Hoje Macau China / ÁsiaLíder da junta do Myanmar parte para primeira ida a Pequim desde golpe de Estado O líder da junta militar do Myanmar (antiga Birmânia), Min Aung Hlaing, partiu ontem para a China na sua primeira visita desde o golpe militar de 2021, que mergulhou o país num conflito que Pequim tem procurado mediar. O general deixou ontem de manhã o Myanmar, de acordo com a rede de televisão MWD, detida pelo exército do país, para participar numa cimeira de cooperação económica entre os países por onde passa o Rio Mekong (China, Myanmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietname) na cidade de Kunming, na região de Yunnan, no sudoeste da China, nos dias 6 e 7 de novembro. Esta é a primeira viagem à China e uma das poucas viagens ao estrangeiro do líder da junta, que também se deslocou à Rússia e à Indonésia pouco depois do golpe de 1 de Fevereiro de 2021, para uma cimeira do Sudeste Asiático, para a qual foi posteriormente desconvidado. Neste caso, a sua visita à China, que não condenou o golpe e que, tal como a Rússia, fornece armas ao Myanmar, reforça a legitimidade questionada de Min Aung Hlaing, numa altura em que o exército está enfraquecido por um movimento de guerrilheiros étnicos e pró-democracia. A China, que enviará o primeiro-ministro Li Qiang à cimeira de Kunming, mas não está confirmado que se encontre com o general, minimizou a importância da visita, tendo o porta-voz da diplomacia chinesa sublinhado ontem apenas que o Myanmar é um “país importante na região” que tem participado “consistentemente” em tais reuniões. No entanto, a visita surge num período de novas tentativas da China para garantir a estabilidade num país com o qual partilha mais de 2.200 quilómetros de fronteira e no qual tem vários projectos em andamento. Águas passadas Em Agosto passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, encontrou-se com o líder do golpe e instou-o a realizar “eleições inclusivas”. Um mês depois, a junta do Myanmar apelou às guerrilhas étnicas e às forças pró-democracia para que negociassem uma via política para a realização de eleições, proposta que foi rejeitada e repetida em Outubro. Em Janeiro passado, também em Kunming, Pequim serviu de mediador entre a junta e uma poderosa aliança de guerrilheiros, que lançou a maior ofensiva do ano passado contra o exército – Operação 1027 – para um acordo de cessar-fogo que foi posteriormente violado. Os apelos de Pequim à realização de eleições, bem como a visita do general à China, não foram bem acolhidos pela oposição do Myanmar. Kyaw Zaw, porta-voz do Governo de Unidade Nacional (GUN), composto em parte por antigos membros da legislatura derrubada pelos militares e que reivindica ser a autoridade legítima do Myanmar, instou a China a reconsiderar o seu convite a Min Aung Hlaing num vídeo publicado no Facebook.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | ONU pede fim de transacções com Myanmar O relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Birmânia (Myanmar), Thomas Andrews, pediu ontem à Tailândia para suspender as transacções financeiras com a Junta Militar, impedindo a compra de armamento. Perante uma comissão parlamentar em Banguecoque, Andrews recordou que a Tailândia é neste momento o primeiro aliado financeiro da Junta Militar, no poder em Myanmar, e que usa os bancos tailandeses para adquirir armamento que é utilizado contra civis. O relator especial da ONU assinalou que a Junta Militar está neste momento afectada pelas ofensivas armadas das forças da oposição sendo que o Exército pretende multiplicar os ataques contra os civis que se encontram sob o abrigo de hospitais e mosteiros. Andrews considera o plano dos militares do Myanmar uma “brutalidade sem fim”. Assim, alertou que a “Junta pretende destruir (partes) do país que não pode controlar”. Na intervenção parlamentar, que está a ser divulgada através das redes sociais, Andrews referiu-se ao relatório apresentado pelas Nações Unidas há duas semanas e que “demonstra” que as transacções com vista à compra de armas, através da Tailândia, atingiram os 60 milhões de dólares entre 2022 e 2023 e 120 milhões de dólares entre 2023 e o primeiro semestre de 2024. O responsável das Nações Unidas recordou que os fundos são canalizados através de transacções complicadas e intermediários que compram componentes para helicópteros e aviões de guerra, assim como armas usadas para atacar a população civil. “Os bancos tailandeses podem não ter consciência do aumento significativo das transacções cujos fundos provêm da Junta Militar para material bélico sofisticado usado para atacar civis”, disse. O relator recordou que Singapura conseguiu reduzir drasticamente este tipo de transacções após uma investigação ao sistema bancário local. Após a publicação do relatório da ONU, o Banco Central da Tailândia afirmou que as entidades do país obedecem às leis internacionais sobre lavagem de capitais, apesar de se ter comprometido a investigar em caso de se verificarem irregularidades. Caos instalado Na Birmânia, os grupos armados da oposição têm alcançado “algumas vitórias militares em várias regiões do país”. As Forças de Defesa do Povo Mandalay e a guerrilha Ta’ang, que se opõem à Junta Militar, anunciaram ontem que tomaram uma cidade da província de Mandalay, norte, tendo apreendido 600 armas e munições, além de peças de artilharia. Esta ofensiva faz parte da segunda fase da “operação 1027” lançada no dia 25 de Junho no norte e nordeste do país. Na primeira fase da operação, que teve início em 27 de Outubro de 2023, vários guerrilheiros e milícias capturaram numerosos alvos no Estado de Shan, tendo os combates alastrado posteriormente a outras partes do país. O golpe militar de 2021 pôs fim a dez anos de transição democrática agravando as situações de violência, com milhares de jovens a juntarem-se a grupos armados que lutam contra o Exército.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pequim vai efectuar “exercícios com fogo real” na fronteira As Forças Armadas da China começaram ontem a realizar “exercícios com fogo real” no lado chinês da fronteira com Myanmar, visando testar o estado de alerta das tropas e as capacidades de defesa aérea. O Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular explicou, na terça-feira, num comunicado na rede social chinesa Wechat, que os exercícios se destinam a “avaliar e melhorar” as capacidades das tropas em domínios como vigilância, controlo tridimensional do espaço aéreo, dissuasão e capacidade de resposta a incursões aéreas. “As tropas do Comando do Teatro do Sul estão sempre prontas para lidar com várias emergências e salvaguardar resolutamente a soberania nacional [chinesa] e a estabilidade das fronteiras, bem como a segurança da vida e das propriedades das pessoas”, de acordo com um comunicado. No início do mês, as Forças Armadas chinesas efectuaram exercícios militares do seu lado da fronteira para “testar a mobilidade e a capacidade de ataque conjunto” das tropas. A China e Myanmar partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros e, embora Pequim tenha aumentado a influência no país após o golpe de Estado dos militares que pôs fim a uma década de transição democrática no país, alguns movimentos guerrilheiros na oposição têm uma longa história de aliança étnica, económica e militar com a segunda maior economia do mundo.
