Tarifas | Pequim acusa Estados Unidos de arbitrariedade

Os editoriais do Global Times e do China Daily criticam veementemente a política norte-americana de ameaças constantes e falta de visão estratégica

Pequim acusou ontem os Estados Unidos de agirem com arbitrariedade e visão de “curto prazo” na política comercial, após Washington alertar que a China será “a mais prejudicada” se mantiver restrições à exportação de minerais estratégicos.

Num editorial intitulado “Washington não deveria surpreender-se com a resposta da China”, o jornal oficial Global Times atribuiu as novas tensões entre as duas maiores economias do mundo ao “incumprimento de promessas” por parte dos Estados Unidos e à sua “conduta unilateral”. O texto responsabiliza os EUA por “sobrestimar o seu poder de coerção” e “subestimar a capacidade de resposta da China”, afirmando que as ameaças de novas tarifas “desestabilizaram os mercados globais e as cadeias de abastecimento”.

Segundo o jornal, as contramedidas adoptadas por Pequim representam “uma defesa dos seus direitos legítimos e da justiça internacional”. O editorial critica ainda a política comercial norte-americana por revelar “falta de visão estratégica” e avisa que o “grande bastão” empunhado por Washington “não passa de um tigre de papel” para o povo chinês – expressão comum na retórica política do país asiático.

Um outro jornal oficial, o China Daily, publicou um comentário do académico Zheng Jueshi, que acusa os EUA de aplicarem a “lei da selva” nas relações internacionais, tratando aliados, parceiros e rivais como “parte do seu menu político”. Na sua opinião, Washington “sacrifica os interesses de outros países” em nome da sua hegemonia, enquanto Pequim “defende um sistema de governação mais justo”.

As críticas surgem um dia depois de o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, ter afirmado, em Nova Iorque, que a China “será a mais prejudicada” se continuar a adoptar políticas “decepcionantes e coercivas”, numa alusão às restrições impostas por Pequim à exportação de terras raras, minerais essenciais para as indústrias tecnológicas e de defesa.

O responsável norte-americano afirmou que estas acções demonstram “o risco de depender de um parceiro pouco fiável” e defendeu que os EUA e os seus aliados devem “diversificar as cadeias de abastecimento”. Bessent anunciou ainda a fixação de preços mínimos em várias indústrias e o reforço da “política industrial” norte-americana para reduzir a dependência do mercado chinês.

Corda a esticar

As tensões comerciais entre os dois países agravaram-se nas últimas semanas, após a decisão de Pequim de aplicar sanções a filiais norte-americanas da sul-coreana Hanwha Ocean e impor novas tarifas a navios com bandeira dos EUA. Washington respondeu com medidas semelhantes e ameaçou impor tarifas de 100 por cento a todos os produtos chineses a partir de 01 de Novembro.

O actual impasse recorda os episódios de confronto tarifário registados no início do ano, quando ambos os governos se acusaram de distorcer o comércio global através de controlos à exportação de tecnologias e matérias-primas estratégicas.

Embora nem o Global Times nem o China Daily mencionem directamente Bessent, os editoriais reiteram a mensagem habitual das autoridades chinesas após críticas de Washington, insistindo na necessidade de “igualdade e respeito mútuo” nas negociações bilaterais.

17 Out 2025

Comércio | Sancionadas cinco filiais da Hanwha nos EUA

As autoridades chinesas puniram as subsidiárias sul-coreanas em resposta à intervenção de Trump na indústria naval

O Governo chinês anunciou ontem a proibição de transacções de empresas chinesas com cinco subsidiárias do construtor naval sul-coreano Hanwha Ocean, numa nova resposta à política do Presidente norte-americano, Donald Trump, de relançar a indústria naval nos Estados Unidos.

Num comunicado divulgado ontem, o Ministério do Comércio chinês indicou ainda que vai investigar a decisão de Washington de abrir um inquérito ao domínio crescente da China na construção naval global, advertindo que poderá aplicar novas medidas de retaliação.

As autoridades chinesas afirmaram que a investigação “coloca em risco a segurança nacional” da China e a sua indústria marítima, apontando o envolvimento da Hanwha no processo como um dos motivos para as sanções. A investigação norte-americana, ao abrigo da Secção 301 da lei de comércio dos EUA, foi lançada em Abril de 2024, tendo concluído que a posição dominante da China no sector prejudica as empresas norte-americanas.

“Pequim acaba de transformar a construção naval numa arma”, afirmou Kun Cao, vice-presidente executivo da consultora Reddal, citado pela imprensa internacional. “É um sinal claro de que atingirá empresas de terceiros países que colaborem com os EUA no seu esforço para conter o domínio marítimo da China”, apontou.

A ‘lista negra’ chinesa inclui as entidades Hanwha Shipping LLC, Hanwha Philly Shipyard Inc., Hanwha Ocean USA International LLC, Hanwha Shipping Holdings LLC e HS USA Holdings Corp. As ações da Hanwha Ocean registaram ontem uma queda superior a 8 por cento na bolsa sul-coreana. Em resposta, a empresa afirmou estar a “analisar a situação”.

Mar agitado

O anúncio surge num momento de escalada das tensões comerciais e marítimas entre as duas maiores economias do mundo. Ambos os países introduziram ontem novas taxas portuárias sobre os navios um do outro. As taxas chinesas abrangem embarcações detidas ou operadas por empresas ou indivíduos norte-americanos, com participação igual ou superior a 25 por cento, navios com bandeira dos EUA ou construídos nos EUA, replicando em grande medida os critérios definidos pelas autoridades norte-americanas.

A trégua na guerra comercial parece assim ter-se desfeito após Trump ter ameaçado impor tarifas de 100 por cento sobre todas as importações oriundas da China, em protesto contra os recentes controlos chineses à exportação de terras raras.

Pequim assegurou ontem que as duas partes mantêm contacto, tendo realizado na segunda-feira uma ronda de conversações a nível técnico. A aproximação entre Washington e Seul na construção naval tem-se intensificado como resposta ao domínio chinês – a China é actualmente o maior construtor naval do mundo.

No final de 2024, a Hanwha adquiriu o estaleiro Philly Shipyard, na Pensilvânia, por 100 milhões de dólares, e anunciou em Agosto um plano de investimento de 5 mil milhões de dólares para ampliar as infraestruturas portuárias nos EUA. A empresa assinou também contratos com a Marinha dos EUA para serviços de manutenção e reparação de embarcações militares. Em Maio deste ano, a Hanwha revelou que iria sair de uma ‘jointventure’ que mantinha na China.

15 Out 2025

Estudo | Trump foi principal disseminador de desinformação nos EUA em 2024

O Presidente norte-americano, Donald Trump, foi o principal disseminador de desinformação nos Estados Unidos da América (EUA), em 2024, concluiu um estudo do International Center for Jounalists (ICFJ). “O Presidente dos EUA, Donald Trump, foi a fonte dominante e distribuidora de desinformação” em 2024, afirmam os autores do estudo “Desarmando a Desinformação: Estados Unidos”.

O estudo destaca que Trump recorreu a funções das forças políticas domésticas, em vez de actores estatais estrangeiros, como a principal fonte de narrativas de desinformação no discurso político dos EUA. Além disso, a existência de grupos de WhatsApp e outros espaços digitais fechados muitas vezes actuam como “casulos de informação” que fomentam rumores e outras formas de desinformação.

Desta forma, “a disseminação viral de desinformação e o ataque estratégico a jornalistas surgiram como ameaças interligadas à democracia. Numa era de crescente autoritarismo e retrocesso democrático, as falsidades são frequentemente utilizadas como arma por actores estatais para influenciar a opinião pública, minar o jornalismo e intimidar jornalistas”.

