Isabel Castro China / Ásia MancheteAnálise | Relações sino-japonesas em mudança? Um passo tímido à frente, dois atrás. É assim que a China e o Japão lidam um com o outro há já várias décadas. Mas há observadores internacionais que olham para movimentos recentes com esperança de que o relacionamento melhore. Quem está mais perto não acredita numa súbita mudança. O passado continua por resolver e a sociedade civil não ajuda [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]uang Youliang tinha 90 anos e morreu no sábado passado. Levou com ela um pedaço amargo de história: aos 15 anos, foi violada por soldados japoneses. Viveu os dois anos seguintes num bordel, como escrava sexual da tropa nipónica. Muitos anos depois, processou o Governo de Tóquio pelo que lhe aconteceu. Histórias como a de Huang Youliang fazem parte de um passado conjunto entre a China e o Japão que continua demasiado presente: a invasão japonesa continua a marcar as relações entre os dois países, tanto na perspectiva oficial, como em termos sociais. A juntar a um azedo passado que teima em não ser ultrapassado, Pequim e Tóquio têm diferendos frequentes em relação à soberania de certas zonas marítimas, com as ilhas Diaoyu (ou Senkaku, dependendo da perspectiva) a serem motivo de acusações pouco simpáticas entre ambas as partes. No final da semana passada, o chefe da força aérea chinesa veio a público defender manobras levadas a cabo no Mar do Japão, alegando que as águas não pertencem a Tóquio, depois de um relatório da Defesa japonesa ter destacado o aumento da actividade militar da China naquela zona. O Governo de Shinzo Abe teme que a acção da força aérea dos vizinhos seja um esforço para aumentar a influência militar numa zona controlada por Tóquio, a sul de Taiwan. Não obstante a tensão que se sente sempre que as palavras China e Japão se escrevem na mesma frase, há quem note melhorias nas relações entre os números dois e três da economia mundial. Recentemente, a Foreign Affairs chamava a atenção para uma mudança no panorama do noroeste da Ásia, para constatar algumas alterações no modo como Pequim e Tóquio se têm estado a relacionar. A China tem estado a avançar, rapidamente, com a modernização do seu poderio militar e a ser cada vez mais assertiva nas reivindicações que faz acerca da soberania nos mares do Este e do Sul da China. A relação dos Estados Unidos com os aliados na região passou a ser uma incógnita, apesar das promessas de Donald Trump em relação à defesa das nações amigas num eventual ataque norte-coreano. E a Coreia do Norte torna-se, de semana para semana, uma ameaça cada vez mais real, com o regime a testar armamento que muitos acharam que só existia na imaginação de Kim Jong-un. Neste contexto, acredita a revista norte-americana, a China e o Japão terão de avaliar cautelosamente a relação que têm mantido. Não existe confiança entre os dois Estados – e é pouco provável que, nas próximas décadas, esta noção seja uma realidade –, mas nos últimos meses foram dados alguns passos para a estabilização de um diálogo que, grande parte das vezes, não existe. Os analistas da Foreign Affairs acreditam que Pequim e Tóquio chegaram à calculista conclusão de que o padrão de relacionamento que têm mantido nas últimas décadas lhes custa demasiado e acrescenta uma segurança desnecessária à região. Sem ilusões Martin Chung, académico que tem as relações sino-japonesas como uma das áreas de investigação, não se ilude com os recentes sinais que podem levar a uma aparente aproximação das duas potências asiáticas. “Existe a impressão de que há uma mudança, especialmente com o aperto de mãos entre Xi Jinping e Shinzo Abe, no G20, em Hamburgo”, nota, referindo-se à reunião do início do mês passado. “Parece que, para se preparar o caminho para um bom entendimento, é necessário demonstrar muito boas intenções”, ironiza. Quem lê as notícias e vê as fotografias poderá tentar encontrar sinais de alguma vontade de entendimento, apesar do ar pouco feliz de ambos os líderes. Mas a realidade é diferente, avisa o professor da Universidade Baptista de Hong Kong. “O Japão está a reforçar o seu arsenal de defesa”, exemplifica Chung. A região está cada vez mais dotada de poder militar. “Parece que é dado um passo em frente mas, no dia seguinte, há uma ou outra manobra que parece apontar para a degradação das relações.” O facto não é novo: “Temos visto isto há já alguns anos.” O pouco efusivo aperto de mão de Hamburgo não será o sinal mais forte de uma eventual aproximação. Tóquio está a tentar retomar os encontros de alto nível com Pequim. As reuniões entre os líderes dos dois países têm sido raras nos últimos anos devido à tal história por sarar e à competição geopolítica. Só em 2014 é que o primeiro-ministro japonês e o Presidente chinês tiveram um encontro oficial. Tinham ambos tomado posse há já dois anos. Em Maio último, à margem do Fórum “Uma Faixa, uma Rota” realizado em Pequim, um emissário de Shinzo Abe entregou uma carta em que foi demonstrado o interesse na realização de uma reunião bilateral, a acontecer ainda este ano. No mês seguinte, o primeiro-ministro japonês deu conta da intenção da realização de um encontro trilateral com a China e a Coreia do Sul. Finalmente, a 8 de Julho, Shinzo Abe e Xi Jinping estiveram a falar, à margem da cimeira do G20. A troca de ideias não resultou em nada que seja mensurável, mas tratou-se do primeiro encontro em quase um ano e poderá permitir que outras reuniões se realizem nos próximos tempos. Num nível mais baixo da hierarquia, foram retomadas em Junho as conversações sobre assuntos marítimos, depois de meio ano de suspensão. A China e o Japão concordaram em adoptar mecanismos de gestão de crises que permitam evitar que acidentes no mar se transformem em conflitos armados. Este entendimento tem importância sobretudo em relação às Diaoyu. “De um ponto de vista estratégico, ninguém quer começar um conflito”, afirma Martin Chung. “Estas reuniões são úteis porque permitem a afirmação da soberania, sem se chegar a um confronto militar real”, prossegue o analista, afastando, porém, “sinais de optimismo”. “Estes encontros servem apenas para que ambas as partes brinquem com o fogo de forma mais segura. Mas continuam a brincar com o fogo.” As disputas territoriais são “uma ameaça útil para os dois regimes” e, sublinha o investigador, “mais uma razão para a alteração da Constituição do Japão”. Os defensores da revisão do Artigo 9.o do diploma fundamental nipónico – que prevê a não intervenção do país em cenários de guerra – vão buscar às aspirações chinesas motivos adicionais de argumentação pela causa que abraçam. Da inevitabilidade Ao nível económico, o Japão depara-se com uma realidade pouco auspiciosa para os seus planos: a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, através da qual a China pretende ganhar ainda maior afirmação, numa estratégia que vai além dos puros negócios. Tóquio teve, em tempos, planos semelhantes, que pecaram pela timidez. Em Junho, Shinzo Abe deu uma cautelosa bênção ao projecto de Pequim, mas há preocupações que são difíceis de ultrapassar: as autoridades nipónicas estão apreensivas com o facto de não haver detalhes sobre o modo como a China pretende pôr em prática os investimentos e como serão estruturados os empréstimos chineses que financiarão muitas das infra-estruturas a construir no contexto desta política de expansão. As implicações geopolíticas de “Uma Faixa, Uma Rota” têm um efeito directo na importância regional do Japão, que foi perdendo predominância na última década, com antigos aliados a aproximarem-se de Pequim, em troca de ajuda financeira. Como contra factos, não há argumentos, o Governo de Shinzo Abe terá mais a ganhar com uma aproximação a Xi Jinping do que com uma política de distanciamento, acredita a Foreign Affairs. O Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (AIIB, na sigla inglesa) terá funcionado como uma lição: quase todas as nações na região se juntaram ao projecto liderado pela China, assim como muitos dos países desenvolvidos. Recentemente, o Banco Asiático de Desenvolvimento, uma instituição dominada por Tóquio, começou a trabalhar em alguns projectos com o AIIB. Juntos na desgraça? Numa perspectiva económica, parece haver alguma vontade de uma aposta no pragmatismo por parte do Japão. Mas “esta nova Guerra Fria” que se vive entre a China e o Japão também tem vantagens para os decisores políticos, explica Martin Chung. “Os detentores do poder beneficiam desse antagonismo”, vinca o analista. Do lado nipónico, o facto de a relação ser tremida é favorável a uma eventual mudança da Constituição, uma das metas do primeiro-ministro Shinzo Abe. “Quanto maior for a percepção, junto da opinião pública japonesa, de que a ameaça chinesa é real, maiores são as possibilidades de alteração à Constituição”, diz. Também para o lado de Pequim este “antagonismo pode ser um trunfo”, acrescenta o investigador. “Depende da altura.” E vem aí, pelo Outono, um momento decisivo para a reafirmação da liderança de Xi Jinping, com um encontro do Partido Comunista Chinês muito importante para a definição do que vai ser o futuro político do país. O professor da Universidade Baptista de Hong Kong tem estudado o envolvimento da sociedade civil chinesa e japonesa no âmbito deste desentendimento de décadas. Martin Chung acredita que a chave para a resolução deste tipo de problemas está no modo como os cidadãos gerem as suas expectativas e anseios. “As iniciativas da sociedade civil japonesa demonstram uma grande vontade de proteger o Artigo 9.o da Constituição japonesa, mas há cidadãos preocupados com o poder crescente do Exército Popular de Libertação, e não se pode fechar os olhos a isso”, alerta. “Do lado da sociedade civil chinesa, não existe uma oposição à militarização crescente da região”, continua Martin Chung. “Os democratas de Hong Kong criticam o regime comunista por não haver avanços em termos de democracia, mas não estão contra o aumento do orçamento do exército ou a crescente militarização.” Em Macau, diz o académico natural do território, a questão passa igualmente ao lado da opinião pública. A grande preocupação regional do momento passou a ser, nos últimos tempos, a Coreia do Norte. À China não convém um quintal nuclear sem rédeas, como não agrada a ninguém na região – e no resto do planeta – um regime descontrolado e incontrolável. Mas Pequim e Tóquio têm modos muito diferentes de lidar com Pyongyang, como se tem visto nas últimas semanas. No entanto, “quanto maior é a ameaça da Coreia do Norte, maior é a oportunidade de os países envolvidos trabalharem juntos” e “a China tem estado a distanciar-se” de Pyongyang, comenta Martin Chung. “Poderá estar, de alguma forma, a preparar o caminho para uma aliança com os inimigos tradicionais”, admite o académico. Sempre com a distância regulamentar.
Hoje Macau China / ÁsiaChina adverte para possível guerra comercial com EUA [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China advertiu ontem para a possibilidade de uma “guerra comercial” com os Estados Unidos caso a administração do Presidente Donald Trump avance com investigações sobre alegadas infracções de Pequim ao nível do comércio bilateral. “A China e os Estados Unidos têm interesses interligados e uma guerra comercial não tem futuro, o único resultado seria um prejuízo para todos”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying. No sábado, fontes da administração norte-americana indicaram que Trump iria ordenar ao representante especial do comércio externo norte-americano, Robert Lighthizer, para iniciar uma investigação, e a eventual aplicação de sanções, sobre alegadas violações por parte da China, nomeadamente ao nível da usurpação de patentes ou da transferência forçada de propriedade intelectual. Esta iniciativa de Trump surge num período de tensão entre Washington e Pequim por causa da crise com a Coreia do Norte, mas os mesmos responsáveis da administração americana, que falaram no sábado sob anonimato, afirmaram que estes dois dossiês não estão ligados. Em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ontem aos Estados Unidos para continuarem a trabalhar com a China no sentido dos dois países alcançarem relações económicas estáveis, bem como exortou Washington a não usar a crise na Coreia do Norte como uma arma para pressionar as questões comerciais. “São questões totalmente diferentes, e não é apropriado usar [a crise norte-coreana] como uma ferramenta para pressionar”, disse Hua Chunying. Conversas de risco Especialistas chineses, citados ontem pelo diário oficial Global Times, alertaram para os perigos deste eventual inquérito norte-americano. “Pode piorar a fricção comercial entre os dois países e colocar em perigo os resultados do primeiro diálogo económico global”, apontou o vice-presidente da Sociedade chinesa para os Estudos da Organização Mundial do Comércio, Huo Jianguo. “Não é nenhuma surpresa que Trump está a tomar medidas contra a China ao nível do comércio. O desequilíbrio comercial sino-americano significa que a China vai enfrentar uma grande fricção comercial com os Estados Unidos durante a Presidência de Donald Trump”, considerou, por sua vez, Jin Canrong, especialista em matérias de diplomacia. Já o economista-chefe do grupo financeiro Citigroup para o mercado chinês, Liu Ligang, advertiu que esta medida de Washington pode afectar outros países que integram a rede de exportações da China, como é o caso do Japão e da Coreia do Sul. No seguimento da recente resolução aprovada, por unanimidade, no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise norte-coreana e o seu controverso programa nuclear e balístico, a China, principal parceiro e apoiante da economia do regime de Pyongyang, anunciou ontem a suspensão das importações de ferro, chumbo e dos minérios destes dois metais e de produtos do mar da Coreia do Norte (ver página 9). A China foi em 2016 o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas.
