China | Acções de empresas caem face a desilusão com estímulos

As principais praças financeiras da China registaram ontem perdas, depois de os pormenores sobre os planos de estímulo económico de Pequim terem ficado aquém das expectativas dos investidores, enquanto outros mercados na Ásia subiram.

As acções em Hong Kong oscilaram entre ganhos e perdas, com o índice Hang Seng a cair 2,4 por cento, para os 20.418,61 pontos. Esta descida seguiu-se a uma queda de mais de 9 por cento na terça-feira, com os investidores a venderem acções, após as recentes subidas.

“A falta de novos estímulos tem sido a causa da desilusão, com muitos participantes no mercado a esperarem políticas fiscais que seguissem os passos da ‘bazuca’ financeira entregue no final de Setembro, mas houve claramente um recuo no anúncio de terça-feira”, escreveu Yeap Jun Rong da IG, líder mundial no comércio e investimentos ‘online’, num comentário.

O Shanghai Composite, o índice de Xangai, perdeu 5,1 por cento, depois de ter encerrado com ganhos de 4,6 por cento, na terça-feira. O índice CSI300, que acompanha as 300 principais acções negociadas nos mercados de Xangai e Shenzhen, cedeu 5,6 por cento.

10 Out 2024

Wall Street | Estímulos devem desencadear grande recuperação de acções

A gigantesca operação financeira levada a cabo pelo Banco Central da China deverá levar à estabilização do mercado e a um salto positivo na economia do país

 

O mais ambicioso pacote de estímulos para as praças financeiras chinesas desde a crise de 2015 levou alguns bancos e gestores de Wall Street a prever uma recuperação dos títulos mobiliários do país, após três anos em queda.

O Banco Popular da China (banco central) anunciou na terça-feira a compra de 800 mil milhões de yuan em acções, juntamente com a redução das taxas de juro, redução do rácio de reservas e outras medidas de apoio.

As medidas, sem precedentes na história recente do mercado bolsista chinês, de acordo com analistas, suscitaram uma valorização de 4,2 por cento na bolsa de Xangai, e de 4,1 por cento na bolsa de Hong Kong.

“Consideramos as medidas anunciadas como um passo absolutamente positivo, dada a sua natureza sem precedentes e os valores do financiamento prometido”, afirmou Laura Wang, estratega de acções do banco de investimento Morgan Stanley, numa nota.

“As medidas surpreendentes de apoio ao mercado [pelo Banco Popular da China] devem ajudar a melhorar o sentimento e a liquidez dos investidores e levar os mercados doméstico e estrangeiro a reagir positivamente no curto prazo”, acrescentou.

Na terça-feira, o banco central informou que as companhias de seguros, os gestores de activos e as empresas de valores mobiliários vão poder utilizar obrigações, fundos de acções negociados em bolsa e acções individuais de empresas do CSI 300, o índice com as principais empresas do país, como garantia para adquirir obrigações do tesouro.

As empresas públicas vão também poder recorrer a um novo mecanismo de empréstimo de 300 mil milhões de yuan criado pelo banco central para efeitos de recompra de acções.

O governador da instituição, Pan Gongsheng, afirmou que está também a ser preparado um fundo de estabilização do mercado. Os 800 mil milhões de yuan do pacote de estímulos equivalem aproximadamente a 3 por cento da actual capitalização bolsista do mercado de acções da China, de acordo com um relatório do Morgan Stanley.

“O sentimento de urgência pode convencer os investidores de que mais apoio político está a caminho”, observou Chaoping Zhu, estratega de mercado global da JP Morgan Asset Management, com sede em Xangai. “Vemos oportunidades de valor e de diversificação nas acções chinesas, tendo em conta a valorização dos mercados em todo o mundo”, apontou.

Salto positivo

O débil consumo doméstico, a queda dos lucros e a longa crise imobiliária têm corroído a confiança dos investidores na segunda maior economia mundial. O índice CSI 300 caiu cerca de 2 por cento este ano, após três anos de quedas sem precedentes, para negociar ao nível mais baixo em comparação com os pares mundiais.

O anúncio de estímulos pode desencadear um salto “maior do que o habitual” agora que as avaliações estão a níveis deprimidos, indicou Richard Tang, estratega da China e chefe de investigação do Julius Baer em Hong Kong.

“O apoio à liquidez sem melhorias macroeconómicas contínuas tem mais probabilidades de resultar em recuperações de curta duração”, apontou o documento do Morgan Stanley. “Gostaríamos de ver uma trajectória diferente desta vez, mas aconselhamos que é necessária mais paciência”, notou.

26 Set 2024

Bolsa | Negociação cai para valor mais baixo desde 2020

O volume de negócio nas praças financeiras da China continental caiu na segunda-feira para o nível mais baixo desde Maio de 2020, face ao abrandamento económico e ao aumento da procura por obrigações do Tesouro, noticiou ontem a agência Bloomberg.
Na primeira sessão da semana, a negociação combinada nas bolsas de valores de Xangai e Shenzhen fixou-se no equivalente a cerca de 69,1 mil milhões de dólares. Este valor conjunto é o mais baixo desde o final de 2019.
As bolsas de Xangai e Shenzhen caíram ao longo de 2022 e 2023. Até à data, este ano, os seus índices de referência caíram 3,58 por cento e 11,17 por cento, respectivamente. O índice CSI 300, que agrupa as 300 principais acções destes dois mercados, desceu 1,99 por cento desde o início de 2024 e está agora 42,86 por cento abaixo do seu pico, registado em Fevereiro de 2021.
Esta situação, juntamente com a persistente crise imobiliária, limitou as opções dos investidores, que passaram a procurar obrigações do Estado – também influenciadas pelas expectativas de cortes nas taxas -, o que alarmou os reguladores.
Este mês, a taxa de rentabilidade das obrigações a 10 anos atingiu um mínimo histórico de 2,12 por cento, depois de as autoridades chinesas terem adoptado medidas que a Bloomberg considerou “altamente invulgares”, como uma ordem aos bancos rurais da província de Jiangxi, no sudeste do país, para não satisfazerem as mais recentes ordens de compra de títulos do Estado.
Na sequência das intervenções, as taxas de rentabilidade recuperaram para cerca de 2,25 por cento, embora alguns analistas apontem este facto como mais um golpe na transparência e, consequentemente, na confiança dos investidores internacionais em títulos de dívida pública do Estado chinês.

14 Ago 2024

Bolsa | Venda de acções do Grupo Jiayuan International suspensa

A imobiliária de Jiangsu, que fez a transacção mais cara de sempre de um terreno em Macau, falhou a data de apresentação dos resultados financeiros. No ano passado, a empresa foi alvo de dois pedidos de penhora em Hong Kong

 

As acções do Grupo Jiayuan International na Bolsa de Hong Kong estão suspensas desde ontem, depois de ter sido falhada a data para a apresentação dos resultados financeiros. A empresa que é responsável pela construção do projecto Ocean Hill, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen na Taipa prometeu apresentar os resultados até 30 de Abril.

Em comunicado, a empresa explicou o atraso nos resultados financeiros com três motivos, entre os quais a falta de mão-de-obra. “As recentes demissões de certos empregados-chave, em particular, os que integravam unidade de contabilidade levou à falta de mão-de-obra, que impediu que fosse possível preparar os resultados consolidados do grupo para o ano financeiro que terminou a 31 de Dezembro de 2022”, é justificado.

O Grupo Jiayuan International indica ainda que a direcção esteve demasiado ocupada “a lidar com os pedidos de penhora dos bens da empresa” e ainda “a negociar com credores nacionais e estrangeiros” de forma a “criar um plano satisfatório da restruturação das dívidas” do grupo.

Por último, o atraso é igualmente explicado com a mudança de auditor da Jiayuan Services Holding Limited, uma subsidiária do grupo, que opera em Hong Kong e tem sede nas Ilhas Caimão.

Quase lixo

As dificuldades do Grupo Jiayuan International acompanham a tendência das construtoras do Interior, depois da grave crise financeira que começou a afectar o sector no ano de 2020.

