Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Confiança das empresas em Pequim no nível mais baixo de sempre As empresas norte-americanas na China enfrentam desafios sem precedentes, que estão a afectar a confiança e os resultados, apontou ontem um relatório da Câmara de Comércio Americana (AmCham) em Xangai. O inquérito do grupo empresarial mostrou um declínio na confiança, com 47 por cento das 306 empresas participantes a declararem-se optimistas para os próximos anos, em comparação com 52 por cento no ano anterior, no que já tinha sido um nível historicamente baixo. Os resultados financeiros das empresas norte-americanas também sofreram, com apenas 66 por cento a declarar que foram lucrativas no ano passado, um valor sem precedentes, de acordo com o mesmo relatório. “A percepção do risco de fazer negócios na China aumentou nos últimos anos, mas, ao mesmo tempo, o mercado está a abrandar, com uma fraca procura e excesso de capacidade”, apontou o director-geral da Câmara de Comércio, Eric Zheng. Um relatório da Câmara de Comércio da União Europeia publicado na quarta-feira alertou também as empresas europeias na China para “repensarem seriamente a sua estratégia”, à medida que as desvantagens “começam a ultrapassar os benefícios” de investir no país. O presidente da AmCham em Xangai, Allan Gabor, considerou que as taxas alfandegárias vão continuar a ser um dos principais instrumentos da política comercial entre Pequim e Washington. A escala e o âmbito de quaisquer tarifas adicionais vão depender “do resultado das eleições” presidenciais norte-americanas em Novembro, considerou. As empresas e os produtos chineses são objecto de várias sanções ou restrições impostas por Washington, que alega concorrência desleal ou ameaças à segurança nacional. Os Estados Unidos anunciaram recentemente controlos mais rigorosos sobre as exportações de alta tecnologia para a China e, em Maio, anunciaram que iam quadruplicar as taxas alfandegárias sobre os veículos eléctricos chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimento | Pequim vai fundir empresas com 213,357 mil ME em activos A China pretende fundir duas das principais agências de investimento do país, a Guotai Junan e a Haitong, para criar a maior empresa nacional do sector, com cerca de 1,68 biliões de yuan sob gestão. O plano, anunciado na semana passada, envolve uma troca de acções e está ainda pendente da aprovação dos conselhos de administração, dos accionistas e das autoridades reguladoras de ambas as empresas. As duas empresas estão sediadas em Xangai, considerada a capital económica da China, cuja gestora pública de activos controla a Guotai Junan e detém a maior participação na Haitong, a mais pequena das duas. Tanto a Guotai Junan como a Haitong suspenderam a cotação das suas acções em Hong Kong e Xangai, especificando que, neste último mercado, o congelamento não deverá durar mais de 25 dias úteis, de acordo com o portal de notícias de negócios Yicai. Embora a China tenha cerca de 145 empresas de investimento, Pequim planeia consolidar o sector, com vista a ter dois ou três bancos de investimento que possam competir globalmente e enfrentar Wall Street até 2035, o que resultou recentemente em várias iniciativas de fusão. Por exemplo, a Guosen está a tentar adquirir a quase totalidade da Vanho, e a Guolian também indicou que irá adquirir a Minsheng e a Western. De acordo com um analista citado pelo Yicai, o acordo tem também como objectivo dotar Xangai de um banco de investimento de “classe mundial” que esteja à altura do estatuto da cidade como centro financeiro internacional. Prós e contras A fusão da Guotai Junan e da Haitong ultrapassaria a Citic Securities como a maior corretora de investimentos da China, embora o sector tenha sofrido muito nos últimos anos face a uma recuperação económica mais fraca do que o esperado e à queda dos mercados locais: o índice CSI 300 das 300 maiores empresas das bolsas de Xangai e Shenzhen está quase 45 por cento abaixo do seu pico de Fevereiro de 2021. A Bloomberg observou recentemente que o Haitong ganhou menos 75 por cento no primeiro trimestre, pelo que a fusão poderia resolver alguns dos seus problemas, em parte devido à “qualidade não muito saudável” dos seus activos subjacentes, segundo os especialistas. Outra consequência possível da fusão seria a perda de postos de trabalho: a Guotai Junan tem cerca de 15.000 trabalhadores e a Haitong mais de 13.600. Pequim, que permite a plena participação estrangeira em empresas deste sector desde 2020, já tinha considerado uma operação semelhante há alguns anos, embora nesse caso se tratasse da aquisição de uma participação na CSC Financial pela empresa-mãe da Citic Securities.
Hoje Macau SociedadeDSEC | Mais 814 empresas em três meses Entre Abril e Junho, o território ganhou 814 sociedades comerciais, de acordo com os números publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No segundo trimestre de 2024 constituíram-se 1.179 sociedades, ao mesmo tempo que foram dissolvidas outras 365 sociedades. A diferença entre os dois números resulta num saldo positivo de 814 novas empresas. Entre as 1.179 sociedades constituídas, 374 tinham como ramo de actividade o comércio por grosso e a retalho e 345 os serviços prestados às empresas. O capital social das sociedades constituídas totalizou 154 milhões de patacas, o que não deixou de ser um decréscimo de 24,2 por cento face ao primeiro trimestre do ano. Segundo a DSEC, a diferença justifica-se com o facto de entre Abril e Junho terem sido criadas menos sociedades com capitais sociais elevados em comparação com o período entre Janeiro e Março. O capital social das sociedades constituídas com origem em Macau foi de 94 milhões de patacas e o originário do Interior fixou-se em 50 milhões de patacas, representando 61,0 por cento e 32,7 por cento do total, respectivamente. O capital social proveniente de Hong Kong fixou-se em 8 milhões de patacas. Em relação à primeira metade do ano, registou-se um saldo positivo de 1.703 empresas, com a criação de 2.296 sociedades e a dissolução de 593 empresas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmpresas sociais | Bom ambiente e solidariedade são factores essenciais Com o envelhecimento da população e a falta de mão-de-obra na área dos cuidados aos idosos, um estudo de duas académicas da Universidade de São José tentou perceber quais os principais factores de satisfação dos trabalhadores de empresas sociais. O salário surge em segundo plano O sentimento de pertença e valorização profissional, um bom espírito de equipa, diferentes desafios no trabalho e sentimento de ajudarem os outros. São estes alguns dos principais factores mais valorizados pelos trabalhadores das empresas sociais. Com a população de Macau a envelhecer, duas investigadoras da Universidade de São José, Jenny Phillips e Mui Un Kei debruçaram-se sobre as motivações dos trabalhadores ao serviço de empresas sociais, com base em entrevistas. As conclusões foram publicadas na revista científica Journal of Advanced Management Science, num artigo intitulado Motivação dos Trabalhadores nas Empresas Sociais de Cuidados a Idosos em Macau. As empresas sociais têm como objectivo gerar lucro, mas este não se destina a distribuir pelos accionistas. Ao invés, é encarado como uma forma de financiar as operações das empresas, para que sejam independentes. Além disso, distinguem-se das outras organizações não governamentais pelo facto de menos de metade das receitas derivar de apoios do Governo ou de donativos. Segundo as conclusões do artigo, o salário, as oportunidades de desenvolvimento profissional ou pagamento de bónus não são considerados como factores essenciais para a satisfação no trabalho. “Em muitas organizações, o salário pode motivar os trabalhadores a permanecerem e a manterem o entusiasmo no seu trabalho, mas não foi esse o caso nas organizações que estudámos. O salário não é uma motivação para os nossos participantes”, foi indicado. “A maioria dos entrevistados considera que o seu salário é médio. Alguns deles até consideraram que o seu salário era bastante baixo em comparação com a média do sector em organizações semelhantes. No entanto, não tencionam procurar empregos com salários mais elevados”, foi acrescentado. “Os principais factores de motivação […] são: envolvimento na tomada de decisões e no planeamento, relação harmoniosa e solidária entre os trabalhadores, desafios profissionais, valorização dos superiores e das pessoas que servem e sentimento de ajudarem as pessoas de quem tomam conta”, foi concluído. Falta de mão-de-obra Sobre a importância deste assunto, as investigadoras destacaram que é necessário conseguir atrair e manter este tipo de trabalhadores nas empresas sociais, porque a indústria de cuidados enfrenta um grande problema de falta de recursos humanos. “Em Macau, a procura de serviços de assistência a idosos está a aumentar devido ao problema do envelhecimento. No entanto, o sector dos cuidados de saúde debate-se com a falta de recursos humanos, a procura de trabalhadores do sector dos cuidados de saúde está a aumentar e há muita concorrência para contratar este tipo de trabalhadores”, foi explicado. A política do Governo de apostar nas empresas sociais para prestar apoio social à população surgiu em Macau em Setembro de 2009, no contexto da crise financeira mundial e da elevada taxa de desemprego na construção civil local. Segundo as autoras, ao contrário do que aconteceu em lugares como Hong Kong ou Taiwan, as empresas sociais têm tido mais dificuldade em afirmar-se na RAEM, pelo que ainda estão dependentes de financiamento do Governo.