Hoje Macau China / ÁsiaMigrações | Tailândia vai receber 100 mil refugiados de Myanmar O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia anunciou ontem que o país está prestes a receber 100 mil refugiados birmaneses na sequência da intensificação dos combates entre o exército e a oposição pelo controlo de uma cidade fronteiriça. A Tailândia partilha uma fronteira de 2.400 quilómetros com Myanmar (antiga Birmânia), um país mergulhado no caos desde 2021, quando uma junta militar tomou o poder através de um golpe de Estado que derrubou o Governo democraticamente eleito. O clima de guerra civil intensificou-se nos últimos meses e as forças que se opõem aos militares avançaram para várias áreas anteriormente pacíficas deste país do Sudeste Asiático. No fim-de-semana, a imprensa local noticiou intensos combates entre o exército birmanês e grupos contrários à junta militar perto da cidade birmanesa de Myawaddy, separada da cidade tailandesa de Mae Sot por um rio. Ao longo da fronteira entre a Tailândia e Myanmar são registados frequentemente combates e dezenas de birmaneses refugiam-se na Tailândia por tempo indeterminado. “Estamos, há algum tempo, em preparação e podemos acomodar temporariamente cerca de 100 mil pessoas na zona de segurança tailandesa”, avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Parnpree Bahiddha-Nukara. Embora não esteja em curso nenhuma “retirada de pessoas em massa”, há muitas já a atravessar a fronteira, referiu o ministro, acrescentando que a fronteira continua aberta e o comércio ainda se efectua entre Mae Sot e Myawaddy. Na terça-feira, o primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, reuniu-se com vários responsáveis do Governo para discutirem a questão da fronteira. “O primeiro-ministro está preocupado com a possibilidade de a situação piorar”, admitiu Parnpree Bahiddha-Nukara.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Mais de 350 chineses repatriados devido a burlas Mais de 350 chineses foram repatriados do Myanmar (antiga Birmânia), no âmbito de uma operação conjunta entre as forças de segurança dos dois países para combater a fraude transfronteiriça, informou ontem a imprensa oficial chinesa. Os suspeitos foram entregues ao país de origem no domingo, em conformidade com os acordos entre as duas nações, enquanto Myanmar vai processar os 455 birmaneses que foram detidos durante a operação, que teve lugar no norte do país. Entre os 352 detidos chineses que foram transferidos de Myanmar através da cidade fronteiriça de Ruili, no sul da China, 51 eram fugitivos procurados pelas autoridades chinesas e 21 são considerados figuras “chave” de uma organização dedicada à fraude. Durante a rusga, as forças de segurança apreenderam material utilizado para cometer os crimes, incluindo computadores, telemóveis e guiões utilizados pelos burlões para enganar as vítimas, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. A cooperação entre as duas nações asiáticas para combater as fraudes cibernéticas não é nova. Em 2023, operações conjuntas levaram à entrega de 10 suspeitos de serem líderes de organizações responsáveis por fraude telefónica. De acordo com um relatório da ONU, pelo menos 120.000 pessoas estão detidas em Myanmar em centros onde são obrigadas a participar em fraudes ‘online’, enquanto no Camboja, o outro epicentro destes crimes, o número é estimado em cerca de 100.000. Nos últimos meses, o Ministério da Segurança Pública da China comunicou o envio de forças de intervenção especializadas para países como a Tailândia, Filipinas e Camboja para participarem em “missões internacionais de aplicação da lei”.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN | Myanmar participa em reunião pela primeira vez desde golpe de Estado Desde o golpe que levou a junta militar ao poder, em 2021, que a antiga Birmânia não tinha qualquer representante na reunião que junta várias das nações mais relevantes do Sudeste Asiático Um representante da junta militar no poder em Myanmar participou ontem numa reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), pela primeira vez desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021. A secretária permanente do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Myanmar, Malar Than Htike, esteve na reunião anual dos ministros dos Negócios Estrangeiros que está a ser realizada na cidade de Luang Prabang, no Laos. De acordo com fotos partilhadas nas redes sociais por um jornalista da televisão de Singapura Channel News Asia, a representante de Myanmar pode ser vista juntamente com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco regional. Desde o golpe de Estado de 2021 que os líderes do regime militar, incluindo o chefe da diplomacia, Zin Mar Aung, e o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, estão excluídos das reuniões de alto nível da ASEAN. A ASEAN só permite que Myanmar se faça representar em reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros por enviados não políticos, algo que a junta tinha recusado nos últimos quatro encontros anuais. Pelo contrário, outros ministros da junta militar, como os da Defesa ou dos Transportes, têm participado regularmente em reuniões do bloco regional. De acordo com analistas, o Laos, que detém a presidência rotativa da ASEAN este ano, mostrou-se mais próximo da junta de Myanmar do que outros países da região. Min Aung Hlaing recebeu a 10 de Janeiro o enviado da ASEAN, Alounkeo Kittikhoun, natural do Laos, em Naypyidaw, a capital construída pela junta militar no interior da selva birmanesa. Os dois dirigentes discutiram os “esforços do Governo para garantir a paz e a estabilidade”, informou o jornal estatal The New Global Light of Myanmar. Sem avanços Até agora, a ASEAN não conseguiu fazer progressos substanciais na resolução do conflito em Myanmar. Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro. O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilha, que o país já vivia há décadas. Uma coligação de grupos armados étnicos lançou uma ofensiva no norte do país em Outubro, tendo conseguido tomar várias posições militares e controlar áreas do estado de Kachin, junto à fronteira com a China. Pelo menos 4.331 pessoas, incluindo activistas pró-democracia e civis, morreram devido à repressão da junta militar, enquanto outras 19.911 foram detidas por razões políticas desde o golpe, segundo dados da organização não-governamental birmanesa Associação para a Assistência de Presos Políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Líder da junta militar no poder recebe enviado da ASEAN A violência que assola o país desde a tomada do poder pela junta militar parece não ter fim à vista. Dirigentes asiáticos continuam a procurar, até agora sem sucesso, soluções que viabilizem a paz na região O líder da junta militar no poder em Myanmar recebeu o enviado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), anunciou ontem a imprensa estatal, numa altura em que o país vive uma espiral de violência. O chefe do Exército, general Min Aung Hlaing, reuniu-se com Alounkeo Kittikhoun, enviado especial da ASEAN, na quarta-feira em Naypyidaw, a capital construída pela junta militar no interior da selva birmanesa. Os dois dirigentes discutiram os “esforços do Governo para garantir a paz e a estabilidade”, informou o jornal estatal The New Global Light of Myanmar. O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilha, que o país já vivia há décadas. Uma coligação de grupos armados étnicos lançou uma ofensiva no norte do país em Outubro, tendo conseguido tomar várias posições militares e controlar áreas do estado de Kachin, junto à fronteira com a China. O encontro de quarta-feira antecedeu a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN, que se realiza no final do mês no Laos, país que este ano detém a presidência da organização. Até agora, a ASEAN não conseguiu fazer progressos substanciais na resolução do conflito em Myanmar. Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro. A junta de Myanmar foi representada por “interlocutores”, de acordo com um comunicado divulgado na altura, uma vez que os líderes do regime militar estão excluídos das reuniões de alto nível da ASEAN. Opiniões variadas Os atritos entre os membros da ASEAN pioraram no ano passado, após a decisão do então Governo tailandês de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da junta, Than Shwe. O Camboja enviou um jovem funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o encontro, enquanto a China, que há muito apoia a junta militar, enviou Deng Xijun, o enviado especial chinês para os assuntos asiáticos. A Indonésia e a Malásia, entre os mais duros críticos da junta militar no seio da ASEAN, protestaram veementemente, e Singapura disse que era prematuro envolver-se com o regime de Myanmar a um nível tão elevado. A activista e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi conselheira de estado de Myanmar de 2016 até 2021, quando foi deposta pelo golpe militar. Suu Kyi está presa desde que os militares assumiram o poder e cumpre atualmente uma pena de 27 anos. Myanmar tornou-se independente do Reino Unido a 4 de Janeiro de 1948, mas desde então tem sofrido conflitos étnicos e esteve sob regime militar durante a maior parte de história recente, entre 1962 e 2011 e desde 2021.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pequim saúda conversações entre militares e minorias As autoridades chinesas mostraram-se satisfeitas com as últimas negociações realizadas entre militares e grupos étnicos minoritários na antiga Birmânia. Pequim volta a disponibilizar-se para ajudar a manter a paz na região O Governo chinês disse ontem que foram alcançados “resultados positivos” em negociações de paz sobre o conflito entre militares do Myanmar e uma aliança de grupos étnicos minoritários no norte do país. “A China está satisfeita por ver as partes em conflito no norte do Myanmar a manter negociações para a paz e a alcançar resultados positivos”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. Pequim está “pronta para continuar a fornecer apoio e assistência para este fim”, acrescentou. “Acreditamos que o desanuviamento da situação no norte do Myanmar é do interesse de todas as partes no país e contribui para manter a tranquilidade e a estabilidade ao longo da fronteira entre a China e o Myanmar”, afirmou. O Myanmar tem mais de uma dúzia de grupos étnicos minoritários armados, alguns dos quais se apoderaram de territórios nas regiões fronteiriças com a China e têm lutado contra o exército desde a independência da Grã-Bretanha, em 1948. Conflito arrefecido No final de Outubro, três grupos lançaram uma ofensiva conjunta no norte do Estado de Shan, capturando cidades e vias comerciais vitais na fronteira com a China. Mais de 250 civis, incluindo crianças, terão morrido desde o lançamento da ofensiva em Outubro, de acordo com relatórios das Nações Unidas, que estimam também que mais de 500.000 pessoas foram deslocadas em todo o país. A junta tem sido abalada por ofensivas coordenadas perto das suas fronteiras com a China, Índia e Tailândia, o que, segundo os analistas, constitui a maior ameaça ao seu regime desde o golpe de Estado que a levou ao poder em 2021. Na semana passada, de acordo com o Global New Light of Myanmar, o ministro dos Negócios Estrangeiros da junta e o vice-secretário do comité do Partido Comunista Chinês para a província de Yunnan reuniram-se em Kunming e discutiram “a paz e a estabilidade nas zonas fronteiriças”.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pequim reforça campanha contra fraudes A China está a intensificar o combate contra fraudes ‘online’ conduzidas por grupos criminosos a partir das zonas fronteiriças do Myanmar (antiga Birmânia), através de operações que incluíram tiroteios e transmissões televisivas de detenções de suspeitos. As fraudes, conduzidas por telefone ou via Internet, geram dezenas de milhares de milhões de dólares de receitas por ano. No Verão, a China anunciou operações conjuntas com países vizinhos que levaram ao resgate de milhares de pessoas, muitas atraídas pela promessa de empregos bem remunerados. Estas pessoas foram mantidas em cativeiro e forçadas a executar esquemas. Em 18 de Novembro, o ministério da Segurança Pública da China anunciou que as autoridades no norte do Myanmar capturaram cerca de 31.000 suspeitos de organizar fraudes. Entre eles, segundo a polícia, 63 eram líderes de diferentes organizações. A Zona Auto-Administrada de Kokang e a Divisão Auto-Administrada de Wa partilham uma fronteira com a China e são fortemente influenciadas pelo gigante asiático. As pessoas que vivem em ambos os locais partilham a língua e a cultura com a China. As pessoas que vivem em Kokang são etnicamente chinesas. A elite política dos Wa, que têm o seu próprio Partido Comunista, tem ligações antigas ao regime chinês. Em meados de Novembro, a polícia chinesa emitiu mandados de captura contra quatro pessoas, todas de apelido Ming, por suspeita de fraude, homicídio e detenção ilegal. A família é uma das mais poderosas de Kokang, com membros no governo e na polícia local. A televisão estatal CCTV mostrou depois imagens da polícia a levar três dos quatro suspeitos para o outro lado da fronteira, na província de Yunnan, sudoeste da China. De acordo com órgãos locais, os esforços renovados para acabar com as redes seguiram-se a um violento tiroteio ocorrido a 20 de Outubro em Kokang, num complexo pertencente à família Ming. Agentes da polícia militar da China morreram durante o tiroteio. Poucos dias antes de os chineses emitirem os mandados de captura contra os Ming, Wei Qingtao, membro de uma outra poderosa família Kokang, foi visto num vídeo que circulou nas redes sociais chinesas a exortar os seus familiares a libertarem as pessoas forçadas a participarem em esquemas fraudulentos. No final de Outubro, a China emitiu mandados de captura para dois homens que ocupavam altos cargos governamentais na divisão de Wa. Um deles era director do ministério da Construção de Wa. O outro era chefe de uma vila. Poucos dias depois, o Partido Comunista de Wa informou que os dois tinham sido expulsos da organização. A polícia de Wa entregou 194 cidadãos chineses às autoridades chinesas em 28 de Novembro, segundo a imprensa estatal de Wa. Crime compensa Nas últimas semanas, Kokang enviou cerca de 26.000 pessoas de volta para a China, disse Yin Masan, chefe do gabinete administrativo de Kokang. A campanha tornou-se um factor no conflito em curso no Myanmar. Em 27 de Outubro, três grupos étnicos armados lançaram uma nova ofensiva contra o exército no norte do Estado de Shan. Designados por Aliança das Três Irmandades, incluem combatentes do Exército Arakan, do Exército da Aliança Democrática Nacional do Myanmar (MNDAA) e do Exército de Libertação Nacional de Ta’ang. O MNDAA declarou que a ofensiva tem dois objectivos: derrotar as forças apoiadas pela junta militar que controlam Kokang e eliminar os grupos criminosos. A ofensiva exerceu pressão sobre o governo de Kokang. “No mínimo, eles perceberam muito bem para que lado o vento soprava na China”, disse Richard Horsey, um conselheiro do International Crisis Group que acompanha o Myanmar. Embora possa ter-se tornado mais difícil executar as fraudes, os grupos ainda podem tirar partido da instabilidade e da corrupção que prevalecem nas zonas fronteiriças. “Tornou-se mais arriscado”, disse Horsey. No entanto, “há um enorme incentivo financeiro para continuar a fazer isto” e “as recompensas continuam a existir”, acrescentou.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim pede fim da violência no Myanmar e protecção da fronteira A China instou ontem as partes envolvidas no conflito armado no norte do Myanmar a “cessarem os combates o mais rapidamente possível” e a resolverem as diferenças “através do diálogo e da paz”. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, apelou às partes beligerantes em conferência de imprensa “para resolverem as suas diferenças pacificamente e evitarem o deteriorar da situação”. Wang apelou à adopção de “medidas eficazes para garantir a segurança e a estabilidade da fronteira” partilhada pelos dois países. Três navios da marinha chinesa chegaram a um porto do Myanmar na segunda-feira para participar em exercícios navais conjuntos, numa altura de crescente insegurança na fronteira entre os dois países, o que suscitou preocupações em Pequim. Wang descreveu a participação dos navios chineses nos exercícios como um “intercâmbio normal entre os dois países”. Em exercício A visita da marinha chinesa ocorre numa altura em que as forças da junta militar do Myanmar combatem grupos insurrectos de minorias étnicas perto da fronteira com a China, o que suscita preocupações em Pequim, que apelou a uma rápida resolução do conflito. Entre sábado e terça-feira, as tropas chinesas realizaram exercícios militares com munições reais no seu lado da fronteira, para que as forças do Exército de Libertação Popular (ELP) estejam “prontas para qualquer emergência”, sublinhou o Comando do Teatro Sul das Forças Armadas chinesas, numa breve declaração no Weibo. A China e o Myanmar partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros e, embora Pequim tenha aumentado a sua influência no país após o golpe de Estado, a relação com o exército é complexa.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim apela a cessar-fogo em Myanmar Pequim apelou no domingo a um cessar-fogo em Myanmar, após uma coligação de grupos armados ter tomado, em Outubro, pontos de passagem na fronteira entre os dois países, informou o jornal do exército chinês. No entanto, de acordo com o PLA Daily, Pequim vai continuar os exercícios de fogo real do lado chinês, para “testar a mobilidade, as capacidades de controlo da fronteira e as capacidades de poder de fogo das unidades militares, para que o Exército Popular de Libertação esteja pronto para qualquer emergência”. Myanmar depende fortemente do comércio com a China, especialmente para a importação de produtos manufacturados e exportação de produtos agrícolas. Os distúrbios na região fronteiriça birmanesa têm sido um constante motivo de irritação para Pequim, que apoiou os líderes militares que tomaram o poder no país do Sudeste Asiático em 2021, substituindo um governo eleito. “A China está muito preocupada com os conflitos em Myanmar e instou todas as partes a cessarem fogo e a iniciarem diálogos pacíficos para evitar que a situação se agrave ainda mais”, lê-se no jornal militar. Entretanto, o exército irá “salvaguardar a segurança da fronteira e proteger as vidas e os bens das pessoas que vivem nas zonas fronteiriças”. Os exercícios de fogo real, que tiveram início no sábado, vão “reforçar o sentido de responsabilidade e a vigilância das tropas” e prolongar-se-ão por vários dias, referiu-se na publicação. O governo de Myanmar reconheceu ter perdido pelo menos três cidades e os combates parecem ter interrompido quase todo o comércio legal com a nação vizinha. Tomada de posse A passagem fronteiriça de Kyin-San-Kyawt, uma das cinco principais entradas comerciais da cidade de Muse, no norte do estado de Shan, foi tomada no sábado. Trata-se do quarto posto fronteiriço conquistado pelas forças da aliança num mês de intensos combates. Grupos armados da resistência contra a junta militar, que reúnem guerrilheiros de minorias étnicas e milícias pró-democracia lançaram a 27 de Outubro a chamada “Operação 1027” no estado de Shan, no norte do país, que faz fronteira com a China. As Nações Unidas estimam que cerca de 82 mil pessoas foram deslocadas à força no Estado de Shan desde Outubro, o que levou as autoridades chinesas a apelar a medidas para alcançar uma maior estabilidade na região. Pelo menos várias centenas terão fugido para a China. As autoridades chinesas indicaram igualmente que cerca de 50 civis foram mortos e centenas ficaram feridos, maioritariamente em ataques da junta militar.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Exercícios militares junto à fronteira O exército da China anunciou “exercícios de treino de combate” que começaram no sábado junto à fronteira com Myanmar, num momento de escalada dos confrontos entre grupos rebeldes e membros da junta militar. Num comunicado, o Comando do Teatro Sul do Exército Popular de Libertação (PLA) referiu que os exercícios procuram “testar a capacidade de manobra, o encerramento de fronteiras e as capacidades de ataque de fogo das tropas”. “As forças do PLA estão sempre preparadas para responder a diversas emergências e estão determinadas a salvaguardar a soberania nacional chinesa, a estabilidade fronteiriça e a segurança das vidas e propriedades dos nossos cidadãos”, acrescentou o exército. Num breve comunicado divulgado através da rede social Weibo – equivalente chinês do X, cujo acesso está bloqueado na China – o PLA não revelou detalhes sobre as datas exactas ou o número de militares que irão participar nos exercícios. O anúncio surge depois de uma caravana de camiões que transportava mercadorias da China se ter incendiado, no que os meios de comunicação estatais, controlados pela junta militar no poder em Myanmar, descreveram como “um ataque dos rebeldes”.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | 30 mil detidos por fraudes telefónicas As autoridades chinesas detiveram mais de 30.000 suspeitos de fraudes por telefone em Myanmar (antiga Birmânia), onde alegadamente grupos criminosos se dedicam a enganar cidadãos chineses, informou o ministério da Segurança Pública da China. De acordo com um comunicado do ministério, a polícia chinesa levou a cabo operações conjuntas com as forças de segurança de Myanmar desde setembro e capturou e extraditou milhares de suspeitos de fraude escondidos no norte do país vizinho. Estas operações desferiram um “duro golpe nas organizações criminosas” que tinham estabelecido bases no norte de Myanmar para tirar partido da regulação pouco rigorosa e do vazio jurídico existente no país. Nos últimos meses, as burlas com origem no norte de Myanmar têm merecido atenção por parte dos órgãos de comunicação e nas redes sociais chinesas. Entre os suspeitos contam-se alguns dos chefes dos grupos que alegadamente utilizavam telemóveis e computadores para fazer chamadas fraudulentas para vítimas na China. Os suspeitos faziam-se passar por funcionários, agentes da polícia ou pessoal médico e exigiam o pagamento de multas, impostos ou despesas médicas, informou o ministério. Na semana passada, a junta militar de Myanmar anunciou a detenção de três importantes líderes de grupos criminosos ligados a fraudes informáticas e outros crimes na cidade de Laukkai, perto da fronteira com a China, que eram procurados por Pequim. Laukkai é conhecida por ter casinos e centros onde alegadas vítimas de tráfico de seres humanos são obrigadas a participar em fraudes por telefone. O ministério da Segurança Pública garantiu que a polícia chinesa vai continuar a “manter uma forte pressão sobre as fraudes telefónicas no estrangeiro” e a “aprofundar a cooperação com Myanmar e outros países vizinhos”, para “erradicar estes crimes” e “proteger os direitos e interesses legítimos dos cidadãos chineses”.
Hoje Macau China / ÁsiaFronteira | China e Myanmar discutem segurança O ministro da Segurança Pública da China abordou ontem com a junta militar do Myanmar (antiga Birmânia) a estabilidade na fronteira entre os dois países, após confrontos entre o exército do Myanmar e grupos étnicos armados. De acordo com a imprensa do Myanmar, Wang Xiaohong abordou com o ministro da Administração Interna, Yar Pyae, “medidas de cooperação em matéria de segurança” para manter a paz ao longo da fronteira. O encontro decorreu em Nepiedó, a capital do Myanmar desde 2005. Segundo as Nações Unidas, mais de 6.000 pessoas terão sido deslocadas em quatro dias devido aos combates no norte do país. Várias centenas terão fugido para a China. Na sexta-feira, uma aliança entre três grupos étnicos lançou uma série de ataques coordenados no Estado de Shan, junto à fronteira com a China e local previsto para a construção de um grande projecto ferroviário financiado por Pequim, no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota. O Exército de Libertação Nacional Taaung (TNLA), o Exército Arakan (AA) e a Aliança Democrática Nacional do Myanmar (MNDAA) anunciaram, entretanto, a tomada de várias posições militares e estradas estratégicas. Os três movimentos envolvidos nos combates representam um total de 15.000 combatentes. Estes movimentos lutam regularmente contra as forças governamentais pela autonomia e pelo controlo dos recursos. Pelo menos dez postos militares na província de Shan foram atacados desde sexta-feira, segundo a junta. China e Birmânia partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros.
