Hoje Macau SociedadeJogo | Casinos com quebras de 16,3% em Março [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos fecharam Março com receitas de 17.981 milhões de patacas, uma queda de 16,3% face ao mesmo mês do ano passado, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. Segundo dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos acumulados, os casinos registaram, nos primeiros três meses do ano, receitas de 56.176 milhões de patacas, menos 13,3%. Março, que apresenta o pior desempenho de 2016, marca um regresso às quedas a dois dígitos, depois de em Fevereiro as receitas dos casinos de Macau terem recuado apenas 0,1%. Em Janeiro, a queda havia sido de 21,4% em comparação com o mesmo mês de 2015. As receitas do jogo estão em queda desde Junho de 2014, com Março a ser o 22.º mês consecutivo de quedas homólogas. Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, devido à diminuição das receitas do jogo, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999, ano da transição de administração do território de Portugal para a China. A queda das receitas dos casinos tem sido associada à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado de Macau os grandes apostadores chineses. Contra a dependência A 9 de Março, o Executivo revelou que entregou ao Governo Central um relatório com vista à diversificação da economia da região, de forma a torná-la menos dependente do jogo. “O Governo da RAEM considera que a promoção do desenvolvimento adequado e diversificado da economia é uma opção incontornável no desenvolvimento sustentável de Macau”, lê-se num comunicado oficial divulgado na altura. O documento entregue em Pequim destaca, segundo o mesmo comunicado, “o aprofundamento da cooperação regional”, “o apoio e o estímulo ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas” e “o aceleramento” do desenvolvimento de Macau como “Um Centro, Uma Plataforma”. “Com vista a acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia, o Governo da RAEM apresentou, também, ao Governo central, algumas políticas em relação às quais espera obter apoio”, lê-se no comunicado, que não dava mais detalhes. A receita pública de Macau caiu o ano passado 34,3% face a 2014, a primeira diminuição em pelo menos cinco anos, de acordo com os dados oficiais disponíveis. Ainda assim, Macau fechou o ano com superavit e espera que o mesmo aconteça em 2016. LUSA/HM
Flora Fong SociedadeDore | Cerca de 40 lesados receberam dinheiro Ainda faltam alguns, mas pelo menos 40 dos investidores na sala VIP da Dore já receberam o dinheiro que lá meteram [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa de junkets Dore já devolveu algum do dinheiro investido na sala VIP do casino Wynn a mais de 40 investidores, anunciou ontem o porta-voz dos lesados. No entanto, cerca de 60 dos investidores ainda não conseguiram recuperar todo o dinheiro que puseram, que ascende aos 700 entre 800 milhões de dólares de Hong Kong. Esta foi a primeira vez que a Dore afirmou ter devolvido dinheiro aos investidores, desde que aconteceu o caso de desvio de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista, em Setembro do ano passado. No dia de ontem, cerca de 40 dos lesados reuniram-se com dois advogados representantes da empresa de junkets na Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), onde o director, Paulo Chan, presidiu à reunião. Ip Kim Fong, porta-voz dos investidores, referiu, depois da reunião, que os advogados da Dore revelaram que a empresa resolveu problemas com mais 40 investidores antes do Ano Novo Chinês. No entanto, Ip Kim Fong assegura que, entre o grupo dos lesados ontem presente, apenas um deles conseguiu recuperar um investimento de 300 mil dólares de Hong Kong, sendo que os outros 60 investidores ainda não receberam qualquer novidade da parte da Dore. O porta-voz defende que todo o dinheiro investido tem de ser recebido. No entanto, da parte da Dore, não é possível apresentar um calendário para a resolução do problema. A empresa diz que vai devolvendo o dinheiro “consoante a situação financeira”. Segundo o mesmo porta-voz, os advogados da Dore deixaram contactos para que os lesados possam contactar a empresa. Ip considera que o Governo “até está mais activo” em ajudar a resolver os problemas e diz que o director da DICJ está mais “preocupado com o assunto”, tanto que até falou com os advogados da Dore. Paulo Chan, que foi recentemente nomeado como director da DICJ, diz que o caso da Dore afectou “em muito a indústria de Jogo de Macau”. Paulo Chan espera, por isso, que esta situação se resolva “perfeitamente” e o mais rápido possível.
Flora Fong Manchete Política1º Maio | Protesto testa capacidade da Forefront of Macau Gaming O grupo Forefront of Macau Gaming, que representa os interesses dos croupiers, está numa fase descendente. Sem uma sede própria e com a crise no Jogo, o grupo diz que vai “testar” a sua capacidade de luta nas próximas manifestações do Dia do Trabalhador [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s líderes saem, a sede fecha portas, a crise no sector do Jogo traz uma sensação de medo. Tem sido assim o panorama para os lados da Forefront of the Macau Gaming. Ao HM, Lei Kuok Keong, vice-director da Associação, garantiu que os protestos do Dia do Trabalhador, marcados para o 1º de Maio, irão servir para “testar” a capacidade da Associação vingar no campo da luta por melhores direitos na classe de croupiers. “Vamos tentar mobilizar os trabalhadores do Jogo para que participem na manifestação do 1º de Maio deste ano, vamos ver se a nossa capacidade enquanto movimento de trabalhadores vai ser afectada pela queda da economia. Nas manifestações anteriores tínhamos cerca de mil participantes, mas se tivermos menos de mil pessoas nas ruas, achamos que esse impacto é grande”, disse Lei Kuok Keong. O representante não tem dúvidas de que a queda das receitas do Jogo afectou o espírito dos trabalhadores dos casinos, os quais ficaram preocupados com a manutenção dos seus postos de trabalho. “Parece-me que as operadoras de Jogo vão cortar mais na mão-de-obra. Na verdade as seis operadoras já não estão a contratar mais trabalhadores para as mesas de jogo”, frisou. Sem sede Outra das dificuldades que o grupo Forefront of the Macau Gaming está a enfrentar prende-se com a falta de uma sede própria. A que tinham terá que ser abandonada no final deste mês devido à renda elevada. “A renda era mais de quatro mil patacas por mês. Para nós este montante é difícil de suportar. Depois de considerarmos todos decidimos não continuar a arrendar a loja”, disse Lei Kuok Keong. O sublíder do grupo afirmou ao HM que a sede tem sempre uma natureza temporária e que serviu para colocar os materiais de manifestação, tais como altifalantes e cartazes de protesto. O grupo tentou arrendar uma loja num dos complexos de habitação pública, com uma renda mais baixa, mas a resposta do Instituto da Habitação (IH) foi negativa. Lei Kuok Keong lamenta o facto, mas disse que vão tentar encontrar outro local para desenvolverem as suas actividades. No ano de 2014 o grupo teve uma forte presença na sociedade, quando organizou várias manifestações em prol dos direitos dos croupiers. Contudo, a saída de dois líderes, Cloee Chao e Ieong Man Teng, afectou os trabalhos do grupo. A saída da sede, junto às Portas do Cerco, foi o culminar de uma fase descendente. Lei Kuok Keong espera que os trabalhadores continuem a dar apoio às actividades do grupo Forefront of the Macau Gaming e garante que há condições para voltar às ruas. Isto porque apenas a Sands China e a Galaxy garantiram aumentos salariais para este ano.
Flora Fong Manchete PolíticaChan Chak Mo, deputado e director-geral do Grupo Future Bright Como empresário, Chan Chak Mo admite que a existência de uma Lei Sindical não ajuda em nada. O deputado diz não ter “coragem” para falar sobre essa lei, uma vez que tem negócios, e considera que esta não vai melhorar as relações laborais porque “os trabalhadores podem fazer greve a qualquer hora”. Chan Chak Mo admite que talvez esteja na hora de deixar o lugar para os mais novos por ter um pensamento “conservador” Estava envolvido no projecto do parque temático da Hello Kitty no Cotai, em conjunto com a Sociedade de Jogos de Macau. O lote foi um dos 16 que escaparam à declaração de caducidade. O projecto tem algum avanço? Já não estou envolvido em nada neste projecto, não sou responsável por ele, portanto não sei nada sobre o lote. Desde quando? Se calhar consideraram que já não tinha condições para cooperar com eles, ou outras pessoas apresentaram ideias melhores do que as minhas. Não assinámos contrato e eu apenas pensava em ajudar. Agora, a SJM é que se responsabiliza pelo projecto, tem de perguntar à Angela Leong (directora-executiva da empresa). A concessão de terrenos tem sido uma questão polémica e existem conflitos entre os concessionários e o Governo, como por exemplo no caso do Pearl Horizon. Como avalia a situação? A Lei de Terras precisa de ser revista? Nesse caso não posso dizer quem está correcto, ou errado. Cada caso é diferente. Quanto à recuperação de terrenos não aproveitados, o Governo deve fazer isso de acordo com a lei. Eu acho que a Lei de Terras não permite que as pessoas aproveitam lacunas: quando o período de lotes expira e a licença de habitação ainda não foi emitida, devem ser recuperados. Mas é inevitável que os casos vão a tribunal, porque tanto os concessionários como o Governo consideram que são quem está correcto. Então, aí, deixa-se os tribunais tomar uma decisão e depois ainda há a hipótese de apresentar recurso. Em todos os lados do mundo existe esta situação, mas vale a pena pensar se as pessoas de Macau vão cada vez mais a tribunal e se acumulam cada vez mais casos. Mas existem deputados que pedem a revisão da Lei de Terras com o objectivo de implementar um período de transição para os terrenos não desenvolvidos conforme os seus contratos. Se se permitir essa flexibilidade, deve ser por causa do interesse público. A definição de interesse público é muito abrangente, mas o que será isso? [A construção de] um edifício habitacional? Claro que não, nem é o Pearl Horizon. Penso que o interesse público tem que ser a construção de pontes, estradas, escolas, hospitais. A actual Lei de Terras exige isso porque antigamente as pessoas consideravam que o Governo mostrava demasiada flexibilidade nas concessões de lotes e suspeitava-se da eventual troca de interesses. Hoje em dia já demos esse passo, porque é que andaríamos para trás? Foi nomeado recentemente um dos membros do Conselho de Renovação Urbana. Existem opiniões que suspeitam da composição desse grupo porque muitos são do imobiliário, comercial e de construção. Qual é a sua opinião? Pelo que sei, os membros foram convidados em nome de associações e não individualmente, só que a lista foi publicada com os nomes dos representantes, incluindo os operários, moradores, os sectores imobiliário, económico, jurídico, cultural e de construção. Mas como é que se tem uma proporção apropriada? Não sei criticar, mas penso que os membros já são profissionais experientes que podem contribuir com ideias. Não me parece que os membros sejam apenas desses sectores [de que fala] e que possam controlar os trabalhos do Governo. [No Conselho] falamos de todo o planeamento urbano, não detalhadamente de cada terreno ou de cada concessão de obra. Não estou a ver como é que o que estamos a fazer vá beneficiar especialmente um sector ou um indivíduo no futuro. O Governo apenas recolhe as opiniões, tira conclusões e gera consenso entre todos. [quote_box_left]“Se existir a Lei Sindical isso não significa que as relações laborais possam ser melhores, porque os sindicatos podem fazer greve a qualquer hora. Consegue imaginar? Basta um casino estar a fazer greve, como é? Pode assustar os investidores estrangeiros”[/quote_box_left] Mas a renovação urbana está ligada ao reordenamento dos bairros antigos. Estão a ouvir opiniões de moradores destes bairros? O reordenamento dos bairros antigos deverá ser o trabalho prioritário do Conselho e precisamos de fazer um projecto piloto. Mas não é fácil, porque a lei [da Renovação Urbana] tem que avançar primeiro. A antiga proposta de Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos foi discutida na 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), a que presido, apontamos problemas e chamamos o Governo a retirar a proposta, em 2013. Havia grandes vários problemas: a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, a Lei de Planeamento Urbanístico e a nova Lei de Terras estavam em discussão ao mesmo tempo. Achávamos que o facto dessas leis ainda não terem sido aprovadas [na altura] não iria permitir que a Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos poderia ser aprovada. Como é que podia ser? Além disso, a definição de “bairros antigos” dependia apenas da idade de edifícios, mas há edifícios ficam nas zonas de protecção do património cultural, como se lidava com isso? E mais: o papel do Governo era muito passivo. Agora, as três leis já entraram em vigor. É hora de legislar o reordenamento dos bairros antigos novamente? Em princípio deve ser sim, mas depende do ângulo do Governo. Porque a lei deve avançar primeiro e depois o Conselho da Renovação Urbana deve apresentar sugestões ao Governo. Uma das propostas de lei que a 2.