Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim defende plano de paz apresentado com Brasil A China afirmou na passada sexta-feira que o plano de paz que apresentou em conjunto com o Brasil para resolver a guerra na Ucrânia tem como objectivo “reduzir as tensões” e “evitar a expansão do conflito”. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse que o consenso de seis pontos alcançado com o Brasil “centra-se na urgência de arrefecer” o conflito. “O consenso enfatiza o cumprimento de três princípios-chave para o desanuviamento: evitar a expansão do conflito, prevenir a escalada da guerra e não atiçar as chamas do conflito”, disse Mao. A porta-voz referiu também a importância de manter o diálogo, aumentar a ajuda humanitária e rejeitar a utilização de armas nucleares e os ataques contra centrais nucleares. Mao sublinhou ainda que a proposta, apresentada a 24 de Maio pela China e pelo Brasil, foi bem recebida por mais de 110 países, o que, segundo Pequim, “está em linha com as expectativas gerais da comunidade internacional” e procura garantir a “estabilidade nas cadeias de abastecimento globais”. O Governo chinês negou a venda de armas à Rússia, alegando que a sua relação comercial com Moscovo é “normal”, enquanto os EUA acusam as empresas chinesas de apoiar a indústria de armamento russa através da venda de equipamento que pode ser utilizado na produção de mísseis balísticos. Grande parte da comunidade internacional tem apelado repetidamente à China para que utilize as suas boas relações e influência sobre a Rússia para pôr termo à guerra, uma exigência que Pequim argumenta dever ser dirigida às partes directamente envolvidas. China e Brasil foram duas das dezenas de nações em desenvolvimento que não assinaram o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada na Suíça, em Junho passado. A China faltou à reunião, insistindo na “participação igualitária” da Rússia e da Ucrânia. A Rússia não foi convidada para a cimeira. Sinais de diálogo Após a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de ajudar Moscovo a minar a reunião, que visou obter mais apoio internacional para uma solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kiev. O plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do leste da Ucrânia. No entanto, têm surgido alguns sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão dispostas a dialogar. No final de Julho passado, na sua primeira visita à China desde o início da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que Kiev está disposta a negociar se Moscovo agir de “boa-fé”. A Rússia afirmou que está aberta a conversações, mas que a Ucrânia deve primeiro abandonar a sua candidatura à NATO e retirar-se das suas quatro províncias mais a leste.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Li Hui aborda guerra com o Cardeal Matteo Zuppi O diplomata chinês conversou por telefone com o representante do Vaticano em busca de soluções de paz para o conflito na Ucrânia O representante especial do Governo chinês para os assuntos euro-asiáticos, Li Hui, agradeceu ontem o “empenho contínuo” do Vaticano em apaziguar o conflito na Ucrânia, durante uma conversa por telefone com o Cardeal Matteo Zuppi. Durante a chamada, Li expressou apreço pelo “empenho contínuo do Vaticano na mediação da crise e na prestação de assistência humanitária”, de acordo com um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Como enviado do Papa Francisco para a guerra na Ucrânia, Zuppi elogiou, em nome do pontífice, os “esforços incessantes” do Governo chinês na promoção da “paz e do diálogo” e de uma “solução política” para o conflito, segundo a mesma nota. As duas partes também trocaram “pontos de vista sobre a situação actual” da guerra e sobre o processo de negociações de paz, lê-se no comunicado. Li e Zuppi encontraram-se em Pequim em Setembro do ano passado, apesar de o Vaticano e a China não manterem relações diplomáticas desde 1951 e de o país asiático ter uma igreja “patriótica” oficial e uma igreja clandestina fiel a Roma. A visita do cardeal a Pequim marcou um avanço no processo de aproximação entre as duas partes. Por todo o mundo Li Hui visitou recentemente a Indonésia, África do Sul e Brasil para “trocar impressões com membros importantes do ‘sul global’ sobre a actual situação” na Ucrânia. O diplomata visitou também a Ucrânia, Polónia, França, Alemanha e Rússia em Maio passado para, segundo Pequim, “comunicar com todas as partes sobre uma solução política” para a guerra. Li encontrou-se entāo com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem avisou que “todas as partes têm de criar condições para acabar com a guerra” e “iniciar conversações de paz”. Desde o início do conflito, a China tem mantido uma posição ambígua, durante a qual tem apelado ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, referindo-se à Rússia, com a qual tem continuado a aprofundar as suas trocas comerciais.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim pede a Kiev e Moscovo para reduzirem tensões O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China apelou ontem a “todas as partes” envolvidas no conflito entre Rússia e Ucrânia para “reduzirem a tensão”, face à incursão de forças ucranianas em território russo. A diplomacia chinesa apelou, num comunicado publicado no seu portal, a três princípios: “evitar a expansão do conflito”, “evitar a escalada militar” e “abster-se de atiçar as chamas do confronto”. “A China continuará a trabalhar com a comunidade internacional para promover uma solução política para a crise”, lê-se na mesma nota. A Rússia está a lutar pelo sexto dia consecutivo contra as forças ucranianas que entraram na região de Kursk na terça-feira, provocando um êxodo em massa de russos das cidades fronteiriças. De acordo com os dados de domingo, pelo menos 84.000 pessoas deixaram as aldeias perto da fronteira ucraniana em Kursk nos últimos dias. Desde o início do conflito, a China tem adoptado uma posição ambígua sobre a guerra na Ucrânia, apelando ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia, e ao respeito pelas “preocupações legítimas de segurança” de todas as partes, numa referência à Rússia. Pequim também negou que tenha vendido armas à Rússia e garante que mantém uma relação comercial “normal” com Moscovo, com quem intensificou as suas trocas comerciais nos últimos dois anos.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Enviado Li Hui diz que proposta de Pequim tem apoio de 110 países Os esforços da China para encontrar uma solução de paz para a guerra na Ucrânia receberam, segundo Li Hui, o apoio de mais de 100 nações O enviado especial de Pequim para os assuntos euro-asiáticos, Li Hui, afirmou na segunda-feira que a proposta de Pequim para pôr fim à guerra na Ucrânia tem o apoio de 110 países. Li Hui esteve no Brasil e na África do Sul, na semana passada, no âmbito daquela que é a sua quarta missão de paz, desde Maio do ano passado. A China tem procurado posicionar-se como parte neutra no conflito na Ucrânia, que já entrou no terceiro ano, apesar da sua crescente aproximação a Moscovo. Pequim procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na Ucrânia e apresentou um documento composto por 12 pontos sobre o conflito, no ano passado, que foi recebido com cepticismo pelo Ocidente. Na África do Sul, a propósito do documento proposto por Pequim, Li disse que a China está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com o país africano e a promover a formação de uma “base comum mais alargada” que reúna o consenso internacional baseado “em seis entendimentos comuns”, segundo indicou na segunda-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, num comunicado. Segundo a mesma nota informativa, Li afirmou que a proposta de Pequim recebeu “respostas positivas” de mais de 110 países. Tal como a China, a África do Sul não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia e manteve um relacionamento activo com Moscovo durante a guerra. Joanesburgo também envidou esforços para pôr fim ao conflito, liderando uma delegação africana de paz a Kiev no ano passado. Foi uma das dezenas de nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil, que não assinaram o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada na Suíça, em Junho passado. A China faltou à reunião, insistindo na “participação igualitária” da Rússia e da Ucrânia. A Rússia não foi convidada para a cimeira. Após a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de ajudar Moscovo a minar a reunião, que visou obter mais apoio internacional para uma solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kiev. O plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do leste da Ucrânia. No entanto, têm surgido alguns sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão dispostas a dialogar. Limites traçados No final do mês passado, na sua primeira visita à China desde o início da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que Kiev estava disposta a negociar se Moscovo agisse de “boa-fé”. A Rússia afirmou que está aberta a conversações, mas que a Ucrânia deve primeiro abandonar a sua candidatura à NATO e retirar-se das suas quatro províncias mais a leste. Durante a sua visita ao Brasil, Li Hui afirmou que a integridade territorial de cada país deve ser respeitada, mas que as exigências para que a China pressione a Rússia a pôr fim à guerra são “irrealistas”. “A China não é participante no conflito. A Rússia é um país independente e soberano, um membro de pleno direito do Conselho de Segurança da ONU”, disse Li, citado pelo jornal brasileiro Folha de S. Paulo. “A China e a Rússia são parceiros estratégicos. Não podemos forçar a Rússia a fazer o que queremos”, vincou.