Banco Mundial | Economias asiáticas em desenvolvimento devem crescer 4,6%

A recuperação do comércio vai permitir que os países em desenvolvimento da Ásia -Pacífico, excepto a China, cresçam 4,6 por cento este ano, afirmou ontem o Banco Mundial num relatório económico

 

O Banco Mundial divulgou ontem um relatório económico que aponta para um crescimento económico de 4,6 por cento em 2024 nos países em desenvolvimento na região da Ásia -Pacífico. A Ásia em desenvolvimento inclui China, Mongólia, Timor-Leste e os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático. Embora as exportações regionais de bens tenham começado a recuperar no segundo semestre de 2023, a região da Ásia em desenvolvimento pode estar exposta a políticas de distorção do comércio nos principais mercados de destino, como os Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul, alertou o relatório.

Estas políticas podem acabar por favorecer as empresas daqueles países, em detrimento das suas congéneres asiáticas. Quase 3.000 dessas políticas entraram em vigor em 2023, três vezes o número de 2019, de acordo com o banco. Face ao enfraquecimento do sector imobiliário e do consumo interno na China, as tentativas de reequilibrar o investimento de infraestrutura e imobiliário para o sector transformador avançado podem criar um desequilíbrio entre a capacidade de produção e a procura dentro e fora da China, alertou o banco.

Os sinais de excesso de oferta, sobretudo no sector dos veículos eléctricos, começaram a alastrar a países vizinhos como a Tailândia. “Poderemos assistir ao mesmo fenómeno da queda dos preços dos painéis solares”, afirmou Aaditya Mattoo, economista-chefe do Banco Mundial para a região Ásia -Pacífico. “Certamente que estas exportações subsidiadas vão enfrentar a competição. A capacidade do mundo para absorver um choque da China é menor do que no passado”, disse.

“Ironicamente, os subsídios industriais para a produção ecológica são a forma mais próxima de compensar outros países em desenvolvimento por emissões para as quais não contribuíram”, acrescentou Mattoo.

Doutrina do choque

Com menos turistas chineses do que o esperado, as chegadas de estrangeiros às economias asiáticas dependentes do turismo atingiram um patamar abaixo dos níveis anteriores à pandemia. O crescimento da produção industrial da Ásia em desenvolvimento deve diminuir meio ponto percentual se os EUA registarem um ressurgimento inesperado da inflação e taxas de juro mais elevadas. Os choques macroeconómicos na China podem provocar um declínio de 0,3 por cento.

O relatório advertiu que cada aumento de 10 pontos percentuais no rácio da dívida privada em relação ao PIB produziria um declínio de 1,1 por cento no investimento. A dívida das empresas na China e no Vietname aumentou para mais de 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2010. O investimento privado em percentagem do PIB continua a ser inferior ao nível anterior à pandemia, uma situação recentemente remediada pelo investimento público, que foi mais elevado nos últimos dois anos no Vietname e nas Filipinas, mas mais baixo na China, Malásia e Tailândia.

Com o enfraquecimento do investimento privado, o crescimento vai ter de ser impulsionado pela produtividade. Mas o banco concluiu que a concorrência e a inovação das empresas privadas são prejudicadas pela protecção e por competências inadequadas. A eliminação dos obstáculos à concorrência, a melhoria das infraestruturas e a reforma do ensino permitiriam colmatar o fosso crescente de produtividade entre as empresas privadas na Ásia e os concorrentes não regionais, recomendou o Banco Mundial.

2 Abr 2024

Banco Mundial | China passa para factor de desaceleração económica na Ásia

A política de zero-casos levada a cabo no país e a fragilidade do sector imobiliário continuam a travar o crescimento económico chinês

 

A economia chinesa deverá crescer este ano 2,8 por cento, abaixo da média de 5,3 por cento dos países da Ásia – Pacífico, estimou ontem o Banco Mundial, à medida que a política ‘zero covid’ trava décadas de trepidante crescimento da China.

Num relatório, o Banco Mundial (BM) reviu em baixa a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de “entre 4 por cento e 5 por cento” para 2,8 por cento.

Devido à desaceleração da economia do país, a entidade reduziu também as previsões de crescimento para a região da Ásia – Pacífico, para 3,2 por cento. Porém, excluindo a China (o relatório inclui Leste Asiático, Sudeste Asiático e as ilhas do Pacífico), a região deve crescer 5,3 por cento.

Os principais indicadores económicos da China apontavam para um bom ano. Em Março passado, as autoridades estabeleceram uma meta de crescimento de 5,5 por cento para 2022, acima das expectativas de muitos analistas.
Mas, no segundo trimestre, o isolamento de Xangai, a “capital” financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, tiveram forte impacto nos sectores serviços, manufactureiro e logístico.

O exemplo mais destacado é a evolução do PIB chinês, que passou de um crescimento homólogo de 4,8 por cento, no primeiro trimestre, para apenas 0,4 por cento, no segundo. A comparação trimestral revelou uma contração de 2,6 por cento.

Outros indicadores de grande importância para a economia chinesa também foram afectados, como o que mede a produção industrial (-2,9 por cento), ou actividade da indústria manufactureira, que sofreu contrações em cinco dos últimos seis meses.

Outro factor citado pelo relatório do Banco Mundial, é a “fraqueza” do sector imobiliário, cada vez mais asfixiado desde 2020 devido às limitações impostas por Pequim a muitas construtoras no acesso ao crédito.

Segundo dados da consultora CRIC, as vendas das 100 principais imobiliárias do país caíram 32,9 por cento, em termos homólogos, em Agosto. A agência de ‘rating’ Moody’s prevê que a procura continue a cair ao longo dos próximos 12 meses.