ª Comissão Permanente da AL está a analisar é o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Mas não há novidades desde o final do ano passado. Como está a situação? Na realidade, esta lei não é difícil, mas a Comissão está a analisar muitas informações, tal como a influência da proibição total de tabaco em casinos na economia de Macau. Como as receitas de Jogo diminuíram mais de 30% no ano passado, se não se mantiverem as salas de fumo, o impacto será grande. Duas associações do sector pediram para reunir-se connosco. A Comissão acha que existem pontos muito irracionais e o não permitir manter salas de fumo nas lojas onde se vendem charutos [é um deles]. Um representante de vendedores queixou-se de que é impossível aos clientes não provar [o charuto] antes de comprar e estas lojas podem vir a ser fechadas com a aprovação do Regime [que vai proibir salas de fumo]. Há ainda vários pontos que vamos apresentar ao Governo, depois de sintetizarmos todas as opiniões. Na verdade, manter as salas de fumo nesse tipo de lojas não afecta os outros. Mas o Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tem defendido insistentemente a proibição total do tabaco. Sendo o presidente da Comissão, como lida com a divergência de opiniões? O Governo diz sempre que tem uma atitude aberta. Nós só podemos recolher informações e sintetizar as opiniões para as entregar ao Governo. A decisão política está do lado dele. Quando é que prevê que a análise desta proposta de lei esteja concluído? Espero que antes de acabar esta sessão legislatura, em Agosto. Sobre a Lei Sindical. A proposta foi reprovada pela sétima vez em Janeiro deste ano. O deputado também votou contra. Argumentou na altura que não estamos a ser pressionados pelo Governo Central para a criação desta lei, nem a violar a Lei Básica. Mas na realidade, a China tem uma Lei Sindical. Não considera que o sistema jurídico de Macau está muito atrás de outros? Não tenho coragem de falar nisso porque sou empresário. Mas considero que agora os sindicatos podem fazer muitas coisas: são associações legais e recebem muitas queixas. Sendo empresário, a Lei Sindical não traz vantagens para a economia, mas traz muitas vantagens para os sindicatos, sobretudo porque lhes dá direito de negociação colectiva e de fazer greve sem os trabalhadores serem despedidos. Mas uma coisa: será verdade que existem muitos conflitos laborais e que os trabalhadores estão a ser demasiado explorados? Não estou a ver isso, porque a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) existe totalmente para apoiar os trabalhadores e está a funcionar muito bem. Mas existem trabalhadores que se preocupam sobre as repercussões junto dos empregadores caso se manifestem ou participem em actividades. Isso depende de um bom mecanismo. Agora se despedimos um trabalhador local e queremos pedir um trabalhador não residente (TNR), a DSAL pede que a gente explique as razões e pode chegar a enviar-nos cartas de alerta. Se não temos boas razões [para despedir o trabalhador] não somos autorizados a pedir mais TNR. Mas se existir a Lei Sindical isso não significa que as relações laborais possam ser melhores, porque os sindicatos podem fazer greve a qualquer hora. Consegue imaginar? Basta um casino estar a fazer greve, como é? Pode assustar os investidores estrangeiros de fora de Macau. O próximo ano vai ser de eleições para os deputados da AL. Vai continuar no lugar? [Depende] da minha idade, da saúde, da família, do tempo, dos negócios e das minhas contribuições. Se considerar que ainda sou útil, continuo a ser deputado. Mas existem muitas considerações, porque “as regras do jogo” para os deputados indirectos podem ser diferentes no próximo ano. Até agora ainda não tomei uma decisão, mas acredito que, com a minha idade, tenho pensamentos mais conservadores e, se calhar, devem ser os mais novos a avançar. Concorda que existam mais deputados eleitos directamente na AL? É o futuro, mas depende da Lei Básica. Agora permite a existência de deputados nomeados, indirectos e eleitos e vamos fazer [as eleições] de acordo com a lei. Mas obviamente, se o Governo quiser, pode ser mais um, dois, três ou cada vez mais eleitos directamente. Além de ser deputado é empresário. Como vê o caso de corrupção do ex-procurador Ho Chio Meng, que envolve mais dois empresários locais? O deputado Pereira Coutinho considera que é apenas a ponta do iceberg. Concorda com isso? Tudo é possível. Nunca se deve dizer nunca. Mas é preciso a investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Não sei se envolverá mais pessoas. A queda das receitas de Jogo está menos grave, sendo que em Fevereiro apenas diminuiu 0,1% em termos anuais. Como está o seu negócio nas áreas de Restauração e Bebidas e de lembranças? Normalmente, depois do Ano Novo Chinês, os negócios ficam mais fracos durante vários meses. Todos os anos é assim, mas este ano está horrível. Como a taxa de ocupação de hotéis está apenas a 60%, nos meus restaurantes, por exemplo dentro dos casinos, os negócios caíram 20%. Parece-me que a queda menor das receitas de Jogo não ajuda o seu sector, porque este ano o movimento de pessoas está a ser menor na mesma. O mercado vai tornar-se mais positivo ou continuará a cair este ano? Penso que este ano vai ser bem difícil. Como já disse, é preciso permitir que mais turistas de outras cidades [da China] venham visitar Macau com vistos individuais, sobretudo as que estão mais longe porque isso é bom para toda a economia de Macau. O número de excursionistas caiu muito, mais de 10%, mas também não me parece que as excursões nos ajudem muito, basta olhar para as “excursões a custo zero” que apenas fazem compras e visitas [em locais específicos]. Considero que o que se pode fazer mais é no mercado das Convenções e Exposições, que tem visitantes de alto consumo, que precisam de ficar em hotéis e fazem muitas refeições quando participam nessas convenções. No mês passado, confirmou ao Jornal Tribuna de Macau que a sua empresa aceitou o pedido de baixar o valor da renda da Casa Amarela onde fica agora a loja Forever 21, por “não querer perder o negócio”. A renda mensal é de 2,4 milhões de patacas, o nível já baixou? Quanto tempo vai durar esse preço mais baixo? Estamos ainda a negociar, não posso dizer agora qual o valor. Mas prevejo que vá [descer] entre 10% a 20%. Vou ver como está a economia de Macau. O contrato de arrendamento tem um período de sete a oito anos, mas o nível de renda pode ser ajustado uma vez por ano.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSegurança | Crimes ligados aos casinos voltam a aumentar Os crimes de agiotagem e sequestro relacionados com o Jogo voltaram a aumentar em 2015, bem como o número de residentes da China envolvidos em delitos no território [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos continuam a ocupar um lugar negativo ao nível da segurança. Dados apresentados ontem pela Polícia Judiciária (PJ) relativos a 2015 mostram que aumentaram o número de crimes de agiotagem e sequestro ligados aos casinos, um acréscimo que tem vindo a verificar-se desde 2013. Enquanto isso, há cada vez mais residentes da China envolvidos em crimes praticados no território, a maior parte deles também ligados ao sector do Jogo. A PJ estima que o aumento dos casos relacionados com o Jogo foi de 38%, especificamente “todos os crimes ocorridos dentro dos casinos”. “Registou-se uma subida notável dos casos de sequestro resultante de agiotagem para o Jogo”, apontaram ontem os responsáveis. O ano passado ocorreram 366 casos, face aos 65 detectados em 2014. No total, os crimes de Jogo passaram de 3023 em 2014 para 3658 no ano passado. Apesar disso, as autoridades garantem que fora dos casinos a segurança da população mantém-se. “A maior parte destes casos foi resolvida por iniciativa da PJ e muitos deles aconteceram dentro dos casinos, o que demonstra que este tipo de crime não afectou a segurança fora dos casinos”, apontou Chau Wai Kuong, director da PJ. No ano passado um total de 1737 pessoas envolvidas em crimes de Jogo foram apresentadas ao Ministério Público (MP), sendo que 966 destes casos estão ligados à agiotagem. Mais estrangeiros A par deste aumento, a PJ verificou ainda um aumento do número de estrangeiros a praticar crimes em Macau. Os números mostram que estas pessoas vêm sobretudo da China continental: em 2014, foram 4621 os residentes do continente envolvidos em crimes. O ano passado este número subiu para 5560. Mais 26,6% destes suspeitos foram apresentados ao MP, enquanto que foi registado um aumento de 28,2% no número de pessoas vindas do continente que foram mesmo detidas. “A maior parte é residente da China e está envolvido em crimes de Jogo e de burla por via de estações emissoras simultâneas. Precisamos da cooperação com as autoridades da China para resolvermos estes casos com a maior brevidade”, disse Chau Wai Kuong. O director da PJ garantiu que as burlas de incitamento ao jogo online, prática ilegal em Macau, continuam a ocorrer com frequência. “Este tipo de crimes acontece com frequência junto aos postos transfronteiriços e as estações emissoras simultâneas estão localizadas em edifícios altos. As pessoas aproveitam as trocas de rede para emitirem mensagens de telemóvel sobre o jogo online. Há casos de residentes da China que transportam estes equipamentos nas mochilas. Isto afecta a imagem de Macau”, rematou Chau Wai Kuong. PJ quer recrutar mais agentes para Investigação O director da PJ, Chau Wai Kuong, admitiu ontem que são necessários mais agentes na área da investigação não só para responder ao aumento dos crimes de Jogo mas também do número de visitantes. Dos actuais 700 agentes, a PJ pretende atingir a fasquia dos 900, sendo que este ano deverão ser abertos dois concursos públicos de recrutamento. “A PJ como órgão de execução da lei notou as mudanças no sector do Jogo. Houve um aumento do número de casos e aumentámos o número de pessoal nos trabalhos de fiscalização e reforçámos os trabalhos de investigação. Iremos destacar mais pessoal para o posto transfronteiriço Flor de Lótus para reforçar as nossas acções no Cotai. Temos uma relação íntima com os seguranças dos casinos que nos informam imediatamente dos casos. Neste momento temos 700 investigadores mas queremos chegar aos 900”, disse o director da PJ. A falta de recursos humanos continua a ser uma realidade. “Em relação aos crimes nos casinos vamos aumentar mais pessoal na área da investigação para combater estes crimes. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) já disse que este ano teremos pouco mais do que 30 milhões de turistas e muitos deles vêm da China continental. Claro que não teremos pessoal suficiente para tantos visitantes e precisamos de recrutar mais agentes que trabalhem durante 24 horas”, rematou Chau Wai Kuong. Pedida revisão da lei informática O director da PJ, Chau Wai Kuong, voltou a referir que é necessária uma revisão à Lei de Combate à Criminalidade Informática, implementada em 2009. Tudo devido à ocorrência frequente de burlas na área do jogo online praticadas por residentes da China. “Estamos em contacto com a polícia de Zhuhai para saber se há mais equipamentos disponíveis que podem ajudar nessa matéria. Estamos a pensar fazer uma revisão da lei da segurança informática para ver se podemos fazer algo sobre isto. As pessoas que cometem este crime talvez não sejam residentes de Macau e podem pertencer a associações criminosas. Estamos a propor aos nossos superiores para darem mais opiniões nessa área, para que haja algum efeito. Nos casos graves queremos que as penas sejam mais graves”, disse Chau Wai Kuong aos jornalistas à margem do encontro anual com a imprensa. Não foi avançado um possível calendário para a revisão da lei. A.S.S. Consumo e tráfico de estupefacientes diminuiu Apesar de estar em marcha um aumento das penas ao nível do consumo de droga, a verdade é que o ano de 2015 registou uma quebra tanto ao nível do consumo como do tráfico. Os dados apresentados ontem pela PJ revelam que o houve apenas 85 casos de tráfico em 2015, uma queda de 17,5% face a 2014. A PJ destacou um caso resolvido em Dezembro, com a apreensão de 9,3 quilos de cocaína no valor de 25 milhões de patacas, bem como quatro outros casos detectados no Aeroporto Internacional de Macau. Apesar disso, o tráfico oriundo de Hong Kong tem sido uma realidade cada vez mais visível. “É de salientar que os crimes de tráfico de droga que envolvem residentes de Hong Kong têm vindo a aumentar em 2015, por isso a PJ irá estreitar os contactos com a polícia de Hong Kong”, apontou Chau Wai Kuong, director. A cocaína, heroína e metanfetamina foram as drogas mais apreendidas. Quanto ao consumo, registaram-se 50 casos em 2015, face aos 114 casos de 2014. Ainda assim, a PJ admitiu que “os crimes ligados a estupefacientes são praticados de forma muito encoberta, por isso a PJ irá continuar a deslocar-se no seio da comunidade e a efectuar acções de prevenção criminal. Ao mesmo tempo será melhorada a preparação do trabalho de investigação criminal e os equipamentos que ajudam na detecção de droga”. Mais investigações e mais suspeitos no MP O ano de 2015 trouxe à PJ mais 5,3% de processos para investigação, num total de 110.305 casos. Enquanto isso, foram encaminhadas para o Ministério Público (MP) 343 casos, mais 30,7% face ao ano de 2014. Tendo o ano fechado com apenas um homicídio, verificou-se uma estabilidade no número de crimes informáticos, que continuaram a ser de 600. Já as burlas diminuíram 13,8%.
