Saúde | Testes de ácido nucleico motivam subida de 627% das análises laboratoriais

A realização de testes de ácido nucleico fez disparar o número de análises laboratoriais em 2020. De resto, as estatísticas de saúde divulgadas ontem revelam que no ano passado houve menos médicos em Macau, bem como atendimentos em urgências e operações

 

Num ano marcado pela pandemia, os serviços complementares de diagnóstico e terapêutica nos cuidados de saúde primários aumentaram 295,5 por cento comparativamente a 2019. A variação deve-se principalmente aos novos serviços de teste de ácido nucleico para a covid-19, que levaram o número de análises de laboratório a subir 627,3 por cento para 1.818.362.

As informações foram reveladas pelo relatório das estatísticas da saúde referentes a 2020, publicado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Nos hospitais, registaram-se mais de 1,9 milhões de testes de ácido nucleico.

Em 2020, foram realizadas 1,7 milhões de consultas externas dos hospitais, o que representa uma descida de 7,9 por cento. Em tendência decrescente esteve também o recurso aos serviços de urgência, cerca de 342 mil ocorrências que representam menos 30 por cento. A maioria das pessoas foi admitida nas urgências por ter adoecido, seguindo-se como causas a gravidez (8.655) e acidentes de viação (2.103).

As estatísticas da saúde revelam que no ano passado o número de médicos em Macau diminuiu em relação a 2019. Macau contava com 1.789 médicos no total, 872 deles em hospitais, e 2.568 enfermeiros. As estatísticas revelam também diferenças entre as profissões desempenhadas por homens e mulheres em contexto hospitalar: 60,3 por cento dos médicos eram homens e 86,9 por cento das enfermeiras eram mulheres. No ano passado, o número de médicos especialistas nos hospitais do território diminuiu dois por cento para 528, sendo que 104 eram de medicina interna e 78 de cirurgia geral.

Menos operações

No ano passado, as cirurgias diminuíram 6,8 por cento para 18,2 mil. Destes, as operações de oftalmologia registaram uma quebra de 30 por cento. A maioria dos doentes internados nos hospitais era de cirurgia geral, seguindo-se utentes de ginecologia/obstetrícia e de pediatria/neonatologia. “A taxa de utilização das camas de internamento foi 66,2 por cento, tendo descido 12,1 pontos percentuais, em termos anuais, devido ao aumento de camas e à redução do total de dias de internamento”, refere o relatório.

Note-se que os dadores efectivos de sangue aumentaram 3,5 por cento no ano passado, sendo que mais de um terço tinham idades entre os 25 e os 34 anos. O número de dádivas de sangue também aumentou, chegando às 16.541, das quais cerca de três mil se deram pela primeira vez. Além disso, o Centro de Transfusões de Sangue forneceu mais de 25 mil unidades de sangue aos hospitais.

26 Mai 2021

Tratar da nossa saúde

Isolar é a atitude indicada para prevenir o ser infectado por o Covid19, mas mesmo assim, este vai sempre um passo à frente. Daí, o remédio para combater as suas mutações, cujas vacinas trazem a esperança mas andam sempre um passo atrás, é investir na saúde, ter uma visão optimista e ser-se paciente, esperando o vírus desaparecer. A solução é tratar de fortalecer a saúde do corpo e da mente, para a qual é preciso criar um ambiente positivo, evitar tensões e conflitos, e abrir o espírito ao comum bem-estar interior.

Segundo A. da Silva Tullio, o jornalismo francês foi inventado como remédio para a cura dos doentes em França, pelo Dr. Theophrasto Renaudot, médico do Rei de França Luís XIII (1610-43). A História começa com o trabalho de um seu amigo genealógico, Pedro de Hozier, que andava pelas províncias de França e outros países para redigir a História da Nobreza (publicada mais tarde). Com as histórias genealógicas e outras das suas viagens coligia notícias que ia mandando aos amigos, entre os quais o Dr. Theophrasto Renaudot. Este começou a ler algumas dessas notícias durante as visitas aos doentes e estes melhoravam a olhos vistos e assim começou a correr a fama do doutor das notícias. Aos doentes já não lhes chegava escutar as notícias, mas também as queriam ler. Com o aumento de doentes, o médico necessitou de contratar copistas e aumentando o formato, colocou também notícias suas. Estava-se em 1630 e a tiragem corria já para os milhares, o que mostra a corrida dos doentes para este médico. Daí lembrou-se, se esse remédio curava os doentes, porque não estender aos sãos e como era amigo do cardeal Richelieu, conseguiu facilmente a licença régia, saindo em 30 de Maio de 1631 o primeiro número da Gazeta, com oito páginas. Jornal que contou com colaboradores como Richelieu, tornou-se o diário oficial do governo e com o título Gazete de France chegou até ao século XX.

O nome de Gazeta vem da moeda de cobre da República de Veneza, dos meados do século XVI, que era o custo de escutar as participações a relatar os avanços do cristianismo no teatro de guerra da Turquia.

Em Portugal, considerado o primeiro jornal português, a Gazeta começaria em Novembro de 1641 e vendia-se mensalmente por dez reis, mas já muito antes havia papéis volantes, relações e notícias avulso. Desde 1604 existia a irmandade dos cegos papelistas, onde eram apenas admitidos doze irmãos com vista para guiar e ajudar os cegos, livrando-os assim da mendicidade. Imprimiam e apregoando, vendiam os papéis noticiosos pela rua. Como muitas notícias eram censuradas, os que tinham vontade de saber mais dirigiam-se para determinados lugares da cidade (por exemplo, em Lisboa, Luís de Camões gostava de ir ao adro de S. Domingos), onde as pessoas se reuniam a determinadas horas, para escutar as licitadas novidades. Eram notícias tanto do reino, como do estrangeiro e de alguidar.

A Holanda teve desde 1605 uma publicação com as leis e ao mesmo tempo dava notícias da guerra e do comércio e a Inglaterra, no ano 1622 publicou a sua Gazeta semanal, política, comercial e literária.

Voltando a Portugal, em 1755, o terramoto deu-se a um sábado e a Gazeta saia às quintas-feiras. Pois a 6 de Novembro, a folha saiu pontualmente em Lisboa e relatava: “O dia primeiro do corrente ficará memorável a todos os séculos pelos terramotos e incêndios que arruinaram uma grande parte desta cidade; mas tem havido a felicidade de se acharem nas ruínas os cofres da fazenda real e da maior parte dos particulares”. As informações em cima partilhadas são de A. da Silva Tullio e foram publicadas em 1903.

Medicina preventiva

A História do ser humano é uma incessante procura de conhecer a Natureza, para como espelho nela se rever, sendo o princípio básico, pertencermos ao todo energético que faz o Universo. Nessa unidade, cuja energia vital Qi tudo rege, é por exercícios físicos a combinar com a química glandular e de respiração que o corpo é nutrido por canais de energia, os meridianos e vasos sanguíneos, oxigenando-o e fazendo-lhe a limpeza.

Outro método de purificar é trabalhar a respiração, prolongando lentamente o inspirar, primeiro enchendo os pulmões e daí levar o ar a preencher os espaços claviculares e seguir mais profundamente até ao estômago.

Parecendo já completamente cheio, há sempre espaço para mais insuflar e na plenitude, conseguir fazer uma pausa com o maior momento alcançável. Atestado, agora em sentido oposto, com a mesma lentidão expelir até deitar fora todo o ar e repete-se esse ciclo do respirar. Este o melhor exercício para elevar a robustez energética do corpo e esvaziar a mente, método associado à meditação para assegurar a saúde e cultivar o Espírito.

Outra natural terapia, para manter um corpo são em mente sã, é a ginástica praticada na antiga agricultura por quem com a Natureza trabalha e desde o plantar ao colher, todo o corpo é revitalizado. Após as colheitas, o festejar expressando emoções ao dançar com movimentos corporais a estimular a circulação do corpo, levando os dois braços para cima e num vira que vira, torna a rodopiar. Ao fim, os aplausos libertam foguetes de palmas e carregadas as energias, segue como novo. Em agradecimento à Natureza pelos produtos dados, as celebrações de oferecer sacrifícios ao Céu animam o espaço de Atenção, suspenso aos limites, a prestar respeito à unidade Universo.

O ser humano, em tempos que andava, qual criança, à descoberta da Essência da Natureza, ainda sem as formatadas adultas planificações para controlar e produzir, qual animal intuía os melhores alimentos para comer e após ingeridos, iam-se encontrando os efeitos, transmitindo-os oralmente.

Há cinco milénios, Shen Nong, um dos três Ancestrais Soberanos da China, ensinou a ferver a água antes de ser bebida e ingeria plantas selvagens para classificar quais as comestíveis e as venenosas. Contase ter sido num só dia envenenado 72 vezes, mas salvo por umas verdes folhas de um arbusto com flores brancas, o chá, que o desintoxicou. Utilizou as ervas medicinais como cura para muitas maleitas e melhorou as artes da agricultura, daí Deus da Agricultura. Já no Livro dos Poemas (Shi Jing) do século XII a.n.E., um sem número de plantas estavam classificadas.