Nesse ano o Governo Central começou a impor limites ao endividamento destas empresas, o que contribuiu para que várias atravessassem grandes dificuldades, como aconteceu com a Evergrande, Grupo Kaisa, Fantasia Holdings, ou Sinic Holdings.

A Jiayuan International não foi excepção, e desde o Verão de 2022 que é avaliada pela agência Moody’s como “lixo”, no nível “Ca”, o segundo mais baixo de toda a escala. A agência de notação financeira tomou a decisão depois de a Jiayuan International ter decidido suspender o pagamento de juros aos investidores internacionais que subscreverem os empréstimos obrigacionistas do grupo.

A classificação de “Ca” significa que a empresa é tida como “altamente especulativa com a probabilidade de estar próxima ou em falência”. Segundo esta classificação, os investidores “têm alguma possibilidade de recuperar parte dos empréstimos e dos juros”.

4 Abr 2023

Finanças | Lançada bolsa de valores ‘blockchain’ para pequenas empresas

A Micro Connect (Macau) Financial Assets Exchange vai permitir transaccionar certificados que dão aos investidores uma parte das receitas diárias de empresas chinesas

 

O antigo director da bolsa de valores de Hong Kong lançou no sábado em Macau uma nova bolsa, baseada em tecnologia ‘blockchain’, que quer ajudar micro e pequenas empresas chinesas a atrair investimento estrangeiro.

Ao contrário das bolsas convencionais, onde as transacções envolvem títulos de dívida e acções de empresas, a Micro Connect (Macau) Financial Assets Exchange vai listar um novo produto financeiro: certificados que dão aos investidores uma parte das receitas diárias de empresas.

A Micro Connect disse no sábado que a bolsa já ajudou a investir mais de 120 milhões de dólares americanos em mais de 2.800 lojas de venda ao retalho, alimentação, serviços, cultura e desporto, de mais de 200 marcas e cadeias.

O presidente da empresa, Charles Li Xiaojia, afirmou na cerimónia de lançamento que o objectivo é atrair, no espaço de um ano, 30 mil micro e pequenas empresas chinesas. Li, de 61 anos, sublinhou que, segundo dados oficiais, a China tem actualmente cerca de 70 milhões de lojas e estabelecimentos comerciais, que representam 60 por cento do Produto Interno Bruto do país.

O empresário disse estar confiante que a bolsa “vai mudar o panorama financeiro global, ao apostar na economia digital avançada da China”. A Micro Connect foi criada no início de 2021 e é apoiada, entre outros, pelo magnata do imobiliário Adrian Cheng Chi-kong e do bilionário Li Ka-shing, ambos da vizinha Hong Kong.

Aprovação em Novembro

As autoridades de Macau aprovaram no final de Novembro a criação da Micro Connect no território, que já conta desde 2018 com a Chongwa Financial Asset Exchange, uma bolsa para títulos de dívida.

O presidente da Autoridade Monetária de Macau, Benjamin Chan Sau San, disse no sábado, na cerimónia de lançamento, esperar que a nova bolsa ajude a atrair “investimento internacional” e sublinhou que o território quer apostar no “desenvolvimento de uma indústria financeira moderna”.

O Governo tem assumido a vontade de avançar com uma bolsa de valores denominada na moeda da China continental, o renminbi, nomeadamente para prestar serviços financeiros entre Pequim e os países de língua portuguesa.

A ‘blockchain’ é um registo descentralizado de transacções, uma base de dados digital, uma tecnologia subjacente à Bitcoin e a outras criptomoedas, mas que possui o potencial para suportar uma grande variedade de negócios.

27 Mar 2023

China | Mercados responsáveis por análise de entradas

O regulador do mercado de acções da China vai delegar às praças financeiras do país a responsabilidade para analisarem a entrada em bolsa das empresas, a partir de Março, informou ontem o portal de notícias económicas Yicai.

De acordo com os novos regulamentos, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) vai desempenhar um papel de supervisão, focado em determinar se as empresas que se candidatam a entrar na bolsa cumprem com as leis nacionais e os regulamentos do sector.

Embora continue a ser o órgão máximo de decisão, as operações vão ser aprovadas ou rejeitadas de acordo com as recomendações dos mercados.

Esta alteração já foi testada desde 2019, no STAR Market da Bolsa de Valores de Xangai, um mercado destinado a empresas do ramo tecnológico. Em 2020, foi adicionado o ChiNext, um mercado semelhante em Shenzhen, e, em 2021, a nova Bolsa de Valores de Pequim, focada em pequenas e médias empresas.

Analistas citados pelo Yicai dizem que o regulamento reduzirá “significativamente” a possibilidade de as empresas terem os seus pedidos de abertura de capital nos mercados da China continental rejeitados.

No início do mês, o jornal digital privado Caixin explicou que o novo sistema vai dar aos investidores e mercados maior poder de decisão em fixar o valor das acções das empresas que pretendem captar recursos nesses mercados e também tornará o processo “mais transparente”.

21 Fev 2023

Economia | Diversificação vai permitir criar bolsa de valores

A deputada Lo Choi In defende que a longo prazo a diversificação da economia com a aposta nas finanças modernas, medicina avançada, sector de exposições e promoção do desporto e da cultura pode abrir o caminho para uma futura bolsa de valores

 

Lo Choi In defende que é necessário conseguir a diversificação da economia local, para depois poder ser criada uma bolsa de valores no território. A opinião foi partilhada pela deputada e directora de Serviço a Clientes e de Contacto com Associações do Banco Industrial e Comercial da China (Macau) num artigo, publicado ontem no Jornal do Cidadão.

Sobre a criação de uma bolsa de valores no território, a deputada afirma que é um projecto que nunca poderá ser concretizado “da noite para o dia”. E embora reconheça que o assunto tem gerado “muitas opiniões na comunidade”, para Lo o importante, nesta fase, é diversificar a economia.

“Se as indústrias financeira, do turismo e do jogo recuperarem e começarem a crescer motivadas pelos mercados estrangeiros, então vai haver muito capital estrangeiro a ser canalizado para Macau”, argumentou Lo. “Com essa dinâmica de diversificação vai ser possível atrair mais capital para Macau, e com este ciclo virtuoso o capital pode chegar em renminbis e ser canalizado para a futura bolsa de valores”, acrescentou.

Nesta lógica, a legisladora ligada a Jiangmen acredita que com o capital que entrar pela bolsa vai ser possível continuar a desenvolver a economia e aumentar o produto interno bruto do território.

Aposta na Montanha

Lo Choi In sustentou também que a autorização para o estabelecimento de uma bolsa de valores tem de partir de Pequim. Porém, de modo a ter argumentos convincentes para o Governo Central, a deputada aponta que cada uma das quatro “indústrias-fundamentais” tem de assumir um peso de pelo menos 15 por cento no produto interno bruto da região.

De acordo com o Governo, desde o início do ano que a diversificação da economia passa pelas quatro “indústrias-fundamentais”, que incluem as finanças modernas, serviços de saúde com tecnologia de ponta, sector das exposições e convenções e mercantilização da cultura e do desporto.

Contudo, antes de se pensar no futuro, e em termos de medidas mais a curto prazo, Lo sublinhou que nesta fase o importante é estabilizar a economia e preparar o crescimento dos próximos meses.

A deputada apelou assim ao Governo para continuar a tomar medidas para incentivar a estabilização do turismo e do jogo, sectores tidos como fundamentais para promover a diversificação, principalmente depois de dois anos em que a economia enfrentou inúmeros desafios.

19 Jan 2023

Casinos | Acções afundam empurradas por defesa de covid zero

Um artigo de opinião publicado no Diário do Povo assegurou que a política dinâmica de zero casos é para manter no futuro. O texto levou alguns investidores a desfazerem-se das acções das operadoras de jogo que operam em Macau

 

As acções das concessionárias de Macau afundaram na Bolsa de Hong Kong depois do registo de casos positivos de covid-19 em Zhuhai e da publicação de um artigo no Diário do Povo a afastar a possibilidade de terminar a “política dinâmica de zero casos”.

