Israel | Vinte e cinco detidos em manifestação sob custódia policial

Vinte e cinco manifestantes que participaram, no domingo à noite, em Telavive, num protesto pelo cessar-fogo em Gaza, para permitir o retorno dos reféns no enclave, estão sob custódia policial, informou ontem o jornal israelita Haaretz. Alguns continuam a ser interrogados, avançou o diário.

A polícia israelita deteve na noite de domingo 29 pessoas durante a grande manifestação em Telavive, declarou a polícia num relatório.

“A polícia deteve 29 suspeitos por conduta desordeira, agressão a agentes e vandalismo brutal na autoestrada Ayalon e no local do protesto na passagem de Azrieli”, disseram as autoridades.

O Haaretz citou um grupo de manifestantes médicos que afirmaram que a carga policial deixou várias pessoas feridas, incluindo um manifestante com golpes no peito e na cabeça, um jovem atingido por uma granada de atordoamento, um manifestante que caiu de um lugar alto e partiu as duas pernas e uma idosa com ferimentos no rosto.

De acordo com a polícia, os tumultos começaram no final da manifestação, quando “centenas de manifestantes abandonaram a zona autorizada e marcharam em direção à autoestrada Ayalon com a intenção de perturbar o trânsito e a ordem pública”.

No domingo à noite, centenas de manifestantes marcharam ao longo da autoestrada, sempre seguidos por um cordão policial e polícias a cavalo.

O grupo era constituído maioritariamente por jovens manifestantes, cuja presença no protesto geral foi considerada por outros participantes como um sinal positivo, uma vez que as habituais manifestações de sábado em Telavive reúnem um público mais adulto.

Nos momentos finais do protesto na autoestrada, a polícia e os militares agarraram e atiraram por diversas vezes ao chão manifestantes violentos, de acordo com a agência de notícias espanhola EFE, presente no local.

No total, de acordo com estimativas do jornal Haaretz, cerca de 300 mil pessoas manifestaram-se no domingo em Telavive, num dos maiores protestos de sempre para exigir ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

As forças armadas israelitas anunciaram, no domingo, que recuperaram em Gaza os corpos de seis das mais de 250 pessoas raptadas nos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, a 07 de Outubro de 2023, que desencadearam a guerra em curso e mataram cerca de 1.200 pessoas.

2 Set 2024

O Clube da Luta (III)

“I have ordered a complete siege on the Gaza Strip. There will be no electricity, no food, no fuel, everything is closed,” Gallant says following an assessment at the IDF Southern Command in Beersheba. We are fighting human animals and we are acting accordingly”.
Defense Minister Yoav Gallant, in The Times of Israel, 09.10.2023

 

É claro que décadas de sanções, guerras, ineficácia e corrupção pesam sobre a saúde do aparelho produtivo iraniano, especialmente no sector crucial da energia. Mas a República Islâmica contorna a maior parte das restrições impostas por Washington, de tal forma que oferece aos russos tutores não gratuitos sobre como triangular e criar procedimento financeiros e comerciais de emergência. Nascidas temporárias, estas manobras tecem redes alternativas à influência americana. Originalmente postos de primeiros socorros, transformam-se em hospitais de campanha e, amanhã, talvez, em alternativas permanentes à “ordem baseada em regras”, uma imagem de marca do Ocidente cheio de estrelas. Mais limitativo é o clima político interno, onde a transição das origens teocrático-territoriais para o regime actual é bastante instável.

A incompatibilidade entre os jovens progressistas e as estruturas repressivas que respondem ao Pasdaran e ao Basiji, dotadas de vistosas agências de espionagem e de polícia, é chocante. Será que a sucessão do Guia Supremo, que em breve atingirá a idade de Ali Khamenei, de 85 anos, será a faísca que incendiará o material inflamável acumulado dentro e à volta do regime? O confronto poderá ser desencadeado ainda mais cedo. O descontentamento em relação ao sistema (nezam) exprime-se na abstenção eleitoral galopante, na ausência de candidatos alternativos aos pré-seleccionados pelos apparatchiks. O sucessor do falecido Presidente Raisi, presumível moderado, logo se tornará realidade pelo cair da máscara. Até à eventual reforma ou mudança do sistema, a pergunta rainha permanecerá sem resposta. A estratégia do império persa ignora ou depende da ideologia do regime do momento? Kissinger perguntava-se em público se o Irão era uma nação ou uma causa. Traduzindo que é um actor racional, portanto disposto a comprometer-se com a América, ou subversivo.

Em privado, a resposta foi “uma nação com a sua própria causa”. Talvez um elemento útil para a análise seja a relação entre o último Xá e o seu subversivo. Ambos muito mais pragmáticos do que pareciam. O primeiro pró-ocidental, mas não o fantoche anglo-americano descrito pelos revolucionários marxistas-islamistas. O outro, mais nacional-imperial na sua teologia. Se os barões da inteligência sobrevivessem nalgum departamento de ciências políticas da Ivy League, ofereceriam a Mohammad Reza Pahlevi e a Ruhollah Khomeini diplomas honorários duplos ad memoriam na teoria do realismo aplicado. A estratégia de qualquer grande potência é manter-se nessa posição. O mesmo se aplica ao império persa, que se considera como tal, mesmo que não possua todos os seus atributos. Incluindo a bomba atómica. O fio vermelho que liga o projecto atómico do Xá, lançado nos anos de 1950, ao da República Islâmica traça a continuidade estratégica entre dois regimes com uma genealogia imperial comum. Ambos se reclamam herdeiros da dinastia Aqueménida (cerca de 550-330 a.C.). O cilindro de Ciro entusiasma tanto o Xá como Khomeini e os seus sucessores.

O desenvolvimento da energia atómica desejado pelo Rei dos Reis fala em termos civis e pensa em termos militares. Os juristas xiitas que lideram a revolução insistem nesta ambiguidade. O líder supremo confirma a opção civil ao mesmo tempo que aprova o programa secreto de enriquecimento de urânio, de modo a poder desenvolver um arsenal atómico associado a mísseis balísticos hipersónicos com um alcance de mais de 1500 quilómetros. Capazes de atingir Israel numa dúzia de minutos. Teerão será uma potência nuclear quando decidir fechar o círculo. Basta-lhe uma luz verde do Guia ou de quem quer que seja. Será conveniente para o Irão tirar a máscara e desafiar os dois Satãs? Não me parece que seja o caso. O regime de dormência nuclear permite a Teerão explorar as vantagens da dissuasão suprema sem se expor a retaliações israelitas e americanas.

A menos que Israel, determinado a manter o seu monopólio regional da bomba atómica, arrisque um ataque preventivo, com riscos e custos catastróficos. Incluindo uma ruptura com a América. Em Jerusalém, alguns ultras apelam acabar com o Hamas lançando a bomba atómica sobre Gaza. Nas instituições iranianas, levantam-se vozes que põem em causa a prudência estratégica e sugerem o lançamento imediato da bomba atómica, ignorando que o anúncio seria seguido de uma retaliação israelita, encoberta ou não por Washington. E os sepulcros caiados na região ficariam expostos, a começar pela Arábia Saudita, que aponta silenciosamente para a bomba atómica e que perderia então toda a contenção. Entre as elites persas e israelitas, prevalece o princípio de que uma é inimiga irremediável da outra. A lição da “Aliança da Periferia” ecoa neste postulado de que Israel e o Irão são antípodas e simbióticos.

A ameaça persa é útil para evitar que a maionese tribal israelita enlouqueça e desintegre o Estado judaico a partir do seu interior. O Pequeno Satã, associado ao Grande, desempenha uma função coesiva semelhante no império persa. Jogo de espelhos. Depois de 7 de Outubro de 2023, cada vez mais no fio da navalha. Testado em Abril de 2024 pelo primeiro ataque e contra-ataque directo Israel-Irão. Trata-se de uma mudança de paradigma? Conta mais a quebra do tabu ou o facto de não ter causado baixas por ter sido executado em co-produção indirecta israelo-iraniana não declarada e patrocinada pelos Estados Unidos? A interpretação conservadora lê o combate como uma sequência interna de dissuasão entre inimigos perfeitos. Intocáveis porque sem alternativas.

A ideia evolucionista trata-a como um salto quântico que, em ambos os campos, faz baixar as defesas imunitárias contra uma infecção galopante de mania agressiva. A dança da inimizade do Médio Oriente é acompanhada por uma música envolvente. Depois do Hamas ter invadido Israel para desencadear um pogrom de uma selvajaria assustadora e expor os palestinianos à vingança impiedosa de um povo sitiado pela memória da Shoah, uma recordação eficaz e permanente, a lógica utilitária até então destilada pelos estrategas é posta em causa. O atordoamento melódico é dominado pela tempestade de emoções. Já nada é impossível. Incluindo o duplo suicídio. É o factor humano! Enquanto se aguarda a produção de um futuro volume sobre a raiz geopolítica da filosofia enquanto investigação sobre a pretensão de uma lógica universal, o estudo de caso é ideal para ensaiar a sua premissa.

Nos espaços que por convenção continuamos a baptizar de Médio Oriente, Aristóteles não duraria um minuto. O venerado princípio da não-contradição, segundo o qual uma proposição e a sua negação não podem ser ambas simultaneamente verdadeiras, é aqui irregularmente refutado. Traduzindo, não é válido. Mas não de forma absoluta, porque a negação total pode parecer confirmatória. Como ocidentais tardios, munidos de tal advertência, um convite à modéstia, constatamos que um sistema contraditório é também baptizado de princípio de explosão. Assim avisados, voltamos à luta. Verdadeiramente paradoxal é o gatilho que, a 7 de Outubro de 2023, provocou as explosões à queima-roupa que agitam o arquipélago sem centro do Médio Oriente. Referimo-nos à questão palestiniana. Alteração de Kissinger, causa sem nação. Tragédia humanitária insuportável também pelo seu absurdo. Não deve ser confundida com um problema geopolítico. Não tem solução, logo não tem problema. Era esta a convenção implícita na forma como todos os intervenientes tinham retirado o dossier palestiniano, que estava no congelador da diplomacia internacional há vinte anos.