O quotidiano caminhar é outra terapia, em marcha não molenga nem a correr, com herança ancestral à longa caminhada de peregrinação, massajando os pés, naquele tempo descalços, nas jornadas por calhaus redondos, ou anguladas pedras, quais agulhas pressionando as plantas dos pés, porta para trabalhar o corpo e seus órgãos, num exercício de libertar as tensões dos canais energéticos. Daqui evoluiu para as massagens e acupunctura, esta já praticada entre 6000 e 5000 anos antes da nossa Era por tribos neolíticas chinesas.

O problema do vírus só será resolvido quando tivermos o corpo nutrido com saúde para conseguir repelir todos os ataques a que quotidianamente está sujeito, pois segundo os mestres de Medicina Tradicional, não há doenças, apenas doentes.

22 Fev 2021

Macau sem cirurgias ao coração e pulmões

Quem precise de uma operação urgente ao coração ou aos pulmões corre risco de vida porque não existem em Macau cirurgiões especialistas nestes procedimentos. Normalmente, vinham de Hong Kong todas as semanas. Agora não podem devido à pandemia

 

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) não conseguem proporcionar as operações de cirurgia cardíaca e cirurgia torácica, colocando em risco, em contexto de pandemia, vidas humanas. Habitualmente, antes do coronavírus, era prática a vinda de médicos de Hong Kong para executar estas operações. Contudo, as restrições fronteiriças impedem a deslocação dos cirurgiões da ex-colónia britânica.

As operações em causa consistem numa intervenção profunda que exige especial perícia e experiência da questão. Trata-se do que popularmente se designa por “peito aberto”, sendo o termo oposto aplicado a cirurgias aos pulmões, que se efectuam pelas costas. Ora tanto os médicos especialistas, filhos de Macau como estrangeiros, têm demonstrado alguma relutância em permanecer na RAEM. Os SSM optaram então por mandar vir gente de Hong Kong para suprir as necessidades, com uma regularidade semanal ou bi-semanal.

Ao que Hoje Macau apurou os SSM, serviço público que contactámos, mas do qual não obtivemos respostas, enviam casos urgentes para um hospital de Cantão, o que se pode revelar fatal em caso de excessiva demora. Outro dos problemas que se levanta com este procedimento é a restrição de entrada de estrangeiros na China, no quadro das medidas securitárias implementadas por causa do covid-19.

Assim, um residente chinês de Macau, cuja passagem na fronteira não encontra restrições, terá acesso mais rápido, talvez não suficientemente rápido, ao hospital de Cantão. Já um estrangeiro, ainda que residente, encontrará mais dificuldades e, certamente, demorará mais tempo a estabelecer os procedimentos necessários para permitir a transferência para a província de Guangdong, que exigirá um visto especial, que nem sempre é emitido com a brevidade que a situação, eventualmente exige. Este facto pode, obviamente, colocar a vida em risco de quem necessite de uma operação urgente.

Infelizmente, é o caso das doenças que exigem este tipo de operação. Na vertente cardíaca, tem sido vulgar efectuar-se em Macau uma operação simples, através do pulso ou da virilha, com o objectivo de desobstruir artérias ou veias junto ao coração. Já a operação “a peito aberto”, aplicada a casos mais bicudos, é sistematicamente atribuída a médicos pontualmente contratados ao exterior, até à pandemia, habitualmente de Hong Kong.

“Macau não dá”

Perante a inexistência de médicos capazes de operarem nas áreas da cirurgia cardíaca e torácica, não deixa de ser notável o facto de num passado recente terem abandonado a RAEM dois cirurgiões contratados para esse efeito. Segundo soube o Hoje Macau, ambos se ressentiram do tratamento prestado pela direcção dos Serviços de Saúde e da curta duração dos contratos, renovados ano a ano. Por vezes, os SSM propuseram extensões de três e seis meses a esses médicos.

A atitude dos SSM terá despertado alguma ira entre os especialistas, cuja saída da RAEM foi acompanhada de um “justificado ressentimento”, foi explicado ao Hoje Macau. Para Pequim, por exemplo, já foi levada para os meios médicos da capital a ideia segundo a qual “Macau não dá”, o que tem dificultado a contratação de novos clínicos. Na verdade, ao que sabemos, é pior o modo como são recebidos os médicos do continente, percepcionados como o “futuro”, do que o que é dispensado aos médicos portugueses, entendidos como uma “sobrevivência breve do passado” e tratados com complacência.

O Hospital Kiang Wu, que geralmente supre as fragilidades do hospital público, também não conta nos seus quadros com cirurgiões formados nas referidas especialidades. Daí que não exista neste momento em Macau capacidade para as efectuar, o que pode colocar em risco a vida de quem as necessite com urgência.

O que muitos se perguntam é como é que a RAEM, que dispõe de um fabuloso rendimento per capita, não dispõe de um serviço de saúde pública de excelência, que responda com qualidade às necessidades dos cidadãos, nomeadamente dos menos beneficiados pela fortuna. O Hospital das Ilhas, dez anos depois de lançada a primeira pedra, tarda em ser concluído, e o Centro Hospitalar Conde São Januário não viu, em 20 anos de RAEM, reforçada a sua capacidade, a ponto de ser capaz de responder, em qualidade e quantidade, a uma cada vez maior procura.

O tempo de espera para consultas é demasiado longo há muito tempo e os SSM não encontram solução. Por exemplo, o Hoje Macau sabe que uma consulta de cardiologia pode demorar quatro ou mais meses, entre a marcação e a sua realização.

Quem arrisca?

O nosso jornal falou com dois deputados ligados à causa médica: Wong Kit Cheng e Chan Iek Lap. Segundo a deputada, “o hospital público não tem este tratamento (de cirurgia cardiovascular), por isso encaminham os doentes para outras zonas, através do mecanismo de serviços médicos no exterior, para resolver os problemas dos residentes locais. Se consultar os hospitais privados, de acordo com o que eu sei, o hospital Kiang Wu tem especialistas que fazem operações de cirurgia cardíaca e torácicas. Caso a cirurgia envolva um transplante cardíaco ou esteja relacionada com o sistema de circulação e os médicos não tiverem experiência, estes médicos não vão arriscar.”

O Hoje Macau sabe que existem, neste preciso momento, doentes a precisar de uma intervenção e, de facto, em Macau ninguém arrisca. A deputada tem conhecimento da falta de médicos nos serviços públicos de Saúde, mas pensa que estes existem no Kiang Wu. Mas a verdade factual é que, se existissem não se compreenderia porque razão arriscam vidas, sujeitando-as a uma viagem de mais de 330 quilómetros.

Já Chan Iek Lap parece ter uma noção mais precisa do assunto: “Actualmente, algumas operações raras são difíceis de se realizar em Macau, temporariamente. Porque no passado os doentes podiam ser encaminhados para as zonas vizinhas. Devido à pandemia, a entrada e saída [de utentes] sobretudo para Hong Kong não é possível, porque há quarentena. Estas situações podem ser resolvidas através de negociação com as autoridades das zonas vizinhas, para que os doentes com necessidade possam ter um corredor de passagem ou tratamento específicos. Temos de admitir que uma parte do nosso nível médico é diferente das zonas vizinhas. O Governo pode melhorar o nível médico através de incentivos, políticas de apoio e trabalhos relevantes.”

Na opinião de Wong, contudo, “o governo pode formar e recrutar mais especialistas, mas a formação em Macau é difícil porque tem menos casos de doença. Os médicos de cirurgia cardiovascular actualmente no território adquiriram alguma experiência na China Continental ou no exterior e regressaram para servir Macau.” O pior é que os que regressaram voltaram a ir-se embora por não lhes terem sido dadas condições condignas. Como antigamente se dizia, a saúde em Macau parece estar doente.

Estatísticas mais recentes não revelam número de operações de cardiologia

As Estatísticas da Saúde de 2019 não discriminam quantas operações foram feitas da especialidade de cardiologia. Dos 19.537 serviços operatórios realizados, cerca de 3,43 por cento são apresentados como pertencendo a “outras” especialidades. Em 2019, os hospitais de Macau disponibilizavam um total de 1.628 camas de internamento, o correspondente a 2,4 por cada mil habitantes.

De entre os doentes internados, 4,9 por cento eram da especialidade de cardiologia e 6,1 por cento em pneumologia. Nesse ano registaram-se 3.047 doentes internados em cardiologia, incluindo na unidade de cuidados intensivos da especialidade.

É preciso recuar às Estatísticas de Saúde de 2012 para se encontrar dados discriminados sobre serviços operatórios na área da cardiologia, registando-se 160 operações programadas. No ano anterior, aconteceram 222 operações de cardiologia, sete das quais de urgência. Já em 2010, os dados revelam a realização de 285 serviços operatórios de cardiologia (16 urgentes) e 60 cirurgias torácicas (13 de urgência).

