em conferência de imprensa, que “a essência das relações económicas e comerciais entre a China e a UE reside na complementaridade e no benefício mútuo”.

Guo transmitiu o seu desejo de que “a UE cumpra o seu compromisso de apoiar o comércio livre e de se opor ao protecionismo comercial, e proporcione um ambiente empresarial justo, transparente e não discriminatório para as empresas de todos os países”.

Segundo o porta-voz, a China espera que os 27 “adoptem medidas concretas para defender a economia de mercado e as normas da Organização Mundial do Comércio [OMC]” e “persistam na resolução adequada das diferenças comerciais através do diálogo”.

Durante a chamada, Sefcovic convidou as autoridades chinesas a visitar Bruxelas para procurar “soluções urgentes” para os controlos à exportação de terras raras impostos por Pequim, medidas que a UE considera “injustas”.

O comissário europeu do Comércio explicou que o ministro chinês aceitou o convite do executivo comunitário para abordar a questão nos “próximos dias” na capital belga, uma visita ainda não confirmada pelas autoridades chinesas. “Após a conversa desta manhã, não temos interesse numa escalada, mas a situação ensombra a nossa relação, pelo que é fundamental uma resolução rápida”, afirmou o comissário europeu.

Sefcovic, que classificou a discussão como “construtiva”, lembrou que Bruxelas considera que o aumento dos controlos chineses às exportações desde Abril é “injustificado e prejudicial” e danifica a relação bilateral entre ambas as partes, ao mesmo tempo que vai contra as tentativas de alcançar um comércio mais estável e fiável.

O comissário europeu abordou com Wang a proibição à empresa Nexperia de exportar semicondutores produzidos na sua fábrica na China, na sequência da decisão dos Países Baixos de intervir na empresa para impedir a transferência de conhecimento para a China por parte da empresa, que foi fundada nos Países Baixos, mas em 2019 foi adquirida por um grupo chinês.

Nesse sentido, disse que ambas as partes lhe comunicaram a intenção de “resolver a situação e trabalhar para um acordo prático que restaure as cadeias de abastecimento, proporcione uma certeza muito necessária e evite paralisações na produção mundial”.

Nos últimos meses, Bruxelas expressou preocupação com as restrições ao acesso ao mercado chinês e o uso de terras raras como instrumento de pressão. Além disso, persistem atritos entre Pequim e os 27 por causa das tarifas europeias sobre veículos eléctricos chineses e as investigações chinesas sobre conhaque, carne de porco e laticínios europeus.

22 Out 2025

Rússia | Serguei Lavrov rejeita pôr fim à guerra

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, rejeitou ontem a possibilidade de a Rússia pôr fim aos combates na Ucrânia, argumentando que isso significaria desistir das razões pelas quais o conflito foi iniciado.

“Se simplesmente pararmos, isso significará esquecer as causas originais do conflito”, disse Lavrov numa conferência de imprensa realizada antes da cimeira de Budapeste, entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, que poderá acontecer na próxima semana.

“Agora ouvimos de Washington que devemos parar imediatamente [a guerra] e que não devemos discutir mais nada. Parem e deixem a História julgar”, acrescentou Lavrov.

Na sua opinião, a cessação das hostilidades constituiria “uma contradição” relativamente ao que foi acordado na cimeira de Agosto no Alasca entre os dois líderes, e acusou os europeus de tentarem convencer a Casa Branca a mudar de posição e a não procurar um “acordo duradouro”. “Sabemos quem está a fazer isto. São os europeus, os patrocinadores e os mestres de [o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky”, apontou.

O ministro russo lembrou que Putin e Trump concordaram no Alasca em “concentrar-se nas causas profundas e na necessidade de a Ucrânia abandonar a tentativa de aderir à NATO e, se possível, garantir plenamente os direitos legítimos da população russa e russófona”. Lavrov acrescentou que “um cessar-fogo agora significaria apenas uma coisa: grande parte da Ucrânia permaneceria sob o regime nazi de Kiev”.

“Essa parte da Ucrânia”, continuou, “seria o único lugar na Terra onde uma língua inteira seria proibida por lei, sem mencionar o facto de ser uma língua oficial da ONU e falada pela maioria da população”. Vladimir Putin e Donald Trump deverão reunir-se na Hungria para encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia.

Passo a passo

Já Dimitri Peskov, disse esperar que a cimeira sirva para “fazer avançar um acordo pacífico” sobre a Ucrânia, mas não se pronuncia sobre a possibilidade de o homólogo ucraniano participar no encontro. Peskov adiantou que Moscovo pretende que “se avance, antes de mais, num acordo pacífico sobre a Ucrânia” no encontro de Budapeste, onde Zelensky se mostrou interessado em estar se for convidado.

O diplomata russo manifestou ainda surpresa com as notícias dos Estados Unidos — avançadas pela televisão CNN — sobre um possível adiamento do seu encontro com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, com quem falou ontem ao telefone.

No entanto, reconheceu que, na sua conversa telefónica, nunca discutiram o encontro, mas apenas a possibilidade de voltarem a falar. A notícia da CNN também foi referida na conferência de imprensa diária do porta-voz da presidência russa. “Não se pode adiar algo que não estava programado”, observou Dmitri Peskov.