Flora Fong SociedadeJogo | Recebidos quase três mil pedidos de ajuda [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s serviços de linha aberta e de aconselhamento online de Jogo registaram quase três mil pedidos de ajuda ou consultas, sendo que mais de metade dos pedidos foram apresentados por trabalhadores do sector de Jogo, escreveu o jornal Ou Mun. O Coordenador dos Serviços Sociais, Sheng Kung Hui, apresentou esta quarta-feira os dados, que revelam que, desde a criação do serviço de 24 horas até Julho do ano passado, foram feitos 2911 pedidos de ajuda, sendo que 64% dizem respeito a residentes de Macau. Outros 55% dos pedidos referem-se a jovens e adultos que consultaram os serviços de aconselhamento e apoio emocional, enquanto que 53% dos pedidos foram feitos por funcionários do sector do Jogo. Os dados mostram ainda que os requerentes com menos de 30 anos preferem pedir ajuda através da internet, enquanto que os que têm mais de 40 anos optaram pela linha aberta. No que toca à situação financeira, 86% dos requerentes contraíram dívidas, 29% fez dívidas de 50 mil patacas ou de valor inferior, enquanto que 17% endividou-se em mais de cem mil patacas. O chefe assistente do gabinete, Ng Wai Ip, disse que os serviços conseguem dar aconselhamento e apoio a pessoas que pensam estar viciadas no jogo e conseguem ainda utilizar as redes sociais para contactar os viciados e familiares que não querem dar a cara. “O vício do Jogo está ligado à vontade de ganhar dinheiro, ou também porque [os jogadores] sentem que têm um trabalho aborrecido. O vício está também ligado às más relações familiares, preferindo os requerentes jogar no casino para aliviar a pressão”, disse Ng Wai Ip. Mais materiais pedagógicos A Casa dos Trabalhadores dos Indústria de Jogo de Macau lançou na quarta-feira um livro com materiais pedagógicos ligados ao Jogo Responsável. Segundo o jornal Ou Mun, o responsável pela Casa, Pak Kin Pong, referiu que nos últimos anos tem ocorrido a questão preocupante da perda de controlo de Jogo por parte dos trabalhadores do sector, tendo dado como exemplo a ocorrência de crimes para o pagamento de dívidas de Jogo. Pak Kin Pong espera que, através do livro, os trabalhadores saibam mais sobre conceito de Jogo Responsável, diminuindo o risco do vício e aumentando o número de pedidos de ajuda.
Joana Freitas Manchete SociedadeJogo | IUOE pede que se investigue ligações de empresários a lojas de penhores [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]União Internacional dos Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE) enviou uma carta a Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), onde pede que o organismo investigue joalharias e lojas de penhores que poderão estar, diz, ligadas à transferência de capitais de forma ilegal. Na carta, assinada pelo responsável da União, Jeffrey Fiedler, diz que a investigação ainda está no início. “Como parte da nossa investigação aprofundada da indústria de Jogo de Macau, começámos sistematicamente a identificar casos onde indivíduos ligados a empresas de jogo, sejam casinos ou promotores, têm interesses adicionais em joalharias e lojas de penhores”, começa por apontar a carta. “Partilhamos convosco o que encontrámos inicialmente, num caso de serviço público para ajudá-los a implementar as leis locais e internacionais no que ao controlo transfronteiriço de dinheiro diz respeito.” A IUOE – que investiga o mercado do Jogo em Macau por ser accionista da Wynn e alegar ter interesse em que tudo corra conforme a lei – faz um sumário de 47 empresas que “têm joalharias ou lojas de penhores no nome e que incluem ou um accionista ou um director com ligações à indústria”. Estas relações, diz, estão todas documentadas. A lista, escrita pela IUOE e enviada ao HM, inclui nomes bem conhecidos, como o do deputado Chan Meng Kam, também responsável do hotel Golden Dragon, a quem a União atribui “pelo menos três joalharias”, Chan Mng Pak, promotor de jogo, Ng Lap Seng, empresário de Macau e membro do Conselho Executivo detido nos EUA por alegada corrupção, e Ho Yen Bing, doo do junket Kimren, que esteve envolvido num caso de desvio de fundos de uma sala VIP. Laços dourados “Os resultados das nossas investigações incluem pelo menos 30 casos onde os donos de joalharias ou lojas de penhores têm laços com promotores de jogo”, explica ainda a IUOE, que assegura querer, inicialmente, apenas cruzar os nomes de quem faz parte da indústria do jogo e das lojas de luxo ou de penhores. “Mas suspeitamos que as nossas descobertas sejam apenas uma gota num oceano de relações bem mais complexas entre as duas indústrias”, ataca a IUOE. A União disse ter começado mais esta investigação depois de ter dado conta que há indícios, segundo “diversas notícias”, de que se identificam as lojas de penhores e as joalharias como locais-chave para a transferência transfronteiriça de dinheiro, já que o limite é de 20 mil yuan. “A Forbes escrevia em 2014 uma história onde os jogadores diziam usar diferentes métodos para conseguir ultrapassar as restrições, nomeadamente através das lojas de penhores, onde os clientes usam o cartão de crédito para comprar um relógio e imediatamente o vendem de volta com um desconto de 10% a 15%”, explica a IUOE, que acrescenta que há ainda notícias que dão conta que muitos dos jogadores usam estes métodos sem sequer comprarem produtos. O HM tentou perceber junto da AMCM se esta recebeu a carta e se vai fazer algum tipo de investigação, mas não foi possível obter resposta devido ao feriado.
Hoje Macau SociedadeJogo | Casinos das regiões vizinhas não são concorrência, diz estudo Os casinos que existem ou que vão nascer nas regiões próximas a Macau não representam concorrência para o território pelo menos até 2019. A conclusão é de um estudo da UBS, que indica contudo que a RAEM já está a perder alguns apostadores [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos terão pouca concorrência a nível do mercado de massas até 2019 nas regiões vizinhas, mas já começaram a perder os grandes apostadores chineses para outros territórios, indica um estudo da UBS Securities Asia. O documento, divulgado na segunda-feira e citado ontem pelo portal especializado em jogo GGRASIA, tem por base um inquérito a 510 apostadores do mercado de massas oriundos do interior da China – os resultados indicam que os jogadores manifestaram pouco interesse em visitar os casinos noutras partes da Ásia-Pacífico. “Pensamos que é improvável que outros casinos da Ásia consigam competir com Macau pelo mercado de massas [do interior da China] até 2019, quando surgirem produtos de qualidade e com massa crítica em mercados como a Coreia [do Sul]”, escreveu a UBS. A empresa acrescenta que, apesar da reduzida intenção de os apostadores do mercado de massas se deslocarem a outros casinos da Ásia-Pacífico, “o interesse nos casinos de Las Vegas parece elevado”. O inquérito foi conduzido em Outubro. Os inquiridos gastaram em média 12 mil yuan a jogar por cada viagem a Macau. O montante foi medido pelo volume de dinheiro gasto na aquisição de fichas de jogo. Em média, os inquiridos visitaram a cidade 2,3 vezes por ano e foram a 1,8 casinos em cada visita. Excluindo os espaços de jogo em Macau, metade dos inquiridos conseguiu enumerar um país com casino (30%) ou um casino específico na Ásia (20%). Apenas 10% disseram que tinham ido a um casino noutra região da Ásia-Pacífico, com a Malásia, Coreia do Sul e Singapura a surgirem como os destinos mais populares. “Contudo, acreditamos que a competição [regional] para [aceder aos jogadores chineses] do mercado VIP já começou e vai continuar”, refere a UBS em relação aos grandes apostadores, que têm um peso importante nas receitas dos casinos de Macau. “Estimamos que a quota regional de Macau do mercado VIP baixou de 84% em 2011 para 76% em 2015. Esperamos que a quota desça ainda mais para 66% em 2019”, acrescentou. Segundo a UBS, “isto é parcialmente motivado por maiores incentivos dados aos junkets para procurarem comissões noutros destinos de jogo além de Macau”, devido aos impostos mais elevados sobre as receitas praticados em Macau, comparativamente a outros destinos com casinos. Tabaco malfeitor O estudo da UBS indica ainda que o aumento das restrições ao fumo nos casinos de Macau, nomeadamente a proibição de áreas para fumadores nas zonas destinadas ao mercado de massas, poderia resultar na diminuição do número de visitas a Macau por parte dos apostadores chineses. Questionados sobre se a proibição total de fumar iria afectar a sua decisão de visitar Macau, 3% dos inquiridos disse que iria deixar de visitar a região e 6% afirmou que diminuiria o número de visitas ao território. Um total de 21% disse que a proibição total de fumar iria ter um pequeno impacto no tempo gasto a jogar em Macau, enquanto outros 6% disseram que iriam passar a visitar a região com mais frequência. Um estudo da consultora KPMG divulgado no mês passado indica que a proibição total de fumar nos casinos de Macau poderia conduzir à queda de 16% no PIB da cidade. Este estudo foi encomendado pelas seis concessionárias de jogo de Macau. Lusa/HM
Leonor Sá Machado SociedadeJogo | Está melhor do que acções demonstram, garante Grant Bowie O director-executivo da MGM desvaloriza a flutuação de acções na Bolsa de Valores e diz que, não só a operadora que dirige, mas todas são fortes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da MGM China assegurou há dois dias que os casinos locais estão em melhor forma do que aparentam as acções. Os valores da empresa na Bolsa têm descido significativamente desde há 18 meses e a flutuação dos valores nas passadas semanas tem provocado uma onda de preocupação na classe dos analistas e correctores, que prevêem já um futuro menos risonho para a indústria do território, mas Bowie mostra-se tranquilo. “Se todos os nossos negócios [da MGM] valem mais do que actualmente as nossas acções? Sem dúvida”, disse, numa entrevista exclusiva à revista asiática World Gaming Group (WGG). O presidente do grupo acrescentou ainda que todas as empresas pertencentes à MGM “são extremamente fortes” e mostrou-se confiante na prosperidade da operadora. “As nossas acções cresceram de forma acelerada devido ao elevado nível de liquidez de especulação, mas o pêndulo anda de um lado para o outro e estamos também a sofrer com a outra face da moeda”, continuou. Esta descida generalizada na bolsa fez com que alguns accionistas vissem uma queda até 75% quando comparando com os recordes alcançados há dois anos. Na mesma entrevista, Bowie mostra-se confiante de que as acções voltem a ver valores elevados uma vez que o mercado do Jogo estabilize. “É óbvio que gostávamos de ver as nossas acções atingir os níveis de outros tempos, mas a dificuldade está no facto do valor do negócio não representar necessariamente o valor das acções. O último representa a percepção global de confiança e, para nós, o desafio tem sido ultrapassar o embate que a confiança levou. Isto porque não parece existir uma estrutura clara que dite se somos parte do futuro de Macau ou do seu passado”, concluiu Grant Bowie na conversa com a revista. O CEO deixa, contudo, uma mensagem clara: “A minha opinião é que somos parte do futuro, sem qualquer sombra de dúvida”. Uma piscina atulhada De acordo com a WGG, Bowie acredita que as acções vão voltar ao normal depois dos mercados voltarem a confiar na indústria do Jogo e de quando “tiverem a noção daquilo que o futuro traz”. Houve ainda espaço para Bowie lançar algumas críticas à mentalidade local, afirmando que há demasiadas caras e ouvidos virados para uma percentagem diminuta de mercados. “Penso que recentemente foram 32 os analistas que se focaram apenas em seis bolsas de valores, o que mostra uma concentração brutal de analistas num mercado relativamente pequeno”, disse. O presidente da MGM defende que os comentários dos analistas não deviam focar-se apenas em Macau e diz acreditar que, embora a MGM seja ainda “uma história de sucesso”, o número de analistas tem aumentado devido à sede de diferentes perspectivas. “Somos a história de sucesso e vamos ser sempre, mas há agora uma sobre-análise porque toda a gente está a tentar criar a sua própria perspectiva”, criticou. Alguns, acrescenta, são mais “precisos” do que outros e os “mais temperamentais” são, diz, mais ponderados. Já os mais jovens são mais impulsivos e “dizem o que querem”. “Penso que chegará a vez de cada um de nós para ajudarmos a repor a confiança no mercado. Uma vez feito, as acções voltarão ao normal porque as operadoras em Macau são todas fundamentalmente fortes”, colmatou Bowie.