Quando a sessão na bolsa fechou, a empresa que mais perdeu foi a MGM China, com uma queda de 5,10 por cento e as acções a valerem, à hora do fecho do mercado, 4,09 dólares de Hong Kong. A tendência negativa foi seguida pelas outras concessionárias com as acções de Sands China, Wynn Macau, Galaxy e SJM a desvalorizarem 4,58 por cento, 4,45 por cento, 3,34 por cento e 2,289 por cento, respectivamente. À altura de fecho do mercado, as acções destas quatro concessionárias valiam entre 2,69 e 44,9 dólares de Hong Kong.

A empresa com maior resistência à queda foi a Melco International, com uma desvalorização de 2,86 por cento, para 5,79 dólares de Hong Kong por cada acção.

A bolsa de Hong Kong acompanhou a tendência que tinha sido verificada na bolsa dos Estados Unidos, onde as empresas ligadas às operadoras de jogo foram ainda mais penalizadas. À hora do encerramento da Bolsa de Nova Iorque, na sessão de segunda-feira, as acções da Wynn Resorts tinham desvalorizado 10,15 por cento, da Melco 9,15 por cento, os títulos da Las Vegas Sands 8,52 por cento e da MGM Resorts 3,66 por cento.

Política sustentável

A quebra da confiança nas acções das operadoras do jogo foi motivada pelos casos recentes em Zhuhai, que geraram receios que a fronteira com Macau seja novamente fechada, e ainda devido a um artigo publicado no Diário do Povo, que garante que a política de zero casos é para manter.

Segundo o artigo, a pandemia da covid-19 está activa no Interior em “vários pontos e áreas amplas”, o que faz com que haja “numerosas áreas de médio e alto risco”. Por isso, no diário, que é visto como a voz do Partido Comunista, foi defendido que “mais do que nunca” as pessoas precisam de perceber que a “política dinâmica de zero casos é sustentável e deve ser seguida”, para permitir o “controlo científico e preciso” da situação.

No mesmo sentido, a covid-19 é definida como “o grande teste” da nação, e é explicado que apenas com o controlo da pandemia vai ser possível estabilizar a situação económica, fazer a vida quotidiana regressar à tranquilidade e alcançar o desenvolvimento económico e social.

Ainda como forma de justificar o elevado custo económico da política de zero casos é argumentado que só com esta política foi possível encontrar um bom equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a reduzida taxa de mortalidade.

12 Out 2022

Empresas chinesas afundam em bolsa face a aproximação de Pequim a Moscovo

As empresas chinesas registaram ontem o seu pior dia na bolsa de valores de Hong Kong desde a crise financeira global de 2008, à medida que a aproximação de Pequim a Moscovo e renovados riscos regulatórios provocaram o pânico.

O Hang Seng China Enterprises Index, índice composto por empresas da China continental, fechou a cair 7,2%, a maior queda desde novembro de 2008. O Hang Sang Tech Index, que junta os grupos tecnológicos, caiu 11% – a pior queda desde que o índice foi lançado, em julho de 2020.

As fortes quedas ocorreram depois de vários órgãos de imprensa norte-americanos terem informado que a Rússia pediu à China assistência militar para a guerra na Ucrânia.

Pequim negou aquela informação, mas os investidores temem que a aproximação de Pequim a Vladimir Putin possa originar uma reação global contra as empresas chinesas, e até mesmo sanções.

O sentimento foi agravado por várias medidas de confinamento nas cidades chinesas de Shenzhen, Xangai ou Changchun, devido a surtos de covid-19.

Há ainda o risco de empresas chinesas serem excluídas das praças financeiras dos EUA, à medida que os reguladores norte-americanos aumentam o escrutínio sobre a contabilidade de empresas estrangeiras.

Na sexta-feira, o Golden Dragon Index, índice que reúne empresas chinesas listadas nas bolsas norte-americanas, caiu 10%, pelo segundo dia consecutivo.

Na semana passada, o índice caiu 18% – o declínio mais acentuado desde pelo menos 2001. O índice de referência CSI 300 da China fechou a cair 3,1% hoje. A cotação da moeda chinesa, o yuan, também caiu para o seu nível mais baixo no espaço de um mês.

15 Mar 2022

Ucrânia | Rublo afunda, acções asiáticas em queda e preço do barril do petróleo sobe

O rublo caiu hoje quase 30% em relação ao dólar norte-americano, as acções asiáticas desceram e o preço do barril de petróleo de referência nos Estados Unidos, West Texas Intermediate (WTI), aumentou mais de 5%.

A moeda russa perdeu 27% em relação ao dólar, noticiou a Bloomberg News, depois de as potências internacionais terem imposto novas sanções mais duras a Moscovo pela invasão da Ucrânia. Os preços das ações asiáticas caíram nas bolsas de valores em Tóquio, Hong Kong e Xangai.

Já o preço de um barril de crude WTI subiu mais de 5% nas primeiras transações, também hoje, evidenciando o nervosismo dos mercados face a uma provável crise energética, na sequência do conflito na Ucrânia.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram pelo menos 352 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

28 Fev 2022

Ucrânia | Acções asiáticas descem com mobilização do exército russo para “manutenção da paz”

As acções caíram hoje na Ásia e o petróleo atingiu o valor mais alto desde 2014, depois de o Presidente da Rússia ter mobilizado o exército para a “manutenção da paz” em territórios separatistas da Ucrânia.

No Japão, a bolsa de Tóquio fechou em baixa, com o principal índice, o Nikkei, a perder 1,71%, para 26.449,61 pontos. No fecho da sessão, o segundo indicador, o Topix, desceu 1,55%, para 1.881,08 pontos.

Os gigantes tecnológicos japoneses foram dos mais afetados pela descida, com a Sony a cair 2,64% e os fabricantes de componentes para semicondutores Lasertec e Tokyo Electron a perder 3,37 % e 4,04 %, respetivamente.

Na Coreia do Sul, o Kospi, o principal índice da bolsa de Seul, perdeu 1,35%, enquanto na Austrália o índice S&P/ASX 200 caiu 1%. A principal bolsa da China continental, em Xangai, fechou também em baixa, com o índice SSE Composite a descer 0,96%. A uma hora do fecho da sessão, o Hang Seng, o principal índice da bolsa de Hong Kong, estava a cair 2,92%.

A cotação do barril de petróleo Brent para entrega em abril abriu em alta, esta manhã, subindo 2% no mercado de futuros de Londres, para 97,33 dólares, o que representa um novo máximo desde setembro de 2014.

No fecho da sessão da véspera, as principais bolsas europeias terminaram no ‘vermelho’ na segunda-feira, penalizadas pelo agravamento da crise ucraniana. O DAX da Alemanha recuou 2,1%. Em Paris, o CAC 40 em Paris caiu 2%. O FTSE 100 do Reino Unido caiu 0,3%.

A bolsa russa caiu mais de 13% na segunda-feira e abriu hoje a perder mais de 8%. O rublo também se desvalorizou 3,2%, com um dólar a valer 79,12 rublos e um euro a 89,5 rublos.

Os mercados dos EUA estiveram fechados na segunda-feira devido ao feriado do Dia dos Presidentes.

Na segunda-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização do exército para a “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.

Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

O anúncio de Putin gerou, de forma imediata, uma onda de condenações da parte dos principais atores internacionais implicados na crise da Ucrânia e que apoiam Kiev, nomeadamente os Estados Unidos, a NATO e a EU, assim como da Austrália, Canadá e Japão.

Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

22 Fev 2022

Acções da chinesa Wuxi Biologics afundam após inclusão na lista negra dos EUA

A empresa chinesa Wuxi Biologics suspendeu na segunda-feira a negociação das suas acções na Bolsa de Valores de Hong Kong, após ter sido incluída pelas autoridades dos Estados Unidos na lista negra do Departamento de Comércio.

As acções da empresa, que fornece soluções tecnológicas para farmacêuticas, caíram 22,77%, até as negociações terem sido temporariamente suspensas. Em comunicado, a Wuxi Biologics indicou que vai fazer um anúncio, previsivelmente relacionado com a sua inclusão na referida lista negra.

O Departamento de Comércio inclui nesta lista empresas estrangeiras para as quais não pode verificar a “legitimidade e confiabilidade” do uso que fazem de produtos importados a partir dos Estados Unidos.

