Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCovid-19 | Período de consolidação mantém pedido para ficar em casa O período de consolidação vai mesmo arrancar no sábado e prevê a abertura de espaços comerciais virados para a rua, mas as autoridades mantém o apelo para ficar em casa, à excepção de saídas para trabalhar ou comprar bens necessários que não apenas comida. Animais já podem ir à rua junto à zona de residência. Restaurantes permanecem em regime de take-away Foi ontem publicado no Boletim Oficial o despacho assinado pelo Chefe do Executivo que dá conta do arranque, a partir deste sábado, do chamado período de consolidação, que determina um relativo alívio das restrições pandémicas. No entanto, as autoridades continuam a apelar à população para ficar em casa, à excepção dos empregados que não podem trabalhar remotamente. Uma diferença que salta à vista em relação ao período de confinamento parcial é de natureza semântica. A palavra “essencial” é trocada por “necessário”. Apesar da aparente abertura a interpretações subjectivas, as autoridades deram alguns exemplos para diminuir as “zonas cinzentas” do que é permitido. Assim sendo, as saídas para comprar bens necessários, que não apenas comida, ou para ir ao barbeiro e cabeleireiro, são permitidas. Os espaços comerciais nas vias públicas, incluindo bancos, abrem portas com horário normal, mas em centros comerciais mantém-se encerradas por não estarem asseguradas as condições de higiene e saúde pública. Os estabelecimentos que vão poder abrir ao público devem seguir regras determinadas, como desinfectar os espaços, “principalmente superfícies e objectos tocados com frequência”. Os trabalhadores com código vermelho estão impedidos de voltar ao serviço, os que puderem trabalhar remotamente serão encorajados a fazê-lo. Por exemplo, os centros de apoio pedagógico complementar particular ou instituições educativas particulares só podem operar online. Além disso, os empregadores só vão poder contar nos estabelecimentos com metade dos funcionários que “devem usar máscaras KN95 ou de padrão superior, o máximo possível durante o período de trabalho ou quando estiverem em locais fora de casa, após a saída do trabalho”, indicaram as autoridades numa lista de orientações. Comer em casa Durante a conferência de imprensa foi ainda reiterado que os restaurantes vão continuar a servir refeições apenas em regime de take-away e que as empregadas domésticas devem continuar a pernoitar nas casas dos patrões. Uma das grandes questões era saber se os espaços de jogo voltariam a abrir, realidade que se confirma, apesar de condicionada. Como tal, os casinos podem voltar a operar. Porém, antes de abrirem portas, é exigida uma desinfecção geral e apenas 50 por cento dos funcionários podem voltar aos postos de trabalho, tal como nos outros estabelecimentos. Foi ainda exigido que durante refeições, os trabalhadores estejam sozinhos, para corrigir problemas verificados no passado recente de contágios verificados nos refeitórios. No outro lado do espectro, vão permanecer encerrados ginásios, cinemas, teatros, parques, bares, piscinas e demais recintos fechados de entretenimento. Relativamente aos passeios de animais na rua, cuja proibição foi uma das medidas mais polémicas do período de confinamento parcial, podem voltar a realizar-se, mas apenas junto à zona de residência e com os donos protegidos pelas máscaras KN95. Barba e cabelo Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, foram especificadas algumas situações em que se pode sair. “Os homens que têm o cabelo grande podem finalmente cortá-la, têm essa necessidade, mas as mulheres podem atar o cabelo. Caso as crianças necessitem de canetas ou tintas, os pais podem ir à loja comprar esses materiais. Quem precisar de comprar roupas novas pode sair, mas não devem passear na rua”, especificou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. “Se uma pessoa está chateada em casa e quer sair um bocado, nessa circunstância não convém. O princípio geral do despacho foca-se nas saídas necessárias. As pessoas que não se juntam a outras e usam máscara podem ter uma certa liberdade nas suas actividades, não somos inimigos dos residentes e não queremos que as deixem de fazer. Tudo tem uma razão”, acrescentou a governante. Relativamente à prática desportiva, “se o cidadão achar que tem essa necessidade de sair e fazer desporto, achamos que pode fazê-lo”. “Porém, não convém correr com máscara por questões de saúde, e por isso não podem correr em certos circuitos”, acrescentou Elsie Ao Ieong U. Alívio relativo Em relação aos transportes públicos, o uso dos autocarros deixa de estar depende da autorização especial, mas será necessário mostrar o código de saúde verde à entrada. O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego, Lam Hin San revelou que o número de frequências diárias de carreiras vai aumentar, para evitar elevada concentração de passageiros. Além disso, a rede de transportes irá operar 83 carreiras, como no período antes do confinamento parcial. No entanto, a lotação no interior das viaturas não deve ultrapassar os 60 por cento. As autoridades decretaram ainda novas regras para a realização de testes de ácido nucleico a grupos especiais. Trabalhadores de restaurantes, condutores de autocarros, pessoal de segurança e de limpeza, por exemplo, serão testados a cada dois dias, enquanto que as pessoas inseridas nos grupos chave serão testadas todos os dias, entre os dias 24 e 29. Quanto à população geral, nos dias 30 e 31 deste mês será realizada uma nova ronda de testes em massa. “Se a situação pandémica continuar controlada pondera-se uma maior flexibilidade das medidas. Esperamos poder retomar rapidamente a nossa vida normal. O princípio geral é ficar em casa se não tiverem de ir trabalhar”, disseram as autoridades. Desde o dia 11 de Julho, os agentes policiais fizeram 608 avisos a pessoas que saíram de casa e foram deduzidas 28 acusações por violação da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis. Máscaras | Começa hoje distribuição para crianças entre 3 e 8 anos Começa hoje um novo plano de fornecimento de máscaras destinado apenas a crianças entre os 3 e 8 anos (nascidas entre 22 de Julho de 2013 e 19 de Agosto de 2019). Até 19 de Agosto, as “máscaras infantis estão disponíveis para ser adquiridas nas 55 farmácias convencionadas dos Serviços de Saúde”, indicou ontem o Centro de Coordenação de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Nesta nova ronda não serão disponibilizadas máscaras para adultos O acesso é determinado pela data de nascimento do bilhete de identidade, devendo os pais deslocar-se às farmácias convencionadas com o original do Bilhete de Identidade de Residente de Macau da criança. Toneladas do dia O Instituto para os Assuntos Municipais informou que entraram ontem em Macau 357 porcos para o mercado de consumo e cerca de 280 toneladas de legumes e verduras. Segundo a Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue, deram entrada ontem em Macau, através do Mercado Abastecedor, cerca de 153 toneladas de fruta e 760 mil ovos. 18 casos na terça-feira Na terça-feira foram encontrados 18 novos casos positivos de covid-19, anunciou ontem o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Ao longo das 24 horas de terça-feira, foram detectados 13 casos nas zonas de código vermelho e hotéis de observação médica, duas infecções de contactos próximos, dois casos positivos nos testes massivos e grupos alvo, e uma infecção na comunidade. Desde 18 de Junho, Macau somou 1.783 casos acumulados. Até às 08h de ontem, as autoridades de saúde “efectuaram o acompanhamento de 22.100 indivíduos”, entre contactos próximos, pessoas com o mesmo itinerário de casos confirmados, contactos por via secundária e acompanhantes.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPandemia | Período de consolidação pode chegar na próxima semana O Governo pretende atingir o período de consolidação na próxima semana, o que poderá aliviar as medidas restritivas e o fim do confinamento parcial. A médica Leong Iek Hou referiu que será necessário “um baixo número de casos,” mas “se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente” Macau poderá estar a um passo do fim do confinamento parcial na próxima semana e a chegada ao chamado período de consolidação. Esse é o desejo demonstrado pelas autoridades, numa altura em que o território regista um total de 1,755 casos, com apenas oito casos encontrados na comunidade no último balanço diário. No entanto, na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia realizada ontem não foi referido o número exacto de casos necessário para atingir esse patamar. “Queremos entrar no período de consolidação na próxima semana, mas queremos ter um número baixo de casos na comunidade. Se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente”, adiantou a médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus. A responsável frisou que a entrada no período de consolidação “não depende só do número de casos”. “Temos, neste momento, oito casos na comunidade de dois grupos diferentes, o que pode representar oito fontes de infecção com diferentes graus de risco. É difícil definir um número exacto [de casos]”, acrescentou. O período de consolidação será marcado pelo “regresso gradual à normalidade”, embora se mantenham os testes em massa e as restrições nas fronteiras. Na prática, “serão restringidas as actividades realizadas, em coordenação com outras medidas de controlo epidémico”. Entretanto, o representante dos Serviços de Polícia Unitários afirmou que até às 15h de ontem tinham sido feitos 542 avisos a pessoas que saíram de casa. Desde o primeiro dia de confinamento parcial, 11 de Julho, 27 pessoas foram julgadas por crimes ao abrigo da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis. Tratamentos continuam Depois de o ex-deputado Sulu Sou ter tornado públicas algumas queixas de grávidas e mães sobre a alegada suspensão de exames e tratamentos médicos, foi ontem indicado que o Centro Hospitalar Conde de São Januário continua a fazer exames no serviço de obstetrícia, assim como a atender situações de urgência de grávidas e gravidezes de risco. O médico Tai Wa Hou adiantou que, em média, cerca de 1000 pessoas não realizam o teste em cada ronda de testagem em massa. Há casos de pessoas que deixam o território e que, para isso, utilizam outro documento diferente do que apresentam no código de saúde. Após o primeiro contacto de aviso, “normalmente aparecem para realizar o teste”, disse o médico. Ontem foi também anunciado que o Hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) está a inspeccionar os hotéis de quarentena e irá apresentar um parecer às entidades hoteleiras e aos Serviços de Saúde a identificar lacunas. A inspecção foi feita, por exemplo, no hotel Parisian, que neste momento tem 35 casos positivos e 17 pessoas em quarentena. Em relação aos 1.755 casos positivos, as autoridades revelaram que 19 por cento não estão vacinados, enquanto 3,1 por cento tem apenas a primeira dose. Até ontem encontravam-se internados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane 30 idosos diagnosticados com covid-19, e com outras doenças associadas, mas sem pneumonia associada à doença. Entre os internamentos, constam também crianças que não foram vacinadas. Senhas a funcionar Dados do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelam que o sistema de senhas para entrar em mercados, e controlar o fluxo de pessoas, levou à redução de 25 por cento de clientes desde o dia 11 de Junho. Toneladas de lixo O Instituto para os Assuntos Municipais afirmou que, até ontem, foram recolhidas nove toneladas de lixo no edifício San Mei On, que está situado numa zona vermelha. Por sua vez, no edifício Kat Cheong foi removida uma tonelada de lixo em três dias. O IAM indica que “uma grande quantidade de lixo continua a ser encontrada nos espaços comuns do bloco 2 dos edifícios San Mei On e Kat Cheong, mais precisamente nas escadas e átrios”. Assim sendo, a entidade liderada por José Tavares apelou aos moradores para não deixarem sacos de lixo doméstico nas zonas comuns. Mais uma vez é atribuída aos moradores a responsabilidade sobre os problemas ambientais verificados no edifício, tendo sido referido que estes não devem “deitar lixo nos corredores, escadas e átrios” ou “descartar móveis e grandes electrodomésticos nos espaços comuns do edifício”. 500 técnicos para testes Três entidades responsáveis pela realização dos testes em massa contrataram, por intermédio da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), 500 técnicos, destes 200 são não-residentes. As autoridades dizem seguir os critérios de contratação do Interior da China, com base no plano de controlo e prevenção da pandemia, que exige “formação nas áreas da biosegurança e técnicas de colheita” e um exame antes de iniciarem funções. Há ainda 200 médicos do sector privado a trabalhar nos laboratórios de testes. No entanto, técnicos que trabalham na recolha de mostras queixaram-se ao ex-deputado Sulu Sou que os contratos não mencionam salários e benefícios, não definem horários de trabalho nem a identificação da empresa que os contrata. Além de se sentirem usados, os técnicos dizem que há diferenças de tratamento entre locais e não-residentes, pois estes últimos têm alojamento, transporte e refeições. Corredor para idosos nos bancos O vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Lei Kit Fong, defendeu a criação de um corredor especial para idosos que necessitem de ir ao banco levantar a reforma ou dinheiro, pois, devido ao confinamento, alguns residentes estão a ficar sem dinheiro pagar despesas diárias. Segundo a imprensa chinesa, a maioria dos idosos costuma ter dinheiro físico em casa e não sabe usar plataformas electrónicas de pagamento. 