Os autores do estudo afirmam que estes factores são cada vez mais a realidade norte-americana, com Donald Trump a “promulgar narrativas manifestamente falsas” nos últimos anos.

“Os media americanos enfrentam uma profunda crise de informação, num tempo de repressão à liberdade de expressão”, lê-se no estudo. Neste sentido, a confiança na grande imprensa continua a diminuir num clima de crescentes ataques aos media, por parte do Governo Trump.

O estudo publicado pelo International Center for Jounalists (ICFJ) teve como base a análise de 10.000 notícias e publicações em meios de comunicação durante 2024, bem como um inquérito a 1.020 americanos.

9 Out 2025

Trump anuncia encontro com Xi em Outubro na Coreia do Sul e visita China em 2026

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira que vai reunir-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, no final de Outubro, na Coreia do Sul e que visitará a China “no início do próximo ano”.

O anúncio foi feito após uma conversa telefónica entre os dois líderes, que também aprovaram um acordo sobre o futuro da rede social TikTok.

“A conversa foi muito boa, voltaremos a falar por telefone, agradecemos a aprovação do TikTok e ambos estamos ansiosos por nos encontrarmos na APEC!”, escreveu Trump na rede Truth Social, referindo-se à cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC).

Esta foi a segunda conversa telefónica entre os líderes desde o regresso de Trump à Casa Branca, num contexto de tensões comerciais após a imposição de tarifas adicionais sobre produtos chineses.
Trump afirmou que a rede social “tem um valor tremendo” e argumentou que os EUA “têm esse valor nas suas mãos”, justificando que será o país a aprovar.

As autoridades norte-americanas têm levantado preocupações sobre a entrega de dados ao Governo chinês e sobre o controlo do algoritmo da rede social. Apesar dos avanços, continuam em aberto questões como restrições à exportação de tecnologia, compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos e o combate ao fentanil.

Positiva e construtiva

De acordo com a agência oficial Xinhua, Xi sublinhou que Pequim e Washington “podem alcançar o sucesso mútuo e a prosperidade partilhada, beneficiando ambos os países e o mundo”, pedindo aos EUA que criem “um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório” para as empresas chinesas.

Xi considerou a conversa “pragmática, positiva e construtiva” e sublinhou a importância das relações China-EUA. “Para concretizar esta visão, ambos os lados devem encontrar um meio-termo e procurar o respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação vantajosa para ambas as partes”, disse Xi, acrescentando que Pequim e Washington “podem continuar a gerir adequadamente as principais questões do relacionamento bilateral e procurar resultados vantajosos para ambas as partes”.

22 Set 2025

Rejeitadas declarações de Trump sobre “conspiração” com Pyongyang e Moscovo

A China rejeitou ontem as declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, que acusou o homólogo chinês, Xi Jinping, de “conspirar contra os Estados Unidos” juntamente com os líderes da Rússia e da Coreia do Norte.

“A China desenvolve as suas relações diplomáticas com todos os países, sem nunca visar terceiros”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, em conferência de imprensa, em Pequim.

O responsável classificou ainda como irresponsáveis as declarações da chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, que considerou o encontro entre Xi Jinping e os líderes da Rússia e Coreia do Norte, Vladimir Putin e Kim Jong-un, respetivamente, um “desafio directo” à ordem internacional.

A resposta de Pequim surgiu depois de Trump ter escrito, na rede Truth Social, uma mensagem dirigida a Xi: “Peço que transmita os meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos”, comentou o Presidente, referindo-se à presença dos três líderes no desfile que marcou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

5 Set 2025

Oposição indiana critica Trump e fracasso do Governo

A oposição indiana classificou quarta-feira as novas tarifas dos Estados Unidos como “chantagem económica” e criticou o primeiro-ministro, Narendra Modi, pelo que considera um fracasso da política externa que prejudica os interesses nacionais.

“A tarifa de 50 por cento de [Donald] Trump é uma chantagem económica: uma tentativa de pressionar a Índia a aceitar um acordo comercial injusto”, escreveu o líder do partido Congresso Nacional Indiano (INC), Rahul Gandhi, nas redes sociais.

Gandhi exortou Modi a “não permitir que a sua fraqueza prevaleça sobre os interesses do povo indiano”, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

Na mesma linha, o presidente do INC, Mallikarjun Kharge, afirmou que “uma política externa sólida requer substância e habilidade” e classificou a diplomacia de Modi como superficial. “Eles não conseguiram chegar a um acordo comercial e agora estão a falhar em proteger o nosso país”, criticou.

Os Estados Unidos activaram quarta-feira a nova política de tarifas de 50 por cento sobre exportações da Índia como punição pela compra de petróleo à Rússia, alvo de sanções devido à guerra contra a Ucrânia. A nova taxa punitiva adicional é de 25 por cento. Em causa, estão exportações indianas no valor de cerca de 60 mil milhões de dólares, segundo a EFE.

A Rússia já declarou estar pronta para absorver as exportações indianas mais afectadas pela punição norte-americana. Os sectores mais atingidos são indústrias com alta empregabilidade, como o têxtil, o de joias e pedras preciosas, o de frutos do mar e o de componentes para automóveis.

Os Estados Unidos não puniram sectores produtores de bens que são importantes para as próprias empresas ou para o bolso dos cidadãos norte-americanos, como medicamentos e telemóveis.

Factor petróleo

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou inicialmente uma tarifa de 25 por cento sobre produtos indianos.

Mas, no início de Agosto, assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa adicional de 25 por cento devido às compras de petróleo russo pela Índia, o que elevou as tarifas combinadas impostas ao aliado asiático aliado para 50 por cento.

“As nossas importações [de petróleo russo] baseiam-se em factores de mercado e são feitas com o objectivo geral de garantir a segurança energética de 1,4 mil milhões de pessoas na Índia”, afirmou Nova Deli em 07 de Agosto, recordou o jornal Hindustan Times.

Para fazer face à medida, o Governo indiano anunciou quarta-feira a promoção de produtos têxteis em mercados que considerou prioritários, incluindo os do Reino Unido, Japão e Coreia do Sul. As exportações da Índia atingem actualmente 220 países e territórios, mas as autoridades disseram que 40 mercados são fundamentais para a diversificação.

A lista inclui também Alemanha, França, Itália, Espanha, Países Baixos, Polónia, Canadá, México, Rússia, Bélgica, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Austrália, segundo o jornal The Times of India. A Federação das Organizações de Exportação da Índia (FIEO) expressou num comunicado “máxima preocupação” e solicitou apoio imediato do Governo às empresas.

29 Ago 2025

EUA | Apoiantes de Trump criticam entrada de 600 mil alunos chineses

Depois de ter restringido significativamente a entrada de alunos estrangeiros nas universidades e de ter bloqueado matrículas em Harvard, Donald Tump troca as voltas aos seus apoiantes e anuncia a entrada do dobro de estudantes chineses no ensino norte-americano face a 2023-24

 

A promessa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de permitir a entrada de 600 mil alunos chineses nas universidades do país surpreendeu e motivou críticas de grande parte dos sectores conservadores que o apoiam.

O número citado por Trump – no contexto inesperado de um encontro na Casa Branca com o Presidente da Coreia do Sul na segunda-feira – representa mais do dobro do número de alunos chineses matriculados no ano lectivo de 2023-24 e nem a Presidência nem o Departamento de Estado responderam ontem a pedidos de esclarecimentos.