A medida não significa que os exportadores não possam fazer negócios com a Wuxi Biologics, mas significa que devem passar por processos adicionais antes de fazê-lo.

O Governo de Joe Biden manteve a postura da administração anterior, liderada por Donald Trump, no sentido de tornar mais difícil para a China garantir tecnologias de ponta, ao restringir o comércio e o investimento.

Washington acrescentou esta semana outras 32 organizações chinesas, com o objetivo de “ajudar os exportadores norte-americanos a realizar os processos relevantes e avaliar o risco das transações”, segundo a Casa Branca.

A inclusão na lista que restringe o acesso a produtos norte-americanos visa também “enviar uma mensagem ao governo da República Popular da China sobre a importância da sua cooperação na clarificação sobre o uso final” de produtos importados dos Estados Unidos.

A Wuxi disse em comunicado que a sua inclusão na lista não afeta significativamente os seus negócios.

“A WuXi Biologics está a importar alguns componentes para biorreatores e filtros de fibra oca que estão sujeitos a restrições na exportação dos EUA, mas receberam aprovação [dos EUA] nos últimos 10 anos”, disse a empresa, em comunicado, na segunda-feira.

Analistas consideram que o impacto das proibições pode ser minimizado pela substituição de componentes norte-americanos.

John Yung, analista do Citigroup em Hong Kong, disse que a Wuxi é “mais propensa a procurar alternativas na União Europeia ou na China”, em vez de lidar com atrasos no fornecimento de componentes oriundas dos EUA.

9 Fev 2022

Lei Wai Nong diz que bolsa de valores em Macau não é urgente

Calhou ontem ao secretário para a Economia e Finanças a apresentação do novo plano de cooperação entre Macau e Hengqin, que prevê a livre circulação de pessoas e bens e benefícios fiscais. Mas deixou uma garantia: a criação da bolsa de valores é um projecto possível, mas não urgente

 

Há muito que se fala da possibilidade de Macau ter uma bolsa de valores, no âmbito da cooperação com Hengqin. No entanto, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, diz que o projecto não é urgente.

“O Chefe do Executivo especificou esta questão. Não afastamos, mas também não é um projecto urgente. Temos de ver quais são as vantagens de Macau. Somos uma zona aduaneira autónoma tal como Zhuhai. Por isso podemos ter uma complementaridade de vantagens e obter benefícios mútuos. Temos as vantagens da zona de cooperação aprofundada, as vantagens de Macau. Estas podem ser desenvolvidas de forma cruzada. Queremos uma meta de 1 mais 1, igual a 2 +”, disse, segundo a TDM Rádio Macau.

De resto, o plano de cooperação entre Macau e Hengqin, apresentado ontem, prevê salários para residentes em patacas e circulação da moeda em renmimbi, bem como circulação “mais livre” de pessoas, capitais e bens. Esta será uma das “linhas mestras” para o sucesso económico na ilha que vai ser gerida com Guangdong.

Lei Wai Nong afirmou também que a nova zona de cooperação em Hengqin – com 106 quilómetros quadrados de área, contra os actuais 32,9 de Macau -, vai ser essencial para combater a dependência da indústria do jogo, que actualmente representa 55,5 por cento do Produto Interno Bruto e 80 por cento das receitas do território.

O governante deu como exemplo o facto de, ao ganhar mais território, Macau passar a ter “espaço para desenvolver novos produtos turísticos”.

Na conferência de imprensa foi reiterada a aposta no desenvolvimento de indústrias em áreas como saúde, financeira, tecnologia de ponta, turismo, cultural e desportiva.

Impostos mais baixos

O novo modelo promete políticas de benefícios fiscais para atrair empresas e trabalhadores, uma zona aduaneira autónoma e porto franco para comércio internacional.

A taxa do imposto sobre o rendimento das empresas será reduzida para 15 por cento. Os altos quadros e os quadros qualificados ficam isentos do pagamento do montante que ultrapasse os 15 por cento do imposto sobre o rendimento pessoal.

Já os residentes de Macau que trabalhem na zona de cooperação vão ficar isentos de pagar o valor que supere o imposto sobre o rendimento pessoal já tributado na RAEM.

Na área do empreendedorismo, foi dito que, até Maio deste ano, foram criados 537 projectos em incubadoras como Vale de Criação de Negócios para os Jovens de Macau em Hengqin e o Centro Internacional de Inovação Tecnológica, ainda havendo 121 projectos em desenvolvimento.

Mantém-se o apoio à extensão do Metro Ligeiro de Macau à zona de cooperação e também à ligação com a rede ferroviária urbana de Zhuhai, com vista à integração na rede ferroviária da China, tal como ao impulso de projetos ferroviários de alta velocidade Guangzhou-Zhuhai e interurbana Nansha-Zhuhai.

Outros dos ‘trunfos’ da zona de cooperação para captação de empresas e investimento vai incidir na política de isenção e suspensão de impostos sobre as mercadorias, cuja entrada em todo o mercado chinês será também facilitada.

15 Set 2021

China vai criar terceira bolsa de valores para servir empresas privadas em Pequim

A China vai estabelecer a sua terceira bolsa de valores no continente​​​​​​​, em Pequim, para servir empresas privadas, revelou ontem o Presidente Xi Jinping, manifestando apoio oficial aos empresários numa economia dominada pelo Estado.

O anúncio surge num momento em que as empresas chinesas atravessam dificuldades cada vez maiores para conseguir financiamento em Wall Street e noutros mercados ocidentais, onde algumas das suas maiores empresas estão cotadas.

“A China vai estabelecer a bolsa de valores de Pequim e criar uma posição principal virada para a inovação para pequenas e médias empresas”, realçou Xi Jinping, durante uma feira de comércio, citado pela agência AP. O chefe de Estado chinês não adiantou detalhes sobre o futuro mercado financeiro em Pequim ou quando este irá abrir.

A primeira bolsa de valores criada na China continente ​​​​​​​após a revolução comunista de 1949 foi a de Xangai, em 1990, com forte presença de empresas estatais. Uma segunda bolsa foi criada em 1991​​​​​​​ na cidade de Shenzhen.

Gradualmente foram sendo integradas algumas empresas privadas, mas o domínio continua a ser de empresas estatais. Para se financiarem, privados como o gigante do comércio eletrónico Alibaba Group recorreram às bolsas ocidentais e a Hong Kong.

Os líderes da China têm prometido, repetidamente, melhorar o acesso ao financiamento para empresários que gerem novos empregos e riqueza.

O Governo lançou medidas de segurança de dados, entre outras, contra as empresas chinesas tecnológicas desde o final do ano passado, alertando que será mais difícil obter permissão para ingressar em bolsas de valores estrangeiras.

A situação alimentou desconforto dos investidores, e que já causou quebras de centenas de milhares de milhões de dólares no valor das cotadas chinesas.

3 Set 2021

Bolsa | Empresas locais controlam restaurante nos EUA que vale 100 milhões de dólares

Um restaurante que nos últimos dois anos obteve receitas de 37 mil dólares foi valorizado pelo mercado bolsista americano em 100 milhões de dólares. O caso fez soar os alarmes entre os investidores. A empresa dona do restaurante é controlada por quatro companhias que declaram ter sede em Macau, no edifício onde funcionam os escritórios da C&C Advogados

 

Quatro empresas com sede em Macau são as principais accionistas de um único restaurante de comida italiana, em Nova Jérsia, nos EUA, cujas acções na bolsa dispararam nos últimos meses. A valorização foi tão acentuada que a empresa Hometown International, proprietária do espaço, chegou a atingir o valor de 100 milhões de dólares norte-americanos em bolsa. Contudo, uma investigação da emissora americana CNBC veio mostrar que as empresas não têm sede física em Macau.

Apesar da valorização, nos últimos dois anos as receitas financeiras do restaurante foram de 37 mil dólares, ou seja 0,037 por cento do valor em que a empresa estava avaliada. A emissora avança que o restaurante registou perdas no período em causa.

A saga bolsista levou a Hometown International a emitir um comunicado a alertar que a valorização não era justificada. O comunicado foi divulgado depois do caso receber a atenção dos mercados a alertar para os perigos do investimento. A Hometown International tem como presidente Peter Coker Jr., que está igualmente ligado ao Hotel 13, em Seac Pai Van.

