Hoje Macau SociedadeSaúde Mental | Mais riscos de depressão e ansiedade O Inquérito da Saúde Mental de Macau 2024, apresentado na última sexta-feira, conclui que 27 por cento dos inquiridos está em risco de padecer de depressão, enquanto a perturbação de ansiedade foi registada em apenas 19 por cento dos inquiridos. O mesmo estudo, realizado pela Associação de Saúde Mental de Hong Kong e Macau e a Faculdade de Medicina da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), conclui também que mais de metade dos entrevistados não procurou apoio psicológico em casos de perturbação emocional. Segundo um comunicado dos promotores do inquérito, as “principais fontes de stress são o trabalho, família e problemas financeiros, mas é ainda rara a procura de ajuda médica, sendo os amigos e família a principal fonte de apoio”. O inquérito realizou-se entre Abril e Julho deste ano, e foi dirigido apenas a residentes e apoiado por 23 associações locais que divulgaram o questionário. Um total de 1500 questionários foram considerados válidos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde Mental | Número de consultas subiu 29,8% em 2023 Apesar de no ano passado ter sido batido o recorde de suicídios, com 88 ocorrências, Alvis Lo garante que houve mais pessoas a serem atendidas em consultas externas e que o número de meios médicos também aumentou O número de consultas externas para cuidados de saúde mental registou um aumento de 29,8 por cento, num total de 6.436 atendimentos durante o ano passado. Os números foram revelados por Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), na resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon. Em comparação com o ano de 2022, houve um aumento de quase 30 por cento, dado que nesse período foram atendidos, no âmbito das consultas externas disponibilizadas por oito centros de saúde, 4.961 utentes. A resposta de Alvis Lo revela ainda que houve um total de 3.406 serviços de aconselhamento psicológico em 2023, no âmbito de duas instituições subsidiadas que disponibilizam este serviço. Neste capítulo, o director dos SSM não apresentou a comparação com o ano anterior, mas indica que as vagas são “suficientes para satisfazer as necessidades dos serviços relevantes”. Em 2023, o território registou um novo recorde do número de casos de suicídio, com 88 ocorrências. Contudo, Alvis Lo argumenta que a equipa médica de resposta nunca esteve tão completa, fazendo a comparação com 2019, o último ano antes da pandemia. O número de profissionais da equipa de serviços psiquiátricos dos anos entre 2019 e 2023 não é mencionado. “Actualmente, a equipa de serviços psiquiátricos dos Serviços de Saúde conta com um total de 97 profissionais de saúde, nomeadamente, médicos especialistas, enfermeiros e psicoterapeutas, o que representou um aumento de 11,4 por cento, em comparação com os 87 profissionais de saúde supracitados em 2019”, foi referido. “A equipa dos serviços psiquiátricos dos Serviços de Saúde, em conjugação com três psiquiatras e 55 psicoterapeutas que exercem actividades em entidades não públicas, podem prestar, em conjunto, os serviços psiquiátricos necessários aos residentes”, foi acrescentado. Novo projecto Na resposta, é ainda revelado que o Governo prepara a apresentação de um projecto denominado “Macau Saudável”, que terá como objectivo “elevar o nível de saúde mental da população”, embora não sejam apresentados os detalhes. “O Projecto ‘Macau Saudável’, que será divulgado em breve, também define o objectivo relevante no âmbito da saúde mental, com vista a elevar o nível de saúde mental da população”, foi indicado. No âmbito das políticas adoptadas, o director dos SSM vincou que foi criada a “Comissão de Saúde Mental” para prestar “aconselhamento profissional para a política de saúde mental” e promover “o aperfeiçoamento e o desenvolvimento dos serviços de saúde mental”. Esta comissão envolve “vários departamentos públicos e uma equipa multidisciplinar”.
Andreia Sofia Silva PolíticaSaúde mental | Secretária apela a cooperação com privados O deputado Ron Lam levou para o debate a questão dos suicídios registados nos últimos meses, questionando as medidas que o sector da saúde dispõe para dar resposta. “No tempo da pandemia houve um aumento dos suicídios e há cada vez mais jovens a cometer suicídio. Sabemos que é preciso muito apoio na área da saúde mental”, frisou. A secretária declarou, por sua vez, que a resposta passa também pela cooperação com o sector privado. “Gostaríamos de dar resposta aos casos de saúde mental através dos centros de saúde e clínicas privadas.” O deputado falou também da necessidade de licenciamento profissional para os agentes de aconselhamento psicológico nas escolas. “Sem a acreditação profissional como podemos promover a profissionalização destes trabalhadores? Todos têm de ter um desenvolvimento profissional na sua carreira profissional”, frisou Ron Lam. A secretária defendeu, no entanto, que a acreditação destes trabalhadores pode afastá-los da profissão, por não terem formação específica em psicologia. “[Quanto ao] regime de licenciamento dos aconselhadores psicológicos, temos assistentes nas escolas com cursos de psicologia, mas há outros que não têm esse curso. Entendemos que não deve ser criado um regime de licenciamento, pois muitos que nos ajudam nessa tarefa serão afastados.”
Hoje Macau PolíticaCoutinho pede reforço de meios para a saúde mental José Pereira Coutinho questiona se os recursos disponíveis para tratar problemas mentais no território são suficientes. A questão é colocada através de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo gabinete do deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, em que são abordados os problemas mentais em contexto laboral. O legislador pede ainda que a eficácia da rede de apoio e tratamento ligada aos Serviços de Saúde seja avaliada. Pereira Coutinho destaca que é preciso conhecer a “suficiência ou insuficiência dos recursos humanos especializados”, a qualidade do serviço e dos equipamentos e se o atendimento é prestado em tempo útil a quem mais precisa. No mesmo sentido, Coutinho pede que sejam divulgados dados sobre “a percentagem de serviços públicos dotados de pessoal habilitado e com capacidade” para “a implementação de procedimentos formais para lidar com problemas relacionados com a depressão, ansiedade e o stress”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde mental | Song Pek Kei pede mais apoios para a população A deputada exige que o Governo reforce a cooperação com as instituições de cariz social e que aumente o número de vagas no serviço de psiquiatria, a fim de dar resposta aos casos de suicídio e aos problemas de saúde mental registados no seio da população O aumento do número de casos de suicídio nos últimos meses, bem como de patologias do foro psicológico, levaram a deputada Song Pek Kei a interpelar o Governo sobre a necessidade de criar mais medidas a fim de dar resposta a estes problemas. Song Pek Kei defende, assim, que as autoridades devem reforçar a cooperação já existente com as associações e demais instituições de cariz social, para prevenir a ocorrência de mais casos do foro mental, além de desejar que seja aumentado o número de vagas no serviço de psiquiatria dos hospitais. A legisladora lembrou que, só no primeiro trimestre deste ano, foram registados 23 casos de suicídio, um aumento de oito casos em relação ao ano passado. “Como é que o Governo vai reforçar a cooperação com as instituições sociais para que sejam detectados os grupos de doentes de elevado risco e sejam oferecidos, de forma antecipada, apoios a estas pessoas?”, questionou. A deputada, representante da comunidade de Fujian na Assembleia Legislativa, recordou que já existem acordos de cooperação entre as autoridades e as instituições comunitárias, com a existência de equipas de serviços psiquiátricos junto da comunidade. No entanto, Song Pek Kei entende que este mecanismo não consegue intervir activamente nem disponibiliza apoios psicológicos em tempo oportuno. Poucas vagas Na interpelação escrita, aborda-se ainda o problema das poucas vagas existentes nos hospitais para os doentes psiquiátricos. “Há indícios que revelam uma tendência de agravamento dos sintomas dos doentes do foro mental e psicológico, devido ao facto de o sistema de internamento não funcionar bem e da existência de poucas vagas, o que não permite prestar o devido acompanhamento aos casos.” Dados do Governo, citados por Song Pek Kei, mostram que mais de 45 mil pessoas foram consultadas no departamento de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário no ano passado. A deputada considera que o Governo deve ainda emitir mensagens positivas que ajudem a população a lidar com os problemas do dia a dia, questionando quais as medidas que serão tomadas neste sentido.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSuicídio | Youtuber local acusa ex-colegas da empresa Manner de bullying Jane Lao, antiga gestora da empresa de conteúdos online Manner, suicidou-se depois de alegadamente ter sido vítima de bullying de vários ex-colegas e internautas. Entre o grupo visado consta um ex-namorado. O caso está a levar a vários pedidos de boicote a produtos e conteúdos promovidos pela empresa Uma youtuber local suicidou-se e o caso despoletou uma onda de choque, com várias acusações de bullying contra a empresa de conteúdos online Manner e seus trabalhadores, e vários apelos de boicote a espalharem-se nas redes sociais. Na tarde de quarta-feira, por volta das 16h40, Jane, de 29 anos, foi encontrada sem sinais vitais em casa, depois de ter incendiado uma lata com carvão e fechado a porta do quarto. O caso, como acontece nestas situações, foi relatado pela Polícia Judiciária (PJ), sem que a identidade da vítima tivesse sido revelada. Na informação oficial, era referido que a mulher tinha deixado uma carta de suicídio. Horas depois, a identidade de Jane Lao foi revelada, através das redes sociais e dos órgãos de comunicação social de Hong Kong, onde a empresa Manner desenvolve parte das suas actividades. As revelações do suicídio pelos órgãos de comunicação de Hong Kong trouxeram também a público as publicações mais recentes da youtuber na rede social Instagram, no dia anterior à morte. De acordo com uma publicação de Jane, na terça-feira tinha havido uma primeira tentativa de suicídio, com comprimidos. No texto que serviu como nota de suicídio, antes de alegadamente ter sido levada para o hospital, a youtuber reconheceu que lutava contra uma depressão desde 2021, altura em que deixou a empresa Manner, e se tornou alvo de ameaças online. A jovem recordou ainda um episódio do passado, depois de deixar a Manner, em que seis ex-colegas fizeram emissões online a gozar com ela. Recorrendo a um filtro no vídeo, para criar a impressão de que estariam todos a chorar, os ex-colegas pediam de forma irónica à ex-gestora para não deixar a empresa. Nesse dia de Setembro de 2021, apesar de ter sido gozada publicamente pelos colegas, Jane admitiu ter-lhes pedido desculpa. “Foi o dia em que actuei de forma mais errada”, escreveu a youtuber, na publicação de terça-feira. De acordo com o relato da jovem, as publicações dos ex-colegas terão ainda motivado várias críticas online de vários internautas, a quem reconheceu ter pedido desculpas, e telefonemas com ameaças alegadamente de pessoas ligadas à gestão da empresa. Além disso, a vítima indicou que os ex-colegas da Manner terão produzido um vídeo e uma música a criticá-la, conteúdos que não terão sido partilhados publicamente. Na publicação constava ainda uma fotografia de uma caixa de comprimidos e um texto onde a youtuber afirmava ter tomado 40 unidades. “Espero não acordar”, escreveu. “Vou fazer justiça pelos meus próprios meios”, acrescentou. Horas mais tarde depois da publicação, a youtuber acabaria por comentar que se encontrava bem, embora nessa altura alguns amigos tivessem partilhado publicações afirmando que a jovem teria sido mesmo enviada para o hospital. Aborto e depressão Além de problemas profissionais, a relação de Jane Lao com a Manner foi ainda mais complicada, devido ao namoro com um ex-colega de trabalho, o mágico local Nathan Lam. Quando deixou a empresa, o namoro com Lam também terminou. No entanto, a relação ficou marcada por uma gravidez indesejada e um aborto, que terá sido uma dos factores que contribuiu para a depressão. No início, o namorado terá recusado acreditar na história da gravidez, e só encarou o assunto a sério quando foi confrontado com uma ecografia. O episódio terá criado grande pressão a Jane, e segundo uma prima da ex-gestora, a escolha pelo aborto só foi tomada por pressão de Nathan Lam. Lam, reagiu às acusações no ano passado, quando estas se tornaram públicas, e negou ter forçado a ex-namorada a interromper a gravidez, embora tivesse admitido que nunca queria o filho, como lhe terá dito em várias conversas. “Quando ela me perguntou se eu queria a criança, eu respondi que não queria, mas que ia respeitar a decisão dela”, afirmou o, ex-namorado. “No final ela decidiu não ter a criança, e foi uma decisão dos dois. Mas, eu nunca a forcei a tomar a decisão, embora não estivesse pronto para ser pai”, acrescentou. Reacções em cadeia Ontem, foram várias as reacções online com críticas à conduta não só da empresa, mas também dos colegas que fizeram os vídeos a ironizar a saída da ex-gestora. Face aos pedidos de boicote e críticas, a Manner cancelou um evento de celebração do 10.º aniversário, que estava agendado para 12 de Agosto em Hong Kong. A companhia fez também um comunicado a lamentar a morte da ex-funcionária e a negar ser complacente com uma cultura de bullying. “A empresa foi informada recentemente da morte trágica de uma ex-empregada na tarde de hoje. Estamos profundamente tristes com este acontecimento e expressamos as nossas condolências à família”, foi comunicado. “Desde que a trabalhadora deixou a empresa, há cerca de dois anos, não houve qualquer tipo de cooperação com a Manner. No entanto, em relação às dificuldades que ela encontrou durante a vida, e em especial quando foi ameaçada por telefone, a Manner reitera que esse tipo de comportamentos não fazem parte da nossa cultura” foi acrescentado. A companhia admitiu ainda levar o caso para os tribunais, se for descoberto que alguém se fez passar pela empresa nas ameaças feitas a Jane Lao. “Caso seja apurado que alguém fez ameaças em nome da Manner, reservamos o direito de agir judicialmente”, foi indicado. Por sua vez, a youtuber Sinam, uma das envolvidas no vídeo polémico das lágrimas, fez um directo online para recusar ter cometido qualquer tipo de bullying, contra Jane Lao. “Nem sei o que dizer sobre este caso”, afirmou durante um directo, que conseguiu uma audiência de mais de 15 mil pessoas, antes de ter desligado a transmissão Sinam terá ainda dito ser imune às críticas. Também Puinam, outra das youtubers do vídeo polémico e funcionária da empresa, recusou ter praticado bullying. Além destas reacções, houve ainda outros membros da Manner que fizeram comunicados sobre a morte de Jane Lao. Pedidos de boicote Apesar da reacção da empresa, o caso tornou-se num pesadelo de relações públicas, com vários pedidos de boicote por parte de internautas e comentários de condenação nas diferentes páginas da companhia e dos trabalhadores desta. Ontem ao longo do dia, circularam também nas redes sociais várias imagens das marcas mais conhecidas ligadas à Manner, ou que promove os seus promovem os seus produtos através desta, como a Coca-Cola, Sasa, 7 Eleven, ou o Instituto dos Assuntos Municipais e o Turismo de Hong Kong, entre outras. Em resposta, as empresas 24 Storage e 247 Fitness terminaram ou suspenderam as colaborações com a Manner. As ligações com a Administração de Macau não se ficaram pelo IAM, e também o Fundo de Desenvolvimento da Cultura foi visado, porque em 2017 decidiu subsidiar a empresa, com mais de três milhões de patacas, para que fosse elaborado um programa a promover a Grande Baía. A Manner terá recebido quase 10 milhões de patacas de apoios, entre empréstimos e subsídios, do orçamento da RAEM desde 2017. O boicote foi iniciado através de uma carta assinada “por um grupo anónimo de amigos e familiares de Jane Lao” que apelou ao Governo e às marcas para ponderarem bem o tipo de empresas que apoiam. Na missiva partilhada online, são deixadas várias críticas à empresa, pela forma como terá tratado a youtuber com ameaças, quando esta decidiu deixar de gerir o canal da Manner. Linha de Apoio Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio pode ligar para o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 28522 5222, em chinês, ou para o número 2852 5777, com apoio em inglês.
Nunu Wu Manchete SociedadeInquérito | Metade dos idosos enfrenta problemas psicológicos Falta de rendimentos e de saúde são os factores que mais afectam os idosos do território. Entre os desempregados, mais de 20 por cento tem o desejo de voltar a trabalhar Metade dos idosos de Macau tem problemas psicológicos. A conclusão faz parte de um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sobre a situação laboral e de vida. Os resultados apresentados ontem indicam que 50 por cento dos idosos têm problemas psicológicos, sendo que 35 por cento de todos os inquiridos tinham “um sofrimento psicológico moderado ou grave”. As situações mais graves foram identificadas principalmente entre os idosos que vivem sozinhos. Os dados apontam também para que cerca de 15 por cento dos inquiridos apresentassem problemas ligeiros. De acordo com os investigadores, o sofrimento psicológico tem dois factores principais: a situação financeira e a saúde física. Em relação ao último factor, foi exemplificado que há idosos que “têm mais de três doenças” e se sentem sozinhos. Sobre o sentimento de solidão, foi revelado que cerca de 40 por cento dos idosos inquiridos moram sozinhos e mais de 30 por cento não teve acesso à internet nos últimos três meses. No que diz respeito às fontes de rendimento pessoais, concluiu-se que 80 por cento dos inquiridos tinham a pensão do Fundo de Segurança Social ou as poupanças como as principais fontes de rendimento. Ao mesmo tempo, 25 por cento dos inquiridos admitiram não ter poupanças suficientes para cobrir as despesas da sua vida nos próximos três a seis meses. Dos desempregados Entre os idosos desempregados, foi concluído que cerca de 20 por cento tinham vontade de regressar ao mercado do trabalho, por dois motivos fundamentais: vontade de ter rendimentos pessoais e por sentirem que ainda têm capacidades para exercer uma profissão. O inquérito recolheu 749 inquiridos válidos junto de residentes de Macau com mais de 55 anos. Um total de 80 por cento dos inquiridos tinha 65 anos ou mais. Face aos resultados, a FAOM sugeriu ao Governo que lance medidas concretas para criar um ambiente favorável no mercado laboral para o regresso dos idosos. A equipa da FAOM que realizou o inquérito defendeu também a necessidade de o Governo incentivar as empresas a contribuírem para uma maior inclusão social, com a contratação de idosos ou indivíduos com idade mais avançada. “As regiões vizinhas, tal como Hong Kong e Taiwan lançaram programas de emprego e leis para incentivar o emprego de pessoas com idade média-alta nos últimos anos. Espera-se que as autoridades se refiram activamente a estes exemplos,” afirmou a deputada Ella Lei, na apresentação dos resultados. A FAOM destacou ainda que é preciso prestar atenção à saúde mental dos idosos, sobretudo dos que moram sozinhos, através das redes comunitárias.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde Mental | Chan Iek Lap pede atenção para situação dos jovens O deputado e médico chama a atenção do Governo para a falta de estudos sobre a condição psicológica dos adolescentes e pede maior intervenção das autoridades e reforço da aposta na saúde mental O deputado Chan Iek Lap considera que é necessário prestar maior atenção aos “problemas emocionais” dos jovens. O alerta foi deixado através de uma interpelação escrita, em que o médico espera que se façam mais estudos e se reforce o acompanhamento dos mais novos, principalmente dos adolescentes. Segundo as explicações de Chan Iek Lap, os adolescentes com “problemas emocionais” acabam por ser afectados a dois níveis: o psicológico e o físico. Em relação aos efeitos psicológicos, o médico indica o desenvolvimento de crises de ansiedade, ataques de pânico, irritação constante, falta de paciência, ataques de nervosismo, e dificuldades em dormir como alguns dos sintomas revelados pelos mais novos. Quanto aos aspectos físicos, Chan alerta para situações de “aceleração do ritmo cardíaco”, tonturas, dificuldades respiratórias, dores no peito, dores de cabeça ou tremores nas mãos e nos pés. Apesar destes problemas, Chan Iek Lap mostra-se surpreendido porque considera que há poucos estudos no território sobre a condição dos adolescentes, e quer saber se o Governo planeia para dar um maior acompanhamento à situação dos jovens. “No portal do Instituto de Acção Social encontramos o ‘Sumário do Relatório do Estudo: Actualidade e Tendência dos Jovens na Região Administrativa Especial de Macau de 2019’, mas, desde então não houve mais nenhum estudo”, justifica o deputado. “Será que o Governo vai fazer mais estudos para identificar quais são as tendências entre os mais jovens?”, pergunta. Meter mãos à obra Nos últimos anos, principalmente com a política de zero casos de covid-19, verificou-se um aumento do número de suicídios no território, inclusive com casos de adolescentes. Este aspecto não é referido por Chan Iek Lap. Contudo, apela ao Governo para que estude melhor a condição dos jovens. “Será que o Governo vai ponderar lançar um estudo compreensivo sobre a saúde mental e os problemas emocionais dos jovens em Macau, para adquirir um conhecimento sobre a situação e poder implementar os planos necessários?”, questiona. Por outro lado, o deputado também considera que a identificação dos casos de jovens com problemas nem sempre é fácil, porque estes tendem a esconder as situações. Por isso, o médico quer saber se a Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) tem planos para formar os professores. “Até que ponto o Governo é eficaz a prestar formação aos professores que permita identificar muito cedo os jovens que merecem atenção?”, interrogou.
Andreia Sofia Silva SociedadeSaúde mental | São Januário tratou de 730 casos em seis anos A equipa de serviços externos da especialidade de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário tratou, entre 2016 e Dezembro de 2022, de 730 casos na área da saúde mental, sendo que 154 casos foram classificados como “casos ocultos na comunidade”. Os dados são fornecidos pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM) pelo seu director, Alvis Lo, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang. Os SSM prometem “continuar a avaliar as necessidades dos serviços, ajustando os recursos de acordo com as necessidades”. A questão da saúde mental foi muito discutida no período da pandemia, face à ocorrência de vários casos de suicídio. Os SSM assumem que têm vindo a “prestar atenção à saúde mental e psicológica dos residentes” construindo uma rede de serviços composta por consultas e serviços comunitários, em parceria com associações. Actualmente, existem oito centros em Macau a prestar consultas externas de saúde mental totalmente gratuitas para residentes. Além disso, os SSM têm enviado psiquiatras “para prestarem periodicamente serviços médicos especializados aos doentes mentais internados nos lares comunitários”. O Instituto de Acção Social (IAS) criou ainda quatro residências de apoio para portadores de deficiência intelectual e reabilitados de doença mental.
João Santos Filipe PolíticaSaúde mental | Coutinho preocupado com recursos O deputado José Pereira Coutinho quer saber como os Serviços de Saúde vão combater a “insuficiência de quadros profissionais” na área da saúde mental. A questão faz parte de uma interpelação enviada pelo deputado ao Governo. Para o deputado, que cita um estudo da Organização Mundial de Saúde, acontecimentos como a guerra da Ucrânia ou o aumento da inflação têm criado cada vez mais problemas de ansiedade e depressão. Além disso, também os residentes de Macau sofreram com pesadas medidas de restrição de circulação, que podem ter criado desafios à saúde mental . Por isso, o deputado exige respostas para lidar com a situação. “Que medidas concretas a curto e médio prazo vão ser implementadas relativamente à insuficiência de quadros profissionais, na área de saúde pública mental, para que seja sempre garantida, em tempo útil, a qualidade dos serviços de assistência médica e tratamento, para pessoas com transtornos mentais?”, questionou José Pereira Coutinho. O legislador ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) perguntou também por planos para apostar na prevenção e cuidado deste tipo de doenças. “Quais os recursos que o Governo irá disponibilizar, em serviços de prevenção e no tratamento de doenças mentais, e no âmbito da formação contínua, na implementação de cursos de especialização para profissionais deste sector de saúde, nomeadamente nas áreas de Psiquiatria, Psicologia, Enfermagem Psiquiátrica, e Terapia Ocupacional?”, perguntou.