Hoje Macau China / ÁsiaAngola | Venda de petróleo à China subiu 22% até Junho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] venda de petróleo de Angola à China aumentou 22% no primeiro semestre deste ano, para 27,1 mil toneladas métricas, sendo o segundo maior fornecedor chinês, a seguir à Rússia, com 29,2 mil. De acordo com os dados compilados pela agência de informação financeira Bloomberg, com base nos números da alfândega chinesa, Angola foi o segundo maior vendedor de petróleo à China no primeiro semestre, tendo mesmo começado o ano a vender mais petróleo que a Rússia, tradicionalmente o maior fornecedor chinês. Em Janeiro deste ano, Angola vendeu ao gigante asiático 4,9 mil toneladas métricas, sendo aliás o único mês em que suplantou as vendas oriundas da Rússia para a China – juntamente com a Arábia Saudita, estes países valem cerca de metade das importações chinesas de petróleo. No mês passado, a produção petrolífera angolana registou um aumento equivalente a 66.000 barris diários, mas continua atrás da Nigéria, que está na liderança entre os produtores africanos, segundo a OPEP. De acordo com o último relatório mensal da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Angola atingiu em Junho uma produção diária média de 1,668 milhões de barris de crude, face aos 1,602 milhões de barris do mês anterior, com dados baseados em fontes secundárias. Com este registo, em volume produzido, Angola continua, pelo segundo mês consecutivo, atrás da Nigéria.
Hoje Macau China / ÁsiaHRW | Apelo para evitar deportação de desertores norte-coreanos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou ontem à China para que não deporte um grupo de 15 desertores norte-coreanos, entre os quais três crianças, face ao perigo de serem presos, torturados e até executados. A organização de defesa dos Direitos Humanos, que soube da situação do grupo através do pai de um dos desertores, pede a Pequim que os acolha como refugiados. O filho deste homem e outros quatro norte-coreanos foram detidos no início de Julho, próximo da fronteira da China com o Laos. Os cinco permaneceram detidos em Xishuangbanna, na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, junto a outros dez norte-coreanos que já estavam detidos, entre os quais três crianças. No início de Agosto, o grupo foi transferido para o centro de detenção para imigrantes, em Tumen, próximo da fronteira com a Coreia do Norte, e considerada a última paragem antes da repatriação. Campos de terror Em comunicado, a HRW refere que os “repatriados pela China enfrentam prisão em campos de trabalhos forçados (designados “kyohwaso”), campos de prisioneiros políticos (“kwanliso”) ou até a execução. A organização sublinha que nos “kwanliso” as condições de vida são sub-humanas, com “maus tratos contínuos, inclusive abusos sexuais, torturas por guardas e execuções sumárias”. “A taxa de mortalidade nestes campos é extremamente alta, segundo relataram ex-prisioneiros e guardas”, detalha. A maioria dos desertores norte-coreanos atravessa os rios Amnok ou Tumen para chegar à China, de onde tentam alcançar um terceiro país, principalmente a Tailândia e a Mongólia, para pedir asilo através das embaixadas e consulados sul-coreanos. A China, que quer evitar migrações em massa de norte-coreanos, não os considera refugiados, mas “migrantes económicos”, forçando assim a sua repatriação se forem apanhados pelas autoridades. Um relatório de 2014 da Comissão de Investigação da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte indicou que “quase todos os repatriados são objecto de actos inumanos”, por serem considerados “uma ameaça para o sistema político e a cúpula” do regime, que quer evitar que o país “tenha contacto com o mundo exterior”. Inflação subiu 1,4 por cento em Julho [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, a segunda economia mundial, registou um aumento de 1,4 por cento em Julho, face ao mesmo mês do ano passado, revelam dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. Os preços dos alimentos caíram 1,1 por cento, no mês passado, enquanto os produtos não alimentares subiram dois por cento, afastando o receio de uma entrada em deflação. Destaca-se a queda do preço da carne de porco, de 15,5 por cento, em Julho, face ao período homólogo de 2016, e dos vegetais, de 9,1 por cento, enquanto na categoria não alimentar destaca-se a subida de 5,5 por cento nos gastos com a saúde. Segundo a consultora Capital Economics, os números reflectem as políticas económicas mais restritivas adoptadas por Pequim, que estão a abrandar a actividade económica. O índice de preços na produção, que indica a inflação no sector grossista, registou uma subida homóloga de 5,5 por cento no mês passado, a mesma percentagem que nos dois meses anteriores. À semelhança de anos anteriores, o Governo chinês fixou como meta que a inflação não supere os três por cento. Pelo menos 25 mortos em deslizamento de terras [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas de resgate encontraram ontem sem vida o último dos desaparecidos num deslizamento de terras, ocorrido na terça-feira no sudoeste da China, elevando para 25 o número de mortos, informou a imprensa local. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, na província de Sichuan, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Outras cinco pessoas ficaram feridas na sequência do deslizamento. Um terramoto ocorrido no mesmo dia em Sichuan fez pelo menos 19 mortos e 247 feridos. O deslizamento ocorreu devido às fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias. Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaImportações sobem 14,7% e exportações 11,2% em Julho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s importações chinesas registaram um crescimento homólogo de 14,7%, em Julho, enquanto as exportações aumentaram 11,2%, no mesmo período, segundo dados ontem difundidos pela Administração-geral das Alfândegas da China. O país alcançou um excedente comercial de 321.200 milhões de yuan em Julho, uma subida de 1,4%, relativamente ao mesmo mês de 2016. Os dados ficaram aquém das previsões dos analistas, que apontavam para um aumento de 15% das importações, e de entre 18% e 22% das exportações. Julian Evans-Pritchard, analista da unidade de pesquisa Capital Economics, afirmou num relatório que “o crescimento do comércio [chinês] parece agora estar numa tendência descendente”. O Fundo Monetário Internacional previu que o ritmo de crescimento da economia chinesa, a segunda maior do mundo, abrande para 6,6%, este ano, e se fixe em 6,2%, no próximo ano. Em 2016, a economia chinesa cresceu 6,7%. O aumento das exportações superou as expectativas no primeiro semestre do ano, num sinal positivo para a liderança chinesa, que quer evitar a perda de empregos em indústrias exportadoras. A China tem sido o motor da recuperação global, desde a crise financeira de 2008, e um abrandamento nas importações chinesas pode ter repercussões para vários de países. Nos primeiros seis meses de 2017, por exemplo, a China comprou 25% do conjunto das exportações brasileiras. O país é também o principal cliente do petróleo angolano. O excedente da China com a UE, o principal parceiro comercial do país, aumentou 3,4%, para 12,2 mil milhões de dólares. Deslizamento de terras faz oito mortos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ito pessoas morreram e 17 encontram-se desaparecidas, na sequência de um deslizamento de terras, ocorrido ontem na província de Sichuan, sudoeste da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Os escombros cobriram a aldeia de Gengdi, uma zona habitada principalmente pela minoria étnica Yi, segundo as autoridades locais. Cinco pessoas ficaram feridas. O deslizamento ocorreu devido ás fortes chuvas que atingiram a região durante os últimos dias. Em 24 de Junho passado, também na província de Sichuan, um deslizamento de terra e rochas causou quase 100 mortos.
Hoje Macau China / Ásia MancheteMyanmar | Autocarros geram polémica na governação de Aung San Suu Kyi [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram mais baratos, chegaram mais depressa e são um sinal das boas relações que se pretende ter com Pequim. O Governo de Yangon comprou a três empresas chinesas os autocarros que circulam na cidade. O processo de aquisição, por sugestão da embaixada da China, está a causar desconforto dentro e fora do Myanmar. Mas Aung San Suu Kyi prepara-se já para outros negócios Dificilmente poderia ser mais visível o primeiro grande projecto da liderança de Aung San Suu Kyi ligado às infra-estruturas: centenas de autocarros amarelos circulam pelas ruas de Yangon. O partido da Nobel da Paz, no poder, tem nas novas viaturas a expectativa de que sirvam como símbolo do quanto pretende transformar a vida de quem vive no Myanmar. Mas os dois negócios feitos para a importação de dois mil autocarros de fabrico chinês, com um orçamento estimado em mais de 100 milhões de dólares norte-americanos, estão a causar uma invulgar perturbação dentro do partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND). Há deputados regionais que questionam o custo do projecto e acusam o ministro-chefe de Yangon, Phyo Min Thein, de falta de responsabilização. Phyo Min Thein é tido como sendo um protegido de Aung San Suu Kyi, explica a agência Reuters. “O Governo de Phyo Min Thein sofre de falta de transparência”, afirma um deputado de Yangon da LND, Kyaw Zay Ya. “A imagem do Governo sairá manchada se ele não mudar de atitude.” O negócio, feito com fabricantes chineses e com um empresário com ligações à junta militar que governou o Myanmar ao longo de várias décadas, contribuiu também para azedar as relações com o Ocidente, de acordo com diplomatas. Não há qualquer indício de que tenham sido violadas leis na celebração dos contratos, mas o embaixador da União Europeia no país, Roland Kobia, queixou-se numa carta enviada ao ministro do Comércio, Than Myint, de falta de transparência nos processos públicos de adjudicação de serviços e obras. “Neste momento, a economia interna continua a ser dominada por um pequeno número de agentes domésticos e regionais, com velhas práticas que inviabilizam a competição justa”, escreveu Kobi numa carta datada de Junho, citada pela Reuters. O diplomata não fez referência específica ao negócio dos autocarros. Os veículos chineses custaram cerca de metade do preço praticado pela concorrência internacional. Engenheiros que os inspeccionaram no Myanmar acreditam que terão uma vida mais curta do que aqueles que seguem padrões internacionais. Phyo Min Thein não fala do assunto às agências internacionais. Mas tanto ele, como outros ministros têm vindo a público defender o negócio, argumentando que o entendimento entre o Myanmar e a China fez com que tivesse sido possível adquirir os autocarros a um preço de desconto, tendo sido rapidamente entregues. Em resposta à Reuters, o embaixador da União Europeia sublinhou que “muitos actores europeus estão prontos para trabalhar no Myanmar, mas é preciso fazer mais para que possam ter uma hipótese justa de competirem por contratos”. Roland Kobia referia-se, em termos gerais, a maior transparência nos concursos públicos. O Ministério do Comércio não comenta as observações do diplomata europeu. Quando Aung San Suu Kyi subiu ao poder, em 2015, os analistas acreditaram que as empresas de países europeus teriam oportunidades na antiga Birmânia. Afinal, tinham sido os governos ocidentais os grandes entusiastas das mudanças de regime no país do Sudeste Asiático, aqueles que mais aplaudiram a transição para a democracia, iniciada em 2011. A aquisição dos autocarros vem apenas realçar por que razão os apoiantes de Aung San Suu Kyi no Ocidente estão cada vez mais desiludidos com a Administração do Myanmar, que tem um interesse crescente pelos negócios com a China. Fazer depressa Phyo Min Thein, um político carismático de 48 anos que passou quase 15 deles atrás das grades por se opor à junta militar, costuma dizer que não tem tempo a perder. Propôs-se remodelar o antiquado sistema de trânsito de Yangon, oferecendo ao partido de Aung San Suu Kyi uma das primeiras oportunidades de melhorar, de forma tangível, as vidas de mais de dois milhões de passageiros, numa cidade que votou na LND de forma esmagadora. No ano passado, as autoridades de Yangon rejeitaram uma proposta da Corporação Financeira Internacional, ligada ao Banco Mundial, para melhorar a rede de tráfego. A recusa teve que ver com detalhes no plano, que exigia uma monitorização detalhada do trânsito e a realização de um concurso público. De acordo com fontes da Reuters, para o negócio dos autocarros chegou a haver conversações com fornecedores franceses e holandeses, que não deram em nada, uma vez que não eram capazes de responder à rapidez exigida por Phyo Min Thein. Assim, a Yangon Bus Public Company (YBPC), uma parceria público-privada que tem o Governo da cidade como accionista principal, decidiu comprar mil autocarros de dois fornecedores chineses escolhidos pelo embaixador de Pequim no Myanmar, Hong Liang. Mais mil viaturas foram adquiridas a uma terceira empresa, num negócio privado celebrado com o empresário Kyaw Ne Win, neto de Ne Win, um antigo líder da junta militar. Nas duas aquisições, não houve concurso público. A assembleia regional também não debateu o assunto. “Sim, as pessoas podem dizer que não existe transparência”, assume o presidente da YBPC, Maung Aung. “Mas abrir um concurso não é necessariamente melhor. O negócio foi feito para manter as boas relações entre os dois países.” Amigos como nunca Desde que Aung San Suu Kyi subiu ao poder, o Myanmar tem tentado aproximar-se da China. Em 2011, o Governo birmanês bloqueou um negócio financiado por Pequim. A Nobel da Paz quer acabar com o azedume que ficou dessa altura. A aproximação à China e, sobretudo, a postura em relação à minoria muçulmana Rohingya têm provocado alterações no estatuto de Aung San Suu Kyi a Ocidente. Numa viagem feita há quase um ano, em Setembro de 2016, Aung San Suu Kyie e o Presidente Xi Jinping discutiram como é que o Myanmar pode tirar partido da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. A líder birmanesa admitiu, na altura, reticências da população do país em relação à qualidade dos produtos chineses, tendo proposto a Xi Jinping que a embaixada chinesa ajudasse a encontrar os melhores fornecedores, indicou à Reuters fonte envolvida no negócio dos autocarros. O primeiro acordo para a aquisição dos veículos foi assinado em meados de Abril. Dois meses depois, as empresas escolhidas – a estatal Anhui Ankai Automobil e a privada Zhengzhou Yutong Bus – entregaram, cada uma, 500 autocarros amarelos. A Zhengzhou Yutong é liderada por Yuxiang Tang, membro da Assembleia Popular Nacional. Desconhece-se qual foi o critério para a escolha dos dois fornecedores. O presidente da Yangon Bus Public Company limitou-se a dizer que os governos das províncias onde estão localizadas as empresas deram “garantias de qualidade”. Fonte não identificada de uma das construtoras chinesas disse à Reuters que acordos feitos nestes moldes “são muito raros” porque, “noutros países, existem por norma concursos e é necessário seguir as regras estabelecidas”. A embaixada chinesa em Yangon não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pela agência de notícias.