22 Out 2025

Japão | Sanae Takaichi eleita primeira mulher a liderar o Governo

A nova líder do Japão é conhecida pelas suas posições conservadoras. Chega ao poder graças a uma aliança com o partido reformista de direita, Ishin, mas não detém maioria absoluta no parlamento nipónico

A nacionalista Sanae Takaichi foi ontem nomeada primeira-ministra do Japão, tornando-se a primeira mulher a ocupar este cargo, graças a uma coligação parlamentar formada na véspera, após negociações de última hora. A Câmara Baixa do Parlamento japonês nomeou Takaichi, de 64 anos, logo na primeira votação e a sua nomeação será oficializada quando se encontrar com o imperador Naruhito.

A quinta líder do arquipélago no mesmo número de anos enfrenta uma situação política delicada no país, mas também uma agenda internacional densa, que tem como primeiro ponto mais alto a visita ao Japão do Presidente norte-americano, Donald Trump, já na próxima semana.

Sanae Takaichi conquistou, em 04 de Outubro, a presidência do Partido Liberal Democrático (PLD), a formação conservadora de direita no poder, quase ininterruptamente desde 1955, mas que nos últimos meses perdeu a maioria nas duas câmaras do Parlamento nipónico devido, nomeadamente, a escândalos financeiros.

O aliado tradicional do PLD, o partido centrista Komeito, abandonou a coligação em vigor desde 1999, incomodado com os escândalos e as opiniões conservadoras de Sanae Takaichi. Para garantir a eleição para a chefia do Governo e suceder ao primeiro-ministro cessante, Shigeru Ishiba, Takaichi formou na segunda-feira uma aliança com o Partido Japonês para a Inovação (Ishin), uma formação reformista de centro-direita.

“À escandinava”

A nova líder do Governo do Japão, admiradora da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, apelidada de “Dama de Ferro”, prometeu um Executivo com um número de mulheres “à escandinava”, em contraste com apenas duas na equipa do antecessor.

Uma delas deverá ser Satsuki Katayama, ex-ministra da Revitalização Regional, que ocupará o cargo de ministra das Finanças, de acordo com a imprensa japonesa. O Japão está classificado em 118.º lugar entre 148 no relatório de 2025 do Fórum Económico Mundial sobre a disparidade entre os sexos e a câmara baixa do Parlamento nipónico é exemplo disso mesmo, contando com apenas 15 por cento de mulheres.

Takaichi quer trazer para agenda das políticas publicas uma nova sensibilidade para as dificuldades relacionadas com a saúde das mulheres e não hesita em falar abertamente sobre os seus sintomas relacionados com a menopausa.

No entanto, as suas posições políticas sobre a igualdade de género colocam-na à direita de um PLD já conservador. Por exemplo, a nova chefe do Executivo opõe-se à revisão de uma lei que obriga os casais a usarem o mesmo apelido e apoia uma sucessão imperial reservada aos homens.

Takaichi também enfrentará a luta contra o declínio demográfico do Japão e a recuperação da quarta maior economia mundial. Além disso, a coligação com o Ishin representa 231 assentos no Parlamento, abaixo dos 233 necessários para a maioria absoluta, pelo que terá que negociar com outros partidos para governar.

Sanae Takaichi já se manifestou a favor do aumento da despesa pública para reanimar a economia, seguindo o exemplo de seu mentor, o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, e sua vitória impulsionou a Bolsa de Tóquio a atingir níveis recordes, sobretudo devido à reputação “pomba fiscal”, com a empresas a apostarem num novo ciclo de redução dos impostos.

No plano externo, Takaichi também moderou o discurso sobre a China e, na semana passada, absteve-se prudentemente de visitar o santuário Yasukuni, símbolo do passado militarista japonês, agressivo contra os vizinhos do Japão.

A nível interno, finalmente, a primeira mulher líder do PLD e por inerência primeira chefe de Governo nipónico tem como principal desafio recuperar a popularidade do seu partido depois de uma série de reveses eleitorais que viram a ascensão do Sanseito, um pequeno partido populista que qualifica a imigração como uma “invasão silenciosa”.

22 Out 2025

DeepSeek lança modelo de IA que combina texto e imagem para reduzir custos computacionais

A empresa chinesa de inteligência artificial DeepSeek apresentou um novo modelo multimodal que combina texto e informação visual para processar documentos extensos com menos recursos computacionais, anunciou ontem o jornal South China Morning Post.

O sistema, denominado DeepSeek-OCR, utiliza a percepção visual como meio de compressão para reduzir significativamente o número de tokens – as unidades mínimas de texto processadas por modelos linguísticos. Segundo a empresa, o método permite reduzir o volume de texto entre sete e vinte vezes, tornando possível o processamento de grandes quantidades de informação sem aumento significativo dos custos computacionais.

Disponível em código aberto nas plataformas Hugging Face e GitHub, o modelo é composto por um codificador visual (DeepEncoder) e um descodificador com arquitetura Mixture-of-Experts (MoE), com 570 milhões de parâmetros. Para além de reconhecer texto, o sistema consegue interpretar elementos visuais como tabelas, fórmulas e diagramas, o que o torna aplicável em áreas como finanças, investigação científica e análise documental.