Na sexta-feira passada, uma investigação da cadeia CNBC veio revelar que as quatro empresas que declaram ter sede em Macau não têm escritórios físicos na RAEM. Global Equity Limited, VCH Limited, IPC – Trading Company e RTO Limited são as principais accionistas da Hometown, que controla o restaurante, e ficam situadas no Edifício Lun Pong, na Avenida da Praia Grande. O prédio é mais conhecido por ser sede do escritório de advogados ligado a Rui Cunha.

Os registos comerciais mostram ainda que Global Equity Limited, IPC – Trading Company e RTO estão no primeiro andar do edifício. Também a VCH fica no mesmo prédio e supostamente “ocupa” o quinto piso. Em relação aos gestores, Michael Tyldesley e Ibrahima Thiam surgem identificados como membros da direcção da Global Equity. Tysdesley é ainda director na VCH e Thiam é director na IPC, a par de uma outra directora identificada como Lam Moi Lilia.

Empresas de correspondência

Apesar das moradas de registo, no primeiro andar do edifício apenas está a empresa Gestores de Projectos Limitada. Contactado pela CNBC, um funcionário da empresa confirmou que a GEP prestava serviços à Global Equity Limited. Porém, um dos sócios da GEP, Rui Pedro Cunha, que surge identificado como filho do advogado Rui Cunha, afirmou não reconhecer os nomes das empresas mencionadas.

Posteriormente, Rui Pedro Cunha afirmou não ser política da empresa fornecer os nomes das clientes, mas explicou que a GEP serve outras companhias que pretendem ter sede em Macau. O sócio da empresa garantiu também que qualquer correspondência enviada para a GEP é entregue aos clientes que recorrem ao serviço.
Por sua vez, a VCH tem sede no quinto andar do edifício, que é ocupado pela empresa C&C Secretariado Limitada.

Esta é uma companhia que presta serviços de auditoria, contabilidade, administrativos e de alojamento para empresas sem presença física em Macau. Contudo, os responsáveis mostraram-se indisponíveis para prestar comentários sobre a VCH.

10 Mai 2021

LAG 2021 | Governo sem data para futura bolsa de valores de Macau em Hengqin

A possibilidade de ser criada uma bolsa de valores de Macau em Hengqin foi abordada pelos deputados na última sessão plenária, mas o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse necessitar de mais informações do Governo Central para avançar detalhes

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo não tem ainda calendário ou novas informações sobre a possibilidade de criar, em Hengqin, uma bolsa de valores de Macau. A informação foi transmitida pela Comissão de Desenvolvimento Nacional e Reforma aos delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional, noticiaram os media chineses.

No debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) 2021 para a área da Economia e Finanças, o secretário Lei Wai Nong foi confrontado com a informação, mas disse necessitar de mais esclarecimentos de Pequim para providenciar explicações aos deputados.

“Ainda não fiz o estudo sobre a ilha da Montanha. Precisamos do anúncio do Governo Central e não posso detalhar aqui essas informações”, frisou. O secretário considera que Macau “tem de encontrar o seu mercado e perceber a relação com o exterior”.

“Em Abril, o Governo Central deu um posicionamento sobre o desenvolvimento financeiro de Macau. Temos de procurar as semelhanças e diferenças em relação aos outros, e os trabalhos devem ser articulados com o interior da China. Se o mercado de Macau for igual, porque querem vir para cá? Temos de ter características próprias [no sistema financeiro]”, frisou.

“Nos últimos dez anos, fizemos um estudo, e o crescimento anual [do sector financeiro] é de 18,1 por cento”, ou seja, “um crescimento mais célere do que comparado com o sector do jogo”, explicou Lei Wai Nong aos deputados.

Coube ao deputado nomeado Davis Fong lançar a questão para o debate. “Está a ser pensada a criação de uma bolsa de valores de Macau em Hengqin. Não sei, será que traz vantagens para Macau e será que há um efeito de sinergias para o ramo financeiro? O que pensa desta ideia? Se queremos dinamizar, devemos investir em Hengqin ou em Macau?”, questionou.

Formação precisa-se

Mesmo sem informações adicionais, o secretário referiu a necessidade de apostar em quadros qualificados para garantir o funcionamento do mercado financeiro. “Desde 2003, demos formação a 120 mil pessoas. Em relação ao mercado de obrigações e gestão de risco, o sector pode participar nas formações e obter acreditação. A Associação dos Advogados de Macau quer incentivar juristas a obterem essa licença.”

O deputado Chui Sai Peng considerou que o projecto da bolsa de valores pode ser positivo para Macau, mas defendeu que o Direito anglo-saxónico é o mais indicado para o funcionamento do mercado.

“Temos o nosso Direito Civil, mas para regular as bolsas de valores o Direito anglo-saxónico é melhor do que o Direito Civil. Será que o Governo vai encorajar as empresas a colaborarem com as bolsas de valores de Hong Kong e Shenzhen para adquirirem essas experiências nas áreas do Direito e finanças, para nos prepararmos?”, inquiriu o deputado.

29 Nov 2020

Covid-19 | Enquanto se debate a acessibilidade da vacina, especulação bolsista gera biliões

Entre farmacêuticas que negam a intenção de lucrar com a vacina contra a covid-19 e dúvidas quanto à base de custos, pequenas empresas e laboratórios que procuram a tão aguardada inoculação tornam-se estrelas do mercado bolsista. O mundo aguarda a vacina e o número de infecções sobe em flecha, quase à mesma velocidade dos lucros dos executivos de topo das empresas do sector

 

[dropcap]A[/dropcap]s leis não escritas dos mercados estão de novo a trocar as prioridades de governos e povos. Os números de novas infecções de covid-19 continuam a subir vertiginosamente, à medida que, um pouco por todo o mundo, se intensificam esforços para encontrar a tão desejada vacina, que restitua a normalidade ao mundo de pernas para o ar.

Pelo meio, muito dinheiro é feito na bolsa, com os Estados Unidos a encabeçar a capitalização da ciência nos mercados bolsitas, mas empresas chinesas não ficam atrás no lucro das subidas vertiginosas de acções.
Antes da análise ao valor das empresas, o futuro custo da própria vacina ainda está envolto em mistério, sem certezas de vir ser acessível às populações.

Na semana passada, representantes das farmacêuticas Moderna Inc e Merck & Co foram ouvidos no Congresso norte-americano para apresentar uma estimativa quanto ao lucro que esperam obter assim que for aprovada uma vacina contra a covid-19.

A representante da Merck, Julie Gerberding, expressou incerteza quanto à possibilidade de a vacina ser acessível a todos. “Não iremos vender a nossa vacina a um preço elevado, mas ainda é prematuro dizê-lo, porque estamos longe de compreender as bases do custo produtivo”, referiu em audiência, citada pela agência Reuters. A Merck ainda não começou a fazer testes em humanos, o que a coloca uns passos atrás de outros candidatos na corrida científica.

Directores executivos da Johnson & Johnson e da AstraZeneca declararam que vão colocar o preço a um nível que coloca de parte o lucro, enquanto a pandemia estiver em expansão.

Na mesma audiência perante congressistas, enquanto os representantes da Merck e da Moderna não admitiram os preços que têm em mente, a Pfizer mostrou intenção de lucrar se a sua vacina for aprovada. Convém referir que, ao contrário da Moderna e da AstraZeneca, a Pfizer não recebeu fundos públicos para desenvolver uma vacina.

Apenas dois dias depois da audiência, segundo o The Washington Post, a Pfizer e uma empresa de biotecnologia alemã de nome BioNTech assinaram um acordo com o Governo norte-americano para a entrega de 100 milhões de doses a troco de 1,95 mil milhões de dólares, o maior investimento da Casa Branca num produto ainda não aprovado.

O Governo norte-americano tem ainda opção para comprar mais 500 milhões de doses. Estes acordos podem conduzir à compra da larga maioria das vacinas que a Pfizer planeia fazer até ao fim de 2021, às quais se acrescenta a compra de 300 milhões de doses da AstraZeneca e 100 milhões da Novavax.