“O Presidente Xi gostaria que eu fosse à China. É uma relação muito importante. Como sabem, estamos a receber muito dinheiro da China por causa das tarifas e de outras coisas (…) Ouço tantas histórias de que ‘não vamos permitir a entrada dos alunos deles’, mas vamos permitir a entrada dos alunos deles. Vamos permitir. É muito importante — 600.000 alunos”, afirmou o Presidente norte-americano.

A duplicação do número de estudantes chineses representaria de facto uma inflexão do executivo Trump, que em seis meses aumentou restrições aos vistos de estudantes, bloqueou as matrículas de estrangeiros na prestigiada Universidade de Harvard e alargou os motivos para serem negados vistos a estudantes internacionais.

Em Maio, o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que iria revogar os vistos de estudantes ligados ao Partido Comunista Chinês (PCC) e aumentar restrições a novos candidatos.

Ontem, numa reunião de gabinete e sentado ao lado de Rubio, Trump disse sentir-se “honrado” por ter estudantes chineses no país e que estes ajudam as finanças das faculdades.

“Eu disse isto ao Presidente [chinês] Xi [Jinping]: ‘sentimo-nos honrados por ter os vossos alunos aqui’ (…) Agora, além disso, verificamos e temos cuidado, vemos quem está cá”, disse Trump.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China confirmou, entretanto, que Trump disse a Xi num telefonema em Junho que “os Estados Unidos adoram que os estudantes chineses venham estudar” para o país.

Finanças ao alto

No seu primeiro mandato, Trump proibiu a entrada de universitários chineses que frequentassem escolas com ligações militares.

A ideia de acolher mais estudantes chineses foi rapidamente rejeitada por alguns dos mais fervorosos apoiantes de Trump — desde a congressista Marjorie Taylor Greene ao ex-conselheiro presidencial Steve Bannon e à activista de extrema-direita Laura Loomer.

Bannon criticou ontem o anúncio, dizendo que “não deveria haver estudantes estrangeiros neste momento no país”.

Greene, uma das mais fervorosas apoiantes de Trump, questionou o argumento da importância destes alunos para o financiamento das universidades, defendendo que se 15 por cento destas fecharem por falta de chineses, é “porque estão a ser sustentadas pelo PCC” e como tal “devem falhar de qualquer maneira”.

O argumento de que 15 por cento das universidades norte-americanas fechariam sem estes estudantes estrangeiros foi invocado pelo secretário do Comércio, Howard Lutnik, na segunda-feira no canal conservador Fox News, onde defendeu que Trump está a adoptar uma “visão económica racional”.

A apresentadora Laura Ingraham, que havia questionado Lutnik sobre como é que tal mudança seria consistente com os princípios “America First” (“América em Primeiro Lugar”) de Trump, não se mostrou convencida com a resposta.

“Simplesmente não consigo compreender. São 600 mil vagas que os jovens americanos não vão conseguir”, disse Ingraham, cujos espectadores são na sua maioria eleitores do Partido Republicano.

Tem vindo a afirmar-se no país um consenso bipartidário de que as universidades não devem ajudar a formar os principais talentos do grande rival chinês em áreas críticas como a computação quântica, a inteligência artificial e a tecnologia aeroespacial.

O democrata Kurt Campbell, vice-secretário de Estado no governo de Joe Biden, disse à AP que gostaria de ver estudantes chineses nos EUA para estudar humanidades e ciências sociais, “não física de partículas”.

27 Ago 2025

Tarifas | Trump ameaça China com taxas de 200% se Pequim não exportar mais ímanes

O Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou ontem a China com tarifas de cerca de 200% sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos se Pequim não acelerar as suas exportações de ímanes de terras raras.

“Têm de nos dar ímanes. Se não o fizerem, então imporemos tarifas de cerca de 200 por cento. Mas penso que não teremos problemas com isso”, declarou Trump, na presença do seu homólogo sul-coreano Lee Jae-myung, durante uma troca de impressões na Sala Oval.

A China é o principal produtor mundial de terras raras, que são utilizadas no fabrico de ímanes essenciais para as indústrias automóvel, electrónica e de armamento. No entanto, no início de Abril, o Estado chinês impôs uma licença para a exportação destes materiais estratégicos, uma decisão vista como uma medida de retaliação contra os direitos aduaneiros americanos.

Pequim e Washington iniciaram então uma guerra comercial em grande escala, respondendo cada um ao aumento dos direitos aduaneiros do outro, que atingiram 125 por cento e 145 por cento, respetivamente. Desde então, as negociações entre as duas maiores potências mundiais atenuaram as tensões e o Governo chinês comprometeu-se a acelerar a emissão de licenças para várias empresas norte-americanas.

“Penso que temos uma óptima relação com a China, falei muito recentemente com o Presidente Xi [Jinping] e em algum momento deste ano deveríamos visitar a China”, acrescentou Trump. Funcionários norte-americanos e chineses reuniram-se três vezes nos últimos meses para resolver uma série de questões relacionadas com as suas relações comerciais.

No final destas reuniões, os dois países concordaram em manter os direitos aduaneiros que impõem um ao outro em 30 por cento e 10 por cento, respectivamente, por um período de 90 dias, que já foi prorrogado duas vezes, a última até Novembro próximo.

27 Ago 2025

Trump diz que China não avançará contra Taiwan durante o seu mandato

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que o seu homólogo chinês, Xi Jinping, lhe garantiu que não ordenará qualquer ofensiva contra Taiwan, pelo menos durante o seu mandato na Casa Branca. Numa entrevista à Fox News, Trump descartou que Pequim planeie “avançar” numa ilha que considera estar sob a sua soberania e à qual Washington ofereceu ajuda militar nos últimos anos.

“Não acho que isso vá acontecer enquanto estiver aqui”, disse Trump, que adiantou ter garantias expressas do Presidente do gigante asiático. “O Presidente Xi disse-mo”, acrescentou, sem dar detalhes sobre as negociações.

Trump e Xi têm falado por telefone desde o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em janeiro, mas o último encontro direto entre os dois remonta a 2019. Os dois países têm agora várias frentes políticas em aberto, incluindo a guerra tarifária promovida por Trump e ainda pendente no caso da China.

Na semana passada, Washington e Pequim estenderam por mais três meses o prazo para chegar a algum tipo de acordo que evite a imposição de tarifas indiscriminadas sobre o fluxo comercial bilateral.

Nos últimos anos, os EUA intensificaram a sua atenção sobre Taiwan, realizando com maior frequência visitas à ilha, vendendo armas e outros equipamentos militares e estimulando em Taipé uma atitude mais musculada em relação a Pequim.

17 Ago 2025

Diplomacia | Trump diz poder reunir-se com Xi “antes do final do ano”

O presidente dos Estados Unidos disse ontem que a reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, poderá ocorrer “antes do fim do ano”, considerando ter havido um diálogo comercial “positivo” entre delegações de ambos os países, em Estocolmo. “Espero ansiosamente pela reunião, diria que (pode acontecer) antes do fim do ano.

Seria uma forma de fechar um círculo”, respondeu Donald Trump, a bordo do Air Force One, a uma pergunta da imprensa sobre um futuro encontro entre ambos os líderes, que já tinha anunciado em Junho passado.

O presidente indicou que as delegações comerciais de Pequim e Washington tiveram “uma troca muito boa hoje [ontem]” na capital sueca, o que lhe permite ser mais optimista sobre a possibilidade de falar cara a cara com Xi.

“Se me tivessem perguntado ontem, não parecia muito bem (…). Scott acabou de me dizer que a reunião com a China foi muito bem”, precisou em referência ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, que lidera a conversa por parte dos EUA juntamente com o representante comercial, Jamieson Greer, entre outros.

A reunião de dois dias em Estocolmo ocorreu após os encontros em Genebra e Londres em Maio e Junho, respectivamente, e a conversa telefónica entre Trump e Xi, no passado dia 5 de Junho, na qual o presidente chinês convidou o seu homólogo americano a Pequim.

