Hotéis | Serviços de Turismo deixam de ter acesso a quartos

A proposta de lei da actividade dos estabelecimentos hoteleiros permitia aos funcionários da DST ter pleno acesso aos quartos, mas uma nova versão elimina esse poder. As mudanças ao diploma também abrangem a criação de uma licença provisória para restaurantes dentro dos hotéis

 

[dropcap]A[/dropcap]o contrário do que estava previsto na primeira versão da lei que vai regular a actividade dos estabelecimentos hoteleiros, os funcionários da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) não vão ter acesso livre aos quartos de hotéis para fiscalização. “Pode aceder a todas as instalações públicas e serviços, não pode entrar nos quartos de hotéis”, disse Chan Chak Mo, deputado presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL).

O Governo deu um passo atrás depois de, em Maio do ano passado, os deputados da comissão se terem mostrado contra a medida por motivos de privacidade. A mudança foi descrita pelo presidente da comissão como “significativa”.

Chan Chak Mo entende que a DST não precisa de ter essa competência porque “no caso de ser um crime, a polícia pode entrar com urgência nos quartos”, como por exemplo se alguém pedir socorro ou houver indicação de tráfico de droga. E apontou alternativas para a fiscalização do espaço. “O quarto para a pessoa é a sua casa, [se é] só para verificar as instalações do quarto pode fazê-lo aquando da limpeza”.

O novo texto de trabalho foi recebido pela comissão da AL na semana passada e o presidente descreveu que o Governo aceitou muitas das opiniões apresentadas pelos deputados.

Comes e bebes

Surge também a possibilidade de restaurantes, estabelecimentos de refeições simples, bares e salas de dança pedirem uma licença provisória de funcionamento. “Depois de apresentadas as plantas, [enquanto se aguardam] outras inspecções, como por exemplo de incêndio, pode ser dada autorização provisória com período de seis meses”, explicou Chan Chak Mo. Esta autorização prévia à vistoria pode ser renovada uma vez. Os restaurantes que se localizam fora dos hotéis continuam sob a alçada de outro decreto de lei.

Para além disso, no futuro os hotéis terão de ser construídos em terrenos para finalidades hoteleiras. É concedida isenção aos que já existem. “Este novo texto de trabalho também é para resolver a questão dos hotéis antigos. Mesmo que não estejam em terreno com fins hoteleiros podem continuar a funcionar”, declarou o deputado.

O próximo passo apontado por Chan Chak Mo é reunir com o Governo. Descrevendo que vários temas precisam de ser aperfeiçoados, o deputado considera “difícil elaborar parecer ainda nesta sessão legislativa”. Ainda assim, admite a possibilidade de a proposta ser apresentada a plenário ainda em 2020.

18 Ago 2020

Covid-19 | Escolhidos os vencedores de concurso que visa combater o vírus através da arte 

Estão escolhidos os vencedores do concurso “Calling Macau Students to Fight Vírus with Art”, promovido pela Associação de Cultura e Arte Chinesa e apoiado pela Sociedade de Jogos de Macau. No total participaram 1,489 estudantes de 52 escolas primárias e secundárias, números que revelam, para a organização, “a determinação dos estudantes de lutar contra a doença em conjunto com a sociedade”

 

[dropcap]O[/dropcap] concurso “Calling Macau Students to Fight Virus with Art”, criado para levar os alunos de Macau a expressarem a sua luta contra o novo coronavirus, já tem os seus vencedores escolhidos. A iniciativa, organizada pela Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau e apoiada pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) recebeu um total de 1,489 projectos artísticos candidatos, feitos por alunos de 52 escolas primárias e secundárias. Segundo um comunicado, “a impressionante resposta teve como significado a determinação dos estudantes em lutarem contra a doença em conjunto com a sociedade”. O júri seleccionou um total de 216 trabalhos.

Liao U Hei, da escola Fu Luen, venceu na categoria “Chinese Calligraphy – Primary Junior”, enquanto que na categoria “Chinese Calligraphy – Primary Senior” venceu o aluno Leong Wai I, da escola Hou Kong. Na categoria “Chinese Calligraphy – Secondary Junior” o estudante Leong Hio Cheng, da escola Hou Kong, arrecadou o primeiro prémio.

Ainda na categoria “Chinese Calligraphy – Secondary Senior”, Ng Weng Lam, também da escola Hou Kong, obteve a primeira classificação. Relativamente à categoria “Painting – Primary Junior”, Leong Sam Ut, também da escola Hou Kong, arrecadou o primeiro prémio. O concurso tinha ainda mais duas categorias na área da pintura. Em todas as categorias do concurso foram atribuídos o segundo e terceiro prémios, tendo sido também concedidas 20 menções honrosas. Os alunos vencedores foram contemplados com um prémio pecuniário que poderão usar na compra de livros, além de receberem o respectivo certificado.

O tema deste concurso era “Love in the Time of Coronavirus” [O amor em tempos de coronavírus] e tinha como principal objectivo “encorajar os estudantes a expressar os seus sentimentos de preocupação relativamente à pandemia, contribuindo para os esforços concertados da sociedade na luta contra a doença”.

Além disso, o concurso pretendia, “ao mesmo tempo, promover a cultura chinesa e a criatividade nas artes no seio das gerações mais jovens”.

“Atitude positiva”

Ambrose So, presidente da Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau e CEO da SJM, disse estar “impressionado” com o elevado número de projectos artísticos apresentados a concurso. “Agradecemos sinceramente a participação das escolas – directores, professores e estudantes – por fazer desta actividade um sucesso frutífero neste período desafiante. Conseguimos compreender a preocupação por parte dos jovens relativamente a esta pandemia global através dos seus trabalhos”, disse, citado pelo mesmo comunicado.

Daisy Ho, presidente-executiva da SJM, afirmou que os trabalhos apresentados pelos alunos “não apenas reflectem as suas técnicas e criatividade mas também revelam uma atitude positiva no combate à doença”.

“A SJM está muito satisfeita por poder colaborar com a Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau nesta actividade e poder permitir aos estudantes partilharem as suas mensagens de amor junto da comunidade através da caligrafia e pintura”, frisou a empresária, filha do falecido magnata Stanley Ho.

Devido à pandemia, não é possível realizar a cerimónia de entrega de prémios, cuja data será anunciada posteriormente. No júri deste concurso participaram veteranos de caligrafia chinesa ou profissionais do meio artístico, tal como Ung Si Meng, Lai Ieng, Lok Hei, Kuan Kun Cheong, Li Tak Seng, Chan Heng Sang, Ho Loi Seng, Ieong Keang Sang and Fok Chi Chiu.

7 Ago 2020

AL | Chan Chak Mo diz que trabalhos não foram afectados pela pandemia

A 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa reuniu-se ontem para finalizar o parecer sobre a Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde, mas a ausência de algumas opiniões ditou o adiamento da assinatura do documento

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar da situação de pandemia e das limitações impostas para prevenção e controlo do contágio pela covid-19, o presidente da 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, considerou que os trabalhos que conduziu não foram afectados. A declarações foram prestadas ontem, no mesmo dia em que admitiu que o parecer da comissão sobre a Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde vai ser revisto, após o deputado Chan Iek Lap se ter queixado de que o documento não reflectia algumas das suas opiniões.

“De certeza que com a covid-19 o desenrolar dos trabalhos não correu da mesma maneira, até porque o Governo impôs certas medidas, que fizeram com que os representantes não pudessem vir à Assembleia Legislativa durante algum tempo”, começou por reconhecer Chan Chak Mo. “Mas na qualidade de presidente da comissão não considero que tenha afectado os nossos trabalhos. A comissão a que presido tinha três diplomas para discutir e o trabalho está feito em dois diplomas. Só falta discutir esta lei e ainda temos tempo. Para mim não influenciou os trabalhos”, sustentou.

No entanto, face às limitações impostas pela covid-19, a AL votou um prolongamento dos trabalhos por mais um mês. O órgão legislativo vai assim de férias a 15 de Setembro, quando normalmente costuma ir a 15 de Agosto, tal como consta no regimento, diploma que define os procedimentos internos.

Queixas sobre o parecer

No que diz respeito à Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde, os deputados da 2.ª Comissão reuniram-se ontem para assinar o parecer com as conclusões da discussão na especialidade. No entanto, como o deputado e médico Chan Iek Lap se queixou de que algumas das suas opiniões não constavam no parecer a comissão optou por agendar mais uma reunião para se rever parte do documento.

“O médico Chan pediu-nos para que mais opiniões fossem colocadas […] Uma dessas opiniões é sobre a competência disciplinar do Conselho dos Profissionais de Saúde (CPS). Esse conselho pode instaurar processos disciplinares e emitir pareceres sobre se há punição ou arquivamento. Mas a decisão final é do director dos Serviços de Saúde”, explicou Chan Chak Mo. “Como esse assunto foi abordado numa reunião com o Governo o deputado quis que o assunto fosse mencionado no parecer”, acrescentou.