Recurso ao exterior

De acordo com informações divulgadas em 2019 pelo então secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, a Junta de Serviços Médicos para o Exterior recebia uma média de 200 pedidos semanais para tratamentos fora da RAEM. Em 2016, os Serviços de Saúde (SS) esclareceram num comunicado que o rácio de pacientes enviados para serviços médicos em Hong Kong era de 1,6 pessoas por cada mil. Os SSM argumentaram que “a percentagem do envio de pacientes pelo Governo é muito baixa quando relacionada com os serviços gerais” e que tais situações “são apenas um complemento aos serviços médicos locais”.

Na nota, os SSM disseram ser preciso “tomar em consideração as situações práticas e a continuidade da aplicação” das técnicas médicas desenvolvidas, numa população com apenas 650 mil residentes. Além disso, comentavam que é preciso “um número substancial” de casos para manter o nível técnico dos profissionais de saúde. Mas a economia também era um factor de ponderação. “Assim, o regime de envio de doentes para serviços médicos no exterior atende às necessidades dos residentes de Macau e foi tido em conta o benefício económico desta medida”, defenderam.

5 Fev 2021

Saúde | Novo regime aprovado ao fim de dois anos de discussão

Apesar da aprovação da nova lei, os deputados mostraram-se preocupados com as classes de profissionais de saúde que ficam fora do diploma, assim como a constituição do Conselho dos Profissionais de Saúde

 

[dropcap]A[/dropcap] nova lei de Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde foi aprovada pela Assembleia Legislativa na sexta-feira e vai entrar em vigor em Outubro do próximo ano. Apesar de a importância do diploma para criar um sector da saúde mais desenvolvido ter sido unânime, ouviram-se várias críticas à exclusão de algumas classes profissionais e à escolha da composição do Conselho Profissional de Saúde.

Uma das situações mais discutidas está relacionada com as classes de profissionais de saúde criadas pela lei. Entre médicos, farmacêuticos, enfermeiros e dentistas, são quinze as novas classes de profissionais reconhecias. No entanto, houve vários deputados a mostrarem-se preocupados com a indefinição de outras classes.

A primeira pessoa a levantar a questão foi a deputada ligada ao Operários de Macau, Ella Lei: “Reconheço que não é possível definir na lei todas as classes e que há sempre quem vá ficar de fora. Mas, se há profissões que não são abrangidas por este novo regime, como é que se vai proceder nos casos em que haja a violação de certos deveres profissionais. Como é que o Governo vai poder intervir?”, questionou a deputada.

Na mesma linha, o deputado apoiado pela Novo Macau, Sulu Sou, levou ao hemiciclo a preocupação dos profissionais de medicina desportiva, que não estão abrangidos pelo diploma. “Há áreas em que as pessoas lidam com a saúde e que se considera que têm um estatuto profissional. Mas estas pessoas estão excluídas e preocupadas”, indicou o democrata. “Sentem que estão a trabalhar, mas que o seu estatuto não é reconhecido”, acrescentou.

Já Agnes Lam, falou dos conselheiros psicológicos das escolas, que não fazem tratamentos clínicos, mas diagnosticam as crianças.

Face à possibilidade de existir uma desvalorização de certas profissões, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, fez questão de sublinhar que o Executivo respeita o trabalho de todos. “Só porque alguns profissionais de saúde não estão na lei não significa que não reconheçamos o seu valor profissional e social. Só que tivemos de fazer uma lista e levámos principalmente em linha de conta factores como os riscos para as pessoas tratadas e o número de profissionais que exercem. Por exemplo, os optometristas têm poucos riscos no que fazem, por isso não estão na lista”, explicou.

Erros cobertos

Quanto à possibilidade de serem cometidos eventuais erros, a secretária-geral do Conselho para os Assuntos Médicos, Leong Pui San recordou aos deputados que existe uma lei do erro médico para estas situações e que as pessoas que tiverem problemas com outros profissionais de saúde podem apresentar queixa às autoridades competentes.

Com vários intervenientes, os artigos sobre as 15 classes de profissionais foram aprovados por unanimidade, sem que o Governo tivesse antes admitido a criação de um sistema de registo no futuro para as outras profissões. Uma promessa que a deputada das Mulheres, Wong Kit Cheng, afirmou esperar que seja cumprida, durante a declaração de voto: “Quanto aos profissionais excluídos, o Governo diz que vão ter um regime para se registarem. Mas não se sabe quando e como. Esperamos que para haver mais garantias para o sector e os utilizadores dos cuidados de saúde que o registo avance mesmo”, afirmou.

Momento quente

Além de exigir exames de admissão para as 15 profissões e ainda a realização de um estágio, a lei cria também o Conselho dos Profissionais de Saúde (CPS), um órgão supervisor que vai ter poderes para aplicar sanções aos profissionais que cometerem infracções. Contudo, a escolha da composição do organismo gerou críticas, pelo facto de o Governo ter recusado nomear profissionais do sector privado e ter remetido explicações para um regulamento administrativo.

Leong Sun Iok, deputado ligado aos Operários, mostrou-se preocupado com a falta de representação e a possibilidade das diferentes associações não estarem representadas nos 23 membros. Face à preocupação, a secretária Ao Ieong U, fez questão de explicar que o conselho é um órgão da administração pública.

“O CPS e um órgão administrativo. Não estamos a falar de um órgão consultivo, uma vez que neste caso tem poder para tomar decisões. Por isso, a escolha dos membros segue as orientações para os órgãos administrativos com funcionários públicos”, clarificou a secretária. “Mas vamos ouvir as opiniões dos profissionais, principalmente quando tivermos a discutir assuntos de cariz mais técnico”, assegurou.

Por outro lado, a deputada Agnes Lam pediu para que fossem fornecidas mais informações sobre o método que conduziria à escolha dos membros, mas a questão acabou por não ser elaborada. Um desejo que foi também deixado por Ella Lei, que mostrou preocupação com a possibilidade de haver poucos profissionais do sector no CPS. “Espero que o Governo saiba captar profissionais do sector para o conselho”, desejou.

Após dois anos na Assembleia Legislativa, a nova lei, que foi definida pela secretária como “um grande avanço para a sociedade” vai entrar em vigor a 31 de Outubro do próximo ano. Também o deputado Chan Iek Lap, eleito indirectamente pelo sector da saúde, elogiou o resultado da nova lei. “Foi um trabalho árduo e longo. Mas é uma lei que vai aperfeiçoar os padrões no sector e com maiores exigências para os profissionais, o que vai fazer com que haja um maior desenvolvimento no sector”, considerou.

7 Set 2020

SSM | Novo hospital deverá ter mais de 60 enfermarias de isolamento

[dropcap]L[/dropcap]ei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang, que o futuro complexo de cuidados de saúde das ilhas terá 64 enfermarias de isolamento.

“Serão criadas 80 enfermarias de isolamento no edifício de especialidade de saúde pública e 64 enfermarias de isolamento no complexo de cuidados de saúde das ilhas, tornando as instalações locais de prevenção e controlo de doenças transmissíveis mais completas”, adiantou Lei Chin Ion, acrescentando que actualmente o Governo dispõe de 232 camas de isolamento com pressão negativa.

O director dos SSM avançou ainda as últimas informações relativas às obras do novo hospital. No que diz respeito às obras das fundações do edifício de especialidade de saúde deverão estar terminadas no final deste ano. Relativamente à empreitada de construção das estruturas principais do complexo de cuidados de saúde das ilhas, que abrange o hospital geral, o edifício de apoio logístico, o edifício de administração e multi-serviços, bem como o edifício residencial para trabalhadores, teve início em Outubro e em Dezembro de 2019. Lei Chin Ion lembrou ao deputado que a abertura do concurso público para o edifício do laboratório central arrancou a 11 de Março deste ano.

O Governo está ainda a ponderar fazer algumas alterações no projecto do hospital de reabilitação, “com base em factores como o envelhecimento da população de Macau e o desenvolvimento dos serviços de tratamento durante o período de convalescença”.

4 Mai 2020

Saúde | Lei que regula actividade omite prazo de entrada em vigor

[dropcap]P[/dropcap]or estar omissa no articulado, os deputados querem que o Governo esclareça qual o período de entrada em vigor da proposta de lei que vai regular a qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde, após a sua aprovação.
Foi este um dos pontos analisados ontem pela 2ª comissão de acompanhamento da Assembleia Legislativa (AL) presidida por Chan Chak Mo, dado que a lei visa clarificar as tarefas e funções de 15 categorias abrangidas pela proposta.
“Queremos saber a data porque no texto está por preencher. Após aprovação, esta lei vai entrar em vigor depois de um ano, porque ainda há muitos regulamentos administrativos a criar e aqui, como implica 15 categorias de profissionais de saúde, o Governo disse que é necessário algum tempo”, explicou Chan Chak Mo.
Entre as preocupações da comissão sobre o terceiro texto de trabalho da proposta de lei está o alargamento do âmbito da licença limitada, que pode ser atribuída pelo director dos serviços de saúde aos profissionais e a quem vem do exterior, em casos excepcionais. Segundo Chan Chak Mo, os deputados da comissão querem saber na prática, como é que vão ser enquadrados os titulares desta licença.
“Há médicos de Hong Kong que vêm cá para fazer uma operação cirúrgica e voltam depois de alguns dias. Mas o que é que vai acontecer aos titulares de licença limitada no futuro e que se encontram actualmente a trabalhar? É esta questão que temos de colocar ao Governo”, partilhou Chan Chak Mo.
Outra das questões levantadas está relacionada com a nomeação de enfermeiros-especialistas. Em causa está a alteração do artigo 14 da lei 18/2009 que prevê que os enfermeiros do quadro dos Serviços de Saúde podem ser nomeados, em comissão de serviço, como enfermeiros-especialistas “até serem promovidos, por concurso, nos lugares do quadro referentes a esta categoria”. Queremos saber como é que isto funciona na prática”, explicou Chan Chak Mo.