Bessent e Greer anunciaram que se reunirão esta quarta-feira com Trump na Casa Branca para informá-lo sobre o andamento das negociações e obter a sua aprovação para a extensão por mais 90 dias da trégua tarifária acordada por ambos os países, que deve terminar a 12 de Agosto.

31 Jul 2025

A porta das estrelas (II)

(Continuação da edição de 19 de Junho)

Obviamente, não é certo que Trump tenha sucesso nesta complicada tarefa de dividir para reinar. Entretanto, é perfeitamente possível que um desses actores desenvolva modelos de IA ou outras invenções tão poderosas que não possam ser ignoradas, obrigando o presidente a cooptá-lo em detrimento de outra pessoa, com todas as consequências que isso acarreta.

Um exemplo poderia ser a Microsoft, que em 2024 anunciou uma parceria com a Blackrock para fazer exactamente o que a Stargate deveria fazer, ou seja, lançar uma infra-estrutura física de IA. Já foram investidos trinta mil milhões e, este ano, serão adicionados outros oitenta mil milhões de dólares. Total são cento e dez mil milhões de dólares, dez a mais do que o portal das estrelas. Mas isso, para Trump, é um problema até certo ponto. Se as empresas competem para ganhar os seus favores e permanecem fiéis aos interesses americanos, tanto melhor. Os grandes nomes da tecnologia devem competir ferozmente entre si, produzindo inovação. Basta que não pensem que são mais importantes do que o presidente mesmo que talvez o sejam realmente.

Na sua monumental “Sociologia”, Georg Simmel distinguia entre competição existencial em que está em jogo a vida dos contendores e competição orientada para o resultado em que importa é a consecução do objectivo. Enquanto este tipo de concorrência prevalecer entre os magnatas da tecnologia americana, o Manual Cencelli ou como partilhar o poder criado por Trump funcionará. Mas se alguém se sentir existencialmente ameaçado por outra pessoa, a situação poderá explodir.

Estamos evidentemente em plena zona Elon Musk, campeão dos riscos existenciais. O fundador da SpaceX levou apenas algumas horas para reagir ao anúncio da Stargate. E, obviamente, fez no X, comentando secamente a publicação com a qual a OpenAi anunciava o nascimento do projecto afirmando que «Eles não têm dinheiro. A SoftBank tem menos de dez mil milhões de dólares, segundo fontes fidedignas». Ora, mesmo sem saber quais são as fontes fidedignas de Elon, os seus cálculos estão correctos. Se subtrairmos dos vinte e cinco mil milhões de dólares de liquidez que o fundo de Masa declarou no balanço de Setembro de 2024, os dezanove mil milhões de dólares que investirá na Stargate, restam cerca de seis mil milhões de dólares nas contas da SoftBank.

Mas, como vimos, o problema não é esse. E certamente não é essa a dificuldade de Elon. O fundador da SpaceX ficou de facto surpreendido com a jogada de Trump, que depois de o ter usado durante toda a campanha eleitoral como imagem pública, o fez desaparecer das cenas que importam com excepção da polémica que se seguiu à sua suposta saudação romana. Acima de tudo, porém, o ex-chefe da Doge (deixou o governo Trump e o seu cargo no Doge, o órgão encarregado de reduzir os gastos do governo dos Estados Unidos e reduzir empregos) não tolera que o projecto Stargate seja construído em torno da OpenAi, empresa que Musk fundou em 2015 sem fins lucrativos e que lhe foi roubada por Altman, acusado por Elon de querer ganhar dinheiro desenvolvendo uma Inteligência Artificial Geral (AGI) capaz de destruir a humanidade.

Em síntese clara de Musk, «A OpenAi é o mal». A situação é paradoxal. Trump, com quem Musk basicamente conviveu nos últimos três meses, despreza a IA de Elon e atribui a liderança operacional do maior projecto relacionado à IA da história americana àquele que, segundo o fundador da Tesla, não é simplesmente um concorrente, mas uma ameaça existencial à sobrevivência da humanidade. Consequência, um ex-representante do governo, como Musk, afirma publicamente que a Stargate é um projecto irrealista, incapaz de se financiar e liderado por pessoas malvadas prontas a «evocar o demónio da IA» para ganhar dinheiro.

Nessa loucura, o presidente teve que se apressar em declarar que Elon está apenas um pouco agitado porque no projecto «há uma pessoa que ele odeia» e que, de qualquer forma, não há nada com que se preocupar porque «eu também odeio algumas pessoas». A resposta de Altman a Musk, também publicada no X, foi quase imediata «O que é bom para o país nem sempre é bom para as suas empresas.

Mas espero que, no seu novo cargo, coloque sempre os Estados Unidos em primeiro lugar». O chefe da OpenAi demonstra conhecer Elon muito bem, porque acerta exactamente no ponto em que a América de Trump e o império de Musk podem tomar caminhos diferentes.

Para o presidente, o governo deve apostar no desenvolvimento da IA sem qualquer tipo de preocupação ética, filosófica ou ambiental, porque o objectivo é tornar a América grande novamente ou, pelo menos, garantir que continue maior do que a China.

26 Jun 2025

Nobel da Paz | Paquistão critica Trump por atacar Irão

O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia.

As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em Abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump.

Foi a “intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral” de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz,

Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques “constituíam uma grave violação do direito internacional” e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA.

O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

24 Jun 2025

A porta das estrelas (I)

(Continuação da edição de 5 de Junho)

Para entender o projecto de Trump, é essencial assistir ao vídeo de apresentação do Stargate. O magnata começa a falar quase em burocratês, afirmando que o objectivo do projecto é construir «a infra-estrutura física e virtual para fortalecer a próxima geração de inteligências artificiais». Depois, faz uma pausa, respira fundo e prossegue com a afirmação fatal de que «Para isso, construiremos centros de dados colossais». Esta passagem, se o magnata tivesse optado por publicá-la no “Truth Social” em vez de anunciá-la em transmissão mundial, teria certamente sido escrita em letras maiúsculas trumpianas «CONSTRUIREMOS CENTROS DE DADOS COLOSSAIS».

A porta das estrelas, em suma, é algo muito terreno. Não se trata de escrever algumas linhas de software, mas de construir enormes galpões industriais onde armazenar uma quantidade gigantesca de dados, necessários para treinar as IAs a igualar e talvez superar a inteligência humana. Trata-se de desviar cursos de água inteiros para arrefecer as máquinas, dado o incrível consumo energético dessas infra-estruturas. A IA consome muita energia e certamente não é «verde». Trump percebeu isso e, portanto, o slogan da campanha Republicana de 2008 «drill, baby, drill!» também se adapta ao desenvolvimento da IA. Não é crueldade ou desinteresse em relação ao destino ecológico do planeta. É puro princípio de realidade. Típico, antes do presidente, do empresário. Porque Altman pode contratar todos os melhores engenheiros informáticos do mundo e recolher todos os dados que quiser, mas sem as GPUs de Jensen e a terra de Donald ChatGpt pode ser, no máximo, uma calculadora brilhante.

