S&P reduz nota da dívida chinesa devido a ‘boom’ do crédito

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] agência de ‘rating’ Standard & Poor’s reduziu ontem a nota atribuída à dívida da China, de AA- para A+, e a alguns bancos cujas operações se concentram no país, devido a um ‘boom’ do crédito.

A S&P, que mantém uma perspectiva “estável” para a China, justifica o corte com o “prolongado período de forte crescimento do crédito, que aumentou os riscos económicos e financeiros” para o país.

A nota A+ é a sexta mais alta dentro do ‘rating’ [avaliação] atribuído pela S&P e situa-se no nível médio alto.

Várias instituições económicas internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), têm advertido Pequim para o rápido aumento da sua dívida corporativa.

Em Maio, outra agência de ‘rating’, a Moody’s, reduziu a nota atribuída à China.

A S&P tinha já avisado que poderia rever a nota, quando em Março de 2016 mudou a perspectiva de “estável” para “negativa”.

“Um prolongado período de forte aumento do crédito aumentou os riscos económicos e financeiros para a China”, afirmou a agência, em comunicado.

“Apesar deste aumento do crédito ter contribuído para um forte crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e preços mais altos dos activos, acreditamos que também enfraqueceu a estabilidade financeira, até certo ponto”, acrescentou.

O corte no ‘rating’, anunciado depois do fecho das praças financeiras chinesas, poderá aumentar ligeiramente os custos do crédito para Pequim, mas o impacto maior é no sentimento dos investidores.

Em Maio, quando a Moody’s reduziu a nota atribuída à China, o ministério chinês das Finanças disse que a agência recorreu a métodos incorrectos e não entendeu as dificuldades económicas e a força financeira da China.

A liderança comunista tem apontado a redução dos riscos financeiros como uma prioridade para este ano e anunciou, entretanto, medidas para combater o problema, incluindo a conversão das dívidas em títulos,

Analistas apontam, no entanto, que o ritmo das reformas é muito lento.

A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico, após a crise financeira global de 2008.

O principal indicador da dívida da China atingiu um nível equivalente a 257% do Produto Interno Bruto (PIB), no final de 2016, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS).

Em 2008, a dívida chinesa equivalia a 143% do PIB.

A economia chinesa cresceu no ano passado 6,7%, menos de metade do ritmo atingido em 2007, de 14,2%.

Reformas em curso

O Governo está a tentar tornar a economia mais produtiva, ao atribuir maior protagonismo ao mercado e a reduzir o excesso de capacidade de produção nas indústrias do aço e cimento, que tem resultado numa queda dos preços e em prejuízo para as empresas do Estado.

Pequim está também a encetar uma reconfiguração no modelo económico chinês, visando um maior ênfase do consumo interno, em detrimento das exportações e do investimento em grandes obras públicas.

O ritmo de crescimento da economia abrandou, no entanto, a um ritmo superior ao esperando, pondo em risco postos de trabalho, que podem ter consequências políticas.

A S&P apontou que prevê que o país “mantenha uma performance económica robusta ao longo dos próximos três a quatro anos”.

“Talvez elevemos a nota da China se o aumento do crédito se reduzir significativamente e se se mantiver bem abaixo do nível actual, acompanhado de um ritmo saudável de crescimento do PIB”, lê-se no relatório da agência.

“Uma redução da nota poderá acontecer se houver grande probabilidade de a China reduzir os seus esforços para combater o crescente risco financeiro e permitir que o aumento do crédito acelere, como forma de apoiar o crescimento da economia”, conclui.

Chineses e australianos em exercícios militares conjuntos

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]oldados chineses e australianos concluíram esta semana uma série de exercícios militares conjuntos em terrenos montanhosos do extremo sudoeste da China, anunciou ontem o ministério chinês da Defesa. Em comunicado, o ministério informou que as manobras – “Exercícios Panda-Canguru 2017” – foram os primeiros treinos conjuntos que os dois países realizaram em território chinês. Dez soldados dos exércitos de cada país participaram nos exercícios, que duraram 10 dias e terminaram na quarta-feira, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Os treinos na província de Yunnan, extremo sudoeste da China, incluíram marchas em zonas montanhosas, ultrapassar obstáculos naturais e sobrevivência no terreno. O comércio anual entre Austrália e China ascende a 100.000 milhões de dólares, mas a Austrália é também um importante aliado militar dos Estados Unidos, numa altura em que Pequim expande a sua influência global.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários