LAG 2019 | Conhecidas as quatro escolas que vão para o Canídromo

[dropcap]A[/dropcap] Escola da Concórdia para o ensino especial, a Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, a Escola Xin Hua – secção de ensino secundário, e a Escola de Santa Madalena são os estabelecimentos de ensino que vão ocupar parte do terreno do Canídromo. A notícia foi dada ontem pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua tutela, para 2019.

A transferência destas escola faz parte do projecto Céu Azul que pretende dar novas estruturas aos estabelecimentos de ensino que se encontram em funcionamento em pódios. “A Escola de Santa Madalena vai mudar para o Canídromo porque é uma instituição que está situada no Fai Chi Kei e que tinha que mudar de instalações”, justificou o secretário.

As restantes instituições foram também seleccionadas para ocupar o terreno do Canídromo tendo em conta que funcionam em pódios, “com más condições para os alunos e em áreas reduzidas”, acrescentou.

Aliás, o requisito fundamental para a escolha das escolas que vão ser transferidas para o terreno em causa foi o facto de funcionarem em pódios, estando em concordância com o Projecto Céu Azul, uma vez que o objectivo “é dar mais céu aos seus alunos”, rematou o secretário.

Alexis Tam referiu ainda que, dentro do projecto Céu Azul, o Governo prevê a transferência de mais duas escolas para a zona A dos novos aterros.

Entretanto, o secretário apontou que, além das áreas dedicadas ao ensino, o terreno do Canídromo vai ainda albergar estruturas desportivas e de acção social.

4 Dez 2018

Terreno do Canídromo vai ter escola de ensino especial

Melhores condições do que em Singapura. É desta forma que o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura vê os apoios em Macau para os alunos com condições especiais e promete uma escola no Canídromo

 

[dropcap]P[/dropcap]ara Alexis Tam os recursos disponibilizados para as crianças com necessidades especiais estão no topo, em comparação com o estrangeiro, e as filas de espera são reduzidas. A declaração foi feita, ontem, pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura em resposta à petição assinada por cerca de sete mil pessoas, que exige um aumento no subsídio de invalidez.

“O nosso objectivo é prestar os serviços adequados às crianças com necessidades especiais, para que elas não tenham de se preocupar com os recursos financeiros. Vamos continuar a prestar todos os apoios necessários e mesmo no Canídromo vamos construir uma escola para o ensino especial”, disse Alexis Tam, à margem da cerimónia de bênção do Grande Prémio de Macau.

“É uma nova instalação que vai permitir aumentar os nossos recursos para este tipo de ensino. É também uma forma de dar ainda mais apoio a estas crianças”, considerou.
Sobre a possibilidade de haver um aumento no subsídio de invalidez, que as famílias das crianças com deficiência se queixam de não ser suficiente para fazer face às despesas, Alexis Tam elogiou a qualidade das condições existentes.

“Em 2016 foram criados os mecanismos necessários para apoiar estas pessoas. Na altura não tínhamos instalações suficientes e a estrutura ainda não estava madura, mas estamos a optimizar os serviços de auxílio, através da contratação de terapeutas e também de formação interna, e entretanto criámos as infra-estruturas necessárias”, explicou. “Actualmente temos especialistas suficientes para os serviços necessários. Temos também pessoas com capacidades para darem formação aos novos profissionais, e ainda podemos contratar mais especialistas em Hong Kong ou Taiwan. Mas temos uma resposta adequada”, acrescentou.

Resposta acelerada

No que toca ao ensino especial, o secretário disse que Macau fornece melhores condições do que Singapura, e que na RAEM os serviços são gratuitos. “O Governo de Singapura não tem serviços gratuitos para as crianças com dificuldades. Em países como esse, as pessoas precisam de usar os seus recursos financeiros, mas em Macau isso não acontece”, declarou. Alexis Tam apontou ainda que o Governo fornece de forma gratuita transporte, refeições e outras condições para as crianças com necessidades.

“Dar mais subsídios as estas pessoas é algo que vai ser considerado, mas também temos que ter em conta que o Governo já disponibiliza vários serviços para as pessoas nestas situações”, acrescentou.
Por outro lado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura disse que a nível da saúde e apoios para as crianças os tempos de espera são reduzidos.

“Lá fora para ter acesso a estes serviços é necessário ficar na lista de espera, que demora muito. Mas isso não acontece em Macau, já estamos preparados para as pessoas com necessidades especiais”, frisou.
Questionado sobre o tempo de espera, Alexis Tam disse que a informação seria disponibilizada posteriormente.

 

Despedimento “lamentável”

Alexis Tam considerou que o despedimento dos nadadores-salvadores por parte da Surf Hong, empresa que fornece o serviço às piscinas do Instituto do Desporto, é “lamentável”. “É lamentável o que se passou com os nadadores-salvadores que foram despedidos […] Lamento o que se passou e a companhia não devia ter agido desta maneira”, opinou. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura fez questão de destacar que o caso está sob a alçada da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), que fica sob a tutela do secretário para a Economia e Finanças, mas que toda a situação vai ser levada em conta em futuros concurso públicos.

8 Nov 2018

Galgos | Yat Yuen reclama da decisão do IACM de a multar

[dropcap]A[/dropcap] Yat Yuen apresentou uma defesa escrita em que contesta a decisão do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) de a multar por abandono de animais, noticiou a Rádio Macau.

A empresa tinha, até ao final do mês, para o fazer depois de o IACM a ter notificado de que iria ser multada por não ter reclamado os galgos dentro do prazo. A definição da multa a aplicar figura como a etapa seguinte, uma vez analisados os argumentos da Yat Yuen.

A multa por abandono varia entre 20 mil a 100 mil patacas por cada animal. Mais de 400 galgos continuam no Canídromo à guarda do IACM.

30 Out 2018

ANIMA responsável por esterilizações dos galgos do antigo Canídromo

[dropcap]A[/dropcap] Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA – volta a estar responsável pelos cuidados de saúde e pelas operações de esterilização dos galgos que se encontram nas instalações do Canídromo. A informação foi avançada por Albano Martins, responsável pela ANIMA. “Podemos ir buscar os animais ao Canídromo quando quisermos, temos autorização do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e podemos levá-los para clínicas privadas”, revela o dirigente associativo.

Os trabalhos da ANIMA vão começar já esta semana, tendo como prioridade identificar os animais que precisam de ser submetidos com urgência à esterilização, de acordo com as sugestões da equipa veterinária que os tem acompanhado e que realizou uma primeira triagem.

Entretanto, as despesas ficam a cargo da Companhia de Corridas de Galgos de Macau Yat Yuen, antiga detentora dos cães que corriam no Canídromo.

A ANIMA já estava responsável pela adopção dos cerca de 500 animais que se encontram a cargo do IACM. Até agora, cerca de 30 animais foram adoptados ou mandados para o exterior e há uma reserva de 130 animais que vão ser enviados para a Europa, esclareceu Albano Martins.

22 Out 2018

Anima entrega hoje carta ao IACM a pedir adopção de galgos

A Anima vai entregar hoje uma carta a pedir a adopção dos galgos, após o acordo da Yat Yuen, desde que satisfeitas duas condições: os animais ficam no Canídromo e a Yat Yuen assegura os custos durante um ano. Um cenário que estará em risco no caso de o IACM decidir multar a empresa por abandono

[dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] numa resposta positiva à carta que vai entregar hoje ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que recai a derradeira esperança da Anima – Sociedade Protectora dos Animais relativamente à situação dos galgos. Segundo o presidente da Anima, Albano Martins, a proposta, constante da missiva, figura como “a solução mais airosa de todas” e permitirá pôr termo a uma “guerra esquisita” envolvendo “questões de face”.