22 novos casos No domingo, Macau registou 22 novos casos de covid-19, elevando para 1.755 o total de infectados registados desde o dia 18 de Junho. Segundo o Centro de Coordenação, dos 22 novos casos confirmados, 14 foram detectados em zonas vermelhas ou hotéis de quarentena e oito encontrados na comunidade. Entre os casos comunitários, quatro são casos resultantes de contactos próximos, dois foram encontrados durante a testagem em massa e nos grupos alvo e dois “noutros grupos (…) encontrados na comunidade”. Até às 08h de ontem, foi feito o acompanhamento de 21.378 pessoas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConfinamento parcial prolongado até sexta-feira As autoridades decidiram prolongar até sexta-feira o confinamento parcial do território, o que significa que locais e actividades não essenciais vão continuar encerrados e suspensas. O objectivo é reduzir o número de infecções antes da entrada num período de consolidação e alívio gradual de restrições. Governo continua irredutível com a proibição de levar animais à rua Foi decretado no sábado o prolongamento do confinamento parcial, que vigora no território desde o dia 11 de Julho, em pelo menos mais uma semana para travar o surto de covid-19. O prolongamento do confinamento parcial, até ao final da próxima sexta-feira, consta de um novo despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que entra hoje em vigor. A população vai continuar a ser obrigada a permanecer em casa, “salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes”. Além disso, mantém-se também a obrigatoriedade de “usar máscaras do tipo KN95 ou de padrão superior”, ficando sujeitos em caso de incumprimento a pena de prisão até dois anos e pena de multa até 240 dias. Foram ainda decretadas três rondas de testes em massa, bem como a obrigatoriedade de fazer testes rápidos diariamente. O objectivo destas medidas é a controlo do número de casos para depois passar à fase de consolidação do vírus. “Não vamos andar atrás da meta de zero casos, mas queremos reduzir as cadeias de transmissão, pois assim poderemos reduzir o número de novos casos. Podemos fazer um melhor rastreio, identificar fontes e cortar essas cadeias. Gradualmente, vamos relaxar as medidas e reabrir determinadas actividades”, disse a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. Os governantes exemplificaram o retorno progressivo à normalidade com a retoma de actividades como idas ao cabeleireiro ou ginásio com máscara, embora os restaurantes continuem a funcionar em regime de take-away. “Não iremos aliviar as medidas de um dia para o outro, pois poderemos ainda descobrir alguns casos na comunidade.” Questionado sobre famílias e trabalhadores não-residentes em dificuldades financeiras e de alimentação, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, referiu que os membros do Governo também fazem parte da população e também sofrem. “Compreendemos as dificuldades e também as sentimos, pois fazemos parte da população. Sabemos que pode haver sofrimento causado aos animais domésticos, ninguém escapa. Tomamos as medidas devido à alta transmissibilidade da variante Ómicron. Conseguimos controlar a explosão de casos na comunidade. Se relaxarmos as medidas podemos não ter este resultado. A Organização Mundial de Saúde diz que todos os países devem exigir o uso de máscara à população, não é apenas uma reacção do Governo de Macau.” A decisão de confinar parcialmente a sociedade cinco dias e não sete foi “global”, com base nas opiniões do Chefe do Executivo e de “especialistas”. “O Governo está a actuar de forma rigorosa. Esperamos que nos próximos testes em massa, pelo menos até à próxima quarta-feira, possamos avaliar se mantemos as medidas ou se haverá relaxamento”, acrescentou. Ficar pior? Na conferência de imprensa de sábado, as autoridades voltaram a mostrar-se indisponíveis para permitir saídas para levar animais de estimação à rua. Recorde-se que associações de defesa dos direitos dos animais criticaram a medida devido aos problemas de saúde que pode originar. “Compreendemos a situação dos donos dos animais e, na verdade, não é fácil alterar os hábitos. A polícia está a executar de forma rigorosa o despacho do Chefe do Executivo e a lei, não há abuso de poder. Implementamos esta medida especial para controlar a mobilidade das pessoas e, nessa circunstância, não há apenas impacto nos animais, mas também nos humanos. Os idosos já não podem passear nos jardins, nem as crianças. Algumas pessoas ganharam hábitos de sair à rua todos os dias e a nova medida pode influenciar esses hábitos, sobretudo quem mora nas zonas vermelhas.” As autoridades adiantaram ainda que não pretendem dar, pelo menos, “cinco minutos para os cães passearem na rua”. Sobre a morte de um animal numa zona vermelha, o secretário André Cheong lamentou o sucedido. “Foi um caso infeliz. O cão morreu por asfixia e o dono contactou o veterinário e o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Pelo que sei, o veterinário chegou uma hora e meia depois e lamentamos. Temos sete veterinários no IAM e diariamente prestam cuidados temporários aos donos que vivem em zonas vermelhas ou que cumprem a quarentena.” As autoridades deixaram ainda um recado. “Imaginem se um dia entramos na gestão circunscrita. [Nesse caso], só poderá sair uma pessoa por fracção em determinado período e não haverá nenhum animal na rua. Se entrarmos nesse regime, será ainda mais doloroso, mas temos um plano para implementar esse tipo de gestão. Vamos sofrer um pouco nesta fase de confinamento relativo.” 10 mil milhões em apoios O Governo de Macau anunciou no sábado uma nova ronda de apoios económicos no valor de 10 mil milhões de patacas para ajudar a população e empresas afectadas pela crise provocada pela pandemia de covid-19. O montante é injectado com recurso à Reserva Extraordinária e traduz-se na segunda alteração ao orçamento. “Após ouvir as opiniões de diversos sectores aperfeiçoamos os critérios do plano de apoio pecuniário aos trabalhadores. Em relação às receitas totais de 2020 e 2021, no valor entre seis e 480 mil patacas, este montante passa a ser superior a 600 mil patacas para abranger mais beneficiários, incluindo desempregados. Prevemos disponibilizar o apoio a profissionais liberais e estabelecimentos comerciais na primeira metade do mês de Agosto”, disse Lei Wai Nong. O secretário para a Economia e Finanças declarou ainda que estes são “planos económicos diferentes face ao previsto”. “Creio que todos estão a sentir uma pressão como nunca tínhamos tido. Encaramos este desafio em cerca de 30 quilómetros quadrados. Temos mais dez mil milhões de patacas e também medidas de apoio à população, que vão abranger idosos, domésticas e crianças”, referiu. Badminton proibido No sábado foi anunciado que um homem e uma mulher, agentes de segurança com mais de 30 anos, foram acusados de violar a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis por terem jogado badminton antes do trabalho. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público. Entretanto, um residente de 52 anos foi condenado no sábado a pagar uma multa de 4,800 patacas por fumar na rua sem máscara. Este poderá cumprir uma pena de prisão de 40 dias se não pagar o montante. Até sábado tinham sido feitas 509 avisos a pessoas que saíram de casa, e foram deduzidas 27 acusações. Lacunas no Parisian Foram diagnosticados 26 casos positivos de covid-19 em funcionários do Parisian, incluindo 15 pessoas que concluíram quarentena. Tudo começou com um trabalhador que testou positivo à covid-19 no dia 11 de Julho, tendo surgido mais casos dia 13. “Mobilizamos as pessoas de um andar para o outro, e quem já teve alta da quarentena pedimos para realizar testes durante quatro dias consecutivos”, foi referido. Com base num relatório de avaliação elaborado por uma entidade terceira independente, foram descobertas lacunas na actuação das autoridades neste local. “Foram encontrados alguns vícios na execução do trabalho, pois houve funcionários a comer na cantina sem medidas de protecção, tendo ainda usado o elevador das pessoas em quarentena. Para comunicar o levantamento de refeições no quarto bateram à porta em vez de ligarem e houve contacto mais próximo”, contou Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo. MP | Serviço aberto hoje, quarta e sexta-feira O Ministério Público (MP) estará a trabalhar, apenas em casos urgentes, hoje, quarta e sexta-feira, no período entre as 90h e as 13h. Serão ainda “adoptadas medidas especiais para casos urgentes fora do tempo referido”, aponta uma nota de imprensa. Relativamente aos tribunais, o Conselho dos Magistrados Judiciais declarou que até sexta-feira “não julgarão os processos e não receberão as diversas peças processuais apresentadas pelas partes, com excepção dos processos de habeas corpus, relativos aos internamente e isolamento compulsivos previstos na lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis ou processos criminais sumários”. Estão ainda incluídos na lista os processos de intervenção judicial na fase de inquérito, a execução das penas de prisão, a detenção administrativa, os processos em que o arguido será libertado por estar prestes a ultrapassar o prazo de prisão preventiva, os processos criminais cujo procedimento será extinto por prescrição, e os processos em que, se for ultrapassado o prazo máximo de adiamento da audiência previsto causará a nulidade das provas. Ho Iat Seng | Ausência justificada com quarentena Questionado sobre a ausência do Chefe do Executivo durante o anúncio do prolongamento do confinamento parcial de Macau, o secretário para a Administração e Justiça André Cheong revelou que, depois de visitar Hong Kong, Ho Iat Seng encontra-se a fazer quarentena. Contudo, frisou, que a coordenação de todas operações esteve sempre a cargo de Ho Iat Seng. “Desde o aparecimento do surto, que o Governo da RAEM, sob a liderança do Chefe do Executivo, começou a operar o Centro de Operações da Protecção Civil de acordo com o plano que temos. Como sabem, no dia 29 de Junho, o Chefe do Executivo foi a Hong Kong para participar nas celebrações dos 25 anos da transferência de soberania. Daí que teve que ficar sob inspecção sanitária durante este período e, quando chegou a Macau, segundo as instruções dos Serviços de Saúde, ficou sob observação médica e submetido ao período de auto-gestão de saúde. Por isso, durante este período, ele não consegue participar nos encontros com os jornalistas e a população”, disse no sábado, André Cheong.
Pedro Arede Manchete PolíticaSurto | Governo espera atingir zero casos ao longo desta semana O Governo espera alcançar a meta de zero casos de covid-19 em Macau nos próximos dias e entrar no chamado período de consolidação até ao final da semana. Situação de polícias a fumar durante pausa motivou ajustes, mas não pode ser comparada a infracções na via pública. Idosos com mais de 80 anos, portadores de deficiência e pessoas dependentes isentos de testes em massa Após a decisão de prolongar o confinamento parcial de Macau até à próxima sexta-feira, o Governo espera atingir a meta de zero casos de covid-19 no território no decorrer dos próximos dias. Isto, explicou a médica e coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus, Leong Iek Hou, tendo em conta que o número de novos casos confirmados diariamente tem vindo a diminuir progressivamente. “Depende da evolução registada a cada dia, mas gostaríamos, no decorrer desta semana, de conseguir atingir zero casos de covid-19 e entrar no período de consolidação do nosso trabalho. Temos registado uma descida no número de casos detectados. [No entanto], precisamos continuar com os nossos esforços e observar as medidas anti-epidémicas”, apontou ontem durante a habitual conferência de actualização sobre a situação da pandemia em Macau. O anúncio surgiu após a médica ter referido que, no sábado, foram confirmados 27 casos de covid-19 em Macau, sendo que, destes, apenas quatro dizem respeito a casos detectados na comunidade. Recorde-se que, cumulativamente, foram detectados 1.733 casos desde o dia 18 de Junho. Leong Iek Hou anunciou ainda que, a partir da ronda de testes em massa que começa hoje, os idosos com mais de 80 anos, portadores de deficiência e pessoas dependentes passam a estar isentos de participar na testagem. Para beneficiar da isenção, os beneficiários ou os seus cuidadores, terão de preencher uma declaração onde indicam a modalidade em que se inserem e garantem que não vão sair de casa durante o período de confinamento parcial. “[Passam a estar isentos] idosos com idade avançada, nascidos até 31 de Dezembro de 1942, incluindo residentes permanentes e não permanentes de Macau, ou portadores de deficiência com cartão emitido pelo IAS. Englobados na medida, estão também pessoas com dificuldades de deslocação (…) e pessoas dependentes de outros nos cuidados básicos do dia a dia, como comer, vestir-se ou lavar-se”, foi explicado. Dois pesos, duas medidas Durante a conferência de imprensa, as autoridades foram ainda confrontadas com um vídeo que circulou nas redes sociais, onde cerca de oito funcionários do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) surgem a fumar na zona exterior de uma esquadra, sem máscara ou preocupações em termos de distanciamento social. Na réplica, o chefe da Divisão de Operações e Comunicações do CPSP, Ma Chio Hong, esclareceu que não se trata de uma violação da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis, porque o caso ocorreu num espaço privado e não na via pública. O responsável frisou ainda que os agentes da polícia têm trabalhado arduamente e que não deve ser criado um ambiente de oposição às autoridades. Contudo, assegurou que o número máximo de pessoas autorizadas a fumar na área vai ser reduzido. “A área de fumadores foi traçada e definida há vários anos segundo a lei e trata-se de uma área ao ar livre. Durante o período da pandemia pedimos a todos os colegas para manter distanciamento adequado. Claro que esta ocasião talvez tenha induzido a população em erro, levando-a assim a pensar que os agentes estão num espaço público. No entanto, este é um espaço privado. De qualquer forma, vamos restringir rigorosamente o número de pessoas permitidas para fumar na área de fumadores. A execução da lei é rigorosa e está em conformidade com o despacho do Chefe do Executivo”, começou por indicar Ma Chio Hong. “Gostaria que não fosse criado um ambiente de oposição entre a polícia e os cidadãos, porque os agentes policiais têm trabalhado muito durante este período”, acrescentou. Recorde-se que desde o início do confinamento parcial, a 11 de Julho, 27 cidadãos foram acusados de violar a lei de prevenção da pandemia por fumar, não usar máscara, passear animais de estimação e fazer exercício na rua. Outro caso que marcou o dia de ontem foi a alegada realização de uma festa no campus da Universidade de Macau (UM) que, segundo o portal Orange Post, terá contado com a organização de um professor da instituição, suspeito de ter assediado sexualmente uma aluna. Em comunicado, a UM diz estar “muito preocupada com o incidente” ocorrido durante o período de confinamento parcial e que “não irá tolerar qualquer violação às medidas de prevenção epidémica”. O organismo disse ainda que o envolvido já reportou o caso à polícia. Durante a conferência de imprensa, Ma Chio Hong disse que a polícia “está a acompanhar o caso” e que irá agora averiguar os factos para apurar “se há crime”. Gravidez | Suspensão de consultas e exames gera queixas O ex-deputado Sulu Sou partilhou nas redes sociais várias queixas de mulheres grávidas, ou que foram mães recentemente, sobre a suspensão de consultas e exames médicos devido à realização de testes em massa. As queixas referem-se ainda a grávidas que vivem em zonas vermelhas e amarelas que não obtiveram respostas atempadas dos Serviços de Saúde, nem das unidades de saúde privadas, sobre processos de hospitalização ou de marcação de exames. Há ainda relatos de mulheres que deram à luz recentemente e que se sentiram mal durante a deslocação aos postos de testagem em massa, onde não estão incluídas no grupo prioritário. As críticas partilhadas por Sulu Sou referem também que foi adiada a emissão de documentos relativos aos recém-nascidos, no que diz respeito a subsídios, cartão de consumo ou vacinação. Neste sentido, é feito um apelo para que a licença de maternidade seja prolongada, para incluir os dias gastos nos testes em massa. Consulado | Encerramento alargado até sexta-feira O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong “permanecerá encerrado para o público em geral” entre hoje e sexta-feira, “atendendo à situação pandémica e à semelhança dos serviços públicos da RAEM”. À semelhança do que acontece há cerca de um mês, o anúncio no Facebook do consulado-geral indica que “os utentes com marcação de atendimento para esses dias serão contactados para efeitos de reagendamento da data”. Para tratar “assuntos de emergência”, os cidadãos podem “contactar pelo e-mail macau@mne.pt, pelo número telefone 28356660 ou pelo envio de mensagem via Facebook”. 27 novos casos no sábado Macau registou no sábado 27 novos casos de covid-19, elevando para 1.733 casos positivos desde o início do surto a 18 de Junho. Dos 27 contágios, 23 foram encontrados em zonas vermelhas e locais de quarentena. Apenas quatro casos foram detectados na comunidade, sendo dois de contacto próximo e dois descobertos na testagem em massa e aos grupos alvo. Até às 08h de ontem as autoridades estavam a acompanhar 21.225 pessoas. Testes | Mais de 200 auxiliares recrutados na China Em declarações ao jornal Ou Mun, a China Travel Service confirmou que a empresa de Macau Joint Venture já recrutou 239 auxiliares de recolha de amostras relacionados com as rondas de testes em massa. Segundo a mesma fonte, um funcionário local que ocupa o mesmo cargo, diz ter sido dispensado de trabalhar recentemente, mostrando-se preocupado com o incumprimento das garantias laborais dos residentes de Macau. Durante a conferência de imprensa de ontem, a médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, Leong Iek Hou referiu apenas que o “sobre o recrutamento por parte das entidades privadas existem já disposições que estão na lei laboral”