Muito à frente

Nos testes publicados pela empresa, o DeepSeek-OCR superou outros modelos de reconhecimento óptico de carateres (OCR), como o GOT-OCR 2.0 e o MinerU 2.0, ao manter uma precisão de 97 por cento com compressão inferior a dez vezes.

A DeepSeek garante que o sistema pode gerar mais de 200.000 páginas de dados de treino por dia utilizando apenas uma placa gráfica Nvidia A100-40G. O lançamento integra a estratégia da empresa sediada em Hangzhou de desenvolver modelos mais eficientes e de menor custo, a par dos anteriores modelos V3 e R1, focados em raciocínio e aprendizagem por reforço.

A DeepSeek integra a nova geração de desenvolvedores chineses de inteligência artificial de código aberto, a par de empresas como Baidu, Tencent ou Alibaba. No entanto, especialistas alertam que as rigorosas regras de controlo de conteúdo na China podem limitar a expansão internacional destes sistemas.

22 Out 2025

HK | Sany vai estrear-se na bolsa por 1.375 MME

O fabricante chinês de maquinaria de construção Sany vai entrar na bolsa de Hong Kong em 28 de Outubro, com uma operação de 1.600 milhões de dólares, reforçando o dinamismo do mercado local.

A Sany, que já está cotada em Xangai, planeia vender mais de 580 milhões de acções por um valor total de 12.360 milhões de dólares de Hong Kong, noticiou ontem a imprensa local. A empresa fabrica escavadoras, maquinaria para betão, plataformas elevatórias, equipamentos de perfuração e compactação, e pavimentadoras, ocupando actualmente o terceiro lugar no sector a nível mundial.

Com 62 por cento do volume de negócios proveniente do estrangeiro, a Sany continua a considerar a China o seu principal mercado, mas alertou para os riscos decorrentes da prolongada crise no sector imobiliário chinês. De acordo com o jornal South China Morning Post, a empresa vai canalizar 45 por cento dos fundos angariados para expandir as suas vendas internacionais e a rede de assistência técnica.

A mesma fonte sublinha que a próxima semana será marcada por outras três grandes ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) em Hong Kong: a CIG Shanghai, fabricante de dispositivos de conectividade, com uma operação avaliada em 595 milhões de dólares; a empresa de soluções de inteligência artificial Deepexi, com 91 milhões de dólares; e a marca de chá Bama Tea, com 58 milhões.

Estes lançamentos, combinados com cerca de 290 pedidos activos para IPO registados em Setembro, colocam a bolsa de Hong Kong como uma forte candidata ao título de principal mercado mundial de estreias bolsistas em 2025. Entre as próximas estreias mais esperadas contam-se as dos dois principais operadores chineses de veículos autónomos (‘robotáxis’), Pony.ai e WeRide, que poderão captar até 2.300 e 1.100 milhões de dólares.

22 Out 2025

Trump anunciou que visitará a China “no início do próximo ano”

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou segunda-feira que viajará para a China “no início do próximo ano” para se encontrar com o homólogo chinês Xi Jinping. “Fui convidado para ir à China e provavelmente irei no início do próximo ano. Está praticamente tudo organizado”, disse Trump aos jornalistas, ao lado do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que recebeu na Casa Branca.

Trump deverá encontrar-se presencialmente com Xi no final deste mês, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, naquele que será o primeiro encontro bilateral desde 2019. O encontro esteve em risco devido às tensões entre os dois países devido aos controlos anunciados por Pequim sobre a exportação de terras raras, bem como de máquinas e tecnologias que permitem o seu refinamento e transformação.

Em resposta, Trump ameaçou aumentar as tarifas a Pequim depois daquela que qualificou como uma decisão “extremamente agressiva” por parte da China. Trump também expressou segunda-feira, na mesma ocasião e na presença de jornalistas, dúvidas sobre uma possível invasão chinesa a Taiwan. “Acho que tudo vai correr bem com a China. A China não quer fazer isso”, adiantou.

Paz e defesa

Também segunda-feira, o líder taiwanês, William Lai, afirmou que a paz entre China e Taiwan não se alcança “com um simples acordo”, em declarações na sequência da eleição da nova líder do partido de oposição Kuomintang, favorável ao diálogo com Pequim.

Num discurso dirigido a representantes da diáspora taiwanesa, Lai defendeu que tanto ele como a sua antecessora, Tsai Ing-wen (2016-2024), apostaram em “reforçar a defesa nacional”, uma vez que “a paz deve ser um ideal, mas não uma ilusão”.

“A paz não pode ser obtida através de um simples acordo. Tampouco se pode alcançar a paz aceitando as propostas da China, como o chamado ‘Consenso de 1992’ ou o princípio de ‘uma só China'”, declarou, referindo-se ao entendimento tácito entre o KMT e o Partido Comunista Chinês (PCC), segundo o qual ambos reconhecem a existência de “uma só China”, embora com interpretações distintas.

22 Out 2025

Hong Kong | Acolhida entidade multilateral dedicada à mediação internacional

O organismo de mediação deverá, segundo o Chefe do Executivo, John Lee, ter um estatuto semelhante ao do Tribunal Internacional de Justiça

A Organização Internacional para a Mediação (IOMed) iniciou ontem formalmente actividades em Hong Kong, com representantes de mais de 30 países, afirmando-se como o primeiro organismo multilateral dedicado à mediação internacional.