Em alta

O abrandamento da economia chinesa gerou novos protagonistas na região, como o Vietname, que deverá crescer 7,2 por cento em 2022, segundo o Banco Mundial. A Indonésia surge também em destaque, com o PIB a subir 5,1 por cento.

“A maior fonte de crescimento na região foi o levantamento das restrições impostas para combater a pandemia da covid-19”, disse Aaditaya Mattoo, economista-chefe do Banco Mundial para o Leste Asiático e o Pacífico, no relatório.

A variante Ómicron da covid-19 obrigou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, apesar dos crescentes custos económicos e sociais.

28 Set 2022

Ucrânia | Banco Mundial prevê desaceleração nas economias da região Ásia-Pacífico

O Banco Mundial cortou hoje a sua previsão de crescimento económico para a região da Ásia-Pacífico, incluindo a China – motor de crescimento da região -, face à invasão da Ucrânia e outras adversidades.

No relatório “Atualização Económica da Ásia-Pacífico na Primavera de 2022”, o banco internacional, com sede em Washington, estimou que o crescimento da região, em 2022, vai atingir 5%, abaixo da previsão de 5,4% divulgada em outubro passado.

No pior cenário, o Banco Mundial prevê que o crescimento desacelere para 4%. A economia da China deve crescer 5% este ano, abaixo da estimativa anterior de 5,4%, disse o Banco Mundial.

A atualização reflete o impacto na região da invasão da Ucrânia pela Rússia, especialmente para países que importam produtos energéticos.

O aumento dos preços do petróleo e do gás e outras matérias–primas pesam no poder de compra das famílias e sobrecarregam as empresas e governos, que enfrentam já níveis de endividamento excepcionalmente altos, devido à pandemia, segundo o relatório.

A revisão também levou em consideração o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e a desaceleração do crescimento na China.

A economia já em desaceleração do país asiático pode vacilar, à medida que novos surtos de covid-19 levaram a medidas de confinamento, como as que estão em vigor em Xangai, a ‘capital’ financeira do país.

“Esses choques provavelmente ampliarão as dificuldades existentes pós–covid-19”, disse o relatório. Os oito milhões de famílias cujos membros voltaram à pobreza durante a pandemia “vão ver os seus rendimentos reais encolher ainda mais à medida que os preços sobem”.

Choques contínuos nas cadeias de fornecimento continuam a prejudicar os fabricantes e a causar inflação, disse o Banco Mundial.

“Numa altura em que as economias da região Ásia-Pacífico estavam a recuperar do choque induzido pela pandemia, a guerra na Ucrânia está a pesar no impulso do crescimento”, disse Manuela Ferro, vice-presidente do Banco Mundial para o Leste da Ásia e Pacífico.

“Os fundamentos sólidos e as políticas sólidas da região devem ajudar a enfrentar essas tempestades”, ressalvou a portuguesa.

5 Abr 2022

Banco Mundial eleva perspectiva de crescimento económico da China para 8,5%

O Banco Mundial elevou hoje a previsão de crescimento da economia chinesa este ano, de 8,1% para 8,5% e disse que uma recuperação total requer progresso na vacinação contra o novo coronavírus.

O relatório constitui outro sinal positivo para a segunda maior economia do mundo e a primeira grande economia a recuperar da pandemia da covid-19.

A atividade nas fábricas e o consumo interno voltaram a fixar-se acima dos níveis anteriores à pandemia da covid-19, embora as autoridades chinesas tenham voltado a restringir viagens em algumas áreas, para conter pequenos surtos de novas variantes do vírus.

O crescimento económico deve cair para 5,4%, no próximo ano, à medida que a recuperação da histórica recessão global do ano passado abranda e a atividade económica regressa ao normal, disse o Banco Mundial.

Em abril, o Banco Mundial referiu que a China e o Vietname foram as únicas economias do Leste Asiático a alcançar uma recuperação “em forma de V”, em 2020, com resultados acima dos níveis pré-pandemia.

A China está a caminho de vacinar 40% da população, até ao início do verão, mas “uma recuperação completa também exigirá progresso contínuo para alcançar uma imunização generalizada”, disse o Banco Mundial.

29 Jun 2021

Banco Mundial | Economia chinesa deverá crescer 7,9 por cento este ano, diz relatório 

Um relatório do Banco Mundial com as previsões económicas para este ano, divulgado terça-feira, dá conta de um crescimento da economia chinesa na ordem dos 7,9 por cento este ano, quase o dobro da previsão feita a nível mundial. A recuperação económica do país “tem sido sólida, mas irregular”. O consumo interno poderá ser a saída para a crise

 

Foi o país onde se registaram os primeiros casos do novo coronavírus, mas foi também dos primeiros a recuperar de uma profunda crise económica. Prova disso são as projecções feitas pelo Banco Mundial para a economia chinesa este ano, divulgadas na terça-feira no relatório “2021 Global Economic Prospects”.

O documento dá conta de que a economia chinesa deverá crescer 7,9 por cento este ano, quase o dobro do crescimento global económico previsto que é de 4 por cento.
No entanto, o crescimento chinês continua a estar “abaixo das projecções prévias devido a uma procura mais reprimida”.

“Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) regresse aos níveis pré-pandemia em 2021, deverá continuar a estar dois por cento abaixo das projecções feitas para 2022, [dada] a acentuada crise com origem em vulnerabilidade e desequilíbrios anteriores”, lê-se.

