Hoje Macau China / Ásia MancheteCoreia do Norte | Trump quer que “disparate” acabe “de uma vez por todas” É um clima de tensão crescente numa história que pode acabar mal. No dia mais importante do ano para os Estados Unidos, a Coreia do Norte lançou um novo míssil balístico. Só que, desta vez, com capacidade para chegar ao Alasca, segundo reivindica Pyongyang. Trump não gostou da provocação e atira a batata quente para os principais países asiáticos. Pequim teme que a situação fique fora de controlo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dia não começou bem. Ontem, às 8h40, hora de Macau, Pyongyang realizou mais um disparo de míssil balístico em direcção ao Mar do Japão. A notícia foi dada pelo comando conjunto das forças armadas sul-coreanas, citado pelas agências internacionais. O lançamento foi feito a partir de Panghyon, a 100 quilómetros da capital Pyongyang, e o exército da Coreia do Sul estava ontem a analisar o número e o tipo de míssil usado no teste. Poucas horas depois, ao início da tarde, a Coreia do Norte anunciou ter testado com sucesso o primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM), uma etapa crucial para a realização do objectivo de poder ameaçar os Estados Unidos com armas nucleares. É neste sentido que o regime tem estado a trabalhar há anos. Até ontem, os especialistas na matéria consideravam que se trata de uma meta longe de ser alcançada. O “ensaio histórico” de um míssil Hwasong-14 foi supervisionado por Kim Jong-Un, segundo afirmou uma apresentadora na televisão pública norte-coreana, num noticiário especial para dar conta do feito. O anúncio da Coreia do Norte surgiu depois da informação divulgada por Seul e Washington de que Pyongyang tinha lançado um míssil de médio alcance. O teste desta terça-feira pode ter sido o mais bem-sucedido até à data para a Coreia do Norte. Alguns analistas acreditam que o míssil pode ser suficientemente poderoso para chegar ao Alasca, nos Estados Unidos. Se for provado que o míssil disparado é efectivamente um ICBM, a comunidade internacional terá de repensar a estratégia usada em relação à ameaça que Pyongyang representa. O regime de Kim Jong-un tem aumentado nos últimos meses os seus ensaios com mísseis balísticos. Fim-de-semana para pensar Além da possível evolução da capacidade bélica da Coreia do Norte, o disparo desta terça-feira tem várias leituras. Aconteceu numa altura em que Washington e os aliados asiáticos voltaram a colocar na agenda a questão de Pyongyang: está marcado para breve um encontro trilateral entre Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. A reunião vai realizar-se à margem da cimeira de líderes do G20, que acontece no final desta semana na Alemanha. Depois, ontem foi 4 de Julho – o dia mais significativo do ano para os norte-americanos. De acordo com as primeiras informações divulgadas pelas forças armadas sul-coreanas, o míssil lançado percorreu uma distância de 930 quilómetros, durante 40 minutos, até cair perto da zona económica exclusiva do Japão. Tóquio já reagiu, com um forte protesto a mais “uma clara violação das resoluções das Nações Unidas”, e confirma os cálculos dos vizinhos da Coreia do Sul. O míssil atingiu uma altitude “bastante superior” a 2500 quilómetros, informou o Ministério da Defesa nipónico. Donald Trump também não demorou a insurgir-se, num comentário feito através do Twitter. “A Coreia do Norte acabou de lançar outro míssil. Este homem não tem nada melhor para fazer na vida?”, escreveu, referindo-se ao líder norte-coreano Kim Jong-un. “É difícil acreditar que a Coreia do Sul e o Japão vão continuar a tolerar isto por muito mais tempo. Talvez a China ponha um forte travão na Coreia do Norte e acabe com este disparate de uma vez por todas!”, acrescentou. No início desta semana, a Coreia do Norte voltou a ser o assunto principal de telefonemas entre o Presidente Xi Jinping e o homólogo norte-americano. Trump também abordou a questão numa conversa com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Os três líderes reiteraram o compromisso de trabalharem para a desnuclearização da Península Coreana. Estragar a festa Shea Cotton, um especialista norte-americano em estudos de não-proliferação, não tem dúvidas sobre a escolha do dia, de modo a coincidir com o aniversário da declaração de independência dos Estados Unidos. “Já é 4 de Julho na Coreia do Norte”, escreveu no Twitter. Não é a primeira vez que Pyongyang assinala a data com o lançamento de mísseis. Quanto à Coreia do Sul, o Presidente Moon Jae-in convocou uma reunião do conselho nacional de segurança mal soube das notícias vindas do Norte. Na semana passada, depois de um encontro com Moon, Donald Trump defendeu a necessidade de uma resposta determinada à Coreia do Norte, vincando a importância da aliança entre Estado Unidos e Coreia do Sul. Washington tem uma enorme importância no que toca à segurança da Coreia do Sul, com um contingente de mais de 28 mil homens estacionado no país. No que diz respeito aos Estados Unidos, desde que Donald Trump assumiu o poder que se ouve falar, com maior frequência, em acções para derrubar o regime mais isolado do mundo. A tensão aumentou com a morte de Otto Warmbier, um estudante norte-americano detido na Coreia do Norte durante uma viagem turística, há 18 meses. Em Junho, regressou a casa em coma, tendo morrido poucos dias depois. O Presidente norte-americano tem insistido no papel que a China – o principal aliado diplomático e económico da Coreia do Norte – deve desempenhar para se resolver a situação na Península Coreana. No entanto, Trump admitiu na semana passada que, até ver, os seus esforços foram em vão. Contenham-se, diz a China A China apelou ontem à “contenção” de todas as partes envolvidas e à resolução “pacífica” do problema norte-coreano após o anúncio do teste de um míssil balístico intercontinental de Pyongyang. Pequim estava “a recolher informações” sobre o míssil e instou a Coreia do Norte a “parar as acções que violem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang, na conferência de imprensa diária. Vamos lá parar com isto O aviso foi feito poucas horas antes do lançamento do míssil de ontem, e foi deixado na sequência da conversa ao telefone entre Xi Jinping e Donald Trump. A crise da Coreia do Norte pode ficar fora de controlo, disse o enviado da China junto das Nações Unidas. O embaixador Liu Jieyi alertou ainda para as consequências “desastrosas” se a comunidade internacional não conseguir encontrar uma via para aliviar a tensão na Península Coreana. “O clima de tensão é, neste momento, muito grande e gostaríamos que assim não fosse”, afirmou o diplomata numa conferência de imprensa na sede das Nações Unidas. “Se a tensão continuar a aumentar, mais cedo ou mais tarde ficará fora de controlo e as consequências serão desastrosas.” Pequim tem tentado demover o regime de Kim Jong-un no que diz respeito ao plano nuclear do país, mas sem sucesso. Os Estados Unidos garantem que estão prontos para se sentarem à mesa das negociações, mas só se a Coreia do Norte parar com os testes nucleares e com os ensaios de mísseis balísticos. Liu Jieyi descreveu a crise com a Coreia do Norte como sendo “muito, muito séria”, para sustentar que “outras partes” devem estar mais abertas a aceitar as propostas que vão sendo feitas. “Não podemos esperar muito mais antes de se dialogar”, vincou. Pyongyang | O percurso da ambição militar • Final dos anos 1970 Começam os trabalhos em torno de uma versão do soviético Scud-B (com alcance de 300 km). São feitos testes em 1984 • 1987-1992 É dado início ao desenvolvimento de uma variante do Scud-C (500 km), Rodong-1 (1300 km), Taepodong-1 (2500 km), Musudan-1 (3000 km) e Taepodong-2 (6700 km) • 1998 É testado o Taepodong-1, em direcção ao Japão, numa tentativa falhada de lançamento de um satélite • 1999 É declarada a suspensão nos testes de mísseis de longo alcance devido à melhoria das relações com os Estados Unidos • 2000 A quinta ronda de conversações sobre mísseis entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte termina sem qualquer acordo, depois de Pyongyang ter exigido mil milhões de dólares por ano para suspender a exportação de mísseis • 2005 Pyongyang comunica o fim da suspensão dos testes de mísseis de longo alcance, acusando a Administração Bush de ter uma política “hostil” • 2006 A Coreia do Norte testa cinco mísseis, incluindo um de longo alcance, o Taepodong-2, que explode 40 segundos depois • 2006 É feito o primeiro teste nuclear subterrâneo • Abril de 2009 A Coreia do Norte lança um rocket que sobrevoa o Japão e cai no Pacífico, dizendo que se tratava da tentativa de colocação de um satélite em órbita. Os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul entenderam tratar-se de um teste disfarçado de um Taepodong-2 • Maio de 2009 É levado a cabo o segundo teste nuclear subterrâneo, bastante mais forte do que o primeiro • Abril de 2012 O Norte lança um rocket de longo alcance para pôr um satélite em órbita, mas desintegra-se pouco tempo depois do lançamento • Dezembro de 2012 O regime consegue colocar em órbita um satélite de observação da Terra • 2013 É feito o terceiro teste nuclear subterrâneo • Janeiro de 2016 É realizado o quarto teste nuclear subterrâneo, com o país a dizer que se trata de uma bomba de hidrogénio, uma reivindicação que os especialistas colocam em causa • Março de 2016 Kim Jong-un diz que a Coreia do Norte conseguiu construir com sucesso uma ogiva termonuclear em miniatura • Abril de 2016 Pyongyang faz um teste a um míssil balístico lançado de um submarino • Julho de 2016 Os Estados Unidos e a Coreia do Sul anunciam planos para a instalação de um sistema avançado de defesa anti-mísseis (THAAD) • Agosto de 2016 Pela primeira vez, a Coreia do Norte dispara um míssil balístico directamente para a zona livre económica do Japão • Setembro de 2016 Quinto teste nuclear • Março de 2017 São disparados quatro mísseis balísticos. O Norte diz que se trata de um exercício para atingir as bases norte-americanas no Japão • Maio de 2017 O Norte dispara um míssil balístico que cai no Mar do Japão, percorrendo 700 quilómetros. Os analistas falam num alcance de 4500 quilómetros, o suficiente para atingir Guam • Julho de 2017 O regime de Kim Jong-um dispara um míssil balístico que voa 930 quilómetros antes de aterrar no Mar do Japão. Os especialistas acreditam que tem um alcance de 6700 quilómetros, com capacidade para chegar ao Alasca