Em declarações ao The Washington Post, o presidente do Centro para a Ciência e Interesse Público, Peter Lurie, alertou para a possibilidade destes negócios aumentarem o risco de exclusão de populações de países em desenvolvimento. “Basicamente, alguns países mais ricos estão a arrebatar as empresas candidatas a conseguir uma vacina. Isto pode colocar de parte populações, que enfrentam maiores riscos face à pandemia, que assim ficam desprotegidas.”

A grande farra

Em Wuhan, onde começou a pandemia, os testes para a vacina Ad5 vão na segunda fase de testes aleatórios num estudo com placebo-controlado. Para já, os resultados são animadores, com a maioria dos participantes a adquirir imunização.

De acordo com o Diário do Povo, as injecções começaram a ser ministradas a meio de Abril. As “cobaias” foram adultos com mais de 18 anos que nunca testaram positivo à covid-19. Os 603 voluntários foram aleatoriamente escolhidos para tomar diferentes doses da vacina ou um placebo, sem nunca lhes ser comunicado o que haviam tomado.

Citado pelo Diário do Povo, Fengcai Zhu, do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da província de Jiangsu, mostrou-se optimista com o avanço. “A segunda fase dos testes acrescenta provas da segurança e imunogenicidade numa amostra populacional maior do que a da primeira fase”, revela o investigador que trabalha já na terceira fase.

Os avanços e a potencialidade da vacina produzida pela Cansino Biologics levaram à febre bolsista, com as acções da empresa chinesa a subirem 1.74 por cento na semana passada, quando foram divulgados os resultados dos testes. Numa análise comparada ao ano, as acções da Cansino Biologics subiram 183 por cento, impulsionadas pelas investigações à covid-19.

O caso da Cansino Biologics está longe de ser único, ou de exemplificar o cúmulo da ganância. Através do espectro das indústrias médica e farmacêutica, executivos de topo e membros da administração estão a capitalizar em força com a corrida à vacina.

Sempre que são feitos anúncios de progressos conquistados, incluindo financiamento público, são feitos milhões nas bolsas.

O The New York Times noticiou este fim-de-semana que, depois dos anúncios de progressos científicos, executivos de, pelo menos, 11 empresas, algumas de pequenas dimensões, venderam acções num valor que ultrapassou os mil milhões de dólares desde Março.

Alguns “insiders” estão a lucrar com compensações que já estavam calendarizadas ou com trocas automáticas de acções, mas, em muitas situações, executivos de topo aproveitam a subida vertiginosa do valor das acções das suas empresas para arrecadar lucros milionários. Aliás, existem casos em que foram atribuídas opções de compra de acções momentos antes de anúncios sobre progressos científicos que levariam a grandes valorizações.

Velocidade Warp

Algumas destas empresas são de pequena dimensão e muitas vezes a sua sobrevivência depende do desenvolvimento bem-sucedido de apenas um fármaco.

A Vaxart, sediada no Sul de São Francisco, na Califórnia, é um bom exemplo do esquema milionário que surge, à semelhança de outros casos, com um anúncio aparentemente inesperado. A empresa anunciou que a vacina contra a covid-19 em que está a trabalhar foi seleccionada para o programa do Governo norte-americano “Operation Warp Speed”, que financia projectos para chegar o mais rapidamente possível à inoculação.

O anúncio levou à subida galopante das acções da Vaxart, cujos executivos, semanas antes, tinham recebido opções de compra de acções cujo valor cresceu para seis vezes mais. O The New York Times avança que um fundo de investimento que controla parcialmente a Vaxart ganhou automaticamente mais de 200 milhões de dólares.

Várias empresas estão a atrair o escrutínio do Governo e das autoridades reguladoras por usarem a Operação Warp Speed como esquema de marketing. O diário nova-iorquino exemplifica com o título do comunicado de imprensa de São Francisco: “A vacina contra a covid-19 da Vaxart foi seleccionada pelo Governo norte-americano para a Operação Warp Speed”.

Porém, a realidade é mais complexa do que aparenta o comunicado da empresa. A vacina da Vaxart foi aceite como candidata para testes em primatas organizados por uma agência federal, em conjunto com a Operação Warp Speed. Mas a empresa não está entre as seleccionadas para receber o financiamento prestado pelo programa para a produção em massa de vacinas.

Também ainda não é conhecida qualquer investigação das autoridades que fiscalizam os mercados bolsitas, nomeadamente por conhecimento interno que desvirtua a concorrência.

Alto grau de contágio

Ouvido pelo The New York Times, Ben Wakana, director da ONG a favor de medicação a preços acessíveis, sublinhou ser “inapropriado os executivos de empresas farmacêuticas lucrarem com uma crise”. “Todos os dias, acordamos e fazemos sacrifícios durante esta pandemia. As empresas farmacêuticas encaram isto como uma oportunidade para lucrar”, rematou ao diário.

É longa a lista de executivos que acumularam lucros na ordem dos sete e oito dígitos graças à busca pela vacina e formas de tratamento para a covid-19.

As acções da Regeneron, uma empresa de biotecnologia de Nova Iorque, subiram quase 80 por cento desde Fevereiro, quando anunciaram a colaboração com o Governo federal na busca por tratamento. Desde então, os executivos no topo da hierarquia empresarial, e membros do conselho de administração, venderam quase 700 milhões de dólares em acções. O CEO, Leonard Schleifer, ganhou num dia apenas 178 milhões de dólares no passado mês de Maio.

Em todo o mundo, estão a ser investigadas e desenvolvidas mais de 150 vacinas contra o novo tipo de coronavírus, com duas dúzias já a ser testadas em humanos. O objectivo de encontrar uma forma que garanta a segurança e saúde de milhares de milhões de pessoas afectadas pela pandemia é todos os dias minado pela ganância de poucos, em detrimento de muitos.

27 Jul 2020

Bolsa de Nova Iorque mista com Pequim a propor nova reunião com Washington

[dropcap]A[/dropcap] bolsa de Nova Iorque esteve ontem a negociar mista, depois de a China ter dito que quer voltar a encontrar-se com os negociadores norte-americanos, em 28 de novembro, dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Pelas 14:50 em Lisboa, o índice Dow Jones Industrial recuava 0,17% para 27.776,22 pontos, enquanto o Standard & Poor’s subia 0,05% para 3.110,10 pontos. O índice tecnológico Nasdaq, por sua vez, caía 0,14% para 8.518,59 pontos.

A China convidou os negociadores dos Estados Unidos para se reunirem em Pequim, visando ultrapassar o impasse nas negociações entre os dois gigantes económicos, segundo disseram à agência informação financeira Bloomberg fontes próximas do processo.

As mesmas fontes referiram que o vice primeiro ministro da China, Liu He, e o responsável pelas negociações comerciais, alargou o convite ao representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, bem como ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para que estejam nesta nova ronda de negociações.

Os negociadores norte-americanos manifestaram disponibilidade para viajarem até Pequim, disseram as mesmas fontes, mas condicionaram a sua ida a uma declaração clara por parte da China que fará compromissos, nomeadamente, no domínio da proteção dos direitos de propriedade.

Se Donald Trump assinar a legislação que passou no Congresso norte-americano, em que os Estados Unidos manifestam apoio aos protestos em Hong Kong, este ato poderá por em causa as negociações do acordo comercial entre os dois gigantes económicos mundiais.

A influenciar a bolsa de Nova Iorque está hoje ainda, segundo os analistas, está também o facto de a OCDE ter descido ligeiramente a previsão de crescimento da economia mundial para 2,9% em 2020, mantendo, no entanto, a anterior previsão para o ritmo da expansão este ano, e ter alertado que a crise económica está a “entrincheirar-se”.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje (‘Economic Outlook’), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipa que a economia mundial cresça 2,9% este ano, a mesma previsão constante nas Perspectivas Económicas Intercalares, divulgadas em setembro, e depois do crescimento de 3,5% registado em 2018.

Para 2020, a entidade desceu em uma décima, para 2,9%, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global.