Hoje Macau DesportoEmpate com Myanmar na corrida ao Mundial 2026 deixa treinador de Macau orgulhoso O selecionador de futebol de Macau, o luso-angolano Lázaro Oliveira, disse ontem estar “orgulhoso dos jogadores”, após um empate a zero em casa com Myanmar (antiga Birmânia), na qualificação asiática para o Mundial 2026. Na conferência de imprensa após a partida, o treinador defendeu que os jogadores da região administrativa especial chinesa, número 185 do ranking mundial, “estiveram muito bem defensivamente” e que o ataque melhorou na segunda parte. “Tentámos ganhar. Não foi possível vencer, mas era muito importante mudar a imagem da primeira mão”, disse Lázaro Oliveira, referindo-se à derrota por 5-1 na capital birmanesa, Rangum, a 12 de outubro. “Demos o nosso melhor, tentamos sempre lutar por Macau. Hoje acho que merecíamos [a vitória], mas o empate dá uma boa imagem”, disse o central de origem portuguesa Vítor Almeida, também na conferência de imprensa. O selecionador disse que “o primeiro jogo não foi assim tão mau” e lembrou que Myanmar marcou três golos nos últimos dez minutos. “[Até ali] eles tiveram muitas dificuldades em quebrar a nossa organização defensiva”, acrescentou. Lázaro Oliveira admitiu que também no encontro de ontem vários jogadores tiveram “problemas musculares”, porque a eliminatória calhou na pré-época, em que apenas o atual campeão, o Chao Pak Kei, está a treinar, para competir na Taça AFC, o equivalente asiático à Liga Europa. O antigo treinador do Estrela da Amadora recordou que todos os jogadores de Macau são amadores: “Não é fácil, uma equipa que trabalha o dia interior, às vezes não podem treinar devido ao trabalho ou às aulas”. A partida de hoje marcou ainda a despedida do defesa central Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal. “É uma grande perda para a seleção de Macau”, disse Lázaro Oliveira. Com a vitória na eliminatória preliminar, Myanmar qualificou-se para a fase de grupos do apuramento da Ásia para o Mundial2026, onde irá defrontar o Japão, a Síria e a Coreia do Norte, no Grupo B. O selecionador Michael Feichtenbeiner admitiu na conferência de imprensa que Myanmar, número 161 do ranking da FIFA, será à partida a equipa mais fraca do grupo. “Temos muitos jogadores jovens que poderão aprender, por exemplo com o Japão, atualmente uma das melhores equipas do mundo”, acrescentou o alemão. Apesar de admitir que Myanmar, que conta com nove jogadores a atuar no estrangeiro, tem de “ser realista”, o treinador não afastou a possibilidade de “talvez nas partidas em casa criar uma ou duas surpresas”. Feichtenbeiner disse ainda estar surpreendido pelo apoio de mais de uma centena de birmaneses no estádio: “Nunca esperava um tão grande número de adeptos. Foi uma alegria para os jogadores”. De acordo com dados oficiais do Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau, no final de agosto trabalhavam no território quase 3.100 cidadãos de Myanmar sem estatuto de residente.
Hoje Macau China / ÁsiaONU preocupada com falta de apoio aos refugiados no Myanmar O chefe do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) apelou ontem à comunidade internacional para manter o apoio aos refugiados de etnia rohingya de Myanmar, apesar das crises no Médio Oriente e Ucrânia. Filippo Grandi disse em Banguecoque ser necessário mais apoio para ajudar os rohingya e aliviar o fardo dos países que acolhem os refugiados desta etnia minoritária da antiga Birmânia. Falando à margem de uma reunião regional sobre refugiados, Grandi defendeu que o “regresso voluntário e digno a Myanmar” dos rohingya é a solução mais desejável, mas reconheceu haver “muitos desafios que têm de ser ultrapassados”. Admitiu que a assistência humanitária está a tornar-se mais difícil devido à persistência do conflito armado em Myanmar e à redução do financiamento e da ajuda por causa de crises como as do Afeganistão, Ucrânia ou Médio Oriente. Pediu, por isso, “políticas abertas para os países de acolhimento, contribuições para os países doadores e para todos os outros em todo o mundo, e atenção por parte da comunidade internacional”. Mais de um milhão de rohingya fugiram de Myanmar para o Bangladesh ao longo de várias décadas. O número inclui cerca de 740 mil que atravessaram a fronteira a partir de Agosto de 2017, quando os militares birmaneses lançaram uma operação de grande envergadura na sequência de ataques de um grupo de guerrilha. Os Estados Unidos denunciaram em 2022 que a opressão dos rohingya em Myanmar equivalia a genocídio, depois de terem confirmado relatos de atrocidades cometidas contra civis pelos militares numa campanha sistemática contra a minoria étnica. Os rohingya, que são muçulmanos, enfrentam uma discriminação generalizada em Myanmar, de maioria budista, sendo-lhes negada a cidadania e muitos outros direitos. Cadeira do poder Participaram na reunião em Banguecoque delegados do Bangladesh, Reino Unido, Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia e Estados Unidos, bem como representantes de organizações dos rohingya. A junta militar no poder em Myanmar não esteve representada na reunião, segundo a ONU. Myanmar e Bangladesh concordaram com um processo de repatriamento de dois anos em 2018. O processo foi prejudicado pelo agravamento da segurança em Myanmar após a tomada do poder pelo exército em 2021, que desencadeou uma resistência armada generalizada. Grandi disse que as contribuições financeiras para a ajuda aos rohingya diminuíram e que a missão da ONU para este ano “mal tem 40 por cento de financiamento”, uma queda acentuada em relação aos cerca de 60-70 por cento dos anos anteriores. “Algo tem de mudar. Caso contrário, estou realmente preocupado com o futuro dos refugiados rohingya e com a paciência do país de acolhimento para os receber”, acrescentou.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pelo menos 29 mortos em ataque a campo de deslocados As vítimas do ataque no estado de Kachin incluem crianças, segundo os meios de comunicação social e activistas locais. O alegado ataque da junta militar resultou na morte de, pelo menos, 29 pessoas no estado de Kachin, junto à fronteira com a China Pelo menos 29 pessoas, incluindo crianças, foram mortas num ataque a um campo de deslocados no estado de Kachin, no Myanmar, segundo a imprensa e dois activistas locais. O ataque terá acontecido por volta das 23h30 de segunda-feira à em Kachin, o estado mais à norte. Imagens não verificadas nas redes sociais mostram homens a transportar vítimas, incluindo uma criança pequena, dos escombros na escuridão. A Organização Nacional Kachin (KIO), um grupo político que há muito procura uma maior autonomia para a minoria étnica de Kachin, afirmou que 29 pessoas foram mortas e 57 ficaram feridas. Entre elas, 11 crianças com menos de 16 anos. O ataque foi efectuado por artilharia pesada e não por um ataque aéreo, como alguns tinham sugerido anteriormente. As estimativas do número de mortos têm variado. Um activista Kachin baseado em Laiza, que falou sob anonimato, disse anteriormente ao jornal The Guardian que 33 pessoas tinham sido mortas, incluindo 13 crianças. Um bebé de três meses estava entre as vítimas, disse ela. Acrescentou que o número de mortos poderia aumentar ainda mais porque o campo cobria uma grande área e os voluntários ainda estavam a recuperar corpos. As casas dos campos foram construídas nas montanhas, acrescentou, e por isso ficaram enterradas debaixo do solo. “As casas do campo estão muito próximas umas das outras, pelo que a situação está totalmente desorganizada”, disse, acrescentando que o ataque foi apenas o último dos “actos desumanos” dos militares.”Há muitos casos como este. Este não é o único caso”, afirmou. O ataque teve lugar no campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet, a poucos quilómetros de uma base militar gerida pelo Exército da Independência de Kachin (KIA), a ala militar da KIO e um dos muitos grupos que lutam contra a junta militar de Myanmar, que tomou o poder em 2021 Impossível encarar A zona, perto da fronteira com a China, tem sido palco de frequentes confrontos armados nos últimos meses. A ONU alertou para o acesso limitado da ajuda humanitária no estado de Kachin e em muitas outras zonas do país, descrevendo um nível de necessidade terrível. Um segundo activista Kachin baseado em Laiza, que falou com o The Guardian a partir de um hospital que trata os feridos, disse: “Todo o quarteirão do campo desapareceu. É como se um grande buraco tivesse sido deixado na terra e as casas tivessem sido destruídas. A minha casa fica a cerca de seis quilómetros do campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet. Mas a minha casa também estava a tremer. Os tectos e as portas das casas em Laiza desabaram”. Na altura em que deu o seu testemunho, o activista estava no hospital a ajudar os médicos com a logística, mas disse que não conseguia olhar para as vítimas. “Não me posso emocionar porque tenho de continuar a trabalhar”, disse. “Vi três crianças