Hoje Macau SociedadeJogo | Académicos pedem prudência em apertar fiscalização aos junkets [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]crise que afecta os promotores de jogo em Macau pode ser uma oportunidade para reformas, maior transparência e maior regulação, mas fontes do sector ouvidas pela Lusa recomendam “pinças” na hora de abordar “tão importante” dossiê. “Os junkets atingiram um patamar em que precisam de algum tipo de reforma, mas são demasiado importantes para que a maneira de o fazer seja decidida num período muito curto de tempo”, afirmou Carlos Siu, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, autor de vários artigos sobre os promotores de jogo. Apesar da diminuição do peso do segmento VIP nas receitas dos casinos de Macau, os junkets, que angariam grandes apostadores, ainda contribuem para cerca de 60% daquelas receitas. Estes têm-se visto afectados por golpes de confiança infligidos por desfalques em salas VIP dos casinos, crescentes restrições aos movimentos de capital da China e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que afastou grandes apostadores do território. “Não devemos tomar acções drásticas para regular os junkets. Existem há décadas [e o sistema] não pode ser mudado do dia para a noite. Não é bom. As regulamentações não foram efectivamente implementadas há anos e se, de repente, são muito restritas, imaginem quantos podem transitar de um estádio para outro”, questionou o académico, recomendando prudência. Chan Chak Mo, deputado à Assembleia Legislativa de Macau e antigo promotor de jogo, também constata que a reputação das salas VIP tem sido beliscada, apontando que os recentes casos de desfalques deixaram “mais alerta” Governo e particulares que investiam sem estarem familiarizados com os riscos. O Executivo, em especial, “precisa de se sentar e olhar para tudo para ver o que deve fazer em termos de regulação”, sublinhou. “Há diferentes formas de melhorar a situação e a mais importante prende-se com a transparência e a informação prestada pelo junket”, defendeu Hoffman Ma, vice-presidente do grupo Success Universe, com interesse no sector VIP e para quem o novo paradigma “é algo a que [os promotores de jogo] se têm de adaptar”. “A ideia dos junkets é a de que ser mais transparente implica fazer menos dinheiro (…), mas fazer menos negócio não significa não fazer um negócio lucrativo. Pode haver outras políticas do Governo para reforçar o controlo da supervisão, mas também para subsidiar o potencial risco”, argumentou. Vida difícil Após o caso de desvio de fundos da Dore, em Setembro, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau revelou que vai rever a legislação e as condições de acesso e de exercício de actividade de promoção de jogo. No mês seguinte, emitiu uma instrução que visa apertar a fiscalização das contas dos promotores de jogo a partir de 2016. O promotor de jogo não foi inventado em Macau. No Nevada (EUA), o primeiro junket data do início da década de 1960, quando um accionista do Flamingo Casino Hotel tratou de fazer chegar a Las Vegas um ‘charter’ carregado de amigos abastados. Hoje, a ideia do promotor de jogo existe noutras jurisdições, dos EUA à Ásia, mas não nos contornos de Macau, onde a imagem que existe é a de que se não operam à margem da lei, operam na zona cinzenta. O terreno em que se movimentam é, aliás, frequentemente apontado como potencialmente fértil à lavagem de dinheiro, nomeadamente pelo Departamento de Estado norte-americano. Têm três principais funções: arranjar clientes, facilitar-lhes crédito e, por fim, cumprir a tarefa de o cobrar, na China. Ao seu serviço têm uma vasta rede de colaboradores que vão directamente à fonte, do outro lado da fronteira, em busca de endinheirados predispostos a tentar a sorte em Macau. Como o promotor de jogo precisa de enormes volumes de liquidez, e obter um empréstimo do banco não é fácil, oferece diferentes modalidades de investimento a terceiros, até sem qualquer interesse relacionado com o jogo, como uma participação no capital da empresa ou simplesmente um elevado retorno sobre o “depósito”, podendo a taxa de juro chegar aos 30% ao ano, segundo fontes ouvidas pela Lusa. A origem dos junkets em Macau remonta à década de 1980, quando a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau tinha o monopólio do sector no território e Stanley Ho decidiu entregar salas VIP a terceiros, que tentavam identificar potenciais clientes através de vastas redes de contactos. Esta terá sido a forma encontrada pelo magnata para lidar com “determinados interesses ligados ao submundo, que tentam associar-se ao jogo”, pois “ao atribuir a diferentes grupos um papel na angariação de clientes e ao remunerá-los manteve todos satisfeitos”, de acordo com fontes da indústria. Os angariadores de grandes apostadores elevaram Macau a capital mundial do jogo, ao fazer rolar milhões nas salas VIP dos casinos. Continuam a ser “ases”, mas – em face da actual conjuntura – arriscam deixar de ser de trunfo. Carlos Siu não tem dúvidas: “Apenas os mais fortes podem sobreviver”. E alguns estão já a desaparecer: da lista de “promotores de jogo” em Macau, publicada pelo regulador, constam este ano 183 (empresas ou particulares), que servem salas VIP de 35 casinos. Em 2014, eram 235 e em 2013 totalizavam 216. Tony Tong, consultor na Pacific Financial Services que, no passado, participou na actividade como investidor, nota que o actual cenário também se agudizou porque “houve agressivas aprovações” de crédito aos jogadores VIP, “muitas empresas cresceram rapidamente e agora têm vindo a sofrer”. “O negócio tinha de encolher”, realçou Hoffman Ma. LUSA/HM Dore continua a ser investigada As autoridades continuam a investigar há dois meses o caso Dore, de desvio de fundos num operador de salas VIP, com o montante envolvido nas queixas a ascender, até 3 de Novembro, a 540 milhões de dólares de Hong Kong, segundo dados facultados à Lusa pela Polícia Judiciária (PJ), que indicou que o valor global inclui ainda o reportado pela própria Dore, mas sem o especificar. A maioria das queixas foi apresentada por residentes de Macau, estando a PJ a “tomar diligências no âmbito dos crimes de burla, abuso de confiança e de cheque sem provisão”.
Joana Freitas BrevesManuel Neves deixa Inspecção e Coordenação de Jogos [dropcap]O[/dropcap] director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Manuel Neves, vai deixar o cargo no final de Novembro, segundo avançou ontem a TDM, a quem o próprio confirmou a notícia. “A minha comissão de serviço termina no próximo dia 25 de Novembro”, esclareceu. Com 56 anos e depois de mais de três décadas ao serviço da Administração Pública, Manuel Neves entende estar na hora de fazer uma paragem para se “dedicar mais à família e ao lazer do que ao trabalho”. Natural de Macau, Manuel Neves é licenciado em Administração Pública e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa. A entrada na Administração Pública aconteceu em 1984, como professor na então Escola Comercial, explica a TDM. No ano seguinte, fez a transição para a DICJ onde exerceu várias cargos. Desempenhou funções de chefe de divisão e de departamento, sendo depois promovido a subdirector e, em 1997, a director.
Joana Freitas SociedadeJogo | Governo responde a Steve Wynn [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo emitiu um comunicado onde frisa ter tido um encontro com uma operadora de Jogo para reiterar que não há alterações nas políticas referentes ao jogo, nomeadamente na questão das mesas. No documento, onde o Executivo não menciona o nome da Wynn, mas apresenta uma foto com representantes da operadora. “O Governo mantém-se [quanto] às políticas já definidas e apoiadas por parte da sociedade e das operadoras envolvidas relativamente às áreas do jogo e do trabalho locais, afirmando que nunca as mesmas podem ser alteradas de forma leviana”, começa por dizer o Executivo, “lamentando as opiniões reveladas em relação a essa matéria”. Steve Wynn criticou, na semana passada, o Governo, dizendo mesmo que “em 45 anos de ligação ao negócio dos casinos, nunca viu nada como aquilo que está acontecer em Macau” . Wynn considerou “irracional” a introdução por parte das autoridades de limites às mesas de jogo em novos resorts no território e que as operadoras só saibam quantas mesas poderão criar poucas semanas antes de abrirem os novos casinos. O magnata e outros representantes de operadoras já tinham tecido anteriormente críticas ao assunto, desvalorizando a convicção do Governo em não autorizar mesas. Agora, o Governo vem dizer que a atribuição de mesas de jogo e de importação de trabalhadores não residentes “constitui um poder executivo legal” do Executivo. “Quanto aos pedidos para aumentar mesas de jogo, o Governo vai continuar a cumprir o princípio de a taxa média anual ser não superior aos 3% em relação ao crescimento do número de mesas de jogo nos próximos dez anos contados a partir de 2013”, escreve em comunicado, acrescentando ainda que “torna a exigir ao sector, especialmente à operadora [Wynn], a necessidade de conhecer [as leis] claramente e cumpri-las de forma integral”.