O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, já havia afirmado em Maio que a nova entidade teria um estatuto “análogo ao do Tribunal Internacional de Justiça”, em Haia, pelo papel como centro de resolução de disputas, o que, segundo disse, “reforçará o prestígio externo da cidade, gerará vantagens económicas e consolidará o Estado de Direito”.

Durante a cerimónia de inauguração, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da China Hua Chunying destacou que a Convenção da IOMed foi assinada, entrou em vigor e permitiu a criação formal da organização em apenas cinco meses, o que considerou um “recorde histórico” e prova do apoio internacional à iniciativa, segundo o jornal oficial Diário do Povo.

Ligada à Iniciativa para a Governação Global promovida por Pequim, a nova organização “promove a conciliação, a equidade e a cooperação, dando um impulso construtivo para uma comunidade internacional mais integrada”, afirmou Hua.

O Governo local salientou que, num contexto internacional de incerteza e tensões, a mediação ganha relevância como mecanismo para preservar relações e fomentar o diálogo. “Hong Kong, com profissionais altamente qualificados, vai liderar esta tarefa”, declarou John Lee.

Trata-se do primeiro organismo intergovernamental dedicado exclusivamente à mediação de litígios transnacionais, oferecendo mecanismos próprios de resolução de disputas, promovendo métodos actualizados e acolhendo encontros internacionais, com atenção especial aos países em desenvolvimento.

Marco jurídico

A IOMed procurará ainda cooperar com outras entidades multilaterais, conforme estipulado na Convenção assinada em Maio. A jurista de Hong Kong Teresa Cheng, antiga secretária da Justiça (2018–2022) e especialista em arbitragem internacional, foi nomeada secretária-geral da organização.

Louis Chen, da Fundação de Intercâmbio Jurídico de Hong Kong, classificou a inauguração como “um marco para a cultura jurídica”, sublinhando que a nova entidade “combina diferentes sistemas normativos, oferece soluções acessíveis e reforça a arquitectura legal global”.

A região administrativa especial chinesa, que opera segundo o princípio “Um país, dois sistemas”, procura afirmar-se como ponte entre a Ásia e o resto do mundo. Segundo o professor Willy Fu, da Associação Chinesa de Estudos sobre Hong Kong e Macau, a independência judicial e o elevado número de profissionais bilingues tornam a cidade “um ambiente ideal para tratar disputas multiculturais”.

A IOMed apresenta-se assim como a primeira entidade multilateral vocacionada exclusivamente para a mediação em litígios internacionais, alinhada com os princípios da Carta das Nações Unidas, num contexto global marcado por tensões crescentes e pelo questionamento dos canais tradicionais de resolução de conflitos.

A criação da organização coincide com críticas ao custo e à morosidade de mecanismos como o sistema de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou os processos de arbitragem no investimento internacional.

22 Out 2025

Khamenei diz a Trump que está a “sonhar” se acha que destruiu as instalações nucleares do Irão

O líder supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, afirmou ontem que o Presidente norte-americano, Donald Trump, está “a sonhar” se acredita que os Estados Unidos destruíram as instalações nucleares iranianas.

Em Junho passado, no âmbito de um conflito entre Israel e o Irão que durou 12 dias, os Estados Unidos juntaram-se ao aliado israelita nas operações de bombardeamento a alegadas infraestruturas nucleares do regime iraniano. “Isso é óptimo, continuem a sonhar!”, afirmou o líder iraniano, referindo-se às repetidas alegações de Trump de que o programa nuclear de Teerão foi “totalmente destruído”.

“Quem julga que é para dizer que um país deve ou não ter [o direito] à energia nuclear?”, perguntou Khamenei durante um encontro com atletas na capital iraniana. No sábado, o Irão anunciou que já não estava vinculado às restrições do seu programa nuclear definidas num acordo internacional concluído há 10 anos, que expirou nesse mesmo dia, reiterando, no entanto, o seu compromisso com a diplomacia.

Este acordo, assinado em 2015 pelo Irão, França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China, visava regular as actividades nucleares da República Islâmica em troca do levantamento das sanções da ONU, que pesavam fortemente sobre a economia iraniana.

A data do fim do prazo do documento tinha sido fixada para 18 de Outubro de 2025, exactamente 10 anos após o texto ter sido aprovado pela ONU através da resolução 2231. O acordo limitava o enriquecimento de urânio do Irão a 3,67 por cento e previa a supervisão rigorosa das atividades nucleares pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o organismo de supervisão nuclear da ONU.

Apesar de o negar, o Irão é frequentemente acusado pelo Ocidente e por Israel, um inimigo declarado de Teerão, de desenvolver secretamente armas nucleares. A partir de agora, “todas as disposições [do acordo], incluindo as restrições ao programa nuclear do Irão e mecanismos relacionados, são consideradas encerradas”, escreveu no sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

Com história

O acordo já tinha sido alvo de vários reveses. Em 2018, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump, os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções contra o Irão. Em retaliação, Teerão retirou-se gradualmente de certos compromissos estabelecidos no acordo.