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e ASEAN concordam em aumentar parcerias [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e as nações integrantes da ASEAN demonstraram no domingo a sua satisfação com os objetivos alcançados na sua parceria estratégica ao longo dos últimos 15 anos, tendo concordado em dar seguimento à expansão da cooperação multilateral. O chanceler chinês, Wang Yi, juntamente com os seus homólogos da ASEAN firmaram o compromisso durante um encontro em Manila. Wang congratulou a ASEAN pelo seu 50º aniversário, dizendo que a China está satisfeita com os desenvolvimentos e feitos alcançados pela instituição, tendo expressado o seu desejo para que estes ocorram de forma melhor e mais rápida nos próximos 50 anos. Enquanto importante organização regional, a ASEAN tornou-se um catalisador incontornável na promoção da integração e manutenção da paz e estabilidade regionais, frisou Wang. A China sempre elegeu a ASEAN como uma prioridade na sua diplomacia externa, tendo, desde o ponto de partida, apoiado o grupo para que este adopte um papel central na cooperação regional, assim como detenha uma maior autoridade em questões internacionais e regionais, sublinhou o chanceler chinês. Olhar em frente No advento do 15º aniversário da parceria estratégica China-ASEAN, celebrado no próximo ano, ambas as partes enfrentam um ponto crítico de aproximação mútua, destacou Wang, deixando o apelo a que acções futuras possam construir uma parceria estratégica bilateral mais profunda, bem como uma comunidade de destino comum para a China e para a ASEAN. Wang Yi anunciou uma proposta chinesa de sete alíneas para delinear o futuro da cooperação China-ASEAN. No que diz respeito às disputas no Mar do Sul da China, os ministros dos Negócios Estrangeiros destacaram os avanços positivos obtidos no ano passado. Foi aprovado o enquadramento do Código de Conduta, e expressada a vontade de incrementar as consultas, através da completa implementação da Declaração de Conduta das Partes no Mar do Sul da China. Antes do encontro, os ministros assinaram a versão revista do Memorando de Entendimento para o Estabelecimento do Centro China-ASEAN. Corrupção | Funcionário afastado por não combater terrorismo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) numa cidade de Xinjiang, região habitada pela minoria muçulmana chinesa uigure, foi afastado por acusações que incluem ter falhado em fazer o suficiente para combater o extremismo. Zhang Jinbiao, chefe do PCC na cidade de Hotan, é acusado de “infrações graves”, que incluem falhar no combate ao terrorismo e aceitar prendas, afirmou o órgão máximo anticorrupção do partido, em comunicado. Sem avançar detalhes, a mesma nota apontou que as falhas de Zhang em combater o extremismo tiveram “consequências graves”. Milhares de funcionários chineses acusados de crimes económicos foram afastados pela campanha anticorrupção do Presidente chinês, Xi Jinping. Acusações de falhar deveres políticos, como o combate ao terrorismo, são raras. As autoridades chinesas têm aumentado a vigilância em Xinjiang, onde afirmam que o pensamento extremista se tem infiltrado, oriundo da Ásia Central. Líderes comunistas, incluindo Xi, têm apelado aos funcionários locais para que trabalhem no sentido de integrar os uigures na cultura da maioria chinesa han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional. Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, a região de Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão e Índia.
Hoje Macau PolíticaTecnologia | Governo assina acordo com Alibaba para cidade inteligente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo assinou um acordo-quadro com o grupo chinês Alibaba que prevê o estabelecimento de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados. O objectivo é criar uma cidade inteligente Macau assinou um acordo-quadro de cooperação com a Alibaba Cloud, sociedade filiada do gigante do Continente, que figura como “a maior fornecedora de serviços em nuvem na China” e assume “uma posição de liderança em termos internacionais”, prestando serviços, a governos e empresas, “espalhados por mais de 200 países e regiões”. Ao abrigo do acordo-quadro, a cooperação divide-se em duas fases e vai desenrolar-se ao longo de quatro anos. A primeira – até Junho de 2019 – prevê a criação de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados, e o início gradual de projectos de utilização dos mesmos em seis domínios: promoção do turismo, formação de talentos, gestão do trânsito, serviços de assistência médica, gestão integrada urbana, e prestação de serviços urbanos integrados e tecnologia financeira. A segunda etapa – de Julho de 2019 a Junho de 2021 – compreende o aperfeiçoamento do centro de computação em nuvem (conjunto de servidores remotos alojados na Internet para armazenar, gerir e processar dados em vez dos servidores locais ou de computadores pessoais) e da plataforma de megadados, abrangendo outras áreas como protecção ambiental, passagem fronteiriça e previsões económicas. “Resultados preliminares positivos” são esperados em meados do próximo ano, disse a chefe de gabinete do chefe do Executivo, O Lam, que fez, em conferência de imprensa, uma apresentação do acordo-quadro de cooperação que assinou. “A construção de uma cidade inteligente constitui uma medida estratégica para o desenvolvimento da economia e melhoria da qualidade de vida da população”, afirmou a responsável, sublinhando que “o Governo tem vindo a empenhar-se no seu planeamento a longo prazo, e na implementação de projectos a curto e médio” termo. Dinheiro na nuvem Embora seja uma estratégia “claramente definida” no primeiro plano quinquenal de Macau, apresentado em 2016, e presente nas últimas duas Linhas de Acção Governativa, não existe um “orçamento global”, com O Lam a indicar que adjudicação vai ser feita “projecto a projecto”. Outra questão levantada prendeu-se com a protecção dos dados pessoais, com o director dos Serviços de Assuntos de Justiça, Liu Dexue, a garantir que a actual legislação “é suficiente”, o que não invalida a introdução de melhorias no futuro. O presidente do Alibaba Cloud, Simon Hu, indicou que os dados recolhidos vão ser armazenados no território e que a plataforma de dados será estabelecida “de acordo com os padrões mais exigentes da União Europeia e das Nações Unidas”. Neste âmbito, O Lam destacou que uma das razões pelas quais a escolha recaiu sobre a Alibaba Cloud foi esta estar “acreditada como plataforma de computação em nuvem da região Ásia-Pacífico” no domínio da segurança, figurando como “a mais capacitada para a garantia do cumprimento da lei”. Em paralelo, realçou, a Alibaba Cloud “possui um elevado grau de abertura e de compatibilidade a nível de opções para ‘hardware’, compatibilidade entre os vários sistemas e ligação com plataformas de dados, computação em nuvem e exploração para utilização prática”. Tal significa – como salientou – que “o Governo não necessita de abandonar a infra-estrutura de tecnologia de informação preexistente”, seguindo-se o pressuposto da “coexistência contínua”. Aprender com eles Simon Hu adiantou ainda que o Governo exigiu a realização de acções de formação de quadros, especialmente no que respeita às tecnologias de informação e ao comércio electrónico, uma área em que o gigante domina na China. A assinatura do acordo foi testemunhada pelo Chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, e pelo presidente do grupo Alibaba, Jack Ma, numa breve cerimónia que juntou os titulares dos principais cargos políticos, sem lugar a declarações por parte de Chui ou Ma. A Alibaba Cloud, estabelecida em 2009, ou seja, dez anos depois da fundação do grupo, conta atualmente com mais de 2,3 milhões de clientes em todo o mundo. No último exercício fiscal, terminado em Março, as receitas da Alibaba Cloud mais do que duplicaram em termos anuais homólogos, alcançando 6,66 mil milhões de yuan.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA querem obrigar China a proteger direitos de autor [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos estão a considerar recorrer a leis comerciais do país raramente invocadas, para obrigar a China a proteger direitos de autor, patentes e outra propriedade intelectual, e resistir às exigências chinesas para que partilhem tecnologia. Segundo os jornais Wall Street Journal e New York Times, responsáveis pelas políticas comerciais norte-americanas estão a ponderar formas de travar a pirataria e outras práticas consideradas prejudiciais para as empresas do país. As informações, que citam fontes não identificadas, surgiram numa altura em que a administração de Donald Trump está a adoptar uma posição mais dura em questões comerciais. Num comentário difundido na terça-feira pelo Wall Street Journal, o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, levantou várias objecções contra a China e a União Europeia, culpando os dois blocos económicos pelo défice dos EUA, de 725,5 mil milhões de dólares, em 2016. Só Pequim registou um excedente de 347 mil milhões no comércio com Washington. “Ambos, China e Europa, apoiam as suas exportações através de subsídios, empréstimos com juros bonificados, subsídios à energia, reembolsos especiais do imposto sobre o valor acrescentado e vendas de imóveis abaixo do preço de mercado, entre outros meios”, escreveu Ross. O Wall Street Journal e o New York Times escreveram que a administração Trump está a considerar usar a secção 301 da Lei de Comércio de 1974, o que permitiria a Washington lançar uma investigação sobre as práticas comerciais da China e, no espaço de meses, aumentar os impostos sobre as importações oriundas do país ou impor outras sanções. Outras manobras Existe ainda a possibilidade de se invocar a “Lei sobre os Poderes Económicos em caso de Emergência Internacional”, uma lei promulgada na década de 1970 que dá ao Presidente amplos poderes para agir, após declarar estado de emergência nacional, avançou o Wall Street Journal. A Casa Branca está também a estudar como resistir às exigências da China para partilhar tecnologia, no âmbito do plano “Made in China 2025”, lançado por Pequim para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos. Há várias décadas que as empresa estrangeiras contestam a pirataria e roubo de tecnologia por empresas chinesas. Donald Trump culpa frequentemente a China pelo défice comercial norte-americano, apontando práticas de concorrências desleal de Pequim.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCoreias | Novo teste de míssil intercontinental coloca EUA ao alcance de Pyongyang Desta vez, o teste foi um sucesso e a Coreia do Norte mostrou poder atacar a costa oeste dos EUA. As respostas não se fizeram esperar [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou que o segundo teste com um míssil balístico intercontinental (ICBM), realizado na sexta-feira, coloca o território dos Estados Unidos ao alcance de um ataque de Pyongyang, segundo a agência norte-coreana KCNA. Kim Jong-un afirmou que o teste demonstrou a capacidade da Coreia do Norte para disparar “em qualquer lugar, a qualquer hora”, de acordo com a agência estatal. “O líder declarou orgulhosamente que o teste confirma que o território continental dos Estados Unidos está dentro do nosso alcance de tiro”, acrescentou. A KCNA disse que Kim expressou “grande satisfação” após o míssil Hwasong-14 ICBM, que tinha sido lançado pela primeira vez a 4 de julho, atingir uma altura máxima de 3.725 quilómetros e viajar 998 quilómetros, do ponto de lançamento até cair em águas próximas do Japão. Kim disse que o lançamento de sexta-feira enviou um “sério alerta” aos Estados Unidos, que têm vindo a fazer ameaças de guerras e novas sanções, cita a KCNA. O míssil O míssil foi lançado de Mup’yong-ni e caiu no Mar do Japão. Analistas ocidentais calcularam que o alcance do míssil é de quase 10.000 quilómetros, o que ameaça efectivamente o território americano. “Com base na informação que dispomos, o míssil testado pela Coreia do Norte poderia facilmente alcançar a costa oeste dos Estados Unidos e várias grandes cidades norte-americanas”, disse o especialista em armamento David Wright, da ONG Union of Concerned Scientists. Los Angeles, Denver ou Chicago poderiam estar dentro do raio de impacto do míssil, que poderia inclusive chegar a Boston ou Nova Iorque, completou Wright. Repúdio americano “Os Estados Unidos condenam o teste e rejeitam o argumento do regime de que estes testes e estas armas garantirão a segurança da Coreia do Norte. Na realidade, têm o efeito oposto”, advertiu Trump em um comunicado. Rapidamente, logo na sexta-feira, os Estados Unidos e a Coreia do Sul analisaram “opções de resposta militar”. O general Joe Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto americano, e o almirante Harry Harris, responsável do comando americano no Pacífico, falaram com o general Lee Sun Jin, chefe do Estado-Maior Conjunto sul-coreano. “Durante a ligação, Dunford e Harris expressaram o seu compromisso com a aliança Estados Unidos-Coreia do Sul”, informou o gabinete de Dunford em comunicado. “Os três chefes também analisaram diversas opções de resposta militar”, acrescentou. Militares americanos e a Coreia do Sul tinham alertado nos últimos dias que a Coreia do Norte parecia preparar-se para outro teste de mísseis, provavelmente de um míssil balístico intercontinental (ICBM) ou de um foguete de alcance intermediário. Enquanto isso, militares americanos preparam-se para realizar outro teste de um sistema de interceptação de mísseis no Alasca, que poderia ocorrer no sábado. O teste do sistema de Defesa de Área de Alta Altitude Terminal (THAAD) estava programado antes de se saber do lançamento norte-coreano desta sexta. Os Estados Unidos contam com várias capacidades de defesa antimísseis, com componentes desenhados para derrubar diferentes tipos de mísseis em diferentes fases de voo. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, já convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança. Trump afirma que Pequim podia “facilmente resolver o problema” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou no sábado a China de inacção face à Coreia do Norte, após o lançamento de um novo míssil balístico intercontinental, considerando que Pequim poderia “facilmente resolver o problema”. “Estou muito decepcionado com a China. Os nossos antigos líderes, ingénuos, permitiram-lhes fazer centenas de milhares de milhões de dólares por ano em comércio e, no entanto, não fazem nada por nós em relação à Coreia do Norte”, escreveu na rede social Twitter. “Não permitiremos que isto continue. A China poderia facilmente resolver este problema!”, acrescentou. Trump condenou na sexta-feira o lançamento de um novo míssil balístico pela Coreia do Norte, e garantiu que vai tomar “todas as medidas necessárias” para proteger o seu país e os aliados na região. O míssil balístico intercontinental lançado pela Coreia do Norte, o segundo deste tipo em menos de um mês, é “a última ação imprudente e perigosa” do regime de Pyongyang, criticou Trump, num comunicado divulgado pela Casa Branca. “Ao ameaçar o mundo, estas armas e testes isolam ainda mais a Coreia do Norte, enfraquecem a sua economia e sacrificam o seu povo”, destacou Trump. Em resposta, a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizaram na sexta-feira um teste com mísseis balísticos. Na quinta-feira, o Congresso dos Estados Unidos deu luz verde a um pacote de sanções contra a Coreia do Norte, Irão e Rússia, que está pendente da assinatura de Trump, que prevê assiná-lo, segundo indicou a Casa Branca na sexta-feira. Após o teste realizado por Pyongyang a 4 de Julho, Trump garantiu que estava a preparar “coisas bastante severas” como resposta à Coreia do Norte, apesar de o seu secretário para a Defesa, James Mattis, ter dito que actualmente não via motivos para ir “para a guerra” com o país. Resposta aérea Os Estados Unidos enviaram no domingo bombardeiros estratégicos B-1B para a península coreana, em resposta ao míssil intercontinental lançado pela Coreia do Norte na sexta-feira, segundo informou o ministro da Defesa do Japão, que participou nestas manobras aéreas. Os exercícios foram realizados por dois bombardeiros norte-americanos e caças japoneses, disse em conferência de imprensa o ministro da Defesa japonês, Fumio Kishida. Não é a primeira vez que o Pentágono decide destacar estes aviões, estacionados na sua base aérea de Andersen, na ilha de Guam, numa demonstração de força militar, em resposta ao que considera provocações norte-coreanas. As aeronaves já tinham sido enviadas para as imediações da península coreana após o primeiro míssil intercontinental, lançado a 4 de Julho, e em finais de Maio, depois de Pyongyang disparar um projéctil de curto alcance. Washington também destacou os bombardeiros a 20 de Junho, após o anúncio da morte do estudante norte-americano Otto Warmbier, que morreu depois de ser devolvido aos Estados Unidos em coma, após 17 meses detido na Coreia do Norte. Pequim pede respeito pelas resoluções da ONU [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pediu no sábado à Coreia do Norte que respeite “as resoluções pertinentes” do Conselho de Segurança da ONU e suspenda qualquer medida que possa aumentar a tensão na zona, segundo a agência oficial de notícia Xinhua. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, fez estas declarações após a confirmação de que a Coreia do Norte lançou, na noite de sexta-feira, um novo míssil balístico intercontinental, o Hwasong-14. A resposta dada pela China foi bem mais contundente que as opiniões emitidas pelo Governo de Pequim no dia do lançamento, quando outro porta-voz do Ministério, Lu Kang, disse que as “pressões de terceiros” tinham forçado a Coreia do Norte a multiplicar este ano os testes balísticos. “Após tantos anos, o problema na península da Coreia podia resolver-se através de diálogo e consultas, mas devido a pressões e suspeitas de países terceiros, a Coreia do Norte viu-se obrigada a conduzir testes balísticos.” Este ano, em que aumentaram as ameaças mútuas entre os governos da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, Pyongyang realizou 12 testes com mísseis, em que testou pelo menos 17 peças de armamento, o que ajudou a melhorar o seu arsenal, segundo analistas militares. Apesar destas justificações, a China reiterou em várias ocasiões a sua oposição a qualquer novo teste de míssil pela Coreia do Norte, em virtude das resoluções das Nações Unidas, bem como, nas palavras de Lu, “qualquer palavra ou acção que possa elevar a tensão”. Seul condena “duramente” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo sul-coreano condenou duramente o novo lançamento de um míssil intercontinental (ICBM) realizado pela Coreia do Norte e alertou que o regime vai enfrentar “isolamento diplomático e pressão económica” se continuar a realizar testes de armamento. “O Governo condena duramente esta última provocação, que constitui uma clara violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma grave ameaça para a paz e segurança, não apenas na região, mas em todo o planeta”, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano em comunicado. “A Coreia do Norte devia ter em mente que o que vai obter com as suas contínuas provocações será apenas isolamento diplomático e pressão económica”, acrescenta o comunicado. “O Governo (sul-coreano) vai continuar a reforçar a sua cooperação com a comunidade internacional, incluindo o Conselho de Segurança, de modo a que esta última provocação possa obter uma resposta severa”, indica o comunicado de Seul, que ainda assim mantém a oferta de diálogo apresentada na semana passada a Pyongyang. “Como parte responsável e directamente implicada, continuaremos a trabalhar de forma incansável no sentido da desnuclearização” da península coreana.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Moscovo prometem coordenação em segurança estratégica [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e a Rússia concordaram em fortalecer a comunicação e a coordenação durante a 13ª ronda de consultas sobre segurança estratégica realizada em Pequim na quarta-feira. As consultas foram co-presididas pelo conselheiro de Estado chinês Yang Jiechi e pelo secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev. Yang elogiou o forte impulso das relações bilaterais como o seu melhor momento da história e pediu que as duas partes elevem ainda mais a confiança e a coordenação estratégicas mútuas, promovam a cooperação em segurança, e reforcem o apoio nos assuntos de interesse fundamental de cada um. Durante a visita de Estado feita pelo presidente chinês Xi Jinping à Rússia no início deste mês, Xi e seu homólogo russo Vladimir Putin assinaram um comunicado conjunto sobre o aprofundamento da parceria de coordenação estratégica integral entre a China e a Rússia. “As duas partes devem cumprir o importante consenso alcançado por seus chefes de Estado, promover as relações bilaterais e proteger seus interesses comuns na segurança estratégica”, disse Yang. “Promover a parceria de coordenação estratégica integral dos dois países é uma prioridade na diplomacia da Rússia”, afirmou Patrushev, que prometeu uma maior cooperação com a China em segurança estratégica e uma maior coordenação nos assuntos internacionais. As duas partes também concordaram em fortalecer a coordenação para o êxito da 7ª reunião de Altos Representantes dos Assuntos de Segurança do BRICS, que decorre esta sexta-feira em Pequim. Yang preside à reunião, que acolhe os altos representantes dos assuntos de segurança dos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), incluindo Patrushev.
Hoje Macau China / ÁsiaTribunal decide a favor de transexual contra antigo empregador [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês decidiu que um homem transexual foi injustamente despedido pelo antigo empregador, disse ontem o queixoso, no primeiro caso judicial no país sobre discriminação. O homem de 29 anos, que se identifica apenas como “Senhor C” para proteger a privacidade dos seus pais, disse que um tribunal da província de Guiyang decidiu que os seus direitos laborais foram violados. O tribunal condenou o antigo empregador do queixoso, a empresa do ramo da saúde Ciming Checkup, a uma multa equivalente a 253 euros. “Apesar de faltar um pedido formal de desculpa por parte da Ciming, penso que este caso alcançou o seu propósito”, afirmou o Senhor C, citado pela agência Associated Press. “Nunca foi sobre dinheiro”, acrescentou. “Esperamos que, através deste caso, pessoas em situação semelhante percebam que têm direitos, e esperamos que resulte numa lei contra a discriminação no local de trabalho”. Abrir caminho Apesar de continuar a ser relativamente conservadora, a sociedade chinesa, e sobretudo a geração mais jovem, tornou-se nos últimos anos mais tolerante com gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. Em 2001, a Associação de Psiquiatria da China removeu a homossexualidade da sua lista de perturbações mentais, apesar de o país continuar a não ter leis que protejam os homossexuais ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser ilegal. Mas a crescente tolerância da sociedade chinesa encorajou alguns membros de minorias sexuais a exigir direitos. Em 2014, um tribunal de Pequim decidiu que a “terapia de conversão”, que visa alterar as preferências sexuais de gay para hetero, é ilegal. No inicio deste ano, um tribunal da província de Henan obrigou um hospital psiquiátrico a emitir um pedido de desculpas publico e pagar 375 dólares em compensação, depois de ter forçado um homem gay a submeter-se à “terapia de conversão”. China repreende Botsuana por receber dalai-lama [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim repreendeu na quarta-feira o Botsuana, que planeia receber no próximo mês o exilado líder tibetano Tenzin Gyatso, 14.º dalai-lama, exortando o país africano a respeitar os “interesses fundamentais” da China. O dalai-lama deve participar numa conferência em Gaborone, entre 17 e 19 de agosto. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang pediu ao Botsuana que “respeite” a soberania e integridade territorial da China e “tome a decisão certa” sobre a visita do 14.º dalai-lama. “A China não interfere nos assuntos internos de outros países, mas não irá tolerar que um terceiro país afecte os interesses fundamentais da China”, disse Lu, em conferência de imprensa. Este mês, o Governo do Botsuana disse que o Presidente do país, Ian Khama, vai reunir-se com Tenzin Gyatso, quando este visitar o país, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros do Botsuana, Pelonomi Venson-Moitoi, não mencionou esta reunião quando na terça-feira referiu a “visita privada” do dalai-lama ao país. No entanto, o responsável assegurou que Khama “irá demonstrar cortesia” para com o líder religioso e tratá-lo como “um dignitário estrangeiro” durante a visita. A China é um importante parceiro de Botsuana, onde financiou a construção de fábricas de carvão, estradas, escolas e pontes. O Governo chinês considera o líder espiritual dos tibetanos “um separatista” e condena os governos estrangeiros que o recebem. O dalai-lama diz querer mais autonomia para o Tibete, não a independência.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim funda agência de investigação militar de alta tecnologia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China fundou uma agência de investigação militar de alta tecnologia, inspirada no Pentágono dos Estados Unidos, para desenvolver equipamento de última geração, avançou ontem a televisão estatal CCTV. O Comité de Gestão da Investigação Militar foi criado no início do ano e responde diretamente à Comissão Militar Central, o braço político do exército chinês, liderado pelo Presidente da China, Xi Jinping. O novo organismo visa competir com a Agência de Projetos de Investigação Avançada de Defesa dos EUA (DARPA, na sigla em inglês), criadora da Internet ou do sistema GPS. “A Internet, os sistemas de posicionamento global, caças furtivos, armas eletromagnéticas ou a lazer e outras tecnologias avançadas, estão quase todas vinculadas à DARPA”, explica uma reportagem difundida pela CCTV. “No mundo actual, a inovação tecnológica converteu-se num elemento central”, acrescenta. “Para conseguir uma vantagem competitiva no âmbito militar, devemos esforçar-nos por promover a investigação científica”. Historial de reformas Numa longa reportagem, o programa refere as reformas empreendidas pelo Partido Comunista Chinês, incluindo a reforma de Exército de Libertação Popular, o ambicioso programa de modernização das Forças Armadas do país. Com a reforma lançada por Xi, o Governo chinês espera eliminar o caráter soviético do seu exército, tornando-o mais ligeiro, rápido e funcional, enquanto moderniza as forças navais, numa altura em que a China reforça a sua presença militar em águas disputadas no Mar do Sul da China. Em Março passado, a China anunciou a entrada em operação do caça furtivo de quinta geração J-20, o seu modelo mais avançado de aviação, convertendo-se no terceiro país dotado com este equipamento, a seguir aos EUA e Rússia. Este mês, A China enviou soldados para a sua primeira base militar além-fronteiras em seis décadas, no Djibuti, sugerindo uma mudança na sua estratégia para África, onde nos últimos anos tem reforçado a sua influência. China opõe-se a novas sanções dos EUA contra Pyongyang [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês disse ontem opor-se à nova ronda de sanções contra a Coreia do Norte aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, afirmando que esta não “conduz à confiança mútua ou cooperação” entre Pequim e Washington. “A China sempre se opôs a sanções unilaterais fora do âmbito do Conselho de Segurança da ONU e especialmente a que outros países imponham a sua jurisdição a empresas e cidadãos chineses”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang. As novas sanções poderão afectar firmas de terceiros países que fazem negócios com a Coreia do Norte. A China é o principal parceiro comercial do país governado por Kim Jong-un. O porta-voz afirmou que a China “sempre aplicou estritamente as resoluções [das Nações Unidas] contra a Coreia do Norte” e que, face a suspeitas de violação das sanções por parte de firmas chinesas, iniciaria investigação “de acordo com a lei” chinesa. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou na terça-feira novas sanções contra a Coreia do Norte, Irão e Rússia e limitou a capacidade do Governo de Donald Trump para pôr fim a estas sanções, face à intenção do líder norte-americano de relaxar a política para Moscovo. As sanções chegam numa semana em que se prevê que a Coreia do Norte volte a desafiar a comunidade internacional com novos testes de mísseis balísticos, aos quais Pequim se opõe. “Opomo-nos firmemente a qualquer palavra ou ação que possa elevar a tensão”, afirmou Lu Kang. Xangai | Vaga de calor faz quatro mortos [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos quatro pessoas morreram em Xangai, capital económica da China, devido a uma vaga de calor que elevou as temperaturas para o valor mais alto dos últimos 145 anos na cidade, informaram ontem as autoridades. Na terça-feira, a cidade emitiu o terceiro alerta máximo do ano por altas temperaturas, depois de o termómetro alcançar os 40,5 graus. Na passada sexta-feira os termómetros atingiram 40,9 graus, o número mais alto desde que há quase um século e meio se começaram a fazer registos. Altos níveis de humidade e poluição fazem com que a sensação térmica seja de cerca de 50 graus. Segundo o jornal Shanghai Daily, o calor causou a morte de quatro pessoas, enquanto dezenas de outras, muitos idosos, foram internados no hospital com insolações e outras patologias. A insolação pode resultar em perda de consciência, falhas no organismo, insuficiência cardíaca ou respiratória, ou um edema pulmonar ou cerebral. Os mortos eram pessoas de idade avançada que se encontravam na rua ou em casas sem sistema de ar condicionado. Segundo as indicações meteorológicas, as temperaturas começaram ontem a baixar.