18 Mar 2020

Saúde | Lei que regula actividade omite prazo de entrada em vigor

[dropcap]P[/dropcap]or estar omissa no articulado, os deputados querem que o Governo esclareça qual o período de entrada em vigor da proposta de lei que vai regular a qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde, após a sua aprovação.

Foi este um dos pontos analisados ontem pela 2ª comissão de acompanhamento da Assembleia Legislativa (AL) presidida por Chan Chak Mo, dado que a lei visa clarificar as tarefas e funções de 15 categorias abrangidas pela proposta.

“Queremos saber a data porque no texto está por preencher. Após aprovação, esta lei vai entrar em vigor depois de um ano, porque ainda há muitos regulamentos administrativos a criar e aqui, como implica 15 categorias de profissionais de saúde, o Governo disse que é necessário algum tempo”, explicou Chan Chak Mo.

Entre as preocupações da comissão sobre o terceiro texto de trabalho da proposta de lei está o alargamento do âmbito da licença limitada, que pode ser atribuída pelo director dos serviços de saúde aos profissionais e a quem vem do exterior, em casos excepcionais. Segundo Chan Chak Mo, os deputados da comissão querem saber na prática, como é que vão ser enquadrados os titulares desta licença.

“Há médicos de Hong Kong que vêm cá para fazer uma operação cirúrgica e voltam depois de alguns dias. Mas o que é que vai acontecer aos titulares de licença limitada no futuro e que se encontram actualmente a trabalhar? É esta questão que temos de colocar ao Governo”, partilhou Chan Chak Mo.

Outra das questões levantadas está relacionada com a nomeação de enfermeiros-especialistas. Em causa está a alteração do artigo 14 da lei 18/2009 que prevê que os enfermeiros do quadro dos Serviços de Saúde podem ser nomeados, em comissão de serviço, como enfermeiros-especialistas “até serem promovidos, por concurso, nos lugares do quadro referentes a esta categoria”. Queremos saber como é que isto funciona na prática”, explicou Chan Chak Mo.

18 Mar 2020

A multiplicação do ruído

[dropcap]A[/dropcap] forma como as redes sociais têm moldado a nossa compreensão e consequente intervenção no mundo tem sido tão profunda e tão rápida que não raramente parecemos adolescentes em confronto com um mundo para o qual não estamos ainda preparados. Ao revés do que ingenuamente pensávamos, o acesso generalizado à informação não aportou clareza ou definição. Pelo contrário; a multiplicação de perspectivas acrescentou, para além de ruído, desordem e uma crescente incapacidade de destrinçar verdade da mentira, factos de opiniões desinformadas.

Um estudo da universidade de Princeton e da universidade de Nova Iorque concluiu que os adultos com mais de sessenta e cinco anos – norte-americanos – têm uma tendência sete vezes superior de partilhar notícias que sabem ser falsas ou equívocas do que adultos com menos de trinta anos, por exemplo. Pondo de parte a avaliação da intencionalidade de quem faz esse tipo de partilhas, o que me parece bastante evidente é que a iliteracia digital – sobretudo nos mais velhos, habituados a confiar na informação porque adequam exposição pública e veracidade – é a grande responsável pela profusão de ruído nas redes sociais. E se muitas vezes as partilhas são perfeitamente inofensivas, nem sempre é esse o caso.

Partilhar uma notícia não é nunca um acto neutro. Quando alguém decide tomar uma posição relativamente a um determinado assunto, está implicitamente a revelar coisas sobre si próprio. Sobre as suas posições políticas, as suas crenças e sobre a consciência que tem do acto da partilha. Mesmo partindo do princípio auto-evidente segundo o qual um perfil numa rede social corresponde a um avatar, a uma persona, não é menos evidente que estes radicam num substrato de convicções e crenças que se alimenta de e alimenta a rede onde se exprime.

Há muitas coisas que as pessoas partilham de um modo absolutamente desinformado que são apenas tontas e cujo efeito na sociedade não chega nunca a ser o da bola de neve que eventualmente molda a opinião pública acerca de um determinado assunto. São por exemplo epifenómenos de pseudociência a quererem passar por ciência, como é o caso dos efeitos das novas redes 5G nos humanos ou o açúcar enquanto veneno e vício. As pessoas acreditam nessas coisas e partilham-nas porque já têm uma inclinação cognoscitiva relativamente a esses assuntos – e apenas lêem artigos que justificam as suas convicções e nunca o contrário – ou porque acabam por equivaler indevidamente a sensação de estranheza relativamente ao mundo que os rodeia a uma teoria da conspiração acerca desse mesmo mundo que resolve de uma vez só o problema – por exemplo, a “teoria” da terra plana, segundo a qual vivemos numa mentira orquestrada pela NASA, resolve automaticamente a sensação de inadequação e de pequenez, se um sujeito decidir embarcar nela. Há porém coisas mais graves, como os movimentos anti-vacinação ou anticientíficos em geral. Estes podem causar mossas permanentes que não se limitam ao sujeito que adere a eles.

Este período de medo colectivo que vivemos por via da pandemia em curso de COVID-19 deveria nos obrigar a uma reflexão sobre o nosso uso das redes sociais. A imediatez sem custos do acto de partilhar faz com que multipliquemos o ruído. Não paramos para pensar “mas isto é mesmo assim? mas isto é verdade?” porque não existem consequências para a partilha. Acrescentamos confusão à confusão. A maior parte das pessoas lê notícias via redes sociais. A maior parte das pessoas vai tomar decisões importantes para todos nós com base nos artigos partilhados pelas pessoas de quem são amigos. Deveríamos talvez pensar que a nossa grande contribuição para a clareza pudesse ser o silêncio. A responsabilidade de não ceder ao impulso afectivo – que não equivale de todo a qualquer certeza cognoscitiva – de partilhar aquilo que numa primeira leitura nos parece certo. Deveríamos hesitar. Deveríamos confiar nos especialistas e falar muito menos que eles. O silêncio pode ser o único meio pelo qual a mensagem certa chega onde devia chegar.

6 Mar 2020

Covid-19 | Jorge Sales Marques diz que Macau é exemplo para a Ásia

O médico representante dos Serviços de Saúde de Macau disse à Lusa que fechar ou reabrir casinos não determina o número de infectados com o novo coronavírus. Jorge Sales Marques afirmou ainda que o fornecimento de máscaras é suficiente e que a reabertura de escolas não é, para já, uma possibilidade

[dropcap]J[/dropcap]orge Sales Marques, médico pediatra dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), deu uma entrevista à Lusa onde fez o ponto de situação das medidas de combate ao novo coronavírus, o Covid-19, por parte do Governo. Na entrevista, o médico macaense disse que não se pode concluir que fechar ou reabrir casinos determine mais ou menos casos de infecção pelo Covid-19.
“Os casinos foram fechados há duas semanas e, quando estavam abertos, não tínhamos assim tantos casos, só a partir do nono ou décimo caso é que foram encerrados”, lembrou o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.
“Ao fecharmos os casinos, o risco poderá ter diminuído, mas não se pode concluir que foi a partir daí que deixámos de ter casos, porque há outras medidas que foram tomadas, (..) importantes”, argumentou. “A reabertura dos casinos não significa que vá haver mais casos, mas também não se pode concluir que o fecho dos casinos foi o motivo para deixarmos de ter casos”, frisou o chefe do serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde São Januário.

Máscaras para todos

Jorge Sales Marques disse ainda que “a cobertura de máscaras tanto para adultos como para crianças está garantida”. “Não vamos ter falhas nas máscaras (…) não vamos ter esse problema”, sublinhou o médico, num momento em que o território continua a impor a venda racionada deste produto, depois de ter garantido uma encomenda inicial de 20 milhões.
Sales Marques salientou que, de facto, as autoridades foram confrontadas com muitas dificuldades para comprar máscaras que assegurassem o fornecimento à população, sobretudo “nesta altura em que existe uma epidemia” e “as máscaras são procuradas em todas as partes do mundo”.
De resto, “em Portugal há cidades, nomeadamente Lisboa, em que não existem máscaras”, exemplificou. “Mesmo [com] as máscaras para crianças tivemos alguma dificuldade, mas foi praticamente em tempo recorde que conseguimos adquirir um milhão (…), o que é óptimo”, considerou.
Recentemente, Jorge Sales Marques publicou um artigo numa revista científica nos Estados Unidos no qual concluiu que o facto de as crianças serem menos afectadas pelo coronavírus Covid-19 tem a ver com a estimulação do sistema imunológico, através das vacinas e respectivo reforço junto da população até aos 13 anos.
O especialista assinalou que os primeiros estudos apontavam desde logo para o facto de o grupo mais afectado ser aquele que integra pessoas com mais de 55 anos, pelo que a prioridade das autoridades de saúde de Macau foi sempre o de assegurar máscaras para os adultos.

