João Luz SociedadeSeminário| Indústria do jogo em análise no Instituto de Estudos Europeus Os casinos são o sustento da economia de Macau, logo é essencial traçar estratégias de futuro para a indústria. Hoje à tarde, há alternativas a serem discutidas por quem pensa o sector [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é uma abordagem meramente económica, mas sim uma tentativa de pensar a principal indústria do jogo de forma inovadora. A promessa é deixada pela académica Hester Cheang, responsável por um seminário que acontece hoje, ao final da tarde, no Instituto de Estudos Europeus de Macau. Desde 2006 que a RAEM ultrapassou as receitas de Las Vegas, Nevada, tornando-se na capital mundial do jogo, com uma subida fenomenal em termos de crescimento económico. Houve uma altura em que parecia que o céu seria o limite, mas os últimos dois anos vieram mostrar que a realidade é outra. Nesse sentido, a académica irá dirigir-se à audiência “não só numa perspectiva puramente económica, mas também para explorar outras abordagens mais inovadoras ao sector do jogo”. Para tal, é necessário encorajar os estudantes a pensar em formas de melhorar a qualidade da oferta, assim como desenvolver os recursos humanos. A directora do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau considera que também se deve ter uma “visão global do mercado, e enquadrar o sector das apostas na economia mundial”. Neste quadro é importante perceber o que se passa no Sudeste Asiático, especialmente com a liberalização do jogo no Japão e com o crescimento do sector no Vietname. A professora considera que, no que toca ao Japão, ainda haverá um ajustamento temporal, enquanto não surgirem formas novas de apostas comerciais disponíveis. “Já temos muita competição de outros países da região e é nesse sentido regional que considero a concorrência, não por países específicos”. Hester Cheang aponta o caminho da diversificação para seduzir mais turistas. “Não queremos atrair apenas apostadores VIP, mas mais jogadores de recreio, no fundo, diversificar o tipo de pessoas que vêm a Macau jogar”. Para tal será essencial ter uma maior oferta no ramo do entretenimento, assim como no ramo da hotelaria. A diversidade será essencial, oferecendo maior gama de preços e qualidade. Outra das preocupações prende-se com a aposta na formação de quadros qualificados, assim como na inovação de serviços. Pensar em formas de reinventar as slot machines, encontrar novos jogos, e diversificar as ofertas complementares ao jogo. Olhar para a terra A oradora, local de Macau, considera que a cidade tem condições únicas que não devem ser desperdiçadas no contexto do mercado do jogo. “Temos de aproveitar a história da cidade, em harmonia com os sectores do jogo, turismo e cultura”, acrescenta. Nesse sentido, a RAEM está repleta de atracções e o território tem um conjunto classificado como património mundial da UNESCO. “Todos trabalhamos, ao fim ao cabo, para o sector do turismo.” As palavras de ordem devem ser complementaridade e colaboração, aproveitando estas ofertas culturais como um chamariz natural, principalmente tendo em conta a inversão na procura. “As receitas de jogo dos sectores VIP e apostadores de massa estão, neste momento, mais equiparadas”, comenta a palestrante. O importante é atrair um público mais diversificado e abrangente, de todas as zonas do globo. Não interessa que sejam clientes habitais de casinos, “alguns podem até não vir com a intenção de jogar”, mas uma vez em Macau terão essa possibilidade disponível. A académica vê o segmento dos apostadores de massa como “uma tendência”. No que diz respeito ao crescimento das receitas do sector, Cheang está optimista. Em especial nesta altura, com a cidade animada pelas festividades natalícias, as paradas, os inúmeros festivais e o ano novo chinês. O frenesim fará aumentar o fluxo de turismo, e isso é um factor de excitação para a indústria do jogo. No entanto, é preciso um “optimismo cauteloso porque estamos sempre sujeitos a factores externos que não podemos prever”. A académica não sabe se iremos assistir a um ponto alto de receitas como houve em 2013, nem espera que o sector cresça eternamente. Circunstâncias como o ambiente económico global, especialmente na China e no Sudeste Asiático, serão determinantes, porque nem só de oferta vive a equação económica. Obviamente, “as pessoas têm de ter o mesmo crescimento económico para vir a Macau jogar”.
Hoje Macau Manchete SociedadeExpectativas | Analistas acreditam que a retoma dos casinos veio para ficar Macau termina 2016 com o sector do jogo em recuperação, que deverá manter-se no próximo ano, a não ser que variáveis como Donald Trump destabilizem a China, a principal fonte de clientes para os casinos do território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]nalistas contactados pela Lusa estão optimistas em relação às receitas dos casinos em 2017, depois de a retoma iniciada em Agosto ter quebrado um ciclo de 26 meses consecutivos de descidas, que arrastaram a economia para a recessão. Sophie Lin, da S&P Global Ratings, estima um crescimento entre zero e 10 por cento das receitas do jogo em 2017, o académico da Universidade de Macau Ricardo Siu uma subida entre cinco por cento e oito por cento, e o director do Instituto de Investigação sobre o Jogo da mesma universidade, Davis Fong, crescimentos entre dez por cento e 15 por cento. “Em Agosto e Setembro abriram dois novos casinos. No próximo ano, a MGM também vai ter um novo. Penso que, nos próximos nove a 12 meses, ainda vamos ter o efeito da abertura dos novos casinos”, disse Davis Fong. Além de ter coincidido com a abertura de casinos, o início da retoma do sector surgiu num cenário de maior controlo dos ‘junkets’, os angariadores dos grandes apostadores – o chamado segmento VIP, que apesar de ter perdido terreno para o mercado de massas, continua a gerar mais de metade das receitas dos casinos de Macau. “Depois de dois anos de ajustamento, os ‘junkets’ têm mais confiança para fazer negócio, especialmente nos últimos quatro meses”, disse Davis Fong. O factor Trump Confiante na manutenção do “ciclo positivo” em 2017, o académico alerta, no entanto, para os reflexos que pode ter na China a imprevisibilidade da presidência norte-americana, a partir de Janeiro. “Macau é uma cidade muito pequena e dependente do ambiente económico externo, obviamente da China (….). E a economia chinesa é baseada na relação entre a China e os Estados Unidos”, afirmou. Davis Fong considera que “há um risco para o ambiente macroeconómico se houver uma ‘guerra económica’ entre a China e os Estados Unidos”, dizendo que “se a mensagem de Trump for muito forte” e “pressionar a subida do renminbi, isso vai prejudicar a economia na China”. “Em especial, [vai afectar] os negócios orientados para as exportações”, afirmou, dizendo que para além da questão da moeda, também é preciso saber qual vai ser a mensagem e atitude de Trump em relação à Ásia-Pacífico. O pior cenário, segundo Fong, seria a concretização das previsões conservadoras do Governo de Macau e que em 2017 as receitas dos casinos rondem 200 mil milhões de patacas, um valor já superado este ano. Já o economista Albano Martins aponta como maior risco para o jogo em Macau as operadoras estarem a terminar os contratos de concessão e “ninguém saber exactamente o que é que o governo quer”. “Toda a gente suspeita, ou o bom senso aconselha que as seis operadoras se mantenham, mas (…) não se sabe muito bem o que é que o Governo está a preparar para a negociação com as operadoras, que comandam praticamente o PIB em Macau”, observou. Ao fim de dois anos de contracção, a economia voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano, com o PIB a aumentar quatro por cento face ao mesmo período de 2015. O Fundo Monetário Internacional estimou em Outubro que o PIB de Macau irá cair 4,7 por cento este ano, uma contracção menor do que os 7,2 por cento estimados em Abril. Em 2017, espera um regresso ao crescimento (0,2 por cento). A questão da bolha Para Albano Martins, a recuperação do jogo era “normal e expectável” no segundo semestre de 2016, ano que considera “positivo” para Macau. Atendendo à dependência dos casinos da China, diz que ajudou o país ter mantido um crescimento próximo do previsto e não ter imposto mais restrições à saída de capitais para a região. Antecipando que “a fase ascendente do jogo seja agora mais calma, não a ritmos tão violentos como no passado”, não vê grandes riscos para a economia de Macau em 2017. “O único risco que vejo é interno, é a bolha do imobiliário”, observou. Albano Martins recordou que a queda do jogo baixou os preços do imobiliário, mas já se nota uma subida no quarto trimestre. A escassez de terrenos é um dos principais problemas de Macau e a cidade é uma das que tem maior densidade populacional do mundo. Até Setembro, o Governo recuperou o equivalente a cerca 40 campos de futebol em terrenos não aproveitados pelos privados a quem tinham sido concessionados. Para Albano Martins, a recuperação de terrenos “vai criar problemas”, como o reinício da subida dos preços, porque haverá “menos nova oferta no mercado privado e o Governo não vai fazer casas para toda a gente”, sendo que haverá entrada de novos trabalhadores nos próximos dois anos com a abertura de mais casinos.
Hoje Macau SociedadeJogo | Receitas dos casinos subiram em Novembro Pelo quarto mês consecutivo, a principal indústria do território apresentou em Novembro resultados encorajadores. As receitas dos casinos cresceram 14,4 por cento no mês passado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas dos casinos de Macau subiram no mês passado pelo quarto mês consecutivo, alcançando 18,788 mil milhões de patacas. Segundo dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, divulgados ontem, as receitas dos casinos subiram 14,4 por cento em Novembro, na comparação anual homóloga. Trata-se do primeiro crescimento a dois dígitos, depois das subidas registadas em Outubro (8,8 por cento), Setembro (7,4 por cento) e Agosto (1,1 por cento), após 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas da indústria do jogo, o motor da economia de Macau. Em termos acumulados, ou seja, nos primeiros 11 meses do ano, os casinos tiveram receitas de 203,395 mil milhões de patacas, menos 4,3 por cento em comparação com igual período do ano passado. O valor ultrapassa o previsto para todo o ano pelo Governo – que, regra geral, é conservador nas estimativas – de que o sector do jogo iria fechar 2016 com receitas de 200 mil milhões de patacas. Arrastada pelo desempenho do sector do jogo, a economia de Macau entrou em queda no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência de soberania, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu (-1,2 por cento, segundo dados oficiais revistos publicados no mês passado). Em 2015, o PIB caiu 21,5 por cento e nos primeiro e segundo trimestres deste ano voltou a contrair-se 12,4 por cento e sete por cento, respectivamente, na comparação homóloga com 2015, segundo os dados revistos. Ao fim de dois anos de contracção, a economia de Macau voltou a crescer no terceiro trimestre, terminado em Setembro, com o PIB a aumentar quatro por face ao mesmo período de 2015. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou em Outubro que o PIB de Macau irá cair 4,7 por cento este ano, uma contracção menor do que os 7,2 por cento estimados em Abril. Já no próximo ano espera que a capital mundial do jogo regresse ao crescimento (0,2 por cento).