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador dos EUA diz que Coreia do Norte é prioridade nas relações com a China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo embaixador norte-americano na China, Terry Branstad, afirmou num vídeo difundido ontem na plataforma chinesa ‘Ai qiyi’ (IQIYI, na sigla inglesa), que a Coreia do Norte é uma prioridade nas relações bilaterais com o país. “Resolver a desigualdade comercial entre os dois países, deter a ameaça norte-coreana e reforçar os laços entre os nossos povos são as minhas principais prioridades”, afirmou Branstad na gravação, difundida na IQIYI, uma espécie de Youtube chinês que em 2014 tinha 345 milhões de utilizadores. “Partilhamos [Estados Unidos e China] muitos dos desafios que ambos enfrentamos”, acrescentou Branstad, que assegurou que uma relação “forte” entre os dois países pode ajudar a encontrar “soluções” para questões de emprego, educação, saúde ou envelhecimento da população. O novo embaixador norte-americano conta, no vídeo, como em 1984 conheceu o agora Presidente chinês Xi Jinping, quando este fez a sua primeira viagem oficial ao país como secretário local do Partido Comunista Chinês (PCC). “Mais de três décadas e cinco viagens à China depois, espero poder trabalhar com o povo chinês na construção dos futuros laços entre os Estados Unidos e a China”, afirmou Branstad. Em intervenções anteriores, Branstad já tinha manifestado a sua postura de respeito para com a China, que diz ser um parceiro essencial para a resolução do conflito na península coreana, e também noutros desafios, como as disputas no Mar do Sul da China, direitos humanos e novos avanços da cibersegurança. O republicano Terry Branstad foi governador do estado de Iowa em duas ocasiões: entre 1983 e 1999, e desde 2014 até Maio deste ano, quando Donald Trump o nomeou para o novo cargo.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim medeia entre Afeganistão e Paquistão Pequim surge como mediador entre dois vizinhos problemáticos. A China age agora, claramente, como uma nova superpotência. [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, visitou o Afeganistão e o Paquistão nos dias 24 e 25 tendo, durante a sua visita, as três partes trocado opiniões sobre as relações entre Afeganistão e Paquistão e a cooperação entre as três partes, chegando a “amplos consensos”, segundo um comunicado final. Afeganistão e Paquistão acusam-se mutuamente de fechar os olhos aos militantes que operam ao longo da sua fronteira. O Paquistão construiu um muro ao longo de uma parte da fronteira, o que também causou tensões, uma vez que o Afeganistão não reconhece a linha da era colonial como uma fronteira internacional. Agora, segundo o comunicado, China, Afeganistão e Paquistão “dedicar-se-ão à defesa da paz e estabilidade da região, ao reforço da interligação e interconexão regional e cooperação económica e à promoção da segurança e desenvolvimento comuns.” Continuar a conversa Ainda segundo o comunicado, “Afeganistão e Paquistão afirmaram o seu desejo de melhorar as relações bilaterais, aumentar a confiança política mútua e reforçar cooperações em diversas áreas, incluindo o combate antiterrorista. Ambas as partes ainda concordaram em estabelecer um mecanismo de controlo e prevenção de riscos”. Por outro lado, os três países resolveram estabelecer um mecanismo de diálogo de MNEs e consideram que deve ser retomado o grupo de coordenação composto por Afeganistão, Paquistão, China e EUA, com o objectivo de criar boas condições para que os talibãs integrem o processo de paz. Além disso, as três partes apoiam o Processo de Cabul e concordam que é necessário retomar os trabalhos do Grupo de Ligação OSX (Organização de Cooperação de Xangai) – Afeganistão, a fim de promover o processo de paz. No domingo, o MNE chinês, Wang Yi, havia dito que Pequim manteria um diálogo com o Afeganistão e o Paquistão para ajudar a melhorar as relações entre os dois vizinhos.
Hoje Macau China / ÁsiaEncontro bilateral de segurança EUA-China | Unidos mas não convencidos Os Estados Unidos asseguraram nesta quarta-feira, após um encontro de alto nível sobre segurança e defesa com a China, que o gigante asiático partilha sua posição perante as provocações da Coreia do Norte e enfatiza a necessidade de pôr fim ao programa nuclear da dinastia Kim. [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro – primeiro estabelecido sob um novo marco de contactos de alto nível pelo presidente americano, Donald Trump, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Abril – contou com a presença do conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, e o general Fang Fenghui, chefe do Estado Maior do exército chinês, do secretário de Estado, Rex Tillerson, e o secretário de Defesa, Jim Mattis. Por seu lado, a parte chinesa indicou que os dois países devem tratar de forma objectiva as questões estratégicas bilaterais. O conselheiro de Estado explicou que a intenção da China é clara: defender a própria soberania, segurança, interesses de desenvolvimento e trabalhar para concretiza o sonho chinês de grande revitalização da nação chinesa. Além disso, foi esclarecido que, “persistindo no caminho do desenvolvimento pacífico, a China deseja estabelecer um novo modelo de relações internacionais. O país privilegia a cooperação com ganhos mútuos e deseja construir uma comunidade de destino comum da humanidade”. Numa breve conferência de imprensa, no encerramento do primeiro diálogo bilateral de Defesa e Segurança, o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, assegurou que, no que diz respeito à não-proliferação nuclear, “as nossas posições são as mesmas”. Por seu lado, o secretário de Estado, Rex Tillerson garantiu que ambos países fazem um alerta para “uma desnuclearização completa, verificável e irreversível na Península da Coreia”. Pressão por pressão No entanto, apesar do bom ambiente, os Estados Unidos instaram Pequim a aumentar a pressão sobre o regime norte-coreano: “Reiterámos à China que ela tem a responsabilidade diplomática de exercer uma maior pressão económica e diplomática sobre o regime (norte-coreano), se quer evitar uma nova escalada na região”, disse Rex Tillerson. O secretário de Estado espera igualmente que a China “faça a sua parte” contra as “actividades criminosas” às quais Pyongyang recorre para financiar as suas actividades nucleares e balísticas, como o “branqueamento de capitais”, a “cibercriminalidade” ou a “extorsão de fundos”. As duas partes ainda discutiram várias outras questões como Taiwan, Tibete, Mar do Sul da China. O secretário de Estado norte-americano afirmou que o seu governo persiste na política de uma só China, reconhece o Tibete como parte do território chinês e não apoia as actividades de separação do país asiático. A Coreia do Norte, que realizou vários testes de mísseis desde que Trump assumiu o poder em Janeiro, centrou o primeiro diálogo de trabalho chinês com o governo de Trump. Um jovem sem sorte O encontro aconteceu um dia depois que o jovem americano Otto Warmbier morreu em Ohio, uma semana após voltar da Coreia do Norte, onde esteve detido acusado de roubar um cartaz de propaganda, em coma e com danos cerebrais. Mattis criticou a Coreia do Norte por seu “desprezo à lei e à ordem, à humanidade e à responsabilidade” básica que se esperam de um país. O caso de Warmbier piorou ainda mais as relações entre EUA e Coreia do Norte, que o governo Trump esperava reconduzir para a reabertura de um diálogo com o regime de Kim Jong-un com a ajuda da China, o principal aliado norte-coreano. O próprio Trump afirmou no Twitter que valoriza os esforços da China para conter o regime da Coreia do Norte, mas que, em sua opinião, “não funcionaram”. Apesar das sanções internacionais, a Coreia do Norte tem armas nucleares e desenvolve mísseis balísticos que poderão ameaçar o Japão, a Coreia do Sul e talvez um dia as cidades norte-americanas, escreve a agência de notícias France Presse.