Hoje Macau SociedadeInquérito | Empresas locais vão aumentar salários Um inquérito realizado pela Universidade de Macau (UM) conclui que 19 das 21 empresas inquiridas vão aumentar os salários dos trabalhadores em cerca de 3,2 por cento, enquanto as duas empresas restantes vão manter os valores pagos actualmente. Segundo o comunicado da UM, o inquérito foi ainda realizado em parceria com a Universidade Batista de Hong Kong, Universidade de Tecnologia do Sul da China e associações de recursos humanos de Guangdong, Hong Kong e Macau. Relativamente aos meses de Julho de 2022 e Junho de 2023, das 21 empresas inquiridas, 14 empresas aumentaram os salários, seis optaram por congelar os ordenados e uma baixou os salários. As empresas em questão são dos sectores dos bancos, finanças, construção civil ou restauração.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEconomia | Empresários com expectativas negativas para os próximos meses Mais de metade dos empresários industriais está pessimista e estima que o volume das exportações diminua nos próximos meses, apesar da recuperação da confiança em relação aos primeiros três meses deste ano. Os Estados Unidos é o mercado em que as exportações registam a maior redução Mais de metade dos empresários industriais espera que nos próximos seis meses as exportações diminuam. Os resultados fazem parte do Inquérito de Conjuntura ao Sector Industrial Exportador, publicado pela Direcção de Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT). Quando questionados sobre as expectativas para os próximos seis meses, 52,8 por cento dos inquiridos (cujo número total não foi revelado) acredita que as exportações vão diminuir nos próximos seis meses e todos indicaram que irá ocorrer “um forte declínio”. Em comparação com o primeiro trimestre do ano, entre todos os empresários inquiridos 57,6 por cento respondiam que esperavam uma situação pior nos próximos seis meses, com 52,6 por cento a apontar que iria haver “um forte declínio” e apenas 5 por cento esperavam um “ligeiro acréscimo”. No que diz respeito aos sectores de actividade, segundo os dados mais recentes, nas áreas do “vestuário e confecção” e “equipamentos electrónicos/eléctricos” 100 por cento responderam esperar uma forte diminuição. No pólo oposto, entre os dois trimestres, o número de empresários que se mostraram optimistas subiu para 46,8 por cento, quando anteriormente era de apenas 20,1 por cento. Quando todos os empresários são considerados, 44,8 por cento esperam um “ligeiro crescimento” nas exportações e 2 por cento um “aumento acentuado”. As áreas dos “produtos farmacêuticos” e “outros produtos não têxteis” mostram níveis de confiança mais elevados. Na primeira área todos revelaram optimismo. Na segunda área, a taxa de optimismo é de 97,4 por cento, enquanto 1,7 por cento espera uma situação semelhante e 0,9 por cento estão pessimistas. O optimismo cresceu principalmente entre os empresários que esperavam que a situação das exportações se mantivesse semelhante nos próximos seis meses. No primeiro trimestre, 22,3 por cento esperavam que a situação se mantivesse, mas o número caiu para 0,4 por cento, no segundo trimestre. Face às respostas dos empresários, a DSEDT aponta que “de uma forma geral os dados reflectiram que os empresários industriais de Macau têm uma confiança mais forte quanto às perspectivas das exportações”. Menos encomendas Em relação às encomendas, quase 8 em cada 10 empresas exportadoras aponta ter “insuficiente volume de encomendas”, uma proporção de 76,6 por cento dos inquiridos. O sector do “vestuário e confecções” tinha encomendas para mais de quatro meses no primeiro trimestre, mas agora apenas tem encomendas para dois meses. Também as encomendas do sector de “equipamentos electrónicos/eléctricos” passaram de quase três meses e meio para dois meses e meio. No mesmo sentido, as encomendas dos “outros produtos não têxteis” desceram de três para dois meses. Quanto aos produtos farmacêuticos, a carteira de encomendas subiu de três meses para cinco meses. O destino das exportações com maior quebra a nível de encomendas são os Estados Unidos da América, com uma queda trimestral de 25,1 por cento, que sucede a outra uma queda trimestral de 22 por cento. Também as encomendas dos “outros países americanos”, como vem referido no inquérito da DSEDT, tiveram uma redução de 16,4 por cento. No entanto, registou-se um aumento das encomendas feitas pela União Europeia de 19,3 por cento, um crescimento trimestral igual ao registado no primeiro trimestre. As encomendas do Interior cresceram 5,5 por cento, de Hong Kong 0,2 por cento e de “outros países da região Ásia Pacífico”, onde não se inclui o Japão, 5,9 por cento.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEconomia | Divulgada lista de empresas tecnológicas certificadas Apenas 15 das 39 empresas candidatas receberam o certificado de empresas tecnológicas. Ao Mi, Boardware Sistema de informação e a Silergy Semicondutores (Macau) são as maiores empresas locais tecnológicas reconhecidas no âmbito do Programa de Certificação de Empresas Tecnológicas A aplicação de distribuição de comida Ao Mi, a electrónica Boardware Sistema de informação e a Silergy Semicondutores (Macau) são as primeiras empresas a receberem o certificado de “empresa tecnológica de referência”, no âmbito do Programa de Certificação de Empresas Tecnológicas. A lista foi divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT). O programa que nasceu com a reorganização da DSEDT tem como objectivo, de acordo com as autoridades, “identificar empresas tecnológicas locais qualificadas” para “impulsioná-las a expandirem as suas actividades”. Esta é também uma forma de contribuir para “construir uma escada de crescimento para empresas tecnológicas locais”, de forma a melhorar “a base ecológica da inovação científica e tecnológica de Macau. A lista apresenta diferentes níveis de classificação e as “empresas tecnológicas de referência” são as que se encontram melhor estabelecidas no território. Além ser exigido que estejam registadas em Macau e tenham actividade na área da “inovação científica e tecnológica como a actividade principal por um período superior a um ano”, não podem ser devedoras à RAEM, não podem ser empresas de utilidade pública, nem ter uma participação de empresas com capitais públicos superiores a 50 por cento. A grande diferença das empresas tecnológicas de referência, como a Ao Mi, Silergy Semicondutores e Boardware, passa pelo facto de terem receitas superiores a 50 milhões de patacas ou despesas superiores a 10 milhões de patacas. Mais uma dúzia Durante o processo de candidatura, terminado em Maio, um total de 39 empresas mostraram interesse no programa. Menos de metade conseguiu o certificado e além das três mencionadas, mais 12 companhias foram certificadas como “empresas tecnológicas potenciais”. As escolhidas foram a Netel Informação e Serviços, Companhia de Software Yonyou, Singou, Companhia de Medicina Natural Nam Yu, Alpha Solution, Vodatel, Pachira, Companhia de Equipamentos Master, Infomacro, Vastcom, Macau Pass e Macau Newland. Estas empresas cumprem critérios semelhantes aos adoptados para as tecnológicas de referência, mas as receitas, as despesas e até o nível de impostos pagos foram inferiores. Destaque para o facto de nenhuma das 39 empresas interessadas ter conseguido obter a certificação como “empresas tecnológicas em crescimento”. Face aos certificado emitido, a DSEDT promete disponibilizar “medidas de apoio específicas às empresas certificadas, na tentativa de ajudar as mesmas a expandirem os negócios e promover o desenvolvimento da indústria tecnológica de Macau”. As medidas não foram reveladas.