Segundo a interpretação do Governo sobre este aspecto da lei, o CPS pode emitir um parecer, mas este não tem carácter vinculativo. O director dos Serviços de Saúde tem independência para contrariar um parecer.

A comissão deverá assim voltar a reunir no espaço de duas semanas para assinar o parecer, que depois depois votado em Plenário, antes das férias de 15 de Setembro.

7 Ago 2020

Identificados 37 novos casos de covid-19 na China nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China registou 37 novos casos confirmados de coronavírus na quarta-feira, 27 dos quais contágios locais na região oeste de Xinjiang, onde um surto surgiu há quase um mês, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Todos os casos em Xinjiang ocorreram por contágio local. Em Liaoning, a província no nordeste da China onde há outro surto activo, foram registados três novos casos. O país identificou ainda sete casos entre viajantes oriundos do exterior.

É o sexto dia consecutivo em que a China regista menos de cinquenta infecções, depois de na semana passada ter tido três dias seguidos acima de cem.

As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite local, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número total de casos activos na China continental se fixou em 837, entre os quais 34 permanecem em estado grave.

A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.528 pessoas infetadas oficialmente diagnosticadas na China.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 701 mil mortos e infectou mais de 18,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

6 Ago 2020

EPM | Consulado nega voo charter para transportar alunos finalistas 

Alguns encarregados de educação de alunos finalistas da Escola Portuguesa de Macau reuniram ontem com Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, tendo pedido um voo charter para que os estudantes possam prosseguir os estudos superiores fora de Macau. Contudo, o consulado entende que essa opção não é, para já, viável

 

[dropcap]O[/dropcap]s alunos finalistas da Escola Portuguesa de Macau (EPM) continuam sem saber como se vão deslocar para países fora de Macau para continuarem os estudos universitários, uma vez que não há uma data prevista para o regresso do corredor especial com o Aeroporto Internacional de Hong Kong. Alguns encarregados de educação reuniram ontem com o cônsul-geral de Portugal em Macau, Paulo Cunha Alves, mas este disse não poder disponibilizar um voo charter para os cerca de 40 alunos finalistas.

“O cônsul disse-nos que essa possibilidade seria complicada por questões financeiras e pela própria justificação de um voo charter”, disse ao HM João da Silva, encarregado de educação e representante dos pais. “Sabemos que na Venezuela isso foi feito, mas foi-nos dito que isso ocorre em situações extremas. Saímos da reunião sem uma solução e continuamos preocupados”, frisou. O encontro decorreu depois do grupo de pais ter enviado uma carta ao consulado na última semana.

Em resposta escrita enviada ao HM, o consulado-geral disse que vai continuar “a desenvolver contactos com as autoridades da RAEM no sentido de as sensibilizar para a necessidade de encontrar uma solução justa e equilibrada para o problema da saída de Macau dos estudantes finalistas, portugueses, mas não só, que pretendem ingressar no Ensino Superior em Portugal e em outros países europeus e da América do Norte”.

Na reunião, Paulo Cunha Alves aconselhou os pais a optarem por voos via Taipei e Seul, “de modo a demonstrar a necessidade e a pertinência da realização de mais voos para além do previsto para 26 de Agosto pela companhia Eva Air, que tem Londres como destino final”.

Na mesma resposta, é referido ainda que os “pais e encarregados de educação deverão, enquanto sociedade civil, continuar a exercer todos os meios de pressão possíveis sobre as autoridades locais pertinentes, notando que este é um problema transversal que abrange estudantes de diversas nacionalidades”.

Rotas arriscadas

João da Silva considera que enviar os finalistas sozinhos para estes voos constitui um risco. “São viagens com algumas escalas. No caso de Taipé podem ultrapassar as oito horas e corremos o risco de fazer quarentena. Por Seul podemos estar 24 horas em escala, mas nada é garantido, os voos podem ser cancelados e há alunos que não podem ser acompanhadas por familiares. Gostávamos de não ter de optar por essas duas vias.”

Paulo Cunha Alves referiu que, em Setembro, poderá haver uma mudança, mas que por enquanto nada é certo. “Sabemos que o cônsul não pode passar por cima das autoridades locais, apenas pode sensibilizá-las”, disse João da Silva, que está a ponderar pedir apoio junto das entidades governamentais em Portugal.

“Da parte de Portugal poderia haver mais apoio, nós é que não temos contactos nem conhecemos ninguém. De certeza que os governadores que aqui estiveram, como por exemplo Rocha Vieira ou Garcia Leandro, têm contactos, mas não sei como chegar até eles para que nos possam ajudar. Não estamos sozinhos, mas não estamos a conseguir fazer muito.”

Dos 40 finalistas, são poucos os alunos que, como alternativa, pretendem ficar a estudar em Macau. Apenas o filho de Anabela Fong se inscreveu, por precaução, no curso de Direito da Universidade de Macau, mas o objectivo é estudar na Universidade Católica. Aguarda, neste momento, o processo de obtenção do passaporte português.

João da Silva disse ainda lamentar que o corredor exclusivo com Hong Kong não tenha terminado mais tarde, a 25 de Julho, uma vez que muitos alunos só concluíram os exames de 12º ano no dia 23 do mesmo mês. “Quase todos os alunos não podiam faltar aos exames e por isso não puderam aproveitar o corredor especial”, concluiu.

6 Ago 2020

Quarentena | Duas pessoas saíram dos quartos sem autorização

O caso foi reencaminhado para o Ministério Público e os indivíduos, que são familiares, arriscam uma pena de prisão que pode chegar aos seis meses ou 60 dias de multa

 

[dropcap]D[/dropcap]uas pessoas deixaram sem autorização os quartos ondem estavam a fazer quarentena e os casos foram reencaminhados para o Ministério Público (MP). A informação foi divulgada ontem por Lei Tak Fai, chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia gerada pela Covid-19.

O episódio aconteceu a 2 de Agosto às 19h, no Hotel Sheraton, e envolve dois residentes de Hong Kong: “Saíram do quarto onde estavam e deslocaram-se para um outro quarto, que ficava num outro andar. […] São familiares e neste caso verificamos que violaram o artigo 14.º da Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis. O caso foi enviado para o Ministério Público e os dois ficaram sujeitos a observação médica coerciva”, afirmou Lei.

Os homens têm 52 e 32 anos e encontravam-se a fazer quarentena desde 23 de Julho. Arriscam até seis meses de prisão, ou o pagamento de uma multa que pode chegar aos 60 dias. Por esse motivo, o representante do CPSP sublinhou a necessidade de respeitar as instruções: “Apelamos a todas as pessoas em observação que sigam as nossas normas para combater a epidemia”, disse o porta-voz do CPSP.

Ainda de acordo com as autoridades, a saída do quarto foi detectada por um segurança, que se encontrava no corredor.

Este é o terceiro caso do género tornado público, depois de, no final do mês de Julho, também uma mulher ter saído do quarto quando estava a fazer a quarentena.

Para tripulantes de embarcações

Também o local designado para as quarentenas obrigatórias passou a ser desde ontem o Hotel Tesouro, na Taipa, quando antes era o Sheraton, no Cotai. Por outro lado, foi revelado que o Hotel Ole London, na Praça Ponte e Horta, vai ser utilizado como local para isolamento dos tripulantes de embarcações de transporte de mercadorias entre Hong Kong e Macau.

“Após uma visita ao hotel foi considerado que satisfaz todas as exigências sanitárias e será utilizado para o confinamento e descanso das tripulações de embarcações que transportam bens entre Hong Kong e Macau”, informou Lau Fong Chi, representante dos Serviços de Turismo.

Segundo os dados disponibilizados, existem 42 tripulantes de cinco companhias que vão utilizar o hotel em questão para o isolamento.

Máscaras seguras

Durante a conferência, o médico-adjunto do Hospital Conde São Januário, Alvis Lo, foi ainda questionado sobre a segurança e qualidade das máscaras de protecção importadas em Macau.

Em resposta, o médico garantiu que as máscaras importadas reuniões todas as condições de segurança: “Todos os distribuidores têm de fazer uma declaração junto dos Serviços de Alfândega e, de acordo com o nosso regime geral de segurança, têm de garantir a qualidade das máscaras. Todos os produtos são seguros”, frisou.

Em relação aos locais de importação, Alvis Lo falou de 15 países, como Portugal, China, Canadá, Indonésia Brasil, entre outros.

6 Ago 2020

Covid-19 | UM criou sistema que distingue doença da pneumonia comum

[dropcap]D[/dropcap]ois investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau (UM) desenvolveram um sistema de diagnóstico automático aplicado a exames de Tomografia Axial Computorizada (TAC), capaz de distinguir, com sucesso e em pouco tempo, a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus (covid-19), de outros tipos de pneumonia comum.