Pedro Arede Manchete PolíticaPerda imediata de blue card por violar confinamento é “ir longe demais”, dizem advogados Advogados ouvidos pelo HM consideram que a cassação imediata de vistos de TNR que violem regras do confinamento é uma situação “excessiva”. Tal, defendem, apenas poderá acontecer após condenação e não por decisão dos Serviços de Migração. Miguel de Senna Fernandes diz que o comportamento da população de Macau tem sido “exemplar”, apesar do cansaço em relação à pandemia e do tom “intimidatório” das autoridades nos últimos dias No seguimento de as forças de segurança terem apontado que os trabalhadores não residentes (TNR) que violem regras do confinamento parcial de Macau podem perder, de imediato, o seu visto de trabalho, advogados ouvidos pelo HM consideram que tal pode acontecer, mas que será “ir longe demais”, caso a decisão seja tomada pelos Serviços de Migração, antes da condenação. Começando por sublinhar que Macau continua em estado de prevenção imediata, Miguel de Senna Fernandes aponta que, nesta fase, “tudo tem a ver com a interpretação dessa situação de excepcionalidade”, mas duvida, contudo, que a cassação imediata dos vistos de trabalho possa ser feita “à luz da lei”. “Os não residentes estão em Macau e sujeitos às leis da RAEM e, como qualquer residente, pode cometer um crime de desobediência. No entanto, não sei se cancelar logo o título de trabalho, não é ir longe de mais”, começou por dizer. “Não li despacho nenhum a permitir isto e tenho dúvidas que este tipo de situações possa ir tão longe”, reforçou. O advogado lembra, contudo, que, se durante esta semana, um TNR é apanhado a passear na rua “como se nada fosse”, incorre naturalmente numa ofensa grave, a situação “pode ter consequências em termos da renovação do seu título de trabalho”, numa fase posterior. Recorde-se que na terça-feira, Cheong Kin Ian, representante dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), avisou que se os TNR violarem as regras do confinamento parcial podem perder o seu visto de trabalho. “Os TNR que infringirem a lei, poderão incorrer em responsabilidade criminal e sujeitar-se ao cancelamento do bluecard”, disse na altura. À la carte Um outro advogado, acostumado a tratar de casos relacionados com os vistos de trabalho de TNR, e que preferiu não ser identificado, começou por vincar que o despacho do Chefe do Executivo que decretou a suspensão de todas as actividades não essenciais de Macau até à próxima segunda-feira é “muito vago em relação a questões muito importantes”. Lembra também que qualquer pessoa, residente ou não, poderá sofrer as consequências legais “se não cumprir as normas que estão estipuladas para este confinamento”, mas vinca que, no caso dos detentores de blue card, o cancelamento do visto de trabalho, apenas poderá acontecer após uma condenação. Situação que, partilhou, não tem sido o procedimento habitual. Nos últimos tempos. “Diz a lei que os detentores de blue cards não podem ter registo criminal nem em Macau, nem na sua terra natal, logo eles podem perder o visto por uma condenação criminal, nomeadamente por este crime. Agora, o que a migração tem feito em relação a este tipo de situações é perfeitamente disparatado. Ou seja, basta uma pessoa ser constituída arguida para a migração passar a considerar essa pessoa como um criminoso, pois não espera pelo trânsito em julgado da decisão”, apontou. A mesma fonte diz ter tratado de um caso semelhante em que uma professora acabou por perder o visto de trabalho logo após ter sido constituída arguida. Isto, apesar de ter sido absolvida de todas as acusações. “Efectivamente, os TNR podem perder o blue card, mas, no meu entender, só depois de uma condenação com trânsito em julgado, não com uma condenação feita pelos Serviços de Migração. Se a migração disser que é arguido, a pessoa automaticamente perde o blue card e, infelizmente, esta tem sido a prática, que é perfeitamente antagónica com a lei”, reforçou. Nunca antes visto Sobre a situação que se vive em Macau, Miguel de Senna Fernandes diz que “nunca se viu nada assim” no território e aponta que a abordagem do Governo nos últimos dias tem sido “intimidatória” perante uma população que, apesar de “cansada”, tem sido “exemplar”. “Se a memória não me trai, Macau nunca viveu uma coisa assim, o que só por si já é intimidatório. Algumas destas medidas vão além daquilo que eu esperava. No fundo, há-que ter em conta que a população está cansada e é preciso dizê-lo”, começou por partilhar. “A população está cansada porque o mundo não é só Macau e estamos a ver o que se passa lá fora (…) em que já quase ninguém usa máscaras e a tendência é a de conviver com o vírus. Isto aumenta a frustração das pessoas e, por isso mesmo, isto pode estar na base do tom algo intimidatório que temos vindo a assistir, para que essas medidas sejam acatadas. As pessoas compreendem (…) mas indubitavelmente a população está frustrada. Até por levar o cão à rua para fazer necessidades uma pessoa pode ser multada e há muitas proibições. Isto é absolutamente inédito”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAnimais | Petição exige permissão para passeios na rua “Os passeios de cães deveriam ser permitidos durante o confinamento parcial” é o nome da petição que circula online desde ontem e que contava à hora do fecho da edição com quase 2700 assinaturas. O documento pede às autoridades que reconsiderem a proibição de levar animais à rua, para evitar problemas de saúde e até a morte O Governo decidiu que até segunda-feira será proibido circular na rua, incluindo para levar cães a passear ou para fazerem as suas necessidades básicas. Uma medida que está a levantar muitos protestos por parte da sociedade. Depois de associações como a ANIMA e Masdaw se terem mostrado contra a decisão, surgiu ontem uma petição online com o objectivo de pedir o fim da proibição. O documento, intitulado “Os passeios de cães deveriam ser permitidos durante o confinamento parcial” [Dog-walking should be allowed during partial-lockdown] alerta para os problemas graves de saúde que podem ser causados aos animais se estes não puderem fazer as suas necessidades fora de casa. “Do ponto de vista humano, a maior parte dos cães em Macau urina na rua ou em casas de banho públicas para cães. É contra a natureza mudar os seus hábitos fisiológicos para que façam as necessidades em casa num curto período de tempo. Tal pode potencialmente causar sérios problemas de saúde e até a morte de alguns cães”, pode ler-se. Desta forma, os autores da petição, que se intitulam “um grupo de cidadãos e donos de animais” descrevem que “um grande número de pessoas expressou preocupação e ansiedade tendo em conta a interpretação das autoridades do despacho do Chefe do Executivo”. “Depois de dois dias de questões colocadas pelos media e pelas associações de defesa dos direitos dos animais, aparentemente a posição das autoridades não mudou. Ao apresentar esta petição, gostaríamos que o Governo tenha a percepção de que este não é um pedido de poucos donos de animais a título individual, mas sim um respeito pelos direitos básicos e interesses da maioria de cidadãos responsáveis.” A petição cita ainda a lei da protecção dos direitos dos animais, nomeadamente o artigo relativo aos deveres dos donos. No diploma, em vigor desde 2016, lê-se que quem tem animais deve “proporcionar ao animal alimentação e água potável adequadas, bem como espaço suficiente para a sua movimentação”. O dono deve ainda “prestar ao animal os demais cuidados apropriados” ou “tomar as medidas necessárias para evitar que a saúde pública seja prejudicada pelo alojamento do animal”. “Ao mesmo tempo, a fim de apoiar a luta governamental contra a pandemia, os cidadãos estão dispostos a cooperar, pelo que deveria ser permitido passear os seus estimados animais sozinhos, usando uma máscara KN95 nesse período”, escrevem os autores da petição. Os passeios seriam pequenos e de curta duração, apontam ainda. Uma carta aberta Entretanto, o grupo Everyone Stray Dogs Macau Volunteer Group enviou uma carta aberta ao Governo onde afirma que tem recebido muitas queixas apresentadas por donos de animais. A associação volta a reiterar que não levar os animais à rua constitui um perigo para a sua saúde, porque muitos deles não conseguem fazer as necessidades em casa. Alguns problemas de saúde apontados pela associação prendem-se com uremia, disfunção da bexiga, insuficiência renal, doença da próstata ou problemas na coluna vertebral. A situação piora quanto mais velhos forem os animais, que também poderão sentir ansiedade por estarem fechados.
Andreia Sofia Silva SociedadeCPSP | TNR podem perder blue card por violação de confinamento Foram ontem acusadas nove pessoas de violarem a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis por situações como estarem na rua sem máscara. Desta forma, arriscam uma pena de até dois anos de prisão, no máximo, ou 240 dias de multa. “São situações que continuam a acontecer, as autoridades policiais podem apanhar o detido em flagrante. Os colegas fazem reparos conforme as situações. Há pessoas que vão correr sem usar máscara por um longo período ou estão na rua sem máscara, e nesses casos fazemos uma acusação imediata. Nos outros casos menos graves, faremos apenas um reparo.” No caso de trabalhadores não residentes, caso sejam acusados, “poderão sujeitar-se ao cancelamento do blue card”, disse o responsável do CPSP. Além das nove acusações, ontem foram ainda feitos 810 avisos a pessoas na rua. “Vamos adoptar medidas cada vez mais rigorosas. Apelo a todos os cidadãos que olhem para a lei e o despacho. Não queremos punir as pessoas, mas garantir que as regras são cumpridas.” Situações como várias pessoas viajarem no mesmo carro, sem máscara, pode dar azo a um alerta das autoridades. “Se a pessoa for sozinha no carro de janelas fechadas, sem máscara, há baixa probabilidade de transmitir o vírus. Mas com a janela aberta e sem máscara a probabilidade é maior. Se todos estiverem dentro do carro devem usar a máscara”, foi referido.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLares | Governo estuda trabalho por turnos para quem está em circuito fechado Cerca de 20 por cento dos lares subsidiados pelo Governo têm condições para implementar o trabalho por turnos, um desejo revelado por alguns trabalhadores, grande parte deles locais. As autoridades estudam a medida e prometem a concessão de subsídios e dias de férias como compensação. Ontem foi anunciada a terceira vítima mortal por complicações de saúde causadas pela covid-19 Muitos trabalhadores de lares de idosos, na sua maioria locais, revelaram vontade de sair do regime de gestão em circuito fechado, que vigora desde o dia 24 de Junho. Desta forma, o Governo está a analisar a possibilidade de colocar os funcionários de 20 por cento dos lares subsidiados em regime de trabalho por turnos. Choi Sio Un, chefe do departamento de solidariedade social do Instituto de Acção Social (IAS), disse ontem na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus que dos 1.850 funcionários dos lares, 30 por cento são locais e 70 por cento são do exterior. “É compreensível que queiram reunir com a sua família, mas nem todos os locais têm o desejo de trabalhar por turnos, porque compreendem a situação [da pandemia]. Já os trabalhadores do exterior têm uma situação completamente diferente”, adiantou. Escolas ou centros de reabilitação poderão servir como locais para cumprir isolamento de sete dias quando os trabalhadores saírem do trabalho. Além disso, terão de fazer testes de ácido nucleico diariamente. Choi Sio Un adiantou que o trabalho por turnos “poderá melhorar a saúde e o estado mental” dos trabalhadores. “Os funcionários dos lares estão saudáveis e não temos novos casos. Continuar com este cenário [de circuito fechado] é o ideal, porque minimizamos o risco de novos casos, mas não podemos ignorar os trabalhadores que querem reunir com a família”, disse Choi Sio Un. Além desta medida, os funcionários vão ser compensados com subsídios ou mais dias de férias por estarem a trabalhar nestas condições, como “forma de agradecimento e incentivo”, frisou o mesmo responsável. Registada terceira morte Ontem foi anunciada a terceira morte por complicações de saúde agravadas pela covid-19. Trata-se de uma doente de 88 anos cujo caso positivo foi confirmado no dia 6 de Julho. “A mulher tinha doença crónica, problemas cardíacos e diabetes, além de outras complicações. Durante o internamento administrámos medicamentos anti-virais mas ontem [segunda-feira] a doente sofreu uma intoxicação devido à gravidade da situação de diabetes. Após o tratamento não melhorou, e os familiares manifestaram o desejo de não hidratar [a doente] através de uma forma invasiva”, foi referido na conferência. As autoridades lembraram, no entanto, que as três mortes são de idosos “portadores de doenças crónicas que já tinham complicações de saúde”. Em relação aos casos graves de covid-19 registados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane, uma mulher deixou de estar ligada ao ventilador no domingo e passou a receber oxigénio, apresentando ainda um quadro clínico “frágil”. Cinco idosos com idades entre 80 e 90 anos também necessitam de oxigénio, mas estão numa situação estável, apesar de serem “portadores de doenças crónicas, o que pode originar complicações durante o tratamento”, disse Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência. Há ainda duas grávidas que serão transportadas para o hotel, para quarentena, sendo que “a maior parte dos recém-nascidos também foram para os hotéis”. O grupo de instalações para quarentenas foi reforçado com a inclusão na lista dos hotéis Studio City, que disponibiliza 680 quartos, e Broadway, com 235 quartos. IAM acolhe animais Desde as 15h de ontem, o centro de acolhimento temporário do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) está disponível para receber animais domésticos de pessoas que, por estarem em quarentena, não tenham condições para cuidar dos animais. Para tal, é necessário fazer marcação via telefone e pagar uma taxa diária. 1.583 casos positivos Até ontem, o total de casos positivos de covid-19 acumulados fixou-se em 1.583. Leong Iek Hou frisou que a política dos testes rápidos e de ácido nucleico está a funcionar. “Terminada a sétima ronda de testes, e testes aos grupos alvos, vemos uma redução do número de casos encontrados, de 94 tubos [de amostras positivas] na quarta ronda passámos para 41 tubos na quinta ronda, enquanto que na sétima ronda, que terminou ontem, foram encontrados 17 tubos. Isso mostra que os testes contínuos são eficazes, o que contribui para a detecção precoce e tratamento dos infectados.” A responsável referiu que Macau vai passar a adoptar o critério usado no interior da China quanto à classificação dos casos encontrados na comunidade ou na gestão de controlo. “Actualmente, as pessoas de contacto próximo, os casos positivos encontrados nos testes PCR ou rápidos, ou nos grupos alvo, são classificados como casos comunitários. Mas segundo os critérios do Interior da China os contactos próximos são classificados como casos encontrados sob gestão e controlo, e se seguirmos esses critérios, o número de casos identificados na comunidade vai diminuir.” Zhuhai | Três casos levam a três rondas de testes massivos A cidade vizinha de Zhuhai decretou três novas rondas de testes em massa, que começaram ontem, depois de terem sido encontrados três casos positivos de covid-19 num jardim de infância. Na segunda-feira, a primeira infecção foi descoberta numa professora de 24 anos e ontem foram identificados mais dois casos positivos referentes a outra professora de 32 anos e uma enfermeira de 40 anos. Em sequência dos casos, as autoridades enviaram para um hotel de quarentena 166 crianças e 33 profissionais da instituição em questão. Segundo o jornal Ou Mun, estão também a ser acompanhados 698 pessoas devido a contacto próximo, incluindo 33 pessoas que estarão em cidade próximas de Zhuhau.