Escolas fechadas

No que diz respeito às escolas, Jorge Sales Marques disse que a sua reabertura “não está, para já, em cima da mesa”.
“Se as aulas vão começar no final do mês, ou início do próximo, este é um pormenor que para já não está em cima da mesa porque temos de ter mais dados objectivos para chegarmos a uma conclusão, de facto, sobre o ‘timing’ ideal”, afirmou.
O especialista explicou que continuam a existir razões objectivas para o facto de as escolas ainda não terem reiniciado as aulas após os feriados do Ano Novo Lunar.
“É difícil” indicar uma data para o reinício das aulas, apontou, “porque se está ainda num período crítico”. “Nas escolas as pessoas estão completamente aglomeradas em espaços pequenos, o intervalo entre as carteiras é extremamente pequeno”, o que potencia o risco de infecção, precisou o pediatra.
No que diz respeito às medidas de prevenção, o médico considera Macau “como exemplo ao nível da Ásia e de outros países, (…) em relação não só às recomendações que foram dadas, como também ao cumprimento [por parte] da população”.
Sales Marques elogiou tanto as medidas tomadas pelas autoridades para conter a propagação da epidemia como “o comportamento impecável da população”, que tem seguido os apelos das entidades competentes “à risca”.

Pessoal médico livre

O médico destacou lembrou também a qualidade e quantidade dos equipamentos nos SSM, com a existência em número suficiente de material para exames para o rastreio do vírus.
“A prova provada é que não temos casos nem em enfermeiros, nem em médicos. (…) Por alguma razão é”, argumentou, destacando o trabalho efectuado pela equipa de 23 médicos e 60 enfermeiros “que trabalha com as pessoas que têm mais probabilidade de serem infectadas”.
O chefe dos serviços de pediatria do hospital público aproveitou para deixar um alerta, apesar dos “resultados fantásticos de Macau”, há 14 dias sem registar novos casos: “Isto ainda não acabou. Macau é uma cidade de 600, 700 mil habitantes, mas estamos rodeados por milhões, tanto do lado de Hong Kong, como pelo lado da China”.
Jorge Sales Marques salientou que “esta é uma luta que não envolve só os serviços de saúde, os profissionais de saúde a as entidades competentes, é uma luta da população em geral contra este vírus, porque é um vírus de muito fácil contágio”.

20 Fev 2020

Covid-19 | Jorge Sales Marques diz que Macau é exemplo para a Ásia

O médico representante dos Serviços de Saúde de Macau disse à Lusa que fechar ou reabrir casinos não determina o número de infectados com o novo coronavírus. Jorge Sales Marques afirmou ainda que o fornecimento de máscaras é suficiente e que a reabertura de escolas não é, para já, uma possibilidade

[dropcap]J[/dropcap]orge Sales Marques, médico pediatra dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), deu uma entrevista à Lusa onde fez o ponto de situação das medidas de combate ao novo coronavírus, o Covid-19, por parte do Governo. Na entrevista, o médico macaense disse que não se pode concluir que fechar ou reabrir casinos determine mais ou menos casos de infecção pelo Covid-19.

“Os casinos foram fechados há duas semanas e, quando estavam abertos, não tínhamos assim tantos casos, só a partir do nono ou décimo caso é que foram encerrados”, lembrou o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.

“Ao fecharmos os casinos, o risco poderá ter diminuído, mas não se pode concluir que foi a partir daí que deixámos de ter casos, porque há outras medidas que foram tomadas, (..) importantes”, argumentou. “A reabertura dos casinos não significa que vá haver mais casos, mas também não se pode concluir que o fecho dos casinos foi o motivo para deixarmos de ter casos”, frisou o chefe do serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde São Januário.

Máscaras para todos

Jorge Sales Marques disse ainda que “a cobertura de máscaras tanto para adultos como para crianças está garantida”. “Não vamos ter falhas nas máscaras (…) não vamos ter esse problema”, sublinhou o médico, num momento em que o território continua a impor a venda racionada deste produto, depois de ter garantido uma encomenda inicial de 20 milhões.

Sales Marques salientou que, de facto, as autoridades foram confrontadas com muitas dificuldades para comprar máscaras que assegurassem o fornecimento à população, sobretudo “nesta altura em que existe uma epidemia” e “as máscaras são procuradas em todas as partes do mundo”.

De resto, “em Portugal há cidades, nomeadamente Lisboa, em que não existem máscaras”, exemplificou. “Mesmo [com] as máscaras para crianças tivemos alguma dificuldade, mas foi praticamente em tempo recorde que conseguimos adquirir um milhão (…), o que é óptimo”, considerou.

Recentemente, Jorge Sales Marques publicou um artigo numa revista científica nos Estados Unidos no qual concluiu que o facto de as crianças serem menos afectadas pelo coronavírus Covid-19 tem a ver com a estimulação do sistema imunológico, através das vacinas e respectivo reforço junto da população até aos 13 anos.

O especialista assinalou que os primeiros estudos apontavam desde logo para o facto de o grupo mais afectado ser aquele que integra pessoas com mais de 55 anos, pelo que a prioridade das autoridades de saúde de Macau foi sempre o de assegurar máscaras para os adultos.

Escolas fechadas

No que diz respeito às escolas, Jorge Sales Marques disse que a sua reabertura “não está, para já, em cima da mesa”.

“Se as aulas vão começar no final do mês, ou início do próximo, este é um pormenor que para já não está em cima da mesa porque temos de ter mais dados objectivos para chegarmos a uma conclusão, de facto, sobre o ‘timing’ ideal”, afirmou.

O especialista explicou que continuam a existir razões objectivas para o facto de as escolas ainda não terem reiniciado as aulas após os feriados do Ano Novo Lunar.

“É difícil” indicar uma data para o reinício das aulas, apontou, “porque se está ainda num período crítico”. “Nas escolas as pessoas estão completamente aglomeradas em espaços pequenos, o intervalo entre as carteiras é extremamente pequeno”, o que potencia o risco de infecção, precisou o pediatra.

No que diz respeito às medidas de prevenção, o médico considera Macau “como exemplo ao nível da Ásia e de outros países, (…) em relação não só às recomendações que foram dadas, como também ao cumprimento [por parte] da população”.

Sales Marques elogiou tanto as medidas tomadas pelas autoridades para conter a propagação da epidemia como “o comportamento impecável da população”, que tem seguido os apelos das entidades competentes “à risca”.

Pessoal médico livre

O médico destacou lembrou também a qualidade e quantidade dos equipamentos nos SSM, com a existência em número suficiente de material para exames para o rastreio do vírus.

“A prova provada é que não temos casos nem em enfermeiros, nem em médicos. (…) Por alguma razão é”, argumentou, destacando o trabalho efectuado pela equipa de 23 médicos e 60 enfermeiros “que trabalha com as pessoas que têm mais probabilidade de serem infectadas”.

O chefe dos serviços de pediatria do hospital público aproveitou para deixar um alerta, apesar dos “resultados fantásticos de Macau”, há 14 dias sem registar novos casos: “Isto ainda não acabou. Macau é uma cidade de 600, 700 mil habitantes, mas estamos rodeados por milhões, tanto do lado de Hong Kong, como pelo lado da China”.

Jorge Sales Marques salientou que “esta é uma luta que não envolve só os serviços de saúde, os profissionais de saúde a as entidades competentes, é uma luta da população em geral contra este vírus, porque é um vírus de muito fácil contágio”.