A começar por Israel, o mais interessado em mantê-lo em naftalina e em garantir a mão livre para não determinar as suas próprias fronteiras. Mantendo assim todas as opções em aberto enquanto avança na Judeia e Samaria (Cisjordânia) de acordo com o princípio da menor resistência equilibrado com a prioridade do carácter judaico do Estado. Parado nas directrizes do governo, segundo as quais “o povo judeu tem um direito exclusivo e inalienável a toda a Terra de Israel”. Seguiram-se os regimes árabes, muito mais atraídos por uma relação positiva com Israel e o Ocidente do que pelos direitos dos palestinianos. No entanto, obrigados a recitar o salmo dos dois Estados, uma vez estabelecido que nada seria feito a esse respeito. Um refrão cativante, deliberadamente repetitivo, cantado pela “comunidade internacional”, ultra-maioritária na ONU e considerado evidente pelos meios de comunicação social liberais americanos e europeus. Dois povos, dois Estados. Intuitivo. Tão óbvio que não pode ser aplicado. Em primeiro lugar, porque nem israelitas nem palestinianos estão dispostos a renunciar ao seu direito a toda a terra entre o mar e o rio, o Mediterrâneo e o Jordão.

Depois, porque Israel é um Estado armado até aos dentes para não ceder um metro quadrado daquilo que possui. Empenhado, quando muito, em expandir-se, graças ao impulso dos colonos, incitados pelo próprio governo. A Palestina não é um Estado, nem sequer uma nação, mas o sonho de um povo humilhado, composto por comunidades e mini-potências que competem entre si e não com o Estado judaico. Dois milhões de palestinianos possuem passaportes israelitas. Contra os restantes, após 7 de Outubro de 2023, foi desencadeada a máquina de guerra do Tzahal, que trata os ghazianos como “animais humanos”, segundo as palavras do ministro da Defesa Yoav Gallant.

8 Ago 2024

Nem Hamastão nem Fatahstão (I)

“The usual distinction between diplomacy and force is not merely in the instruments, words or bullets, but in the relation between adversaries-in the interplay of motives and the role of communication, understandings, compromise, and restraint”.
The Diplomacy of Violence – Thomas Schelling”

Netanyahu quer recuperar o controlo total de Gaza, entretanto arrasada e com uma população palestiniana reduzida. Só então será possível imaginar o pós-guerra. O Egipto teme ver as massas de pessoas desesperadas a transbordar e a América passa por um grande embaraço, dado que o pós-guerra em Gaza começa a tomar forma no terreno, antes do papel dos improváveis planos de paz. O facto é que as partes beligerantes, Israel e Hamas, não oferecem sinais tangíveis de um cessar-fogo viável, faltando a ambas objectivos estratégicos realisticamente realizáveis e uma visão duradoura da paz. É agora evidente que a violência do Hamas não criará as condições para melhorar a economia de Gaza nem porá termo à ocupação israelita a curto ou médio prazo.

Pelo contrário, pode agravar a primeira e prolongar a segunda no espaço e no tempo, sob o signo de governos de extrema-direita cada vez mais extremados. Do mesmo modo, a ofensiva de Israel não irritará o Hamas nem desradicalizará os palestinianos. Em vez disso, pode provocar no Hamas metamorfoses ainda mais extremistas e radicalizar velhas e novas gerações de palestinianos dentro e fora dos limites de Gaza. O conflito, que provavelmente continuará ao longo deste ano com menos intensidade do que antes, pesa tanto sobre o destino dos 132 reféns israelitas como sobre o dos 2,2 milhões de palestinianos destinados a partilhar uma faixa de terra cada vez mais exígua e miserável.

A paz da diplomacia internacional, que deveria ser garantida pela criação de um Estado palestiniano soberano num território contíguo a Israel e com Jerusalém Oriental como capital, corre o risco de se tornar um slogan irrealista e ilustre. Perante a perspectiva de um futuro próximo sem paz, emergem dos escombros de Gaza peças de um possível cenário de pós-guerra. Entre eles, o mais significativo é o êxodo parcial da população palestiniana. As condições socioeconómicas em Gaza eram particularmente preocupantes mesmo antes do conflito. As operações militares israelitas no Norte da Faixa destinavam-se, então, a fazer terra queimada numa zona onde se concentrava a espinha dorsal das infra-estruturas militares do Hamas e duas das suas brigadas mais importantes, as do Norte de Gaza e da Cidade de Gaza, equivalentes, a 60 por cento do total das suas forças.

Se estas operações não parecem ter conseguido a descapitalização das chefias militares do movimento armado palestiniano e a destruição de grande parte da sua “tensa rede de túneis subterrâneos”, o mesmo não se pode dizer dos efeitos perturbadores sobre a população civil. Há mais de 1,1 milhões de pessoas deslocadas desta zona, actualmente amontoadas no centro e no sul da Faixa em condições deploráveis. A evacuação de civis ao longo do cone oriental de Gaza e o bombardeamento de campos de refugiados no centro e em Khan Yunis, no sul, também aumentam a pressão demográfica ao longo da fronteira com o Egipto e exacerbam a crise humanitária, agora muito grave. As estimativas da ONU elevam o número total de deslocados a 1,9 milhões, ou seja, 85 por cento da população total, enquanto denunciam a destruição ou a inabitabilidade de mais de 60 por cento das habitações e de cerca de metade dos hospitais, a inacessibilidade de todas as instalações educativas e a falta de água e de eletricidade.

À luz destes dados, a probabilidade de um êxodo “voluntário e forçado” para além da fronteira torna-se cada vez mais real. Não o escondem os ministros, os políticos, os militares e os analistas israelitas que, desde o início da guerra, evocam uma segunda “Nakba” (catástrofe), em que a primeira remonta à expulsão dos palestinianos do Estado de Israel em 1948 como efeito da guerra de Israel contra o Hamas e a população de Gaza culpada de a apoiar. A este respeito, é suficiente mencionar o antigo primeiro-ministro Naftali Bennett que, ao negar a existência de civis palestinianos em Gaza, afirma que “estamos a lutar contra os nazis”.

O major-general Giora Eiland, autor de um plano autorizado de deslocação de uma parte da população para o Sinai, é ainda mais categórico ao afirmar a necessidade absoluta de fazer de Gaza “um lugar onde nenhum ser humano possa existir” e de combater “não apenas o Hamas, mas toda a população de Gaza “. E não se trata apenas de retórica bélica se o Egipto e a Jordânia intensificarem a acção diplomática para barrar o caminho quer a um eventual plano israelita de deslocação forçada da população palestiniana para o Sinai, Jordânia ou Congo, quer a uma guerra total que tornaria o êxodo inevitável. As cimeiras egípcio-jordana, egípcio-palestiniana e egípcio-jordano-palestiniana do início do ano são um testemunho claro das preocupações crescentes destes países quanto à resolução da questão palestiniana e aos seus efeitos desestabilizadores sobre eles.

Há também rumores persistentes de que o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi está actualmente sob intensa pressão para ceder áreas do Sinai aos palestinianos em troca de ajuda “financeira”. O Egipto está a braços com uma grave crise económica e terá de reembolsar este ano mais de 28 mil milhões de dólares da sua enorme dívida externa. Um segundo elemento fundamental é a criação de zonas-tampão no interior de Gaza e a expansão das zonas de segurança no norte e no leste da Faixa, o que indica a provável persistência de bolsas de resistência armada mesmo no “pós-Hamas”. A liderança política e militar israelita nega querer anexar áreas ao longo da já robusta rede de segurança em torno da Faixa. No entanto, os mesmos dirigentes declararam claramente que pretendem criar não só “zonas-tampão” no interior de Gaza, com o objectivo de impedir que o Hamas se aproxime do continente no futuro, mas também “um cobertor de segurança em torno da Faixa para impedir que a população civil aceda a pé à rede de fronteiras”.

A demarcação de uma parte do território palestiniano ao longo do cone com Israel é uma condição prévia do governo de Netanyahu para o pós-guerra. Os Estados árabes da região seriam devidamente informados. A criação de zonas tampão implica a presença de instalações militares e o reforço da capacidade israelita de efectuar incursões no interior da Faixa. Significa também a inacessibilidade destas zonas aos palestinianos e, consequentemente, uma maior pressão demográfica sobre as zonas habitáveis. Quanto ao norte de Gaza, se não for parcialmente anexado, pode tornar-se, na melhor das hipóteses, uma zona militar “temporariamente” fechada, ou seja, confinada. A evacuação dos civis ao longo da linha oriental, provocada pela operação militar israelita de Outubro de 2023 em resposta ao ataque do Hamas, criou desde então um vasto território temporariamente desabitado que se estende por longos troços até à estrada de Salah al-Din, que divide a Faixa longitudinalmente de norte a sul.

Para além dos objectivos de segurança israelitas, o regresso dos palestinianos às suas casas e aldeias será também ditado pelo processo de reconstrução, que, segundo algumas estimativas, poderá levar dois a três anos a repor em Gaza os níveis de miséria anteriores à guerra. Um terceiro elemento é o reforço das medidas de segurança no sul de Gaza, que pode significar, no limite, a reocupação da Faixa por Israel. Netanyahu evocou esta possibilidade ao declarar, a 31 de Dezembro de 2023, que “o corredor de Filadélfia deve estar nas nossas mãos … e deve ser fechado” para atingir o objectivo de desmilitarizar Gaza. São 14 quilómetros ao longo da fronteira com o Egipto. O posto fronteiriço de Rafah também se situa aqui. As forças da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) deviam patrulhar este corredor do lado palestiniano da fronteira após a retirada israelita em 2005.