Pedro Arede Manchete SociedadeApoios | Empresários consideram medidas escassas, mas “melhores que nada” Gestores de pequenas e médias empresas consideram que as nove medidas de apoio económico no valor de 10 mil milhões de patacas são “melhor que nada”, mas não são suficientes para fazer face à situação “muito difícil” que atravessam. Por seu turno, o académico Davis Fong e o deputado Ma Chi Seng aplaudem a capacidade de resposta do Governo Responsáveis por pequenas e médias empresas (PME) de Macau acham que as medidas de apoio económico anunciadas no domingo pelo Governo ficam aquém das necessidades de subsistência actuais dos empresários do território, embora sejam “melhor que nada”. Ouvidos pelo jornal Ou Mun, os mesmos empresários apontaram haver detalhes por esclarecer e criticaram o facto de a atribuição dos montantes depender de rendimentos dos anos anteriores e não da “situação actual”, podendo beneficiar “empresas fantasma” e prejudicar outras com rendimentos ligeiramente superiores ao estabelecido. Recorde-se que entre as nove medidas de apoio destinadas a combater a pandemia no valor de dez mil milhões de patacas, está a atribuição de um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas a operadores de espaços comerciais, calculado com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021, sendo necessários lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Além disso, os trabalhadores residentes por conta de outrem, que nos últimos dois anos tiveram rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, ordenado inferior a 20 mil patacas mensais, vão receber um apoio de 15 mil patacas. Face ao anúncio, um dos empresários, cujo ramo de actividade não é detalhado, não tem dúvidas de que, apesar do sinal positivo, as medidas de apoio “não cobrem as despesas das empresas que estão a lutar para sobreviver”, esperando que o Governo melhore os procedimentos de candidatura e faça bom uso do erário público para ajudar “as empresas que mais precisam”. Um outro responsável pela gestão de uma PME lamentou o facto de, na prática, as medidas não serem eficazes, sobretudo quando a atribuição dos montantes ignora a situação actual das empresas. “O Governo exige que as empresas apresentem dados do ano passado para definir a sua elegibilidade, mas porque é que não toma como referência a sua situação actual para efeitos de candidatura? Acredito que se analisarmos as folhas salariais e as rendas actuais das empresas (…) podemos apoiar de forma mais directa as empresas”, disse o empresário ao jornal Ou Mun. Os empresários criticaram ainda a falta de detalhes no plano de bonificação de juros de créditos bancários para empresas, que consideraram “vago e ambíguo”. Sem pestanejar Por seu turno, o ex-deputado e professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Davis Fong, aplaudiu que o Governo tenha levado menos de duas semanas a apresentar o pacote de apoio e lembrou que pode beneficiar 39 mil empresas e 231 mil trabalhadores. Segundo o jornal Ou Mun, Davis Fong acredita que as medidas de apoio “são capazes de aliviar o fardo da população e das empresas” e a pressão económica do mercado “a curto prazo”, desejando que o Governo avance com a implementação “o mais rápido possível”. Dado que 85 por cento das medidas se traduzem em apoios pecuniários e as empresas podem beneficiar de bonificações de juros e do prolongamento, até Dezembro de 2023, da medida que permite pagar “apenas os juros” dos créditos contraídos, o antigo deputado acredita que as medidas vão “efectivamente prolongar a vida de muitas PME e garantir a subsistência de muitos trabalhadores”. Já o deputado e coordenador da Comissão Preparatória de Formação de Empreendedorismo e Criatividade da Juventude, Ma Chi Seng, mostra-se satisfeito com o pacote apresentado pelo Governo e considera que pode ajudar a população “que está sob pressão para conseguir pagar as contas”, a ultrapassar as dificuldades impostas pela pandemia. Nesse sentido, Ma Chi Seng recordou ainda o discurso do presidente Xi Jinping aquando das celebrações do 25.º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong para dizer que, tal como desejado, o Governo foi ao encontro “das preocupações de subsistência da população de forma prática”.
Hoje Macau PolíticaInvestimento | Song Pek Kei quer medidas inovadoras para atrair empresas De forma a atrair a instalação de empresas em Macau, que contribuam para a diversificação económica e o empreendedorismo jovem, a deputada Song Pek Kei quer que o Governo implemente incentivos “inovadores” e “competitivos” em comparação com as práticas do internacionais e do Interior da China. “Face à concorrência, como é que o Governo vai rever as actuais políticas de atracção de investimento? Vai tomar por referência as políticas dos outros locais e reforçar a captação de investimentos em Macau?”, começou por questionar a deputada através de uma interpelação oral. Nesse sentido, apontou Song Pek Kei, o Governo deve continuar a “melhorar o ambiente de investimento e ser inovador”, para tirar proveito dos recursos de Macau, a fim de “criar um ambiente de negócios de qualidade” e reforçar a confiança dos investidores. Além disso, a deputada considera que, pelo facto de Macau ter “liberdade de informação” e não praticar restrições cambiais, possui vantagens, que devem ser promovidas em toda a sua plenitude na Zona de Cooperação em Hengqin. “A Zona de cooperação em Hengqin constitui uma saída e espaço de desenvolvimento, portanto, o Governo deve considerar reforçar os serviços urbanos, e transformar Macau e Hengqin num espaço de intercâmbio, para tirar proveito das vantagens dos dois locais, elevar a eficiência da afectação de recursos e criar novas forças motrizes de desenvolvimento”, referiu.