O relatório do Banco Mundial dá ainda conta de que no ano que agora terminou o crescimento económico da China desacelerou em dois por cento, o valor “mais baixo desde 1976 mas acima das projecções prévias, o que ajudou a um controlo efectivo da pandemia e do estímulo ao investimento público”. No país, “a recuperação tem sido sólida mas irregular, com os serviços de consumo a ficarem atrás da produção industrial”.

A China parece ser, assim, a excepção à regra, numa altura em que a covid-19 não dá sinais de abrandar na maior parte dos países, tal como em mercados mundiais importantes como a zona Euro ou os EUA. “Apesar de se prever um crescimento das economias em desenvolvimento na ordem dos cinco por cento em 2021 e um valor moderado de 4,2 por cento em 2022, a melhoria vai reflectir-se largamente na expectável recuperação da China.”

“Recuperação robusta”

O Banco Mundial denota que “a actividade da economia global, que começou a sua recuperação em meados de 2020, foi moderada”. “A queda do investimento global o ano passado foi acentuada, em particular nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, com a exclusão da China”, acrescenta. Desta forma, “a recessão global de 2020 foi, de certa forma, menos elevada do que o esperado devido a contracções menos profundas nas economias desenvolvidas e uma recuperação robusta na China, enquanto que a maior parte das economias em desenvolvimento registaram recessões profundas”.

O relatório prevê ainda que as economias desenvolvidas possam ter um crescimento de 3,3 por cento este ano e de 3,5 por cento em 2022, “tendo como pano de fundo a contenção da pandemia com a ajuda da vacinação em massa e uma política monetária sustentável”, além de outras políticas de benefícios fiscais.

No próximo ano, o Banco Mundial prevê que o crescimento económico global seja “moderado”, na ordem dos 3,8 por cento, um valor “avaliado em baixa devido aos danos causados pela pandemia a um potencial crescimento”. “Em particular, o impacto da pandemia no investimento e no capital humano deverá eliminar projecções de crescimento nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, atrasando objectivos de desenvolvimento estabelecidos”, acrescenta o relatório.

Consumo é o caminho

Citado pelo jornal China Daily, Ning Jizhe, vice-ministro da Comissão do Desenvolvimento Nacional e da Reforma do Governo chinês, disse que o país vai manter uma política fiscal pró-activa e uma política monetária prudente, além de se apostar numa estabilização da economia a um nível “razoável” este ano, apesar das incertezas do ambiente externo.

O optimismo económico impera também num artigo de análise publicado pela agência noticiosa Xinhua esta terça-feira, intitulado “Novas tendências a observar para a economia chinesa em 2021”. É referido que o “consumo pode emergir como uma chave para o crescimento da economia em 2021 devido à recuperação do mercado laboral, a recuperação da confiança no consumo e uma maior política de apoio”.

A Xinhua escreve que foram criados 10,99 milhões de novos empregos nas cidades nos primeiros 11 meses do ano passado, esperando-se a continuação da tendência este ano. A agência cita um relatório do banco de investimentos Morgan Stanley que refere que o mercado laboral “pode regressar aos níveis pré-pandemia com mais empregos disponíveis nos segmentos de serviços, o que vai contribuir para a recuperação do consumo privado”.

Os analistas do Morgan Stanley prevêem também que o consumo privado cresça 12,4 por cento este ano, desempenhando um papel mais importante do que as exportações e o investimento em infra-estruturas. “Além disso, o papel do consumo está a fomentar a economia chinesa e espera-se que surjam mudanças estruturais em 2021 e nos anos seguintes”, pode ler-se.

Citado pela Xinhua, Gao Ting, director de investigação e chefe de estratégia na consultora Nomura Orient International Securities, disse que a área de serviços tem muito espaço de recuperação este ano, sobretudo ao nível do turismo, entretenimento e educação.

“Mesmo de uma perspectiva de longo prazo, a percentagem do consumo no PIB tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Penso que esta tendência vai continuar”. A ideia é que os consumidores chineses gastem mais em serviços e produtos.

O mesmo artigo da Xinhua dá conta de que a China “irá manter as suas políticas macroeconómicas consistentes, estáveis e sustentáveis em 2021”. Além disso, “numa altura em que a cooperação e a coordenação são mais importantes do que nunca, espera-se que a China continue a abrir-se ao mundo e a garantir um sistema de comércio multilateral”.

Ainda em relação às previsões do Banco Mundial, faz-se ainda uma análise em baixa caso a pandemia continue a propagar-se, embora a China continue a registar um cenário económico satisfatório.

“Num cenário em baixa, novos casos de covid-19 podem manter-se altos de forma persistente em vários lugares do mundo e o processo de vacinação mais lento devido a impedimentos logísticos, o que causa uma relutância em relação à imunização. Nestas circunstâncias, o crescimento económico global deverá ser moderado, com uma recuperação de apenas 1,6 por cento em 2021 e 2,5 por cento em 2022.”

O Banco Mundial defende ainda que as economias desenvolvidas podem expandir-se, neste cenário, 0,6 por cento, enquanto que as economias em desenvolvimento deverão crescer apenas 1,6 por cento, “à exclusão da China”.

11 Jan 2021

Economia | Banco Mundial prevê crescimento chinês, em contraciclo global

O Banco Mundial perspectiva o crescimento de 1,6 por cento do PIB chinês este ano, número que contrasta com a recessão global provocada pela contracção de 5,2 do PIB mundial. O resultado coloca Pequim na singular posição de ser a única potência a crescer. Nesse contexto, o Banco Mundial apelou ao perdão da dívida a países pobres e fortemente afectados pela pandemia

 

[dropcap]E[/dropcap]nquanto a economia global está ligada ao ventilador, paralisada pelo bloqueio imposto pela pandemia da covid-19, o Produto Interno Bruto chinês poderá crescer este ano a um ritmo de 1,6 por cento. Esta é a estimativa do Banco Mundial, que quantifica a hecatombe da economia global no recuo de 5,2 por cento do PIB global.