A tomada do poder pelo Hamas, dois anos mais tarde, alterou o executor, mas não a substância do acordo, deixando efectivamente ao Egipto a responsabilidade principal por esta passagem e por este corredor. O controlo israelita sobre estas zonas voltaria às condições anteriores a 2005, o que implicaria a reocupação da Faixa. No entanto, não se pode excluir a possibilidade de Netanyahu não ter qualquer intenção de fazer regressar o exército israelita ao longo desse corredor, e de as suas declarações terem apenas como objectivo exercer uma forte pressão sobre o Egipto e os palestinianos, de forma a obter maiores concessões em futuras negociações. Mas o facto é que, se a lógica da segurança prevalecer sobre qualquer visão geopolítica do pós-guerra, Gaza poderá alimentar uma guerrilha desestabilizadora e tornar-se uma “prisão a céu aberto” muito pior do que tem sido.

A separação da Cisjordânia seria igualmente decretada de forma de definitiva. Não é, pois, surpreendente que seja o Egipto, cuja segurança nacional está igualmente ligada ao Sinai e, por conseguinte, a Gaza, a estar na primeira linha na oposição às intenções anunciadas por Netanyahu e a exigir, juntamente com os outros Estados da região, um cessar-fogo imediato com uma retirada gradual do exército israelita. O quarto elemento é a mudança de regime em Gaza, tal como na Cisjordânia. O governo israelita recusa-se a lidar com o “pós-guerra” enquanto as operações militares continuarem na Faixa de Gaza. Na sua opinião, qualquer tentativa nesse sentido corre o risco de recompensar politicamente o movimento islamista armado e de criar as condições para um regresso cíclico da violência. No entanto, a forte pressão regional e internacional para oferecer um horizonte político à guerra em curso produziu planos e propostas incluindo em Israel para a gestão do pós-guerra em Gaza.

Se, como se espera, Israel exercerá um controlo “temporário” da segurança, uma eventual administração civil não incluirá palestinianos filiados em qualquer facção política ou militar que ainda opere na Faixa. Gaza, como disse o Primeiro-Ministro israelita à imprensa em 16 de Dezembro de 2023, não será “nem Hamastão nem Fatahstão”, sendo Fath a componente política dominante da ANP na Cisjordânia nem mesmo depois da retirada das Forças Armadas israelitas. Se a recusa israelita de prever qualquer presença do Hamas no pós-guerra é categórica, a relação com a ANP poderá, pelo contrário, mudar, desde que esta seja reformada num sentido anagráfico, democrático e ideológico. O que é certo é que a administração de Abu Mazen, o presidente não eleito da ANP, com mais de oitenta anos, é esclerótica, inepta e corrupta.

Isto não parece surpreender ninguém, dentro ou fora da Palestina, incluindo os governos israelitas que favoreceram o seu declínio, voluntária ou involuntariamente. No entanto, o ANP, o “herdeiro” dos acordos de Oslo de 1993 e herdeiro da OLP de Yaser Arafat, tem cooperado activa e eficazmente com Israel no sector da segurança desde há décadas. Cooperação que o tornou de facto cúmplice na luta contra o adversário comum, o Hamas, e lhe permitiu suprimir as vozes dissidentes. A sua crescente incapacidade para prevenir e conter as tensões na Cisjordânia tem, no entanto, resultado em frequentes incursões do exército israelita desde o ano passado, o mesmo exército que, no entanto, se tem abstido de intervir contra a violência dos colonos israelitas e de impedir o êxodo dos palestinianos das casas e aldeias sujeitas aos seus ataques.

A expansão dos colonatos, a ausência de segurança e de protecção e, agora, também a decisão do Governo israelita de reter centenas de milhões de dólares de receitas da “porta de entrada” e de impedir a entrada de 150000 trabalhadores palestinianos em Israel e nos colonatos, contribuem para a perda de legitimidade da Autoridade de Abu Mazen aos olhos de muitos dos seus concidadãos, dentro e fora dos Territórios Ocupados. Uma sondagem recente confirmou que 90 por cento dos palestinianos exigem a demissão de Abu Mazen, enquanto o Shin Bet, o serviço secreto interno do Estado judaico, alerta Netanyahu para o colapso iminente da própria Autoridade. Quanto aos israelitas, o silêncio da ANP sobre o massacre de civis perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 pulverizou o seu último grão de “confiança” em Abu Mazen e seus colaboradores.

No entanto, a ANP continua a ser, para a comunidade diplomática internacional, a única instituição legítima de um proto-Estado capaz de administrar, uma vez reformada, a Faixa de Gaza na era pós-Hamas. No entanto, a sua reforma exigirá tempo e dinheiro. Enquanto se aguarda a sua conclusão, terá de ser criada uma administração civil transitória. Existem algumas propostas a este respeito, incluindo o plano egípcio e algumas ideias israelitas e americanas. O plano egípcio faz, na realidade, parte de um ambicioso projecto conjunto egípcio-catariano de cessar-fogo, de libertação gradual dos reféns e de criação de um governo provisório para a gestão do pós-guerra e para a preparação de eleições presidenciais e parlamentares palestinianas. Apresentado em 25 de Dezembro de 2023 às partes em conflito, bem como aos Estados da região, à UE e aos Estados Unidos, o plano visa não só pôr fim às hostilidades, mas também preparar o terreno para uma paz duradoura.

Embora tenha o mérito indiscutível de abordar as questões humanitárias de ambas as partes, tem igualmente em conta as etapas indispensáveis das negociações entre o Hamas e Israel no que se refere à libertação dos reféns israelitas e dos detidos palestinianos, bem como o papel deste movimento no período pós-guerra. O Hamas e as outras facções palestinianas são chamadas a seleccionar peritos sectoriais para uma administração técnica e transitória de Gaza e da Cisjordânia, a fim de restabelecer os serviços essenciais e criar as condições para a reconciliação intra-palestiniana e a preparação de eleições políticas. Estas últimas medidas permitiriam criar um parceiro palestiniano legítimo e coeso para as futuras negociações com Israel sobre o Estado da Palestina. No entanto, o plano encontrou resistência tanto por parte de Israel como por parte dos palestinianos. Para Israel, o plano não cumpre o objectivo principal de destruir o Hamas ou de o obrigar a render-se com a libertação incondicional dos reféns, para além de desmilitarizar Gaza.

25 Abr 2024

Guerra em família

Muitas vezes, quando a noite é longa e o sono se atrasa na chegada, acontece-me navegar em águas indestrinçáveis, como se intimar fosse o mesmo que tornar íntimo e muito menos exequível do que intimidar. Tal como programa, vizinho muito próximo de pogrom, pode significar a maneira de ser de uma pessoa que é favorável à relva, não importando que grama seja uma erva infestante e prejudicial à agricultura.

É talvez por isso que há os que gramam e os que não gramam isto ou aquilo, assim como os brasileiros falam do gramado que, para nós, é simplesmente o relvado de um estádio ou de um solo que sofre o uso intensivo de certas atividades desvitalizadoras das ervinhas rasteiras.

Diz-se que pogrom é uma especial concretização de um programa que consiste no exercício de uma perseguição deliberada de um grupo étnico ou religioso tolerada ou aprovada pelas autoridades locais, como aconteceu em Berlim, antes, durante e depois da Noite de Cristal, e como está a acontecer no Donbass russofalante, na Faixa de Gaza e em toda a Cisjordânia ocupada.

Pensando bem, o pogrom, com ou sem um programa bem definido, foi um ataque violento e massivo, a destruição de um ambiente coletivo – casas, negócios e centros religiosos – que varreu o Sul da Rússia czarista e ortodoxa, vitimizando cerca de 2 milhões de judeus, entre 1880 e 1920, mas, historicamente, tem sido o termo mais usado para denominar atos massivos de grande violência, espontânea ou premeditada, contra judeus, protestantes, eslavos e outras minorias étnicas da Europa.

Na Rússia saída da Revolução de Outubro, como é bem sabido, o Exército Branco, acompanhado por diversas tropas europeias, alegando lutar contra o “complô judaico-bolchevique”, flagelou muitas cidades e aldeias, usando crueldades inenarráveis. Na pequena cidade de Fastov, po exemplo, o Exército Voluntário de Denikine, assassinou mais de 1500 judeus – principalmente idosos, mulheres e crianças –, estimando-se em cerca de 150 mil o saldo dos morticínios perpetrados em pogroms na Ucrânia e por todo o Sul da Rússia.

Tudo isto me fez rever conceitos como semitismo e sionismo, descobrindo que o termo semita tem como principal origem um conjunto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e os hebraicos que compartilham as mesmas raízes culturais. O étimo semita aparece no Génesis 5:32 como a linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé. Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camito-semítica.

Há que reconhecer que, historicamente, esses povos tiveram grande influência cultural em metade do mundo, pois as três grandes religiões monoteístas – o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo – possuem raízes semitas.

Dadas as diversas migrações, não podemos falar de um grupo étnico homogéneo, mas sabe-se que são muitas as línguas compõem a família semítica. Por exemplo: o hebraico acadiano, o ugarítico, o fenício, o hebraico, o aramaico, o árabe, o etíope, o gala, o afar-saho, o amorita, o caldeu, o maltês e a tigrínia.

Após a morte de Moisés, sob a direção de Deus, Josué, como é sabido, levou os judeus para as terras que são hoje Israel. Quem não sabe fica a saber e só acredita quem quiser.

Depois, os hebreus sofreram diversas invasões e a religião tornou-se no principal elo entre eles. No século I d.n.e., os judeus acabaram mesmo por ser dispersos pelos romanos, dando origem à milenar diáspora judaica.

Os judeus europeus subdividiram-se também, formando dois subgrupos, o dos sefarditas (Sefarad é o nome da Espanha em hebraico) e o dos asquenazes. Estes foram em grandes hordas para terras da Europa central e para países eslavos da Europa oriental. Sabemos que os sefarditas migraram para a Península Ibérica e que, seguidamente, sofreram outra dispersão, em 1492, estabelecendo-se então em países do Norte da África e da Europa Central, bem como na Itália.