João Luz Manchete SociedadeMIECF | Mais de 400 empresas participam em edição online Terminou no sábado a edição de 2021 do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, fortemente afectada pelo surto local revelado na semana passada. Apesar de não ter componente presencial, mais de 400 empresas expositoras participaram no evento e foram assinados 10 protocolos de cooperação A dois dias de arrancar, um surto local de covid-19 meteu uma pedra na engrenagem do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF). Com a cidade parada e passagens fronteiriças severamente afectadas, a MIECF passou para um plano exclusivamente online. Ainda assim, terminado o evento no sábado, a organização deu conta da realização de “247 sessões de bolsas de contactos, a assinatura online de 10 protocolos de cooperação”. No total, participaram mais de 400 empresas expositoras e foram exibidos mais de 750 produtos em plataformas online. Não obstante o cancelamento de todos os elementos presenciais, que tinham o Venetian como epicentro, a organização considera que o evento ajudou “as empresas de Macau, do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa aos quatro cantos do mundo, a aproveitar as oportunidades de negócio”. Com o tema “Rumo a uma nova era verde e de baixo carbono”, a MIECF procurou proporcionar às empresas participantes possibilidades de encontrar parcerias com uma maior precisão, oferecendo uma plataforma de comunicação. Trabalho de casa Ainda antes do anúncio que resumiria a MIECF ao plano cibernético, já as bolsas de contacto online promoviam parcerias comerciais. Ao longo de 14 dias, entre 25 de Julho e o sábado passado, realizaram-se 247 sessões de bolsas de contactos, “concentradas em temas como veículos eléctricos e respectivos equipamentos e instalações complementares, utensílios de mesa ecológicos, tecnologias biodegradáveis, serviços de protecção ambiental, materiais de construção ecológicos, entre outros”. Em relação às salas de exposição, em formato virtual, a edição deste ano da MIECF contou com a participação de mais de quatro centenas de empresas provenientes do Interior da China, Bélgica, Brasil, Portugal, Hong Kong e Macau, entre outros países e regiões, e exibidos produtos dirigidos ao mercado verde, assim como planos de gestão e tratamento de resíduos e projectos de centrais de incineração de resíduos.
Hoje Macau PolíticaGoverno lança plano de bonificação para incentivar empresas Foram abertas ontem candidaturas para o novo plano de incentivo económico do Governo, que estabelece bonificações para empresas no acesso a crédito bancário e locação financeira. O objectivo é incentivar o desenvolvimento, valorizar o tecido empresarial da RAEM e promover a diversificação económica. A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) passa assim a abranger a locação financeira nas formas de financiamento bonificáveis. O prazo dos créditos não pode ser inferior a um ano e pode ir até quatro anos, a partir da data do uso do crédito. Podem concorrer à bonificação empresas que procurem crédito para aquisição de fracções de edifícios industriais ou comerciais, obras de construção, ampliação ou reparação, aquisição de veículos afectos ao exercício da actividade, compra de software ou sistemas informáticos, aquisição de direitos de propriedade intelectual e aquisição de concessão comercial ou franquia. Assim sendo, os investidores qualificados que realizam projectos de investimento favoráveis ao desenvolvimento económico de Macau através da forma de crédito bancário ou locação financeira, podem formular candidatura à concessão de bonificação no sentido de obter incentivo financeiro. Essa medida, para além de reforçar apoio à valorização e desenvolvimento empresarial, também pode impulsionar o desenvolvimento a longo prazo do sector de locação financeira em Macau, promovendo a diversificação adequada da economia. As empresas beneficiárias devem apresentar o relatório da situação do projecto de investimento a cada 12 meses durante o prazo de bonificação. Compete à DSEDT a inspecção da finalidade e do estado dos bens envolvidos em projectos de investimento bonificados, de modo a fiscalizar e assegurar a concretização dos projectos de investimento.
Andreia Sofia Silva PolíticaEconomia | Leasing incluído no plano de bonificação de juros para empresas O Governo decidiu incluir os serviços de locação financeira (leasing) no novo “Plano de bonificação para incentivar o desenvolvimento e a valorização empresarial”, apresentado na sexta-feira em sede de Conselho Executivo. A ideia é “incentivar empresas, com recurso ao crédito bancário ou à locação financeira, a adquirirem equipamentos inteligentes e software do sistema informático, bem como a realizarem obras de reparação para promover a valorização e actualização das suas instalações empresariais”, aponta um comunicado. O anterior regulamento administrativo concedia bonificação de juros às empresas que tinham obtido créditos bancários para os seus projectos de investimento, mas deixava de lado a área do leasing. Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, disse que, em 11 anos, o plano concedeu bonificações de juros em 912 casos, com um total de 3,52 mil milhões de patacas de créditos, com juros limite de quatro por cento. O limite máximo do crédito é de 10 mil milhões de patacas. O novo regulamento administrativo prevê ainda que seja fixada por despacho, assinado pelo Chefe do Executivo, a taxa anual de bonificação, os limites máximos dos montantes totais de crédito e de rendas de locação financeira autorizados para a concessão da bonificação, bem como os limites máximos dos montantes de crédito e de rendas de locação financeira autorizados para a concessão da bonificação para cada beneficiário.
Hoje Macau SociedadeDSEC | Capital de novas sociedade cresce exponencialmente [dropcap]D[/dropcap]ados oficiais da Direcção de Estatísticas e Censos (DSEC) revelam que no primeiro semestre deste ano constituíram-se 3.278 sociedades, mais 3,3 por cento face a igual período de 2018. O capital social destas sociedades cifrou-se em 3,40 mil milhões de patacas, o que representa um aumento de 647 por cento. Nos primeiros seis meses dissolveram-se 421 sociedades, que registavam um capital social de 157 milhões de patacas. Em termos anuais, e até ao segundo trimestre deste ano, o número de sociedades registadas totalizou 69.042, ou seja, mais 5.255. Olhando para os números relativos apenas ao segundo trimestre, houve menos 55 sociedades constituídas, num total de 1665 empresas criadas, face a igual período de 2018. Pelo contrário, houve um aumento de 879,6 por cento no seu capital social, cifrando-se em 2,16 mil milhões de Patacas. De entre as sociedades constituídas no segundo trimestre, 529 exploraram as actividades do comércio por grosso e a retalho e 395 os serviços prestados às empresas. No trimestre de referência dissolveram-se 211 sociedades e o capital social destas sociedades alcançou 76 milhões de patacas. O capital social das sociedades de Macau cifrou-se em 1,93 mil milhões de patacas, representando 89,4 por cento do total. O capital social das sociedades constituídas de Hong Kong foi de 151 milhões de patacas, enquanto que das empresas oriundas do Interior da China ficou-se em 72 milhões de patacas. As sociedades provenientes de cidades que constituem o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau contabilizaram um capital social de 62 milhões de patacas, sendo que só a cidade de Zhuhai representou 90,1 por cento desse montante.
Hoje Macau China / ÁsiaChina Telecom | Lucros crescem 13,9 por cento em 2018 [dropcap]A[/dropcap]empresa estatal de telecomunicações China Telecom anunciou ontem que registou um lucro de 3.158 milhões de dólares em 2018, mais 13,9 por cento que no ano anterior. Este resultado líquido ficou a dever-se ao “aproveitamento das oportunidades geradas pelo ‘boom’ do desenvolvimento da economia digital”. O conselho de administração da empresa disse em comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong que a companhia “respondeu de forma efectiva” à envolvente “complicada e desafiante” e à “competitividade feroz”, o que lhe permitiu “alcançar um novo nível na competitividade e na sua posição no mercado” digital. A terceira operadora telefónica chinesa facturou um total de 49.488 milhões de euros, mais 3 por cento na comparação com o valor observado em 2017, e a um ritmo que “ultrapassou a média do sector”. O resultado de exploração bruto (EBITDA) foi de 13.673 milhões de euros, superior em 2 por cento face ao ano anterior, enquanto a dívida total caiu em 8,3 por cento para 12.563 milhões de euros. O passivo global recuou 4,5 por cento em 2018, para os 41.896 milhões de euros. Esta empresa conseguiu alcançar 53 milhões novos clientes em 2018 para os serviços associados aos telemóveis, elevando o número dos seus clientes para 303 milhões. Nos serviços de banda larga, a China Telecom fechou 2018 com mais 12,26 milhões de clientes, o que perfaz um total de 146 milhões. A China Telecom está também a apostar nas redes de quinta geração (5G), tendo aberto um Centro de Inovação no país, para o qual já tem uma licença com o objectivo de realizar testes neste domínio de negócio.