Numa entrevista recente, Jake Sullivan, ex-Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos explicou que agora o Estado já não consegue exercer um controlo real sobre o desenvolvimento tecnológico, especialmente quando se trata de IA. É assim mesmo. Regular a OpenAi e empresas semelhantes é impossível. A inovação é muito rápida e não pode ser abrandada sem criar ameaças à segurança nacional. No entanto, como a IA não existe na natureza, mas tem de ser produzida, raciocina Trump, se eu quiser exercer poder neste processo, um poder, não uma governação ao estilo europeu que equivale a suicídio industrial, tenho de me inserir nas cadeias de valor. Como fazer isso? Às vezes, as soluções mais banais são também as mais eficazes. Certamente, o Estado não pode competir com Altman em software, com Jensen em hardware ou com Ellison e a Microsoft na nuvem. Mas continua a ser o único sujeito que possui o solo, sobre a qual exerce o monopólio da violência legítima e sobre a qual pode conceder autorização para «CONSTRUIR CENTROS DE DADOS COLOSSAIS».

Só o Estado pode decidir desviar cursos de água para direccioná-los para as instalações de refrigeração e fornecer aos centros de dados a energia necessária para alimentar a capacidade de computação. Nem as GPUs de Jensen, nem o software da OpenAI, nem a nuvem da Oracle o podem fazer. Neste mundo, só Donald Trump o pode fazer. Em termos económicos, trata-se de ocupar um ponto de estrangulamento numa cadeia de valor.

No momento, o presidente e os três mosqueteiros da Stargate (Ellison, Masa e Altman) estão alinhados. Portanto, o magnata promete uma enxurrada de ordens executivas e declarações de emergência para garantir o abastecimento de água e energia necessários para alimentar os colossais centros de dados que agora fazem parte da paisagem americana. No entanto, ao fazer isso, Trump também pretende sinalizar aos seus companheiros de viagem que a porta das estrelas ainda depende do Estado, pelo menos até que nas palavras de Max Weber «o último quintal de combustível fóssil seja queimado».

Perfurem. Assim e resumindo, através do Stargate, Trump pretende consolidar a primazia em IA em relação à China e manter alguma forma de controlo sobre a inovação. A responsabilidade financeira da operação ou seja, a tarefa de encontrar os cem mil milhões de dólares para começar e depois quintuplicá-los cabe ao SoftBank, enquanto a responsabilidade operacional é da OpenAi.

A Oracle disponibilizará as nuvens e a Nvidia as GPUs, enquanto ao governo cabe a tarefa de garantir o fornecimento de energia necessário para alimentar todo o processo. Stargate é, antes de mais nada, um projecto de infra-estrutura, que se concretiza na construção de centros de dados colossais e na futura criação de cem mil postos de trabalho. Como disse Trump no fórum de Davos, a porta das estrelas deve, de facto, ser inserida na estratégia industrial mais ampla do país, que consiste em «tornar os Estados Unidos uma superpotência industrial».

12 Jun 2025

Tarifas | Trump diz que é “extremamente difícil chegar a um acordo” com Xi Jinping

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que aprecia o homólogo chinês, mas que é “extremamente difícil chegar a um acordo” com Xi Jinping, numa altura em que os dois países travam uma guerra comercial.

“Gosto do Presidente XI da China, sempre gostei e sempre gostarei, mas ele é MUITO DIFÍCIL”, afirmou o líder norte-americano, na sua rede social Truth, no dia em que as taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA aumentaram para 50 por cento.

As declarações de Trump surgem numa altura em que a imprensa norte-americana avança com a possibilidade de os dois líderes abordarem, por telefone, um acordo final que atenue as tensões comerciais.

Não ficou claro se Trump falou com Xi, entretanto. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, acusou na terça-feira os Estados Unidos de violarem o acordo comercial provisório alcançado em Genebra, no mês passado, ao imporem “medidas negativas”, como as últimas restrições à exportação de semicondutores ou a anulação de vistos de estudantes chineses. Wang fez aquelas afirmações durante um encontro com o novo embaixador dos Estados Unidos na China, David Perdue.

“Infelizmente, os EUA introduziram recentemente uma série de medidas negativas com base em fundamentos infundados, prejudicando os direitos e interesses legítimos da China”, afirmou Wang, durante o encontro, em Pequim, de acordo com um comunicado difundido pelo Governo chinês. Wang apelou aos EUA para que “criem as condições necessárias para que as relações [bilaterais] regressem ao caminho certo”.

Trump mostrou-se anteriormente confiante de que uma conversa com Xi poderá aliviar as tensões comerciais, embora não seja claro que esse telefonema esteja a ser organizado.

5 Jun 2025

OMC | China sugere “calma” face às taxas alfandegárias de Trump

A China sugeriu aos Estados membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que respondam com “calma” às perturbações causadas pelas taxas alfandegárias de Donald Trump no comércio internacional e apelou à preservação das trocas não afectadas.

“Temos de estabilizar as nossas relações comerciais para garantir que os outros 87 por cento do comércio internacional continua a funcionar conforme as normas da OMC”, afirmou a representação chinesa, durante a sessão do Conselho Geral realizada em 20 e 21 de Maio.

Uma semana depois de ter começado a vigorar a “trégua” comercial acordada por EUA e China, a delegação desta realçou na OMC que, “se bem que a negociação bilateral possa ser um meio para atenuar ou resolver fricções comerciais”, deve-se continuar a operar segundo as regras do organismo internacional.

Acrescentou que, “perante as acções de unilateralismo e intimidação, a China adoptou e continuará a adoptar medidas enérgicas”, para proteger os seus direitos e interesses legítimos, mas também para “defender as normas comerciais mundiais e a equidade e justiça internacionais”.

A delegação dos EUA na OMC realçou que “o sistema de comércio unilateral existente não foi capaz de enfrentar os graves desafios com que se confronta”, entre os quais os crescentes desequilíbrios comerciais ou “práticas contrárias aos princípios” da organização internacional.

“Uma reforma adequada necessitará da participação de outros membros, incluindo os que aproveitaram a incapacidade da OMC para alcançar os seus objectivos”, acrescentou.

23 Mai 2025

“Golden Dome” | China vê plano dos EUA como uma ameaça à estabilidade global

A China insistiu ontem que o plano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para construir um enorme sistema de defesa antimísseis dos EUA, apelidado de “Golden Dome”, representa uma ameaça à estabilidade global.

“Esse plano prejudica o equilíbrio estratégico e a estabilidade global. A China expressa sérias preocupações sobre isso. Instamos os Estados Unidos a abandonarem o desenvolvimento e a implantação de um sistema global de defesa antimísseis o mais rápido possível”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Para a China, o projecto “corre o risco de acelerar a militarização do espaço, bem como alimentar a corrida ao armamento”. O Presidente norte americano anunciou na terça-feira o conceito que pretende para o escudo antimíssil, conhecido por “Golden Dome” [Cúpula Dourada].

“Tenho o prazer de anunciar que seleccionamos oficialmente uma arquitectura para este sistema de última geração”, disse Donald Trump aos jornalistas, na Sala Oval da Casa Branca, acrescentando que o Canadá se juntará a esta iniciativa.

“Uma vez concluído, o ‘Golden Dome’ será capaz de interceptar mísseis mesmo que sejam lançados do outro lado da Terra e mesmo que sejam lançados do espaço”, acrescentou. O sistema estará operacional até o final do mandato e custará um total de “aproximadamente 175 mil milhões de dólares”, disse.

De acordo com uma agência do Congresso dos EUA sem afiliação partidária, o custo estimado de um sistema interceptor espacial para combater um número limitado de mísseis balísticos intercontinentais está entre 161 mil milhões e 542 mil milhões de dólares ao longo de 20 anos.

21 Mai 2025

Tarifas | Trump anuncia “grandes progressos” nas negociações entre China e EUA

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, congratulou-se no sábado com os “grandes progressos” das negociações com a China, em Genebra, sobre as tarifas.

“Muito boa reunião hoje [sábado] com a China na Suíça. Muitas coisas foram discutidas, muitas coisas foram aprovadas. Foi negociado um ‘reset’ total, de uma forma amigável mas construtiva. Para o bem da China e dos Estados Unidos, queremos que a China se abra às empresas norte-americanas. Foram feitos grandes progressos”, escreveu na rede social Truth Social, da qual é proprietário.

As conversações entre as delegações dos Estados Unidos e da China sobre as tarifas que ameaçam abalar a economia global foram ontem retomadas em Genebra, após a reunião entre representantes dos EUA e da China, disse um responsável à agência Associated Press.

Como sinal da importância do que está em jogo, os dois países enviaram a Genebra, este fim de semana, representantes de alto nível para as conversações: o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante para o Comércio, Jamieson Greer, dos Estados Unidos, e o vice-primeiro-ministro, He Lifeng, da parte chinesa.

“O contacto estabelecido na Suíça é um passo importante para promover a resolução do diferendo”, escreveu a agência de notícias Xinhua antes da reunião.

No mês passado, Donald Trump, aumentou os direitos aduaneiros dos Estados Unidos sobre a China para um total de 145 por cento, e a China retaliou, com uma taxa de 125 por cento sobre as importações norte-americanas.

Tarifas tão elevadas equivalem essencialmente ao boicote dos produtos um do outro, perturbando trocas que, no ano passado, ultrapassaram os 660 mil milhões de dólares.

Na sexta-feira, ainda antes do início das negociações, Trump sugeriu que Washington poderia reduzir as tarifas impostas a Pequim, afirmando, numa publicação na rede social Truth Social: “Tarifas de 80 por cento parecem-me bem! É com o Scott [Bessent]”.

12 Mai 2025

1.º de Maio | Trump em destaque nos protestos na Ásia

Trabalhadores por toda a Ásia assinalaram ontem o 1.º de Maio com marchas e protestos que evidenciaram o crescente desconforto com o governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o receio de instabilidade económica global.

O feriado, também conhecido como Dia Internacional dos Trabalhadores ou Dia do Trabalho, homenageia as lutas e conquistas dos trabalhadores e do movimento trabalhista. Em vários países e regiões asiáticas, a agenda de Trump foi citada como uma fonte de preocupação.

Em Taiwan, o líder do governo, Lai Ching-te, referiu-se às novas tarifas impostas por Trump ao promover uma proposta de lei de despesas destinada a estabilizar o mercado de trabalho e a apoiar os meios de subsistência.

Nas Filipinas, o líder do protesto, Mong Palatino, avisou que “as guerras tarifárias e as políticas de Trump” ameaçavam as indústrias locais. No Japão, houve quem dissesse que as políticas de Trump pairavam sobre o dia como uma sombra, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP). Um camião da marcha de Tóquio ostentava um boneco parecido com o Presidente dos Estados Unidos.

As exigências dos participantes nas marchas no Japão iam desde salários mais altos e igualdade de género a cuidados de saúde, ajuda em caso de catástrofe, um cessar-fogo em Gaza e o fim da invasão russa na Ucrânia.

“Para que os nossos filhos possam viver com esperança, os direitos dos trabalhadores têm de ser reconhecidos”, disse Junko Kuramochi, membro de um grupo de mães em Tóquio. Tadashi Ito, um trabalhador sindicalizado da construção civil, disse estar preocupado com o aumento dos preços das matérias-primas importadas.

“Toda a gente está a lutar por trabalho e, por isso, os contratos tendem a ir para onde os salários são mais baratos”, afirmou, citado pela AP. “Pensamos que a paz está em primeiro lugar. E esperamos que Trump erradique os conflitos e as desigualdades”, acrescentou.

Trabalho em risco

Sob um céu nublado, cerca de 2.500 sindicalistas marcharam em Taipé, representando sectores que vão das pescas às telecomunicações. Os manifestantes alertaram que as tarifas de Trump podem custar postos de trabalho em Taiwan.

“É por isso que esperamos que o governo possa propor planos para proteger os direitos dos trabalhadores”, disse o líder sindical Carlos Wang. Um sindicato de trabalhadores do sector automóvel exibiu um carro recortado com uma fotografia de Trump.

Em Manila, milhares de trabalhadores filipinos marcharam perto do palácio presidencial, onde a polícia bloqueou o acesso com barricadas. Os manifestantes exigiram salários mais elevados e uma maior proteção dos empregos e das empresas locais.

Na Indonésia, o Presidente Prabowo Subianto saudou milhares de trabalhadores que o aplaudiram no Parque do Monumento Nacional de Jacarta. “O governo que lidero vai trabalhar para eliminar a pobreza da Indonésia”, disse Subianto à multidão.

De acordo com o presidente da Confederação dos Sindicatos Indonésios, Said Iqbal, cerca de 200.000 trabalhadores terão participado nas marchas do 1.º de Maio na maior economia do Sudeste Asiático.

Na Turquia, a data serviu não só para os direitos laborais, mas também para apelos mais alargados à defesa dos valores democráticos, uma vez que os manifestantes planeavam protestar contra a prisão do presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu.

A prisão do opositor do regime, em Março, desencadeou os maiores protestos do país em mais de uma década, e o feriado de ontem ofereceu a perspectiva de novas manifestações contra o governo.

As autoridades bloquearam o acesso ao centro de Istambul e fecharam as vias de trânsito. Uma associação de advogados afirmou que mais de 200 manifestantes foram detidos perto da Praça Taksim, um ponto de encontro simbólico há muito vedado às concentrações do 1.º de Maio.

2 Mai 2025

Trump e a politização do tempo e do clima

As desavenças entre Trump e os meteorologistas não são novas. Já na primeira Administração por ele dirigida houve desentendimentos que fizeram eco na imprensa estadunidense e internacional. A sua intromissão nas previsões sobre a evolução do furacão Dorian, em 2019, fez com que a “American Meteorological Society” (AMS) e a “National Weather Association” (NWA) difundissem um comunicado conjunto desmentindo que seria provável haver danos causados pela intempérie no Estado de Alabama, como havia vaticinado o Sr. Trump.

Talvez por essa razão, o então presidente dos Estados Unidos da América poderá ter ficado a detestar os meteorologistas e, por arrastamento, os climatologistas. Note-se que ser meteorologista é diferente de se ser climatologista. O meteorologista, entre outras funções, analisa o tempo atual e prevê a sua evolução para os dias seguintes, enquanto o climatologista estuda o tempo médio característico de uma determinada região, ou mesmo à escala global e, recorrendo a modelos computacionais, prepara antevisões do que poderá acontecer a médio e longo prazo, podendo o período abrangido atingir dezenas de anos.

Enquanto para caracterizar o tempo num determinado local ou região é necessário conhecer os vários parâmetros meteorológicos (temperatura, humidade, pressão atmosférica, vento, nebulosidade, precipitação, etc.) num dado instante ou num período curto, para se caracterizar o clima há que se recorrer ao tempo predominante durante períodos relativamente longos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, esse período deverá ser de, pelo menos, trinta anos.

Voltando ao diferendo entre Trump e meteorologistas, a sua intromissão nas funções destes profissionais e nas instituições onde desenvolvem a sua atividade poderá ser o reflexo do seu carácter vingativo ou pelo facto de ele, como simples mortal, não poder amainar as tempestades (ou intensificá-las), ou determinar quando fenómenos como o El-Niño, La Niña, as monções, etc., deveriam ter início ou términus.

Em compensação, com a ajuda dos oligarcas que com ele conquistaram o poder nos EUA, o segundo país que mais emite gases de efeito de estufa (GEE), poderá, certamente influenciar o clima. Como? Poder-se-á perguntar. A resposta é simples. Está provado que a combustão dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) é a grande responsável pelo aumento da concentração dos GEE na atmosfera, a principal causa das alterações climáticas que se verificam desde o início da era industrial. Como Trump está a reverter todas as leis, nos EUA, que preconizam a diminuição do uso de tais combustíveis, a concentração dos GEE continuará a aumentar significativamente, o que contribuirá para acentuar essas alterações.