O organismo presidido por David Malpass destaca entre as razões para a boa performance chinesa, no contexto global de paralisia, a resposta rápida à pandemia, incluindo a imposição apertada de confinamento e medidas de controlo e despistagem de contactos de pessoas possivelmente infectadas.

Além das medidas de saúde pública, Pequim alocou centenas de milhões de de dólares em projectos de infra-estruturas, assim como subsídios individuais para estimular o consumo.

Os resultados foram visíveis durante a Semana Dourada, com o sector do turismo a dar sinais de vida e o aumento do consumo a fazer-se sentir.

Segundo números avançados pela CNN Business, a economia chinesa pode passar a valer 14,6 biliões de dólares até ao final de 2020, o que equivale a cerca de 17,5 por cento do PIB mundial.

Boom dourado

Os sinais positivos na economia chinesa foram evidentes durante a Semana Dourada, quando foram registados resultados ligeiramente abaixo dos de 2019, o que ainda assim foi visto pelos analistas do Banco Mundial como boas notícias.

Mais de 630 milhões de pessoas viajaram pela China durante a Semana Dourada, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Cultura e Turismo. O volume de viagens atingiu quase 80 por cento das realizadas durante o mesmo período no ano passado.

No que diz respeito a gastos, durante a Semana Dourada os turistas desembolsaram cerca de 70 por cento do que gastaram no ano passado, atingindo 70 mil milhões de dólares.

Outro indicador da saúde económica durante a pandemia é a participação em actividades em grupo, como por exemplo, idas ao cinema. Durante o último período da Semana Dourada a venda de bilhetes de cinema ultrapassou os 580 milhões de dólares, um volume de negócio 12 por cento inferior ao registado no mesmo período de 2019.

O economista chefe do Macquarie Group, Larry Hu, categoriza os números da Semana Dourada como “encorajadores”. Citado pela CNN Business, o especialista afirma que todos os indicadores apontam para “o regresso do consumo à normalidade na China, em especial o consumo de serviços que está em franca recuperação”, acrescentando que os resultados podem ter sido influenciados pela procura contida durante muito tempo, e que agora conseguiu concretizar-se.

Fábricas a laborar

Antes da Semana Dourada, a economia chinesa já dava sinais de estar a ganhar dinamismo.
A actividade manufatureira da China subiu em Agosto, prolongando a tendência crescente pelo sexto mês consecutivo, depois da forte queda causada pelas medidas adoptadas para travar a pandemia da covid-19.

O índice mensal dos gestores de compras da China (PMI, na sigla em inglês), divulgado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas, fixou-se nos 51 pontos, depois de se ter fixado nos 51,1 pontos, em Julho. O número é 0,1 pontos inferiores ao alcançado no mês anterior e um pouco menor do que o esperado pelos analistas, que previam 51,2 pontos para Agosto.

Neste índice, uma leitura acima dos 50 pontos indica crescimento da actividade do sector, enquanto uma leitura abaixo indica contração.

Os dados confirmam a recuperação do sector, depois de forte quebra em Fevereiro, quando o PMI registou 35,7 pontos, devido às medidas adoptadas para travar a propagação do novo coronavírus, e que incluiu o encerramento de fábricas e estabelecimentos comerciais e ainda restrições na movimentação de centenas de milhões de pessoas.

O especialista em estatística GNE Zhao Qinghe disse em comunicado que “a procura continua a recuperar e o ciclo de oferta e procura está a melhorar gradualmente”.

No entanto, observou que “algumas (pequenas) empresas no centro do país, incluindo no município de Chongqing e na província de Sichuan, e em outros lugares, relataram que, devido ao impacto de fortes chuvas e inundações, o fornecimento de matérias-primas atrasou-se e as encomendas e a produção caíram”.

Segundo analistas da consultora britânica Capital Economics, os dados de Agosto mostram “um sector de serviços mais forte, que compensou a pequena perda de ímpeto nos sectores manufactureiro e da construção”. “Uma recuperação liderada pelo investimento vai acabar por incentivar o consumo e os gastos das famílias, colocando assim a recuperação económica no caminho certo”, lê-se na mesma nota.

Vigor na carteira

Outro sinal positivo é a recuperação do consumo, principalmente tendo em conta os alertas de economistas para a forte dependência de gastos públicos, nomeadamente em projectos de infra-estruturas. O mesmo aconteceu com o investimento estrangeiro, em particular vindo dos Estados Unidos, apesar do contexto de guerra comercial. Na primeira metade do ano, o investimento norte-americano na China cresceu 6 por cento, de acordo com dados oficiais.

Louis Kuijs, economista da Oxford Economics, citado pela CNN Business, destacou que “apesar das tensões entre China e Estados Unidos se terem agravado, muitas multinacionais predominantemente norte-americanas escolheram relacionar-se com a China”. O economista sublinha em especial a importância das barreiras levantadas por Pequim para investir no sector financeiro.

Porém, nem todas as carteiras estão recheadas e quem já era mais desfavorecido antes da pandemia foi quem mais sofreu com a influência económica da covid-19.

De acordo com dados do Governo Central, o salário médio dos trabalhadores rurais ou migrantes caiu quando 7 por cento no secundo trimestre do ano. Centenas de milhões de pessoas estão nesta categoria, que tipicamente inclui trabalhadores da construção civil e operários fabris.

O maior impacto económico provocado pela pandemia foi sentido pelos agregados familiares que auferem menos de 7.350 dólares por ano.