Hoje Macau SociedadePrevidência central | 136 patrões aderem a regime não obrigatório [dropcap]A[/dropcap]té ao momento, foram 136 os patrões que aderiram ao regime de previdência central não obrigatório, informou ontem o Fundo de Segurança Social (FSS) em comunicado. Dos 136 empregadores que aderiram aos planos conjuntos de previdência, aproximadamente 70 por cento eram instituições de solidariedade social, enquanto os restantes eram instituições de interesse público, dos sectores de jogos, hotéis, restaurantes, educação, finanças, comércio a retalho, cuidados médicos e sociedades comerciais. A par disso, registaram-se 40.000 residentes que criaram o plano individual de previdência, adiantou o FSS. De modo a aprofundar o conhecimento sobre o regime, o organismo vai realizar, no próximo sábado, das 15h às 18h, no Mercado Municipal de Iao Hon, uma iniciativa de promoção do regime, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2018.
Hoje Macau China / ÁsiaUE |Empresas esperam que nova lei para o investimento seja respeitada [dropcap]A[/dropcap]Câmara de Comércio da União Europeia na China disse sexta-feira esperar que a nova lei para o investimento estrangeiro, aprovada pelo legislativo chinês, seja respeitada a “todos os níveis” e em “todo o país”. Num comunicado enviado à imprensa, o presidente da Câmara, Mats Harborn, disse que, “apesar de a lei não ter em conta todas as preocupações” da Câmara de Comércio, está “na hora de virar a página”. Harborn reiterou que as “empresas estrangeiras querem igualdade” de tratamento e oportunidades, face aos competidores chineses, “mais do que qualquer coisa”. No entanto, a Câmara considera “preocupante” que uma cláusula tenha sido mantida no texto final, e que “permite que questões políticas influenciem as relações entre o Estado e os investidores, reservando à China o poder de tomar medidas unilaterais contra parceiros comerciais e de investimento”. “A sua formulação vaga aumenta ainda mais a incerteza jurídica para as empresas estrangeiras”, afirma. “O pleno cumprimento desta lei exigirá uma monitorização exaustiva das autoridades administrativas em todos os níveis do governo e o total apoio do sistema jurídico, nos casos em que os direitos garantidos pela lei não sejam respeitados”, ressalva. A nova regra jurídica, que entra em vigor em 1 de Janeiro de 2020, estabelece ainda uma “lista negativa”, o que significa que quaisquer sectores que não sejam declarados fechados ao capital estrangeiro estão automaticamente abertos ao investimento. Voz de acção O regime anterior exigia que Pequim designasse um sector como “aberto ao investimento” antes que uma empresa não-chinesa pudesse participar, uma cláusula há muito criticada pelos Estados Unidos e a União Europeia. A Câmara “reconhece que a lei desempenha um papel importante na formalização da base legal para a mudança do antigo regime de investimento”, com um novo sistema de acesso ao mercado, baseado numa lista negativa. Este sistema inspira confiança e “proporciona maior segurança às empresas europeias”. A organização enaltece ainda que algumas das suas preocupações tenham sido levadas em conta na versão final. A passagem das palavras aos actos agradou também ao grupo empresarial, já que o estabelecimento num texto legal de questões “mencionadas anteriormente em discursos formais” significa que “as possibilidades de mudanças se tornaram maiores”. A lei foi aprovada sexta-feira, no último dia da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, com o apoio de 99,5% dos cerca de 3.000 delegados.
Hoje Macau China / ÁsiaEspionagem | Li Keqiang nega pressão sobre empresas para cooperarem [dropcap]O[/dropcap]primeiro-ministro da China negou sexta-feira que Pequim peça às empresas de tecnologia que cooperem com a espionagem do país, e prometeu tratamento igual para firmas estrangeiras e domésticas, numa altura de disputas comerciais com Washington. “Não é esse o comportamento da China”, afirmou Li Keqiang, quando questionado se Pequim pede às empresas do país para espiarem países estrangeiros. “Nós não fazemos isso e não o faremos no futuro”, garantiu. Washington considera que a Huawei representa riscos em termos de segurança, estando por lei sujeita a cooperar com o Estado chinês. Os EUA têm pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a gigante chinesa das telecomunicações Huawei na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de inteligência chineses. Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei. Pequim enfrenta ainda crescentes fricções comerciais com os Estados Unidos, que criticam frequentemente a China por transferência forçada de tecnologia, atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.
Diana do Mar Manchete SociedadeJogo | Futuro pós 2022 determinado por concurso público internacional, confirma Lionel Leong Os contratos da SJM e da MGM vão ser prorrogados por dois anos e três meses, alinhando-se com o termo, em Junho de 2022, dos das restantes operadoras de jogo. O secretário para a Economia e Finanças confirmou a intenção de avançar com um concurso público internacional, sem adiantar, porém, a posição do Governo relativamente à abertura do mercado a novos ‘jogadores’ [dropcap]O[/dropcap]futuro da principal indústria de Macau, após expirarem os contratos das seis operadoras, em 26 de Junho de 2022, vai ser determinado por um concurso público internacional. A garantia foi dada na sexta-feira pelo secretário para a Economia e Finanças, após o anúncio de que os contratos de concessão da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e de subconcessão da MGM Grand Paradise vão ser prolongados por dois anos e três meses, de forma a ficarem sincronizados temporalmente com as restantes quatro operadoras. “O Governo, no futuro, com o término dos contratos, tem a intenção de realizar um concurso público internacional”, confirmou Lionel Leong, sem concretizar, no entanto, quando pretende efectivamente lançá-lo. A lei obriga a um concurso público internacional para a atribuição de novas concessões, após o termo do limite de 20 anos. Um prazo que pode, a título excepcional, ser prorrogado – uma ou mais vezes – por um máximo de cinco anos mediante despacho do Chefe do Executivo. Tal significa então que, em teoria, as actuais concessões de jogo poderiam ser estendidas até 2027. Apesar de atestar que o lançamento de um concurso público internacional será uma realidade, dando conta, aliás, de “trabalhos preparatórios em curso”, Lionel Leong não abriu o jogo sobre a eventual abertura do mercado a novas operadoras: “Só posso dizer que isto tem muito que ver com estabilidade económica e financeira e ainda a segurança do território e do país e, por isso, todas as hipóteses poderão ser analisadas, mas a decisão final será só no futuro”. Especialistas têm defendido que, se a intenção do Governo não for abrir o mercado a mais operadoras, a lei deveria ser alterada para eliminar a obrigatoriedade de um concurso público, regressando-se à figura da prorrogação da época pré-liberalização. Por perceber fica também o futuro modelo de exploração do jogo, em concreto, se a figura da subconcessão é para manter. “Estamos a ouvir opiniões sobre a revisão da lei”, respondeu Lionel Leong, fazendo referência ainda aos estudos em andamento com vista a “aperfeiçoar” a legislação do