O estudo que colocou em escrito a descoberta é da autoria do Professor Wong Pak Kin e do estudante de doutoramento em engenharia electromecânica, Yan Tao, e foi publicado na revista científica, “Chaos, Solitons & Fractals”.

Segundo um comunicado da UM, o novo sistema permite identificar se os doentes estão infectados com o novo tipo de coronavírus “de forma 60 vezes mais célere quando comparado com a análise feita por radiologistas”.

A descoberta pode ser tanto mais importante, tendo em conta que a análise dos exames requer habitualmente intervenção manual de um radiologista e que o aumento exponencial de casos de covid-19 fez disparar o número de testes realizados via TAC, que precisam ser analisados. “O rápido crescimento do número de casos de covid-19 e a necessidade de cada paciente ser submetido a vários exames via TAC (com mais de 100 imagens obtidas em cada teste) tornou-se num enorme desafio para os radiologistas, especialmente as áreas mais afectadas pela pandemia”, pode ler-se no comunicado.

A equipa de investigadores espera ainda desenvolver novas funcionalidades do sistema, encontrando-se a trabalhar na criação de um algoritmo capaz de prever a gravidade do novo tipo de coronavírus nos pacientes e distinguir entre cinco tipos de pneumonia comum.

5 Ago 2020

Turismo | Surto em Hong Kong obriga a viragem para Guangdong, diz Glenn Mccartney

O académico da Universidade de Macau defende que o terceiro surto de covid-19 em Hong Kong vai obrigar as autoridades de Macau a virarem-se para a província de Guangdong. O especialista em turismo acredita que os vistos individuais podem começar a ser emitidos dentro de semanas e defende que a aposta no turismo doméstico não é viável a longo prazo

 

[dropcap]A[/dropcap] terceira vaga de casos de infecção em Hong Kong, que permanece longe de estar controlada, obriga as autoridades de Macau a olharem para a província de Guangdong como a tábua de salvação dos sectores do jogo e do turismo. A ideia é defendida por Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau (UM) e especialista na área do turismo, que fala hoje numa conferência promovida pela Câmara de Comércio Britânica em Macau.

“Claro que se a recuperação de Hong Kong e Macau tivesse ocorrido ao mesmo tempo seria o ideal, mas isso não vai acontecer porque Hong Kong está a enfrentar muitos casos de infecções. Macau olha agora para Guangdong como um corredor de viagens. E penso que tem de ir por aí, porque não pode continuar sempre à espera”, defendeu ao HM.

Gleen Mccartney indica que as autoridades de Guangdong têm vindo a implementar vários códigos de saúde que garantem a segurança de quem viaja, além de que a situação sócio-económica tem voltado ao normal. “Não olho para Hong Kong como parte dessa recuperação, mas olho para esse corredor com Guangdong”, disse.

Nas próximas semanas, o académico acredita que os vistos individuais podem voltar a ser emitidos, apenas para a província de Guangdong. “Um dos cenários possíveis será o levantamento da atribuição dos vistos individuais nas próximas semanas. Este é um primeiro passo e depois de Guangdong podemos olhar para outras províncias e cidades da China, mas vamos aprendendo à medida que as semanas vão avançando”, explicou.

Programa insuficiente

O académico da UM adiantou ainda que o programa “Vamos! Macau!”, que visa levar os residentes a conhecer o território através de percursos turísticos subsidiados, não tem viabilidade económica a longo prazo.

“Macau não tem o mesmo tamanho de um país e não pode basear-se por muito mais tempo no turismo doméstico. A economia interna não aguenta como a de um país que tem turismo de massas a nível interno. Macau está a subsidiar o turismo doméstico. A curto prazo é bom, mas a longo termo não é a solução, temos de abrir as nossas fronteiras para trazer dinheiro à economia.”

Ainda assim, Glenn Mccartney diz tratar-se de uma “boa medida” pois mantém os funcionários das concessionárias a trabalhar. “Essa é uma vantagem, as pessoas estão preparadas para o regresso do turismo e penso que essa é uma boa abordagem por parte do Governo.” Além disso, a população “pode compreender a importância desta indústria chave” e saber mais sobre o património de Macau, remata.

O académico acredita que a pandemia pode também levar o Governo a fazer algo que faltou nos últimos anos: planeamento. “No passado não tem havido um grande planeamento em termos de previsões e cenários e esse é um bom exercício. A pandemia pode acelerar esse processo”, rematou.

5 Ago 2020

Apoios às PME | Secretário confiante na recuperação económica 

[dropcap]O[/dropcap] Governo recebeu ontem aprovação da Assembleia Legislativa (AL) para aumentar o limite máximo de dívidas contraídas para 2,2 mil milhões de patacas no âmbito dos dois planos de garantia de créditos às Pequenas e Médias Empresas (PME), um dos apoios públicos no combate à pandemia da covid-19.

Apesar de os deputados terem defendido a simplificação dos processos de candidatura e o aumento dos montantes de apoio, tendo em conta a actual crise, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, revelou ponderação e optimismo na rápida recuperação económica.

“Em caso de necessidade, os limites podem ser elevados. O Governo tem de equilibrar os diferentes factores em relação ao uso do erário público. Temos de ver a tendência da situação económica”, frisou. Neste sentido, o secretário mostrou-se optimista quanto a um cenário de recuperação da crise económica. A situação económica “tende a estabilizar-se com a normalização das entradas e saídas nas fronteiras. Isso pode ajudar a situação das PME”, adiantou.

Zheng Anting foi um dos deputados que defendeu mudanças. “O Governo pensou noutras medidas para apoiar as PME? Parece-me que os requisitos não vão sofrer alterações. Não deveriam ser adoptadas medidas especiais para empresas que já estão à beira da falência?”, questionou.

Relativamente aos últimos 17 anos de apoio financeiro concedido a PME, Lei Wai Nong explicou que os empréstimos que ficaram por pagar representam apenas 1,1 por cento dos casos. “Os requerentes dão importância à sua reputação e querem evitar o crédito malparado”, concluiu.

5 Ago 2020

Deputados pedem regresso de vistos turísticos para quem vem de Guangdong 

[dropcap]O[/dropcap] debate de ontem na Assembleia Legislativa (AL) ficou marcado, no período antes da ordem do dia, pelo pedido de vários deputados do regresso da emissão dos vistos turísticos individuais por parte das autoridades de Guangdong para Macau.

Angela Leong, deputada e directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), foi uma das intervenientes. “Espera-se que as autoridades continuem a envidar esforços para negociar com o Interior da China e retomar a viabilidade da emissão de vistos de entrada em Macau para os residentes da Grande Baía”, defendeu.

De frisar que desde 15 de Julho vigora a isenção de quarentena entre Guangdong e Macau e foi retomado o processamento dos vistos de entrada dos residentes de Guangdong para Macau, à excepção dos turísticos.

A partir de 12 de Agosto, será retomado o processamento dos vistos para residentes de outras províncias. Contudo, para a deputada, isso não é suficiente para revitalizar a economia local, uma vez que “facilitam apenas a ida dos residentes de Macau para o interior da China, e só uma pequena quantidade de pessoas com visto de negócios ou de estudo pode vir a Macau”.

Também o deputado Si Ka Lon defendeu que se deve “continuar a pedir o apoio da pátria na retoma adequada dos vistos individuais”, lembrando a queda de 94,5 por cento das receitas do jogo em Julho. “A economia baseia-se na exportação de serviços, portanto, continuar sem turistas durante algum tempo será insustentável para muitos sectores. O Governo tem de informar a pátria da situação real da epidemia, da economia e da sociedade, e continuar a pedir o seu apoio na retoma gradual dos vistos individuais, começando por Guangdong”, apontou.

Apostar na Grande Baía

Também para o deputado Ho Ion Sang faz sentido que as autoridades de Macau e de Guangdong dialoguem para serem retomados os vistos na zona da Grande Baía, isto numa altura em que Hong Kong atravessa a terceira fase do surto epidémico, com o registo de centenas de novos casos de infecção por dia.

“Sob a premissa de que a epidemia está segura e controlada, sugiro ao Governo que dialogue com os serviços competentes do Interior da China para se dar preferência à emissão, pelas nove cidades na Grande Baía, de vistos para Macau e que depois se alargue a medida a toda a província de Guangdong”, disse.

Ho Ion Sang disse que a retoma da circulação entre Macau e Guangdong é um bom primeiro passo, mas não chega. “Para a verdadeira retoma do turismo é essencial reabrir os vistos individuais dos residentes do interior da China e recuperar as viagens transfronteiriças. Segundo o secretário para a Economia e Finanças, a retoma dos vistos faz parte dos planos do Governo, mas é preciso fazer bem a prevenção da pandemia”, concluiu.