Hoje Macau Manchete SociedadeJogo | Junkets em conversações com Governo para criação de código de Ética [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á operadoras de junkets locais em conversações com o Governo para a criação de um código de Ética, de acordo com o jornal Sunday Morning Post. O periódico da RAEHK dá conta de uma fonte que aponta para uma reorganização deste sector de trabalho. “Está a haver uma espécie de revolução e os junkets estão a reorganizar-se. Sabem que precisam de alterar a sua imagem, porque actualmente, há muita desconfiança quando se fala deste sector”, afirma a referida fonte. Este clima de “desconfiança” surgiu com o escândalo Dore, em que a alegada funcionária de salas junket do Wynn fugiu com depósitos de clientes no valor de mais 400 milhões de Hong Kong dólares. O presidente da Associação de Promotores de Jogo, Kwok Chi Chung, que esteve presente em reuniões com o Secretário para a Economia e Finanças e representantes da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, disse que ainda nada está concluído, estando-se agora a aguardar uma resposta do Governo. “Estamos à espera que o Executivo decida quando vai organizar a próxima reunião”, disse Kwok ao diário de Hong Kong. Durante os encontros passados, o sector dos promotores de Jogo defendia a necessidade de alterar a regulamentação sob a qual exercem a sua actividade, incluindo a criação de um código de Ética. “Esperamos poder fazer parte da equipa de redacção da nova lei para poder explicar ao Governo quais as dificuldades sentidas pelos junkets, para que a legislação permita um crescimento saudável do nosso sector”, adiantou Kwok. Além disso, disse concordar com a revisão da lei, de forma a tornar “o sistema mais transparente” e tornar o trabalho de toda a indústria mais claro para a população. A revisão das normas que regulamentam a actividade dos junkets foi anunciada pela DICJ no passado mês de Setembro, aquando do escândalo Dore. A partir dessa altura tem-se discutido os trâmites sobre os quais a alteração legislativa vai decorrer. Também Fernando Vitória, que recentemente publicou o livro “Lei de Jogos de Azar em Macau”, concorda com a existência de um Código de Ética para estes profissionais. “Há, certamente, uma necessidade de criar normas mais actualizadas, incluindo a redacção de um código de Ética para os junkets”, disse Vitória durante a cerimónia de lançamento da sua obra. “O Governo poderia participar nesta redacção, estabelecendo algumas normas ao sector”, acrescentou.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeJogo | Grupo Neptuno pondera abandonar Macau O Grupo Neptuno anunciou, num recente relatório, a sua intenção de abandonar o mercado VIP de Macau caso as receitas continuem a descer drasticamente. A culpa, dizem, é da campanha anti-corrupção da China e da desvalorização do yuan [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Grupo Neptuno, que detém várias salas VIP em casinos do território, está a ponderar abandonar o mercado local devido à queda de lucros anuais. A intenção já tinha sido referida anteriormente, mas agora foi feita num anúncio à Bolsa de Hong Kong. “O Grupo pode optar por não prolongar a sua presença na indústria VIP do Jogo em Macau se a situação não melhorar nos próximos anos (…). A administração enfrenta preocupações graves ao tentar manter um cash flow saudável que possibilite a exploração de outras oportunidades de negócio”, explica a empresa no seu mais recente relatório. De acordo com a administração, o Grupo Neptuno sofreu um golpe nas receitas de quase 50%. As receitas de Junho de 2014 cifraram-se nos 710,3 milhões de patacas. Este ano e contas feitas, o grupo ficou-se pelos 473,5 milhões. O documento, que indica os lucros, despesas e prejuízo até Junho passado, destaca que este foi o pior ano desde 2010. “O Grupo poderá considerar a entrada no mercado do empréstimo de dinheiro no sentido de utilizar os recursos financeiros do Grupo de forma efectiva e diversificar a fonte de receitas”, adiantam. A Neptuno detém salas em vários casinos de Macau, mas tem visto várias das salas a encerraram, bem como mesas. De acordo com os números, foram 27 mesas que o Grupo perdeu só este ano, valor que representa uma queda significativa em termos anuais. “Falando dos nossos investimento nos cinco casinos, os junkets também já diminuíram o seu valor de negócios no Venetian, no Sands Macau, no Grand Lisboa e no Galaxy”, acrescenta o Grupo Neptuno. Inicialmente, detinha um total de 62 mesas. Campanha que assusta A campanha anti-corrupção levada a cabo pelo Presidente chinês Xi Jinping é um dos pontos apontados pelo Grupo como causa para estes valores. Isto, a juntar à crise da bolsa chinesa, faz com que o Neptuno assuma uma posição proteccionista relativamente aos próximos passos a dar dentro deste mercado. “Este ano, as condições do mercado em Macau continuaram a ser desafiantes, em especial quando o impacto das medidas anti-corrupção e as condições de suavização da macroeconomia na China surgiram a partir da segunda metade deste ano financeiro”, explica a administração. Como consequência, dizem, o mercado VIP da empresa “sofreu com a situação macro de tudo isto, fazendo com que todos os investimentos deste ano descessem” abruptamente. “Os lucros desceram e pensámos que conseguíamos lidar com este ciclo vicioso que tem vindo a devastar a indústria do mercado VIP (…). A desvalorização do yuan e o reajustamento dos movimentos financeiros do Governo vieram agravar as preocupações da indústria”, justifica o Grupo no documento. Adiante, explicam que caso sejam adoptadas medidas mais restritivas neste mercado, é possível que um impacto negativo no volume de receitas VIP seja “inevitável” devido ao crescente encerramento de salas junkets. “Devemos ter uma atitude simultaneamente céptica e prudente relativamente ao desenvolvimento da indústria do Jogo de Macau neste caminho de recuperação, quando novos casinos inaugurarem em 2016 e as restrições à entrada de cidadãos chineses forem suavizadas”, afirmam.
Filipa Araújo Manchete PolíticaJogo | Recomendações para as operadoras antes de mexer na lei Lionel Leong diz que é preciso mais tempo antes de avançar com a revisão das leis. Depois da eclosão do caso Dore, o Governo explica que antes de tudo é preciso enviar recomendações às operadoras de Jogo. Já a DICJ tem na manga ideias para rever a lei “em breve” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntes de rever a lei é preciso que o Governo emita recomendações às operadoras de Jogo. Quem o diz é o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quando questionado sobre o caso de desvio de dinheiro por parte da contabilista da empresa junket Dore. O Secretário tinha prometido a revisão da legislação, mas não agora. “Desde que ocorreu o incidente [caso Dore], o Governo agiu de imediato e reuniu com as várias partes envolvidas, particularmente com as autoridades que são responsáveis pela fiscalização do sector do Jogo, ou seja, a Direcção de Serviços de Inspecção de Jogos (DICJ)”, explicou o Secretário. O Governo, informa, decidiu então tomar como primeiro passo a emissão de “recomendações e instruções a nível interno, tanto para as operadoras de Jogo como para o sector em si”. “Isto é muito importante pois essas recomendações têm que ver com a avaliação do desenvolvimento do sector, das operações e, mais importante, a divulgação e a transparência dos promotores. Hoje em dia a lei já o exige, mas o mais importante é [que também] os funcionários principais, os funcionários de certo nível, que trabalham nas operadores de Jogo ou salas VIP [sejam avaliados]”, argumentou. Sem apresentar datas para o envio das recomendações, Lionel Leong explicou que para já foram iniciados os trabalhos sobre o assunto, por isso, é preciso mais tempo para que essas recomendações possam ser finalizadas e depois entregues ao sector. Questionado sobre as disposições legais das recomendações, o Secretário indicou que o “Governo quer fazer as coisas passo a passo”. “Alterar ou rever os regulamentos administrativos não pode ser feito no imediato. Terá de ser feito um seguimento de procedimentos. Para já vamos só emitir as recomendações e instruções para o sector, que vão servir como medidas de prevenção”, explicou. Relativamente às ilegalidades de depósitos de dinheiro na Dore, o Secretário indica que, em termos de processos administrativos e atribuições, o Governo vai avaliar sobre o que mais se pode fazer para “haver uma regulamentação mais pormenorizada sobre os depósitos”. DICJ com estudo feito Apesar das declarações de Lionel Leong indicarem que não há, por agora, revisão à lei, num comunicado à imprensa, a DICJ admitiu que irá intensificar a inspecção e auditoria dos junkets e fala de uma revisão rápida da lei. “A DICJ exigiu às concessionárias e subconcessionárias que intensificassem os procedimentos de inspecção interna por forma a garantir que os casinos só emitem cheques aos jogadores vencedores”, pode ler-se no documento. A direcção indica que “vai reforçar a fiscalização e auditoria, dentro das suas competências, bem como “proceder a uma análise aprofundada da legislação vigente com vista ao seu aperfeiçoamento e ao desenvolvimento sustentável do sector de jogo”. Para melhor aperfeiçoar as medidas de fiscalização será ainda, iniciada, “com a maior brevidade possível”, a revisão do Regulamento Administrativo n.° 6/2002 que regula as condições de acesso e de exercício da actividade de promoção de jogos de fortuna ou azar em casinos. Esta revisão assentará em dois pilares de base: a introdução de novas exigências referentes ao capital social e acções, caução, apresentação da escrita comercial, contabilidade e auditoria e o estudo sobre o eventual acréscimo de dados, relativos aos promotores de jogo, de publicação obrigatória, como por exemplo, a lista dos administradores, sócios, empregados principais e colaboradores, em termos que permitam a confirmação da identidade destes agentes e dos seus representantes e o aumentado a transparência do sector contribuindo, deste modo, para a regularização do exercício da promoção do jogo, indica a entidade. Será ainda ponderada a hipótese de integrar os empregados dos promotores de jogo que exerçam funções de natureza financeira, como principais empregados, por forma a garantir que tal função seja exercida por pessoas idóneas para prestar apoio aos promotores de jogo na criação de um regime contabilístico e de conservação de documentos mais bem regulamentado. Novo grupo de trabalho na área de Economia Depois da primeira reunião plenária do Conselho para o Desenvolvimento Económico, que contou com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, explicou que foi criado um grupo de trabalho dedicado ao estudo da economia dos bairros comunitários, ou seja, em áreas mais específicas dentro de um todo. O encontrou serviu ainda para apresentar previsões relativas ao próximo ano, sendo que nove membros do Conselho quiseram mostrar as suas opiniões.
Flora Fong Manchete SociedadeCaso Dore | Especialistas falam de risco de perda de confiança O caso Dore pode vir a provocar uma onda de retirada de dinheiro das salas VIP de outras empresas, de acordo com especialistas locais. Ainda não foi detectado um grande movimento neste sentido, mas pode estar para breve [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]specialistas do sector do Jogo acreditam que o roubo de milhões de dólares de Hong Kong de uma sala VIP da Dore do Wynn pode criar uma onda de levantamentos por parte dos investidores que investiram o seu dinheiro noutras salas. O desvio de mais de mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista da sala VIP da empresa de junkets já fez com que alguns investidores – “poucos” – corressem às salas para tirar o seu dinheiro das contas de depósito. É neste sentido que alguns especialistas do sector prevêem que a percentagem destas pessoas cresça, uma vez que vão perdendo a confiança na empresa-mãe. As receitas deste tipo de negócio, dizem, estavam já a decair e a presente situação está a piorar. Um especialista da área, cujo nome não está identificado, disse no Jornal Ou Mun que prevê que 80% do total dos depósitos venham a ser retirados das salas nos próximos meses. O mesmo especialista acrescenta que a situação das salas VIP vai sofrer um declínio numa situação que era, já por si, difícil. O risco principal é o da impossibilidade destas salas angariarem capital suficiente pata emprestar aos jogadores e investir no mercado imobiliário ou na bolsa. “Os representantes que receberam os investimentos dos clientes podem não ser os principais responsáveis das empresas de junkets”, destacou ao Ou Mun. Ao contactar Billy Song, director da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, este disse ao HM que ainda não viu sinais de uma grande baixa nos depósitos. “Até ao momento, ainda não observei nem ouvi alguém dizer que foi levantado um montante elevado de várias salas VIP”, apontou. No entanto, o director mostrou-se preocupado com o facto deste escândalo poder vir a causar um choque ao nível do movimento de capitais nas salas VIP. Kuok Chi Chong, presidente da Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau, partilha da mesma opinião. Kuok acha, no entanto, que é “muito provável que as pessoas percam confiança” no patronato das salas. “Não é de estranhar que mais clientes retirem dinheiro das empresas de junkets”, sublinhou. Saber escolher No entanto, Kuok Chi Chong considera ser mais importante que os investidores saibam como escolher as salas, no sentido de serem ou não de confiança. Esta é a forma que o especialista considera ser a mais fiável para evitar o desvio de dinheiro por uma só pessoa. “É necessário verificar-se se os procedimentos de investimentos ou depósitos são normais”, destacou. Questionado sobre se concorda com uma maior supervisão das empresas de junkets, o presidente concorda. Este considera, inclusive, que o Governo deve “cooperar com as empresas na revisão e melhoria” dos diplomas legais. “Na minha opinião, é difícil alterar a actual forma de investimento nas salas VIP, porque actualmente os clientes investem como apostam no Jogo e a taxa de retorno é alta. Até ao momento, ainda não há medidas de alteração do modelo de ‘depósitos’ nas salas VIP”, afirmou ao HM. Charlie Choi – que falou na qualidade de presidente da Associação de Informações de Jogo de Macau – também assegurou não ter recebido qualquer aviso de um grande número de pessoas a tentarem tirar o seu dinheiro destas salas. No entanto, tal como os restantes especialistas contactados pelo HM, também Choi acredita que “é muito possível” que tal se torne uma tendência. As pessoas, explica, deixaram de ver este tipo de investimento como algo seguro. O presidente defende que o Executivo deve rever as leis para garantir a segurança tanto dos investidores como das empresa de junkets.