20 Fev 2020

Saúde | Despesas com serviços aumentam 8 por cento em 2020

Ao todo são mais 670 milhões de patacas relativamente ao orçamento do ano passado, destinadas a cobrir as despesas dos Serviços de Saúde (SS) em 2020. O Governo justifica o aumento com recrutamento de pessoal, aumento do número de camas e novos postos de saúde

 
[dropcap]A[/dropcap] proposta sobre a lei do orçamento para 2020 esteve ontem em análise, uma vez mais, pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Na reunião, que juntou a Comissão e representantes do Executivo, foram revelados os detalhes orçamentais respeitantes a cinco serviços públicos.
Assim, para 2020, os Serviços de Saúde irão contar com mais 670 milhões para fazer face às despesas do próximo ano, de um total de 9 mil milhões de patacas. Segundo o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, o Governo justificou o aumento, que representa 8 por cento do orçamento total dos Serviços de Saúde, essencialmente, com o recrutamento de novos técnicos e gastos com o pessoal, sendo que desta percentagem e só neste quadrante, os gastos previstos são de 370 milhões de patacas (54.8 por cento).
“Está previsto um aumento de 8 por cento do orçamento para 2020, sendo que as despesas com pessoal representam a maior fatia do aumento. Ao todo estamos a falar 90 médicos, 85 estagiários, 23 farmacêuticos, 63 técnicos superiores de saúde, 89 técnicos superiores, 22 auxiliares, (…) e 280 enfermeiros”, detalhou Chan Chak Mo.
Além das despesas com o pessoal que incluem ”o pagamento de horas extraordinárias, subsídios e abonos”, a outra grande parte do montante, cerca de 200 milhões de patacas, será destinado, segundo Chan Chak Mo, à “criação de novos postos de saúde e ao aumento do número de camas”, mas também a cobrir gastos relacionados com medicamentos e material médico
Após a reunião, o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL divulgou ainda as justificações do Governo relativamente à actualização salarial de 3.4 por cento da função pública. De acordo com Chan Chak Mo a taxa de actualização salarial “tem em conta diversos factores como o índice salarial do mercado privado, a inflação, a situação financeira do Governo, entre outros aspectos”, apontou.
Sobre o orçamento destinado ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-struturas (GDI), o Governo justificou que o aumento de 800 milhões de patacas é devido aos custos inerentes aos estudos da quarta travessia Macau-Taipa.
“O aumento do orçamento está relacionado com a quarta ligação Macau-Taipa. Neste momento as obras foram adjudicadas e têm o valor de 5,2 mil milhões de patacas. Esse valor não é definitivo porque há que ter em conta também outros factores como as sondagens, a capacidade do solo, obras relacionadas, por exemplo, com as fundações e ainda, com a evolução dos preços dos materiais (…). Esse estudo está orçamentado em 10 milhões de patacas”, transmitiu Chan Chak Mo.

A bem da cultura

O orçamento destinado ao Instituto Cultural (IC) prevê também um aumento na ordem das 100 milhões de patacas relacionado com obras de manutenção de equipamentos, eventos agendados e ainda, despesas inerentes aos gastos com as orquestras de Macau, que anteriormente estavam associados ao Fundo de Cultura.
“O orçamento total vai passar de mil milhões para 1,1 mil milhões. Mas as despesas estão também relacionadas com o grande número de eventos que vão ser realizados pelo IC. Há também obras que, à partida, seriam relacionadas pelo serviço de obras públicas, mas que afinal vão acabar por ser suportadas pelo próprio IC”.
A Comissão espera agora cumprir o parecer até ao próximo dia 10 de Dezembro para que a proposta de lei do Orçamento para 2020 possa depois ser discutida em sede de plenário.

4 Dez 2019

Saúde | Despesas com serviços aumentam 8 por cento em 2020

Ao todo são mais 670 milhões de patacas relativamente ao orçamento do ano passado, destinadas a cobrir as despesas dos Serviços de Saúde (SS) em 2020. O Governo justifica o aumento com recrutamento de pessoal, aumento do número de camas e novos postos de saúde

 

[dropcap]A[/dropcap] proposta sobre a lei do orçamento para 2020 esteve ontem em análise, uma vez mais, pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Na reunião, que juntou a Comissão e representantes do Executivo, foram revelados os detalhes orçamentais respeitantes a cinco serviços públicos.

Assim, para 2020, os Serviços de Saúde irão contar com mais 670 milhões para fazer face às despesas do próximo ano, de um total de 9 mil milhões de patacas. Segundo o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, o Governo justificou o aumento, que representa 8 por cento do orçamento total dos Serviços de Saúde, essencialmente, com o recrutamento de novos técnicos e gastos com o pessoal, sendo que desta percentagem e só neste quadrante, os gastos previstos são de 370 milhões de patacas (54.8 por cento).

“Está previsto um aumento de 8 por cento do orçamento para 2020, sendo que as despesas com pessoal representam a maior fatia do aumento. Ao todo estamos a falar 90 médicos, 85 estagiários, 23 farmacêuticos, 63 técnicos superiores de saúde, 89 técnicos superiores, 22 auxiliares, (…) e 280 enfermeiros”, detalhou Chan Chak Mo.

Além das despesas com o pessoal que incluem ”o pagamento de horas extraordinárias, subsídios e abonos”, a outra grande parte do montante, cerca de 200 milhões de patacas, será destinado, segundo Chan Chak Mo, à “criação de novos postos de saúde e ao aumento do número de camas”, mas também a cobrir gastos relacionados com medicamentos e material médico

Após a reunião, o Presidente da 2ª Comissão Permanente da AL divulgou ainda as justificações do Governo relativamente à actualização salarial de 3.4 por cento da função pública. De acordo com Chan Chak Mo a taxa de actualização salarial “tem em conta diversos factores como o índice salarial do mercado privado, a inflação, a situação financeira do Governo, entre outros aspectos”, apontou.

Sobre o orçamento destinado ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-struturas (GDI), o Governo justificou que o aumento de 800 milhões de patacas é devido aos custos inerentes aos estudos da quarta travessia Macau-Taipa.

“O aumento do orçamento está relacionado com a quarta ligação Macau-Taipa. Neste momento as obras foram adjudicadas e têm o valor de 5,2 mil milhões de patacas. Esse valor não é definitivo porque há que ter em conta também outros factores como as sondagens, a capacidade do solo, obras relacionadas, por exemplo, com as fundações e ainda, com a evolução dos preços dos materiais (…). Esse estudo está orçamentado em 10 milhões de patacas”, transmitiu Chan Chak Mo.

A bem da cultura

O orçamento destinado ao Instituto Cultural (IC) prevê também um aumento na ordem das 100 milhões de patacas relacionado com obras de manutenção de equipamentos, eventos agendados e ainda, despesas inerentes aos gastos com as orquestras de Macau, que anteriormente estavam associados ao Fundo de Cultura.

“O orçamento total vai passar de mil milhões para 1,1 mil milhões. Mas as despesas estão também relacionadas com o grande número de eventos que vão ser realizados pelo IC. Há também obras que, à partida, seriam relacionadas pelo serviço de obras públicas, mas que afinal vão acabar por ser suportadas pelo próprio IC”.

A Comissão espera agora cumprir o parecer até ao próximo dia 10 de Dezembro para que a proposta de lei do Orçamento para 2020 possa depois ser discutida em sede de plenário.

4 Dez 2019

Pequim | Jornal estatal elogia saúde de Macau e critica Hong Kong

Um artigo de opinião do Global Times elogia a abertura do primeiro curso de medicina em Macau desde o estabelecimento português, em 1557, e aponta um futuro risonho para a RAEM, que é tida como um exemplo na área da saúde

 

[dropcap]O[/dropcap] tablóide estatal Global Times publicou um artigo a elogiar os feitos de Macau, com um grande enfoque na área da saúde, com a abertura do curso de medicina na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), e as acções de “plataforma” com os diferentes países de língua portuguesa. O texto de opinião está assinado por Christopher Cottrell, mas ao contrário de outros artigos assinados pelo mesmo “autor” não há uma referência ao facto de não representar a opinião da direcção do jornal.

“De uma forma geral, nestes dias Hong Kong está a tornar-se doente e Macau está a tornar-se num farol de saúde com medicina de qualidade, que através da primeira escola de medicina vai abraçar não só os irmãos e irmãs em Cantão, mas também dos países de língua portuguesa que se espalham pelo mundo”, é escrito. “Quando Macau celebrar o aniversário dos 20 anos da transição, em Dezembro, vai tornar-se claro para muitos que Macau tem um novo papel a desempenhar na região e que vai ter objectivos cada vez mais altos na História”, é acrescentado.

De acordo com o mesmo artigo, “Macau, outra região administrativa da China, está rapidamente a liderar o desenvolvimento da Grande Baía” em áreas como a medicina e a cooperação regional económica e cultural.

É a área da saúde que recebe maior atenção com o artigo a apontar o exemplo da escola de medicina, a primeira a ser aberta, segundo o artigo, desde o estabelecimento dos portugueses em 1557. Por outro lado, é ainda dado o exemplo do Parque de Medicina Tradicional Chinesa que a RAEM abriu na Ilha da Montanha, de Zhuhai. “Ao abraçar a medicina tradicional da China em Zhuhai, Macau está a abraçar de forma muito calorosa as suas raízes chinesas”, é destacado.

Diversificação acelerada

No que diz respeito aos elogios à RAEM, o outro grande louvor passa pela “aceleração da diversificação económica que está a ser testemunhada além da habitual economia do jogo”.

Sobre as relações com os países de língua portuguesa, são recordadas as palavras de Ho Iat Seng, futuro Chefe do Executivo, que prometeu que o seu governo vai “intensificar a cooperação bilateral e multilateral para estar à altura dos padrões do princípio ‘um país, dois sistemas’”. O artigo defende que com esta postura, Ho vai levar aos países de língua portuguesa os benefícios da iniciativa liderada pelo Presidente Xi Jinping “Uma Faixa, Uma Rota”.