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | NATO provoca “discórdia” A República Popular da China acusou a NATO de provocar a discórdia condenando directamente os comentários do secretário-Geral da organização, Jens Stoltenberg sobre o alegado apoio de Pequim à guerra da Rússia na Ucrânia. “Instamos (o Secretário-Geral da NATO) a deixar de culpar os outros e de semear a discórdia, e a não deitar ‘achas para a fogueira'”, disse Lin Jian, porta-voz da diplomacia chinesa. Lin Jian, numa conferência de imprensa de imprensa em Pequim, sugeriu que Stoltenberg deve “fazer algo de concreto para uma resolução política da crise”, referindo-se à guerra na Ucrânia. “A realidade é que a China está a alimentar o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, quer manter boas relações com o Ocidente”, disse o líder da NATO. “A menos que a China mude de rumo, os aliados vão ter de impor um preço. Deve haver consequências”, defendeu Stoltenberg. Relativamente à questão da Ucrânia, Pequim apela regularmente ao respeito pela integridade territorial de todos os países, o que inclui implicitamente a Ucrânia, mas também apela à consideração das preocupações de segurança da Rússia.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Tensões no país “podem amanhã estender-se à Ásia oriental”, diz PM japonês Fumio Kishida discursou na Cimeira da Paz, em Genebra, que reúne quase cem líderes de países e organizações para discutir soluções que possam pôr fim à guerra imposta pela Rússia à Ucrânia O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, alertou no sábado, na Cimeira de Paz organizada pela Suíça para procurar soluções para a guerra russa na Ucrânia, de que as tensões causadas na Europa pelo conflito “podem amanhã estender-se à Ásia Oriental”. Kishida sublinhou o apoio do Japão à Ucrânia desde o início da invasão, há mais de dois anos, com a imposição de severas sanções à Rússia, reforçadas na passada quinta-feira com um acordo de assistência assinado entre ele e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Apraz-me ver que tantos países se reuniram aqui hoje com o objectivo comum de alcançar a paz na Ucrânia, uma paz que deve ser duradoura e assente nos princípios da Carta das Nações Unidas, que não admite justificação alguma para alterar o ‘statu quo’ pela força ou a coerção”, declarou. O chefe do executivo nipónico indicou que o Japão está especialmente interessado em cooperar num dos três pilares de discussão da cimeira, o da segurança nuclear, e expressou também a intenção de colaborar com a Ucrânia na segurança do seu abastecimento de electricidade e na remoção de minas terrestres nas zonas de combates. O leste da Ásia é uma das regiões com mais tensões latentes do planeta, devido a conflitos por resolver como os que existem entre as duas Coreias ou entre Taiwan e a China. A busca pela paz A Suíça acolheu entre sábado e domingo a Cimeira para a Paz na Ucrânia, que junta representantes de quase uma centena de países e organizações, mas sem a participação da Rússia nem da China, entre outros ausentes de peso. Portugal foi representado pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e também pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. O objectivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do Presidente ucraniano, é “inspirar um futuro processo de paz”, tendo por base “os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz assentes na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional”. A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente. A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014. Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram, entretanto, a concretizar-se.
Hoje Macau China / ÁsiaGuerra | Kiev pede à China que adira a cimeira de paz O ‘número dois’ da diplomacia da Ucrânia, Andriy Sybiha, pediu ontem, em Pequim, ao Governo Central que participe na cimeira de paz marcada para 15 e 16 de Junho, na Suíça. O primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano falou com o homólogo chinês, Sun Weidong, sobre a situação na Ucrânia e os preparativos para a cimeira, de acordo com um comunicado da Embaixada da Ucrânia na China. No encontro, Sybiha disse que a participação da China na cimeira seria uma “excelente oportunidade para contribuir de forma prática para a conquista de uma paz justa e duradoura na Ucrânia”. O dirigente defendeu que a “única base para alcançar tal paz” é a fórmula defendida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Zelensky exige a retirada da Rússia de todo o território da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014, e as regiões de Donetsk, Lugansk (leste), Kherson e Zaporijia (sul), anexadas em Setembro de 2022. Sun e Sybiha sublinharam a importância de aderir aos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, incluindo o “respeito mútuo pela soberania e integridade territorial”, indicou a nota ucraniana. Num outro comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China referiu que Sun destacou a importância de “manter o respeito mútuo e a sinceridade nas relações bilaterais” e acrescentou que ambos os países devem “focar-se nos interesses fundamentais e de longo prazo dos respectivos povos”. Sybiha manteve também um encontro com o enviado especial chinês para a região da Eurásia, Li Hui, no qual foram novamente discutidas as relações entre a China e a Ucrânia, bem como a guerra no país europeu. A 31 de Maio, o país asiático tinha dito que seria difícil participar nesta cimeira se a Rússia não fosse convidada, declaração aprovada por Moscovo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina rejeita condicionar outros países para evitarem participar na cimeira de paz na Ucrânia A China negou ontem “ter pressionado” certos países para que não participassem na Cimeira de Paz na Ucrânia, contrariando comentários do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no fim de semana. “Utilizar a política da força não é o estilo da diplomacia chinesa (…). A posição da China é aberta e transparente e, em nenhum caso, exercemos pressão sobre outros países”, disse à imprensa Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Falando à margem de um fórum de segurança em Singapura no domingo, o Presidente Zelensky acusou a China de trabalhar para impedir países de participarem na Cimeira de Paz na Ucrânia, marcada para Junho na Suíça. Dois dias antes, Pequim tinha dito que seria difícil participar nesta cimeira se a Rússia não fosse convidada, declaração aprovada por Moscovo. “A China espera sinceramente que esta conferência de paz não se torne uma plataforma para criar confronto entre campos”, disse ontem Mao Ning. “Deixar de participar na conferência não significa que rejeitemos a paz (…). E mesmo que alguns países decidam participar na conferência, isso não significa necessariamente que estejam a esperar um cessar-fogo e o fim dos combates. O mais importante é uma acção concreta”, declarou o porta-voz chinês. Pé de igualdade A China afirma ser neutra nesse conflito, mas nunca condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022 e recebeu várias vezes o Presidente russo, Vladimir Putin, no seu território desde o início da guerra. Pequim apela regularmente ao respeito pela integridade territorial de todos os países, o que implicitamente diz respeito à Ucrânia, mas também apela à consideração das preocupações de segurança da Rússia. “A China sublinhou repetidamente que a conferência de paz deve ser reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, que todas as partes devem participar em pé de igualdade e que todos os planos de paz devem ser “objecto de uma discussão justa”, lembrou Mao Ning. “É difícil para a China participar nessa reunião precisamente porque acreditamos que estes três pontos podem não ser alcançados nesta reunião.” Mais de uma centena de países e organizações comprometeram-se a participar na cimeira, de acordo com Zelensky, que instou os países da região Ásia-Pacífico a aderirem.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Zelensky convida Xi e Biden para Cimeira de Paz de Genebra O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidou ontem os homólogos dos Estados Unidos, Joe Biden, e chinês, Xi Jinping, a participarem numa cimeira de paz a realizar em Lucerna em 15 e 16 de Junho. “Apelo aos líderes mundiais (…), ao Presidente Biden, líder dos Estados Unidos, e ao Presidente Xi, líder da China (…): por favor, apoiem a cimeira de paz com a vossa liderança e participação”, disse Zelensky numa mensagem de vídeo. A Suíça enviou convites a mais de 160 delegações, mas a Rússia não foi convidada “nesta fase”, de acordo com o portal do Governo helvético dedicado ao evento no início de Maio. Os convidados incluem membros do G7, do G20, dos BRICS, muitos outros países de todos os continentes, bem como a UE, três organizações internacionais e dois representantes do mundo religioso. A Rússia, que lançou a sua invasão da Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022, fez saber – com duras críticas – que não está interessada em participar nesta conferência. O Kremlin deixou claro em várias ocasiões que não participaria em quaisquer negociações se Kiev não aceitasse a anexação pela Rússia dos cerca de 20 por cento do território ucraniano que ocupa actualmente. O Presidente Zelensky afirmou ontem que “mais de 80 países confirmaram a sua participação”.