pequenas que perderam as mães. Não me atrevo a olhar para as crianças”. Mistérios da vida O general Zaw Min Tun, porta-voz da junta, negou a responsabilidade dos militares. Disse à televisão controlada pelos militares que a junta tinha analisado o incidente e acreditava que a explosão tinha sido causada por bombas que tinham sido armazenadas pelo KIA. Os militares têm sido frequentemente acusados de atacar sítios civis, incluindo hospitais, escolas, locais religiosos e casas de civis. No ano passado, os militares mataram 60 pessoas, incluindo músicos e crianças, num ataque aéreo que teve como alvo um concerto em Kachin. O ataque ocorreu no mesmo dia em que o embaixador de Myanmar nas Nações Unidas, Kyaw Moe Tun, disse a uma comissão da ONU que, desde o golpe, os militares importaram mais de mil milhões de dólares em armas e matérias-primas para uma “política de terra queimada que assassinou mais de 4.000 civis, incluindo mulheres e crianças, deslocou à força cerca de 2 milhões de pessoas e destruiu ou queimou mais de 75.000 casas”. Kyaw Moe Tun – que se manteve leal ao governo civil e não representa a junta – citou dados de investigadores que indicam que houve uma média de 30 ataques aéreos por mês em Myanmar de Janeiro a Junho deste ano, e instou os Estados-Membros e o Conselho de Segurança a imporem embargos de armas abrangentes contra os militares. Desde que tomaram o poder em Fevereiro de 2021, os militares têm enfrentado a oposição determinada de uma resistência armada, que inclui tanto grupos armados que se formaram após o golpe, como grupos armados maiores e estabelecidos, como o KIA. O KIA ofereceu refúgio a manifestantes, políticos e outras pessoas que fugiam dos abusos militares e treinou combatentes de grupos mais recentes que se opõem ao golpe. O campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet foi criado em 2011, quando o acordo de cessar-fogo entre o KIA e os militares se desmoronou. No entanto, desde o golpe de Estado, o campo tem aumentado à medida que um número crescente de pessoas tem sido deslocado e alberga cerca de 850 pessoas. O conflito obrigou 2 milhões de pessoas a fugir das suas casas, um número sem precedentes no país, segundo a ONU, provocou o aumento da pobreza e o colapso dos serviços de educação e de saúde. Segundo um relatório da ONU publicado no início deste ano, a Rússia e a China são os principais fornecedores de sistemas de armamento avançados aos militares de Myanmar.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Supremo Tribunal recusou recursos de Aung San Suu Kyi O Supremo Tribunal de Myanmar recusou ouvir os recursos especiais da líder deposta do país, Aung San Suu Kyi, contra condenações em seis casos de corrupção em que foi considerada culpada. O somatório de todas as penas a que foi condenada implica que Aung San Suu Kyi fique o resto da vida atrás das grades A ex-líder do Myanmar, Aung San Suu Kyi, viu recusada na sexta-feira a possibilidade do Supremo Tribunal do Myanmar ouvir os recursos que apresentou para refutar as sentenças que a condenaram a 27 anos de prisão na sequência de seis casos de corrupção. Aung San Suu Kyi foi condenada por abusar da autoridade e por aceitar subornos, acrescentou um funcionário judicial. Suu Kyi, de 78 anos, que foi presa quando o exército derrubou o seu Governo eleito em Fevereiro de 2021, está a cumprir penas de prisão que totalizam 27 anos, depois de ter sido condenada por uma série de acusações criminais, na sua maioria apresentadas pelos militares. Os seus apoiantes e analistas independentes afirmam que as acusações, todas elas contestadas por Suu Kyi e pelos seus advogados, são falsas e constituem uma tentativa de a desacreditar e legitimar a tomada do poder pelos militares. Inicialmente, Suu Kyi foi condenada a um total de 33 anos, mas o general Min Aung Hlaing, chefe do governo militar, concedeu-lhe clemência em cinco casos e reduziu a pena em seis anos, no âmbito de uma amnistia mais ampla para mais de 7.000 prisioneiros, por ocasião de um feriado religioso budista em Agosto. O funcionário judicial, que está familiarizado com os processos judiciais de Suu Kyi, disse que os recursos que o tribunal da capital, Naypyitaw, se recusou a ouvir incluíam quatro processos em que Suu Kyi foi condenada por abusar da sua posição para arrendar parcelas de terreno e propriedades em Naypyitaw e Yangon, a maior cidade do país. Os processos alegavam que ela tinha obtido os terrenos a preços inferiores aos do mercado para uma fundação de beneficência a que presidia e que tinha construído uma residência para si própria num dos terrenos com dinheiro doado para a fundação. O funcionário judicial falou sob condição de anonimato porque não está autorizado a divulgar informações. Os advogados de Suu Kyi, que tinham sido uma fonte de informação sobre o processo, foram notificados com ordens para não se pronunciarem no final de 2021. O funcionário judicial acrescentou ainda que os outros casos de recurso estavam relacionados com duas acusações de corrupção em que Suu Kyi foi considerada culpada de receber um total de 550.000 dólares entre 2018 e 2020 de Maung Weik, um magnata que em 2008 foi condenado por tráfico de drogas. Os recursos especiais são normalmente a fase final do processo judicial em Myanmar. Todavia, podem ser reexaminados pelo Tribunal de Recursos Especiais ou pelo Tribunal Plenário se o Presidente do Supremo Tribunal considerar que são do interesse público. Os recursos das condenações de Suu Kyi por acusações que incluem fraude eleitoral, violação da lei dos segredos oficiais e seis outros casos de corrupção ainda estão a ser processados, disseram vários funcionários judiciais. Barreiras intransponíveis A equipa jurídica de Suu Kyi tem enfrentado vários obstáculos, incluindo a impossibilidade de se encontrar com ela para receber instruções enquanto preparam os recursos. Desde a última vez que a viram pessoalmente, em Dezembro, solicitaram, pelo menos cinco vezes, autorização para se encontrarem com Suu Kyi, mas não obtiveram qualquer resposta, informaram os funcionários judiciais. Em Setembro, houve relatos de que Suu Kyi estava a sofrer de sintomas de tensão arterial baixa, incluindo tonturas e perda de apetite, mas que lhe tinha sido negado tratamento em instalações qualificadas fora do sistema prisional. Os relatos não puderam ser confirmados de forma independente, mas Kim Aris, o filho mais novo de Suu Kyi, disse em entrevistas que tinha ouvido dizer que a sua mãe estava extremamente doente e que sofria de problemas nas gengivas e não conseguia comer. Aris, que vive em Inglaterra, apelou para que o governo militar de Myanmar fosse pressionado a libertar a mãe e outros presos políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN | Economia e Myanmar dominam cimeira em Jacarta A situação económica no Sudeste Asiático e a crise em Myanmar vão marcar a 43.a cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), no início de Setembro, em Jacarta, onde estarão representantes de 22 países. Mais de 60 reuniões estão previstas para os três dias da cimeira, antecipando-se a aprovação de um conjunto de documentos, alguns dos quais relativos ao que a ministra dos Negócios Estrangeiros indonésia, Retno Marsudi, considerou serem os “grandes desafios” regionais. Além de questões como a economia, o ambiente e crescente integração regional, os líderes dos países-membros da ASEAN, incluindo Timor-Leste como observador e representado pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, vão analisar ainda a situação em Myanmar. A junta militar, no poder em Myanmar desde 2021, não será, mais uma vez, autorizada a participar nos encontros de líderes. Além dos líderes da ASEAN e dos representantes de nove organismos internacionais, vão estar em Jacarta responsáveis dos parceiros da organização regional, nomeadamente Coreia do Sul, Japão, Índia, China, Austrália, Canadá, Rússia e Estados Unidos. Os responsáveis de vários organismos internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a ONU, representada pelo secretário-geral António Guterres, também participam no encontro. O Presidente da Indonésia, Joko Widodo, vai liderar pelo menos 12 reuniões alargadas, incluindo cimeiras com a China, a Coreia do Sul, o Japão, os Estados Unidos, o Canadá, além de participar em vários encontros bilaterais. No último dia da cimeira, estão previstos encontros da ASEAN com os parceiros externos, Índia, Austrália, ONU e membros da cimeira da Ásia Oriental. Olhos focados Mais de mil jornalistas de quase 250 órgãos de comunicação social acompanham os encontros de Jacarta. No quadro dos preparativos para a cimeira, as autoridades indonésias anunciaram um conjunto de iniciativas para combater a poluição atmosférica, que recentemente se tornou particularmente grave na capital. Ensino à distância e trabalho remoto para funcionários públicos, são algumas das medidas tomadas para tentar reduzir a poluição e, ao mesmo tempo, as pressões do intenso trânsito em Jacarta.