“Isto sugere que a recente recuperação do consumo foi conquistada pelas classes mais ricas”, descreveu a Fitch Ratings.

Nós somos o mundo

Na semana passada, o Banco Mundial apelou aos países mais desenvolvidos, incluindo a China, para cancelarem as dívidas de países pobres e serem activos na ajuda contra os efeitos da pandemia.

O presidente do Banco Mundial, numa conferência online, acusou a China ser implacável na cobrança de dívidas e de não participar na iniciativa de suspensão de dívidas, em particular em países africanos.
Angola não foi exemplo, uma vez que no mês passado o Presidente Xi Jinping telefonou ao seu congénere João Lourenço a recordar o papel que o Export-Import Bank of China teve na candidatura a fundos de emergência financeira do Fundo Monetário Internacional e mostrou-se disponível para suspender dívida, de acordo os mecanismos do Banco Mundial.

13 Out 2020

Banco Mundial | Economia chinesa cresce 1,6% este ano e 7,9% em 2021

Apesar dos riscos inerentes ao desenvolvimento da crise pandémica e das tensões entre a China e os Estados Unidos, as previsões do Banco Mundial apontam para um crescimento económico no país em 2021 só ultrapassado pelos números de 2012

 

[dropcap]A[/dropcap] economia da China vai crescer 1,6 por cento este ano, a taxa mais baixa desde 1976, devido ao impacto da pandemia da covid-19, mas expandirá 7,9 por cento em 2021, segundo as projecções actualizadas do Banco Mundial (BM) ontem divulgadas.

Embora a previsão para 2020 represente a menor taxa de crescimento desde 1976, a expansão de 7,9 por cento em 2021 seria a maior desde 2012, depois de em 2011 a economia da China ter crescido 9,6 por cento.
A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto é medida em termos homólogos.

A previsão do Banco Mundial não difere muito das mais recentes estimativas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um avanço menor em 2020, de 1 por cento, mas maior para o ano seguinte, alcançando os 8,2 por cento.

O Banco Mundial considerou que as condições económicas “mudaram dramaticamente” desde o início da pandemia, visto que o impacto da covid-19 e as medidas adoptadas para conter o surto “provocaram um choque combinado na procura e na oferta”.

“Embora as restrições na oferta tenham diminuído, a fraca procura interna e externa continua a travar o ritmo da recuperação [económica], apesar das medidas adoptadas”, afirmou a agência.

O Banco Mundial advertiu que o crescimento dos rendimentos das famílias e a taxa de eliminação da pobreza vão desacelerar na China, prevendo-se entre 8 a 20 milhões a menos de pessoas que vão sair da pobreza extrema no país este ano.

“Embora os riscos sejam excepcionalmente altos, com boas políticas, eles podem ser parcialmente reduzidos”, explicou o director do Banco Mundial na China, Martin Raiser.

Pequim deve apostar em re-orientar a economia para um crescimento “mais inclusivo, sustentável e verde”, porque a pandemia “expôs profundamente as fraquezas económicas, sociais e ambientais” do país.

“A recuperação oferece uma oportunidade para acelerar o progresso em direção a essas metas”, disse o representante da instituição no país asiático.

Riscos e lacunas

O Banco Mundial considerou o desenvolvimento do surto da covid-19 e as tensões da China com os seus parceiros comerciais, especialmente os Estados Unidos, como os dois principais desafios para a economia chinesa.

A possibilidade de uma recessão prolongada em todo o mundo é outro risco.
A entidade pede a Pequim que mantenha as suas políticas monetárias e financeiras flexíveis para “garantir liquidez” na economia.

O economista-chefe do Banco Mundial para a China, Sebastian Eckardt, destacou a “necessidade de fechar a lacuna na segurança social do país para apoiar os trabalhadores e as famílias afectadas, além de minimizar a fraqueza persistente no consumo doméstico”.

30 Jul 2020

2017 : Banco Mundial prevê crescimento económico de 6,8%

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Mundial elevou em uma décima a sua previsão de crescimento económico da China em 2017 para 6,8%, segundo um relatório divulgado ontem. O Banco Mundial mantém, no entanto, as suas perspectivas para os próximos dois anos relativamente à segunda potência mundial, com diminuições do crescimento em 2018 (6,4%) e em 2019 (6,3%) à medida que vão sendo aplicadas medidas restritivas do Governo chinês para reduzir riscos e aprofundar reformas.

O documento destaca que a recuperação do comércio mundial foi um factor importante na manutenção da actividade económica chinesa durante este ano. Outros fatores positivos foram a continuidade das reformas para reduzir a alavancagem, o aumento da confiança das empresas, a criação de emprego, a estabilização das saídas de capital e a valorização do yuan face ao dólar norte-americano.

“As autoridades empreenderam um conjunto de medidas políticas e reguladoras destinadas a reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e limitar os riscos financeiros sem um impacto significativo no crescimento”, destacou John Litwack, economista-chefe do Banco Mundial para a China, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

O relatório recorda que Pequim colocou em marcha, desde 2016, importantes medidas para reduzir a alavancagem da economia, como uma política monetária mais restritiva e uma série de normas para reduzir os riscos financeiros, o que se traduziu numa descida do aumento do crédito.

Essas medidas restritivas, a par com a continuidade das reformas do Governo, fazem com que o Banco Mundial preveja um abrandamento do crescimento económico nos próximos dois anos.

A política monetária prudente, uma regulação mais rigorosa do sector financeiro, a continuidade do esforço do Governo central para reestruturar a economia e controlar a alavancagem vão contribuir, previsivelmente, para essa moderação do crescimento, indica o documento.