O século XX ficou tragicamente marcado por diversos acontecimentos envolvendo os dois povos semitas remanescentes: os árabes e os hebreus.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial e o desmoronamento do Império Otomano, as regiões da Síria e do Líbano ficaram sob o domínio da França. As outras áreas, inclusive a Palestina, passaram para as mãos da Grã-Bretanha. A ocupação pela França e pela Grã-Bretanha provocou fortes reações entre os árabes. Foi nesse contexto que surgiu no Egipto a Irmandade Muçulmana, berço do fundamentalismo islâmico.

Ora, a Síria só ganhou de facto o seu reconhecimento em 17 de abril de 1946 e o Líbano em 22 de novembro de 1943. À Inglaterra, nessa barafunda, coube a Palestina (incluídos os territórios da atual Jordânia e de Israel) e Mesopotâmia (o Iraque de hoje).

Os respetivos governantes, na sua maioria reis, obtiveram assim áreas extremamente ricas em petróleo e ganharam meios económicos para se desenvolverem. No mesmo período, já em 1948, começou a fase de criação do estado de Israel em território palestiniano, gerando a divergência entre árabes e judeus. Desde então, aquela região é abalada por diversas guerras e se mantém em clima de permanente conflito.

Actualmente, as principais regiões de cultura árabe compreendem todos os países norte-africanos, desde a África Saariana até o Médio Oriente, além de regiões isoladas no Irão.

Outras vertentes semitas são a dos amáricos e a dos oromos, localizadas na Etiópia e na Eritreia, bem como as dos arameus e assírios, no Líbano e no Norte do Iraque. Quanto a sionismo e antissionismo não há muito a dilucidar aqui, dado serem realidades insanas decorrentes de todas as voltas e reviravoltas do processo histórico em que se inserem.

Como expressão canónica, o sionismo, em hebraico ציונות (Tsiyonut) só se mostrou ao mundo com a categoria de um movimento político no final do século XIX. Na Europa central e oriental, foi logo associado, pela maioria dos seus líderes, à colonização da Palestina que consideravam “ocupada por estranhos”.

O termo sionismo é derivado da palavra Sion (em hebraico, ציון) que significa elevado. Originalmente, Sião ou Sion eram as colinas que circundam a “Terra Santa”, onde existiu uma fortaleza com o mesmo nome. Durante o reinado de David, Sião tornou-se num abusivo “Reino de Jerusalém” ou “Terra de Israel”.

O uso do termo sionismo surgiu durante um debate público realizado em Viena em 1892 na noite de 23 de janeiro de 1892, cunhado por Nathan Birnbaum, um escritor judeu local que fundara em 1885 a revista “Selbstemanzipation!” (Autodeterminação!). No entanto, considera-se que o pai oficial do sionismo foi o jornalista e escritor austríaco Theodor Herzl no seu livro “Der Judenstaat“ (O Estado Judeu).

Acontece que até um historiador israelita, Benny Morris, isento de infidelidades factuais, considera em “The Arab-Israeli War”, livro publicado logo em 1948: “É evidente que os acontecimentos de 1948 na Palestina foram uma limpeza étnica executada pelos judeus nas zonas árabes. (…) Os métodos terroristas, de inspiração nazi e fascista, levados a cabo pelo Irgun (“Organização Militar Nacional na Terra de Israel”, liderado por Menachem Begin, futuro primeiro-ministro de Israel), foram denunciados no mesmo ano por diversos intelectuais judeus, entre os quais Albert Einstein e Hannah Arendt, numa carta aberta publicada em “The New York Times”. Já no século XX, quando Begin organizou o governo, tornou-se num infame genocida, prática em que Netanyauhu se tem vindo também a especializar.

20 Dez 2023

DST | Governo acompanha situação em Israel

Apesar de até ontem não ter recebido qualquer pedido de informação ou assistência, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) emitiu um comunicado a afirmar que “mantém-se atenta à situação em Israel e na Palestina”.

“Em simultâneo, a DST está em contacto com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na Região Administrativa Especial de Macau e com os operadores turísticos, e a acompanhar o desenvolvimento da situação”, foi esclarecido.

No sábado, o grupo radical Hamas atacou Israel, num ataque surpresa, que causou mais de 300 mortos, com o disparo de milhares de mísseis e a invasão de território israelita. Além disso, houve vários reféns levados para Gaza. Como consequência, as forças israelitas bombardearam alvos do Hamas em Gaza no sábado, causando a morte de mais de 200 pessoas.

9 Out 2023

Cisjordânia | ONG acusa Israel de forçar transferência de palestinianos

Pelo menos seis comunidades palestinianas na Cisjordânia ocupada fugiram das casas que habitavam e “dezenas correm perigo iminente de deslocação forçada”, alertou ontem a organização israelita Betselem.

De acordo com a organização não-governamental (ONG), o Governo de Israel está a levar a cabo “políticas de deslocação forçada” o que, acusa, constitui “crime de guerra”.

A ONG Betselem refere num relatório divulgado ontem que seis comunidade de agricultores e de beduínos palestinianos no centro e no sul da Cisjordânia foram obrigadas a fugir por se encontrarem “aterrorizadas” pelos colonos israelitas “que trabalham ao serviço do Estado”.

A medida terá afectado “quase 500 pessoas” que “não tiveram outra escolha” a não ser abandonar os locais de residência em Ras a Tin, Ein Samia, Al Bagah e Qabun no norte de nordeste de Ramahla, assim como em Khirbet Simri e Widady Tahta, nas colinas a sul de Hebron, no sul da Cisjordânia.

“Expulsar os trabalhadores dos campos, agredir fisicamente os residentes locais, invadir as casas durante a noite, provocar incêndios, assustar os rebanhos, destruir plantações, roubar propriedades, bloquear estradas” ou “destruir reservatórios de água” é a “horrível rotina” que, segundo a Betselem, é imposta pelos colonos a muitas comunidades palestinianas.

 

Fomento superior

A organização diz ainda que a violência é fomentada pelo Estado de Israel, que “está a levar a cabo políticas de transferência forçada”, tornando insuportável a vida dos residentes da zona que pretende ocupar.

Para a Betselem, a estratégia de Israel “é apoiada na aprovação de ordens militares” e na autorização do Supremo Tribunal de Israel para expulsar os palestinianos dos locais onde residem.

Por outro lado, acusa a ONG, o Estado de Israel utiliza os colonos para instigar a violência.

O relatório refere ainda que existe permissividade e tolerância em relação às ações dos colonos e dos militares por parte da coligação governamental de “extrema-direita” israelita liderada por Benjamin Netanyahu.

A ONG considera que o processo é ilegal e implica Israel em crimes de guerra por se tratar, indica, de “transferências forçadas” e que são “proibidas pelo direito internacional”.

Israel controla a Cisjordânia desde 1967 mantendo um regime de ocupação militar no território.

As autoridades israelitas costumam rejeitar as acusações das organizações de defesa de direitos humanos como a Betselem, a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.

19 Set 2023

Israel | Presidente pede fim imediato da reforma judicial

O Presidente de Israel pediu ontem ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para “actuar com responsabilidade e coragem” e pôr fim “de imediato” ao processo legislativo da polémica reforma judicial que está a dividir o país.

“Pelo bem da unidade do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade necessária, peço que ponham fim ao processo legislativo de imediato”, afirmou Isaac Herzog, em comunicado, quando o país regista as maiores manifestações de sempre e se encontra à beira de uma greve geral.

“Toda a nação está profundamente preocupada. A nossa segurança, economia, sociedade – todos estão sob ameaça”, alertou Herzog. “Acorda agora!”

Na noite passada, Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, depois de Yoav Gallant ter pedido publicamente o fim da reforma judicial, na primeira voz crítica do Governo.

A decisão do primeiro-ministro levou mais de 600 mil pessoas para as ruas em protestos maciços e improvisados em várias cidades israelitas.

As universidades de todo o país fecharam “até nova ordem” em protesto e espera-se que os sindicatos apelem para uma greve geral.

A reforma judicial desencadeou uma das mais graves crises internas de Israel, ao unir, em oposição generalizada, líderes empresariais, funcionários judiciais e mesmo militares do país.

Uma aparente calma regressou às ruas do país depois de uma noite de protestos, em que milhares de manifestantes acenderam fogueiras na principal autoestrada de Telavive, bloqueando a passagem, bem como em outras em todo o país.

Última palavra

A peça central da revisão é uma lei que dará à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações judiciais. Outras leis podem dar ao parlamento a possibilidade de anular decisões do Supremo Tribunal e limitar a revisão judicial das leis.

Netanyahu e aliados disseram que o plano vai devolver o equilíbrio entre os ramos judicial e executivo e controlar o que consideram ser um tribunal intervencionista com simpatias liberais. Mas críticos advertiram que as leis vão eliminar o sistema de controlos e equilíbrios de Israel e concentrar o poder nas mãos da coligação governamental, acrescentando que Netanyahu, a ser julgado por acusações de corrupção, tem um conflito de interesses.

27 Mar 2023

China | Condenados ataques terroristas e pedida contenção a Israel

A China condenou ontem “ataques terroristas contra civis” em Jerusalém Oriental e manifestou oposição ao “uso excessivo da força”, ao mesmo tempo que apelava à contenção “de todos os lados e particularmente de Israel”.

“A prioridade é evitar que a situação se agrave”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, acrescentando que todas as partes devem mostrar “calma e contenção para evitar que a situação fique fora de controlo”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros expressou “tristeza” pelas recentes “baixas civis” devido à escalada da tensão na região e observou que o conflito israelo-palestiniano “se perpetua porque a solução de dois Estados não foi alcançada e ao povo palestiniano foi negada durante muito tempo a legítima aspiração de estabelecer um Estado independente”.

Pequim apelou também a “acções urgentes para criar condições para o reinício das conversações israelo-palestinianas” e assegurou que a China “continuará a trabalhar para uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestiniana”.

Debaixo de fogo

Jerusalém Oriental ocupada está em alerta máximo depois de ter sido alvo de dois ataques com tiros nos últimos dias, que causaram sete mortos e cinco feridos.