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCasinos | Inspectores de jogo pedem estatuto próprio para a profissão Os inspectores de jogos estão descontentes com a proposta de revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública e desejam ter um estatuto próprio. João Vieira, da Associação Sindical de Inspectores de Jogos, fala na redução de direitos e na arbitrariedade do cumprimento da lei pelas operadoras [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão gozam fins-de-semana, não têm rotatividade ao nível dos turnos com horários difíceis, não têm direito a tolerâncias de ponto, recebem os subsídios de turno fora do horário de trabalho. Estas são algumas das reivindicações que os inspectores dos casinos têm vindo a exigir à Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e que ainda não foram ouvidas. Em entrevista ao HM, João Vieira, dirigente da Associação Sindical dos Inspectores de Jogo, já reformado, confirmou que a maioria dos trabalhadores está contra a proposta do Governo de revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública (ETAM) e pede um estatuto próprio para a sua profissão. “Não somos pessoal de secretaria, mas também não somos pessoal militarizado. Deveríamos ter um estatuto próprio, com condições quase iguais a qualquer funcionário, mas sem a sobrecarga que tem um polícia ou um bombeiro”, defendeu João Vieira. Também António Lopes, inspector no activo desde 1989, acredita que esta seria a melhor solução. “Muitas coisas ficariam mais claras e tudo estaria estipulado na hora de irmos trabalhar. Saberíamos o que podemos ou não podemos fazer, porque actualmente há coisas que não estão claras: a lei diz uma coisa, o superior diz outra.” António Lopes e João Vieira fazem parte de um grupo de trabalho criado esta quarta-feira em parceria com a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), do qual fazem parte Rita Santos e José Pereira Coutinho. É este grupo de trabalho que promete lutar com uma outra força pelos direitos laborais dos inspectores. “Se isto não for resolvido vamos ter mais acções. Vamos andar um pouco mais à frente, vamos promover umas greves pacíficas, há muitos métodos que conhecemos. Se o Governo não responder aos nossos apelos até poderemos recorrer ao Direito Internacional. Isto é uma machadada enorme em toda a lei”, disse João Vieira. João Vieira diz-se mesmo “desiludido” com Paulo Chan, o novo rosto da DICJ. “Esperava muito mais de uma pessoa que percebe de leis, porque veio do Ministério Público. Compreendo que possa estar muito ocupado, mas podia olhar para os nossos pedidos. Reunimos assim que ele assumiu o cargo. Focamos vários pontos e dissemos que o pessoal não se sentia confortável. Ele atendeu a alguns pedidos, mas dentro desse atendimento não foi feita uma correcção completa.” Operadoras é que decidem O dirigente garante ainda que os inspectores se sentem inseguros desde que, em 2001, deixaram de ser equiparados a agentes da autoridade no período de trabalho, que dava direito a uso e porte de arma. Hoje os cerca de 400 inspectores a trabalhar por turnos dizem ter de responder por situações que os podem comprometer. “Há casos de ameaças quando saem do trabalho e muitos deles foram espancados. Sempre tivemos este receio e continuamos a tê-lo. Apenas digo que não nos obriguem a fazer tarefas que impliquem essas situações, como se fossemos agentes. Somos obrigados a identificar indivíduos que estão a fumar em locais proibidos nos casinos quando não temos esse direito de pedir a identificação. Também não temos o direito de pedir a um indivíduo as fichas de jogo”, explicou João Vieira. O antigo inspector denuncia ainda a arbitrariedade no cumprimento dos regulamentos por parte das concessionárias. “Cada casino tem os seus próprios regulamentos em termos de modalidade de jogos. Isso faz com que, quando um cliente reclama, o inspector não saiba o que fazer, porque é tudo diferente dos regulamentos que estão definidos por lei. A culpa é da DICJ, que permite que haja várias sentenças sobre o mesmo caso. O que fizemos? Reunimos e dissemos aos nossos colegas para, no momento das ocorrências, pegarem no regulamento em vigor e seguirem o que lá está escrito. Pedimos para não seguirem as leis do casino.” Governo promete resolver José Pereira Coutinho levou ontem este assunto ao hemiciclo, no âmbito do primeiro dia de debate das Linhas de Acção Governativa para a área da Economia e Finanças. Paulo Chan prometeu resolver a situação. “Estamos a acompanhar a situação, mas não domino os detalhes. Vamos reunir com os inspectores para conhecer de perto as suas necessidades e reivindicações. Os trabalhadores estão, de facto, a trabalhar de mais”, disse o director. João Vieira assumiu que a falta de pessoal sempre foi uma realidade, mas que não justifica o incumprimento dos seus direitos. “Não há férias, nunca nos compensam os feriados na totalidade, roubam-nos um pouco diariamente. O Chefe do Executivo dá tolerâncias de ponto, mas nós nunca temos direito. E esta revisão vem tentar por isso na lei. É uma vergonha.” Também em épocas de tufão os inspectores assumem não ter qualquer apoio por parte da DICJ. Actualmente, o ETAM está em processo de consulta pública, sendo que a primeira fase acaba em Dezembro.
Hoje Macau SociedadeCrimes relacionados com o Jogo subiram 16 por cento até Setembro Não há razões para preocupações, garante Wong Sio Chak. Os números indicam uma subida dos delitos ligados à principal indústria do território, mas são praticados e têm como vítimas pessoas que não são de cá [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] criminalidade relacionada com o jogo aumentou 16 por cento entre Janeiro e Setembro, comparando com os mesmos meses de 2015, com os sequestros a subirem 13,3 por cento (para 349 casos) e a usura 45 por cento, segundo dados ontem divulgados. No entanto, “registou-se um abrandamento na subida” destes crimes, realçou o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, destacando que no primeiro trimestre os sequestros – normalmente relacionados com jogadores com dívidas – tinham subido 32,8 por cento e no primeiro semestre 27,1 por cento. Também a usura (ou agiotagem) tinha crescido 55,9 por cento nos primeiros três meses do ano e 52,3 por cento no primeiro semestre. Entre Janeiro e Setembro, manteve-se, por outro lado, o padrão de os crimes relacionados com o jogo envolverem, na sua maioria, “ofendidos e suspeitos” não residentes em Macau, de a maioria dos casos ocorrer dentro dos casinos e de os processos terem sido “abertos por iniciativa própria da polícia”. “O que quer significar que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade de Macau”, afirmou o secretário, que voltou a referir os três casos de sequestro que resultaram em três mortes que romperam com o padrão e saíram do espaço dos casinos, ocorridos no final de Agosto e início de Setembro, e que eram já conhecidos. Eram casos de pessoas com dívidas de jogo, sequestradas pelos credores: duas delas cometeram suicídio e uma morreu numa queda quando tentava fugir, segundo a polícia. “Embora os casos tenham sido resolvidos e não tenham trazido consequências negativas para a segurança da sociedade, não significa que não mereça a nossa atenção”, disse Wong Sio Chak, que garantiu que as autoridades de Macau “acompanham de perto” estas situações de “disputas de empréstimos para o jogo”. Factos e argumentos Por causa dos sequestros, a criminalidade violenta em Macau aumentou 8,4 por cento nos primeiros nove meses do ano, mas também aqui, sublinhou o secretário, houve um abrandamento em relação à taxa de crescimento anterior de 14,8 por cento no primeiro semestre, e crimes como homicídios ou raptos mantiveram-se sem qualquer ocorrência. No entanto, neste capítulo da criminalidade grave e violenta, duplicaram os crimes de “associação criminosa”, que passaram de 11 para 22 nos primeiros nove meses do ano, comparando com 2015. O secretário disse que estão em causa seis casos ligados à imigração ilegal, outros seis a sequestros, quatro a usura, e três a prostituição, entre outros, atribuindo este aumento “ao reforço das operações” contra estes crimes. Entre Janeiro e Setembro foram também detectados dois casos de “associação secreta” (não tinha havido nenhum no mesmo período de 2015), relacionados com imigração ilegal e prostituição, que estão ainda em investigação, afirmou. No entanto, até agora, a polícia continua a não detectar “qualquer anormalidade no comportamento de associações secretas” devido à quebra das receitas dos casinos, durante 26 meses, entre meados de 2014 e Julho deste ano, afirmou o secretário, que conclui, mais uma vez, que “o ajustamento no sector do jogo não trouxe quaisquer consequências para a situação de segurança de Macau”. A evolução da criminalidade ligada ao jogo, com o abrandamento no terceiro trimestre do ano, continua, assim, a evidenciar “as relações entre a segurança e o ajustamento” no jogo, disse ainda.
Hoje Macau China / ÁsiaJogo | Três funcionários da Crown Resorts processados [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai processar judicialmente três funcionários da empresa de jogo australiana Crown Resorts, com casinos em Macau, por angariação de apostadores chineses para jogar além-fronteiras, revelou o ministério dos Negócios Estrangeiros australiano. Em comunicado, Camberra disse ter sido oficialmente notificada sobre a detenção, no mês passado, de três funcionários da Crown. Entre os detidos, está o vice-presidente executivo Jason O’Connor, que estava encarregado de atrair grandes apostadores chineses para a Austrália, e que se encontrava na China quando foi detido. Pequim não especificou quais as acusações que os funcionários da Crown enfrentam. A publicidade a jogos de azar na China continental está proibida. Não está fácil Em Outubro, foram detidos outros 15 funcionários da Crown Resorts na China, mas a sua situação permanece desconhecida. O ministro australiano dos Negócios Estrangeiros, Julie Bishop, afirmou que funcionários consulares visitaram os detidos na terça-feira. “Estão todos de boa saúde e já representados por advogados e conseguimos prestar aconselhamento e apoio e entregar mensagens enviadas por familiares”, afirmou ontem Bishop ao canal de televisão Sky News. “É uma situação muito difícil, mas vamos continuar a dar todo o apoio e aconselhamento”, acrescentou. O responsável australiano disse que os dois países trabalham no sentido de aumentar os investimentos e o comércio e lembrou que “existe uma ampla agenda anti-corrupção, promovida pelo Presidente chinês, Xi Jinping”. “O jogo é uma das áreas afectadas”, detalhou. A Crown opera casinos em todo o mundo, incluindo em Macau, onde as receitas do jogo estiveram mais de dois anos em queda, impulsionadas, pelo menos em parte, pela campanha anti-corrupção de Xi, que afastou da cidade grandes apostadores chineses. Macau é o maior centro de jogo do mundo e a única região da China onde os casinos são legais. O jogo de azar é ilegal no resto da China e a lei do país proíbe agentes de organizar grupos com mais de dez cidadãos para jogarem além-fronteiras. Para contornar as restrições, os agentes têm promovido os destinos como sendo de lazer e não para jogar. Os três detidos encontram-se em Xangai, segundo o comunicado difundido por Camberra.