O clima ir-se-á, provavelmente, ressentir com as medidas que estão a ser tomadas, entre as quais o corte de verbas em tudo o que se relacione com o estudo das alterações climáticas e as suas consequências. A intensificação do “drill, baby, drill”, como ele gosta de repetir, contribuirá para o desequilíbrio de que o clima está a ser alvo. As várias componentes do sistema climático, em especial a atmosfera, a biosfera, a criosfera e a hidrosfera continuarão a sofrer as consequências do não acatamento das recomendações de milhares de cientistas, através do IPCC, do Protocolo de Quioto, do Acordo de Paris, das 29 COP (Conference Of the Parties) até agora realizadas, etc. A atmosfera está cada vez mais impregnada de GEE, a biosfera está a degradar-se com os incêndios florestais relacionados com secas cada vez mais frequentes; os oceanos aumentam de salinidade causada pelas chuvas ácidas e pela absorção de dióxido de carbono; a taxa de fusão do gelo da criosfera é cada vez maior, o que tem como consequência mais gravosa o aumento do nível do mar.

O desplante com que a Administração atual dos EUA lida com os assuntos associados ao clima e ambiente é tal que consta, no “site” oficial da Casa Branca, uma “Executive Order” com o título “Reinvigorating America’s Beautiful Clean Coal Industry and Amending Executive Order 14241”, datada de 8 de abril de 2025, em que uma das indústrias mais poluentes é designada por “bela Indústria do carvão limpo”.

Megha Satyanarayana, editora-chefe da secção de opinião da revista “Scientific American”, perguntou recentemente “Why is the Trump Administration politicizing weather?”. Na sua resposta, ela associa o interesse financeiro às atitudes de Trump e da oligarquia que conquistou o poder. Segundo ela, estão a acabar com as vozes discordantes da política do lucro fácil e rápido que se baseia na exploração dos combustíveis fósseis. O despedimento em curso de cientistas que desenvolvem a sua atividade no “National Weather Service” (NWS), departamento da “National Oceanic and Atmospheric Administration” (NOAA), insere-se nesse esforço de acabar com as vozes discordantes da sua política. Centenas de funcionários foram despedidos na NOAA como consequência da aplicação do “Projeto 2025”, que não é mais do que uma série de medidas que visam reduzir o número e a dimensão das agências do Estado, de acordo com uma perspetiva conservadora.

Na sua curteza de vistas a Administração Trump não vislumbra que, pondo em prática esse projeto, está a limitar a eficiência de uma instituição que tem contribuído incontestavelmente para a salvaguarda de vidas e bens de maneira altamente eficiente. Com base nas informações das estações meteorológicas, dos satélites meteorológicos e de comunicações, dos radares, dos modelos de previsão do tempo e do clima, os serviços meteorológicos estão a contribuir para a prosperidade dos países onde operam. Milhões de vidas têm sido salvas graças aos sistemas de avisos meteorológicos, com base nos quais se preparam alertas sobre a evolução e aproximação de fenómenos altamente gravosos como, por exemplo, os ciclones tropicais e extratropicais. Um exemplo do que a ausência de informação meteorológica pode provocar, foi o que aconteceu em 8 de setembro de 1900, quando um furacão atingiu a costa sul, próximo da cidade Galveston, no Golfo do México (sorry Mr. Trump). Nessa altura estas tempestades ainda não eram designadas por nomes próprios, nem existiam sistemas sofisticados de avisos meteorológicos. Cerca de seis mil pessoas sucumbiram vítimas de ventos fortes e da maré de tempestade associada ao furacão.

Atualmente tal não aconteceria, graças ao progresso que, entretanto, os serviços meteorológicos nacionais beneficiaram. A criação da Organização Meteorológica Mundial, em 1950, o aumento do número de estações meteorológicas, o uso de radares e satélites meteorológicos, o progresso das telecomunicações e a eficiência dos modelos físico-matemáticos de previsão do tempo, fizeram com que atualmente não fossem possíveis consequências tão nefastas de fenómenos deste tipo. E tudo isto graças ao empenho, em grande parte, dos profissionais da meteorologia. E são estes mesmos profissionais que sofrem atualmente a fúria destruidora do “Projeto 2025”.

Também as universidades estão a ser vítimas do corte de verbas por parte do Estado. Entre estas sobressai a Universidade de Harvard, onde se formaram 161 Prémios Nobel, entre os quais Albert Arnold Gore Jr., o 45.º Vice-Presidente dos EUA (1993-2001), que foi galardoado com o Prémio Nobel da paz em 2007 (Juntamente com o IPCC), devido ao trabalho desenvolvido na disseminação de conhecimento sobre as alterações climáticas.

De acordo com relatórios do IPCC, há uma relação estreita entre o aumento da concentração dos gases de efeito de estufa na atmosfera e a frequência e intensidade das ondas de calor, secas e fogos florestais. A implementação do “Projeto 2025” poderá fazer com que uma espécie de efeito “boomerang” contribua para a deterioração do clima, o que implicará que o segundo país mais poluidor também sofra as consequências.

Meteorologista

30 Abr 2025

EUA | Pequim critica observações de JD Vance sobre “camponeses chineses”

A China classificou como indelicados os comentários do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que afirmou numa entrevista que Washington estava a pedir dinheiro emprestado aos “camponeses chineses” e depois a comprar-lhes os frutos do seu trabalho.

Em entrevista ao canal de televisão Fox News, Vance defendeu a ofensiva comercial do Presidente Donald Trump, que abalou a economia mundial com a introdução de taxas alfandegárias, em particular contra a China, apesar dos receios de repercussões globais e das críticas dentro do seu próprio partido.

“Pedimos dinheiro emprestado aos camponeses chineses para comprar o que os camponeses chineses produzem”, afirmou Vance.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse ontem que “a posição da China sobre as relações económicas e comerciais sino-americanas foi claramente expressa”. “É surpreendente e triste ouvir palavras tão ignorantes e indelicadas por parte deste vice-presidente”, afirmou Lin Jian, em conferência de imprensa.

O vice-presidente dos Estados Unidos disse que via esta medida como um antídoto para a “economia globalista”, que, na sua opinião, não está a funcionar em benefício do povo norte-americano. “Este não é um método para a prosperidade económica. Não é um método para preços baixos, e não é um método para bons empregos nos Estados Unidos da América”, acrescentou o braço direito de Donald Trump.

9 Abr 2025

Trump diz que Presidente chinês visita Washington num “futuro não muito distante”

O Presidente norte-americano Donald Trump adiantou na segunda-feira que o seu homólogo chinês Xi Jinping irá visitar Washington num “futuro não muito distante”, perante as crescentes tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo devido à imposição de tarifas.

“Isso acontecerá num futuro não muito distante”, revelou Trump aos jornalistas durante uma reunião do novo conselho de administração do Kennedy Center, um centro cultural famoso da capital Washington.

O chefe de Estado norte-americano observou ainda que altos funcionários do governo chinês, “logo abaixo” de Xi, visitarão em breve a capital dos EUA, embora não tenha adiantado nomes ou detalhes sobre possíveis datas.

Trump mencionou a visita de Xi ao referir que recebeu visitas de líderes estrangeiros na Casa Branca nas últimas semanas e perguntou-lhes como estava Washington. O republicano frisou que está a “limpar Washington”, incluindo tentar limpar tendas usadas por sem-abrigo e grafítis.