Hoje Macau Manchete SociedadeConfinamento | Associações temem prolongamento com impacto nos salários Representantes de associações da área política e social temem que o encerramento de todos os espaços não essenciais se prolongue além da próxima segunda-feira, com a consequência da perda de salários para a maioria da população Várias associações de Macau disseram à Lusa acreditar que o confinamento parcial vai durar mais do que uma semana, lamentando a perda de salários dos trabalhadores face às medidas mais duras de combate à covid-19. “Quer funcione ou não, [o confinamento], pode durar mais do que apenas sete dias”, disse o presidente da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, o ex-deputado Au Kam-San, no momento em que Macau encerrou, até segunda-feira, todas as actividades comerciais não essenciais, fechou casinos e ordenou à esmagadora maioria da população que permanecesse em casa. “Se o número de casos positivos não diminuir durante o período de sete dias do encerramento parcial, e não forem suficientes, então o Governo tentará por outros sete dias” afirmou Au Kam-San, para acrescentar, logo de seguida: “se o número de casos positivos for efectivamente reduzido, e uma vez que é eficaz, o Governo dirá que se (…) deve continuar”. No anúncio do confinamento parcial, as autoridades sublinharam que os empregadores ficam legalmente dispensados de pagar salários, com os funcionários a ficarem de licença sem vencimento, ou a gozar férias. Tal resulta em “perdas financeiras significativas”, até porque, para alguns trabalhadores que param por sete dias sem remuneração, trata-se de “uma questão de sobrevivência”, salientou Au Kam-San. “Que medidas tomou o Governo para permitir a sua sobrevivência? Qual é o plano do Governo?”, questionou. Respostas precisam-se Já deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários, Ella Lei Cheng I, frisou que, independentemente do tempo de confinamento, há uma resposta governamental que deve ser dada o quanto antes, até porque “ninguém sabe o que vai acontecer depois destes sete dias, ninguém pode calcular com 100 por cento de precisão se a comunidade estará activa depois destes sete dias”. A deputada e dirigente associativa expressou uma profunda preocupação com a economia porque “as empresas estão a enfrentar perdas ou pressões operacionais durante o confinamento parcial. Os trabalhadores são mais directamente afectados devido ao facto de tirarem legalmente a licença sem vencimento”. “[Por essa razão] Desejamos que o Governo distribua ajuda para combater a epidemia”, sustentou, salientando que as autoridades “precisam de optimizar as medidas de assistência económica o mais cedo possível”. “Quanto mais demorar, mais inconvenientes e dificuldades causará para a população, enquanto o seu trabalho estiver interrompido”, explicou Ella Lei Cheng I. Já o líder da Caritas Macau, Paul Pun, apesar de se manifestar preocupado sobretudo com as pessoas mais vulneráveis, disse concordar com a política local, lembrando também que “os empregadores não têm rendimentos durante este período e são incapazes de pagar salários”. Por isso, “as pessoas precisam de ser solidárias umas com as outras, e aqueles que podem dar-se ao luxo de o fazer farão o seu melhor”, afirmou, convicto, mas expressando dúvidas de que o confinamento geral se fique por esta semana. Paul Pun ressalvou que “a medida tem impacto em toda a população”, mas que “alguns grupos com mobilidade reduzida e vulnerabilidade têm de merecer particular preocupação”. No domingo, teve início uma nova série de quatro rondas de testagem massiva da população para controlar o actual surto de covid-19, que causou dois mortos e mais de 1.500 infectados. Com esta nova ronda, o número de testagens massivas vai totalizar dez num só mês.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAssociações criticam proibição de levar animais à rua As associações de defesa dos direitos dos animais criticam a proibição de passeios de animais na rua, alertando para problemas de saúde pública e mal-estar. A ANIMA recebeu mais de 50 chamadas desde domingo a pedir esclarecimentos e obteve no sábado diferentes explicações do IAM sobre o assunto. Autoridades só admitem idas ao veterinário A ANIMA e a MASDAW, duas das maiores associações de defesa dos animais de Macau, criticam as autoridades por proibirem os passeios de animais de estimação na rua, à excepção das idas ao veterinário, alertando para a possibilidade de a medida potenciar problemas de saúde pública. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) voltou ontem a reiterar, em comunicado, que é permitida apenas “a deslocação dos donos para levarem os seus animais para atendimento médico”, tendo sido passada a mesma mensagem na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. “[No domingo] manifestei a posição das autoridades policiais e não tenho mais nada a acrescentar”, frisou Lei Tak Fai, chefe da divisão de relações públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). “Foi referido de forma clara que passear o cão não é uma situação prevista no despacho [do Chefe do Executivo], mas levar os animais ao veterinário é possível”, foi ainda dito. No entanto, Zoe Tang, presidente da ANIMA, declarou que, da parte do IAM, lhe foi comunicada, no sábado, uma informação diferente. “Mencionaram que os donos de cães são aconselhados a passeá-los junto às zonas de residência cumprindo os regulamentos, como usar a máscara N95 ou KN95, e não permanecerem muito tempo na rua. Também sugeriram que os donos tentem ensinar os cães a fazer as suas necessidades em casa”, disse ao HM. Zoe Tang considera ainda que o despacho do Chefe do Executivo não explicita a proibição de levar os animais à rua. “Esperamos que o Governo possa clarificar e publicar directrizes para reduzir a ansiedade dos donos de animais. O CPSP deveria negociar com o IAM para clarificar esta questão. Recebemos directrizes do IAM de que levar os cães à rua para fazerem as necessidades ou para ir ao veterinário não é uma acção afectada [pelo despacho do Chefe do Executivo]. Parece que existiu falta de comunicação ou um mal-entendido”, disse. Necessidades caninas A ANIMA entende que levar os animais à rua é fundamental para o seu bem-estar e saúde, posição também assumida pela Masdaw. “Consideramos que esta situação é uma violência e completamente contranatura. Muitos cães estão habituados a ir à rua, e se não forem podem não fazer as necessidades, gerando-se problemas intestinais. Em termos de salubridade, não é higiénico que pessoas com cães grandes os tenham a fazer necessidades em casa. É um disparate e em mais nenhum sítio do mundo isto aconteceu”, disse Fátima Galvão, presidente da direcção. A responsável diz conhecer pessoas que levam os animais ao parque de estacionamento do prédio onde vivem. “Sei de um caso em que o polícia teve uma postura compreensiva, mas já circula uma imagem de dois polícias a abordar uma pessoa a passear um cão grande. Caímos em extremos que não são vistos em mais lado nenhum do mundo. O ideal é levar os animais a passar quatro vezes por dia, mas duas vezes já seria bom.” Sem cabimento Quando Sara d’Abreu abriu a “All Pets Allowed”, empresa que presta apoio a animais, incluindo passeios, não imaginou a situação em que Macau se encontra esta semana. “Esta medida não tem cabimento. Há pessoas que têm animais e não os levam à rua, mas essa não é a realidade para a maioria dos animais de estrangeiros que residem em Macau. A lei de protecção dos animais, que está completamente desactualizada, diz que o dono não deve causar sofrimento aos animais. Muitos dos animais que trato, por exemplo, não conseguem fazer necessidades em casa, e muitos não conseguem sequer fazer em pavimento de cimento, precisando de uma zona com relva”, exemplificou. Por estes dias, Sara d’Abreu não tem passeado cães nos trilhos de Coloane, como costumava, realçando as consequências na saúde e bem-estar dos animais por não poderem sair de casa. “Há cães de trabalho que precisam mesmo de sair para fazer exercício, e se não libertarem essa energia, que é própria da raça, começam a ser destrutivos, a sofrer de ansiedade e a ter problemas de saúde.” Masdaw de bolsos vazios Se a ANIMA se tem deparado com muitas dificuldades financeiras, a MASDAW não está numa situação diferente, tendo apenas dinheiro para pagar três rendas das instalações que ocupam, cada uma num valor superior a 50 mil patacas. “Estamos numa situação muito complicada com a falta de fundos. Tínhamos muitas pessoas que nos ajudavam a passear os cães, e agora isso não acontece. A maior parte deles estão numa cave”, contou Fátima Galvão.
Pedro Arede Manchete SociedadeMacau praticamente fechado. Quem não usar máscara arrisca prisão Até dia 18 de Julho, todos os serviços não essenciais vão estar encerrados, incluindo casinos. Os cidadãos são obrigados a ficar em casa, salvo para comprar bens essenciais ou por motivos de trabalho necessário, devendo sempre usar máscaras KN95. A violação das regras pode ser “punida com uma pena de prisão de até dois anos ou até 240 dias de multa”. André Cheong diz que não estamos em confinamento geral Desde a meia-noite de hoje, todas as actividades comerciais e serviços não essenciais, incluindo casinos, estão encerrados, anunciou no sábado o Governo, através de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo. Além disso, a não utilização de máscaras KN95 ou “de padrão superior” e a permanência na rua está proibida. “[Entre] 11 a 18 de Julho, vão ser suspensos todos os serviços comerciais, mantendo alguns serviços essenciais aos cidadãos, para melhor controlar a transmissão da epidemia”, disse o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, citando o despacho assinado por Ho Iat Seng, durante a conferência de actualização sobre a covid-19. De acordo com o despacho, do lado das excepções, estão “serviços públicos essenciais” como o fornecimento de água, energia eléctrica, gás natural e combustíveis, serviços de telecomunicações, transportes públicos e recolha de lixo. Durante a semana que agora começa, estarão ainda em funcionamento hotéis, serviços de limpeza e higiene, administração predial, comércio por grosso e transportes de bens básicos para a vida quotidiana. Quer isto dizer que apenas mercados, supermercados, restaurantes (em regime de take-away), farmácias, estabelecimentos de cuidados de saúde e “estabelecimentos que tenham sido autorizados excepcionalmente pelos serviços competentes”, estarão de portas abertas ao longo desta semana. Dentro dos espaços que permanecem abertos a lotação é limitada. Por outro lado, casinos, lojas e outros serviços estarão obrigatoriamente suspensos, mantendo-se encerrados cinemas, salões de beleza, bares, cabeleireiros, piscinas e outros espaços de entretenimento e lazer. Ho Iat Seng “exige” ainda que “todas as pessoas permaneçam no domicílio, salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes”. Quando na rua, os adultos estão obrigados a usar máscaras do tipo KN95 ou de padrão superior. Já os menores podem usar máscaras de outros padrões, “quando as condições não permitam”. Rua dos pecadores André Cheong realçou ainda que “desta vez” a permanência em casa ou a utilização da máscara não são “um apelo”, mas uma “exigência legal”, sendo que a violação destas regras pode ser “punida com uma pena de prisão de até dois anos ou até 240 dias de multa”. “Desta vez não se trata de um apelo. Através do despacho do Chefe do Executivo temos um instrumento legal para implementar estas medidas. Estas medidas são coercivas”, começou por dizer, segundo a TDM Canal-Macau. “Fazer desporto fora de casa e passear no jardim não são actividades (…) essenciais para uma pessoa e, por isso, são consideradas ilegais, ou seja, as pessoas não podem fazer isso. Quem precisa de se deslocar, ao sair, tem de utilizar a máscara KN95. Caso contrário, haverá consequências jurídicas e penais porque, de acordo (…) com a lei de prevenção de doenças transmissíveis, ao violar essas regras [os infractores] podem ser punidos até dois anos de prisão ou 240 dias de multa”, explicou. O comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Leong Man Cheong, acrescentou ainda que serão enviadas “mais forças para patrulhar as ruas” e abordar os cidadãos “procurando saber o motivo para estarem na rua”. No entanto, assegurou, que antes de executar a lei, será feito “um apelo”. Contudo, na mesma ocasião, o secretário frisou que as medidas não constituem um confinamento geral. “Esperamos ter um estado relativamente (…) confinado, mas não estamos a aplicar a gestão comunitária circunscrita. Não é um lockdown. Esperamos, através da colaboração dos estabelecimentos e da população, poder diminuir, ao máximo, a mobilidade na sociedade. Daí que o cumprimento deste despacho tem exigências muito claras (…) através da fiscalização nós exigimos o fecho total de certos estabelecimentos. Para os residentes também existe uma exigência legal, mas a sua execução não exige medidas muito rigorosas. Não há problema se uma pessoa sair à rua para fazer compras no supermercado”, disse. Maldito tufão Questionada sobre se a obrigatoriedade de participar nas quatro rondas de testes em massa [ver texto] não seria de certa forma uma contradição perante a proibição de sair de casa, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, rejeitou a ideia. “É obrigatório continuar com esta medida dos testes em massa, pois é um meio essencial para detectar casos positivos e interromper a cadeia de transmissão”, apontou. Além disso, Ao Ieong U referiu que a “gestão relativamente estática” de Macau só não foi aplicada antes, devido à passagem do tufão Chaba e à incapacidade de reunir condições ao nível dos recursos humanos para “realizar testes de ácido nucleico de forma massiva e intensa”. “Naquele momento, não era altura adequada para aplicar a gestão de relativa ‘paragem’ em Macau”, disse segundo um comunicado oficial. A secretária disse ainda que as autoridades do Interior da China enviaram 650 trabalhadores para apoiar na recolha de amostras das testagens em massa. Testes em massa | Mais quatro rondas até domingo As autoridades de saúde anunciaram na sexta-feira quatro novas rondas de testagem massiva da população, a realizar até ao próximo dia 17 de Junho. A primeira ronda de testes começou ontem e decorre até às 18h de hoje, com a segunda ronda a acontecer entre amanhã e quarta-feira. A terceira ronda decorre na quinta e sexta-feira, ao passo que a quarta ronda poderá ser feita entre sábado e domingo. A realização diária de testes rápidos de antigénio continua a ser obrigatória. Com esta decisão, o número de testagens massivas vai totalizar dez num só mês, uma estratégia que, segundo o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, visa “atingir zero casos, para a vida voltar ao normal”, salientou. Aviação | Garantidos voos para o exterior O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong garantiu na sexta-feira que, apesar do confinamento parcial de Macau, o transporte aéreo de mercadorias está assegurado e continua a ser possível viajar para o exterior, via Singapura, a partir de Macau. “Sobre o funcionamento do aeroporto, os voos de mercadorias mantêm-se, mas esses voos têm também de cumprir rigorosas medidas de prevenção. Sobre os voos de passageiros, temos três voos semanais para Singapura. Estes voos continuam e estão também sujeitos à aplicação de medidas rigorosas. Tanto a tripulação como os passageiros, têm de continuar a cumprir essas medidas”, apontou o secretário. Lei Wai Nong | Paragem forçada pode implicar cortes salariais