Hoje Macau SociedadeJogo | Macau forma futuros operacionais de Cabo Verde A licenciatura em gestão de jogo administrada pelo instituto politécnico de Macau abriu portas, este ano, aos alunos cabo-verdianos. A iniciativa pretende preparar a população para a entrada de novos casinos nas ilhas africanas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o Instituto Politécnico de Macau (IPM) há uma turma composta unicamente por cabo-verdianos que aprendem como gerir casinos, numa altura em que o país se prepara para dar cartas na indústria do jogo. Belany, António e Kino são três dos 17 estudantes que conquistaram uma bolsa de estudo para frequentar a licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, do IPM. Muitos nunca entraram num casino a sério, mas a sala onde começaram a ter as aulas práticas na capital mundial do jogo apresenta semelhanças com uma sala de jogo. Atrás de uma mesa – vestindo a pele de ‘croupier’ – Belany Lopes, de 22 anos, separa e espalha fichas de diferentes cores, de forma metódica, pelo pano verde, sob o olhar de uma colega, enquanto murmura números. “Estava a fazer os cálculos de ‘blackjack’. No começo parece difícil, mas com a prática fica fácil! É interessante”, disse à agência Lusa. “Para gerires um bom negócio tens de entender tudo para saber como funciona”, afirma. “Sempre quis fazer gestão e gestão de jogo é algo diferente”, observou Belany, que se formou em Bioquímica no Brasil, mas concluiu que “não gostava de ficar o dia inteiro no laboratório” e que a idade lhe permitia “esta aventura”. Kino Rodrigues, de 23 anos, ao contrário da maioria dos colegas, que se conheceram na terra-natal durante o processo de candidatura, estava fora de Cabo Verde antes de ir para Macau: encontrava-se em Pequim desde 2014 a estudar mandarim. “Apareceu a oportunidade e como gostava de fazer ‘management’ [gestão] resolvi vir. O nosso país é pequeno e nem todo o mundo tem a possibilidade de continuar os estudos. Acho que é o caso de muitos dos que aqui estão”, afirmou, garantindo, porém, que não deixou o mandarim na gaveta: “Continuo a praticar em casa, por mim mesmo, a falar, a tentar escrever”. Oportunidades de ouro Embora reconheça o “desafio enorme”, até porque estudam em inglês, Kino diz estar “a gostar muito” e reconheceu a mais-valia numa altura em que Cabo Verde se abre à indústria do jogo: “É uma oportunidade de ouro”. António Lopes, de 19 anos, um dos mais novos da turma, também juntou o útil ao agradável: “Contas sempre foi uma das minhas paixões. Eu queria fazer outro curso, mas como tenho outros dois irmãos que estudam, eu sabia que ia ser difícil para os meus pais”. Além disso, este curso “era atractivo porque, com o empreendimento que vão fazer em Cabo Verde, as possibilidades de trabalho são maiores”, frisa António Lopes, que ainda não tem idade para entrar nos casinos em Macau, vedados a menores de 21 anos. “Estou a gostar, mas a minha grande paixão era fazer engenharia aeronáutica ou pilotagem. Quem sabe depois talvez desista” dessa ideia, partilhou, dando uma única certeza: “Vim para estudar, não vim para brincar. Se era para brincar ficava em Cabo Verde”. Apesar de considerarem o curso uma oportunidade, ao abrir o leque de opções de emprego quando Cabo Verde dá os primeiros passos na indústria do jogo, o regresso a casa não é aposta garantida. Belany ri-se: “Sinceramente, não sei. Acho que prefiro aventurar-me, queria trabalhar um pouco em Macau, ganhar mais experiência antes de voltar”, disse, sem esconder outras possibilidades em cima da mesa, como Las Vegas ou República Checa. Também Kino afirma que desde que saiu do seu país, em 2014, sempre pensou em viver e trabalhar fora, mas o cenário pode mudar perante um convite para trabalhar em Cabo Verde: “É a minha terra, ficava perto da minha família”. Já António Lopes pretende esforçar-se para arranjar emprego fora: “Mesmo sabendo que no meu país há possibilidade de trabalho sempre há aquela ideia de que vou estar melhor do que lá”. Mas, “se não der”, “não tenho problemas em voltar”, confessou. Os primeiros Esta turma tem duas particularidades: só tem cabo-verdianos e é a primeira do curso desde que, neste ano lectivo, se alargou a língua veicular ao inglês. O curso funciona desde 2009/2010 mas, até agora, apenas em chinês, explicou a directora do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do IPM, Hester Cheang Mio Han. “Este grupo é grande para um curso tão especial ou específico como este”, sublinha. O programa da bolsa de estudos inclui a isenção de propinas e outras taxas, alojamento gratuito e um subsídio mensal ao longo dos quatro anos do curso, mas dependente do aproveitamento. Este ano foi lançada em Cabo Verde a primeira pedra do projecto turístico do Ilhéu de Santa Maria/Gamboa, defronte da cidade da Praia, que inclui um casino com contrato de concessão de 25 anos. Trata-se do maior empreendimento turístico previsto para o país, resultante de um investimento do grupo Macau Legend, do empresário chinês de Macau David Chow, estimado em 250 milhões de euros – cerca de 15% do PIB de Cabo Verde – e tem abertura prevista para 2019. Mas o primeiro casino do país vai abrir ainda este ano, na ilha do Sal, dentro de um empreendimento da marca Hilton, encontrando-se a construção em fase final, afirma a agência Lusa, citando uma fonte da Inspecção Geral de Jogos de Cabo Verde.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeJogo | Receitas subiram pelo terceiro mês consecutivo Os casinos de Macau fecharam Outubro com um aumento anual de 8,8 por cento. O economista Albano Martins olha para os números e explica porque é que as receitas do sector não vão estagnar [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] tendência do jogo é a da recuperação. A ideia é apontada pelo economista Albano Martins ao HM, em reacção ao anunciado crescimento das receitas do jogo registado em Outubro, que concretiza o terceiro mês de receitas em ascensão. Para o economista, “não se está a caminho da estabilização dos lucros dos casinos, mas sim de um aumento”, afirma. “A tendência é que continue a crescer em cerca de um dígito que, muito provavelmente será a cinco por cento”, explica Albano Martins, que considera que esta taxa de crescimento será a considerada normal. O economista não avança com possibilidade de estabilização do sector porque tal seria considerar que o jogo “pararia”, considerando que não é o caso de Macau. Para o analista, não há duvidas: apesar de a um ritmo lento, a tendência é o crescimento. O economista recorda uma previsão que fez há uns meses em que aludiu a “aumentos relativamente ao ano passado, o que se está a concretizar”, visto as receitas relativas ao ano de 2015 serem “razoavelmente baixas e não ser credível que continuassem nessa senda”, afirma ao HM. O jogo poderá ficar, até ao final do ano, com valores ainda negativos; no entanto, “serão mínimos e não na ordem dos três por cento como o Governo já terá avançado”. Albano Martins recorda ainda que há novos casinos em funcionamento, o que contribui para a recuperação do sector. As receitas dos casinos de Macau subiram em Outubro, alcançando 21,815 mil milhões de patacas, o valor mais alto desde Janeiro de 2015. De acordo com os dados oficiais, o aumento foi de 8,8 por cento face a Outubro do ano passado e trata-se do terceiro mês seguido de subida das receitas dos casinos em termos anuais homólogos, desde que Agosto pôs termo a 26 meses consecutivos de quedas no sector. Em Agosto, as receitas subiram 1,1 por cento e em Setembro 7,4 por cento, em comparação com os mesmos meses do ano passado. Segundo os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, em termos acumulados, os casinos tiveram, nos primeiros dez meses do ano, receitas de 184,607 mil milhões de patacas, menos 5,8 por cento do que no mesmo período de 2105.
Hoje Macau SociedadeAcções da Crown Resorts com quebra de 10 por cento após detenções [dropcap]A[/dropcap]s acções da empresa de jogo australiana Crown Resorts, com casinos em Macau, desceram mais de 10 por cento nas primeiras transacções de ontem na bolsa de Sidney, após confirmada a detenção de 18 funcionários do grupo na China. O jornal Australian Financial Review noticiou que pelo menos 18 pessoas foram detidas para interrogatório pelas autoridades chinesas, incluindo três australianos que fazem parte da equipa de vendas e marketing no país. Entre os detidos consta ainda um executivo da empresa encarregado de atrair grandes apostadores chineses para a Austrália. “Em relação às notícias publicadas este fim-de -semana, a Crown Resorts Limited acredita que o vice-presidente executivo Jason O’Connor é um dos 18 funcionários que foram detidos pelas autoridades chinesas”, afirmou a empresa em comunicado. O grupo ainda não conseguiu contactar os funcionários. “Até à data, a Crown ainda não conseguiu falar com nenhum dos funcionários e está a colaborar com o departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio para contactar urgentemente com os seus funcionários e averiguar a situação”, refere. A mesma nota revela ainda que a Crown ainda não foi informada sobre os motivos das detenções. A emissora pública Australian Broadcasting Corporation avançou, entretanto, que estas estão relacionadas com a angariação de grandes apostadores chineses para jogar em casinos no estrangeiro. Já o jornal Australian Financial Review escreve que as detenções podem estar relacionadas com a operação “Operation Chain Break”, que visa travar o fluxo ilícito de fundos para casinos além-fronteiras. O Governo australiano diz que os seus funcionários consulares em Pequim estão a tentar obter mais detalhes sobre este caso. “As autoridades chinesas têm três dias para notificar a detenção de cidadãos australianos, de acordo com o previsto num tratado bilateral”, afirmou um porta-voz, indicando que a notificação oficial deveria ser feita ainda ontem.
Hoje Macau SociedadeAngela Leong concorda com proibição de entrada a croupiers nos casinos A deputada e administradora da Sociedade de Jogos de Macau disse ontem no hemiciclo que concorda com a vontade do Executivo em proibir os croupiers de jogarem nos casinos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, deputada e administradora-delegada da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), afirmou concordar com a proibição do acesso dos trabalhadores do sector do jogo a todos os casinos fora do horário laboral. Numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa (AL), a deputada eleita por sufrágio universal garantiu que a iniciativa merece todo o seu apoio e faz “votos de que sejam esclarecidos os respectivos objectivos e que a proposta de lei seja elaborada com toda a cautela, com vista à sua real e eficaz operacionalidade”. A Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos (DICJ) de Macau indicou haver um consenso quanto ao controlo do acesso dos trabalhadores do sector aos casinos fora das horas de serviço e “que se vai fazer todo o possível para apresentar a correspondente proposta de lei à AL antes do termo desta sessão”, de acordo com a deputada. “Nestes últimos anos, têm surgido, de quando em vez, notícias sobre trabalhadores de casinos viciados no jogo. Segundo vários relatórios de estudo sobre o assunto, os ‘croupiers’ são os mais expostos ao perigo da dependência”, sublinhou Angela Leong, para quem “os operadores do sector do jogo ganham bem, mas o seu trabalho é monótono, e a necessidade de fazer turnos limita as suas relações sociais”. Dinheiro nas mãos A isto “juntam-se as elevadas somas de dinheiro que lhes passam pelas mãos e a impossibilidade de atenuar o stress e de resistir à sedução do dinheiro, que os leva a apostar”, observou a deputada, apontando, por outro lado, que “também não são poucos os trabalhadores que consideram que a ordem de interdição de entrada nos casinos é uma discriminação”. Neste sentido, defendeu que “os serviços competentes devem auscultar as opiniões do sector e também as dos trabalhadores para pensarem novamente sobre como fazer a lei e conseguirem chegar a um consenso”. “O Governo deve reforçar as políticas sobre o jogo responsável, garantindo aos trabalhadores da indústria do jogo uma vida saudável, com vista a poderem contribuir, em boa forma, quer física, quer psicológica para o desenvolvimento sustentável da indústria do jogo de Macau”, sustentou Angela Leong, quarta mulher do magnata do jogo Stanley Ho. O Instituto de Acção Social (IAS) emite anualmente um relatório relativo ao “sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo”, em que junta informação estatística sobre quem procura ajuda devido a problemas relacionados com o jogo, na tentativa de compreender hábitos e comportamentos. Em 2015, encontravam-se registadas 147 pessoas no sistema central, dos quais mais de 80% eram residentes de Macau. Aproximadamente 20% das pessoas empregadas que procuraram ajuda do Governo eram ‘croupiers’ (que trabalham em mesas de jogo dos casinos), de acordo com o documento publicado pelo IAS.
Hoje Macau SociedadeJogo | Analista fala em lounges para apostas desportivas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] especialista de jogo Muhammad Cohen defendeu que a criação de lounges para assistir e apostar em eventos desportivos é uma “oportunidade de ouro” que está a ser desperdiçada em Macau, onde apenas uma empresa permite estas apostas. As apostas desportivas estão, actualmente, concentradas na empresa Macau Slot, cujo contrato foi este ano renovado até 2021. Em 2015, a concessão tinha sido renovada por apenas um ano, gerando esperança de uma abertura do mercado, mas tal acabou por não se verificar. “O calendário desportivo tem uma grande variedade de eventos. Podíamos ter tido festas de visionamento dos Jogos Olímpicos nos casinos de Macau, se houvesse salas de qualidade, com belos ecrãs, bom ambiente, comida, bebida, onde as pessoas podem apostar, ao invés de ficarem em casa a ver os jogos sozinhas”, defendeu Muhammad Cohen. “É uma oportunidade de ouro e toda a gente está a olhar para o lado. Se olharmos para a situação de Macau, neste momento, não há soluções milagrosas que tenhamos a certeza que vão funcionar. Isto seria uma coisa a tentar”, disse o também editor da revista Inside Asian Gaming e colaborador da revista Forbes, que habitualmente analisa o sector do jogo em Macau. Cohen apontou que “os números actuais da Macau Slot são minúsculos” – em 2015 a empresa teve lucros líquidos de 138,4 milhões de patacas, fruto de 8.197 milhões de patacas em apostas – e que os espaços existentes estão “tão longe de serem os mais modernos lounges de apostas desportivas como uma bicicleta está de um Ferrari”. Mais diversão “Quem é que sabe que a Macau Slot existe, além de um número reduzido da população local? A Macau Slot podia, por si, criar espaços para assistir e apostar em eventos desportivos, mas não o fez, por isso, acho que devemos deixar os casinos fazerem isso”, defendeu o especialista. Para Cohen, não se trata de uma questão estritamente monetária, mas de criar variedade na oferta e atrair outro tipo de público. É o caso, disse, dos turistas indianos, grandes fãs desportivos, que vêm a Macau mas “não acham [a cidade] muito acolhedora, acham os casinos locais pouco divertidos, caros, onde toda a gente está muito séria”. “Com um bar aberto 24 horas podem ver-se todos os jogos, a Primeira Liga Inglesa, os jogos de futebol europeus que acontecem a meio da noite, etc. Além disso, as apostas desportivas vão trazer alguma emoção à sala. Provavelmente iam ter pessoas a ver os jogos, a fazer barulho, a aplaudir, a entusiasmar-se quando algo acontece. Por vezes entramos nalguns casinos de Macau e o ambiente é um pouco fúnebre. Hoje em dia nem sequer temos o som das moedas a cair das máquinas, não parecem locais divertidos”, considerou. Para o especialista, os casinos seriam as estruturas ideais para acolher estes lounges, até porque, lembrou, os novos projectos foram construídos para acolher largas centenas de mesas de jogo mas, devido ao limite imposto pelo Governo, terão de funcionar com menos.