Segundo a AIEA, o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60 por cento), próximo do limite técnico dos 90 por cento, necessário para o fabrico de uma bomba atómica. Teerão suspendeu também toda a cooperação com a AIEA em Julho, após a guerra de 12 dias desencadeada por Israel.

Os Estados Unidos também realizaram ataques contra algumas instalações nucleares iranianas durante esse conflito e, em retaliação, Teerão lançou mísseis e drones contra Israel. O conflito pôs fim a uma série de negociações indirectas entre os Estados Unidos e o Irão sobre o programa nuclear iraniano, que estavam em curso desde Abril.

Posteriormente, e por iniciativa da França, do Reino Unido e da Alemanha, a ONU restabeleceu as sanções contra o Irão no final de Setembro, suspensas há 10 anos. O fim do acordo nuclear torna as sanções “nulas e sem efeito”, afirmou o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, numa carta enviada no sábado à ONU. Ainda assim, acrescentou, “o Irão expressa firmemente o seu compromisso com a diplomacia”.

21 Out 2025

Japão | PLD preparado para assinar acordo de coligação

O Partido Liberal Democrático (PLD, direita), no poder no Japão, estava ontem em vias de assinar um acordo de coligação, abrindo caminho para que Sanae Takaichi se torne a primeira mulher a governar o país.

“Hoje (ontem), vamos assinar um acordo para lançar uma coligação governamental. Às 18:00 (hora de Tóquio, 09:00 TMG) vamos formalizá-lo”, indicou Hirofumi Yoshimura, co-líder do Partido da Inovação do Japão (JIP), formação reformista da oposição de centro-direita. Este partido da oposição associa-se ao poderoso Partido Liberal Democrático (PLD, direita conservadora), no poder, em turbulência desde a implosão da tradicional coligação com o pequeno aliado centrista, Komeito.

Sanae Takaichi, 64 anos e com posições ultraconservadoras, parecia estar no bom caminho para substituir o primeiro-ministro cessante Shigeru Ishiba, quando assumiu a liderança do PLD a 04 de Outubro, após uma votação interna. Mas a retirada do Komeito da coligação governamental, após 26 anos de apoio, mergulhou o Japão numa crise política, e o PLD intensificou as discussões com vista a formar uma aliança alternativa.

Os principais meios de comunicação japoneses davam ontem como certo o acordo de coligação entre o PLD e o JIP para permitir que Takaichi, a primeira mulher à frente do partido governante, conquiste a vitória na votação parlamentar desta terça-feira, que a deverá eleger como sucessora de Shigeru Ishiba à frente do Executivo.

O acordo agendado para ontem à tarde põe fim a mais de uma semana de profunda incerteza política no Japão, após a saída do partido budista Komeito da coligação que mantinha com o PLD há mais de 26 anos. A votação parlamentar para a nomeação da nova liderança do Governo nipónico será realizada alguns dias antes da visita prevista do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao país no final do mês.

21 Out 2025

ASEAN | Entrada de Timor-Leste é reconhecimento de que já não é um país frágil

O presidente do Futuros Alternativos – Instituto de Políticas e Assuntos Internacionais, Fidélis Magalhães, afirmou ontem que a adesão de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático serve como reconhecimento de que o país já não é frágil.

Timor-Leste vai tornar-se no próximo dia 26 deste mês, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que se vai realizar em Kuala Lumpur, na Malásia, o 11.º estado-membro da organização, 14 anos depois de ter apresentado o pedido de admissão.

Questionado sobre os objectivos de Timor-Leste com a adesão à organização, Fidélis Magalhães considerou que o principal é ter um “reconhecimento dos países-membros de que Timor-Leste é um país soberano e independente”.

“Também pode servir como uma garantia da sua integridade, da soberania timorense no futuro. Para ter uma segurança e um compromisso dos países-membros de não ingerência, de não intervenção. Finalmente, Timor-Leste é reconhecido como um país soberano e independente na sua própria região”, salientou o analista.

A antiga colónia portuguesa restaurou a sua independência em 20 de Maio de 2002, após ter sido ocupada pela Indonésia, país fundador da ASEAN, em 07 de Dezembro de 1975, nove dias depois de ter declarado unilateralmente a independência de Portugal, em 28 de Novembro de 1975.

21 Out 2025

Seul | Detenção de mais de 50 sul-coreanos por fraudes ‘online’

Dos 64 sul-coreanos vindos do Camboja, apenas cinco foram libertados. Os restantes encontram-se detidos até se perceber se trabalharam voluntariamente em esquemas de burlas ou se forma forçados a fazê-lo

Seul prepara-se para deter formalmente a maioria dos 64 sul-coreanos repatriados do Camboja por supostamente trabalharem para organizações de golpes na internet nesse país, informou ontem a polícia da Coreia do Sul.

Os 64 sul-coreanos foram detidos no Camboja nos últimos meses e foram repatriados para a Coreia do Sul num voo charter no passado sábado. Ao chegarem a Seul, foram detidos e a polícia está agora a investigar se estas pessoas se juntaram voluntariamente a organizações de golpes no Camboja ou foram forçadas a trabalhar nas mesmas.