O secretário para a economia e finanças, Lei Wai Nong, admitiu no sábado que a suspensão das actividades não essenciais ao longo da semana, poderá implicar cortes salariais para os trabalhadores envolvidos nesses serviços. Isto, dado que legalmente os empregadores não estão obrigados a pagar os dias em que estes não comparecem no trabalho, apesar de as faltas estarem justificadas. “De acordo com a Lei das Relações de Trabalho, os empregadores não precisam pagar a respectiva remuneração, mas nós incentivamos as empresas (…) a ficar com os empregados. Creio que muitas empresas podem dar condições melhores do que as previstas na lei”, explicou. Empregadas domésticas | Circulação livre para trabalhar Dado terem sido classificadas como “trabalhadoras essenciais”, as empregadas domésticas poderão circular livremente para ir trabalhar, ao longo da semana. A garantia foi dada pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. “Sobre as empregadas domésticas, os Serviços de Saúde já tinham apelado para os empregadores darem condições para (…) poderem ficar nas suas casas. Se não tiverem essas condições, as empregadas domésticas podem circular entre a sua casa e a casa dos empregadores, pois é essencial para o funcionamento da sociedade e, por isso, não vai haver nenhuma proibição. Cuidar dos idosos e das crianças é um serviço essencial para as famílias”, referiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConfinamento geral | Autoridades rejeitam medida, para já, e mantêm política de testes As autoridades afastam, por enquanto, a possibilidade de Macau entrar em confinamento total, numa altura em que se registam 1215 casos positivos, com 750 assintomáticos. A política de combinação de testes rápidos com testagem em massa mantém-se activa. Há mais dois hotéis disponíveis para quarentena A ideia de o território poder entrar em confinamento geral começa a circular nas redes sociais e a ser defendida por vários analistas, mas as autoridades afastam, para já, essa possibilidade. “Esta informação que circula nas redes sociais é falsa, não temos nenhuma intenção ou decisão quanto ao confinamento. Os bens essenciais são suficientes e temos os supermercados com bastante stock. Em relação ao plano de gestão circunscrita, ainda estamos a ver a situação e iremos divulgar o plano no momento oportuno”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus. No entanto, a mesma responsável frisou que “só depois da sexta ronda [de testes em massa] podemos saber qual a tendência da evolução deste surto”, tendo em conta as próximas medidas a adoptar. Confrontada com as declarações do epidemiologista Manuel Carmo Gomes, publicadas no HM, de que a realização frequente de testes não resulta com a variante Ómicron, Leong Iek Hou assegurou que essa medida é para continuar. “O nosso objectivo é atingir zero casos e pôr termo à cadeia de transmissão. Os testes em massa e rápidos são medidas bastante importantes para o alcançarmos. Todas as rondas de testes são importantes para nós. Entre a quarta e a quinta ronda vimos que o número das amostras mistas reduziu.” De fora, está também a possibilidade de as quarentenas dos infectados serem realizadas em casa, como acontece na maioria dos países ocidentais. “Queremos alcançar o plano de transmissão zero e temos de terminar a cadeia de transmissão na nossa sociedade. A redução da cadeia é para melhor proteger grupos como os idosos. Este é o nosso princípio e mantém-se inalterado”, frisou a responsável. Mais quartos Entretanto, foram ontem também anunciadas mais duas unidades hoteleiras que vão passar a receber, a partir de hoje, pessoas para quarentena. Trata-se da ala leste do Grand Lisboa Palace, no Cotai, que irá providenciar 470 quartos, enquanto que a torre B1 do Grand Hyatt irá disponibilizar 300 quartos. De frisar, que hoje começa mais uma ronda de testes em massa, com fim marcado para as 18h de amanhã. As marcações podem começar a ser feitas às 7h de hoje, existindo 63 postos de testagem. Relativamente ao alojamento das empregadas domésticas, foi pedido “um consenso” entre empregadores e trabalhadores. “O dormitório das trabalhadoras domésticas é pequeno e nele vivem muitos trabalhadores de diferentes sectores, tal como da área da limpeza ou segurança. Neste momento existe um risco de transmissão, e uma vez que as trabalhadoras domésticas tomam conta das crianças e idosos, constituem um elevado risco. Espero que os empregadores possam negociar e chegar a um consenso”, foi dito. Quanto ao caso do hotel Grand Lisboa, selado em virtude de um surto de covid-19, permanecem 504 pessoas no interior, incluindo 260 trabalhadores, 200 trabalhadores do casino e 30 hóspedes. Estas pessoas, recebem das autoridades comida e bens essenciais, como se estivessem numa zona vermelha. Tem leite materno? Um jornalista questionou as autoridades sobre a ocorrência de casos em que as mães são impedidas de levar leite materno aos recém-nascidos que estão na neonatologia. As autoridades dizem que só proíbem quando há um elevado risco de transmissão do vírus. “Nunca impedimos as mães de darem o leite materno aos bebés se não houver um risco de contágio. Se houver, aí haverá uma separação entre a mãe e o bebé, que não pode ser vacinado.” MTC “não é tão científica” A medicina tradicional chinesa (MTC) faz parte do plano de tratamento adoptado pelas autoridades para os casos covid-19 assintomáticos ou com sintomas leves, mas ontem Leong Iek Hou admitiu que “a MTC não é uma forma de intervenção tão científica como a medicação ocidental”. No entanto, “se o paciente consentir, enviamos uma lista de mestres de MTC que, através de uma consulta online, administram chás e medicamentos. Temos um número de pessoas que tomam o chá e os medicamentos de MTC. A maior parte dos doentes toma medicamentos antivirais para atenuar a febre e tosse.”
Pedro Arede Manchete PolíticaCovid-19 | Total de casos sobe para 1.168. Decisão sobre confinamento geral só depois de testes em massa Apesar de o total de casos confirmados ter subido para 1.168, as autoridades afastaram a possibilidade de activar o hospital de campanha, dado que a grande maioria não necessita de cuidados médicos. Decisão sobre confinamento geral só após análise dos resultados das rondas de testes em massa. Lançado apelo para empregadas domésticas dormirem em casa dos empregadores Até às 16h00 de ontem, foram registados 81 novos casos de covid-19 em Macau, aumentando a contabilização total para 1.168 infectados, desde o início do presente surto. Entre os que testaram positivo e estão actualmente a receber tratamento, revelou o médico adjunto da Direcção do Hospital Conde de São Januário, Lei Wai Seng, existe apenas um caso grave, havendo ainda a registar quatro casos de idosos que estão a receber ajuda respiratória através de ventiladores, duas grávidas, sete crianças com menos de um ano e 18 crianças entre os 2 e os 3 anos. Contudo, apesar do aumento do número de casos dos últimos dias, o responsável descartou a implementação de novos planos de contingência, nomeadamente a activação do hospital de campanha para tratamento de pacientes infectados. Isto, explicou, dado que a maioria dos casos, cerca de 900, não têm sintomas, nem implica cuidados médicos de maior. “Quando há mais de 100 pacientes [que precisam de tratamento], sabemos que isso vai trazer uma grande pressão para os nossos hospitais e, nesse caso, (…) vamos utilizar o hospital de campanha. No entanto, mesmo tendo mais de 1.000 casos, podemos ver que a maior parte deles são assintomáticos e não têm grande necessidade de receber cuidados médicos. Destes cerca de 1.000 casos, mais de 900 estão a fazer quarentena nos hotéis e necessitam apenas de alguns serviços básicos. Na verdade, a variante Ócrimon não irá trazer grandes implicações para esses pacientes”, disse Lei Wai Seng. Questionado sobre a possibilidade de a cidade vir a ser submetida a um confinamento geral (gestão circunscrita) ou a mais restrições de circulação, o Chefe de Divisão de Relações Públicas dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Cheong Kin Ian não afastou essa hipótese e condenou os rumores que estão a circular nas redes sociais. “Não afastamos a hipótese de vir a tomar medidas mais rigorosas ou exigentes. Neste momento, alguns utilizadores das redes sociais estão a dizer que isto pode acontecer, mas nós não queremos que esses boatos estejam a pairar na sociedade. Esperamos que população não faça filas nos supermercados, pois estas corridas aos supermercados e lojas podem trazer um grande risco, ao nível da transmissão do vírus. Se esta medida for tomada, iremos anunciá-la de forma atempada”, reiterou Cheong Kin Ian. Também a Chefe da Divisão de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, disse que as três rondas de testes em massa desta semana vão servir para tomar eventuais “novas medidas e políticas de prevenção e controlo”. Sim, meu senhor Durante a conferência de imprensa, a médica Leong Iek Hou deixou ainda um apelo para que as empregadas domésticas possam pernoitar, num espaço separado, em casa das famílias que as contrataram. Segundo a médica, este grupo de trabalhadores impõe um maior risco, dada a maior convivência com os chamados grupos-chave, onde foram detectados 59 casos confirmados recentemente. “Queria deixar um apelo para que os empregadores deixem as empregadas domésticas pernoitar em suas casas, porque, de momento, os trabalhadores dos sectores da segurança, limpeza e administração de condomínios têm estado entre os grupos mais infectados. As empregadas domésticas, estando a dormir fora do seu local de trabalho e podendo coabitar com os referidos grupos (…), têm sempre uma maior probabilidade de infecção e de infectar os membros da família para as quais trabalham. Nomeadamente, as crianças pequenas e idosos, podendo gerar situações graves”, disse Leong Iek Ho. Ontem, foi ainda confirmado que o surto detectado no Grand Lisboa levou a que mais de 500 pessoas estejam retidas no espaço, definido agora como zona vermelha. Também as lojas do Edifício One Central foram ontem encerradas ao público, com todos os trabalhadores a estarem sujeitos a vários testes de ácido nucleico. HCSJ | “Não vamos usar todos os recursos para tratar pacientes com covid-19” O médico adjunto da Direcção do Hospital Conde de São Januário, Lei Wai Seng garantiu ontem que existem recursos suficientes para continuar a prestar cuidados médicos à população, não relacionados com a covid-19. “Nós sabemos que os cidadãos de Macau têm necessidade de recorrer a diferentes serviços de saúde. Por exemplo, nós continuamos a poupar os nossos recursos para tratar dos pacientes diagnosticados com cancro. Não vamos usar todos os nossos recursos para tratar pacientes com covid-19. Estamos a avaliar de forma contínua como podemos gerir bem os nossos recursos. Aquilo que nos preocupa é quando não podemos dar um tratamento adequado aos pacientes com covid-19, pois isso pode trazer um grande impacto para o serviço de urgências e impactar os outros serviços que prestamos”, referiu.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteVoluntariado | As experiências de quem ajuda no combate à pandemia A entrega de comida e bens essenciais nas zonas vermelhas ou as rondas de testes em massas contam com a ajuda de voluntários, muitos deles funcionários públicos. O HM recolheu alguns relatos de quem deixou o serviço para, vestido a preceito, entregar comida a quem ficou fechado em casa ou para encaminhar pessoas para fazer o teste Nas últimas semanas as acções de apoio à população que está confinada em casa devido aos surtos comunitários de covid-19, nas chamadas zonas vermelhas, têm contado com a participação de funcionários públicos, mas também de residentes que se inscrevem nas campanhas de voluntariado. É o caso de Luís Crespo, funcionário da Conservatória do Registo Predial, que há cerca de dois ou três meses se inscreveu numa acção de voluntariado que nunca pensou que viesse a realizar-se tão cedo. Antes de distribuir comida em alguns locais da cidade, Luís Crespo recebeu formação dos Serviços de Saúde (SSM) na zona da Ilha Verde, nomeadamente sobre os procedimentos a adoptar e como vestir o fato de protecção. “Fui para as zonas vermelhas. Entregamos a comida para dois dias. Uma família de três pessoas recebe três sacos com carne, galinha ou costeleta de porco, e vegetais, como batatas ou cenouras. Não há falta de comida. No dia seguinte, à tarde, recebemos as encomendas feitas por amigos e familiares com coisas adicionais que as pessoas pedem. Pode-se entregar de tudo, menos coisas perecíveis. Há sítios onde deixam entregar álcool, outros não. Penso que também não era permitido entregar tabaco”, contou ao HM. Luís Crespo denota que “há organização, até demais”, destacando que teve de esperar horas para realizar algumas acções. Além disso, “foi inconveniente o facto de termos de entrar pela garagem de um edifício, quando podíamos ter entrado pela porta principal”. “Deixávamos as coisas à porta, sem nenhum contacto pessoal”, acrescentou o funcionário público, que relata situações mais difíceis com algumas pessoas isoladas “menos ordeiras” e que, por vezes, obrigam à intervenção das autoridades policiais. “Na Torre 6 do Centro Internacional de Macau foi mais complicado, pois a maioria das pessoas que vive lá vem da China ou do Vietname. Andavam de um lado para o outro e havia imensa polícia para não os deixar sair. Mas pior de tudo foi na semana passada, quando estive no bairro do Iao Hon. Tive de apanhar o autocarro todos os dias e o edifício é muito velho, sujo, degradado. São sete andares sem elevador, com lixo por todo o lado. Eram também pessoas muito indisciplinadas e a polícia tinha de estar a controlar. Saíam de casa, faziam muitas perguntas, não usavam máscara.” As acções de voluntariado em zonas confinadas implicam, muitas vezes, a entrega de comida onde os moradores vivem com más condições, sem cozinha ou sem alguns electrodomésticos. Em zonas, como o bairro do Iao Hon, “há casas sem cozinha, onde as pessoas vivem em beliches”. “São casas com menos de 40 metros quadrados onde vivem sete ou oito pessoas. Essa parte foi muito cansativa. Como não tinham cozinha, tínhamos de entregar comida já confeccionada e enlatados”, descreveu Luís Crespo. Total amadorismo Outra funcionária pública, que não quis ser identificada, fala de um cenário de desorganização e “amadorismo” na acção de voluntariado em que participou, também de entrega de comida em zonas vermelhas. “Falamos de prédios sem elevadores, degradados. É impossível ter pessoas para fazer todas estas acções, pelo que a ideia de voluntariado até é boa. Mas é espantoso que, ao fim de todo este tempo, as acções estejam tão mal organizadas. Estivemos quase três horas à espera para que aparecessem os bens que deveríamos entregar.” Uma das razões para o atraso prende-se com a falta de uma base de dados feita previamente das pessoas confinadas e das suas necessidades. “Aqui retiro a responsabilidade do meu serviço, pois havia pessoal do Instituto para os Assuntos Municipais a ir a cada apartamento saber quantas pessoas viviam nas casas. E eu pergunto: as pessoas não são contactadas previamente para se saber quantas pessoas moram em cada casa? Decreta-se o confinamento das zonas e não há uma lista de contactos, tendo em conta que há uma série de rondas de testes a decorrer e temos de dar os nossos dados? Depois aconteceram enganos, porque havia, por exemplo, casas sem fogão ou forno.” As acções de distribuição de comida são coordenadas pelo Instituto de Acção Social (IAS) em colaboração com outros