5 Ago 2020

Covid-19 | MUST apela ao Governo por financiamento para vacina

Caso a vacina criada por investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e da Universidade Politécnica de Hong Kong seja viável para distribuição, os cidadãos locais podem ser dos primeiros a ter acesso. Mas isso implica investimento governamental. Foi uma das principais mensagens deixadas ontem pelo director da Faculdade de Medicina da MUST

 

[dropcap]O[/dropcap] caminho para se chegar a uma vacina viável implica investimento, e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) pediu ontem ao Executivo apoio financeiro para a próxima fase de investigação. “Se o Governo de Macau sentir que isto é algo que quer ajudar a impulsionar, pode comprometer-se para assegurarmos que quando tivermos uma vacina em cima da mesa os cidadãos de Macau vão ser dos primeiros a ter vacinas, em vez de esperarem um ano ou dois”, disse o director da Faculdade de Medicina da MUST, em conferência de imprensa. O responsável acrescentou ainda que a alternativa é esperar pela distribuição de outros países.

Mason Fok indicou que a universidade tem uma palavra a dizer a favor de uma reserva de vacinas para Macau e Hong Kong, mas que sem financiamento na equação “o argumento não é tão forte”. Pelas suas estimativas, uma vacina nova custa cerca de 600 milhões de dólares de Hong Kong.

Em causa está o anúncio feito esta semana de que uma pesquisa feita por investigadores da MUST e da Universidade Politécnica de Hong Kong, em colaboração com instituições chinesas, levou ao desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 que teve resultados positivos quando testada em animais.

O professor da MUST Kang Zhang, que integra a equipa, disse que até ao momento foram gastos dezenas de milhões de dólares americanos na investigação.

“Na nossa perspectiva, isto foi descoberto por um grupo de cientistas da China, Hong Kong e Macau, mas é uma pandemia global e não queremos produzir algo só para a região, mas também para a humanidade”, declarou Mason Fok. O director da faculdade de medicina avançou que em Fevereiro deste ano a MUST pediu um apoio de meio milhão de patacas ao Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia para o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, que foi rejeitado.

Mason Fok disse que ainda não foram iniciadas negociações com o Governo e que a universidade não foi abordada. Mas considera o investimento numa potencial vacina uma decisão fácil, frisando o impacto negativo que a pandemia teve na economia. “Quanto mais longa for a pandemia, maior o custo humano e económico”. Nesse contexto, descreve que apesar de compreenderem a forma de trabalho do Governo, não há tempo para discutir e esperar por especialistas. “Mesmo que não tenhamos sucesso, tentámos o nosso melhor, não estamos passivamente à espera”, argumentou.

Os Serviços de Saúde disseram recentemente que a RAEM mantém contacto com fabricantes de vacinas de diferentes locais, e não se comprometeram em chegar a um acordo com a MUST e o Instituto Politécnico de Hong Kong, sublinhando que as instituições estão em fase de ensaios clínicos.

Optimismo na viabilidade

“De momento, desenvolver uma vacina eficiente é a única forma de acabar esta pandemia”, afirmou Kang Zhang. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a 31 de Julho havia 26 vacinas candidatas a avaliação clínica, enquanto 139 vacinas estavam em análise pré-clínica.

O novo tipo de coronavírus liga-se às células do corpo humano através do domínio RBD, presente numa proteína. O objectivo da vacina da MUST e da Universidade Politécnica de Hong Kong é impedir a interacção através de anticorpos: “põe-se a pastilha à volta da chave para a impedir de entrar na fechadura”, explicou Kang Zhang.

Em termos técnicos, uma questão tem sido transversal na comunidade científica em matéria de inoculação: como fazer a vacina mais eficiente usando a menor quantidade possível de componentes do vírus, de forma a ser menos tóxica? De acordo com os resultados obtidos, a resposta imunitária era mais forte e tinha menos efeitos secundários se a vacina usar apenas a parte do domínio RBD. A vacina não revelou efeitos secundários quando testada em ratos, coelhos e macacos, em laboratórios no Interior da China. Kang Zhang esclareceu que os primatas que serviram de cobaia têm sido acompanhados durante três meses e estão bem. “Obviamente, aqueles a que não foram dadas vacinas ficaram muito doentes”, acrescentou.

Observando que, pelo menos, 140 das mais de 150 vacinas em desenvolvimento usam o vírus inteiro, o investigador defendeu que o mecanismo usado na colaboração em que a MUST está envolvida é melhor.

Questionado sobre o que motiva a maioria das investigações a seguir por outra via, fez uma analogia entre os milhões de dólares gastos no rumo pelo qual essas equipas seguiram e a dificuldade em mudar a direcção de um porta aviões. E acrescentou que ninguém quer dar sinais de estar a falhar “nesta corrida”.

Mason Fok explicou que alguns dos outros métodos nunca foram usados para vacinas. Já o produto em desenvolvimento conjunto com a MUST usa um método tradicional, à base de proteína, estimando assim que tenha um custo-benefício aceitável. Desconhece-se o tempo de imunidade gerado, mas o director estima que seja “por um período de tempo significativo”, sublinhando a segurança que tem no método.

Procuram-se fabricantes

Os ensaios clínicos em pessoas devem começar no espaço de meses ou semanas e abranger entre 10 mil a 30 mil indivíduos. A MUST está em negociações com um fabricante de vacinas em Taiwan para a produção destinada aos ensaios, que provavelmente não fará a distribuição mundial.

O Brasil e a África do Sul são dois países equacionados para fazer testes em humanos, algo que em Macau é impossível porque não existem casos.

Embora Kang Zhang não exclua cenários, apontou dificuldades em relação aos EUA, como potencial local para testes, “por causa de algumas situações” entre esse país e a China.

Os ensaios clínicos têm três fases. Na primeira demonstra-se a segurança do produto administrado às pessoas, na segunda determina-se a dosagem, enquanto a terceira avalia a eficácia da vacina para se atingir imunidade. O investigador da MUST disse que as segunda e terceira fases vão ser combinadas. Os resultados precisam depois ser analisados antes de receberem aprovação para produção em larga escala.

“Há muitos anos que dizemos ao Governo que devemos ter as nossas instalações de produção de vacinas (…). Não temos instalações para tal, não temos órgãos regulatórios. Mesmo que produzamos algo, quem vai certificar? (…) Por isso há muitas limitações para se fazer uma vacina localmente ou regionalmente. Temos de procurar parceiros internacionais”, disse Mason Fok.

O director da faculdade de medicina comentou que nos EUA há regras a definir que as vacinas se destinam a dar prioridade aos cidadãos norte-americanos, depois para os aliados europeus, deixando o resto do mundo para o fim. Um cenário que aponta para uma espera de cerca de um ano até Macau ter acesso à vacina.

5 Ago 2020

Pandemia obriga ao prolongamento dos trabalhos da AL até ao dia 15 de Setembro

[dropcap]O[/dropcap]s deputados aprovaram hoje uma deliberação que prolonga os trabalhos da VI Legislatura até ao dia 15 de Setembro devido ao encerramento temporário da Assembleia Legislativa (AL) por causa da pandemia da covid-19. Segundo o calendário habitual, a AL iria encerrar para férias a partir do dia 15 deste mês.

Kou Hoi In, presidente da AL, disse ontem que a pandemia da covid-19 trouxe “limitações” aos trabalhos dos deputados, que decidiram prolongar os trabalhos para analisar na especialidade 11 propostas de lei que estão distribuídas pelas três comissões permanentes, dada a sua “relevância social”.

A AL mantém-se, assim, em pleno funcionamento não apenas para debater e analisar estes diplomas mas para se debruçar também sobre “situações de urgência”, não estando prevista a discussão de outras propostas de lei.

Os diplomas que serão concluídos ainda nesta actual legislatura são as alterações ao regime das carreiras especiais da Polícia Judiciária, bem como outros diplomas ligados a esta entidade, bem como o regime da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Na agenda está também a conclusão da revisão do Estatuto das escolas particulares do ensino não superior, da Lei da actividade dos estabelecimentos hoteleiros ou da Lei da actividade de agência de emprego”, entre outras propostas de lei.

4 Ago 2020

Covid-19 | As sugestões dos deputados para a recuperação da crise

Criar um 2º Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM, planear a compra de vacinas e o desenvolvimento do turismo, melhorar a passagem nas fronteiras. Eis as sugestões dos deputados para a recuperação da crise que Macau atravessa devido à covid-19

 

[dropcap]V[/dropcap]ários deputados apresentaram hoje na Assembleia Legislativa sugestões para a recuperação da crise económica que Macau atravessa devido à covid-19. Além de defenderem o regresso dos vistos turísticos emitidos por Guangdong, foram feitas várias propostas para a recuperação do sector do turismo e do jogo, sem esquecer a melhoria do desemprego.

Para o deputado Ho Ion Sang, o Executivo “deve planear bem o desenvolvimento do turismo e explorar mais projectos turísticos de alta qualidade”, bem como “aumentar as experiências e os produtos turísticos com vista a atrair mais turistas ao consumo e prolongar a sua estadia em Macau”.