Os esquemas fraudulentos ‘online’, muitos dos quais baseados em países do Sudeste Asiático, aumentaram drasticamente desde a pandemia de covid-19 e produziram dois tipos de vítimas: as dezenas de milhares de pessoas que foram forçadas a trabalhar nestes esquemas sob ameaça de violência e os alvos das respectivas fraudes.

Grupos de monitorização destas actividades afirmam que os esquemas fraudulentos ‘online’ rendem biliões de dólares anualmente a gangues criminosas internacionais. Os procuradores sul-coreanos solicitaram aos tribunais locais que emitissem mandados de prisão para 58 dos 64 repatriados, a pedido da polícia, informou a Agência Nacional de Polícia da Coreia em comunicado.

A polícia acrescentou que as pessoas que devem ficar detidas são acusadas de se envolver em actividades fraudulentas ‘online’, como golpes românticos, propostas de investimento falsas ou ‘phishing’ por voz, aparentemente visando compatriotas sul-coreanos no país. Espera-se que os tribunais determinem se aprovam as detenções nos próximos dias.

Zona de alto risco

A agência policial informou que cinco pessoas foram libertadas, mas recusou-se a divulgar os motivos da libertação, alegando que as investigações ainda estão em curso. A polícia sul-coreana informou que quatro dos 64 repatriados disseram aos investigadores que foram espancados enquanto estavam detidos contra a sua vontade por organizações criminosas no Camboja.

A Coreia do Sul enfrenta apelos públicos para tomar medidas mais enérgicas para proteger os seus cidadãos de serem forçados a trabalhar em centros de fraude ‘online’ no estrangeiro, depois de um dos seus cidadãos ter sido encontrado morto no Camboja em Agosto.

O jovem sul-coreano terá sido atraído por um amigo para viajar para o Camboja, e aí foi obrigado a fornecer os dados da sua conta bancária, que foi usada por uma organização fraudulenta. As autoridades do Camboja afirmaram que o estudante universitário de 22 anos foi torturado.

Estimativas da ONU e de outras agências internacionais indicam que, pelo menos, 100.000 pessoas foram traficadas para centros de fraude no Camboja, outras tantas para Myanmar e dezenas de milhares mais para outros países.

Autoridades em Seul estimam que cerca de mil sul-coreanos estejam em centros de golpes no Camboja e, na semana passada, as autoridades sul-coreanas impuseram uma proibição de viagens a partes do Camboja, enviando paralelamente uma delegação do Governo para discutir medidas conjuntas.

Os centros de golpes ‘online’ estavam anteriormente concentrados em países do Sudeste Asiático, incluindo Camboja e Myanmar, sendo que a maioria dos trabalhadores traficados eram provenientes desta região e outros países da Ásia.

Um relatório da Interpol divulgado em Junho fez saber, porém, que, nos últimos três anos, houve vítimas traficadas para o Sudeste Asiático provenientes de regiões distantes, incluindo América do Sul, Europa Ocidental e África Oriental, e que novos centros foram identificados no Médio Oriente, África Ocidental e América Central.

21 Out 2025

Investigada perda de controlo de Boeing 747-481 de carga em Hong Kong

As autoridades de Hong Kong estão a investigar as causas de um acidente ocorrido ontem no aeroporto internacional, quando um Boeing 747 de carga proveniente do Dubai saiu da pista e caiu parcialmente ao mar, causando dois mortos.

Segundo Man Ka-chai, chefe de investigação da Autoridade de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIA), o voo EK9788 da Emirates SkyCargo, operado pela turca Air ACT Cargo, foi autorizado a aterrar normalmente, mas não emitiu qualquer sinal de emergência antes de perder o controlo e atravessar o gradeamento até ao mar.

O avião, proveniente do aeroporto Al Maktoum (DWC), tocou a pista norte (07L/25R) por volta das 03:50 locais, onde embateu num veículo de patrulha com dois trabalhadores antes de se despenhar. Ambos foram socorridos minutos depois, mas um morreu no local e o outro no Hospital North Lantau. Os quatro tripulantes do cargueiro saíram ilesos e foram retirados através do escorrega de emergência.

À procura de respostas

O director de operações da Autoridade Aeroportuária, Steven Yiu, assegurou que o veículo “se encontrava na zona de patrulha autorizada” e que as condições meteorológicas e da pista eram “óptimas” no momento do sinistro. Segundo Yiu, as duas vítimas tinham mais de uma década de experiência em operações aeroportuárias.

Dados do portal Flightradar24 indicam que o avião se deslocava a cerca de 167 quilómetros por hora quando se desviou para o quebra-mar e a 91 quilómetros por hora no momento do impacto com o mar, que destruiu a parte frontal do aparelho. A AAIA abriu uma investigação para determinar se o acidente resultou de falha técnica, erro humano ou factor operacional imprevisto. A polícia também não exclui uma eventual investigação penal.

A pista norte permanecerá temporariamente encerrada, com as operações concentradas nas pistas central e sul. O Departamento de Aviação Civil e a Secretaria dos Transportes e Logística expressaram condolências pela morte dos trabalhadores, sublinhando que “a segurança aérea é uma prioridade do Governo”.