Joana Freitas PolíticaJogo | Lionel Leong promete aperfeiçoar legislação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças prometeu ontem aperfeiçoar a legislação e a fiscalização dentro do sector do Jogo. Num discurso durante a abertura do Fórum de Cooperação entre Guangdong-Macau, em Guangdong, o Secretário frisou estar atento aos problemas por que a indústria atravessa. “Sendo o sector do Jogo uma indústria importante para Macau, o Governo irá prestar atenção e aperfeiçoar, em termos da execução da lei, a fiscalização e a legislação”, pode ler-se num comunicado que cita o Secretário. “O desenvolvimento de todas as indústrias necessita de ser feito de acordo com a lei, pelo que o Governo irá manter o trabalho de fiscalização e os departamentos de fiscalização irão acompanhar os casos por base das competências atribuídas pela lei e pelos sistemas.” As declarações de Lionel Leong foram feitas quando o responsável da tutela da Economia e Finanças foi questionado sobre o caso da empresa promotora Dore. O aperfeiçoamento da legislação relacionada com o Jogo tem vindo a ser pedido por alguns especialistas da área e por deputados, mas o Governo nunca se mostrou tão aberto a tal como agora. Contar com os vizinhos A economia da região não ficou de fora do discurso de Leong, que disse acreditar que a indústria principal de Macau vai “desenvolver-se de forma saudável” e mostrou-se confiante face às finanças da RAEM. “Setembro não costuma ser o período de pico de turismo, pelo que o Governo promete prestar atenção às mudanças do sector turístico e às receitas do jogo, bem como às quedas provisórias na economia local e ao ajustamento do sector do jogo”, pode ler-se no comunicado. No discurso do responsável, disponibilizado em Português, Lionel Leong fez ainda questão de frisar que o desenvolvimento económico de Macau passa, e muito, pela colaboração com as regiões vizinhas. “Tenho confiança de que Qingyuan se tornará num local que poderá oferecer inúmeras oportunidades para os empresários e os jovens de Guangdong, Hong Kong e Macau, quer no âmbito de criação de negócios, quer no de expansão das actividades operadas, e também uma das plataformas estratégicas para o fomento da cooperação das três partes. Assim sendo, pretendemos aproveitar a participação neste Fórum e a realização de visita de estudo por ocasião deste evento para prospecção de novos espaços de cooperação entre Qingyuan e Macau”, frisou no Fórum. Para Lionel Leong, só com ajuda regional e as oportunidades transfronteiriças é que a RAEM consegue atingir um patamar estável, até porque, diz, “há incertezas sobre as perspectivas” económicas.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeCaso Dore | Lesados podem seguir para tribunal. Depósitos podem ter sido ilegais A ATFPM pede ao Governo que investigue o caso do roubo de milhões da empresa de junkets Dore. Mais de 60% dos lesados são residentes e há quem se assuma perto da ruína. Pereira Coutinho vai mais longe e pede a responsabilização das concessionárias e a revisão da Lei do Jogo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] escândalo do roubo de milhões de patacas de investidores da uma sala VIP da Dore na Wynn continua a trazer caras novas a público. Desta vez, foi na sede da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) que várias vítimas pediram o seu dinheiro de volta, mas também uma investigação oficial. Para o líder da Associação, esta deve ser levado a cabo pela Autoridade Monetária (AMCM), pelo Governo e pela Polícia Judiciária, na qual já se encontram parte das queixas. Cerca de 66% das vítimas são residentes da RAEM, seja por terem nascido no território ou simplesmente por cá terem investido avultadas quantias na compra de casas ou outro tipo de investimentos. Até ao passado dia 17, a empresa contabilizava uma perda de mais de mil milhões de dólares de Hong Kong, valor contido num comunicado onde a própria Dore se considerava como uma das entidades lesadas. As vítimas – presentes numa conferência na ATFPM na sexta-feira – confirmaram que existem mesmo comprovativos, em papel, das transacções e depósitos efectuados. Sem legislação Indiscutível é o facto destes investidores – alguns deles com três milhões de patacas lá colocados – terem perdido grandes somas de forma repentina e sem aviso prévio. Mas será este tipo de investimento totalmente legal? O HM contactou um jurista do território especialista na área do Jogo e a resposta é clara: “Actualmente, não há qualquer regulamentação desta actividade”. Tal significa, então, que o investimento em salas VIP de empresas de junkets, com sucursais em funcionamento dentro de casinos locais, não é fiscalizado por uma entidade oficial. Assume-se, portanto, que quem investiu do seu bolso – sejam as poupanças de uma vida ou os frutos de uma aposta sortuda – fê-lo por sua conta e risco, sem que qualquer entidade tenha agora a obrigação legal de monitorizar o percurso deste dinheiro. E a culpa é minha? São ainda desconhecidas as percentagens de juro de retorno que os investidores podem receber e o trajecto que estes milhões fazem desde que são depositados em contas da empresa até voltarem ao bolso dos seus proprietários. “As pessoas depositam dinheiro na sala VIP e os junkets utilizam os montantes como ‘cash-flow, que é normalmente utilizado para emprestar aos jogadores e pagar ao casino”, explica o advogado, que não quis ser identificado, contactado pelo HM. A culpa, neste momento, é atribuída a Chao Ioc Mei, ex-contabilista chefe da Dore Entertainment. No entanto, a quem deverá ser atribuída a responsabilidade judicial? De acordo com o jurista, estarão três hipóteses em cima da mesa. “Quem comete o crime é aparentemente a responsável pelo desvio (…). A haver responsabilidade dos junkets e alguma irregularidade por parte destes, não implica, necessariamente, a responsabilização da operadora”, destaca o mesmo especialista. No entanto, acrescenta, “em determinadas circunstâncias, a operadora responde solidariamente”. Isto faz com que a dívida dos junkets “deva também ser imputada à operadora” em questão. Tudo dependerá da infracção em causa, que está ainda por apurar. O HM tentou contactar a Polícia Judiciária, mas tal não foi possível. Uma é pouco, três são demais Pereira Coutinho insiste que também a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a MGM têm salas VIP desta empresa nas suas instalações. E todas elas ainda em funcionamento. O HM tentou obter confirmação deste facto junto das duas operadoras, mas desde quinta-feira que nenhuma resposta chegou à redacção. Na passada sexta-feira, estavam na sede da ATFPM cerca de 60 pessoas, quase todas de cara tapada e todas dizendo-se vítimas de roubo de milhões de patacas. Em regime de anonimato, três dos lesados falaram publicamente, pedindo o seu dinheiro de volta. Duas das vítimas – residentes, com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos – queixavam-se de terem investido na Dore as suas poupanças. O homem e mulher, visivelmente indignados, expuseram o seu caso: em causa estavam poupanças de uma vida e até a hipoteca de uma casa. “Em Setembro do ano passado, tirei o dinheiro do banco, hipotecando a minha casa para obter um valor que depositei na sala do Wynn”, confessou uma das mulheres, que perdeu agora três milhões. Em Mandarim, expôs a sua história, contando que usava aquele dinheiro para emprestar a jogadores que vinham do continente. “Este ano, tive vários registos e, a 10 de Setembro, fui lá para tirar o dinheiro e disseram-me que a minha conta não tinha mais dinheiro, pelo que fiquei muito surpreendida e não quis acreditar”, lamentou. Sem mais esclarecimentos por parte da empresa, mostrou-se indignada pelo facto do Governo não fiscalizar estas matérias. “O Governo dá a licença ao Wynn e [a operadora] pode fazer o que quiser?”, questionou. Em seguida foi a vez de um outro lesado falar da sua situação. O idoso investiu 300 mil dólares de Hong Kong na sala Dore do Wynn. “No passado dia 10 fui lá verificar e o montante continua registado, mas não há dinheiro para devolver”, explicou. “O dinheiro faz-me muita falta porque preciso de tratar da minha saúde.” Os intervenientes pedem que os princípios de protecção de propriedade e herança da Lei Básica sejam respeitados. Há ainda quem some perdas até quatro milhões. Um mar de soluções Entre desgraças tantas, Pereira Coutinho sugere que sejam tomadas uma série de medidas. O deputado da AL aproveitou para insistir, uma vez mais, na necessidade da revisão da Lei do Jogo. “Tenho vindo a lutar para que as apostas de Jogo sejam reconhecidas como empréstimo. Muitas salas de Jogo estão endividadas até ao pescoço porque não conseguem cobrar, por via legal, os empréstimos concedidos aos jogadores”, apontou. “Não podemos dizer que o Governo desconhece o que se passa dentro das salas de Jogo”, sublinha Pereira Coutinho. O deputado argumenta que, para efeito do imposto sobre o Jogo e contagens mensais das receitas, o Executivo terá que saber tudo o que se passa nos casinos. O líder da ATFPM alega “irracionalidade” na lógica da cobrança do imposto de Jogo às operadoras, mas um pulso pouco firme na cobrança das dívidas dos junkets. Os lesados presentes na ATFPM asseguram que poderão vir a tomar outras medidas para reaver o dinheiro, entre as quais seguir para tribunal. Pedida transformação de salas VIP em instituições de crédito O deputado Si Ka Lon quer saber se o Governo considera classificar as futuras salas VIP e empresas junket como instituições de crédito de forma a facilitar a supervisão destes locais. O deputado pede ainda que sejam emitidas licenças para os colaboradores dos promotores de jogo. Numa interpelação escrita, Si Ka Lon faz uso do caso de desvio de mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista da empresa Dore para dizer que se deveria ajustar o sector. Para o deputado, as salas VIP contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria de Jogo, mas, devido ao ajustamento do sector, os problemas de “angariar capital através da oferta de juros altos” e “a dificuldade em recuperar os empréstimos oferecidos pelos colaboradores de promotores” tem-se demonstrado cada vez mais. O número três de Chan Meng Kam considera que o Governo necessita de consolidar a supervisão das salas VIP aproveitando a revisão das licenças de Jogo que agora está a ser levada a cabo. O deputado quer saber como é que o Executivo vai ajudar as vítimas do caso Dore a recuperar o dinheiro investido nas salas VIP e diz que considerar transformar as empresas junket em instituições de crédito, poderá proteger o investimento dos residentes de melhor forma, uma vez que funcionaria como forma de depósito num banco. Além disso, como actualmente existem colaboradores de promotores de Jogo a oferecer empréstimos e a receber comissões, o deputado questiona se o Governo vai rever o Regime de Jogo de forma a emitir licenças e exigir tributação destes. DICJ identifica ilegalidades e colabora com PJ Depois dos lesados da Dore terem pedido ao Governo para dar a cara e falar sobre o caso, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) lançou um comunicado onde assegura que a recolha de dinheiro pela empresa promotora de jogo é ilegal. “De acordo com o Regime Jurídico de Sistema Financeiro, só as instituições de crédito regularmente constituídas e autorizadas nos termos do mesmo diploma ou em legislação especial podem exercer uma actividade que compreenda a recepção, do público, de depósitos ou outros fundos reembolsáveis”, começa por apontar o organismo. Ainda assim, pouco ou nada haverá a fazer face ao dinheiro perdido pelos lesados. É que, como diz a DICJ, a “angariação de fundos” através da contrapartida “de se tornar sócio de um promotor de jogo” deve ser feita por uma entidade que submeta à DICJ um formulário que comprove a sua idoneidade e dos seus sócios. “Ou seja, qualquer sócio ou administrador que não tenha sido sujeito ao processo de verificação de idoneidade realizado pelo Governo não será reconhecido legalmente”, explica o organismo. A DICJ afirma que vai colaborar com a Polícia Judiciária, ainda que “dentro das suas competências”. O organismo liderado por Manuel Joaquim das Neves assegura ainda que a PJ já está a investigar. J.F.