Ho Ion Sang, que representa a União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), acrescentou que o Governo deve fazer um estudo “sobre o lançamento de roteiros turísticos de ‘visita entre Macau e Hengqing’ e ‘itinerários turísticos com paragens nas várias cidades da Grande Baía’”. Tudo para que “as actividades turísticas se estendam a outras regiões e se ofereça mais opções aos residentes, apoiando-se assim o sector turístico local na sua rápida recuperação”.

Já Mak Soi Kun pede a facilitação da passagem entre fronteiras para “recuperar a economia”, fazendo referência ao aumento das quotas diárias para a passagem de veículos com dupla matrícula. Nesse sentido, o deputado acredita que o Governo pode negociar com o interior da China a implementação “a título experimental, de um novo modelo de passagem e triagem dos veículos com dupla matrícula”. Esse modelo passaria por um “sistema de marcação prévia on-line ou através de aplicações de telemóvel”.

Um 2º Plano Quinquenal

Para o deputado Si Ka Lon, a resolução da crise pode passar pela implementação, por parte de Ho Iat Seng, de um 2º Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM, em linha com o que o primeiro Plano de Desenvolvimento Quinquenal implementado por Chui Sai On.

Na área da saúde pública, o deputado acredita que se devem “preparar bem os procedimentos para a aquisição de vacinas e sistema de vacinação”. “O Governo está a acompanhar de perto a evolução da situação mas ainda não foram divulgadas informações sobre a aquisição de vacinas. Muitos residentes estão preocupados com as medidas a adoptar pelo Governo”, frisou Si Ka Lon.

Joey Lao, deputado nomeado e economista, defendeu a aposta na austeridade e a necessidade de “colocar os recursos [públicos] no lugar devido”. Relativamente ao desemprego, que actualmente se situa nos 2,5 por cento, Joey Lao pede “atenção redobrada” por parte do Executivo. “Os dados estatísticos podem não reflectir completamente a situação mais recente e as taxas de desemprego e subemprego continuam a subir.”

O deputado acredita ainda que a recuperação económica de Macau passa pela integração com o interior da China. “O Governo da RAEM pode acelerar a sua integração no desenvolvimento do País para participar na sua economia interna, por forma a concretizar a recuperação económica.” Ao nível do turismo, Joey Lao defende a implementação de um “plano de ‘bolha turística’ regional” e a retoma “do intercâmbio de turistas com os países e regiões onde a epidemia está estável e controlada”.

4 Ago 2020

Covid-19 | Aumento de voos para Europa no final do mês

No final de Agosto, a frequência de voos para a Europa e EUA vai aumentar, para dar resposta aos alunos que precisam deslocar-se ao estrangeiro para estudar. Por outro lado, foram ontem anunciadas medidas mais apertadas para quem vem de Hong Kong

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de negociações com o sector aéreo, está programado o aumento da frequência de voos para a Europa e Estados Unidos no fim deste mês, com escalas em Taipé ou Seul. A medida visa responder à necessidade de alguns estudantes que estudam no estrangeiro. “Penso que as companhias aéreas vão arranjar voos de acordo com as necessidades reais”, disse ontem Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo, na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência.

Quanto às companhias aéreas envolvidas, a responsável disse apenas que a Eva Air vai aumentar a frequência e que os detalhes serão anunciados “em breve”. Houve cerca de 30 pedidos de ajuda de estudantes.

O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse à Lusa que, pelo menos, duas dezenas de alunos aguardavam informações sobre como deixar o território para frequentar estudos superiores em Portugal.

Alguns pediram informação ao consulado. “Temos conhecimento de cerca de 20 casos que nos foram comunicados pela Escola Portuguesa de Macau”, disse Paulo Cunha Alves à agência noticiosa, acrescentando que “é difícil estimar” o total de alunos afectados.

“Estamos em contacto com as autoridades da RAEM para as sensibilizar para o assunto, embora existam outras possibilidades, como seja o cumprimento da quarentena em Hong Kong antes de viajar para a Europa ou tentar efectuar ligações aéreas via Taipei ou Seul, a partir do aeroporto internacional de Macau”, referiu.

Medidas mais apertadas

A situação epidémica de Hong Kong motivou medidas mais apertadas. A partir de hoje, quem entrar em Macau vindo de Hong Kong têm de apresentar resultado negativo de teste de ácido nucleico emitido nas últimas 72 horas. Mantêm-se inalteradas as medidas de observação médica para quem passou por Hong Kong nos 14 dias anteriores à chegada a Macau.

Para além disso, foi adoptada uma medida de gestão de circuito fechado para os navios de carga. Com base na nova política, os tripulantes que pretenderem desembarcar serão transportados por veículo especial para um local onde podem descansar. O objectivo é assegurar que não se deslocam entre a comunidade “para reduzir o risco de contaminação”. “Como dependemos dos produtos que transportam no dia-a-dia, todas as despesas para quarentena dessas pessoas em local designado vão ser assumidas pelo Governo de Macau”, esclareceu Leong Iek Hou.

A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença avançou ontem a entrada das províncias de Xinjiang e Liaoning na lista de territórios de alto risco. Quem se tiver deslocado às províncias em fica sujeito a quarentena quando entrar em Macau.

Vacinas | Alvis Lo afasta preocupações em relação ao local de produção

“Quando houver vacina vamos lançar programa de vacinação”, disse ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, acrescentando que vai ser dada prioridade à população com risco mais alto. Leong Iek Hou comentou que actualmente todas as vacinas são facultativas, mas espera que quando existirem contra a covid-19 os cidadãos sigam as orientações.

Questionado sobre a confiança dos cidadãos numa eventual vacina criada pela China Continental, Alvis Lo respondeu que não se deve ter em conta o local de produção. “Há pelo menos cinco tipos de vacinas com efeito muito positivo. (…) Temos de observar o seu resultado”. O médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário apelou aos cidadãos para não se preocuparem, garantindo que o Governo vai negociar com diferentes entidades. “O nosso objectivo é adquirir vacinas seguras e efectivas”, declarou.

“Um instituto local de ensino superior obteve resultados, estamos muito motivados”, disse o médico. O responsável comentou que o Governo da RAEM mantém contacto com fabricantes do Interior da China e estrangeiros, remetendo mais informações para depois de as vacinas cumprirem os requisitos de produção e entrada no mercado. Em relação à pesquisa feita pela MUST em parceria com o Instituto Politécnico de Hong Kong, Alvis Lo sublinhou que estão na fase de ensaios clínicos. “Não podemos já dizer que vamos chegar a um acordo com as universidades”, rematou.

4 Ago 2020

Consulado-geral de Portugal em Macau recebe pedidos de ajuda de alunos portugueses

[dropcap]P[/dropcap]elo menos duas dezenas de alunos em Macau aguardam para saber como poderão deixar o território a fim de frequentar estudos superiores em Portugal, tendo alguns contactado o consulado com pedidos de informação, disse à Lusa o cônsul.

“Temos conhecimento de cerca de 20 casos que nos foram comunicados pela Escola Portuguesa de Macau”, disse o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, precisando no entanto que “é difícil estimar” o total de alunos afectados pelas restrições às viagens impostas no território devido à pandemia de covid-19.

De acordo com o diplomata, ao consulado têm chegado “alguns pedidos de informação” de alunos, numa altura em que as autoridades da RAEM anunciaram ser pouco provável que venha a ser reaberto um corredor marítimo com Hong Kong, de onde saem a maioria dos voos internacionais.

“Estamos em contacto com as autoridades da RAEM para as sensibilizar para o assunto, embora existam outras possibilidades, como seja o cumprimento da quarentena em Hong Kong antes de viajar para a Europa ou tentar efectuar ligações aéreas via Taipei [capital de Taiwan] ou Seul [capital da Coreia do Sul], a partir do aeroporto internacional de Macau”, referiu ainda Paulo Cunha Alves.

As autoridades de Macau anunciaram hoje que estão a negociar o aumento de ligações aéreas com a Europa e os Estados Unidos para dar resposta aos estudantes nesta situação.

“Atendendo ao facto de que alguns estudantes necessitam de ir para o estrangeiro para prosseguir os seus estudos, depois das férias de verão, após negociações feitas com o sector aéreo […], está programado um aumento de frequência de voos para a Europa e os Estados Unidos, com as escalas feitas em Taipé ou Seul, em finais de Agosto e início de Setembro”, divulgaram hoje as autoridades de Saúde do território, remetendo mais informações para as agências de viagens. Nos últimos dias, as autoridades de Macau receberam “30 pedidos [de informação] por parte de estudantes”.

3 Ago 2020

Racionalização orçamental e serviços públicos a ‘meio gás’ afectam apoios da Fundação Macau

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Macau disse à Lusa que a quebra de cerca de dois terços nos apoios às instituições no primeiro semestre justifica-se com a racionalização orçamental e os serviços públicos a ‘meio gás’, devido à covid-19.