Andreia Sofia Silva PolíticaLei Chan U diz que gestão da pandemia está “desligada da realidade” Lei Chan U criticou algumas decisões do Executivo desde que os primeiros casos do surto foram detectados. “Desde o início desta vaga que tem sido sucessiva a formulação e implementação de políticas e medidas desligadas da realidade. Por exemplo, as longas filas nos postos de testagem, porque os funcionários das indústrias do jogo e da construção foram obrigados a apresentar teste de ácido nucleico negativo antes de irem para o trabalho.” Lei Chan U falou ainda do exemplo do “alojamento de indivíduos de diferente sexo num mesmo espaço em hotéis de quarentena”, bem como do tempo de espera superior a dez horas “para exames no hospital de campanha”. Na opinião do deputado, estes casos “estão a corroer a confiança dos residentes” no Governo. Saúde mental | Deputados pedem mais medidas Três deputados alertaram ontem para a deterioração da saúde mental no território devido ao confinamento parcial, que termina amanhã. “A luta constante contra a epidemia e as informações complicadas sobre a mesma estão a cansar os residentes. Com excepção dos envolvidos na luta contra a epidemia e de algumas indústrias que precisam de trabalhar durante este período de confinamento parcial, os residentes têm de ficar em casa, só podem sair para fazer testes de ácido nucleico, comprar alimentos e consultas médicas”, alertaram Ho Ion Sang e Ngan Iek Hang. Na mesma intervenção, apontaram que os residentes “correm risco elevado de desenvolver problemas de saúde mental”, sugerindo o reforço dos serviços de apoio pelo Governo, com a oferta de mais cursos sobre saúde mental nos media, a fim de “orientar os residentes a libertarem o stress e a afastarem energias negativas”. Zheng Anting sugeriu um apoio monetário para famílias que enfrentaram casos de suicídio.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde mental | Residentes criam programas gratuitos de nutrição e exercício Catarina Rodrigues, coach de Nutrição Integrativa e Fome Emocional, e Cíntia Leite Martins, co-fundadora da plataforma Mana Vida, criaram programas online gratuitos de exercício e nutrição. O objectivo é promover a saúde mental em época de confinamento Muitos têm sido os relatos sobre o difícil panorama que se vive em Macau em matéria de saúde mental, com cada vez mais pessoas a procurar ajuda psicológica. A pensar nisso, duas residentes decidiram criar programas online que combinam nutrição com exercício a fim de fomentar uma vida mais activa em casa. Um deles é “Stayin Vida Challenge”, gratuito e sem horários pré-definidos, é uma ideia de Cíntia Leite Martins, co-fundadora da plataforma de bem-estar e exercício Mana Vida. As inscrições podem ser feitas através do Instagram cintia.milk. “Todas as terças e sextas-feiras faço aulas online. Além disso, os participantes também recebem instruções e emails com conteúdos sobre nutrição e exercício. As pessoas podem inscrever-se até ao final do mês e não precisam concretizar todas as tarefas”, contou Cíntia, que lecciona vários cursos na área do desporto. No ano passado, a plataforma Mana Vida lançou um programa semelhante, focado para quem cumpria quarentena, que fez sucesso. “Este programa ajuda as pessoas a manterem uma rotina saudável e a se focarem na descoberta de novos talentos. Podem traçar planos para poderem concretizar sonhos, que, muitas vezes com uma vida agitada, não conseguimos planear”, contou. Num período em que o território está parado, com toda a população em casa, as especialistas ouvidas pelo HM destacam a importância de seguir a máxima “mente sã, corpo são”. “Um dos maiores desafios é fazer com que a pessoa tome posse e se responsabilize pela sua própria saúde. Um desafio destes, com o apoio da comunidade e de uma coach, permite que a pessoa encontre ferramentas e se dê conta dos bloqueios mentais que não a permitem atingir os seus objectivos.” Integrar uma comunidade Catarina Rodrigues é coach de Nutrição Integrativa e Fome Emocional, com formação feita nos EUA e experiência profissional em Macau desde 2007. Actualmente, reside em Portugal, mas acompanha de perto a situação no território onde é residente permanente. Desta forma, decidiu criar um programa vocacionado para quem se vê obrigado a ficar fechado em casa e quer ocupar melhor o tempo. O programa chama-se “Nutrir Corpo&Mente”, e funciona de forma gratuita no Telegram, onde são partilhadas receitas e dicas de nutrição para a perda de peso. De um grupo de 41 participantes, 17 são de Macau. “Por estar a acompanhar algumas pessoas e ter amigos em Macau, estou ciente do que se está a passar, por isso quis criar algo gratuito que pudesse beneficiar quem aí vive. O mais difícil num lockdown é a sensação de ansiedade, desânimo, falta de controlo por um lado e a ausência de rotina por outro. Os desafios que criei foram no sentido de aumentar o bem-estar dos participantes. Concentrei-me nos pilares do autocuidado, redução do stress e exercício”, contou ao HM. Catarina Rodrigues destaca que o mais importante neste processo de confinamento é cada um saber “que não está sozinho e que faz parte de uma comunidade”, o que “faz toda a diferença”.
Pedro Arede SociedadeConfinamento total pode levar a depressões, suicídio e falta de acesso a cuidados médicos Um estudo realizado por um grupo de investigadores da Universidade de Macau (UM) e divulgado na passada sexta-feira, concluiu que submeter Macau a um confinamento total pode ter consequências nefastas ao nível das relações sociais, acesso a cuidados de saúde, podendo potenciar o surgimento de conflitos familiares, depressão, ansiedade e até suicídio. Isto, além de todas as consequências que o encerramento de todas as actividades, poderá trazer para a economia. “Uma redução no Produto Interno Bruto (PIB) é frequentemente utilizada para reflectir a perda associada às medidas de encerramento. Contudo, existem muitos outros efeitos negativos ou secundários, tanto tangíveis como intangíveis, que devem ser tidos em conta. Medidas rigorosas de encerramento teriam um impacto profundo na manutenção dos laços sociais e na acessibilidade da educação e dos serviços médicos, e podem aumentar os riscos de conflitos familiares, depressão, ansiedade ou mesmo suicídio, juntamente com outras perturbações mentais graves”, pode ler-se no estudo. Além disso, é apontado, através de “experiências que tiveram lugar em todo o mundo”, um confinamento geral não impede o surgimento de novos surtos e apenas poderá ser “completamente eficaz” quando a transmissibilidade é elevada. Neste momento, esse não é o caso de Macau, dado que apenas 0,2 por cento da população estava infectada na passada sexta-feira. Recorde-se que Macau está desde segunda-feira em estado “relativamente confinado”, segundo as palavras do secretário para a Administração e Justiça, André Cheong que rejeitou, aquando do anúncio, que a cidade iria ser submetida a um lockdown total. Situações distintas O grupo de investigadores aponta ainda que a especificidade de Macau não permite assegurar o fornecimento de mercadorias e que o território carece de organizações comunitárias, recursos humanos e uma organização geográfica precisa, à semelhança daquilo que acontece no Interior da China. “Em primeiro lugar, Macau carece de uma demarcação geográfica precisa, o que torna muito difícil estabelecer um sistema detalhado de fornecimento de bens domésticos. Em segundo lugar, Macau não tem organizações fortes de base comunitária, à imagem das comissões de bairro ou de aldeia na China continental que desempenham um papel crucial ao nível da operação. Para assegurar o fornecimento de bens que chegam a todas e cada uma das famílias durante o encerramento rigoroso, a enorme procura de mão-de-obra é essencial, mas seria muito difícil de satisfazer”, é acrescentado.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSuicídio | Caritas recebeu mais de um terço do número de chamadas anuais em três semanas Desde o início do surto comunitário, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio da Caritas Macau para a prevenção do suicídio recebeu 18 chamadas, além de mais de 500 pedidos de ajuda por outros motivos psicológicos. Em apenas três semanas, as chamadas ultrapassaram um terço das recebidas num ano inteiro. Duas psicólogas dizem que o panorama da saúde mental de Macau tem piorado Desde que começou a luta para combater o surto comunitário de covid-19 que deflagra em Macau, o panorama da saúde mental da população agravou-se. Um dos dados que denota essa realidade foi o aumento considerável de chamadas recebidas pela linha de apoio de prevenção do suicídio e de apoio psicológico da Caritas Macau. Desde 18 de Junho, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio foi contactada 18 vezes. Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, descreveu ao HM uma tendência de aumento e apela a que a comunidade se ajude entre si. “Por norma, num ano, recebemos entre 45 e 50 chamadas, mas este ano temos tido mais pessoas a abordar este assunto. Neste momento, precisamos de mais recursos e colaboradores para podermos ajudar as pessoas. Temos funcionários a trabalhar 24 horas por dia”, contou ao HM. Paul Pun revelou ainda que desde que começou o surto, a linha de apoio recebeu mais de 500 chamadas relacionadas com problemas psicológicos, como depressão, ansiedade e problemas resultantes de conflitos familiares. “A minha expectativa é que durante o confinamento parcial deverá haver muito mais casos. Alguns dos pedidos que recebemos já estão relacionados com o confinamento que começou ontem [segunda-feira]. Há muitas pessoas que estão a sentir uma enorme tensão, e para os grupos vulneráveis essa pressão é ainda maior. Pelo menos, através desta linha directa, podem expressar o que sentem e os seus problemas emocionais, para enfrentar melhor os problemas e evitar cometer suicídio”, revelou Paul Pun. Remédios profanos Muitos residentes procuram ajuda psicológica fora do território, com profissionais com quem já tiveram consultas presenciais. É o caso de Goreti Lima, cuja agenda está praticamente preenchida com utentes a viver em Macau. “As problemáticas que estão em cima da mesa são depressões e ansiedades, de pessoas que estão agarradas ao passado, do que foi, e do que vai ser. O problema é mesmo viver no presente, e é esse o trabalho que tenho estado a desenvolver.” No caso dos portugueses, muitos querem ficar porque os filhos ainda estão a estudar, enquanto que outros já preparam o regresso definitivo a Portugal. “Alguns estrangeiros querem mesmo ir embora porque têm uma estrutura financeira diferente”, contou a psicóloga, que garante que “não há uma rede de apoio e as pessoas não confiam nos serviços de Macau, embora isso seja recorrente”. A psicóloga dá conta também de casos de automedicação de pessoas que não conseguem dormir ou controlar sentimentos de ansiedade ou ataques de pânico. “Muitas das pessoas vão ter de recorrer à medicação, mas é um paliativo. Algumas começam a ficar revoltadas e precisam mesmo de comprimidos para dormir e para estarem mais calmas e tranquilas. Há muitos casos de automedicação.” “Situação pesada” A primeira semana de encerramento total de todos os serviços não essenciais em Macau começou com a notícia trágica de uma idosa de 87 anos que se atirou do apartamento onde vivia sozinha, tendo sido encontrada no parque de estacionamento situado no terceiro andar do edifício na Rua Norte do Patane. As autoridades repetem recorrentemente a intenção de as medidas restritivas durarem o menor tempo possível. Mas a sua duração não é certa e isso pode representar um factor que potencia a instabilidade emocional. “É uma situação bastante pesada aquela que é vivida pelo povo de Macau, sobretudo quando sentimos que o resto do mundo tem já outro tipo de políticas para enfrentar a pandemia. Quando percebemos que as coisas são diferentes do outro lado do mundo, isso causa sentimentos de injustiça e de raiva. As pessoas estão saturadas e muitas são levadas a agir por impulso e por emoção. Há um cansaço epidémico muito grande”, disse Filipa Freire, ex-residente e psicóloga, que também atende muitas pessoas de Macau. A profissional nota “que muitos estão conscientes de que é uma fase”, embora haja “sentimentos de revolta, ansiedade, com pessoas a ter ataques de pânico e a agir por impulso”. Filipa Freire não tem dúvidas de que, se os alarmes soarem, o Governo tem capacidade para accionar uma rede de apoio. “Mas é importante haver essa consciência. Começa-se de facto a falar na questão da saúde mental, e isso é um começo. Mas deveria existir um atendimento nos centros de saúde ou a aposta numa rede de consultas gratuitas ou online.” Recentemente a Pac Man Junior Chamber, uma organização sem fins lucrativos, organizou um evento online de apoio psicológico intitulado “RISE With SME – Strengthen Business Leaders Mental Health”, virado, como o nome indica, para as questões de saúde mental de empresários e comerciantes. Filipa Freire defende que a Associação dos Psicólogos de Macau deveria actuar neste sentido. O HM tentou contactar Elvo Sou, presidente da entidade local, para obter comentários sobre este assunto, mas este não quis prestar declarações “por não ter informações suficientes”. Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Caritas Macau, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês. Idosos | Linha de apoio recebe quase 200 chamadas por dia O Centro de Apoio de Teleassistência “Peng On Tung”, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), tem recebido quase 200 pedidos de apoio de idosos, sobretudo os que moram sozinhos. Ao jornal Ou Mun, Pun Ka Lon, responsável pelo Centro, disse que, apesar da subida do número de chamadas, os idosos que precisam de assistência para admissão hospitalar tem-se mantido estável, rondando entre dez e 15 casos por dia. Pun Ka Lon disse ainda que o encerramento de restaurantes afectou o estado emocional dos mais velhos, que costumavam passar tempo nestes locais com amigos ou familiares. O isolamento social foi, portanto, um dos factores elencados pelo responsável que mais contribuiu para os problemas psicológicos reportados por utentes. Muitos referiram também que se sentem confusos com a realização dos testes rápidos, uma vez que não podem receber ajuda dos filhos. Assim sendo, o Centro disponibilizou mais funcionários para apoiar estas pessoas, sobretudo os idosos que vivem sozinhos e que sofrem de doenças crónicas.
Andreia Sofia Silva PolíticaSaúde mental | Coutinho defende medidas preventivas O deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a necessidade de implementar “medidas eficazes que envolvam um maior envolvimento dos cuidados de saúde primários na prevenção e tratamento das perturbações depressivas e do humor”, tendo em conta o potencial aumento dos casos de depressão ou suicídio. Além disso, o deputado entende ser necessário um maior investimento na área educativa, nomeadamente em prol da “capacitação do corpo docente e de funcionários das escolas para identificarem potenciais quadros de perturbação mental nos jovens”. Sobre os cuidadores informais, Coutinho entende ser necessário dispor de “medidas concretas e eficazes” para o acompanhamento psicológico destas pessoas, além de serem necessárias “equipas com especialistas para os profissionais de saúde”, a fim de prevenir casos de “burnout”. O deputado pede também a criação de uma linha de apoio psicológico destinada a “profissionais de saúde e demais trabalhadores essenciais”. A interpelação dá conta que, nos últimos três anos, o território tem enfrentado uma série de confinamentos “que ninguém sabe quando acabam”, o que acaba por ter um efeito na saúde mental da população. O deputado alerta para o facto de a economia local “estar de rastos”, com as autoridades a gastarem as “reservas acumuladas” em apoios à população e empresas. “Multiplicam-se os testes de despistagem, distribuem-se centenas de milhares de kits, aumenta o número de infectados e tudo isto provocou alterações profundas nos cidadãos na sua forma de pensar e de viver. Muitos cidadãos vivem com a angústia, tristeza, medo, incertezas, frustração, cansaço e desgaste individual”, rematou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteSaúde mental | Profissionais portugueses recordam arranque dos serviços em Macau Na década de 80 eram parcos os recursos em matéria de saúde mental, sobretudo no capítulo da prevenção. Inês Silva Dias recorda o trabalho que foi feito com a comunidade e a persistência junto do Governo para que fosse criada uma lei da saúde mental, projecto que só se tornou uma realidade em 1999. Goreti Lima, psicóloga, destaca o facto de o panorama ter vindo a melhorar, embora se continue a apostar muito numa resposta farmacológica Em 2005, foi inaugurada a Clínica Psiquiátrica da Taipa. Mas a verdade é que o trabalho da Administração em prol da criação de mais serviços de tratamento e prevenção na área da saúde mental havia começado cerca de 20 anos antes. Na década de 80, um grupo de psiquiatras viajaram de Portugal para Macau, tendo sido os responsáveis por criar um serviço integrado de consulta, internamento e acompanhamento comunitário praticamente do zero. À época, faltava uma lei de saúde mental e não havia sequer regime de internato para formar clínicos chineses. Inês Silva Dias, psiquiatra e fundadora, em Macau, da associação Richmond Fellow, recorda ao HM os primeiros tempos quando percebeu que iria ter muito trabalho pela frente. “Cheguei em 1985 quando a saúde mental e a área da psiquiatria estavam nos primórdios em termos de existência e na forma como estava divulgada junto da população.” “Estranhei imenso o ambiente que se vivia do ponto de vista da psiquiatria, porque, uns anos antes, tinham construído um edifício que, por falta de quadros difíceis de recrutar, funcionava para outros fins, e a psiquiatria estava lá num canto. Houve dificuldades em recrutar técnicos em Portugal e era tudo ignorado.” No sector privado, o hospital Kiang Wu tinha encerrado o serviço de saúde mental, porque não dava lucro. As respostas para quem tinha problemas nesta área eram parcas ou nulas. “Era um momento bastante crítico porque praticamente não havia assistência nessa área. O Governo recrutou então alguns psiquiatras que foram para Macau e começaram a dar os primeiros passos para organizar os cuidados e, numa fase posterior, ter atenção à saúde mental, no sentido da prevenção.” Chegados a um território onde a maioria da população falava chinês, foi preciso recorrer a intérpretes para dar as consultas. Embora houvesse ainda preconceito em relação à doença mental, essa resistência à procura de aconselhamento médico reduziu-se nos casos mais graves. A partir daí, criaram-se situações de aceitação e laços que perduraram. “Havia