Hoje Macau China / ÁsiaAldeia chinesa enriquece com boom de “barrigas de aluguer” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] indústria de “barrigas de aluguer” é desde há uma década uma importante fonte de receitas para a aldeia chinesa de Qili, na província de Hubei, apesar de a gestação de substituição estar proibida no país. Em Qili, um casal infértil pode alugar um ventre por preços que variam entre 150.000 e 250.000 yuan, um valor quinze vezes superior ao rendimento médio anual no interior de Hubei – 11.844 yuan-, segundo uma reportagem difundida pela estação de televisão Shandong TV. A indústria floresce na aldeia desde há uma década, apesar de ser ilegal na China. Penas leves, altos lucros e um aumento da taxa de infertilidade no país – de três por cento, há 20 anos, para quase 15%, actualmente – têm levado ao ‘boom’ no uso de barrigas de aluguer, indica a reportagem. No Baidu, o principal motor de busca chinês, uma pesquisa pelas palavras-chave “barriga de aluguer” permite encontrar centenas de agências. Muitas mulheres estão dispostas a correr riscos, alugando o ventre em idades já avançadas ou acedendo a engravidar logo após dar à luz. Num caso, uma família foi indemnizada em “dezenas de milhares de yuan”, depois de a sua filha ter morrido durante a gravidez. A indústria gera também abusos contra as mulheres de Qili, que são enviadas para Wuhan, a capital de Hubei, ou para a província de Cantão ou Xangai, onde ficam trancadas em casas disponibilizadas pelos intermediários, até que o bebé nasça. Em Fevereiro passado, o porta-voz da Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar da China, Mao Qunan, afirmou que a gestação de substituição é um “tema complexo”, que envolve questões legais, éticas e sociais, e que a comissão continuará a punir. Apesar de a China ter já mais residentes em áreas urbanas do que rurais, a família continua a ser fundamental na sociedade chinesa, com o casamento e ter filhos a constituírem quase um dever.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Regulador investiga Fosun e HNA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] regulador chinês pediu aos bancos do país informações sobre os empréstimos concedidos a empresas que fizeram importantes investimentos além-fronteiras, como a Fosun e a HNA, depois de a China registar no ano passado uma fuga recorde de capital. Segundo a agência de informação financeira Bloomberg, entre as empresas abrangidas pelo pedido da Comissão Reguladora do Sector Bancário Chinês (CBRC) constam a HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, e a Fosun, dona de várias empresas em Portugal. A comissão pediu ainda informações sobre o grupo Wanda, a seguradora Anbang, que foi candidata à compra do Novo Banco, e o Xheijang Rossoneri, que faz parte do grupo que detém o clube italiano de futebol AC Milan. A medida deverá levar a uma redução do investimento chinês no estrangeiro, isto já depois de uma queda homóloga de 56%, na primeira metade do ano, devido às medidas adoptadas por Pequim para prevenir a saída de capital. A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca. Ao atingir alguns dos homens mais ricos na China, o Presidente chinês, Xi Jinping, poderá estar a enviar um sinal do seu compromisso em sanear o sistema financeiro do país, a poucos meses de um importante congresso do Partido Comunista Chinês. Depois de o pedido da CBRC ter sido tornado público, as ações do Fosun International, que é o accionista maioritário do Millenium BCP e controla a Fidelidade e a Luz Saúde, afundaram 7,1% na bolsa de Hong Kong. Na bolsa de Xangai, as acções da subsidiária do grupo, a Shanghai Fosun Pharmaceuticals, recuaram 8,9%. A CBRC pediu aos bancos para disponibilizarem informações sobre os empréstimos concedidos para investimentos no estrangeiro, sobretudo em propriedade, cinemas, hotéis, entretenimento e clubes desportivos, detalha a Bloomberg. Os bancos terão que submeter a sua análise sobre os potenciais riscos destes investimentos e as medidas que têm preparadas para lidar com estes riscos.
Hoje Macau China / ÁsiaEncontro com os EUA para debater Coreia do Norte e Mar do Sul Na sequência do encontro entre Trump e Xi, China e EUA realizam o seu primeiro encontro bilateral sobre segurança. Kim Jong-nan vai ficar com as orelhas a arder. [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] desenvolvimento armamentista da Coreia do Norte vai ser a prioridade do primeiro diálogo de segurança e diplomacia entre os EUA e a China, que se realiza em Washington hoje, quarta-feira, informou o Departamento de Estado norte-americano. A reunião é o primeiro resultado do acordo alcançado em Abril entre os presidentes norte-americano e chinês, para intensificar a cooperação de alto nível entre ambos países. Em teleconferência, a encarregada em funções do Departamento de Estado para os Assuntos da Ásia-Pacífico, Susan Thornton, afirmou que “a Coreia do Norte vai ser uma prioridade nas conversações, com o objectivo de avançar na cooperação com a China para uma resolução pacífica da ameaça nuclear e de mísseis”. Este primeiro encontro vai contar, do lado dos EUA, com os secretários de Estado, Rex Tillerson, e da Defesa, James Mattis, e, do lado chinês, com o conselheiro de Estado Yang Jiechi e o chefe do Chefe de Estado-Maior do Exército, general Fang Fenghui. Os EUA esperam que, com ajuda da China, a Coreia do Norte pare com as violações flagrantes das resoluções da ONU que limitam seu programa de mísseis e o desenvolvimento de armas nucleares. A China deu sinais de colaborar para isolar em alguns aspectos o regime de Kim Jong-Un, que tem em Pequim seu maior aliado comercial e diplomático. Thornton disse esperar que o diálogo sirva para somar a China ao “eco global” de pressão sobre a Coreia do Norte para que Pyongyang respeite as resoluções da ONU e desista da ideia de obter um míssil intercontinental nuclear. Além disso, os EUA esperam encontrar entendimento sobre as disputas no Mar do Sul da China. “A nossa postura é que todas as partes interrompam a construção ou a militarização nesta região para criar um espaço e as condições necessárias para a diplomacia”, indicou Thornton. “Não esperamos resolver todas as nossas diferenças com a China numa ronda de diálogo ou num dia, mas esperamos obter resultados concretos”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador alemão apela à libertação de bispo católico [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador alemão na China apelou ontem às autoridades chinesas para que libertem um bispo católico, alegadamente sob detenção domiciliária, num caso de repressão da igreja no país oficialmente ateísta. Michael Clauss diz que o bispo Shao Zhumin estará detido em sua casa, depois de ter sido forçado a mudar-se por quatro vezes, para locais desconhecidos, no espaço de menos de um ano. Num comunicado difundido através da embaixada alemã, Clauss apelou a que a liberdade total de movimento de Shao seja restabelecida. O embaixador afirmou também que está preocupado com as emendas propostas aos regulamentos para os assuntos religiosos, que os activistas dizem que servirá para aumentar as restrições. Shao é bispo na cidade de Wenzhou, no sudeste do país. Foi nomeado em Setembro passado pelo Vaticano, não sendo reconhecido pelas autoridades chinesas. Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. O portal noticioso AsiaNews, que está vinculado ao Vaticano, noticiou que a polícia deteve Shao em 18 de maio passado. Na semana passada, Shao foi visto a chegar ao aeroporto de Wenzhou, na província de Zhejiang, acompanhado por funcionários do Governo, que depois o conduziram para um local desconhecido, detalhou o portal. O seu desaparecimento fará parte de uma tentativa para o persuadir a juntar-se à Associação Patriótica Católica da China, a igreja aprovada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e independente do Vaticano. Nos últimos anos, as autoridades de Zhejiang removeram centenas de cruzes e outros símbolos exteriores de fé cristã, afirmando que estes violam as normas de construção. Associações cristãs denunciaram a campanha como inconstitucional e humilhante. Clauss afirmou ainda que está preocupado com algumas regras novas, numa proposta de regulamento para os assuntos religiosos, sem especificar quais. “Se não forem alteradas, podem representar mais restrições no direito à liberdade religiosa e de crença”, afirmou o embaixador. As alterações propostas, que foram tornadas públicas em Setembro, alarmaram os activistas, que afirmam que estas visam reprimir as manifestações católicas fora da igreja oficial. Estas incluem cláusulas que dizem que locais religiosos devem seguir os regulamentos de planeamento urbano, numa tentativa de remover símbolos religiosos, como cruzes, das igrejas.