“Amanhã [hoje] vai seguir uma carta da Anima a pedir a adopção dos animais. A solução, que acho que é a única, tem já acordo da Yat Yuen”, afirmou Albano Martins ao HM. À luz do proposto, “a Anima assume a responsabilidade de todos os animais” desde que “satisfeitas duas condições”: os mais de 500 animais mantêm-se no Canídromo e a Yat Yuen assegura os custos durante um ano.

Albano Martins duvida, porém, que a empresa do universo da STDM esteja disponível para arcar com as despesas se o IACM a obrigar a pagar uma outra factura, ou seja, uma multa entre 20 mil a 100 mil patacas por cada animal por abandono. Esse é, contudo, o cenário mais provável a avaliar pelas declarações do presidente do IACM, José Tavares, que reconheceu ser difícil concretizar, até sábado, a transferência dos animais do Canídromo para o terreno na Cordoaria, em Coloane, e deu também a entender que não há margem para alargar o prazo. Isto porque a Yat Yuen foi impedida de mover os galgos do Canídromo por ter falhado as exigências do Governo ao nível do isolamento de som das instalações, que ficam paredes meias com o Asilo Vila Madalena.

“Eu não sei exactamente o que está a acontecer neste momento. A única coisa que sei é que não há luz verde para qualquer animal ser transferido para a Cordoaria. Portanto, deduzo que o IACM se prepara para multar a Yat Yuen e que os animais vão ficar no Canídromo” à sua responsabilidade, afirmou Albano Martins, indicando que “a Anima deixou de dialogar com o IACM depois de essa guerra entre o IACM e a Yat Yuen se ter intensificado”.

“A Anima saiu fora desse campeonato. Aguardamos que haja uma decisão sensata que, claro, tem de vir do IACM e só depois é que nós entramos. Estamos à espera de saber qual é o destino que se vai dar aos animais”, apontou Albano Martins.

Para o presidente da Anima, caso a Yat Yuen seja penalizada com as pesadas multas previstas e os animais fiquem no Canídromo à guarda do IACM emerge a pergunta: “Como é que se vão adoptar os animais e quem vai pagar a factura?”. “O Governo vai financiar uma operação que vai custar dezenas de milhões de patacas?”, insistiu, lembrando o discurso oficial de que “os dinheiros públicos não são para mexer”. Posto isto, uma coisa é certa para Albano Martins: “A Anima não fará parte de uma decisão que seja desastrosa”.

“A Anima só irá auxiliar os animais se houver uma solução viável do ponto de vista financeiro e do trabalho. Não vamos para a frente de olhos vendados tentar salvar animais quando não temos condições para isso. O IACM cortou-nos as condições, nem fala connosco, só com a Yat Yuen, portanto, deduzo que estamos fora dessa parada”, sublinhou.

Até aos tribunais

O problema pode ser ainda mais complexo, adverte Albano Martins: “Se o IACM multar a Yat Yuen o que vai acontecer é muito simples: a Yat Yuen vai recorrer aos tribunais e os animais vão ficar pendurados – não vão ser nem da Yat Yuen nem do Governo até que saia uma decisão da justiça”. A Albano Martins preocupa apenas os animais. “Questões de dinheiro é com a Yat Yuen, questões de face é com o IACM – eles que façam o que entenderem. A única coisa que me preocupa são os animais. Se o caso for para tribunal [os galgos] não podem ir para lado nenhum”, realçou.

Olhando para as sucessivas reviravoltas que têm acontecido desde que o Canídromo fechou portas, o presidente da Anima fala de um “processo numa terra que está habituada a não tomar decisões”. “Isto não é decisão nenhuma: como diz um amigo meu chinês é chutar para fora das quatro linhas – nem para a frente, nem para trás, nem para o lado”. “Ninguém do Governo está a querer resolver o problema de forma responsável e saudável porque o que está em causa é uma solução para os animais”.

5 Out 2018

Chefe do Executivo sossega idosos do Asilo Vila Madalena relativamente aos galgos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, visitou ontem o Asilo Vila Madalena, em Coloane, para auscultar as preocupações dos idosos relativamente à relocalização dos galgos num terreno privado paredes meias com o lar. Segundo um comunicado oficial, Fernando Chui Sai On prometeu que o Governo irá proteger os idosos relativamente ao ruído e à higiene do local de modo a que não afectem o seu quotidiano.

Neste sentido, garantiu que vai ser reforçada a fiscalização e que, se detectado algum caso ou recebidas queixas de infracções que envolvam o local de realojamento dos galgos, seguir-se-ão os trâmites legais e serão aplicadas sanções.

No encontro, em que também participou a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan e o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, foi ainda deixado claro que as responsabilidades da empresa Yat Yuen não devem ser assumidas pela sociedade nem utilizados recursos de solos públicos para resolver questões de companhias privadas.

Outras soluções

Isto um dia depois de o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ter também visitado o Asilo Vila Madalena, onde prometeu tentar encontrar outra morada para os galgos face às preocupações levantadas pelos idosos. “Considero que o Governo tem de dar mais importância a este tema, vou levar este assunto ao meu superior, aos meus colegas, aos secretários envolvidos para ver se existem outras possibilidades, outros terrenos desocupados que possam acolher temporariamente os galgos.  Acho que é possível fazer isto”, afirmou, em declarações reproduzidas pela TDM.

A saída dos galgos do Canídromo estava prevista até 29 de Setembro, mas o prazo foi, entretanto, prorrogado por sete dias até ao próximo dia 6. Tal sucede após o IACM ter aceitado um pedido de extensão do prazo por parte da Yat Yuen que argumentou que o tufão Mangkhut afectou as obras do futuro abrigo para os cães, segundo a TDM. O IACM emitiu um comunicado, apenas disponível em língua chinesa.

26 Set 2018

Canídromo | Asilo Vila Madalena contra galgos na Cordoaria

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]epresentantes do Asilo Vila Madalena realizaram, ontem, uma conferência imprensa contra a deslocação dos cerca de 500 galgos que vão ser colocados no terreno junto ao Caminho da Cordoaria. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a Irmã Teresa explicou que os moradores do Asilo Vila Madalena receiam que a mudança de cerca de 500 galgos para o terreno incomode devido ao barulho e ao eventual cheiro. Por essa razão, a freira pediu ao Governo que intervenha para tomar conta da situação. Actualmente, o Executivo, através do IACM, tinha dito que concordava com a mudança para este terreno. Neste momento, a instituição conta com cerca de 80 pessoas nas instalações.

14 Set 2018

Canídromo | IACM não altera data de reclamação dos galgos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Rádio Macau noticiou ontem que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) mantém o prazo de 30 dias para a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen reclamar os cães que estão a ser cuidados pela ANIMA nas instalações do Canídromo.