Hoje Macau China / ÁsiaJunta militar de Myanmar remodela Governo após extensão do estado de emergência A junta militar no poder em Myanmar (antiga Birmânia) anunciou na quarta-feira à noite a substituição de cinco ministros, dois dias após prolongar o estado de emergência por seis meses, adiando as eleições previstas para este mês. Num comunicado, a junta confirmou as saídas dos ministros responsáveis pelas tutelas de Religião, Eletricidade, Energia, Trabalho e Justiça, assim como do presidente da Comissão Anticorrupção e do presidente da Comissão de Direitos Humanos. A junta militar referiu que os ministros da Eletricidade e da Religião abandonaram os cargos por motivos de saúde, mas não deu explicações sobre a saída dos restantes dirigentes nem identificou os substitutos. Um dos dirigentes exonerados, o ministro da Energia, U Myo Myint Oo, foi sancionado pelos EUA no início do ano por estar por trás da gestão de atividades relacionadas com a produção e exportação de gás e petróleo, principal fonte de divisas da junta militar. O anúncio surgiu dois dias depois de a junta ter prolongado o estado de emergência por seis meses, adiando teoricamente as eleições que estavam previstas para agosto. O estado de emergência, que deveria expirar no final de julho, “será prorrogado por mais seis meses a partir de 01 de agosto de 2023”, declarou na segunda-feira o Presidente interino, Myint Swe, ao Conselho de Defesa. O líder da junta, Min Aung Hlaing, justificou a decisão com combates e ataques em curso nas regiões de Sagaing (noroeste), Magway e Bago (centro), e Tanintharyi (sul). Myanmar tem sido palco de um violento conflito civil que já causou quase 3.900 mortos e centenas de milhares de deslocados desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021, de acordo com a Associação de Assistência a Presos Políticos, uma organização não-governamental birmanesa. A Constituição em vigor no país do Sudeste Asiático prevê que os atos eleitorais só possam realizar-se num prazo de seis meses após o levantamento do estado de emergência. Na terça-feira, a junta militar anunciou um perdão parcial para a antiga líder democrática de Myanmar, Aung San Suu Kyi, no âmbito de uma amnistia para mais de sete mil prisioneiros, por ocasião de um dos principais festivais budistas. A amnistia anulou cinco das 19 condenações contra Aung San Suu Kyi, reduzindo em seis anos a pena total de 33 anos de prisão aplicada à ativista. A junta militar perdoou ainda dois dos oito crimes pelos quais tinha sido condenado Win Myint, que liderava o país na altura do golpe de Estado de fevereiro de 2021, o que representa uma redução de quatro anos na pena total de 12 anos de prisão. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou na terça-feira “à libertação imediata da conselheira de Estado, Aung San Suu Kyi, do Presidente, Win Myint, e de todos os detidos arbitrariamente em Myanmar, e ao fim da violência e repressão e ao respeito pelos direitos humanos”.
Hoje Macau China / ÁsiaExigida libertação “imediata” de Aung San Suu Kyi O autodenominado Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês), que reclama a autoridade legítima em Myanmar (antiga Birmânia), pediu ontem a libertação “incondicional e imediata” de Aung San Suu Kyi e de todos os presos políticos. Num texto publicado nas redes sociais, o presidente do NUG, Duwa Lash, pediu a libertação de todos os presos políticos, exortando a Junta Militar, que governa o país, a “responsabilizar-se pelo bem-estar” dos reclusos. O regime militar no poder reduziu ontem seis anos ao total de 33 anos de prisão a que foi condenada a antiga governante Aung San Suu Kyi, detida desde o golpe de Estado de 01 de Fevereiro de 2021. De acordo com uma nota da Junta Militar, foram anuladas cinco das 19 condenações contra Suu Kyi, pelo que é improvável a libertação da líder política de 78 anos de idade. O NUG, que exerce actividades na clandestinidade, constituiu-se inicialmente por ex-deputados que tinham sido eleitos nas legislativas de Novembro de 2020 e que deram a vitória à Liga Nacional para a Democracia (LND), força política de Suu Kyi, que não chegou a tomar posse. Apesar de ter assumido o compromisso de realizar eleições, após o golpe de Estado, o regime militar tem vindo a impor periodicamente o estado de emergência no país, adiando o processo eleitoral. O estado de emergência foi prolongado mais uma vez, na segunda-feira, por um período de seis meses. Os militares afirmam que a decisão sobre a imposição do estado de emergência é provocada pelos “actos de terror” levados a cabo pelas Forças Populares de Defesa (PDF), formadas por jovens oposicionistas sem experiência militar. As PDF são apontadas como o braço armado do Governo de Unidade Nacional que é dissidente da Liga Nacional para a Democracia de Aung San Suu Kyi que, entre outros aspectos, não concorda com o uso de armas no combate contra o exército. Fontes do Governo de Unidade Nacional disseram à agência de notícias espanhola EFE que a eventual aproximação da Junta Militar a Aung San Suu Kyi “pode ter como objectivo dinamitar a oposição” que está a preparar manifestações contra o alargamento do estado de emergência. Estado de guerra Aung San Suu Kyi, filha do líder da independência do país, esteve 15 anos em prisão domiciliária, na residência particular em Rangum, durante o anterior regime militar que se prolongou até 2011. O golpe de Estado de 2021 derrubou o executivo que era liderado “de facto” por Suu Kyi e mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica marcada por confrontos armados. As Nações Unidas têm condenado com veemência o regime militar que provocou uma crise de deslocados internos e refugiados, a prisão arbitrária de oposicionistas e um clima de estado de guerra, sobretudo nas zonas mais remotas do país. Por outro lado, o apoio internacional a Aung San Suu Kyi diminuiu durante o massacre da minoria muçulmana rohingya pelos militares. Em 2019, perante o Tribunal Penal Internacional, Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz, não condenou o massacre dos rohingya pelo exército de Myanmar.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Pedida nova abordagem internacional para crise birmanesa Desde a chegada ao poder da junta militar que o número de mortes de civis não pára de aumentar no Myanmar. A ONU, através do seu relator para os direitos humanos, pede à comunidade internacional que mude a sua atitude face aos acontecimentos na antiga Birmânia. O relator especial da ONU para os direitos humanos em Myanmar, Tom Andrews, apelou quarta-feira à comunidade internacional para que reveja a abordagem ineficaz com que tem lidado com a crise na antiga Birmânia. Desde o golpe que derrubou o governo democrático de Aung San Suu Kyi, em 2021, mais de 3.600 civis foram mortos pela junta militar no poder, de acordo com um grupo local que acompanha a crise. Os dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês), da qual Myanmar faz parte, não conseguiram resolver a crise. Também não se registaram progressos na aplicação de um plano de paz de cinco pontos que a junta militar birmanesa aceitou há dois anos. Andrews apelou para uma nova abordagem sob a liderança da ASEAN, cuja presidência rotativa é exercida atualmente pela Indonésia. “Penso que esta crise em Myanmar atingiu um ponto de inflexão importante e que chegou o momento de a comunidade internacional rever a abordagem à crise”, disse Andrews numa conferência de imprensa na capital indonésia, Jacarta. Andrews considerou que a actual abordagem adoptada pela comunidade internacional e pela ASEAN “simplesmente não está a funcionar”. “É imperativo mudar de rumo. Esta mudança exigirá visão e liderança, e creio que a Indonésia está bem posicionada para a fornecer”, afirmou o relator especial da ONU, citado pela agência francesa AFP. Divisões asiáticas A ASEAN tem estado dividida quanto à questão birmanesa, com a Tailândia a defender conversações com a junta militar. A Tailândia convidou o ministro dos Negócios Estrangeiros birmanês, Than Shwe, para uma reunião ministerial informal da ASEAN em Banguecoque, na segunda-feira. A Indonésia e a Malásia, que estão entre os maiores críticos da junta no seio do bloco regional, boicotaram a reunião, e Singapura considerou ser prematuro retomar o diálogo com Myanmar. A junta militar birmanesa tem sido excluída das reuniões de alto nível da ASEAN devido à recusa em aplicar o plano de paz proposto pela organização. Os combates entre o exército e os grupos rebeldes em Myanmar provocam periodicamente a fuga de milhares de pessoas através da fronteira com a Tailândia. De acordo com a ONU, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas devido à violência e 16 mil foram presas desde que os militares assumiram o poder. O golpe militar pôs fim a uma década de transição democrática e mergulhou o país numa espiral de violência e num estado de semi-anarquia. Com cerca de 54 milhões de habitantes, a antiga Birmânia tornou-se independente do Reino Unido em 1948. A última cimeira da ASEAN, realizada em Maio, terminou sem quaisquer progressos significativos sobre a questão birmanesa. Além de Myanmar, Indonésia, Tailândia, Malásia e Singapura, a ASEAN integra Brunei, Camboja, Filipinas, Laos e Vietname. A Associação das Nações do Sudeste Asiático foi fundada em 1967.