O incidente é semelhante ao acidente do voo CA605 da China Airlines, em Novembro de 1993, quando um Boeing 747-400 saiu da pista do antigo aeroporto de Kai Tak durante um pouso com vento cruzado e chuva intensa, terminando com o nariz submerso na baía de Vitória, sem vítimas.

21 Out 2025

Diplomacia | China celebra cessar-fogo e pede que Islamabade e Cabul dialoguem

A China saudou ontem o cessar-fogo alcançado entre Afeganistão e Paquistão, após vários dias de confrontos fronteiriços, e pediu que ambos resolvam as suas diferenças “através do diálogo”.

“O Afeganistão e o Paquistão são vizinhos amigos da China, que não se pode separar deles”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim. Guo expressou esperança de que a trégua seja “duradoura” e que se mantenham “em conjunto a paz e a estabilidade em ambos os países e na região”.

“A China está disposta a trabalhar com a comunidade internacional para continuar a desempenhar um papel construtivo na melhoria e desenvolvimento das relações entre o Paquistão e o Afeganistão”, acrescentou. Os dois países puseram fim no domingo a uma semana de combates e trocas de acusações na fronteira comum, marcada por ataques aéreos e confrontos armados que causaram dezenas de mortos e elevaram o risco de uma nova crise regional.

A escalada teve início a 9 de Outubro, quando o Paquistão lançou um alegado ataque com veículos aéreos não tripulados (“drones”) em Cabul contra o líder do grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), Mufti Noor Wali Mehsud. Islamabade não confirmou a operação. O episódio espoletou dias de bombardeamentos e trocas de tiros ao longo da linha Durand, uma fronteira de 2.600 quilómetros entre os dois países.

Perante a escalada, o Qatar e a Turquia mediaram uma ronda de contactos diplomáticos em Doha, com a participação de delegações de ambos os lados, que no domingo resultou num acordo para cessar imediatamente as hostilidades.

O entendimento, firmado após 12 horas de negociações conduzidas pelos ministros da Defesa afegão e paquistanês, prevê ainda um novo encontro a 25 de outubro, em Istambul. No centro do conflito está a acusação – rejeitada pelas autoridades talibãs – de que Cabul oferece refúgio ao TTP, um grupo insurgente que pretende derrubar o Estado paquistanês.

21 Out 2025

OMC | Pequim substitui embaixador

O Presidente chinês, Xi Jinping, destituiu Li Chenggang do cargo de representante permanente da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), informou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua.

O anúncio faz parte de uma série de mudanças diplomáticas aprovadas pelo chefe de Estado, e não apresenta motivos para as mudanças. A Xinhua também não menciona se Li manterá outras responsabilidades no Ministério do Comércio, onde exerce as funções de vice-ministro e representante para as negociações internacionais.

Li foi uma das principais figuras nas negociações entre Pequim e Washington, no âmbito da guerra comercial, liderando as delegações chinesas nas rondas realizadas este ano em Genebra, Londres, Estocolmo e Madrid. Participou ainda no acordo preliminar sobre a rede social TikTok alcançado no mês passado.

A saída de Li do cargo na OMC é conhecida numa semana crucial para as relações bilaterais: o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng têm previsto reunir-se nos próximos dias na Malásia para retomar o diálogo, após semanas de tensão devido às tarifas e restrições tecnológicas.

No final de Agosto, Li também protagonizou um episódio de atrito com Washington depois de Bessent classificar a sua visita à capital norte-americana como “improvisada”. Pequim defendeu então que a viagem se enquadrava na aplicação dos consensos alcançados entre Xi Jinping e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, acusando os Estados Unidos de “distorcer os factos”.

O Governo chinês não esclareceu se a mudança na OMC afectará o papel de Li nas negociações com os EUA, embora a demissão ocorra num momento especialmente delicado para a política comercial do país.

21 Out 2025

Nova líder da oposição taiwanesa diz estar pronta para reunir-se com Xi

A nova presidente do Kuomintang (KMT), principal partido da oposição em Taiwan, disse estar disponível para reunir-se com o líder chinês, Xi Jinping, visando resolver diferenças e promover a cooperação entre Taiwan e a China continental.

Cheng Li-wun, antiga porta-voz do Governo taiwanês (2012-2014), venceu no sábado as eleições internas do KMT com 50,15 por cento dos votos, superando largamente o seu principal adversário, o ex-presidente da câmara de Taipé Hau Lung-bin, que obteve 35,85 por cento. Em declarações à rádio, citadas pela agência estatal CNA, Cheng garantiu que o KMT vai passar de ser “um rebanho de ovelhas a uma manada de leões” sob a sua liderança, e sublinhou que a paz entre Taipé e Pequim é “a questão mais importante” para o partido.

A nova líder considerou ainda que a estratégia de “usar a oposição à China como arma política” perdeu eficácia na sociedade taiwanesa, defendendo a necessidade de “reunir o maior consenso possível dentro de Taiwan” para que o partido tenha uma “representação mais legítima no outro lado do estreito”.

Cheng não excluiu a possibilidade de visitar a China continental nem de se encontrar com Xi Jinping: “Estou disposta a fazer qualquer trabalho e a reunir-me com quem for necessário”, declarou, rejeitando, no entanto, que o KMT venha a adoptar uma posição pró-reunificação sob a sua liderança.