De acordo com Lei Wai Nong, vice-presidente do conselho de administração do IACM, “a decisão é manter o prazo até 29 [de Setembro]”. Nesta altura, estão a ser construídos contentores que vão albergar os 500 cães no Largo da Concórdia, em Coloane, quando estes tiverem de deixar o Canídromo. Lei Wai Nong referiu que a “população está preocupada com a gestão do espaço”, e disse que a relocação dos galgos neste novo espaço “tem de cumprir a lei”. Recorde-se que a relocalização dos galgos para Coloane surgiu depois de terem surgido problemas de ordem jurídica com a alteração de finalidade de um terreno no Pac On, que a Yat Yuen, juntamente com a ANIMA, queria usar para construir um centro internacional de acolhimento de galgos. Albano Martins, presidente da ANIMA, aceita todas as opções mas já referiu que, na sua opinião, os animais deveriam permanecer no Canídromo até à sua reutilização por parte do Governo.

13 Set 2018

Canídromo | Sulu Sou quer acesso a estudo sobre uso do terreno

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Sulu Sou emitiu ontem um comunicado em que afirma ter enviado uma carta ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, onde exige o acesso ao relatório relativo ao estudo encomendado pelo Governo sobre o aproveitamento do terreno do Canídromo.

Na missiva, o deputado recorda que o estudo foi adjudicado à CCA – Planeamento, Engenharia e Consultores, empresa do também deputado José Chui Sai Peng, o ano passado. A 29 de Agosto deste ano, o estudo foi apresentado numa reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). Contudo, Sulu Sou considera que a parte que foi apresentada aos membros do CPU é muito vaga sem conteúdos específicos que possam dar informações suficientes à população.

Uma vez que a utilização do espaço que foi destinado ao Canídromo tem gerado grande debate junto da sociedade, Sulu Sou considera que está em causa o interesse público e que, por isso, essas informações contidas no estudo não devem ser confidenciais, pelo que exige ter acesso ao documento.

Em conferência de imprensa realizada ontem, Ho Iat Seng disse que ainda não teve acesso à missiva. “Quando um deputado me envia uma carta, esta não é directamente dirigida a mim. Em primeiro lugar, a assessoria jurídica tem de estudar e analisar este pedido e depois eu vou encaminhar a carta ao Chefe do Executivo [para pedir dados]. Até ao momento, ainda não tenho nas mãos este pedido. Depois de receber vou então encaminhar aos serviços responsáveis”, concluiu.

11 Set 2018

Canídromo | ANIMA diz que mudança dos animais é “desperdício de dinheiro”

Albano Martins, presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, defendeu que os galgos deveriam ficar no terreno do Canídromo até ao início do aproveitamento do espaço pelo Governo, considerando um “desperdício de dinheiro” os planos de relocalização

 

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e acordo com a edição de ontem do jornal Macau Post Daily, estão a ser instalados os contentores em Coloane, junto ao asilo Vila Madalena, para acolher os cerca de 500 galgos que estão actualmente no terreno onde operou o Canídromo durante décadas.
Contudo, e perante os receios dos idosos e funcionários do lar com futuras complicações decorrentes da presença dos animais, Albano Martins, presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), defende que os animais deveriam ficar no terreno que foi concessionado à Yat Yuen até este começar a ser desenvolvido pelo Governo.

“Há muito tempo que a ANIMA diz que o terreno do Canídromo não vai ser, de todo, desenvolvido no próximo ano, e por isso os animais não deveriam andar a mudar de um lado para o outro. Isso obriga a um enorme esforço de reorganização, que já está a ser feito. A Yat Yuen paga tudo mas não é essa a questão, tem a ver com o facto dos animais e dos voluntários estarem habituados a um espaço. Não era necessário a criação de um novo espaço temporário.”

Além disso, o também economista acredita que a relocalização dos animais para uma zona provisória é mero despesismo.

“O que se está a fazer é um desperdício de dinheiro. Os animais vão sair todos dali no espaço de um ano, então porque não deixá-los numa zona onde as pessoas já estão habituados a vê-los há mais 60 anos? Vai-se para uma zona onde as pessoas já estão a levantar problemas. E aí já se sabe como é, quando se levantam reacções o Governo tem medo”, apontou.

O terreno está localizado no Largo da Cordoaria, em Coloane, e, de acordo com informação publicada na imprensa de Hong Kong, será propriedade de uma família ligada aos negócios das salas VIP dos casinos, que tem como patriarca alguém que terá sido líder da seita Shui Fung. No passado dia 6 de Agosto, Albano Martins defendeu que preferia a mudança dos animais para Coloane, pois, no seio do leque de opções apresentadas pelo IACM, esta era a melhor.

Prazos não são problema

A notícia avançada ontem pelo Macau Post Daily dá conta de receios de familiares dos idosos instalados no lar relativamente a problemas de higiene e barulho. A ANIMA assume “abraçar” esta opção, mas Albano Martins garante que vai ficar “muito irritado” se surgirem novos obstáculos.

“Os contentores têm alguma dignidade, mas é um espaço temporário e emprestado. Já apareceu no jornal a informação de que, no futuro, podem ser levantados problemas, o que me deixa bastante preocupado. Não estamos a abdicar dos animais, e temos de os levar para um sítio onde todos possam trabalhar com calma”, acrescentou.

“O Governo não os vai matar, a ANIMA não tem espaço para eles. Não há espaços em Macau para os animais, e o único lugar que há é o Canídromo, que nunca vai ser desenvolvido no próximo ano e meio.”

Não estão, sequer, em causa, problemas com a prorrogação do prazo de utilização do terreno no Fai Chi Kei, ainda que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) tenha dado um prazo de 60 dias à Yat Yuen para tirar dali os animais.

“Havia o problema da prorrogação do prazo quando a Yat Yuen era a concessionária, mas agora a ANIMA está envolvida no projecto. Temos um acordo, e agora trata-se de fazer o que a ANIMA tem vindo a pedir, que é deixar-nos ficar lá a trabalhar”, rematou Albano Martins.

4 Set 2018

Canídromo | Eventual aproveitamento do subsolo para reservatório em foco no CPU

O plano para o aproveitamento do terreno do Canídromo agrada à maioria dos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico. Menos consensual é a possibilidade de os espaços subterrâneos serem utilizados para instalações de prevenção contra inundações, como um reservatório

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]possibilidade de os espaços subterrâneos do terreno do Canídromo serem aproveitados para instalações de prevenção de catástrofes, como inundações, foi um dos pontos que mais despertou a atenção dos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) na reunião de ontem. Essa hipótese –recentemente avançada pelo Chefe do Executivo – foi abordada após uma breve apresentação do estudo do plano de intervenção urbanística e aproveitamento do terreno do Canídromo, um dos pontos da ordem de trabalhos.

“É uma medida muito importante e pertinente. É uma das soluções para resolver o problema das inundações”, afirmou Vong Kuoc Ieng, numa opinião secundada por outros vogais, como Rui Leão. Lee Hay Ip até fez as contas ao volume de água que o eventual reservatório teria capacidade para aguentar, apontando para o equivalente “a 25 piscinas olímpicas”. “Creio que é suficiente para aliviar o problema das cheias”, sublinhou o mesmo responsável.

Já Chan Tak Seng manifestou-se contra: “Não deve ser construído nesta área. Por que não constrói noutra? Devíamos aproveitar a parte subterrânea para aliviar a pressão do trânsito”. Ieong Tou Hong puxou pelo mesmo argumento e foi claro ao afirmar que a escolher entre a oferta de lugares de estacionamento e a criação um reservatório está “mais inclinado” para a primeira opção.