Hoje Macau China / ÁsiaBRICS | Maior cooperação com Brasil nos sectores fiscal e financeiro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s vice-ministros das Finanças do Brasil e China concordaram no domingo, em Xangai, aprofundar a cooperação nos sectores fiscal e financeiro, informou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O encontro decorreu na véspera dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco de países emergentes designado BRICS, se reunirem. Marcello Estevão, vice-ministro da Fazenda brasileiro, e o seu homólogo chinês, Shi Yaobin, “celebraram acordos” em questões de “política macroeconómica, reformas estruturais e cooperação no âmbito do G20 e do BRICS”, escreve a agência. Os dois responsáveis abordaram ainda a cooperação nos sectores financeiro, investimento e política fiscal, acrescenta. “A China está disposta a aprofundar a coordenação nas políticas macroeconómicas com o Brasil para melhorar a governação global e procurar maior potencial nos investimentos bilaterais”, afirmou Shi Yaobin, citado pela Xinhua. A China é o primeiro parceiro comercial do Brasil e o seu maior investidor externo. Os dois países fazem ainda parte do G20 e do BRICS. Marcelo Estevão afirmou que os dois países têm “muito potencial” para cooperarem, acrescentando que como mercados emergentes e membros do BRICS, as duas nações contribuíram para a economia mundial. Estratégia conjunta Em Pequim, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutiram as alterações climáticas, o comércio e o terrorismo, visando alinhar posições em assuntos chave, numa altura em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos de acordos multilaterais como o acordo de Paris para o clima e o Acordo de Associação Transpacífico (TPP). O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou que, no próximo ano, a China planeia ter uma cooperação mais abrangente em áreas como o comércio e investimento, com os países do BRICS. No conjunto, aqueles países compõem quase 40% da população mundial e 20% da economia global. Todos os cinco países são membros do G20, apesar de as suas perspectivas económicas se terem deteriorado, sobretudo no Brasil, África do Sul e Rússia. O ministro dos Negócios Estrangeiros de África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, apontou as alterações climáticas como uma questão principal. “Existe um clima e para as futuras gerações devemos empregar todos os esforços ao nosso dispor para reverter os efeitos das alterações climáticas”, disse. Nkoana-Mashabane apontou ainda a necessidade em unir esforços para combater o terrorismo. Os líderes dos cinco países vão reunir-se, em Setembro, na cidade chinesa de Xiamen.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteChina | Estudantes estrangeiros obrigados a ter disciplinas sobre a nação Os alunos estrangeiros a estudar na China têm agora de frequentar obrigatoriamente aulas sobre política, leis, instituições e cultura do país. Tentativa de reforço da propaganda ou não, alunos e antigos alunos analisam a medida e contam a sua experiência [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]studar na China tornou-se, nos últimos anos, um objectivo para muitos estrangeiros. No reverso da medalha, o fenómeno é semelhante a milhares de estudantes chineses que todos os anos vão frequentar cursos superiores em países estrangeiros, sobretudo na Europa e Estados Unidos. Mas agora, segundo o South China Morning Post (SCMP), foram estabelecidas regras mais rígidas para os estrangeiros, criadas numa parceria constituída pelos ministérios da Educação, Negócios Estrangeiros e Segurança Pública. Os cursos incluem o ensino de leis e das instituições, que fazem parte do Governo chinês, sem esquecer a filosofia ou teoria política. Ainda assim, “não foram dados detalhes sobre o tipo de sistemas que serão ensinados”, aponta o jornal de Hong Kong. A medida é aplicada a todos os cursos, independentemente da sua área, à excepção dos alunos oriundos de Macau e de Hong Kong. A medida entra em vigor já no próximo mês, a tempo de um novo ano lectivo. Para além da obrigatoriedade dos cursos, os alunos serão acompanhados por tutores. Caso vivam foram dos dormitórios das universidades, devem registar a sua morada junto das autoridades policiais do bairro onde vivem. Paulo, designer português a residir em Pequim, fez na capital chinesa o seu mestrado. As aulas não se limitaram à criatividade, ao desenho e à concepção, mas também à essência da China. “Quando vim para cá tive de ir a uma aula chamada ‘Outline of China’. Ensinaram-nos a geografia do país, um pouco de história e de política, mas nada de muito aprofundado, foi só um semestre”, contou Paulo, que se recorda de ouvir uns laivos de propaganda. “Claro que nessa altura vindo de um professor e universidades que são muito ligados ao partido”, tentaram vender o comunismo como sendo uma coisa boa e que os sistemas capitalistas tinham muitos problemas, mas não achei nada de extraordinário comenta. O designer considera que as novas medidas anunciadas constituem apenas “mais uma das muitas ferramentas de propaganda, para espalhar o ‘soft power’ chinês”. “Vemos isso tem todo o lado, a toda a hora, em nuances e entrelinhas”, acrescentou. “Esta medida é uma tentativa clara de conter influências ocidentais, especialmente depois das notícias recentes de testemunhos de estudantes chineses nos Estados Unidos”, apontou Paulo, que aponta, contudo, excelentes contrapartidas de estudar no continente. “As bolsas oferecidas pelo Governo chinês são das que melhores condições têm a nível mundial. Levar com propaganda é o preço a pagar por isso.” “Não tenho interesse” Pedro Roleira também vive em Pequim, onde frequenta um mestrado integrado em Engenharia Mecânica, com especialização em energias. Ficou seis meses na Universidade Tsinghua, uma das mais prestigiadas do mundo, enquanto aluno do departamento de engenharia de veículos. O mestrando nunca teve passou por aulas ligadas à política ou cultura chinesas. “Não sinto necessidade de ter essa formação porque não sinto interesse e não tenho muito tempo para aprender sobre a história e política chinesa”, frisou. Para Pedro Roleira, estas aulas deveriam continuar a ser optativas e não obrigatórias. Ainda assim, Pedro entende que “os europeus têm uma imagem da China bastante distorcida, manipulada pelos Estados Unidos. A disponibilização deste tipo de ensino pode ajudar os ocidentais a mudarem a sua mentalidade”. Por seu lado, Paulo recorda-se de um episódio que viveu numa das aulas que teve de frequentar. “No final do semestre tivemos de apresentar um pequeno trabalho sobre um tema à nossa escolha. Na altura escolhi o Great Green Wall of China, que eles estão a plantar desde os anos 70 no deserto no norte da China.” “Quando falei das conquistas do projecto o professor achou tudo muito bem. Quando falei dos problemas e desafios ele não achou graça nenhuma. Fiz um bom trabalho, mas tive uma nota medíocre”, lembrou. Para o designer, os estudantes estrangeiros na China são usados “como ferramentas de propaganda”. Estes “vão à televisão, cantam cantigas chinesas”. “Adoram que sejamos macacos de circo que enalteçam tudo o que é chinês. São muito proteccionistas da cultura”, considera Paulo. João Pimenta, jornalista em Pequim, garante que o facto das novas medidas incluírem leis, regulamentos e instituições é algo novo para os alunos estrangeiros. “Isso não estudámos, por isso admito que haja alterações no conteúdo”, disse. Marxismo para chineses João Pimenta foi para Pequim estudar mandarim, tendo frequentado um mestrado na Universidade Renmin. Já nessa altura havia “cursos obrigatórios de cultura chinesa para todos os alunos estrangeiros, fossem eles de licenciatura, mestrado ou doutoramento, independentemente da disciplina que estudavam”. O jornalista afirma não politizar as novas medidas anunciadas para estudantes estrangeiros, “mas também não se conhece os conteúdos que passarão a ser leccionados depois de esta medida entrar em vigor”. “Da experiência que tive, o programa incluía o estudo de alguns poetas chinesas clássicos e questões da sociedade contemporânea chinesa. O único teor político eram menções à campanha anti-corrupção do Xi Jinping. As aulas eram bastante descomprometidas e interessantes. Era um curso em que nem se faziam exames ou trabalhos finais e toda a gente tinha boas notas.” João recorda que estas aulas afastavam os estrangeiros do ensino do marxismo, obrigatório para alunos chineses. “Este curso existia, curiosamente, para isentar os alunos estrangeiros de frequentarem o curso de Estudos Marxistas, esse obrigatório para todos os chineses. Os dois decorriam no mesmo dia, às mesmas horas, com os alunos estrangeiros a irem para as aulas de cultura e os chineses para as de marxismo.” Mais de 442 mil alunos internacionais estudavam na China o ano passado, o que representa um aumento de 11 por cento face a 2015. Os dados oficiais mostram que mais de 70 mil estudantes chegam à China oriundos de países como a Coreia do Sul, Estados Unidos, Tailândia, Paquistão e Índia. Propaganda? Nem por isso Todos os países fazem, mais ou menos, a mesma coisa Arnaldo Gonçalves, especialista em Relações Internacionais, afirma que nestas novas medidas não está em causa o reforço da propaganda por parte do Governo Central e do próprio Partido Comunista Chinês, até porque isso acontece em todo o lado. “Em qualquer universidade de um país, os alunos estrangeiros têm sempre de ter um enquadramento histórico e sociológico. Há sempre disciplinas nos mestrados e doutoramentos ligadas a essas áreas. O facto da China ter um regime autoritário, de partido único, é evidente que isso pode ter outra leitura.” Para o académico, tratam-se de medidas que não são excessivas, comparando mesmo com o já existente bloqueio de alguns websites, como é o caso do Facebook. “Sob essa capa [são medidas que] exercem algum controlo, como é feito com o Facebook ou com algumas coisas que são escrutinadas, mas isso tem a ver com a natureza do regime. Se os alunos tivessem de cantar o hino chinês, por exemplo, aí falaria de uma tentativa de lavagem cerebral”, concluiu. Arnaldo Gonçalves chega mesmo a estabelecer um paralelismo com o que já acontece com os funcionários públicos de Macau, que são enviados para a China para frequentar cursos com laivos de ideologia. “Temos sido mandados para a China para um curso intensivo de enquadramento, onde falam da história do Partido Comunista Chinês, da economia chinesa, e levam-nos a uma visita ao museu da história da revolução, um museu muito ideológico, virado para a propaganda do regime. Todos nós juristas portugueses passamos por essa formação. Penso que isso tem a mesma natureza, e não vejo isso com muita preocupação.” O especialista aponta ainda que nos Estados Unidos existem práticas semelhantes em algumas universidades. “Os alunos estudam um pouco sobre a história e cultura americanas, a tradição de trabalho em prol da comunidade. Se for uma universidade católica os alunos são incentivados a ir à missa, por exemplo. Cada país adapta isso à sua tradição e cultura.”