Para Elitza Mineva, co-autora do relatório do Banco Mundial, “as condições económicas favoráveis fazem com que seja um momento especialmente oportuno para reduzir ainda mais as vulnerabilidades macroeconómicas e procurar um desenvolvimento de melhor qualidade, mais eficiente e sustentável”.

20 Dez 2017

Banco Mundial revê em alta previsão de crescimento da China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Mundial reviu em alta as suas previsões de crescimento para a China em 2017, de 6,5% para 6,7%, e manteve as estimativas de crescimento moderado para os anos seguintes.

Na apresentação do relatório “Actualização económica da Ásia Oriental-Pacífico”, divulgado na quarta-feira, o Banco Mundial anunciou um aumento das suas estimativas de crescimento da economia do país em relação às apresentadas em Abril: de 6,5% para 6,7% em 2017, e de 6,3% para 6,4% em 2018, escreve a agência espanhola Efe, citando o jornal Diário do Povo.

O relatório aponta que estas novas estimativas devem-se a uma melhoria das previsões também para a região asiática, onde se estima um crescimento de 6,4% este ano, acima dos 6,2% estimados em Abril, e de 6,2% em 2018, também acima dos 6,1% apontados há seis meses.

Segundo o Banco Mundial, com sede em Washington, a revisão em alta das estimativas ocorreu, em parte, graças às políticas governamentais contra o excesso de capacidade e expansão do crédito.

Também se deve às políticas seguidas por Pequim, que vai levar a cabo uma reestruturação das empresas estatais, assim como normas mais rígidas sobre o sistema bancário paralelo, tal como recomendado pelo próprio Banco Mundial em Abril.

Por outro lado, assinalou que a tensão geopolítica, o crescente proteccionismo comercial e o nacionalismo económico poderão afectar elementos como as exportações, que, até à data, recuperaram, favorecendo um maior crescimento.

O estudo indica que apesar dos esforços da China serem actualmente destinados a reequilibrar o investimento e procura externa, prevê-se que o seu crescimento económico seja moderado em 2018 e 2019, embora se mantenha superior ao de muitas economias da Ásia.

Zheijiang | Cidade vai ter eléctrica mais alta do mundo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China começou recentemente a construção de uma gigantesca torre de transmissão eléctrica que deverá ser a mais alta do mundo, informou na terça-feira a Companhia de Eletricidade de Zhejiang. Com 380 metros, a altura da torre será quatro vezes a do Big Ben, em Londres. Localizada na Província de Zhejiang, leste da China, a torre suportará cabos de electricidade entre Jintang, em Zhoushan, e as ilhas Cezi, a uma distância de 2.656 metros. A torre baterá o recorde mundial de torre eléctrica mais alta, que actualmente pertence à torre de Damaoshan, também em Zhoushan, com uma altura de 370 metros. A nova infra-estrutura faz parte do projecto de uma nova linha de ultra-alta tensão entre as cidades de Zhoushan e Ningbo que deve ser completado até o fim de 2018 e começar a funcionar em 2019.

Gás | Começam exportações do Cazaquistão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Cazaquistão e a China assinaram um acordo comercial de exportação de 5 mil milhões de metros cúbicos de gás cazaque para o gigante asiático durante um ano, o que renderá cerca de 1 US$ mil milhões ao país centro-asiático, informou nesta terça-feira a empresa JSC KazTransGas. “O contrato foi assinado pela JSC KazTransGas e PetroChina International Company Limited em 30 de Setembro em Pequim. As entregas de exportação de gás estão programadas para começar em 15 de Outubro”, disse o serviço de imprensa da companhia cazaque. Os recursos energéticos procederão dos depósitos do oeste do Cazaquistão, bem como das reservas de gás disponível nas instalações subterrâneas de armazenamento da JSC KazMunayGas. A recepção de gás por parte da China será realizada através do ponto fronteiriço de Khorgos, a fronteira comercial mais importante entre os países.

EUA | Tufões atrasam exportações de soja

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s importações de soja dos Estados Unidos pela China devem-se atrasar em pelo menos duas semanas, já que os vendedores norte-americanos estão a ter dificuldades em encontrar grãos de alta qualidade depois de os campos de cultivo terem sido danificados por furacões. “Os exportadores estão a pedir aos compradores chineses para baixarem as especificações de qualidade (da soja), mas eles não estão a aceitar”, afirmou uma fonte de uma companhia internacional, em Singapura. A China, que compra cerca de 65 por cento da soja negociada no mundo, tinha aumentado as negociações com os EUA nas últimas semanas, aproveitando a queda de quase 10 por cento nos preços desde meados de Julho. Mas a soja colhida mais cedo nos EUA, produzida perto do Delta do Mississippi, foi afectada por furacões no último mês, tornando difícil aos exportadores atingirem as especificações de qualidade acertadas com os compradores chineses, afirmaram as fontes. O problema na qualidade dos grãos está a causar atrasos nos terminais do Golfo, com tempos de espera para os navios a aumentar para 10 a 12 dias, face ao período comum de cinco dias nesta época do ano, disseram os operadores.

8 Out 2017

Tensão com Coreia do Norte pode ameaçar economia da Ásia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aumento da tensão em torno do programa nuclear da Coreia do Norte pode constituir uma ameaça para o crescimento robusto da Ásia, advertiu um responsável do Banco Mundial.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Ásia Oriental e da região do Pacífico deve avançar 6,4% este ano, 6,2% no próximo e 6,1% em 2019, ligeiramente acima das anteriores previsões publicadas em Abril pelo Banco Mundial.