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim diz ter “posição imparcial” e quer “pôr termo ao conflito” O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou ontem que a China sempre manteve uma posição “objectiva e imparcial” sobre a guerra na Ucrânia e o objectivo de Pequim é “parar” o conflito. “Promovemos conversações de paz. O nosso Presidente falou com todos os líderes mundiais, incluindo os da Rússia e da Ucrânia, e temos um representante especial que se deslocou à região para mediar. Todos os nossos esforços visam um objectivo: abrir caminho para acabar com o conflito e iniciar conversações de paz”, disse Wang Yi, numa conferência de imprensa, à margem da Assembleia Popular Nacional (APN), cuja sessão anual decorre esta semana, em Pequim. Wang acrescentou que a China “apoia a realização, em devido tempo, de uma conferência internacional de paz que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia e que garanta a participação igualitária de todas as partes”. De acordo com o diplomata chinês, começam a estar reunidas as condições para explorar uma “saída para a crise”, uma vez que “cada vez mais pessoas começam a ver um resultado vantajoso para todos”. “A experiência passada mostra que um conflito, quando prolongado, tende a deteriorar-se e a escalar até um ponto impensável para as partes envolvidas. Na ausência de conversações de paz, as percepções e os erros de cálculo acumulam-se e podem conduzir a uma crise ainda maior”, defendeu. O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês reiterou que “todos os conflitos têm de terminar na mesa das negociações” e que “quanto mais cedo as conversações começarem, mais cedo a paz chegará”. Wang afirmou que Pequim e Moscovo gozam de “confiança política mútua” e os dois países “vão aprofundar” a cooperação, o que “mostra um novo paradigma de cooperação entre grandes potências que é completamente diferente da era da Guerra Fria”.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia: Putin assegurou à China que guerra duraria 5 anos, escreve jornal japonês O Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou ao homólogo chinês, durante a visita de Xi Jinping a Moscovo em março, que a invasão da Ucrânia duraria pelo menos cinco anos, noticiou hoje o jornal japonês Nikkei. De acordo com o Nikkei, esta foi a forma de Putin explicar a Xi que, no início deste ano, a situação não era particularmente favorável para a Rússia, nas frentes de batalha na Ucrânia, mas que continuava a acreditar na vitória das forças comandadas por Moscovo. A versão de Putin junto do líder chinês também sublinhava as vantagens para Pequim de uma guerra prolongada na Europa, perante a possibilidade de a China vir a ser um parceiro comercial no campo do armamento. O jornal japonês interpreta também esta mensagem do líder russo como “um aviso para Xi para que não mudasse a sua posição pró-Rússia”. Ao longo do conflito na Ucrânia, Pequim nunca condenou a invasão russa, e tem-se oposto às sanções ocidentais a Moscovo, embora tenha dado sinais de que não estava confortável com a situação de um país ver a sua soberania territorial violada. Xi foi recebido no Kremlin em 21 de março e terá sido nessa altura que o líder chinês ouviu de Putin a garantia de que a guerra na Ucrânia nunca duraria menos de cinco anos. A viagem de Xi a Moscovo foi a primeira do Presidente chinês depois de a Rússia ter iniciado a sua invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, tendo os dois líderes realçado o fortalecimento dos laços políticos e comerciais entre os seus países, com palavras que realçavam o apoio tácito da China à “operação militar especial” russa. Contudo, após a visita de Xi a Moscovo, a China enviou uma “missão de paz” à Europa, num gesto que foi entendido como uma tentativa de mostrar à comunidade internacional, e a Moscovo, que procuraria não romper os laços diplomáticos com os países ocidentais. Até agora, nem o Kremlin, nem Pequim comentaram a notícia do jornal Nikkei. Recentemente, o jornal norte-americano The New York Times noticiou que Putin tem usado intermediários para fazer chegar à Casa Branca a mensagem de que estará aberto a discutir a possibilidade de um cessar-fogo, colocando como condição a manutenção dos territórios ucranianos agora ocupados por Moscovo. Vários analistas internacionais têm dito que, se a invasão da Ucrânia se prolongar durante muito mais tempo, isso terá um impacto efetivo nas ambições de Xi Jinping para o seu terceiro mandato como Presidente da China e como secretário-geral do Partido Comunista Chinês, sobretudo tendo em conta o seu plano de unificar Taiwan com a China continental. A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Roderick Ptak Grande PlanoA Polónia e a zona de conflito intra-eslavo: Manipulação Perigosa I Os leitores de Macau podem interrogar-se sobre a razão deste artigo. A Polónia situa-se no extremo oriental da UE e da NATO / OTAN, O papel de Varsóvia na política mundial parece ser marginal e a Polónia não é um dos principais parceiros comerciais da China. No entanto, a História demonstra-nos que este país foi um dos principais protagonistas em eras passadas. Já no séc. X, possuía um vasto território. Bastante mais tarde, a união polaco-lituana, governada pela dinastia Jagiellonian, controlava grande parte das zonas que pertencem actualmente à Ucrânia e à Bielorrússia. Durante algum tempo, a Polónia foi uma importante potência continental. Esta situação mudou no séc. XVIII, quando a Rússia, a Prússia e o Império dos Habsburgos tomaram partes do território polaco. Depois da Primeira Guerra Mundial e da guerra que se seguiu entre a Polónia e a União Soviética, o território controlado por Varsóvia voltou a incluir partes da moderna Bielorrússia e algumas zonas da Ucrânia. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a fronteira ocidental da Polónia foi empurrada para o rio Oder, enquanto os territórios orientais caíram sob o domínio soviético. A História da Polónia e dos seus vizinhos diz-nos que os territórios fronteiriços das planícies a leste do rio Oder sofreram rápidas mudanças. O que essencialmente verificamos é a luta permanente entre os diferentes governantes eslavos e as regiões adjacentes. As repetidas guerras nessa zona provocaram migrações, alterações culturais e muita dissidência. É verdade que houve alguns períodos de paz entre diferentes grupos étnicos e religiosos, mas noutras alturas, estes grupos entraram em confronto. Com a ascensão da Prússia e dos Habsburgos a situação complicou-se e ainda se agravou com a ascensão da Grã-Bretanha como potência marítima e colonial. Migrantes polacos chegaram à Grã-Bretanha e os soldados polacos ajudaram os britânicos a combater os russos na Guerra da Crimeia. As negociações que se seguiram à Primeira Guerra Mundial mostram que a Grã-Bretanha tentou alargar a sua influência a certas regiões costeiras do universo eslavo, em parte, porque se opunha à expansão da Rússia. Isto conduziu a uma espécie de política de divide et impera. Os impérios dos Habsburgos e o Otomano tinham sido divididos, a Grã-Bretanha engoliu muitos territórios anteriormente governados pelos otomanos e, claro, apoiou a Polónia. Após a Segunda Guerra Mundial, assistimos à rápida ascensão dos Estados Unidos. A influência britânica entrou em declínio, mas a Grã-Bretanha passou a ser o mais importante assessor dos americanos, enquanto estes se tornavam os maiores causadores de problemas a nível mundial aos olhos da Rússia e de muitos outros estados. O que se pode dizer sobre o papel da Polónia nesta situação alterada? Os meios de comunicação internacionais dizem-nos que Varsóvia, com medo de Moscovo, reforça as suas forças armadas. Vai recrutar mais homens e já pediu material bélico a vários países, nos quais se inclui a Coreia do Sul. Este pedido irá ajudar a indústria de armamento coreana, o que agrada a Washington. Sem qualquer dúvida, a NATO / OTAN também se regozija. A Polónia revela-se um parceiro leal desta organização, essencialmente comandada pelo Pentágono. Contudo, a história não fica por aqui. A UE tenta promover a integração europeia e deseja pôr fim aos egoísmos nacionalistas. Além disso, os seus estados-membros devem respeitar os princípios democráticos. No entanto, o Governo ultra-conservador da Polónia acentua as preocupações nacionais. A UE pediu várias vezes a Varsóvia que melhorasse a sua estrutura política, e teve boas razões para o fazer. Estranhamente também, embora a UE apoie financeiramente a Polónia, o partido no poder em Varsóvia fez comentários polémicos sobre outros europeus, especialmente sobre os alemães. Por fim, houve queixas de que a Polónia não respeita os grupos étnicos minoritários. Espera-se que esta situação venha a mudar no futuro. Os resultados da recente eleição podem conduzir a essa mudança. Até agora, outros países europeus desvalorizaram os problemas da Polónia. Evidentemente, ninguém desejava provocar o Governo de Varsóvia. No entanto, de vez em quando havia relatos que causavam preocupação. Por exemplo, a Polónia recusava-se obstinadamente a aceitar refugiados. Apesar disso, quando começou a guerra na Ucrânia, prestou ajuda a muitos ucranianos. Estes refugiados são brancos e têm antecedentes culturais e linguísticos semelhantes, ao contrário dos migrantes de África e da Ásia que vêm para a Europa. Entretanto, as relações entre Kiev e Varsóvia arrefeceram de certo modo. Desconfiança, questões económicas e pontos de vista divergentes sobre o passado são algumas das razões que motivaram este processo. As tradições fascistas ucranianas desempenharam um papel chave na visão polaca sobre o passado. Outra questão é a guerra na Ucrânia em si mesma. Existem receios que a Polónia possa intervir militarmente se Kiev for incapaz de resistir à pressão de Moscovo. Por outras palavras, aparentemente, os políticos conservadores da Polónia aspiram secretamente a reconquistar alguns dos territórios administrados por Varsóvia num passado distante. Todos sabemos: a História avança em ciclos; por vezes, problemas antigos assumem um novo formato. Os conflitos intra-eslavos não foram esquecidos e os desenvolvimentos podem ser inesperados. II A UE e a NATO / OTAN não dão resposta a estas preocupações, nem dão resposta à questão da Bielorrússia. A Bielorrússia surge de forma invulgar. Os leitores podem lembrar-se que durante a maior parte do tempo, muito do território bielorrusso pertencia à Polónia ou à Rússia. Portanto, podemos perguntar: Qual vai ser o futuro deste estado? Irá a Rússia intervir depois da morte de Lukashenko? Tentará a Polónia a sua sorte? Irão as duas aliar-se para dividir a Bielorrússia entre si, mesmo