jogo actual, em vigor desde 2001. O primeiro passo O secretário para a Economia e Finanças falava durante uma conferência de imprensa, convocada após o anúncio de que o Governo autorizou os pedidos de prorrogação do prazo dos contratos da SJM e da MGM, que expiravam em 31 de Março de 2020, até 26 de Junho de 2022. Um cenário, de resto, antecipado por analistas e pelas próprias operadoras de jogo. Na hora de decidir – justificou Lionel Leong – pesou a “auscultação contínua efectuada junto da comunidade”, bem como “o estudo e análise, feito internamente, de vários factores, incluindo “dos efeitos para o desenvolvimento global do sector e nos direitos e interesses laborais dos residentes”. “A uniformização do termo dos prazos dos contratos irá beneficiar os trabalhos preparatórios e de desenvolvimento da abertura do próximo concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar ou outros jogos em casino”, realçou o secretário para a Economia e Finanças. Lionel Leong defendeu ainda que tal vai contribuir também para “a estabilidade social, nomeadamente para a estabilidade do mercado de emprego”, apontando que as condições estabelecidas na prorrogação do prazo dos contratos da SJM e da MGM oferecem ainda outras “garantias”, nomeadamente ao nível da aposentação dos trabalhadores. As contrapartidas É que na hora de prorrogar os contratos, o Governo impôs três condições à SJM e à MGM. Além do pagamento de 200 milhões de patacas, a efectuar de uma só vez, as duas operadoras de jogo devem aderir ao Regime de Previdência Central Não Obrigatório e constituir uma garantia de créditos laborais. O Governo falhou, porém, em explicar exactamente como calculou o montante da contrapartida, ao qual chegou após “uma análise integral”. “Podemos fazer uma comparação: Neste momento, as concessionárias pagam um prémio anual fixo de 30 milhões e, portanto, 200 milhões são já seis vezes” mais, afirmou o director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Martins Chan, falando de um valor “razoável”. Em face das condições acordadas, a SJM e a MGM tornar-se-ão nas primeiras operadoras de jogo a aderir ao Regime de Previdência Central Não Obrigatório, mas o secretário para a Economia e Finanças deixou claro que espera que não sejam as únicas: “Gostava muito de ver todas. Vamos incentivar a adesão das outras”. Já no tocante à garantia de créditos laborais – a constituir no prazo de três meses corresponde a um montante não inferior a 3,5 mil milhões de patacas no caso da SJM e a pelo menos 820 milhões no da MGM, detalhou o director da DICJ. Boa notícia Em comunicados, separados, enviados à Bolsa de Hong Kong, SJM e MGM saudaram o facto de o Governo ter aceitado os pedidos de prorrogação dos contratos. “A SJM congratula-se com esta extensão e com as condições razoáveis definidas pelo Governo”, afirmou o presidente da direcção da SJM, citado em comunicado, apontando que “sincronizar os termos dos contratos de todas as concessões e subconcessões é muito do interesse de Macau e da sua indústria do turismo”. A MGM Grand Paradise também declarou estar “satisfeita” por “poder continuar os esforços para contribuir para o futuro de Macau”. “A MGM acredita que esta notícia é extremamente encorajadora e especialmente significativa para os nossos mais de 10.800 funcionários”, referiu. Pela extensão do contrato de subconcessão, a MGM tem ainda de pagar 20 milhões de patacas à SJM, como anunciaram ambas as empresas. A visão dos analistas O anúncio do Governo fez mexer os analistas que começaram a traçar eventuais cenários para o futuro após 2022. Numa nota, publicada na sexta-feira, Grant Govertsen, da Union Gaming, antecipa que vai haver um novo concurso público internacional, mas, “em algum momento, “em meados da próxima década”, o que implicaria a prorrogação dos contratos de concessão após 2022, ao contrário da aparente intenção manifestada pelo secretário para a Economia e Finanças. Em paralelo, se, por um lado, não tem dúvidas de que todas as operadoras de jogo vão manter-se em Macau, o analista espera que uma sétima – ou até oitava – concessão se materialize, de modo a “limpar” a figura do prestador de serviços. Grant Govertsen referia-se aos chamados acordos de prestação de serviços ao abrigo dos quais outras empresas operam casinos sob a bandeira de umas das seis operadoras de jogo, como a Macau Legend, do empresário David Chow, que opera sob a bandeira da SJM. A Sanford C. Berstein foi mais prudente na análise. “O Governo terá capacidade para prolongar os prazos das concessões por um período máximo de cinco anos [a partir de Junho de 2022] (…), mas não há qualquer indicação, neste momento, de que o vai fazer”, indicou a consultora, numa nota citada pelo portal especializado em jogo GGRAsia. “O cenário provável é que não haja mais anúncios relacionados com concessões de jogo até depois de 2020”, complementou. Alta na bolsa As acções da SJM e da MGM valorizaram na sexta-feira na Bolsa de Hong Kong, com a revelação de que os contratos de concessão e subconcessão para a exploração de jogo vão ser prolongados por dois anos e três meses. Depois de, na parte da manhã, as transacções terem sido suspensas, devido precisamente ao anúncio do Governo, as acções da SJM valorizaram 3,54 por cento no fecho, enquanto as da MGM China apreciaram 1,61 por cento, com as subidas a alargarem-se às acções das outras operadoras de jogo que também encerraram o dia em terreno positivo. Jornalista impedida de entrar por trabalhar por média ‘online’ Uma jornalista do portal especializado em jogo GGRAsia foi impedida de assistir à conferência de imprensa sobre a prorrogação dos contratos da SJM e da MGM. A razão apontada foi pertencer a um média ‘online’, por a lei apenas reconhecer os chamados órgãos de comunicação social tradicionais, isto apesar de ter entrado, por outras ocasiões, em eventos oficiais. Confrontado com o caso à saída da conferência de imprensa, o director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), Victor Chan, afirmou que, dado que a lei não reconhece os órgãos de comunicação social ‘online’, a presença dos jornalistas em conferências de imprensa oficiais é avaliada “caso a caso”. No particular, existia a informação de que estariam presentes muitos jornalistas de órgãos de comunicação social de Hong Kong, pelo que considerações ao nível do espaço levaram a que apenas os tradicionais entrassem, referiu. “Há sempre prioridades e a prioridade vai para os ‘média’ tradicionais. Só depois de considerar os recursos disponíveis, vamos ponderar os diferentes casos, mas, ao abrigo da lei, não somos obrigados nem temos a responsabilidade de cuidar dos meios de comunicação social ‘online’”, apontou o também porta-voz do Governo. “Tivemos um grande debate entre 2011 e 2013 [no âmbito da consulta pública sobre a eventual revisão da lei de imprensa, em vigor desde 1990] e a conclusão foi a de que se discutiria mais tarde”, realçou Victor Chan, apontando que não só os próprios ‘média’ entenderam que o momento não era o ideal, como sustentaram que retomar esse assunto posteriormente partiria da sua própria iniciativa. O director do GCS manifestou, no entanto, estar disponível para debater o reconhecimento dos órgãos de comunicação ‘online’ se a classe pretender. “Estamos abertos para uma discussão formal no futuro”, disse.