serviços públicos. Outra das críticas feitas pela funcionária pública prende-se com a ausência de distanciamento social em muitas ocasiões. “Os voluntários estavam todos juntos com as máscaras normais e luvas a preparar os sacos. Isso não faz sentido. Além disso, íamos todos juntos a subir as escadas do prédio para fazer a distribuição. Devíamos estar afastados e os sacos da comida é que deveriam circular.” Em termos gerais, “as pessoas [em confinamento] estão desejosas de ter comida”, contou a funcionária. “Agradeciam-nos. Deixávamos os sacos nas portas, mas essa não foi uma instrução específica que nos deram, foi uma questão de bom senso. Depois de nos desinfectarmos, recebemos mais bens para distribuir, e isso foi feito por outra equipa para não termos de repetir o processo. Achei que não há uma organização ou um plano. Foi parecido com a situação do tufão Hato, quando recebemos a ajuda do exército. Penso que a esta altura do campeonato, não faz sentido”, acrescentou. Obrigatório ou não? O deputado José Pereira Coutinho acusou recentemente vários serviços públicos, nomeadamente a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de obrigar funcionários a fazer voluntariado, sobretudo nos testes em massa. “A própria DSAL, que devia zelar pelos trabalhadores e os seus direitos, obriga-os a trabalhar como voluntários, sem o pagamento de horas extraordinárias”, avisou. Luís Crespo relata, no entanto, que no seu serviço ninguém foi obrigado e que até são pagas as horas gastas na qualidade de voluntários. “No nosso caso ninguém foi obrigado. Tive uma colega que não se sentia bem e foi substituída. Duvido que isto acabe tão cedo, verifico todos os dias se tenho de ir fazer voluntariado novamente ou não. Sabemos no dia-a-dia se vamos ou não, estamos num grupo de WeChat e vamos comunicando. Eu já fui seis dias, os meus colegas têm ido sempre.” A funcionária pública contactada pelo HM relata que o seu nome foi colocado numa lista. “Varia de serviço para serviço. No meu caso fui informada que estava colocada numa lista de voluntariado. Deram-me a opção de escolha, mas a forma como a situação me foi colocada foi assim, que estávamos numa lista de voluntariado.” Ajudar nos testes Nem só de funcionários públicos se faz o voluntariado que, por estes dias, tem ajudado as autoridades a lidar com as medidas adoptadas devido à pandemia. Uma residente, que também não quis dar o nome, deu o seu contributo no passado dia 21 de Junho no centro de testes da Universidade de São José na realização da primeira ronda dos testes em massa. “Vi o anúncio e decidi ir, quis ajudar. Ajudei pessoas com necessidades especiais a fazer o teste, incluindo grávidas ou idosos, por exemplo.” Neste caso, não há falhas a apontar na estruturação dos serviços. “Se há coisas que as autoridades estão afinadas é na realização dos testes em massa, desde que não sejam medidas adoptadas em cima da hora, como aconteceu com os trabalhadores dos casinos. Notei que as coisas estavam bem organizadas. Havia pessoas a falar inglês connosco e tudo correu lindamente”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Xi’an anuncia confinamento de uma semana para conter surto A cidade de Xi’an, destino do único voo direto entre Portugal e China, vai encerrar, por uma semana, restaurantes, bares, escolas e locais religiosos, após ter diagnosticado cerca de 20 casos de covid-19, anunciaram as autoridades. Situada no centro da China, a cidade, com 13 milhões de habitantes, é conhecida pelo Exército de Terracota, enterrado com o primeiro Imperador da China. Xi’an é também o destino da única ligação aérea entre Portugal e a China, que foi entretanto suspensa, por um período total de seis semanas, após terem sido detetados casos de infeção pelo novo coronavírus em dois voos oriundos de Lisboa. A China é um dos últimos países a aplicar uma estratégia de “zero casos” de covid-19, o que implica o bloqueio de cidades inteiras, testes em massa e o isolamento em instalações designadas de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos, sempre que é detetado um surto. O país mantém também as fronteiras praticamente encerradas desde março de 2020. Os voos para a China estão sujeitos à política “circuit breaker” (‘interruptor’, em português), em que quando são detetados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas. Caso sejam identificados dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. A cidade de Xi’an registou 18 casos positivos, causados pela altamente contagiosa variante Ómicron, desde sábado, segundo as autoridades locais. Um alto funcionário do governo local, Zhang Xuedong, anunciou hoje a aplicação, por um período de sete dias, de “medidas de controlo”, destinadas a evitar o “movimento de pessoas”. “Estamos numa corrida contra o tempo” e é necessário “evitar a propagação e o aumento dos casos”, sublinhou. Espaços de entretenimento como bares, cibercafés ou restaurantes irão encerrar a partir da meia-noite de quarta-feira na China, disse o governo local em comunicado. Os estabelecimentos de restauração deixam de poder receber clientes durante uma semana, mas estão autorizados a fazer entregas ao domicílio. As escolas primárias e creches vão também fechar, assim como os locais religiosos. A cidade de Xi’an foi sujeita a medidas de bloqueio altamente restritivas entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, devido a um surto do novo coronavírus. O governo local foi então criticado pela gestão do confinamento, marcado por problemas de abastecimento de alimentos e outros bens básicos. As autoridades suspenderam nessa altura todos os voos internacionais, que só retomaram em junho passado. A ligação aérea direta entre Portugal e a China foi retomada em 12 de junho, mas logo no primeiro voo foram detetados dez casos a bordo, acionando a suspensão de um mês, no âmbito da política do ‘circuit breaker’, aplicável a partir de 20 de junho. No segundo voo, realizado em 19 de junho, foram detetados cinco casos, pelo que foi aplicada nova suspensão de duas semanas.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Testes frequentes não resultam com Ómicron, aponta epidemiologista Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e um dos principais rostos da análise da pandemia de covid-19 em Portugal, aponta que a realização de confinamentos e testes em massa frequentes não funcionam com a variante Ómicron, apontada como a mais comum nos casos registados em Macau. Os testes, defende, devem ser usados apenas como estratégia de diagnóstico e não de rastreio. Jorge Torgal partilha da mesma opinião A vida dos residentes em Macau transformou-se num rodopio de marcação de testes PCR ou realização de auto-testes em casa desde que começou o mais recente surto de covid-19, a 19 de Junho, o mais grave desde o início da pandemia. As autoridades apostam na combinação de testes em massa à população e auto-testes para detectar casos de infecção, mas, ao HM, o epidemiologista português Manuel Carmo Gomes, um dos principais rostos na análise à situação pandémica em Portugal, critica esta abordagem dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). “Existem três estratégias possíveis para contrariar a propagação e a morbilidade causada [pelo novo coronavírus]: os confinamentos generalizados ou parciais, a testagem em massa frequente para fins de rastreio, acompanhada de medidas de isolamento dos casos confirmados, o rastreamento dos contactos dos casos e a testagem dos mesmos. Temos ainda a vacinação em massa com esquema primário, mais uma dose de reforço. A China parece estar a utilizar as duas primeiras opções”, descreveu. No entanto, o especialista é peremptório: “as duas primeiras estratégias não funcionam com a variante Ómicron”, além de terem “custos sócio-económicos muito elevados, sobretudo a primeira [confinamentos]”. Testar e confinar “funcionaram com as primeiras variantes do vírus, ou, pelo menos, funcionaram suficientemente bem para interromper as cadeias de transmissão e manter uma política de zero covid”. Manuel Carmo Gomes entende que a testagem deve ser usada de forma diferente, “não como rastreio, com testes indiscriminados para todos, mas sim como diagnóstico, apenas para identificar casos suspeitos em pessoas com sintomas ou contactos de casos”. Estas pessoas devem ficar isoladas por um período de tempo nunca superior a sete dias, “caso os sintomas desapareçam”. De frisar que, em Portugal, por exemplo, os isolamentos dos casos covid-19 se fazem no domicílio do doente, sendo que as autoridades reduziram o período de sete para cinco dias de isolamento. O epidemiologista entende que a vacinação continua a ser a forma mais eficaz no combate à covid-19, alertando para o facto de a administração das três doses continuar “atrasada” em Macau, sobretudo junto da população mais idosa. “Esta variante é ainda mais transmissível e, poucos meses após o último contacto com o antigénio (vacina ou infecção), consegue evadir aos anticorpos induzidos, quer por infeções anteriores, quer pela vacinação. Consequentemente, a generalidade dos países optou pela terceira estratégia, a da vacinação, acompanhada da tolerância à circulação do vírus e de grande enfoque na protecção dos grupos mais vulneráveis, como os idosos, imunocomprometidos ou doentes crónicos.” Actualmente, afirma, “não é possível travar a circulação da Ómicron”, uma vez que “mesmo que se consiga travar durante algumas semanas, com medidas como a testagem frequente ou confinamentos, logo que as medidas são aliviadas, a Ómicron regressa em força”. “É uma batalha perdida à partida”, adiantou o especialista. A “forte” realidade A China, incluindo Macau e Hong Kong, parecem apostadas a manter-se nessa batalha. Manuel Carmo Gomes acredita, no entanto, que o país e as duas regiões administrativas especiais vão “inevitavelmente abandonar as duas primeiras estratégias em que, por enquanto, a insistem”. “A realidade é demasiado forte para que as soluções fantasiosas prevaleçam muito tempo”, acrescentou. O especialista aconselha critérios “mais inteligentes e eficazes” no combate à pandemia, tal como “adoptar medidas para conseguir administrar o esquema vacinal primário, de duas doses e mais uma de reforço, a pelo menos 90 por cento da população acima de 60 anos”. Deve ainda ser administrado um segundo reforço “antes do próximo Inverno”. Usando ainda a testagem como forma de diagnóstico, será possível “tolerar a circulação do vírus, contribuindo para a imunidade natural das pessoas que não têm risco de doença grave”. Ao mesmo tempo, “controlam-se os casos graves de doença”. A 30 de Junho foi anunciado que, dos novos casos de covid-19 registados no território, 19 por cento das pessoas não estavam vacinadas, enquanto que menos de metade tem as três doses. Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, declarou que a taxa de vacinados continua a não ser “muito alta”. “Dos 572 casos [registados a 30 de Junho], 109 não foram vacinados – uma taxa muito alta – 23 receberam a primeira dose, 216 receberam as duas doses e 224 pessoas as três doses. Através destes números podemos ver que a taxa de não vacinados é muito alta, comparando com a taxa de vacinação de 90 por cento em Macau”, acrescentou. Foram já vacinadas 613.720 pessoas, sendo que 586.020 completaram duas ou mais doses, de um total de cerca de 680 mil habitantes. As autoridades têm feito apelos reiterados à população para que se vacine, sobretudo aos idosos – com uma taxa mais baixa de imunização – a quem foram oferecidos em Maio ‘vouchers’ até um valor máximo de 250 patacas como forma de incentivo. Para esta semana, a população terá de testar novamente na quarta, quinta e sexta ronda de testes em massa, que terminam às 18h de sábado. Os bebés e as crianças nascidas após 1 de Julho de 2019 estão isentos desta medida. Impossível erradicar o vírus Para o epidemiologista Jorge Torgal, a política seguida pela China para lidar com a pandemia visa a erradicação total do vírus, mas “este objectivo é inatingível”, podendo “ser conseguido em determinadas áreas geográficas, mas apenas temporariamente”. “Veja-se que após dois anos de confinamentos, a infecção reaparece sempre; mesmo na Austrália e na Nova Zelândia, países que pela sua geografia acreditaram que conseguiriam, fechando a sociedade ao exterior e tomando também fortes medidas de confinamento social, evitar a disseminação do vírus, não alcançam o seu objectivo.” Para Jorge Torgal, o confinamento geral pode “evitar um acréscimo abrupto de casos que necessitem de hospitalização” em regiões com uma elevada densidade populacional, como é o caso de Macau. No entanto, com a existência de vacinas, que reduzem a mortalidade, “não se justificam medidas atentórias dos direitos constitucionais dos cidadãos, impedindo uma vida social normal”. Neste sentido, tanto a realização sucessiva de testes, como de confinamentos, são “medidas sempre transitórias, pois novos surtos de infecção ocorrerão”. “A China continental é um bom exemplo”, disse Jorge Torgal. Confronto antigo Os comentários dos dois epidemiologistas estão em linha com as declarações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Maio deste ano: a política de zero casos covid-19 não é sustentável do ponto de vista económico. Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS, disse que hoje, dois anos depois do início da pandemia, “conhecemos melhor o vírus e temos melhores ferramentas, incluindo vacinas, por isso a gestão do vírus deve ser diferente do que o que foi feito no início da pandemia”, disse. O responsável acrescentou que o vírus mudou significativamente desde que foi identificado pela primeira vez, na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019. Além disso, o director de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a agência reconhece que a China enfrenta uma situação difícil e elogiou as autoridades por manter o número de mortes num nível muito baixo. “Entendemos que a resposta inicial da China foi tentar suprimir as infecções ao máximo, mas essa estratégia não é sustentável e outros elementos precisam de ser amplificados”, apontou. Ryan acrescentou que os esforços de vacinação devem continuar e enfatizou que uma “estratégia apenas de supressão não é uma forma sustentável de sair da pandemia para nenhum país”. A estratégia de zero casos covid-19 já levou ao confinamento inteiro de cidades, com Xangai a ser o caso mais grave e conhecido mundialmente, com a ocorrência de situações como falta de comida em muitas casas ou ausência de cuidados médicos. A China manteve-se sempre firme na sua posição. “Esta estratégia garantiu a saúde de 1,4 mil milhões de pessoas e protegeu grupos vulneráveis. Tornou a China num dos países que melhor conseguiram conter a covid-19. Esperamos que as pessoas envolvidas possam ver as políticas antiepidémicas da China de forma objectiva e racional. Eles precisam de conhecer melhor os factos e parar de fazer comentários irresponsáveis”, explicou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesO caminho a tomar A notícia mais importante em Macau é, naturalmente, o recente surto de COVID-19. Nos diversos testes à população, foram encontradas centenas de pessoas infectadas e o Governo implementou de imediato medidas de quarentena e de inspecção obrigatória, atribuindo às áreas de maior risco o código vermelho e as áreas de risco intermédio o código amarelo. Foram também implementados os testes universais e ainda a distribuição de kits de testes rápidos a todos os residentes. Devido à elevada infecciosidade do vírus, a saúde da comunidade só pode ser assegurada através da rápida identificação