Manuel Iok Pui Ferreira foi mais moderado, ao defender que, em primeiro lugar, deve ser feito um estudo de viabilidade, o qual ficou prometido pelo director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, que deu conta de que também é preciso recolher informações sobre os níveis de pluviosidade na zona.

O que diz o plano

Em termos genéricos, o futuro gizado para o terreno do Canídromo, com uma área de 40.425 metros quadrados, granjeou o apoio da maioria dos membros do CPU. À luz do plano de aproveitamento, a fatia de leão vai para instalações desportivas (quase dois terços da área total ou 26.500 metros quadrados), que incluem a construção de uma piscina, um pavilhão desportivo e um campo para atletismo e futebol, a juntar ao actual Centro Desportivo Lin Fong.

Seguem-se as instalações educativas. Desconhecem-se quantas, mas sabe-se que as escolas vão ocupar quase um quinto da área total (8.000 metros) do terreno. Em paralelo, será reservado ainda espaço para instalações de serviços sociais e governamentais (9,7 por cento ou 3.900 metros quadrados) e para zonas pedonais (5 por cento ou 2.000 metros quadrados). Habitação e comércio ficam assim completamente descartados.

“Creio que vai contribuir bastante para o desenvolvimento da zona norte de Macau”, observou Vong Kuoc Ieng, antecipando, à semelhança de outros vogais, “um grande problema” no trânsito. Com efeito, o plano propõe que a Avenida do General Castelo Branco passe a ter três faixas de rodagem no sentido sul e que sejam disponibilizados, pelo menos, 400 lugares de estacionamento públicos”, “tendo em conta a actual capacidade rodoviária e de utilização das vias envolventes”.

Se a primeira medida foi qualificada “indispensável”, com a única ressalva de que são precisas também mais passagens pedonais aéreas na zona, a bitola de 400 lugares de estacionamento levantou reservas por ser considerada insuficiente para responder às necessidades. Li Canfeng tentou “descansar” os membros do CPU. “É o requisito mínimo. No futuro, vamos aproveitar o [espaço] subterrâneo ao máximo e a Ilha Verde também irá ter mais parques”.

Já Mak Soi Kun pediu datas. “Suponhamos que tudo corre bem. Quando vão ser lançadas e concluídas as obras?” Uma pergunta que lhe valeu um raspanete do director da DSSOPT: “É apenas um plano. Sabe o que é um plano? Ainda vai ter uma PCU [Planta de Condições Urbanísticas] e de passar por aqui. “É impossível [fazer uma previsão]”.

30 Ago 2018

Canídromo | Morreu o galgo mais velho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]galgo mais velho do Canídromo morreu ontem, aos 13 anos. A informação foi divulgada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que indicou que o cão tinha mobilidade reduzida devido a uma doença degenerativa nas articulações resultado da avançada idade. Segundo o IACM, há actualmente mais de 30 galgos sujeitos a tratamento médico, a maioria dos quais devido a doenças no periodontal e de pele e artrite.

22 Ago 2018

Canídromo | Voluntários podem participar todos os dias da semana

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) emitiu um comunicado onde informa que, desde ontem, os voluntários podem tratar dos galgos todos os dias da semana, ao longo de dois turnos, entre as 9h00 e as 12h00 e entre as 14h e as 17h. Quem já participou e quiser repetir a experiência pode aparecer nas instalações do Canídromo e assinar a lista de presença, enquanto que aqueles que participam pela primeira vez devem inscrever-se através do email info@animamacau.org.

21 Ago 2018

CCAC | André Cheong promete rapidez na investigação ao Canídromo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ndré Cheong, comissário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), disse ontem que a investigação relativa ao tratamento que os galgos estão a receber no Canídromo será concluída antes do fim do processo da Viva Macau.

Ainda assim, e de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, André Cheong não avançou com um calendário para a conclusão das duas investigações. André Cheong adiantou ainda que, caso seja necessário, vai pedir mais informações a entidades privadas e ao Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização da RAEM, relativamente ao empréstimo concedido à Viva Macau.

16 Ago 2018

Galgos | Borba quer acolher centro internacional de Macau

A construção do Centro Internacional de Realojamento de Galgos de Macau pode estar em causa. Uma das razões é a necessidade de alterar a finalidade do terreno no Pac On que foi anunciado como o destino da infra-estrutura. Entretanto, em Borba abrem-se portas para receber o projecto

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Câmara de Borba disse à Lusa que a autarquia está interessada em receber o Centro Internacional de Realojamento de Galgos para acolher mais de 500 cães do canídromo de Macau que encerrou em Julho. António Lopes Anselmo afirmou que este projecto seria importante para o concelho, permitindo a criação de “postos de trabalho diferenciados”, bem como na sensibilização pedagógica junto das gerações mais novas.

“Era extremamente importante para nós, este tipo de investimento (…) além de salvar esses animais todos, fazer um trabalho interessante em termos pedagógicos, para as escolas”, explicou à Lusa o presidente da Câmara de Borba, distrito de Évora. “Estamos claramente interessados” afirmou, acrescentando: “Aqui os animais estão tranquilos e têm espaço”.

Na quinta-feira, à margem de uma visita de jornalistas ao Canídromo de Macau, o presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Macau, ANIMA, que está envolvido no processo de realojamento dos 533 galgos, admitiu a hipótese de ser construído um centro internacional de realojamento de galgos, único no mundo, em Borba.

“A Yat Yuen deu-me carta branca para eu poder começar a pensar no terreno”, disse à Lusa Albano Martins.

Percurso sinuoso

No dia 27 de Julho, a empresa, que abandonou 533 cães no Canídromo, comprometeu-se a construir um centro internacional de realojamento de galgos. Contudo, a utilidade do terreno escolhido é de finalidade industrial, sendo a alteração deste fim necessária para que as autoridades do território aprovem a construção deste centro. Caso as autoridades de Macau não aprovem o terreno, a opção será Borba. Quer o financiamento do projecto como o transporte dos animais será assegurado pela Yat Yuen, disse Albano Martins.

“Espero que quando [o presidente da Anima] regresse a Portugal possamos falar de uma forma mais objectiva, porque é do nosso interesse”, declarou António Lopes Anselmo.

Em 2017, em declarações ao Ponto Final, Albano Martins já havia afirmado estar a ponderar a construção de um centro internacional de realojamento de galgos em Portugal.

“O Albano falou comigo em 2016 e disse-me que havia essa possibilidade”, confirmou o presidente da Câmara de Borba. Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao Canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, cujas receitas se encontram em queda há vários anos.

A 12 de Julho, pouco antes de o contrato de exploração terminar, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais já tinha exigido à Companhia de Corridas de Galgos a entrega imediata de um plano concreto para realojamento dos galgos, depois de a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos ter recusado prolongar o contrato de exploração do Canídromo, a operar há mais de 50 anos no território.