“Durante o período de Janeiro até Junho de 2020, por causa da influência da covid-19, as associações diminuíram os pedidos de apoio financeiro para realizar actividades”, informou à Lusa a instituição, que tem como finalidade a promoção, o desenvolvimento e o estudo de acções de carácter cultural, social, económico, educativo, científico, académico e filantrópico que visem a promoção de Macau.

A instituição explicou ainda que, até Março, os serviços públicos forneceram serviços limitados por causa da epidemia no território e que, por essa razão, “o progresso da revisão e do financiamento de subsídios […] também foram afectados”.

Numa primeira fase, de forma a travar o surto de covid-19, em Fevereiro, as autoridades da capital mundial do jogo avançaram para medidas que acabaram, praticamente, por paralisar a economia, como o fecho por 15 dias dos casinos, em Fevereiro. As escolas fecharam, os estabelecimentos de diversão nocturna também e a esmagadora maioria dos funcionários públicos passou a trabalhar a partir de casa.

A Fundação Macau distribuiu cerca de 410 milhões de patacas a instituições do território durante o primeiro semestre, uma quebra de quase 70% em relação aos seis primeiros meses de 2019. De acordo com o boletim oficial, no segundo trimestre alocou 218,7 milhões de patacas, em comparação com os 634 milhões de apoios financeiros no período homólogo do ano anterior.

Questionada pela Lusa, a Fundação Macau explicou que os apoios concedidos foram centrados em três características: “benefícios sociais, racionalidade orçamentária e capacidade de execução do candidato”.

“Por outro lado, a fim de diminuir o risco de propagação da covid-19”, explicou a Fundação, foram evitados financiamentos de grandes aglomerações ou que envolvessem “o movimento transfronteiriço de pessoas”.

3 Ago 2020

Covid-19 | China detecta 43 casos nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China registou 43 novos casos confirmados de coronavírus no domingo, 28 dos quais contágios locais na região oeste de Xinjiang, onde um surto surgiu há três semanas, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

Todos os casos em Xinjiang ocorreram por contágio local, tal como outros oito, em Liaoning, na província nordeste da China, o outro surto ativo no país. O país identificou ainda sete casos entre viajantes oriundos do exterior.

As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite local, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número total de casos ativos na China continental se fixou em 781, entre os quais 35 permanecem em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.428 pessoas infectadas oficialmente diagnosticadas na China.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 685 mil mortos e infectou mais de 18 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

3 Ago 2020

Covid-19 | Filipinas anunciam novo confinamento rigoroso em Manila após recorde diário de casos

[dropcap]O[/dropcap] Governo Filipino anunciou hoje que Manila e as províncias que rodeiam a capital do país vão regressar ao confinamento rigoroso, tendo em conta o aumento dos contágios da covid-19, que agora ultrapassam os 100.000 no país.

As Filipinas acrescentaram no domingo mais de 5.000 novos casos, um recorde diário, e acumularam um total de 103.000 infeções, incluindo mais de 2.000 mortes, um dos saldos mais elevados do Sudeste Asiático.

Manila e as províncias de Bulacan, Cavite, Laguna e Rizal regressarão terça-feira ao confinamento até 18 de agosto, depois de 80 das associações médicas do país, representando milhares de médicos e enfermeiros, terem assinado no sábado uma declaração conjunta apelando a uma nova abordagem à covid-19, uma vez que após cinco meses os hospitais estão superlotados e o pessoal médico exausto.

“Compreendo perfeitamente porque é que os nossos trabalhadores da saúde estão a pedir uma pausa. Estão na linha da frente há meses e estão exaustos”, disse o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Apesar de ter imposto um dos confinamentos mais longos e rigorosos do mundo – cinco meses na capital – as Filipinas são o único país da região que ainda não quebrou a curva de infeção, que tem vindo a aumentar constantemente desde março, devido a deficiências nos testes e no rastreio de contactos.

A fase de confinamento aprovada para a capital e arredores – onde se concentra 67% da atividade industrial do país – restringe completamente a circulação, os transportes públicos são suspensos e apenas um membro de cada família é autorizado a sair e comprar artigos essenciais, pelo que os estabelecimentos que tinham voltado a funcionar a 30% da sua capacidade em junho, tais como lojas, cabeleireiros e restaurantes, serão novamente encerrados.

3 Ago 2020

Jogador português na China infectado com o novo coronavírus

[dropcap]O[/dropcap] futebolista luso-cabo-verdiano Hildeberto Pereira, que se transferiu na semana passada do Vitória de Setúbal para a China, está infectado com o novo coronavírus, referiu no sábado a imprensa chinesa.

Num comunicado, a Comissão Municipal de Saúde de Guangzhou, cidade no sul da China, revelou o resultado positivo do teste feito a um futebolista estrangeiro de 24 anos, que partiu de Portugal a 28 de Julho e aterrou em Guangzhou no dia seguinte, após passar pelo aeroporto de Amesterdão, nos Países Baixos.

Após aterrar, o futebolista seguiu para um local indicado pelas autoridades, onde iria cumprir a quarentena obrigatória de 14 dias. Após a confirmação do resultado positivo do teste, o homem foi transferido para um hospital de Guangzhou, refere o comunicado.

Segundo o jornal chinês Dalian Evening News, o futebolista em causa é Hildeberto Pereira, que assinou contrato com o Kunshan FC, do segundo escalão do futebol chinês, a China League One. O arranque da temporada de 2020 do futebol chinês foi suspenso após o surto de covid-19.

A Superliga chinesa, na qual atuam o defesa Daniel Carriço e o treinador Vítor Pereira, regressou a 25 de Julho, embora num formato mais curto, com os 16 clubes divididos em dois grupos, cujas equipas irão jogar duas vezes entre si, sempre sem público, em apenas duas cidades: Dalian e Suzhou. Não há ainda data de arranque para os restantes escalões do futebol chinês, incluindo a China League One.

3 Ago 2020

A Covid-19 e economia (I)

“Mankind does not reflect upon questions of economic and social organization until compelled to do so by the sharp pressure of some practical emergency.”
Richard Henry Tawney
Religion and the Rise of Capitalism

 

[dropcap]O[/dropcap] grande economista italiano, Federico Caffè, amargamente polémico contra uma ciência económica que fez desaparecer as pessoas por detrás dos números considerava que ser economista, significava colocar o trabalho e o bem-estar das pessoas em primeiro plano. O pensamento económico fazia sentido se o seu objectivo fosse o combate à pobreza, ao desemprego e ao sofrimento da humanidade.

Infelizmente, a corrente económica tomou um caminho diferente e continuou a dar prioridade aos números, e orientou as práticas dos governos e dos poderosos, justificando a enorme concentração da maior parte da riqueza do mundo em poucas mãos. Leu a globalização como uma prática em que todos poderiam ganhar, confiando na lógica pura do mercado e na forma como os negócios e as finanças tendiam a maximizar os lucros.

A reorganização das cadeias de produção à escala global, procurando lugares no mundo onde fosse possível produzir a menor custo, era vista como uma operação que beneficiaria toda a gente; que aumentaria a capacidade de obter lucros daqueles que detinham o poder e a riqueza; ao mesmo tempo permitiria o desenvolvimento industrial dos países mais pobres e a manutenção de preços mais baixos ao consumidor nos países desenvolvidos; valorizou, do ponto de vista turístico e residencial, talvez para os idosos que lutavam nos seus países para viver das suas pensões, lugares no mundo esquecidos por Deus; ensinou os pobres a tirar o maior proveito possível dos seus recursos naturais, transformando as práticas tradicionais de sobrevivência em agricultura industrial de grande escala, criação intensiva de gado, trazendo também à tona formas de individualismo consumista nesses países, em detrimento de antigos laços comunitários; os indivíduos perdidos nas megalópoles, arrancados das suas aldeias e a possibilidade de viverem do seu trabalho nas suas terras.

Tudo se baseia na previsão de crescimento infinito. E quando o crescimento da economia real abranda, o centro da economia desloca-se para as finanças. E as decisões mais importantes para o trabalho e a vida das pessoas concentram-se nas mãos cada vez mais distantes e invisíveis dos senhores do crédito e da bolsa, que são, entre outras, aqueles que sabem utilizar e explorar o poder dos algoritmos melhor e mais rapidamente do que qualquer outro. A crença de que a financeirização da economia continuaria o crescimento atrofiado, foi a forte ideia que fez aceitar esta expropriação gigantesca do poder dos Estados e dos cidadãos. Tudo começou no final da “era dourada”, a era do pós-guerra no início dos anos de1970, quando o aumento da produção também trouxe consigo um aumento do emprego, rendimento e consumo. O aumento do preço do petróleo e das matérias-primas restringiu as margens de lucro, assim como a possibilidade de redistribuição de algumas delas aos trabalhadores.