e isolamento de todas as pessoas infectadas, para que os contágios sejam travados. Existem alguns factores a ser considerados quando se implementam estas medidas. A testagem universal é a melhor forma de identificar quem está infectado com o vírus, mas requer a cooperação de todos os residentes num período de tempo curto. Na última testagem universal, o período de recolha de amostras foi inicialmente encurtado de 72 para 48 horas, e finalmente para 33, tendo todo o processo ficado concluído em dois dias. Estes números demonstram que já não existe muito espaço de manobra para mais aceleramentos do processo. O vírus não espera e continua a propagar-se durante os dois dias da testagem. Portanto, a testagem universal tem de ser associada aos testes rápidos realizados por cada residente. Uma abordagem em duas vertentes é a forma mais eficaz de descobrir quem está infectado com o vírus. Presentemente, Zhuhai enviou equipas médicas para reforçar os serviços de saúde de Macau, pelo que estamos agradecidos. Estas equipas trouxeram muitos testes e, com o número de infectados a aumentar, a pressão sobre os profissionais de saúde também cresceu imenso. Precisamos que estes profissionais possam descansar, retomar forças e que estejam bem equipados para não contraírem o vírus. Só médicos e enfermeiros saudáveis, que trabalhem em condições de segurança, podem prestar cuidados eficazes aos residentes. Na última testagem universal, houve falhas técnicas que afectaram os resultados. Os problemas mecânicos devem ser melhorados para garantir um bom funcionamento em futuras testagens e, desta forma, os residentes não terem de repetir o teste. Como já foi dito, o Governo distribuiu pelos residentes kits de testes rápidos para completar a despistagem dos testes universais. Este procedimento, implica a compra de testes rápidos em grandes quantidades, num curto período de tempo. Enquanto houver oferta suficiente, os residentes poderão realizar vários destes testes. No anterior processo de testes rápidos, os residentes foram obrigados a tirar fotos dos resultados e a enviá-los para um site onde ficavam registados. Devido a uma falha deste site, os resultados já não podem ser registados de imediato, causando um transtorno temporário. Esta situação requer atenção. Só quando os resultados dos testes rápidos são carregados e armazenados em tempo real é que o Governo pode ter informação suficiente para se proceder ao acompanhamento médico. A comunicação social também assinalou que alguns dos kits de testes rápidos não continham líquido, o que impediu os residentes de os realizar. Este problema levou o Governo a reforçar o controlo de qualidade na compra dos testes e a verificar com mais cuidado as amostras, de forma a minimizar a aquisição de produtos em más condições. Simultaneamente, o Governo poderá considerar a emissão de directrizes de forma a orientar os residentes a lidar com estes problemas. Na última testagem universal, surgiram rumores de que Macau iria implementar o modelo de “gestão em rede”. Estes rumores fizeram com que um grande número de residentes corresse a comprar alimentos e bens de primeira necessidade, criando enchentes nos supermercados. Felizmente, o Governo prontificou-se a clarificar a situação e conseguiu parar a tempo o pânico e a corrida aos supermercados. Temos de compreender a importância da informação e garantir que não somos influenciados por rumores. Esperamos que a polícia descubra quem os espalhou o mais rápido possível, para que se possa fazer justiça e garantir a paz social. O Verão é a época dos tufões. A semana passada, foi içado sinal 8 de tempestade tropical em Macau. As paredes exteriores de alguns edifícios foram danificadas pelo vento, podendo os destroços atingir facilmente os transeuntes. Para além da reparação dos edifícios atingidos, o mais importante é que todos compreendam que as actuais medidas anti-epidémicas estão a ser tomadas durante a época dos tufões e que não temos apenas de lidar com o vírus, mas também com os tufões e com as tempestades. A redução dos ajuntamentos é outra medida anti-epidémica eficaz. Os empregadores devem encorajar os empregados a trabalhar a partir de casa para reduzir a possibilidade de propagação do vírus nas suas empresas. O combate à epidemia é responsabilidade de todos. Desde que evitemos saídas e reuniões desnecessárias, e cooperemos com as medidas do Governo, vamos certamente ser capazes de ultrapassar este surto. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Hoje Macau PolíticaImprensa | Deputados querem população a cumprir expectativas de Xi Jinping Após o encontro de Xi Jinping com Ho Iat Seng, vários políticos do campo pró-Pequim vieram a público apelar à população para cumprir as expectativas do Presidente chinês. As opiniões foram partilhadas através dos meios de comunicação em língua chinesa. Ao jornal Ou Mun, Ma Iao Lai, representante de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), prometeu coordenar os seus esforços com o Governo local, de forma a impulsionar a recuperação económica. Porém, o membro do clã Ma, um dos mais influentes em Macau, com vários negócios com o Governo, prometeu ainda contribuir para a diversificação da economia local. Por sua vez, José Chui Sai Peng, empresário, deputado e membro da família Chui, apelou aos jovens para apostarem na formação no sector da alta tecnologia. Segundo Chui, com estas qualificações, os jovens podem mudar-se para Hengqin, a Zona de Cooperação com a RAEM, onde podem participar no polo industrial Cantão-Shenzhen-Hong Kong-Macau. Para Si Ka Lon, deputado e representante da comunidade de Fujian, está na altura de parte dos jovens se focar no Interior, aproveitar as oportunidades da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e integrar plenamente o desenvolvimento nacional. Segundo Si, o contexto actual permite que a RAEM tenha muitas oportunidades criadas pelas políticas do Interior. O deputado e banqueiro Ip Sio Kai destacou que o mais importante é que nos próximos tempos a população “aprenda o espírito do discurso” de Xi Jinping, e perceba que o princípio Um País, Dois Sistemas é a maior vantagem de Macau. No mesmo sentido, o deputado Cheung Kin Chung apelou à população para manter e promover “a tradição gloriosa” do amor à pátria e a Macau.
Pedro Arede Manchete PolíticaCovid-19 | 864 casos confirmados. Redução de quarentena equacionada após surto Até ontem, foram registados, no total, 864 casos confirmados em Macau, com 60 por cento dos novos infectados a serem detectados na comunidade. Redução de quarentenas para sete dias será ponderado apenas quando o actual surto de covid-19 estiver controlado. Publicação de itinerários de casos positivos só em “casos complicados” Até ao final da tarde de ontem, Macau registou um total de 864 casos confirmados de covid-19 afectos ao actual surto, os quais incluem 47 novos casos detectados na comunidade e 21 em locais de controlo e gestão. Há ainda cerca de 54 casos positivos preliminares em análise Para a chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, o facto de o número de casos detectados na comunidade estar a aumentar e representar um peso de cerca 60 por cento do número de casos diários significa que existem cadeias de transmissão ocultas que estão por controlar. “Os casos que foram detectados na comunidade são 60 por cento e cerca de 30 por cento foram encontrados nas zonas de gestão. Esta proporção tem-se mantido ao longo dos dias, mas claro que (…) quanto menos casos forem detectados na comunidade, tanto melhor. Isso seria o ideal. O que isto pode representar é que ainda existem cadeias de transmissão ocultas na comunidade que não estão controladas (…) ou então são casos que só foram detectados posteriormente (…), por terem um baixo teor viral”, explicou durante a habitual conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19. Além disso, foi ainda revelado que, de entre os casos confirmados, estão sete profissionais de saúde e 14 trabalhadores externos do Centro Hospitalar Conde de São Januário e que foram detectados 38 casos positivos entre os grupos-chaves do sector de serviços de segurança, limpezas e administração de condomínios submetidos a testes de ácido nucleico no domingo. Questionada sobre a expectativa de haver mais mortes de idosos associadas à covid-19, Leong Iek Ho não descartou a possibilidade, dado que entre os 864 casos confirmados, mais de 200 dizem respeito a pessoas com mais de 60 anos. “Dos 864 casos confirmados, temos 92 casos entre os 60 e os 69 anos, 39 casos entre os 70 e os 79 anos, 89 casos entre os 80 e os 89 anos e quatro casos entre os 90 e os 100 anos, sendo que deste último grupo, dois acabaram por falecer. Não descartamos a possibilidade de haver mais casos mortais, porque muitos idosos são portadores de doenças crónicas e a variante Ómicron implica um maior risco de doença grave e morte em relação às pessoas cujo estado de saúde é considerado normal”, apontou. Uma batalha de cada vez Durante a conferência de imprensa, a mesma responsável admitiu ainda que o Governo pretende reduzir as quarentenas de 10 para 7 dias, alinhando-se assim com a mais recente política de entrada do Interior da China. No entanto, foi sublinhado, alterações nesse sentido apenas poderão acontecer quando o actual surto de covid-19 estiver debelado. “Neste momento, as pessoas que vêm do exterior têm de fazer 10 dias de quarentena e um período de autogestão de saúde. Estamos a ter em consideração a nova política [de entrada do exterior] do Interior da China [7+3]. Vamos tomar esta medida como referência, mas (…) agora vamos concentrar todos os nossos esforços na luta contra a pandemia e depois vamos alterar ou ponderar a possibilidade de reduzir os dias de quarentena”, disse Leong Iek Hou. Foi ainda revelado que a publicação dos itinerários dos casos de confirmados será apenas feita em situações excepcionais, em que a sua complexidade ou a gravidade assim o justifique. “A partir do caso 501 não vamos fazer o upload do itinerário dos infectados, tendo em conta que Macau já tem muitos casos (…) e que estes estão espalhados pela comunidade. Por isso, vamos concentrar o esforço do nosso pessoal no combate à pandemia”, disse Leong Iek Hou” Por último, foi ainda admitida a possibilidade de começarem a ser definidos grupos de risco entre a população, de forma a iniciar a toma da quarta dose da vacina contra a covid-19. “Vamos disponibilizar a quarta dose para as pessoas de alto risco como os idosos ou os trabalhadores em postos de alto risco (…) mas agora estamos focados a combater a pandemia (…) e ainda não temos um plano”, avançou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePandemia | Exigida maior transparência na comunicação com a população Analistas ouvidos pelo HM criticam a forma como o Governo tem comunicado medidas e decisões relacionadas com a pandemia. Pouca transparência, decisões erradas e falta de responsabilização estão no topo das críticas, mas também o curto espaço de tempo entre o anúncio de novas medidas e a sua entrada em vigor Medidas anunciadas de um dia para o outro ou ausências de dirigentes em conferências de imprensa, sem que haja possibilidade de dar resposta a acontecimentos concretos são algumas das situações que têm pautado a forma como o Governo comunica medidas e decisões relacionadas com o surto de covid-19. A situação complicou-se quando foi decretada a obrigatoriedade de teste de ácido nucleico para os trabalhadores dos casinos e dos estaleiros de construção poderem trabalhar. Num dia em que acabou por ser içado sinal 1 de tempestade, e debaixo de uma chuva intensa, o caos gerou-se com grande concentração de pessoas. As autoridades acabariam por alterar a medida, exigindo apenas a realização de teste rápido. Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), não deu respostas sobre esse caso por não ter estado presente na conferência de imprensa, deixando as explicações sob responsabilidade da médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, que recusou responsabilidades por ser “só uma médica”. Isto depois de Alvis Lo ter dito que as conferências de imprensa não são “um talk-show” e que servem apenas para anunciar medidas e não para dar respostas a casos concretos. Na ocasião, Leong Iek Hou declarou que Alvis Lo estava “muito ocupado”. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. Todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou. Na conferência de imprensa de imprensa seguinte, o director dos SSM reapareceu, acompanhado da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, e o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O analista política Larry So expressou ao HM o desejo que “o Governo seja mais transparente na tomada de decisões, para que desta forma as medidas possam ser mais efectivas”. “Nem sempre o director dos SSM aparece nas conferências de imprensa, a não ser que tenha de anunciar alguma nova medida. Tivemos o caso dos trabalhadores dos estaleiros e casinos e isso gerou alguma confusão. Parece que o Governo, em certa medida, não estava preparado para o que ia acontecer. Não prepararam o processo e terão acelerado a decisão.” Larry So adiantou também que, nesta fase da pandemia, “uma série de medidas que são implementadas num curto espaço de tempo”, dando azo a interpretações erradas ou desadequadas. “Há uma discrepância entre a decisão e a política, incluindo a parte da implementação. Em alguns casos, [como foi o caso da corrida dos trabalhadores aos testes, as autoridades] mostraram que simplesmente não estão preparadas”, frisou. Recorde-se que outras medidas de anunciadas a poucas horas de entrarem em vigor mereceram críticas nas redes sociais, tais como os testes de ácido nucleico obrigatórios para os grupos-chave de trabalhadores de segurança e limpeza do sector de administração predial, anunciado na madrugada do dia para realizar os testes; assim como a necessidade de fotografar a caixa do teste rápido de antigénio na submissão do resultado na plataforma dos SSM, medida anunciada no próprio dia. Casos lamentáveis O deputado José Pereira Coutinho também condena a forma como o Governo comunica com a população as medidas de combate à pandemia. “Lamento que tenham sido restringidas as perguntas dos jornalistas a casos concretos sobre a pandemia. Acho lamentável e é uma forma de pressionar os jornalistas a formular certas perguntas. Se é para ser nesse formato mais vale no futuro o Gabinete de Comunicação Social publicar notas de imprensa aos jornalistas a fim de evitar a perda de tempo de assistir a conferências de imprensa em directo cada vez mais limitativas.” O deputado fala do caso dos trabalhadores obrigados a fazer teste debaixo da chuva, que foi “um fiasco”. “As autoridades esquecem-se que, mesmo que a pessoa faça a marcação, tem de esperar muito tempo na fila. É a própria Administração que não respeita o horário escolhido pelas pessoas.” “Numa situação em que era expectável que os jornalistas fizessem perguntas sobre esse fiasco não esteve o director [dos SSM], dois subdirectores ou a própria secretária [Elsie Ao Ieong U]. O Chefe do Executivo esteve em Hong Kong, mas isso não significa que outros dirigentes não possam dar a cara. É nos momentos mais difíceis que se devem assumir as responsabilidades pelos momentos que não correm tão bem. Uma jornalista perguntou directamente onde estava o director dos SSM e é incrível que não assumam a responsabilidade. Alguém tem de ser demitido do cargo”, apontou Pereira Coutinho. O deputado fala ainda situações pouco coerentes na gestão da pandemia. “Avisam-se as pessoas para não