Na semana passada os meios de comunicação social norte-americanos tinham noticiado que Washington e Pequim iniciaram discussões sobre uma cimeira entre os líderes dos dois países, em Junho, nos Estados Unidos.

A imprensa chinesa tinha já sugerido a possibilidade de um encontro em Abril. Também o jornal de Hong Kong South China Morning Post avançou que Trump poderá deslocar-se à China em Abril para se encontrar com o homólogo chinês, Xi Jinping.

Desde a vitória do republicano nas presidenciais norte-americanas, em Novembro, que Trump e Xi manifestaram interesse na realização de uma cimeira.

Futuro em aberto

Desde a posse de Trump, em Janeiro, a administração norte-americana ameaçou, e depois suspendeu, taxas alfandegárias sobre o México e o Canadá, ao mesmo tempo que se comprometeu a punir também a Europa e outros parceiros comerciais.

Até agora, a China é o único país que enfrentou efectivamente aumentos generalizados das taxas decididos por Trump.

A Casa Branca impôs taxas adicionais de 20 por cento sobre todos os bens oriundos da China, citando o papel do país asiático na crise do fentanil nos EUA. Pequim retaliou rapidamente com taxas próprias, adaptando a resposta para evitar uma escalada das tensões.

Outras acções que estão a ser consideradas pela equipa comercial de Trump incluem restringir o investimento chinês nos EUA e o investimento norte-americano na China, visar indústrias dominadas pela China, como a construção naval, e limitar ainda mais a venda de produtos de alta tecnologia a empresas chinesas.

Trump e Xi já tinham conversado por telefone em Janeiro, dias antes da tomada de posse do norte-americano para o seu segundo mandato, numa conversa em que discutiram as relações comerciais e o futuro nos Estados Unidos da rede social TikTok, da empresa chinesa ByteDance.

Donald Trump disse estar aberto a negociar um novo acordo comercial com a China e elogiou Xi repetidamente.

Os dois líderes chegaram a um acordo em 2020 para pôr fim à guerra comercial que prejudicava ambas as economias. No entanto, as relações bilaterais deterioraram-se com a pandemia de covid-19, que Trump atribuiu à China.

19 Mar 2025

WSJ | EUA e China discutem cimeira Trump-Xi para Junho

O diário norte-americano Wall Street Journal (WSJ) noticiou que Washington e Pequim iniciaram ontem discussões sobre uma cimeira entre os líderes dos dois países, em Junho, nos Estados Unidos. A imprensa chinesa tinha já sugerido a possibilidade de um encontro em Abril.

As discussões, que as fontes do WSJ disseram estar na fase inicial, estão a decorrer numa altura em que a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias adicionais e outras medidas comerciais contra a China.

Também o jornal de Hong Kong South China Morning Post avançou que Trump poderá deslocar-se à China em Abril para se encontrar com o homólogo chinês, Xi Jinping. Tanto a Casa Branca como a Embaixada da China nos EUA não quiseram comentar, indicou o WSJ.

Desde a vitória do republicano nas presidenciais norte-americanas, em Novembro, que Trump e Xi manifestaram interesse na realização de uma cimeira. Sobre a possibilidade de Trump visitar a China em Abril, a porta-voz da diplomacia chinesa disse para já não ter informações.

Desde a posse de Trump, em Janeiro, a administração norte-americana ameaçou, e depois suspendeu, taxas alfandegárias sobre o México e o Canadá, ao mesmo tempo que se comprometeu a punir também a Europa e outros parceiros comerciais.

Até agora, a China é o único país que enfrentou efectivamente aumentos generalizados das taxas decididos por Trump. A Casa Branca impôs taxas adicionais de 20 por cento sobre todos os bens oriundos da China, citando o papel do país asiático na crise do fentanil nos EUA.

Pequim retaliou rapidamente com taxas próprias, adaptando a resposta para evitar uma escalada das tensões.

12 Mar 2025

Japão | Rejeitadas afirmações de Trump sobre moeda

As ameaças de Trump de impor tarifas adicionais ao Japão levaram a um desmentido do governo nipónico sobre o enfraquecimento propositado do iene

 

O Governo japonês rejeitou ontem as acusações feitas segunda-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o Japão está a desvalorizar a sua moeda, afirmando que está em estreita comunicação com Washington sobre essas questões.

“Não estamos a adoptar uma política para enfraquecer a nossa moeda. Se se lembrarem das nossas intervenções no mercado cambial nos últimos anos, compreenderão o que quero dizer”, afirmou o ministro das Finanças, Katsunobu Kato, numa conferência de imprensa após os comentários do Presidente norte-americano.

O porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, também negou que Tóquio esteja a seguir uma política de controlo cambial e disse que “as questões cambiais continuarão a ser objecto de consultas estreitas” entre Kato e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, como tem acontecido desde a cimeira entre Trump e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em Washington, a 10 de Fevereiro.

Os comentários do Governo japonês surgem horas depois de Trump ter ameaçado impor tarifas adicionais ao Japão e à China, alegando que estes países desvalorizam propositadamente as suas moedas para tirar partido dos benefícios comerciais que a desvalorização cambial oferece.

“É injusto para nós”, os Estados Unidos, disse Trump, garantindo que a forma de enfrentar uma situação destas “é fácil, [é] com tarifas”.

Reverso da moeda

O Banco do Japão (BoJ) manteve uma política monetária de depreciação cambial durante mais de uma década para tentar manter a inflação em torno do seu objectivo estável de 2 por cento, provocando uma forte desvalorização do iene em relação a outras moedas, especialmente o dólar norte-americano e o euro.

A desvalorização do iene contribuiu para inflacionar os lucros das empresas e o valor das exportações nacionais, além de ter alimentado o ‘boom’ do turismo.

Nos últimos anos, porém, o Japão interveio várias vezes no mercado cambial para conter desvalorizações acentuadas do iene, reflectindo a divergência de políticas monetárias entre o Japão e os Estados Unidos.

Desde que Kazuo Ueda se tornou governador do BoJ em 2023, o banco central japonês entrou num ciclo de subida das taxas, mas o iene continua fraco.

Os comentários de Trump levaram a uma súbita valorização do iene em relação ao dólar, que nas horas anteriores tinha sido negociado na faixa alta de 148 unidades por dólar, antes de se recuperar para 149 unidades.

4 Mar 2025

Diplomacia | China não confirma conversa que Trump diz ter tido com Xi Jinping

A China não confirmou ontem que o Presidente chinês, Xi Jinping, tenha falado com o homólogo norte-americano, após a sua tomada de posse, a 20 de Janeiro, como revelou Donald Trump na segunda-feira.

Uma reunião entre os líderes das duas maiores potências mundiais poderia facilitar as relações bilaterais, ainda ameaçadas por uma potencial guerra comercial iniciada por Donald Trump. Numa entrevista transmitida pelo canal de televisão norte-americano Fox News, na segunda-feira, um jornalista perguntou a Donald Trump se tinha falado com Xi Jinping desde o início do seu segundo mandato.

“Sim, falei com ele e também falei com as pessoas da sua equipa”, disse o Presidente norte-americano, embora nem Washington nem Pequim tenham alguma vez relatado esse telefonema. Questionado ontem sobre se a conversa efectivamente aconteceu, um porta-voz de Pequim limitou-se a recordar a conversa que teve lugar três dias antes da tomada de posse de Trump.

“O Presidente Xi Jinping teve uma conversa por telefone com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 17 de janeiro. A China emitiu uma declaração sobre o assunto”, disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. Desde que tomou posse, Trump anunciou a imposição de taxas punitivas sobre os seus principais parceiros comerciais, incluindo a China, o México e o Canadá.

12 Fev 2025