sendo inimigos? Haverá uma espécie de revolução interna em Minsk, com o objectivo de se juntar ao “Ocidente”? Nada disto parece ser claro. Só podemos afirmar o seguinte: Os problemas intra-eslavos continuam desde há muito. Na verdade, é muito provável que as actuais fronteiras da Europa de Leste continuem a mudar. Nem a UE nem a NATO / OTAN podem controlar as ambições nacionalistas dos líderes eslavos e o seu desejo de reconquista dos antigos territórios. Infelizmente, a maior parte dos órgãos de comunicação europeus pura e simplesmente ignora estas questões. Outro problema, também ele ignorado, é o enclave de Kaliningrado. Antigamente, este pequeno território pertencia à Alemanha, agora é uma parte isolada da Rússia, com valor estratégico, porque a Rússia tem grandes instalações portuárias e militares neste local. Assim sendo, será que a Polónia vai tentar anexar este enclave, quando a oportunidade certa surgir? Claro que só poderá fazer isso quando a Rússia enfraquecer. Se o Kremlin perder a guerra contra a Ucrânia, ou se se vir forçado a aceitar um tratado de paz desfavorável, Varsóvia pode pensar nessa opção. Como podemos ver, os problemas na Europa de Leste mantêm-nos ocupados. Os distúrbios não decorrem apenas do desejo da Rússia de impedir a adesão de Kiev à NATO / OTAN e à UE; decorrem também da questão da Bielorrússia e da situação interna da Polónia. Por conseguinte, podemos perguntar: Qual é o papel dos Estados Unidos neste cenário? Inicialmente, Washington apoiava totalmente Kiev. Agora começam a surgir sinais de que a Casa Branca deseja reduzir a ajuda militar. Claro que diversos factores justificam esta alteração política. Apenas alguns deles são aqui mencionados: as hostilidades recentemente desencadeadas entre Israel e o Hamas, especialmente se estas hostilidades vierem a envolver outros países; a tensão entre a Sérvia e o Kosovo e a tensão em várias partes da Ásia. Outro problema tem sido os relatos de corrupção dentro do estado ucraniano. Além disso, milhares de ucranianos deixaram o país porque não querem entrar no exército. Kiev admite abertamente que quer que eles regressem. Há falta de soldados. Também, antes da guerra, Washington avisou várias vezes Zelensky que a Rússia ia atacar, mas Zelensky não foi rápido a preparar o país para essa eventualidade. Agora continua a pedir mais armas. No entanto, existem dúvidas sobre a eficiência das operações militares ucranianas. Em suma, muitos políticos americanos não desejam continuar a apoiar a Ucrânia. Com efeito, as relações entre Kiev e Washington mudaram. A História diz-nos que Washington recorre frequentemente à chamada “retirada estratégica”, especialmente quando sente que a continuação da campanha militar tem custos que se tornam demasiado elevados. Em muitos casos, estas retiradas estratégicas acabam em desastre. A “vietnamização” da guerra no Sudeste Asiático é disso um exemplo. A “afeganistãoização” é outro caso. Washington invadiu o Iraque, mas mais tarde retirou a maioria de suas forças da região. A “iraquianização” do conflito na terra da Mesopotâmia terminou em dissidências locais, guerras internas e muita destruição. Agora estamos a assistir a uma gradual “europeização” da guerra da Ucrânia. Como foi mencionado, é provável que Washington venha a reduzir o apoio militar à Ucrânia, mas vai apoiar a Polónia de muitas formas. Além disso, levará outros europeus a assumir os custos da guerra e a fornecer mais armas a Kiev. Os preços dos produtos americanos exportados para a Europa também vão subir, as empresas americanas vão ganhar mais dinheiro e as economias europeias vão ser prejudicadas. Tudo isto, somado à política europeia irrealista face a Pequim, pode conduzir a tensões dentro da UE, dando origem a um aumento do desemprego, a problemas sociais e a turbulências locais. Os partidos radicais vão aproveitar essa situação. Claro que ninguém deseja que isso venha a acontecer. Mas as coisas poderão ir de mal a pior. Uma UE enfraquecida pode mesmo vir a perder alguns dos seus estados-membros. Não há dúvida que Washington ficará muito satisfeito com esse cenário. Também sabemos que no passado Washington apoiou muitas vezes ditadores e Governos nacionalistas. A Polónia é uma democracia, mas tem muito nacionalismo. Isto é exactamente o que Washington precisa. Os americanos querem minimizar a França, a Itália e a Alemanha. Amplificar o papel da Polónia contra a Rússia, é uma cartada de um “jogo” traiçoeiro. A Grã-Bretanha, escusado será dizer, fica do lado dos Estados Unidos. Este cenário lembra um pouco a política de divide et impera aplicada pelos anglófonos em épocas passadas. Uma divisão da Bielorrússia e da Ucrânia poderia ser do interesse de Washington e de Londres. Em Bruxelas, Berlim e não só, encontram-se vários políticos que também são peões do jogo de xadrez de Washington. Passaram algum tempo nos países de língua inglesa e admiram os anglófonos. Pensam que Washington faz o melhor pela Europa e pelo mundo. No entanto, estão cegos e não sabem nada de História, não compreendem a realidade. Parece que nunca ouviram palavras de ordem como “A América vem primeiro” e o “Excepcionalismo americano”. Ignoram simplesmente o facto de Washington ter cometido toda a espécie de crimes. E não querem admitir que os Estados Unidos possam usar a Polónia como um instrumento para enfraquecer a UE. III Certamente, vista de Macau, a Europa fica muito longe. Contudo, o acima exposto afecta a China no seu todo. A nível diplomático, Pequim apelou a Moscovo e a Kiev para acabarem com a guerra. A Bielorrússia juntou-se ao apelo de Pequim para pôr fim às hostilidades. Infelizmente, a guerra continua. Podemos acrescentar que, alguns anos antes da guerra, Pequim e a Bielorrússia tornaram-se parceiros no âmbito da iniciativa da “Nova Rota da Seda”. Até agora, Minsk está regularmente em contacto com a China, através de canais bilaterais e noutros contextos. A China também tentou uma parceria com a Polónia. Ambos os países têm uma longa história de contactos bilaterais, numa altura em que as autoridades polacas apreciavam as propostas e iniciativas chinesas, mas agora Varsóvia está menos interessada na cooperação com Pequim, devido à propaganda anti-chinesa. Como bem sabemos, a iniciativa da “Nova Rota da Seda” não é apenas um programa infra-estrutural; é uma agenda complexa com muitos objectivos. Um desses objectivos é a estabilização da Ásia Central e da Ásia do Norte, em termos financeiros, políticos e noutras áreas. Este programa serve a paz e o desenvolvimento global. No entanto, actualmente as relações entre muitos países do leste europeu e Pequim não estão tão intensas como já estiveram. Há muita oposição à ideia da “Nova Rota da Seda”. Esta oposição serve Washington; também é do interesse dos líderes oportunistas da UE que seguem a Casa Branca. Em contrapartida, os europeus de espírito aberto, empreendedores e empresas, apoiam a ideia da “Nova Rota da Seda”. É evidente que Pequim está consciente destes problemas, e também sabe que é provável que os conflitos intra-eslavos continuem por algum tempo, mesmo depois do fim da guerra na Ucrânia. Mas é muito difícil lidar com a questão e não podemos convencer facilmente os líderes nacionalistas a abandonarem os seus sonhos territoriais e as suas atitudes obstinadas. É certo que, a minha visão pode estar completamente errada. Na verdade, esperamos sempre que uma repentina mudança de tempo possa afastar as nuvens, mas o acima mencionado sugere que é improvável que isso venha a acontecer. O cenário eslavo está emocionalmente carregado. Pode conduzir a um longo período de guerra fria, independentemente de quem ganhar a escaldante guerra na Ucrânia. Além disso, Washington pensa nos seus próprios benefícios. A ideia de a “América vem primeiro” é como uma lei inexorável. Assim, é muito provável que Washington deite achas para a fogueira. Simplificando, A Polónia é como uma alavanca. Com esta alavanca pode obter-se várias coisas diferentes. Contudo, é igualmente verdade que esta alavanca é perra e difícil de manejar. Possivelmente, uma forma de sair do actual dilema é aumentar imediatamente a pressão sobre o Governo de Zelensky, antes que coisas piores possam vir a acontecer. É definitivamente melhor acabar com uma guerra problemática e salvar vidas, do que aceitar a continuação da tragédia humana e arriscar um conflito nuclear. É certo que um rápido fim da guerra pode conduzir a mudanças territoriais. Provavelmente as negociações de paz serão seguidas de um longo período de tensões na Europa de leste, mas um armistício proporcionará tempo para as diligências diplomáticas. Um armistício pode também fazer regressar a casa milhares de refugiados ucranianos. Outros europeus deixarão de ter necessidade de olhar por eles. O que é que tudo isto significa para Pequim? Pequim conduziu a Arábia Saudita e o Irão à mesa de negociações. O que quer que aconteça no Próximo Oriente, esperemos que os diplomatas chineses consigam levar Varsóvia, Minsk, Kiev e Moscovo a dialogar, num novo formato. A zona de conflito intra-eslava, manipulada por Washington, pode tornar-se um fardo incómodo para o resto da Europa. Isso não é do interesse da China, e não é favorável ao programa da “Nova Rota da Seda” – um programa que é muito necessário para manter este mundo à tona de água.