Hoje Macau SociedadePrimeiro aumento de receitas de Jogo desde 2014 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mês de Agosto fecha com receitas dos casinos a aumentar. A subida acontece após 26 meses em quedas consecutivas. Comparativamente ao período homólogo no ano passado o aumento das receitas foi de 1,1%, valor baixo, mas positivo e único desde Junho de 2014. No total o montante de receitas de Agosto foi de 18.836 milhões de patacas. No entanto os analistas do sector ainda apresentam reservas. “Não é necessariamente o fim da crise”, afirmou Ben Lee, analista da consultora IGamix, para quem o resultado “positivo” foi inesperado e é devido à abertura de um novo casino, o Wynn Palace, cita a mesma agência. Por outro lado os próximos três a seis meses são de flutuação entre “ligeiras subidas e ligeiras descidas”. Grant Govertsen, analista da Union Gaming Research considera que este crescimento mostra ainda, e claramente, “os benefícios da nova oferta”, salvaguardando que foi uma “surpresa”, nomeadamente para os investidores. Independentemente do futuro do sector, o analista considera que este aumento contribui para um “sentimento positivo”. “Penso que vamos ver novos níveis de crescimento nos próximos meses”, antecipou Grant Govertsen que também considera que o crescimento se venha a manter dada a abertura de novos casinos, nomeadamente o Parisian, da Sands China. Já para o economista José Isaac Duarte o sinal positivo mantém-se referindo que este “não deixa de ser um bom sinal”. O economista avança ainda que este que pode vir a confirmar uma tendência para a estabilização que se tem vindo a desenhar. Lionel Leong, o Secretário para a Economia e Finanças, deu a conhecer no início de Junho que o Governo mantém a previsão de fecho de 2016 com receitas de Jogo na ordem dos 200.000 milhões de patacas, o que representa uma diminuição de 13,35% comparativamente ao ano passado. Segundo os dados publicados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos registaram, nos primeiros oito meses do ano, receitas de 144.396 milhões de patacas.
Joana Freitas Manchete SociedadeRelatório | Governo já terá ultrapassado limite de 3% nas mesas e “haverá desigualdades” Contas do Daiwa Capital Markets e do Deutsche Bank indicam que o Governo já terá ultrapassado o limite de 3% nas mesas de jogo. As empresas analistas indicam que o Wynn Palace teve a menor distribuição de mesas da história, o que faz com que algumas das operadoras se venham a debater com uma redistribuição ou mesmo redução destes elementos. Haverá ainda “desigualdades” aquando da renovação dos contratos. Mais ainda, o banco alemão sugere que o The 13 vai ter 66 mesas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]banco de investimento Daiwa Capital Markets defende que nem tudo foram rosas na abertura do empreendimento Wynn Palace, no Cotai. Mais: o facto do Wynn registar a mais baixa distribuição de mesas da história (150) fez com que se tivessem atingido os limites apontados pelo Governo no crescimento de mesas a 3% até finais de 2017. Um outro relatório do Deutsche Bank indica o mesmo. “O objectivo do Governo é limitar o crescimento das mesas a 3% ano a ano, mas os números oficiais mostram que as recentes alocações de mesas de jogo (incluindo as do Wynn Palace) já ultrapassaram esse limite até ao final de 2017”, pode ler-se no relatório do Dawa, que cita como fontes a própria Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Para os analistas Jamie Soo e Adrian Chan, que se responsabilizam pelo relatório, isso poderá originar uma redistribuição ou mesmo redução das mesas de jogo no ano de 2020, data em que as licenças das operadoras começam a ser revistas. O banco insiste que, já no ano de 2015, o limite tinha sido ultrapassado pelo Governo por 1,1%. Os números são ligeiramente diferentes dos do Deutsche Bank, que, contudo, indica também essa ultrapassagem. Numa análise ao sector do Jogo, datada de 26 de Agosto, os analistas do banco de investimentos consideram que “a actual alocação de mesas esgotou o limite anual de 3% até finais de 2017”, sendo que “as operadoras que ainda têm empreendimentos por inaugurar enfrentam riscos mais elevados”. “A recente alocação de 150 mesas de jogo da Wynn foi significativamente mais baixa face às expectativas e de facto foi a mais baixa na história das operadoras com recentes aberturas”, lê-se ainda no documento ao qual o HM teve acesso. “Tendo em conta a crescente desigualdade entre operadoras, acreditamos que as mesas de jogo enfrentam um risco de redução ou de reajustamento (no período) da revisão das concessões”, acrescentam os analistas. A análise alerta para o facto das mudanças nas mesas de jogo poderem a ser um dos maiores factores de discussão na hora de rever as licenças com as operadoras. “Acreditamos que a avaliação da distribuição das mesas de jogo vai tornar-se cada vez mais crítica dado os recentes desenvolvimentos do sector. As questões relacionadas com a distribuição das mesas deverá ser um dos factores de discórdia na renovação das licenças em 2020/2022. Acreditamos que os riscos vão surgir em duas formas: o risco de redução em todas as mesas e ainda o risco de um reequilíbrio entre as operadoras.” Desigualdades e monopólios Para o Daiwa Capital Markets, a Wynn e a MGM são as operadoras que mais vão sofrer com uma eventual redução do número de mesas, dado existirem desigualdades na forma como estas têm sido distribuídas. Caso haja uma redistribuição das mesmas, a Sands China e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vão sofrer mais, porque “têm as maiores vantagens em termos de distribuição de mesas e enfrentam os maiores riscos de redução nos anos de 2020/2022”. “Vemos uma desigualdade entre as operadoras de Jogo na forma como as mesas têm sido distribuídas. Se olharmos para a distribuição feita em 2014 (antes das aberturas da fase dois do Cotai), há uma disparidade entre as operadoras em termos de quantas mesas de jogo foram garantidas face ao capital investido. A SJM destaca-se como sendo a operadora com a mais baixa contribuição em termos de despesas de capital e aquela que teve a maior alocação de mesas de Jogo, o que pode ter a ver com questões relacionadas com o legado deixado pelo antigo monopólio detido pela empresa (Sociedade de Turismo e Diversões de Macau). Se retirarmos o factor SJM, as outras operadoras com mais investimentos em termos do mercado de mesas investiram também valores semelhantes por cada mesa de jogo que foi distribuída. A empresa que mais gastos por mesa teve foi a Melco Crown”, frisam os analistas. Jamie Soo e Adrian Chan afirmam ainda que “não é lógico” que duas das sub-concessões (Sands China e Melco Crown) tenham distribuído um maior número de mesas de jogo do que uma das três concessões (Wynn). “A SJM recebeu a maior distribuição de mesas de Jogo face à mais baixa contribuição em termos do sector não jogo e com o mais baixo investimento. Após a abertura do Lisboa Palace, apontada para 2017, acreditamos que a SJM vai continuar a ser a operadora mais bem posicionada em termos do rácio investimento-mesas de jogo, apesar de ter a mais contribuição em termos do sector não jogo, comparando com a Sands China ou a Melco Crown. Mesmo que a operadora não receba nenhuma mesa para o Lisboa Palace, terá investido menos do que metade por mesa, por comparação com a média do sector”, dizem os analistas, O Daiwa Capital Markets fez as contas e conclui que a Wynn “foi a que mais gastou com mesas de Jogo, ultrapassando quatro vezes a SJM”. “É ainda de realçar que, apesar de só ter aberto portas há cinco meses, a Melco Crown conseguiu mais 60% de mesas (250 para o Studio City) do que a Wynn (150 mesas para o Wynn Palace). Para seguir esta falta de lógica, a Wynn detém a concessão original que foi estendida à Melco Crown”, defendem. Os números do Deutsche Bank indicam a mesma coisa: a SJM foi a operadora com mais mesas desde sempre, contando actualmente com um total de 1786, seguida pela Sands (com 1525). A Wynn fica quase em último lugar, não fosse a MGM: se a operadora de Steve Wynn tem 421 mesas, já a do leão fica-se pelas 416. Em termos de contabilização das mesas, desde o ano 2005, o Deutsche Bank aponta para um crescimento que, em 2014, anda na “ordem dos 4,3%” e “dos 5,2%”, prevendo um que o crescimento só fique abaixo dos 3% em 2018. O banco alemão vê Macau crescer das 4791 mesas em 2010 para as 6264 em 2016. Já os analistas do Dawa não deixam de criticar a postura do Executivo. “O Governo parece estar a adoptar uma postura mais ‘avarenta’ em relação à distribuição de mesas de Jogo face há dois ou três anos, dando mais prioridade às contribuições que as operadoras têm dado à economia local com o sector não jogo. Contudo, em vez de verificar a desigualdade existente na distribuição de mesas de Jogo, a abertura dos novos empreendimentos vai piorar ainda mais a situação”, concluem. O HM tentou ontem pedir esclarecimentos junto do Governo sobre esta questão, mas não foi possível até ao fecho da edição. Casino no “The 13”? O Deutsche Bank adianta a possibilidade do Hotel The 13 poder vir a ter mesas de jogo. Ao HM, há três meses, o hotel não negou essa possibilidade, mas da parte da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos esta sempre foi negada, com o organismo a garantir recentemente ao HM que não tinha ainda recebido qualquer pedido para casinos em Coloane, nem especificamente desta empresa. Agora, o relatório indica que o hotel – com 200 quartos – terá 66 mesas com capacidade para 528 jogadores. E aponta até uma data: de Outubro a Dezembro. O HM tentou ontem pedir esclarecimentos junto do Governo sobre esta questão, mas não foi possível até ao fecho da edição. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, não nega essa possibilidade sempre que é questionado pelos jornalistas. Contudo, recorde-se que o Executivo anunciou há cerca de três anos querer retirar todas as salas de jogo e casinos das proximidades das habitações. O The 13 fica em frente ao complexo de habitação pública de Seac Pai Van. Anteriormente, fonte ligada à empresa tinha dito ao HM que o hotel não iria ter casino por ter “desistido de enveredar por esse caminho”. Também na apresentação do espaço no mais recente comunicado da empresa não é mencionado qualquer espaço de jogo. O hotel vai ter 200 quartos, termas, mordomos e Rolls-Royce para transporte dos clientes. O espaço deverá abrir no final do Verão. Pereira Coutinho fala em “saturação” Convidado pelo Daiwa Capital Markets a comentar a análise feita ao sector, o deputado José Pereira Coutinho falou da existência de “saturação”. “Sem dúvida que estamos a ver sinais de saturação em termos de mesas e estruturas de jogo. É difícil conciliar o número de mesas já existente com a distribuição feita pelas operadoras, tendo em conta o Plano de Desenvolvimento Quinquenal para cinco anos, que prevê uma diversificação económica e a transformação de Macau como destino internacional de turismo e lazer, com menos jogo e mais entretenimento”, pode ler-se no relatório da Dawa. Já o relatório do Deutsche Bank aponta para uma questão que parece dar base às declarações de Pereira Coutinho: não é só o número de mesas que importa, mas a capacidade que estas têm em conjunto com as slot-machines. Por exemplo, as contas do banco alemão mostram que, em 2005, Macau contava com quase 1400 mesas e 3400 slots, mas estas davam lugar a 14.525 jogadores. Em 2010, esse valor subiu para 4791 e pouco mais de 14 mil slots, permitindo que mais de 52.300 pessoas pudessem sentar-se e jogar ao mesmo tempo. O banco prevê que este ano, haja 68.621 lugares para jogadores entre as mais de 17 mil slots e 6264 mesas.