João Luz SociedadeControvérsia entre Richard Suen e Las Vegas Sands marca sessão de julgamento [dropcap]O[/dropcap]s advogados de Richard Suen e da Las Vegas Sands Corp. discordaram em tribunal sobre a compensação que o empresário de Hong Kong deve receber por ter auxiliado a empresa de jogo a conseguir licenças para explorar casinos em Macau há quase duas décadas. A disputa que se desenrola num tribunal em Las Vegas tem como ponto fulcral uma enorme disparidade quanto aos valores a pagar a Suen. Nas declarações de abertura, os advogados do empresário de Hong Kong sugeriram que o seu cliente tem direito a quase 347 milhões de dólares, o equivalente a 2,8 mil milhões de patacas. Do outro lado da barricada, o advogado da Sands entende que a empresa não deve pagar além de 3,8 milhões de dólares, ou pouco mais de 30 milhões de patacas. O júri do tribunal do Estado do Nevada, composto por oito elementos, terá de decidir entre os valores profundamente divergentes pedidos pelas duas partes. Neste momento, a batalha judicial encontra-se focada apenas no valor que Richard Suen receberá, depois da justiça ter dirimido pretensões até ao Supremo Tribunal do Nevada. Depois das alegações dos advogados de ambas as partes, os membros do júri ouviram as primeiras sete horas de testemunhos em vídeo dos julgamentos anteriores, onde se contam declarações de Sheldon Adelson. O visionamento de vídeos deverá continuar na sessão de hoje. Papel facilitador No início da sessão, o advogado de Suen deu uma explicação para a forma como a Sands se tornou candidata à concessão para abrir casinos em Macau. O causídico explicou o conceito de guanxi, que se refere a relações em que se forma uma espécie de lobbying informal, algo apontado como fundamental para que a empresa de Sheldon Adelson conseguisse chegar perto dos focos de decisão no Executivo de Macau e no Governo Central. Nesse sentido, o representante do empresário de Hong Kong defendeu que, apesar de não haver um contrato formal, ficou estabelecido que Suen receberia 5 milhões de dólares de comissão, assim como 2 por cento dos lucros gerados pela Sands em Macau.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Startups de Macau exploram oportunidades no Brasil [dropcap]O[/dropcap]nze empresas ‘startup’ de Macau realizaram um conjunto de viagens no Brasil para reforçar o intercâmbio com incubadoras locais e explorar oportunidades no mercado brasileiro, foi ontem anunciado. No Rio de Janeiro, foram realizadas visitas à “Fábrica de Startups”, aceleradora portuguesa com sede na cidade, e ao centro de incubação “Startup Rio”, de acordo com o comunicado da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). Na maior metrópole brasileira, a delegação visitou o “Cubo Itaú”, espaço de inovação e tecnologia, e o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da Universidade de São Paulo. A viagem foi organizada pela DSE, em conjunto com o Centro de Incubação de Negócios para os Jovens de Macau (CINJM). “Os projectos das empresas de Macau têm certas potencialidades no mercado brasileiro”, considerou a DSE, destacando a “plataforma de tradução inteligente multilíngue de Macau”, apresentada no decurso da iniciativa. A plataforma ecológica de tradução, estabelecida através de tecnologias de vanguarda como inteligência artificial, grande volume de dados e processamento de linguagem natural, pode criar um sistema de tradução chinês-português-inglês. “Os empresários brasileiros interessaram-se muito e consideraram que pode, através da plataforma, ser reforçado de forma mais eficaz o intercâmbio comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, indicou a DSE.
Hoje Macau SociedadeNegócios | CESL Asia adquire produtora agro-pecuária no Alentejo A CESL Asia assinou um acordo para comprar o maior grupo português produtor de gado bovino, situado no Alentejo. O investimento, o primeiro na área da agricultura da empresa de Macau, é na ordem de 40 milhões de euros [dropcap]A[/dropcap]aquisição da exploração agro-pecuária “Monte do Pasto”, do grupo Saltiproud, “é significativa”, pois trata-se de “um activo valioso com 3.700 hectares de terra agrícola”, afirmou o presidente da CESL Asia, António Trindade, lembrando que Macau tem aproximadamente 3.000 hectares de área. “É um sector chave para nós, para a China e para o mundo”, sublinhou, durante a cerimónia que teve lugar na sexta-feira. A “Monte do Pasto” é já “um negócio relevante na Europa”, exportando 30 mil cabeças de gado por ano para Argélia, Espanha, Israel, Líbano, Marrocos e Palestina, que “a CESL Asia quer apoiar” através da “plataforma Macau para o financiamento, gestão e operação de negócios para a área da Grande Baía e os Países de Língua Portuguesa”, apontou António Trindade. Base das patacas A empresa de Macau assinou ainda um acordo de cooperação estratégica com a sucursal de Macau do Banco da China. “Estamos a construir uma plataforma financeira em Macau para apoiar a nossa plataforma de desenvolvimento de projectos, ao mesmo tempo que expandimos a cooperação com instituições financeiras da China, Portugal e Macau”, realçou António Trindade. Trata-se do “primeiro banco local” a assinar este acordo de cooperação estratégica para o desenvolvimento conjunto de uma plataforma financeira para investimentos na China, Macau e os países lusófonos, indicou o presidente da CESL Asia. António Trindade sublinhou que a CESL Asia tem vindo a desenvolver, nos últimos seis anos, investimentos, gestão e capacidades operacionais em Portugal, tendo em conta a iniciativa chinesa ‘Uma Faixa, uma Rota’, o plano de construção da Grande Baía e o papel de Macau como plataforma para o comércio e a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. Na cerimónia de assinatura dos dois acordos estiveram presentes o secretário para Economia e Finanças, Lionel Leong, o director-geral do departamento para os assuntos económicos do Gabinete de Ligação, Liu Bin, a secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, e o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, entre outros. Fundada em 1987, a CESL Asia, empresa de matriz portuguesa em Macau, opera na área da consultadoria e operação nos sectores da energia e do ambiente, conta com 450 funcionários e tem um volume de negócios a rondar os 40 milhões de dólares norte-americanos (323 milhões de patacas).
Diana do Mar PolíticaKá Hó | Cedência de terrenos sem contrapartidas, garante Rosário [dropcap]A[/dropcap]Sociedade de Turismo e Desenvolvimento Insular (STDI) não vai ter qualquer contrapartida por ter prescindido da concessão, por arrendamento, de cinco parcelas de terreno, em Coloane. A garantia foi dada ontem pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Não, de certeza absoluta”, afirmou, quando questionado pelos jornalistas, à saída de uma reunião da Assembleia Legislativa. Isto apesar de a desistência ter sido solicitada pelo Governo, com vista a viabilizar a ampliação da Barragem de Ká Hó. Segundo informações complementares disponibilizadas pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), após negociações, a empresa concordou em abdicar das cinco parcelas e “o Governo não necessitou de proceder à sua compensação”. As cinco parcelas perfazem 3.632 metros quadrados de um terreno com uma área global de 767.373 metros quadrados, onde se encontra implantado um complexo turístico e recreativo”, o Grand Coloane Resort (antigo Westin). Os lotes integram um terreno definitivamente concedido à STDI, fundada pelo magnata de jogo Stanley Ho e actualmente gerida pela filha Pansy. O prazo de arrendamento foi renovado até 2023.