13 Ago 2018

Canídromo | ANIMA deverá ficar com galgos que não podem ser adoptados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano Martins, disse ontem aos jornalistas que é muito provável que a associação fique com os galgos mais velhos ou com graves problemas de saúde e que, por esses motivos, não conseguem ser adoptados.
“Vamos ficar com o remanescente. A ANIMA, nesta fase, está apenas a avaliar as potencialidades de todos os adoptantes, e não é nosso interesse ficar com galgo algum a não ser aqueles que sabemos que não podem ser adoptados. Isso dá-nos algum tempo.” Contudo, Albano Martins não soube precisar o número de galgos que poderão ficar em Macau.
Ontem os jornalistas foram convidados a visitar as instalações do Canídromo para ver as condições em que os mais de 500 galgos estão a ser tratados, depois de ter sido feita uma queixa junto do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Os animais que foram operados ou que sofrem problemas de saúde foram filmados e fotografados, bem como os restantes que estão alojados num outro canil à parte. Os veterinários da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen já não se encontram no local, que se encontra limpo e organizado.
“A ANIMA não tem nada a ver com a queixa do CCAC, e foi o IACM que quis organizar esta visita. Pior do que estavam [os animais] é impossível. As coisas têm de melhorar, mas claro que em 15 dias não se fazem milagres. Só agora é que começamos a notar que alguns animais não estão bem”, acrescentou Albano Martins.
De frisar que Zoe Tang, membro da direcção da ANIMA que estava a coordenar as operações no Canídromo, saiu da associação em discordância com a forma como o processo de tratamento dos animais está a decorrer, tendo apresentado queixa junto do CCAC

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10 Ago 2018

Chui Sai On | Canídromo vai acolher escolas e um reservatório de água

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]terreno do Canídromo pode vir a ser ocupado por escolas. A ideia não é nova mas foi reafirmada ontem pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, em resposta ao deputado Ma Chi Seng. Segundo as declarações de Chui Sai On, a infra-estrutura “pode ter 20 a 30 por cento destinado a escolas”, apontou Chui. O Chefe do Executivo garantiu também que a zona irá continuar a servir de espaço desportivo para os residentes. Nos planos para o local consta ainda a construção de um reservatório. “Vamos aproveitar os espaços subterrâneos para a construção de algumas instalações, como, por exemplo, um tanque de retenção de água”, disse. A ideia já está em estudo: “em situações de inundações ou em caso de chuvas torrenciais, um tanque de retenção de água contribui, de alguma forma, para resolver algumas das situações. Por isso, o Governo está a realizar um estudo sobre isto”, explicou o Chefe do Executivo. Chui Sai On reafirmou que aquela área não será destinada a construções com fins comerciais ou de jogo. O plano foi entregue ao secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e vai ser apresentado ao Conselho de Renovação Urbanística para discussão

10 Ago 2018

Canídromo | Cuidado e alojamento dos cães motiva queixa no CCAC

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) confirmou ontem ter recebido uma queixa sobre o cuidado e alojamento dos galgos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s suspeitas de que existe alguém a lucrar, em teoria ilicitamente, com os tratamentos aos galgos do Canídromo, estarão na base da queixa apresentada ao CCAC, revelou ontem a imprensa de Hong Kong, citando a autora, Zoe Tang, ex-funcionária da Sociedade Protectora dos Animais – Anima. A organização, liderada por Albano Martins, demarca-se das acusações, sublinhando que nada tem a ver com o caso.
Ao HM, o CCAC confirmou ter recebido uma queixa “sobre o cuidado e alojamento dos galgos”, sem esclarecer, porém, os visados. Na mesma resposta, o CCAC acrescenta apenas que a participação “será acompanhada em conformidade com os procedimentos estabelecidos”. Ao longo do dia de ontem, o HM tentou chegar à fala com Zoe Tang, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
“A Anima não tem nada a ver com isso”, porque “não trata de contrato de veterinários”, reagiu o presidente da organização, Albano Martins ao HM. “Em relação a esse esquema, eu não sei do que ela está a falar. Se sabe de alguma coisa relativamente a alguém que se misturou com veterinários privados e há corrupção ela deve denunciar. Eu não tenho nada que me imiscuir nisso”, afirmou.

Confusões criadas

Tudo terá começado depois de, face à insuficiência de recursos humanos do IACM, Zoe Tang ter sugerido um veterinário de uma clínica privada para trabalhar gratuitamente como voluntário no Canídromo, uma proposta que não foi aceite. O veterinário foi contratado pela Yat Yuen, algo que terá causado estranheza a Zoe Tang.
“Nós recusamos, mas dissemos-lhe que poderia trabalhar cá se o empregador autorizasse que trabalhasse como voluntário, gratuitamente, dado que era um não residente”, afirmou Albano Martins. “Por força da lei laboral, temos que ter a certeza que a entidade empregadora não iria criar problemas”, acrescentou. Segundo o responsável da Anima, quando a ex-funcionária começou a falar sobre isso, “as pessoas dessa clínica recuaram”, dada a “grande confusão”, criando “um problema dos diabos”. “Neste momento, se o IACM não quisesse ajudar não teríamos veterinários”, frisou Albano Martins.
“É lamentável que ela esteja a envolver outras organizações e outras pessoas. A função dela é comunicar ao CCAC qualquer suspeita, mas continuar a fazer o seu trabalho sem criar confusões”, afirmou, lamentando a falta de diálogo por parte de Zoe Tang.
“Já há pessoas a dizer que eu também sou corrupto! Eu sou corrupto dos galgos: há oito anos que me pagaram para os salvar, deram-me uma nota preta e estou agora a pagar dívida que tenho para com eles”, ironizou

9 Ago 2018

Canídromo | Doze galgos esterilizados com sucesso

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) adiantou ontem, através de um comunicado, que na passada sexta-feira e sábado foram esterilizados 12 galgos que “apresentam bom estado de recuperação”. Além disso, “nos últimos dias, nas consultas de acompanhamento, [os profissionais do IACM] verificaram que alguns galgos estavam com doença periodontal, trauma de pele, artrite e outros sintomas”. Como tal, 40 animais “estão a receber tratamento veterinário devido a feridas antigas, gestão da criação e ambiente da criação”. Apesar dos problemas detectados, “a situação da vida e saúde dos galgos no Canídromo foi considerada normal e o ambiente de criação do local corresponde às respectivas normas previstas na Lei de Protecção dos Animais”.

7 Ago 2018

Albano Martins sugere realojamento de galgos em Coloane

Um terreno na Cordoaria em Coloane é o “sítio mais viável” para realojar os mais de 500 galgos que se encontram no Canídromo. Quem o diz é Albano Martins, que não concorda com a utilização de casas particulares devido a problemas logísticos. O responsável pela ANIMA lamenta ainda que o IACM não alargue o prazo de 60 dias para manter os animais no Canídromo

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] edifício do terreno no Pac On que albergaria o Centro Internacional de Realojamento de Galgos necessita de alterar a sua finalidade industrial para poder acolher os galgos. Com a necessidade de uma nova estratégia e tendo em conta que os cães só podem estar mais dois meses no Canídromo, a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) entregou um plano com um total de 12 sugestões de realojamento dos mais de 500 cães. Para o presidente da Sociedade Protectora dos Animais (ANIMA), Albano Martins, a solução mais viável é a utilização de um terreno na Cordoaria, em Coloane, adiantou ao canal Macau da TDM.

“Nós aceitámos esta sugestão feita pela Yat Yuen que nos dá a possibilidade de serem colocados contentores adaptados para residências de animais”, disse o responsável ao HM.

Entretanto, o terreno em causa parece apresentar as condições necessárias para a acolher as estruturas. “O meu pessoal  foi ver o terreno e não levantou problemas. É um terreno razoavelmente grande, com 7718 metros quadrados que dariam para esta fase transitória”, aponta o activista referindo-se ao período de tempo necessário para tratar dos processos de adopção dos animais.