Hoje Macau China / ÁsiaPortugal arranca ligação directa à China [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á aterrou em Lisboa a primeira ligação directa entre Portugal e China. Ontem de manhã, pelas 7h30, o primeiro voo desta rota, operado pela companhia aérea chinesa Beijing Capital Airlines, chegou ao Aeroporto Humberto Delgado, depois de uma viagem de 13 horas e com uma taxa de ocupação praticamente lotada. É o início de uma rota que, nos próximos anos, poderá trazer a Portugal um milhão de turistas chineses. A rota directa Portugal-China, que faz a ligação entre Lisboa e Hangzhou, passando por Pequim, terá três frequências por semana, até ao final do Verão. A partir do Inverno, a Beijing Capital Airlines passa a operar mais uma frequência. Os primeiros quatro voos directos da China para Portugal estão já “praticamente esgotados”, enquanto, no sentido inverso, a taxa de ocupação ronda os 75%, adiantou à Lusa a companhia aérea chinesa. Para os próximos tempos, disse António Costa durante o evento de apresentação desta ligação, o objetivo é continuar a reforçar estas frequências ou mesmo ligar a China a outras cidades. “Quem sabe, poderá haver a abertura para outras cidades portuguesas, nomeadamente o Porto”, disse o primeiro-ministro na altura. Comissão de boas-vindas A aterragem contou com a presença do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que salientou o momento histórico. “Este é o verdadeiro lançamento da nova rota aérea da seda do século XXI. É um grande feito para Portugal a concretização desta ligação”, disse o ministro, citado pela Lusa. “O potencial [destas ligações] é muito importante do ponto de vista turístico, mas também económico. Significa muito mais oportunidades para as empresas portuguesas se aproximarem do mercado chineses, no reforço das relações económicas com empresas chinesas e reforço do potencial das relações políticas entre os países”, acrescentou. Um milhão de turistas chineses? “Podemos ser ambiciosos” A nova ligação abre portas ao maior mercado emissor de turistas do mundo e, por isso mesmo, os objetivos são ambiciosos. Portugal recebeu, no ano passado, 183 mil turistas chineses, um aumento de 19% face a 2015. E o número de turistas vindos da China continua a aumentar: entre janeiro e abril, 68 mil vieram a Portugal, uma subida homóloga de 28%. A manter-se este ritmo, a marca “um milhão” pode ser alcançada num futuro não muito distante. “Se tivermos aumentos de 35% ao ano, podemos rapidamente ser ambiciosos”, disse à Lusa o embaixador português em Pequim, Jorge Torres-Pereira, fixando o objetivo de chegar a um milhão de turistas chineses por ano. “Não há dúvida de que entramos no radar do investimento chinês e, para usar uma expressão britânica, o céu é o limite”, disse ainda o diplomata. Economia online
Hoje Macau China / ÁsiaSíria | Enviado chinês apela à unidade e a solução política [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] enviado especial da China à Síria urgiu todas as partes a encontrar uma solução política para a crise do país, que dura já há seis anos, de forma a evitar que o país permaneça na situação actual. Os comentários de Xie Xiaoyan surgem após encontros com oficiais sírios e iranianos, como parte de um esforço de meditação sobre a situação. O representante chinês pronunciou-se a este respeito na capital iraniana, Teerão, onde enfatizou o papel crucial daquele país na resolução da crise síria. “O Irão é um país importante no Médio Oriente, com uma influência significativa única para a resolução da crise síria. O Irão tem contribuído de modo empenhado para a tentativa de se encontrar uma solução política para a crise, especialmente nos últimos esforços para manter um cessar-fogo regional e nos ataques a terroristas locais. A China aplaude os esforços levados a cabo pelo Irão”, afirmou. No último mês em Damasco, o enviado disse que a China estava em contacto com todas as partes envolvidas na Síria, procurando restabelecer a paz e estabilidade através do diálogo. Xie afirmou que a posição da China permanece inalterada face à crise síria, intercedendo para que esta seja resolvida politicamente. Passos em frente Em Maio deste ano, na quarta ronda de conversações para a paz na Síria, decorrida na capital cazaque, Astana, testemunhou um acordo para estabelecer quatro zonas de contenção do escalonamento na Síria, que entraram em vigor um mês mais tarde, ajudando a debelar a violência em algumas áreas. Referindo-se a estas localizações estratégicas, o representante da China disse que o consenso demonstrou que a comunidade internacional tinha começado a tomar medidas para aliviar as tensões e a promover novos pensamentos e ideias para a resolução política da crise. “Esperamos que o estabelecimento das zonas anti- escalonamento possam manter o cessar-fogo na região e facilitar as conversações e negociações para a promoção da paz. Isto ajudaria a gerar e a executar uma resolução na qual todas as partes estariam satisfeitas. Eu acredito que esta é a direção correcta para todos”, acrescentou Xie. Além disso, Xie apelou para a consideração de outras questões, como a crise humanitária que se vive na região. A China providenciou 680 milhões de yuans em ajuda humanitária, incluindo dinheiro, equipamentos médicos, fármacos, e alimentos para apoiar o povo sírio. O enviado destacou, por fim, que todas as partes devem respeitar o princípio de autodeterminação no processo político da questão síria, nomeadamente, deixar o povo sírio decidir o seu próprio futuro.
Hoje Macau China / ÁsiaChina compra um quarto de todas as exportações brasileiras [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China nunca teve tanta importância para o comércio exterior brasileiro. Nos primeiros seis meses deste ano, 25% de tudo o que o Brasil exportou teve como destino o país asiático. Esta percentagem é um recorde e é mais uma marca da ascensão da segunda maior economia mundial no Brasil. No primeiro semestre de 2007, a fatia chinesa nas exportações brasileiras era de 6,7% – os EUA eram líderes, com 16,4%. Alimentada pela procura de soja, minério de ferro e petróleo, a compra chinesa de bens brasileiros somou US$ 26,9 mil milhões de Janeiro a Junho, um aumento de 36% em relação ao mesmo período do ano passado. Sozinhos, os chineses compraram mais ao Brasil do que os três outros principais compradores: EUA, Argentina e Holanda, respectivamente. Há mais de dez anos que nenhum país era tão preponderante na compra de produtos brasileiros. No início do século, os EUA chegaram a responder por mais de um quarto das exportações. Mas, enquanto os americanos eram grandes clientes de produtos manufacturados (que tem preços mais estáveis), o que os chineses preferem matérias-primas e alimentos, cujas cotações costuma flutuar mais. Ter um cliente tão poderoso tem os seus benefícios, já que há um mercado quase cativo para os produtos, porém, os riscos são mais expressivos. Uma desaceleração forçada da China teria um forte impacto nas exportações e seria muito difícil encontrar um mercado que conseguisse dar conta de tamanha oferta: 45% da soja comprada pelos chineses vem do Brasil, além de 21% do minério de ferro. Cantão | Queda de grua mata setembro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] queda de uma grua num estaleiro de obra de uma empresa de infraestruturas no sul da China causou a morte de sete pessoas e ferimentos noutras duas, informaram hoje as autoridades. O incidente ocorreu na noite de sábado no local da sede da empresa estatal China Communications Construction, na cidade de Guangzhou, segundo as autoridades citadas pela agência noticiosa Associated Press. Os dois feridos estão em situação estável, segundo as autoridades do distrito de Haizhu daquela cidade. Apesar de ter havido melhorias nos anos recentes, a segurança nos trabalhos de construção continua a ser fonte de preocupação na China, com os regulamentos a serem frequentemente ignorados, em parte por atitudes casuais e por causa da corrupção.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Rússia realizam exercício militar na Europa [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçaram as primeiras etapas dos exercícios “Joint Sea 2017” das forças navais russas e chinesas, marcando a primeira vez que ocorrem na Europa. À medida que os navios chineses entraram no porto russo de Baltiysk na sexta-feira passada, iniciou-se a primeira fase, com a fase activa a 24 de Julho. Os exercícios estão definidos para durar até 28 de Julho. A segunda fase das manobras conjuntas será realizada no Extremo Oriente russo, no Mar do Japão e no Mar de Okhotsk em Setembro. Este é um momento que entra para história das relações russo-chinesas, como o primeiro exercício conjunto da esquadra chinesa com a armada russa em águas europeias, algo que deve gerar ondas nos meios geopolíticos, sendo um claro sinal da crescente actividade naval chinesa e da sua capacidade operacional. Participam do “Joint Sea 2017” os mais avançados meios navais da China, incluindo o destroyer de mísseis Type 052D Changsha, a fragata de mísseis Yungchen e o navio de abastecimento de Luomahu, que concluíram exercícios de incêndio no Mediterrâneo semana passada. A Marinha russa irá participar com as últimas corvetas “Steregushchiy” e “Boiky”. Além destes meios, devem participar um significativo contingente aéreo composto por aeronaves e helicópteros de ambas marinhas. Segundo uma declaração do Ministério da Defesa da Rússia: “Os principais objectivos dos exercícios são aumentar a eficiência na cooperação entre as duas frotas na luta contra as ameaças à segurança no mar, para formar a integração das tripulações dos navios de guerra russos e chineses, para fortalecer a amizade e a cooperação entre a Marinha russa e as Forças Navais do Exército de Libertação do Povo da China “. O “Joint Sea 2017” incluirão exercícios anti-submarinos e de defesa aérea. A esquadra chinesa não passou despercebida quando se dirigia para o Báltico, tendo sido escoltada por navios britânicos, holandeses e dinamarqueses. Embora faça “parte da vigilância normal”, a reacção parece ser resultado da “campanha de propaganda nos media ocidentais que procuram sinalizar a Rússia e a China como uma espécie de impérios do mal”, comentaram os russos. Explosão mata 2 e fere 55 [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos duas pessoas morreram ontem e 55 ficaram feridas na sequência de uma explosão numa loja em Hangzhou, no leste da China, noticiou a agência oficial Xinhua. A explosão, de origem ainda desconhecida, ocorreu numa loja próxima do Lago do Oeste, na capital da província chinesa de Zhejiang, onde decorreu a cimeira dos líderes do G20 em 2016. Doze pessoas ficaram gravemente feridas, acrescentou a Xinhua. Imagens difundidas nas redes sociais mostram uma explosão que provoca a queda de destroços sobre os veículos em circulação numa estrada.