Na quinta-feira, nove palestinianos foram mortos a tiro pelas forças israelitas durante os confrontos que eclodiram durante uma operação israelita no campo de refugiados de Jenin, um foco do movimento das milícias palestinianas na Cisjordânia.

30 Jan 2023

Diplomacia | China e Israel promovem cooperação em inovação

Wang Qishan e Yair Lapid acordaram em construir relações mais frutíferas para a promoção do desenvolvimento económico e social dos dois países

 

O vice-presidente chinês, Wang Qishan, co-presidiu à quinta reunião do Comité Conjunto de Cooperação para a Inovação (JCIC, em inglês) China-Israel com Yair Lapid, primeiro-ministro substituto e ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, na segunda-feira, por videoconferência. Os dois lados comprometeram-se a promover a cooperação em inovação.

Wang disse que, desde a implementação do Plano de Acção de Cooperação para a Inovação China-Israel (2018-2021), os dois lados fortaleceram a orientação de inovação e as garantias institucionais, aprofundaram a cooperação pragmática e promoveram o intercâmbio de pessoal.

Saudando o contínuo aprofundamento das relações bilaterais e a cooperação, e o facto de que a parceria abrangente inovadora China-Israel entrou numa nova etapa, Wang pediu que os dois lados sigam as instruções dos dois chefes de Estado e observem o importante papel do JCIC China-Israel sob uma perspectiva estratégica, aproveitando o 30.º aniversário dos laços diplomáticos como uma oportunidade para aumentar a confiança política mútua e expandir intercâmbios pessoais e culturais.

O responsável expressou também a esperança de que os dois lados promovam a implementação de importantes consensos e grandes projectos, concluam as negociações de livre comércio durante este ano, sinergizem ideias e recursos de inovação e fortaleçam a cooperação em áreas como a investigação e desenvolvimento de vacinas e medicinas, para que a cooperação de inovação China-Israel em vários campos possa florescer e desempenhar um papel maior na promoção do desenvolvimento económico e social dos dois países, ao mesmo tempo que fortalecem o bem-estar do povo.

Do outro lado

Por sua parte, Lapid disse que Israel está disposto a trabalhar em estreita colaboração com a China para aproveitar o papel do JCIC e promover a cooperação em inovação entre Israel e a China para beneficiar melhor os dois povos.
Wang e Lapid assinaram conjuntamente o Plano de Acção de Cooperação para a Inovação China-Israel (2022-2024), e testemunharam a assinatura de sete acordos de cooperação nas áreas de ciência e tecnologia, saúde, cultura, proteção ambiental, energia limpa e direitos de propriedade intelectual.

26 Jan 2022

Festival da Canção | Suspensa venda de bilhetes por suspeitas de irregularidades

[dropcap]A[/dropcap] emissora de radiodifusão estatal israelita Kan suspendeu a venda de entradas para o festival Eurovisão, iniciada na sexta-feira, depois de suspeitas de “irregularidades”, informou ontem a empresa pública.

Na origem da suspensão está, segundo a Kan, o facto de muitos dos bilhetes para os melhores lugares terem ido parar às mãos de personalidades famosas da televisão e do mundo desportivo em vez de terem sido distribuídos entre o público em geral.

As entradas foram postas à venda na sexta-feira em exclusivo no portal digital Leaan, a quem Kan ordenou que pare as vendas até averiguar o que se passou e solucionar as irregularidades.

A televisão israelita admitiu que houve tentativas de interferir no processo de venda e que 300 dos melhores lugares, avaliados em milhões de euros, foram vendidos a personagens famosas do mundo do desporto e da televisão, incluindo dois dos anfitriões da gala, “em completa contradição com as instruções do Conselho de Directores da Kan”.

Fontes próxima dos anfitriões disseram que estes consideram não ter feito nada errado, tendo pago o preço completo pelas entradas.

Tudo a limpo

Por seu lado, fonte do portal digital Leaan indicou que apenas seguiu as instruções que recebeu de Kan para reservar vários lugares para os seus convidados e assegurou que a venda de entradas foi feita de acordo com as instruções da televisão e na presença dos seus representantes.

As entradas foram postas à venda com preços entre 75 e 500 euros e em duas horas esgotaram-se todos os bilhetes para a final, que decorrerá em Telavive em 18 de Maio.

Ainda há entradas disponíveis para as semifinais dos dias 14 e 16 de Maio e para os ensaios.

Televive acolhe este ano o Festival Eurovisão 2019 depois de a edição passada, que decorreu em Lisboa, ter sido ganha pelo tema “Toy”, da cantora israelita Neta Barzilai.

Portugal estará representado no concurso musical por Conan Osíris, com a canção “Telemóveis”, depois de ter vencido a final da 53ª edição do Festival da Canção, realizada no sábado em Portimão, no Algarve.

5 Mar 2019

Música | Conan Osíris vence Festival da Canção

“Telemóveis” de Conan Osíris venceu a final do Festival da Canção e segue rumo a Telavive onde vai representar Portugal em Maio. O tema arrecadou nota máxima do público e de todas as regiões do país à excepção do Algarve

[dropcap]O[/dropcap] artista Conan Osíris, com a canção “Telemóveis”, vai representar Portugal no Festival Eurovisão 2019, em Maio, em Israel, depois de Sábado ter vencido a final da 53ª edição do Festival da Canção, realizada em Portimão, no Algarve.

A vitória de Conan Osíris, que vai ser o representante português na cidade israelita de Telavive, em Maio, mereceu a pontuação máxima (12 pontos) do público e de todas as regiões do país (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Açores, Madeira e Algarve) excepto do Algarve, que lhe deu a segunda pontuação mais alta (10 pontos).

Perante um pavilhão Portimão Arena praticamente esgotado com cerca de 3.500 espectadores, e com uma votação on-line do público e de um júri composto por personalidades da música e da televisão em sete regiões do país, NBC ficou na segunda posição, enquanto Matai acabou na terceira.

A música “Telemóveis” de Conan Osíris sucede a “O Jardim”, interpretada por Cláudia Pascoal e composta por Isaura, a representante portuguesa no Festival Eurovisão da Canção em 2018, que decorreu pela primeira vez em Portugal, em Lisboa, depois de o tema “Amar pelos dois”, interpretado por Salvador Sobral e composto por Luísa Sobral, ter vencido no ano anterior, em Kiev.

Pelo caminho

“A dois” (composta e interpretada por Calema), “Mar Doce” (Mariana Bragada), “Perfeito” (composta por Tiago Machado e interpretada por Matay), “Pugna” (Surma), “Igual a ti” (NBC), “Mundo a mudar” (Frankie Chavez/Madrepaz), “Telemóveis” (Conan Osíris) e “Inércia” (D’Alva/Ana Cláudia) subiram ao palco por esta ordem, depois de terem conseguido a qualificação para a decisão final nas duas eliminatórias que se realizaram nas semanas anteriores.

Matay, Madrepaz e Conan Osíris foram os mais aplaudidos pelo público presente no Portimão Arena, que durante toda a noite animou a festa e não deixou de apoiar os artistas candidatos a estar em Telavive, no festival da Eurovisão.

No espetáculo houve ainda tempo para recordar alguns artistas que se celebrizaram em outras edições do Festival da Canção, como Armando Gama, Anabela ou Vânia Fernandes, que tocaram as suas músicas participantes no Festival da Canção e exibiram novos e modernos arranjos, da autoria de Nuno Gonçalves, da banda Gift.

As vencedoras da edição anterior, Cláudia Pascoal e Isaura, também acturam perante os espectadores que assistiram ao espetáculo no Portimão Arena, que teve apresentação de Filomena Cautela, Inês Lopes Gonçalves e Vasco Palmeirim, sempre com notas de humor a marcar a suas intervenções.

Comité de Solidariedade com Palestina apela a Conan Osíris para não ir a Telavive

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa apelaram ontem a Conan Osíris para não ir a Telavive representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção em solidariedade com artistas palestinianos.

Numa carta enviada ao vencedor da última edição do Festival da Canção, aquelas organizações referem que “a escassos minutos de onde terá lugar o Festival, Israel mantém um cerco ilegal a 1,8 milhões de palestinianos em Gaza, negando-lhes os direitos mais básicos.”

As três organizações acrescentam que “também a escassos minutos de Telavive, 2,7 milhões de palestinianos da Cisjordânia vivem aprisionados por um muro de apartheid ilegal”.

“Israel continua a expandir a sua colonização na Cisjordânia, com o intuito de expulsar mais famílias palestinianas, entregando assim as terras e casas confiscadas a colonos israelitas”, acrescentam.

As três organizações signatárias do apelo juntam-se ao movimento internacional de BDS – Boicote, Desinvestimento, Sanções – que denuncia o uso da cultura por Israel como instrumento de propaganda para branquear a sua imagem.

Por outro lado, este movimento usa o BDS como meio não-violento de pressionar Israel a respeitar os direitos humanos da população palestiniana.

Deixa o glamour

São já muitos de artistas de todo o mundo que recusaram actuar em Israel enquanto o país insistir na “colonização” e no “apartheid”, lembra o movimento BDS.

“Reconhecemos que não é uma decisão fácil, de largar o ‘glitz’ e glamour da Eurovisão, mas a custo de quê? O apelo ao boicote dos artistas palestinianos, brutalizados durante décadas pelo Estado de Israel, foi seguido por centenas de artistas internacionais e portugueses, de Roger Waters aos Wolf Alice. Eles percebem que a sua arte tem o poder de ajudar a mudar a situação na Palestina, mostrando a Israel que esta ocupação tem um custo”, lembra Shahd Wadi, porta-voz do Comité de Solidariedade com a Palestina.

E acrescenta que “Israel está a usar a Eurovisão para branquear a opressão do povo palestiniano”, pelo que esta “é uma oportunidade para que Conan Osiris encontre um lugar nos livros de história, juntando o seu a outros nomes ilustres nesta campanha”.

O movimento de boicote ao Festival da Eurovisão em Telavive lembra ainda que dois dias depois da vitória da canção israelita no Festival da Eurovisão 2018, Israel “massacrou 62 palestinianos em Gaza, incluindo seis crianças”.