Por outro lado, “é um terreno rústico, e depois não é concessão nenhuma, é por aforamento, pelo que não é preciso pedir autorização ao Governo quanto à sua utilização a não ser para fazer edificações, o que não vai acontecer”, explicou Albano Martins.

No entanto, e para que não fiquem dúvidas quanto à legalidade da sua utilização, o presidente da ANIMA e a Yat Yuen aguardam entre hoje e amanhã uma resposta da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Foi pedido, para não haver confusões, um parecer para saber se havia algum impedimento nesta utilização daquele terreno”, referiu. De acordo com o presidente da ANIMA, a impressão que foi dada a quem fez o pedido, o advogado da Yat Yuen, foi de que não haveria problemas. Ainda assim, as partes iriam formalizar o pedido por escrito “porque agora toda a gente o quer, o que deve acontecer entre hoje e amanhã”, disse.

A Yat Yuen apresentou outra alternativa para o mesmo terreno que consistia na utilização de casas prefabricadas naquela área. No entanto, dada a época de tufões, o Governo mostrou-se contra a utilização deste tipo de estrutura por não ser segura. “O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) disse, e muito bem, que se aproximava o período dos tufões e que isso era perigoso”, apontou Albano Martins.

Tal como acordado, o financiamento para o realojamento dos galgos continua a cargo da Yat Yuen, garantiu.

 

Casas complicadas

No que respeita às sugestões de realojamento temporário dos galgos em casas particulares, o responsável pela ANIMA não considera que seja uma solução viável essencialmente dada a logística que implicaria. “As sugestões que foram apresentadas eram de vivendas e de espaços residenciais que, na minha opinião e como presidente da ANIMA, levantam muitos problemas de logística”, explicou. Para Albano Martins a melhor solução seria sempre permitir que os animais estejam todos no mesmo sítio, admitindo que pode “haver uma ou outra moradia que funcione como família de acolhimento”.

Por outro lado, considera, “é também irracional que 100 ou 200 animais ficassem em moradias encostadas a sítios onde vivem as pessoas”, acrescentou.

Albano Martins está ainda desapontado com a falta de flexibilidade em alargar o prazo de estadia dos animais nas instalações do Canídromo. O pedido de 60 dias foi aceite, mas dadas as complicações com o processo de realojamento no terreno do Pac On, o responsável pela ANIMA considera que o prazo deveria ser alargado de modo a dar tempo para ser pensado outro plano. “Com a ANIMA, não havia razão nenhuma para os animais  não continuarem no mesmo sítio até que uma solução melhor fosse encontrada, mas o IACM faz questão de manter o limite dos 60 dias”, lamentou.

Para já, a construção de um centro internacional de realojamento, pensada para o edifício do terreno no Pac On, fica parada. “É uma questão que a Yat Yuen vai ter que resolver com o concessionária do terreno e com as obras públicas e se for uma solução fora do baralho paciência”, apontou.

No entanto, Albano Martins lamenta o desenrolar dos acontecimentos até porque considera que “é uma hipocrisia ter uma solução deste tipo que iria colocar Macau no mapa a nível mundial”, disse. A esperança que o projecto avance já é muito pouca. “Já não podemos continuar com esta coisa de Macau querer ser um Centro Internacional e depois serem colocados tantos entraves”, rematou.

6 Ago 2018

Galgos | Concessionária do terreno do Pac On ainda não pediu alteração de finalidade

O pedido submetido pela Yat Yuen à DSSOPT com vista à transferência dos galgos para um terreno localizado no Pac On ficou em águas de bacalhau, dado que, antes, o concessionário da parcela tem de solicitar a alteração de finalidade, algo que ainda não fez

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ontinua tudo em aberto relativamente a uma eventual transferência dos galgos para o terreno no Pac On, para onde foi pensado um centro internacional a ser gerido pela Yat Yuen e pela Sociedade Protectora dos Animais – Anima. A Yat Yuen entregou, na terça-feira, um pedido à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para o efeito, mas que foi colocado de parte, dado que o pedido de alteração de finalidade tem de ser feito pela concessionária do terreno, algo que ainda não sucedeu.

A explicação foi facultada ontem pelo secretário para as Obras Públicas e Transportes: “Previamente à avaliação desse requerimento, o concessionário deve formular um pedido de alteração de finalidade”. “Como não coincide com a finalidade do terreno, antes de apreciar este pedido, há que regularizar” essa situação, afirmou Raimundo do Rosário, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração da Estação Postal do Fai Chi Kei.

Localizado no 218 do lote E do Largo de Pac On, com uma área de 4.200 metros quadrados, o terreno foi concedido em 1988 à Bel Fuse para a construção de uma unidade industrial de componentes electrónicos. Segundo dados da Conservatória do Registo Predial, desde 2007, essa propriedade, encontra-se inscrita, em nome da Sociedade de Desenvolvimentos Bong Vui.

Raimundo do Rosário declinou comentar, porém, a eventual impossibilidade de a Yat Yuen explorar a propriedade, devido a requisitos inerentes à concessão de que o terreno tem que ser utilizado em exclusivo pela concessionária: “Quando houver um pedido concreto de exploração logo veremos. Não vou responder a perguntas em abstracto”.

“Fico à espera que os interessados – concessionário ou quem quer que seja – formulem mais pedidos. Quando formularem, respondemos. Não vale a pena estarmos a ficcionar outras situações”, insistiu.

A competência para aprovar a alteração de finalidade do terreno, cuja concessão é definitiva, é do Chefe do Executivo. Por esclarecer ficou também que finalidade poderia ser solicitada para o alojamento dos galgos. “Quando vier [o pedido] analisaremos”, respondeu o secretário.

Questionado sobre a obrigação da finalidade ser alterada, face à existência de eventuais outros edifícios industriais usados para diferentes fins, Raimundo do Rosário afirmou: “Se houver um caso concreto de um terreno em que no Boletim Oficial tem uma finalidade e ache que no sítio está outra suscite a questão”.

Um Bong

A Sociedade de Desenvolvimentos Bong Vui, que opera desde 2007, tem três proprietários: duas empresas (a Companhia de Desenvolvimento Predial Kok Vui, com a maior participação, e a Empresa Bondi), bem como por Lam Tak Va, que é também administrador e proprietário da Empresa Bondi, a par com a mulher, Tai Sok Fan. Segundo a Macau News Agency (MNW), o empresário é membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês pela província de Henan.

Já a Companhia de Desenvolvimento Predial Kok Vui, estabelecida em 1991, é detida pelo casal Ung Kin Kuok e Camila Ho, que desempenham o cargo de administradores não-sócios na Bong Vui, segundo dados da Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis, consultados pelo HM.

Segundo a MNW, Ung Kin Kuok é um dos accionistas do Macau Roosevelt Hotel, posição que lhe foi atribuída igualmente pelos ‘media’ em língua chinesa, nomeadamente em 2013.

A unidade, de cinco estrelas, abriu portas em Julho do ano passado numa parcela concedida inicialmente à Companhia de Corridas de Cavalos de Macau que foi cedida à Sociedade Hoteleira Macau-Taipa Resort.