Joana Freitas SociedadeEmpregos na área do Jogo exigem mais domínio do Inglês [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á menos trabalhadores no sector do Jogo, mas mais empresas a pedir quem domine o Inglês, além do Mandarim. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, referentes ao segundo trimestre deste ano, mostram ainda que os funcionários do principal sector da RAEM estão a ganhar mais. No final de Junho, o sector das lotarias e outros jogos de aposta tinha 55.708 trabalhadores a tempo inteiro, menos 3% em relação ao mesmo período de 2015. A maioria, 92,7%, trabalhava por turnos e, ao todo, 24.285 eram croupiers, menos 3,1%. No que aos requisitos para recrutamento diz respeito, mais de metade (57,6%) dos postos vagos requeriam experiência profissional e 75,1% exigiam mesmo habilitações académicas iguais ou superiores ao ensino secundário complementar. Os dados mostram, contudo, que há mais empresas face ao ano passado a pedir que os funcionários falem Inglês, além do Mandarim, já comummente tido como a língua favorita. No caso da língua chinesa, até diminui o número de operadoras que requeriam o domínio desta – 89,9% este ano face a 95,3% no ano passado. Já no que toca ao Inglês, 74,3% das empresas pedia mais pessoas a dominar esta língua, um aumento de mais de 20%. Os dados mostram ainda que a remuneração média dos funcionários de jogo era de 22.060 patacas, mais 2,7%, em termos anuais. No caso dos croupiers, o salário ficou-se pelas 18.960 patacas, ainda assim um aumento de 2%. Durante o segundo trimestre foram recrutados 660 trabalhadores, menos 66,5% do que no mesmo período do ano passado. A taxa de vagas subiu apenas 1%, o que indica, para a DSEC, que as necessidades de mão-de-obra neste sector “abrandaram ainda mais”.
Tomás Chio Manchete SociedadeJogo | Pedida lista negra para clientes violentos Os ataques a funcionários do jogo têm-se sucedido e, por isso, é preciso uma lista negra que impeça jogadores irados de voltar a entrar nos casinos. É o que pede a Associação de Empregados das Empresas de Jogo, a quem se junta Zheng Anting para dizer que há muitos ataques que ficam nas sombras [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Empregados das Empresas de Jogo apelou à criação de uma lista negra para os clientes que causaram problemas e foram violentos com funcionários dos casinos. A ideia é impedir que estes jogadores, que não são poucos de acordo com a Associação, deixem de poder entrar nos casinos novamente. O apelo surge depois de ter sido conhecido um caso de uma croupier violentada por um jogador na semana passada. Mas surge não só porque o caso não é único, como também porque tem vindo a aumentar a gravidade destas situações, como refere Choi Kam Fu, presidente da Associação. “Cuspir na cara nem é mau. Às vezes ameaçam bater ou mostram armas aos funcionários. A situação está a ficar mais grave e é preciso mais atenção”, frisou aos jornalistas numa conferência de imprensa onde foram denunciados mais casos. A conferência contou com uma croupier de apelido Chio, que trabalha num casino na zona da ZAPE, e que foi agredida por um cliente que perdeu dinheiro. Estava “zangado”, diz a mulher, e descarregou na funcionária, algo comum para estes trabalhadores cujo dia-a-dia é feito “de insultos” quando os clientes perdem dinheiro, como referiu Choi Kam Fu. O responsável da Associação disse que, só este ano, houve seis casos de violência para com empregados do jogo, número confirmado pela Polícia Judiciária que assume ter feito quatro detenções relacionadas com este problema em sete meses entre as seis queixas apresentadas. Quem ajuda? Choi Kam Fu pede ajuda à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para a criação da lista negra, porque considera que é preciso salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Já o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) indicou apenas que as operadoras de Jogo têm a responsabilidades de denunciar estes casos à polícia, porque o organismo não tem poder para investigar os casos. Wong Chi Hong disse ao Jornal Ou Mun que o organismo pode receber as queixas e encaminhá-las, mas nada mais. A Direcção de Jogos já assegurou que vai ter em conta a implementação de medidas para ajudar estes trabalhadores, mas nada avançou sobre uma lista negra. Zheng Anting, deputado, também apelou ao Governo para criar um sistema para garantir a segurança dos empregados de jogo, até porque “algumas operadoras dizem aos empregados para não denunciar os casos de ataques à PSP, devido à protecção da imagem das empresas”. O deputado diz mesmo que alguns empregados foram punidos pelas empresas porque denunciaram os ataques. Zheng Anting concorda, por isso, com a sugestão de Choi Kam Fu e diz que o Governo tem a responsabilidade de criar um sistema novo para garantir a segurança dos empregados de jogo, a fim de proteger a sua dignidade profissional.
Hoje Macau Manchete PolíticaJogo | Revisão à lei vai mesmo proibir funcionários de entrar em casinos O vício do jogo está a afectar trabalhadores dos casinos, especialmente croupiers, e Paulo Chan quer evitar que isso aconteça. A Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo e será entregue à AL em 2017. Só não se sabe ainda se todos vão ser impedidos de entrar [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá confirmado: a revisão à Lei de Condicionamento da Entrada, do Trabalho e do Jogo nos Casinos vai mesmo proibir a entrada de funcionários das operadoras nas salas de jogo. A afirmação é do director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que diz a proposta de lei vai ser entregue na Assembleia Legislativa antes das eleições de 2017. O Governo já tinha demonstrado querer restringir a entrada dos trabalhadores do Jogo nos casinos fora da sua jornada laboral. Agora, a questão confirma-se, ficando contundo por decidir se a proibição se estende a todos os empregados ou apenas aos croupiers, como admitiu Paulo Martins Chan à margem do programa de rádio Fórum Macau. A DICJ está neste momento a recolher opiniões junto das operadoras de Jogo, associações e trabalhadores do sector, mas Paulo Chan frisa que está “é um dos trabalhos mais urgentes” do organismo que dirige. “Ainda estamos no processo da revisão e não foram revelados os conteúdos a rever. Mas, com a análise de vários relatórios, notámos que os croupiers são um grupo de alto risco perante o vício do jogo”, explicou. Com segurança Paulo Martins Chan já tinha assegurado que iria aperfeiçoar a lei que condiciona a entrada, trabalho e jogo nos casinos assim que assumiu o cargo. Agora, assegura que a lei revista vai ser entregue à AL antes das eleições em meados de 2017. Choi Kam Fu, Presidente da Associação de Empregados das Empresas de Jogo Macau, mostrou preocupações com a decisão e disse esperar “que não afecte o emprego dos trabalhadores”. O responsável diz ainda que se deve proibir a entrada de todos os trabalhadores e não apenas dos croupiers, a fim de construir uma malha de segurança para todos os empregados. Além da revisão desta lei, Paulo Chan adiantou ainda que o organismo também está a rever a lei que regula os promotores do Jogo e as máquinas de jogo electrónicas. “É necessário, para conseguirmos acompanhar. A nossa equipa legal já passou de duas para cinco pessoas”, frisou, sem adiantar detalhes sobre o que vai mudar nestes diplomas. * por Angela Ka com Joana Freitas
Hoje Macau SociedadeJogo | Junho trouxe receitas mais baixas desde Setembro de 2010 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos tiveram em Junho as receitas brutas mais baixas desde Setembro de 2010, segundo os dados oficiais conhecidos na passada sexta-feira. Os locais de jogo fecharam o mês passado com receitas de 15,9 mil milhões de patacas, uma queda de 8,5% face ao mesmo período de 2015. Junho foi o 25.º mês consecutivo de quedas homólogas das receitas dos casinos e aquele em que atingiram o valor mais baixo desde Setembro de 2010, quando se situaram nos 15,3 mil milhões de patacas. A queda de Junho foi inferior aos 9,5% que a Bloomberg havia calculado, com base numa média das estimativas de sete analistas. “O mercado de massas [por oposição ao VIP, dos grandes apostadores] continua a mostrar um crescimento modesto”, disse à Bloomberg Grant Govertsen, analista da Union Gaming Group LLC, que considera que as receitas poderão voltar a crescer a partir de Setembro, com a abertura de novos empreendimentos com casinos, virados para esse mercado, de turistas e jogadores que procuram também outros tipos de entretenimento. Fim de ciclo Entre os analistas e economistas, é consensual que as receitas dos casinos vão estabilizar este ano, que marcará o fim do longo ciclo de queda, mas há divergências em relação ao momento em que isso acontecerá. A estimativa do Governo vai no sentido de que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano, uma quebra de 13,3%. A queda das receitas tem sido associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado dos casinos de Macau os grandes apostadores. A fatia do jogo VIP no bolo das receitas dos casinos de Macau tem vindo a diminuir, embora ainda representasse mais de metade (55,3%) no final de 2015. Em 2014, a proporção era de 60,4% em 2014, em 2013 de 66,1% e em 2012 de 69,3%, sendo que, no início da década anterior, o peso do segmento VIP no total das receitas dos casinos chegou a ser superior a 77%. Governo “confiante” no mercado de massas O Governo disse na sexta-feira que há uma “enorme possibilidade” de as receitas dos casinos continuarem a cair no segundo semestre e revelou que o peso do mercado de massas superou o dos grandes apostadores este ano. “Efectuada uma análise global sobre as situações económicas internacionais e regionais, estima-se que o ajustamento do sector do Jogo poderá persistir por mais algum tempo, havendo ainda uma enorme possibilidade de as receitas brutas reportadas ao segundo semestre do corrente ano continuarem a manter-se em crescimento negativo, quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas com a amplitude da sua descida a abrandar-se continuamente”, lê-se num comunicado. Os analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos, em queda há mais de dois anos, vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o longo ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso acontecerá, havendo quem aponte já o mês de Agosto ou Setembro. No comunicado, o Executivo lembra as suas estimativas no orçamento da região para este ano, menos optimistas do que as dos analistas, que apontam para que as receitas dos casinos sejam na ordem de 200 mil milhões de patacas no final do ano (numa média de 16,6 mil milhões de patacas mensais), uma quebra de 13,3% em relação a 2015. O Governo congratula-se com o avanço do mercado de massas em relação ao jogo VIP (ver texto acima), considerando que resulta da “eficácia preliminar dos trabalhos do Governo da RAEM na promoção da diversificação do sector”, tradicionalmente dependente dos grandes apostadores chineses. O Executivo lembra ainda que vão abrir dois novos empreendimentos no segundo semestre do ano, vocacionados para o mercado de massas, e diz que “acredita que isto poderá ser benéfico para elevação das atracções do mercado turístico de Macau.