22 Nov 2019

AL | Deputados vão acompanhar criação de bolsa de valores

A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa vai pedir ao Governo que faça uma apresentação do andamento dos trabalhos para a criação de uma bolsa em Macau

 
[dropcap]A[/dropcap] criação de um bolsa de valores vai ser um dos assuntos que os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas vão focar na legislatura de 2019/2020. O tratamento da matéria como prioritária foi avançado ontem pelo presidente desta comissão da Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun.
“A pedido dos nossos colegas definimos que um dos assuntos que vai ser acompanhado é a criação de bolsa de valores. As informações que temos sobre o projecto são as veiculadas pelos órgãos de comunicação social, portanto gostávamos de acompanhar os assuntos, para saber qual é o ponto da situação”, admitiu Mak Soi Kun.
Por este motivo, os deputados da comissão vão convidar o Executivo a ir à Assembleia Legislativa para se debater este projecto, que de acordo com a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), ainda está em fase de estudo.
“Brevemente vamos convidar os representantes do Governo para nos darem uma apresentação sobre a criação da bolsa, e para sabermos qual vai ser o montante investido e os efeitos esperados para a sociedade de Macau”, foi revelado.
Ainda de acordo com o presidente da comissão, os deputados definiram a necessidade de se continuar a acompanhar a execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), assim como o fundo de investigação Cantão Macau e a dotação indirecta de 2,4 por cento das receitas do jogo para promoção do turismo.
“O valor de 2,4 por cento é muito avultado e gostávamos de saber quais os efeitos que têm sido gerados na promoção do turismo e no desenvolvimento social e cultural. Com este acompanhamento vamos fiscalizar o uso do erário público”, defendeu Mak Soi Kun.

Sem alterações

A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas reuniu ontem pela primeira na legislatura 2019/2020. De acordo com Mak Mak Soi Kun, o presidente perguntou aos membros presentes se desejavam alterar o funcionamento da comissão face a 2018/2019.
Segundo o deputado, que foi questionado sobre uma eventual abertura dos trabalhos da comissão ao público, todos os deputados presentes concordaram em manter as coisas como funcionaram até aqui.
Entre os deputados presentes esteve Ng Kuok Cheong, pró-democrata que no passado esteve ligado à Associação Novo Macau.
Contudo, em declarações à Rádio Macau, o pró-democrata negou que a abertura das reuniões tivesse sido mencionada, e disse que apenas se falou de formalidades, como a elaboração dos relatórios.

22 Out 2019

AL | Deputados vão acompanhar criação de bolsa de valores

A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa vai pedir ao Governo que faça uma apresentação do andamento dos trabalhos para a criação de uma bolsa em Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] criação de um bolsa de valores vai ser um dos assuntos que os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas vão focar na legislatura de 2019/2020. O tratamento da matéria como prioritária foi avançado ontem pelo presidente desta comissão da Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun.

“A pedido dos nossos colegas definimos que um dos assuntos que vai ser acompanhado é a criação de bolsa de valores. As informações que temos sobre o projecto são as veiculadas pelos órgãos de comunicação social, portanto gostávamos de acompanhar os assuntos, para saber qual é o ponto da situação”, admitiu Mak Soi Kun.

Por este motivo, os deputados da comissão vão convidar o Executivo a ir à Assembleia Legislativa para se debater este projecto, que de acordo com a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), ainda está em fase de estudo.

“Brevemente vamos convidar os representantes do Governo para nos darem uma apresentação sobre a criação da bolsa, e para sabermos qual vai ser o montante investido e os efeitos esperados para a sociedade de Macau”, foi revelado.

Ainda de acordo com o presidente da comissão, os deputados definiram a necessidade de se continuar a acompanhar a execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), assim como o fundo de investigação Cantão Macau e a dotação indirecta de 2,4 por cento das receitas do jogo para promoção do turismo.

“O valor de 2,4 por cento é muito avultado e gostávamos de saber quais os efeitos que têm sido gerados na promoção do turismo e no desenvolvimento social e cultural. Com este acompanhamento vamos fiscalizar o uso do erário público”, defendeu Mak Soi Kun.

Sem alterações

A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas reuniu ontem pela primeira na legislatura 2019/2020. De acordo com Mak Mak Soi Kun, o presidente perguntou aos membros presentes se desejavam alterar o funcionamento da comissão face a 2018/2019.

Segundo o deputado, que foi questionado sobre uma eventual abertura dos trabalhos da comissão ao público, todos os deputados presentes concordaram em manter as coisas como funcionaram até aqui.

Entre os deputados presentes esteve Ng Kuok Cheong, pró-democrata que no passado esteve ligado à Associação Novo Macau.

Contudo, em declarações à Rádio Macau, o pró-democrata negou que a abertura das reuniões tivesse sido mencionada, e disse que apenas se falou de formalidades, como a elaboração dos relatórios.

22 Out 2019

Bolsa de valores | Mercado internacional em estudo

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças disse ontem que a viabilidade de estabelecer uma bolsa de valores em Macau depende de estudos sobre o mercado internacional, questões jurídicas, formação de quadros e fiscalização.
Lionel Leong afirmou que, além de ser apreciada a realidade local, é preciso “estudar o mercado internacional”, bem como avaliar questões que vão desde o enquadramento jurídico e a formação de quadros, até à respectiva fiscalização da actividade.
Em declarações feitas à margem da inauguração da Feira Internacional de Macau e da Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa, o governante deu como exemplo a recente visita a Portugal, durante a qual foram observadas “entidades congéneres”, para se perceber “o que fazem e o tipo de apoio que podem dar”. Elementos que, considerou, vão contribuir para se tomar uma decisão ponderada sobre a criação de um mercado bolsista no território.

18 Out 2019

Bolsa de valores | Mercado internacional em estudo

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças disse ontem que a viabilidade de estabelecer uma bolsa de valores em Macau depende de estudos sobre o mercado internacional, questões jurídicas, formação de quadros e fiscalização.

Lionel Leong afirmou que, além de ser apreciada a realidade local, é preciso “estudar o mercado internacional”, bem como avaliar questões que vão desde o enquadramento jurídico e a formação de quadros, até à respectiva fiscalização da actividade.

Em declarações feitas à margem da inauguração da Feira Internacional de Macau e da Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa, o governante deu como exemplo a recente visita a Portugal, durante a qual foram observadas “entidades congéneres”, para se perceber “o que fazem e o tipo de apoio que podem dar”. Elementos que, considerou, vão contribuir para se tomar uma decisão ponderada sobre a criação de um mercado bolsista no território.

18 Out 2019

Bolsa de Valores em Macau | Analistas alertam para problemas estruturais das empresas

As autoridades de Macau desejam abrir uma bolsa de valores no território, mas analistas e economistas acreditam que não só as empresas não possuem a contabilidade organizada como faltam estruturas complementares e um quadro legal de suporte

 
[dropcap]A[/dropcap] Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) demonstrou esta semana ter receios quanto à viabilidade de uma bolsa de valores no território, e as preocupações não são para menos. De acordo com dois economistas ouvidos pelo HM, e vários analistas ouvidos pelo South China Morning Post, Macau não tem dimensão ou estrutura suficiente para operar este tipo de entidade.
Albano Martins, economista, disse ao HM que este é um assunto antigo, que nunca ganhou outros contornos porque o mercado financeiro de Macau não mudou. “Estive no gabinete de estudos da AMCM e durante muitos anos esse assunto foi debatido. Macau não tem condições do ponto de vista financeiro para ter bolsa de valores, porque cerca de 90 por cento das empresas não tem contabilidade organizada.”
“Em termos fiscais, Macau é um bom sítio porque os impostos são baixos, mas não sei qual é a vantagem para o território em si. Porquê Macau e não uma outra cidade da China”, questionou Albano Martins, que alertou para as diferenças em termos de documentação legal.
Outro economista, José Pãosinho, também acredita que “não faz sentido” a existência de uma bolsa de valores em Macau “pela estrutura das empresas existentes e as regulamentações”. Além da ausência de uma contabilidade organizada, o economista aponta que uma bolsa de valores “seria mau para a imagem de Macau, pois poderia tornar-se no centro de colocação de tudo o que fosse rejeitado em Hong Kong”.
“Oiço esse tema desde 1988, quando cheguei ao território. Macau não tem dimensão suficiente, em termos de liquidez, para ter uma bolsa de valores, a não ser que fossem só os estrangeiros a recorrer a ela. Além disso, faltariam quadros técnicos.”
De acordo com a edição de ontem do South China Morning Post (SCMP), a ideia seria abrir uma bolsa de valores do tipo Nasdaq que operaria em yuan, em regime offshore, e que teria como foco principal as empresas do ramo tecnológico que operam na zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
“Isso só seria viável se Macau fosse um sítio, e mais nada. Do ponto de vista das operações das empresas de Macau não vejo nada de especial. E porquê uma bolsa de tecnologia em Macau quando em Hong Kong as estruturas existem todas?”, questionou José Pãosinho.