Da STDM a ‘offshores’

Segundo dados da Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis, consultados pelo HM, a Sociedade Hoteleira Macau-Taipa Resorts tem Ung Kin Kuok como um dos dois administradores não-sócios. Essa empresa, com um capital social de um milhão de patacas, iniciou operações em 1993, com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), a cujo universo pertence a Yat Yuen. Rui Cunha era à altura um dos sócios da emprea. Contudo, em 2000, deu-se a primeira de muitas mexidas, com a Companhia de Corridas de Cavalos a adquirir 990 mil patacas de participação da STDM. Oito anos depois, a fatia da Companhia de Corridas de Cavalos é adquirida por duas empresas, ambas com sede nas Ilhas Virgens Britânicas; e a minoritária de Rui Cunha por uma delas.

Assim, em Dezembro de 2008, a empresa, que tem como objecto a construção de hotéis e o exercício da indústria hoteleira e similares, fica com a Smart Right Enterprises e a Smart Lion Enterprises como proprietárias. Em 2011, o capital volta a mudar de mãos, passando para a esfera de outras duas empresas (Garden Rise e Winfull Rich), também com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Em 2013, o cenário repete-se, com outras duas companhias sedeadas nas Ilhas Virgens Britânicas (Smart Concern e Top Listing) a dividirem a propriedade da Sociedade Hoteleira Macau-Taipa Resort. O último desenvolvimento faz referência ao penhor das duas quotas pelo Banco Industrial e Comercial da China, cujo fundamento era aparentemente garantir o pagamento de um empréstimo.

3 Ago 2018

Canídromo | Finalidade do terreno obriga Yat Yuen a hospedar cães em vivendas

O Governo ainda não autorizou a mudança de finalidade do terreno do Pac On onde será construído o centro internacional de realojamento dos galgos, o que obriga a Yat Yuen a colocar os animais em vivendas. Entretanto, a empresa ganhou mais dois meses para manter os galgos no terreno do Canídromo

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hegou ontem ao fim o prazo oficial de sete dias para a reclamação dos galgos do Canídromo após o seu abandono nas instalações do Fai Chi Kei. Tal obrigou a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen a apresentar um novo plano e a pedir, ao abrigo da lei da protecção dos animais, o prolongamento do prazo de reclamação dos cães, uma vez que ainda não está concluído o processo de alteração da finalidade do terreno no Pac On, onde será construído o centro internacional de realojamento dos galgos, fruto de um acordo com a ANIMA.
O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) autorizou a Yat Yuen a ter os galgos no espaço onde funcionou o Canídromo por mais 60 dias, até 29 de Setembro. Como o terreno no Pac On ainda não está disponível para acolher os animais, estes ficarão alojados em moradias.
“A Yat Yuen já tem disponíveis habitações suficientes, das quais a maior parte são vivendas ou moradias autónomas, que vão oferecer aos galgos um espaço de actividades. [A empresa] mandará tratadores para cuidarem dos galgos todos os dias, com organização de turnos durante 24 horas. A ANIMA também organizará voluntários a tratar dos galgos e a passear os mesmos todos os dias”, lê-se num comunicado ontem emitido pela empresa.
Nestes 60 dias, a Yat Yuen “vai submeter todos os galgos ao processo de vacinação e esterilização, sendo de seguida alojados nas habitações preparadas”. A empresa afirma que este plano visa “manifestar sinceridade e determinação em assumir a responsabilidade” para com os galgos. De frisar que, sem um novo plano, a Yat Yuen era obrigada a pagar multas por abandono de animais.

Plano é “viável”

O IACM garantiu ontem que o “plano de habitação residencial” apresentado pela empresa é “viável”. A alternativa provisória é um conjunto de 11 moradias privadas bem como “um estabelecimento para o alojamento dos galgos e a disponibilização dos funcionários e associações de protecção dos animais na prestação dos cuidados aos cães”.
No que diz respeito ao terreno do Pac On, onde se pretende colocar todos os galgos para posterior adopção, a Yat Yuen referiu que “encontra-se actualmente pendente a apreciação e aprovação por parte da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes”. Até ontem esta entidade ainda não tinha recebido qualquer pedido nesse sentido.
Ontem, à margem de uma cerimónia de inauguração, o Chefe do Executivo comentou, pela primeira vez, este assunto, tendo explicado que “quando o referido pedido chegar será tratado de acordo com os procedimentos estabelecidos”. Além disso, Chui Sai On deixou claro que o Governo tem acompanhado “de perto e com interesse toda a situação, esperando que se possa tratar da melhor maneira”. Um comunicado oficial acrescenta que o Executivo “tal como cuida dos seus cidadãos, também tem em consideração os animais”.

1 Ago 2018

Canídromo | IACM recebeu carta de compromisso da Yat Yuen

Chega hoje ao fim o prazo de sete dias para a reclamação dos mais de 500 galgos que continuam nas instalações anteriormente ocupadas pelo Canídromo. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais recebeu a carta de compromisso da Yat Yuen e diz que ainda está a analisar os planos submetidos

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar da Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA e a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen terem chegado a acordo quanto à forma de prestar cuidados aos mais de 500 galgos que permanecem por adoptar, a verdade é que, em termos legais, o processo ainda não está concluído.

Hoje chega ao fim o prazo de sete dias de que a empresa dispõe para reclamar os animais depois do seu abandono no Canídromo. Numa resposta enviada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) ao HM, é referido que há ainda detalhes que precisam de ser acertados.

“O IACM ainda está avaliar uma proposta que foi submetida pela Yat Yuen, não existindo, até ao momento, uma decisão final”, pode ler-se. Ontem, à margem do debate na Assembleia Legislativa, José Tavares, presidente do IACM, explicou aos jornalistas que a Yat Yuen enviou ontem uma carta de compromisso sobre o futuro dos animais. A entidade pública vai ainda ponderar o alargamento do prazo de reclamação dos galgos por dois meses.

O responsável disse que a viabilidade do plano da Yat Yuen ainda está a ser avaliada de acordo com a lei da protecção dos animais, tendo acrescentado que a equipa da empresa tem uma compreensão diferente das leis. José Tavares frisou que essa mesma equipa deve dialogar também com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), tendo em conta o terreno no Pac On onde os animais deverão ser realojados.

O presidente do IACM considerou também “lamentável” o facto da empresa ter apresentado os seus planos no último dia do prazo concedido pelo Governo, tendo dito que são necessários todos os esforços para que se encontre uma solução em conjunto. Para Tavares, é melhor resolver o caso agora ao invés de se recorrer aos tribunais.

IACM não sabia

Para que o acordo entre a ANIMA e a Yat Yuen surta efeitos práticos, é preciso que a finalidade do terreno do Pac On seja alterada junto da DSSOPT, uma vez que o terreno foi concessionado para fins industriais. Até ontem a DSSOPT ainda não tinha recebido qualquer pedido para esta alteração.

José Tavares adiantou que o IACM desconhecia esta questão e frisou que, caso o novo centro internacional dos galgos não possa ser construído no Pac On, a Yat Yuen não poderá ganhar os 60 dias, além dos sete que a lei prevê, para reclamar os animais.

Caso este prolongamento do prazo seja aprovado e, ainda assim, os cães não tenham uma nova casa, a Yat Yuen terá de apresentar um novo plano ao IACM. Se não o fizer a empresa terá de pagar multas por abandono dos galgos, algo que está previsto na lei da protecção dos animais.