A automação industrial reduziu o emprego necessário para a produção de bens de consumo e de capital. As novas tecnologias de informação e comunicação e a contentorização da logística permitiram manter juntos ciclos de produção que tiveram as suas fábricas espalhadas pelo mundo, numa procura contínua de locais onde o trabalho custou menos e o limiar dos direitos sociais foi mais baixo. O número de consumidores solventes foi reduzido. Fomos confrontados, pelo menos nos pontos altos do desenvolvimento capitalista, com uma crise cada vez mais evidente de superprodução. E é então que a procura do lucro é libertada de qualquer responsabilidade para com os trabalhadores, o território e os países.

A única responsabilidade é para com os detentores de grandes participações. Uma transição que nos diz bem, com um certo avanço sobre a mesma análise económica, “Pretty Woman”, o filme mais culto do início dos anos de 1990. Richard Gere e o seu parceiro aprenderam que o dinheiro é feito com dinheiro, e que a produção, a cidade, os trabalhadores são pura sorte no ciclo de valorização do capital. Compram fábricas para as desembrulhar, e transformam a produção material em dinheiro para serem valorizadas nesse circuito de grandes finanças onde em poucos segundos trocam valores iguais ao PIB de todos os países do mundo.

A esta concepção abstracta da valorização do capital corresponde uma concepção igualmente abstracta do amor. Na verdade, Richard vai às prostitutas. Então as regras de Hollywood prevalecem sobre a realidade. Richard Gere é demasiado bem-parecido para ser apenas um pedaço de carne, e Julia Roberts é demasiado glamorosa para acabar por ser uma prostituta. E o amor que se torna uma verdadeira relação entre as pessoas é correspondido pelo regresso do especulador, que devolve a fábrica ao antigo patrão, ainda convencido de que para ganhar dinheiro era preciso fazer os trabalhadores trabalhar e produzir bens. Uns finais felizes que a América e a moda ainda queriam ouvir. As coisas, como é bem sabido, não se resolveram dessa forma. As fábricas de Detroit tornaram-se cidades fantasmas.

A produção em massa deslocou-se para países sem assistência social e sem sindicatos, onde centenas de trabalhadores podem incendiar-se em armazéns dilapidados. São os Richard Geres não redimidos pelo amor que fazem o dinheiro ir para todo o mundo e continuar a ir para as prostitutas. Os estados competem para interceptar uma parte do fluxo. Ao competir com aqueles que cobram menos impostos, os que reduzem as taxas, os que baixam os seus limiares de bem-estar. Mas era necessário encontrar uma forma de convencer até os cidadãos do Ocidente de que esse fluxo de riqueza também seria bom, que o crescimento da riqueza lhes permitiria manter o seu modo de vida, esse modo de vida americano agora generalizado no mundo, para defender os Estados Unidos, e não só, que também são legítimos para fazer guerras. O recurso à dívida nasce a nível das massas.

O que não é apenas um problema para os Estados. Mas é a consequência quase inevitável dos longos anos em que os trabalhadores foram convidados a ganhar menos e a consumir mais. Em que surgiram supermercados em vez de fábricas. Em que a identidade das pessoas passava cada vez mais do trabalho para o consumo. A crise financeira do subprime, das hipotecas desfeitas para que mesmo aqueles que não tinham dinheiro para comprar casas pudesse comprá-las, dos cartões de crédito aparentemente sem fundo, e das hipotecas que nunca foram reembolsadas. Porque a valorização do capital necessita que mesmo aqueles que vêem os seus rendimentos reduzidos, os que perdem os seus empregos, continuem a consumir.

Quando termina o sonho de uma melhoria colectiva das condições de trabalho e de vida, e uma vez acabada a era que tinha visto crescer a classe média, os pobres são convidados a ter os sonhos dos ricos. Consumidores em dívida para com os sonhos dos ricos, sonhos que a publicidade e os meios de comunicação social lhes apresentam todos os dias como pré-requisitos para uma vida decente, são, no entanto, a longo prazo, devedores insolventes. E a maioria dos Estados que estão cada vez mais dependentes dos créditos das grandes finanças internacionais estão também a tornar-se rapidamente insolventes. A crise financeira de 2008 resultou da acumulação de insolvência, que acabou por ser determinada pela manutenção do horizonte de crescimento infinito, enquanto os factores que o crescimento real podia suportar estavam a diminuir rapidamente.

A resposta foi mais uma vez predominantemente financeira, mas pelo menos nessa altura foi construída alguma forma de cooperação entre Estados e instituições económicas internacionais para encontrar uma resposta coordenada à crise. O governo dos Estados Unidos avançou rapidamente, tendo o ex-presidente Bush convocado o G20 para implementar uma estratégia coordenada para evitar que o colapso do sistema financeiro dos Estados Unidos conduzisse ao colapso de toda a economia global. A liderança política americana parecia estar consciente de que uma catástrofe nascida no interior das suas fronteiras poderia dominar o mundo, e que isto teria efeitos perturbadores na própria economia dos Estados Unidos a longo prazo. Os limites e contradições dessa resposta têm sido examinados há muito tempo.

Acima de tudo, o facto de os instrumentos financeiros e as dívidas vivas para travar a crise financeira terem sido depois transmitidos, através de sucessivas políticas de austeridade, aos cidadãos mais pobres, que eram mais do que culpados por essa crise. Mas a diferença fundamental entre essa crise e esta é que a primeira era principalmente financeira, e o restabelecimento da ordem nas finanças parecia e talvez fosse a principal necessidade. A crise actual, por outro lado, nasceu e afecta a economia real e nada é mais real do que a vida das pessoas, bloqueia as formas habituais de produção de rendimento e consumo, e torna-se financeira atirando para as mesas das autoridades monetárias internacionais, finanças globais, nas mesmas listas da bolsa, milhares de mortos e um grande número de actividades produtivas de bens e serviços, bens agrícolas e industriais, comércio e turismo, à beira da falência. E explica porque é que, apesar das injecções maciças de liquidez, da queda drástica das taxas de juro, a bolsa americana continua a estar em vermelho profundo, e as taxas de desemprego nos Estados Unidos estão a aumentar exponencialmente.

Nem na América nem na Europa podem os instrumentos monetários e financeiros resolver a crise. Isso já estava a acontecer no mundo antes da Covid-19 e os fenómenos, como o enorme alongamento das cadeias de produção que tinha afectado os salários dos trabalhadores no Ocidente e causado o êxodo de muitas empresas em todo o mundo, o crescimento cada vez mais rápido da China que se tinha tornado o principal motor da economia globalizada e o abrandamento no resto do mundo do ritmo de crescimento tinha reagido com o regresso do proteccionismo. Os deveres, o encerramento das fronteiras às pessoas e em alguns casos também às mercadorias, até a uma verdadeira guerra comercial entre países e continentes. A ideologia win-win do neoliberalismo triunfante, que prometia crescimento e bem-estar a todos, foi seguida pelos “mors tua vita mea”. Jenny Offil num belo e recente romance, “Weather”” “Pergunta. Qual é a filosofia do capitalismo tardio? Resposta. Dois caminhantes vêem um urso faminto a uma curta distância.

Um deles tira os seus sapatos de corrida da mochila e calça-os. “Não se pode correr mais depressa que um urso” diz o seu parceiro. “Só tenho de correr mais depressa do que tu”, diz ele.” O Estado, cujo papel económico e social tinha sido negado por Reagan e Thatcher, reaparece juntamente com a reafirmação do nacionalismo. Os soberanistas, a começar por Trump e Johnson, muito mais perigosos que os soberanos fascistas da Europa Oriental, afirmam a primazia da sua própria nação sobre todas as outras, e a defesa dos interesses dos seus cidadãos prevalece sobre todas as outras considerações e faz com que qualquer apelo à solidariedade internacional seja em vão. Este facto tem tido algumas consequências na gestão da própria pandemia. Durante algum tempo Trump e Johnson colocaram a preservação da competitividade da sua economia acima da defesa da saúde dos seus cidadãos e dos cidadãos do mundo. E é o nacionalismo competitivo, para além dos erros de organizações únicas, que provocou o enfraquecimento de todas as instituições internacionais destinadas a proteger a saúde e o ambiente, auxiliando e difundindo a educação e a cultura como a OMS, UNICEF e UNESCO.

A Covid-19 e as dificuldades económicas que se seguirão estão destinados, na situação actual, a acentuar estas tendências e a tornar a guerra comercial ainda mais aguda, principalmente entre os Estados Unidos e a China e com todos os vários actores a medir os seus músculos nesta guerra. A começar pela competição selvagem em curso para o controlo das matérias-primas e dos recursos naturais. O petróleo, as florestas e a água estarão no centro da luta com algumas consequências desastrosas para África e para a maior parte da América Latina. O extractivismo, a flexão de cada recurso natural e cultural para a valorização económica capitalista, aumentará de intensidade. E a lógica da globalização continuará inexoravelmente, que tem destruído progressivamente a economia de subsistência, provocando o êxodo para as megalópoles do Terceiro Mundo de milhões de camponeses, concentrando a produção de riqueza no petróleo, nos recursos minerais, no cultivo de produtos exportáveis no Ocidente, na China e na Rússia.