E que nessa mesma noite, Netta Barzilai, a intérprete da canção vencedora da Eurovisão, realizou um concerto de comemoração em Telavive considerando que os israelitas tinham “motivos para estar felizes”.

4 Mar 2019

EUA e Israel saem da UNESCO

[dropcap]A[/dropcap] saída dos Estados Unidos e de Israel da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tornou-se efectiva ontem, culminando um processo desencadeado em Outubro de 2017. A saída dos dois países assenta no suposto sentimento anti-Israel da organização, alegado pelas respetivas representações diplomáticas.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída da organização em 12 Outubro de 2017, poucas horas antes de anúncio similar feito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Os Estados Unidos invocaram “preocupações com os atrasos crescentes na UNESCO, a necessidade de uma reforma fundamental da organização e o permanente preconceito anti-Israel”. O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse hoje que o seu país “não será membro de uma organização cujo objectivo seja deliberadamente agir contra Israel”, dando argumentos aos seus “inimigos”.

A organização com sede em Paris foi acusada de criticar a ocupação israelita de Jerusalém Oriental, em particular por identificar locais reivindicados por Israel, como herança palestiniana, além de ter aprovado a plena adesão da Palestina à organização, em 2011, facto que levou os Estados Unidos a suspender, desde então, as contribuições financeiras.

Nos últimos anos, a UNESCO aprovou várias resoluções muito criticadas por Israel, nomeadamente textos que omitem a vinculação judaica à denominada Esplanada das Mesquitas de Jerusalém.

No verão de 2017, a Cidade Velha de Hebron (Palestina) foi incluída na Lista de Património Mundial, decisão que levou Israel a anunciar que iria retirar um milhão de dólares na sua contribuição para as Nações Unidas.

Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os EUA retiraram-se da UNESCO, cortaram vários financiamentos a órgãos da ONU e anunciaram a sua saída do Acordo de Paris de combate às alterações climáticas, do acordo nuclear com o Irão, apoiado pela ONU, e do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

Em 1984, durante a administração de Ronald Reagan, os Estados Unidos romperam igualmente com a UNESCO, por suposta cedência a interesses soviéticos, em plena Guerra Fria, tendo regressado à organização em 2003.

3 Jan 2019

China estreita relações com Israel e Palestina

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente chinês, Wang Qishan, reuniu-se com dirigentes israelitas e palestinianos, com quem assinou vários acordos, estreitando as relações comerciais com Israel e Palestina.

Nos últimos anos, a China está a procurar ter um papel mais ativo no Médio Oriente, região em que se abastece de petróleo e é de importância vital para o seu ambicioso plano de infraestruturas promovido pelo Presidente, Xi Jinping, sob a designação de “Nova Rota da Seda”.

Hoje, durante a reunião da comissão conjunta China-Israel sobre cooperação e inovação, que se realiza, alternadamente, em cada país, foram assinados acordos bilaterais, sobretudo na tecnologia e na ciência, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Na terça-feira, Wang Qishan visitou a Cisjordânia, onde se reuniu com o primeiro-ministro palestiniano, Rami Hamdallah, colocou uma coroa de flores no túmulo de Yasser Arafat e visitou a Igreja da Natividade, em Belém.

Durante a reunião de Wang Qishan com vários dirigentes palestinianos, foi decidido iniciar conversações para o estabelecimento de um acordo de comércio livre, conforme o memorando de entendimento assinado.

O Governo chinês sempre se posicionou ao lado da Palestina e mostrou o seu apoio ao processo de paz no Médio Oriente e a uma solução pacífica do conflito israelo-palestiniano, com os dois Estados nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital da Palestina.

25 Out 2018

Vice-Presidente chinês chega a Israel para visita de quatro dias

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente chinês Wang Qishan chegou hoje a Israel para uma visita de quatro visitas, a primeira de um responsável chinês deste nível em 18 anos a este país, segundo uma fonte oficial.

Wang, que está acompanhado de uma importante delegação ministerial, deve reunir-se esta noite com o chefe do governo israelita, Benjamin Netanyahu, indicou o gabinete do primeiro-ministro.

Na quarta-feira, os dois dirigentes vão participar na quarta reunião da comissão conjunta sino-israelita sobre cooperação e inovação, que se realiza de forma alternada nos dois países.

A última visita de um alto dirigente chinês a Israel ocorreu em 2000, com a deslocação do então Presidente Jiang Zemin. Netanyahu foi à China em Março de 2017.

Wang, que esteve hoje na parte velha de Jerusalém, deve reunir-se, na terça-feira, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, com o primeiro-ministro palestiniano, Rami Hamdallah.

Em 2016, a China e Israel lançaram as discussões de um tratado de comércio livre. Os acordos concluídos em 2017 já facilitaram a exportação de laticínios israelitas para a China e autorizaram os chineses a irem trabalhar no setor da construção e das obras públicas em Israel, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Estado judaico.

A China multiplicou os seus investimentos em Israel nos últimos anos, atingindo um total de 25 mil milhões de dólares, segundo a imprensa israelita. Um grupo público chinês assumiu em 2014 o controlo do Tnuva, o principal grupo alimentar de Israel.

Empresas chinesas venceram também os concursos para a gestão, durante 25 anos, dos dois principais portos israelitas, Haifa e Ashdod.

Outras sociedades chinesas estão envolvidas na construção de túneis perto de Haifa e em vias de eléctricos. A presença chinesa em Israel suscitou discussão.

O antigo chefe do serviço de informações israelita Mossad, Ephraim Halevy, alertou para o perigo que representavam os investimentos chineses em setores estratégicos para Israel. O Ministério da Defesa já interditou a participação das empresas chinesas em concursos lançados pelo exército israelita.

Estas inquietações estiveram na origem, segundo a imprensa local, da recusa do Ministério das Finanças em autorizar a aquisição por grupos chineses de dois dos principais fundos de pensões israelitas, por receio que Pequim ficasse a controlar milhares de milhões de dólares e o futuro de mais de um milhão de reformados israelitas.

23 Out 2018

Trump a favor da solução de dois Estados, israelita e palestiniano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou-se ontem pela primeira vez favorável a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, prometendo apresentar um plano de paz para a região “dentro de dois, três ou quatro meses”.

“Penso realmente que alguma coisa vai acontecer. É o meu sonho conseguir alcançá-la antes do final do meu primeiro mandato”, em Janeiro de 2021, disse à imprensa no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Falando à margem da Assembleia-Geral anual da ONU, em Nova Iorque, Trump disse-se convicto “a 100%” de que os palestinianos, que suspenderam todos os contactos com a Administração norte-americana desde que esta reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, no fim de 2017, “regressarão à mesa das negociações”.

“Gosto da solução de dois Estados [para Israel e a Palestina], penso que é o que resulta melhor, é o meu sentimento”, afirmou Trump, sem precisar se é isso que vai propor o plano de paz conjecturado há vários meses no maior segredo por uma pequena equipa liderada pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner.

O anúncio desta proposta dos Estados Unidos, destinada a permitir alcançar “o acordo final” entre israelitas e palestinianos, de acordo com a formulação de Donald Trump, foi diversas vezes adiado.

Até agora, o Presidente republicano absteve-se de apoiar claramente a solução dos dois Estados, ao contrário dos seus antecessores dos dois lados do espectro político e da comunidade internacional.

A linha oficial da Administração Trump consistiu até agora em defender uma solução que obtivesse a aprovação de israelitas e palestinianos, sem apoiar ou rejeitar a solução da coexistência pacífica de dois Estados lado a lado.

27 Set 2018

Israel fecha passagem de acesso à Faixa de Gaza

[dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]srael voltou a encerrar a passagem de Erez, ponto de acesso à Faixa de Gaza, devido a confrontos registados no terminal de trânsito, anunciou hoje o Exército israelita.

O ponto de passagem de Erez vai ficar fechado até que os estragos sejam reparados, acrescentou o Exército de Israel que não especificou qualquer data para a reabertura do terminal.

De acordo com os militares israelitas vai ser autorizado “apenas” o trânsito de material humanitário, caso venha a ser necessário.

De acordo com o Exército de Israel “centenas de desordeiros” palestinianos participaram em atos de violência na terça-feira lançando pedras que provocaram estragos nas instalações do terminal.

A passagem de Erez tinha sido reaberta no passado dia 27 de agosto depois de ter sido mantida encerrada durante uma semana.

O território da Faixa de Gaza, enclave situado entre Israel o Egito e o Mediterrâneo, encontra-se submetido a um bloqueio terrestre e marítimo pelos israelitas desde 2008.

Os cerca de dois milhões de habitantes dependem, em grande medida, da ajuda internacional.

A fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito está quase sempre encerrada.

Controlado pelo Hamas, o enclave tem sido palco de manifestações de palestinianos junto à barreira de separação desde 30 de março e que exigem o fim do bloqueio e a devolução de terras aos palestinianos, perdidas em 1948.

Pelo menos 172 habitantes da Faixa de Gaza foram atingidos a tiro pelos soldados israelitas desde março.

5 Set 2018

Presidente das Filipinas inicia visita histórica a Israel

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, iniciou ontem uma visita histórica a Israel, que ilustra a sua disposição em reduzir a dependência militar do tradicional aliado norte-americano, noticia a agência France-Presse.

A visita de quatro dias é a primeira de um chefe de Estado filipino desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, há 60 anos.

A chegada de Duterte foi seguida de perto em Israel, devido à forte personalidade e franqueza do líder populista que há dois anos chegou a comparar-se a Adolf Hitler.
Duterte tem agendado para hoje um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, onde será acompanhado por uma grande delegação.

“Esta visita é de grande importância para nós, pois simboliza as fortes e calorosas relações entre os nossos dois povos”, afirmou em comunicado o ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel.

A chegada ao poder de Duterte, em meados de 2016, resultou numa deterioração das relações com os Estados Unidos, país presidido então por Barack Obama, apesar do acordo de defesa que vinculava as duas nações.