31 Jul 2018

População une-se em solidariedade no tratamento dos galgos

A passagem do Hato já tinha mostrado algo que a crise dos galgos voltou a realçar. Quando é necessário, a população de Macau une-se e actua. A prova viva é a onda de solidariedade que juntou centenas de voluntários aos funcionários do IACM no tratamento dos galgos que no passado recente correram na pista do Canídromo

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] dia começa às nove da manhã. Funcionários do Instituto para os Assunto Cívicos e Municipais (IACM) e voluntários entram nas instalações que há pouco tempo eram o palco das corridas de galgos, para tratar dos 533 animais que ainda ali se encontram.
Uns dirigem-se às vassouras, baldes e mangueiras. Os voluntários, que recebem o cartão de identificação, reúnem-se para serem divididos em grupos. À espera estão mais de 500 galgos. Entre as missões por cumprir conta-se a limpeza das jaulas, passear os cães, dar-lhes refeições mas, acima de tudo distribuir carinhos. “Hoje foi o meu primeiro dia e fui seguindo os passos dos outros”, começou por contar Rita Machado, na semana passada, ao HM.
Cumpridas as formalidades matinais e uma vez inserida num dos grupos, Rita Machado e os colegas de boa vontade foram para o canil nº8.
Existem, neste momento, oito canis naquele espaço, cada um com capacidade para 80 animais.
É aqui que começa verdadeiramente o trabalho. Para que seja dado espaço ao pessoal da limpeza de cada compartimento individual, com cerca de um metro quadrado e onde têm vivido os campeões das pistas de corridas, os voluntários pegam nos animais e levam-nos a passear à volta dos canis. “Vamos recebendo os animais em cada canil e damos uma volta, seja com um, dois ou três ao mesmo tempo”. Enquanto isso os restantes animais aguardam pela sua vez, tentando escapar ao calor. Uns mais encostados à parede de trás da sua jaula onde ainda há alguma sombra, outros, de língua de fora a tentar poupar o corpo a qualquer movimento que nem a temperatura, nem a falta de ventilação ajudam.
Depois de passeados, é hora de beber e de comer e, acima de tudo, de dar afecto. “Creio que hoje passeei dez cães. Depois muda-se a água em cada uma das boxes e a seguir alimentam-se”, explica Rita Machado. “E ainda sobra tempo, no final, para conviver e a dar mimos aos animais”, acrescenta.

Uma questão de prioridades

Para ajudar na causa a também arquitecta teve que fazer uma mudança de agenda e de rotina. Se antes começava às nove da manhã no atelier, agora começa ao meio dia e termina mais tarde, pela noite dentro. Não há problema, garante, até porque “se vivemos em comunidade temos que nos preocupar com o próximo e por isso faz todo o sentido partilhar o nosso tempo e reajustar as nossas agendas para responder ao apelo das associações e do Governo”.
Para Rita Machado, ser voluntária neste projecto foi a forma que encontrou para manifestar o seu “apoio e solidariedade”.
Já Yoko não precisou de ajustar agendas. Reformada, de naturalidade japonesa, optou por encher o seu tempo, enquanto necessário, com a dedicação total a esta causa. Passa agora os dias no Canídromo por ser uma questão “que diz respeito a todos”.
A rotina é idêntica à de Rita Machado, mas repete-se ao longo do dia, no período da manhã e da tarde. Além das actividades que marcam o dia destas pessoas, Yoko destaca também a oportunidade de estar não só com os animais, mas com os colegas. “O ambiente é muito bom, estamos todos pela mesma razão e contentes por poder contribuir, enquanto for necessário, para o bem-estar destes animais.”

Domingo fora do sofá

Apenas com os fins-de semana livres, não é por passar os dias rodeada de animais que a veterinária Paula Reais deixa de prestar a sua colaboração voluntária àqueles que ainda estão no Canídromo. O convite veio de Fátima Galvão, responsável pela associação de protecção dos animais Masdaw e Paula Reais não conseguiu recusar. Por isso, “alterei um pouco a monotonia dos meus rotineiros domingos. Desta vez, experimentei um pouco de exercício fugindo da expectável preguiça domingueira, mas em nada comparado com o exercício que estes verdadeiros corredores fizeram durante anos”.
Afinal estas acções podem, apesar de pontuais e simples, ajudar na vida destes animais, considera.
No domingo, dia 22 lá estava na porta do Canídromo, às três da tarde, à chuva. “Perdi a conta ao número de animais que nessa tarde passeei”, refere sem esconder contentamento.
Apesar de estar inserida numa acção de emergência para garantir os cuidados de tantos animais, a veterinária ressalva a boa organização e dinâmica. “Devo ressaltar que nesta dança de galgos e pessoas, me pareceu que estava tudo relativamente organizado, quer pelo pessoal de limpeza que se ocupava de limpar a urina e as fezes, quer pelos trabalhadores que preparavam os animais para o passeio e os disponham nas respectivas jaulas logo”.
Paula Reais ficou no canil número 1 onde alimentou os animais e teve contacto directo com as “condições em que vivem”. De uma forma muito espontânea surgiram os gestos de carinho, “que em todo o momento foram mútuos, porque são animais muito dóceis”, aponta.
Para a veterinária este é uma acto civil e cabe a todos dar contributo. “Sinto que é um singelo contributo enquanto cidadã deste território que se vê abraços com esta questão. Na minha opinião, não será exclusivamente política, mas antes uma obrigação conjunta das autoridades responsáveis assim como da sociedade civil”.

Afectos protegidos

A calma e necessidade de afecto destes cães contrasta com os esforços excessivos das corridas e das más condições em que têm habitado, que resultaram em feridas e problemas de pele visíveis em muitos deles.
Agora, em processo de cura das feridas denunciadas pelo corpo de muitos, e depois de lançados vários apelos no início da semana passada, foram em média 65 por dia, aqueles que se disponibilizaram a ir tratar dos galgos do Canídromo. A estes juntam-se os voluntários que responderam a pedidos da ANIMA e de outras associações de protecção animal do território. “São números impressionantes e comoventes”, aponta Fátima Galvão, responsável pela Masdaw.
Mais uma vez, ajudar não separa, e as nacionalidades e residências podem deixar de fazer sentido tratando-se de uma causa maior. “Há voluntários que vêm de Hong Kong especificamente para ajudar no Canídromo. Há malaios, húngaros, tailandeses, filipinos e mesmo japoneses. Todas as comunidades em uníssono emprestando força e acima muita ternura à causa de proteger os galgos e assegurar o seu bem-estar. Deveria ser sempre assim”, remata.
No passado dia 21, o IACM activou um plano de emergência para cuidar dos 533 galgos que ficaram no Canídromo, depois da Companhia de Corridas de Galgos – Yat Yuen não ter apresentado um plano viável para os animais que estavam na sua posse. A Yat Yuen, entretanto, reclamou os cães e apresentou, com a Sociedade Protectora dos Animais¬- – ANIMA – um plano que envolve a criação de um centro internacional de ajuda a estes animais. Tudo indica que a partir de 1 de Agosto, a ANIMA assume a responsabilidade de gestão deste centro. Quanto aos funcionários, para já serão os antigos trabalhadores do Canídromo, supervisionados pelos responsáveis da ANIMA. A Yat Yuen pediu mais 60 dias ao Governo, para que os galgos fiquem naquelas instalações. O tempo necessário para concluir a adaptação do edifício do Pac On, de modo a que possa receber este mais de meio milhar de cães.

30 Jul 2018