Tudo isto é uma das causas generativas do aquecimento global e da desertificação nesses países, bem como de muitas guerras, com a consequência de que alistar-se nos exércitos de ditadores e nas fileiras do Islão fundamentalista ou fugir para o Ocidente são a única forma de milhões de jovens africanos sobreviverem. Se o mundo dentro e depois da Covid-19 for este, a Europa arrisca-se a ficar para sempre à margem. E nenhuma medida financeira pode conseguir resolver este nó que faz da Europa, para não falar de países individualmente, um pote de panelas que colide com panelas de ferro. Para recomeçar, precisa de se repensar e passar realmente da lógica da concorrência, a da compreensão que ainda impede a adopção de medidas comuns sérias e incisivas, para a da cooperação e da solidariedade. Face a isto, pensar em termos puramente financeiros e monetários parece muito limitado.

O aumento da liquidez não resolve o problema da insolvência previsível da maioria das pequenas e médias empresas. Deve ser considerada a intervenção directa dos Estados-Membros, apoiada por recursos disponibilizados pela Europa muito acima dos setecentos e cinquenta mil milhões de euros, que garantiriam a protecção dos trabalhadores e das empresas contra a perda de rendimentos resultante da cessação da produção e da actividade comercial causada pela Covid-19, como os agricultores afectados pela doença das vacas loucas e outras catástrofes naturais, ou os habitantes de cidades e aldeias varridas por terramotos ou inundações, foram compensados. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referiu-se repetidamente à necessidade de um Plano Marshall Europeu. Deve-se recordar que o Plano Marshall foi em grande parte uma transferência directa de recursos dos Estados Unidos para a Europa, os mais fortes e ricos da época, na crença de que era do seu interesse ressuscitar toda a Europa dos escombros da guerra dado ser mercado para as suas exportações, parceiro produtivo na nova economia industrial triunfante e aliado na nova divisão do mundo em áreas de influência.

Um Plano Marshall Europeu só é possível se os países mais ricos da Europa, e antes de mais a Alemanha, aqueles que se opõem à mutualização comum da dívida (os chamados Eurobonds, que são muito menos abrangentes do que o Plano Marshall), reconhecerem a necessidade no seu interesse, de os países do Sul da Europa manterem a sua vitalidade económica ao mais alto nível possível. Um caminho decididamente diferente daquele que caracterizou as intervenções em resposta à crise financeira de 2008, que ultrapassou decisivamente a lógica dos empréstimos condicionados à transferência de poder e à redução da despesa pública e do bem-estar, e que viu a Europa dividir-se entre países do Norte e países mediterrânicos com graves consequências para a vida e as instituições sociais destes últimos. Não só da Grécia.

As reduções nos cuidados de saúde, educação e investigação são também filhos dessa história. Mesmo os grandes intérpretes da Europa competitiva e orientada para o mercado estão convencidos de que é necessário mudar a arma. O ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi em particular, com o seu discurso no “Financial Times”, explicou que a recessão é agora inevitável, e que a única forma de não se transformar numa depressão sem fim são intervenções estatais decisivas que absorvam, através de um aumento da dívida pública, as crescentes dívidas privadas, dos cidadãos certamente, mas especialmente das empresas e bancos. São convidados a tornar-se um instrumento de política pública, concedendo crédito ao sistema empresarial mesmo sem garantias, mas com a garantia de que o Estado assumirá as insolvências.

Alguma esquerda italiana até aplaudiu, saudando o regresso de Draghi, um antigo aluno de Federico Caffè, à órbita cultural do seu antigo mestre. Na verdade, a proposta do “Super Mario”, como muitos meios de comunicação italianos lhe chamam, pareceu a tentativa mais sensata para o regresso à normalidade económica atingida pela crise pandémica, da qual ninguém se sente culpado de forma alguma, nem mesmo aqueles que saquearam a Terra e feriram profundamente os ecossistemas em nome do crescimento infinito do fantasma. Se ninguém for responsável, se tudo o que temos de fazer é restaurar o funcionamento normal da economia, ninguém terá de pagar. E no entanto, mais cedo ou mais tarde, alguém irá pagar pelo aumento das dívidas.

3 Ago 2020

Receitas do jogo caem 94,5 por cento em Julho

[dropcap]A[/dropcap]s receitas do jogo em Macau caíram 94,5 por cento em Julho, em relação a igual período de 2019, dados divulgados este sábado pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Os números apontam ainda que nos primeiros sete meses do ano as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8%, um resultado que se justifica pelo impacto da pandemia do novo coronavírus, num território com fortes restrições nas fronteiras para conter a covid-19.

Se em Julho de 2019 as operadoras que exploram o jogo no antigo território administrado por Portugal tinham arrecadado 134,4 mil milhões de patacas, agora a receita bruta ficou-se pelos 24,4 mil milhões de patacas.

De acordo com a DICJ, contudo, o mês de Julho não foi o pior do ano. No mês anterior os casinos já haviam registado uma queda de 97% das receitas, angariando apenas 716 milhões de patacas, menos cerca de 23 mil milhões de patacas do que em Junho de 2019.

Os casinos de Macau fecharam 2019 com receitas de 292,4 mil milhões de patacas. Com os vistos turísticos da China para Macau suspensos, o número de visitantes provenientes do interior da China chegou a cair em maio 99,4%, em termos anuais.

2 Ago 2020

Covid-19 | China detecta 49 casos nas últimas 24 horas, 33 são contágios locais

[dropcap]A[/dropcap] China registou 49 novos casos confirmados de coronavírus no sábado, 33 deles contágios locais na região oeste de Xinjiang e na província nordeste de Liaoning, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Os números das últimas 24 horas dados representam um aumento de quatro casos em relação a sexta-feira, mas bem abaixo daqueles registados nos três dias anteriores, sempre acima de 100 contágios diários.

Entre os 33 contágios locais, 30 foram detetados em Xinjiang e três em Liaoning. Dois dos casos importados foram identificados em Cantão, na província de Guangdong, vizinha de Macau.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 680 mil mortos e infetou mais de 17,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Casos aumentam na Índia

No que diz respeito à Índia, o número total de infectados no país já é superior a 1,75 milhões após outro pico de contágios de 54.735 registados nas últimas 24 horas, anunciados hoje pelas autoridades de saúde. O Ministério da Saúde também registou 853 mortes num só dia, totalizando 37.364 desde o início da pandemia. Somente o mês de julho foi responsável por mais de 1,1 milhão de casos na Índia.

2 Ago 2020

Covid-19 | China detecta mais de 100 casos pelo terceiro dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China identificou, nas últimas 24 horas, 127 casos de covid-19, o terceiro dia consecutivo com mais de 100 casos, a grande maioria em Xinjiang, no noroeste do país, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. A região autónoma de Xinjiang contou 112 novos casos. Na província de Liaoning, no nordeste da China, foram diagnosticados mais 11. Todos estes casos ocorreram por contágio local.

O país detectou ainda quatro casos entre viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 105 casos na quarta-feira, 101 na terça-feira e 68 na segunda-feira. A mesma fonte detalhou que, até à meia-noite, 17 pacientes receberam alta e oito deram entrada em estado grave.

O número total de casos activos na China continental fixou-se em 684, entre os quais 41 estão em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, entre um total de 84.292 pacientes diagnosticados oficialmente na China desde o início da pandemia. Mais de 78.974 superaram a doença e receberam alta.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 667 mil mortos e infectou mais de 17 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

31 Jul 2020

Covid-19 | China detecta mais de 100 casos pelo segundo dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China identificou nas últimas 24 horas mais de 100 casos de covid-19 pelo segundo dia consecutivo, números que não se registavam no país asiático desde Abril, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

No total, o país somou 105 novos casos, na quarta-feira. A região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, contou 96. Na província de Liaoning, no nordeste da China, foram diagnosticados mais cinco. Também em Pequim foi detetado um novo caso, pelo terceiro dia consecutivo.

Todos estes casos ocorreram por contágio local. O país detectou ainda três casos entre viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 101 casos terça-feira, 68 na segunda-feira e 61 no domingo.

A mesma fonte detalhou que, até à meia-noite, 13 pacientes receberam alta e oito deram entrada em estado grave. O número total de casos activos na China continental fixou-se em 574, entre os quais 33 estão em estado grave.

A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, entre um total de 84.165 pacientes diagnosticados oficialmente na China desde o início da pandemia. Mais de 78.950 superaram a doença e receberam alta.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 660 mil mortos e infectou mais de 16,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

30 Jul 2020