Hoje Macau China / Ásia MancheteInternet | China aumenta censura e quer impedir uso de VPN As redes sociais desempenham hoje um papel fundamental na modernização e reforma na China. Mas o governo insiste em manter um controlo apertado da internet. Nos últimos meses a censura tem apertado, o que pode colocar em risco o próprio desenvolvimento do país. O próximo passo é proibir o VPN. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o longo deste ano, a censura da internet têm aumentado na China. Se, por um lado, o país assume que quer dar saltos gigantescos em termos de modernização digital; por outro, parece temer as consequências políticas da evolução tecnológica. É sabido que muitos portais estrangeiros estão proibidos na China. Facebook, Youtube, Google, etc., ficam do outro lado da chamada “Great Firewall of China”. Por isso, muitos internautas chineses e estrangeiros residentes têm usado a chamada VPN (Virtual Proxy Network), um mecanismo que permite aceder à Internet através de um servidor localizado além-fronteiras. O VPN permite aceder a esses portais proibidos, o que se tem revelado muito útil, sobretudo para as empresas estrangeiras com filiais no País do Meio. O sistema cria ligações criptografadas entre computadores e pode ser usado para abrir portais bloqueados pela censura chinesa. Mas agora a China quer impedir o uso de VPN. Numa carta enviada a clientes corporativos, citada pela agência Associated Press, o maior fornecedor de acesso à Internet do país diz que o uso de VPN será apenas permitido para ligar à sede da empresa no estrangeiro. Medo atrás de medo A carta enviada pela China Telecom Ltd. diz que os utilizadores de VPN vão ser impedidos de aceder a portais fora da China. Portais como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer estão bloqueados na China. As versões electrónicas de órgãos de comunicação como o The New York Times ou o Economist também estão censurados. A carta repete um anúncio feito em Janeiro de que apenas VPN autorizadas pelas autoridades chinesas serão permitidas. A mensagem suscitou receios de possível fuga de segredos comerciais ou informação, entre empresas que questionam a fiabilidade dos serviços encriptados chineses e a possibilidade de as autoridades acederem às suas mensagens. Os reguladores anunciaram em Janeiro uma campanha para erradicar o uso de VPN usadas para contornar a censura do regime. A medida reflete a visão do Presidente chinês, Xi Jinping, de “soberania do espaço cibernético” ou o direito de Pequim em limitar a actividade dos seus cidadãos ‘online’. O controlo sobre a informação é especialmente sensível este ano, já que no outono vai decorrer o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, que se realiza de cinco em cinco anos. Esta semana, o regulador municipal de Pequim para a Internet anunciou que pediu aos operadores de portais, incluindo o Baidu e a Tencent, para que removem material que “distorça a história da China e do Partido” e “promovam valores anormais”. Pequim tem repetidamente pressionado empresas estrangeiras para que disponibilizem tecnologia, conhecimento encriptado e outros segredos comerciais, em troca de acesso ao seu mercado. As empresas a operar na China apontam o controlo da Internet como um dos maiores obstáculos às suas operações no país. Empreendedor sofre Mas não são apenas os estrangeiros que sofrem com o recrudescimento da censura. Os próprios negócios dos cidadãos chineses estão a ser gravemente afectados, sobretudo os novos negócios, as startups, que dequem o presidente Xi tanto fala. A verdade é que este recente movimento do governo para suprimir conteúdos na internet tem preocupado uma diversa comunidade de cineastas, blogueiros, membros dos media e educadores, que temem que os seus portais possam ser fechados por causa do controlo mais rígido do governo. Em Junho, os reguladores fecharam portais de celebridades, restringiram quais tipos de vídeos as pessoas podem publicar e suspenderam os serviços online de streaming -– tudo isso sob alegações de conteúdo impróprio. Uma associação do sector fez circular uma nova regulamentação de efeito imediato determinando que pelo menos dois “auditores” terão que analisar todo conteúdo audiovisual publicado online para garantir que esses conteúdos sejam fiéis aos “principais valores socialistas”. Tópicos considerados inapropriados incluem vício em drogas e homossexualidade, disse a Associação de Serviços de Transmissão Online da China, afiliada ao governo e que representa mais de 600 membros. “De acordo com estas regras de censura, nada vai passar, o que vai exaurir a criação audiovisual artística”, escreveu Li Yinhe, uma académica que estuda sexualidade na Academia Chinesa de Ciências Sociais, mantida pelo governo. Sob as novas regras do governo, obras como a ópera “Cármen”, de Georges Bizet, e “Otelo”, de Shakespeare, tecnicamente teriam que ser banidas por mostrarem prostituição e exibirem cenas explícitas de afecto, disse. As regras, que afectam gigantes das redes sociais como Weibo, bem como pequenas plataformas que têm florescido no movimentado espaço criativo online da China, representam as mais recentes medidas para endurecer a fiscalização na internet, antes do Congresso do Partido Comunista no segundo semestre, quando o presidente Xi Jinping deve consolidar seu poder. “Costumávamos descrever a constante regulação conta-gotas como a fervura de um sapo em água morna. Agora está a escaldar com água a ferver”, disse à Reuters Wang Xiaoxiao, um agente de talentos que representa diversos actores que conquistaram fama na internet. A internet é o melhor instrumento de domínio inventado pelo Homem [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o contrário do que muitos ocidentais pensam, a internet na China não é, aparentemente, muito diferente de qualquer outro país. Vamos ali encontrar gente mal disposta, revoltada, crítica, pouco disposta a mostrar-se compassiva ou harmoniosa. Isto é o que revela um estudo, feito pela Universidade de Harvard, divulgado pelo jornal inglês The Guardian. A ideia de que a internet chinesa é constituída por um conjunto de gente tímida e sem face visível é, segundo o estudo, ridícula. A investigação também revelou que a maior parte dos conteúdos censurados, além do habitual Falun Gong, pornografia e democracia, prendem-se com publicações que incitem ao activismo, mesmo que este seja a favor do governo. Gente na rua, manifestações, concentrações espontâneas, não. O governo não permite esse tipo de publicação, ainda que defenda os seus pontos de vista. Por outro lado, a internet é extremamente útil ao Governo Central porque, por não possuir os feedbacks proporcionados por uma situação de liberdade democrática, é através da rede que vai tomando o pulso ao país, nomeadamente nas regiões mais longínquas. A internet tornou-se assim numa espécie de sistema de aviso prévio que permite ao governo agir antes que uma situação desagradável ocorra. Por exemplo, se surgem publicações sobre a corrupção num município, o governo central pode agir antes que o desagrado se torne demasiado público e provoque agitação social. Além disso, fala-se do “exército de 50 cêntimos”, um grupo de dois milhões de pessoas, cuja ocupação é colocar publicações na internet, a 50 cêntimos cada uma. E, se no princípio estes actores da net respondiam ao críticos do governo, hoje mudaram de táctica: criam outros assuntos que desviam a atenção dos internautas para outras áreas. Isto para além de continuamente louvarem o Partido Comunista e o modo como conduz a China. Economia digital cresce quase 20% [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] economia digital da China cresceu 18,9%, em 2016, para 22,6 biliões de yuans, ultrapassando o ritmo de crescimento do conjunto da economia, indica um estudo do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação chinês. A economia digital compôs 30,3% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, no ano passado, de acordo com o mesmo estudo, apontando que se for considerado o impacto indireto, o contributo ascende a 69,9%. Este sector inclui modelos de negócio como o comércio electrónico, computação em nuvem ou pagamentos via carteiras digitais, que têm na China uma difusão ímpar a nível mundial. O crescimento da economia digital, em 2016, supera o ritmo de crescimento da economia chinesa, de 6,9%. O estudo estima que o sector alcance os 32 biliões de yuans, em 2020, e que em 2030 componha metade do PIB do país.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA e China decidem cooperar para reduzir défice comercial Cem dias. Foi o prazo estabelecido de criação de um plano económico para parcerias entre China e Estados Unidos quando os presidentes dos dois países, Xi Jinping e Donald Trump, se encontraram em Abril. Alguns acordos iniciais foram rascunhados, mas nada efectivo saiu do papel. O prazo de 100 dias acaba no domingo e representantes dos dois países encontraram-se esta semana para discutir uma efetiva ampliação nos negócios. [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos e China acertaram nesta quarta-feira cooperar para a redução do défice comercial, na primeira ronda de negociações económicas bilaterais desde o início da presidência de Donald Trump, informou Washington no fim do encontro. O secretário de Comércio, Wilbur Ross, e o seu colega do Tesouro, Steven Mnuchin, iniciaram as conversações entre as duas principais economias mundiais com exigências de uma relação mais “justa, equitativa e recíproca”. A parte americana exigiu mudanças depois de sublinhar que as exportações chinesas para os Estados Unidos cresceram mais de 200% nos últimos 15 anos e alimentam um défice comercial de 309 mil milhões de dólares em 2016. Mas Ross e Mnuchin escolheram um tom mais moderado no fim das conversações com a delegação chinesa, liderada pelo vice-primeiro-ministro Wang Yang. “A China reconheceu o nosso objetivo compartilhado de reduzir o défice comercial, no qual os dois lados trabalharão cooperativamente”, declararam Ross e Mnuchin. “Os princípios de equilíbrio, equidade e reciprocidade em matéria de comércio guiarão a posição americana para que possamos oferecer aos trabalhadores e aos empresários americanos a oportunidade de competir em igualdade de condições”. Wang sugeriu aos Estados Unidos que não pressione excessivamente, sublinhando a importância do “diálogo” sobre a “confrontação”. “Não precisamos que um derrote o outro nas discussões sobre as nossas divergências. O confronto prejudicará os interesses de ambos”. No seu discurso, Wang afirmou que “há um enorme mercado potencial na China para as exportações americanas de tecnologia avançada; equipamentos e peças, mas, lamentavelmente, as empresas americanas não pegam nessa parte do bolo devido a controlos obsoletos de exportações nos Estados Unidos”. A legislação americana restringe a venda de alguns componentes de alta tecnologia quando existe a possibilidade de que sejam utilizados para fins militares. Ao abrir as discussões, Ross declarou que o défice poderia ser entendido “se fosse apenas resultado natural das forças do livre-mercado, mas não é isso”. “Já está na hora de reequilibrar nossas relações de comércio e investimentos”. Steven Mnuchin avaliou que é preciso “trabalhar juntos para maximizar os benefícios às duas partes (…) e isso apenas será possível com uma relação mais justa e equilibrada entre Estados Unidos e China”. “Isso significa resolver os desequilíbrios provocados pela intervenção chinesa na economia”, disse, completando: “Uma relação mais equilibrada vai gerar prosperidade para os dois países e para o mundo”. Promessas de Trump O intuito de Donald Trump é conseguir diminuir o défice comercial americano com a China, que acredita