Hoje Macau VozesPor que razão empresas e famílias precisam da China Por Wei Shang-Jin, Professor de Economia e Finanças na Universidade de Columbia [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China beneficiará de uma normalização das suas relações comerciais com os Estados Unidos, mas é importante perceber que o mesmo também é válido para os EUA. Quando a gigante americana de tecnologia, Apple, reduziu recentemente a sua previsão de vendas, o CEO Tim Cook apontou o declínio das vendas na China – onde a guerra comercial do Presidente Donald Trump está a exacerbar os efeitos de uma desaceleração da economia – como sendo um importante factor de contribuição. A diminuição do desempenho da Apple destaca a importância do mercado chinês nos resultados de muitas empresas dos EUA – e revela os riscos que o proteccionismo de Trump representa para a economia americana. A verdade é que a Apple vende substancialmente mais iPhones e iPads aos chineses do que as estatísticas de exportação dos EUA sugerem. Da mesma forma, a General Motors vende mais carros na China do que o que está registado nos dados de exportação dos EUA – mais, na verdade, do que nos Estados Unidos e no Canadá juntos. E isso acontece porque essas empresas, como muitas outras, operam na China e vendem directamente aos consumidores chineses. Há muito menos empresas chinesas a vender directamente nos EUA. Como as empresas americanas aumentaram as suas operações na China ao longo do tempo, as estatísticas do comércio bilateral apenas refletem parcialmente a importância do mercado chinês para a economia dos EUA. De 2000 a 2018, as exportações dos EUA para a China dispararam530% –muito mais do que o crescimento cumulativo de 130% das exportações dos EUA para o mundo em geral. Isto foi um resultado directo da considerável e unilateral liberalização comercial que a China exerceu após ingressar na Organização Mundial do Comércio em 2001, inclusive reduzindo a sua taxa aduaneira aplicada de 30% antes da adesão à OMC, para menos de 6% actualmente. Além disso, aproximadamente metade das importações na China estão sujeitas a tarifas zero se a produção for para o mercado mundial. O rápido crescimento do PIB da China impulsionou as importações, mas esse crescimento também foi facilitado pela liberalização do comércio e outras reformas pró-mercado. Nenhum país desmantelou mais barreiras ao comércio ou levou a cabo mais reformas pró-mercado do que a China nas últimas quatro décadas. As reformas orientadas para o mercado, da China, desencadearam uma onda de empreendedorismo e possibilitaram que as empresas do sector privado – tanto nacionais como estrangeiras – prosperassem e, em muitos casos, alcançassem um crescimento mais rápido do que as empresas estatais. Isto contrasta fortemente com a narrativa promovida por alguns, de que a China ignorou em grande parte ou evitou os compromissos que assumiu quando se juntou à OMC. Se isso fosse verdade, a China simplesmente não teria conseguido crescer mais rapidamente do que 95% dos países do mundo, desde 2001. Alguns argumentam que, mesmo que as empresas americanas tenham lucrado com o seu acesso ao mercado chinês, o comércio entre os Estados Unidos e a China prejudica os trabalhadores americanos cujos empregos estão expostos à concorrência de baixos salários dos trabalhadores chineses. Mas a disponibilidade de produtos importados baratos provenientes da China reduz os preços não apenas para os consumidores dos EUA, especialmente famílias de baixo e médio rendimento, mas também para as empresas dos EUA, apoiando a criação de empregos. Quase 40% das importações dos EUA provenientes da China são peças e componentes, e produtos intermédios. A redução de custos que essas importações proporcionam às empresas dos EUA ajudam a alavancar a sua competitividade, permitindo-lhes contratar mais trabalhadores. Segundo a minha investigação realizada com colegas, este efeito de cadeia de fornecimento cria mais empregos do que aqueles que a concorrência directa da China elimina. Enquanto os empregos que se perdem estão concentrados num subconjunto dos sectores de produção, os empregos que se ganham com o comércio com a China estão espalhados por toda a economia, incluindo muitos sectores de serviços modernos. Graças a este efeito de criação de empregos, o comércio dos EUA com a China beneficia 75% dos trabalhadores americanos, mesmo antes de contabilizar o efeito positivo no seu poder de compra e antes de qualquer transferência de rendimentos de vencedores para perdedores. No entanto, muita gente nos EUA continua a concentrar-se unicamente no papel potencial do comércio aberto na fomentação das perdas de emprego. Quando uma empresa dos EUA demite trabalhadores, o comércio com a China é frequentemente responsabilizado. Mas quando uma empresa americana contrata mais trabalhadores, raramente se ouve falar dos produtos chineses mais baratos que tornaram isso possível. Algumas pessoas nos EUA estão a pedir uma dissociação entre as economias dos EUA e da China. Se isso acontecer, as empresas americanas que usam produtos chineses perderiam competitividade em relação às congéneres europeias e japonesas, os trabalhadores que empregam poderiam perder os seus empregos e os padrões de vida das famílias americanas de baixo e médio rendimento sofreriam com a subida dos preços de muitos artigos. Nada disto significa que a China não deveria estar a fazer mudanças. Deveria trabalhar no sentido de reduzir ainda mais as barreiras comerciais, reduzir os subsídios às empresas estatais, aliviar as restrições às empresas estrangeiras que operam no país e fortalecer os direitos de propriedade intelectual. Mas para que o comércio bilateral seja mais justo e mais eficiente, os EUA também precisam de fazer algumas mudanças. Por exemplo, deveriam reduzir as tarifas elevadas (geralmente na faixa dos 20%) nos têxteis e vestuário, uma categoria importante das exportações chinesas. E deveriam reformar o seu regime antidumping (fundindo-o com o regime antitrust), e mudar regras injustas que, ao imputarem os custos de produção de outros países de custos mais elevados à produção chinesa, colocam os exportadores chineses em desvantagem artificial. Tanto os EUA como a China ganham com a normalização das relações comerciais bilaterais. Embora as reformas políticas sejam difíceis em qualquer lugar, devido a pressões políticas e interesses particulares, uma estratégia recíproca e equilibrada pode ser a chave para o progresso sustentável em ambos os países. A questão é se os líderes terão a coragem e a sabedoria necessárias para colocarem as relações novamente no caminho certo. © Project Syndicate
João Santos Filipe SociedadeWynn está a realizar remodelação profunda no casino da Península [dropcap]A[/dropcap]operadora Wynn está a fazer obras de remodelação profundas no casino Wynn Macau, que fica na Península, e espera lançar até ao final do ano “um novo hotel-casino”. A revelação foi feita, ontem, pelo presidente da empresa, Matt Maddox após a apresentação dos resultados para o quarto trimestre. “O hotel-casino Wynn Macau está a ter um desempenho muito bom, mas faz uma parte desproporcional dos ganhos através de junkets de segunda categoria. Não é este o futuro em que queremos investir” começou por explicar Matt Maddox. “Por isso, começámos a redesenhar o Wynn Macau e todo o espaço do casino original e o mesmo aconteceu com aquelas que são as melhores de suites de Macau, as suites da Torre Encore. As obras já arrancaram em Julho”, acrescentou. A data de finalização dos trabalhos é o final do ano, e nessa altura, o responsável da operadora falou mesmo do lançamento de um novo casino: “Efectivamente vamos lançar um novo hotel-casino no final do ano no Wynn Macau. É um espaço que vai focar directamente o segmento que acreditamos que tem mais futuro, ou seja o segmento do jogo de massas premium”, explicou. Apesar de ser considerado um segmento de massas, a vertente premium deste mercado envolve apostas que podem até aos 1,5 milhões de patacas. Porém, a aposta mínima começa nas 3 mil patacas. Lucros subiram 4 por cento Em relação aos lucros da subsidiária de Macau da Wynn houve um aumento de quatro por cento, de acordo com os resultados apresentados. Assim no ano passado a concessionária gerou 186,4 milhões de dólares americanos em ganhos, quando em 2017 o valor tinha sido de 179,2 milhões de dólares americanos. O início do ano passado ficou marcado pela demissão de Steve Wynn, que se viu envolvido em vários escândalos sexuais nos Estados Unidos. Depois de várias alterações nos corpos sociais da empresa, Matt Maddox fez questão de referir que a situação já está estabilizada. “O ano de 2018 foi um ano de transição para a nossa empresa, mas esta transição já está terminada”, apontou. Já em relação à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, Matt Maddox considerou que Macau é um mercado que tem sempre “altos e baixos”.