4 Out 2019

Pequim | Jornal estatal elogia saúde de Macau e critica Hong Kong

Um artigo de opinião do Global Times elogia a abertura do primeiro curso de medicina em Macau desde o estabelecimento português, em 1557, e aponta um futuro risonho para a RAEM, que é tida como um exemplo na área da saúde

 
[dropcap]O[/dropcap] tablóide estatal Global Times publicou um artigo a elogiar os feitos de Macau, com um grande enfoque na área da saúde, com a abertura do curso de medicina na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), e as acções de “plataforma” com os diferentes países de língua portuguesa. O texto de opinião está assinado por Christopher Cottrell, mas ao contrário de outros artigos assinados pelo mesmo “autor” não há uma referência ao facto de não representar a opinião da direcção do jornal.
“De uma forma geral, nestes dias Hong Kong está a tornar-se doente e Macau está a tornar-se num farol de saúde com medicina de qualidade, que através da primeira escola de medicina vai abraçar não só os irmãos e irmãs em Cantão, mas também dos países de língua portuguesa que se espalham pelo mundo”, é escrito. “Quando Macau celebrar o aniversário dos 20 anos da transição, em Dezembro, vai tornar-se claro para muitos que Macau tem um novo papel a desempenhar na região e que vai ter objectivos cada vez mais altos na História”, é acrescentado.
De acordo com o mesmo artigo, “Macau, outra região administrativa da China, está rapidamente a liderar o desenvolvimento da Grande Baía” em áreas como a medicina e a cooperação regional económica e cultural.
É a área da saúde que recebe maior atenção com o artigo a apontar o exemplo da escola de medicina, a primeira a ser aberta, segundo o artigo, desde o estabelecimento dos portugueses em 1557. Por outro lado, é ainda dado o exemplo do Parque de Medicina Tradicional Chinesa que a RAEM abriu na Ilha da Montanha, de Zhuhai. “Ao abraçar a medicina tradicional da China em Zhuhai, Macau está a abraçar de forma muito calorosa as suas raízes chinesas”, é destacado.

Diversificação acelerada

No que diz respeito aos elogios à RAEM, o outro grande louvor passa pela “aceleração da diversificação económica que está a ser testemunhada além da habitual economia do jogo”.
Sobre as relações com os países de língua portuguesa, são recordadas as palavras de Ho Iat Seng, futuro Chefe do Executivo, que prometeu que o seu governo vai “intensificar a cooperação bilateral e multilateral para estar à altura dos padrões do princípio ‘um país, dois sistemas’”. O artigo defende que com esta postura, Ho vai levar aos países de língua portuguesa os benefícios da iniciativa liderada pelo Presidente Xi Jinping “Uma Faixa, Uma Rota”.

4 Out 2019

Tratem-nos da saúde

[dropcap]H[/dropcap]á muito que se discute a questão da introdução de trabalhadores não residentes (TNR) em determinados sectores da economia. O Governo continua relutante em permitir uma contratação ponderada de pessoas ao exterior, não assumindo que, de facto, Macau não tem recursos humanos suficientes para que uma série de sectores fundamentais funcionem. Desta vez o debate surge em torno dos TNR na área da saúde. Houve uma ligeira abertura em relação à contratação de enfermeiros e terapeutas no sector privado, mas os Serviços de Saúde continuam a limitar o acesso de médicos estrangeiros a clínicas privadas.

Questiono-me, com os projectos de integração regional que aí vêm, se Macau tem de facto capacidade para aguentar com as consequências que este fluxo de pessoas implica. Também haverá mais pessoas nos hospitais, e ainda estamos à espera que o novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas seja construído.

Há ainda outro factor, que é o facto da primeira licenciatura em medicina ter aberto portas apenas este ano. Teremos de esperar bastante até que haja médicos locais formados em número suficiente para dar resposta à procura. O Governo não pode manter um sistema de financiamento público-privado na saúde e depois não garantir uma total flexibilização.

25 Set 2019

Clínica do grupo português IGHS abre em Outubro

[dropcap]A[/dropcap] clínica de Macau do grupo português IdealMed GHS (IGHS) vai começar a operar em Outubro deste ano, de acordo com um comunicado nas redes sociais. Com as novas instalações, a clínica vai disponibilizar “novas especialidades médicas”.

A nova clínica vai operar no espaço onde estava o EC Centro Médico, na Taipa, depois da compra desta unidade ao grupo de Hong Kong Chow Tai Fook, em Novembro de 2018. Antes disso, a IdealMed firmou um acordo de cooperação com a Universidade de Macau.

Antes da clínica abrir com a imagem renovada, o EC Centro Médico vai continuar a operar com os serviços que já antes disponibilizava.

21 Jun 2019

Saúde | Doenças de declaração obrigatória subiram 30 por cento

[dropcap]A[/dropcap] influenza e a infecção por enterovírus foram responsáveis pelo aumento de 30 por cento dos casos declarados nos serviços de Saúde, em 2018. 5 984 foram de influenza representando um crescimento na ordem dos 45,6 por cento, em relação a 2017, seguida pela infecção por enterovírus com 4 246 casos – num aumento de 25 por cento, em termos anuais.

Também em altas estiveram os casos da varicela que subiram de 697 em 2017 para 745 em 2018.

No ano passado foram registados 37 novos casos de HIV, mais quatro do que no ano anterior, somando um total de 667 pessoas infectadas até ao final de 2018.

27 Mai 2019

Pereira Coutinho quer mais cooperação com hospitais estrangeiros

[dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho questiona o Governo sobre apoios dados a residentes que se vejam na necessidade de recorrer a hospitais fora do território. Em interpelação escrita, o deputado que preside à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) começa por questionar o Executivo acerca das medidas que tenciona tomar para “simplificar, melhorar e acelerar o processo administrativo do envio de pacientes para serem tratados nos hospitais púbicos de Hong Kong”.

O deputado vai mais longe e quer saber se existem planos no mesmo sentido para o acesso aos hospitais privados da região vizinha.

Singapura e Tailândia também estão nos planos do deputado que questiona se é possível estabelecer protocolos no âmbito da saúde com instituições destes países de modo a permitir o acesso de residentes a cuidados prestados naquelas regiões, principalmente para aqueles que se encontrem em viagem.

Na missiva, o deputado não deixa de elogiar o Executivo que anunciou recentemente a intenção de promover a transferência de pacientes entre os hospitais das regiões que integram o projecto de cooperação regional da Grande Baía. “Trata-se de uma medida muito positiva, porque, de facto, desde o estabelecimento da RAEM recorrem aos cuidados de saúde da vizinha Hong Kong face à saturação do hospital público e aos custos elevados praticados pelos hospitais privados da RAEM”, aponta o deputado.

9 Abr 2019

Saúde | Executivo equaciona atribuir apoios a todos os estagiários

A nova lei é vista como uma oportunidade para alargar o apoio existente para médicos estagiários a outras classes dos profissionais de saúde. O Executivo mostra-se disponível para assumir 100 por cento do subsídio, mesmo que os estagiários estejam no privado

[dropcap]O[/dropcap]Governo está a equacionar estender os subsídios no valor de 10 mil patacas que actualmente abrange médicos estagiários a todas as classes reguladas pelo novo regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Este foi um dos assuntos em discussão na reunião de ontem da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) e que vai fazer com que o Governo pague aos estagiários do sector privado.

Neste sentido, além de médicos, o subsídio poderá abranger dentistas, médicos de medicina tradicional chinesa, farmacêuticos, farmacêuticos de medicina tradicional chinesa, enfermeiros, técnicos de análises clínicas, técnicos de radiologia, quiropráticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos, dietistas e ajudantes técnicos de farmácia.

Segundo o documento em análise na especialidade, a realização de um estágio vai ser um dos requisitos para que os profissionais de saúde das classes em causa possam obter uma licença e exercer as respectivas profissões. De acordo com a nova lei, o estágio tem de ter uma duração mínima de seis meses e máxima de um ano.

Nesse período, o Governo está a equacionar pagar aos estagiários um subsídio de 10 mil patacas por mês. Ontem, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente, explicou que este regime já se aplica aos médicos e poderá agora abranger as outras profissões.

“O subsídio já existe para os médicos e a comissão concorda com o montante proposto. Alguns membros defenderam que poderia haver um aumento face ao valor de 10 mil patacas. Mas o Governo entende que é um valor que se aproxima dos vencimentos praticados para quem entra no mercado do trabalho. É um montante visto como adequado”, afirmou o deputado.

Privados abrangidos

O subsídio vai ser pago pelo Governo da RAEM, mesmo quando os estagiários estiverem em instituição privadas, como por exemplo no Hospital Kiang Wu. O facto dos privados não comparticiparem neste subsídio, mesmo quando são eles que têm os estagiários à disposição, foi visto como uma situação normal por Chan Chak Mo.

“Quem vai pagar o subsídio é o Governo. Para que o sistema seja implementado nos privados vai haver uma inspecção nos estabelecimentos em causa para saber se cumprem as exigência para terem estagiários”, começou por realçar em relação a este aspecto. “No meu entender faz sentido que seja o Governo a pagar o subsídio na totalidade porque os estagiários perturbam o funcionamento das instituições. Estão sempre com os médicos para aprenderem e isso perturba o trabalho”, defendeu. “Quem está a estagiar é sempre um peso para a instituição”, acrescentou.