o desejo de melhoria sobretudo quando havia doentes graves nas famílias. Na comunidade chinesa, quem tinha familiares com problemas mentais quase que escondia os doentes. Mas quando a situação era disruptiva, no sentido do comportamento, as pessoas procuravam ajuda e tornavam-se receptivas em relação ao tratamento. Fiquei com ligações a doentes que me escreviam já depois de eu sair de Macau”, recordou Inês Silva Dias. Apoio a toxicodependentes A certa altura, os serviços de saúde mental viram-se obrigados a responder aos casos de toxicodependência, que na década de 80 eram mais visíveis no território. Numa recente entrevista ao HM, Helena Cabeçadas, formada em antropologia, recordou a fase em que viveu no território e fez trabalho na área da saúde mental e toxicodependência para os Serviços de Saúde de Macau (SSM). Helena, que deu também aulas na então Universidade da Ásia Oriental (hoje Universidade de Macau), recordou a época dos “consumidores de heroína, que era barata e de boa qualidade”, e quando o trabalho era cheio de desafios. “Era um mundo muito masculino, e havia um registo mais prisional do que terapêutico, o que contrastava com aquilo que eu conhecia em Portugal e nos EUA. Éramos poucos terapeutas e funcionava como um grupo de guardas prisionais. Incomodava-me esse registo porque não estava de acordo com a minha visão [de abordar o problema], que defendia a reabilitação. Em Hong Kong, em contrapartida, tinha contactos muito interessantes do ponto de vista profissional, porque fazia-se ali um trabalho que tinha mais a ver com a minha maneira de encarar esses problemas.” Augusto Nogueira, presidente da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), recorda um período do “boom da heroína e do haxixe”, onde o consumidor era visto como um criminoso. “Eram novas experiências e as pessoas não sabiam muito bem como lidar com elas, mesmo a nível terapêutico. Não havia muitos conhecimentos em termos de comunicação e terapia. A droga era vista como algo maquiavélico e a punição era a ferramenta para lidar com o consumo. Havia muitos tratamentos à base da religião e tentava-se ajudar as pessoas com o pouco conhecimento que existia”, contou ao HM. Antes da chegada da associação Ser Oriente, em 1993, já existia, em Ka-Hó, Coloane, o Centro Desafio Jovem, que propunha um tratamento da toxicodependência com ligação à religião. “A Ser Oriente não tinha muitas relações com o gabinete de prevenção para a toxicodependência [dos SSM] mas depois de 1999 reunimos com o Instituto de Acção Social, onde mostrámos a nossa vontade de permanecer em Macau”, lembrou Augusto Nogueira. “Depois, com um grande esforço do IAS em dar apoio a associações, conseguimos profissionalizarmo-nos mais na prevenção e ir ao estrangeiro, aprender com o que estava a ser feito lá fora. Desde 1999 passámos de amadores, à base da boa vontade, para algo mais profissional com cabeça, tronco e membros. Deixámos de ter de pedir dinheiro na rua para sobreviver”, disse o actual presidente da ARTM. A importância da lei Se faltavam recursos para dar respostas, a lacuna era ainda maior em matéria legislativa. Inês Silva Dias foi uma das vozes que mais lutou para a implementação do regime de saúde mental, que seria implementado a 12 de Julho de 1999. “As autoridades percebiam que havia a necessidade de responder aos problemas da área, mas também eram capazes de ter preconceitos com a doença mental, como toda a sociedade. Foi preciso um trabalho árduo e persistente para conseguir alterar a situação. Tudo começou em 1985 e penso que tive um papel na sensibilização das autoridades para a necessidade desta lei, que depois ficou em preparação.” O regime vigora hoje, em conjunto com uma Comissão de Saúde Mental, criada em 2005. No preâmbulo da lei lê-se que já eram prestados cuidados psiquiátricos em regime de ambulatório, internamento ou urgência, sendo que o hospital Kiang Wu havia encerrado “o serviço de psiquiatria e transferiu os doentes crónicos para a Unidade Psiquiátrica da Taipa”. Seria criada, mais tarde, a Unidade de Doentes Crónicos do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde S. Januário. À data, era “a única unidade prestadora de cuidados psiquiátricos” em Macau. Pretendia-se, com esta lei, a “reformulação da filosofia da prestação dos cuidados psiquiátricos no Território a partir de uma visão cientificamente actualizada do tratamento e apoio à pessoa portadora de distúrbio mental”, onde os “cuidados psiquiátricos deixam de estar limitados às instituições hospitalares, cuja função primordial era a custódia do doente, e são reorientados para a reabilitação e inserção comunitária da pessoa portadora de distúrbio mental”. O regime define também os direitos e deveres da “pessoa portadora de distúrbio mental”, tendo sido definidos os regimes de internamento compulsivo e de urgência. O trabalho comunitário Inês Silva Dias prefere recordar também o trabalho de campo feito entre 1985 e 1999, sobretudo na ligação com a comunidade. “Para implementar o tratamento e chamar a comunidade a participar nos cuidados, foi feita uma intervenção a nível das estruturas governamentais, mas na altura fundei uma associação, que ainda hoje existe, a Richmond Fellowship, que visava envolver a comunidade civil. Conseguimos criar uma série de estruturas intermediárias para que os doentes mentais não ficassem reduzidos ao espaço hospitalar e às famílias.” Além disso, a médica psiquiatra ajudou também a fundar, no São Januário, o regime de internato para médicos chineses. “Foi possível criar um internato para a formação de médicos chineses em psiquiatria, que não havia. Isso foi inovador. Estávamos em pleno período de transição e a grande parte da comunidade portuguesa não iria ficar, pelo que era importante formar clínicos. Íamos [para Macau] em comissões de serviço e pareceu-me importante dar formação a médicos chineses.” A última vez que Inês Silva Dias visitou Macau foi em 2006 e relata uma situação satisfatória em termos de resposta. “O meu desejo era que houvesse uma batalha diária para que a psiquiatria e saúde mental se possam manter visíveis e para que haja um alerta junto das autoridades em prol de um maior investimento em recursos para acompanhar as novas formas de actuação.” O HM enviou também algumas questões aos SSM no sentido de compreender a evolução em matéria de saúde mental até aos dias de hoje, mas em cerca de dois meses não foi obtida qualquer resposta. A título de exemplo, os SSM criaram, em 2016, serviços ao domicílio na área da psiquiatria para os casos mais graves, além de existir uma consulta externa de especialidade no São Januário. Medicamentos como resposta Num debate na Assembleia Legislativa em Outubro de 2020, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, garantiu que havia um período de 18 dias de espera para se ter aceso a uma consulta de psiquiatria no hospital ou centros de saúde. A acessibilidade a estas consultas foi considerada “bastante elevada”. Neste debate, a secretária lembrou ainda os subsídios concedidos a associações para a prestação de serviços psicológicos na comunidade. Goreti Lima, psicóloga e ex-residente de Macau, saiu do território em 2019, mas ainda hoje atende residentes via online. O fecho de fronteiras e a pandemia veio aumentar a procura por ajuda. “Parte do meu rendimento em Portugal vem de pessoas que estão em Macau numa situação em que não podem sair e precisam de algum apoio psicológico e emocional. Agora sim, é que as pessoas vivem numa bolha.” Hoje a resposta é maior e até existem mais cursos de psicologia no ensino superior. Mas a tendência, da parte de quem se sente doente, continua a ser, numa primeira fase, a busca pela medicação. “Por norma, quando as pessoas precisam de ajuda, a primeira pessoa com quem falam é com um psiquiatra, que depois medica para que a pessoa consiga dar a volta aos sintomas. Há alguns clínicos gerais que prescrevem alguns ansiolíticos. A abordagem é muito farmacológica”, destaca a psicóloga. No entanto, “há cada vez mais a tendência para se procurar primeiro um psicólogo, e quando saí de Macau isso era cada vez mais visível”, inclusivamente no seio da comunidade chinesa, onde por norma existe um maior tabu em abordar problemas deste tipo. “Não sei quais são as necessidades da população neste momento, mas acho que a saúde mental não tem de ser tratada, mas pode ser prevenida. Sinto, em qualquer parte do mundo, que há pouca prevenção na saúde mental. A medicação ajuda, mas não resolve a causa do problema. Se nas escolas, ou junto das famílias, tivéssemos mais apoio [as coisas poderiam ser diferentes].” Goreti Lima acredita que o cenário hoje é de alguma desconfiança em relação aos serviços psicológicos disponíveis no território. “Até eu sair, em 2019, procurava-se muito o psicólogo português ou de Hong Kong. Sempre achei que havia pouca resposta, e as pessoas não confiavam no que havia no território. Porque às vezes são pessoas recém-formadas numa universidade privada e não se sente tanta confiança.” Goreti Lima, que chegou a dar aulas no curso de psicologia da Universidade de São José, relatou que há muitos licenciados que são depois inseridos em instituições sociais ou escolas, “mas não propriamente em hospitais e clínicas”. A medida está integrada na política de aconselhamento que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude implementa nas instituições de ensino.