Hoje Macau PolíticaJogo | Governo mantém previsão de queda de 13,35% O Secretário para a Economia e Finanças confirmou que a quebra nas receitas mantém-se igual às expectativas do Executivo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau mantém a previsão de uma queda das receitas do jogo de 13,35% este ano, disse o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Segundo o Secretário, citado num comunicado oficial, a diminuição das receitas nos primeiros cinco meses do ano corresponde às previsões do Governo. “Lionel Leong acrescentou que o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) prevê, para 2016, uma receita do jogo de cerca de 200 mil milhões de patacas, menos 13,35% comparado ao ano transacto, e que os dados dos últimos meses correspondem à previsão do Governo”, lê-se. Segundo a mesma nota, Lionel Leong afirmou que “o Governo está atento aos dados do corrente mês”, dado que “de acordo com a experiência, mesmo no período de crescimento, a receita do jogo no mês de Junho foi sempre inferior a mais de mil milhões do que a de Maio”, quando houve já uma quebra de cinco mil milhões. O Chefe do Executivo, Chui Sai On, quando da apresentação do orçamento da região para 2016, em Novembro último, reconhecendo uma postura cautelosa, avançou que o Governo previa que os casinos encerrem o ano com receitas na ordem de 200.000 milhões de patacas, menos 13,3% do que em 2015. Segundo o orçamento deste ano, o Governo de Macau prevê fechar 2016 com um ‘superavit’ de 18,213 mil milhões de patacas, apesar da diminuição das receitas dos casinos, a que são aplicados impostos directos de 35%. As receitas dos casinos de Macau iniciaram em Junho de 2014 uma curva descendente, depois de anos de crescimento exponencial. No conjunto de 2014 caíram 2,6%, em 2015 diminuíram 34,3% e nos primeiros cinco meses deste ano desceram mais 11,9% comparando com o período homólogo. Essa prolongada curva descendente, iniciada em Junho de 2014, resulta de um ‘cocktail’ de factores que analistas imputam aos efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim, ao golpe de confiança infligido por uma série de desfalques nas salas de jogo VIP (de grandes apostadores) e ao abrandamento da segunda economia mundial. A queda das receitas do jogo arrastou o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau, que recuou 20,3% em 2015, naquela que foi a sua primeira contracção anual desde 1999, ano da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China. Os analistas dividem-se quanto à possibilidade de Junho vir a marcar o primeiro mês de crescimento das receitas dos casinos ao fim de dois anos de quedas mensais homólogas consecutivas. Isto depois de a tendência verificada em Maio – mês em que as receitas dos casinos caíram 9,6% – ter sido mais negativa do que o esperado pelos investidores. David Chow acredita em desenvolvimento de elementos não-jogo David Chow, proprietário da Macau Legend, afirmou, depois da assembleia geral da empresa, que as receitas do Jogo, deste semestre, não se mostram fortes para impulsionar o próprio sector. A economia global e do interior da China não está saudável, diz o empresário, indicando que como Macau ainda está em fase de ajustamento económico, depois das últimas quedas, o crescimento da economia poderá demorar pelo menos mais um ano. Para David Chow a conclusão da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, aliada à exploração dos elementos não-Jogo e à possibilidade de turistas poderem viajar directamente para Macau a economia irá crescer consideravelmente. Em relação à reconstrução da Doca dos Pescadores, afectada pelo tempo, David Chow explicou que a obra poderá demorar mais tempo que o previsto, estando concluída, em principio, entre Agosto e o final de Setembro. O empresário explicou que vai aproveitar este tempo para adicionar mais elementos não relacionados com o Jogo, como por exemplo, a obra já começada do pavilhão dos dinossauros. Serão, diz, introduzidos mais restaurantes e zonas de lazer, como centros comerciais e centro de convenção, que possam estar ligados aos hotéis.
Joana Freitas Manchete SociedadeCrime | Actividades ilícitas ligadas ao jogo sobem em flecha Sequestro, usura e extorsão subiram nos primeiros três meses do ano, com um crescimento exponencial nos crimes relacionados com o Jogo. A criminalidade geral desceu e, apesar de garantir maior atenção aos casinos, o Secretário para a Segurança diz que não há consequências de maior na estabilidade dos que cá vivem [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]taxa de crime desceu 7,1% no primeiro trimestre de 2016, com 255 casos a serem registados pelas autoridades da Segurança. Os crimes contra o património foram os que originaram mais ocorrências de Janeiro a Março, mas os crimes ligados ao Jogo são os que mostram uma maior tendência de subida. Dados do Gabinete do Secretário para a Segurança ontem apresentados mostram que houve 1914 casos de “crimes contra o património”, uma descida de 8,6% relativamente a 2015. Menos casos de furto (- 3,3%) e roubo (- 8,9%), mas mais crimes de extorsão e usura (106 casos), que subiram de “forma notável”, em 73,3% e 55,9%. Estes dois últimos tipos de crime estão ligados ao sector do Jogo, bem como o crime de sequestro, que viu um aumento de 32,8%, de 67 para 89 casos no primeiro trimestre deste ano. O sequestro inclui-se na tipologia de “crimes contra a pessoa”, tendo feito aumentar estes crimes em 2,8% face a 2015. No total, houve 626 casos. Ao todo, foram instaurados 368 processos relacionados com crimes do jogo, uma subida de 11,2% face a 2015, e que contaram com mais de 400 pessoas envolvidas. Para Wong Sio Chak, a subida nestes crimes “evidencia as relações entre a segurança e o ajustamento que se vem verificando recentemente no sector do jogo”, mas o Secretário diz que a situação ainda não trouxe “quaisquer consequências” para a segurança de Macau. Até porque, frisa, “não houve informações sobre qualquer anormalidade no comportamento de [seitas] devido ao ajustamento das receitas” e “a maioria dos ofendidos e dos suspeitos não é residente” do território. Mas não só. “Além disso, os processos relativos a estes tipos de crimes foram abertos por iniciativa da própria polícia e a maioria dos casos aconteceu dentro dos casinos. Não há indícios que mostrem que estes crimes se estendam para além do ambiente interno dos casinos, o que significa que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade.” Entre Janeiro e Março registaram-se “apenas quatro casos de associação criminosa”, mais um do que em 2015. [quote_box_left]“Não há indícios que mostrem que estes crimes se estendam para além do ambiente interno dos casinos, o que significa que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade” -Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança[/quote_box_left] Nada de grave Um aumento foi também registado na criminalidade violenta, onde mais uma vez a Segurança inclui o sequestro, além do tráfico de droga. No primeiro trimestre deste ano foram registados 181 situações, uma subida de 24%. Contudo, Wong Sio Chak apresenta também outros dados. “No âmbito dos crimes de violência grave, continuam a zero os casos de homicídio ou de rapto e [há] uma casuística muito baixa dos casos de ofensas corporais graves – só um caso, o que representa uma descida de 75% comparando com o mesmo período do ano anterior”, revelou o Secretário para a Segurança, para quem a ausência destes crimes representa uma “melhoria óbvia de situação de segurança comparando com o ano passado”. Os dados mostram ainda aumento nos casos de tráfico e consumo de droga dentro dos 344 casos de “crimes não classificados”, onde se inclui “aliciamento”, “auxílio”, “acolhimento” e “emprego de imigrantes ilegais”. No total foram 93 casos, uma descida de 24,4%, relativamente a 2015, mas onde se denotam 48 casos de tráfico de droga e 25 casos de consumo – subidas de 71,4% e 38,9%. Apesar de terem sido detectados 7431 pessoas em situação ilegal no território, Wong Sio Chak diz que “houve uma descida significativa do número de imigrantes ilegais e em excesso de permanência, fruto das estratégias de acções de combate e esforços envidados” pelas autoridades de Macau e regiões vizinhas. Os números indicam que 328 pessoas do interior da China e 64 do Vietname entraram ilegalmente em Macau, enquanto mais de 5500 ficaram cá tempo a mais do permitido. Promessas deixadas Wong Sio Chak deixou ontem a promessa de que a PJ vai intensificar a prevenção e o controlo do ambiente nos casinos, sendo que vai também levar a cabo um trabalho de prevenção criminal nas proximidades dessas infra-estruturas. A abertura de mais espaços de jogo, prevista para este e próximo anos, também coloca as autoridades de sentinela. “Continuaremos a proceder a ajustamentos na implementação de recursos policiais, a atender às tendências da nova criminalidade e a implementar sistemas de prevenção que proporcionem resposta imediata (…), a Divisão de Investigação de Crimes Relacionados com o Jogo vai reforçar a comunicação e a cooperação e, tendo em consideração os crimes mais frequentes, nomeadamente “usura” para o jogo e “cárcere privado”, a Equipa Especial de Fiscalização procede a acções de prevenção e combate. Além disso, a PJ e a PSP continuam a reforçar a monitorização das sociedades secretas e das associações criminosas, bem como a proceder acções de prevenção e combate eficientes”, indica Wong Sio Chak. Mais de mil taxistas multados Entre Janeiro e Março deste ano, mas de mil taxistas foram multados. Dados ontem apresentados mostram que a PSP e a Direcção dos Serviços para os Assunto de Tráfego (DSAT) multou 1277 motoristas de táxi, menos 26% face ao ano passado, quando houve 1724 autuações. Destes casos, 472 casos eram de recusa de tomada de passageiros (37%), 416 de cobrança excessiva (32,6%) e 93 casos de transporte ilegal, mais seis casos. NÚMEROS 1615 pessoas presentes ao Ministério Público (mais 15,9%) 16 casos de delinquência juvenil (mais seis), tendo sido identificados 28 menores envolvidos 3333 inquéritos instaurados (menos 7,1%) 80% foi a descida nos casos de fogo posto 113 casos de falsificação de documento (menos 35) 424 pessoas apresentadas ao MP por crimes relacionados com o jogo (mais 17,5%) 202 casos de crime de desobediência, mais 6,3% Extorsão por imagens de regresso Dados da Segurança mostram que houve um retorno nos casos de crime de extorsão por via de ameaças de divulgação de imagens íntimas na internet. No primeiro trimestre registou-se um aumento de quatro para 18 casos comparativamente ao mesmo período do ano passado.
Tomás Chio SociedadePolícia desmantelou grupo de apostas ilícitas online [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Macau, Hong Kong e Guangdong desmantelaram um grupo de apostas de jogo ilegais online. Segundo o canal Mastv, este grupo terá cometido o crime de branqueamento de capitais através de algumas salas VIP de Macau. Qian Bo, responsável pelo Departamento de Segurança da Província de Cantão, indicou que o grupo possuía vários escritórios em Guangdong com ligações a agências, sendo que membros de seitas estariam no controlo do grupo. As autoridades desmantelaram ainda dois pontos de jogo ilícito online, confiscando um montante superior a 20 milhões de renmimbi e tendo também desmantelado quatro bancos ilegais que operariam com este grupo, na cidade de Dongguan. Aqui as operações foram superiores a 20 mil milhões de renmimbi. A imprensa chinesa fala do branqueamento de capitais como o recurso mais usado por este grupo para a obtenção de dinheiro, sendo que terá ajudado muitos cidadãos “chineses ricos” a enviar o seu capital para fora da China. O grupo seria ainda responsável pela compra de fichas de jogo, sendo que os junkets poderiam depois trocar essas fichas por dinheiro. O grupo também terá obtido interesses com a troca de dinheiro em renmimbi, patacas e dólares de Hong Kong nos mesmos bancos ilegais.