“Todos os candidatos nestas primárias afirmaram ser chineses. A minha posição sobre as relações através do estreito sempre foi coerente e resiste a qualquer escrutínio. É, além disso, a posição histórica do Kuomintang”, afirmou a dirigente, cujo partido tem como nome oficial em mandarim “Partido Nacionalista Chinês”.

Mensagem do Norte

Após a vitória de Cheng nas primárias, Xi Jinping enviou-lhe uma mensagem de felicitações, na qual manifestou a esperança de que o KMT e o Partido Comunista Chinês “reforcem a sua base política comum” e unam “a grande maioria do povo taiwanês para aprofundar os intercâmbios e a cooperação, impulsionar o desenvolvimento conjunto e avançar rumo à reunificação nacional”.

Na mensagem, divulgada pela agência noticiosa oficial Xinhua, Xi apelou também à salvaguarda da “casa comum da nação chinesa” e dos “interesses fundamentais da população de ambos os lados do estreito”.

Cheng, por sua vez, respondeu que os habitantes da China e de Taiwan “fazem parte da mesma nação chinesa” e defendeu que os dois partidos devem reforçar os intercâmbios e a cooperação para “promover a paz e a estabilidade”, segundo a mesma fonte. A líder do KMT tomará posse a 01 de Novembro, durante o congresso nacional do partido.

21 Out 2025

PCC | Reunidos para traçar planos para os próximos cinco anos

O plenário do Comité Central do PCC com vista a definir estratégias para o desenvolvimento do país deverá ocupar a cúpula das autoridades chinesas durante os próximos quatro dias

Um dos encontros mais importantes da política chinesa arrancou ontem com a elite do Partido Comunista a reunir-se à porta fechada para delinear as prioridades económicas e sociais da China para os próximos cinco anos.

O quarto plenário do Comité Central, que deverá durar quatro dias, servirá para finalizar o plano quinquenal 2026-2030, documento que orienta a estratégia do país até ao final da década. A reunião decorre num contexto de tensões comerciais com os EUA e antes de um possível encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, à margem de uma cimeira regional.

Com cerca de 370 membros, o Comité Central reúne-se normalmente sete vezes por ciclo de cinco anos. Estas sessões visam reforçar a coesão interna em torno da agenda do partido, podendo também incluir mudanças de pessoal, embora os detalhes só sejam divulgados posteriormente.

O conteúdo integral do plano será anunciado apenas em Março de 2026, durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional, mas analistas não antecipam mudanças profundas face aos planos anteriores. Segundo Lynn Song, economista do ING Bank, “não há razão para esperar uma rutura radical”.

A economia chinesa deverá crescer 4,8 por cento este ano, valor próximo da meta oficial. A crise imobiliária, o excesso de capacidade industrial e a guerra comercial com os EUA continuam a pesar sobre o desempenho.

Entre as prioridades estão o estímulo ao consumo e ao investimento privado, o controlo do excesso produtivo e a liderança tecnológica em áreas como a inteligência artificial. A aposta na autossuficiência, nomeadamente na produção de semicondutores, deverá acelerar à medida que Washington reforça os controlos à exportação. Segundo Ning Zhang, economista do banco de investimento UBS, isso implicará mais investimento chinês em tecnologia avançada.

Mais estímulos

Outro ponto-chave é saber se haverá mudanças mais ambiciosas na política de estímulo ao consumo. Até agora, Pequim adoptou medidas graduais, como subsídios à infância, créditos ao consumo e incentivos à renovação de electrodomésticos e veículos. Zhang considera que “estimular o consumo é hoje mais importante do que nunca”, mas lembra que a confiança dos consumidores continua fragilizada pelo colapso do sector imobiliário.

Casos como a guerra de preços no sector automóvel ilustram os riscos da concorrência excessiva. Ao mesmo tempo, o aumento das exportações chinesas para países do Sudeste Asiático e África tem gerado novas fricções comerciais com os EUA e outros parceiros.

Desde a pandemia da covid-19, a China tem enfrentado dificuldades em recuperar um crescimento mais robusto. A crise imobiliária levou a despedimentos e reduziu o consumo das famílias. Segundo a professora Wendy Leutert, da Universidade de Indiana, o país continua a investir pouco em áreas como saúde, educação ou cuidados infantis e a idosos, que poderiam estimular o consumo interno.

“Os líderes chineses parecem dispostos a aceitar custos económicos em nome da auto-suficiência e da liderança tecnológica”, escreveu. A demografia é outro desafio: a população começou a diminuir e envelhece mais rapidamente. A taxa de desemprego jovem ronda os 19 por cento, segundo dados oficiais, limitando o contributo das novas gerações para a economia.

Pequim quer duplicar o tamanho da economia entre 2020 e 2035. “Tal como qualquer outro governo, a China ainda se preocupa com o crescimento e quer continuar a enriquecer”, afirmou Zhang, que considera manter o crescimento entre 4 por cento e 5 por cento por década “desafiante, mas essencial” para sustentar a legitimidade do partido.

“O que importa à liderança chinesa? Estabilidade, legitimidade e apoio contínuo”, concluiu.

21 Out 2025