Pedro Arede Manchete SociedadeDSEDJ | Novos inquéritos sobre patriotismo. Saúde mental preocupa Para concretizar os desígnios da Política de Juventude de Macau até 2030, os serviços de educação estão a preparar inquéritos para avaliar o interesse e os conhecimentos dos jovens sobre o patriotismo, a cultura chinesa e o desenvolvimento do país. Pressão familiar a mando das dificuldades económicas geradas pela pandemia, na base dos problemas de saúde mental dos alunos Por ocasião de mais uma reunião plenária do Conselho da Juventude, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) revelou ontem que irá promover inquéritos sobre patriotismo destinado aos jovens de Macau. O objectivo, explicou Cheong Man Fai, Chefe do Departamento de Juventude da DSEDJ, é avaliar o nível de conhecimento e interesse dos jovens sobre a identidade e a cultura da China e os desígnios do país. Isto, quando o reforço da educação e dos sentimentos patrióticos estão entre os objectivos definidos na Política de Juventude de Macau entre 2021-2030. “A Política de Juventude de Macau até 2030 inclui agora uma área sobre patriotismo. Como se trata de um novo factor e ainda não temos qualquer balanço feito, no futuro, vamos promover inquéritos [aos jovens de Macau]. Estes inquéritos irão centrar-se nos conhecimentos e na educação do amor pela pátria”, começou por apontar Cheong Man Fai. “Nas questões dos inquéritos, vamos dar mais atenção ao conhecimento que os jovens têm sobre a pátria e se reconhecem essa identidade, essa cultura e quais são os seus interesses. Queremos também saber se os jovens estão cientes do posicionamento e dos planos essenciais da pátria e quais os desígnios nacionais estabelecidos”, acrescentou, por seu turno, Io Iok Fong, também do Departamento da Juventude. Recorde-se que a Política da Juventude prevê o reforço dos conhecimentos dos jovens sobre a “cultura, a história, as montanhas, os rios, a terra, os hábitos e costumes populares da nação chinesa”. Além disso, está também previsto o reforço do ensino patriótico nas escolas, através da optimização curricular, publicação de materiais didáticos, organização de actividades extracurriculares e a formação de professores. Ondas de choque Após a reunião de ontem, a DSEDJ mostrou ainda preocupação com o estado da saúde mental dos estudantes de Macau, no decurso do aumento da pressão familiar gerada pela pandemia, mais concretamente pelo crescimento do desemprego e das dificuldades económicas. Por isso mesmo, o organismo promete reforçar a educação e sensibilização das famílias. “Temos vindo a desenvolver trabalho destinado a cuidar da saúde mental dos jovens e da harmonia familiar. O inquérito que realizámos demonstra que os estudantes (…) estão pressionados pela vida familiar e, no futuro, (…) iremos prestar mais atenção à educação familiar”, vincou Cheong Man Fai. Segundo a responsável, perante os “sentimentos negativos” gerados pela pandemia de covid-19 é fulcral envolver vários departamentos e associações e, através do acompanhamento psicológico providenciado nas escolas, “estar a par das atitudes e dos problemas que os alunos possam ter”. O objectivo, acrescentou, é transmitir essas informações com eficácia aos encarregados de educação, dado que, actualmente, “as famílias estão a enfrentar muitas dificuldades económicas e ao nível do emprego”. Depois de anunciar que em 2021 a DSEDJ lançou mais de 400 programas de promoção da Política de Juventude, a Chefe de Departamento de Juventude, Cheong Man Fai, revelou ainda que foram acrescentados “novos indicadores” para avaliar o actual rumo da política traçada. O objectivo dos novos indicadores passa por facilitar o conhecimento sobre “a relação entre pais e filhos, a competitividade dos jovens, a cooperação regional e a inclusão diversificada”. Após o ajustamento, o sistema passou a abranger 80 indicadores de 11 áreas distintas.
Pedro Arede Manchete SociedadePandemia | Preocupação com saúde mental dos trabalhadores O Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais, Sheng Kung Hui, diz que os pedidos de apoio psicológico relacionados com questões financeiras aumentaram 10 por cento em relação ao período antes da pandemia. Insónias, ansiedade e depressão são os principais sintomas apontados. FSS diz que entre Janeiro e Outubro do ano passado, 22 desempregados receberam subsídios para obter formação profissional O Chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui de Macau, Ip Kam Po, está preocupado com os efeitos que a pandemia está a ter nos trabalhadores das empresas locais, sugerindo que as entidades patronais prestem mais atenção à saúde mental e física dos colaboradores. Além disso, o responsável pela associação ligada à igreja anglicana, espera que as empresas do território se mostrem mais disponíveis para cooperar com os serviços sociais locais, com o objectivo de “organizar actividades que apoiem de forma relevante os funcionários”. De acordo com o jornal Ou Mun, Ip Kam Po justificou a tomada de posição com o facto de o volume de pedidos de ajuda recebidos pela associação que chefia ter aumentado em cerca de 10 por cento relativamente ao período antes da pandemia. O responsável revelou ainda que a maioria das sessões de apoio visaram atender preocupações económicas e o pagamento de dívidas e que os trabalhadores apresentaram sintomas como insónias, ansiedade e depressão. Dirigindo-se ao Governo, Ip Kam Po espera que as autoridades lancem medidas de apoio dirigidas às empresas e a pensar na saúde mental e física dos trabalhadores. Já da parte da associação Sheng Kung Hui, revelou, será feito um estudo para avaliar a condição dos colaboradores do território nesses parâmetros e divulgado um vídeo de sensibilização. Desde que começou a prestar serviços de apoio a funcionários das empresas de Macau em 2010, o organismo já acolheu mais de 130 mil pessoas, dos quais 90 por cento eram trabalhadores locais. E quem não trabalha? Noutro espectro do mercado laboral, neste caso referente ao universo de desempregados que tem vindo a aumentar a reboque da pandemia, o Fundo de Segurança Social (FSS) revelou em resposta a uma interpelação do deputado Lei Chan U que entre Janeiro e Outubro do ano passado, houve um total de 22 casos subsidiados sob o enquadramento do “Regulamento dos Incentivos e Formação aos Desempregados”. O apoio, que se traduz num montante de subsídios concedidos no valor de 157 mil patacas, revela “um aumento” em relação a 2020. Em termos totais, o saldo de dotação específica do “Regulamento dos Incentivos e Formação aos Desempregados” que está ainda a ser gerido pelo FSS, é de cerca de 103 milhões de patacas, revela ainda o organismo. No que diz respeito à revisão do plano de apoio aos desempregados, o FSS diz apenas que a viabilidade de uma eventual alteração à lei e à sua operabilidade está a ser coordenada em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).
Pedro Arede SociedadeServiços de Saúde | Pedida atenção para saúde mental dos jovens Os Serviços de Saúde querem que a população esteja atenta à saúde mental dos jovens, criando condições para os ouvir no dia-a-dia. O objectivo, passa por prevenir casos de suicídio na comunidade, revertendo emoções negativas e aprendendo a identificar pessoas com pensamentos iniciais suicidas. “Os Serviços de Saúde apelam de forma activa, para que a sociedade e o público (…) prestem mais atenção e ouçam mais os jovens na sua vida quotidiana, estejam atentos às suas opiniões ou emoções, a atitudes que possam ser agressivas e possam levar ao suicídio (…). Ouvindo-os pode permitir que eles se expressem e ajuda a prevenir eventuais incidentes. O simples apoio e a escuta sem crítica são suficientes para reverter emoções negativas, eliminar a ideia de suicídio e prevenir o comportamento suicida”, pode ler-se na nota divulgada sexta-feira. Recorde-se que o apelo surge dia depois de uma jovem de 16 anos se ter suicidado no primeiro dia de aulas do novo ano lectivo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das pessoas com doenças mentais começam a manifestar problemas aos 14 anos de idade, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada. O suicídio é a quarta principal causa de morte entre os adolescentes entre os 15 e os 19 anos. Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Angela Leong pede mais serviços de apoio psicológico A saúde mental da população em contexto de pandemia levanta preocupações à deputada Angela Leong, que quer saber se foram criados serviços específicos a nível de aconselhamento psicológico nos hospitais e centros de saúde. “A epidemia, além de constituir uma ameaça à saúde física e mental da população, afecta ainda o desenvolvimento socioeconómico, sendo fácil provocar turbulência emocional entre as pessoas”, aponta numa interpelação escrita. Esta é a primeira interpelação escrita submetida por Angela Leong na sessão legislativa corrente, sendo preciso recuar a Julho do ano passado para encontrar registo da última. A preocupação manifestada pela deputada passa pela possibilidade de as pessoas voltarem “a ter ansiedade antes de se livrarem das emoções negativas”, tendo em conta alterações à situação da epidemia no Interior da China e em Macau e a um quarto surto no exterior. A deputada aponta que foi criada uma linha aberta destinada a estudantes e operadores de jogo, questionando o Governo se foram “criados serviços de apoio e de aconselhamento psicológicos que correspondam à natureza e ao conteúdo do seu trabalho” para os trabalhadores da linha da frente, como profissionais de saúde e polícias. No seu entender, “é mais fácil” que estes profissionais enfrentem problemas físicos e psicológicos por causa dos riscos que correm. Angela Leong refere que uma instituição educativa realizou recentemente um inquérito sobre o estado de saúde mental da população devido à pandemia, tendo os resultados mostrado que “70 por cento considera que a pandemia afecta profundamente a sua vida” e mais de um quarto tinha cansaço médio a alto depois do pico da pandemia. Entre os participantes, foram também registados casos de depressão, e de ansiedade.