Manuel Nunes Manchete SociedadeG2E Asia | Nova geração chinesa vai mudar o turismo de Macau A nova geração chinesa e as suas ambições como viajantes são factos importantes para Macau, que tem de mudar a face sob pena de alienar estes novos turistas. Mais colaboração entre as operadoras, um plano para a cidade e uma alteração na oferta são necessidades prementes, dizem analistas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das conferências do Global Asia Gaming Expo (G2E Asia) realizada ontem focava-se na geração chinesa do milénio e na forma como esta pode moldar o futuro do turismo de Macau. Duas analistas do sector de inteligência da Bloomberg, Catherine Lim e Margaret Huang, dizem que muita coisa terá de mudar no perfil de Macau para atender a uma geração mais sofisticada, hiperligada e que procura coisas novas, diferentes e únicas. “Os milenários querem uma imersão cultural, querem aprender algo”, diz Margaret Huang, avançando ainda que “Macau tem estado num lugar confortável como um destino de casinos e não tem pensado muito em criar elementos diferenciadores do produto”. Trazer o elemento cultural para a equação, é importante, refere a analista, que mostra dados de 7% dos rendimentos das operadoras no sector extra-jogo, que, no seu todo, cresceu 5%. “O Venetian lidera-o porque tem mais coisas para oferecer”, indica. Destino mundial? A ideia de transformar Macau num local de turismo mundial de lazer não parece a melhor ideia para as analistas. “Primeiro, é logisticamente difícil e ninguém na Europa ou noutro lugar pensará em vir para Macau a não ser para jogar”, diz Margaret Huang. “Como não jogadora”, acrescenta Catherine Lim, “mesmo estando em Singapura, levar quase quatro horas para vir a uma terra de casinos não é muito atractivo. Macau precisa de algo único que atraia a atenção do público, para além do jogo”. O segredo é começar por apostar “no fruto mais à mão”, diz, e esse é a nova geração de milenários chineses. “Mas é preciso conhecê-los e perceber o que os motiva”. “Balinghou” e “Jiulinghou” Em conjunto, “Balinghou” e “Jiulinghou” formam os milenários. Mas são muito diferentes e não gostam de ser confundidos. Os “Balinghou”, nascidos na década de 80, são a primeira geração pós-reforma. Mais consumistas, mais optimistas no futuro, mais focados no empreendedorismo e convictos do seu papel de transformarem a China numa superpotência. Os “Jiulinghou” são outra história: a primeira geração a viajar extensivamente, a ligar-se de forma quase plena na internet (90% tem telefones inteligentes) e que, como diz Margaret, “não querem billboards, querem histórias”. Além disso, têm um enorme sentido de individualidade pelo que, adianta a analista, “procuram coisas únicas, experiências diferentes para mostrarem aos amigos via internet”. Não gostam de viajar em grupo e o seu grande objectivo é divertirem-se. Retalho singular Actividades como jogos de computador e idas ao cinema conquistam grande parte das preferências, mas a compras em lojas também podem ser uma possibilidade apesar da permanente ligação à net os fazer adquirir produtos online. O segredo é uma oferta original. “Macau já foi o paraíso do retalho”, diz Catherine Lim. Mas vai mudar. “Fiquei espantada ao saber que apenas agora vai abrir uma loja da Apple no Galaxy”, diz para ilustrar a ideia que o mercado de gadgets electrónicos é essencial para esta nova geração. Além disso, garante, as marcas de luxo estão a começar a pensar no número de portas que têm abertas na grande China. “A questão”, diz a analista, “é todos esses espaços novos que vêm para Macau terem de pensar muito bem no que vão lá colocar dentro”. Com a nova clientela que se avizinha, Catherine aposta no “premium affordable”, na exclusividade, no raro. “Algo mais funky, tech, lifestyle por oposição ao ‘high end’. O luxo não desaparecerá mas as marcas terão de repensar posicionamentos. “Talvez devam ser mais exclusivas e não iguais às que se encontram pela Ásia fora”, diz Margaret. Segundo Catherine Lim, até a Chow Tai Fook e a Lukfook, que têm invadido o centro da cidade, um dia poderão começar a fechar. “Sei que eles começam a pensar se o número de portas abertas em Macau é justificado”, diz, adiantando que “se ainda têm tantas é devido a compromissos que assinaram com os amigos.” Segundo a analista, “antes de 2014 o retalho de jóias e relógios cresceu mais rápido” mas isso já não se verifica, porque “há uma nova dinâmica nos gastos de chineses”. Marketing, planeamento e cooperação A colaboração entre operadoras é outro dos pontos que consideram essencial. Para lá da impermeabilidade entre operadoras também “não está a ser feito um bom trabalho de marketing”, diz Margaret. “Em Hong Kong não estamos a par da maioria das coisas que aqui se passam e é tão perto…” lamenta, acrescentando ainda que “em Macau só se fala de casinos”. Uma opinião corroborada por Catherine que utilizou mesmo o sítio do Turismo de Macau como exemplo de má comunicação: “O património tem pouco conteúdo. A zona de comidas é pobre. Não há nada que nos transporte”, referindo ainda a apresentação “antiquada, com cores estranhas, onde há de tudo um pouco mas nada significativo”. A falta de planeamento urbanístico é outro dos pontos onde Macau tem de se focar para que “não apareçam coisas desconexas”. Um planeamento que, do ponto de vista da analista, deve ir além do urbanismo, incluindo entretenimento e cultura pois “facilita a estratégia de marketing que pode ser potenciada pela redes sociais tão importantes para os milénios”, explica. “Macau precisa de imagens fortes e de mais cultura, pois estamos perante uma nova clientela muito sofisticada”. Wynn | Sala VIP fechada. Funcionários sem salários Uma sala VIP do grupo Goldmoon, localizada no casino Wynn, fecha portas este sábado, dia 21, estando previsto o despedimento de todos os seus trabalhadores. Segundo o canal Mastv, os funcionários queixam-se de salários em atraso desde Fevereiro. O fim do negócio terá sido comunicado através de uma circular interna colocada na sala VIP. As razões apontadas pelo grupo Goldmoon alertam para o abrandamento da economia. A empresa terá prometido uma indemnização, mas um funcionário disse à Mastv que desde Fevereiro que não são pagos salários. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) confirmou que recebeu queixas de 17 trabalhadores. Choi Kam Fu, director da Associação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, disse estar preocupado que a empresa de junkets possa dividir os salários dos funcionários em várias partes para pagar apenas a base salarial aquando da definição das indemnizações. Choi Kam Fu considera “irracional” que o salário base de cada funcionário seja de quatro mil patacas, quando na realidade cada trabalhador ganha entre 20 a 30 mil patacas mensais. “Esse é o ponto que trabalhadores e patrões não conseguem coordenar.” O responsável acredita que será fácil aos trabalhadores voltarem a ter trabalho no sector, mas aconselha-os a que façam formação noutras áreas, como contabilidade, técnicos de reparações ou manutenção de equipamentos. (Por Flora Fong)
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJogo | Lionel Leong defende mais independência do sector VIP O futuro do sector do Jogo deverá passar por uma maior independência face ao sector VIP, na aposta de “um novo grupo de clientes” e na “prudência” na revisão dos contratos de Jogo. Eis as garantias dadas pelo Secretário para a Economia e Finanças na apresentação do relatório da revisão intercalar do sector [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong pouco respondeu aos jornalistas sobre a revisão dos contratos assinados com as seis operadoras de Jogo, que duram até 2020. Na apresentação do relatório da “Revisão intercalar do sector do Jogo”, o Secretário para a Economia e Finanças deixou claro que Macau tem de começar a olhar para os possíveis efeitos da presença de casinos na Ásia. “Quanto ao termo dos contratos vamos continuar os trabalhos de sempre e sabemos que esta indústria não é única em Macau. Existem outras jurisdições em territórios vizinhos. Temos de ter muita prudência e estar atentos a outras jurisdições onde se permite o Jogo”, alertou. Numa altura em que as receitas de Jogo estão numa fase de ajustamento, o que o Secretário procura é um “desenvolvimento saudável” dos casinos. “Temos visto um desenvolvimento quantitativo e dependente das salas VIP. Não queremos pensar apenas nos montantes como meta, temos de pensar numa melhor estrutura de clientes. Queremos mais qualidade e não procuramos números como antes, mas sim a qualidade”, disse Lionel Leong. Na distribuição das mesas de Jogo, frisa, o Governo “teve sempre a tendência de pôr mesas em todas as salas e não apenas nas salas VIP”, para que haja um novo grupo de clientes. Mas Lionel Leong diz que não se pode “depender de um único grupo de clientes para ter receitas”. Mudam-se os tempos O relatório é claro quanto à mudança de paradigma no sector VIP. “Quando a receita bruta da RAEM voltar a aumentar, assim como o seu crescimento indirecto, os negócios que desapareceram por motivo de ajustamento estrutural não irão voltar a verificar-se. É pouco provável que o montante da receita bruta volte a atingir os 30 mil milhões mensais, nem tão pouco o montante mais alto verificado, de 38 mil milhões mensais.” O documento ontem tornado público, considerado pelo Executivo como um “exame médico” ao sector do Jogo, contém dados tão variados como os salários dos funcionários, a responsabilidade social das concessionárias e o impacto do Jogo na economia (ver quadro). Está, contudo, desactualizado em alguns aspectos, pois foi concluído em finais do ano passado, nomeadamente face à inauguração de alguns empreendimentos. “Este relatório pretende juntar todos os factos e as concessionárias ficam a saber as suas insuficiências. No futuro pretendemos desenvolver o sector do Jogo de forma sustentável”, rematou Lionel Leong. DICJ defende maior regulação de apostas ilegais O relatório ontem apresentado alerta para a necessidade de legislar sobre os chamados “agentes provocadores” que facilitem a obtenção de provas nas apostas ilegais, sobretudo as que são feitas via telefone ou internet. Paulo Chan, director da DICJ, depositou parte da responsabilidade na Assembleia Legislativa. “Precisamos de ter apoio da sociedade e do órgão legislativo. No contexto das funções que exerci no Ministério Público (MP) sei que na criminalidade não há lesados directamente, então é difícil recolher dados”, disse o antigo procurador-adjunto do MP. “Há quem defenda a possibilidade de obtenção de provas por ‘agente provocador’ no regime jurídico especializado para este tipo de crimes, através de uma alteração ao Código do Processo Penal. Mas na opinião da ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, outros representantes do Governo e na óptica de alguns deputados da AL, não é o momento oportuno para proceder à alteração legislativa, podendo ser introduzido através de lei penal avulsa. Na ausência de meios eficazes de inquérito no combate à agiotagem, branqueamento de capitais e ‘apostas paralelas’, o Governo poderá ponderar a hipótese de um estudo, tendo em vista uma maior eficácia da execução da lei”, lê-se no relatório intercalar. Paulo Chan garantiu que não há dados sobre o número de apostas paralelas que terão sido efectuadas. “A recolha de provas é difícil e precisamos de inovar. Não quer dizer que não houve acusações, mas houve menos condenações. Se calhar vamos ter de estudar uma nova possibilidade para melhor combater as ilegalidades”, referiu. Quanto ao fim da permissão de telemóveis nas salas VIP dos casinos, Paulo Chan admitiu tratar-se de uma medida normal. “É uma medida adoptada em qualquer sociedade modernizada. Para evitar ilegalidades entendemos que devemos aplicar a medida para melhor responder aos modelos internacionais.” Governo estuda base de dados para dívidas Paulo Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), admitiu ontem que o Governo está numa “fase preliminar” da elaboração de uma lista de devedores de Jogo, estando a questão ainda a ser estudada com promotores de Jogo e com o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP). “O maior problema dos promotores é não conseguirem ter os créditos de volta. Neste momento estamos numa fase inicial da constituição de base de dados de forma preliminar. Entendemos que essa base de dados é viável. Prevemos dificuldades a nível técnico. Recentemente tivemos uma reunião e sabemos que tem de ser cumprida a Lei de Protecção de Dados Pessoais e temos de definir quem terá acesso à base de dados”, alertou. Paulo Chan referiu ainda que “neste momento a situação ainda é muito livre” para quem exerce a profissão de promotor de Jogo e o Executivo pretende que no futuro haja mais exigências. “Os promotores de Jogo estão a desempenhar um papel muito importante. Não podemos negar que podem mais facilmente ocorrer problemas e tem que se reforçar a gestão. Temos inspectores todos os dias nos casinos.” O director da DICJ relembrou ainda que até Dezembro 35 empresas junket não tinham cumprido com as novas regras de apresentação de contas. “Este ano fizemos uma nova verificação e prevemos que esse trabalho [de análise das contas] vai ser concluído no terceiro trimestre”, apontou. Já o Secretário Lionel Leong garantiu que as novas medidas não visam trazer consequências negativas para o sector. “O Governo não quer medidas administrativas para reduzir as receitas de Jogo. Com a concorrência internacional temos de ter uma visão mais alargada. A nova legislação não é para dificultar a vida ao sector, queremos apenas corrigir algumas insuficiências e eliminar irregularidades”, disse. Pedida verificação da idoneidade