Leonor Sá Machado BrevesFórum de Economia de Turismo Global 2015 focado na cultura [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ansy Ho critica a indústria do turismo por considerar que esta é “muito convencional”, almejando uma melhoria através da implementação de medidas mais avançadas, com enfoque nas novas tecnologias. “Somos muito convencionais, temos que ser mais progressistas”, disse a directora-executiva do MGM Macau, que falava ontem, durante a apresentação do Fórum de Economia de Turismo Global, do qual é vice-presidente e secretária-geral. O fórum terá lugar de 12 a 14 de Outubro, no Venetian. A próxima edição do Fórum, que surge sob o mote de “promover o turismo cultural e agarrar as oportunidades trazidas por ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, vai focar-se no turismo cultural, continuando a promover a RAEM como destino turístico noutros países. Este ano, estreiam-se enquanto participantes o Chile, o Perú, a Colômbia e o México. Estes países deverão fazer parte do evento com uma série de oradores em debates e painéis de discussão, mas também estão previstas bolsas de contactos para promover Macau como destino turístico nestes países e vice-versa. A ideia, no fundo, é a de alterar a perspectiva que o mundo tem, de que a RAEM é apenas a capital asiática do Jogo. “Tem muito potencial”, argumentou Pansy Ho. O evento vai compreender ainda a representação de países como Camboja, Coreia, África do Sul, China, entre vários outros. Também o sector privado desempenha um forte papel no Fórum deste ano, com a presença da TripAdvisor, da UnionPay, do grupo Jumeirah, da Fosun, Security, entre outros. Informação que tem valor O Fórum abre com discursos de boas-vindas de sete intervenientes, que vão falar sobre o estado do turismo em várias partes do mundo e sob várias perspectivas. A tarde começa com três apresentações das cidades chinesas de Zheijiang, Fujian e Tianjin, contando com a participação de Yang Shihao, director-geral da Administração de Turismo de Tianjin. O dia 13 arranca com uma bolsa de contactos que dura até ao final tarde. No entanto, os participantes vão ter oportunidade de participar em cinco diferentes palestras. A primeira, intitulada “Aproximando os países através de pontes de ligação”, explora a relação e diferenças entre as perspectivas de Ministros – sector público – e os CEO de várias empresas internacionais, representantes do sector privado. São 14 os intervenientes, incluindo Ministros, empresários e moderadores do painel. À tarde está prevista a realização de uma palestra intitulada “Compreender o comportamento de consumo dos chineses e o investimento destes no estrangeiro”, com seis oradores. “Explorar o potencial do turismo cultural – património cultural” conta com a intervenção de oito diferentes especialistas. O dia encerra com um painel sobre a expansão do turismo nas redes sociais, no qual participarão cinco oradores. O dia 14 foi reservado para a realização de parcerias de negócios e bolsas de contacto, incluindo uma tour pelo património cultural de Macau. Os bilhetes de acesso ao Fórum podem ser comprados online ou na sede do evento, por três mil patacas por pessoa.
Joana Freitas Manchete SociedadeJogo | Sindicato dos EUA denuncia empresas de junkets na China Facilitam transferência de capitais e investimentos e parcerias, mas no continente e em Hong Kong e isso poderá interessar a Pequim e à luta anti-corrupção que o Governo leva a cabo. É o que diz a IUOE, que escreve nova carta à Comissão de Disciplina do continente, onde denuncia ligações entre promotores de jogo e outras empresas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] União Internacional dos Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) enviou uma carta a Pequim, onde denuncia alegadas ligações de junkets de Macau à China continental e a transferências transfronteiriças de capital ligado ao jogo. Numa carta disponibilizada no site do sindicato – com sede nos EUA e accionista da Wynn -, Joseph Fiedler fala da existência de mais de meia centena de empresas controladas por “influentes” promotores de jogo do território. “Muitas destas 58 empresas, de acordo com o que vem descrito em documentos entregues à Bolsa, estão envolvidas em empréstimos financeiros e consultaria para investimentos”, começa por apontar o presidente da IUOE, na carta dirigida à Comissão Central para a Inspecção da Disciplina do Partido Comunista Chinês. A lista de empresas que estão a funcionar na China em conjunto com junkets de Macau inclui nomes de promotores de jogo de referência no território, como é caso do David Group, Suncity e Tak Chun, mas não só. “Já tínhamos dado a conhecer um caso, o do grupo Neptuno, em que a família de Cheung Chi Tai estabeleceu empresas tanto em Hong Kong, como na China continental. As empresas fornecem serviços de ‘parcerias estratégicas’ com um dos maiores grupos de junket, o Neptuno.” Cheung Chi Tai, recorde-se, foi um promotor de jogo recentemente acusado de três crimes de lavagem de dinheiro, em bancos da RAEHK, em cerca de 1,8 mil milhões de patacas. Juntos na luta Hong Kong, Pequim, Shenzhen e Zhuhai são as cidades listadas, com 29 das empresas a funcionarem na região vizinha. Nestes locais, recorde-se, o jogo é ilegal, bem como o movimento de mais de 20 mil yuan por pessoa entre China e Macau. O objectivo da carta é, como diz a IUOE, ajudar a Comissão de Disciplina na luta anti-corrupção na China continental. “Estamos conscientes que não existem esforços de pesquisa para identificar sistematicamente os investimentos dos junkets na China continental e em outros locais fora de Macau”, atira Fiedler. “Esta lista representa, acreditamos, uma primeira olhada nos interesses em escala dos junkets [de Macau] na China. Se a Comissão de Disciplina estiver interessada em escrutinar as ligações dos promotores de jogos, as suas empresas e como é que eles facilitam a transferência de capital, acreditamos que esta lista poderá ser um bom primeiro passo.” A lista foi incluída na carta enviada ao Secretário da Comissão de Disciplina, Wang Qishan, a quem já foi enviada uma outra carta anteriormente pela IUOE, onde era pedida mais fiscalização a quem empresta dinheiro aos grandes apostadores através dos promotores de jogo. O sindicato representa mais de dois mil trabalhadores de casinos em Las Vegas e tem vindo a dedicar-se à investigação de assuntos relacionados com o Jogo em Macau.
Joana Freitas Manchete PolíticaCanídromo | Deputados concordam com encerramento Pela falta de espaço, pela falta de espectadores e pelo bem da comunidade. No geral, os deputados concordam com o encerramento do Canídromo, ainda que alguns apontem que deveria ser transferido, mas apenas se for “possível” [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]eputados ouvidos pelo HM concordam com o encerramento do Canídromo, por considerarem que o espaço deveria ser aproveitado para algo mais necessário à sociedade. Alguns até sugerem a transferência das corridas de galgos para outro local, mas a ideia geral é que se termine com elas. Depois do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, ter garantido que iria ser feito um estudo por uma instituição académica sobre o impacto que o Canídromo tem na sociedade e de o tema ser alvo de discussão – muito devido às acções levadas a cabo por associações de animais -, foi a vez de ouvir deputados. Numa coisa, todos concordam: o Canídromo deveria fechar. José Pereira Coutinho, por exemplo, é peremptório: “o encerramento do Canídromo já devia ter ocorrido há muito tempo”. Para o deputado, o próprio campo de futebol deveria ser transferido para outro local. “Podia arranjar-se para esta finalidade desportiva, que é o futebol. Nem sequer concordo que o contrato do Jockey Club tivesse sido renovado por mais dois anos, não percebo porquê essa decisão, até porque muitos discordam dessa renovação. Isso terá sido uma forma de conluio entre empresários e Governo”, atira. Quanto ao Canídromo, “o local é muito apropriado para mais edifícios de habitação pública e de estruturas sociais de apoio à população”. Pereira Coutinho sugere que uma parte seja dedicada a apoio social, como lares, centros de saúde e creches, e outra de lazer, para os jovens. Mas também parques de estacionamento públicos, algo que muitos deputados têm vindo a pedir. Para o deputado directo Si Ka Lon, ainda que o Canídromo seja um edifício que merece pertencer à memória colectiva da maioria dos residentes de Macau, a carência de terrenos em Macau fala mais alto. Para o deputado, o ideal seria alterar a função do actual espaço do Canídromo para um complexo para instalações comunitárias. E a ideia, reforça Si Ka Lon ao HM, não é de agora. “Já no ano 2010, quando era vogal do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, sugeri a construção de um complexo para desporto e cultura, que incluísse um campo, biblioteca e parques de estacionamento, bem como um centro modal de transportes, o que foi até sugerido por um dos membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU)”, refere. Tal como Si Ka Lon, e a alinhar com quase todos os outros, também Wong Kit Cheng refere que a ideia de transformar o velho espaço da Yat Yuen, a empresa do Canídromo, em algo mais virado para a comunidade é a melhor. “Devia avaliar-se para que pode ser usado o espaço para satisfazer as necessidades de transportes e outras instalações”, refere a deputada numa interpelação escrita. O facto do Governo ter implementado a medida de se retirarem todas as salas de jogo e apostas de entre as residências também tem peso nesta opinião, como é o caso de Kwan Tsui Hang. “Acho que deve ser alterado [o local], porque deve-se corresponder à ideia de que o jogo tem que sair da comunidade. Quando foi criado o Canídromo não havia tanta habitação na zona, que agora é mais populosa. Por isso deve acabar”, começa por dizer. “Há falta de terrenos e pode aliviar-se o espaço onde está [o Canídromo] e criar-se um espaço para escolas e instalações comunitárias”, diz ainda. De vez A queda das receitas do Canídromo – que continuam a descer de ano para ano, com o lucro do ano passado a atingir 27 milhões de patacas, quando em 2013 foi de 70,4 milhões – é outra das razões apontadas por Si Ka Lon para dizer que não se pode considerar a continuação das corridas. “É impossível um empresário deixar continuar andar o negócio sob uma situação de défice. Acredito que vale a pena a mudança.” Já Melinda Chan considera ser necessário saber algo antes de se tomar qualquer decisão: vão lá turistas? Quantos? Ao que o HM conseguiu apurar noutras ocasiões, em visitas ao local, raras são as vezes em que há espectadores e, quando os há, são às meias dúzias. “Não me parece que haja turistas a ir lá, porque acho que eles não gostam de ver corridas de cães, os residentes não vão. Acho que se devia aproveitar o local para construir mais habitação, porque é uma área tão grande que deveria dar para construir casas e ainda instalações para a comunidade.” A deputada considera que deveria haver, da parte do Governo, uma investigação sobre se os turistas vão realmente ao local e se o Canídromo é uma atracção. Se não for, diz, então “devia acabar-se de vez com as corridas”. O deputado nomeado Lau Veng Seng acha que é cedo para falar assunto e diz apenas que se deve fazer um “estudo científico” sobre tal. Ou noutro lado Ainda que o encerramento do Canídromo seja a medida que todos apoiam, há deputados que não concordam com o término definitivo das corridas. Au Kam San, por exemplo, fala numa memória colectiva que deveria ser respeitada. E sugere o que Chui Sai On já mencionou uma vez, numa ocasião pública: a conjugação entre as corridas de galgos e de cavalos. “Há pessoas que esperam que [o espaço] seja transformado em instalações comunitárias. Lembrei-me que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, mencionou uma vez que as corridas de galgos podiam ser mantidas, desde que passassem a funcionar no Jockey Club. Não sei como se pode considerar esta ideia, mas se for possível, as pistas podem ser aproveitadas em diferentes dias, com um arranjo apropriado. Assim, mantinha-se a tradição deste jogo e aliviava-se o espaço [actual] para outras instalações”, frisou. Wong Kit Cheng concorda: a deputada pede um estudo que investigue a possibilidade de se conjugar o Jockey Club e o Canídromo no espaço do primeiro, na Taipa, mas pede uma consulta pública sobre o assunto. Mas, a ideia de juntar os dois tipos de animais não agrada por exemplo à Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, que já veio a terreiro dizer que a ideia é “ridícula”, até porque as condições de corrida não são semelhantes para cavalos e galgos. Au Kam San defende, contudo, que o Canídromo é “uma grande memória de Macau”, que deveria permanecer. Ainda assim, o deputado defende que tanto a Yat Yuen, como o Governo deveriam implementar melhorias no espaço. “O Canídromo deve também melhorar o tratamento dado aos galgos para satisfazer a solicitação de associações de protecção de animais.” O contrato de concessão termina no final do ano e cabe ao Governo decidir o que fazer. Mais de 270 mil assinaturas foram recolhidas contra a manutenção do espaço e há mais acções na calha.