Pedro Arede SociedadeSaúde mental | Cerca de 100 pessoas por mês pedem apoio à Associação das Mulheres De acordo com o director do Centro de Psicoterapia da Associação Geral das Mulheres de Macau, Lau Chun Fong, desde o início do ano que o organismo recebe, todos os meses, cerca de 100 pedidos de apoio psicológico. Segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, o mesmo responsável frisou também que, desde o início da pandemia o número de pedidos de ajuda mais do que duplicou. Entre os pedidos de ajuda recebidos pelo Centro, Lau Chun Fong, revela que a sua grande maioria dizem respeito a mulheres que revelaram sentir dificuldades a adaptar-se aos constrangimentos inerentes e resultantes da crise gerada pela covid-19. Além disso, 20 por cento dos pedidos de ajuda dizem respeito a adultos que revelaram ter pensamentos suicidas ou sobre fazer mal a si próprios, enquanto 6,0 por cento estão relacionados com problemas laborais, familiares e interpessoais. Segundo a mesma fonte, Lau Chun Fong refereriu ainda que existem actualmente muitos jovens preocupados com a sua saúde mental e que, da sua própria iniciativa ou depois de falar com as suas famílias, vêm procurar ajuda. Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.
Hoje Macau PolíticaJosé Pereira Coutinho quer respostas para suicídio O deputado Pereira Coutinho está preocupado com o suicídio entre os jovens e quer que o Governo arranje soluções. O tema foi abordado em interpelação enviada ao Executivo, com a sugestão que sejam apuradas as “causas da crescente deterioração da saúde mental dos jovens”. De acordo com o legislador apoiado pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM): “O Governo deve avaliar e discutir de forma aprofundada este fenómeno do suicídio de jovens cada vez mais novos, para apurar, quanto antes, as respectivas causas”, indica. “Os casos referidos [de suicídios] demonstram que muitos jovens se suicidam por impulso, porém, nas políticas e medidas actualmente adoptadas pelo Governo não se verifica a disponibilização do correspondente aconselhamento psicológico, para acabar com os comportamentos impulsivos dos jovens”, acrescentou. Coutinho pede medidas de combate ao fenómeno: “O Governo não consegue resolver a situação do suicídio por impulso de jovens. Pelo exposto, o Governo deve proceder a uma avaliação abrangente da saúde mental dos residentes de Macau, especialmente dos jovens, e deve reforçar a comunicação com as escolas e as famílias, a fim de acabar, em tempo oportuno, com a tragédia social. Já o fez?”, interroga. Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.
Sara F. Costa Artes, Letras e IdeiasA calma de perder o controlo Ultimamente, tenho lido os estóicos. Têm feito as vezes de um guia prático de sobrevivência em tempos onde a saúde mental de cada um de nós, apesar de cada vez mais vulnerável, tem que ser auto-tratada (consultas desmarcadas, escassez devido a procura, perigo de ir a hospitais). Dizem que esta é a mais prática das correntes filosóficas. Efetivamente, o meu recurso a ela neste mapeamento de situações mentais não pode estar completamente errado. Muitos terapeutas reconhecem a contribuição do estoicismo para o desenvolvimento de terapias cognitivo-comportamentais. Muitas meditações aurelianas me faltam ainda para me conseguir auto-proclamar uma seguidora de Zenão de Cítio. Uma visão estóica fundamental do mundo que decidi assimilar prende-se com a aceitação total dos acontecimentos externos como não pertencendo a nenhuma forma do nosso domínio. Não há sobre esses eventos externos culpa ou forma de manter o controlo. É um princípio que se aplica à aleatoriedade dos acontecimentos humanos e naturais, em geral. Uma pandemia tem certamente uma origem investigável cientificamente mas tem também um caráter aleatório na forma como se manifesta e impacta as várias camadas de conjunturas em que cada um de nós se encontra individualmente. Temos de admitir: não somos nada bons a aceitar o que é aleatório. Sobretudo, se o fenómeno for extremamente incómodo. É mais fácil atribuir-lhe significado. Pode ser um significado simbólico ou espiritual. A natureza revoltada que nos veio dar uma lição. Pode ser um apontar de dedos – um “alguém está por detrás disto”. Apesar da distância temporal a que nos encontramos da filosofia helenística sabemos hoje, mais do que ontem, que o universo provavelmente não é uma matéria estável, mas antes um arbítrio. Quem o diz é a física quântica. Ou seja, o único controlo exequível é aquele que ocorre nos nossos vários eventos internos. Não somos nós a olhar o universo, é o universo observa-se a si mesmo. Indiferentes a estas considerações sobre ego e universo, encontram-se as pessoas que procuram justificar eventos externos à luz de lógicas externas, nada fundadas na realidade mas antes na crença ou especulação. Há variantes de conspirações sobre este vírus para gostos diversificados. Que é transmitido pelas torres celulares do 5G, que foi criado pelo Bill Gates para depois lucrar com as vacinas, que foi criado pelas próprias farmacêuticas produtoras das vacinas. Que as vacinas têm microships do governo chinês ou americano (opção de escolha do vilão) para nos espiar e controlar. Que todos os políticos, jornalistas e profissionais de saúde nos ocultam tudo. Este tipo de necessidade de atribuir explicações ao desconhecido, surgiu antes da nossa realidade se tornar cyber-punk. Também em 1348, os flagelantes decidiram atribuir a peste negra aos pecados da humanidade e por isso formaram longas procissões em grupos de mais de quinhentos indivíduos cada que deambulavam pela Europa. Enquanto se chicoteavam, distribuíam pedaços de pele e sangue pelos caminhos que percorriam e, assim, contribuíam boçalmente para a uma aceleração da propagação da doença. Ou seja, na esperança de liquidar a dívida divina percepcionada, estas pessoas ajudaram a piorar a situação. Digamos que a ignorância e a vontade de agir não são a melhor combinação. O racismo e a xenofobia, tão em ascensão na Europa contemporânea, também não são fenómenos exclusivos de escuras cavernas virtuais. Durante o período da peste negra do século XIV, a comunidade judaica foi acusada de ter infetado poços com a praga de forma propositada. Dizia-se que se viam poucos judeus infetados. Foram perseguidos, torturados e linchados publicamente. Comunidades judaicas inteiras foram massacradas até à extinção em eventos como o que ocorreu em Toulun a 13 de Abril de 1348. Apesar das inúmeras evidências da existência do absurdo na experiência humana, é difícil aceitar o que acontece como simplesmente aquilo que acontece. Aquilo que nos é externo e não controlável. Há, contudo, algo que podemos controlar. Os nossos eventos interiores. Se a necessidade de uma causa ou de uma atribuição de culpas é necessária para explicar o que não entendemos, há um trabalho interior muito importante a fazer e que pode perfeitamente ser feito em confinamento. Vazio existencial? Falta de causas pelas quais se agregar? Frustração? Depressão? Medo? Reside no interior de cada um de nós a verdadeira razão pela qual não conseguimos aceitar o que nos foge ao controlo. Como os estóicos, deixemos que as revoluções que decidamos iniciar aconteçam primeiro dentro de nós. Isto para que não sejamos, novamente, flagelantes de pecados inexistentes.
Salomé Fernandes SociedadeSaúde mental | Espera média de 18 dias para consultas de psiquiatria [dropcap]A[/dropcap] secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Iong, defendeu ontem que a acessibilidade a serviços de saúde mental “é bastante elevada”, destacando que existem consultas externas em centros de saúde e são subsidiadas instituições para serviços psicológicos gratuitos na comunidade. “Nos primeiros três trimestres de 2020, o tempo médio de espera para a primeira consulta externa especializada de psiquiatria [foi] de 18 dias”, declarou. Sobre o aumento dos casos de suicídio, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, revelou que face ao ano passado houve uma subida associada a doenças crónicas, mas que houve apenas mais um caso ligado a doenças psicológicas.