O desenvolvimento nessa região “é melhor do que em qualquer outra região em desenvolvimento do mundo e deve continuar nessa direcção”, declarou Sudhir Shetty, economista-chefe do banco na Ásia.

A evolução é explicada por “clima externo favorável e por uma procura interna robusta”, indicou ao comentar as previsões da instituição.

Mas a tensão com a Coreia do Norte “pode potencialmente afectar o comércio e o acesso ao financiamento externo”, tendo, por isso, impacto na economia, considerou Shetty, que falava à imprensa a partir de Banguecoque.

“O aumento da tensão na região pode tornar os fluxos de capitais e as taxas de juro mais voláteis, com as taxas a aumentar”, acrescentou.

Pyongyang tem multiplicado os disparos de mísseis e os testes nucleares violando as resoluções da ONU, enquanto o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, e o presidente norte-americano, Donald Trump, se envolveram numa guerra de palavras.

O aumento do proteccionismo nos Estados Unidos com a administração Trump e a incerteza provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE) constituem igualmente ameaças, advertiu.

A China, segunda economia mundial, deve registar um crescimento de 6,7% este ano, de 6,4% no próximo e de 6,3% em 2019, segundo o relatório.

6 Out 2017

Rota da Seda | Banco Mundial e FMI advertem Pequim para dificuldades

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente do Banco Mundial (BM) e a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiram ontem a China para as dificuldades do plano de investimentos em infra-estruturas que Pequim promove sob o epíteto das Novas Rotas da Seda.

Apesar de Jim Yong Kim e Christine Lagarde manifestarem apoio à iniciativa impulsionada pela China, designada de “Uma Faixa, Uma Rota” – “versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI” -, os líderes dos dois organismos multilaterais advertiram para os desafios em cumpri-la, durante a abertura do fórum internacional subordinado ao ambicioso projecto, que decorre até esta segunda-feira com a presença de líderes de 29 países.

Para garantir o êxito das Novas Rotas da Seda, “o investimento estimado precisará de ser grande”, afirmou o presidente do BM, para quem será necessário criar mecanismos de apoio dependendo do grau de desenvolvimento que tenham os países nos quais será feito o investimento, além de mecanismos financeiros “inovadores”.

As décadas de experiência do Banco Mundial sugerem ainda que a “distribuição de riscos” será fundamental, sublinhou Kim, isto numa altura em que vários especialistas advertem para a possibilidade de a China estar a apostar em iniciativas com base em critérios políticos e não segundo a sua rentabilidade.

Apesar das dificuldades, o presidente do Banco Mundial expressou o seu total apoio ao enorme plano desenhado por Pequim, descrevendo-o como “um ambicioso esforço e sem precedentes para iluminar a Ásia”.

“Cumprir com esta promessa não vai ser tarefa fácil, mas se for levada a cabo, e bem realizada, pode trazer enormes benefícios”, afirmou, por seu lado, a directora-geral do FMI.

Lagarde defendeu o investimento em infra-estruturas de “grande qualidade”, que respeitem o meio ambiente e que melhorem as ligações de países agora mais isolados com as cadeias de abastecimento globais.

A iniciativa poderá fortalecer a cooperação económica e “definitivamente” poderá ajudar a impulsionar o comércio e facilitará a distribuição de benefícios de uma forma mais ampla, observou a directora-geral do FMI.

Anúncio presidencial

Xi Jinping anunciou ontem milhares de milhões de dólares para projectos que integrem a iniciativa Novas Rotas da Seda, com a qual Pequim pretende cimentar as suas relações comerciais na Ásia, Europa e África.

O Presidente chinês fez o anúncio diante de líderes de cerca de 30 países durante o discurso de abertura do fórum de cooperação internacional “Uma Faixa, Uma Rota”, onde Portugal se faz representar pelo secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira.

A China vai contribuir com 100.000 milhões de yuan adicionais para o Fundo da Rota da Seda – montado em 2014 para financiar projectos de infra-estruturas – e providenciar ajuda, nos próximos três anos, no valor de 60.000 milhões de yuan  a países em desenvolvimento e a organizações internacionais que participem na iniciativa.

Dois bancos chineses vão também oferecer empréstimos especiais de até 380.000 milhões de yuan para apoiar “Uma Faixa, Uma Rota”.

Xi idealizou este plano internacional de infra-estruturas durante uma visita oficial à Ásia Central em 2013, ambicionando com este projecto simbolicamente reavivar a antiga Rota da Seda, o corredor económico que uniu o Oriente o Ocidente.

Até agora, a iniciativa conquistou o apoio por parte de mais de uma centena de países e organizações internacionais.

Moscovo e Pequim “preocupados” após disparo de míssil norte-coreano

A China e a Rússia estão “preocupadas com a escalada de tensão” na península coreana, após o lançamento de um míssil pela Coreia do Norte em violação das resoluções da ONU, afirmou ontem o Kremlin.

O Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, “discutiram em detalhe a situação na península coreana” durante um encontro, em Pequim, e “as duas partes exprimiram a sua preocupação para com uma escalada de tensão”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.

A Coreia do Norte levou ontem a cabo um novo teste de míssil, a partir da sua base de Kusong, a norte de Pyongyang.

As autoridades sul-coreanas indicaram que o míssil, disparado às 5:27  percorreu cerca de 700 quilómetros antes de cair no Mar do Japão, pelo que o ensaio terá sido bem-sucedido, considerando tratar-se de um míssil balístico, apesar de se continuar a proceder à análise dos detalhes do lançamento para determinar o tipo de projéctil em causa.