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | China e África do Sul defendem solução política para a crise Os governos da África do Sul e da China emitiram ontem um comunicado conjunto no qual voltam a defender a implementação de um diálogo construtivo como a “única saída viável” para resolver a crise na Ucrânia. “Ambas as partes (…) procurarão a reconciliação e promoverão o processo de negociação” e estão prontas a “desempenhar um papel construtivo numa solução política”, refere-se no comunicado emitido por Pequim, no âmbito da décima quinta cimeira dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que decorre em Joanesburgo. Na declaração, China e África do Sul sublinham que trabalharão para “salvaguardar conjuntamente o sistema internacional com as Nações Unidas no seu centro” e defenderão “uma ordem internacional justa baseada no direito internacional”, bem como “os direitos e interesses dos países em desenvolvimento”, o respeito pela soberania nacional e a integridade territorial. A África do Sul – que lidera uma coligação de países africanos -, a China e também o Brasil, estão entre os Estados que apresentaram as suas próprias propostas de paz para tentar iniciar um processo de diálogo entre a Rússia e a Ucrânia. A Ucrânia, embora acolhendo todas elas, argumentou que qualquer iniciativa de paz deve incluir as condições estabelecidas no plano do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, incluindo a saída da Rússia do território, a entrega dos territórios ocupados e a abertura de julgamentos por crimes de guerra contra os responsáveis pela invasão.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Ministro da Defesa vai à Rússia e Bielorrússia esta semana O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, vai visitar esta semana a Rússia e a Bielorrússia, informou ontem o ministério, num período de crescente intercâmbio entre Pequim e Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia. “Entre os dias 14 e 19 de Agosto, Li Shangfu vai visitar a Rússia, onde participará na 11.ª Conferência de Moscovo sobre Segurança Internacional, e a Bielorrússia”, disse um porta-voz do ministério da Defesa chinês, Wu Qian, em comunicado. Para além de proferir um discurso na referida conferência, Li vai encontrar-se com autoridades de Defesa da Rússia. “Durante a sua visita à Bielorrússia, vai reunir-se com líderes nacionais e militares bielorrussos e visitar unidades militares bielorrussas”, acrescentou a mesma nota. No mês passado, um assessor diplomático de Vladimir Putin disse que o líder russo pretende visitar a China em Outubro, respondendo ao convite feito pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante uma visita a Moscovo, em Março. Trata-se da primeira viagem de Putin à China desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia. Algumas semanas antes do início da invasão, o Presidente russo visitou Pequim, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno. Os dois países reiteraram o seu desejo comum de combater a “hegemonia” dos Estados Unidos. Os intercâmbios militares, através da realização de exercícios conjuntos, foram desde então reforçados, assim como as trocas comerciais, permitindo a Moscovo atenuar o impacto das sanções impostas pelo Ocidente.
Hoje Macau China / ÁsiaChinês fingiu estar a lutar na Ucrânia para acumular seguidores nas redes sociais Um chinês que divulgava vídeos nas redes sociais acumulou centenas de milhares de seguidores e vendeu bens russos ao simular que estava a combater na Ucrânia, através da criação de vídeos com recurso à inteligência artificial (IA). Careca e com barba espessa, o homem identificado pelo pseudónimo Baoer Kechatie, apresentava-se como um soldado das forças especiais da Chechénia, estacionado nas linhas da frente. Num dos vídeos, onde surge à frente do que diz ser uma “central nuclear”, proclama que o exército russo acabou de dominar a área. Noutro, afirma que acabou de lutar contra fuzileiros navais norte-americanos e exibe uma arma. No entanto, o sotaque cerrado da província de Henan, no centro da China, acabou por suscitar dúvidas sobre a veracidade do conteúdo. Utilizadores do Douyin, a versão chinesa da aplicação de partilha de vídeos curtos TikTok, apuraram que o IP (Protocolo de Internet) de Baoer Kechatie estava localizado precisamente em Henan. A conta chegou a somar 400.000 seguidores e vendeu pelo menos 210 produtos, incluindo vodca e mel russos, através de uma loja de comércio electrónico associada. Num comunicado difundido este fim de semana, o Douyin disse que suspendeu indefinidamente a conta, por “espalhar desinformação”. Antes de ser banido, o proprietário da conta retirou todos os vídeos e mudou o pseudónimo de “Baoer Kechatie” para Wang Kangmei, que se traduz como “Resistência aos Estados Unidos”. Sei quem ele é Na China, a utilização de identidades falsas entre criadores de conteúdo é cada vez mais frequente, à medida que as ferramentas de IA para manipulação de vídeo e áudio são aprimoradas. No ano passado, uma mulher que se identificava como Nana e de origem russa tornou-se viral por partilhar momentos da sua vida na China, mas acabou por ser desmascarada como uma impostora que transformou a sua aparência com recurso a filtros alimentados por IA. A conta chegou a ter quase dois milhões de seguidores. Em Janeiro passado, a China passou a criminalizar a publicação e veiculação de vídeos e áudio editados via inteligência artificial e realidade virtual (‘deepfakes’) que não estejam identificados como tal. “Com a adopção de novas tecnologias como ‘deepfakes’ na indústria dos vídeos e áudios, o uso de conteúdo susceptível de perturbar a ordem pública e violar os interesses da população é um risco, criando problemas políticos e impacto negativo para a segurança nacional e a estabilidade social”, apontou então a Administração do Ciberespaço da China. As medidas incluem a obrigatoriedade de configurar um sistema de verificação de nome real aquando da criação de uma conta. Desde Maio, o Douyin exige que todos os usuários rotulem claramente o conteúdo gerado por inteligência artificial.
Hoje Macau InternacionalBakhmut | Zelensky nega conquista e compara destruição à de Hiroxima O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reafirmou ontem que Bakhmut não está ocupada pela Rússia e comparou o nível de destruição da cidade do leste da Ucrânia ao provocado pelo bombardeamento atómico de Hiroxima, em 1945. Bakhmut “não está ocupada pela Rússia a partir de hoje (ontem)”, disse Zelensky durante uma conferência de imprensa no Parque da Paz em Hiroxima, no final da cimeira do G7. Zelensky disse que não podia partilhar informações exactas devido a tácticas militares e que o mais grave seria as tropas ucranianas serem cercadas “se houvesse um erro táctico em Bakhmut”. Reafirmou que a Ucrânia tem tropas de apoio em Bakhmut e que testemunhas asseguram que a cidade “não está ocupada pela Federação Russa”. “Não há várias formas de interpretar isto”, respondeu, citado pela agência espanhola EFE, quando questionado sobre a confusão causada por comentários que tinha feito anteriormente em Hiroxima. No final de um encontro com o homólogo norte-americano, Joe Biden, Zelensky respondeu de uma forma ambígua à pergunta sobre se as tropas de Kiev ainda estavam a lutar em Bakhmut ou se a cidade tinha sido conquistada pela Rússia. “Para já, Bakhmut existe apenas nos nossos corações”, disse também, na altura. A conquista total de Bakhmut foi anunciada, no sábado, pelo chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigojin. A informação foi confirmada posteriormente pelo Ministério da Defesa da Rússia e saudada pelo Presidente Vladimir Putin. Zelensky insistiu, na conferência de imprensa, que Bakhmut está totalmente destruída após oito meses de combates, naquela que é considerada a batalha mais longa e sangrenta da guerra russa contra a Ucrânia. “Posso dizer honestamente que as imagens de Hiroxima destruída me fazem lembrar Bakhmut. Não resta absolutamente nada vivo, todos os edifícios estão destruídos (…), destruição absoluta e total”, disse Zelensky, citado pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaONU |”Posição da China sobre Ucrânia não mudou”, diz diplomata chinês A posição de Pequim sobre a Ucrânia “não mudou”, garantiu ontem à Lusa um diplomata chinês após um voto favorável da China numa resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) que mencionava a agressão russa em termos condenatórios. “O nosso voto a favor é para a resolução inteira e não deve ser considerado um apoio daquele parágrafo. (…) A posição da China sobre a Ucrânia não mudou”, disse à Lusa uma fonte oficial da missão da China junto da ONU, que preferiu não se identificar. Em causa, está a votação de uma resolução na Assembleia Geral da ONU na segunda-feira, que foi promovida por países democráticos europeus e dedicada à cooperação entre as Nações Unidas e o Conselho da Europa. Contudo, apesar de o foco não ser o conflito da Rússia na Ucrânia, a resolução continha um parágrafo que referia os “desafios sem precedentes que a Europa enfrenta actualmente após a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia, e anteriormente contra a Geórgia, e o fim da participação da Federação Russa no Conselho da Europa”. No parágrafo também se apelava “ao reforço da cooperação entre a ONU e o Conselho da Europa, nomeadamente para restabelecer e manter prontamente a paz e a segurança com base no respeito pela soberania, integridade territorial e independência política de qualquer Estado, garantir a observância dos direitos humanos e do direito internacional humanitário durante as hostilidades, fornecer reparação às vítimas e levar à justiça todos os responsáveis pelas violações do direito internacional”. De acordo com o diplomata chinês, trata-se de “uma longa resolução que se concentra na cooperação entre as Nações Unidas e o Conselho da Europa”, em que Pequim “se absteve de votar neste parágrafo específico”. “Para referência, em Novembro passado, a China adoptou a mesma posição de voto sobre a Resolução da Assembleia Geral da ONU sobre ‘Cooperação entre as Nações Unidas e a Iniciativa da Europa Central'”, referiu ainda o representante de Pequim. Saudações ucranianas Apesar do aparente distanciamento da China em relação aos termos condenatórios da agressão russa, autoridades ucranianas saudaram o voto chinês, que ocorreu menos de uma semana após o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter falado pela primeira vez, por telefone, com seu homólogo