ser nocivo para a economia dos Estados Unidos e para os produtos fabricados no seu país. As conversações, até agora, já promoveram, por exemplo, o regresso das vendas de carne para a China, paradas há 14 anos. A China também tem demonstrado interesse em adquirir produtos de gás natural liquefeito dos Estados Unidos. A reunião de Washington, um encontro que acontece todos os anos entre oficiais dos dois países, mudou de nome para Diálogo Económico Compreensivo, e deve trazer mais novidades em torno das parcerias. O secretário de comércio, Wilbur Ross, recebeu empresários americanos e chineses para discutir o comércio internacional entre os dois países. Mais de 20 líderes de negócios, como o presidente do Alibaba, Jack Ma, e o cofundador do grupo de investimento Blackstone, Stephen Schwarzman, participaram das conversações. Os participantes discutiram os problemas das barreiras comerciais e fizeram uma lista de sugestões aos oficiais do governo. A questão é primordial num momento em que exportadores americanos, principalmente em indústrias como tecnologia da informação e robótica, estão preocupados com o expansionismo chinês — a China chama esse mercado de “indústria em estratégica emergência”. Enquanto Trump caça paliativos para agradar aos seus eleitores, os chineses continuam a investir para exportar tecnologia de ponta não só para os Estados Unidos, mas para todo o mundo. Irão | China solicita cumprimento de acordo nuclear [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pediu confiança mútua e responsabilidade de todos os lados para salvaguardar e realizar o acordo nuclear do Irã de 2015, agora que os Estados Unidos colocaram novas sanções em 18 entidades e indivíduos ligados ao programa de mísseis balísticos do Irã e outras actividades não-nucleares na terça-feira. “Todos os lados têm a responsabilidade de salvaguardar e realizar o acordo nuclear do Irão”, disse Lu Kang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. A China opõe-se resolutamente a qualquer tipo de actividade de proliferação nuclear e sempre se opôs à chamada “jurisdição de longo alcance” por qualquer país com base na sua legislação nacional, de acordo com Lu. “A cooperação internacional eficaz depende da necessária confiança mútua de todos os lados”, afirmou. Referindo-se ao acordo nuclear como “um importante resultado multilateral” e “um paradigma” para a solução de questões internacionais através de meios políticos e diplomáticos, Lu disse que desde o lançamento do acordo dois anos atrás, o Irão implementou “sinceramente” medidas relevantes e fortaleceu o comércio económico e cooperação comercial com diferentes países, o que está de acordo com a vontade da comunidade internacional.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim volta a pedir à Índia retirada de tropas do Tibete [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina renovou o apelo à Índia para que retire imediatamente as tropas do extremo sul do Tibete, território disputado nos Himalaias, na sequência de informações de que forças chinesas realizaram exercícios com fogo na região. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang afirmou que as tropas indianas têm de deixar a área, para evitar uma “escalada da situação”. “Nós afirmamos por várias vezes que esperamos que o lado indiano tenha um entendimento claro da situação e que tome medidas para retirar as tropas que ilegalmente cruzaram a fronteira”, afirmou Lu, em conferência de imprensa. As relações entre Pequim e Nova Deli atravessam um momento de renovada tensão, com as autoridades dos dois lados a sugerir um conflito ainda mais sangrento do que a guerra de 1962, que deixou milhares de mortos. Os comentários de Lu surgem depois de a televisão estatal CCTV ter informado na semana passada que uma brigada do exército chinês, equipada com lança-foguetes, metralhadoras e morteiros, simulou recentemente uma ofensiva no Tibete. O exercício envolveu também a localização e foco na aviação do inimigo, segundo a reportagem. O extremo sul do Tibete é uma área também reclamada pelo Butão, aliado da Índia. A reportagem não indicava onde e quando decorreram os exercícios militares. A crise deverá ser abordada durante a visita do Conselheiro de Segurança Nacional indiano, Ajit Doval, a Pequim, entre 27 e 28 de julho, para participar de um fórum do grupo de economias emergentes BRICS, dedicado à segurança. No entanto, devido aos sentimentos nacionalistas entre a opinião pública dos dois países, nenhum dos lados deverá ceder, até que o duro inverno nos Himalaias obrigue a uma retirada. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. A disputa mais recente aconteceu em junho, depois de a China ter começado a construir uma estrada para o planalto de Doklam, ou Donglang, em chinês, uma região reclamada pela China e pelo Butão, que mantém com a Índia uma cooperação próxima a nível de segurança. Apesar de China e Butão terem vindo a negociar as fronteiras durante décadas, sem incidentes sérios, o pequeno reino dos Himalaias pediu desta vez ajuda a Nova Deli, que enviou tropas através da fronteira, desde o estado de Sikkim. A China retaliou ao fechar o acesso a uma montanha próxima, usada por peregrinos indianos para chegarem ao monte Kailash, um local sagrado no Tibete para budistas e hindus. China entra no mercado de drones de combate [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] drone chinês CH-5 ‘Rainbow’ está pronto para entrar no mercado de veículos aéreos não tripulados de combate. “O design do CH-5 foi finalizado e estamos prontos para produzi-lo em massa”, confirmou o gerente do projeto do CH-5 ao jornal China Daily. O Rainbow provavelmente vai competir com o MQ-9 Reaper, que se tornou o único drone usado pelas Forças Armadas dos EUA a partir de 1 de julho deste ano, quando o Predator foi retirado. Os produtores chineses não quiseram especificar qual é o mercado dos seus novos produtos. Entretanto, o Wall Street Journal publicou na segunda-feira que Emirados Árabes Unidos, Egipto e Arábia Saudita já compraram drones chineses depois de uma nega dos produtores americanos. “Para os EUA, este é um golpe estratégico e comercial”, observou o Wall Street Journal. Os drones fabricados na China podem são consideravelmente mais baratos do que os Predadores e Reapers da General Atomics. “Estamos em sintonia com o que a China está fazendo”, disse um funcionário da Casa Branca ao Wall Street Journal. O CH-5 tem uma autonomia de voo de até 60 horas e pode carregar 24 mísseis. Ele pode ser usado para combate, inteligência, reconhecimento e vigilância.
Hoje Macau BrevesApple quer quebrar domínio de concorrentes na China [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa norte-americana Apple lançou esta semana uma campanha na China para promover a sua plataforma de pagamentos móveis, visando contrariar o domínio exercido no país pelos gigantes Tencent e Alibaba, avançou ontem a imprensa local. A Apple vai oferecer descontos de até 50%, quando os clientes optarem por pagar com o seu serviço Apple Pay, numa tentativa de aumentar a sua quota de mercado no maior mercado do mundo de pagamentos móveis. Os gigantes chineses da Internet Tencent e Alibaba, através do Wechat e Alipay, respectivamente, dominam 92% do mercado. “O nosso objectivo é que todos os utentes da Apple utilizem Apple Pay” no país, afirmou a vice-presidente da Apple Pay, Jennifer Baily, citada pelo portal de informação financeira Caixin. A China é o segundo maior mercado do mundo da Apple, a seguir ao dos Estados Unidos da América. A Apple só lançou o seu serviço de pagamentos móveis no país em Fevereiro de 2016. Na semana passada, a empresa anunciou um investimento de 1.000 milhões de dólares na província de Guizhou, para a criação de um centro de armazenamento de dados, de acordo com as novas regras aprovadas pelo Governo chinês de que as firmas estrangeiras armazenem na China dados recolhidos no país. Além disso, a Apple anunciou ontem a nomeação de Isabel Ge Mahe, a vice-presidente de tecnologias móveis, como a sua mais nova vice-presidente e directora da região da Grande China, especificamente. Ge Mahe, que assumirá o novo cargo em Xangai, gerirá os negócios da Apple na China continental e também em Hong Kong, Macau e Taiwan, respondendo diretamente ao CEO Tim Cook e ao COO Jeff Williams. “A Apple está fortemente comprometida em investir e crescer na China, e estamos contentes que a Isabel trará sua experiência e liderança a para nossa equipa chinesa”, disse Cook. “Ela dedicou boa parte do seu tempo em anos recentes a entregar inovação em benefício dos consumidores Apple na China, e esperamos fazer contribuições ainda maiores sob a sua liderança.” Suspensa importação de lixo estrangeiro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China informou à Organização Mundial do Comércio nesta terça-feira que deixará de receber carregamentos com detritos do exterior, como plástico e papel, numa nova campanha contra o “lixo estrangeiro”. A medida, que entrará em vigor no final de 2017, incluirá diversos tipos de resíduos provenientes da produção industrial, incluindo subprodutos da siderurgia, cinzas, tecidos e fios. “Descobrimos que grande quantidade de resíduos sujos ou mesmo resíduos perigosos são misturados nos resíduos sólidos que podem ser utilizados como matéria-prima. Isto poluiu seriamente o meio-ambiente na China”, diz o documento enviado pela delegação chinesa e reproduzido pela Reuters. “Para proteger os interesses ambientais da China e a saúde de sua população, estamos ajustando em caráter de urgência a lista de resíduos sólidos importados, proibindo a importação de resíduos altamente poluídos”. A China é a maior importadora de resíduos no mundo. No ano passado, o país recebeu 7,3 toneladas apenas de restos de plástico, o que corresponde a 56% do total mundial e a 3,7 mil milhões de dólares em valor de mercado. Além de Hong Kong, os maiores fornecedores foram o Japão e os Estados Unidos, que responderam por cerca de 10% desse volume cada um, de acordo com o Centro Internacional de Comércio. Esses dois países também são as maiores fontes do papel usado comprado pelos chineses, respondendo pela metade do total importado por Pequim. Em Abril, o governo chinês lançou um plano para reformar a gestão de resíduos importados. No início deste mês, o Ministério de Proteção Ambiental realizou uma grande operação para inspecionar as empresas nacionais do sector, e identificou uma série de irregularidades cometidas pelas mesmas. Ao todo, 66% das companhias visitadas, ou 590, em números absolutos, apresentaram alguma violação. Mulher presa com 102 iPhones e 15 relógios [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma mulher foi detida pela alfândega de Shenzhen, na China, com 102 iPhones presos ao corpo, além de 15 relógios de luxo. Shenzhen faz fronteira com Hong Kong, sendo rota de contrabandistas que tentam chegar ao outro lado. Existe uma diferença de preço entre iPhones comprados em Hong Kong e os disponíveis na China continental. Em Hong Kong, o smartphone é mais barato, sendo uma óptima “oportunidade” contrabandear os produtos para ganhar algum dinheiro rápido. Claro, quanto mais unidades o criminoso tiver disponível, maior será o lucro. Porém, carregar centenas de aparelhos numa bagagem é um meio de ser apanhado facilmente. Então, o método preferido é amarrá-los ao corpo e tentar agir de forma natural. A mulher tentou isso com 102 iPhones e falhou. Não é para menos: o peso total ascendia a cerca de 20 quilos. Funcionários da alfândega em Shenzhen notaram algumas protuberâncias incomuns no seu corpo e isso chamou a atenção. Uma vez que sua roupa foi totalmente revistada e todos os smartphones e relógios removidos, ela acabou por ser presa.