A China já tinha apelado à contenção, reiterando a sua oposição às violações das resoluções do Conselho de Segurança da ONU por parte da Coreia do Norte, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Todas as partes envolvidas devem exercer contenção e abster-se de aumentar a tensão na região”, afirmou, poucas horas depois do lançamento do míssil.

A Casa Branca, por seu turno, apelou à adopção de sanções “muito mais fortes” contra o regime de Pyongyang.

Plano para capturar asteróide e colocá-lo na órbita lunar

O programa espacial chinês estuda lançar uma missão que “capture” um asteróide e o coloque na órbita da Lua, visando explorar os seus minerais e metais ou até usá-lo como estação permanente, avançou o South China Morning Post.

Citado pelo jornal de Hong Kong, o chefe do programa chinês de exploração lunar, Ye Peijian, assinalou que, até 2020, a China lançará as suas primeiras missões com destino a asteróides, corpos espaciais nos quais também a norte-americana NASA está interessada, pelos possíveis usos na mineração ou na agricultura.

Ye sublinhou que muitos dos asteróides presentes no Sistema Solar, alguns relativamente perto da Terra, contêm uma alta concentração de metais preciosos, e ainda que por agora a sua exploração seja uma missão de alto risco, poderá a longo prazo ser muito rentável.

O plano chinês é “capturar” um asteróide, que começaria com a aterragem de uma nave no corpo celeste, para depois fixar-se a este.

A nave estaria equipada com poderosos motores, com os quais poderia arrastá-lo até à órbita da Lua, um plano que exigirá quarenta anos de investigação, segundo Ye.

Em Março passado, a imprensa oficial chinesa noticiou que o programa espacial chinês planeia enviar sondas espaciais para estudar os movimentos de três asteróides.

15 Mai 2017

Banco Mundial | Relatório revela recorde de economias que realizaram reformas

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m número recorde de 137 economias realizaram reformas que facilitaram o ambiente de negócios em 2015/16 e mais de um quarto das 283 reformas realizadas ocorreram na África Subsaariana, segundo um relatório ontem publicado pelo Banco Mundial.

O relatório do Grupo Banco Mundial (BM) “Doing Business 2017- Igualdade de Oportunidades para Todos”, que avalia 190 países, conclui que um total de 137 países realizaram reformas para melhorar o ambiente de negócios em 2015/16, mais 20% do que no ano passado, e 75% das 283 reformas realizadas foram concretizadas por países em desenvolvimento.

A África Subsaariana foi responsável por mais de um quarto de todas as reformas realizadas – 37 economias realizaram um total de 80 reformas no último ano – um aumento de 14% comparado com o ano anterior.

Porém, em 13 economias da região foram observadas barreiras ao empreendedorismo feminino.

O ‘ranking’ deste ano é liderado pela Nova Zelândia, seguida por Singapura, Dinamarca, Hong Kong (RAE, China), República da Coreia, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, Suécia e pela Antiga República Jugoslava da Macedónia.

As dez economias com as reformas que mais melhoraram o seu ambiente regulatório dos negócios no mundo foram Brunei Darussalam, Cazaquistão, Quénia, Bielorrússia, Indonésia, Sérvia, Geórgia, Paquistão, Emirados Árabes Unidos e o Bahrein.

Pela simplicidade

No relatório conclui-se que um melhor desempenho no ‘ranking’ Doing Business surge associado a níveis mais baixos de desigualdade económica, o que contribui para a redução da pobreza e para um crescimento equitativo.

“Regras simples e transparentes são um sinal de respeito de um governo pelos seus cidadãos. Elas têm um impacto directo na economia, ao estimular o empreendedorismo, a igualdade de género e o respeito pelo Estado de direito”, disse Paul Romer, Economista Sénior e Vice-Presidente Sénior do Banco Mundial, citado num comunicado do BM.

Considera-se que a regulação das actividades empresariais tem vindo a melhorar continuamente, tendo-se alcançado este ano um número inédito de países que realizaram reformas no último ano.

Os autores exemplificam que a abertura de uma empresa leva, em média, 21 dias, menos de metade dos 46 dias que demorava há 10 anos.

A edição deste ano do relatório inclui uma componente sobre a igualdade de género em três tópicos: Abertura de Empresas, Registo de Propriedades e Execução de Contratos, tendo sido identificadas desigualdades em 38 economias.

Em 23 países, para se abrir uma empresa são impostas mais exigências às mulheres do que aos homens e em 16 economias são impostas barreiras de género que restringem a capacidade das mulheres de possuir, utilizar e transferir um imóvel.

Há ainda 17 países onde os tribunais valorizam menos o testemunho de uma mulher do que o de um homem.

Impacto diário

Desde o lançamento do Doing Business, em 2004, a simplificação das exigências para a Abertura de Empresas é a área com o maior número de reformas realizadas, quase 600, e a segunda é a área do pagamento de impostos, com um total de 443 reformas feitas.

“As decisões dos governos têm um impacto importante nas operações diárias das pequenas e médias empresas, e regulações restritivas e onerosas podem consumir a energia dos empreendedores e dificultar a inovação e o desenvolvimento das empresas. Por esta razão o Doing Business colecta dados a respeito das regulações de negócios, para incentivar a introdução de regulações eficientes, acessíveis e simples”, disse Augusto Lopez-Claros, director do Grupo de Indicadores Globais do Banco Mundial, que produz o relatório.

Os dados do relatório baseiam-se nas regulações aplicáveis às pequenas e médias empresas locais numa dezena de áreas do seu ciclo de vida, entre as quais a abertura de um negócio, a obtenção de electricidade, o registo de propriedades, obtenção de crédito e a protecção dos investidores.

27 Out 2016