Hoje Macau China / ÁsiaChina é o maior investidor em equipas de futebol desde 2014 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China foi o país que mais investiu em equipas de futebol, entre 2014 e 2016, num montante total de 2.150 milhões de euros (ME), sete vezes mais do que o segundo maior investidor, os Estados Unidos. Os dados, citados ontem pela imprensa chinesa, constam num estudo da firma britânica Thinking-Linking, que comparou os investimentos de firmas de 41 países e concluiu que a China investiu mais do que todas as outras nações juntas. Entre as maiores operações constam a aquisição de participações nos clubes italianos Inter de Milão e AC Milan, nos ingleses do Manchester City, nos checos do Slavia Praga, nos espanhóis do Atlético de Madrid ou nos franceses do Olympique Lyon. Segundo o estudo, os investidores chineses procuram equipas de topo e tentam adquirir participações maioritárias. O caso chinês é também inédito na medida em que o país não investia nada, até 2014, e passou de súbito a ser o maior investidor mundial. Em 2014, as empresas chinesas investiram 555 ME. No ano seguinte, 1.600 ME e, em 2016, o montante subiu para 1.796 ME. “É o resultado da ambição da China em converter-se numa grande potência global do futebol, para levar para casa o conhecimento”, explicou o porta-voz da Thinking-Linking, Mark Dixon. Em segundo lugar, surgem os Estados Unidos, com 313 ME investidos na modalidade, enquanto Singapura figura na terceira posição, com 256 ME. Em quarto e quinto lugares, encontram-se o Irão e Reino Unido, com 253 ME e 182 ME, respectivamente. Ambições a prazo Apesar do ‘boom’ do dinheiro chinês no futebol mundial, o país figura em 81.º no ranking da FIFA e apenas conta uma participação num mundial, na edição 2002, disputada na Coreia do Sul e Japão. Na fase final da zona asiática de qualificação para o Mundial de 2018, a selecção chinesa encontra-se no sexto e último lugar do Grupo A. Pequim espera, no entanto, colocar a selecção chinesa entre “as melhores equipas do mundo até 2050”. No ano passado, Pequim anunciou um “plano de reforma do futebol”, que prevê, entre outros pontos, a abertura de 20.000 escolas de futebol, até 2020, e que “mais de 30 milhões de estudantes do ensino primário e secundário pratiquem com frequência a modalidade”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | FMI quer aceleração de reformas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) urgiu ontem a China a acelerar o processo de reformas estruturais, especialmente no sector financeiro e nas empresas estatais, de forma a consolidar o seu crescimento económico. No relatório anual sobre a conjuntura na segunda maior economia do mundo, o FMI insistiu também na importância de fomentar o consumo privado como motor económico, em detrimento do investimento público. “Apesar da redução de alguns riscos a curto prazo, o progresso de reformas deve acelerar para assegurar a estabilidade a médio prazo e reduzir o risco de que a actual trajectória da economia possa levar a um ajuste duro”, assinala a instituição em comunicado. A mesma nota refere que Pequim tomou medidas “cruciais” e destaca o abrandamento do endividamento das empresas, devido à reestruturação destas e redução do excesso de capacidade de produção. O FMI constata ainda que o risco da ‘bolha’ no sector imobiliário “está a ser contido” e que foi reduzido o número de habitações por vender. O documento refere, no entanto, que fazem falta mais medidas para assegurar a continuação do crescimento da economia chinesa, que se fixou em 6,9%, no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, após atingir os 6,7%, em 2016.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Cooperação com Luxemburgo reforçada [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer reforçar a confiança política mútua, a comunicação e a coordenação em assuntos regionais e internacionais com o Luxemburgo, segundo palavras do primeiro-ministro chinês na última segunda-feira. Li Keqiang pronunciou-se a esse respeito ao reunir-se com o primeiro-ministro do Grão-Ducado de Luxemburgo, Xavier Bettel, que está a realizar uma visita de Estado à China desde o passado domingo. “As relações sino-luxemburguesas desenvolveram-se a um ritmo estável. A China quer aprofundar a cooperação nas áreas do comércio, investimento, entre outras, e construir mais plataformas de intercâmbio cultural”, disse Li. Bettel afirmou que o Luxemburgo apoia o livre comércio e o multilateralismo, e que trabalhará juntamente com a China para lidar com os desafios globais. Após o encontro, os dois líderes também testemunharam a assinatura de acordos para a futura cooperação no âmbito do bem-estar social, finanças, aviação e produção de filmes. Este ano assinala-se o 45º aniversário da fundação das relações diplomáticas China-Luxemburgo. Os laços económicos entre os dois países desenvolveram-se estavelmente, com ambas as partes a alargar a sua cooperação no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O Luxemburgo foi o primeiro membro europeu fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) proposto pela China.
Hoje Macau China / Ásia MancheteDiplomacia | Panamá aproxima-se da China e corta relações com Taiwan Era dos aliados mais antigos. O Panamá decidiu cortar relações com Taiwan e estabelecer laços diplomáticos com a China. É mais um golpe para a líder formosina, Tsai Ing-wen, depois de São Tomé e Príncipe ter saído da lista de parceiros. Pequim fica a ganhar [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]ate-se com uma porta e, ao mesmo tempo, abre-se outra. Foi assim com São Tomé e Príncipe, em Dezembro passado, e a história repete-se agora com o Panamá. A lista de países que mantêm relações diplomáticas com Taiwan está a ficar cada vez mais curta. Do outro lado do Estreito, Pequim engrossa o rol de embaixadas, embaixadores e, claro está, de acordos e negócios. Para Taipé, a notícia de que o Panamá decidiu aproximar-se da China foi um rude golpe. Para o Governo Central, a nova não podia ser melhor: Pequim consegue reforçar a sua presença no quintal norte-americano. Num discurso transmitido pela televisão, o Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, anunciou que o país estava a reforçar os laços comerciais com a China e a estabelecer laços diplomáticos com o segundo cliente mais importante do seu canal de transportes marítimos. “Acredito que este é o caminho correcto para o nosso país”, declarou Varela. Em comunicado, o Governo do Panamá salientou que, a partir de agora, reconhece que há apenas uma China – ou seja, que Taiwan faz parte do país – e que corta relações com Taipé. “O Governo do Panamá põe hoje [ontem] fim aos laços diplomáticos com Taiwan e vai acabar com todas as relações e contactos oficiais com Taiwan.” Um comunicado conjunto foi assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e pela homóloga Isabel Saint Malo (ver texto nestas páginas). O poder do dinheiro A reacção de Taipé ao virar de costas do Panamá não tardou. O Governo de Taiwan disse lamentar a decisão do antigo aliado e admitiu estar “zangado” com a troca feita pelo Panamá. Mas disse também que não vai competir com a China naquilo que descreve como sendo “o jogo diplomático do dinheiro”. “O nosso Governo expressa objecções sérias e condena veementemente o facto de a China ter incitado o Panamá a cortar relações connosco, confinando o nosso espaço internacional e ofendendo o povo de Taiwan”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da ilha, David Lee, num encontro com a imprensa. Os media formosinos salientavam ontem que os líderes Pequim têm fortes (e infundadas) suspeitas da líder de Taiwan, por acharem que Tsai Ing-wen quer avançar para a independência da ilha, não obstante ter já afirmado que pretende manter a paz com o Continente. A luta pelos aliados diplomáticos entre os dois lados do Estreito acontece há anos e envolve frequentes vezes contrapartidas financeiras e económicas oferecidas pela China com que Taiwan não consegue competir. O Panamá é o segundo país a trocar de aliado desde que Tsai Ing-wen assumiu o poder no ano passado, depois de São Tomé e Príncipe ter feito o mesmo em Dezembro. Recorde-se que era a única nação do espaço lusófono que estava afastada de Pequim. Agora, juntou-se aos restantes países e está presente também no Fórum Macau. Lista magra Com esta porta que agora se fecha, Taiwan passa a ser reconhecido formalmente apenas por 20 nações. O mais importante de todos eles é o Vaticano. Em meados dos anos 90, chegaram a ser 30. Os que hoje restam são sobretudo países pequenos e empobrecidos da América Latina e do Pacífico. Pequim opõe-se fortemente ao reconhecimento de Taiwan, considerando que se trata de uma afronta à soberania chinesa. Como é óbvio, a notícia de que o Panamá cortou relações diplomáticas não apanhou as autoridades formosinas desprevenidas: era uma hipótese veiculada há já alguns anos. A presença e influência chinesas no país têm vindo a crescer, pelo que se trata de um desfecho mais ou menos esperado. Mas, ainda assim, Taipé tentou evitar este volte-face. No ano passado, em Junho, Tsai Ing-wen esteve na cerimónia que marcou a inauguração da expansão do Canal do Panamá, sendo que já na altura a presença foi tida como sendo uma tentativa de reforço dos laços com o aliado da América Latina. Tratou-se da primeira visita de Tsai ao estrangeiro desde que assumiu o cargo, a 20 de Maio, e foi recebida pelo Presidente Varela. Já em Dezembro último, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Panamá tinha afirmado que não esperava qualquer mudança nas relações diplomáticas com Taipé. O comentário tinha sido feito na sequência dos acontecimentos que envolveram São Tomé e Príncipe, com alguns diplomatas em Pequim a garantirem que o país da América Latina seria o próximo a bater com a porta, apesar de ser dos aliados mais antigos. Este ano, Tsai Ing-wen visitou alguns aliados da América Central, mas o périplo não incluiu uma paragem no Panamá. A faixa e a rota Em Pequim, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Panamá, Isabel de Saint Malo, contou que o interesse em criar laços com a China tinha sido manifestado pelo Presidente Juan Carlos Varela há já dez anos. Quanto a Pequim, as relações diplomáticas vão permitir reforçar a presença na América Central, uma zona estratégica para o modo como lida com os Estados Unidos. O Governo Central tem tentado seduzir a região com acordos na área da energia e das infra-estruturas, sobretudo a partir do momento em que Donald Trump decidiu que os Estados Unidos não iam estar na Parceria Transpacífico. As intenções do Presidente norte-americano em relação aos emigrantes da América Latina contrastam com a amizade que a China pretende fomentar. Os interesses chineses no Panamá têm já uma forte expressão. Está neste momento em curso um projecto para construir um porto de águas profundas e um terminal de contentores junto ao Canal do Panamá. É um investimento de mil milhões de dólares que está a ser desenvolvido por chineses. A China Landbridge comprou o maior porto do país, na ilha Margarita, tendo na altura anunciado que queria expandir e modernizar as infra-estruturas, o que deverá acontecer com o futuro porto de águas profundas. Trata-se de um projecto que se insere na estratégia “Uma Faixa, Uma Rota” e que vai permitir aumentar a capacidade do canal. A China tem apelado às empresas do país para que invistam em infra-estruturas no estrangeiro que possam melhorar os “laços comerciais globais”. Ainda em relação ao Canal do Panamá, há empresas estatais chinesas que já mostraram interesse em desenvolver terrenos naquela zona. As autoridades anunciaram que vão abrir um concurso para concessionar 1200 hectares destinados à construção de um parque logístico. A China Communications Construction, a China Harbour Engineering e o China Railway Group já deram sinais de querem apostar na região, uma aposta que será agora facilitada com relações políticas mais favoráveis aos grandes negócios. “A tendência irresistível” O reconhecimento mútuo da soberania e o estabelecimento de relações diplomáticas corresponde aos interesses e desejos dos dois povos. A ideia foi deixada ontem num comunicado conjunto da China e do Panamá, assinado em Pequim pelos chefes da diplomacia dos dois países. A Xinhua cita o documento para explicar que, a partir da data da assinatura do comunicado, as duas nações passam a ter relações diplomáticas efectivas, traduzidas pela presença de embaixadas. A China e o Panamá chegaram a acordo em relação ao desenvolvimento de relações amigáveis com base no mútuo respeito pela soberania e integridade territorial, a não-agressão mútua, a não-interferência nos assuntos internos, a igualdade, os benefícios de ambos e a coexistência pacífica, indica ainda a agência oficial de notícias. No comunicado lê-se também que o Governo do Panamá reconhece que só há uma China no mundo e que Taiwan é parte inalienável do território chinês, determinando o fim das relações diplomáticas com Taipé. O documento deixa claro que Pequim aprecia a posição tomada pelo Panamá. Ontem, a Xinhua dava conta de declarações do porta-voz da China para os assuntos de Taiwan. Ma Xiaoguang considerou que a decisão do Panamá representa “uma tendência irresistível”. O representante do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado fez referência ao Consenso de 1992, em que ficou acordado o princípio ‘uma só China’, para vincar que se trata do pilar para o desenvolvimento de relações pacíficas entre os dois lados do Estreito. Ma deixou ainda um apelo à Administração de Taiwan, ao dizer que espera que os líderes da ilha tenham “uma leitura correcta da situação”, para que possam “fazer a escolha certa”.