Para o chefe de Estado filipino, a visita é “uma oportunidade de visitar outro mercado para (…) equipar as suas Forças Armadas”, disse à AFP Henelito Sevilla, especialista em relações internacionais.

Corrida às armas

Só no ano passado, a indústria de defesa e segurança de Israel exportou um total de 9.200 milhões de euros em armas. Cerca de 60 por cento das exportações de defesa vão para a região da Ásia-Pacífico, segundo dados oficiais. Nesse mesmo ano, Manila tornou-se grande cliente de Israel, ao comprar 21 milhões de dólares em equipamentos.

Em 2016, ano em que subiu ao poder, Duterte recebeu críticas de Israel por se comparar a Adolf Hitler. “Hitler abateu três milhões de judeus, bem, há três milhões de viciados em drogas (nas Filipinas), eu ficaria feliz em abatê-los”, disse à epoca.

O Presidente filipino, que pediu desculpas “ao povo judeu”, irá visitar o Yad Vashem, o memorial do Holocausto em Jerusalém.

3 Set 2018

Primeiro-ministro israelita volta a defender lei “Estado-nação” após protestos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro israelita voltou a defender a controversa lei que define Israel como “Estado-nação do povo judaico”, após milhares de árabes israelitas terem ocupado uma das praças centrais de Telavive, no sábado, contra a decisão.

“Não há maior prova da necessidade desta lei nacional”, afirmou Benjamin Netanyahu na conta oficial da rede social Twitter, referindo-se a um vídeo que mostra os manifestantes a levantarem a bandeira da Palestina.

Netanyahu garante que vai continuar a “levantar a bandeira de Israel e a cantar o hino nacional com muito orgulho”.

Milhares de árabes israelitas manifestaram-se no sábado em Telavive contra a lei polémica que define Israel como o “Estado-nação do povo judaico”.

A concentração, que decorreu na praça Yitzhak Rabin, foi convocada por organizações representativas da minoria árabe israelita, que constitui 17,5% da população, enquanto na semana passada os drusos, uma outra minoria, realizaram uma grande manifestação também contra esta lei.

Os árabes israelitas são os descendentes dos palestinianos que se mantiveram nas suas terras após a criação do Estado de Israel, em 1948. Para as minorias drusa e árabe, a lei, aprovada no mês passado, torna-os cidadãos de segunda categoria.

Judeus israelitas juntaram-se aos manifestantes, que gritavam em hebreu e árabe “igualdade, igualdade”, “não vamos calar-nos, o ‘apartheid’ não passará”, enquanto chamavam “fascista” ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A lei, aprovada no parlamento israelita em 19 de julho, com o apoio do Netanyahu, confere aos judeus o direito “único” à autodeterminação em Israel e proclama que o hebreu é a única língua oficial de Israel, enquanto o árabe tem um estatuto “especial” que não foi definido.

12 Ago 2018

Israel | Parlamento aprova lei que limita auto-determinação a judeus

Há quem lhe chame o novo apartheid. A Lei Básica da Nação-Estado aprovada, na semana passada, no parlamento israelita define que apenas os judeus têm direito à autodeterminação. Entretanto, os árabes que têm sido vítimas de crescentes restrições, ficam cada vez mais isolados. União Europeia e Nações Unidas estão preocupadas com a situação

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós um intenso debate, de mais de oito horas, no parlamento israelita, a “Lei Básica da Nação-Estado” foi aprovada com 62 votos a favor e 55 contra.

O diploma está envolto em controvérsia, e foi considerado por alguns sectores políticos como discriminatório. Muitos dos deputados árabes israelitas não participaram na votação.

A polémica lei consagra Israel como nação judaica, “lar nacional” do povo judaico e o hebraico como única língua oficial. A língua árabe perde direitos, os colonatos judeus são considerados de interesse estratégico nacional e Jerusalém, “una e indivisa”, será a capital do país. Além disso, a nova legislação determina que apenas os judeus têm o direito de autodeterminação no país.

Para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoiado por uma maioria de direita e de extrema direita, trata-se de uma vitória e fortalecimento da democracia em que a maioria tem o direito de decisão, refere a LUSA.

O objectivo “é garantir o carácter de Israel como o Estado nacional dos judeus, para definir na Lei Básica os valores de Israel como um Estado democrático judaico, no espírito dos princípios da Declaração de Independência”, de acordo com um comunicado publicado na página da Internet do Knesset, parlamento de Israel.

Até aqui, a menção directa à identidade judaica tinha sido sempre evitada devido à existência de outras culturas e religiões no país, que vivem em Israel desde a sua criação, em 1948, e que representam cerca de 20 por cento da população – 1,8 milhões de uma população total de cerca de nove milhões.

A minoria árabe no parlamento israelita considera que morreu a democracia em Israel com a criação de um estado segregacionista. O Centro de Apoio Jurídico às Minorias Árabes defende que “a aprovação desta lei representa uma tentativa de implementar a superioridade étnica através da promoção de políticas racistas”.

Categorias especiais

A proposta de lei inicial que incluía um artigo relativo à “criação de comunidades no país compostas por motivos de fé ou origem” foi muito criticada pelo Presidente de Israel, Reuven Rivlin, como sendo discriminatória, tendo o artigo sido retirado.

De acordo com a nova legislação, “os árabes terão uma categoria especial, todos os judeus terão o direito de migrar para Israel e obter a cidadania de acordo com as disposições da lei, o Estado agirá para reunir os judeus no exílio”.

Durante as alegações e diante de uma câmara praticamente vazia, o parlamentar palestiniano de nacionalidade israelita Ayman Odeh, da United List (Lista Unida), denunciou a falta de carácter democrático da proposta iniciativa e ergueu uma bandeira negra para representar “o funeral da democracia”.

O primeiro-ministro israelita foi alvo de duras críticas durante o mesmo debate. Outro deputado palestiniano Jamal Zahalka afirmou que Benjamin Netanyahu está a forçar os cidadãos a escolherem entre serem judaicos ou democratas.

Preocupação internacional

A União Europeia fez questão de manifestar a sua preocupação com a aprovação da lei da nacionalidade judaica pelo parlamento israelita, mas escusou-se a condenar a lei que consagra Israel como nação judaica, “lar nacional” do povo judaico, e o hebraico como única língua oficial.

“A democracia e a igualdade, relativamente às minorias, continuam a ser a base da nossa associação com Israel”, começou por referir a porta-voz do Serviço Europeu de Acção Externa da União Europeia, Federica Mogherini, na conferência de imprensa diária do executivo comunitário. “Estamos muito preocupados e já expressámos essa preocupação. Vamos continuar a comunicar com as autoridades israelitas dentro deste contexto”, referiu a porta-voz, citada pela agência de notícias Reuters.

“Fomos muito claros na nossa defesa de uma solução para o conflito israelo-palestiniano com dois Estados, com Jerusalém como capital, e acreditamos que esta decisão torna mais difícil que esta se torne realidade”, sublinhou.

Ao ser questionada sobre a possibilidade de a UE “condenar ou reprovar” que o árabe deixe de ser considerado língua oficial ou que se promovam as comunidades exclusivamente judias, Maja Kocijancic limitou-se a manifestar a sua preocupação e a assegurar que esta foi comunicada ao Governo de Israel.

Direitos pouco humanos

De acordo com a agência noticiosa chinesa, Xinhua, também a Organização das Nações Unidas (ONU) já expressou a sua relutância face à decisão israelita.

“Reafirmamos que as Nações Unidas respeitam a soberania dos estados na definição do seu carácter constitucional bem como enfatizamos a necessidade de todos aderirem aos princípios dos direitos humanos, incluindo a protecção dos direitos das minorias”, disse o porta voz da ONU, Farhan Haq, citado pela Xinhua.

De acordo com a mesma fonte, Haq apontou ainda que a única solução para se conseguir uma paz duradoura capaz de resolver o estado permanente de conflito e que tenha em conta as aspirações dos dois povos é através da negociação de uma solução que inclua a existência de dois estados.

“Apelamos mais uma vez a todas as partes para evitarem movimentos unilaterais que possam boicotar uma solução de paz”, cita a Xinhua.

A Turquia, que se opôs peremptoriamente à decisão, anunciada no ano passado, dos Estados Unidos em deslocar a embaixada daquele país para Jerusalém, também criticou a aprovação da nova lei. “Identificar o direito à autodeterminação como um direito dado apenas a judeus é o resultado e uma mentalidade ultrapassada e discriminatória”, disse o ministro dos negócios estrangeiros, de acordo com a Reuters.

O porta-voz do presidente Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin , apelou mesmo à comunidade internacional “para reagir a esta injustiça que está a acontecer à frente dos olhos do mundo inteiro”, lê-se.

O porta-voz presidencial criticou ainda aquilo a que chamou de “movimento racista que vai servir para acabar com o povo palestiniano e proibi-lo de viver na sua terra quer fisicamente, quer legalmente”, disse.

 

 

Análise | Pacheco Pereira realça a oficialização do apartheid

“Agora não foi sequer a gota de água, foi uma torrente que se abriu com a nova lei da nacionalidade que institui na prática uma situação de apartheid e de racismo”. As palavras são de José Pacheco Pereira num artigo de opinião publicado no jornal Público. O ex-deputado e historiador lamenta as transformações que estão a acontecer num país que um dia fez parte da sua admiração. “Sempre fui amigo de Israel e não só pelas razões que vêm do Holocausto (…) eram pró-israelitas contra ‘as monarquias feudais árabes’, até aos eventos mais recentes que colocavam uma pequena democracia armada no meio de inimigos governados por ditaduras, umas mais cruéis do que as outras, mas nenhuma recomendável”, começa por dizer. No entanto, “o ‘querido Bibi’ acossado pela Justiça empurrou a actual legislação racista que acaba com os últimos traços de um Estado de Israel que pertencia a judeus e árabes, assente na “completa igualdade de direitos políticos e sociais (…) para todos os seus habitantes, independentemente de religião, raça e sexo, como se lia na Declaração de Independência de 1948”, remata Pacheco Pereira.