Hoje Macau China / Ásia MancheteWhatsApp regista interrupções A aplicação de mensagens instantâneas tem registado, desde terça-feira, interrupções no serviço na China, suscitando receios de que possa ser parcialmente bloqueado no país, à semelhança de várias outras ferramentas ‘online’ estrangeiras. [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante grande parte de terça-feira, o WhatsApp esteve inacessível na China, a menos que os utilizadores recorressem a uma VPN (Virtual Proxy Network), mecanismo que permite aceder à Internet através de um servidor localizado fora do país. Muitos dos utilizadores na China daquele serviço de mensagens instantâneas, que é detido pelo Facebook, são estrangeiros a residir no país, que têm assim uma alternativa ao WeChat, o serviço chinês mais utilizado no país, mas que está sujeito ao controlo e censura impostos pelas autoridades locais. As interrupções no serviço do WhatsApp surgem num período politicamente sensível para a China. No outono, vai decorrer o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, que se realiza de cinco em cinco anos. Na semana passada, o activista chinês e prémio Nobel da Paz de 2010 Liu Xiaobo morreu enquanto cumpria uma pena de prisão de 11 anos por subversão contra o poder do Estado. Um estudo divulgado esta semana pela Universidade de Toronto mostra como a censura chinesa conseguiu bloquear, em tempo real, imagens de homenagens a Liu, em conversas privadas no ‘Wechat’, ilustrando a sofisticação do sistema de reconhecimento de imagens do aparelho de censura do regime. Na noite de terça-feira, já era possível enviar mensagens através do ‘WhatsApp’ na China, mas não partilhar imagens. Um pesquisador chinês, conhecido pelo pseudónimo Charlie Smith, considerou que as autoridades optaram por bloquear todas as mensagens não escritas, precisamente porque não conseguiam fazer uma censura selectiva, como no ‘WeChat’, que pertence ao gigante chinês da internet Tencent. Como o conteúdo do WhatsApp é encriptado, “eles optaram por fazer uma censura bruta de todas as mensagens não escritas”, afirmou Smith, citado pela agência Associated Press (AP). “Não seria de surpreender que tudo no WhatsApp fosse bloqueado, forçando os utilizadores na China a usar serviços não encriptados, censurados e monitorados, como o WeChat”, acrescentou. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse na terça-feira não ter qualquer informação sobre o que se passou com o WhatsApp. Com 1,2 mil milhões de utilizadores, o WhatsApp é um dos serviços de mensagens instantâneas mais usado no mundo. É detido pelo Facebook, que está bloqueado na China desde 2009. A plataforma digital de distribuição de vídeos Youtube, a rede de mensagens instantâneas Twitter ou o motor de busca Google também estão bloqueados na China, com Pequim a argumentar que redes sociais a operar fora do seu controlo constituem uma ameaça para a segurança nacional. As autoridades têm também prestado crescente atenção a aplicações que utilizam mensagens encriptadas. Depois de Pequim ter lançado uma campanha contra ativistas e advogados dos Direitos Humanos no país, em 2015, o Diário do Povo, jornal oficial do PCC, apontou a aplicação ‘Telegram’ como a plataforma onde os advogados coordenavam as suas atividades. Em tribunal, os advogados foram também forçados a confessar como usavam aplicações de mensagem encriptadas para comunicar livremente com colaboradores estrangeiros. O Telegram foi, entretanto, bloqueado no país, e muitos dissidentes chineses optam agora por utilizar o WhatsApp.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCoreia do Norte | EUA dizem-se preparados para usar força caso seja necessário Os Estados Unidos alertaram que estão prontos para usar a força caso seja necessário para interromper o programa de mísseis da Coreia do Norte, mas dizem preferir uma acção diplomática global contra Pyongyang e mais sanções. China e Rússia estão contra e preferem a via diplomática, que passará pela cessação imediata de todas as acções militares dos dois lados. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse em encontro do Conselho de Segurança que as acções da Coreia do Norte estavam “a acabar rapidamente com a possibilidade de uma solução diplomática” e que os EUA estavam preparados para se defender e defender seus aliados. “Uma das nossas capacidades está nas nossas consideráveis forças militares. Iremos usá-las caso precisemos, mas preferimos não ter que seguir este caminho”, disse Haley. Dando um significativo passo no seu programa de mísseis, a Coreia do Norte testou na terça-feira o lançamento de um míssil balístico intercontinental que alguns especialistas acreditam poder alcançar os Estados norte-americanos do Hawai e do Alasca e talvez o noroeste do Pacífico norte-americano. A Coreia do Norte afirma que o míssil pode carregar uma grande ogiva nuclear, mas os militares norte-americanos garantiram que são capazes de defender os EUA contra o míssil balístico intercontinental norte-coreano. Kim Jong-un, o presidente norte-coreano, dissera que o míssil foi um “presente” para os EUA na data em que os norte-americanos festejavam o 4 de Julho, o Dia da Independência e que irá a continuar a enviar “prendas”. Haley disse que os EUA irão propor novas sanções da ONU sobre a Coreia do Norte nos próximos dias e alertou que se a Rússia e a China não apoiarem as medidas, então “seguiremos o nosso próprio caminho”. O embaixador da China na ONU, Liu Jieyi, disse na reunião do Conselho de Segurança que o lançamento do míssil foi uma “violação evidente” das resoluções da ONU e “inaceitável”. “Pedimos a todas as partes interessadas para exercitarem a prudência, evitarem acções provocativas e retóricas agressivas, demonstrarem a vontade por diálogos incondicionais e trabalharem activamente juntas para desarmar a tensão”, disse Liu. Rússia e China contra mais sanções Mas, no entanto, a China e a Rússia discordaram da proposta dos Estados Unidos de impor sanções mais duras à Coreia do Norte e pediram ao governo norte-americano para trabalhar em uma solução negociada para a actual crise. Os dois países formaram no Conselho de Segurança da ONU uma frente comum contra a proposta dos EUA, que anunciou que apresentará um projecto de resolução para endurecer as sanções à Coreia do Norte. “Todos devemos saber que as sanções não vão resolver a questão”, disse o embaixador-adjunto da Rússia na ONU, Vladimir Safronkov, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança. Safronkov classificou como “inaceitável” qualquer tentativa de estrangular economicamente a Coreia do Norte, lembrando que milhões de pessoas têm grandes necessidades humanitárias no país. Contra a postura da Casa Branca, a China e a Rússia voltaram a defender a proposta de que a Coreia do Norte suspenda seus testes nucleares e de mísseis em troca de que os EUA e a Coreia do Sul façam o mesmo com as manobras militares conjuntas na região. Os dois países consideraram o teste norte-coreano como inaceitável, mas também criticaram a instalação de um escudo antimísseis dos EUA na Coreia do Sul. No fim do debate no Conselho de Segurança, Haley respondeu às declarações de russos e chineses, dizendo que se opor às sanções é “dar as mãos para Kim Jong-un”. Ameaças americanas Quando Donald Trump e Xi Jinping se cruzarem em Hamburgo, na Alemanha, para a reunião do G20 que decorre na sexta-feira e no sábado, entre os dois haverá uma espécie de enorme elefante na sala chamado Coreia do Norte. Nos últimos tempos, a relação entre os presidentes dos EUA e da China arrefeceu substancialmente. Ainda ontem, Trump voltou a usar a rede social Twitter para beliscar Pequim. “O comércio entre a China e a Coreia do Norte cresceu quase 40% no primeiro trimestre [do ano]. Lá se vai a possibilidade de a China colaborar connosco – mas tínhamos de tentar”, escreveu o líder norte-americano. Apesar de haver poucas certezas sobre os números invocados por Trump, não restam dúvidas de que Washington e Pequim estão cada vez mais distantes. Na semana passada a administração Trump impôs sanções a um banco chinês devido às relações que esta entidade mantém com a Coreia do Norte, referiu-se à China como um dos piores países em matéria de tráfico de seres humanos e concluiu um negócio de venda de armas a Taiwan no valor de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros). Rex Tillerson, secretário de Estado norte-americano, sublinhou o discurso do presidente:. “Qualquer país que receba trabalhadores norte-coreanos, que favoreça [Pyongyang] com benefícios económicos e militares ou que não implemente as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas está a ajudar e apoiar um regime perigoso”, sublinhou o responsável pela política externa dos EUA. Medo de novo teste nuclear O ministro da defesa da Coreia do Sul afirmou que a probabilidade de um sexto teste nuclear por parte de Pyongyang é alta. “O objectivo da Coreia do Norte é reforçar o seu poderio nuclear, por isso é bastante possível que tal venha a acontecer”, referiu Han Min-koo. Até hoje foram cinco os testes de armamento nuclear levados a cabo pelo regime norte-coreano. O primeiro aconteceu em 2006 e os dois últimos no ano passado, em Janeiro e em Setembro. Até que ponto o conflito diplomático pode descambar para guerra aberta? Jim Mattis, secretário de estado da Defesa dos EUA, já avisou que as consequências de uma acção militar seriam “trágicas numa escala difícil de imaginar”. Esse deverá ser sempre o último dos últimos recursos O presidente norte-americano tem tentado convencer a China a fazer todos os esforços para resolver a questão norte-coreana, mas o tom dos seus tweets, mesmo tratando-se de Donald Trump, mostram que estará a perder a paciência com Pequim. “A Coreia do Norte acaba de lançar outro míssil. Será que este tipo [Kim Jong-un] não tem nada melhor para fazer na vida. É difícil acreditar que a Coreia do Sul e o Japão vão aturar isto durante muito mais tempo. Talvez a China faça um gesto forte em relação à Coreia do Norte e ponha fim a este absurdo de uma vez por todas”, escreveu no Twitter o líder norte-americano. EUA e Seul respondem e a dobrar Anteontem, em resposta a Pyongyang, EUA e Coreia do Sul dispararam uma barragem de mísseis ao longo da costa leste da península coreana. “[Esta reacção] é apenas uma demonstração de força, uma espécie de olho por olho, dente por dente, mas não irá dissuadir os norte-coreanos de continuar a desenvolver mísseis de longo alcance e de investir no programa nuclear”, sublinha o analista Robert Kelly, da Universidade Nacional de Busan, na Coreia do Sul, citado pela Al Jazeera. Já ontem, o exército sul-coreano realizou novas manobras com fogo real, que incluíram o lançamento de vários mísseis guiados numa nova demonstração de força para responder ao mais recente ensaio de míssil pela Coreia do Norte. O exercício, realizado nas águas do Mar do Japão, envolveu a marinha e força aérea, disse à agência espanhola Efe um porta-voz do Ministério de Defesa sul-coreano. Foi simulado um ataque por mar e no decurso das manobras foram disparados mísseis anti-navio “Haeseong” e “Harpoon” e mísseis terra-ar “AGM-65 Maverick”. Estes exercícios foram realizados dois dias depois de a Coreia do Norte ter lançado o primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM) e um dia depois de os exércitos sul-coreano e norte-americano terem realizado também testes de mísseis para responder a Pyongyang. Seul apela a aumento de sanções O Presidente sul-coreano apelou ontem à Alemanha para que aplique sanções reforçadas contra a Coreia do Norte, na sequência do anúncio de Pyongyang de que lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM), que Seul qualificou de “provocação”. “A Coreia do Norte deve pôr um fim a isto e, por esta razão, nós devemos trabalhar no sentido de sanções mais intensas” contra este país, declarou Moon Jae-In no decorrer de uma conferência de imprensa com a chanceler alemã, Angela Merkel. O chefe de Estado sul-coreano sublinhou que serão lançadas negociações sobre esta matéria com alguns governos à margem da cimeira do G20 que decorrerá na sexta-feira e no sábado em Hamburgo, Alemanha. “Trata-se de uma grande ameaça” para a Península coreana e para o mundo inteiro”, bem como “uma provocação”, disse o novo chefe de Estado da Coreia do Sul. No entanto, Moon Jae-In mostrou-se mais aberto ao diálogo com a Coreia do Norte do que o seu antecessor, afirmando-se favorável a uma “solução pacífica” para o conflito. A chanceler alemã também deu apoio à ideia de impor sanções mais duras contra Pyongyang. Merkel indicou que pretende discutir com o Presidente sul-coreano “a melhor forma de manter a pressão, e ver como se poderá continuar a aumentar as sanções”. “É uma questão que nos toca o coração, porque nós sabemos, por experiência própria, o que significa a divisão de um país”, afirmou Merkel, referindo-se ao período entre 1949 e 1989, durante o qual a Alemanha comunista, a República Democrática Alemã, coexistiu com a Alemanha ocidental, a República Federal da Alemanha.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Moscovo apresentam plano conjunto para Coreia do Norte Pyongyang deve parar com os mísseis e EUA e Coreia do Sul com os exercícios militares. Para já. Depois logo se vê. [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]ússia e China apresentaram nesta terça-feira um plano para tentar diminuir as tensões causadas pelo programa nuclear da Coreia do Norte. A iniciativa propõe que os norte-coreanos declarem uma moratória dos seus testes de mísseis e demais actividades nucleares e que, ao mesmo tempo, Estados Unidos e Coreia do Sul suspendam os exercícios militares conjuntos. As sugestões foram apresentadas pelos MNE da Rússia e da China depois de conversações entre os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping, motivadas por um novo teste de míssil pela Coreia do Norte. As duas potências rejeitaram o uso da força e defenderam a coexistência pacífica. Segundo Putin, as duas partes concordaram em levar adiante “uma iniciativa comum, que está baseada no plano russo de resolução do conflito coreano por etapas e a ideia chinesa de congelar paralelamente as actividades nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e as manobras militares em larga escala de Estados Unidos e Coreia do Sul”. Rússia e China manifestaram “profunda preocupação com o anúncio da Coreia do Norte, de 4 de Julho, sobre o lançamento de um míssil balístico”, que consideram um facto inadmissível, já que contradiz resoluções do Conselho de Segurança da ONU. “As partes pedem reiteradamente à Coreia do Norte para que cumpra de maneira estrita as cláusulas incluídas nas citadas resoluções.” Além disso, os dois países frisaram que a instalação do escudo antimísseis Thaad dos Estados Unidos na Coreia do Sul “representa um grave prejuízo para os interesses de segurança estratégica dos países da região, incluindo Rússia e China”. “As preocupações da Coreia do Norte devem ser respeitadas”, afirmaram. Os países envolvidos devem realizar esforços para a retomada das negociações e para a criação de “uma atmosfera de paz e de confiança mútua”. A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira o lançamento do seu primeiro míssil balístico intercontinental, um marco no programa armamentista do regime coreano, embora a Rússia afirme que se trata de um míssil de médio alcance. ONU | EUA pedem reunião do Conselho de segurança A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, pediu nesta terça-feira uma reunião urgente do Conselho de Segurança para abordar o lançamento de um míssil balístico intercontinental pela Coreia do Norte. O porta-voz da missão dos EUA na ONU, Jonathan Bachtel, informou sobre o pedido no Twitter. Além disso, Haley pediu ao embaixador da China na ONU, Liu Jieyi, que preside o Conselho de Segurança neste mês, que mantenha a sessão de emergência aberta. Os EUA confirmaram que o projéctil lançado ontem pela Coreia do Norte era um míssil balístico intercontinental, o primeiro com essas características que Pyongyang consegue lançar com sucesso. O míssil voou por mais tempo do que todos os outros testados pelo regime de Kim Jong-un até então, um total de 37 minutos, o que significa que agora a Coreia do Norte é capaz de atacar o Alasca.