João Luz China / Ásia MancheteAnálise | China acelera o passo rumo à liderança na corrida ao espaço Com metas ambiciosas, o Governo chinês perfila-se como um candidato a líder da pesquisa espacial em termos globais. A curto prazo tenciona aterrar na face oculta da Lua e enviar sondas a Marte e Júpiter. Enquanto a NASA sofre cortes orçamentais, a agência espacial chinesa tem tido um forte investimento de Pequim [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] crescimento económico chinês catapultou o país de volta à ribalta internacional e está a levar a tecnologia chinesa para além dos limites terrestres. Pequim tem investido fortemente na corrida espacial, quase triplicando os 4,7 mil milhões de yuan do período 2011-2015, para 15,6 mil milhões projectados para 2026-2030. Os rios de dinheiro foram acompanhados por uma retórica forte que demonstra, claramente, a intenção de domínio da área que leva o ser humano a ultrapassar-se na busca de conhecimento. Até ao final do próximo ano, a China ambiciona aterrar na face oculta da Lua e até ao final de 2020 chegar com uma sonda a Marte, numa missão semelhante ao projecto Mars Rover da NASA. Júpiter e as suas luas também são um destino a alcançar a curto prazo, de acordo com o programa espacial chinês. No final do ano passado, Wu Yanhua, o director da Administração Nacional Espacial, foi bem claro quanto às intenções chinesas: “O nosso objectivo é, por volta do ano 2030, estarmos entre as grandes potências mundiais em exploração espacial”. O que é notável, tendo em conta que a China entrou muito tarde na corrida espacial, com os Estados Unidos, a Rússia e a Europa levando consideráveis avanços. Os investimentos chineses de décadas culminaram, em 2003, com a aterragem de uma sonda na Lua e no lançamento de um laboratório que servirá de génese para uma estação espacial com 20 toneladas. Ian Hou, professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau, tem uma abordagem científica que relega para segundo plano a visão política de liderança neste capítulo. “Não faço ideia se o programa chinês vai ultrapassar um dia o americano, o essencial é explorar o desconhecido”, comenta o académico. Ian Hou acrescenta que “as implicações políticas não são a prioridade dos programas de pesquisa espacial, o trabalho que os cientistas fazem tem como objectivo a melhor compreensão do universo”. Novos mundos A descoberta espacial não se esgota na imagem de um astronauta a pisar solos extraterrestres. Hoje em dia, a tecnologia espacial faz parte do quotidiano, principalmente em termos de comunicações, no campo da robótica e nas ferramentas de navegação como o GPS e o Google Earth. Além do aprofundamento do conhecimento científico, os programas espaciais têm oferecido ao mundo novas ferramentas que melhoraram, em muito, a vida na Terra. Ian Hou recorda que os programas espaciais norte-americano e soviético originaram novos produtos usados no dia-a-dia, por exemplo “a computação avançou imenso”, trazendo uma nova revolução tecnológica. O académico prevê que o investimento chinês traga novas tecnologias, efeito secundário nascido do engenho científico requerido para uma missão espacial. Por exemplo, o combustível usado para propalar os foguetões pode originar novidades em termos de eficiência energética. Na nova geração de aeronaves espaciais “é usada uma mistura de hidrogénio e oxigénio líquido, que procura ser mais eficiente”, explica Ian Hou. O académico prevê que, um dia, este tipo de combustível, mais limpo que os fósseis, chegue à sociedade e substitua a gasolina usada pelos automóveis. Pequim investiu também no ramo da climatologia. Com o objectivo de estudar os fenómenos de aquecimento global, a China lançou o satélite TanSat em Dezembro, para monitorizar o dióxido de carbono atmosférico a partir do espaço. No plano das aeronaves a China surge como competidora directa da norte-americana SpaceX, de Elon Musk. Neste momento, a China Aerospace Science and Industry Corporation (Casic) está a desenvolver uma nave para missões espaciais que descola horizontalmente, ao contrário das tradicionais descolagens verticais. O foguetão, que para transportará equipas de astronautas e carga, terá uma operacionalidade semelhante a um avião comercial. Mas, obviamente, muito mais potente e rápida, com capacidade para acoplar com outra nave, ou estação espacial. A aeronave desenvolvida pela Casic, uma indústria do ramo da defesa, terá a capacidade para aterrar em aeroportos convencionais. O vice-presidente da empresa, Liu Shiquan, revelou esta semana na Global Space Exploration Conference em Pequim que o projecto está quase finalizado e prestes a avançar para a fase de testes. Liu explicou que os seus engenheiros tiveram de contornar alguns aspectos técnicos relativos ao design do motor. Apesar disso, ainda não há uma data para o primeiro voo de teste. Este projecto promete ser um dos aspectos chaves do sucesso da corrida espacial chinesa, permitindo viagens mais baratas e amigas do ambiente. Inspiração especial Os lançamentos de foguetões e os históricos primeiros passos na Lua de Neil Armstrong são duas das imagens de marca do século XX, momentos que inspiraram gerações de novos cientistas e que empurraram para a frente o progresso humano. Ian Hou acha que o programa espacial chinês terá capacidade para “inspirar as novas gerações a terem sonhos mais audazes e a alargarem os horizontes do conhecimento”. Nesse sentido, os jovens chineses podem ter novos heróis num futuro próximo. Em declarações à agência estatal Xinhua na passada terça-feira, Yang Liwei, director da China Manned Space Agency, revelou que “a missão tripulada à Lua terá, brevemente, aprovação e financiamento”. Ian Hou sente que se vivem tempos excitantes na ciência chinesa. “Apesar de não trabalhar no ramo aeroespacial, mas na área da física aplicada, saliento o investimento do Governo chinês, e também de Macau, na investigação científica”, comenta. O académico acrescenta que “os líderes chineses de hoje viram o grande potencial de retorno do investimento nas ciências”. A corrida espacial também se faz no chão e a grande velocidade. No ano passado, a China completou a construção de um telescópio com 500 metros de diâmetro para detecção de sinais de rádio. Está em perspectiva a construção de outro telescópio no Tibete, mas o esforço astronómico de Pequim não se fica por aqui. A China faz parte de uma colaboração internacional que está a construir uma rede de telescópios na Austrália e na África do Sul. Outro dos projectos que procura respostas no espaço é o Dark Matter Particle Explorer, lançado há ano e meio com o intuito de estudar a origem de raios cósmicos através da observação de electrões de alta energia, um dos ramos da ciência mais recentes e aliciantes em termos de astrofísica. O forte investimento chinês tem atraído a atenção das tradicionais potências espaciais, até pelas implicações militares que a inovação científica pode trazer. Em Washington, a interpretação da corrida espacial chinesa ganha outros contornos. Em entrevista à agência Bloomberg, James Lewis, vice-presidente do think-tank Centro de Estratégia e Estudos Internacionais, considera que “a China usa a corrida ao espaço para ganhar vantagem política”. O norte-americano acha que, “apesar de haver óbvias actividades relacionadas com pesquisa científica, o primeiro objectivo de Pequim é demonstrar poder no plano internacional”. A inovação tem alastrado na China, assim como o crescimento económico. O investimento de três biliões de yuan que Pequim fez em biotecnologia, Internet e indústria tecnológica tem dado claros frutos. Neste momento, a China tem 38 startups que valem, pelo menos, mil milhões de dólares na Unicorn List, uma escala que mede o valor de empresas. Entre estas companhias contam-se a UBTECH Robotics Corp., a empresa de pesquisa genética iCarbonX, a gigante das aplicações para telemóveis Apus Group, entre outras. Pequim está, claramente, a apostar no futuro, afastando-se da industrialização pesada do passado. Esta é uma vontade assumida várias vezes por Xi Jinping, que quer fomentar o crescimento económico, assente em tecnologia de ponta, e trazer a velha China para o futuro.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim opõe-se a relatório do Pentágono sobre o exército chinês [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim “opõe-se firmemente” a um relatório do Pentágono sobre o exército chinês, que destaca a construção de instalações militares em ilhas artificiais no Mar do Sul da China e sugere que o país construirá mais bases militares além-fronteiras. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying afirmou ontem que o relatório, que é publicado anualmente, contém “comentários irresponsáveis” e ignora os factos. “A China opõe-se firmemente” ao documento, disse Hua, afirmando que o seu Governo é uma força na salvaguarda da paz e estabilidade na região Ásia-Pacífico e no mundo. Recusando comentar a possível abertura de bases militares além-fronteiras, Hua afirmou que a China e o Paquistão – um dos países apontado como favorito a receber uma base chinesa – são países amigos que colaboram de forma mutuamente benéfica em diversos domínios. A China está a construir a sua primeira base militar fora do país em Djibuti, que diz irá facilitar a sua participação em patrulhas anti-pirataria no Golfo de Áden e as operações da ONU de manutenção da paz na região. Influência crescente A base ficará situada próximo de uma base norte-americana, mas o exército dos Estados Unidos recusa que se trate de uma ameaça. “A China muito provavelmente vai tentar estabelecer mais bases militares em países com os quais tem uma longa relação de amizade e interesses estratégicos similares, como com o Paquistão”, afirma o relatório do Pentágono. “Esta iniciativa, somada à visita regular de navios militares chineses a portos estrangeiros, reflecte e amplifica a crescente influência chinesa, estendendo o alcance das suas forças armadas”, aponta. O documento refere ainda a construção de instalações militares nas Ilhas Spratly, no Mar do Sul da China, que Pequim reclama quase na totalidade. E detalha que, no final do ano passado, a China estava a construir hangares com dimensão para combate, instalações para fixar armas, quartéis, edifícios administrativos e infraestruturas de comunicação. A China afirma que as bases servem para garantir a segurança de navegação e assistir barcos de pesca. Mas aponta também que ajudam a reforçar as reclamações territoriais do país e que Pequim tem o direito de aumentar a capacidade de defesa no território. “O desenvolvimento da defesa nacional serve para salvaguardar a independência soberana da China e a integridade do seu território. É um direito legítimo de um Estado soberano”, afirmou Hua.