 

Minorias | Comunidade LGBT israelita contra exclusão na lei

A comunidade LGBT israelita está contra a exclusão de homossexuais da lei da sub-rogação, aprovada na semana passada, juntamente com a nova lei de Nação-Estado que declara o país nação judaica e o hebraico língua oficial. Membros e apoiantes da comunidade LGBT de Israel estiveram no domingo em protesto contra a exclusão de homossexuais da lei.

Os protestantes marcharam em Telavive e em outras cidades israelitas, exibindo bandeiras com as sete cores do arco-íris — símbolo da comunidade LGBT (lésbicas, ‘gays’, bissexuais e transexuais) — e bloquearam, inclusive, uma autoestrada durante algum tempo. A comunidade contesta a legislação apoiada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que prevê a sub-rogação para pais homossexuais (a substituição numa relação jurídica duma pessoa por outra que toma o seu lugar). O chefe do Governo de Israel acabou por votar contra, alegadamente sob a pressão dos parceiros de coligação ultraortodoxos.

Os protestos evoluíram para um alerta sobre a igualdade, considerando que a legislação aprovada parece ter como alvo o liberalismo israelita.

As manifestações foram amplamente apoiadas por centenas de entidades patronais que permitiram funcionários observar e participar nos protestos sem penalizações. Ainda para este domingo está programado um comício, na Praça Rabin, em Telavive.

24 Jul 2018

Hamas anuncia que trégua foi para acabar com ataques israelitas sobre Gaza

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Hamas anunciou ter chegado a uma trégua para pôr fim aos ataques de Israel sobre a faixa de Gaza, parte de uma operação de grande escala que fez pelo menos dois mortos e 25 feridos palestinianos. O acordo terá sido conseguido com a mediação do Egipto, afirmou um porta-voz do movimento palestiniano que controla a Faixa de Gaza, Fawzi Barhum, em comunicado, embora Israel ainda não tenha feito nenhum comentário.

Israel admitiu que fez os maiores ataques aéreos em Gaza desde a campanha de 2014 contra o Hamas. O primeiro-ministro israelita ameaçou “aumentar, se necessário, a intensidade dos ataques”, que chamou “uma acção contundente contra o terrorismo do Hamas”.

Dois jovens de 15 e 16 anos atingidos por estilhaços dos bombardeamentos e 25 pessoas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde palestiniano.

Netanyahu garantiu que os ataques continuarão até que o movimento palestiniano “entenda a mensagem”, com bombardeamentos sobre dezenas de objetivos, incluindo dois túneis, armazéns e fábricas de armas, centros de treino e outros.

Segundo indicaram responsáveis militares israelitas, trata-se de uma “operação em massa que está a acontecer em Gaza” e é uma represália por ataques contra Israel, nomeadamente “a grande quantidade de explosivos e projécteis incendiários e os ‘rockets'” disparados para Israel. Três civis israelitas ficaram feridos quando um ‘rocket’ atingiu a sua casa, no sul. Segundo o exército israelita, cerca de uma centena daqueles projécteis e granadas de morteiro caíram no sábado sobre Israel vindas da Faixa de Gaza.

Entretanto, o exército israelita suspendeu as restrições que tinha imposto ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, num sinal de que aceitou o cessar-fogo mediado pelo Egipto, terminando com 24 horas de combates com militantes do Hamas. Os militares fecharam uma praia popular e impuseram limitações às aglomerações de grandes multidões, mas o exército informou ontem que os acampamentos de Verão vão funcionar normalmente e que a rotina diária pode ser retomada.

16 Jul 2018

Assembleia-Geral da ONU aprova resolução que condena ofensiva de Israel

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução que condena a resposta de Israel aos recentes protestos em Gaza e exige que seja equacionada proteção internacional à população palestiniana.

O texto, impulsionado pelos países árabes, recebeu o apoio de 120 estados-membros, os votos contra de oito e abstenções de 45.

Momentos antes, a Assembleia-Geral da ONU rejeitara, por uma escassa margem, uma emenda norte-americana que condenava o movimento islâmico palestiniano Hamas “por lançar constantemente mísseis contra Israel e incitar à violência” na Faixa de Gaza, “pondo civis em risco”.

Ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, as da Assembleia-Geral não são vinculativas.

Mais de uma centena de palestinianos morreram nos protestos da chamada “Grande Marcha de Regresso”, que começou em 30 de março e reclama o direito de regresso dos refugiados palestinianos.

14 Jun 2018

Donald Trump suspende transferência de embaixada para Jerusalém por questões legais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano assinou um documento que suspende, durante seis meses, a transferência da embaixada dos EUA em Israel, apesar de ter inaugurado em maio uma nova instalação diplomática em Jerusalém.

A Casa Branca confirmou que Donald Trump assinou o despacho na terça-feira, que mantém suspensa a aplicação de uma lei de 1995 que ordena ao executivo de Washington a transferência da embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém.

Esta aparente contradição de Trump com a sua própria política responde a uma exigência incluída naquela norma, que estabelece que se o Presidente não cumprir a transferência da embaixada para Jerusalém tem de dar uma explicação ao Congresso, de seis em seis meses, se não quiser perder fundos para a manutenção das embaixadas em todo o mundo.

Apesar de o Governo de Trump ter inaugurado formalmente a delegação diplomática em 14 de maio passado, teve de cumprir a determinação legal, uma vez que a residência do embaixador David Friedman continua em Telavive.

“A definição de ‘embaixada norte-americana’ inscrita na Lei da Embaixada, em Jerusalém inclui tanto as instalações da missão diplomática como a residência do embaixador”, explicou à agência Efe uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Na ordem que assinou, Trump usou a mesma justificação que tinham usado os seus três antecessores para não transferir a embaixada para Jerusalém, a saber, a necessidade de “proteger os interesses de segurança nacional dos EUA”.

No documento, “o Presidente reconhece que ainda tem de se manter suspensa a restrição dos fundos incluída na lei, até que se possa resolver o caso da residência do chefe da missão”, acrescentou aquela porta-voz.

Esta situação não implica que se esteja a recuar na transferência da embaixada e a Casa Branca tenciona “trabalhar com o Congresso para eliminar a necessidade” de o Presidente ter de assinar mais documentos destes, adiantou.

A Casa Branca admite que serão precisos anos – talvez uma década – para construir um edifício que permita transferir para Jerusalém o pessoal diplomático que está a trabalhar em Telavive.

Atualmente, são menos de 10 os funcionários que foram transferidos para Jerusalém.

6 Jun 2018

Israel não confirma cessar-fogo anunciado pelo Hamas

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] ministro dos Serviços Secretos de Israel escusou-se ontem a confirmar o cessar-fogo anunciado pelo movimento de resistência islâmica Hamas e prometeu cobrar os disparos contra o território israelita na terça-feira. “Israel não quer que a situação se deteriore, mas quem quer que tenha começado a violência deve pará-la”, assim, “Israel fará [o Hamas] pagar o preço por todos os disparos contra Israel”, disse Yisrael Katz, numa entrevista à rádio estatal, sem confirmar o acordo.

Em contrapartida, os militantes do Hamas garantiram esta manhã ter negociado um cessar-fogo com Israel. “Os mediadores egípcios intervieram assim que a resistência conseguiu pôr fim às agressões”, disse o vice-chefe do Hamas em Gaza, Khalil al-Haya, acrescentando que os “militantes em Gaza se comprometerão com o cessar-fogo enquanto Israel também o fizer”.

Em resposta a estas declarações, o ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, declarou à rádio do exército que “nenhum acordo foi alcançado ainda”.

Na terça-feira, também a Jihad islâmica deu conta da conclusão de um acordo de cessar-fogo entre os movimentos palestinianos e Israel, sob mediação do Egipto, após um dia de confrontos na fronteira da Faixa de Gaza, um mais graves entre Israel e os grupos armados palestinianos desde a guerra de 2014.

Os braços armados dos movimentos islamitas palestinianos Hamas e Jihad Islâmica reivindicaram, num raro comunicado em conjunto, a responsabilidade dos disparos de granadas de morteiro e de foguetes em direcção a Israel a partir da Faixa de Gaza.

Em resposta aos disparos, Israel já declarou ter atingido 60 objectivos militares ligados ao movimento de resistência islâmica Hamas, na Faixa de Gaza.

O Egipto, antiga potência dominante em Gaza e um dos dois únicos países árabes que mantêm relações oficiais com Israel, desempenha tradicionalmente a função de intermediário com os grupos palestinianos.

31 Mai 2018

Jerusalém | China apela à moderação em Gaza, “sobretudo a Israel”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pediu ontem moderação, “sobretudo a Israel”, na sequência da morte de pelo menos 59 palestinianos, por tropas israelitas, em confrontos e protestos contra a abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.

“Exortamos os palestinianos e israelitas, sobretudo Israel, a exercerem contenção, para evitar uma escalada de tensões”, afirmou Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa.

Lu expressou ainda a “profunda preocupação” da China com os acontecimentos dos últimos dias. O Conselho de Segurança da ONU, do qual a China é membro permanente, deverá reunir-se ontem para discutir os incidentes na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.

Segunda-feira foi o dia mais sangrento no conflito israelo-palestiniano desde 2014. A liderança palestiniana classificou o sucedido de “massacre”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, justificou o uso da força com o direito de Israel a defender as suas fronteiras contra as acções “terroristas” do movimento islâmico Hamas, que governa Gaza, e com o qual Israel travou três guerras desde 2008.

Os disparos do exército israelita mataram 109 palestinianos desde 30 de Março, quando milhares de moradores se começaram a reunir em Gaza ao longo da cerca de segurança entre Israel e o enclave palestiniano.

Este número pode aumentar ontem, à medida que uma nova mobilização ocorrer perto da fronteira, quando os palestinianos comemoram a “Nakba”, a “catástrofe” que foi para estes a criação de Israel, em 1948, e que tem sido sinónimo de êxodo para centenas de milhares deles.

16 Mai 2018