Joana Freitas Manchete SociedadeWynn | Desvio de dinheiro de sala VIP apresentado às autoridades Uma sala VIP da Wynn controlada pela Dore viu serem desviados cerca de dois mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista da empresa. Os lesados já se manifestaram em frente à operadora, Lionel Leong já pediu uma investigação à DICJ e a Dore apresentou queixa à polícia [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong afirmou já ter pedido à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos uma investigação sobre o caso do promotor de jogo que desviou milhões de dólares do casino da Wynn. Também a empresa promotora, a Dore Entertainment, já veio a público dizer que apresentou queixa à polícia sobre a funcionária que terá desviado o dinheiro. O caso veio à luz do dia na semana passada, quando mais de 30 pessoas se queixaram junta da Wynn por não conseguirem aceder ao seu dinheiro “depositado” numa sala VIP controlada pela Dore dentro do casino. Estas pessoas afirmaram haver pelo menos 60 vítimas com depósitos que ascendem pelo menos a 700 milhões de dólares de Hong Kong. Contudo, um relatório da Daiwa Capital Markets, que trabalha para a Dore, foi tornado público na semana passada, anunciando que a empresa promotora de jogo poderá ter perdido até dois mil milhões de dólares de Hong Kong. O montante certo, diz ainda a empresa, é difícil de contabilizar. Fraude severa Entretanto, numa declaração emitida pela Dore, a empresa – sociedade unipessoal – confirmou que a contabilista chefe da empresa, de nome Chao Ioc Mei, “terá utilizado a sua função e autoridade para prejudicar gravemente o interesse e dignidade da empresa”, tendo ainda “iniciado algumas actividades sem autorização e fora da suspeita da empresa”. Como se pode ler na declaração, a que o HM teve acesso – e datado de 11 de Setembro – o caso é tido pela empresa como “severo” e que envolve “fraude” pelo que foi feita queixa na polícia. Segundo o Jornal Ou Mun, uma vítima de apelido Tong que trabalha também como junket, afirmou que as vítimas têm prova dos depósitos e que tinha confiança na empresa. No entanto, depois de acontecer o incidente, as vítimas pediram explicação e o levantamento de dinheiro à sala VIP, que respondeu apenas “estar em reunião com a administração” e não poder resolver o problema. Outra vítima com apelido Chan afirmou que tem um depósito de 30 milhões de dólares de Hong Kong na mesma sala VIP e nunca se preocupou por a empresa “ser experiente em Macau”. A Dore Entertainment entrou no mercado de Macau em 2006 e, de acordo com o seu registo na Bolsa de Valores de Hong Kong, foi a primeira a ser escolhida como promotora das salas VIP pela Wynn Macau. O HM tentou entrar em contacto com a Wynn, mas não foi possível até ao fecho desta edição. Também não foi possível obter reacção da DICJ, por ser domingo. No sábado, os lesados apresentaram as suas queixas por carta à Wynn, numa espécie de manifestação em frente à operadora. Lionel Leong não afasta rever legislação Depois de questionado sobre o caso do junket do casino Wynn que desviou dinheiro do casino, o Secretário para a Economia e Finanças disse apenas não fechar a porta a possíveis revisões à legislação ligada ao Jogo. Sem dar garantias, Lionel Leong disse que esta é uma situação que pode vir a acontecer, se necessário, mas não teceu comentários específicos sobre o caso. “Temos uma lei para controlar os promotores de Jogo. Quanto à questão de saber como podem ser aperfeiçoadas as leis, especialmente para garantir o desenvolvimento saudável da indústria do Jogo, temos de acompanhar [a situação] e, caso necessário, introduzir alterações na legislação”, afirmou.
Flora Fong Manchete SociedadeCanídromo | Secretário pediu estudo sobre impacto na comunidade Lionel Leong pediu a uma instituição universitária um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade. Estudo que poderá ajudar a decidir a renovação do contrato de concessão ou o término deste. A ANIMA diz-se confiante com o fim do espaço, que poderia ser usado para muitas outras coisas, como dizem especialistas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou ter pedido um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade residente no local onde se encontra a infra-estrutura. A informação foi dada aos jornalistas depois de una reunião com o Conselho Permanente de Concertação Social, na passada sexta-feira, sendo que Lionel Leong não adiantou data para a conclusão do estudo. “Já dei instruções à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para pedir a uma instituição académica que faça um estudo, para saber se a permanência do Canídromo pode trazer impacto ou não para as zonas em redor, para as pessoas que vivem na zona. Depois deste estudo, vamos decidir. O processo está a andar, está em curso, o estudo já está em fase de encomenda”, disse aos jornalistas, citado pela Rádio Macau. Não se sabe qual a instituição académica que está a fazer o estudo, que deverá conter ainda, de acordo com a TDM, o impacto que a existência destas corridas de apostas tem na zona do Fai Chi Kei, um dos locais residenciais mais populosos. Ainda assim, as opiniões podem não ficar apenas pela instituição académica, já que, em comunicado, Lionel Leong assegurou que a renovação do contrato de concessão do Canídromo “carece de auscultação de opiniões abrangentes, nomeadamente dos residentes, comerciantes e turistas da zona”. ANIMA confiante A licença de exploração do Canídromo tem sido alvo de intensa discussão, levando até a própria Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, com o apoio de associações locais e internacionais, a ter entregue uma petição, no final de Julho, exigindo a não renovação da licença. O contrato com o Canídromo termina no final do ano e a ANIMA acredita que o Governo vai ter “o bom senso” de encerrar o Canídromo. Albano Martins, presidente da ANIMA, disse à TDM que está à espera disso. “O Secretário sabe qual deve ser a resposta e acredito que um académico com dois dedos de testa saiba exactamente qual é a resposta, não tem sentido, com a falta de espaço que a cidade tem, ter animais a ocuparem instalações com muitas centenas de milhares de metros quadrados”, começou por dizer. “Noventa e cinco por cento é decisão do Governo em ter coragem de dizer ‘não’ a alguns interesses, alguns dos quais demasiado cinzentos para o gosto da comunidade”. Centro modal no local Dois membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) esperam que o Governo possa transformar o Canídromo num centro modal de transportes ou em instalações para desporto e cultura. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Lam Iek Chit e Ben Leong sugeriram alterar as funções do espaço já que, considera Lam, o negócio das corridas de galgos já não está a corresponder às necessidades económicas, além de que as associações de animais continuam a apontar que os galgos estão em sofrimento e a crueldade contra animais já não é aceite pela maioria de pessoas, pelo que acha necessário “desistir” do conceito de corridas de apostas. O responsável acrescentou que, como na zona norte existem muitas edifícios habitacionais, vai existir uma grande necessidade de instalações públicas e transportes, pelo que o espaço poderá ser melhor aproveitado. Lam Iek Chit dá como exemplo a mudança dos actuais terminais de autocarros do Fai Chi Kei e Iao Hon para o local, aliviando as estradas ocupadas actualmente pelos terminais. Ben Leong, também presidente da Associação de Arquitectos de Macau, concorda em não se renovar o contrato do Canídromo, pedindo para o espaço centros de actividades comunitárias, espaços desportivos e parques de estacionamento. Metade por metade Um inquérito do Centro da Política da Sabedoria Colectiva que questionou cerca de mil pessoas mostra que as opiniões sobre a permanência do Canídromo são “metade a favor e outra metade contra”. Segundo o Jornal Ou Mun, o subdirector do Centro, Loi Man Keong referiu que, depois de uma análise preliminar ao inquérito, a proporção de opiniões da permanência e do fecho do Canídromo são equivalentes, uns preferindo manter por achar esta uma memória colectiva, outros a dizer que não querem o ruído e a falta de espaço na zona. O inquérito vai ser publicado oficialmente no final do mês de Setembro.
Filipa Araújo EventosLivro | “Direito do Jogo em Macau” apresentado na próxima semana Com a assinatura de dois profissionais da área do Direito, o livro “Direito do Jogo em Macau” nasce com o intuito de facilitar e de ser uma ferramenta de trabalho útil para aqueles que se dedicam à área, mas não só. A apresentação é já terça-feira, na Fundação Rui Cunha [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara já só existe em Português, mas Óscar Alberto Madureira, advogado e co-autor do livro “Direito do Jogo em Macau”, garante que num futuro próximo a publicação estará disponível em Chinês e Inglês. O lançamento do livro – assinado também pelo jurista Fernando Vitória -acontece já na próxima terça-feira, dia 15 de Setembro, na Fundação Rui Cunha, pelas 18h30. A obra junta todas as leis, regulamentos, instruções e uma série de outros tipos de diplomas sobre o Direito do Jogo no território. “O que nós fizemos foi uma compilação de todas essas leis, regulamentos de jogos, despachos do Chefe do Executivo e compilámo-las num documento, num livro”, começa por explicar Óscar Alberto Madureira ao HM. Além disso, foi ainda introduzido um comentário à Lei do Jogo [16/2001], aquela que é considerada a lei principal. “Fizemos uma nota, não a todos os artigos porque há artigos que não têm grande relevância comentar, mas aqueles que achamos serem os mais importantes e sobre os quais achámos que valia a pena dizer alguma coisa. Claro, é a nossa opinião, é subjectiva, é um comentário”, anota. No livro, que pretende ser um instrumento de trabalho para os profissionais da área do Jogo, mas também um fácil meio de acesso às leis do sector, está ainda um apanhado dos contratos de concessão e cláusulas que envolvem todos os esses contratos e os de subconcessão. “Foi feita uma espécie de minuta onde também se fez algumas anotações”, refere Óscar Madureira. Facilitar é ordem Outro documento presente no livro é um glossário de termos jurídicos. A experiência profissional dos autores fez com que os mesmos considerassem necessária a criação de uma lista de conceitos, principalmente os mais recentes, em língua inglesa, ou até os termos mais antigos que estão em Francês. “Muitas vezes uma só palavra representa uma ideia e, portanto, na gíria do dia-a-dia dos casinos utilizam-se muitos estes conceitos que têm um significado próprio, aos quais também é atribuída uma determinada importância e que, sendo desconhecidos da maior parte da população, ou da população que não está habituada a lidar com as questões do Jogo, entendemos [serem] importantes definir”, explica. Por último, existe ainda um glossário de termos chineses. “Muitas vezes é utilizado pelos croupiers ou pelas pessoas que trabalham nos casinos para definir determinados momentos do jogo, ou determinadas circunstâncias relacionadas com o jogo”, acrescenta. Questionado sobre a virtude deste trabalho, Óscar Alberto Madureira reforça a conotação de ferramenta de trabalho que o livro poderá ter. “Aqui coligimos a informação e pretendemos sistematizar de acordo com aquilo que, para nós, fazia sentido. É um documento que as pessoas podem procurar no sentido de se orientarem mais facilmente”, frisa. “Além deste papel de reunião de leis, o que se acrescentou poderá ser útil, porque primeiro há uma exposição sobre a leitura de determinados artigos e, depois, são explicados conceitos, essencialmente na parte do glossário e da gíria, que poderão ser úteis a qualquer pessoa, não só a funcionários da área”, remata. O prefácio conta com a assinatura de Manuel Joaquim das Neves, Director da Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau a convite da Fundação Rui Cunha. “[O livro] (…) constitui uma preciosa ferramenta de trabalho, não apenas para todos os que dia a dia lidam com estas matérias, como também para todos os que se dedicam ao estudo da mesma. Que este trabalho sirva de estímulo e inspiração para o surgimento de muitos outros, não apenas em Português mas sobretudo em língua chinesa (…)”, escreve o director.