dos accionistas Uma das sugestões feitas pelo relatório intercalar prende-se com a criação de um “mecanismo de verificação da idoneidade” dos accionistas das operadoras de Jogo. A medida vai consistir na criação de um processo individual para cada accionista qualificado, administrador e principal empregado com funções relevantes nos casinos, sendo que vai ser também pedida a colaboração das autoridades para proceder à verificação da idoneidade das pessoas em causa, “para que o Governo possa conhecer os dados das concessionárias e respectivo pessoal, reduzindo factores de risco”. Do relatório Pontos negativos “O crescimento contínuo do sector do Jogo provocou alguns efeitos negativos na sociedade, como: problemas relacionados com o Jogo, aumento dos crimes [com ele] relacionados, dependência excessiva da economia e do emprego da RAEM do sector, a perda de valores tradicionais e conflitos entre residentes locais e trabalhadores não residentes, gerando sentimentos de xenofobia” “O rápido desenvolvimento do sector trouxe impactos negativos para a economia. Evidencia-se a elevada taxa de inflação, que veio agravar a qualidade de vida da população, especialmente para as classes sociais menos favorecidas, pelo aumento dos preços de habitação, a níveis incomportáveis para a maioria da população” “Se as concessionárias optarem por alojar os seus trabalhadores nas regiões vizinhas, como na cidade de Zhuhai, esta opção mitiga o efeito da procura de casas e diminuirá para uma diminuição dos preços das rendas” “Há que ter em conta o desaceleramento económico recente da RPC, associado a mecanismos de controlo da riqueza, assim como novas políticas de combate à corrupção (…) Os jogadores VIP têm evitado deslocar-se à RAEM, receando a perda de anonimato e eventuais suspeições de envolvimento em ilegalidades” “A Wynn é a concessionária com maior número de incumprimentos, seguida da Venetian. A subconcessionária Melco Crown é a que regista um número mais baixo de incumprimentos, tratando-se principalmente de casos de detecção de indivíduos com menos de 21 anos” “A importação de um avultado número de TNR deu origem a uma grande procura de alojamento, transporte e cuidados de saúde. Alguns trabalhadores estrangeiros trazem para a RAEM os seus próprios hábitos e costumes, o que incomoda residentes locais, dando origem a conflitos. É fácil que se intensifiquem as emoções negativas dos residentes locais para com as pessoas vindas do exterior” Aspectos positivos “Verifica-se que todas as concessionárias/subconcessionárias já cumpriram os respectivos compromissos contratuais” “A taxa de cumprimento das obrigações legais e contratuais por parte das concessionárias aumentou” “Perante a ausência de exigência expressa no regime jurídico, pode considerar-se que as concessionárias têm cumprido com algumas das suas responsabilidades sociais” “A Venetian dispõe de projectos de actividades não jogo de maior dimensão comparativamente às restantes concessionárias. Em termos de proporção de actividades de jogo e não jogo, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Galaxy têm uma proporção mais baixa” “De modo geral, os trabalhadores locais são mais privilegiados em termos de aumento salarial” “Os trabalhadores da MGM com cargos de gerência ou superior gozaram de aumentos salariais superiores à média das concessionárias. Na Melco Crown os trabalhadores em cargos abaixo da gerência tiveram os aumentos mais altos” “As reservas acumuladas têm proporcionado ao Governo capacidade para a utilização desses fundos públicos, desenvolvendo as infra-estruturas, criando condições para a sustentabilidade do desenvolvimento no futuro, diminuindo as diferenças sociais e proporcionando mais oportunidades às classes sociais menos favorecidas” “Nos próximos anos o desenvolvimento do Cotai será um ponto-chave na diversificação da economia no futuro, devendo o Governo envolver-se activamente na construção deste propósito estratégico” “A longo prazo é indispensável a definição de critérios de avaliação da responsabilidade social empresarial” “O serviço de shuttle-bus disponibilizado pelas concessionárias aos seus trabalhadores aliviou os transportes públicos locais” Apenas uma concessionária disse que “a concessão de terrenos no Cotai não foi justa”, pois a “área de terreno concedido por arrendamento à concessionária é substancialmente inferior à de outras concessionárias”
Andreia Sofia Silva SociedadeA partir de hoje telemóveis são proibidos nas salas VIP [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]utilização de telemóveis nas salas de grandes apostadores dos casinos de Macau passa a ser proibida a partir de hoje, para evitar a possibilidade de apostas por via telefónica, que dificultam a identificação da origem do dinheiro. “Para evitar desentendimentos desnecessários e exterminar actos irregulares, o Governo decidiu, a partir da próxima segunda-feira, proibir a utilização de telemóveis nas mesas do jogo”, disse o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, citado num comunicado oficial. Esta medida visa “evitar que alguém aproveite a facilidade de utilização de telemóveis nas mesas de jogo para apostas via telefónica, particularmente quando nestas apostas são difíceis de comprovar a identidade do apostador real e a fonte de capital”. O Governo sublinha que “é por isso que, na maior parte das cidades desenvolvidas, é proibido a aposta via telefónica”, como aliás também acontece no território. As apostas via telefone são proibidas em Macau, mas o Governo local “tem facilitado” a utilização de telemóveis nas mesas de jogo aos clientes das salas VIP dos casinos, “através do regime de inscrição e respectivas instruções”. Em 2014, depois da imprensa local e internacional mencionar apostas por telefone, o Governo desmentiu a sua existência nos casinos. Agora, contudo, diz que a permissão do uso de telemóveis “leva à dúvida de apostas via telefónica”, pelo que o Governo optou agora pela proibição dos telemóveis nas mesas dos grandes apostadores. Segundo o mesmo comunicado, Lionel Leong “garantiu que o Governo está determinado em racionalizar o funcionamento e ordem dos casinos”. Legalizem por favor Billy Song, director da Associação de Jogo responsável de Macau, disse discordar da medida. Ao canal chinês da Rádio Macau, Billy Song explicou que as apostas via telefone são legais em casinos de outras regiões, defendendo que a proibição vai diminuir o negócio das salas VIP e levar clientes a apostar noutros países. O deputado José Pereira Coutinho disse ao jornal online On.CC que as apostas por telefone não são regulamentadas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), alertando para os “riscos” no sector VIP. Coutinho diz que este é um “remédio” aplicado depois do fecho sucessivo de salas VIP e do abrandamento do sector. Um estudo da City University of Hong Kong, divulgado em Março, conclui que as salas VIP “continuam a ser, até hoje, dominadas por tríades”, que abandonaram os métodos violentos e funcionam com uma estratégia empresarial. O mesmo estudo referia que as novas restrições impostas pela China, no âmbito do combate à corrupção, “criaram um mercado para as apostas por baixo da mesa”. Um alto funcionário da polícia explicou aos autores do estudo que alguns apostadores que não querem expor a sua identidade “jogam à distância através de telefones”. “É ilegal mas ninguém o tenta regular”, disse o entrevistado.
Filipa Araújo Manchete SociedadeEconomistas não acreditam em 9% de aumento de receitas extra-jogo A meta é clara: até 2020 o Governo quer que 9% das receitas dos casinos sejam provenientes de actividades extra-jogo. Lionel Leong não esconde que tem pela frente um trabalho de Hércules. Já os economistas dizem ser “quase impossível” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer mas nem o próprio Secretário para a Economia e Finanças acredita. Uma “tarefa” que não será “fácil”, é como Lionel Leong classifica a meta de aumentar as receitas das actividades extra-jogo das concessionárias de 6,6% – valor actual – para 9%, até 2020. Economistas contactados pelo HM também não parecem muito convencidos. “Apesar do Governo acreditar que se vai alcançar esta meta, é necessário o esforço conjunto das diversas partes [e sublinho] não ser uma tarefa fácil”, explicou o Secretário aos jornalistas, na semana passada, à margem de uma cerimónia pública. Apesar da dificuldade apresentada, o Governo está “convicto de se conseguir esse objectivo”, sendo que até as concessionárias do Jogo “já manifestaram” essa confiança. Mas, será assim? “Na realidade penso que o que o Secretário disse é inteiramente verdade, é muito difícil. Porque esta meta tem efectivamente a ver com a diversificação da economia e nós todos sabemos que isso não é tarefa fácil”, começa por admitir o economista José Luís Sales Marques. No entanto, é bom, diz, que “em parte o Governo tenha apontado para um objectivo e que o próprios reconheçam que não é uma meta fácil de atingir. Isto mostra alguma garra, alguma ambição no sentido positivo de se concretizar a diversificação económica”. Por outro lado, é preciso existir uma “estratégia bastante mais clara e objectiva, do que aquela que se tem vindo a ter até agora”, explica o economista ao HM. “Isto quer dizer que a diversificação económica passa por objectivamente aumentar a contribuição de sectores que não o Jogo na composição do Produto Interno Bruto (PIB).” À sua frente, o Governo tem um trabalho a cumprir: o de estimular os outros sectores, que na maioria são as pequenas e médias empresas (PME). No fundo, “o que estamos a pedir é que as PME, nas suas diversas actividades, dêem um contributo mais substancial ao PIB”, nota Sales Marques. Para isso é preciso olhar para o funcionamento deste tipo de empresas, para as suas áreas de actuação, sem esquecer a necessidade de “estimular” as PME, para que possam funcionar melhor e mais produtivamente. “Isto passa, claro, por questões que estejam relacionadas com o capital, com o financiamento, com a utilização das tecnologias e, também, e neste caso particular de Macau, pela qualidade da mão-de-obra”, argumenta o economista. Ver para perceber Para Sales Marques, é essencial olhar “para as coisas com muito realismo e ver efectivamente que Macau tem de ter uma mão-de-obra mais qualificada”. Sem esquecer o esforço na educação e formação que o Governo tem feito, que, diz, “não tem sido suficiente”. “É preciso que Macau tenha uma maior abertura para entrada de profissionais em vários sectores, para trabalharem no território. Profissionais estes que possam contribuir para a diversificação da nossa economia e com a sua experiência nos ajudem a formar no trabalho os seus companheiros locais”, explicou o economista, que se mostrou a favor da formação dos talentos de Macau. “Os talentos fundamentalmente têm duas componentes, uma ligada à sua formação e educação e outra ligada ao processo produtivo, porque aqui não basta saber, é preciso saber fazer. E este é o segredo da produtividade”, frisou. É impensável Em termos práticos, a proporção do aumento das receitas terá de ser de 30%. Lionel Leong explica que “se as receitas totais das concessionárias do Jogo forem de cem patacas, então as receitas das actividades extra-jogo são de 6,6 patacas, enquanto as receitas das actividades do Jogo são de 93,4 patacas”. “Assim, se daqui a cinco anos, conseguirmos um aumento das receitas das actividades extra-jogo de 6,6 patacas para nove patacas, isto significa que na realidade a proporção de aumento é superior a 30%”, clarificou. Tal como o Secretário, também Albano Martins confirma a necessidade de um aumento de 30%. “Para chegarmos aos 9% é preciso que a esta indústria do extra-jogo cresça 30% num ano. Isto é quase impossível. O que significa que o Governo tem noção que uma alternativa ao Jogo não vai acontecer nos próximos 20 anos”, defendeu o economista. O verdadeiro desafio está em “arranjar alternativas ao Jogo”, se estas alternativas “não surgirem pela própria mão do sector”, com actividades diferentes do Jogo. “Só o próprio Jogo tem esta capacidade”, apontou Martins, frisando que as concessionárias devem apostar em eventos que modernizem e convenções. “Tem acontecido, mas tirando isto não se faz mais nada”, explicou, adiantando que para a diversificação é preciso “muito tempo”. “Para crescer até 9% é preciso muito. Isto tecnicamente é quase um objectivo impossível de atingir. Não vai ser nada fácil diversificar e é bom que o Secretário tenha essa noção.” Optimistas precisam-se Para o comentador Arnaldo Gonçalves, as declarações de Lionel Leong são “razoáveis” e “acertadas” e este é um assunto que recolhe unanimidade de observadores e economistas. “Macau tem uma dependência crónica em relação ao Jogo, que nos últimos 15 anos não foi ultrapassada. Não se vê aparecer um outro sector económico, ou um conjunto de actividades económicas que possam compensar essa dependência crónica. No campo dos desejos, todos queríamos que esta dependência não fosse intensiva, mas a verdade é que ela continua a existir”, explica. Para Arnaldo Gonçalves, as actividades inovadores e culturais não podem ser uma alternativa ao Jogo. “O que é que estas actividades gerem em relação ao lucro? Dão espaço para fazer artigos para Macau, mais nada”, frisou, reforçando que o território não tem um produto que seja seu ou uma marca que possa ser comercializada para fora. Em contrapartida, o economista Joey Lao sente-se bastante optimista quanto à meta colocada pelo Governo. “Considero o objectivo bastante razoável”, apontou, defendendo que Macau já começa a dar sinais desse mesmo crescimento. O economista não esconde que é um “desafio” para o Governo e concorda com o Secretário, mas diz que é algo exequível.