Diferenças abissais

Há muito um mercado financeiro regulamentado e solidificado, Hong Kong tem actualmente 164 bancos licenciados, 70 deles com enorme presença internacional, como é o caso da Goldman Sachs, JP Morgan Chase ou Morgan Stanley, entre outros, sem esquecer as 600 empresas correctoras.
Na China, as cidades de Shenzen e Xangai há muito que desempenham um importante papel como praças financeiras. Ouvido pelo SCMP, Kenny Ng, consultor para a área de segurança da empresa Everbright Sun Hung Kai, que opera na área financeira, acredita que uma bolsa de valores em Macau poderia entrar em choque com o projecto já existente em Shenzen.
“Se a bolsa de valores de Macau se posicionar num mercado de estilo Nasdaq, vai sobrepor-se ao ChiNext e ao mercado de pequenas e médias empresas da bolsa de valores de Shenzen.”
Clement Chan, director-geral de contas da consultora BDO, felicita o Governo de Macau por esta iniciativa, mas alerta para o facto de “uma operacionalização significativa de uma bolsa de valores necessitar de ser suportada por vários desenvolvimentos complementares na área legal, contabilística e financeira, só para nomear alguns”. Nesse sentido, “Macau tem um longo caminho a percorrer para estabelecer o essencial”.
O facto de se propor uma bolsa de valores em yuan constitui outro obstáculo, defende Kenny Ng, pelo facto de ser uma moeda ainda pouco transaccionada por investidores internacionais, o que traria um impacto negativo ao projecto. No final de Agosto, Macau tinha depósitos em yuan, em regime offshore, na ordem dos 51.12 mil milhões, um valor que representa apenas sete por cento do montante registado em Hong Kong, na ordem dos 664 mil milhões de yuan. “Se os depósitos em yuan feitos em Macau fossem cambiados para dólares de Hong Kong, seriam suficientes para cobrir apenas metade de um dia de transacções na bolsa de valores de Hong Kong, que atingiu a média de 107.4 mil milhões de dólares, num só dia, em 2018”, lê-se no SCMP.

Angela Leong expectante

A deputada Angela Leong disse ao Jornal do Cidadão que está expectante face à possibilidade de vir a ser criada uma bolsa de valores em Macau a operar em renmimbi. A empresária, ligada à Sociedade de Jogos de Macau, espera que as autoridades do território possam desenvolver medidas que se articulem com as políticas nacionais, aproveitando o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa e o seu lugar no projecto da Grande Baía.

16 Out 2019

Bolsa de Valores em Macau | Analistas alertam para problemas estruturais das empresas

As autoridades de Macau desejam abrir uma bolsa de valores no território, mas analistas e economistas acreditam que não só as empresas não possuem a contabilidade organizada como faltam estruturas complementares e um quadro legal de suporte

 

[dropcap]A[/dropcap] Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) demonstrou esta semana ter receios quanto à viabilidade de uma bolsa de valores no território, e as preocupações não são para menos. De acordo com dois economistas ouvidos pelo HM, e vários analistas ouvidos pelo South China Morning Post, Macau não tem dimensão ou estrutura suficiente para operar este tipo de entidade.

Albano Martins, economista, disse ao HM que este é um assunto antigo, que nunca ganhou outros contornos porque o mercado financeiro de Macau não mudou. “Estive no gabinete de estudos da AMCM e durante muitos anos esse assunto foi debatido. Macau não tem condições do ponto de vista financeiro para ter bolsa de valores, porque cerca de 90 por cento das empresas não tem contabilidade organizada.”

“Em termos fiscais, Macau é um bom sítio porque os impostos são baixos, mas não sei qual é a vantagem para o território em si. Porquê Macau e não uma outra cidade da China”, questionou Albano Martins, que alertou para as diferenças em termos de documentação legal.

Outro economista, José Pãosinho, também acredita que “não faz sentido” a existência de uma bolsa de valores em Macau “pela estrutura das empresas existentes e as regulamentações”. Além da ausência de uma contabilidade organizada, o economista aponta que uma bolsa de valores “seria mau para a imagem de Macau, pois poderia tornar-se no centro de colocação de tudo o que fosse rejeitado em Hong Kong”.

“Oiço esse tema desde 1988, quando cheguei ao território. Macau não tem dimensão suficiente, em termos de liquidez, para ter uma bolsa de valores, a não ser que fossem só os estrangeiros a recorrer a ela. Além disso, faltariam quadros técnicos.”

De acordo com a edição de ontem do South China Morning Post (SCMP), a ideia seria abrir uma bolsa de valores do tipo Nasdaq que operaria em yuan, em regime offshore, e que teria como foco principal as empresas do ramo tecnológico que operam na zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

“Isso só seria viável se Macau fosse um sítio, e mais nada. Do ponto de vista das operações das empresas de Macau não vejo nada de especial. E porquê uma bolsa de tecnologia em Macau quando em Hong Kong as estruturas existem todas?”, questionou José Pãosinho.

Diferenças abissais

Há muito um mercado financeiro regulamentado e solidificado, Hong Kong tem actualmente 164 bancos licenciados, 70 deles com enorme presença internacional, como é o caso da Goldman Sachs, JP Morgan Chase ou Morgan Stanley, entre outros, sem esquecer as 600 empresas correctoras.

Na China, as cidades de Shenzen e Xangai há muito que desempenham um importante papel como praças financeiras. Ouvido pelo SCMP, Kenny Ng, consultor para a área de segurança da empresa Everbright Sun Hung Kai, que opera na área financeira, acredita que uma bolsa de valores em Macau poderia entrar em choque com o projecto já existente em Shenzen.

“Se a bolsa de valores de Macau se posicionar num mercado de estilo Nasdaq, vai sobrepor-se ao ChiNext e ao mercado de pequenas e médias empresas da bolsa de valores de Shenzen.”
Clement Chan, director-geral de contas da consultora BDO, felicita o Governo de Macau por esta iniciativa, mas alerta para o facto de “uma operacionalização significativa de uma bolsa de valores necessitar de ser suportada por vários desenvolvimentos complementares na área legal, contabilística e financeira, só para nomear alguns”. Nesse sentido, “Macau tem um longo caminho a percorrer para estabelecer o essencial”.

O facto de se propor uma bolsa de valores em yuan constitui outro obstáculo, defende Kenny Ng, pelo facto de ser uma moeda ainda pouco transaccionada por investidores internacionais, o que traria um impacto negativo ao projecto. No final de Agosto, Macau tinha depósitos em yuan, em regime offshore, na ordem dos 51.12 mil milhões, um valor que representa apenas sete por cento do montante registado em Hong Kong, na ordem dos 664 mil milhões de yuan. “Se os depósitos em yuan feitos em Macau fossem cambiados para dólares de Hong Kong, seriam suficientes para cobrir apenas metade de um dia de transacções na bolsa de valores de Hong Kong, que atingiu a média de 107.4 mil milhões de dólares, num só dia, em 2018”, lê-se no SCMP.

Angela Leong expectante

A deputada Angela Leong disse ao Jornal do Cidadão que está expectante face à possibilidade de vir a ser criada uma bolsa de valores em Macau a operar em renmimbi. A empresária, ligada à Sociedade de Jogos de Macau, espera que as autoridades do território possam desenvolver medidas que se articulem com as políticas nacionais, aproveitando o papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa e o seu lugar no projecto da Grande Baía.

16 Out 2019