Hoje Macau China / Ásia MancheteDelegação da UE em Myanmar pede libertação de trabalhadores que pediram aumentos A delegação da União Europeia (UE) em Myanmar (antiga Birmânia) apelou ontem à “libertação imediata” dos trabalhadores de uma fábrica que produz para a Zara e que foram alvo de detenções e despedimentos por exigirem aumentos salariais. “Estamos preocupados com as detenções e o bem-estar de uma série de trabalhadores industriais e sindicalistas por causa de um conflito laboral na fábrica Hosheng Myanmar, na semana passada”, lê-se num comunicado da delegação da UE. A nota refere-se à detenção de um dirigente sindical, Ma Thu Thu San, e ao despedimento de seis colegas, a 14 de Junho, por terem exigido aumentos salariais à direcção da fábrica, disse à agência de notícias EFE um porta-voz da organização birmanesa de defesa dos direitos dos trabalhadores Action Labor Rights. O jornal independente birmanês The Irrawaddy noticiou no sábado a detenção de quatro outros trabalhadores na mesma fábrica têxtil, gerida pela Hosheng (Myanmar) Garment Co. na cidade de Shwe Pyi Thar, nos arredores de Rangum, que produz para a Zara. Na semana passada, o jornal The Irrawaddy noticiara que os trabalhadores exigiam à direcção da fábrica um aumento do subsídio diário de 4.800 kyats para 5.600 kyats (de cerca de dois euros para 2,5 euros). No comunicado, a UE apelou ao “fim das detenções das pessoas que exercem pacificamente o seu direito à liberdade de expressão e de associação”. De saída A empresa espanhola Inditex, proprietária da Zara, disse em comunicado enviado à EFE na sexta-feira que tinha “bloqueado a possibilidade” de trabalhar com a fábrica e garantiu que “está a trabalhar numa saída gradual e responsável de Myanmar”. “Os acontecimentos ocorridos nesta fábrica nos últimos dias representam uma grave violação do nosso código de conduta para fabricantes e fornecedores”, afirmou. Desde o golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2021 em Myanmar, várias multinacionais abandonaram parcial ou totalmente o país, incluindo algumas do sector têxtil, como a empresa japonesa Fast Retailing, proprietária da cadeia de moda Uniqlo, que anunciou em Março que vai parar a produção de vestuário GU, outra das suas marcas, naquele país. Outras empresas que tomaram decisões semelhantes incluem a multinacional suíça Nestlé, que este ano encerrou a linha de produção em Myanmar, e a empresa petrolífera norte-americana Chevron, que em Fevereiro vendeu a participação num projecto de gás natural. O golpe de Estado mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica, e abriu uma espiral de violência com novas milícias que intensificaram o conflito armado que o país vive há décadas.
Hoje Macau China / Ásia MancheteTailândia | Reunião para discutir crise em Myanmar que inclui junta militar A convocatória com pouco tempo de antecedência gerou mal-estar entre alguns países do sudeste asiático, que criticaram ainda a presença de um representante dos militares no poder na antiga Birmânia A Tailândia realizou ontem uma reunião informal para discutir a crise política em Myanmar, que inclui representantes da junta militar birmanesa. A reunião teve como objectivo “apoiar os esforços da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático] para resolver a situação em Myanmar”, antiga Birmânia, onde se vive uma profunda crise desde o golpe militar de Fevereiro de 2021. A reunião foi organizada com pouca antecedência e causou mal-estar entre países parceiros da região, como Indonésia e Malásia. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Don Pramudwinai, é o anfitrião do encontro, que junta representantes do Brunei, Camboja, China, Índia, Laos e Vietname, além de um representante da junta militar birmanesa. A organização da reunião gerou críticas de países vizinhos, que se opõem à participação dos militares birmaneses em qualquer discussão sobre a crise política em Myanmar. A Indonésia e a Malásia expressaram preocupação com a reunião, pois acreditam que a presença do representante da junta militar possa legitimar o golpe e prejudicar os esforços para restaurar a democracia em Myanmar. A Tailândia, que está sob um governo provisório após as eleições de Maio, que deu a vitória à oposição, diz que a reunião apela ao “diálogo” como forma de “procurar soluções pacíficas” no Myanmar, país com o qual partilha uma fronteira. “A Tailândia quer ver uma cessação da violência que acabará por conduzir à paz e à estabilidade em Myanmar”, sustenta-se no comunicado, no qual se sublinha ainda que o encontro não corresponde a uma reunião formal do bloco do Sudeste Asiático, onde o representante estrangeiro da junta militar birmanesa está impedido de participar. Pontos de discórdia No entanto, a estratégia da Tailândia, que tem o seu próprio enviado especial em Myanmar e que já anteriormente insistiu em conversações com os representantes da junta, colide com a posição de outros países da ASEAN, como Singapura, Malásia e Indonésia, que se mostram relutantes em dialogar com os militares. Em cartas, tanto a Indonésia como a Malásia rejeitaram o convite da Tailândia e observaram que é importante apoiar a actual política da ASEAN em relação à crise birmanesa, que inclui o veto dos membros da junta militar birmanesa às reuniões de alto nível do bloco. Por seu lado, o Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês) de Myanmar, composto por políticos e activistas, que se afirma como a autoridade legítima do país após a revolta, condenou a iniciativa de Banguecoque. “Convidar a junta ilegítima para esta discussão não contribuirá para a resolução da crise política de Myanmar”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do NUG num comunicado, no sábado. O golpe militar, que derrubou o Governo eleito de Aung San Suu Kyi e pôs fim a uma década de transição democrática, conduziu a uma espiral de violência com novas milícias civis, que acabou por intensificar os conflitos armados que duram há décadas no país. Mais de 3.650 pessoas morreram em consequência da repressão das forças de segurança, que mataram a tiro manifestantes pacíficos e desarmados, segundo dados da organização não-governamental birmanesa Associação de Assistência aos Presos Políticos.