Hoje Macau China / ÁsiaChina acusa EUA de ter “segundas intenções” na Ásia-Pacífico [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo chinês instou domingo os Estados Unidos a abandonarem a sua atitude “irresponsável” quanto aos conflitos territoriais na região Ásia-Pacífico e acusou Washington de ter “segundas intenções”. Esta posição surgiu depois de no sábado, numa intervenção num fórum sobre segurança na Ásia, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, ter advertido que os Estados Unidos não aceitarão a militarização no disputado mar da China Meridional por parte de Pequim ou que sejam impostas “reivindicações marítimas excessivas e sem apoio da lei internacional”. Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, criticou domingo as declarações de Mattis e considerou-as “erróneas”. Em comunicado, citado pela agência Efe, Hua pede que se respeitem os esforços dos países da região “para manter a paz e a estabilidade” e disse que não devem ser feitas “declarações irresponsáveis”. A porta-voz disse também que “alguns países de fora da região, movidos por segundas intenções, insistem em fazer comentários erróneos”, numa alusão aos Estados Unidos. A China considera que a situação no mar da China Meridional, que Pequim reclama praticamente na totalidade face a reivindicações do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei e Taiwan, acalmou recentemente e acusa os Estados Unidos de ameaçarem a sua soberania com “demonstrações de força” sob o pretexto de liberdade de voo ou de navegação. Hua disse ainda que a construção pela China de instalações em ilhas artificiais da região – que podem ter uso militar – cumpre com a lei e as obrigações internacionais da China no que considera sua soberania. “Não tem nada a ver com uma militarização” da zona, assegurou.
Hoje Macau China / ÁsiaTiananmen | Censura e educação causam “amnésia” sobre massacre [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chinês Jiahao nasceu em 1989, o ano em que a sangrenta repressão do movimento de Tiananmen abalou a China, mas foi só quase três décadas depois, quando estudava nos EUA, que descobriu o que se passou. “Só então entendi porque punham as pessoas uma expressão que era um misto de curiosidade e cautela, quando me perguntavam o que eu achava do 4 de Junho”, lembra Jiahao à agência Lusa. Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen foi esmagado pelo exército na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos. O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200. Natural de Pequim e fluente em inglês, Jiahao teve que pesquisar no Google – motor de busca bloqueado na China-, para saber do que se tratava, ilustrando o sucesso do Governo chinês em censurar qualquer informação relativa ao episódio. “A China tem sido notavelmente bem-sucedida em eliminar a memória” da repressão de há 28 anos, diz Louisa Lim, investigadora que escreveu um livro sobre o movimento. A autora do “The People’s Republic of Amnesia: Tiananmen Revisited”, publicado em 2014, diz mesmo ter ficado “chocada com o nível de ignorância sobre as mortes dos estudantes chineses em 1989”. Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, passaram a existir “movimentações no sentido de prevenir actos de homenagem privados”, como a “detenção de pessoas que se reúnem à porta fechada”, em memória das vítimas, conta a académica ligada à Universidade de Michigan. Nem o ‘boom’ do número de cibernautas no país – são já cerca de 730 milhões – parece abalar a censura, que tem conseguido controlar a informação difundida na rede. Por outro lado, a educação patriótica promovida após o massacre desviou também a atenção das novas gerações chinesas para as preocupações económicas, em detrimento das políticas. Muitos jovens chineses têm hoje outras prioridades, “mais tangíveis”, como “encontrar emprego ou comprar uma casa”, conta Lim. Outros valores Desde 1989, a economia chinesa cresceu, em média, quase 10% ao ano, o triplo da média global. A China é hoje a segunda maior economia do mundo e principal potência comercial do planeta, tendo-se convertido numa potência capaz de disputar a liderança global com os EUA. Chen Xi, 28 anos e gestor de compras num hospital de Pequim, diz que Tiananmen “pertence à geração dos seus pais.” “A política não me interessa muito”, aponta. “Aquilo que sei é através de conversas entre os meus pais, que de vez em quando comentam o que se passou”. As autoridades defendem que a acção do Governo, em 1989, foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico, e que se o exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas. Louisa diz que se trata de “uma justificação retrospectiva da repressão”, que se tornou numa “corrente dominante na China”, até porque “as pessoas podem ver que as suas vidas são melhores do que a que os seus pais e avôs tiveram”. O uso da força, contudo, foi “claramente uma movimentação política, com o intuito de enviar a mensagem de que movimentos coordenados não seriam tolerados”, defende. E a julgar pelas declarações de Cheng Yunhui, jovem natural de Pequim, o massacre parece ter surtido o efeito desejado. “Se apelares aos estudantes de hoje para se unirem em torno de uma causa, duvido que tenham o mesmo voluntarismo”, diz. “As pessoas tornaram-se apáticas”. Em Macau, os acontecimentos de Tiananmen foram lembrados com uma vigília na praça do Leal Senado.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Ex-chefe das estatísticas condenado a prisão perpétua [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Baoan, ex-director do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês, organismo encarregado de calcular e anunciar os dados económicos do país, foi condenado na quarta-feira a prisão perpétua, por aceitar subornos, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. A sentença foi anunciada pelo Tribunal Popular Intermédio de Zhangjiakou, que ordenou o confisco de todos os bens de Wang e a sua privação de direitos políticos para sempre. O tribunal considerou Wang, 52 anos, culpado por aceitar subornos no valor de mais de 153 milhões de yuan durante os diferentes cargos que ocupou na Administração Estatal dos Impostos, Ministério das Finanças, governo provincial de Heilongjiang e no GNE. A investigação contra Wang foi anunciada em Janeiro de 2016, uma semana depois de este ter anunciado, em conferência de imprensa, os dados referentes ao crescimento da economia chinesa no ano anterior. Em Agosto passado foi expulso do Partido Comunista Chinês (PCC). A Comissão Central de Disciplina e Inspecção do PCC acusa-o de “falta absoluta de convicções políticas”, de se “envolver regularmente em actividades supersticiosas”, ou “fazer discursos contra os princípios do PCC”. Wang é um funcionário na “bancarrota moral”, considerou o órgão máximo anti-corrupção do PCC, acusando-o de frequentar hotéis e locais de luxo e de usar a sua posição para obter dinheiro e favores sexuais, “de forma insaciável”. Segundo a Xinhua, Wang recebeu uma sentença “benévola”, por ter cooperado com as investigações, entregue os ganhos obtidos ilegalmente e admitido os seus crimes. Cheios de penas Na quarta-feira, foram anunciadas as penas de vários casos de corrupção envolvendo figuras proeminentes na China, como a sentença a seis anos de prisão de Chang Xiaobing, o ex-presidente das estatais China Telecom e China Unicom, também acusado de receber subornos. O antigo vice-governador da província de Sichuan, centro do país, Li Chengyun, foi condenado a dez anos de prisão acusado do mesmo crime. Lu Ziyue, presidente da câmara da cidade portuária de Ningbo, foi também condenado a prisão perpétua por receber subornos. Após ascender ao poder, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que resultou já na punição de um milhão de membros do partido. Os alvos incluíram oficiais menores, a que Xi se refere como “moscas”, mas também mais de uma centena de “tigres” – altos quadros do partido, com a categoria de vice-ministro ou superior. Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao, Ling Jihua.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimento europeu no país cai 23% [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] investimento por empresas europeias na China registou uma queda homóloga de 23%, no ano passado, em parte devido aos obstáculos no acesso ao mercado chinês, e apesar da retórica pró-abertura e globalização adoptada por Pequim. No total, as firmas dos países da União Europeia (UE) investiram 8.000 milhões de euros no país asiático, segundo um relatório ontem difundido pela Câmara do Comércio da UE em Pequim. Este valor “seria substancialmente maior se fossem eliminados os obstáculos no acesso ao mercado e melhorado o ambiente jurídico”, lê-se no documento, assinado pelo presidente da Câmara, Mats Harbon. O responsável afirma que 54% das empresas se sentem descriminadas face às firmas locais. A falta de reciprocidade é mais evidente no acesso ao mercado. Em 2016, a China investiu um total de 35.000 milhões de euros na UE, uma subida homóloga de 77%. Além do referido favorecimento, as empresas europeias observam também que as firmas chinesas são cada vez mais inovadoras, um fenómeno que devem “seguir com cuidado”, aponta o documento. Ainda assim Apesar da percepção pouco optimista das empresas europeias sobre o mercado chinês, 55% destas registaram um aumento dos lucros no país, em 2016. As firmas dos sectores transportes, logística e distribuição apresentaram os piores resultados, mas os esforços de Pequim para atacar a poluição sustentaram um forte crescimento entre as empresas na área do ambiente. Ainda assim, apenas seis por cento das empresas europeias nota menos dificuldades em fazer negócios na China, enquanto 49% dizem que piorou. O sector mais afectado é o da engenharia civil e construção, com 79% das empresas a considerar que o acesso ao mercado se tornou mais difícil, com Pequim a conceder os contratos a empresas chinesas, sobretudo estatais. As empresas europeias enalteceram ainda a campanha anti-corrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, mas criticaram o pesado e imprevisível quadro regulamentar e a ambiguidade das leis no país.