chinês, Xi Jinping, desde o início da invasão russa. “A China votou a favor de uma resolução da ONU que se refere à Rússia como um (Estado) agressor”, saudou Iryna Konstankevych, vice-presidente do comité de informação do Parlamento ucraniano, segundo o ‘site’ da instituição. Konstankevych lembrou que, além da China, países “considerados amigos da Rússia”, como Cazaquistão, Arménia, Índia e Brasil, também votaram a favor da Resolução. Na visão do embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, a Rússia fracassou na sua “tentativa de remover desta resolução a menção de agressão contra a Ucrânia”. Contudo, apesar do optimismo das autoridades ucranianas, vários analistas desvalorizaram o voto de Pequim, sublinhando o carácter não vinculativo da resolução. “Acho que a importância do voto da China está a ser exagerada. A minha intuição é que a China decidiu apoiar a resolução, pois viu que a maioria dos membros da ONU era a favor de adoptá-la. A China não gosta de parecer isolada na ONU”, disse à Lusa o analista Richard Gowan, do International Crisis Group. “Não estou convencido de que a votação pretendia enviar um sinal político significativo à Rússia. No final de contas, trata-se de um parágrafo de uma resolução não vinculativo da ONU. Isso não vai manter o Presidente russo acordado à noite de preocupação”, avaliou Gowan. A diplomacia ucraniana trabalha activamente há meses para que a China não apoie a Rússia com armas e defenda o princípio da integridade territorial na Ucrânia e a conversa de Zelensky com Xi Jinping foi interpretada por Kiev como um sinal positivo nas relações com Pequim. Números trágicos A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento. A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas. A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Hoje Macau Grande Plano MancheteUcrânia | Apesar do plano de paz chinês, o Kremlin não vê fim da guerra por agora Moscovo diz que não é momento para parar com o conflito e o Ocidente insiste na sua posição belicista, rumo a uma “vitória final” pela força das armas. Na qual poucos acreditam. A mortandade e a destruição são para continuar. O enriquecimento de alguns também O Kremlin afirmou ontem que ainda não existem as condições necessárias para uma solução pacífica, referindo-se ao plano proposto na semana passada pela China para resolver o conflito na Ucrânia. “Qualquer esforço que ajude a trazer este conflito para um caminho pacífico merece atenção. Nós consideramos o plano dos nossos amigos chineses com muita atenção (…). É um longo processo. No momento, não vemos as premissas para que esta questão possa tomar um caminho pacífico”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações à imprensa. “A operação militar especial (na Ucrânia) vai continuar”, acrescentou Peskov. Moscovo e Kiev não demonstraram ainda uma vontade forte de iniciar negociações de paz nesta fase, reagindo com cautela à proposta da China. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou necessário trabalhar com Pequim para alcançar a resolução do conflito. Zelensky também disse que planeia se encontrar em breve com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. A diplomacia russa declarou também que apreciava os esforços chineses, ao mesmo tempo que insistiu na necessidade do reconhecimento da anexação de quatro regiões ucranianas pela Rússia. Irão apoia pax sínica Entretanto, o Irão declarou no domingo à noite que apoia a proposta de paz da China para a Ucrânia, que aponta como prioridades o “diálogo e as negociações” e que foi recebida com cepticismo pelo Ocidente. “O Irão considera que os elementos reflectidos neste documento são suficientes para iniciar negociações com vista a encontrar um quadro operacional para o fim das actividades militares na Ucrânia”, indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano. O departamento da diplomacia de Teerão destacou a necessidade de pôr fim às “medidas unilaterais”, em referência às sanções aplicadas pela comunidade internacional a Moscovo, na sequência da invasão na Ucrânia, e a Teerão, pela entrega de drones à Rússia para uso no conflito. O Irão também mostrou vontade de “contribuir para uma resolução pacífica da crise”, lê-se na nota que faz referência à Rússia apenas uma vez. Visitas de líderes Mais líderes europeus estão a planear visitar a China na próxima semana ou meses, concentrando-se em retomar as conversações e procurando cooperação prática no meio da recuperação pós-pandémica do país, e mais importante ainda, na crise da Ucrânia. Embora a China e os países europeus não partilhem a mesma posição sobre a questão, funcionários e peritos chineses acreditam que as duas partes podem encontrar um terreno comum para melhorar a comunicação e a coordenação com o objectivo de fazer avançar as conversações de paz. A convite do presidente chinês Xi Jinping, o presidente da Bielorrússia Alexander Lukashenko fará uma visita de Estado à China de 28 de Fevereiro a 2 de Março. Entretanto, o Presidente francês Emmanuel Macron disse que visitaria a China no início de Abril e apelou a Pequim para “nos ajudar a pressionar a Rússia” a acabar com a guerra na Ucrânia, disse a AFP. Embora a natureza das duas visitas não seja a mesma, o conflito Rússia-Ucrânia será um dos principais focos. “A Bielorrússia é um aliado da Rússia e poderá aumentar o seu envolvimento no conflito. Dado o seu estatuto geopolítico e localização, a China pode apreender o papel que a Bielorrússia pode desempenhar no avanço das conversações de paz”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China. Um dia antes do anúncio da visita de Lukashenko, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang falou ao telefone com o Ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso Sergei Aleinik, afirmando que a China está disposta a implementar o importante consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e a aprofundar a confiança mútua política. Sobre a crise da Ucrânia, Qin apresentou o documento de posição da China com 12 pontos, a Posição da China sobre a Resolução Política da Crise da Ucrânia, que enfatiza que a China está sempre do lado da paz e insta ao reatamento das negociações o mais rapidamente possível, evitando ao mesmo tempo uma nova escalada. Aleinik disse que a Bielorrússia concorda completamente e apoia o documento de posição da China, observando que as propostas relevantes da China têm grande significado para a resolução da crise. “Para resolver a crise da Ucrânia, não podemos simplesmente exercer pressão sobre a Rússia ou Putin como o Ocidente quer. Precisamos de descobrir se a China e a Bielorrússia podem encontrar algum terreno comum e desempenhar em conjunto um certo papel, que será um dos principais focos desta visita”, disse Cui. Ursula antes, Michel depois Também a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Presidente do Conselho Europeu Charles Michel poderão visitar a China na primeira metade de 2023 com os preparativos já em curso, disse o Embaixador chinês no Fu Cong da UE. “Espera-se que a China e a UE iniciem em breve frequentes visitas mútuas de alto nível”, disse afirmou. “Esta tendência positiva de crescentes intercâmbios de alto nível entre a China e a Europa mostra que a Europa não quer ver um prolongado conflito Rússia-Ucrânia, uma vez que a economia e a competitividade do bloco foram enfraquecidas pelo mesmo”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin da China. “A Europa está gradualmente a sair de algum sentimento irracional em relação à China, uma vez que eles lentamente compreendem a posição da China e levantam mais suspeitas em relação aos EUA, especialmente após a sabotagem do Nord Stream”, disse Wang. Macron, questionado sobre se vai pedir a Pequim que ajude a pressionar a Rússia, foi citado como tendo afirmado em reportagens dos meios de comunicação social que a medida visa assegurar que o Kremlin nunca utilize armas químicas ou nucleares – os principais pontos mencionados no documento de posição da China – e “parar esta agressão antes das negociações”. “Há certamente grandes diferenças nas posições da China e da Europa sobre a crise da Ucrânia, principalmente devido a uma compreensão diferente da natureza do conflito. Como muitos países europeus são também membros da OTAN, não aceitam que o conflito se deve à expansão da OTAN para leste”, disse o perito. No entanto, peritos chineses acreditam que as divergências existentes não devem impedir a China e a Europa de trabalharem em conjunto e encontrarem uma solução prática. “A China valoriza a defesa da França para que a Europa seja estrategicamente independente, e a França tem uma tradição relativamente independente em matéria de política externa. Para evitar um confronto em bloco, é importante avançar com o desenvolvimento multipolar”, disse Cui. Um ano depois, já se sabe que as sanções não produzem na Rússia o efeito desejado Observadores chineses consideram que a última ronda de sanções contra a Rússia por parte dos países ocidentais “reduz ainda mais a perspectiva de conversações de paz, e apenas levará a mais derramamento de sangue, mais sacrifícios durante o conflito Rússia-Ucrânia, e mais perdas de propriedade em todo o mundo”. Para proporcionar uma solução para o actual impasse, a China revelou na sexta-feira um plano de paz para resolver a crise. Mas o plano foi classificado pelos EUA como “não racional”, o que levou comentadores chineses a concluir que “estas acusações infundadas expuseram o desejo egoísta dos EUA de não quererem que o conflito termine, e a sua tentativa de diminuir a influência da China na negociação de assuntos globais”. Entretanto, a União Europeia e alguns países ocidentais, incluindo os EUA e o Reino Unido, decidiram-se por uma nova ronda de sanções contra a Rússia, incluindo novas proibições de exportação no valor de mais de 11,6 mil milhões de dólares, sanções a cerca de 120 indivíduos e entidades russas