se deslocarem para muito longe para realizar os testes. Mas depois dizem que não convém fazer testes onde há muitas pessoas, devendo ir a outro local fora da zona de residência. É um contra-senso.” Coutinho não esquece a decisão das autoridades de colocarem pessoas que testem positivo à covid-19, e que não se conhecem, no mesmo quarto para a realização da quarentena. “Se não tivesse visto a conferência de imprensa não acreditava que estão a colocar um homem e uma mulher desconhecidos no mesmo quarto de hotel. Não se pode comparar os quartos de hotel, que estão fechados, com os quartos dos hospitais. Se a mulher for coagida ou violada e não tiver tempo de chamar alguém, quem tem autorização para salvar a vítima? Esta medida é uma estupidez.” Em termos gerais, o deputado entende que Macau está num estado de “paranóia”. “As pessoas estão stressadas, há muitas doenças do foro psicológico e a economia está a afundar-se”, adiantou. Uma “má imagem” Para Jorge Fão, dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), a ausência de Alvis Lo na conferência de imprensa deu uma “má imagem à Administração”. “Houve uma enchente enorme para realizar o teste, as pessoas não estavam com máscara, empurravam-se. Criou-se uma situação mais perigosa em termos de contágio do que antes e, depois, o Governo acabou por dar o dito por não dito, e decretar a realização dos testes em casa. A comunicação tem sido muita, recebemos três a quatro mensagens por dia no telemóvel. Mas essas mensagens não chegam, porque quando se faz uma conferência de imprensa há que estar preparado para ser pressionado, porque os jornalistas não estão lá só para ouvir”, indicou o antigo deputado e dirigente associativo. O número de casos de covid-19 tem vindo a crescer diariamente e foram inclusivamente registadas duas mortes ligadas a infecções desde o início da pandemia. O Governo tem anunciado medidas de apoio económico para a população e empresas lidarem com os efeitos negativos da política de casos zero, mas Jorge Fão entende que, mais cedo ou mais tarde, os casinos vão ter de fechar portas. “Há a questão controversa dos casinos. O Governo não teve coragem de os encerrar, mas penso que vai ter de o fazer. Mesmo que os casinos estejam abertos agora não vão ter negócio praticamente nenhum por causa da exigência do teste para entrar.” No domingo, a conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus contou com a presença de vários secretários, uma vez que foram anunciadas mais medidas de apoio económico. O modelo de comunicação do Governo foi um assunto abordado. “Temos estado atentos às questões e entrado em comunicação com os serviços competentes. Todas as opiniões são ouvidas. Temos uma divisão de tarefas, e quando se trata de situações mais severas estamos sempre aqui presentes. Mas, se tiverem alguma necessidade de colocar as questões podem fazê-lo por diferentes meios”, adiantou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. Por sua vez, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, referiu que “todos os presentes representam o Governo, assim como o director [dos SSM] e outros colegas”. “Espero que transmitam melhor essas mensagens. Espero a vossa compreensão, a forma como interpretam as coisas é muito importante”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina confina 1,7 milhões para conter novos surtos de covid-19 no leste A China colocou 1,7 milhões de pessoas sob confinamento na província de Anhui, no leste do país, onde cerca de 300 novos casos de covid-19 foram diagnosticados nas últimas 24 horas. O país asiático mantém uma política de tolerância zero à covid-19, que inclui o bloqueio de cidades inteiras, testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e contactos diretos. O surto detetado em Anhui ocorre numa altura em que a economia chinesa está a recuperar lentamente de um bloqueio de dois meses em Xangai, a “capital” económica da China. Duas cidades da daquela província, Sixian e Lingbi, anunciaram bloqueios que afetam mais de 1,7 milhões de pessoas. Os residentes só podem sair de casa para fazer o teste de ácido nucleico (PCR). A cadeia televisiva estatal CCTV transmitiu imagens de ruas vazias em Sixian, no fim de semana, com os moradores na fila para fazer o teste para o novo coronavírus. O Ministério da Saúde registou 287 novos casos em Anhui, nas últimas 24 horas, elevando o total para mais de 1.000 nos últimos dias na província. O governador da província, Wang Qingxian, instou as autoridades a “implementar testes rápidos” e a colocar em quarentena e relatar casos o mais rápido possível. A província vizinha de Jiangsu também registou 56 novos casos, em quatro cidades, nas últimas 24 horas. O número de casos permanece muito baixo na China em comparação com a grande maioria dos outros países. Mas as autoridades pretendem limitar ao máximo a circulação do vírus devido aos recursos médicos limitados em certos lugares e à taxa relativamente baixa de vacinação entre os idosos. No entanto, esta estratégia tem altos custos económicos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno vai distribuir 15 mil patacas para trabalhadores com salário inferior a 20 mil Os residentes com rendimentos mensais inferiores a 20 mil patacas durante os anos de 2020 e 2021 vão receber um subsídio de 15 mil patacas. A intenção do Governo faz parte da revisão orçamental, vai ter um custo de 10 mil milhões para os cofres da RAEM, e foi anunciada ontem, pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. A grande novidade foi o novo “plano de apoio pecuniário aos trabalhadores, aos profissionais liberais e aos operadores de estabelecimentos comerciais”. Os trabalhadores residentes por conta de outrem, que em 2020 e 2021 tiveram um rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, um ordenado inferior a 20 mil patacas por 12 meses, recebem um apoio de 15 mil patacas. No caso dos profissionais liberais, se forem contribuintes do imposto profissional do 2.º grupo e tiverem declarado lucros inferiores a 240 mil patacas em 2021, recebem um apoio que varia entre 15 mil e 300 mil patacas. O valor é calculado com base nos 10 por cento da média dos custos operacionais destes profissionais entre 2019 e 2021. Aos operadores de espaços comerciais é atribuído um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas, calculados com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021. Neste caso, é necessário ter declarados lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Carnaval local Ontem, foi igualmente anunciada a intenção de lançar um “Carnaval de Consumo”, quando o surto actual estiver controlado. Segundo a proposta governamental, por cada 200 patacas consumidas nos estabelecimentos que aderirem à iniciativa, os consumidores participam num sorteio que distribuirá 100 milhões de patacas. Após o anúncio, o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, reconheceu que mais de 231 mil trabalhadores em Macau viram os seus rendimentos diminuir, com despedimentos ou layoffs, desde o início da pandemia. Para atenuar esta realidade, foi revelado que os taxistas vão receber até ao final do ano um subsídio mensal de mil ou duas mil patacas, que pode chegar às 6 mil ou 12 mil patacas, conforme as horas trabalhadas. As medidas referidas fazem parte de um pacote mais amplo em que se incluem outras soluções já anunciadas, como a possibilidade de cumprir três programas de formação subsidiada, a devolução da contribuição predial para estabelecimentos industriais e comerciais, a isenção do imposto de turismo a todos os estabelecimentos, Isenção ou devolução das taxas de licenças administrativas, restituição do imposto de circulação para os veículos dedicados à actividade comercial, e ainda o plano de bonificação de juros de créditos bancários para as empresas. As medidas têm de ser aprovadas pela Assembleia Legislativa, mas o Governo prometeu fazer tudo para acelerar o processo.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteCovid-19 | Macau regista primeiras vítimas mortais e anuncia três rondas de testes em massa Duas idosas, com 94 e 100 anos, morreram ontem de complicações de saúde associadas à covid-19. Foram as primeiras vítimas mortais desde o aparecimento da pandemia em Macau, em Janeiro de 2020. Em resposta, o Governo anunciou o calendário dos exames desta semana: três rondas de testes em massa e seis testes antigénio O Governo anunciou ontem as primeiras mortes associadas à covid-19 no território, duas idosas com 94 e 100 anos, internadas no lar das Obras das Mães. O anúncio foi feito num dia em que foi igualmente revelado que a população vai ter de fazer mais três testes em massa ao longo desta semana. “Lamentamos registar pela primeira vez dois casos de morte desde 2020, ano em que apareceu a pandemia em Macau. São duas idosas. Estes casos foram detectados na fase inicial do programa de testes nos lares”, afirmou Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. “As idosas sofriam de doenças crónicas, estavam muito debilitadas e após vários dias de tratamento faleceram. Lamentamos muito a morte das duas idosas e enviamos as condolências aosos familiares”, acrescentou. No caso da senhora com 100 anos, estava desde 30 de Junho, quando foi diagnosticada, internada no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane. Segundo os SSM, não apresentava febre, tosse ou falta de ar. No entanto, ontem “a condição clínica tornou-se crítica” e a idosa sucumbiu. Não estava vacinada, por “motivos pessoais”. Por sua vez, a idosa de 94 anos também estava no Alto de Coloane, depois de ter testado positivo no dia 29 de Junho. Segundo o comunicado, não teve sintomas, mas as “as doenças crónicas” pioraram e morreu ontem, por volta das 10h. A vítima sofria de doenças, como hipertensão, hiperlipidemia, acidente vascular cerebral com necessidades permanentes de cuidados de enfermagem. Apesar de estar vacinada com duas doses da vacina Sinopharm também não resistiu. Dose tripla Além de ter anunciado duas mortes, o Governo divulgou que a população vai ter de realizar três testes de ácido nucleico ao longo da semana, e ainda seis testes rápidos. Só com um teste rápido concretizado, será possível fazer o teste em massa. Contudo, a grande novidade é a dispensa da testagem para as crianças que não completaram os três anos até 1 de Julho. A primeira ronda de testes em massa começa na segunda-feira, às 9h, e prolonga-se até às 18h de terça-feira. As pessoas têm de fazer um teste rápido antes de chegarem e no final vão receber cinco kits de testes rápidos. A segunda ronda, arranca na quarta-feira e decorre até ao dia seguinte e a última começa na sexta e termina no sábado. Nestas últimas duas rondas, as pessoas vão receber 10 máscaras K95, e mais cinco kits de testes rápidos. Sobre este anúncio, Elsie Ao Iong U pediu desculpa à população, mas defendeu que é necessário persistir. “Compreendo perfeitamente que os cidadãos se sintam cansados e que tenham perdido a paciência com as medidas adoptadas nos últimos dias. Mas, com os esforços de todos a pandemia está controlada, a próxima semana é crucial, esperamos que sigam as medidas do Governo”, apelou. “Em conjunto vamos vencer a luta contra a pandemia”, prometeu. Além disso, desde ontem que 100 agentes de testagem do Interior entraram em Macau para ajudar as autoridades locais nos testes em massa. Era também esperado que nas próximas horas entrassem mais 500 agentes em Macau, igualmente para auxiliarem nos testes em massa. Sobre este auxílio, os representantes do Governo agradeceram aos vários departamentos do Governo Central e também da província de Cantão, um a um. Confinamento total assusta Também no dia de ontem, a secretária admitiu que a hipótese de ser implementado um confinamento total não é encarada com bons olhos pelo Governo, depois de terem sido analisadas algumas “experiências dolorosas” no Interior. No entanto, o cenário também não é completamente afastado, se os casos continuarem a subir. “Ontem às 22h, o Chefe do Executivo e os secretários reuniram-se para discutir o cenário de um confinamento total, em que tudo fica parado, tal como aconteceu em Shenzhen. Mas será que conseguimos ultrapassar uma situação dessas?”, questionou Elsie Ao Ieong U. “Na próxima ronda se houver um aumento contínuo do número de infectados não afastamos a possibilidade de haver medidas mais rígidas como a suspensão de todas as actividades da sociedade. Mas, se analisarmos as experiências dolorosas anteriores, vemos que não é simples suspender a sociedade totalmente”, argumentou. “Há sempre a questão do transporte de alimentos e bens de necessidade pelo sector de logística, e também sabemos que um confinamento total vai causar uma situação de pânico, porque todos vão a correr para os supermercados”, adicionou. Além disso, a responsável pela pasta dos Assuntos Sociais e Cultura considerou que Macau vive um surto mais “grave” do que o vivenciado em Xangai e que levou a um dos confinamentos mais extremos no Interior, desde o início da pandemia. “Esta situação é mais difícil do que em Xangai porque o período de incubação é mais curto e a velocidade de propagação é mais rápida”, referiu Elsie. Secretários dão a cara Após a confusão na semana passada com grandes filas à chuva durante os testes, os secretários Leong Wai Nong e Elsie Ao Ieong U compareceram na conferência de imprensa de ontem e recusaram que falte coragem ao Governo para aparecer nos momentos complicados. Segundo Leong, qualquer pessoa que esteja na conferência de imprensa representa o Governo, pelo que houve sempre representação. Por sua vez, Elsie afirmou que os governantes ouvem todas as opiniões que que dão a cara nas situações “mais severas”. Por sua vez, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, afirmou que como director toma as decisões e que a responsabilidade é sua. Testes | Pessoas de grupos-chave criticam falta de aviso O Governo anunciou ontem às 01h da madrugada que nesse próprio dia os empregados de segurança e limpeza do sector de administração de condomínios, tinham de fazer teste de ácido nucleico. A medida apanhou muitos profissionais de surpresa e motivou queixas. Por volta das 08h30, muitos empregados destes grupos-chave começaram a formar fila para fazer teste no pavilhão da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional. Citados pelo jornal Ou Mun, dois seguranças testemunharam que se dirigiram ao posto de testagem depois do terminarem o turno nocturno. Os profissionais queixaram-se da forma repentina como o Governo anunciou a medida e mostraram receio de que esta fosse anulada, devido à aglomeração de pessoas, à semelhança do que aconteceu com a testagem aos trabalhadores dos sectores do jogo e construção.
Hoje Macau SociedadeMacau regista duas primeiras mortes em mais de dois anos Macau registou hoje as duas primeiras mortes relacionadas com a covid-19, desde o início da pandemia há mais de dois anos, indicaram as autoridades em comunicado. Duas mulheres, de 100 e de 94 anos, doentes crónicas, foram diagnosticadas “como casos positivos de covid-19”, sem manifestarem sintomas, de acordo com a mesma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. No sábado, Macau registou mais 90 casos da doença, para um total de 784 infeções, na sequência da nova vaga de covid-19, que levou o território a decretar a 19 de junho estado de prevenção imediata, a antecipar o final ano letivo e a suspender, total ou parcialmente, serviços e comércios. Desde o início do surto, os residentes de Macau têm sido obrigados a efetuar testes rápidos em casa, tendo já passado também por três testagens gerais.