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Governo planeia dar continuidade à abertura do país [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China tem actualmente em mãos planos para alargar os limites de propriedade por entidades estrangeiras em sectores como a electrónica automóvel, baterias de veículos movidos a novas energias e motociclos, numa altura em que o país altera o campo de acção do mundo dos negócios, segundo declarou o porta-voz do Ministério do Comércio na quinta-feira passada. Sun Jiwen disse que o governo tem vindo a expandir os seus esforços no sentido de abrir ainda mais o sector manufactureiro de ponta ao investimento estrangeiro. Sun disse, durante uma conferência de imprensa em Pequim, que uma versão revista do Catálogo para a Orientação das Indústrias de Investimento Estrangeiro será lançada e validada num futuro próximo. Resposta pronta Os comentários de Sun surgem no seguimento das afirmações da ministra da Economia alemã, Brigitte Zypries, nas quais referiu que os limites do investimento estrangeiro da China não são consentâneos com a posição do país no comércio livre internacional. Sun enfatizou que a absorção de investimento estrangeiro é uma parte importante da política de abertura chinesa. O governo chinês, reiterou, tem movido esforços no sentido de abrir progressivamente o país, seguindo as normas da OMC. De acordo com dados do ministério, o investimento directo estrangeiro totalizou 286,4 mil milhões de yuans nos primeiros quatro meses deste ano, uma queda de 0,1% face ao ano anterior. Durante o período homólogo, 9,726 empresas internacionais estabeleceram-se ao longo do país, um aumento de 17,2% face ao mesmo período no ano passado. Juntamente com o sector manufactureiro, a orientação deverá oferecer mais acesso ao investimento estrangeiro no sector de serviços e na indústria mineira, bem como reduzir o número de medidas restritivas de 93 para 62.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim reforça controlo na fronteira com a Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] responsável máxima pela diplomacia norte-americana no leste asiático considerou sexta-feira que a China tem reforçado a fiscalização ao longo da fronteira com a Coreia do Norte, visando cumprir com as sanções impostas pela ONU a Pyongyang. Num encontro com jornalistas em Pequim, Susan Thornton disse que a China está cada vez mais consciente da urgência de pressionar a Coreia do Norte no sentido de suspender os testes nucleares e de mísseis balísticos. Em Abril passado, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um renovado apelo ao homólogo chinês, Xi Jinping, para ajudar nesses esforços. Thornton afirmou que os EUA observaram uma “mudança de ênfase” na abordagem da China ao seu vizinho e aliado ideológico. Pequim “disse que intensificou o controlo nas fronteiras, reforçando o policiamento e as inspecções”, exemplificou. Sem avançar detalhes, a responsável norte-americana afirmou que Pequim também fez “uma série de outras coisas a empresas” que têm negócios com Pyongyang. Pedidos e respostas Washington tem apelado a Pequim para que tome medidas contra firmas específicas e aguarda acções da China, disse. Pequim aprovou as sanções da ONU e adoptou a suspensão total das importações de carvão oriundas da Coreia do Norte até ao final do ano. O principal aliado comercial e diplomático de Pyongyang continua a opor-se, no entanto, a que “qualquer país estrangeiro, incluindo os Estados Unidos, mudem o regime pela força”, disse à agência Lusa Wang Li, professor de Relações Internacionais na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte. Thornton afirmou ainda que os EUA, a China e outros países estão também a debater uma futura resolução para a Coreia do Norte, visando reduzir o tempo necessário para adoptar acções na sequência de outro teste nuclear ou com mísseis. “Estamos a estudar outra série de medidas, que seriam tomadas após outra provocação”, afirmou Thornton. Essas medidas podem incluir o reforço da pressão económica sobre a Coreia do Norte, apontando como alvo o comércio de bens, possivelmente têxteis, acrescentou. Enquanto a China tem repetidamente apelado ao diálogo directo entre Washington e Pyongyang, Thornton defende que Pequim percebe agora que é preciso colocar mais pressão antes que isso aconteça. A responsável revelou ainda que a China parece também ter reconhecido que as acções da Coreia do Norte estão a “prejudicar a própria segurança chinesa de forma fundamental”. No ano passado, Pyongyang realizou dois testes nucleares, um dos quais reclama ter sido uma bomba de hidrogénio. Imagens de satélite sugerem que pode estar preparada para realizar o seu sexto teste atómico a qualquer momento. Na segunda-feira, Pyongyang disse estar pronta para iniciar a produção em massa de um novo míssil de médio alcance, após ter realizado um teste no fim de semana que confirmou a sua capacidade para ser usado em combate. O objectivo do regime é produzir um míssil balístico intercontinental capaz de atingir o território dos Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim critica Moody’s por baixar ‘rating’ da dívida do país [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a decisão da Moody’s de baixar a nota da dívida do país e considerou que a agência de notação financeira utilizou um “sistema inapropriado” para analisar a situação na segunda maior economia mundial. A Moody’s baixou a classificação da dívida chinesa a longo prazo de Aa3 para A1, devido às expectativas de que a saúde financeira do país venha a sentir nos próximos anos os efeitos do aumento da dívida. Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês assegurou que o endividamento do Governo central vai crescer a um “ritmo adequado” e disse estar confiante de que a crescente dívida dos governos locais e empresas estatais não se acrescentará à dívida soberana. Para as autoridades chinesas, a Moody’s exagerou, “em certo sentido, as dificuldades que a economia chinesa enfrenta” e “subestimou a capacidade do Governo chinês para aprofundar” as reformas económicas, perante o excesso de capacidade de produção no sector secundário. Outras perspectivas A agência de notação indicou que a importância que Pequim atribui à manutenção de um forte crescimento económico vai traduzir-se em maiores estímulos, o que vai contribuir para um aumento da dívida. A Moody’s mudou a perspectiva da dívida chinesa de “negativa” para “estável”, já que no nível “A1” os “riscos são equilibrados”, destacando os mecanismos do país para atacar a instabilidade financeira. Pequim garantiu que a tendência da economia é “estável” e expressou confiança na manutenção do actual ritmo de crescimento económico, de 6,7%. As autoridades chinesas acrescentaram que o ‘ratio’ da dívida pública relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB) se situou em 36,7%, em 2016, valor “inferior ao limite definido pela União Europeia”.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim pede “equilíbrio adequado” entre ambiente e economia na Antártida [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m líder chinês pediu ontem um “equilíbrio adequado” entre a protecção do ambiente e os interesses económicos na Antártida, numa altura de crescente preocupação quanto ao impacto das alterações climáticas na região polar. “É necessário um equilíbrio adequado entre a protecção e a utilização da Antártida, para conseguir um desenvolvimento sustentável e verde do continente e libertar o seu potencial e valor na promoção do progresso científico, crescimento económico e sustentabilidade cultural da humanidade”, afirmou durante o 40.º encontro do Tratado da Antártida. Pequim acolhe até 1 de Junho um encontro entre os países que supervisionam a Antártida, ilustrando a vontade da China em desempenhar um papel maior no futuro daquela zona do globo. Cerca de 400 representantes, oriundos de 42 países e dez organizações internacionais, participam no 40.º encontro do Tratado da Antártida. O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, disse aos participantes que a sobrevivência humana dependerá do futuro do frágil ambiente antártico. “Na exploração e utilização da Antártida, devemos procurar medidas apropriadas e coordenadas para gerir os problemas”, afirmou Zhang. A dividir Sete países reivindicam território na Antártida. Os Estados Unidos e a Rússia afirmaram que não reconhecem as reivindicações, mas reservaram para si o direito de reclamarem partes do território. A pesquisa científica no continente, coberto de gelo, é feita de acordo com um tratado datado de 1959, que designa a Antártida como uma reserva natural, onde é proibida a extracção de recursos para fins comerciais. A China assinou o tratado em 1983 e, desde então, já abriu quatro estações de pesquisa permanentes na Antártida. Pequim planeia iniciar a construção de uma pista de aterragem para aviões até ao fim deste ano e de uma quinta estação de pesquisa até 2018.