No caso de chumbarem no exame de estágio, os futuros profissionais têm de repetir a prova, mas já não terão direito a receber qualquer subsídio. Em caso de duas reprovações, é exigido aos candidatos que frequentem uma nova licenciatura.

20 Mar 2019

Disfunção eréctil | David Chow contesta anúncios

[dropcap]O[/dropcap]membro de Macau da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), David Chow, sugeriu que as rádio de Pequim fossem purificadas dos anúncios que promovem soluções para disfunção eréctil. A intervenção, segundo o canal chinês da Rádio Macau, foi feita na quarta-feira em Pequim, no espaço para os membros apresentarem propostas. Segundo o argumento de David Chow, os anúncios promovem substâncias duvidosas e que podem tornar-se um perigo para a saúde pública.

15 Mar 2019

Formação | Farmacêuticos só com licenciatura

[dropcap]O[/dropcap]s ajudantes técnicos de farmácia só vão ser considerados farmacêuticos se tirarem o curso universitário, com a duração de quatro anos, ou equivalente. A impossibilidade de transição de uma classe profissional para a outra, no âmbito da nova lei do regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde, esteve ontem em discussão na Assembleia Legislativa, numa reunião da 2.ª Comissão Permanente. Devido à eventual semelhança de funções, os deputados haviam questionado o Governo se os ajudantes técnicos de farmácia poderiam ser considerados farmacêuticos devido à experiência e eventuais formações. Contudo, o Executivo explicou que a transição só pode ser feita se houver frequência com sucesso de uma licenciatura. Ainda em relação à divisão por classes dos profissionais de saúde, o Governo explicou que além das 15 classes definidas pela lei, que incluem médicos, farmacêuticos, dentista, entre outros, que vai ponderar criar outros mecanismos de registo para as que não estão incluídas.

 

15 Mar 2019

Saúde | Lei Chin Ion avisa que uso de vales na China contraria objectivos

O director dos SSM admite que utilização dos vales de saúde no Interior da China está a ser ponderada, mas sublinha que o objectivo inicial do programa é contrário a esta ideia

[dropcap]L[/dropcap]ei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), avisou ontem que o programa de vales de saúde foi criado para impulsionar o sector da medicina privada e que a sua utilização no Interior da China contraria esse objectivo. As declarações foram feitas, ontem, à saída de uma reunião com os deputados da Assembleia Legislativa.

“Queremos reiterar que a opinião do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura não é para a utilização dos vales no Interior da China. O que se está a fazer agora é a ponderação da utilização, mas de forma prudente”, começou por ressalvar o director do SSM.

“O objectivo dos vales de saúde é ajudar os médicos privados de Macau. A utilização dos vales no Interior da China não é adequada. Por um lado, é uma medida de difícil implementação e, por outro, é contrária ao nosso objectivo de ajudar os médicos privados, os médicos de Macau”, acrescentou.

Anteriormente, Alexis Tam afirmou que a utilização de vales de saúde no Interior da China ia ser estudada. O director dos SSM confirmou que foram estabelecidos contactos com os governos de Guangdong, Zhuhai e Zhongshan, o que poderá indicar alguma reciprocidade face ao facto dos seguros do Interior da China irem abranger os residentes de Macau que vivam do outro lado da fronteira.

“Pode haver uma forma diferente de apoiar os residentes de Macau que vivem no Interior da China. Estamos em contacto com os Governos da Província de Guangdong, Zhuhai e Zhongshan para que os residentes de Macau que vivem no Interior possam estar cobertos pelo seguro de saúde de lá e terem acesso à assistência médica”, explicou.

 

Limitações internas

Ao mesmo tempo, Lei Chin Ion apontou que mesmo em Macau há limitações nos vales de saúde, uma vez que a intenção é ajudar o sector local: “Os vales de saúde têm certas limitações. Por exemplo, só podem ser utilizados nos médicos privados. Nem no Hospital Kiang Wu podem ser usados, porque o hospital recebe o subsídio do Governo. Também não podem ser utilizados para a compra de medicamentos ou equipamentos de saúde” sublinhou.

Este apoio faz parte do Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde, que permite aos residentes permanentes receberem 600 patacas por ano para despesas de saúde. O valor pode ser acumulado durante um período de dois anos, de acordo com as últimas actualizações do programa.

Outra das questões abordas por Lei Chin Ion foi a construção do centro de saúde na Ilha da Montanha. “Vai ser construído pela parte de Zhuhai e vai destinar-se aos residentes de Macau, que morem na Ilha da Montanha. Os serviços prestados vão ser como nos Centros de Saúde de Macau. 2021 é uma data de conclusão aproximada”, disse.

Lei Chin Ion vai fazer vontade do novo Governo

Em Dezembro deste ano, o sucessor de Chui Sai On vai assumir o cargo de Chefe do Executivo. Confrontado sobre se estaria disposto a continuar no cargo com um novo líder do Governo, Lei Chin Ion afirmou que vai acatar as orientações do Governo: “Vou seguir as ordens”, disse. A nomeação de Lei Chin Ion como director dos Serviços de Saúde termina em 2020.

 

15 Mar 2019

Violência doméstica | Julgamento de Iao Mong Ieng adiado para 17 de Junho

[dropcap]L[/dropcap]ao Mong Ieng – vítima de violência doméstica que ficou praticamente cega e desfigurada depois de um ataque com óleo – escolheu ser operada para tentar reconstruir parcialmente a vista, no Reino Unido, no final de Maio. A informação foi revelada pela deputada Agnes Lam, ontem à saída de uma reunião na Assembleia Legislativa, no mesmo dia em que se soube que o julgamento foi adiado de 18 de Março para 17 de Junho.

A mulher, de 31 anos, sofreu queimaduras graves em mais de 40 por cento do corpo, em Julho do ano passado, quando foi atacada pelo marido. O caso de violência doméstica foi registado depois de Lao ter pedido o divórcio.

Esta opção é contrária às recomendações dos Serviços de Saúde de Macau, que consideram que a melhor solução passaria por uma osteo-odonto-queratoprótese, que seria realizada em Singapura. Este tratamento envolve a utilização de tecido dentário, que é implementado na zona das bochechas e que permite recuperar lesões superficiais na córnea.

No entanto, a família mostrou-se sempre favorável à opção de tentar uma cirurgia de reconstrução parcial da vista, no Reino Unido e com esse propósito foi feita uma campanha de recolha de fundos, através do Centro do Bom Pastor. Contas feitas, foram amealhados 1,3 milhão de patacas.

Uma vez que a opção é contrária à dos Serviços de Saúde, o tratamento não vai ter apoio do Governo, ao contrário do que aconteceria se tivesse sido escolhido o tratamento de Singapura.

Em relação ao caso de violência doméstica, o agressor enfrenta uma acusação pela prática do crime de ofensa qualificada à integridade física. O julgamento agendado para 18 de Março, foi entretanto adiado para 17 de Junho.

 

15 Mar 2019

Saúde | Lei vai dividir profissionais em 15 classes para acreditação

[dropcap]O[/dropcap]Governo não vai especificar mais do que 15 classes na lista que está sujeita à nova lei do regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Segundo a explicação dada aos deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, a divisão das classes dos profissionais de saúde foi feita com base em critérios internacionais.

“Em Taiwan só estão abrangidas 10 classes, em Hong Kong são 13 e no Interior da China são 6. O número de categorias profissionais abrangidas já é muito grande e o Governo explicou que para fazer esta lista foram seguidos os padrões internacionais”, afirmou o presidente da comissão, o deputado Chan Chak Mo.

As categorias que fazem parte da lista são: médico, médico dentista, médico de medicina tradicional chinesa, farmacêutico, farmacêutico de medicina tradicional chinesa, enfermeiro, técnico de análises clínicas, técnico de radiologia, quiroprático, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, psicólogo dietista e ajudante técnica de farmácia.

No entanto, a divisão não impossibilita que outras especialidades fiquem abrangidas: “O Governo explicou que mesmo outros médicos não incluídos podem ser tidos como profissionais de saúde. Por exemplo, os especialistas em circulação extracorpórea são poucos e não faz sentido haver uma classe só com eles”, justificou. A classe de especialistas em circulação extracorpórea poderá ser incluída na de “médicos”.

Fim dos mestres

No sentido oposto, os mestres de medicina chinesa vão deixar de ser reconhecidos como profissionais de saúde. Segundo a explicação do Executivo, actualmente já não há no Interior da China formações para este tipo de classe, que são pessoas sem cursos superiores e que adquiriram o conhecimento através da experiência e ensinamentos de praticantes anteriores. A alternativa passa por médicos de medicina tradicional chinesa, ou seja, pessoas com cursos superiores na área reconhecidos pelas autoridades.

Actualmente, exercem em Macau 161 mestres de medicina tradicional chinesa, que ficam autorizados a exercer até se retirarem. Contudo, depois destes 161 deixarem de exercer, as licenças para esta classe não voltam a ser emitidas.

14 Mar 2019