e uma nova obrigação de informação sobre os activos do Banco Central russo, de acordo com um documento publicado pela UE. Efeito limitado Os media chineses, contudo, prevêem que a quantidade de sanções tenha um impacto muito limitado na Rússia. “São apenas gestos diplomáticos e simbólicos dos países ocidentais para desabafar as suas frustrações”, disse Li Ziguo, um investigador sénior do Instituto de Estudos Internacionais da China, ao Global Times, na medida em que “as nações ocidentais já esgotaram o seu repertório de sanções contra a Rússia, incluindo sanções sobre o petróleo e o gás natural da Rússia”. “A dissociação da energia e do comércio entre a Rússia e a Europa e os EUA foi formada há muito tempo após as primeiras rondas de sanções”, observou Li Ziguo. A Rússia, por outro lado, está também a trabalhar em formas de compensar o impacto das sanções do Ocidente, disse Li. A economia da Rússia contraiu-se em 2,1% em 2022, disse o serviço federal de estatísticas em 20 de Fevereiro, diminuindo menos do que o previsto apesar das sanções. “Isolar ainda mais a Rússia na cena internacional e aplicar sanções só tornaram mais difíceis as perspectivas de conversações de paz ou utilizar meios políticos para resolver o conflito”, disse Zhang Hong, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Tais acções impulsivas podem ajudar os países ocidentais a desabafar a sua frustração e a sentir-se melhor por um minuto, mas causarão mais derramamento de sangue, mais sacrifício e maior perda de propriedade à medida que alimentam ainda mais o conflito”, disse Zhang. Paz não satisfaz Entretanto, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy disse estar aberto a considerar alguns aspectos do plano de paz chinês e o presidente francês Emmanuel Macron também aplaudiu o plano no sábado. Foi citado pela AFP como tendo dito que “o facto de a China estar empenhada em esforços de paz é uma coisa boa”. O Presidente dos EUA Joe Biden parecia ser um dos raros sabotadores do plano de paz da China. Numa entrevista à ABC na sexta-feira, o presidente dos EUA disse que “a ideia de que a China vai negociar o resultado de uma guerra que é uma guerra totalmente injusta para a Ucrânia não é racional”. “O plano chinês defende a paz, enquanto que o que os EUA pretendem é que o conflito seja arrastado, uma vez que se enquadra no interesse de Washington, pelo que, naturalmente, Biden atira lama ao plano chinês”, disse Zhang. Outra razão, de acordo com Zhang, é que “os EUA querem diminuir a influência da China na negociação de assuntos internacionais importantes”. O Pentágono anunciou na sexta-feira um novo pacote de assistência de segurança a longo prazo para a Ucrânia, marcando o primeiro aniversário do conflito com um compromisso de 2 mil milhões de dólares para enviar mais munições e uma variedade de pequenos drones de alta tecnologia para a luta, informou a Associated Press. De acordo com um relatório publicado pela CNN em Janeiro de 2023, os EUA e os seus aliados já enviaram quase 50 mil milhões de dólares em ajuda e equipamento para as forças armadas da Ucrânia durante o ano passado, e que a Ucrânia está a queimar através de munições mais rapidamente do que os EUA e a OTAN a podem produzir. “A ajuda de armamento do Ocidente provou ser inútil para alterar o status quo do conflito durante o ano passado e, pelo contrário, apenas alimentou a crise”, disse Li Haidong, professor no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Negócios Estrangeiros da China. “O actual impasse provou que o plano da China de reunir as partes relevantes para conversações de paz é uma forma mais viável de sair do atoleiro”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Zelensky planeia encontro com Xi Jinping O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou que planeia encontrar-se com o homólogo chinês Xi Jinping, lembrando que a China “respeita a integridade territorial” dos países e deve “fazer os possíveis para retirar a Rússia” da Ucrânia. “Antes de mais, tenho planos para me encontrar com Xi Jinping”, sublinhou Zelensky numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros em Kiev, no dia em que se assinalou um ano desde o início da invasão russa da Ucrânia. O governante considerou o encontro “positivo” para os dois países e “para a segurança do mundo”, noticiou a agência Efe. Zelensky acrescentou que “a China respeita a integridade territorial” dos países e que, “por isso, deve fazer todo o possível para retirar a Rússia” do território ucraniano. O chefe de Estado ucraniano manifestou também esperança de que a China não envie armas para a Rússia, decisão que os Estados Unidos consideram que Pequim está a ponderar, garantindo que está a trabalhar para impedir essa realidade. Sem dar detalhes sobre o local ou o momento em que este encontro pode ocorrer, Zelensky sublinhou novamente a “fórmula para a paz” apresentada pela Ucrânia, que prevê uma cessação das hostilidades que passa pela retirada russa e enfatiza o cumprimento dos princípios da Carta da ONU. Macron em Pequim O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que vai visitar a China no início de Abril e apelou a Pequim para tentar convencer a Rússia a parar a guerra contra a Ucrânia. No dia seguinte à China ter divulgado uma posição sobre o conflito, Macron disse que a paz só será possível se implicar “uma paragem da agressão russa, a retirada das tropas e o respeito pela soberania territorial e pelo povo ucraniano”. “O facto de a China estar empenhada em esforços de paz é muito bom”, disse Macron durante uma visita ao Salão da Agricultura, em Paris, citado pela agência francesa AFP. Macron apelou a Pequim “para não entregar quaisquer armas à Rússia” e para ajudar a pressionar Moscovo a nunca utilizar armas químicas ou nucleares. Pediu também que a China, que tem mantido uma posição próxima de Moscovo, ajude a convencer Rússia a parar os combates como condição prévia para negociações. Lukashenko na China entre terça e quinta-feira O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, realiza uma visita oficial à China entre terça e quinta-feira, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A convite do Presidente chinês, Xi Jinping, o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, vai realizar uma visita de Estado à China de 28 de fevereiro a 2 de março”, disse a porta-voz do ministério Hua Chunying, citada pela agência France-Presse (AFP). O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, informou o seu homólogo bielorruso, Sergueï Aleïnik, numa conversa telefónica na sexta-feira, da vontade de Pequim de trabalhar com a Bielorrússia para aprofundar a sua confiança política mútua, lê-se num comunicado do ministério chinês. Em setembro, Xi Jinping e Lukashenko anunciaram uma parceria estratégica durante uma reunião no Uzbequistão.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Ocidente desvaloriza plano de paz chinês e Nato afirma querer “solução militar” Pequim marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia com a apresentação de um plano de paz para a região, em doze pontos. Contudo, os EUA, a União Europeia e a NATO desvalorizaram o esforço chinês para terminar com a mortandade. A Rússia gostou do plano e Zelensky pretende encontrar-se com Xi Como era esperado, os Estados Unidos criticaram o “plano de paz” chinês e destacaram o fracasso militar da Rússia face à resistência das forças ucranianas. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que Washington está a observar “de perto” os movimentos de Pequim e sublinhou que o gigante asiático poderia estar a preparar-se para “entregar armas letais à Rússia”, o que foi descartado pela China como sendo uma “difamação”. Sullivan afirmou, no entanto, que a ideia de que os dois países se tornem “aliados inseparáveis” não foi comprovada, dado que a China tem mantido “cautela” em relação ao conflito e absteve-se de apoiar Moscovo no âmbito da recente votação na ONU. “Tentaram mostrar que, de alguma forma, não apoiam totalmente a Rússia em relação a esta guerra”, declarou o conselheiro norte-americano. Nato só vê fim militar para o conflito Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO desvalorizaram o plano de paz chinês para a guerra na Ucrânia, considerando que Pequim “não tem credibilidade”, pois “tomou partido” e assinou uma “parceria ilimitada” com Moscovo. Numa conferência de imprensa conjunta em Tallin, num evento para assinalar o aniversário da independência da Estónia, mas também o primeiro aniversário da guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, Ursula von der Leyen e Jens Stoltenberg desvalorizaram assim o plano de 12 pontos de Pequim. “Não é propriamente um plano de paz, mas antes princípios que a China partilha. E eu penso que temos de ver esses princípios contra um pano de fundo específico. E esse pano de fundo é que a China tomou partido, ao assinar por exemplo uma amizade ilimitada imediatamente antes de a invasão ter começado. Portanto, olharemos para os princípios, claro, mas vamos analisá-los tendo em conta esse pano de fundo de que a China tomou partido”, declarou a presidente da Comissão, que muitos criticam na EU pela sua postura belicista. Por seu lado, o secretário-geral da Aliança Atlântica comentou que “a China não tem muita credibilidade”, porque, segundo frisou, as autoridades chinesas “não foram capazes de condenar a invasão ilegal da Ucrânia e assinaram dias antes da invasão um acordo entre o Presidente Xi [Jinping] e o Presidente [Vladimir] Putin sobre uma parceria ilimitada com a Rússia”. Quanto a um acordo de paz, Stoltenberg disse que o mesmo, actualmente, joga-se no campo de batalha, advogando que “uma solução de paz negociada” só poderá ser garantida com superioridade ucraniana no campo de batalha, razão pela qual é fundamental que seja reforçado o apoio a Kiev. “O apoio militar é a única forma de criar as condições para fazer Putin ver que não vai ganhar no campo de batalha e que precisa de se sentar à mesa da negociação. Portanto, apoio militar hoje é a forma de assegurar um acordo de paz amanhã”, defendeu. A posição russa Já a Rússia congratulou-se com o plano de paz para a Ucrânia divulgado pela China e partilha a perspectiva de Pequim, declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, num comunicado. “Valorizamos fortemente a sincera aspiração dos nossos amigos chineses de oferecer o seu contributo à solução do conflito na Ucrânia por meios pacíficos”, afirmou a porta-voz. Zakharova assegurou que a Rússia “mantém o seu compromisso com os princípios da Carta da ONU, das normas do Direito Internacional, incluindo o humanitário, da indivisibilidade da segurança, com base na qual não se deve fortalecer a segurança de um país em detrimento da segurança de outro”. “À semelhança dos nossos amigos chineses, consideramos ilegítima qualquer medida restritiva não aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. São ferramentas imbuídas de competência desleal e de guerra económica”, acrescentou. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo assinalou que a Rússia “está disposta a procurar a solução dos objetivos da operação militar especial pelas vias político-diplomáticas”. “Isso implica o fim do fornecimento à Ucrânia de armamento ocidental e de mercenários, o fim de todas as acções bélicas, o regresso da Ucrânia ao estatuto de não-alinhado, o reconhecimento das novas realidades territoriais” surgidas após os referendos de anexação organizadas pela Rússia em quatro regiões ucranianas, disse a porta-voz. A responsável russa exigiu ainda “a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, e a eliminação de todas as ameaças que partem” do território ucraniano. A representante da diplomacia russa frisou que os direitos das populações russófonas da Ucrânia devem ser respeitados, incluindo o direito de falar a sua língua, e pediu que sejam eliminadas todas as sanções contra a Rússia e todas as iniciativas judiciais internacionais. “Estamos convencidos que o avanço por este caminho conduzirá a uma paz total, justa e estável”, concluiu. Em paralelo, e durante uma conversa telefónica, os chefes da diplomacia da Bielorrússia e da China, Serguei Aleynik e Qin Gang, respetivamente, sublinharam o seu apoio à realização de negociações de paz na Ucrânia, defendendo este caminho como a única forma para solucionar o conflito entre Moscovo e Kiev. Os dois responsáveis “verificaram a coincidência das suas posições de que não existem outras alternativas para a solução do conflito na Ucrânia para além da via pacífica”, informou a diplomacia bielorrussa citada pela agência noticiosa oficial BELTA.
Carlos Coutinho VozesPesadelo carnavalesco NÃO há como uma terça-feira de carnaval para viajar confortavelmente nas autoestradas. Como temos um feriado tácito e governamentalmente prodigalizado ou apenas consentido, milhões de portugueses ficaram em casa de manhã e à tarde vão assistir aos desfiles e outros desmandos langorosos dentro das localidades carnavaleiras. E, como nada rende carnavalar nas estradas e autoestradas, hoje até os camiões eram raros e rápidos no asfalto. Resultado: nunca percorri 200 km sobre rodas com tanta generosidade viária, apesar de quase não haver indícios de sol na atmosfera toldada de pó esbranquiçado trazido por ventos provenientes de desertos africanos. É caso para se pensar que rejubilam as nossas almas em dias como este, já que nem sequer temos de descer a pala para nos defendermos do sol nos olhos e até descobrimos que uma paisagem mortiça pode ter os seus encantos. Nada mais falso, porque as nossas vidas nunca estiveram tão perto do precipício, aquele terrível barranco para onde nos querem levar os cegos que conduzem outros cegos. Talvez por ser tempo de folia carnavalesca, Joe Biden foi ontem a Kiev acirrar Zelensky ainda mais. Só que, por sorte nossa, seis horas antes de o seu avião presidencial levantar o voo para a Polónia, ele teve a inaudita valentia de telefonar a Putin para, debaixo de maior secretismo, o informar da sua viagem, não fosse este seu inimigo de estimação detetar as movimentações militares no ciberespaço e no espaço físico do planeta. É que isso faria o líder russo pensar que era desta que vinha aí o apocalipse e que, inesperadamente, não teria mais que seis minutos para também ele pôr o dedo no gatilho e premir com toda a força. Já na capital da Ucrânia mártir, onde a toda a hora morrem ucranianos e russos, foi depois de uma viagem de comboio, por entre paisagens flageladas, que Biden caminhou até ao muro dos caídos em combate para aí colocar uma coroa de flores e, talvez, pensar sem o dizer: “Sorte a vossa! No Vietname e nos outros países que bombardeámos, matámos mil vezes mais! E não nos vamos ficar por aqui…” Já com muita gente a ouvi-lo, Biden disse: “Considerei que seria determinante que não restassem dúvidas nenhumas sobre o apoio dos EUA à Ucrânia na guerra. (O objetivo desta visita é dizer que) “os EUA estão aqui para ficar. Não nos vamos embora.” Por cá, António Costa, servil e bem-educado como de costume, fez logo eco das palavras do patrão, jurando a pés juntos: “A paz é uma vontade universal, mas todos temos consciência de que essa paz só é possível com a vitória da Ucrânia e a derrota da Rússia.” Ao mesmo tempo, no Parlamento Europeu, a maltesa que é sua presidente, Roberta Metsola, confessava: “Há muito dinheiro para a reconstrução da Ucrânia.” O que equivale a recomendar: “Partam, arrasem, derrubem, não deixem pedra sobre pedra, que o negócio vive disso, até na família de Joe Biden.” Hoje, ainda perplexo, pus-me a ouvir Putin em direto na CNN e dei comigo a pensar na desgraça daquele goraz colorido que fica com a cabeça apertada entre as pinças aceradas de uma mandíbula inalargável de um caranguejo gigante, porque é assim que a Rússia está, do Báltico ao Mar Negro, entalada entre a Finlândia, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Letónia, a Estónia, a Lituânia, a Polónia, a Alemanha, a Hungria, a Roménia, a Bulgária a Moldova, a Ucrânia e a Turquia, todos natistas e com a dentuça afiada. E ouvi Putin dizer que suspendia a participação da Rússia no tratado START II, que limita os arsenais nucleares dos dois signatários, os EUA e Federação Russa, embora ele logo acrescentasse que nunca o seu país iniciaria um conflito de tal natureza. Só que não deixou de repetir, pela enésima vez, que a intenção da NATO quanto à natureza soberana do seu país é simplesmente existencial e que a resposta russa a tal ameaça não admite limites. Depois historiou detalhadamente o começo e a atuação do inimigo para concluir que “Eles querem a guerra e rejeitaram todas as nossas propostas de paz.” Imagino que nunca uma catástrofe dessas vai acontecer, porque até o vencedor estaria morto, ainda antes da vitória final, mas o que o momento presente me indicia é o empobrecimento de milhões e milhões de pessoas em todo o planeta, a compressão das liberdades e um ciclo perigosíssimo de retrocesso civilizacional. E acho mesmo que carnavais destes são absolutamente indesejáveis.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim pede contenção após míssil ter atingido a Polónia O míssil de fabrico russo que atingiu ontem território polaco parece afinal ter sido disparado pela Ucrânia. Pequim pede tranquilidade a todas as partes envolvidas A China pediu ontem “calma” a todas as partes na sequência das informações sobre o míssil de fabrico russo que atingiram a Polónia e que colocaram o exército polaco em estado de alerta. “Na situação actual, todas as partes envolvidas devem manter a calma e a contenção para que seja evitada uma escalada”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em Pequim. Da mesma forma, o secretário-geral ONU defendeu na terça-feira à noite que é “absolutamente essencial” evitar o agravamento da guerra na Ucrânia, mostrando-se “profundamente preocupado” com a queda de um míssil de fabrico russo na Polónia. Numa breve declaração transmitida pelo porta-voz da ONU, António Guterres apelou a uma “investigação exaustiva” sobre a queda do míssil que matou duas pessoas na Polónia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia confirmou na noite de terça-feira que um “projéctil de fabrico russo” atingiu o território deste país da Nato junto à fronteira com a Ucrânia, causando a morte a duas pessoas. “Na vila de Przewodów (…), um projéctil de fabrico russo caiu, matando dois cidadãos da República da Polónia”, salienta-se num comunicado do porta-voz do ministério, Lukasz Jasina. Na mesma nota, acrescenta-se que o embaixador russo na Polónia foi convocado para prestar “explicações detalhadas”. Entretanto, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que é improvável que o míssil que atingiu a Polónia e matou duas pessoas tenha sido disparado a partir da Rússia. “Há informações preliminares que contestam isso”, disse Biden aos jornalistas quando questionado se o míssil foi disparado da Rússia. “É improvável nas linhas da trajectória que tenha sido disparado da Rússia, mas veremos”, acrescentou. Por outro lado, os líderes do G7 e da Nato (Organização do Tratado do Atlântico Norte) decidiram apoiar uma investigação sobre a queda do míssil de fabrico russo, disse o Presidente dos EUA. Céu vigiado Ontem, a estação de televisão norte-americana CNN noticiou que um avião da Nato, que sobrevoava o espaço aéreo da Polónia, rastreou o míssil que explodiu no país na terça-feira e matou duas pessoas. “A informação com pistas de radar [do míssil] foi fornecida à Nato e à Polónia”, acrescentou a mesma fonte, que não foi identificada. Os aviões da Nato têm realizado vigilância regular em torno da Ucrânia desde o início da invasão russa, a 24 de Fevereiro. Mais tarde, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse que a explosão que matou duas pessoas na Polónia “foi provavelmente causada” por um míssil ucraniano.